A folha dos Valentes

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06.sal da terra - Programa para 2011 09.missões - Luau – Angola: nova casa 12.memórias - Recordando o P. e Canova 16.sobre a fé - A questão de Deus 20.doses de saber - Ordens e globalização 28.sobre a bíblia - Cartas de São Paulo 33.outro ângulo - Dar um pouco mais 34.novos mundos - Sudão do Sul – NOVO PAÍS 2011 38.cuidar de si - Depois da mesa farta 43.jd-madeira - Estima a espera 44.jd-porto - Em família V a l en t es PUBLICAÇÃO MENSAL DISTRIBUIÇÃO GRATUITA 400 a folha dos JANEIRO 2011 ANO XXXV N.º 400 35 anos SEMPRE no CORAÇÃO SEMPRE JOVEM Ano Internacional da Juventude Ano da Floresta Ano Europeu do Voluntariado Continuando a Missão Jornadas Mundiais Jovens Encontro Europeu JD Sudão do Sul – Um novo País JD – Enc. Nac. em Alfragide 2011 Ano Internacional da Juventude Ano da Floresta Ano Europeu do Voluntariado Continuando a Missão Jornadas Mundiais Jovens Encontro Europeu JD Sudão do Sul – Um novo País JD – Enc. Nac. em Alfragide 2011 ESPERANÇAS PARA ESPERANÇAS PARA

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Janeiro 2011

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Page 1: A folha dos Valentes

06.sal da terra-Programa para 201109.missões-Luau – Angola: nova casa12.memórias-Recordando o P.e Canova16.sobre a fé-A questão de Deus20.doses de saber-Ordens e globalização28.sobre a bíblia-Cartas de São Paulo33.outro ângulo-Dar um pouco mais34.novos mundos-Sudão do Sul – NOVO PAÍS 201138.cuidar de si-Depois da mesa farta43.jd-madeira-Estima a espera44.jd-porto-Em família

ValentesPUBLICAÇÃO MENSALDISTRIBUIÇÃO GRATUITA400

a folha dos

JANEIRO 2011 ANO XXXV

N.º 40035anos SEM

PREno CORAÇÃO

SEMPRE

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Ano Internacional da JuventudeAno da FlorestaAno Europeu do VoluntariadoContinuando a MissãoJornadas Mundiais JovensEncontro Europeu JDSudão do Sul – Um novo PaísJD – Enc. Nac. em Alfragide2011Ano Internacional da JuventudeAno da FlorestaAno Europeu do VoluntariadoContinuando a MissãoJornadas Mundiais JovensEncontro Europeu JDSudão do Sul – Um novo PaísJD – Enc. Nac. em Alfragide2011ESP

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03 > alerta! > Esperanças para 2011

04 > digo eu... > Palavras dos amigos leitores

05 > recortes > Assim vai o mundo...

06 > sal da terra > Programa para 2011

07 > cantinho poético > Em crescimento

http://valentes.blogspot.com.http://www.dehonianos.org.http://www.facebook.com.http://valentes.hi5.com

FICHA TÉCNICADirector: Paulo Vieira Administrador: Ricardo Freire Secretária: Margarida RochaRedacção: Carlos Oliveira, Magda Silva, Marco Costa, Romy Ferreira.

Correspondentes: Maria do Espírito Santo (Açores), Amândio Rocha (Angola), André Teixeira (Madeira), Alcindo Sousa (Madagáscar), Nuno Pacheco (Lisboa), Pedro Coutinho (Índia).

Colaboradores: Adérito Barbosa, Alícia Teixeira, Amândio Rocha, António Augusto, Armando Baptista, Armando Vieira, Fátima Pires, Feliciano Garcês, Fernando Ribeiro, Florentino Franco, J. Costa Jorge, João Moura, José Agostinho, José Eduardo Franco, Juan Noite, Lúcia Fontes, Madalena Rubalinho, Manuel Barbosa, Manuel Mendes, Nélio Gouveia, Octávio Carmo, Olinda Silva, Paulo Alexandre, Paulo Rocha, Rui Moreira, Susana Teixeira.

Colaboradores nesta Edição: João Chaves, Inês Pinto, Leonor Garcia, Catarina Ferreira.

Fotografia: Zeferino Policarpo, Paulo Vieira, Rita Andrade, Graciela Vieira.

Capa: Ana e Rui - Férias Missionárias da Torreira, Julho 2010.

Grafismo e Composição: PFV.

Impressão: Lusoimpress - Rua Venceslau Ramos, 284430-929 AVINTES * Tel.: 227 877 320 – Fax: 227 877 329

ISSN – 0873-8939 Depósito Legal – 1928/82 ICS – 109239 Tiragem – 3500 exemplares

Redacção e Administração:Centro Dehoniano - Av. da Boavista, 24234100-135 PORTO – PORTUGALTelefone: 226 174 765 - E-mail: [email protected]

Proprietário e Editor: Província Portuguesa dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)Rua Cidade de Tete, 10 - 1800-129 LISBOATelefone: 218 540 900 - Contribuinte: 500 224 218

da actualidade

08 > recortes dehonianos > Notícias SCJ

09 > missões dehonianas > Nova casa no Luau

10 > entre nós > Família Dehoniana em Portugal

11 > com dehon > A nossa vez

12 > memórias > Recordando o padre Gastão Canova

13 > comunidades > Dehonianos em Portugal

dos conteúdos

14 > onde moras? > Entrar no Coração de Cristo

15 > vinde e vereis > Vem e verás

16 > sobre a fé > A prioridade da questão de Deus

18 > pastoral juvenil > Os jovens de hoje (I)

19 > palavra de vida > Luz das nações

20 > meias doses de saber > Ordens e globalização

22 > pedras vivas > Maria Gentilina

24 > espaço escola > Ser bom aluno (II)

26 > leituras > Ubuntu

28 > sobre a bíblia > As cartas de S. Paulo

30 > reflexo > Voluntariado, caminho de promoção

32 > pai-nosso > Espírito Consolador

do mundo

33 > outro ângulo > Dar um pouco mais

34 > novos mundos > Sudão do Sul, novo país em 2011

35 > novos mundos > (Cotinuação)

36 > planeta jovem > Ano Novo, vida nova

37 > nuances musicais > O plágio

do bem-estar

38 > cuidar de si > Depois da mesa farta

39 > dentro de ti > Recomeçar

40 > mão amiga > Hesitar ou decidir

da juventude

41 > jd-açores > Cristo precisa de ti

42 > jd-lisboa > Sintonizados

43 > jd-madeira > A JD-Madeira estima a espera

44 > jd-porto > Retiro de família e Ceia de Natal

45 > Jd-Porto > Encontros de Advento FD-Porto

46 > agenda > Próximas actividades JD

46 > dehumor > Humor dehoniano

47 > tempo livre > Passatempos

48 > imagens > Interacção: fotos “premiadas”

da família dehoniana

sumário:

Associação de Imprensade I nspiração Cr istã

35anosSEMPREno CORAÇÃOSEMPREJOVEM

Ajude a revista de acordo com as suas possibilidades!

Envie o seu donativo para:Centro Dehoniano

Av. da Boavista, 2423 — 4100-135 PORTOTel.: 226 174 765 — E-mail: [email protected]

NIB: 0010 0000 12408400001 59 (BPI)

N.º 400

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alerta! – 03 da actualidade

Esperanças para 2011

VPaulo Vieira

N.º 400

35 anos

SEMP

REno

CORA

ÇÃO

SEMP

REJO

VE

MNas nossas mãos está o n.º 400 de A Folha dos Valentes, a primeira revista do 35º ano da

publicação!Estamos em 2011! Um ano que é novo na medida em que lhe reservarmos espaço para a

novidade da esperança! Essa novidade poderá ser um sonho pelo qual lutar, um projecto para realizar, algo para aprender, um lugar aonde ir, alguém a quem estender a mão e amar.

À nossa volta estão programados e previstos acontecimentos que, de alguma maneira, nos tocam ou envolvem.Nos primeiros dias deste mês “joga-se o futuro” do Sul do Sudão noreferendo possibilita a formação de um novo País africano. Sobre o assunto apresentamos um artigo da Missão-press.

2011 continua a ser Ano Internacional da Juventude, iniciado em Agosto passado; é Ano da Floresta; é Ano Europeu das Actividades de Voluntariado. É também ano em que a Igreja em Portugal continua repensar a sua Pastoral e a Igreja diocesana do Porto “continua em Missão”.Em Agosto, teremos as Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ) com o papa, em Madrid, com o Encontro Europeu da Juventude Dehoniana, em Salamanca a antecedê-las.Ainda a nível de Juventude Dehoniana, no nosso país, teremos o XIV Encontro Nacional, depois da Páscoa, desta vez em Alfragide, com festival de canções. O tema que temos vinda a aprofundar e que servirá de mote para os festivais locais e para o festival do Encontro Nacional, é o da Comunhão Eclesial: “Na senda de Dehon, fazer experiência de comunhão eclesial”.

“35 anos: sempre jovem, sempre no coração” é o lema escolhido pelo Secretariado da AFV para este ano. A revista aparece renovada e com a vontade sempre: estar no coração com valores, notícias, formação. Está e pode ser cada vez mais interactiva com a participação de todos os leitores, quer escrevendo, quer enviando fotos e sugestões, como temos vindo a pedir… Alguns leitores já o fizeram e a presente edição reflecte isso mesmo, e muitos mais certamente o farão, ao longo dos próximos números!

Contamos com a colaboração de muitos articulistas que já são “património humano” de longa data e com alguns novos. A todos agradecemos cordialmente a disponibilidade!Temos uma “cara nova” com uma apresentação gráfica que procura ser simples, jovem, flexível, coerente e bonita. Esperamos que seja, de facto, do vosso agrado!

Aproveitamos para agradecer também as muitas ofertas e os muitos votos recebidos na quadra natalícia, muito significativas, por sinal, especialmente em tempo de crise…

Votos de um ano verdadeiramente novo, cheio de esperança e de boas novidades!

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04 – digo eu... da actualidade

Assim vai o nosso mundo...Palavras dos amigos leitores

Amigos,A todos os colaboradores da AFV desejo um

santo Natal e um ano 2011 cheio de paz e muita esperança. Gosto muito de receber e ler a nossa revista!

Um abraço!Pedro Filipe – São Pedro do Sul

Olá amigosQuero, desde já, desejar a todos os que se dedicam a fazer-nos chegar esta nossa Folha um santo Natal e um Ano Novo cheio de valentias! Aproveito para enviar a nossa contribuição e agradeço por nos terem continuado a enviar.Um valente abraço:Ana Maria, Marcelo Fontinha e meninos – Adoufe, Vila Real

Olá!Quero somente agradecer a todos vós pelas

palavras maravilhosas que enchem o meu coração de alegria. “Que Deus vos dê o dobro daquilo que me

destes”. Feliz Natal e um bom ano 2011. Com orgulho,Joana Cruz – Valpedre

Olá amigos Valentes,Não queria passar esta quadra do Natal sem vos enviar uma pequena ajuda para a nossa Folha dos Valentes.Gosto imenso desta revista porque está linda na sua apresentação e muito rica no seu conteúdo. Bem-hajam pelo vosso esforço. Aproveito para enviar os votos de um santo e feliz Natal e desejar-vos um feliz Ano Novo, cheio das maiores riquezas do Céu. São os votos sinceros desta amiga, para 2011, para toda a equipa de trabalho!Fernandina Salgado – Carregal do Sal

Caros amigos,Quero por este meio informar que transferi através do vosso NIB: 0010 0000 12408400001 59 a quantia de (…) de forma a regularizar a minha ajuda à Folha dos Valentes, dos anos 2009 até 2013. Peço desculpa por só agora o fazer, mas a vida traz alguns imprevistos... Aproveito vos felicitar pelo óptimo trabalho de toda a equipa da revista e para vos desejar um santo e feliz Natal e um prospero Ano Novo!Um abraço amigo!Carlos Miranda – Valverde

Ano Novo

cheio de valentias!

Óptimo trabalho

de toda a equipa!

Gosto muito

de receber e ler!

Gosto imenso

desta revista!

Palavras

maravilhosas!

VPaulo Vieira

@@@@@@

Cartas, postais ou Mails recebidos

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Page 5: A folha dos Valentes

VATICANO – O Vaticano condena as fugas do WikiLeaks. A Santa Sé considerou a divulgação de material “secreto e confidencial” pelo site WikiLeaks como um caso de “extrema gravidade”, alertando para as suas “possíveis consequências”. O Vaticano é citado em vários documentos divulgados pelo WikiLeaks e reproduzidos na imprensa internacional, como por exemplo, dos casos de pedofilia envolvendo membros do clero e de alegados sentimentos anti-semitas.

COSTA DO MARFIM – A igreja está preocupada com a violência. O arcebispo de Abidjan apela para uma solução pacífica e democrática entre Laurent Gbagbo e Alassane Ouattara. A igreja manifestou a sua preocupação pela situação de violência no país, depois das eleições presidenciais, apelando a uma “solução pacífica e democrática”.

CHINA– Bento XVI nomeou para o cargo de Secretário da Congregação para a Evangelização dos Povos o padre Savio Hon Tai-Fai, um chinês de 60 anos, nascido em Hong Kong, onde residiu até agora. O padre Tai-Fai, que perten-ce aos salesianos, será ordenado arcebispo titular de Sila.

UNIÃO EUROPEIA – A União Europeia assume continuidade da luta an-ti-pobreza. O compromisso foi selado em Bruxelas durante a cerimónia oficial que encerrou o Ano Europeu de Combate à Pobreza e Exclusão Social. A luta em favor dos mais desfavorecidos vai continuar, uma garantia que deixada pelos países que integram a União Europeia.

PAQUISTÃO – Um clérigo radical paquistanês, Maulana Yousef Qureshi, ofereceu uma recompensa num valor de aproximadamente 5 mil euros a quem matar uma mulher cristã presa por blasfémia contra o Islão. Asia Bibi, de 45 anos, foi condenada à morte, no último dia 8 de Novembro, por alegadamente ter insultado o Profeta Maomé.

INDONÉSIA – Os cristãos na Indonésia pediram mais segurança e protecção ao presidente do país, Susilo Bambang Yodhoyono, depois de contínuos episódios de intolerância religiosa. Ultimamente, um protesto de 200 fundamentalistas islâmi-cos obrigou mais de 100 cristãos da Igreja Protestante Cristã Batak (Batak Christian Protestant Church) a abandonarem duas casas utilizadas como lugares de oração.

recortes do mundo – 05 actualidade

Assim vai o nosso mundo...

VCarlos Oliveira

Caros amigos,Quero por este meio informar que transferi através do vosso NIB: 0010 0000 12408400001 59 a quantia de (…) de forma a regularizar a minha ajuda à Folha dos Valentes, dos anos 2009 até 2013. Peço desculpa por só agora o fazer, mas a vida traz alguns imprevistos... Aproveito vos felicitar pelo óptimo trabalho de toda a equipa da revista e para vos desejar um santo e feliz Natal e um prospero Ano Novo!Um abraço amigo!Carlos Miranda – Valverde

Ano Novo

cheio de valentias!

Óptimo trabalho

de toda a equipa!

Gosto imenso

desta revista!

SUDÃO – Dentro de alguns meses, o Sudão poderá conhecer uma nova definição territorial, com a independência da Região Sul. Uma situação para a qual a Igreja Católica local está atenta, já que pretende assegurar que esta transição seja efec-tuada da forma mais limpa e pacífica possível. O referendo que decide a indepen-dência, ou não, do Sul do Sudão, está marcado para dia 9 de Janeiro de 2011.

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06– sal da terrada actualidade

Programa para 2011

VPaulo Rocha

Mesmo sem conhecimento próximo, sempre admirei a seriedade, a competência e o rigor com que aparecia em público. Sobretudo quando em causa estavam avaliações económicas ou análises a

hábitos pessoais ou empresariais que, infelizmente, vão pegando por contágio na sociedade portuguesa. Percebi, por acaso, que não era suficiente a mera simpatia.Em causa está a figura de Ernâni Lopes, falecido no início de Dezembro de 2010. O que ele era não acontecia por capricho, por circunstâncias da vida. Em causa estava uma personalidade e o cumprimento de um programa que o próprio resumia muito simplesmente em: estudar, estudar, estudar... e trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar...A memória da vida do professor de economia, partilhada pelos seus familiares, não adiantava nenhum momento curricular mais significativo. Para além das datas de nascimento e de óbito, propunha uma oração e uma “via útil para o futuro”.Esta via, pode muito bem ser um programa para o Novo Ano. Simples e prática, na “estratégia” de utilidade para a construção de futuro, Ernâni Lopes propõe que o facilitismo dê lugar à exigência; a vulgaridade à excelência; a moleza à dureza; a golpada à sinceridade; o videirismo à honra; a ignorância ao conhecimento; a mandriice ao trabalho; e a aldrabice à honestidade.A oração revela a interioridade da pessoa e o seu compromisso com a construção do bem e da beleza.

