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CENTRO UNIVERSITÁRIO CATÓLICO SALESIANO AUXILIUM
CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA
A IMPORTÂNCIA DA ARQUEOLOGIA BRASILEIRA PARA O ENSINO DE HISTÓRIA NO BRASIL
GUILHERME ROCHA DE CARVALHO
ÁTILA VIANA SILVA
LINS – SP 2009
GUILHERME ROCHA DE CARVALHO ÁTILA VIANA SILVA
A IMPORTÂNCIA DA ARQUEOLOGIA BRASILEIRA PARA O ENSINO DE HISTÓRIA NO
BRASIL
Trabalho de conclusão de curso apresentado à banca examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, como requisito parcial para obtenção do título de Graduação em licenciatura em História, sob orientação do Profº Ms. Imerson Alves Barbosa.
LINS – SP 2009
AGRADECIMENTOS
Aos professores do curso de licenciatura em História do Centro Universitário
Católico Salesiano Auxilium de Lins – Unidade II.
RESUMO
Este trabalho tem por objetivo debater sobre a importância da utilização da Arqueologia brasileira como fonte de pesquisa e conseqüentemente enriquecimento para o ensino de História no Brasil, sendo que contribuições que acrescentem diferentes olhares para somar aos caminhos do desenvolvimento intelectual social brasileiro devem sempre ser levadas em consideração por aqueles que lutam pelo país. Com muita clareza fica aqui juntamente com esta análise a desmistificação da fantasiosa Arqueologia, retratada nos filmes de aventura, demonstrando por vez que esta ciência apesar jovem, representa-se no meio científico de maneira condizente ao esperado pelo meio acadêmico, de forma complexa e disposta a desenvolver-se mais dentro do nosso conhecimento transmitindo e buscando respostas do nosso passado humano. Adentrando, com mais propriedade, deste foco científico-arqueológico, foi discutido sobre a influência das interpretações arqueológicas aplicadas em sala de aula e de que maneira contribui na formação da identidade do indivíduo brasileiro. Para se chegar a estes argumentos, primeiramente, foi apresentado um histórico de formação da ciência arqueológica seguindo uma seqüência de períodos das linhas de pesquisa, e, em seguida sua formação no Brasil distribuída de forma disposta da cronologia dos períodos históricos brasileiro. Desta forma, ao terceiro e último capítulo discutiu-se sobre suas contribuições para o ensino de história e para a formação do indivíduo brasileiro levando em consideração, também da importância da preservação patrimonial, como sendo o patrimônio, de qualquer natureza, transmissor da identidade para a formação do indivíduo brasileiro e que cabe ao professor de história identificar estas importantes pontes para o crescimento intelectual dos indivíduos brasileiros. Que este trabalho teve como importante foco apontar está posição do profissional da História capaz de abarcar mais esta visão, arqueológica, para melhor ensinar, proporcionando outro aspecto capaz de ser explorado pelos professores brasileiros.
Palavras-chave: Arqueologia. História. Ensino de História. Identidade.
ABSTRACT
This work aims to discuss the importance of the use of Brazilian archeology as research and therefore to enrich the teaching of history in Brazil, and the contributions that add different looks to add to the ways of the Brazilian social intellectual development should always be taken into consideration by those who fight for the country. Very clearly here is that analysis along with the demystification of archeology fantasy, portrayed in films of adventure, showing a time that this young science though, is represented in the scientific community in a manner commensurate to that expected by the academia, in a complex and willing to develop further our knowledge in the broadcasting and seeking answers to our human past. Entering, more precisely, of scientific and archaeological focus was discussed on the influence of archaeological interpretations applied in the classroom and how it contributes to the formation of Brazilian identity of the individual. To reach these arguments, first, was presented a history of the formation of archaeological science followed by a sequence of periods of research work, and then his training in Brazil distributes prepared the chronology of historical periods in Brazil. Thus, the third and final chapter discussed about his contributions to the teaching of history and the formation of the individual Brazilian considering also the importance of heritage preservation, as the patrimony of any kind, that transmits the identity the formation of Brazilian individual and that it is the history teacher identify these important bridges to the intellectual growth of Brazilian individuals. That this work was an important focus point position is the professional history could encompass more this view, archaeological, to better teach, providing another aspect can be exploited by Brazilian teachers. Keywords: Archaeology. History. Teaching History. Identity.
Carvalho, Guilherme Rocha de; Silva, Átila Viana
C323i A importância da arqueologia brasileira para o ensino de história no Brasil / Guilherme Rocha de Carvalho; Átila Viana Silva. – – Lins, 2009.
43p. 31cm.
Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em licenciatura em História, 2009.
Orientador: Imerson Alves Barbosa.
1. História. 2. Ensino de História. 3. Arqueologia. 4. Identidade. I Título.
CDU 981
FOLHA DE APROVAÇÃO
GUILHERME ROCHA DE CARVALHO
ÁTILA VIANA SILVA
A IMPORTÂNCIA DA ARQUEOLOGIA BRASILEIRA PARA O ENSINO DE
HISTÓRIA NO BRASIL
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao Centro
Universitário Católico Salesiano Auxilium para obtenção do título de graduação
do curso de licenciatura em História.
Aprovado em ________/________/________
Banca Examinadora:
Orientador:
Assinatura: ___________________________________
Profº
Assinatura: ___________________________________
Profº
Assinatura: ___________________________________
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................. ....................6
CAPÍTULO I – ARQUEOLOGIA E SEU DESENVOLVIMENTO...........................8
1 O que é Arqueologia e o que faz um arqueólogo?............................8
2 Os caminhos do desenvolvimento da Arqueologia..........................11
2.1 Períodos..............................................................................................12
2.1.1 Período especulativo.....................................................................12
2.1.2Período Descritivo-Classificatório....................................................14
2.1.3 Período Histórico-Classificatório....................................................15
2.1.4O Período Moderno........................................................................17
CAPÍTULO II – ARQUEOLOGIA NO BRASIL..................................................19
1 O desenvolvimento da Arqueologia no Brasil..................................19
2 Períodos.......................................................................................20
2.1 No Período Colonial (1500-1822)....................................................20
2.2 No Período Imperial Brasileiro (1822-1889)........................................21
2.3 Na Primeira República (1889-1920)..................................................23
2.4 Entre os anos de 1920 a 1940........................................................24
2.5 O início das pesquisas universitárias (1950-1964)............................25
2.6 No Período Militar (1964-1985).......................................................26
2.7 As tendências arqueológicas atuais (1985-2004)..............................27
CAPÍTULO III – FUNCIONALIDADE NO ENSINO DE HISTÓRIA.......................29
1 A importância da Arqueologia brasileira para o ensino
de história no Brasil.......................................................................29
1.1 A importância do trabalho arqueológico brasileiro
para a formação do indivíduo brasileiro..........................................33
1.2 História e Arqueologia formando indivíduos.....................................36
1.3 Trabalhando a Preservação Patrimonial em
sala de aula para a formação de indivíduos brasileiros....................37
CONCLUSÃO................................................................................................41
REFERENCIAS..............................................................................................43
INTRODUÇÃO
Constantemente debate-se sobre Arqueologia em filmes de aventura,
retratando descobertas enfeitiçadas e com segredos ocultos, que acabam a
envolver as pessoas, o público, em suas incríveis histórias em “mundos”
fantasiosos onde há povos desconhecidos e místicos, recheados de ficção e
suspense. Porém, na realidade, esta ciência não se aplica nos estudos da
evolução humana de maneira tão fantasiosa, sendo assim, fica extremamente
difícil, ao público leigo, desvincular-se da imagem de um aventureiro e caçador
de tesouros, como sendo este, um arqueólogo em nossa realidade científica.
Um exemplo a ser dito, visando ressaltar a imagem real do arqueólogo:
quando os leigos no assunto e, que assim pouco sabem acerca desta ciência,
ao pensarem na figura deste profissional, logo saltam a mente imagens de
cenas das aventuras, do famoso, Indiana Jones e seus achados assombrosos,
como sendo este o arqueólogo, cientista e pesquisador, a uma figura marcada.
Não é de se vangloriar sobre a fascinante e bela “imagem” desta
ciência, da qual gera uma imagem muito cativante, atraente e inspiradora, o
que a torna uma rica fonte de exploração para motivar grandes produções de
Best Sellers e filmes fantásticos, recheados de suspense.
De fato há sim suspenses na Arqueologia, não igualmente aos filmes,
mas como em qualquer outro ramo científico, isso ocorre pelas enigmáticas
busca pelos “por quês?”, na tentativa de aumentar nosso conhecimento sobre
tudo o que envolve a nós mesmos. Porém, como se verá mais adiante neste
trabalho, ela não se restringe somente a essas imagens, anteriormente faladas,
geradas para o entretenimento das pessoas ao redor do mundo, os amantes
dos romances. Todavia, na verdade, ela se estrutura como um campo muito
mais rico e complexo, e que normalmente bem difere das criações
cinematográficas. Desta maneira, sendo uma fonte de pesquisa que enriquece
nosso conhecimento por meio de análises do nosso passado pré-histórico e
mesmo histórico.
Fala-se, porém, não com tanta freqüência, a respeito da Arqueologia,
em seu âmbito científico, nos canais de televisão, onde arqueólogos por meio
das pesquisas promovem e publicam grandes descobertas sobre grupos
humanos pré-históricos, e suas culturas diversas, estes que viveram em um
passado que se encontrava desconhecido ou desfragmentado, dentro de um
contexto pré-histórico. Igualmente se vale da falta de encaminhamento pelos
meios de comunicação, mesmo sobre a Arqueologia histórica, que, com suas
pesquisas, auxiliam, em alguns casos, na construção, ou reconstrução, de
determinados momentos históricos, trazendo a tona mais detalhes materiais,
que possam ser interpretados pelo auxílio arqueológico-histórico e científico.
