A Igreja Primitiva e o Livre-Arbitrio

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A igreja primitiva e o livre-arbítrio. (A patrística e o livre-arbítrio) Por muito tempo venho ouvindo que o determinismo, doutrina calvinista da predestinação (que se contrapõe a doutrina do livre-arbítrio), isto é, por eleição incondicional dos seres humanos, uns para o bem e outros para o mal, sempre foi a doutrina predominante na igreja desde o tempo dos apóstolos. Ouvi sempre um “apelo à autoridade” de Lutero e Calvino (século XVI) e de Agostinho de Hipona (século IV), que para nós é o “pai da doutrina da predestinação”. Foi com base nos escritos deste que Calvino formulou suas teses. Certa feita tentaram “calvinizar-me”, fazer-me um calvinista, e para tanto nos recomendaram assistir a um vídeo sobre a história do livre-arbítrio (abaixo link), afirmando que a vontade livre, historicamente, sempre foi combatido pelos líderes da igreja. Este vídeo, do professor Augustus Nicodemus, traz muitas informações históricas relevantes, mas comete, induz a alguns erros, faltam detalhes, não ditos pelo professor no vídeo em questão, que podem levar os ouvintes a deduções erradas, sobre a história da igreja, e o sobre o(s) conceito(s) de livre-arbítrio. http://www.youtube.com/watch?v=RSRJV7g-aM4 O que penso ser necessário, a fim esclarecer bem a questão sobre o livre-arbítrio na história da igreja, é fazermos as devidas correções, incrementos ao que disse o ilustre professor. Vamos pontuar dois equívocos que observamos na exposição do palestrante, e esclareço que assim faço por já de ter sido “evangelizado – para o calvinismo”, ou tentaram nos convencer com base neste que o livre-arbítrio é uma heresia histórica, sempre combatida. Recentemente, conversando com um amigo, ele me informou que tornou-se um calvinista após assistir a este vídeo. Será que o calvinismo sempre foi a (sã) doutrina da igreja(como sugerido no vídeo)? Será que a “eleição incondicional” ou a “expiação limitada (doutrina que Cristo

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A Igreja Primitiva e o Livre-Arbitrio

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A igreja primitiva e o livre-arbtrio. (A patrstica e o livre-arbtrio)Por muito tempo venho ouvindo que o determinismo, doutrina calvinista da predestinao (que se contrape a doutrina do livre-arbtrio), isto , por eleio incondicional dos seres humanos, uns para o bem e outros para o mal, sempre foi a doutrina predominante na igreja desde o tempo dos apstolos. Ouvi sempre um apelo autoridade de Lutero e Calvino (sculo XVI) e de Agostinho de Hipona (sculo IV), que para ns o pai da doutrina da predestinao. Foi com base nos escritos deste que Calvino formulou suas teses.Certa feita tentaram calvinizar-me, fazer-me um calvinista, e para tanto nos recomendaram assistir a um vdeo sobre a histria do livre-arbtrio (abaixo link), afirmando que a vontade livre, historicamente, sempre foi combatido pelos lderes da igreja.Este vdeo, do professor Augustus Nicodemus, traz muitas informaes histricas relevantes, mas comete, induz a alguns erros, faltam detalhes, no ditos pelo professor no vdeo em questo, que podem levar os ouvintes a dedues erradas, sobre a histria da igreja, e o sobre o(s) conceito(s) de livre-arbtrio.http://www.youtube.com/watch?v=RSRJV7g-aM4O que penso ser necessrio, a fim esclarecer bem a questo sobre o livre-arbtrio na histria da igreja, fazermos as devidas correes, incrementos ao que disse o ilustre professor. Vamos pontuar dois equvocos que observamos na exposio do palestrante, e esclareo que assim fao por j de ter sido evangelizado para o