Ernâni Lopes

Meu Deus,ensina-me a usar bem o tempo que me deste e a empenhá-lo, sem nada perder dele.Ensina-me a prever sem que me atormente.Ensina-me a tirar proveito dos erros passadossem que caia num escrúpulo exagerado.

Ensina-me a imaginar o futurosem me desolar, com a ideia de que elenão seja tão mau como eu imagino.Ensina-me a unificar a lentidão e a pressaa serenidade e o fervor, o zelo e a paz.

Ajuda-me quando começo,porque é então que sou fraco.Vela pela minha atenção quando trabalho.E sobretudo, enche Tu mesmo,Senhor, o vazio das minhas obras.

(Ernâni Lopes)

Uma oraçãopara o início deum novo ano. E, afinal,para dar sentido a qualquermomento de um percurso de vida!

Que o facilitismo dê lugar à exigência e a vulgaridade à excelência

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Page 7: A folha dos Valentes

Saber viver é uma arte,Que se constrói dia-a-dia.Temos os altos e os baixosE crescemos em sabedoria.

Querem que me especializeNuma escola superior,Ter canudos faz bem ao egoE sabe bem ser Doutor.

Marrar para os examesÉ boa forma de passar.Nas disciplinas da vida,É mais importante praticar.

Integridade pessoalÉ um conceito bem ambíguo.Todos achamos que a temosQuando vemos nosso “umbigo”.

E para finalizar, Este estudo superior:Estudemos os conteúdosDos valores e do amor.

cantinho poético – 07 da actualidade

VMadalena Rubalinho

Em crescimentoEm crescimento

Saber viver é uma arte,Que se constrói dia-a-dia.Temos os altos e os baixosE crescemos em sabedoria.

Querem que me especializeNuma escola superior,Ter canudos faz bem ao egoE sabe bem ser Doutor.

Marrar para os examesÉ boa forma de passar.Nas disciplinas da vida,É mais importante praticar.

Integridade pessoalÉ um conceito bem ambíguo.Todos achamos que a temosQuando vemos nosso “umbigo”.

E para finalizar, Este estudo superior:Estudemos os conteúdosDos valores e do amor.

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08 – recortes dehonianosda família dehoniana

VManuel Barbosa

Província Portuguesa celebrou 44 anos 27 de Dezembro. A Província Portuguesa dos

Sacerdotes do Coração de Jesus celebrou 44 anos de existência. Dia de festa, com as comunidades reunidas no Funchal, Coimbra e Alfragide. Aqui, D. Manuel Quintas, Bispo do Algarve, presidiu à Eucaristia e conviveu com os confrades na refeição e durante o jogo do loto. Em toda a Província foi dia de memória agradecida pelos que celebraram os seus jubileus ao longo do ano e um precioso tempo para fomentar a fraternidade entre os Dehonianos que, em Portugal, comungam da es-piritualidade do Padre Dehon.

Nova casa no Luau 28 de Dezembro. Inauguração

da Casa da Missão no Luau, em Angola, que fora mosteiro bene-ditino. Presidiu à celebração D. Tirso Blanco, Bispo da Diocese de Luena, estando igualmente pre-sentes o Superior da Comunidade Territorial de Angola, Padre Amândio Rocha, e os padres Joaquim Freitas e Amaro Vieira, entre outros.

Superior Geral em mensagem de Natal O Superior Geral dos Dehonianos enviou uma mensagem

de Natal a todos os confrades e amigos da Família Dehoniana, sob o título “O Verbo Divino se fez carne”. Nela o Padre Ornelas recorda acontecimentos que nos ajudaram a fazer experiência da Palavra que se fez carne na nossa existência quotidiana.«A Palavra que fez carne ilumina o nosso caminho feito de pe-quenos passos e de respostas adequadas que somos chama-dos a dar a tantos desafios, problemas e situações que cruzam o nosso caminho até mesmo institucional». Recorda e incenti-va a solidariedade prática como exigência da Palavra:“Queremos, enfim, fazer nossa a atenção de Deus que escu-ta o grito, os gemidos, os silêncios das pessoas e dos povos empobrecidos, feridos, oprimidos e desfrutados. Ele assume como sua a condição deles, fazendo-se presente como o Deus da libertação e da vida. Constantemente encoraja, sustenta e acompanha as exigências de dignidade, de justiça e de igual-dade. Esta atitude de Deus tornado visível e palpável em Jesus, convida-nos, insistentemente, a fazer o mesmo. Neste ano, foi bela e verdadeira a resposta que procurámos dar com gestos de solidariedade às populações provadas por calamidades na-turais: Haiti, Chile, Madeira, Indonésia. Tantas outras pequenas atenções, porém, não foram menos importantes”.

2011 Em tempos cada vez mais difíceis,

há que reavivar a Palavra em valores e atitudes radicais: esperança, partilha, solidariedade! Sempre na bênção do Coração de Jesus!

Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos)

No dia 20 de Dezembro, o P.e Giulio Carrara celebrou 80 anos de vida. À sua comunidade do Centro Dehoniano juntaram-se as comunidades dehonianas do Centro-Norte e juta-mente com a comunidade paroquial da Boavista e ce-lebraram a acção de graças a Deus pelo dom da sua vi-da e da sua acção pastoral, numa eucaristia solenizada, seguida de jantar de festa.

80º aniversário do P.e Carrara

P.e José Ornelas de Carvalho,Superior Geral dos Dehonianos.

P.e Giulio Carrara

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missões dehonianas – 09 da família dehoniana

Angola: Nova da Casa da Missão no Luau

VAmândio Rocha

Logo pela manhã do dia 28 de Novembro, todos os caminhos do Luau iam dar à Igreja Santa Teresinha

do Menino Jesus. A ela ocorreram catequistas e cris-tãos das aldeias da Missão, trabalhadores e alguns empregados da empresa AFA, empresa madeirense que está a recuperar as estradas daquela região e que também colaborou na recuperação da Casa da Missão. Estiveram também o responsável da Polícia do Luau e o Director da Educação do Luau. A Vice-Administradora chegou mais tarde.De Saurimo, Diocese vizinha, vieram os padres dos Pobres Servos e algumas irmãs.Do Congo, mais propriamente de Dilolo Gare, esteve uma representação das Irmãs e dos Franciscanos que lá trabalham, o Administrador e o responsável pela

Casa da Missão: obras concluídas, bem iluminada e imponente

fronteira do Congo.Na preparação da Eucaristia de Acção de Graças estive-ram as Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição. Apesar de ser o Primeiro Domingo do Advento, D. Tirso deu o consentimento para que houvesse dança e ritmo bem africano em toda a celebração.A presidir esteve D. Tirso Blanco, Bispo da Diocese de Luena, que logo na introdução da Eucaristia, e em jeito de Acção de Graças, agradeceu por todos os benefícios que Deus dá a cada um: por mais um Advento que se inicia, que cria em nós a expectativa do Messias que virá e pelo trabalho concluído na Casa da Missão.Logo depois da Eucaristia, todos foram convidados pelo P.e Joaquim, Superior da Comunidade, a se dirigirem para a Casa da Missão para a cerimónia de inauguração.Já na Casa, o P.e Joaquim começou por agradecer a pre-sença de todos naquele evento, principalmente D. Tirso, os religiosos e religiosas, as autoridades civis, os catequis-tas, os trabalhadores que colaboraram em levantar dos escombros aquela casa, os trabalhadores da AFA e todos os cristãos da Paróquia de Santa Teresinha do Menino Jesus.O P.e Amândio leu a mensagem do P.e Zeferino, Superior Maior Delegado do Superior Geral para a Missão de Angola. As suas palavras foram de grande apreço pela obra feita, referiu os que ajudaram financeiramente esta obra: a Província Dehoniana da Alemanha; os que tam-bém colaboraram directa e indirectamente, as Províncias envolvidas na Missão de Angola (Portugal, Moçambique, Itália do Norte, Brasil Central e Camarões), os trabalha-dores, sendo também esta obra uma escola de formação para todos eles...Por último, D. Tirso Blanco referiu que aquele espaço, ago-ra inaugurado, será o ponto de partida para um trabalho pastoral necessário e urgente, onde cada cristão sentirá os

seus padres mais perto do que nunca. Será, disse ainda, uma casa de oração, de estudo e de trabalho, aliás, o que caracteriza cada casa religiosa.De seguida, houve a bênção da Casa, cor-tou-se a fita, procedeu-se ao tradicional “rebentar do champanhe” e a visita a todas as divisões da casa.Os jovens, sob a orientação da Irmã Assuntina e do P.e Amaro, brindaram-nos com uns cânticos e encenações, que tiveram como figuras principais os nossos padres da Missão. As crianças da Escola de Santa Teresinha, orientadas pela Irmã Rosa, puderam também presentear-no com cân-ticos belíssimos!O almoço, devidamente preparado, espe-rava-nos!

Obrigado reconhecido!Em nome da Comunidade Territorial de Angola, agradecemos a todos os que nos ajudaram e colaboraram para que este dia chegasse. Deus vos recompense!Obrigado!

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10 – entre nósda família dehoniana

Família Dehoniana em Portugal

VAdérito Barbosa

Podemos dizer que um marco im-portante da Família Dehoniana em

Portugal foi o lançamento do docu-mento A Carta Constitutiva da Família Dehoniana em Portugal, a 13 de Maio de 2006, assinada pelo Superior Provincial, P.e Manuel Joaquim Gomes Barbosa, an-tecedida por um grande esforço e refle-xão, sobretudo a partir de 1990, ou seja após o primeiro Encontro Internacional dos Leigos Dehonianos, em Roma.Também a realização da Peregrinação Anual a Fátima da Família Dehoniana, no primeiro domingo de Junho, tem sido a expressão máxima e concreta da espiri-tualidade dehoniana.O Encontro Anual da Juventude Dehoniana em Fátima, no primeiro fim de semana depois da Páscoa e o Encontro Nacional de Secretariados da Juventude Dehoniana, têm sido outros marcos importantes na visibilidade da espiritu-alidade dehoniana, sem esquecer a mo-vimentação para África da Associação de Leigos Voluntários Dehonianos (ALVD).O encontro de párocos dehonianos, ha-bitualmente realizado em Fátima, tem si-do também um elemento pertinente de expressão da espiritualidade dehoniana.Tudo isto, sem falar dos outros compo-nentes ligados à Companhia Missionária (CM) e às Missionárias do Amor Misericordioso do Coração de Jesus (MAMCJ).

I. A FAMÍLIA DEHONIANA COMO SINAL DOS TEMPOSA Família Dehoniana é um fenómeno universal. O papa João Paulo II referira que os estados de vida estão interligados e ordenam-se uns para os outros…estão ao serviço do crescimento da Igreja. (ChL n.º 55).Um instituto tem a possibilidade de as-sociar a si outros fiéis (homens, mulhe-res, casados ou não), empenhados em tender à perfeição cristã, segundo o es-pírito do Instituto e participar na mesma missão (CDC, n.º 725).

II. O PADRE DEHON E A FAMÍLIA DEHONIANANo Padre Dehon, encontramos já um embrião da Família Dehoniana: a relação entre o Padre Dehon e as Servas do Sagrado Coração (Irmã Ulrich). Depois, a relação com as religiosas do Sagrado Coração de Jesus em Namur, chama-das irmãs vítimas (Irmã Verónica). A Irmã Verónica orientou muitos padres para a nossa congregação, entre os quais o P.e André Prévot.Houve sempre uma preocupação do Padre Dehon em asso-ciar ao seu projecto os leigos (Dehoniana, 1984, 64, 232-235). A Associação Reparadora começa ao mesmo tempo que a Congregação, em 1878, incluindo associados e agregados, entre os quais a mãe do Padre Dehon. Desde o princípio da congregação, o Padre Dehon fala sempre na presença de padres diocesanos e leigos associados (Dehoniana, 2001, 1, 54). Os associados dedicam-se mais a actividades (obras de caridade e imprensa). Os agregados concentram-se mais na oração e no sacrifício.

III. O CARISMASe falamos de Família Dehoniana, temos que reconhecer um pai, o Padre Dehon. É um pai espiritual. Participamos como irmãos na mesma espiritualidade.O carisma dehoniano é constituído pela espiritualidade e pela missão herdada pelo Padre Dehon. A missão não é constituída por actividades, mas pelo pro-jecto de construir o Reino do Coração de Jesus nas almas e na sociedade, ao serviço da missão do Povo de Deus no mundo de hoje (LG 12). É missão a adoração eucarística e o ministério aos pequenos. É missão anunciar o amor de Deus e a Sua ternura.

A Família Dehoniana é um fenómeno universal

Símbolo da Família Dehoniana em Portugal

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com dehon – 11 da família dehoniana

CRONOLOGIADEHONIANA

história dacongregação

1998 14|Março

Erecção da Província Moçambicana, por separação da Província da Itália do Norte.

VRui Moreira

É 2011, entrámos num novo ano!Despontam nas nossas mentes e corações no-

vas esperanças e sentimentos. Emergem no nosso caminho novas dificuldades e desafios.Neste cantinho reservado ao Padre Dehon, impõe-se falar, no limiar de um Novo Ano, de esperança e de solidariedade, porquanto, nos tempos contur-bados que se vivem, seriam decerto as palavras que o Fundador proferiria em voz alta e com plena convicção.

Em qualquer manual de ciência política encon-tra-se explicada, com detalhe, a evolução que o conceito de Estado sofreu ao longo dos séculos, enquanto conjunto de órgãos políticos e admi-nistrativos que dá corpo a uma sociedade. Não curamos aqui de fazer qualquer resenha histórica do desenvolvimento do Estado, nem sequer de opinar quanto a tal. Porém, é essencial trazer à co-lação o conceito de Estado Social, o Welfare State como lhe chamam os anglo-saxónicos. Hoje é co-mummente aceite que vivemos, à semelhança da maioria dos estados ocidentais, num Estado Social, ou seja, numa organização que se caracteriza pelo facto de o Estado intervir activamente na esfera social, cultural e económica. Mas será este facto suficiente para que os cidadãos se apartem da verdadeira realidade, optando pela inércia e pelo comodismo?

É a nossa vez!

1998 24|Junho

Erecção da Região do Canadá Francês, por supressão da Província do Canadá Francês.

1999 01|Janeiro

Publicação do decreto do Superior Geral sobre as Novas Estruturas da Congregação: Distrito e Região. Entra em vigor a 14 de Marçode 1999.

1999 01|Maio

Erecção do Distrito da Índia.

1999 01|Maio

Erecção da Província Europeia Francófona, por união da Província Francesa e da Província Luxemburguesa Valónica.

1999 31|Maio

Erecção do Distrito das Filipinas.

Dehon ensinava que a caridade é a rainha de todas as virtudes

Será o jogo realizado no xadrez político e ideológico suficiente para que se atinja o bem-estar de todos?A resposta é negativa! A Igreja, da qual somos pedras vivas, tem desempe-nhado um papel fundamen-tal em todo o mundo, por-que não se acomodou. Se é verdade que num Estado Social o Estado intervém, não é menos verdade que ao nosso lado existe ainda sofrimento, pobreza, solidão, fome e dor.Por isso, hoje, mais do que nunca, chegou a nossa vez. O contexto de dificuldades sociais que vivemos apela a que tenhamos sempre pre-sente as palavras esperança e solidariedade. É exacta-mente o que aprendemos com o Fundador. Com ele aprendemos a agir, a não esperar, a sermos os primei-ros a dizer que sim, a dizer “presente”. Dehon ensinava que a ca-ridade é a rainha de todas as virtudes e incitava os seus religiosos a praticá-la incessantemente, por ser parte integrante da vocação dos Oblatos do Coração de Jesus.Neste novo ano, tenhamos esperança e, acima de tudo, ajamos, não fiquemos para-dos, e procuremos não ape-nas o nosso bem-estar, mas também o daqueles que sofrem e moram mesmo ao nosso lado. Em 2011, faça-mos o que nos diz Dehon: pratiquemos a caridade. É a nossa vez!