Contudo o que virá a ser tratado não se limitará a uma explicação
apenas focada sobre a imagem da Arqueologia brasileira no Brasil, no entanto
esta imagem se moldará no decorrer deste trabalho na busca de aplicar nosso
objetivo. E, para entender de maneira mais apropriada o que é a Arqueologia
brasileira e o que ela proporciona ao ensino de História no Brasil, alcançar-se-
ão momentos de reflexão para uma melhor posição científica e aplicada ao
ensino, buscando o possível desenvolver e a melhor postura do professor de
história no Brasil, analisando, assim, desde o início o desenvolvimento
científico-arqueológico, afim de, estabelecer uma “luz” ao emprego dos
conhecimentos desta ciência em sala de aula.
Assim, com este trabalho, tratar-se-á num primeiro momento, ao
capítulo I, um apanhado histórico sobre o desenvolvimento deste ramo
científico, para um melhor entendimento de sua estrutura científica. Ao
segundo momento relatar-se-á acerca da sua formação no Brasil, em diversos
períodos dentro da história do nosso país, com o intuito de explanar sobre a
posição brasileira em relação aos estudos pré-históricos propriamente ditos.
Colocar-se-ão, então, em um terceiro momento, explicações básicas
sobre a Arqueologia brasileira, relacionando-a ao ensino de História no Brasil,
enquanto ferramenta de pesquisa, ressaltando suas importantes contribuições
ao individuo brasileiro, para sua formação de identidade, com base em uma
pesquisa bibliográfica de análise do campo de atuação da Arqueologia
brasileira enquanto no auxílio em fornecer, não apenas instrumentação, mas
também, interpretações diversas que venham a enriquecer o ensino de História
no Brasil. Far-se-á diante deste trabalho uma estrutura histórica da Arqueologia
apresentando resumidamente sua formação enquanto ciência, aplicando em
seguida sua postura científica e seu olhar ao ensino de história no Brasil.
CAPÍTULO I
ARQUEOLOGIA E SEU DESENVOLVIMENTO
1 O QUE É ARQUEOLOGIA E O QUE FAZ UM ARQUEÓLOGO?
A definição da palavra resulta da junção de outras duas palavras de
origem gregas: archaios, antigo, logos, discurso/estudo, que juntamente é
interpretado normalmente como “conhecimento dos primórdios” ou “relato das
coisas antigas”, contudo a arqueologia tem estendido seu campo de estudo
para a cultura material de qualquer época, passada ou presente. Segundo o
dicionário Aurélio, arqueologia é o estudo de cunho cientifico do passado
humano, mediante testemunhos materiais existentes localizados por
escavações, documentos, monumentos, etc., com um conjunto de técnicas de
pesquisa e de interpretação.
Vários pesquisadores e arqueólogos chocam-se em seus
entendimentos sobre a postura arqueológica, seu papel científico, pois, vários
destes, entendem a arqueologia como sendo somente o estudo sistemático de
restos matérias humanos, entretanto outros a definem como instrumento para a
reconstrução da vida de povos antigos visando o seu aspecto comportamental.
Além dos artefatos também são estudados pela arqueologia os
biofatos e os ecofatos, ambos se estiverem ligados a apropriação da natureza
pelo homem. Nessa linha de pensamento, pode-se dizer que os fenômenos
naturais são utilizados conforme o sistema social deles se aproveita (a mesma
água que para um povo serve para matar a sede do gado, para outro pode
servir para um sistema de irrigação). Entendendo-se assim que a apropriação
humana por meio da natureza não é a-histórica, mas demonstra um quadro da
produção de um produto final.
Até, aproximadamente, 1960, o pensamento dominante considerava o
papel da arqueologia era somente coleção, descrição e classificação de objetos
antigos, que seriam posteriormente processadas por outras ciências.
Mas afinal o que diferencia a arqueologia das outras ciências humanas
como sociologia e antropologia?
Historiadores, antropólogos e outros cientistas, normalmente não
encaram a Arqueologia como uma ciência, definem-na como uma disciplina
auxiliar.
De fato, muitos arqueólogos vêem a sua área de atuação como um
auxilio ao estudo, abrindo buracos no chão e catalogando material para outras
disciplinas desenvolverem estudos mais aprofundados e precisos.
Mas não é desta forma, pois esta ciência propõe e trabalha em cima
de métodos, normas técnicas e de pesquisa. Mas isto não significa que a
arqueologia basta em si mesma. De acordo com cada objetivo de pesquisa das
sociedades humanas, ela compartilha questões com outras ciências sociais,
fazendo assim uma abordagem interdisciplinar dos materiais encontrados, isto
para explicar tal objeto de estudo.
Funari (1988, p.06) completa a idéia dizendo que “(...) a especificidade
da arqueologia consiste em tratar, particularmente, da cultura material das
coisas, de tudo que, em termos materiais, se refere à vida humana, no passado
e no presente.”
Reconstruir de modo forense, a partir e indícios materiais, um crime
cometido que no qual não restam testemunhas alem dos objetos ao redor,
onde o investigador tem de pesquisar todo o passado e as interações sociais
que a vitima possuía, os interesses e os motivos que poderiam ter causado
este crime. Quanto mais antigo o caso, mais difícil se torna a verificação e a
conclusão de tais fatos esta é à base de histórias de romances policiais.
Entretanto, imagine-se agora você sendo um destes “policias
investigadores” (um arqueólogo) que procuram desvendar um crime cometido
dentro de uma construção Mexica a mais de 500 anos. Além de procurar com
todo o cuidado o local correto do crime, tem de fazer um levantamento dos
objetos que estavam no local, o contexto da época e pesquisar a vida da vitima
que lá se encontrava.
De maneira simplifica pode-se demonstrar o que um arqueólogo faz,
ordenando o trabalho arqueológico e dividindo-o em: 1- Campo; 2-
Processamento; 3- Estudo e 4- Publicação. Está é um molde básico e geral
seqüencial do trabalho arqueológico. Nesta estrutura existem suas
metodologias de aplicação, que devem ser seguidas minuciosamente até
chegar à fase final, de publicação e/ou exposição do trabalho.
Antes de cumprir a primeira parte de campo, o arqueólogo deve ter em
mente o trabalho que será feito. Após a realização de uma prospecção inicial
(de superfície ou aérea), inicia-se a escavação.
Durante esta faze, os materiais encontrados são registrados e
descritos em fichas. Em outra fase é selecionado apenas uma parte do material
encontrado e levado para laboratórios específicos para que possam ser
estudados, analisados e comparados.
Por último, mas igualmente importante, cabe ao oficio do arqueólogo
publicar em catálogos e fazer um relato da expedição, onde muitas vezes são
publicados em periódicos específicos da área e/ou utilizados para fins de
aperfeiçoamento estudantil.
Além desta parte de atuação em campo, o arqueólogo pode atuar em
outra gama enorme no mercado de trabalho. De acordo com o pesquisador do
Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (MAE - USP),
Eduardo G. Neves, um arqueólogo pode trabalhar em pesquisas acadêmicas,
em museus, dar aulas, em órgãos estatais ou empresas, conhecido como
arqueologia de contrato.
Mais de 90% dos arqueólogos do Brasil atuam na área de arqueologia
de contrato, pois grande parte dos sítios arqueológicos são encontrados por
acaso, em meio de construções e em plantações de cana de açúcar, café, trigo
e soja (as quais estão em grande expansão no Brasil para o mercado externo).
Nesses casos, uma equipe de arqueólogos é chamada e contratada para
efetuar o resgate dos objetos e assim o salvamento do sitio.
Se não houver perigo de destruição, o sitio é catalogado no Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) para posteriormente ser
pesquisado adequadamente e aprofundadamente, sendo assim, inicia-se o
trabalho arqueológico acadêmico.
O trabalho nos sítios não é fácil, você precisa ficar confinado, convive
com um grupo limitado de pessoas muitas vezes por um longo tempo,
se submete a variações climáticas. É preciso ser apaixonado pela
profissão para ser arqueólogo. (PROUS, 1991, p. 22).
Parece-nos muito atraente à nossa visão a atuação de um arqueólogo,
não é verdade? Imaginar-se nas aventuras de Indiana Jones a procura de um
tesouro há muito tempo perdido. De fato é atraente imaginar-se envolvido em
descobertas que possam decifrar toda uma civilização antiga ou até mesmo
localizar um fóssil humano muito antigo e encontrar ali a explicação de diversos
fatores da evolução humana.
Imaginar parece-nos simples, mas a dificuldade de se tornar um
profissional da Arqueologia, e que está longe das aventuras cinematográficas,
começa no longo caminho a ser percorrido até a obtenção do titulo após o título
de Mestrado em Arqueologia. No Brasil ainda não existe nenhum curso de
graduação nesta área. Por outro lado há a necessidade de profissionais da
área no mercado de trabalho e podemos acrescentar que não é que não há
necessidade de uma graduação em Arqueologia, mas seria de fato que o fator
interdisciplinar que ocorre com a obtenção do título de Mestre em Arqueologia,
que une profissionais de diversas áreas no ramo arqueológico enriquece o
campo das interpretações das análises.
Desta forma, no Brasil, o caminho ideal para a obtenção do título de
arqueólogo é fazer uma graduação em alguma área das ciências humanas ou
biológicas e depois seguir para o mestrado em arqueologia, mas é sempre
aconselhável que o estudante, que tenha interesse na área, faça algum estágio
ou iniciação cientifica ainda durante a graduação, buscando grupos de estudos
em Arqueologia.