calvinismo, ou tentaram nos convencer com base neste que o livre-arbtrio uma heresia histrica, sempre combatida. Recentemente, conversando com um amigo, ele me informou que tornou-se um calvinista aps assistir a este vdeo.Ser que o calvinismo sempre foi a (s) doutrina da igreja(como sugerido no vdeo)? Ser que a eleio incondicional ou a expiao limitada (doutrina que Cristo morreu apenas por alguns, de antemo escolhidos) foi pregada pelos pais primitivos? E o que considero mais importante Ser que foi Pelgio quem inventou o livre-arbtrio? Ser?Vamos aos 2 equvocos, que pontuaremos, do vdeo:1. Os Patrsticos (pais da igreja, ps-apstolos, at o sculo IV) defenderam ou falaram sobre o livre-arbtrio.2. Pelgio x Jacobus Armius.1. Os Patrsticos (pais da igreja, ps-apstolos, sculo I at o sculo IV) defenderam ou falaram sobre o livre-arbtrio?Resposta: Quase que de forma unnime pelo menos este curioso, em suas muitas pesquisas, nunca encontrou nada que possa sugerir o contrrio (a esmagadora maioria) DOS PAIS PRIMITIVOS falaram sobre ou defenderam o livre-arbtrio, como seguem textos abaixo. Isto pe por terra o argumento falacioso de que (sobre o livre-arbtrio) a histria comea por Pelgio. Preparem-se para as descobertas:Os pais primitivos e o livre arbtrio JUSTINO MRTIR (100 160/165 d. C)Do que dissemos anteriormente, ningum deve concluir que a consequncia do que afirmamos que se sucede ocorre por necessidade do destino, pelo fato de que dizemos ser de antemo conhecidos os acontecimentos. Para isso, vamos esclarecer tambm esta dificuldade. Ns aprendemos com os profetas e afirmamos que isto a verdade: que os castigos e tormentos, igualmente as boas recompensas, do-se a cada um conforme as suas obras, pois se no fosse assim e se ocorresse pelo destino, no existiria em absoluto o livre-arbtrio. Com efeito, se est determinado que este seja bom e aquele mau, nem aquele merece louvor, nem este vituprio. E se o gnero humano no tem poder para fugir por livre determinao daquilo que vergonhoso e optar pelo belo, irresponsvel por qualquer ao que faa. Porm, que o homem virtuoso e peca por livre escolha, o demonstramos pelo seguinte argumento: vemos que o prprio sujeito passa de um extremo a outro. Pois bem: se fosse determinado ser mau ou bom, no seria capaz de fazer coisas contrrias nem mudaria [seu comportamento] com tanta frequncia. Na verdade, no se poderia dizer que alguns so bons e outros maus a partir do momento em que afirmamos que o destino a causa de bons e maus, e que faz coisas contrrias a si mesmo; ou deve se ter por verdade aquilo que j anteriormente insinuamos, a saber: que virtude e maldade so meras palavras e que apenas por opinio [pessoal] se classifica algo como bom ou mau o que, como demonstra a verdadeira razo, o cmulo da impiedade e da iniquidade. O que afirmamos ser destino iniludvel que a quem escolher o bem, espera-lhes digna recompensa; e a quem escolher o contrrio, espera-lhes igualmente digno castigo. Porque Deus no fez o homem da mesma forma que as outras criaturas, por exemplo, rvores e quadrpedes, que nada podem fazer por livre determinao, pois nesse caso no seria digno de recompensa ou louvor, nem mesmo por ter escolhido o bem, mas j teria nascido bom; nem, por ter sido mau, seria castigado justamente, pois no agiu livremente, mas por no poder ter sido outra coisa do que foi (1 Apologia 43,1-8).Justino Mrtir (160 d.C): A fim de que alguns no presumam, a partir do que temos dito, que tudo acontece por uma necessidade fatal, pois anunciado como conhecido de antemo, isso ns tambm explicamos. Ns aprendemos dos profetas e sustentamos ser a verdade, que as punies, castigos e boas