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12 – memóriasda família dehoniana

Recordando o Padre Canova

VJoão Chaves

O Padre Gastão Canova foi um dos fundadores da presença dehoniana em Portugal: ele e o Padre

Ângelo Colombo. Tinha apenas 25 anos de idade e 3 meses de sacerdócio, quando os seus Superiores, da Província Italiana, o enviaram com o seu confrade Padre Ângelo Colombo, este então com 33 anos de idade e 5 de sacerdócio, para a grande responsabi-lidade e aventura de implantar a Congregação em Portugal. Traziam ambos muita fé e boa vontade, fé na Providência e muito ideal, algumas referências de apoio eclesial e pouco mais. O Padre Canova deixava em Bolonha, sua cidade natal, a mãe viúva; e dizer que era filho único! Já nestes pormenores se depre-ende a grande coragem desse que é de verdade um pioneiro da Obra dehoniana em Portugal.O Padre Canova esteve na origem de duas presenças muito significativa da Obra: a fundação do Colégio Missionário da Madeira, primeiro seminário menor e casa mãe da Província Portuguesa dos Dehonianos, e a fundação do Instituto Missionário Sagrado Coração de Coimbra, aberto em 1959, dando finalmente sede à presença na cidade do Mondego, depois de 8 anos em sedes provisórias. De todas as casas da Província, a que está mais ligada ao Padre Canova é precisa-mente a de Coimbra: foi com ele que foi projectado e construído o Instituto Missionário, na sua dimensão actual. O projecto concebido era deveras grandioso e não foi concluído por se vir a preferir Lisboa como sede dos futuros estudantes de filosofia e teologia da Província. Com a ida, em 1951, do Padre Colombo para a Itália como Superior Provincial da Província-mãe, o Padre Canova assumiu o cargo de Superior do Colégio Missionário. Mas já um ano depois, em 1952, passava para Coimbra com a responsabilidade de Superior, sucessivamente, das duas comunidades dehonia-nas locais: Seminário e Colégio Camões. De 1963 a l965 foi superior de um seminário menor aberto em Ermesinde, no Porto, voltando depois a Coimbra para reocupar o cargo de Superior do Instituto Missionário. De 1968 a 1970, está de novo no Porto, como ecóno-mo do seminário menor da Boavista. De 1970 a 1973, é Superior Provincial. Em 1974, voltará à sua Coimbra, onde exercerá mais dois mandatos de superior e, de-pois, ecónomo, professor e encarregado da secretaria dos benfeitores. Ali falecerá a 6 de Setembro de 1985, vítima de uma leucemia. Morria com apenas 64 anos, mas com uma vida cheia de realizações e méritos.Os que conheceram o Padre Canova realçam nele, para além de uma grande fé na Providência, uma

mente aberta aos diversos níveis do saber e às novas exigências, pastorais e não só, dos tem-pos que se viviam. Amante das ciências, mais do que das letras, embora tivesse uma sensibi-lidade poética, expressa numa série de poemas que escreveu e nos deixou, o Padre Canova era um exímio professor de matemática, um pio-neiro entre nós da informática que começava a afirmar-se, um coleccionador entusiasta de obras de ciência e de cultura, que enriquece-ram a biblioteca do Instituto Missionário. Era um homem de visão, um raciocinador e, talvez por isso, dotado de um sentido crítico, fino mas respeitador, nem sempre porém compreendi-do. Sacerdote de ideias abertas, foi um dos que antecipou entre nós as grandes aberturas da primavera conciliar. Muito estimado, sobretudo pelas novas gerações de religiosos, não admi-ra que, ao introduzir-se a consulta da base na escolha dos Superiores Maiores, só então lhe tivesse sido confiado o governo da Obra. Foi, de facto, ele que organizou em moldes de partici-pação a jovem Província dos Dehonianos. Foi o seu segundo Superior Provincial.Se o Padre Colombo e outros pioneiros pri-maram pelo entusiasmo do coração, o Padre Canova primou pelo da mente. O seu carácter um tanto reservado e a sua morte, em certo sentido prematura, fazem dele uma figura veneranda e, por certos aspectos, lendária. Recordá-lo entre nós é uma exigência histórica e um dever de gratidão.

Recordá-lo é uma exigência histórica e um dever de gratidão

Padre Gastão Canova 1921-1985

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comunidades – 13 da família dehoniana

Dehonianos em Portugal

Vwww.dehonianos.org

Em 1946, chegaram a Portugal os primeiros dehonianos da Província Italiana, com o objectivo de implantar no nosso país a Congregação. Várias circunstâncias se conjugaram para o início e o rápido desenvolvimento da Obra. Enquanto a Província Italiana pedia à Santa Sé um território missionário, o Cardeal Arcebispo de Lourenço Marques (hoje, Maputo), D. Teodósio Clemente de Gouveia, procurava, na Itália, missionários para Moçambique e sonhava com a fundação de um seminário missionário na ilha da Madeira, sua terra natal.

A vasta região da Zambézia, em Moçambique, foi destinada aos nossos missionários italianos. O governo português exigia, como condição, a abertura de casas de formação em Portugal, para que pessoal português pudesse, mais tarde, substituir os missionários estrangeiros. Foi assim que che-garam a Lisboa, em fins de 1946, desprovidos de meios e sem planos definidos, os primeiros padres encarregados dessa mis-são: o P.e Ângelo Colombo e o P.e Gastão Canova. Este chegou a 27 de Dezembro e o P.e Colombo a 29 do mesmo mês. O destino era a ilha da Madeira, onde desembar-caram a 17 de Janeiro de 1947.Por indicação do Bispo do Funchal, D. António Manuel Pereira Ribeiro, foram instalar-se na Escola de Artes e Ofícios, fundada pelo benemérito P.e Laurindo Leal Pestana. Aí presta-riam assistência, aprenderiam a língua e aguardariam que, com o tempo, se definissem melhor os objectivos da sua missão.

Padres Ângelo Colomboe Gastão Canova

Colégio Missionário Sagrado Coração, no Funchal, Casa-Mãe da Província

História, Casas, Comunidades e Actividades dos Dehonianos em Portugal

A Congregação dos SCJ (Sacerdotes do Coração de Jesus) – Dehonianos – entrou em Portugal nos últimos dias do ano de 1946. Os pioneiros foram o P.e Colombo e o P.e Canova. Por indicação do então Cardeal-Arcebispo de Lourenço Marques (hoje Maputo), D. Teodósio de Gouveia, fundaram, na Madeira, o primeiro Seminário Dehoniano, o Colégio Missionário, a 17 de Outubro de 1947. Nos anos seguintes, a Congregação estendeu-se a Lisboa, Coimbra, Aveiro e Porto. Mais recente-mente tornou-se presente no Algarve e nos Açores. As acti-vidades principais são: a formação de religiosos e sacerdotes (Colégio Missionário, Seminário Missionário Padre Dehon, Instituto Missionário Sagrado Coração, Casa Sagrado Coração e Seminário Nossa Senhora de Fátima), a pastoral juvenil e vocacional (centros em Lisboa, Porto, Funchal e Açores), a pas-toral paroquial (na diocese do Porto, Aveiro, Coimbra, Lisboa, Algarve, Funchal e Açores), o apostolado social (Obra ABC), o ensino (Colégio Infante D. Henrique, Escola APEL, professores universitários) e as missões (Moçambique, Madagáscar, Índia). Em 2004, a Província Portuguesa, em colaboração com as de Moçambique e da Itália do Norte, deu início à presença deho-niana em Angola.

Em Portugal estão 102 dehonianos a trabalhar nos mais diversos campos. Ao longo dos próximos meses, apresentamos, neste rubrica, as comunidades dehonianas em Portugal, um pouco das suas histórias e as actividades confiadas a cada uma delas.

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14 – onde morasdos conteúdos

Entrar no Coração de Cristo

VFátima Pires

Jesus ia em direcção à Galileia, tinha de passar pela Samaria. Chegando a uma cidade da

Samaria chamada Cicar, ia cansado e sentou-se à beira de um poço. Ao aproximar-se uma mulher samaritana para tirar água, Jesus diz-lhe: “Dá-me de beber”. Esta mulher ficou muito admirada, pois a relação entre Judeus e Samaritanos não era boa (Jo 4, 1-7). Foi um modo de iniciar o diálogo. Às questões da Samaritana Jesus responde “se co-nhecesses o dom que Deus tem para dar e quem é que te diz : “dá-me de beber”, tu é que lhe pedirias e Ele havia de dar-te água viva!”Jesus oferece água, a iniciativa é d’Ele. Ele senta-se à beira do poço, vem cansado, mas sobretudo espera por alguém. Este poço é muito importante para Jesus e para a Samaritana; foi aí que se deu o encontro, o qual foi libertador para esta mulher.

Convido-te a ler todo o texto (Jo 4, 1-42). Procura sentir e perceber os desejos do Senhor em ajudar e libertar a Samaritana, por outro lado, o sentir desta mulher e do que ela necessita no momento. Ela tinha a sua vida, mas aquilo que lhe faltava e que ninguém lhe podia dar, o Senhor oferece-lhe: a verdadeira água que sacia. Ela procurava saciar a sua sede fora do Senhor, no entanto isso é im-possível.

E tu, onde buscas a alegria? A paz? O bem-estar? De que poço procuras a água para o teu sustento? Que água o Senhor Jesus te oferece? Deixas-te en-contrar por Ele? Senta-te com Ele à beira do poço, escuta-O. Que te diz? Que tipo de diálogo tens com Jesus? Estar com Jesus Cristo implica abertura da nossa parte. A profundidade do encontro com Cristo é condicionada pelo grau de liberdade humana. É verdade que tudo é graça, tudo é dom de Deus. Ele ama-nos infinitamente, no entanto Deus dei-xa-nos livres, não força ninguém. Jesus espera, por ti e por mim, Ele ama-nos tanto! Desejar e escolher o que mais nos conduz a Deus, deixar que o amor de Deus nos conduza, implica libertar o coração para responder ao Seu amor. Entremos no Coração de Cristo, precisamos d’Ele, e Ele procura-nos. É Jesus que começa o diálogo. Deus sempre tem a iniciativa. Deixemo-nos con-duzir por Ele. Bebamos da água que sacia toda a nossa sede.

Em que poço procuras a água para a tua sede?

Cristo e a Samaritana, Paolo Veronese, 1550.

Estar com Jesus Cristoimplica aberturada nossa parte.

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vinde e vereis – 15dos conteúdos

Se andas à procura de rumo

VFernando Ribeiro

Quem nos dirige este convite e nos assegura que “veremos” é Jesus. Aquele Jesus, a quem

chamavam “Mestre” e concordava com o epíteto, uma vez que afirmou “vós chamais-Me Mestre e dizeis bem, porque o sou”.

Ao longo dos tempos, homens e mulheres de todas as idades e condições foram com Ele e “viram”. Viram a Verdade que liberta. Viram e experimentaram o Amor que sacia todas as fomes. Viram e seguiram o caminho que conduz à Vida. ‘Viram’ e aceitaram o projecto que deu sentido às suas vidas.O convite continua a ser feito a todos os homens e mulheres que algum dia se cruzaram com Ele e que, no mundo, conhecem outros convites e apelos que nunca mais acabam e se atropelam e se insinuam e semeiam confusões.O convite é-te dirigido também a ti. E repete-se.E insiste. Não dás por ele? Não o sabes reconhecer? Não o queres aceitar? Se isso acontece, é de lastimar. Não é bom para ti. Não é do teu interesse nem para teu bem. Se isso se passa contigo, é bom que tentes saber porquê. Eu poderia aqui formular uma série de perguntas baseadas em hipótesesverosímeis. Mas será preciso fazê-lo? Não tens tu próprio a capacidade para entrar com olhos de ver no íntimo da tua consciência, a fim de reconhecer o que realmente se passa contigo? Não serás tu suficientemente honesto para admitir sem subterfúgios a real consistência das tuasmotivações, daquilo que verdadeiramente te leva a ser quem és e a fazer o que fazes? Ou temes o encontro frontal com a tua verdade?Da minha parte, posso garantir-te que o acolhimento do convite é deveras benéfico e salutar. A garantia é Jesus que a dá: “Vereis”. Se removeres corajosamente os obstáculos que te impedem de aceitar o convite e de teaproximares da Luz verdadeira que é Ele, poderás “ver” se a vida que vives tem realmente sentido, se o caminho que trilhas aponta de facto para a única meta que interessa. E, se ainda andas à procura do rumo a seguir, se necessitas daquele discernimento vocacional que te garanta o verdadeiro sucesso da tua vida, acredita no que Ele promete: “Verás”. Ponto é que vás. E, se a tua disponibilidade for verdadeira e sem condições, então sim “verás” que valeu a pena.

O convite continua a ser feito a todos os homens e mulheres.

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16 – sobre a fédos conteúdos

A prioridade da questão de Deus

Na teologia clássica, a fé é uma virtude teologal, ou seja, provém de Deus que a concede como

dom a todo aquele que de coração sincero O busca. O que aqui se pretende fazer é uma simples tentativa de pensar a fé cristã, a partir da tradição viva da Igreja. Fica, assim, indicado que “tipo” de fé é aquela que se pretende reflectir: é a fé cristã, cujo ponto de partida é a revelação de Deus e cujo centro é Jesus Cristo que nos revela e nos dá a conhecer o Pai e que, entregando a sua missão à Igreja, nos enche do Seu Espírito para n’Ele sermos transformados em hino de louvor da gló-ria de Deus (Cf. Ef 1,11-12). Esta é a nossa fé, é o nosso testemunho crente, que, segundo o papa Bento XVI, deve ser forte, interpelante e alegre, pois este é o maior tesouro que devemos oferecer aos nossos contempo-râneos: a beleza e a verdade da nossa fé em Cristo. Na sua perspectiva, a nossa maior tarefa actual consiste, antes de mais, revelar de novo a prioridade que é Deus. Hoje, o importante é voltar a ver que Deus existe, que Deus nos diz respeito e que nos responde. E que quan-do Ele é, pelo contrário suprimido, por mais inteligente que seja tudo o resto, o homem perde a sua dignidade e a sua verdadeira humanidade e, por consequência, o essencial, desmorona-se (Cf. Luz do Mundo, 71). Assim, partindo da nossa fé, a nossa contribuição, neste mun-do, centra-se numa realidade tão delicada e decisiva como esta: que Deus existe e que é Ele quem nos deu a vida. Só Ele é absoluto, amor fiel e indeclinável, meta infinita que resplandece por detrás dos bens, verdades e belezas admiráveis deste mundo; admiráveis mas in-suficientes para o coração do homem. Compreendeu bem isto Santa Teresa de Jesus, quando escreveu: “Só Deus basta”.

O tema da nossa rubrica tem por título Sobre a Fé e é, portanto, sobre esta virtude teologal e tudo aquilo que a envolve, que procuraremos

reflectir neste espaço. Reflectir sobre a fé é uma matéria ampla e pode ser considerada a partir de várias perspectivas.

O ponto de partida da fé é a revelação de Deus e cujo centro é Jesus Cristo

É Jesus Cristo que nos revelae nos dá a conhecer o Pai.

Devemos oferecer aos nossos contemporâneos a beleza e a verdade da nossa fé em Cristo.

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sobre a fé – 17 dos conteúdos

VNélio Gouveia

No passado, e também no presente, é uma tragédia a afirmação e a divulgação da convic-ção de que Deus é o antagonista do homem e o inimigo da sua liberdade. Com isto preten-de-se obscurecer a verdadeira fé bíblica em Deus, que enviou ao mundo o Seu Filho Jesus Cristo para que ninguém pereça, mas tenha a vida eterna (Cf. Jo 3, 16). Essa afirmação não coincide com a revelação, com a fé cristã, pois, Deus é a origem do nosso ser e o fundamento e o ápice da nossa liberdade; não o seu opo-sitor. Como se pode fundar sobre si mesmo o homem mortal e como pode o homem pe-cador reconciliar-se consigo mesmo? Como é possível que se faça silêncio público sobre a realidade primária e essencial da vida huma-na? Como pode o que é mais determinante nela ser limitado à mera intimidade ou relega-do à penumbra? Como sabemos, não pode-mos viver nas trevas, sem ver a luz do sol. “E, então, como é possível que se negue a Deus, Sol da inteligência, força das vontades e imã dos nossos corações, o direito de propor esta luz que dissipa todas as trevas?” Por isso, insis-te o papa noutro momento: É necessário que Deus ressoe jubilosamente nos nossos céus; que esta palavra santa nunca seja pronuncia-da em vão; que não seja invertida, fazendo-a servir para fins que não lhe são próprios. Deve ser proferida santamente. É necessário que a sintamos assim na vida de todos os dias, no silêncio do trabalho, no amor fraterno e nas dificuldades que os anos trazem consigo. Se o homem deixar que Deus entre na sua vida e no seu mundo, se permitir que Cristo viva no seu coração, não se arrependerá, mas há-de experimentar a alegria de compartilhar a sua própria vida, como objecto do seu amor infinito (Cf. Homilia em Compostela, Novembro de 2010).

Esta é a fé que nos ilumina, este é o testemu-nho que o mundo espera de nós e a missão a realizar: comunicar às pessoas em busca, ne-cessitadas de verdade e de beleza, a experiên-cia da graça, da caridade e da paz, do perdão e da redenção, pois na verdade, no mais profun-do de todos os homens ressoam a presença de Deus e a acção do Espírito Santo. Sim, Deus ilumina todos os homens que rezam, fazem silêncio no seu interior e afastam as vontades, desejos e afazeres imediatos, Deus ilumina-os, com o dom da fé, para que encontrem e reconheçam Cristo: Ele é a rocha sobre a qual se alicerça a nossa fé. Ancorados nesta fé, procuremos juntos mostrar ao mundo o Rosto de Deus, que é amor e o Único que pode res-ponder ao anseio de plenitude do homem. Eis a grande tarefa: a prioridade da questão de Deus; mostrar a todos que Deus é Deus de paz e não de violência, de liberdade e não de coacção, de concórdia e não de discórdia.

Deus é a origemdo nosso ser e o fundamentoe o ápice da nossa liberdade.

É necessário que Deusressoe jubilosamente nos nossos céus.

Eis a grande tarefa: a prioridadeda questão de Deus; mostrar a todos

que Deus é Deus de paz e não de violência.

