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A Histórica Experiência do Voluntariado de Trieste: Venite a vedere! GALHANO, Henrique - Newton Paiva SALOMÃO, Dayanna - Newton Paiva OLIVEIRA, Carla Luiza - UFMG VENTURINI, Ernesto FONSECA CHAVES. Adelaide Lucimar MATERELLI, Renato GOULART B., Maria Stella (coordenadora) - UFMG Filiação institucional: Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG (executora da pesquisa) Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais - FAPEMIG (financiadora da pesquisa) Contato: [email protected] Na perspectiva de recuperar a história do processo de reforma da política de saúde mental, a pesquisa intitulada “A Política de Saúde Mental: Minas Gerais e vínculos com Itália” realizada na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e coordenada pela Profª. Dra. Maria Stella Brandão Goulart, financiada pela FAPEMIG – Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais, pretende enfocar as conexões entre Brasil e Itália, tecendo uma análise comparativa entre os recursos societários (associativismo, laços de colaboração, instituições sociais, culturais e técnico-profissionais) acionados desde os anos de 1960 até a atualidade. Ao longo desse período, as relações entre os dois países foram de estreita colaboração no que concerne à construção da chamada reforma psiquiátrica, que hipotetizamos ser mais abrangente. Dessa maneira, o presente trabalho tem como objetivo principal descrever o perfil dos brasileiros que se vincularam como voluntários aos serviços de saúde mental de Trieste ( Dipartimento di Salute Mentale – DSM), convite feito por Franco Basaglia que reverberou por muitos anos de maneira informal. Essa vinculação remete a diversos tipos de inserção: estágio de médio e longo prazo, participação em eventos, visitas breves, com objetivos diversos. Consideram-se os dados referentes ao período de 1984 até de 2014, na medida em que este intervalo contempla as informações obtidas a partir dos arquivos da Assoziazione di Voluntariato Franco Basaglia, que formalizou a permanência desses brasileiros junto aos serviços em questão. Por intermédio dessa pesquisa, se abre uma nova perspectiva sobre a influência que o voluntariado em Trieste causou na luta antimanicomial no Brasil. Assim, pode-se constatar a partir dos dados levantados, a grande quantidade de instuições e profissionais que absorveram esta experiência de voluntariado disseminada por Franco Basaglia, iniciada em Gorizia na década de 60. No geral, a maioria dos voluntários eram mulheres, jovens e estudantes de psicologia. O período de maior colaboração dos voluntários foi durante os anos de 1990 e 2000. A motivação e colaboração dos voluntários foi importante para desenvolver o modelo triestino. Além disso, a pesquisa ressalta a rede de voluntariado que nos permite investigar no futuro a história desses voluntários em uma abordagem qualitativa. O presente texto tem como objetivo principal analisar o perfil dos brasileiros que se vincularam como voluntários aos serviços de saúde mental de Trieste ( Dipartimento di Salute Mentale – DSM), na Itália. Esta vinculação remete a diversos tipos de inserção: estágio de médio e longo prazo, participação em eventos, visitas breves, com objetivos diversos. Consideraremos dados referentes ao período de 1984 a 2014, na medida em que este intervalo contempla as informações obtidas a partir dos arquivos da Assoziazione di Voluntariato Franco Basaglia, que formalizou a permanência destes brasileiros junto aos serviços de questão. Por se tratar de uma referência mundial na luta antimanicomial, a rede de saúde mental de Trieste recebeu, anualmente, ao longo dos anos citados, um grande número de interessados 1

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A Histórica Experiência do Voluntariado de Trieste: Venite a vedere!

GALHANO, Henrique- Newton PaivaSALOMÃO, Dayanna - Newton Paiva

OLIVEIRA, Carla Luiza - UFMGVENTURINI, Ernesto

FONSECA CHAVES. Adelaide LucimarMATERELLI, Renato

GOULART B., Maria Stella (coordenadora) - UFMG

Filiação institucional:Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG (executora da pesquisa)

Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais - FAPEMIG (financiadora da pesquisa)

Contato: [email protected]

Na perspectiva de recuperar a história do processo de reforma da política de saúde mental, a pesquisa intitulada“A Política de Saúde Mental: Minas Gerais e vínculos com Itália” realizada na Universidade Federal de MinasGerais (UFMG) e coordenada pela Profª. Dra. Maria Stella Brandão Goulart, financiada pela FAPEMIG –Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais, pretende enfocar as conexões entre Brasil e Itália, tecendouma análise comparativa entre os recursos societários (associativismo, laços de colaboração, instituições sociais,culturais e técnico-profissionais) acionados desde os anos de 1960 até a atualidade. Ao longo desse período, asrelações entre os dois países foram de estreita colaboração no que concerne à construção da chamada reformapsiquiátrica, que hipotetizamos ser mais abrangente. Dessa maneira, o presente trabalho tem como objetivoprincipal descrever o perfil dos brasileiros que se vincularam como voluntários aos serviços de saúde mental deTrieste (Dipartimento di Salute Mentale – DSM), convite feito por Franco Basaglia que reverberou por muitosanos de maneira informal. Essa vinculação remete a diversos tipos de inserção: estágio de médio e longo prazo,participação em eventos, visitas breves, com objetivos diversos. Consideram-se os dados referentes ao períodode 1984 até de 2014, na medida em que este intervalo contempla as informações obtidas a partir dos arquivos daAssoziazione di Voluntariato Franco Basaglia, que formalizou a permanência desses brasileiros junto aosserviços em questão. Por intermédio dessa pesquisa, se abre uma nova perspectiva sobre a influência que ovoluntariado em Trieste causou na luta antimanicomial no Brasil. Assim, pode-se constatar a partir dos dadoslevantados, a grande quantidade de instuições e profissionais que absorveram esta experiência de voluntariadodisseminada por Franco Basaglia, iniciada em Gorizia na década de 60. No geral, a maioria dos voluntários erammulheres, jovens e estudantes de psicologia. O período de maior colaboração dos voluntários foi durante os anosde 1990 e 2000. A motivação e colaboração dos voluntários foi importante para desenvolver o modelo triestino.Além disso, a pesquisa ressalta a rede de voluntariado que nos permite investigar no futuro a história dessesvoluntários em uma abordagem qualitativa. O presente texto tem como objetivo principal analisar o perfil dos brasileiros que se

vincularam como voluntários aos serviços de saúde mental de Trieste (Dipartimento di Salute

Mentale – DSM), na Itália. Esta vinculação remete a diversos tipos de inserção: estágio de

médio e longo prazo, participação em eventos, visitas breves, com objetivos diversos.