recompensas so concedidas de acordo com o mrito das aes de cada homem. Agora, se isso no desta forma, mas todas as coisas acontecem por destino, ento, nada est em nosso prprio poder. Porque, se est predeterminado que este homem ser bom e esse outro homem ser mau, nem o primeiro digno de mrito nem o ltimo culpado. E novamente, a menos que a raa humana tenha o poder de evitar o mal e escolher o bem por livre escolha, eles no so responsveis por suas aes. (A Dicitionary of Early Christian Beliefs, editado por David W. Bercot, pg 285, publicado por Hendrickson, 1998) (traduo Walson Sales)Deus, desejando que tanto homens quanto anjos seguissem a sua vontade, resolveu cri-los livres para fazer a justia. Mas se a Palavra de Deus prediz que certos anjos e certos homens sero certamente castigados, ela fez isso porque sabia previamente que eles seriam irremediavelmente [mpios], mas no por terem sido criados assim. (DJ, 1.142). (citado por Norman Geisler, T. S. v.2, pg 77)IRINEU (130 200 d. C)Esta frase: Quantas vezes quis acolher os teus filhos, porm tu no quiseste! (Mateus 23,37), bem descobriu a antiga lei da liberdade humana, pois Deus fez o homem livre, o qual, assim como desde o princpio teve alma, tambm gozou de liberdade, a fim de que livremente pudesse acolher a Palavra de Deus, sem que Este o forasse. Deus, com efeito, jamais se impe fora, pois nEle sempre est presente o bom conselho. Por isso, concede o bom conselho a todos. Tanto aos seres humanos como aos anjos outorgou o poder de escolher - pois tambm os anjos usam sua razo -, a fim de que queles que lhe obedecem possam conservar para sempre este bem como um dom de Deus que eles guardam. Ao contrrio, no se encontrar este bem naqueles que O desobedecem e por isso recebero o justo castigo, porque Deus certamente lhes ofereceu benignamente este bem, mas eles no se preocuparam em conserv-lo, nem o acharam valioso, mas desprezaram a bondade suprema. Assim, portanto, ao abandonar este bem e at certo ponto rejeit-lo, como razo sero rus do justo juzo de Deus, do qual o Apstolo Paulo d testemunho em sua Carta aos Romanos: Por acaso desprezas as riquezas de sua bondade, pacincia e generosidade, ignorando que a bondade de Deus te impulsiona a arrepender-te? Pela dureza e impenitncia do teu corao, tu mesmo acumulas a ira para o Dia da Clera, quando se revelar o justo juzo de Deus (Romanos 2,4-5). Ao contrrio, diz: Glria e honra para quem opera o bem (Romanos 2,10). Deus, portanto, nos deu o bem, do qual d testemunho o Apstolo na mencionada Carta, e aqueles que agem segundo este dom recebero honra e glria, porque fizeram o bem quando estava em seu arbtrio o no faz-lo; ao contrrio, aqueles que no agirem bem sero rus do justo juzo de Deus, porque no agiram bem estando em seu poder faz-lo. Com efeito, se alguns seres humanos fossem maus por natureza e outros bons por natureza, nem estes seriam dignos de louvor por serem bons, nem aqueles condenveis, porque assim teriam sido criados. Porm, como todos so da mesma natureza, capazes de conservar e fazer o bem, e tambm capazes de perd-lo e no faz-lo, com justia os seres sensatos quanto mais Deus! louvam os segundos e do testemunho de que decidiram de maneira justa e perseveraram no bem; ao contrrio, reprovam os primeiros e os condenam retamente por terem rejeitado o bem e a justia. Por esse motivo, os profetas exortavam a todos a agir com justia e a fazer o bem, como muitas vezes explicamos, porque este modo de nos comportar est em nossas mos; porm, tendo tantas vezes cado no esquecimento por nossa grande negligncia, nos fazia falta um bom conselho. Por isso o bom Deus nos aconselhava o bem por meio dos profetas (Contra as Heresias 4,37,1-2) (textos dos pais da igreja primitiva podem ser encontrados no sites indicados ao final)Se no dependesse de ns o fazer e o no fazer, por qual motivo o Apstolo, e bem antes dele o Senhor, nos aconselharia a fazer coisas e a nos abster de outras? Sendo, porm, o homem livre na sua vontade, desde o princpio, e livre Deus, semelhana do qual foi feito, foi-lhe dado, desde sempre, o conselho de se ater ao bem, o que se realiza pela obedincia a Deus. (Contra Heresias, IV, 37. 