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18 – pastoral juvenildos conteúdos

Os jovens de hoje (I)

VJuan Noite

Hoje em dia é difícil falar dos jovens pois é uma realidade muito vasta e diversa. E no que

concerne à relação dos jovens com a Igreja e a sua participação, não poderemos traçar um quadro linear. Temos de reconhecer que os jovens estão inseridos num mundo que lhes faz mil e uma pro-postas, as quais muitas vezes não é fácil de esco-lher. Entre essas propostas encontra-se aquela da Igreja, propondo-lhes sobretudo um caminho de descoberta de Cristo e se si próprios.É esse o principal objectivo de uma pastoral ca-tequética e juvenil: proporcionar aos jovens uma experiência forte de Cristo, que os marque profun-damente e oriente as suas vidas.O problema muitas vezes é ter a atenção dos jovens, cativá-los. É uma tarefa árdua e que nem sempre dá os frutos que estamos à espera.

Um retrato dos jovens de hojeActualmente não é fácil fazer uma análise da con-dição juvenil, pois é uma das realidades que mais sentiu a mudança cultural dos últimos 50 anos. A partir da década de ’50, com o desenvolvimento económico, acentua-se e consolida-se a tendência por parte dos jovens, de constituir-se num verda-deiro e definido grupo social: a chamada condição juvenil. (... a partir dos anos 50 emancipação da mulher... anos 60, fenómeno musical... anos 70, contestação)A mudança cultural destas últimas décadas terá uma grande influência na vida e pensamento dos mesmos jovens, influenciando consequentemente a sua visão de religião e de experiência religiosa.Para além da aparente homogeneidade que pa-rece classificar o mundo juvenil (modo de vestir, atitudes, relação com a família e grupo de coe-tâneos, gestão do tempo livre) a sua identidade apresenta-se hoje extremamente diversificada, fragmentada. Na breve análise que vos proponho, tomei em consideração os indicadores que parecem classi-ficar de modo geral a actual condição juvenil: o fenómeno cultural da subjectividade, o aumento das possiblidades de escolha e a flexibilidade da identidade; estes indicadores depois serão impor-tantes para uma posterior leitura da experiência religiosa dos jovens.

a) Forte subjectividade e desencanto políticoAlgumas sondagens revelam uma forte subjecti-vidade que conduz ao primado da consciência in-dividual e ao minimizar das referências objectivas. A subjectividade é uma das características funda-mentais da nossa cultura ocidental, desenvolvida pela antropologia neste último século e que cul-mina com a constatação da preponderância do sujeito.Outro aspecto interessante e que caracteriza a actual condição juvenil, é a situação de “desen-canto” na qual vivem os jovens. Os grandes ideais dos estudantes das décadas de ’60 – ’70, que se caracterizavam pela forte intervenção e activida-de política, desvaneceram-se. Este desencanto em relação aos grandes ideias políticos é visível no desinteresse dos jovens no que respeita à política, em contraposição com as gerações anteriores.O jovem de hoje, desencantado com os grandes ideais, refugia-se na esfera quotidiana e nas rela-ções interpessoais, dando deste modo uma gran-de importância à sua própria experiência. Porém, não podemos ficar por uma visão superficial mas procurar colher o carácter culturalmente inovador deste desencanto.Podemos desvendar neste desencanto a recusa de um certo modo de fazer política e o desencanto em relação às tradicionais formas de participação; por outro lado persiste a procura de protagonismo, que se exprime de um modo diverso em relação ao passado, mais congruente com uma situação de desvanecimento das grandes esperanças.

O jovem hoje parece, então, tender para uma acentuada capacidade de controlo do pró-prio percurso de vida, para uma consciên-cia cada vez maior da vida quotidiana, por um leque cada vez maior das possibilidades de escolha, pelo emergir de um projecto e de uma intenção nas dinâmicas da vida quotidiana: todos estes elementos são mais fortes do que qualquer condicionalismo, contradição, limite imposto pela vida numa sociedade complexa.Objectivo da pastoral juvenil:

proporcionar aos jovens uma experiência de Cristo, que oriente as suas vidas. (Continua no próximo número)

Jovens: identidade extremamente diversificada, fragmentada.

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palavra de vida – 19dos conteúdos

VJosé Agostinho Sousa

jantares e convívios… e há, sobretudo, a Palavra de Deus que nos lembra que o mistério do Natal se pro-longa, não por Janeiro adentro, mas por toda a nossa vida. No primeiro Domingo de Janeiro, celebramos a Solenidade da Epifania do Senhor. Todos conhecemos o Evangelho que nesse dia é proposto à nossa reflexão (Mt 2, 1-12). É um texto que nos apresenta a visita dos Magos a Jesus. E também todos sabemos o significado desta visita, que revela Jesus como Salvador de todos os homens e Luz das nações. Os Magos do Oriente re-presentam todos os povos que caminham para Belém, que vão ao encontro do Menino que nasceu para nós. Os Magos adoram o Menino, reconhecem-n’O como Deus, como o Messias prometido e esperado. Estes Magos chegam à gruta de Belém porque se deixaram guiar pelos sinais da presença de Deus no meio dos homens. Na pobreza e simplicidade da manjedoura encontram e reconhecem o Senhor de todas as coisas, o Príncipe da Paz.

Caminhos de paz e de comunhãoJaneiro começa sob o signo da paz. Não será este o lugar para falar do Dia Mundial da Paz e da respectiva Mensagem do papa Bento XVI. Mas o facto de con-templarmos a paz, a comunhão e o amor universal de que se reveste a visita dos Magos a Belém leva-nos a reflectir na importância e actualidade que tem hoje a construção da paz. A visita dos Magos significou a uni-versalidade da salvação e o Presépio de Belém o lugar de onde irradiou a paz para todos os povos. Os Magos percorreram um longo caminho para se encontrarem com Deus e assim descobrirem o fundamento do pró-prio caminhar humano. Na sua Mensagem, o papa Bento XVI lembra preci-samente a importância que a religião tem na vida dos homens, a importância que tem o encontro dos homens com Deus, que torna mais fraterno, mais har-monioso e mais pacífico o encontro dos homens uns com os outros. O respeito pela liberdade de religião, o respeito pela forma diferente que cada um encontra de se relacionar com Deus é, diz o papa Bento XVI, um caminho de diálogo, de encontro de civilizações, um caminho de paz. No início de um novo ano, talvez valha a pena revisitar a gruta de Belém, fazer a mesma peregrinação de amor e de fé dos Magos, rogar ao Deus Menino, Príncipe da Paz, que conceda a todos os homens o dom da sua Luz e da sua Paz. Bom e abençoado 2011.

Celebrámos há pouco tempo o Natal. Em Janeiro costumamos ainda viver os “ares”

do Natal: há ainda cartas, postais e mensagens a que é necessário responder, os enfeites per-manecem por mais algum tempo, há festas,

Luz das naçõesNo início de um novo ano, talvez valha a pena revisitar a gruta de Belém

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20 – meias-doses de saberdos conteúdos

As Ordens e a era da globalizaçãoCem anos depois de implantada a República

e da expulsão das ordens e congregações religiosas de Portugal, realizou-se um grande congresso na Fundação Calouste Gulbenkian para se compreender melhor a natureza e acção destas instituições no nosso país, na Europa e no Mundo. Aconteceu nos primeiros dias de Novembro de 2010. Reuniram-se cerca de 200 especialistas de vários países do mundo e passaram centenas de interessados nestas matérias pelos modernos auditórios daquela que é uma das mais importantes instituições culturais do nosso país. Religiosos e leigos, católicos e protestantes, pessoas de outras religiões, crentes e não crentes quiseram de-bruçar-se de forma aprofundada sobre aquela que foi a marca deixada pelos religiosos que participam da utopia monástica de procurar uma maior intimidade com Deus e antecipar aqui e agora a experiência das realidades fu-turas prometidas no mundo celeste. Muito se concluiu dos quatro dias em que foi oferecido um autêntico banho de conhecimento sobre as ordens. Entre o muito que se revelou, gos-taria de deixar aqui algumas conclusões que a muitos parecerão surpreendentes. As ordens e congregações, através do seu ideal de vida e atenção às necessidades humanas a vários níveis e nas diferentes situações históri-cas, foram precursoras do pensamento huma-nista e estabeleceram fundamentos e práticas antecipadoras das preocupações que estão na base da proclamação dos Direitos Humanos pela Revolução Francesa. O monaquismo cristão, materializado nas expressões organi-zacionais chamadas ordens e congregações, transporta consigo uma utopia de um mundo novo assente num modelo de conviviavilidade humana em que são valores fundamentais a fraternidade, a igualdade e a libertação das paixões para atingir a liberdade cristã mais alta que possibilite uma comunhão de vida mais absoluta. Ao mesmo tempo, no plano prático, a resposta das ordens e congregações ao ho-mem em situação de necessidade, levando a peito a prática das bem-aventuranças, acabou por ser uma forma eloquente de atender aos direitos humanos nas situações limite de ca-rência de recursos, de ignorância, de falta de liberdade… Para responder historicamente

As ordens e congregações foram precursoras do pensamento humanista

aos homens e mulheres privados dos direitos pa-ra realizar-se, ou, pelo menos, para viver com dig-nidade, sugiram diversas ordens e congregações especializadas. A título de exemplo poderemos referir algumas bem curiosas. A fim de atender ao direito da liberdade foi criada a Ordem dos Trinitários ou Redenção dos Cativos que tinha como fim dar a vida para resgatar os prisioneiros de guerra no contexto das Cruzadas dos Cristãos contra os Muçulmanos. Os seus membros tinham como voto extremo oferecer-se para substituir os cativos na prisão em troca da sua liberdade.

As diferentes ordens hospitaleiras tinham co-mo missão viver radicalmente o valor da

hospitalidade, quer protegendo os peregrinos e os estrangeiros na

grande época das peregri-nações medievais a

Jerusalém e a ou-tros lugares

santos,

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quer mais modernamente especializando-se na assistência hospitalar para atender às pes-soas em situação de doença e pobreza física e espiritual. A mais conhecida destas ordens tem marca portuguesa, os Irmãos de São João de Deus, cujo fundador nasceu em Montemor-o--Novo.

Muitas ordens e congregações têm desenvol-vido trabalho no plano do ensino das popu-lações atendendo desde sempre ao direito e à necessidade fundamentais de educação e cultura. É de todos reconhecido o papel matri-cial dos mosteiros e conventos na preservação da cultura e na formação de quadros especiali-zados, sedimentando os fundamentos do que veio a ser a Europa Moderna. Justo é, por isso, o título atribuído a São Bento de Pai da Europa, podendo a mesma paternidade estender-se à imensa rede de mosteiros que a sua regra ins-pirou e regulou. Mas o mesmo se poderia dizer de muitos outros santos fundadores de comu-nidades religiosas, como Santo Agostinho, São Francisco, São Domingos, Santa Clara, Santa Teresa, Santo Inácio de Loyola. A Europa deve muito a estas figuras que desenharam a sua identidade espiritual. Por seu lado, é pertinente verificar que as ordens religiosas, fundadas no dealbar da Idade Média, com a sua estrutura organizativa

meias-doses de saber – 21dos conteúdos

VEduardo Franco

transnacional, eram aquelas que estavam mais bem preparadas para adaptar-se ao mundo que veio a afirmar-se na modernidade: o mundo ca-da vez mais globalizado. Com efeito, as viagens marítimas potenciadas pelos reinos ibéricos de Portugal e da Espanha romperam as distâncias que impediam os diferentes continentes e povos de comunicarem entre si. Movidos pelo ideal de universalização do Cristianismo fizeram, no século XVI, a primeira globalização. Trocaram-se produtos comerciais (especiarias, ouro, diamantes, produtos manufacturados…), como se trocaram conheci-mentos, ao mesmo tempo que se levou a todo o lado a Fé Cristã. As ordens religiosas, através dos seus missionários, estiveram na primeira linha para acompanhar as caravelas neste processo de abertura do mundo, sendo, por isso, criadoras de globalização. Criaram missões, abrirão colégios, hospitais… Globalizaram a ideia de educação cris-tão do homem todo e de todo o homem; globaliza-ram o valor da solidariedade, procurando atender ao ser humano em situação de fragilidade física e espiritual; globalizaram a utopia da construção de homem novo e da fraternidade universal…Se hoje Portugal é considerado um dos países construtores da universalidade moderna não deixa de o dever às ordens uma assessoria fun-damental e qualificada neste processo que é uma das melhores marcas da nossa cultura histórica.

Muitas ordens e congregaçõestem desenvolvido trabalhono plano do ensino das populaçõesatendendo desde sempre ao direitoe à necessidade fundamentaisde educação e cultura.

No plano prático,a resposta das ordens congregaçõesao homem em situação de necessidade,levando a peito a prática das bem-aventuranças, acabou por ser uma forma eloquentede atender aos direitos humanosnas situações limite de carência de recursos,de ignorância e de falta de liberdade.

As ordens religiosasatravés dos seus missionáriosestiveram na primeira linhapara acompanhar as caravelasneste processo de abertura do mundo,sendo, por isso, criadoras de globalização.

O Dr. Eduardo Franco, nosso articulistae o grande mentor do Congresso das Ordens

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22 – pedras vivasdos conteúdos

Maria GentilinaDe Pedras Vivas se faz a Igreja Universal e também a Particular. De Pedras Vivas te tenho falado quan-

do te apresento determinadas pessoas ou grupos. Foi assim em Novembro, quando me apetecia falar de uma autêntica pedreira, a Diocese do Porto, com o seu Bispo, os seus Padres, os seus Religiosos e os seus Leigos, mas contive-me e falei só do “pedreiro”, o P.e Almiro. Em Dezembro, falei duma mini--pedreira, por me ter surpreendido pela positiva: o Grupo Missionário da Portelinha. Hoje, vou falar só de uma Pedra Viva, a Maria Gentilina, como gostava de se apresentar pelo amor que dedicava a Maria, Mãe de Jesus e Rainha das Missões. Aluno do 3.º ano no Seminário Missionário Padre Dehon, sedeado, então, na Rua Azevedo Coutinho, na Boavista, exercia o cargo de sacristão. Cuidava das alfaias litúrgicas e também da decoração da capela… E foi aí, no exercício dessas funções, que a conheci. Um dia ela trouxe umas flores, muito mais bonitas do que as que normalmente eu arranjava na miséria dos nossos jardins… E compôs a jarra do altar, como quis e soube. Dei por elas no intervalo, quando ia preparar o altar para a bênção do Santíssimo. Gostei das flores, mas não da forma como estavam e, zás, levei-as para a sacristia e lá as pus a meu gosto. E ainda recordo o susto que apanhei quando, ao entrar na capela, com a jarra para a pôr no altar, dei com a D. Gentilina que a procurava. – Sabe, menino (para ela, nunca deixei de ser o seu menino sacristão!), fui eu que as trouxe. Fiquei aterrorizado, a pensar no castigo que o padre me ia dar, por lhe ter estragado o arranjo, e

desfiz-me em desculpas, prometendo não voltar a tocar na jarra e pedi-lhe para não dizer ao Sr. Padre Carrara, o nosso forma-dor. Ela, sorrindo, com o sorriso amável que sempre tinha, disse-me:– Vou dizer, vou. Sabe, menino? Quem não volta a fazer a jarra aqui sou eu, porque está muito linda. Vou dizer ao Sr. Padre e, quando trouxer flores deixo-as na sacristia e o menino faz a jarra.E só não foi dizer-lhe logo, porque não estava. Voltou no dia seguinte e trouxe uma caixa de bolachas “sortido”, e pediu ao padre para as dar ao sacristão, por ter arranjado a jarra, gesto que, de vez em quando, repetia. Entregava-as sempre ao Sr. Padre, que mas entregava na mesa, com o recado de que eram da Sr.a D. Gentilina, acrescentando que as devia repartir com os colegas de mesa, o que era habitual, por ser regra da casa. Mais sorte tinha quando, no intervalo da merenda, ia a sua casa levar os panos do altar para ela lavar. Tinha sempre que me sentar cerca de um quarto de hora, que o intervalo não dava para mais, a ouvi-la tocar piano, enquanto saboreava um chã, acompanhado de uns biscoitos, que ela re-servava para o seu menino sacristão. E que bem me sabiam! Talvez, por isso, quando, trimestre e trimestre, o padre perguntava se não me importava de continuar com o mesmo serviço, respondia que não, por-Maria Gentilina

Partiu para o Pai a 19 de Novembro de 2010

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pedras vivas – 23dos conteúdos

que gostava muito… E ainda hoje não sei se era do trabalho se dos biscoitos! Para além dos bis-coitos e do concerto de piano, havia tempo para uns bons conselhos e uma jaculatória, sendo as mais repetidas “Rainha do Clero, dai-nos muitos e santos sacerdotes” e “Viva Cristo Rei!”A D. Gentilina tornou-se, depois, organista nas Missas do Seminário que eram para o povo e, da paróquia, quando foi esta foi criada… Sei ago-ra que também tocava nas igrejas de Lordelo, Santíssimo Sacramento e Congregados.Ao assumir o cargo de responsável do SAM (Serviço de Apoio às Missões), encontrei-a como secretária do Grupo Missionário de S. José da Boavista, de que também era muito devota (ou não fosse ela natural de Lamego, de Portugal a que creio mais devota de S. José). Foi-o até ir residir no Lar de Idosos. O Grupo sentiu a sua falta. Eu nem tanto, porque me escrevia quase todos os meses. E lá vinham notícias da casa e dos achaques da idade, mas também das festas que lá se faziam, e a que ela dava um ar da sua graça, com o acordeão, enquanto pôde com ele e, por fim, só ao piano, Foi ela quem fez a música e a letra do primeiro Hino dos Valentes. Foi ela que deixou a sua querida cidade e diocese de Lamego e foi para o Porto, porque a caridade a impeliu a cuidar de sua irmã doente. E por lá ficou até ao fim dos seus dias. No funeral, caso tão raro, éramos 15 sacerdotes: Diocesanos do Porto e de Lamego, Espiritanos e

Dehonianos (e perdoem-me se os havia de outros institutos). Para espanto de muitos, mais um que no funeral da Madre, falecida uns meses antes. Mas ela bem o mereceu pelo carinho que dedicou aos sacerdotes e pelos serviços que prestou à Igreja. E, porque, embora de forma privada, era consagra-da a Deus, com permissão do Bispo de Lamego, como ela fez questão de mo lembrar algumas ve-zes, quando ia a sua casa. Apontando para uma sua foto, de quando era jovem, dizia-me: “Vê, menino, como eu era linda?!... Pois olhe, não faltava quem me quisesse, mas consagrei-me a Nosso Senhor e sou muito feliz e o menino também vai ser…” Tinha razão: Quem se consagra é feliz. Tem que ser feliz, a não ser que não dê ao Senhor o lugar que lhe pertence, mas isso, já é outra história…

A D. Gentilina, nas Janeiras de 2005, no Lar do Pinheiro Manso.