Consideraremos dados referentes ao período de 1984 a 2014, na medida em que este intervalo

contempla as informações obtidas a partir dos arquivos da Assoziazione di Voluntariato

Franco Basaglia, que formalizou a permanência destes brasileiros junto aos serviços de

questão.

Por se tratar de uma referência mundial na luta antimanicomial, a rede de saúde mental de

Trieste recebeu, anualmente, ao longo dos anos citados, um grande número de interessados

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entre pesquisadores, estudantes e profissionais de várias áreas e nacionalidades. A vinculação

propiciava conhecer e experienciar este modelo substitutivo aos hospitais psiquiátricos,

implementado a partir do início década de 70 (GOULART, 2007; AMARANTE, 1996;

BARROS, 1994).

Segundo informação de Ernesto Venturini, muitos expoentes da Reforma Psiquiátrica

brasileira desenvolveram atividades em Trieste. Destacamos a título ilustrativos alguns

nomes, em função de sua relevância, como os de Roberto Tykanori, Fernanda Nicácio, Paulo

Amarante, Denise Barros, Rossana Seabra, Vera Regina Sebben, Jair de Jesus Mari, que

realizaram períodos de média e longa permanência, de alguns meses, na prática de

voluntariado em Trieste. Paulo Delgado e Pedro Delgado, Sandra Fagundes, Willians

Valentini, Nilson Gomes realizaram visitas e participaram de eventos, e a lista poderia ser

extensa se considerássemos este último item.

Procuramos identificar e descrever, o perfil dos voluntários que vivenciaram este modelo.

Inicialmente, para o levantamento de dados dos voluntários, foi formalmente requisitado um

pedido de colaboração endereçado ao responsável do Departamento de Saúde Mental de

Trieste, além de contatos com outros funcionários de referência. A execução do levantamento

de dados se mostrava desafiadora, devido ao número elevado de mudanças organizativas que

ocorreram nas estruturas do Departamento de Saúde Mental nestes últimos 40 anos, tais como

a perda dos arquivos administrativos e a aposentadoria ou falecimento de alguns funcionários

que recolhiam e arquivavam os dados dos voluntários. Contudo, contamos com a colaboração

de funcionários do Departamento (Carla Prosdocimo) que se prontificaram a investigar os

arquivos da Assoziazione di Voluntariato Franco Basaglia de Trieste, criada em março de

1993, que regulamentava e documentava os voluntários que ali estiveram e, assim, acionou

alguns deles para organizar o que se pudesse identificar.

Em visita a Trieste, entre 17 e 19 de maio de 2014, este material foi conferido e realizado o

registro fotográfico da parte restante do arquivo, até o mês de março de 2014.

Na listagem elaborada pela Assoziazione di Voluntariato Franco Basaglia de Trieste sobre o

cadastro dos voluntários, na forma de três arquivos com estruturações diversas, constavam as

seguintes informações: Nome; Profissão; Sexo; Cidade Origem; Estado de Origem; Data de

Nascimento; Ano do Voluntariado; 1° chegada / 1° partida; 2° chegada / 2° partida; 3°

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chegada / 3° partida.

Os dados desta listagem estavam, no entanto, incompletos, fora de ordem e com algumas

informações inconsistentes. Por isso, durante o trabalho de análise de dados, foi necessário

reorganizar o material, retirar duplicidades, e pesquisar os dados inconsistentes. A planilha

inicial elaborada, continha cerca de 280 nomes de voluntários, e após os ajustes restaram 247.

Utilizou-se a ferramenta de busca Google na Internet, para se procurar mais informações

acerca dos voluntários, o que possibilitou, num primeiro momento, verificar corretamente os

nomes listados e sua naturalidade. De acordo com os dados recebidos, muitos nomes estavam

escritos de maneira errônea ou diferenciada, por exemplo: os nomes compostos, que são

incomuns na Itália, confundiam-se com os sobrenomes. Os voluntários estavam identificados

em primeiro momento, pelo seu sobrenome. Decidimos por inverter esta ordem para facilitar

o trabalho de identificação.

Algumas dificuldades encontradas devem-se ao fato de que alguns nomes apareciam com

pouca possibilidade de identificação de gênero, devido a não ordenação de nomes. Um

exemplo disso é o nome fictício “Oliveira Maria José”. Neste caso não foi possível verificar

qual era o primeiro nome, e também não pudemos conferir utilizando ferramentas de consulta

na internet, já que, como ele, trata-se de nomes muito comuns no Brasil.

Completado este primeiro momento organizativo, comparou-se a congruência dos resultados

obtidos com as dos dados anágrafos obtidos através de perfis cadastrados na base de dados da

Plataforma Lattes, CNES DataSus, Linkedin, Facebook e outros sites onde foi investigada

qualquer referência aos nomes de voluntários consultados. Através dos dados localizados nas

plataformas, foi possível identificar as formações profissionais que os voluntários citados

estavam realizando quando realizaram sua estadia de voluntariado em Trieste.

No campo “local de origem”, foi necessário pesquisar o estado de origem, pois muitas vezes

só constava o nome da cidade, e fizemos também algumas correções gramaticais/tradução.

Para melhor comparar tais dados, foram registrados cidades e estados em colunas separadas.

A coluna ano de voluntariado também foi criada a partir das datas de primeira chegada, isso

para que possibilitasse o desenho de uma curva que apontasse a maior incidência de

voluntariado em determinado período e/ou ano.

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Após as adequações acima, promoveu-se o trabalho de análise de dados: Gênero, Estado e

Região de Origem, Tempo de Permanência, Ano de Voluntariado, Profissão e Idade do

voluntário, no período em que se realizou o voluntariado. Abaixo seguem os resultados dessas

análises iniciais.

No que concerne ao gênero, organizamos o seguinte gráfico, relativo aos 247 casos

contemplandos:

(Gráfico 1- perfil de gênero dos voluntários)

Assim, o perfil do voluntariado em Trieste é predominantemente feminino: 74% dos

voluntários eram do sexo feminino, 21% do sexo masculino e em 5% não foi possível

identificar o gênero pelo nome. Alguns informantes brasileiros, que moraram ou moram na

Itália (Trieste ou Imola) foram consultados para este esclarecimento. Os nomes sem

identificação de gênero foram: Carnevalli Sbissa, Zamparoli Teixeira, José Maria Castilho,

Morettini, Imes Lafer, Carlo Itala Bento, Ivone de Oliveira Lazero, Keller Souza de Campos

Fabio, Shiba Suavy, Vilela. Por exemplo: Iara Morata Martinez, Naomi Shiba, foram

identificadas através deste procedimento como mulheres. Jeziel Silvestre Collin foi a correção

encontrada para o nome grafado como Ellun Silvestre Leriel, sendo do sexo masculino.