1.4) (tambm citado por Norman Geisler em eleitos, mas livres, pg 171)Clemente de Alexandria ( 150-c. 215 d. C.)Nos que ouvimos pelas Sagradas Escrituras que a escolha autodeterminada e a recusa foram dadas pelo Senhor aos homens, descansamos no critrio infalvel da f, manifestando um esprito desejoso, j que escolhemos a vida e cremos em Deus por intermdio da sua voz. (S, H2.4) (citado na Teologia Sistemtica, Norman Geisler, v 2, pg 78)No somente o crente, mas at mesmo o descrente, julgado mais retamente. Pois, desde que Deus soube em virtude de sua prescincia que essa pessoa no acreditaria, Ele, entretanto, a fim de que ele possa receber a sua prpria perfeio, deu-lhe a filosofia antes da f. (A Dicitionary of Early Christian Beliefs, editado por David W. Bercot, pg 284, publicado por Hendrickson, 1998) A soberania e o livre-arbtrio so compatveis, pois muitas coisas na vida surgem no exerccio da razo humana, tendo recebido a fasca incandescente de Deus. [...] Agora, todas estas coisas tm verdadeiramente origem e existncia por causa da providncia divina contudo, no sem a cooperao humana tambm (5, 6.17, em ibid.). (Citado em Teologia Sistemtica Norman Geisler, V 1, pg 1024).Orgenes ( 185 a 254 d. C.)Est tambm definido na pregao da Igreja que toda alma racional possui vontade e livre-arbtrio, e que h tambm para ela uma luta a ser travada contra o demnio e seus anjos e foras adversas, j que eles trabalham para oner-la de pecados, enquanto que ns, se vivermos retamente e com conselho, devemo-nos esforar em nos despojarmos deste jugo. Deve-se entender, por conseguinte, que ningum de nsest submetido necessidade, de tal modo que, ainda que no queiramos, sejamos a qualquer custo obrigados a fazer coisas boas ou ms. (De Principiis, cap 5) (Obs: seria uma citao, em dias atuais, exatamente e diametralmente contrria ao que prega o calvinismo)Isto tambm claramente definido no ensino da igreja de que cada alma racional dotada de livre-arbtrio e volio. (De Principiis, prefcio) H, de fato, inmeras passagens nas Escrituras que estabelecem com extrema clareza a existncia da liberdade de vontade. (De Principiis, 3.1) (citado por Geisler, em Eleitos, mas livres, pg 173-174) Jernimo ( 347-420 d. C.)Este um dos pais, junto com Justino Mrtir, so os que mais apresentam semelhanas, em seus escritos, com as obras de Jacob Arminius (http://www.arminianismo.com/index.php/o-que-e-o-arminianismo) e os remonstrantes (http://www.arminianismo.com/index.php/o-que-e-o-arminianismo)(seguidores da teologia de Armnio), expresses como precisa de ajuda, ou carece de auxlio (da graa) de Deus, lembra e muito o que 1.300 anos depois repetiu Jacob Arminius.Vejamos:Em vo me deturpas e tentas convener os ignorantes que eu condeno o livre-arbtrio. Que aquele que condena, seja por si mesmo condenado, pois fomos criados com o dom do livre-arbtrio [...] E verdade que a liberdade da vontade traz consigo a liberdade de deciso. Contudo o homem no age imediatamente a partir do seu livre-arbtrio, mas precisa da ajuda de Deus, que e o nico que no precisa ser ajudado. (LSJ, II.VI. 1.33.10) (citado em Teologia