A FUNÇÃO HISTÓRICA DO PROJETO MEMÓRIA EM NOSSA SENHORA DAS DORES SERGIPE - Copia
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA
A FUNÇÃO HISTÓRICA DO PROJETO MEMÓRIA
NOSSA SENHORA DAS DORES
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA
ANTÔNIO MARCOS DE ARAGÃO
A FUNÇÃO HISTÓRICA DO PROJETO MEMÓRIAS EM NOSSA SENHORA DAS
DORES, SERGIPE.
NOSSA SENHORA DAS DORES - SE
2013
CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA
EM NOSSA SENHORA DAS
ANTÔNIO MARCOS DE ARAGÃO
A FUNÇÃO HISTÓRICA DO PROJETO MEMÓRIAS EM NOSSA SENHORA DAS
DORES, SERGIPE.
A função histórica do projeto memórias em Nossa Senhora das Dores, Sergipe. Artigo apresentado a Universidade Federal De Sergipe como requisito final à obtenção do título de licenciatura em História.
Orientador: Prof. Me. Hermeson Alves de
Menezes
Co-orientadora: Tutora Maria Carla Carvalho
NOSSA SENHORA DAS DORES - SE
2013
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A FUNÇÃO HISTÓRICA DO PROJETO MEMÓRIAS EM NOSSA SENHORA DAS DORES, SERGIPE.
Antônio Marcos De Aragão 1
RESUMO
A pesquisa histórica - documental tem a função de coletar dados e informações em
documentos, mídias, imagens, depoimentos e diversos meios para armazenagem de
informações. Estas podem ou não estar presentes em órgãos públicos, privados e em entidades
mistas com interesse em preservar ou desenvolver os paradigmas da construção, situação e
resgate histórico. Há institutos que fazem de seus acervos meios para construir a história,
educação e cultura de um povo ou cidade. O objeto de estudo deste artigo é valorizar a função
histórica de um projeto social e cultural na cidade de Nossa Senhora das Dores, Sergipe. Seu
nome, "projeto memórias". Justifica-se na elaboração deste trabalho a intenção do organizador
em divulgar o referido projeto no meio acadêmico do Estado de Sergipe. Para isto, o objetivo
deste artigo consiste em apontar as atividades do projeto priorizando àquelas que são
pertinentes a sua função histórica em relação ao município onde atua. No seu
desenvolvimento foram usados métodos de abordagem dedutiva e dialética e de
procedimentos histórico - comparativo. As pesquisas foram documentais, bibliográficas e de
campo. É adequado que um País, Nação e Cidade, tenham sua história, identidade, cultura, e
seu sistema social. Todos são consequências de um passado construído e documentado. A
valorização dos setores, projetos e organizações que preservam tais características é o mínimo
que se pode fazer para contribuir com a função por eles desempenhada.
Palavras- Chaves: Projeto; Função; Valorização.
1 Foi representante de livros sobre qualidade de vida na empresa SENBS- Serviço educacional de naturismo e bem estar social. Trabalha na companhia de saneamento de Sergipe - Deso. Email: [email protected] Pólo de Nossa Senhora das Dores - SE
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1- INTRODUÇÃO
A cidade de Nossa Senhora das Dores, Sergipe, na atualidade conta com poucos
acervos que abordam a história local. A população, principalmente os que ainda estão no meio
educacional sistemático não dispõem de fontes para pesquisas e abordagens históricas.
Coletar dados e informações em documentos, mídias, imagens, depoimentos e diversos meios
para armazenagem de conhecimentos, preservá-los e mantê-los, é um trabalho elogiável; na
realização destas ações, sobre a associação de Nossa Senhora das Dores dos Enforcados e seu
projeto memórias, a sua função histórica merece destaque diante das práticas. Esta
proeminência ou a valorização que é devido ao projeto memórias2 representam o objeto de
estudo deste artigo. A associação dorense dispõe de acervos, documentos e trabalhos que
representam a construção e a identidade da história de Nossa Senhora das Dores, Sergipe.
Neste artigo questiona-se se é plausível a história, entidades civis manterem a guarda
de acervos que preservem a memória de uma cidade. Também é pautado se estes institutos
devem ser reconhecidos no âmbito acadêmico. Relatar e analisar os processos pelos quais o
projeto desempenha sua função histórica é o objetivo deste trabalho. Para isto são descritos
informações e documentos angariados em pesquisas de campo, documental e bibliográfica.
Justifica-se a elaboração do artigo em perceber a necessidade de divulgação dos
trabalhos realizados pelo projeto, intencionando em divulgá-los no meio acadêmico
sergipano. No seu desenvolvimento foram usados métodos de abordagem dedutiva, indutiva,
conceitual e histórica. Também foram considerados métodos de procedimentos para
desenvolver os paradigmas que o referenciam. Discutir as ações do projeto, abalizá-las no
contexto da construção da identidade e da memória da cidade onde ele tem sua origem,
também avaliá-lo pelo seu reconhecimento como ponto de cultura, caracterizará as etapas que
se inserem no contexto do trabalho. Em sua conjuntura histórica e nas características das
atividades na entidade em estudo, todas as ações da associação dorense serão evidenciadas
comportando-as na luz da história mantendo as devidas ilustrações. Assim será consumada a
utilidade do artigo em promover o reconhecimento do trabalho realizado pelos organizadores
do projeto memórias.
2 Nome do projeto em estudo no artigo.
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2- NOSSA SENHORA DAS DORES, SERGIPE: PROJETO MEMÓRIAS, ORIGEM E
ATUAÇÃO
Na primeira parte deste tópico será abordada a história de Nossa Senhora das Dores
seguindo-se com a origem do projeto memórias e sua atuação na cidade de origem.