Pensando na Variável Estado e Região de Origem:

(Gráfico 2- Variável Estado de Origem)

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Se considerarmos a organização das informações por região teremos:

(Gráfico 3 - Variável Região de Origem)

Na pesquisa sobre os estados brasileiros de origem dos voluntarios destacou-se uma grande

ocorrência de voluntários paulistas: 52%. O segundo estado da federação mais presente no

relato dos voluntários foi o de Minas Gerais. Os mineiros representam 9% dos voluntários em

Trieste. O Rio de Janeiro aparece como o terceiro estado, com 6%. Chama atenção neste

gráfico a pluralidade de estados e regiões. Tais dados apontam que esse estágio de

voluntariado, em Trieste, contou com a participação de brasileiros originários de todas as

regiões do Brasil, contemplando 15 estados brasileiros que apareceram entre os dados

fornecidos. Os estados que aparecem no gráfico com o escore de 0% equivalem efetivamente

a 1 voluntário e foram incluídos: essa aproximação é feita automaticamente pelo programa

Excel.

Hipotetizamos que a maior incidência de voluntários do sudeste seja consequência das

passagens que Franco Basaglia fez a essa região, realizando conferências nas cidades Rio de

Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte. Durante essas suas visitas, de grande impacto, entre

1978 e 1979, Basaglia realizava, incessantemente, convites aos brasileiros para conhecerem

pessoalmente o trabalho realizado em Trieste.

Um possível caminho para o desenvolvimento mais aprofundado destes dados seria a

investigação qualitativa com os voluntários que eram ou se tornaram multiplicadores da

cultura antimanicomial, como Paulo Amarante no Rio de Janeiro, ou Denise Barros e Ana

Pitta em São Paulo. Uma dificuldade a ser esclarecida futuramente, que aparece nessa

investigação qualitativa, é a mobilidade dos multiplicadores durante sua formação. Foi

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identificado que um sujeito pode nascer em um estado, mas se formar, profissionalmente, em

outro, e finalmente fixar residência em um terceiro.

Através das conferências realizadas por Basaglia no Brasil, mudou-se a perspectiva na qual se

concebia as instituições psiquiátricas no Brasil, aprofundando-se a crítica e a construção de

respostas concretas. Segundo NICACIO, AMARANTE e BARROS (2000, p.93):

Os encontros realizados convidaram vários aventureiros a aceitarem o desafio de

pesquisar novos itinerários e outros percursos, estimulando jovens que trabalhavam no

Serviço de Saúde Mental a irem conhecer diretamente a experiência de Trieste,

aceitando o convite de Basaglia que os estimulavam dizendo, [venham ver] venite a

vedere!

Ainda sobre o relato de NICACIO, AMARANTE e BARROS (2000, p.93):

Acontecia de aprender e entender através da prática como se conseguiria superar os

manicômios, viver a experiência, conviver na cidade com os novos sujeitos de direitos.

Daquele momento, teve início um forte movimento, que continua até hoje, de

profissionais, estudantes e pesquisadores brasileiros, através das conexões contínuas

com os Serviços de Saúde Mental de Trieste e de Ímola, e com o grupo de Mario

Tommasini em Parma.

Ernesto Venturini também relata a respeito de um fluxo interessante que ocorreu na Itália

entre os Serviços de Saúde Mental, quando iniciou sua experiência no processo de

desinstitucionalização em Ímola, a partir do ano de 1987. O grupo de brasileiros em Trieste

era predominantemente composto por estudantes que buscavam ali se especializarem e

aprofundarem na temática da Saúde Mental. Já o grupo posteriormente formado em Ímola, era

composto por profissionais com um vínculo permanente, e na maioria dos casos, tiveram sua

passagem ocorrida anteriormente em Trieste. Esta discussão será objeto de reflexões futuras,

mas sinaliza uma reverberação da experiência dentro da própria Itália.

No que concerne ao Tempo de Permanência:

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(Gráfico 4 - Váriavel tempo de permanência)

A média de dias dos voluntários em Trieste foi de 138 dias, cerca de 4 meses e meio. É

necessário ressaltar que a maior incidência foi de até um mês. Isso trás a tona outra questão,

sobre qual o tipo de trabalho e qual a qualidade do trabalho desenvolvido por esses

voluntários em um período razoavelmente curto, que qualifica uma visita técnica.

No entanto, se considerarmos os períodos acima de três meses, se configura outro tipo de

inserção que poderíamos qualificar como mais comprometida ou atenta. Aumenta a

possibilidade do exercício de um voluntário capaz de efetivamente se apropriar do cotidiano e

do conhecimento.

Em casos específicos, o voluntariado resultou no desenvolvimento de trabalhos científicos,

que estão baseados na experiência nos Serviços de Saúde Mental e refletem sobre ela (Passos,

2009; Vasconcelos, 1992). Alguns desses produtos foram norteadores da prática profissional

no Brasil, como o exemplifica as inúmeras contribuições organizadas e escritas por Paulo

Amarante.

Atualmente o parâmetro de tempo de permanência estabelecido por Programas de Intercâmbio

brasileiros estabelecem um mínimo de 3 meses e um máximo de 12 meses para os programas

de pós-graduação segundo a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nivel Superior

(CAPES). Com relação aos estágios relativos à graduação em psicologia, segundo a Lei

Federal 5.692/71 que regulamenta a prática do estágio supervisionado, esse período não

deveria ser inferior a 6 meses. O Programa de Pesquisa Ciências sem Fronteiras, criado em

2011, que visa incentivar com as bolsas de iniciação científica os projetos científicos no

exterior, oferece bolsas que contemplam a área da saúde com duração de 06 até 12 meses,

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podendo estender-se a 24 meses. Estes são parâmetros para ponderarmos sobre o tempo de

voluntariado, que aponta para um padrão bastante substantivo.

No que ser refere à variável Quantidade de Voluntários por ano pudemos organizar as

seguintes informações:

(Gráfico 5- Quantidade de Voluntários por ano)

A grande ocorrência de voluntários nos anos 1980 e 1990 podem ser indicativos também da

disseminação das ideias de Franco Basaglia e o aquecimento dos contatos com os italianos.

