A Expansão do Fenômeno do Ecoturismo na Ilha Grande
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XIX ENCONTRO NACIONAL DE GEOGRAFIA AGRRIA, So Paulo, 2009, pp. 1-17
A EXPANSO DO FENMENO DO ECOTURISMO NA ILHA GRANDE ANGRA
DOS REIS/RJ
Romulo de Oliveira Costa
Prof. Dr. Glaucio Jos Marafon
Resumo:O presente trabalho busca uma reflexo acerca do fenmeno do turismo naIlha Grande, distrito de Angra dos Reis, ou seja, desde sua gnese, nos anos 70, com
a criao da Rodovia Rio Santos e o seu boom , nos anos 90, com a gradativa
substituio da atividade pesqueira e agrcola, predominantes na Ilha at ento.
Ressaltando, o discurso de conservao ambiental, pautado no ecoturismo, onde se
tem apesar da lgica capitalista do negcio, um profundo conhecimento do local e a
ideologia do turista como um desbravador que conserva o espao natural.
O turismo rural est inserido na mesma lgica do ecoturismo, salvo a menor
importncia dada conservao e a diferena dos espaos almejados. Assim, mister
ressaltar que mal planejada a atividade turstica causa impactos ambientais como os
vistos na Ilha Grande atravs dos resultados preliminares da pesquisa.
Palavras Chave: Ecoturismo; Impactos ambientais; Ilha Grande.
Abstract: This paper seeks a reflection about the phenomenon of tourism in Ilha
Grande, district of Angra dos Reis, that is, from its genesis, in the 70, with the creation
of Rio - Santos and his boom, in the 90, with the gradual replacement of fishing and
farming activity, prevailing on the Island so far.
Emphasising, the speech of environmental conservation, based on ecotourism, where
he is despite the capitalist logic of the business, a thorough knowledge of local and
ideology of tourists as a "desbravador that preserves the countryside".
The rural tourism is inserted in the same logic of ecotourism, except the smallestemphasis on conservation and the difference of spaces desired. It is therefore poorly
planned mister emphasized that the tourist activity causes environmental impacts such
as seen in Ilha Grande through the preliminary results of search
Keys - Words: Ecotourism; Environmental impacts; Ilha Grande.
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Introduo
O presente trabalho destinase a uma viso reflexiva acerca do fenmeno do
turismo, pautado na sua vertente sustentvel, o ecoturismo, na Ilha Grande, distrito de
Angra dos Reis, localizada na Regio da Baa de Ilha Grande, no Estado do Rio dejaneiro.
Tem se uma abordagem do fenmeno turstico, em escala global, com suas
caractersticas e tendncias futuras para o melhor entendimento do mesmo na escala
local. Verifica-se a dinmica histrica do distrito, em questo, mostrando a importncia
de todos os ciclos econmicos em sua formao, e a predominncia da pesca, ao
decorrer do sculo XX, com a substituio gradativa para a prtica turstica a partira da
dcada de 70, com a implantao da Rodovia Rio-Santos.
Analisa a emergncia da discusso da questo ambiental ao redor do mundo
com a lgica dos protocolos, conferncias e correntes diversas que surgiram, no sculo
XX e, sua conseqente, repercusso no Brasil atravs da implantao das Unidades de
Conservao, na era da ditadura militar, com uma legislao especfica aliada
prtica do ecoturismo, como atividade compatvel ao modelo preservacionista das Ucs,
englobando a questo ambiental e cultural.
Ademais, tem-se o embate entre os gestores das Unidades de Conservao
representados pelos mais diversos rgos e a populao local, que j residia nessesespaos, hoje, compreendidos como territrio de preservao. Como pano de fundo o
conflito, tambm existente, entre nativos e no-nativos..
Por fim, o turismo visto como uma atividade que necessita de um
planejamento adequado antes de sua realizao para se tirar o mximo proveito da
mesma sem que haja a degradao ambiental. Fato que no ocorre, na Ilha Grande e,
necessitando assim de uma intensa fiscalizao e a efetiva realizao da poltica
preservacionista, como analisa (ROCHA, 2006)
Que as leis que regem as unidades de conservao existentes na Ilha Grande,
devem ser mais bem aplicadas, visando a um manejo eficiente na conservao desse
importante conjunto de ecossistemas. Para tanto, as diversas instncias presentes na
Ilha Grande devem acordar sobre suas atuaes e sobre os limites de tais atuaes,
evitando a sobreposio de legislaes antagnicas e promovendo um manejo da Ilha
como um todo.
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Captulo 1: A abordagem turstica sustentvel na perspectiva territorial
1.1 Turismo: A contraposio entre turismo de massa e turismo alternativo
O turismo se consolida como uma atividade de cunho capitalista no sculo XIX
com o chamado Grand Tour, ganhando importncia maior no decorrer do sculo XX eincio do sculo XXI, quando atravs da Revoluo Tcnico Cientfica Informacional
o setor industrial perde cada vez mais espao para o setor de servios, que
atualmente abriga a maior parte da mo de obra, responde por uma boa parcela de
divisas geradas dos pases, entre outros, tendncia que s tende a aumentar no futuro.
Como frisa (CRUZ 2001:4) O turismo, que, antes de mais nada, uma prtica
social vem mudando de sentido ao longo da histria e cada nova definio consiste em
nova tentativa de se conceituar algo que tem, reconhecidamente, uma dinmica
inquestionvel.