No início da história dorense, as sesmarias estavam presentes na divisão das terras da
mesorregião de Nossa Senhora das Dores. Uma das comunidades no início do povoamento de
Sergipe era a comunidade dos enforcados.3 Essa comunidade em 04 de outubro de 1606 fazia
parte da sesmaria doada a Pedro Novais de Sampaio pelo Capitão - Mor Nicolau Felipe de
Vasconcelos, que entre outras, estava com seu povoamento escasso e um sistema religioso
descrente aos nativos, pois estes nas incursões dos colonos pelo norte de Sergipe Del Rey
eram mortos, escravizados, enforcados.
Dizem pessoas antigas que o nome enforcados, primitivo da vila de N. S. das Dôres, tem origem na seguinte lenda: Em tempos remotos consta terem sido enforcados alguns gentios que habitavam na freguesia, lugar de nome gentio. Mais tarde, indo alguns missionários, pregar missão na vila, substituiu o nome pelo de N. S. das Dôres, sendo castigado com pena de excomunhão aquele que repetisse o nome. (CARVALHO; JESUS; MOURA, 2012, p. 22. Apud Cardoso, 1996, p. 87).
Conforme os professores dorenses José Paulo Araújo Carvalho, Luís Carlos de Jesus e
Manoel Messias Moura4, "enforcados, nome primitivo de Nossa Senhora das Dores, só
começara a desaparecer após a criação da freguesia em 1858." (CARVALHO 2012, p. 24.).
No ano de 1858 passa a ser vila e cidade, em 23 de outubro de 1920 conforme documento
legal nº 797 de 23 de outubro. Em 1835 a comunidade recebia a sua primeira cadeira de
ensino público. A cultura do algodão e a agropecuária sempre subsidiaram o desenvolvimento
3 Nome decorrente da lenda ou narração em que no local havia diversos enforcamentos de gentios, ou nativos do baixo são Francisco em Sergipe, por conta da expansão do governo baiano para o norte, pelo rio são Francisco. Estes enforcamentos de indígenas, segundo Carvalho (2012) ocorriam durante as incursões dos colonos, motivados em obter mais terras e facilitar o elo entre Bahia e Pernambuco pra rotas comerciais. 4 Criadores do projeto memórias dorense e da associação de Nossa Senhora das Dores Dos enforcados.
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da população dorense. Em 1990 o município ocupava o terceiro lugar no abate de bovinos.
Após 1859, enforcados, foi desanexado dos municípios de Capela e Divina Pastora. Alguns
destaques históricos referentes a representantes da cidade após a sua independência foram: O
combate armado para impedir a transferência da vila para a dependência de Maruim, outra
cidade sergipana; sobre isto se relata que "Francisco Pereira de Góis arrebanhava índios para
combater a transferência da sede daquela vila para Maruim e para a submissão política da
mesma a esta última. (CARVALHO; JESUS; MOURA, 2012, p. 8 Apud WYNNE, 1970, p.
167). Outro destaque foi a participação da população na revolta Fausto Cardoso, sob liderança
do coronel Vicente Porto. Também em meados de 1920 a 1930 a cidade passou a ser rota de
cangaceiros do bando de lampião5, que praticaram diversas atrocidades. Observe na foto
abaixo o personagem que foi vítima desse realce histórico em dores:
Figura 1- Batatinha, Castrado sobre ordem de lampião em Nossa Senhora Das Dores Sergipe. Fonte: Acervo pessoal de Alcino Alves Da Costa
Ainda merece crédito o capitão Theodomiro Alves de Campos e João Campos, o João
tenente, ele da cidade dorense, que participam na luta contra o nazi-facismo no período de
1942 a 1945. Veja a foto do nobre capitão, que assim como as outras fazem parte acervo da
associação dorense em seu acervo sobre resgate de personagens históricos:
Figura 2- Capitão Theodomiro Alves e sua esposa Fonte: (CARVALHO; JESUS; MOURA, 2012, p.18)
5 Virgulino Ferreira da Silva, Vulgo Lampião rei do movimento denominado Cangaço. Na cidade em Estudo, Lampião após praticar diversas atrocidades chegou a ser processado pelo ministério público. 5 Fundadores do Projeto memórias.
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Sobre mais personalidades com certa saliência na história da cidade temos nomes
como, Adauto Machado e Hortência Barreto, artistas plásticos, o compositor Edilberto
Andrade (in memorian), o jurista Lima Santana. A estes se somam os prefeitos e autoridades
municipais que entalham a história política local. Atualmente nomes de professores como
João Paulo Araújo de Carvalho, Luís Carlos de Jesus, Manoel Messias Moura6, têm postado a
história e cultura do município em um patamar relevante quanto ao meio acadêmico; cabendo
a isto, destacar neste artigo a justificativa em divulgar a função do citado projeto de autoria
dos referidos educadores. Cabe informar que os descritores históricos acima estão catalogados
em textos e imagens no acervo do projeto memórias.
Reportando a origem etnológica sobre a denominação dos povoados pertencentes a
Nossa Senhora das Dores, Carvalho, Jesus e Moura (2012), afirmam que os topônimos são de
origem da língua do povo nativo, a exemplo de maçaranduba, sapé, sucupira e outros.
Explicar que estes nomes de povoados tiveram origem na colonização de Sergipe, manter um
estudo sério e histórico sobre a cidade e sua formação etnográfica são algumas das ações do
projeto memórias em suas diversas formas de caracterizar a funcionalidade da história local,
sua língua, seus costumes e sua sociedade.