Trata-se de uma presença numerosa e permanente, com claro declínio após o final dos anos

noventa, quando se institucionaliza a reforma psiquiátrica brasileira.

Percebe-se no gráfico que os anos de 1988, que coincide com a formação da constituição

brasileira, e de 1998 foram os dois principais momentos de acolhimento de voluntários. A

presença de brasileiros foi significativamente maior no ano de 1998. Talvez isso esteja

relacionado a efeitos relativos a participação em eventos. O Congresso La questione di

Psichiatria em 1988 e o Congresso Franco Basaglia, la comunitá possibile em 1998, foram

ambos realizados em Trieste como nos recordou Roberto Mezzina.

Sabe-se, através de relatos de Ernesto Venturini e Giuseppe Dell'acqua (em entrevista), que

haviam brasileiros em Trieste, como voluntários e visitantes, na década de 1970, antes mesmo

da vinda de Franco Basaglia ao Brasil: Darcy Antonio Portolese (São Paulo), Jair de Jesus

Mari (Universidade Federal de São Paulo), Nilson Gomes (Recife).

Ainda segundo os registros orais, neste período havia uma predominância de voluntários

argentinos principalmente entre anos de 1974 e 1975. (Dell'Acqua) Mas também haviam

pessoas de muitas outras nacionalidades: franceses, alemães, ingleses e outros.

Ainda se faz necessário ressaltar grandes avanços do ponto de vista da luta antimanicomial no

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Brasil na década de 1990, como a experiência de Santos, que se remetia claramente à de

Trieste; a construção dos primeiros serviços de saúde mental substitutivo, que se inspiraram

na experiência em Santos e Trieste, e as principais leis que asseguravam os direitos relativos à

saúde mental, tanto no âmbito estadual quanto no âmbito federal, que seria a Lei nº10.216

chamada de Lei Paulo Delgado sancionada em 2001, baseado na lei italiana 180/1978.

Sobre o declínio que pode ser observado a partir da década de 2000, se faz necessário

investigar também o que mudou nas condições de ida e permanência para esses voluntários.

Nas duas primeiras décadas, havia possibilidade de alojamento nos pavilhões do Hospital

Psiquiátrico de Trieste (San Giovanni). Uma possibilidade é verificar, se de fato, a partir de

2000, ficou estabelecido que só poderiam realizar esse estágio quem estivesse ainda cursando

a graduação, e quais dificuldades enfrentadas pela a Assoziazione di Voluntariato Franco

Basaglia, devido a nova política de imigração estabelecida na Itália em 2002, denominada

como Lei Bossi-Fini que atualiza a Lei Turco-Napolitano de 1998, acarretando a

burocratização da obtenção de novos vistos e de ingresso ao país.

Há também um parágrafo estabelecido nesta lei, com restrições resguardando a contratação de

trabalhadores extracomunitários, ou seja, esta lei exige que quando este trabalhador for

contratado, a oferta de emprego deve-se tornar pública e ser comunicada a todos os centros de

emprego da Itália, e no período de 20 dias o cidadão italiano ou comunitário pode requerer

este posto de trabalho. (VITALE apud Di Flora, 2012).

Além disso, em torno dos anos 2000, se estabelece uma rede de serviços de saúde mental

alternativos aos hospitais psiquiátricos, de fato, no Brasil. Assim, é possível inferir que um

dos motivos da significativa queda dos números de voluntários brasileiros em Trieste nesse

período decorre a uma possível falta de interesse, já que estágios semelhantes estavam sendo

ofertados nas instituições brasileiras

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No que se refere à Formação dos Voluntários temos um interessante cenário:

(Gráfico 6 - Formação dos Voluntários)

Os dados sobre a Formação do Voluntário foi o último a ser desenvolvido, pois não constavam

tais dados nas fichas que foram fornecidas à pesquisa. Assim, os resultados acima foram fruto

de investigações específicas em sites de busca na Internet, conforme informamos

anteriormente.

Para 9% dos nomes investigados, não foi possível encontrar a formação dos voluntários. Em

relação aos demais nomes investigados, foi possível verificar 12 tipos de formações em

diferentes áreas. São elas: turismo, geologia, ciências sociais, biologia, educação física, artes

plásticas, medicina (e psicanálise), medicina psiquiátrica, serviço social, enfermagem, terapia

ocupacional e psicologia.

As formações que apareceram em maior evidência foram da área da saúde: psicologia, terapia

ocupacional, enfermagem, medicina psiquiátrica. O principal destaque é para a psicologia.

Uma suposição feita a partir da grande ocorrência de psicólogos no voluntariado triestino,

principalmente na década de 90, é que o espaço em Trieste operava como uma formação

complementar aos moldes acadêmicos brasileiros. O currículo, que era ofertado no Brasil na

época, tinha grande enfoque clínico individualizado – consultório/privado, com poucas

referências à Saúde Mental e Pública ou às Políticas de Saúde de um modo geral. Além disso,

nos anos 90, já haviam sido denunciadas e discutidas as atrocidades vividas nos manicômios

brasileiros, como o de Barbacena (MG), Juquery (São Paulo) e outros, porém as soluções

ainda estavam sendo vagarosamente construídas. Dessa maneira, podemos inferir que o

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modelo de Trieste vem servir de referência para aqueles que buscavam outras soluções de

impacto para a realidade brasileira.

Apesar da terapia ocupacional não aparecer em grande evidência nos relatos históricos acerca

da reforma psiquiátrica, os dados acima atestam o contrário. Os terapeutas ocupacionais

brasileiros tiveram números de grande relevância entre os voluntários. Exemplo disso seria o

da professora de Terapia Ocupacional, Denise Barros, uma das maiores referências neste

campo.

Em relação à Idade dos Voluntários, temos as seguintes informações:

(Gráfico 7 - Variável Estado de Origem)

Através das variáveis, data de nascimento e data da primeira chegada a Trieste, foi possível

projetarmos a idade dos voluntários por determinada época. A partir destas análises

observamos a média de 28 anos, sendo que a grande incidência dos voluntários, são jovens

adultos com idade entre 24 a 30 anos, representando um total de 126 registros. Esta faixa

etária seria coerente a de um recém graduado, ou pós graduando, e de profissionais. Além

disso, podemos destacar outras informações: 41 pessoas foram voluntárias, muito jovens,

antes dos 23 anos; tivemos 25 pessoas com idade de 31 a 36 anos e 20 pessoas 37 entre 42

anos, por fim 9 pessoas com idades entre 43 a 48 anos. Consolida-se um grupo que poderia

estar profissionalmente bem estabelecido e ser esta uma informação indicativa de construção

de vínculos institucionais maduros e consequentes.