2 Os caminhos do desenvolvimento da Arqueologia
Muitas pessoas pensam que a arqueologia surgiu junto com o estudo
da história, lá na antiguidade. Porém, não é tão antiga assim. O estudo de
cunho científico do antepassado humano é muito recente. De maneira breve,
os passos dos estudos de antepassados será apresentado a seguir, até se
caracterizar definitivamente como Arqueologia.
Muitas são as indagações a respeito do surgimento desta ciência.
Tentar-se-á responder as questões mais comuns dentro da arqueologia, como
quando começou, o momento que se tornou científica, seus precursores, os
motivos para seu surgimento e como se tornou popular. Afim de deixar nítido o
seu amadurecimento científico.
Antes de se iniciar a procura da gênese desta ciência, tem-se de
entender que nada é imutável e eterno. Assim, dentro da arqueologia há suas
variáveis e cismas de interpretação em toda a sua história, e que ainda hoje é
repensado todo o seu desenvolvimento e aplicabilidade.
O local do surgimento da arqueologia é muito controverso, pois há
quem coloque atributo de sua criação aos italianos, outros aos ingleses,
dinamarqueses e uma pequena parcela aos exploradores ibéricos. Entretanto
ninguém discute quando se tornou cientifica.
Ouvem-se coisas a respeito dos mistérios de Stonehenge, das
maldiçoes do Egito ou até das ruínas de Pompéia, isso é causado pela busca
de um passado glorioso e legitimo.
Estas ruínas fizeram com que o ocidente olhasse mais para o que
havia debaixo dos pés, não só pela possibilidade de um território legítimo, mas
também pelos outros tesouros que o solo poderia mostrar-lhes. Nesta época, o
pensamento arqueológico estava longe de ser o que podemos ver em nossos
dias.
2 .1 Períodos
2.1.1 Período especulativo:
Traçar datas inflexíveis é um grande erro, porem para melhor
localização no tempo histórico este período esta delimitado de 1492 a 1840.
Desde a expansão européia, perguntas eram feitas e respondidas na
medida em que era possível. Muitas indagações eram feitas a respeito dos
povos que estavam sendo descobertos, pois eles não estavam descritos a
Bíblia Sagrada, se eles não estavam descritos, qual era a razão de sua
existência? Muitos com isso chegando a duvidar do caráter humano dos
ameríndios.
Muitas hipóteses foram levantadas sobre as origens dos povos, não só
dos recém-descobertos, mas também de suas próprias origens. Nações
queriam a legitimação de seu legado trazendo genealogia de origem grega e
romana.
Os povos Incas e Astecas foram outros povos que os europeus
procuraram explicar a sua existência, mas já que não havia nada na bíblia que
os descrevia, ligaram o seu surgimento a Atlantes de Platão, sendo eles
desligados da Europa por causa de sua índole pelos deuses.
John Romer, citado por Funari (1999), um arqueólogo clássico,
considera que a arqueologia teve inicio em uma escavação que ocorreu na
Itália no século XVIII, quando um oficial da cavalaria da Áustria encontrou em
suas terras estatuas e outros artefatos de valor artístico, que logo começou a
comercializá-los para antiquários. Este fato ocorreu por volta de 1705.
Pesquisar um passado mais remoto do que o cristianismo não deveria
ser uma simples tarefa, pois haviam teóricos que davam datas precisas sobre o
dia e a hora da criação do mundo, que não iam alem de 5000 a.C., porém,
foram as datas levantadas por James Ussher, um membro da Igreja, em 1650
que foram mais aceitas pelos crentes. Somando toda a genealogia que
aparecia no Velho e no Novo Testamento, identificou como sendo o ano da
criação o ano de 4004 a.C.
Com essas afirmações vindas de clérigos e de doutos em teologia, os
arqueólogos não tinham muitas possibilidades de argumentos e mesmo a
contra gosto tinham de acatar essas idéias. Ainda nesta mesma época sugiram
varias indagações a respeito da grande familiaridade dos ameríndios com os
mongóis, por cauda de sua grande semelhança física. Esta migração poderia
ter sido feita pelo Estreito de Behring, esta hipótese fora levantada em 1637,
mas somente anos depois foi revelada e considerada como possível.
Outra descoberta muito importante dentro deste período que fez com
que a arqueologia desse mais um passo importante foi a Pedra de Roseta,
descoberta por um soldado de Napoleão B. no Egito no final do século XVIII,
porém só foi estudada em 1822, quando Jean-François Champollion realizou
seus estudos comparativos entre os dois textos idênticos.
Pode-se dizer que durante o Período Especulativo era predominante
os estudos sem cunho cientifico, preconceituosos e limitados por visões
religiosas, fazendo assim da arqueologia uma ciência de pouco valor diante as
outras ciências que floresciam na mesma época.
Neste período histórico, muito se perdeu de material arqueológico por
causa da falta de identidade com os objetos encontrados. Causando assim a
destruição de monumentos, estátuas, prédios, saques de tumbas para o
comércio, etc.. Estes fatos, hoje, são considerados crimes, porém para os
contemporâneos de tais atos não eram relevantes.
2.1.2 Período Descritivo-Classificatório
Este período deu-se de 1840 a 1914. Com o aumento da massa critica
na arqueologia, abriu-se uma nova fase desta ciência com teorias e
metodologias caracterizando pela descrição e classificação dos objetos
encontrados e utilizando-se de outras ciências como a geologia, biologia,
geografia e antropologia, fizeram com que a arqueologia obtivesse novas
formas para fazer analises, pesquisas e levantamento de hipóteses.
É ainda neste mesmo período que os arqueólogos sentem a
necessidade de melhor descrever os objetos encontrados nos sítios de
pesquisas, mas ainda assim havia uma grande quantidade de material que era
perdido visto que eles ainda usavam o apelo estético.
Foi neste mesmo período que Christisan Jürgensen Thonsen (1788-
1865), um colecionador de moedas antigas, propôs um novo método de
catalogar suas peças, utilizando-se de traços estilísticos como parâmetro de
desenvolvimento de tal cultura.
Com desenvolvimento deste método, foi capaz de desenvolver a teoria
que vemos citadas em vários lugares, a teoria das Três Idades: Pedra, Bronze
e Ouro. E mais além o desenvolvimento para as formas de seriações e pelo
tipo de decorativo dos artefatos, assim criando a teoria de Padrões.
Mais adiante, o escocês Daniel Wilson um periódico em língua inglesa
com uma nova seriação constituída de quatro Idades, Pedra, Bronze, Ferro e
Cristã. Porém não é uma copia, porque há diferenças nos padrões
dinamarqueses dos escoceses.
Os geógrafos John Lubbock, Gabriel de Mortillet e Edouard Lartet
Lubbock também foram grandes nomes no desenvolvimento da arqueologia.
Eles desenvolveram a divisão a Idade da Pedra em Paleolítico e Neolítico. Para
garantir a veracidade de suas classificações de materiais, dedicaram a
desenvolver teorias em cima dos lascamentos de pedras, procurando assim
padrões de fabricação e quais seriam suas utilidades em diferentes etnias.
Mas essas não foram as únicas coisas que os geógrafos contribuíram
para a arqueologia, contestaram e provaram cientificamente que a Terra
ultrapassava a idade de 4004 a.C., proposta por Ussher Lightfoot, devido as
camadas estratigráficas, que demonstrava maior antiguidade da Terra, mas
não dos homens.
Foi neste impasse da ciência contra a visão religiosa do mundo que os
Norte Americanos rapidamente desenvolveram sua arqueologia, com vários
aspectos relacionados à antropologia. Desta maneira “os euroamericanos
apesar de terem obtido avanços na arqueologia, antropologia e etnografia,
ainda não haviam conseguido estender algo em benefício para os nativos
americanos”. (TRIGGER, 1991, p.145), pois eles acreditavam em um
evolucionismo linear, assim colocando os nativos como seres menos evoluídos.
Ao mesmo tempo em que surgiam varias teorias sobre os grupos
indígenas que lá viviam, avanços foram conquistados, com a institucionalização
da arqueologia nos EUA, sendo fundada a American Antiquarian Society (ASS)
e o Bureau of American Ethnology (1894).
Pode-se afirmar que durante o Período Descritivo-Classificatorio houve
um grande incentivo a institucionalização da arqueologia, mas ainda sobre as
luzes do Iluminismo. Apesar da França e Inglaterra serem centros da
arqueologia nesta época, grande parte de todo conhecimento metodológico foi
proveniente de países menores, como Dinamarca.
2.1.3 Período Histórico-Classificatório
Este período está comprimido entre 1914 e 1960. Como observamos
no período anterior, as diversas linhas arqueológicas estavam se
fundamentando, criando pressupostos-teóricos-metodoógicos próprios,
deixando assim bem claro a cisma que surgiu entre a Europa e os Estados
Unidos da America. A Europa com uma arqueologia voltada para o próprio
passado, emergindo assim o nacionalismo e os EUA tentando demonstrar a
inferioridade dos povos que eles conquistavam.
A partir do século XX, os EUA se tornaram um país (ocidental) que
dominava a vanguarda no âmbito das pesquisas. Entretanto diferenças entre
os objetivos, em relação a Europa, não fizeram que deixassem de compartilhar
seus avanços, mas agora era muito mais rigoroso e havia de seguir métodos
científicos, para que realmente tivessem base sustentável.
Nesta época, a teoria difusionista foi desenvolvida sabre a influencia
de Friedrich Ratzel (1844-1901), onde ele acreditava que nada poderia ser
inventado independentemente, tudo havia sido criado por um grupo e copiado
pelo os outros grupos. Uma linha bem aceita, pois acabava explorando a
questão de “hereditariedade da Inteligência” dos Europeus. No entanto, tal
teoria foi extremamente utilizada como justificativa para o poder imperialista ser
colocado em prática, tanto para os americanos, quanto para os europeus.