A seguir conheceremos o que é o projeto memória e como suas ações refletem na
preservação da identidade e memória da cidade onde ele atua. Veja a imagem representativa
do ponto de cultura do projeto; ela é exposta em seu blog.
Figura 3- Layout do projeto memórias ponto de cultura. 2013
Fonte: disponível em blogdoprojetomemorias. blogspot.com.
6 Fundadores do Projeto memórias.
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O projeto memórias de Nossa Senhora das Dores, Sergipe, surge da iniciativa de seus
fundadores em trazer novo sentido à memória, cultura e a identidade histórica da cidade. Os
professores João Paulo Araújo de Carvalho, Luís Carlos de Jesus e Manoel Messias Moura,
em 2003, reúnem-se e criam o projeto. Sempre com foco no município eles objetivaram
inventariar sua história trazendo historicamente novas pesquisas, fontes, fatos, análises de
documentos, reivindicando origens dos fatos e patrimônio dorense, denunciando descasos
sociais, políticos e financeiros; promovendo eventos, abordando diversas áreas e
manifestações, desenvolvendo ações sociais e educacionais. Observe ilustração que abaliza o
projeto no âmbito da cultura:
Figura 4- Divulgação de feira cultural pelo projeto memórias Fonte: Disponível em http://blogdoprojetomemorias.blogspot.com.br/
No ano de 2004 as atividades do projeto começavam a se desenvolver. Com a
ampliação além da história em seu campo de análise, membros de outras áreas começaram a
colaborar com as iniciativas do ponto de cultura. Cabe destacar o engajamento do projeto na
área da educação. Realizando eventos como feiras culturais7, apresentações representativas de
raízes etnográficas, oficinas de arte, palestras, vídeo aulas, trabalhos com música, todos fazem
parte da função em resgatar a história local por ações que despertem a reminiscência da
população dorense. A adoção de atividades para o resgate da história do município prevê
7 Nos dias 20, 21 e 22 de 2010 realizou-se na Praça Cônego Miguel Monteiro Barbosa (Praça da Matriz) em N. Sra. das Dores a I Feira Cultural do Projeto Memórias, que reuniu a cultura dorense nos 90 anos da criação da cidade (23 de outubro de 1920) e que rememorou, também, os 151 anos do município (11 de junho de 1859). A Feira contou com exposição de artesanato, literatura, fotografia e artes plásticas, exibição de documentários, apresentações musicais, oficinas, lançamento de literatura de cordel e muito mais. IN: Editorial Memórias Dorenses. Nossa Senhora das Dores, 90 Anos da Cidade (1920- 2010). 151 Anos do Município (1859-2010). Ano 6, nº 6, Nossa Senhora das Dores: Infographics, outubro de 2010.
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medidas para manter sua identidade. E isto é valioso, pois "face ao imediatismo e aos naturais
modismos as pessoas perderam um pouco de sua identidade." (CARVALHO; JESUS;
MOURA, 2012, p. 7). Em 2005 o projeto cria o informativo cultural memórias dorenses, que
atua em divulgar suas atividades bem como a democratização das produções dos que neste
colaboram. O informativo passa ser editorial; ganha classificação de revista; é distribuído
gratuitamente nas instituições educacionais e desperta interesse da população. Após a criação
da associação Nossa Senhora das Dores dos enforcados em 2006, eliminando custos,
promovido o seu reconhecimento histórico e cultural, o projeto ganha patrocínio do
Ministério da Cultura em junho de 2010, passando a ser oficialmente ponto de cultura e
recebendo uma verba de sessenta mil reais anuais para custeio das publicações e
desenvolvimento das diversas atividades. "Os pontos de culturas estão espalhados por todo o
Brasil e recebem esta denominação as instituições com relevantes atividades." (CARVALHO,
JESUS; MOURA, 2012, p. 5).
Associando a cultura e a educação em Nossa Senhora das Dores ao projeto memórias,
este, como informado, busca manter a posição em resgatar a história local, avivada em seu
patrimônio físico, intelectual e social. No ano de criação do editorial, ou seja, em 2005, é
lançada sua segunda edição; aconteceu na entidade privada centro educacional João Paulo II.
O projeto tem uma atividade chamada de bazar da arte, é uma espécie de oficina de
arte. Atua com oficinas de artes plásticas, alto relevo, pirografia histórica e diversos
segmentos da arte moderna. Sua localização é na Praça de Caixa d'água, nº 199, em Nossa
Senhora das Dores, Sergipe; mesmo endereço da associação dorense e do projeto. No ano de
2012, em entrevista realizada com Luís Carlos de Jesus, esse afirma que o bazar da arte além
de manter e coletar arquivos populares, históricos e culturais; documentos, catálogos de
eventos; o bazar é um ponto pelo qual toda entidade educacional pode usufruir para explorar o
desenvolvimento da aprendizagem histórica, social e sistemática em uma interdisciplinaridade
que vai além da história. Conforme Carvalho, Jesus e Moura (2012), a associação de incentivo
a pesquisa e a cultura de Nossa Senhora das Dores dos enforcados funciona com três
funcionários diretos, e até 2012 contava com quatorzes colaboradores e afiliados. A isto se
somam as diversas contribuições que sustentam as informações expostas no editorial que é
publicado pela associação.