A Gentilina era uma jovem muito linda. E foi na sua juventude que não deixando de ser leiga, também foi consagrada. Foi de Deus, viveu para ELE e foi feliz! E tu, caro jovem, nunca pensaste na hipótese de consagrares a tua vida a Deus? Ainda não é tarde. Eu, se o não fosse, gostaria de o ser. E se mil vidas tivesse, mais mil vezes o seria!

VAntónio Augusto

pensar

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24 – espaço escolados conteúdos

Ser um bom aluno (II)

Baseando-nos, mais uma vez nas dicas de Harry Potter (HP) (ver “Ser um bom aluno (II)”,

abordaremos as sete estratégias de trabalho para completar as catorze propostas por HP. Assim, aju-dar-se-ão os alunos no seu rendimento escolar tão desejado, não só pelos educandos como também por todos os educadores e progenitores conscien-tes e ansiosos pelo sucesso dos seus alunos e filhos. Valendo-se de métodos eficazes ao longo do seu curso e, também, em parceria com outros colegas imbuídos dos mesmos ideais, muito poderão usufruir do próprio saber, bem como do dos seus colegas. Assim sendo, retomemos e continuemos as dicas propostas no artigo anterior.Altruísmo: O bem comum é uma das coisas pelas quais HP tem maior respeito. Desse sentimento resulta a sua força e o ânimo, segredo que o faz enfrentar aquilo que muitos colegas, por vezes, não se atrevem sequer de partilhar. Felizmente, há jovens que vivem e partilham as suas ideias, animam os mais pacatos ou envergonhados. Nem todos os estudantes têm o mesmo à-vontade, a mesma facilidade de se organizar os seus estudos. Vale sempre a pena olhar à sua volta e ajudar os mais fracos. Ser altruísta na escola é reconhecer as necessidades dos colegas menos abertos, dar-lhes a mão e incitá-los a aceitar a ajuda dos colegas.Desapego com regras: O director da escola de HP, já foi mais além e disse que HP tinha despre-zo pelas regras. Na verdade, HP tem o hábito de avaliar se determinada regra o ajuda ou impede de atingir o objectivo que persegue. Como os seus objectivos costumam ser altruístas, ele mede e pesa as regras e não se coíbe de ignorar uma ou outra se, por acaso, a achar menos importante ou impeditiva de os objectivos serem óbice para algum dos seus colegas. A escolha, neste caso, é simples e as regras inexequíveis postas de lado. Se, para obter um maior conhecimento, ou pelo bem geral, uma regra precisar de ser quebrada, pode ser discutida. As regras existem para atender a situações médias e há casos específicos onde elas têm de ser relativizadas. Não deverão escravizar, podendo, outrossim, ser modificadas ou adapta-das segundo a necessidade premente de servir mesmo que de regras se trate.

Criatividade: É a capacidade de ver além das aparências que faz com que HP seja uma das figuras proeminentes na escola. Exercitar a criatividade implica aproveitar as ideias de todos os componentes do grupo. Cada um sugere, compara, aceita, melhora e a opinião partilhada de todos completará a obra.Selectividade: As escolhas revelam o que uma pessoa é, mais do que as suas qualidades. HP é habilidoso em tomar boas decisões, depois de pesar as dos seus comparsas. Assim como ele, cada um deve seleccionar e escolher as melho-res resoluções, não se deixando envolver pelas ideias comuns e banais. É preciso reflectir, es-tudar, ponderar.Actividade física: HP segue o preceito de “Mens Sana in Corpore Sano”, actuando como “apanhador de bolas” num jogo. Encontrar tempo para relaxar e manter-se fisicamente sadio é importante.Visão da realidade: HP estabelece uma cone-xão entre as aulas e o uso do que aprende. As aulas mais exibidas nos filmes são as de Defesa Contra as Artes das Trevas. HP não assiste a es-tas aulas apenas para decorar fórmulas, aplicar os conhecimentos da disciplina faz a diferença na hora de enfrentar a dificuldade.Lealdade: Na verdade, o maior inimigo de HP e outros tem características semelhantes às do pequeno aprendiz de feiticeiro. O que faz com que HP seja querido é esta característica: a sua lealdade. Mesmo quebrando algumas regras, HP nunca age contra as normas, os pro-

Ajuda no rendimento escolar

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espaço escola – 25dos conteúdos

VManuel Mendes

fessores com elas identificados ou contra os seus companheiros. A lealdade faz com que os que estão próximos se sintam confiantes e se dediquem a ele. Os seus companheiros tornam-se tão abnegados no auxílio de HP como ele próprio seria. Esse é o segredo do líder: não coloca o nome da sua instituição de ensino em maus lençóis, pois o nome desta instituição é o seu sobrenome profissional. Cada um será tão respeitado quanto mais a sua instituição o for.

• Pôr em prática as 14 dicas “HP” apresentadas será assim tão difícil?

(cf. Valentes números 399 e 400)

A Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts é o cenário principal das aventuras de Harry Potter, criado pela britânica J. K. Rowling Hogwarts parece ser a única grande escola de magia existente no Reino Unido, treinando pessoas com habilidades mágicas para que se tornem bruxos e bruxas plenamen-te qualificados. O seu status não é discutido em detalhes nos livros de Harry Potter, mas sabe-se que se trata de uma secondary school do sistema de educação britânico que funciona em tempo integral, rece-bendo alunos com idade entre 11 e 17 anos.

14 estratégias para o êxito 1. Trabalho em equipa 2. Determinação 3. Liderança 4. Humildade 5. Estudo 6. Prática 7. Curiosidade 8. Altruísmo 9. Desapego com regras10. Criatividade11. Selectividade12. Actividade física13. Visão da realidade14. Lealdade

pensar

É importante encorajar os alunosa organizarem o seu estudo,incentivando-os à prática da entreajudaque poderá levá-los ao êxitoque todos pretendemnas suas tarefas escolares.

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26 – leiturasdos conteúdos

Ubuntu – a arte do ser humano

1Os outros ajudam-nos a ser quem somos.

Em zulu (da família das línguas bantu), a pala-vra ubuntu significa sou quem sou por causa de quem todos somos, para o bem e para o mal. Se alguém da tribo age mal, todos estão a agir mal. Se alguém da tribo pratica o bem, isso reflecte-se em todos nós. Esta é uma tradução oferecida pelo activista da paz da Libéria, Gbowee de Leymah.Há um outro ditado parecido: uma só palha de uma escova rompe-se facilmente, mas um conjunto de palhas dificilmente se romperá.O arcebispo Desmond Tutu apresenta-nos uma definição: uma pessoa com ubuntu é aberta e

Não se pode considerar o Homem como uma ilha, mas como um ser na multidão

está disponível para os outros.Ubuntu denuncia que a pessoa não pode viver isola-da, mas na interconectividade. Louw (1998) refere que o conceito de ubuntu define a pessoa nas suas várias relações com os demais e sublinha a importância do ubuntu no âmbito reli-gioso. O livro branco do Governo da África do Sul reconhe-ce oficialmente ubuntu como: o princípio de cuidar de cada outro... e um espírito de apoio mútuo. Ubuntu significa que as pessoas são pessoas através de outras pessoas. Assim, ubuntu significa a arte do ser humano. Ubuntu é a humanidade.Não se pode considerar então o homem como uma ilha, mas um ser na multidão.

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leituras – 27dos conteúdos

VAdérito Barbosa

Se a Europa durante alguns séculos, apos-tou no individu-alismo, porque não dizer no egoísmo, ao ní-vel da cultura e da mentalidade, hoje pode co-lher e aprender esta lição da tribo, do grupo, da comunitarie-dade, e porque não dizer da cidadania.É verdade que a África luta muito contra as invejas e os envenenamentos. Também é verdade que a

Europa não olha a meios para atingir os fins. A competitividade é desenfre-ada e atropela a dignidade de cada pessoa.Reparem! Até o desporto, que deveria ser uma expressão saudável, artística e de convívio, é um antro de interes-ses subterrâneos.Portanto, os outros ajudam-nos a ser quem somos.

2Se fizer tudo para que todos possam ser tudo aquilo que

são.Mas o ubuntu implica um esforço po-sitivo que deveria significar: só posso ser tudo aquilo que sou se fizer tudo, para que todos possam ser tudo aquilo que são. É este esforço pelo bem que torna o ser humano mais precioso. Implica que todos nós demonstremos amor e compaixão.Os antepassados zulus não acredi-tavam no gesto de dar a outra face a quem lhes batia. Acreditavam que devíamos abraçar a outra pessoa quando esta nos batia. Isto é o ubun-tu em acção.Os zulus diziam que nunca se deve voltar as costas à cultura dos seus antepassados. Quem o fizer, está a voltar as costas a si mesmo. Acreditavam que era um valor moral

de cada um ter sempre em consideração os valores de todas as pessoas com quem nos relacionamos, não só dentro da sua tribo, mas com toda a gente. Ao mostrar compaixão e hospitalidade, alargamos o círculo da nossa tribo a toda a humanidade. Ubuntu significa também humanidade para com os outros, considerar todas as pessoas com amor igual, nem mais, nem menos importantes.

3Simunye.

Há outra palavra em zulu – simunye – que significa unidade pela força e que somos um só.Ficamos mais fortes na medida em que nos torna-mos num só e assim conseguimos ultrapassar me-lhor as forças divididas, numa única voz de união e de amor.

4Umuntu ngumentu ngabuntu.

Há outra expressão em zulu – umuntu ngumentu ngabuntu – que significa que podemos tornar-nos mais humanos a partir dos outros. Ser humano é também afirmar a humanidade, reconhecendo a humanidade dos demais na sua infinita variedade de conteúdos e de formas.Quanto mais as pessoas entrarem na nossa vida, mais participamos no nosso mundo, na nossa fa-mília,Dizia Nelson Mandela: o espírito do ubuntu – pro-fundo sentimento africano de que nós somos humanos através da humanidade dos outros seres humanos – não é um fenómeno provisório, mas contribui para a nossa procura comum de um mundo melhor.

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28 – sobre a bíbliados conteúdos

Textos “fundadores” do Cristianismo

Passamos a explicar-nos: algumas das cartas de São Paulo são os textos mais antigos do Novo Testamento e passam-nos,

deste modo, uma imagem do que foram as ideias-chave dos inícios das comunidades cristãs, de quais foram as discussões que estiveram na origem da actual configuração da Igreja (concretamente, a questão de um Cristianismo que saísse das fronteiras do judaísmo), enfim também do que significava, para Paulo e para as suas comunidades cristãs, uma experiência pes-soal de Jesus Cristo.Nesta reflexão, será oportuno rever a relação de Paulo com as primeiras comunidades cristãs, tocando um pouco o aspecto das cartas como veículos de comunicação da fé entre este gran-de apóstolo e os primeiros cristãos. Não será, com certeza, uma perspectiva alheia à realidade, olhar para estas cartas como es-critos dirigidos a uma comunidade concreta que, bem depres-sa, se tornam circulares a serem lidas nas várias comunidades cristãs de origem ou, pelo menos, de orientação paulina. Na verdade, Paulo serviu-se de cartas, a par das viagens evangeli-zadoras, para orientar e fortalecer na fé as comunidades cristãs por ele fundadas.As cartas de São Paulo movimentam-se a dois níveis claramente complementares: por um lado, uma parte doutrinal bastante desenvolvida e, por outro, uma resposta às questões concretas da vida de uma comunidade. Talvez seja possível dizer que a segunda parte – a que se pode chamar “moral” – depende am-plamente de quanto foi explicitado a nível doutrinal.Toma-se, aqui, um exemplo clássico, da Carta aos Gálatas, a pri-meira a desenvolver a questão teológica da justificação pela fé em Cristo. Desta carta emergem alguns dados que nos ajudam a compreender as cartas paulinas, a começar pela experiência de fé do próprio Paulo que motiva, posteriormente, toda a ar-gumentação teológico-moral de Paulo. Aí, é visível a experiên-cia de identificação de Paulo com Cristo: “Estou crucificado com Cristo. Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim. E a vida que agora tenho na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus que me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2,19-20). Ora, será esta experiência pessoal de Cristo que São Paulo faz na sua própria vida que o levará a fazer todas as afirmações – por sinal, bem construídas a nível literário – sobre a justificação e, posteriormente, sobre as consequências que a justificação tem na vida dos que foram justificados porque baptizados (a esta última parte das consequências chamamos moral).

Cartas de São Paulo, o ponto de partida para ler a Bíblia.

Nunca é demais voltar às cartas de São Paulo, mesmo se ainda há bem pouco tempo se celebrou o Ano Paulino. De facto, podemos apelidar esses textos de “textos fundadores do cristianismo”

Bem depressa, as cartas de São Paulo tornam-secirculares a serem lidas nas várias comunidades cristãs de origem ou, pelo menos, de orientação paulina.

Estátua de São Paulo, à frenteda sua basílica, em Roma.

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sobre a bíblia – 29dos conteúdos

Textos “fundadores” do Cristianismo

VRicardo Freire

Olhamos para São Paulo, sobretudo como es-critor de cartas e para o modo como o fazia. É essencial – mesmo no caso concreto da Carta aos Gálatas – a argumentação a partir da pró-pria experiência tanto de Paulo quanto da vida dos Gálatas a quem ele escreve que se conjuga com os argumentos da Sagrada Escritura (con-jugando as figuras de Abraão e de David) – “ele-mento excelente” da argumentação doutrinal: conjugando as provas que partem da experi-ência e as que partem da doutrina assumida da Escritura, Paulo poderá fazer o caminho peda-gógico que o fará chegar, de maneira tranquila, à conclusão: somente Cristo pode justificar-nos (cf. Gl 2, 21). De outro modo de que serviria a morte de Cristo? Seria vã e desnecessária, se o crente tivesse de recorrer às obras da Lei de Moisés para se justificar.Tudo isto levará Paulo a olhar para os cristãos como Filhos de Deus que receberam o Espírito de adopção que provoca essa maravilhosa ora-ção do “Abba, ó Pai!” (Gl 4, 6).A Carta aos Gálatas serve ainda para verificar outra dimensão essencial nas cartas paulinas: o afecto de Paulo para com os cristãos. O após-tolo aparece nesta carta como verdadeiro pai daquela comunidade, falando afectuosamente em “dores de parto” que volta a sentir por aque-les cristãos (cf. Gl 4,19), no entanto, tendo sem-pre em vista a pertença desses mesmo cristãos a Cristo que, afinal, é o Senhor também da vida de Paulo. Será o mesmo que o fará afirmar aos Coríntios que, mesmo que tenham tido muitos pedagogos, apenas ele se poderá considerar pai dessa comunidade, porque foi ele que a gerou em Cristo Jesus (cf. 1Cor 4, 15).

Da Carta aos Gálatas emergem alguns dados que nos ajudam a compreender as cartas paulinas, a começar pela experiência de fé do próprio São Paulo que motiva, pos-teriormente, toda a argumentação teológico-moral de São Paulo.

As cartas de São Paulo movimentam-se a dois níveis complementares: um doutrinal e outro de resposta às questões concretas da vida das comunidades.

Estátua de São Paulo, à frenteda sua basílica, em Roma.