Sistemtica, Geisler, v2, pg 79)Quando ns estamos preocupados com a Graa e misericrdia, o livre-arbtrio parte anulada; em parte, eu digo, porque tanto depende dele, que queremos e desejamos, e damos consentimento ao curso que escolhemos. Mas depende de Deus se temos o poder em sua fora e com sua ajuda para fazer o que desejamos, e para o nosso trabalho e esforo darem resultado. (Contra Pelagianos, Livro III) (Eleitos, mas livres, pg 76)Poderamos citar muitos outros, Novaciano, Tefilo, Tarcianio, Tertuliano, Metdio, Cirilo de JerusalmMas gostaramos de comparar o que lemos, do pais primitivos, com algumas palavras de Calvino e de Armnio, para que voc leitor possa verificar qual telogo, em suas teses teolgicas, se aproximou mais do que pregaram os pais primitivos da igreja. Os que crem na predestinao ou os que pregam o livre-arbtrio?CalvinoChamamos predestinao ao eterno decreto de Deus pelo qual ele determinou consigo mesmo aquilo que ele quis que ocorresse a cada ser humano. A vida eterna preordenada para alguns e a perdio eterna para outros, falando deles como predestinados para a vida ou para a morte. (Institutas, volume III, pg 388) (para os predestinados a perdio) - queles que Deus despreza ele reprova, e faz isso no por outra razo seno porque ele quer exclu-los da herana que Deus predestinou aos que escolheu por seus filhos. Qual a causa do decreto da reprovao de Deus? o soberano e bom prazer de Deus. Nenhuma outra causa pode ser aduzida seno sua soberana vontade. Quando, portanto, algum perguntar por que Deus fez assim, devemos responder: porque ele quis. (citado em KLOOSTER, Fred H. A doutrina da predestinao em Calvino. p. 38).At Calvino reconhece que, em defesa do livre-arbtrio, os patrsticos, assim so chamados os lderes, podem ser citados:Sei que eles podem citar a Orgenes e a Jernimo como partidrios de sua exposio. Eu poderia, de minha parte, opor-lhes tambm Agostinho. O que, porm, esses patrsticos tenham opinado, em nada nos relevante, se evidente o que Paulo quis dizer. A ele ensina que a salvao foi preparada exclusivamente para aqueles a quem o Senhor julga dignos de sua misericrdia; runa e desolao subsistem a quantos ele no escolheu. Sob o exemplo de fara, ele mostrara a sorte dos rprobos [Rm 9.17]; (intitutas, II, pg 101)Por bvio, que as declaraes de Jean Calvino, sobre o assunto em questo, em nada lembram ou se parecem com o que pregaram os primeiros lderes da igreja, ps era apostlica.Outros Calvinistas, como Alister E. McGrath, reconhecem o fato de que os lderes da igreja primitiva pregaram o livre-arbtrio. Veja site: http://www.arminianismo.com/index.php/categorias/diversos/artigos/89-v-paul-marston-e-roger-t-forster/1197-a-igreja-primitiva-e-o-livre-arbitrioO que um calvinista atual pode fazer dizer algo como Calvino em nada nos relevante, contudo consideramos relevante saber os que aqueles que ouviram as pregaes dos Apstolos (e dos posteriores primeiros discpulos apostlicos) sobre estas doutrinas. Criam na predestinao incondicional ou no livre-arbtrio? Como vimos, criam (todos, ou no mnimo quase todos) no livre-arbtrio.Um determinista, pesquisando muito encontrar textos defendendo a doutrina da corrupo da natureza humana, fragmentos que falam de Eleio, Eleitos, escolhidos, em alguns textos de Hilrio de Poitiers[315-367], Gregorio Naziazeno[329-389], Cirilo de Jerusalm, Ambrsio de Milo[340-397], mas nenhum deles defendendo ou apoiando a predestinao calvinista. Por outro lado, no necessrio pesquisar muito para encontrarmos textos dos quatro primeiros sculos da era crist, e em toda a histria da igreja, em defesa do livre-arbtrio.Vejamos agora o que diz Jacob Armnio, vez