Ao abordar profissões, sistemas de governos, escolas, universidades, populares,
religiosidade, pesquisas sociais, históricas e geográficas, os representantes e colaboradores do
memorial dorense junto ao bazar da arte, e pelo projeto, todos, expressam a dimensão do
ponto cultural dorense. Observando a inclusão e representação histórica da associação
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dorense, as atividades de pesquisa e manutenção de dados sobre o município, a
interdisciplinaridade nos eventos e atitudes ideológicas da entidade e as publicações até agora
editadas nos portadores do "memórias dorense", sem exceção, estes qualificaram o
reconhecimento que houve pelo Ministério da Cultura; porém nem tudo é progressivo nos
caminhos do projeto, este que na atualidade, em relação à educação contemporânea apresenta
algumas dificuldades expressadas na entrevista com o professor Luís Carlos de Jesus:
As principais dificuldades é apoio da comunidade de certo modo, a comunidade usufrui do projeto, e bem, sempre que precisamos nós estamos disponíveis mais na hora do apoio a gente sente muita dificuldade, vou dar um exemplo claro, nas nossas oficinas que fomos obrigados a paralisar, a gente sabe que a oficina de musica ela incomoda, mais eu acho que se incomodam muito mais um jovem que vai ser um drogado, um bandido, um assaltante. Então tem certas situações que podem ser relevadas, que podem ser amenizadas, mais que no fundo não foi e que a gente teve que acabar com essa oficina, outra situação, as pessoas da própria associação, que fazem parte do projeto memórias, elas aceitaram um compromisso e depois acabaram deixando esse compromisso nas mãos de poucas pessoas, então é uma grande dificuldade três pessoas conduzirem uma associação como essa como o projeto memórias é muito difícil, por que nós queremos fazer as atividades mais nós temos nossos compromissos familiares, temos nossos compromissos profissionais e a gente trabalha nesse projeto sem ganhar um centavo, a gente não tem nenhum beneficio direto monetário. (JESUS, 2012).
Além da falta de colaboração da sociedade, há motivação à incompreensão local, no
resumo sobre a história do projeto é exposto pelo entrevistado que ele se resume em:
Criatividade, perseverança, dedicação, a perseverança no sentido de tantas dificuldades que ocorreram mais a gente continua batalhando, dedicação porque a gente não tem hora pra se dedicar ao projeto memórias e de certo modo na minha concepção falta de reconhecimento por parte da sociedade dorense, quando eu digo sociedade, principalmente ligado a instituições, mais eu garanto a você que o pouco que sabemos da história do nosso município nessa última década devemos ao trabalho desenvolvido pelo projeto memórias, o pouco que as escolas hoje conhecem; que os alunos hoje conhecem sobre a história religiosa, sobre a história do algodão, sobre a economia do nosso município, sobre a cultura do nosso município devemos ao projeto memórias e que serve de suporte nas escolas do município por exemplo. (JESUS, 2012).
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É observado que correlacionando a educação contemporânea e o projeto com um todo,
se carece de métodos específicos que promovam a interação entre os objetivos do projeto, a
percepção da sociedade, da comunidade educacional e do reconhecimento da sua função em
educação e resgate cultural, histórico e da identidade da população em geral pelo seu passado.
História esta, que está ali, em todo o acervo da associação de Nossa Senhora das Dores dos
Enforcados, representadas no bazar da arte e nas ações do projeto na sua década de existência.
Faltam apenas formas mais aperfeiçoadas para a devida interação entre população e a
entidade.
Neste sentido, num contexto de inovações sociais, tecnologias de informação,
diversidade de gêneros culturas e políticas conservadoras; a educação contemporânea tende a
ser dinâmica no seu aprender a fazer. Considerando a representação histórica no meio
educacional, na conscientização social para o reconhecimento do trabalho; o ponto de cultura
em Nossa Senhora das Dores, além do registro, da prática e da divulgação, se devem adotar
processos metodológicos que condizem com a motivação e o panorama moderno que se faz
presente na mentalidade globalizada. A personificação de eventos históricos, o resgate e a
identidade de uma cidade; para serem absorvidos por sua população requer um planejamento
específico, com meios que justifiquem os gostos interdisciplinares do povo. O projeto em seus
canais de comunicação, além do editorial, site, blog, oficinas no bazar da arte, pesquisas de
campo, documentação de fontes, intervenções políticas, enfim, ele em sua divulgação
massificada tem tentado manter viva a lembrança do que foi a cidade de Dores, porém diante
de dificuldades com as referidas na entrevista, o ecletismo, o dinamismo metodológico é
essencial.
3- A PRESERVAÇÃO DA IDENTIDADE DORENSE ATRAVÉS DO PROJETO
MEMÓRIAS
A identidade social e histórica de uma cidade e de seus habitantes é construída pela
representação, originalidade e registro das suas memórias, dos seus feitos, da sua cultura e das
modificações em seu patrimônio material e imaterial, estes que compõem a sua história
preservando sua analogia de existência. Abaliza (NOGUEIRA, 2006, p. 39 apud NORA,
11
1993, p. 21) que a memória é natural a história e esta possui obsessão pelo arquivo assim
como pelo respeito ao que pertenceu ao passado. "Assim, hoje, com a memória tragada pela
história, não existe mais um homem-memória, mas um lugar de memória." (NOGUEIRA,
2006, p. 39). As fotos abaixo, nas ações do "memórias dorense", destacam o lançamento do
editorial e a documentação de uma das manifestações culturais da cidade de Dores.