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30 – reflexodos conteúdos

Voluntariado, caminho de promoçãoA Comissão Europeia anunciou no passado dia 3 de Junho de 2009, que 2011 será o Ano Europeu do Voluntariado! Mais de 100 milhões de Europeus estão envolvidos em actividades voluntárias, são solidários e, desta forma, fazem a diferença na sociedade. Existe um vasto leque de definições do termo “voluntariado”, o que é mais comum diz que são voluntários as pessoas que se envolvem em actividades de entreajuda, de apoio àqueles que necessitam, na protecção do ambiente, em campanhas de direitos humanos, ou em acções que visam contribuir para que todos tenham um nível de vida decente.Os voluntários estão na origem de muitas acções inovadoras que procuram detectar, dar voz e res-ponder às necessidades da sociedade onde vivem ou das quais têm conhecimento.Todos podem ser voluntários, eles representam a diversidade da sociedade europeia, graças ao en-volvimento de pessoas de todas as idades.O voluntariado, ainda que feito de forma gratuita, não é de graça – necessita e merece o apoio de todos os intervenientes, desde as organizações de voluntariado, até governos, empresas e um am-biente político favorável que inclua um contexto favorável para o voluntariado.Os objectivos do Ano Europeu do Voluntariado 2011, conforme a proposta da Comissão Europeia são: trabalhar em prol de um ambiente favorável ao voluntariado na União Europeia; alicerçar o volun-tariado como parte da promoção da participação cívica e das actividades interpessoais no contexto da União Europeia; capacitar as organizações vo-luntárias e melhorar a qualidade do voluntariado; facilitar o voluntariado e encorajar a criação de redes, mobilidade, cooperação entre organiza-ções voluntárias e outros sectores no contexto da União Europeia; premiar e reconhecer actividades de voluntariado; encorajar incentivos apropriados para indivíduos, empresas e organizações de de-senvolvimento de voluntariado; sensibilizar para o valor e a importância do voluntariado.Todos podem ser voluntários, não é só quem é es-pecialista em alguma coisa que pode ser voluntá-rio. Todas as pessoas têm capacidades, habilidades e dons que podem ser colocados ao serviço de um bem comum. O que cada um faz bem pode fazer bem a alguém, ajudar na promoção humana.Em todas as actividades de voluntariado, assim

como todas as demais actividades, geram um relacionamento que não é uma actividade fria, racional e impessoal. É relação de pessoa a pessoa, oportunidade de se fazer amigos, viver novas ex-periências, conhecer outras realidades. Há um dar e receber, de tal forma que o voluntário doa a sua energia e criatividade mas ganha em troca contac-to humano, convivência com pessoas diferentes, oportunidade de aprender coisas novas, satisfação de se sentir útil. Não há fórmulas nem modelos a serem seguidos. Alguns voluntários são capazes, por si mesmo, de olhar em volta, arregaçar as mangas e agir. Outros preferem actuar em grupo, juntando os vizinhos, amigos ou colegas de traba-lho. Cada um contribui na medida de suas possibi-lidades mas cada compromisso assumido é para ser cumprido. Uns têm mais tempo livre, outros só dispõem de algumas poucas horas por semana. Alguns sabem exactamente onde ou com quem querem trabalhar. Outros estão prontos a ajudar no que for preciso, onde a necessidade é mais urgente. A sua função não é de tapar buracos, a acção voluntária contribui para ajudar pessoas em dificuldade, resolver problemas, melhorar a quali-dade de vida da comunidade. As formas de acção voluntária são tão variadas quanto a criatividade do voluntário e as necessidades da comunidade.A nós cristãos compete promover e participar em acções de voluntariado, correspondendo ao que o papa Bento XVI pediu na sua homilia, na cidade do Porto, que os cristãos não se esqueçam de ser tes-temunhas, sublinhando que “o cristão é, na Igreja e com a Igreja, um missionário de Cristo enviado no mundo”, sem impor, mas propondo, levando a “a razão da esperança” a quem a pede, mesmo a “quem pareça que não”.

Ser voluntário é levar e viver os valores do evangelho

Sabias que:

Símbolo do AnoEuropeu do Voluntariado

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reflexo – 31dos conteúdos

VFeliciano Garcês

Lc 10, 1-12. Todos são enviados a anunciar e cons-truir um mundo novo e melhor. Ser voluntário é levar e viver os valores do evangelho. O mundo novo e melhor é anunciado a todos os povos. Basta levar o que somos e algumas coisas, mas sobretudo empenhar-se em partilhar os conheci-mentos e vivências. Não se podem pedir e exigir muitas coisas, mas ter uma vida austera. Por fim, que a missão do voluntário não seja impor ideias e experiências mas propor um caminho de valoriza-ção e promoção humana.

A Palavra de Deus diz:

Ao longo deste ano que é dedicado ao volunta-riado e à participação activa, todos nós devemos empenharmo-nos em fazer alguma coisa. Não pensar! Não dizer que gostava! Mas fazer! Não importa se é muito ou pouco, mas que o que se fizer fazê-lo porque o pensamos, gostávamos e es-tamos empenhados em o concretizar. Vá lá! Vamos tornar este mundo melhor com o nosso esforço, disponibilidade, partilha e dedicação.

Tenho de:

Procura um local sossegado.

Olha à tua volta e vê em que locais e situações tu poderias ajudar a que esses ambientes ficassem melhores.

Quais as tuas capacidades e valores? O que há de melhor em ti?

Faz uma oração a Deus e agradece o que Ele te concedeu e pede-Lhe que te indique o caminho que deves seguir.

Faz silêncio e reza:

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32 – pai-nossodos conteúdos

Espírito Santo Consolador

VJoão XXIII

Espírito Santo Consolador! Aperfeiçoai em nós a obra que Jesus começou. Tornai forte e contínua a oração que fazemos em nome do mundo inteiro. Apressai para cada um de nós os tempos de uma profunda vida interior. Impulsionai o nosso apostolado, que deseja atingir todas as criaturas. Tudo seja grande em nós: a busca e o culto da verdade; a prontidão para o sacrifício até à cruz e à morte; e que tudo enfim corresponda à oração sacerdotal de Jesus ao Pai Celeste e àquela doação que o Pai e o Filho fazem de vós, Espírito de Amor, para a Igreja e para as instituições dela, em favor de cada pessoa e de todos os povos. Amém.

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Page 33: A folha dos Valentes

outro ângulo – 33do mundo

Dar um pouco mais...

VAlícia Teixeira

O desemprego aumenta, a crise económica e política faz-se sentir… É sinal de que precisa-

mos urgentemente de mudança: estilos de vida, atitudes e valores! Ser voluntário é ser agente de mudança, é ser valente pois contraria a cultura do individualismo, do materialismo que muitas vezes promove a passividade das pessoas. Realmente, não são poucas as vezes que ouço comentários como: “vais perder tempo com essas coisas?”, ou “Quer dizer, não te pagam nada e ainda tens que levar o teu carro e ligar do teu telemóvel? Ia ser comigo!!”Acredito que todos (cidadãos, governos empre-sas) somos responsáveis por um mundo mais humano, justo e solidário, menos desigual e com mais oportunidade para todos: “Sei que o meu trabalho é uma gota no oceano, mas sem ela o oceano seria menor” (Madre Teresa de Calcutá). Os governos e a sociedade civil reconhecem o papel do voluntariado como sector dinâmico da sociedade. Assim, o Conselho de Ministros da U.E., declarou oficialmente 2011, Ano Europeu das Actividades Voluntárias que Promovam uma Cidadania Activa. (será que em 2012 as pessoas que me fazem estes comentários irão acompa-nhar-me?). Para participar é só dar o primeiro passo.

1.º Antes de decidir pense: – Porquê é que quero ser voluntário?– Qual a minha área de interesse?– Que aptidões tenho/ou gostaria de desenvolver?– De que tempo disponho?– Qual o nível de responsabilidade que estou disposto a assumir?

2.º Procure uma insti-tuição/organização:

– Que vá ao encontro das suas preferências, dentro do seu local de residên-cia.– Estabeleça contacto directo e participe numa actividade pontual.– Procure perceber a missão da instituição/organização e o enqua-dramento da sua colabo-ração nele. Convém que a sua prestação seja bem definida. Se não obter uma resposta imediata inicie uma nova busca. Há quem precise de si.

3.º Não desanime:– Apesar de estar a ajudar de forma gratuita, não significa que o seu tra-balho não possa ser criticado. – Não espere ser constantemente elogiado.– O trabalho voluntário exige o mes-mo grau de profissionalismo que numa empresa, senão maior. Existem regras a seguir.

Curiosidade:Ajudar faz bem à saúde!Pesquisas confirmam que ajudar o próximo, além de proporcionar benefícios na alma, reduz o stress combate a insónia e a depressão.

Com o serviço voluntário, a sociedade ganha uma melho-ria do nível de formação, pois desenvolve lideranças, estimula a solução de problemas, articu-la e amadurece a sociedade e constrói a cidadania com base na cooperação, solidariedade e compromisso. Muitos podem achar que isso tudo é utopia, mas não é impossível! “Quem quer alguma coisa arranja uma solução, quem não quer arranja uma desculpa”. Sai de casca, dá um pouco mais do que tens e adere ao voluntariado!

Contrariar a cultura do individualismo, do materialismo e da passividade

Indico aqui alguns sites (nacionais) que informam o procedimento adequado, os direito e deveres do voluntário e ajudam a procurar uma instituição:

http://www.voluntariado.pt/http://www.bolsadovoluntariado.pt/

http://www.juventude.gov.pt/Eventos/VoluntariadoJovem/Paginas/

AnoEuropeudoVoluntariado.aspx

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34 – novos mundosdo mundo

Sudão do Sul, um novo país em 2011

VZé Nobre

No final de Outubro de 2009, o presidente do Governo do Sul do Sudão, Salva Kiir Mayardit, disse aos participantes no lança-mento de uma longa cruzada católica de oração de 12 meses pelo referendo no Sul do Sudão que os eleitores tinham duas escolhas: ou a unidade e aceitarem ser cidadãos de segunda classe no seu próprio país, ou a separação, a fim de serem pes-soas livres.Os comentários de Kiir provocaram controvérsia em Cartum. Como primeiro vice-presidente da República, deveria defender a unidade do Sudão, argumentaram, em vez de alinhar com os separatistas. Mas Kiir respondeu que, durante o período transi-tório, o Norte não mostra a unidade atraente porque não inves-te dinheiro nenhum no desenvolvimento do Sul do Sudão.

SeparaçãoOs Sul-Sudaneses estão preparados para a escolha de separação no referendo para a autodeterminação em 9 de Janeiro de 2011. O Instituto Nacional Democrático (IND) realizou uma sondagem em todo o Sul do Sudão e a maioria disse que vai votar para a separação no plebiscito.Andrea Levy, responsável da pesquisa do IND, explicou que a sondagem foi realizada entre sessenta e três grupos de chefes, an-ciãos de diferentes faixas etárias e diversos níveis de educação de diferentes Estados. “Basicamente, desde 2004 que temos a mesma pergunta nos nossos estudos e que sempre encontrou forte apoio à secessão. As pessoas falam da opressão passada e a marginaliza-ção que sentem vinda do Norte. Sentem que terão mais direitos e liberdade num Sul independente. E as pessoas falam sobre a capa-cidade do Sul para o controlo dos seus próprios recursos. E muitos acham que o Sul do Sudão em dez anos será como o Quénia e o Uganda, porque o Sul controlará 100 por cento dos seus recursos”, acrescentou.

MedosOs países vizinhos não vêem os separatistas do Sul do Sudão com bons olhos. O mais vociferante é o Egipto, mas não é o único pre-ocupado com um Sul do Sudão independente e as consequências que isso traria para a região e para a África em geral.O ministro dos Negócios Estrangeiros egípcio, Ahmed Aboul Gheit, foi citado como tendo dito que o Sul do Sudão preparava o referendo à pressa, sem conceder ao processo o devido tempo. Gheit disse temer que a votação poderia provocar uma onda de violência no país e uma nova vaga de refugiados sudaneses a in-vadirem o Egipto. Em vez de independência, propôs uma “solução confederal” para o Sul do Sudão no grande Sudão, embora não te-nha acrescentado pormenores sobre a forma como funcionaria.O Chade também está nervoso em relação à independência do Sul do Sudão, porque tem o mesmo problema: a divisão Norte-Sul, com os árabes muçulmanos, por um lado, a controlarem o país, e os cristãos negros, do outro lado, a financiarem o Estado

referendo para a autodeterminação em 9 de Janeiro

TensõesApesar de os preparativos terem corrido bem, pairam algumas nuvens negras sobre os céus do Sudão. Durante o período inter-calar, os dois exércitos no Norte e no Sul reforçaram o armamento. O Norte adquiriu material militar novo à Rússia e à China, incluindo aviões de combate e sistemas de mísseis de longo alcance, enquan-to o Sul reforçou a sua divisão de tanques e diz ter comprado helicópteros militares que estão estacionados no Uganda.Os exércitos do Norte e do Sul estão, à cautela, a preparar-se. Em Juba, as defesas antiaéreas foram reforçadas. As pessoas que vivem ao longo das estradas que condu-zem ao Norte viram muito material bélico pesado passar. Dantes, este material era transportado de noite e hoje em dia é feito em plena luz do dia, numa demonstração de força.Por outro lado, o Sul acusa o Norte de posicionar as suas forças em re-dor de Abyei, Malakal, montanhas Nuba e Nilo Azul do Sul, áreas que os observadores classificam como pontos quentes no caso de a guer-ra eclodir de novo. E o Norte acusa o Sul de fazer preparativos para ocupar Abyei pela força.

Sudão do Norte

Sudão do Sul

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novos mundos – 35do mundo

Sudão do Sul, um novo país em 2011

VJosé Vieira –MISSÃOPRESS

Uma nova Somália?Cartum afirma frequentemente que a independência do Sul do Sudão representará o emergir de uma nova Somália. O ano de 2009 foi um ano bastante violento no Sul do Sudão, com conflitos intertribais com dois milhares de mortes, e mais de duzentos e cinquenta mil desalojados e que espalhou a fome e a miséria na região. O contador este ano já vai nos novecentos mortos e duzentos e quinze mil deslo-cados.Estatisticamente, a Terra de Kush, como os Sul-Sudaneses gostam de chamar ao seu lugar, não é ne-nhum paraíso. A pobreza, a violência, a corrupção, as doenças e o analfabetismo campeiam.Os desafios que o Sul do Sudão enfrenta são enormes, mas o seu povo já decidiu seguir o seu próprio ca-minho. Se o Norte boicotar a 9 de Janeiro de 2011 as eleições, os membros da Assembleia Legislativa do Sul do Sudão – que foram eleitos em Abril – vão provavelmente fazer uma declaração unilateral de inde-pendência. Afinal, o CPA diz que o referendo é um meio, entre outros, para os Sul-Sudaneses alcançarem a independência. E já há um precedente histórico: os Sudaneses deveriam ter votado num referendo se queriam a independência ou permanecer unidos ao Egipto antes de 1956, mas o Parlamento de Cartum optou por uma declaração unilateral de independência reconhecida pela Inglaterra e pelo Egipto, que governaram o Sudão sob um consórcio.

referendo para a autodeterminação em 9 de Janeiro As IgrejasAs Igrejas têm apoiado o direito à autodeterminação para o Sul do Sudão em todo o processo até às negociações de Machakos, no Quénia, onde o referendo foi acordado entre Cartum e os representantes do SPLM.A Igreja Católica liderou uma campanha pró-referendo sob a bandeira “Deixem que o meu povo escolha” e juntou-se a outras Igrejas no lóbi de apoio, especialmente junto da União Europeia e dos EUA.Em Julho de 2010, os bispos católicos escreveram um docu-mento intitulado: “Um futuro cheio de esperança” no final da sua assembleia plenária em Juba. Chamaram-lhe mensagem de esperança e chamamento para a acção. Acrescentaram que o país estava num momento histórico, um momento de mudança e concluíram que o Sudão nunca mais será o mesmo.Os bispos instaram os líderes do Norte e do Sul a garantirem que os referendos para o Sul do Sudão e para Abyei devem ser preparados de forma livre e justa, e que os resultados serão reconhecidos e respeitados.A acção mais emblemática são os 101 Dias de Oração por um Referendo Pacífico a decorrer desde 21 de Setembro de 2010 – o Dia Internacional da Paz, patrocinado pelas Nações Unidas – e 1 de Janeiro de 2011– o Dia Mundial da Paz da Igreja Católica. A iniciativa está a ganhar ritmo e sinergias a cada dia através da oração e de muitas outras iniciativas em todo o país que promovem a paz e a reconciliação. No entanto, alguns observadores alertam para o facto de que a Igreja no Norte pode sofrer um retrocesso se o Sul se separar. A Igreja registou um enorme crescimento devido a milhões de sul-sudaneses que fugiram da guerra e se refu-giaram no deserto em redor de Cartum. É possível que o re-gime islâmico possa nacionalizar os bens da Igreja no Norte do país – principalmente as escolas que foram construídas para ensinar os Sul-Sudaneses – caso haja secessão.Os bispos decidiram que o Norte e o Sul farão uma única conferência episcopal, mesmo que o Sul se torne indepen-dente.