Obtivemos registro somente de 1 pessoa com a idade acima de 50 anos Dentre os 247

registros analisados, para 25 voluntários não foi possível calcular a idade no momento do

voluntariado devido a falta de referencia em algum dos campos necessários ao cálculo.

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Com o levantamento destes dados, podemos sustentar a afirmação de Franco Rotelli ao dizer

que a maioria dos voluntários eram recém-formados. Mas configura-se também o perfil de um

profissional de psicologia em busca de respostas.

Após a análise e o entrelaçamento dos dados, pode-se concluir que o perfil dos voluntários

que frequentaram o Serviço de Saúde Mental de Trieste, que teve sua maior incidência no ano

de 1998, é composto predominante por mulheres (74%), com idade média de 28 anos, recém-

graduadas em Psicologia (44%) nascidas na região sudeste do Brasil (82%), sobretudo em São

Paulo (52%) e que tiveram seu tempo de permanência na média de 138 dias, ou seja,

aproximadamente 4 meses e meio. Mas este seria um retrato esteriotipado e nos afastaria, se a

ele nos apegássemos, da riqueza da experiência ali constituída ao longo de tantos anos.

Por intermédio desta pesquisa delineia-se uma nova perspectiva sobre a influência que o

voluntariado em Trieste promoveu na luta antimanicomial no Brasil. Podemos constatar com

alguns dados levantados, a pluralidade de profissões que absorveram esta experiência

(utópica) disseminada por Franco Basaglia, iniciada em Gorizia na década de 60, possibilitada

somente com a colaboração e a motivação dos voluntários que ali se propuseram em levar este

modelo adiante.

Além da troca de aprendizado propiciada durante estas experiências realizadas, podemos

evidenciar que o processo de consolidação da Reforma Psiquiátrica triestina, teve uma grande

contribuição destes voluntários e podemos perceber a reciprocidade dessa experiencia no

processo de desinstitucionalização no Brasil e na consolidação da Reforma italiana.

A prática do voluntariado, a maneira pelo qual o voluntário se dispõe a colaborar

informalmente, desafiando modelos e expectativas, e em aprender, foram caratecterísticas

muito enfatizadas durante as entrevistas Podemos enumerar algumas delas, começando por

Franco Rotelli, ao relatar sobre os serviços desenvolvidos pelos voluntários. Ele conta que

estes eram convidados a acompanhar os “casos mais críticos”, desafiadores. Sua conduta foi

vigorosamente elogiada pela qualidade do trabalho prestado com estes usuários. Giuseppe

Dell'Acqua ressalta a postura dos voluntários, sobretudo, os brasileiros durante as reuniões de

equipe e sobre o posicionamento utilizado pela maioria deles em questionar e propor soluções

com o máximo de respeito e delicadeza possível. Roberto Mezzina frisa que chegou a Trieste,

praticamente no início da chegada dos voluntários brasileiros. Com eles pôde aprender muito

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sobre o trato para com os usuários. Estaria-se fazendo referência aqui à perspectiva clínica

que se configurava na formação em psicologia? Além de abrir um novo horizonte para a sua

prática profissional, o atual diretor do Dipartimento di Salute Mentale di Trieste realça a

qualidade e as novas ideias que foram implementadas por alguns voluntários e o vigor das

proposições culturais e trocas afetivas.

O voluntariado além de ser enriquecedor com a sua prática e aprendizagem profissional,

favorece a novas oportunidades. Podemos exemplificar este enunciado citando o caso de

Izabel Marin, destacadamente. Ela sinaliza uma difícil trajetória almejada por muitos dos que

chegaram a Trieste como voluntários, mas que não puderam se consolidar como profissionais

de referências no serviço de saúde mental de Trieste, como foi o caso desta brasileira que teve

que refazer toda sua trajetória profissional e de formação, em função das dificuldades de

reconhecimento formal. Tudo isso nos permite uma abertura para investigarmos e

aprofundarmos futuramente na histórias dos voluntários e construir uma atenção específica

acerca da relevância dos processos informais de formação para a construção de processos de

transformação institucional.

Referências Bibliográficas

AMARANTE, P. O homem e a serpente – outras histórias para a loucura e a psiquiatria.RJ: FIOCRUZ, 1996.BARROS, D. Jardins de Abel – desconstrução do manicômio de Trieste. SP: Ed USP,1994. BASAGLIA, Franco. Conferenze brasiliane. Milano: Raffaello Cortina, 2000 p101.DI FLORA G., F. Direitos humanos x políticas migratórias: os centros de detenção paraimigrantes na Itália GT 22: Migrações internacionais: interações entre estados, poderes eagentes In: ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS, 36.,2012,Anais...Águas de Lindóia-SP,2012. Disponível em: <http://portal.anpocs.org/portal/index.php ? option=com_docman&task=doc_details&gid=8091&Itemid=217> Acesso em: 12 ago. 2014.GOULART, M. S. B. As raízes italianas do movimento antimanicomial. São Paulo: Casado Psicólogo, 2007.PASSOS, I. F. Reforma psiquiátrica – as experiências francesa e italiana. RJ: FIIOCRUZ,2009.VASCONCELOS, E. M. Do Hospício à comunidade: mudança sim, negligencia não. BH:SEGRAC, 1992.

Eixo Temático:1) Desinstitucionalização: aspectos históricos, estratégicos e organizacionais.

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The Historical Experience of the Volunteering Program in Trieste: Venite a vedere!