Todos os eventos de significação histórica, do passado e do presente dorense fazem
parte dos paradigmas e das ações do projeto memórias. Ele é o "lugar de memória". Seu
reconhecimento pela Secretaria de Educação e Cultura Estadual, bem como pelo Ministério da
Cultura lhes conferiram o valor de um lugar de histórico, um ponto de cultura e história. Na
pesquisa, organização, divulgação, registro, preservação e compartilhamento do patrimônio
material e imaterial da cidade e de seu povo, são construídas a sua identidade cultural e
histórica. Em sua trajetória de promoção às manifestações culturais, oficinas de arte e
literatura, resgate de costumes e valores sociais, publicação de documentos e textos históricos,
incentivo a arte e a cultura, valorização de ofícios locais e relacionamento com a educação
municipal, todos que compõem a associação dorense e os planos nela contidos são
constituintes da identidade dorense. No contexto deste artigo, a promoção das atividades
desempenhadas pelo projeto traduz a intenção de pautá-lo com relevância no meio acadêmico
sergipano. A representação da história dorense deve atender a função do projeto memórias, a
sua finalidade.
Figura 5- Divulgação do informativo dorense Fonte: Disponível em blogdoprojetomemorias.
blogspot.com.br
Figura 6- Manifestação do dia da cultura na comunidade
(CARVALHO; LUÍS; MOURA, 2012, p. 227)
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A dorensidade é, portanto um construto, uma representação que tem como finalidade servir como instrumento de uma educação cultural, não sendo aqui encarada como verdade absoluta, mas sim como ferramenta de entendimento da cultura dorense e de sua interface frente a uma cultura globalizante (CARVALHO; MELO, 2007, p. 48).
O projeto memórias ao longo de sua década vem interagindo suas atividades com
diversos segmentos da sociedade dorense; tem divulgado seu informativo a toda comunidade,
liderado eventos que correspondem a todos os movimentos culturais locais. Entre outras
atividades o seu editorial oferece temas que perpassam a cultura, a sociedade, o patrimônio e a
política dorense. Estes que ora são discutidos correlacionados ao passado, ora ao presente. O
exemplo, o editorial ano cinco, nº 5, outubro de 2009, o qual traz uma matéria com o seguinte
tema: Identidade apagada. Neste, o colaborador Frank Teixeira, discute a representação da
sociedade e seu desenvolvimento, considerando a paisagem arquitetônica desde a década de
vinte em comparação a atualidade. Além das imagens, o artigo trata da valorização da
identidade e tradição da população. Isto é manifestado em uma frase bem apelativa no texto
logo acima das imagens: "Acredite no coletivo! Acredite na arquitetura! Nossa cultura é
única! Valorize-se!" (TEIXEIRA, 2009, p. 14). No acervo do projeto, em toda a sua
divulgação, seja nas feiras de cultura, na exposição do bazar, se pode perceber que as imagens
representativas das vivências e do patrimônio dorense ilustrar sua memória quase apagada.
Expor estas fotos aqui, saber que são parte da associação dorense, condiz com o valor
que deve ser conferido ao projeto. Segundo Carvalho, Jesus e Moura, "um povo sem história é
um povo sem cultura, sem identidade, portanto fadado ao esquecimento". (CARVALHO;
Figura 7- Antiga praça do comercio 1919.
Fonte: Leone Ossogini
Figura 8- Prefeitura municipal s/d, década de 1970
Fonte: (CARVALHO, 2009, p. 14)
Figura 9- Igreja matriz de Nossa Senhora Das Dores
1975. Fonte: Disponível em blogdoprojetomemorias.
blogspot.com.
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JESUS; MOURA, 2012, p. 149). O projeto luta contra o descaso político e social em danificar
e até mesmo extraviar documentos que manteriam a identidade local. A arquitetura local,
segundo os autores do projeto, é vítima deste descaso. Prédios da cidade, construídos no
século XIX, foram demolidos, outros estão na iminência de o ser. "A intendência municipal
está na iminência de também o ser". (CARVALHO; JESUS; MOURA, 2012, p. 150).
O patrimônio histórico é um bem que representa a vida social com ganhos e perdas na
história. A expressão patrimônio "também nos remete ao sentido das coisas que acumulamos
ao longo de nossa existência, e essas coisas podem ter valor econômico, valor afetivo, valor
simbólico." (NUNES; LIMA, 2007, p. 8). Atividades que reavivam tradições seculares são
construtivas da identidade de um povo, uma nação, uma cidade. Elas não faltam no cotidiano
do projeto memórias dorense. Nos discursos sobre patrimônio a palavra identidade aparece
como a condição de não haver a perda. Deve-se apropriar-se dos objetos, tradições, culturas,
valores, documentos, enfim, das diversas fontes a serem conservadas. Mais que conservar é
preciso reviver. Nogueira (2006, p. 44 apud ARANTES 1998, p. 56) se refere a uma mania
atual que todos querem ver a memória registrada como forma de busca de uma forma de
"identidade perdida". (NOGUEIRA, 2006, p. 44 apud ARANTES 1998, p. 56). No projeto, a
documentação das manifestações ligadas à história do município de Nossa Senhora das Dores
tem buscado a identidade da população em épocas passadas. As fotos abaixo também estão
nas fontes divulgadas pelo ponto de cultura. Trata-se do engajamento em eventos de cunho
religioso, que também é característico das atividades que retratam tradições da população no
município.
Figura 10- Procissão religiosa na zona rural s/d. Nossa Senhora Das Dores
Fonte: Disponível em blogdoprojetomemorias. blogspot.com.
Figura 11- Penitência dos Medeiros, 2010. Tradição religiosa em Nossa Senhora Das
Dores. Fonte: Acervo dos penitentes. Disponível em blogdoprojetomemorias.
blogspot.com.
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Além de artes plásticas, oficinas de cordel, lançamento de livros, a associação Nossa
Senhora das Dores dos Enforcados tem influenciado em muito a percepção de fatos históricos
ocorridos no município e que na atualidade fazem parte da cultura brasileira. A passagem dos
cangaceiros em Nossa Senhora das Dores é motivo de resgate da memória histórica na cidade,
por consequência, da sua identidade. O ponto de cultura chegou a montar um filme sobre o
cangaço. O convite na foto abaixo representa o lançamento do livro que é posto neste artigo
em maioria das referências do artigo. É um grande feito dos três professores criadores da
entidade histórica.