Seja como for, o presidente Kiir afirmou muitas vezes que não queria levar o Sul do Sudão à guerra, embora se tenha reservado o direito de autodefesa se as forças do Norte atacarem o Sul.Em Novembro, as forças do Norte bom-bardearam posições no Sul do Sudão por duas vezes provocando uma vin-tena de feridos. O Norte nega que os seus heli-canhões tenham disparado contra posições do exército do Sul do Sudão, mas fontes independentes con-firmaram os ataques que provocaram o deslocamento de mais de um milhar de pessoas.O porta-voz do SPLA disse que o Sul não retaliava porque não queria que os ini-migos da paz descarrilassem o processo do referendo.

P.e Jose Vieira, missionário Comboniano português, Chefe de Redacção da Rádio Bakhita em Juba.

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36 – planeta jovemdo mundo

VLeonor Garcia

Ano Novo, vida novaChegou 2010! Mais um ano completamente novo na nossa vida. Uns suspiram pelo ano que passou,

outros desejam imensamente que o novo ano se instale nas suas vidas, como uma preciosa lufada de ar fresco; muitos outros lamentam o facto de como o tempo passa a correr, velozmente, sem parar… e sobe-lhes aos lábios a comum expressão “ainda há pouco estávamos no Verão e de repente já estamos em 2011!”.No entanto, esta continuidade do tempo é algo que será sempre constante na nossa vida. E temos de saber viver com ela! O tempo não espera por ninguém… E nós temos de o acompanhar, de crescer e de envelhecer com ele. E isso traduzir-se-á sempre naquilo que fazemos e naquilo que somos.O tempo leva com ele o trajecto do nosso caminho pessoal e social. Talvez por isso se foi formando a tradição das “resoluções de ano novo”. Há quem faça uma lista daquilo que deseja mudar na sua vida, para cumprir determinadamente no novo ano que entra. E, por vezes, essa lista determinada até dá muito fruto! No entanto, é preciso saber pensá-la, saber alinhar o rumo, não só connosco próprios, mas também com o nosso “eu” em sociedade e em Cristo. É pois necessário que, quando há a intenção de formular resoluções para o ano novo, essa lista seja pensada em função de nós e dos outros, pois sem o “outro” o Homem não se pode realizar plenamente. E claro, com Cristo sempre presente também. Essa tal lista não deve ser muito grande, para não ficar muita coisa por cumprir… e não levar a possíveis esmorecimentos! O que sugerimos então? Que pensemos primeiro em 3 objectivos principais a atingir, que se relacionem directamente com o “eu”:

1 – Algo que me faça crescer mais para Cristo, primeiro, pois sem Ele não sou nada e a Ele tudo devo. Nunca poderei agradecer-Lhe em plenitude pelo que faz por mim, portanto que posso eu fazer por Ele este ano? Que mais Lhe posso dar?2 – Algo que me ajude a orientar melhor a minha vida académica ou profissional. Temos o dever e o direito de nos realizarmos no trabalho.3 – Algo de que eu necessite muito no meu íntimo e ainda não tenha conseguido alcançar, mesmo que seja um bem material (pois também necessitamos dos bens materiais para viver).Seguidamente, sugerimos que escolhamos outros 3 objectivos, agora relacionados com o “ou-tro”:4 – Pensar em que aspectos tenho eu negligenciado a minha família. Tentar prestar mais atenção a essas faltas específicas, neste novo ano. A família está sempre presente na nossa vida, sem ela não existíamos… Portanto, está na altura de devolver os gestos de carinho que dela temos recebido.5 – Reflectir sobre o modo como abordo os meus colegas e os meus amigos. E não nos referimos apenas à simpatia; falamos também da presença e da amizade verdadeira, quando mais somos pre-cisos.6 – Por fim, escolher um ponto, ou vários pequenos pontos, onde posso ser solidário, ou seja, onde posso dar um pouco de mim, partilhando a minha existência com quem mais precisa. Não são necessários grandes gestos de generosidade, nem grandes quantias em dinheiro… basta reparar-mos na vizinha idosa e sozinha, que todos os dias encontramos à janela, e cumprimentar quando a vemos, perguntar se está tudo bem e deixar um sorriso…

Tudo isto são exemplos, pequenas dicas de como podemos orientar a nossa vida em mais um ano novo que entra. Cada um poderá re-flectir e tirar de cada um destes seis objectivos o que melhor se adaptar à sua vida. Comecem por pequenas coisas, que conseguem cumprir no dia-a-dia, e sejam-lhes fiéis. Mais vale pou-co, mas bem!Um excelente ano de 2011 para todos, na paz de Cristo!

A continuidade do tempo será sempre uma constante na nossa vida

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nuances musicais – 37do mundo

Plágios

VFlorentino Franco

Para a maioria das pessoas, certo tipo de plágio pode ser considerado uma mera inspiração. É

certo que cada músico tem as suas influências e até fica bem revelá-las. Este é um tema que gera sempre alguma polémica e que por vezes se torna um quebra-cabeças para músicos, compositores, e para os que literalmente roubam o trabalho de outrém.Mas afinal o que é que pode ser considerado plágio nu-ma música? Apesar de haver determinadas regras, que são diferentes em vários pa-íses, nomeadamente aquela de que é plágio quando há mais do que sete compassos seguidos na melodia, não se torna assim tão simples de definir o ponto de que é uma cópia ou uma ligeira imitação. A definição exacta, só se consegue com um estudo comparativo. Geralmente os críticos olham para a melodia e aparelham a se-melhança numa pequena sequência. O complicado é que nessa pequena sequên-cia de compassos, a melodia pode até ser igual mas o ritmo diferente, e depois entra a harmonia que pode camuflar ainda mais a subtil cópia. Aqui em Portugal, temos exemplos descarados de có-pias, algumas assumidas por cantores de renome, outras tentam ficar escondidas em

Afinal o que é que pode ser considerado plágio numa música?

explicações ambíguas, remetendo a acusação para uma justificação de calúnia. Falando de exemplos flagrantes internacionais, temos um caso que fez correr muita tinta por ser uma música que acabou por ganhar o Grammy da National Academy of Recording Arts and Sciences. Estou a referir-se a Viva La Vida da “grande banda” Colplay. Este tema foi reclamado por Joe Satriani que até lhes moveu um processo judicial e por Cat Stevens, que mais tarde veio a dizer que lhes perdoava o plágio.

No Youtube podemos encontrar várias referências a Viva la Vida paralelamente com If I cloud Fly de

Satriani demonstran-do as escarrapacha-das semelhanças tan-to em harmonia como melodia. No entanto tem o pormenor de que a melodia é se-melhante, mas não exactamente igual em sete compassos seguidos. Se foi in-tencional o plágio, is-so é um bom disfarce, mudar uma nota ou duas… ou três. Hoje em dia, com a imensidão de pro-dução diária que sai para o mercado, é cada vez mais difícil compor algo origi-nal, é impossível não sair algo semelhan-te, nem que nunca tenhamos ouvido antes essa composi-ção e esta estar a ser feita noutra parte do Planeta. Na minha opinião, para afastar polémi-cas, visto realmente haver as semelhanças

entre uma música e outra, aos membros especia-listas da National Academy of Recording Arts and Sciences deveriam ser mais sensatos e consagrar a atribuição do prémio a outro artista nomeado. A não ser, claro, que esses prémios sejam realmente capitaneados nos bastidores pelas editoras que representam os artistas, como é especulado na opinião de alguma imprensa especializada. Mas isso é um outro assunto a debater mais à frente.

Hoje em dia, com a imensidão de pro-dução diária, é cada vez mais difícil compor algo original.

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38 – cuidar de sido bem-estar

Depois da mesa farta

VJoão Moura

“E lá se passou mais uma Festa”... Assim se descreve, num misto de saudade desanimada e

força retemperada, o fim do Natal na terra de onde vos escrevo... A Madeira...Depois de um mês onde mesa farta, copo cheio e excessos alimentares vários são a regra, urge re-orientar o comportamento alimentar para o eixo correcto ou, pelo menos, mais normal.Desenganem-se aqueles para quem a “saladinha em vez do almoço e do jantar” poderá bastar... Esse tipo de dietas restritivas são em regra nocivos para o organismo, muito incompletos e com um grau de adesão baixíssimo... Ou seja, não são fáceis de manter.Qual a melhor maneira? Retirar entre 500 a 1000 calorias da alimentação diária habitual, e ter um especial cuidado na composição da refeição. O prato ideal é o que tem 60% de hidratos de carbono (preferencialmente complexos a partir de frutas, legumes, cereais integrais), 30% de gorduras (preferencialmente menos de 10% na forma saturada, ou seja, menos manteiga ou molhos e mais leite e derivados desnatados e magros) e 20% deproteínas. As fibras, podendo ser obtidas em diversos alimentos como a fruta, devem ter um consumo diário a rondar as 30 g. Por fim, mas não menos importante, a água, 1,5a 2 litros diários são mandatórios!Mas como “nem só de pão vive o Homem”, também este cuidado alimentar de nada serve sem o exercício físico. Este deve ser aeróbio (andar, correr, nadar...), com a duração mínima diária de 45 minutos e poderá ser feito em períodos separados. Como é costume,o período pós-Natal será fértil em anúncios a produtos “milagrosos” que prometem recompor, no imediato, o estrago que o Natal “gastronómico” provocou... Meus caros, milagres, só mesmo aqueles que estão documentados em Roma... Aceitem os meus conselhos...

1. Comam pouco de cada vez, saboreando, falandoe convivendo... Meio prato bastará para saciar.2. Comam o que é saudável... Qualquer um de nós tem um dever cívico de manter a sua saúde.3. Vão cantar os Reis e varrer os armários... O que importa é mexer-se!

O que importa é mexer-se!

conselhos

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dentro de ti – 39do bem-estar

Recomeçar

VCosta Jorge

Um novo ano e tudo recomeça. A nossa vida é um constante recomeçar. Por isso tem um

grande desafio: criar os alicerces necessários para o próprio crescimento e bem-estar. É neste pro-cesso onde descobrimos que “construir a vida” não é uma tarefa fácil. É difícil. Exige tempo, cuidado e atenção. É esta capacidade de ultrapassar os obstáculos e as difíceis provações que nos torna pessoas corajosas e sem medos.

É verdade que a capacidade de sonhar tem come-çado a ficar amputada. Tanta gente sem capaci-dade de sonhar atravessa a estrada da vida sem sentido e sem saber o potencial adormecido que mora neles. Perdem a oportunidade de recome-çar. Mas ficar apenas no sonho é próprio dos perfec-cionistas. Esperar a perfeição em nós próprios ou nos outros apenas serve para criar padrões impos-síveis que pode levar a uma espiral descendente de pensamentos negativos, que por sua vez con-duz à auto-crítica, à insatisfação, à frustração, ao ressentimento e uma atitude passiva. Se viver sempre preocupado por atingir a perfei-ção em termos irrealistas poderei chegar à conclu-são que os meus esforços são contraproducentes.Obrigar-me a satisfazer expectativas impossíveis provoca stress, ansiedade e esgotamento. O per-feccionista estimula uma competitividade que não é saudável e pode promover comportamen-tos que não são éticos, por exemplo ficar com os méritos do trabalho dos outros ou afirmar que possui qualificações profissionais inexistentes.

Em vez disso, para recomeçar e para que o sonho se torne realidade, tenha uma meta concreta pa-ra a sua vida. Que a meta seja consciente, con-creta e com expectativas a nível optimal. Se as expectativas forem demasiado altas, pode não chegar à meta. Esforce-se por ser competente, por executar as tarefas de forma óptima. Tenha a capacidade de superar o erro no tempo opor-tuno sem esmagar ninguém. Aprenda a arte de perdoar-se a si próprio e aos outros para poder levantar-se e recomeçar. Saiba tirar satisfação em cada tarefa, sem se fixar logo no resultado fi-nal. Se não conseguir atingir o objectivo perfeito (impossível), não significa que tenha fracassado. O fracasso deve-se em primeiro lugar ao facto de o objectivo ser impossível de alcançar.Reconhecer que é preciso mudar, quando tudo parece estar perdido, é o primeiro passo para recomeçar uma vida nova.

Cuidado com as expectativas demasiado altas!

Ao recomeçar há uma questão impor-tante que devemos colocar a nós pró-prios: Se estamos ou não a ser razoáveis com os nossos desejos e expectativas. É que expectativas irrazoáveis levam ao desapontamento, à desilusão e à infeli-cidade. As expectativas razoáveis abrem o caminho para o sucesso, para a satisfa-ção e para o rendimento excelente.

atenção!

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40 – mão amigado bem-estar

Hesitar ou decidir

VCláudia Barroso

Há pessoas que mesmo perante situações simples e pouco significativas da vida não conseguem mesmo decidir.

Outras decidem sem ponderar devidamente, tanto nas coisas rotineiras da vida como nas grandes opções… Eu própria dei comigo a perder oportunidades que nunca mais voltarão. Muitas vezes, tenho dificuldade. Quem de nós já não passou por isto? Decidir não é fácil, sobretudo se a nossa decisão diz respeito a algo importante que implicará o nosso futuro.Os estudos recentes sobre os jovens apontam claramente e unanimemente a incapacidade de decidir e de se comprometer como uma das mais frequentes características da complexa condição juvenil. Será assim tão difícil decidir, comprometer-se e ser constante? E serão só os jovens que têm “aversão” a compromissos a longo termo?Haverá alguma coisa ou alguém que me garanta que amanhã posso ser fiel ao que hoje jurei “a pés juntos”?Antes de mais, tudo o que é humano é complexo, mas nem tudo é complicado. Complexo porque tecido numa rede infindável de circunstâncias, sentimentos, possibilidadesrelacionadas entre si. Porque complicado normalmente é algo que foi tornado complexo sem necessidade e com existência de clara dificuldade em resolver.Tudo o que tem de ser decidido deve aparecer à nossa mente como uma oportunidade de exercício da nossa liberdade e da nossa inteligência. É claro que os sentimentos também entram, mas temos de saber controlá-los. O “tamanho” de uma escolha deve ser medido a partir do grau de implicações que ela traz à nossa vida no seu global, no projecto pessoal da existência. Quanto mais for “vinculante”, tanto mais exigente deve ser a ponderação, onde devem entrar elementos como “o Bem”, o bem comum, a verdade, a honestidade, a felicidade minha ou dos outros…Há muitos meios para obtermos ajuda nas escolhas importantes da vida. Uma pessoa sábia e experiente, uma bom amigo, pessoas equilibradas e com uma visão positiva e realista da vida…Sabendo que raramente encontraremos as certezas absolutas para as coisas mais importantes da vida, às vezes temos de arriscar. Depois de fazermos um bom percurso de “discernimento”, é importante decidir e “agir em conformidade”.Mesmo que o mundo de hoje nos proponha a vida à mercê da moda, sem compromissos estáveis, eu acredito que quem decide bem e é constante e coerente é mais feliz e mais pessoa!

Hesitar eternamete ou decidir precipitadamente?

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da juventude

Cristo precisa de ti!

VCatarina Ferreira

Foi assim que começou mais um encontro da Juventude Dehoniana-Açores, no dia 2 de

Dezembro, no Centro Missionário. Fomos à volta de 50 seres humanos desejosos de escutar dois missionários combonianos, a darem o seu tes-temunho do que é estar em missão. Depois de se gerar um ambiente acolhedor, que é próprio de quem se reúne em nome de Jesus, os nossos irmãos prosseguiram as simples palavras carrega-das de amor que tinham para partilhar.Aprendemos que ser missionário é alguém que acima de tudo tem experiência da pessoa de Jesus Cristo. É aquele que sai das “suas raízes”, deixa de se centrar em si, no seu próprio meio e se situa na pessoa de Jesus. É aquele que se disponibiliza para a missão e que tem a atitude do Bom Samaritano, inclina-se diante do outro, vai ao encontro dos mais pobres, dos mais necessitados. Quando a nossa primeira tendência é pensar que ser missio-nário é para os outros, ficamos a perceber que para

o ser, apenas é preciso ter um coração grande, um coração que partilha a sua vida e a sua experiência com a pessoa de Jesus.Em tempos tão difíceis que se vivem, de falta de valores e de afastamento de Deus, no seio interno de muitas famílias, nós jovens, nós homens, nós mulheres, somos a mais recente mensagem de Deus em actos e palavras, somos a “única bíblia” que muitos lêem e vêem. Por isso, Cristo precisa de ti! Quer a tua ajuda para amar! Sê Cristo no meio onde andas, sê Cristo no meio onde te divertes, sê Cristo na tua família! Sê ouvidos que escutam, sê lábios que abençoam e bendigam, sê braços e coração que acolhe, que ama!Neste ano que se sente cada vez mais próximo, vamos mostrar a tantos outros que a fé não nasce no vazio. Existem sinais que nos sugerem a pre-sença de um Deus terno, próximo de nós. Vamos procurar estes sinais. O maior é o amor! Vamos ter a coragem daqueles que amam sempre, mesmo numa cultura de violência e de indiferença. Vamos ter gestos de perdão, de amor gratuito, que só se explicam pela presença de Deus na vida das pes-soas. Vamos ter a capacidade de servir os outros sem esperar recompensa. Vamos ter o empenho de transformar uma sociedade injusta numa casa acolhedora para todos...Ser missionário é ter Jesus no coração.