Com a intenção de comprovar as afirmações os arqueólogos
nacionalistas desenvolviam métodos histórico-classificatórios para encontrar os
centros de dispersão que julgavam serem suas nações, sem dúvida houve um
grande desenvolvimento metodológico, principalmente o classificatório.
Fruto de intercâmbio de técnicas entre europeus e americanos, o livro
de Kidder, An introduction to the study of southwestern archaeology (Uma
introdução ao estudo da arqueologia do sudoeste) de 1924, ele dava nomes a
quatro períodos que iam da pré-história até os tempos atuais: Basket Maker
(Fazedor-de-cestos); Post Basket Maker (Pós-fazedor-de-cestos); Pré-Pueblo
(Pré-Pueblo); e Pueblo (Pueblo), cada período desses, ou cultura, como ele
chamava, era associada a algumas variantes regionais.
Nesta fase surgiu também a datação absoluta por C14, pelo químico
Willard Libby em 1949, as cronologias ficam mais bem definidas, gerando
novos subsídios para as discussões sobre a antiguidade do homem na
América, provocando inúmeros questionamentos das rotas de migração e
difusão.
2.1.4 O Período Moderno
Período Moderno é compreendido de 1960 até nossos dias. Deu-se
este marco quando os arqueólogos perceberam que as pesquisas
arqueológicas sempre estiveram influenciadas por motivos exteriores, fazendo
que a escolha influenciasse nos resultados de suas pesquisas, principalmente
no que se diz dos comportamentos dos povos pré-históricos.
No ano de 1959 o artigo publicado, The New American Arqueology,
escrito por Joseph Caldwell na revista Science, é o marco de partida para a
nova concepção de arqueologia. Esse movimento passou a se chamar apenas
como New Arqueology. Um dos maiores disseminadores deste movimento foi
Lewis Binford, que posteriormente acrescentou e marcou alguns conceitos:
1 - A arqueologia é uma ciência explanatória e não descritiva, que
tem a finalidade de explicar o passado humano, fazendo uso de
teorias; 2 - Baseia-se na filosofia da ciência, propõe desenvolver
análises sobre os sistemas sociais e econômicos, fazendo uso de
generalizações e “leis de dinâmica social”; 3 - Testado hipóteses
através de modelos formulados por analises estatísticas; 4 - Adoção
de Teoria geral de Sistemas, caracterizado por padrões culturais e
divididos em três subsistemas, tecnológico, social e ideológico; 5 - As
pesquisas deveriam questões especificas; 6 - Desenvolvimento de
uma noção ecossistêmica, estabelecendo relações entre a cultura e o
meio ambiente. (BINFORD, 1964, p. 4)
No entanto, essa mesma década ficou conhecida por diversos
movimentos sócio-culturais de amplitude mundial em diversas áreas do
conhecimento e suas reverberações atingiram inúmeros âmbitos, dos
movimentos de contracultura americana aos movimentos feministas, sem se
esquecer dos ecológicos, todos eles tinham uma coisa em comum, questionar
a forma que as coisas estavam andando.
Esses questionamentos tomaram conta de várias estâncias e na
arqueologia não foi diferente nas décadas que seguiram (1970/80), tiveram
uma grande diversificação no que diz respeito a escolas críticas, pós-críticas e
autocríticas. Todas as ciências humanas estavam passando por uma
reformulação desde a Segunda Guerra Mundial, se questionavam em relação a
objetivos e aplicações. Muitas das discussões que estavam sendo feitas no
âmbito da história foram transferidas para a arqueologia, principalmente na
Europa.
A partir deste momento sugiram varias linhas de pensamento e de
desenvolvimento de pesquisa, nas ciências humanas a Escola dos Analles e a
Escola Pós-processual com aprofundado na hermenêutica, porém ainda com
muitas falhas de pesquisas. Negligenciando certas características de pesquisa.
Mas nos últimos anos os arqueólogos das diferentes escolas têm se
esforçado para integrar as diferentes contribuições e enfoques, tentando
maximizar as ações uma vez cada qual tem seus pontos fortes e francos.
CAPÍTULO II
ARQUEOLOGIA NO BRASIL
1 O DESENVOLVIMENTO DA ARQUEOLOGIA NO BRASIL
Não há como desenvolvermos hoje uma arqueologia puramente
brasileira sem antes estudarmos bem as relações e implicações que está
recebeu e fez sobre a sociedade, isto é, estudar a história da arqueologia
brasileira é um importante passo para compreendermos por quais motivos os
arqueólogos brasileiros são marginalizados no exterior.
A pergunta mais correta para fazer neste momento é se a arqueologia
que aqui temos é verdadeiramente nossa ou são características trazidas de
outros países?
Pedro Paulo Abreu Funari (2003) diz que há uma falta de
conhecimento pela população brasileira sobre arqueologia, sempre
relacionando com aventuras em outras partes do mundo. Sendo a culpada
disso a forma que na qual a arqueologia se desenvolveu no Brasil.
Cristina Barreto não acredita em uma arqueologia propriamente
brasileira e descreve em artigo:
Mantendo-se isolada, a arqueologia brasileira não só absorveu muito
pouco dos debates e avanços teóricos do cenário internacional das
últimas décadas, como também não chegou a se constituir em uma
arqueologia nacional, particularmente concebida para os problemas
do passado brasileiro e, menos ainda, em uma arqueologia
nacionalista, voltada para a afirmação de idéias nacionais. (Barreto,
1999. p.11-12.)
Não são muitos os trabalhos que discutem a respeito da arqueologia
no Brasil, pois cada autor propõe uma divisão própria relacionando com certos
acontecimentos históricos de seu domínio.
2 Períodos
Demonstrar-se-á a partir deste ponto e de uma forma sucinta o
desenvolvimento da arqueologia no Brasil, ao utilizar como base para esta
distribuição por períodos, uma estrutura cronológica certa vez proposta por
Pedro Paulo Abreu Funari (1999).
2.1 No Período Colonial (1500-1822)
Apesar de ser o maior período da história brasileira, é também, sem
duvida, o período que tem a menor quantidade de documentos que a
descrevem. É marcado pelas visitas de estrangeiros com a intenção de
reconhecer o território que pretendiam e iriam aproveitar para a exploração.
O pouco que sabemos desta época é o que este descrito em diários de
navegações e de cartas enviadas para países na Europa e gravuras feitas por
naturalistas.
O período colonial brasileiro se enquadra dentro do que os
historiadores da arqueologia chamam de Período Especulativo (1492 -1840).
Porém, no caso brasileiro, ficamos apenas como objeto de estudo e não
formador de algo. A realidade brasileira era ser objeto das especulações sobre
a origem de artefatos encontrados, de monumentos pré-históricos, escassos no
caso brasileiro.
Do período da descoberta até a data de 22 de abril de 1639, não havia
por que estudar os ameríndios, uma vez esses não serem considerados
humanos e sim animais que falavam. Após a Bula do Papa Urbano VIII (1639),
os ameríndios ganham definitivamente suas almas.
Nos primeiros séculos após 1500, a atividade especulativa no Brasil
não foi tão intensa quanto em outras colônias, a falta de culturas urbanizadas e
insipiência de ouro, não fazia do Brasil o lugar mais provável para um Eldorado.
Apesar dos jesuítas terem um papel de importância para a compreensão de
alguns aspectos culturais e conhecimento de mitos locais nos primeiros séculos
o déspota esclarecido, Marques de Pombal em 1759, proíbe a permanência
dos Jesuítas em solo colonial português.
Devido ao avanço de Napoleão a Família Real Portuguesa se muda
para o Brasil e provoca a abertura dos portos em 1808. Com a abertura o Brasil
se torna um paraíso para os naturalistas.
Algo que não pode passar despercebido, foi criação da “Casa dos
Pássaros”, Rio de Janeiro, no ano de 1784. Na realidade, o nome oficial era
“Casa da História Natural” que servia como local de preparação dos espécimes
e adornos indígenas que seriam enviados para Lisboa. Tal espaço serviu como
base para criação do futuro Museu Real, depois Museu Imperial e posterior a
proclamação da república, Museu Nacional.
Esse período é caracterizado por poucas referências que se limitam a
descrever os habitantes do Brasil sobre uma ótica eurocêntrica, apesar de se
considerarem neutros. Também é possível vermos que a pesquisa de cunho
etnográfico desse período é colocada dentro das Ciências Naturais e não nas
Ciências Sociais e Humanas, essa herança perdura até hoje no Brasil.
2.2 No Período Imperial Brasileiro (1822-1889)
Foi no Império que o floresceu não apenas objeto, mas como também
sujeito da arqueologia mundial, que aparentemente estaria andando junto com
os demais países do mundo.
Um pouco antes da instauração do Império Brasileiro, quando ainda o
Brasil era a sede do Império Português, o então rei D. João VI, decreta em
1818 a criação do Museu Real e a extinção dos cargos do Museu Real de
Lisboa.
Peter Lund, naturalista dinamarquês, veio ao Brasil como explorador
do Museu de Copenhagen, no ano de 1825. Coletou uma porção de material e
levou para a Dinamarca quase a totalidade, deixando uma pequena porção
para museus brasileiros. Retorna a região da Lagoa Santa em Minas Gerais,
em 1833, para fixar moradia e pesquisar a região. Faz incursões a mais de 800
cavernas e encontra grandes quantidades de material de fauna extinta
pleistocênica associado a vestígios de ossadas humanas. Tais achados fazem
Lund repensar as teorias catastrofisistas as quais compartilhava com Cuvier,
além de ir de encontro com suas crenças religiosas católicas, pois escreve:
(...) à vista dos fatos que acabo de me referir, não pode pois, restar
dúvida alguma de que a existência do homem neste continente data
de tempos anteriores à época em que acabaram de existir as últimas
raças dos animais gigantescos (...) Vemos pois, que a América já era
habitada em tempo em que os primeiros raios da história não tinham
ainda apontado no horizonte do Velho Mundo, e que os povos que
naquela remotíssima época, aqui habitavam, eram da mesma raça
que os habitantes desta região nos tempos do descobrimento. Estes
dois resultados, na verdade, pouco harmonizam com as idéias,
geralmente aceitas, sobre a origem dos habitantes desta parte do
mundo. (LUND, 1935. p.46).