GALHANO, Henrique- Newton PaivaSALOMÃO, Dayanna - Newton Paiva

OLIVEIRA, Carla Luiza – UFMGVENTURINI, Ernesto

FONSECA CHAVES. Adelaide LucimarMATERELLI, Renato

GOULART B., Maria Stella (coordenadora) - UFMGFiliação institucional:

Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG (executora da pesquisa)Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais - FAPEMIG (financiadora da pesquisa)

Contact: [email protected]

In the sphere to discuss the reform on the politics of the mental health, the research titled: “The politics of Men-tal Health: Minas Gerais and its bonds with Italy” is based. It was realized in the Federal University of MinasGerais (UFMG) and coordinated by Dr. Maria Stella Brandão Goulart, with the support of FAPEMIG – Fun-dação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais. This research focus on the connections between Brazil and Italy,analyzing the social resources (voluntary association, cooperative ties and social, professional and cultural insti -tutions) operated from the 60´s to nowadays. During this time, the relationship between these two countries hasbeen of strict collaboration concerning the psychiatric reform, which we believe is the most comprehensive. Thispaper main´s objective is to describe the profile of Brazilians who worked as volunteers in the Trieste (Italy)Mental Health department (Dipartimento di Salute Mentale – DSM), invited informally and in a long term byFranco Basaglia. This collaboration was in different ways: short and long-term traineeships, events participationand short-term visits with different objectives. We consider data from 1984 to 2014 as this interval contemplatesinformation provided from the archives of the Volunteering Association Franco Basaglia that organized thosestays. A prospective view is opened with this paper in the influence of those volunteers in Trieste in the deinstitu -tionalization process in Brazil. We conclude from the data collected, the wide range of institutions and profes-sions which absorbed the volunteering experience spread by Franco Basaglia started in Gorizia (Italy) during the60s. Overall, the volunteers were young women, the majority psychology students. The main period of this vol -untary work was during 1990 and 2000, when this cooperation was greater. The motivation and collaborationfrom the volunteers was important to develop the “Trieste” model. In addition, this research highlighted the vol-unteering network which allows us to investigate in the future the history of those volunteers in a qualitative ap -proach.

Thematic Area: 1) Deinstitutionalization; historical, strategic and organizational aspects.

The main purpose of this text is to analyze the profile of the Brazilian volunteers that worked

with the mental health services in Trieste (Dipartimento di Salute Mentale – DSM), Italy.

Different types of insertion with different objectives were considered, such as medium and

long term internships, taking part in events and short visits. Also, the data analyzed is from the

period between 1984 and 2014, because this timeslot was filed in the Assoziazione di

Voluntariato Franco Basaglia that formalized the work make by those Brazilians.

The mental health network in Trieste is a world reference in the anti-asylum fight, having

received, annually, a large number of researchers, students and professionals from different

countries and professions. This linking gave the opportunity for these people to get to know

and experience a substitute model to the psychiatrical hospitals, implemented in the beginning

of the seventies. (GOULART, 2007; AMARANTE, 1996; BARROS, 1994).

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According the researcher, Ernesto Venturini, many relevant exponents from the Brazilian

Psychiatrical Reform have developed their activities in Trieste, such as: Roberto Tykanori,

Fernanda Nicácio, Paulo Amarante, Denise Barros, Rossana Seabra, Vera Regina Sebben and

Jair de Jesus Mari, who did medium and long term volunteer work. Paulo Delgado and Pedro

Delgado, Sandra Fagundes, Willians Valentini, Nilson Gomes did visits and were part of

events, and this list could be extended if we considered this last point.

The profile of the volunteers that worked with this new model was analyzed in qualitative

manner as well as in quantitative one. Initially, a formal request of support was made to the

responsible for the Department of Mental Health of Triste, aside with the contact with other

reference staff, to initiate the data collection. There were some organizational changes in the

structure of the Department of Mental Health during the past 40 years, such as the loss of

administrative documents, the retirement or death of part of the staff that collected and

archived the volunteers' data, which made the execution of the data collection a bigger

challenge. Nevertheless, we counted on the help of the Department staff (Carla Prosdocimo)

that investigated the archive of the Assoziazione di Voluntariato Franco Basaglia in Trieste,

organization created in march 1993 that regulated and documented their volunteers that once

worked there, and got some of those volunteers to organize what they could identify.

Researchers visited Trieste in May 18th 2014, when she checked this material and did a

photographic record of the rest of the material in the archive dated until March 2014.

On the three archives with different structures that formed the list created by the Assoziazione

di Voluntariato Franco Basaglia from Trieste about the volunteers' record there were the

following variables: Name, Profession, Gender, City of origin, State of origin, Date of birth,

Year that volunteered, 1st arrival/ 1st departure; 2nd arrival/ 2nd departure; 3rd arrival/3rd

departure.

The data on that list was not complete and some of its information were inaccurate. For that

reason, during the data analysis all the material was reorganized, the duplicities taken off and

research was made about the inaccurate information. The first spread sheet had about 280

names of volunteers and after the adjustments there were 247 names left.

Google was used to search for more information about the volunteers, and that made possible

the verification of the names and nationalities listed. According to the received data, many

names were written in a wrong or different way, e.g.: composed names, that are unusual in

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Italy, were confused for last names. In a first moment, the volunteers were identified by their

last name. We decided to reverse that order to facilitate the identification work.

There was a problem with identifying the gender of some names that appear because those

names were not in order. E.g. the fictitious name “Oliveira Maria José”. In this case it was not

possible to identify the gender, since it was not possible to identify which was the first name

and it was not possible to check using research tools on the internet, because this are really

common Brazilian names.

Once this first organizational moment was completed, the obtained results were compared

with the data base from Lattes, CNES DataSus, Linkedin, Facebook and other websites to see

if there were any references to the names of the volunteers in question. Through the data in

these platforms, the researchers were able to identify the professional training those

volunteers were doing when they stayed in Trieste volunteering.

To properly fill the field "place of origin" it was necessary to research the state of origin

because sometimes there was nay the name of the city and some translation was needed. To

better compare that data, cities and states were registered in different columns.

The column "year that volunteered" was also created using the first arrival dates, so that it was

possible to draw a curve to point the biggest incidence of volunteers in a determined period of

time and/or year.

After the adjustments mentioned above, the fields "gender", "State and Region of Origin",

"time of stay", "year that volunteered", "profession" and "age of the volunteer" were analyzed

according to the period that the volunteer worked. These are the results of the initial analysis:

Variable Gender:

(Graphical 1 – gender profile of the volunteers)

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According the data collected in this research, the profile of the volunteers in Trieste is

predominately female: 74% of the volunteers were females, 21% males and in 5% of the cases

it was not possible to identify the gender by the name. Some Brazilian informants that lived or

live in Italy (Trieste or Imola) were consulted to clarify this situation. The names that didn't

have gender identification were: Carnevalli Sbissa, Zamparoli Teixeira, José Maria Castilho,

Morettini, Imes Lafer, Carlo Itala Bento, Ivone de Oliveira Lazero, Keller Souza de Campos

Fabio, Shiba Suavy, Vilela. E.g. Iara Morata Martinez, Naomi Shiba, were identified by this

procedure as female. Jeziel Silvestre Collin was the correct name found to the name written as

Ellun Silvestre Leriel, being identified as male.