que no vdeo foi apontado como aquele que reviveu as doutrinas do herege (assim foi considerado) Pelgio. (compare com o que diz Justino e Jernimo, ser interessante)(O homem e o livre-arbtrio, carecem da graa, da ajuda de Deus)Em seu estado cado e pecaminoso, o homem no capaz, de e por si mesmo, pensar, desejar, ou fazer aquilo que realmente bom; mas necessrio que ele seja regenerado e renovado em seu intelecto, afeies ou vontade, e em todos os seus poderes, por Deus em Cristo atravs do Esprito Santo, para que ele possa ser capacitado corretamente a entender, avaliar, considerar, desejar, e executar o que quer que seja verdadeiramente bom. Quando ele feito participante desta regenerao ou renovao, eu considero que, visto que ele est liberto do pecado, ele capaz de pensar, desejar e fazer aquilo que bom, todavia no sem a ajuda contnua da Graa Divina.Com referncia Graa Divina, creio, (1.) uma afeio imerecida pela qual Deus amavelmente afetado em direo a um pecador miservel, e de acordo com a qual ele, em primeiro lugar, doa seu Filho, para que todo aquele que nele cr tenha a vida eterna, e, depois, ele o justifica em Cristo Jesus e por sua causa, e o admite no direito de filhos, para salvao. (2.) uma infuso (tanto no entendimento humano quanto na vontade e afeies,) de todos aqueles dons do Esprito Santo que pertencem regenerao e renovao do homem tais como a f, a esperana, a caridade, etc.; pois, sem estes dons graciosos, o homem no capaz de pensar, desejar, ou fazer qualquer coisa que seja boa. (3.) aquela perptua assistncia e contnua ajuda do Esprito Santo, de acordo com a qual Ele age sobre o homem que j foi renovado e o excita ao bem, infundindo-lhe pensamentos salutares, inspirando-lhe com bons desejos, para que ele possa dessa forma verdadeiramente desejar tudo que seja bom; e de acordo com a qual Deus pode ento desejar trabalhar junto com o homem, para que o homem possa executar o que ele deseja.Desta maneira, eu atribuo graa o comeo, a continuidade e a consumao de todo bem, e a tal ponto eu estendo sua influncia, que um homem, embora regenerado, de forma nenhuma pode conceber, desejar, nem fazer qualquer bem, nem resistir a qualquer tentao do mal, sem esta graa preveniente e excitante, seguinte e cooperante. Desta declarao claramente parecer que de maneira nenhuma eu fao injustia graa, atribuindo, como dito de mim, demais ao livre-arbtrio do homem. Pois toda a controvrsia se reduz soluo desta questo, a graa de Deus uma certa fora irresistvel? Isto , a controvrsia no diz respeito quelas aes ou operaes que possam ser atribudas graa, (pois eu reconheo e ensino muitas destas aes ou operaes quanto qualquer um,) mas ela diz respeito unicamente ao modo de operao, se ela irresistvel ou no. A respeito da qual, creio, de acordo com as escrituras, que muitas pessoas resistem ao Esprito Santo e rejeitam a graa que oferecida. (Extrado de As Obras de James Arminius Vol. I)Quanto graa e livre arbtrio, isto o que eu ensino, segundo as Escrituras e o consentimento ortodoxo: o livre-arbtrio incapaz de iniciar ou aperfeioar qualquer verdade e o bem espiritual, sem graa.Que eu no possa dizer, como Pelgio, para a prtica de iluso em relao palavra graa, eu quero dizer com isso que a graa de Cristo e que pertence regenerao.Afirmo, portanto, que essa graa simplesmente e absolutamente necessria para a iluminao da mente, a ordem de vencimento das afeies, e a inclinao da vontade para o que bom. esta a graa que opera sobre a mente, os afetos e da vontade, o que infunde bons pensamentos na mente, inspira bons desejos em aes, e dobra a vontade de continuar em execuo pensamentos bons e bons