Funari levanta a questão dogmática que há no Brasil por todo esse
período e se arrasta ainda hoje, pois a tensão entre religião versus o progresso
científico travava (e ainda trava) batalhas intensas e nem sempre a ciência saia
com a vitória.
D. Pedro II, foi um dos grandes incentivadores da ciência no Brasil,
custeou várias expedições tanto no interior quanto no litoral brasileiro. Todas
utilizando o então Museu Imperial como ponto de partida para as expedições e
visando encontrar potenciais de inúmeras áreas: botânica, zoologia,
arqueologia, geologia entre outras.
Devido a essa fase de incentivos a pesquisa arqueológica que no
momento tinha uma grande ação de amadores em busca de cidades perdidas,
Mendonça de Souza, citado por Funari (1999), chama-a de o período “Dos
primeiros arqueólogos brasileiros à busca das cidades perdidas”.
A criação do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro (IHGB) também é
desse período e enfatiza a consolidação nacional e criação de uma identidade
nacional.
Muito dos financiamentos de D. Pedro II eram para encontrar a
legitimação do Brasil como império, porém a ausência de arquiteturas
monumentais como as dos Incas, Astecas e Maias fizeram o interesse
diminuírem.
Mesmo insipiente, começou a haver mão-de-obra de arqueólogos
estrangeiros que estavam no Brasil para pesquisar e ensinar, além de começar
a existir alguns trabalhos científicos, mesmo sem ser de arqueólogos
“profissionais”, que especulavam a antiguidade do homem no Brasil.
2.3 Na Primeira República (1889-1920)
Mesmo essa república tendo sido instaurada por militares e não
havendo grandes mudanças em relação a quem possuía poderes
estabelecidos e sim das suas configurações. Existiu alguns fatores que fizeram
a arqueologia brasileira ganhar um fôlego, mas logo depois perdê-lo.
A arqueologia norte-americana ainda não estava difundida para a
América Latina e as escolas européias possuíam mais apresso por parte dos
intelectuais latino-americanos. No Brasil não foi diferente dos demais países da
América Latina, os museus tentavam seguir as tendências européias,
acadêmicos estudavam em universidades do continente europeu, a língua
científica era o francês e o Brasil vivia sua Belle Époque.
Com as mudanças na mão-de-obra do Brasil, de escrava para
assalariada com a abolição da escravatura em 1888 e a valorização do café no
exterior o estado São Paulo passa a ganhar uma força que inicialmente era
econômica e logo passa a ser política. Devido a tal mudança o pólo cultural que
antes era o Rio de Janeiro passa a ser a São Paulo, capital do estado.
A elite cultural paulista clamou por um museu aos moldes europeus e
que não devesse nada para o, agora Museu Nacional. O processo de formação
não foi fácil, começou com a doação de coleções de particulares paulistas, que
possuíam gabinetes de curiosidades, muitos sem catalogação e outros
preceitos museológicos vigentes na época.
O Museu Paulista, também conhecido como “Museu do Ipiranga” foi
fundando em 1894 e inaugurado em 1895, teve como seu primeiro diretor
Hermann Von Ihering, naturalista alemão que trabalhara no Museu Nacional
como zoólogo, porém como era comum na época, se dedicava a botânica,
etnologia.
Como antropólogo, etnólogo e arqueólogo, Ihering, foi extremamente
criticado por compartilhar e acreditar em teorias eugenistas e difusionistas, nas
quais, colocavam os alemães como “raça superior”, chegando a falar
publicamente que para o Brasil crescer era necessário exterminar índios e
negros.
Funari (1999) diz que apesar das idéias de Ihering serem racistas, elas
não estavam muito desconectadas do que o establishment arqueológico do
decênio de 1960 por parte dos militares e norte-americanos.
O Museu Paraense, também é desse período, reformulado no ano de
1894, porém fundando ainda no começo do século XIX. Hoje conhecido como
“Museu Paraense Emílio Goeldi”, devido ao diretor que executou a
reformulação, o sueco Emílio Goeldi, naturalista e ex-expedicionário do Museu
Nacional, se fixa em Belém. O museu ficou bastante conhecido pelos
estrangeiros, pois dela saíram expedições para o Amazonas, umas das áreas
mais exploradas arqueologicamente do Brasil, junto da Lagoa Santa, Minas
Gerais.
Esse período de formação e reformas museológicas é chamado por
Barreto (2000), como “Era dos Museus”, que termina um pouco antes de
explodir a Primeira Guerra Mundial, porém se arrasta até o início da década de
1920.
2.4 Entre os anos de 1920 a 1940
Esse período é classificado exclusivamente por Funari, outros autores
não fazem distinção desse período. Pois compreende-se esse período, de
1920 até o final da década de 1940.
Uma vez que os modelos políticos, culturais estão em franca mudança,
a economia, antes em ascensão, passava por crises internacionais. Além
disso, ainda havia as heranças da Primeira Guerra Mundial, crack de 1929 da
bolsa de Nova Iorque e toda a Segunda Guerra Mundial e suas implicações em
todo o mundo.
Apesar de haver uma grande importância nas revoluções internas do
Brasil como a Revolução Paulista, implantação do Estado Novo, iremos nos
atentar mais as práticas ditas Modernistas que estavam em voga nesse
período.
Durante esses anos o Brasil viveu movimentos intelectuais com a
Semana de Arte Moderna (1922) e autores como José Roberto do Amaral Lapa
citado por Cristina Barreto (1999), trança algumas influências das idéias
“modernas” sobre a História.
Funari não deixa claro se o Modernismo atingiu diretamente a
arqueologia, mas autores latinos como Politis, citado por Cristina Barreto
(2000), dizem que não foi apenas no Brasil que não houve grandes influências
na arqueologia por parte de movimentos modernistas. No entanto, ela, afirma
no caso brasileiro não houve influência na arqueologia, já que esta estava
confinada nos museus.
De qualquer forma, houve produção nesse período, as de maiores
destaques foram: Guia de Pré-História Brasileira de Aníbal Mattos (1938), e
Introdução à Arqueologia Brasileira de Angyone Costa (1933), sendo estes os
primeiros compêndios da Arqueologia brasileira.
Fato importante desse período é a construção da primeira
universidade do país, a Universidade de São Paulo (USP), que na década de
1930 trazem estrangeiros, maior parte formado por franceses, para lecionar e
formar uma massa crítica acadêmica brasileira que estará em evidência nas
décadas conseguintes.
E não deixando de falar sobre a criação do Decreto-lei nº 25 de 30 de
novembro de 1937, como uma reverberação do movimento Modernista, pois
esta lei é a base para preservação do patrimônio histórico brasileiro.
2.5 O início das pesquisas universitárias (1950-1964)
Eclodiram vários centros de pesquisa arqueológica no Brasil, a USP
com o Instituto de Pré-História; na Universidade Federal do Paraná, o Centro
de Ensino e Pesquisas Arqueológicas (CEPA); e Universidade do Vale do Rio
dos Sinos, com o Instituto Anchietano de Pesquisas (IAP).
Durante a década de 1950, houve um movimento de luta pela
arqueologia brasileira, já que muito do patrimônio cultural brasileiro estava
sendo destruído. Além da pouca, ou nenhuma, formação dos arqueólogos
brasileiros na época
O movimento liderado por Paulo Duarte (Instituto de Pré-História) e
ainda contava com, Luiz de Castro Faria e José Loureiro Fernandes (UFPR),
lutava a favor de uma lei federal que contemplasse a preservação e
normatização de exploração comercial e científica de sítios arqueológicos. A
luta não foi em vão, porém foi longa, somente após quase uma década e sobre
o curto governo de Jânio Quadros, a Lei Federal 3924, de 26 de julho de 1961
foi promulgada. Apesar de a lei ser avançadíssima para seu tempo, a
aplicabilidade de tal, ainda hoje é difícil
Nesse momento tudo parecia estar andando super bem, apesar da
arqueologia brasileira não ter vivido os avanços teóricos que a antropologia
brasileira viveu no mesmo momento, ou mesmo ter sentindo mais a fundo a
repercussão do Modernismo das décadas anteriores.
Mas logo veio o golpe militar e muito dos avanços se perderam, muitos
dos pensadores dessa nova abertura intelectual tiveram que se ausentar do
plano político por divergências com o regime imposto.
2.6 No Período Militar (1964-1985)
Após o golpe militar, a arqueologia brasileira, perdeu muito da sua
força, pois houve inúmeras expulsões de intelectuais que eram contrários ao
novo regime.
Entretanto os militares desenvolveram o maior projeto de arqueologia
que o Brasil já tinha visto em toda a sua história. Fruto de um convênio do
Conselho Nacional de Desenvolvimento e Pesquisa (CNPq) Instituto do
Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN), com o Smithsonian Institution
e Ministery of Education and Culture dos EUA, o Programa Nacional de
Pesquisa Arqueológica (PRONAPA) foi desenvolvido.
Com visão autoritária, os militares desenvolveram um programa
extremamente “neutro” e “apolítico”. No entanto, tal programa teve bons
resultados, organizaram pelo país, órgãos, departamentos dentro de
universidade e museus que passaram a desenvolver pesquisas arqueológicas,
porém com pouca liberdade metodológica. Assim, a arqueologia brasileira
estava novamente na mão de diretores de museus.