Um santo e próspero ano novo 2011.

“Ide e ensinai todas as nações. Eu estarei convosco até ao fim dos tempos...” (Mt 28)

jd-Açores – 41

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42 – jd- Lisboada juventude

Sintonizados

VNuno Pacheco

O mês de Dezembro foi o mês em que rea-lizamos a primeira grande actividade com

todos os grupos que iremos acompanhar mais proximamente ao longo deste ano, a que de-mos o nome de Sintoniza-te2. Foi isso mesmo que acabou por acontecer neste encontro, realizado no dia 19: saímos do encontro sinto-nizados uns com os outros e com o plano de actividades que será desenvolvido pela JD Lis-boa ao longo do ano.Como o tema inspirador para este ano é a Comunhão Eclesial, desenvolvemos um gran-de puzzle com a palavra IGREJA e demos a cada um dos grupos de jovens uma parte das letras que formam essa palavra, convidando-os a ornamentarem-na com imagens de pessoas. A comunhão eclesial só se faz com a presença de todos e com o trabalho de todos, e, por isso mesmo, cada grupo, durante o ofertório da Missa do Sintoniza-te2, ofereceu a sua peça e

Sintonizados

no final foi possível montar todo o puzzle. O grupo de jovens da paróquia de São José do Bairro da Boavista preparou uma vigília de oração como forma de viverem mais fortemente este tempo de Advento, na esperança do Senhor que vem. O convite, endereçado a toda a comunidade paroquial, teve como resposta a adesão por par-te de um bom grupo de pessoas. Após a oração, seguiu-se um momento de agradável convívio fraterno no salão paroquial, onde foi possível en-trar em contacto com uma nova realidade e com novas pessoas.

Primeira grande actividade JD-Lisboa

Para o mês de Janeiro, estamos a programar uma noite de cinema seguida de discussão de um tema religioso da actualidade de in-teresse para os jovens, com o objectivo de nos reunirmos todos e de alicerçar os laços que nos unem, dando a conhecer melhor um pouco do que diz a doutrina da Igreja sobre o tema que for “discutido”.

A equipa da JD Lisboa deseja a todos os leitores de A Folha dos Valentes um Ano Novo muito feliz e próspero!

Para Janeiro...

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jd-Madeira – 43da juventude

A JD-Madeira estima a espera

VAntónio Pedro

Retiro de advento

Vindos de toda a parte da ilha da Madeira, acorreram ao Terreiro da

Luta – Funchal – uma multidão de milhares de jovens para pararem durante um fim-de-semana, 4 e 5 de Dezembro, e saborearem o sentidoda “espera”; significado do Advento,e, porventura, essencial da vida cristã. Esta introdução até podia ser verdade, mas não era a mesma coisa...com uma multidão ninguémsaboreava coisa alguma: Jesus contou com doze, nós contámos com oito. Tempo houve para repensarmos o tempo da espera noregisto sensorial, como o tempo entre a mesa e a cozinha, em que o apetite cresce com os cheiros e os barulhos, ondeo desejo aumenta com as esperas e os aperitivos, onde os sentidos se despertam à surpresa... Este convite serviu de ponte paraa leitura do livro “Cântico dos Cânticos”, essemanual dos amantes, em que a espera seapresenta como o tempo da busca, da procura, da memória e da re-leitura, do gosto e do espanto, da criação e da re-criação, da surpresa e da novidade de vermos tudo como no primeiro olhar... A espera não comoinacção mas como um fazer acontecer, como super-acção no registo da amizade, da vida grande que se dá, como Natal: fazer Jesus nascer em cada irmão. Entre tempos a sós e tempos partilhados, entre oração comum e pessoal, entre mesa preparada e mesa repartida, entre o prazer de “com-viver” e a loucura de jogar “party & co.”, esse monumento à inteligência, tudo serviu para repensarmos o sentido do Natal e para o saborearmos de novo, como que pela primeira vez.

Jantar de Natal

Sendo o espaço da refeição o espaço da semelhança, do gosto, do adensar dos sentidos, do cuidado e do serviço

do outro, da amizade sem medida, do “excesso de amor” – di-ria Clarice Lispector, e Jesus em casa dos amigos de Betânia –, a JD Madeira celebrou no dia 16 à mesa o Natal, a amizade a acontecer, o amor por acabar...

Tempos a sós e partilhados, oração comum e pessoal, mesa preparada e repartida

O brilho da mesa prolongou-se no brilho das luzes da cidade do Funchal, lembrando o brilho de quem reflecte a luz que nos chega.

Como se diz em bom madeirense: “eu cá estimei”.

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é a “Cabeça” e nós, os seus “Membros”. Igreja, esta, que deve ser comunidade, comunhão, entrega, doação, o “nós” e não o “eu”….Ao longo do encontro, tivemos diversas activida-des, desde os momentos individuais, para reflectir, meditar, rezar (etc.), aos momentos de grupo, on-de algumas pessoas puderam partilhar e testemu-nhar a sua filosofia de vida, se assim o podemos dizer, e os seus momentos bons e menos bons.Por volta das 13h00, já se ouviam as “barrigas a roncar”. Foi um momento de partilha fraternal, com comidas e cânticos (em destaque as meninas Zeca, Resende e Márcia).Antes do ponto culminante da vida do cristão, que é a missa, ainda tivemos um tempinho para mais uma reflexão, acerca do tema.A eucaristia foi uma das mais belas em que já par-ticipei. Foi a missa “oficial” de Betânia, às 16h00, mas foi animada por nós, os elementos do retiro. No momento da homilia, o P.e Manuel Barbosa convidou os jovens a subirem ao altar para po-derem partilhar aquilo que fomos reflectindo ao longo do encontro.

Acabada a celebração e o retiro, tivemos ainda tempo para um outro tipo de oração, organizada pelo Secretariado da Juventude Dehoniana do Porto, do âmbito dos Encontros de Advento da Família Dehoniana do Porto. Consistiu, numa pri-meira parte, na apresentação dos presentes e um breve historial dos Dehonianos em Betânia, pelo P.e António Augusto. Numa segunda parte, que se realizou na capela, consistiu na exposição e ado-ração ao santíssimo. No final, foi-nos perguntado, por parte do P.e Paulo Vieira, se gostámos deste en-contro, e alguém respondeu “siiiiiimmmmmmm”.Terminando um dia diferente e especial, mas ao mesmo tempo cansativo, cada um regressou para os seus “aposentos”, mais rico alegre e em Comunhão Eclesial.

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Retiro em família

Eu atrever-me-ia a dizer que a “génese” de um encontro deste tipo está no dia anterior pois

todos os momentos ditos “grandes” merecem uma preparação, uma reflexão antecipada, pen-sada e concreta. Uns preparam os alimentos que hão-de levar. Um exemplo concreto: por volta das 18h00, no dia anterior, alguns postulantes, nomeadamente o Joaquim e o David, preparavam uns panadinhos “à maneira”, entre outros “comes e bebes”, para o dia seguinte. Mas, há outros que se preparam de uma forma diferente, isto é, pre-param o seu interior, o seu íntimo, o seu espírito, para poderem estar, o mais dignamente possível, diante do Senhor.O retiro começou pelas 9h30, do dia 12 de Dezembro. É certo, que há sempre alguns que se atrasam, mas enfim… Foi um retiro para toda a Família Dehoniana.Iniciámos o encontro com uma outra forma de louvar o Senhor, que é através dos cânticos. De seguida, fez-se as apresentações. O orientador do retiro, P.e Manuel Barbosa, propôs como tema: “Comunhão Eclesial”. De uma forma resumida, transmitiu o seguinte: nós devemos ser Igreja, não no sentido material, mas sim, e para além disso, devemos ser uma família, na qual Jesus

Igreja deve ser comunidade, comunhão, entrega

VJorge Ganilo

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jd-Porto – 45da juventude

Encontros de AdventoFamília Dehoniana do Porto preparou Natal em conjunto

Envolvidos no espírito natalício reunimos a família JD do Porto numa ceia de Natal. As postas de bacalhau foram substituídas pelo franguinho com batatas fritas de pacote. A ementa não era importante, o importante era o clima, que se fazia sentir naquela sala. A partilha, a alegria, o carinho e o calor humano, fizeram daquela ceia uma verdadeira ceia natalícia. Não faltou a música, uns fados de arrepiar, e umas músicas para animar. Umas vozes mais afinadas, outras nem tanto, mas a animação fez-se sentir por todos. A Sueca ocupou boa parte da noite: todos ganharam! Como festa é festa, e como lá fora o frio apertava, não podia faltar a famosa poncha. Testemunhámos que somos uma grande família.

Natal JD - Porto

O Secretariado da Família Dehoniana do Porto, composto pela Emília Meireles, o Fausto

Oliveira, o José Luís Freire, o Pe. Paulo Vieira e a Serafina Ribeiro, propôs encontros para toda a família nos domingos do Advento, à tarde. A ideia era juntar os membros da família para uma hora de reflexão e oração com um tema de advento numa perspectiva dehoniana, preparada por diversas componentes da família.Comunidade da Paróquia da BoavistaNo dia 28 de Novembro, foi na Paróquia Boavista onde o Pe. Carrara lembrou a história da primeira comunidade dehoniana no Porto e o Pe. Feliciano nos brindou com um momento de reflexão e oração. Depois o breve convívio e o matar de saudades de irmãos há muito”ausentes”.Comissão de Antigos AlunosA 5 de Dezembro, foi no Seminário Missionário Pe. Dehon, onde a Comissão de Antigos Alunos feliz e entusiasmada preparou uma bela oração e reflexão sobre “o esperar” do Advento, à luz do Padre Dehon. O Pe. João Nélio apresentou-nos a história da casa. Apesar de a tempestade ter não ter permitido a vinda de muitos participantes, o encontro foi muito rico!Secretariado da Juventude Dehoniana No dia 12 de Dezembro, a família encontrou-se de novo, desta vez em Betânia. Terminado o Retiro de Advento da JD, aberto a toda a Família Dehoniana, das 17 às 18h00, o Secretariado da Juventude Dehoniana do Porto proporcionou-nos um belo momento de adoração sob a égide da Alegria, própria do 3º domingo do Advento, inspirado em pensamentos do nosso Fundador.

Grupo Missionário de SobrosaO último encontro foi no dia 19 de Dezembro, preparado pelo Grupo Missionário de Sobrosa. O Pe. António Augusto apresentou o Centro de Espiritualidade de Betânia e o grupo missionário animou a reflexão sobre “o acolher” com dinâmi-cas, música imagens, cor, testemunhos e oração!

Em breveEm breve participaremos no Segundo Encontro Nacional da Família Dehoniana, de 14 a 16 de Janeiro e já temos outras iniciativas da Família Dehoniana do Porto programadas:A 13 de Março – Véspera do aniversário do nasci-mento do Padre Dehon – encontrar-nos-emos no ABC, onde teremos Eucaristia, almoço partilhado e tarde lúdica.Depois, a 4 de Julho – Solenidade do Coração de Jesus – em Betânia, teremos um encontro prolongado com jantar, conferência e adoração.

Vale a penaCom alegria testemunhamos que vale a pena partilhar na Família Dehoniana, pois todos crescemos e nos enriquecemos!

Emília Meireles e Célia Querós,há quanto tempo não se viam?VSecretariado FD-Porto

VInês Pinto

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DEHUMOR

Sim, a soluçãoé trabalhar!

» JD — AçoresJaneiro09 − Sorteio para as Missões.Jan./Fev. − Cabazes para famílias carenciadas.

» JD — MadeiraJaneiro09 − Participação no Dia da Paz com Diocese.09 − Cantar os Reis.25-27 − Jornadas de Pastoral Juvenil.

» JD — LisboaJaneiro14-16 − II Encontro Nacional da Família Dehoniana, em Alfragide.

» JD — PortoJaneiro02 − Dia Solidário - Lar Pinheiro Manso.Sextas, Sábados e Domingos − Janeiras AFV - JD-Porto.14-16 − II Encontro Nacional da Família Dehoniana, em Alfragide.Fevereiro06 − Dia Solidário - Lar Pinheiro Manso

14 de Junho – Retiro dos Leigos – Alfragide18 de Junho – Vigília do Coração de Jesus19 de Junho – Festa do Coração de Jesus

(Padre Dehon)“Trabalhai sem perguiçae sem perder tempo.”

46 – agendada juventude

VPaulo Vieira

Próximas actividades JD

JaneirasAFV-JD-Porto 2011

Domingo 2 – Lar P. Manso - 18h15

Sexta 7 – Sandim - 21h00Sábado 8 – Duas Igrejas - 20h00Domingo 9 – Melres - 17h30

Domingo 16 – Sobrosa - 18h00

Sexta 21 – Gatão - 21h00Sábado 22 – Fontainhas - 21h30Domingo 23 – Sobrosa - 17h30

Sexta 28 – Vilarinho - 20h30Sábado 29 – Rebordosa - 21h00Domingo 30 – Francos/Boavista - 17h30

Próximas actividades JD

Quantos feriadosvamos ter em 2011?

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passatempos – 47tempo livre

tem piada curiosidades

VMarco Costa

Soluções de Dezembro1. Nenhum. Sou eu próprio!2. Sexta-feira.3. Usar o relógio ou um cronómetro!4. Bebam até acabar...

milagreUm mudo chega ao pé de Jesus e pede-lhe que lhe dê a fala.– Vai ali para trás da Igreja e reza. O coxo ouviu, chega-se ao pé de Jesus e pede-lhe que o faça andar. – Vai ali atrás da Igreja e reza, com fé, deixarás as muletas! Lá foram os dois e puseram-se a rezar. Cristo fez as suas orações e passado um bocadinho gritou: – COXO! ATIRA UMA MULETA FORA!! O coxo atirou a muleta por cima do telhado da Igreja. – COXO! ATIRA A OUTRA MULETA FORA!! A outra muleta voou também para cima do telhado da Igreja. – MUDO!! FALA!!! – Ordenou Cristo. – O CO-XO CA-IU NO CHÃO! – Gritou o mudo!

ao domingo Numa segunda-feira um indivíduo andava muito triste, quando aparece um amigo:– Então, o que foi que se passou? – Eu avisei o Joaquim que o povo desta terra é muito religioso. – Eu sei, já cá estou há vinte anos. Mas o que é que isso tem a ver com o Joaquim? – Ele ontem saltou de pára-quedas e morreu. – O pára-quedas não abriu? – Exactamente. Apesar de estar cá há pouco tempo, ele já devia saber que nada abre aos domingos...

Praça Vermelha

A famosa praça de Moscovo recebeu o seu nome não da Revolução de 1917, mas de uma palavra russa, KRASNYA, que significa vermelha e bela. É chamada de Praça Vermelha desde a Idade Média.

A boneca mais famosa do mundo foi inspira-da e ganhou o nome de Barbie Handler, fi-lha da americana Ruth Handler, fabricante de brinquedos. Ela achava as caras das bonecas da época infantis de-mais e desenhou a Barbie com um ar mais adulto.

Barbie

quebra-cabeças

Tens 10 soldados. Forma 5 filas com 4 soldados em cada uma. ..........

soldados

horasDivide o mostrador do relógio em seis partes, de forma que a soma dos números de cada uma das partes seja igual.

– a menina dança? Maria era gorda e feia e ninguém queria dançar com

ela. António era o ra-paz mais disputado e, nessa tarde, já estava cansado de tanto dan-çar com todas as rapa-rigas da aldeia. Dirigiu-se à Maria que estava sempre sentada a um canto e perguntou:– Maria, queres dan-çar?– Sim, CLARO! – res-pondeu ela, pensando

que seria o seu dia de sorte – Quero!– Então vai, que eu quero sentar-me!

outros calendáriosNo início de 2011: – estamos no ano 4709 chinês. – estamos no ano 5771 hebraico. – estamos no ano 1432 muçulmano. – estamos no ano 2764 da fundação de Roma.

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Nº 400 35anos SEMPRENO CORAÇÃOSEMPREJOVEM

Para uma revistas mais interactiva, enviar-nos:A Fo l h a d o s Va l e n t e s (mais) interac tiva!

fotos tuas, fotos de trabalho, de família, da escola, do grupo de jovens, da natureza, de arte, de desporto, tecnologia, de mensagem com legenda, “flagrantes” ou de momentos insólitos…

As fotos devem ser enviadas com a resolução máxima possível para que possam ser publicadas. Quem “concorrer” deve identificar-se adequadamente e dizer a autoria, o local e a data das fotos que envia. As fotos devem ser enviadas para o E-mail da AFV: [email protected], até ao dia 10 do mês anterior ao da possível publicação.

“Funchal escondido no nevoeiro”.Foto de Rita Andrade.

“Saúde na ETAR”.Foto de Rita Andrade.

“Tão fofinho!”

Foto de Graciela Vieira.

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