Variable State and Region of Origin

(Graphical 2- Variable State of Origin)

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(Graphical 3- Variable Region of Origin)

In this research concerning the Brazilian state from which the volunteers come from, therewere a majority of volunteers from São Paulo: 52%. The second most present state was MinasGerais with 9% of the volunteers in Trieste being from this state. Rio de Janeiro shows up asthe third state, with 6%.The plurality of states present was noticed, once there were volunteersfrom 15 different Brazilian states from all the regains of the country. The states that are shownin the graphic with a 0% score have had 1 volunteer and were included: this is made automati-cally by the program Excel.

There is a hypothesis that there were more volunteers from the south-east region of Brazil be-cause Fanco Basaglia visited more often that regain, making conferences in the cities of Riode Janeiro, São Paulo and Belo Horizonte. During his visits, between 1978 and 1979, Basagliamade recurring invitations to Brazilians to meet personally the work made in Trieste.

One way to further develop these data would be the qualitative research with the volunteerswho were or became multipliers of the anti-asylum culture, like Paulo Amarante in Rio deJaneiro, or Denise Barros and Ana Pitta in São Paulo. Another data that should be clarified bythe future is the mobility of the multipliers during their training. It was identified that a personcan be born in one state, graduate professionally in another state and lives in a third state.

Through conferences made by Basaglia during his visits in Brasil, there was a change in theway that psychiatric institutions were perceived in Brazil, creating a deeper critic and con-structing concrete answers. According NICACIO, AMARANTE e BARROS (2000, p.93).

“The meetings made a lot of adventurers to accept the challengeto research new itineraries and other ways, estimating young-sters that worked in the Mental Health Service to go and meetdirectly the experience in Trieste, accepting Besaglia's invita-tion that estimated them saying [come to see] venite a vedere!”

Also in the state made by NICACIO, AMARANTE e BARROS (2000, p. 93):

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“Only through learning and understanding though out the prac-tice that it was possible to get over the asylums and live theexperience, live in the city with the new subjects of law. Fromthat moment, a strong movement was created and continues un-til today. Brazilian professionals, students and researchers arepart of this movement through continuous connections with theMental Health Service in Triste and Imola, as well as with theMario Tommasini group in Parma.”

Ernesto Venturini also tells about an interesting flux that occurred between the Italian MentalHealth Services when his experiences started a process of deinstitutionalization in Imola inthe year of 1987. The Brazilian group in Trieste was predominantly composed by students thatwanted to specialize in the Mental Health subject. Later on in Imola, the group was composedby professionals with a permanent link and, in most of the cases, had a prior passage in Tri-este. This discussion will be the subject of future reflections, but it signalizes a reverberationof this experience within Italy.

Variable Time of Stay

(Graphical 4- Variable Time of Stay)

The average stay of the volunteers in Trieste was 138 days, which corresponds approximatelyto 4 months and a half. The most incidences were up to a month. This brings another question,about the type of work and the quality of the work made by those volunteers in a short periodthat qualifies a technical visit.

However, if we consider a period of time above three months, it is considered a different typeof insertion that could be qualified as more compromised and careful. This increases the pos-sibility of a volunteer that works being capable of appropriate himself in the everyday andknowledge.

In some specific cases, the volunteer work result in the development of scientific work aboutthe experiences in the Mental Health Services and reflections about it (Passos, 2009; Vascon-celos, 1992). Some of this product were guiding to the Brazilian professional practice, as it isexemplified by the numerous contributions organized and written by Paulo Amarante.

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Currently, the time parameter stablished by the Brazilian Exchange Programs is at least 3months and a maximum of 12 months for the post-graduation programs according to Coorde-nação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nivel Superior (CAPES). The internships related tothe psychology major, according the Federal Law 5.692/71 that regalements the supervised in-ternship practices, the period of stay should not be shorter than six months. The Research Pro-gram Ciências sem Fronteiras, created in 2011, that inactivates students to do research abroadoffers a payment in the health area with the duration between 6 and 12 months, being possibleto extend it to 24 months. Those parameters are the ones we can use to wonder about the timeof stay of the volunteers, those points to a pattern.

Variable Quantity of Volunteers per year:

(Graphical 5- Quantity of Volunteers per year)

The great occurrence of volunteers in the decades of the 1980's and 1990's could also indicatethe dissemination of the ideas of Franco Basaglia and other contacts with Italians.

In the graphic the years of 1888, they year of the Brazilian Constitution's birth, and 1998 arethe years which received more volunteers. The Brazilian presence was significantly bigger inthe year of 1998. Maybe that is related to effects caused by the participation in events. TheSeminar La questione di Psichiatria in 1988 and the seminar Franco Basaglia, la comunitápossibile in 1998 were both made in Trieste as was told by Roberto Mezzina.

It is known through the statements of Ernesto Venturini e Giuseppe Dell'acqua (in an inter-view), that there were Brazilians in Trieste as volunteers and as visitors in the 1970's, even be-fore the visit made by Franco Basaglia in Brazil: Darcy Antonio Portolese (São Paulo), Jair deJesus Mari (Universidade Federal de São Paulo), Nilson Gomes (Recife).

Also according to oral registration, in this period there were a predominance of Argentinianvolunteers, especially in the years of 1974 and 1975 Dell'Acqua), but there were also peoplefrom other countries: French, Dutch, British and others.

It is also important to highlight the great advances made in the fight anti-asylum in Brazil dur-ing the 1990's, e.g. the experience in Santos that clearly refer to the one in Trieste; the con-struction of the first substitute health services programed, which were inspired by the experi-ments in Santos and Trieste, and the main state and federal laws that guaranteed the mental

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health rights: law number 10216, called Lei Paulo Delgado sanctioned in 2001, based on theItalian law 180/1978.

The numbers lowered in the 2000's and to understand that it is necessary that we investigatewhat changed in the conditions to go and stay in Italy for those volunteers. In the first twodecades there was the possibility to stay in accommodations in the Psychiatric Hospital of Tri-este (San Giovanni). After 2000 it was stablished that only those still studying psychologycould do this internship and there where difficulties for the Assoziazione di Voluntari-ato Franco Basaglia to bring interns because of the new immigration law in 2002, the lawBossi-Fini, that updated the Turco-Napolitano Law from 1998, creating more bureaucracy toget visas and get into the country.

There is also a paragraph in this law that establishes restrictions to hire workers out site theEuropean community, so that the job should be offered publicly during 20 days so any Italianor European Community member could require that job (VITALE apud Di Flora, 2012).