Após o PRONAPA a arqueologia brasileira ficou fortemente ligada a
universidades, assim sendo, apresentamos os maiores centros, apesar de
existirem outros menores da mesma época. Todavia, o PRONAPA não foi o
único projeto arqueológico a ser desenvolvido no período militar, houve a
Mission Arquéologique, também conhecida como “Missão Franco-Brasileira”.
Apesar de todos os problemas ocorridos dentro deste período, foi um
dos períodos mais produtivos, em uma análise quantitativa, da arqueologia
brasileira, além de terem cadastrado mais de 90% dos sítios arqueológicos até
o presente.
2.7 As tendências arqueológicas atuais (1985-2004)
Desde o final da década de 1980 existem arqueólogos com vontade de
mudança, trazendo novas teorias e métodos interpretativos, ou mesmo,
tomando posicionamento em público contra as ações paternalistas e nepotistas
da arqueologia brasileira.
Uma nova modalidade arqueológica aparece no Brasil, até então
inédita, a Arqueologia de Contrato, devido a Resolução do Conselho Nacional
do Meio Ambiente (CONAMA) nº 001/1986, que previa que todas as obras que
ultrapassassem alguns quesitos seriam necessárias efetuar um Estudo de
Impacto Ambiental (EIA) e posteriormente um Relatório de Impacto ao Meio
Ambiente (RIMA), contemplando inclusive o patrimônio cultural envolvido na
área. Desta forma, os arqueólogos passavam a praticar consultorias para obras
viárias, portos, aeroportos e de grandes empreendimentos.
O que se pode afirmar é que a Arqueologia Brasileira ainda não está
pronta ainda e necessita cada vez mais de massa crítica, pessoas capacitadas
para continuar reestruturando-a.
CAPÍTULO III
FUNCIONALIDADE NO ENSINO DE HISTÓRIA
1 A IMPORTÂNCIA DA ARQUEOLOGIA BRASILEIRA PARA O ENSINO
DE HISTÓRIA NO BRASIL
A partir deste ponto, após ter-se visualizado brevemente os caminhos da
Arqueologia neste trabalho discorrer-se-á focando sobre a sua importância ao
ser aplicada em sala de aula, que tem como objetivo proporcionar acréscimos
ao contínuo desenvolvimento do ensino de História no Brasil e da própria
ciência.
O interesse surgiu pelo fato de pouco se abordar esta linha de estudo ao
ensino brasileiro, ou mesmo ocorre uma abordagem desta ciência de forma
que não é visível diretamente aos olhos do educando. Este direcionamento
deve ser colocado de maneira que seja possível tanto ao professor quanto ao
próprio aluno, sendo este último o fator principal, pois se transporá por meio
deste, os conceitos de identidade do povo brasileiro, que será proporcionado
ao tratar este tema em sala de aula. Tal importância de abordagem do tema
coloca em pratica o desenvolvimento cognitivo do aluno.
Evitando carregar este trabalho de ideologias “de salvação educacional”,
longe deste objetivo, procurar-se-á discutir sobre as vantagens de se trabalhar
este tema buscando conhecimentos arqueológicos que possibilitem nossas
análises e que seja possível demonstrar a importância da própria arqueologia
para o crescimento do ensino de História no Brasil, e não apenas isso, como
também a História em sala é fundamental ao abordar o assunto arqueológico
Pré-História dos ameríndios no Brasil. Mostrando, assim, o quão interessante é
trabalhar para a formação de indivíduos “autônomos intelectuais”, capazes de
se identificarem como brasileiros e de agirem socialmente, em relação ao
caminhar de nosso país.
A importância de se discutir sobre educação no Brasil leva-nos a um
ponto significante sobre a História em sala de aula e para o desenvolvimento
da estrutura educacional brasileira, que são as possibilidades de exploração
dos temas de estudo em sala de aula com embasamentos diversos tal como o
tratado neste trabalho. Não se focará, como até neste momento se manteve
desta forma, as análises diretamente sobre a estrutura educacional no Brasil,
mas sim, apresentar o que esta nos permite trabalhar e sala, determinados
temas no ensino, da forma que costuma-se, ou gostar-se-ia, de trabalhá-los,
como exemplo a pré-história brasileira, com base nas interpretações feitas
sobre os artefatos arqueológicos.
Será apontada, então, a História, enquanto disciplina em sala de aula,
buscando relacionar o nosso tema, e a própria arqueologia como fonte de
pesquisa para o professor.
De que forma pode-se trabalhar a Arqueologia em sala de aula? Ao
trabalhar a pré-história brasileira em sala de aula, é natural que se levantem
questionamentos, tais como, de que maneira apresentar este tema em sala, ou
então, com quais materiais devemos trabalhá-los. Seriam estas as dificuldades
que nos ocorrem para uma melhor atuação enquanto professores, devido à
falta de informação e material que cerca este tema, ou talvez, pela falta de
conhecimento sobre estas informações que tratam do assunto?
Por conta desta necessidade que nos é percebida, surge a oportunidade
de se discutir o assunto, procurando acrescentar algo para o desenvolvimento
educacional da disciplina de História no Brasil visando os trabalhos
Arqueológicos sobre Pré-História brasileira.
Iniciar-se-á pelo fator ciência, explicando sua função geral. Sendo este
aspecto mais do que importante a ser tratado para a construção de suas
influências no ensino e educação no Brasil. Anteriormente devemos citar uma
fala do arqueólogo André Prous que ressalta o caráter científico da Arqueologia
e, de certa maneira, a postura de pesquisa em relação ao que se deve manter
no rumo arqueológico de pesquisas:
A arqueologia brasileira demanda uma longa tarefa pela frente: juntar
uma documentação representativa em todas as partes do território
nacional, que permita tratar problemas tais como as modalidades do
povoamento inicial, os processos de colonização sistemática dos
territórios, o desenvolvimento do manejo da natureza... e as diversas
estratégias de sobrevivência que coexistiram durante milênios.
(PROUS, 2007, p.128-129).
De modo sucinto deve ser dito que, a ciência, trabalha com a
mensuração dos seus respectivos objetos de estudo, tendo em vista o objetivo
de buscar a comprovação dos fatos e questionamentos levantados realizados
durante as pesquisas. Rapidamente definindo, a ciência em si é um conjunto
de conhecimentos relacionados ao homem, sendo estes conhecimentos unidos
em metodologias e técnicas de prática de pesquisa, de acordo com cada área
científica e que determina seu fluxo, sua ordem e seguimento de própria
pesquisa.
Todas as ciências, de alguma maneira, transmitem conhecimento e
contribuem para o ensino de uma forma geral no Brasil. O que proporciona o
desenvolvimento da capacidade de elaborar técnicas de abordagens para o
professor na educação. Os livros didáticos nos trazem informações, mas muito
nos faltam os detalhes que poderiam fazer certa diferencia na maneira de
trabalhar em sala de aula os temas e assuntos a serem abordados e
ensinados.
Atendo-se ao seguimento do olhar da História, não apenas enquanto
ciência, mas também enquanto história-educacional e, utilizar-se-á do auxílio
da ciência arqueológica; por meio de influências tais como André Prous, Pedro
Paulo A. Funari, Francisco Silva Noelli, Walter Neves, Luís Beethoven Piló,
Angyone Costa e Josué Camargo Mendes entre outros; para investigar e tratar
o tema Pré-História brasileira em sala de aula, com a intenção de melhor
abordá-lo.
Recorre-se a algo importante a ser ressaltado para acrescentar ao
estudo um ponto por parte da Geologia.
Alguns estudos geológicos, que acrescentam importantes análises à
Arqueologia brasileira, relacionados ao Brasil pré-colombiano datam de 1874, o
que se iniciam as primeiras “pinceladas” do passado desta “tela” chamada
Brasil, sobre os povos ameríndios que residiam nesta terra anteriormente à
chegada dos europeus. O que permite visualizar em sala de aula, utilizando até
mesmo da Geologia para expressar-se diante de temas históricos como
História da América (América do Sul, do Norte e Central), e também como a
chegada dos colonos na América do Sul e dos conflitos com indígenas, e
também sobre os motivos das escolhas de determinadas regiões a serem
povoadas, devidos às condições físicas do solo.
A partir de agora retomando ao ponto “Arqueologia”, que irá tratar do
homem e tudo relacionado aos seus passos e ações, esta, também “desenha”
sobre esta “tela” a partir dos vestígios materiais deixados pelo homem pré-
histórico do Brasil que seria antes da chegada dos europeus ao continente
americano. Estes vestígios materiais deixados por eles seriam seus únicos
registros, que comprovam sua existência e muitas vezes caracterizam seu
modo de vida.
Ao analisar estes vestígios materiais, consegue-se precisar datações,
por teste com Carbono 14 ou a termo luminescência. Não aprofundarei sobre
como se trabalha com estas técnicas de pesquisa, pois não é nosso foco de
trabalho discorrer sobre elas. Porém faz-se necessário a discussão de alguns
pontos para entender a importância destes para uma melhor visão de análise
arqueológica:
1- O que seriam os vestígios materiais? Vestígios são todos aqueles
materiais relacionados a uma possível ação humana. Estas ações
ficaram marcadas na natureza onde ocorreram povoamentos
ameríndios, seria assim, o registro digital deles.
2- Como nós sabemos o que são e como são os vestígios materiais? São
muitas vezes não perceptíveis, mas com um olhar atento e treinado para
visualizá-los podem ser reconhecidos, a exemplo dos materiais líticos
(pedras), tanto polidos ou lascados, vasos de cerâmica, pontas de
flecha, feitas em pedra ou osso, pinturas rupestres etc.