Figura12- Cartazes de divulgação de filmes locais no cinema do projeto e para lançamento do livro sobre a memória o patrimônio e a identidade da cidade e do seu povo
Fonte: Disponível em http://blogdoprojetomemorias.blogspot.com.br Posicionando-se no papel do ponto de cultura se pode questionar, que herança será
deixada para a posteridade? Não se permitirá que os filhos e netos tenham o direito que um
dia tivemos de conhecer a sua história de perto? Isto é possível quando se tem acesso a
trabalhos como este? Ou acesso a essas fontes? Ao seu portador? O projeto memórias, o bazar
da arte e estes inseridos na associação de Nossa Senhora das Dores dos Enforcados somam
um conjunto de aspectos e atitudes que em seus representantes diretos e indiretos estão a
preservar a identidade histórica da população dorense em suas raízes respondendo
positivamente aos questionamentos. Este artigo agora os veicula em toda a sua cientificidade
histórica. Promove-lhe o devido valor, atesta sua justificativa.
Falar
suas origens. Manter viva a sua história através da preservação dos valores fará com
que haja formação de cidadãos bairristas e orgulhosos. Com o advento
universalização da co
contemporâneo
(CARVALHO; JESUS; MOURA, 2010
Consolidando suas atividades, ideologia, colaboradores, perfil, reconhecimento,
interdisciplinaridade e comprometimento histórico educacional o projeto
resgatado a história de Nossa Senhora d
revivido sobre manifestações, registros, reivindicações e trabalhos que devem ser
reconhecidos nos anais da história em sua função organizadora.
rodapé das ilustrações, observe a seq
envolve a associação de Nossa Senhora Das Dores dos
Figura 13- Convite de divulgação para o lançamento do informativo dorense em forma de revista.
Fonte: http://blogdoprojetomemorias.blogspot.com.br
Falar da identidade de um povo e falar da sua cultura, tradições e valorização das
suas origens. Manter viva a sua história através da preservação dos valores fará com
que haja formação de cidadãos bairristas e orgulhosos. Com o advento
universalização da comunicação, aliada a todo um elenco de avanços do mundo pós
contemporâneo, comunidades inteiras correm o risco
(CARVALHO; JESUS; MOURA, 2010, p. 7).
Consolidando suas atividades, ideologia, colaboradores, perfil, reconhecimento,
plinaridade e comprometimento histórico educacional o projeto
resgatado a história de Nossa Senhora das Dores, Sergipe do seu povo, em um passado
revivido sobre manifestações, registros, reivindicações e trabalhos que devem ser
reconhecidos nos anais da história em sua função organizadora. Considerando a descrição no
bserve a sequência de imagens sobre alguns aliciamentos e
de Nossa Senhora Das Dores dos Enforcados:
onvite de divulgação para o lançamento do informativo dorense em forma de revista.
http://blogdoprojetomemorias.blogspot.com.br
Figura 14- oficina de artes plásticas no bazar da arte.
Fonte: http://blogdoprojetomemorias.blogspot.com.br
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da identidade de um povo e falar da sua cultura, tradições e valorização das
suas origens. Manter viva a sua história através da preservação dos valores fará com
que haja formação de cidadãos bairristas e orgulhosos. Com o advento da
municação, aliada a todo um elenco de avanços do mundo pós-
inteiras correm o risco de ficar sem memória.
Consolidando suas atividades, ideologia, colaboradores, perfil, reconhecimento,
plinaridade e comprometimento histórico educacional o projeto, sem dúvida tem
eu povo, em um passado
revivido sobre manifestações, registros, reivindicações e trabalhos que devem ser
Considerando a descrição no
uência de imagens sobre alguns aliciamentos em que se
oficina de artes plásticas no bazar da arte.
Fonte: http://blogdoprojetomemorias.blogspot.com.br
16
Veja na foto acima, à esquerda, quanto há de material didático sobre os eventos
ocorridos na história dorense. À direita as práticas inclusivas no bazar da arte. As imagens
referenciam o que antes fora descrito no artigo sobre as atividades do projeto. Logo abaixo
vemos outras imagens de atividades sobre a interdisciplinaridade do projeto através da música
e pesquisas históricas.
Figura 17- Beata do Medeiro. Tradição religiosa em Nossa Senhora das Dores Fonte: (CARVALHO; JESUS; MOURA 2012, p. 65)
A foto acima ilustra um vínculo muito forte do projeto com a tradição religiosa dos
penitentes muito difundida entre a população de Nossa Senhora das Dores.
Figura 18- Exposição de painéis com os temas dos editorias. 2010. Fonte: Disponível em http://blogdoprojetomemorias.blogspot.com.br
Figura 15- Atividade com musical no projeto memórias
Fonte: Disponível em http://blogdoprojetomemorias.blogspot.com.br
Figura 16-Atividade de pesquisa sobre a rota do cangaço.
Fonte: Disponível em http://blogdoprojetomemorias.blogspot.com.br
17
As ilustrações das figuras 13 a 18 ponderam neste trabalho a tentativa de divulgação
das atividades por parte da associação de Nossa Senhora das Dores dos Enforcados. O
conjunto destas últimas imagens intenciona neste trabalho demonstrar além texto a veracidade
das ações da entidade dorense em estudo. Do seu real papel na epistemologia histórica.