Besides, around the year 2000, there was stablished a net of alternative mental health servicesin psychiatric hospitals in Brazil. So it is possible to think that one of the reasons that thenumber of Brazilian volunteers in Trieste dropped during that period is a lack of interest sincethere were similar internships offered in Brazilian institutions.

Variable Volunteers' Formation

(Graphical 6- Volunteers' Formation)

The data about the Volunteers' Formation was the last one to be analyzed because the data about this on the files were inexistent. So the results above were achieved through internet research, as informed before.

To 9% of the investigated names it was not possible to find their information about this topic. To the rest it was possible to find 12 different areas such as: tourism, geology, social science,

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biology, physical education, plastic arts, medical (and psychoanalytical), psychiatric medic, social service, nursery, occupational therapy and psychology.

The different formations that appear in evidence are from the health area: psychology, occupa-tional therapy, nursery, psychiatric medicine. The main spotlight goes to psychology.

An assumption made is that a great number of psychologists went to volunteer in Trieste, es-pecially during the 90's because they operated as a complementary formation of what was of-fered in Brazil. In Brazil there was a big focus in the clinical individualized part (being a pri-vate consultant with little reference to Mental Health and Health Public Politics in general).Besides, in the 90's, the atrocities that happened in the asylums in Brazil were denounced anddiscussed like the one in Barbacena (MG), Juquery (SP) and others, but the solutions werestill being vaguely constructed. That way we can infer that the Trieste model served as a refer-ence to those who searched to bring other solutions to the Brazilian reality.

Even though occupational therapy did not appear with great relevance in the historical reportson the psychiatrical reform, the data above proves the contrary. The Brazilian occupationaltherapists had big relevant number smog the volunteers. E.g. is Denise Barros, occupationaltherapy professional, one of the biggest references in these fields

Variable Age of the Volunteer

(Graphical 7- Variable Age of the Volunteer)

Through matching the variables, date of birth and date of first arrival to Trieste, it was possi-ble to project the age of the volunteers during a certain space of time. The analysis concludedthat the average age was 28 years old, and the biggest incidence of volunteers would be youngadults between 24 and 30 years old, on a total of 136 records. This age group is the one of arecent graduate student and of young professionals. Besides, we have other information: 41volunteers were less than 23 years old; 25 people between 31 and 36 years old and 20 peoplebetween 37 and 42 years old. Finally there were 9 people between 43 and 48 years old. Theseage groups are considered the ones of a well-established professional and this could be the in-dication of a construction of mature institutional ties.

There was only one person above 50 years old. Among the 247 records analyzed, it was notpossible to calculate the age of 25 volunteers during the time that they worked because of thelack of information to do the calculus.

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This data reinforce the statement made by Franco Rotelli that said that most of the volunteerswere recently graduated. But it also shows a profile of a psychology professional that looksfor answers.

After analyzing and matching all the data, it is possible to conclude that the profile of the vol-unteers that worked at the Mental Health Service in Trieste, that were in their biggest numberin 1998, it's composed predominantly by women (74%), with average age of 28 years old, re-cently graduated with a major in Psychology (44%) born in the South-East of Brazil (82%),specially São Paulo (52%) and that had stayed 138 days or 4 and a half months. It happensthat this would be a stereotyped picture of the volunteers and would get us away of the rich-ness of the experience built there among all those years.

Through this research a new perspective on the influence that the volunteering in Trieste madein the fight anti-asylum in Brazil is lined. We can see analyzing this data the pluralism of pro-fessions that absorbed this utopic experience disseminated by Franco Basaglia, initiated inGorizia in the 60's. It was only possible because of the collaboration and motivation of allthese volunteers that kept this model alive.

Besides from the exchange of learning made during these experiments, we could also see thatthe process to consolidate the Psychiatrical Reform in Trieste had a big contribution fromthese volunteers and we can realize the reciprocity of this experience in the deinstitutionaliza-tion in Brazil and the consolidation of the Italian Reform.

During the interviews it was very clear that being a volunteer and the way they were volun-teers and chose to contribute informally, challenging models and expectations were important.Some of them can be enumerated, starting by Franco Rotelli that talked about the worked de-veloped by the volunteers. He tells that the volunteers were invited to follow the "criticalcases", the challenging ones. His conduct was praised by the quality of the work that wasgiven to the users. Giuseppe Dell'Acqua praised the volunteers' posture, specially the Brazil-ian ones during the team meetings and the positioning they took to question and come up withsolutions with respect and tenderness. Roberto Mezzina says that he arrived to Trieste on thefirst Brazilian arrivals and that with the Brazilians he learned a lot of how to treat the users.Was there a reference being made to the clinical perspective that existed in the psychologicalcourses? Aside from opening a new horizon to his professional practices, the director of theDipartimento di Salute Mentale di Trieste praises the quality of the new ideas that were imple-mented by some of the volunteers and the strength of their cultural propositions and emotionalexchanges.

Being a volunteer, asides from enriching the practice and professional learning, gives new op-portunities. We can exemplify this using the Izabel Marin case. She signalizes a difficult waythat many want when they arrive in Trieste as volunteers, to consolidate themselves as refer-ences in the mental health field in Trieste. That was the case of this Brazilian that had to redoall her trajectory as a professional and a student because of the difficulties for formal recogni-tion. All that allows us an opening to investigate and go deeper in the future in the history ofthose volunteers and build an specific attention to the relevance of the informal processes oflearning to the building of the processes of institutional transformation.

Bibliography

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BARROS, D. Jardins de Abel – desconstrução do manicômio de Trieste. SP: Ed USP,1994. BASAGLIA, Franco. Conferenze brasiliane. Milano: Raffaello Cortina, 2000 p.101

DI FLORA G., F. Direitos humanos x políticas migratórias: os centros de detenção paraimigrantes na Itália GT 22: Migrações internacionais: interações entre estados, poderes eagentes In: ENCONTRO ANUAL DA ANPOCS, 36.,2012,Anais...Águas de Lindóia-SP,2012. Disponível em: <http://portal.anpocs.org/portal/index.php ? option=com_docman&task=doc_details&gid=8091&Itemid=217> Acesso em: 12 ago. 2014.GOULART, M. S. B. As raízes italianas do movimento antimanicomial. São Paulo: Casado Psicólogo, 2007.PASSOS, I. F. Reforma psiquiátrica – as experiências francesa e italiana. RJ: FIIOCRUZ,2009.VASCONCELOS, E. M. Do Hospício à comunidade: mudança sim, negligencia não. BH:SEGRAC, 1992.

Thematic Area: 1) Deinstitutionalization; historical, strategic and organizational as-pects.

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