3- Como se chegam às respostas que podem desenhar esta pintura do
Brasil pré-brasileiros? Como foi dito anteriormente existem técnicas para
a análise dos vestígios materiais. Para entendermos esta questão, é
necessário saber que após estas pesquisas, estes materiais são
identificados, tratado e devidamente e catalogados, onde em seguida
organizados para exposição em Museus. Recebem suas respectivas
denominações e colocados a disposição para observação dos
espectadores.
Com estes pontos colocados anteriormente, pode-se avaliar a
complexidade de se interpretar os vestígios materiais e a importância destes
para a formação do aluno.
3.1 A importância do trabalho arqueológico brasileiro para a formação
do indivíduo brasileiro.
Gradualmente caminha-se desenvolvendo este estudo sobre como tratar
da utilizando-se da Arqueologia brasileira, ressaltando-se sua importância para
a formação da identidade do indivíduo brasileiro.
Após todos estes apontamentos anteriores, o que vem agora será aquilo
que nos auxiliará na abordagem do tema, que trata-se, sobre a importância
arqueológica para o ensino de História no Brasil acerca da abordagem do
nosso assunto.
A Arqueologia brasileira em conjunto com a Museologia brasileira,
estabelece relações entre os artefatos estudados, quando estes são colocados
em exposições nos museus, possibilitando o contato do espectador e do
vestígio material, mesmo sendo o espectador o próprio pesquisador.
Nas análises e mensurações, feitas pela Arqueologia, possibilitam o
levantamento de questões sobre o objeto e, suas suposições e
questionamentos valorizando e compreendendo, com melhor profundidade,
visando à comprovação e a veracidade do objeto pesquisado.
Para que ocorra todo este leque de características sobre o objeto é
necessário, neste caso, por parte do profissional da Arqueologia, de não cingir
unicamente a uma determinada ciência correlata aos estudos arqueológicos,
mas sim, transpassar as barreiras da ciência, através da investigação, em uma
interdisciplinaridade, unindo as ciências humanas, exatas e biológicas de
acordo com a necessidade e o desafio apresentado, visando uma resolução
consistente do problema.
Unificando as ciências no foco do objeto de pesquisa, o arqueólogo deve
tratar esta interdisciplinaridade conforme a necessidade da análise, como dito
anteriormente. Este profissional tem por dever buscar ser completo, no que diz
respeito ao vasto conhecimento das ciências visando um foco analítico mais
compreensivo e findo na importância de sua atuação com os vestígios
materiais.
Deve-se considerar o fato de que no Brasil não exista uma graduação
em arqueologia, e sim apenas pós-graduação, iniciando no mestrado, que de
certa forma, favorece a questão interdisciplinar. Desta forma graduados em
diversas áreas cruzam seus conhecimentos e visões em prol da arqueologia.
A arqueologia no Brasil vem ganhando espaço, resgatando o passado
do território do nosso país que nos leva a construção da identidade do
indivíduo brasileiro.
Pode-se citar André Prous para nos demonstrarmos mais claros do que
se vê nas escolas em relação à pré-história brasileira:
Aos poucos se vem corrigindo uma série de idéias errôneas,
infelizmente enraizadas na cabeça de muita gente – e às vezes ainda
ensinadas nas escolas. Uma delas é que os primeiros ocupantes do
território que hoje chamamos de Brasil, como qualquer homem pré-
histórico, teriam vivido num mundo frio e povoado por mamutes ou
dinossauros. Refugiando-se dentro de cavernas (mas também
nômades, sem domicílio fixo), disporiam essencialmente da pedra
para fabricar seus instrumentos e passariam muita fome. Seriam
primitivos que ainda não imaginavam uma sociedade racionalmente
organizada como a nossa. Esta é, obviamente, uma fantasia oriunda
das pesquisas realizadas na Europa no século XIX, dentro de uma
perspectiva evolucionista. (PROUS, 2007. p.123-124.)
Conforme a afirmação de Prous acima percebe-se sua preocupação
com a imagem não apenas da Arqueologia, mas também de como se transmite
as informações arqueológicas que se inicia dentro do contexto educacional. Por
isso preocupa-se a todos em tratar do ensino de História em sala de aula,
utilizando a Arqueologia como auxílio e transmissora de interpretações que
acrescentaram algo de útil ao indivíduo brasileiro visando construir sua
identidade cultural-histórica.
A posição de atuação da arqueologia brasileira, de análises de
preservação patrimonial e ambiental, favorece nosso enriquecimento histórico-
cultural. A postura arqueológica, “colocando o passado”, ou melhor, fragmentos
deste, para junto ao público leigo, através das descobertas e, das exposições,
que são importantes “links” entre sociedade e passado, que ao entrarem em
contato, de alguma forma, ocorre uma tentativa, por parte deste indivíduo-
observador, de identificação do objeto e com o próprio objeto visualizado.
Sendo isto um importante movimento a ser transmitido à História em sala de
aula.
Questionamentos saltam a mente; a curiosidade de querer ter a certeza
do conhecimento sobre o significado do objeto aumenta a cada detalhe
identificado, acrescentando ao espectador o exercício intelectual. Esta
interação acontece pela busca de nos identificarmos com nosso passado, para
firmar as bases do conhecimento sobre nós mesmos, como brasileiros, como
seres humanos.
Ao permear o pensamento dos observadores, subjetivamente, os
inúmeros artefatos arqueológicos, provocam o questionamento de identificação
com o objeto observado. O trabalho arqueológico transforma ou ao menos
facilita a transformação das peças deste “quebra-cabeça gigante”, que é nosso
passado, em uma figura ainda não terminada, da qual o observador fica
“provocado” em completa-lá através da imaginação, relacionando o seu
cotidiano com os vestígios materiais do passado.
Uma ciência respeitável, que é a arqueologia, por admitir a
interdisciplinaridade entre as demais áreas científicas. Sua contribuição propõe
a identificação sócio-pessoal favorecendo o exercício da autonomia intelectual
e abrangência cognitiva da reconstituição do passado humano e seus passos.
Tendo em vista que a arqueologia dispõe de vestígios materiais para
redesenhar o passado daqueles que não escreveram sua história, ou
simplesmente, foram apagadas, entende-se a importância da
interdisciplinaridade na arqueologia, para a busca de nós mesmos em um
passado buscando por ser visualizado em nós mesmos.
Os vestígios materiais, dos quais a arqueologia trabalha, possibilitam
uma análise minuciosa em torno dos habitantes anteriores a nós, como
exemplo os sambaquis do litoral brasileiro que datam de aproximadamente
sete mil anos passados.
Desta forma, como estamos vendo, até este momento, que, não seria
interessante expandir estes conhecimentos arqueológicos de alguma forma até
a educação brasileira? Pois bem, é claro que a importância de se expandir
cada vez mais a arqueologia como educação histórica, cultural, patrimonial,
ambiental, social, e antropologicamente falando para o desenvolvimento
humano, é uma questão necessária a ser esclarecida e projetada
cuidadosamente ao público por direito em conhecer seu patrimônio humano,
nós.
3.2 História e Arqueologia formando indivíduos
Falando de História, fator que está relacionada com nosso objetivo de
trabalho, esta promove aos indivíduos a consciência do passado por meio das
análises dos fatos históricos, dos registros escritos. Porém, estes indivíduos,
que estão de alguma forma, em contato com o passado, mais remoto que seja,
muitas vezes desconhecem essa relação de passado-presente, mesmo quando
entram em contato com os fatos históricos por meio da historia oral e/ou
escrita, ou mesmo, por meio de estudos arqueológicos, vestígios materiais.
Não se procura tomar partido dos estudos da história oral ou mesmo da
história escrita, começaremos a partir deste ponto tratar a arqueologia e sua
importância para o ensino de história no Brasil.
Então, através destas análises arqueológicas o que vem a ser proveitoso
para a história enquanto educação? Enquanto ao ensino de história no Brasil?
Sabe-se que o ensino de história baseia-se nos estudos de escritos antigos e
anotações e, a partir deste ponto, constrói-se a história com todos seus
critérios historiográficos.
Como utilizar-se de análises que se baseiam em vestígios materiais,
muitas vezes dispersos e em um contexto ambiental a ser tratado, dentro deste
ambiente que fora habitado em certa época, a partir de questionamentos,
acerca dos locais onde estes vestígios culturais são encontrados?
Por partes colocar-se-á o que seria de mais importância para o
desenvolvimento deste tema em sala de aula.
Primeiramente como o Brasil foi construído pela miscigenação das
etnias, e desenvolveu-se em meio a uma busca da identidade brasileira, a pré-
história brasileira contribui para esta formação de identidade cultural.
O professor de história que proporciona esta ligação de passado e
presente para com os alunos acrescenta habilidades na formação de cada
educando.
Estudar o passado proporciona a capacidade de visualizar
características humanas dos povos que viveram anteriormente a nós e que
essas ainda se fazem presente. Podemos analisar a proximidade enquanto a
criatividade de cada individuo passado através dos vestígios materiais que
ficaram preservados no solo. Essa proximidade com o artefato provoca uma
imaginária ligação com seus criadores, o que aguça a imaginação do
observador.
A importância de o professor de história buscar locais como museus que
possibilitem esse contato é, sem dúvida inquestionável, pois os alunos podem
criar sua própria ligação de tempo presente e passado.