4- FUNÇÃO HISTÓRICA DO PROJETO MEMÓRIAS
Avaliando a história como tudo que os homens disseram ou escreveram sobre o
passado, seu registro, seus achados, suas interpretações e os paradigmas que a este os
remetem. Segundo Domingues (2007, p.10 apud BLOCH, 1976), toma-se aqui o conceito de
história como "a ciência dos homens no tempo". Sistematicamente conduzida, tomadas num
referido período, revelando o quadro de uma sociedade variável e comparável a outras em
sucessão de épocas. Como toda epistemologia a história tem sua utilidade, oferece uma
função, desempenha um papel no universo em que existe. Ela traz o significado de nossa
existência individual e coletiva; amplia nossa visão sobre o dinamismo social em que se
consolidaram um população, suas junturas políticas e ideológicas; coexiste entre o manter e o
se perder, entre a fonte e o discurso, estes tão disputados ao historiador moderno que busca
algo que existiu ao longo do tempo.
Se o passado conta, é pelo que significa para nós. Ele é o produto de nossa memória coletiva, é o tecido fundamental [...] Nosso conhecimento do passado é um elemento ativo do movimento da sociedade, é uma articulação das lutas políticas e ideológicas, uma zona asperamente disputada. O passado e o conhecimento histórico podem funcionar a serviço do conservadorismo social ou das lutas populares. (DOMINGUES, 2007, p. 23 apud CHESNEAUX, 1995, p. 22- 24).
18
As entidades estudiosas tendem a discorrer sobre aquilo que lhes incomoda, que
desperta em seus representantes a sede de fazer a diferença, ter serventia. Esse desejo pode ser
pessoal, mas deve funcionar coletivamente e pode estar presente na atitude do historiador, nas
ações e intenções de um instituto. Ao ser fundado, o projeto memórias dorenses já tinha como
objetivo ser uma referência à história e a cultura da cidade. Suas atividades, essencialmente
estruturadas sob pesquisas históricas, aspiravam tornar democrática e viável à divulgação da
história da cidade de Nossa Senhora das Dores. Sob atividades que caracterizaram seu perfil e
valor histórico - cultural, a associação dorense passou a ser reconhecida como um ponto de
cultura. Isto significa que a nível nacional, entre muitas outras organizações, o Ministério da
Cultura e a Secretaria da Educação e Cultura os classificaram como entidade ricamente
selecionadora de fatos importantes para a epistemologia histórica; considerou suas fontes
confiáveis, legítimas e de passividade tanto à crítica de mídias, quanto acadêmicas. Seu
engajamento nos diversos planos da sociedade, associando a memória e construção histórica
local, traduz a impressão de sentido no desempenho dos historiadores que ao projeto
representam. Além do registro dos fatos passados, da vivencia urbana e rural, da cultura
dorense, das fontes e tratados descritivos de sua identidade, a associação de Nossa Senhora
das Dores dos Enforcados é uma formadora de opiniões, descobridora de talentos, reprodutora
e mediadora de conhecimentos. Veja o que afirma o professor Manoel Messias Moura em um
dos seus editoriais publicados:
A história popular sempre fora tecida de silêncio, contudo, podemos recuperar o sentido inédito das histórias que não foram ou não puderam ser contadas e dessa forma romper com chamada continuidade linear de uma história que se impõe a todos nós, assim, o reprimido começa a se ver lentamente e não se perde na indiferença do "nosso" 8 olhar. Para que esse sentimento se configure, é preciso que entremos em contato com as memórias dispersas nos "documentos, manifestações ditas folclóricas, músicas, paisagens, datas e personagens históricos, obras de arte, relatos orais, e outros suportes. Essas memórias são uma importante ponte entre o passado e o presente e atuam na manutenção da coesão de grupos e instituição que formam a sociedade, uma vez que define o lugar de sujeito que ocupamos. [...] Assim sendo, as memórias dos "enforcadenses" possibilitam sem dúvida alguma um encontro com esse passado e nos dá, enquanto historiadores o desafio de por meio delas, mostrar a sua relevante contribuição no sentido de evidenciar o sujeito como agente modificador e participativo dentro dos fatos históricos, e nesse, caso o foco são os seguimentos, esferas e indivíduos que compõem essas comunidades, indivíduos que atuaram e ainda atuam como células de um" organismos vivo", e a sua substancial influência e participação no contexto sócio-cultural de Nossa Senhora Das Dores. (CARVALHO, JESUS; MOURA, 2010, p. 8. Grifo do autor).
8 Grifo do autor
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Neste sentido a educação histórica se faz presente no objeto de estudo da ideologia das
memórias dorenses. A projeção educacional que as atividades desempenhadas no ponto de
cultura revelam, o faz ter o fundamento de criador de identidade, de compositor de elementos
sócio-culturais. Na sua função histórica há o resgate da memória local, a seleção de fontes, a
organização dos fatos e eventos recuperadores da identidade patrimonial, cultural, religioso e
social; a impressão de valores e tradições que estão propensos a perda. A divulgação é a
direção coerente do conjunto de obras, registros, eventos e costumes que simbolizam ou
representam os fatos marcantes da vida dorense no passado e em atitudes presentes. Em toda
essa conjuntura agora resumida, sobre a função da história observe o que afirma Domingues:
A história seleciona e organiza os fatos existentes, imprimindo-lhes sentido e estipulando as linhas-mestras para a sua apresentação. Dá ordem, coerência e direção ao que poderia, de outra forma, ser um conjunto caótico e desconexo de fatos misturados. (DOMINGUES, 2007, p. 12).