desejos.Esta graa precede, acompanha e segue; excita, assistncias, opera que iremos, e coopera para no irmos em vo.Ele evita tentaes, assistncias e subsdios socorrer no meio das tentaes, sustenta o homem contra a carne, o mundo e Satans, ().Ela levanta-se novamente aqueles que foram conquistados e caram().Esta graa comea a salvao, promove e aperfeioa e consuma.Confesso que a mente de um homem natural e carnal obscura e escura, que as suas afeies so corruptas e desordenado, que sua vontade teimosa e desobediente, e que o prprio homem est morto em pecados. (Obras de James Arminius, volume II) muito claro que Armnio era contrrio as idias de Pelgio e dos pelagianos, assim como Jernimo, falou do livre-arbtrio e ao mesmo tempo combateu os pelagianos. Assim como fizera Agostinho, em seu livro O Livre-arbtrio.(mas) O que fez ento, no sculo IV, Pelgio?Pelgio, ao contrrio dos pais primitivos que pregavam o livre-arbtrio juntamente com a doutrina da corrupo da natureza humana, doutrina que posteriormente foi chamada pelos reformadores de depravao total, pregou uma doutrina do homem puro, que o pecado original, de Ado, afetou apenas ele. Que o homem nasce puro, e pode permanecer puro, se quiser, independente do auxlio de graa. James Arminius, e os pais da igreja nunca disseram isso.O que Pelgio fez no foi apenas modificar a soteriologia (doutrina da salvao), mas toda cosmoviso crist e antropologia humana, dizendo que todo homem nasce puro. O que um tremendo equvoco, mas no propsito deste artigo demonstrar os erros de pelgio, o vdeo do professor j fez isso bem.O que nos importa, separar as idias de Pelgio dos pais primitivos e de Jacob Armnio. Pelgio trouxe uma inovao antropolgica, e no o pai do livre-arbtrio, como por muitos sugerido. O que ele ensinou foi outra coisa, infelizmente, tambm nomeada de livre-arbtrio, mas totalmente diferente do que os pais primitivos ensinaram.Quando algum falar novamente sobre o livre-arbtrio, voc j sabe que esta histria (defendida pelos patrsticos) comea muito antes de Pelgio, e sempre foi predominante na igreja, como ainda hoje, at o sculo XVI. Somente no perodo da reforma, e sculos posteriores, as doutrinas calvinistas ganharam destaques de doutrinas da igreja reformada, e nem todos concordavam com ela (Ex: Anabatistas, remonstrantes), esta doutrina nunca foi unnime, nunca ficou sem oposio de homens notveis, como Menno Simons, Baltasar Hubmaier (anbatistas), Armnio, Simon Epicopus, Hugo Grotios (remonstrantes), John Wesley, John Fletcher (metodistas) incontveis nomes.O que nos importava neste artigo era demonstrar duas coisas.1. O livre-arbtrio foi a doutrina pregada pelos pais da igreja, e no nasceu com Pelgio;2. James Arminius no pregou ou reviveu as doutrinas de Pelgio, pelo contrrio, as combateu, revivendo as doutrinas de igreja primitiva.Espero que tenha ficado claro para todos.Se, pois, o filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres. Jo 8.36Um forte abrao. E que a Graa e Paz de nosso Senhor Jesus Cristo seja convosco.Sites (ou artigos) indicados para consultas dos textos citados ou informaes histricas adicionais. Obs: os sites catlicos so os que possuem mais documentos dos pais primitivos, a igreja catlica que detm os documentos.Fontes: http://estudos.gospelprime.com.br/a-igreja-primitiva-e-o-livre-arbitrio/http://www.portalvalegospel.com/2012/02/os-pais-da-igreja-crista-apostolicos.htmlhttp://www.arminianos.com/o-livre-arbitrio-e-a-ignorancia-de-nicodemus/http://www.apologistascatolicos.com.br/index.php/patristica/estudos-patristicos/571-a-qsola-fidesq-a-igreja-primitiva-e-os-pais-da-igrejahttp://sumateologica.wordpress.com/download/