Novamente vê-se aqui a questão de interação objeto e individuo. Se
fossemos analisar, podemos entender fatores relacionados ao imaginário dos
povos da pré-história brasileira. Para uma melhor visualização desta idéia,
podemos lançar questões sobre nós mesmos, como por exemplo: Se fossemos
arqueólogos do futuro e encontrássemos um aparelho de computador, que
características poderíamos atribuir ao povo que o teria criado. Talvez isso não
faz sentido a maioria das pessoas. Porque devo me preocupar em conhecer o
que já está morto? Se olhar com atenção nem precisaríamos ir ao museu para
perceber as ligações de passado e presente, a evolução tecnológica, ou
mesmo dos tecidos, talvez até alguns costumes alimentares, ou porque
comemos determinados tipos de alimentos. Estes são fatores que interessam
ao ser humano, pois agrega valores individuais e sociais. Embora os
ameríndios tenham vivido em um tempo diferente do nosso, não significa que
não temos ligação alguma com eles.
3.3 Trabalhando a Preservação Patrimonial em sala de aula para a
formação de indivíduos brasileiros.
Quando queremos conhecer as sociedades indígenas desaparecidas,
não dispomos de textos, pois elas não utilizavam a escrita...
Dependemos, portanto, exclusivamente dos vestígios materiais que
eles deixaram, quase sempre involuntariamente, e com os quais nem
historiadores nem antropólogos estão acostumados a tratar. (PROUS,
2007. p.8.)
Patrimônio é um bem ou conjunto de bens naturais ou culturais de
importância reconhecida num determinado lugar, região, país ou mesmo para a
humanidade, que passa(m) por um processo de tombamento para que seja(m)
protegido(s) e preservado(s). Assim serão, dependendo da importância e
necessidade devidamente os dados de tombamento encaminhados e
protegidos pela United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization
(UNESCO) no Brasil, ou o IPHAN.
Desta forma é papel, indiscutivelmente, do historiador e professor de
história tratar sobre este assunto em sala de aula, informando aos alunos a
importância da preservação patrimonial para seu desenvolvimento cultural e
social.
Estes bens materiais podem proporcionar um contato do aluno com seu
passado, reforçando sua identidade brasileira, como foi dito anteriormente.
A melhor maneira de aplicar esta informação sobre patrimônio e sua
preservação é com certeza colocar em contato: educando e patrimônio e,
construir questionamentos.
Levantar questionamentos e analisar, tais como a própria arqueologia
faz acerca dos materiais de estudo, dos quais podemos nos referir como
patrimônios da humanidade. Analisar através de perguntas simples como: Para
que serviu? O que significou para seus criadores? Quais são as
características? Os detalhes? E etc. Esta ação promove o exercício intelectual
de análise, preparando o observador para agir em sociedade como um ser que
questiona e visualiza as estruturas sociais na qual está inserido.
A arqueologia, trabalhando com a musealização dos vestígios materiais,
coloca a disposição do observador a oportunidade de questionar e levantar
hipóteses, realizando a interação indivíduo e objeto. A preservação patrimonial
garante que possamos realizar esta interação entre passado e presente.
Importante é ressaltar o interesse que o professor de história deve ter
em buscar proporcionar esta experiência aos alunos. Previamente estudar o
que será mostrado aos alunos, se possível com uma visitação prévia. Levantar
neste momento questões, suas próprias dúvidas.
Onde se deve chegar é basicamente na proximidade desta forma de
análise para com as análises que podem ser feitas com os fatos históricos.
Levantar questões acerca das características dos acontecimentos, dos fatores
que o causaram.
De volta à questão patrimonial, buscar levar os alunos ao contato com
um local onde ocorreu determinado fato histórico, transpor a postura
arqueológica de contato com o objeto de estudo para a História em sala de
aula. Anteriormente para que isto ocorra é importante ver as condições dos
locais, se possível será explorar as características do local. Por isso de se
trabalhar a preservação patrimonial, como dito anteriormente garantir a
integridade física do objeto. Conscientizar sobre o bom estado físico do local ou
material histórico para que possa ser feita estas análises pelos próprios alunos
como construção de autonomia intelectual.
Cada material deve ser levado em consideração o seu contexto. Porém
é importante esta curiosidade do aluno, que acaba trazendo divertidíssimas
análises por conta de desconhecer o objeto. Neste ponto entra o professor para
a explicação, trabalhando em cima das análises dos próprios alunos.
Podemos citar Carlos Rodrigues Brandão para percebermos como por
meio da educação conseguiremos expandir estes conhecimentos, quando diz
sobre a educação:
Ela se instala dentro de um domínio propriamente humano de trocas:
de símbolos, de intenções, de padrões de cultura e de relações de
poder. Mas, a seu modo, ela continua no homem o trabalho da
natureza de fazê-lo evoluir, de torná-lo mais humano. (BRANDÃO,
2006. p.14.)
Desta forma o que nos reforça, direcionando este trecho para nosso
trajeto de pesquisa, é o quão importante devemos trabalhar pela preservação
patrimonial para que este “domínio propriamente humano de trocas: de
símbolos, de intenções, de padrões de cultura e de relações de poder” possam
ser transmitidos através dos nossos registros materiais e dos vestígios
daqueles povos que os deixaram, dos quais nós podemos interpretá-los para
entendê-los.
Se a história é um conjunto de conhecimentos relacionados ao passado
da humanidade, segundo o lugar, a época, o ponto de vista escolhido a ser
pesquisado. Deve-se, então, trabalhar a preservação patrimonial para que a
História e a Arqueologia, bem como outros ramos da ciência, possam tratar e
analisar de seus devidos objetos de estudo com maior precisão para nos dar
referências de nossas próprias análises, enquanto seres sociais, em nosso
tempo presente, contribuindo para o desenvolvimento da identidade não
somente como brasileiros, mas sim, identidade histórico-humana.
CONCLUSÃO
O que se vinha à mente em relação à Arqueologia enquanto a imagem
dos romances e filmes de aventuras que perpetuam uma está faceta fantasiosa
da ciência arqueológica, a partir deste trabalho, puderam-se experimentar por
meio da visão analítica acerca do nosso tema de pesquisa “A importância da
Arqueologia brasileira para o ensino de História no Brasil”, de tal maneira a
aprender a real importância da Arqueologia brasileira como ferramenta de
pesquisa do nosso passado pré-histórico e o quão grandiosa é esta ciência e
como contribui ao nosso desenvolvimento intelectual, proporcionando
visivelmente um auxílio ao desenvolvimento de alguns temas na História em
sala de aula no Brasil, através da postura dos docentes na área de História.
Embora a Arqueologia em si, trata das pesquisas que buscam
explicações sobre o desaparecimento, evolução (humana ou sobre os recursos
utilizados), valores culturais e mesmo a origem do homem, que está
descartada a hipótese de que “o homem ter-se originado na América está fora
de cogitação, em virtude da ausência, neste continente, de fósseis de primatas
adiantados” como afirma Mendes e completa dizendo que “Devemos, portanto,
buscar as origens dos homens paleoamericano noutros continentes.”
(MENDES, Josué Camargo. 1970. p.129), o trabalho aqui exposto não
procurou tratar das origens humanas em si, mesmo sendo está uma questão a
ser avaliada futuramente pelos profissionais da arqueologia, mas sim avaliar as
possibilidades de trabalhar-se, em visão da Arqueologia brasileira, esta como
ferramenta para engrandecer o ensino de História no Brasil para que este
contribua para o desenvolvimento educacional da sociedade brasileira
formando a base para a construção da identidade sócio-cultural dos indivíduos
brasileiros.
Deixa-se para trás, depois de alcançado este ponto, então, os conceitos
fantasiosos sobre a Arqueologia e pensemos nos questionamentos que aqui se
fizeram, promovendo uma ligação entre duas ciências, Arqueologia brasileira e
História brasileira, visando um melhoramento do ensino de História no Brasil
Contudo e luta-se em análises profundas acrescentando sempre algo ao
ensino brasileiro para que se possa visualizar melhoramentos deste, e em
qualquer área, promovendo assim que possível uma interdisciplinaridade entre
os ramos científicos, na busca destas conquistas de melhoras no ensino no
Brasil.
Embora possa parecer dificultoso saber como tratar de temas como a
“pré-história no Brasil”, para ser mais específico à questão arqueológica, e
embasando-se em pesquisas Arqueológicas brasileiras, tendo mais uma rica
opção, que aqui fora mostrado, ao professores de História no Brasil para sua
melhor bagagem teórica a ser aplicada em sala de aula. Esta junção científica
entre História e Arqueologia, faz-se necessário não apenas para uma melhor
compreensão da pré-história e história humana, como vem contribuir também
para a formação do indivíduo brasileiro que busca em continuamente a
identidade brasileira em si. A aproximação do passado pré-histórico e histórico
brasileiros permite a visão da formação do brasileiro e daqueles que estão
marcados na genética do povo brasileiro, portanto nós mesmos em um
passado que necessita ser tratado e interpretado, acrescentado ao Brasil, e
seu povo a formação da identidade de um povo único e ao mesmo tempo,
diverso e misto.
Contudo, neste trabalho, foi possível perceber que há possibilidades de
melhoria no ensino de história no Brasil, como também proporciona à outras
áreas acadêmicas desfrutar da trans e interdisciplinaridade para aplicar em
sala de aula novos horizontes de análises, abarcando diferentes interpretações
para o conjunto de formação da identidade do indivíduo brasileiro, sendo que a
Arqueologia proporciona esta transmissão do conhecimento-cultural, por meio
do seu trabalho de análise, o que reflete, se de certa maneira, utilizado em sala
de aula, ao indivíduo constantemente em formação social, em busca de sua
identidade.
Deve-se assim entender, porém não limitar-se ao que foi dito durante
este trabalho como fonte única para acrescentar melhorias ao ensino, mas sim,
que necessitasse invariavelmente de estudos visões científicas diversas, que
promovam os estudos aplicando-os na educação, no sistema de ensino, para
um melhor desenvolvimento do crescimento intelectual dos brasileiros e, desta
maneira, do Brasil.
REFERÊNCIAS
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