Eis a função histórica do projeto memórias se comparada à citação, ao contexto
descritivo das práticas e desempenho do projeto, também concebidas nas fotos. Através de
seus representantes em seu desempenho individual e coletivo, com ajuda de seus
colaboradores o ponto de cultura, tem selecionado e organizado fatos culturais e históricos,
organizado e divulgado estes; procurado imprimir valores e estipular as devidas considerações
da sociedade, buscando o reconhecimento e a ativa participação desta, mesmo que por
simplesmente usufruir o bem coletivo; acima de tudo resgatar a memória e a identidade da
população dorense para colaborar na transmissão de conhecimento, na ação de educar para a
vida e para o futuro pela liquidação de todo um passado que precisa continuar a ser
redescoberto. O livro publicado pelos fundadores é um bom exemplo da aptidão em rebuscar
a história local.9 Além destes descritores, as imagens a seguir transparecem esta função, e
falam por si, ou melhor, traduzem a teoria e escrita da referida função convertida na
verdadeira intenção daqueles que colaboram para recriar a trajetória da história de Nossa
9 Ver livro memória patrimônio e identidade nas referências.
20
Senhora das Dores, Sergipe. Cidade esta eu agora, historicamente, culturalmente sofre uma
melhor preservação do seu passado. Além do projeto, este trabalho para isso contribui.
Figura 19- Imagens durante a feira da cultura realizada pelo projeto memórias Fonte: Disponível em http://blogdoprojetomemorias.blogspot.com.br
A imagem acima revela o empenho na divulgação das práticas do projeto. As imagens
abaixo transparecem a interdisciplinaridade, a pluriculturalidade aparente na seleção do que
pode representar a cultura dorense. Entre a cultura e a história, Dores tem representação
Nacional. Contribuem para isto seus artistas, seus personagens históricos e seu ponto de
cultura. Seguindo essa cadeia de valores, atendendo a justificativa inserida no resumo deste
artigo, pelo seu contexto geral, se espera a devida representação do projeto memórias
dorenses no meio acadêmico de Sergipe, até pela simples elaboração deste trabalho.
Figura 20- Entrevista com personalidades da música dorense Fonte: Disponível em http://blogdoprojetomemorias.blogspot.com.br
Figura 21- Foto de divulgação do livro lampião mata sete
Fonte: Disponível em http://blogdoprojetomemorias.blogspot.com.br
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5- CONSIDERAÇÕES FINAIS
Pela composição estrutural deste artigo, em seu desenvolvimento e conclusão, espera-
se que seja conferido o devido valor acadêmico a propriedade histórica e cultural do projeto
memórias dorense. O contexto dissertado, em sua descrição, ilustrações, análise e
epistemologia, consideram que sobre a cidade dorense, o projeto memórias em sua função
histórica tem na composição deste trabalho a notoriedade em expor: A totalidade histórica da
sociedade dorense, sua cultura e educação, a ligação com a atualidade educacional, todo o
perfil a associação de Nossa Senhora das Dores dos Enforcados, suas ações, contribuições em
geral, seu reconhecimento em nível nacional e sua função histórica.
Espera-se que pelo seu conteúdo, no artigo, haja utilidade deste quanto a imprimir
valores que despertem a vocação em conservar a construção histórica. Isso pode ser pela
preservação da memória e identidade de um povo, uma nação ou cidade. O projeto memórias
corrobora essa constituição. Neste texto, suas pesquisas, ilustrações, o delineamento da
abordagem histórica - comparativa e sua dialética, todos, produzem a considerada
epistemologia e referências que validam sua dissertação para campo da história.
É demonstrada no perfil do projeto a visão educacional ligada à história; foi
esclarecida a função histórica do projeto e no conjunto epistemológico do artigo se estima: A
preservação do patrimônio material e imaterial local; o papel social e histórico da associação
da terra dos enforcados; sua função na representação teórica e prática da ciência que traduz e
desponta o passado do homem na comunidade. Portanto em pontos culturais a exemplo do
estudado, lhes deve ser imputado o devido reconhecimento, pois é por iniciativas cujas que
aqui foram teorizadas que o passado não morre junto com os fatos, mas aquele e estes são
revividos e valorizados para melhor compreensão de outros que possam ser os herdeiros da
transmissão deste na contínua cadência do tempo e da história de uma cidadania consciente da
sua identidade a ser preservada. Somando-se ao contexto, atentando-se a função histórica do
projeto, este em sua associação dorense, hoje considerado um ponto de cultura, merece todo o
aplauso por todos aqueles que vêem na história a identidade terrena.
THE FUNCTION OF HISTORICAL MEMORY PROJECT IN OUR LADY OF
SORROWS, SERGIPE.
Antonio Marcos De Aragão
ABSTRACT
Historical research - documentary function is to collect data and information in documents,
media, pictures, testimonials and various means for storing information. These may or may
not be present in public, private and mixed entities with an interest in preserving and
developing the paradigms of construction, location and historical review. There are institutes
that make their collections means to build history, education and culture of a village or city.
The object of this article is to appreciate the historical role of a social and cultural project in
the town of Our Lady of Sorrows, Sergipe. His name, "project memories." Justified in the
preparation of this paper the intention of the organizer to disclose the said project in the
academic state of Sergipe. For this, the purpose of this article is to point out the project
activities giving priority to those that are relevant to its historic function in relation to the
municipality in which it operates. In their development methods were used deductive
approach, dialectical and historical procedures - comparative. The surveys were documentary,
bibliographical and field. It is appropriate that a country, city and nation, have their history,
identity, culture, and its social system. All are consequences of a past built and documented.
The valuation of sectors, projects and organizations that preserve such features is the least we
can do to contribute to the function they performed.
Key Words: Design, Function, Valuation.
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