Hoje, para um cidado de qualquer parte do mundo estar praticando a atividade
turstica, segundo a OMT (Organizao mundial do turismo), requer apenas que haja
um deslocamento espacial com variados motivos para o mesmo, tais como: sade,
lazer, trabalho, etc., tendo a permanncia de ao menos uma noite sem que se tenha
remunerao direta.
Uma amostra dessa dinmica inquestionvel da atividade turstica pode est
relacionada, a priori, variao da cultura de um povo, que se firma como um doscondicionantes de tal atividade, pois em tempos e espaos diferentes o objeto de
consumo do turista se mostra muito diferenciado, o que um estadunidense tem como
lazer no seu imaginrio no corresponde ao de um alemo, mesmo vivendo num
mundo globalizado, a cultura popular permanece.
Assim, com a forte industrializao e urbanizao, primeiro nos pases
desenvolvidos e, mais posteriormente, nos pases subedesenvolvidos, ou de
industrializao tardia, o que levou a maioria da humanidade a viver nas cidades, surge
o turismo alternativo em contraposio ao turismo de massa.
Numa simples abordagem conceitual ( CRUZ 2001:6) define essas duas
modalidades tursticas, respectivamente, da seguinte forma: a primeira engloba
atividades de natureza, ecolgica, entre outras, se contrapondo ao turismo de massa
que tende a mobilizar grandes contingentes de turistas, tendo diferenas , assim,
significativas nos seus objetos de consumo.
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Porm, vale a ressalva de que as duas atividades necessitam de um
planejamento e infra estrutura para que possam ocorrer, como pode ser visto atravs
da infra estrutura de deslocamento ( rodovirias, aeroportos, estradas), meios de
hospedagem, bares, restaurantes, telefonia, saneamento bsico, entre outros.
Visto assim, a importncia da aproximao da geografia com o turismo,dividindo se a atividade turstica geograficamente em trs partes principais: reas de
disperso, de deslocamento e rea receptora, segundo (RODRIGUES, 2001).
Como hoje, o turismo preza pelo conforto do turista cria se uma infra
estrutura especializada para receb lo, alm da importncia da conservao dos
espaos de deslocamento e dos espaos emissores onde localizam se empresas
oficiais do governo e as agncias de turismo que representam a parte do mercado
responsvel por elaborar pacotes tursticos vantajosos, contendo nesses pacotes
elementos primordiais existentes no espao almejado do turista, tanto naturais quanto
artificiais que pode ser representado pelas figuras abaixo:
Figura 1 - Pousada Farol das Borbas
Figura 2 - Paisagem natural da Ilha Grande
Fotos retiradas de http://www.angra.rj.gov.br/asp/municipio/muni_ilhag.asp
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1.2 A perspectiva sustentvel: turismo rural x ecoturismo
Assim, o turismo alternativo encontra se dentro da perspectiva da atividade
turstica sustentvel, tendo nfase nesse trabalho o chamado ecoturismo e o turismo
rural, j que tal atividade se processa num espao marcadamente rural com relaes
estritamente ligadas natureza, os vazios demogrficos, tendo como base a viso doautor Ricardo Abramovay.
O ecoturismo define se segundo o Grupo de Trabalho Interministerial, com
assinatura do Ibama e da Embratur como sendo: Um segmento da atividade turstica
que utiliza, de forma sustentvel, o patrimnio cultural e natural, incentiva sua
conservao e busca a formao de uma conscincia ambientalista atravs da
interpretao do ambiente, promovendo o bem estar das populaes envolvidas. (
MACHADO, 2001).
Ento, o ecoturismo uma modalidade que visa o menor impacto no meio tanto
natural quanto cultural, parte do respeito s diversas populaes, muita das vezes
praticado em parques nacionais e estaduais, reserva de desenvolvimento sustentvel,
entre outras unidades de conservao que permitam tanto a existncia de populao
quanto a prtica de atividades tursticas em uma dada poro restrita do territrio em
que se encontram.
Num esquema simplif icado ( MACHADO, 2001) torna evidente todas as
dimenses do ecoturismo desde sua lgica capitalista do negcio at seu objetivo deconservao dos espaos:
Negcio
+
Conservao
+
ECOTURISMO = Desenvolvimento+
Cultura
+
Natureza
Adaptado de Machado, 2001
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Dentro da mesma lgica tem-se a existncia da atividade turstica de cunho
rural que se desenvolve em propriedades produtivas agropecurias e enfatizando o
contato do turista com a cultura local.
Como a Ilha Grande atravessou todos os ciclos concernentes economia
brasileira, ainda esto presente as estruturas das atividades agrcolas e pesqueira quese processavam como unidades produtivas juntamente com o artesanato para a renda
local do distrito, alm do fixo importante, o presdio Cndido Mendes que hoje abriga
um centro de estudos da Uerj o que ocasiona a atividade turstica de cunho cientfico
tambm.
Ento, tem se a ocorrncia de diversas modalidades da atividade turstica no
interior do distrito, porm, existindo diferenas marcantes entre as mesmas nas mais
diversas esferas que englobam que podem ser observadas em diferentes aspectos
analisados abaixo:
Ecoturismo Turismo rural
Palavra Chave : Conservao Atividade agropecuria
Cuidados : Extremos Bsicos
Conhecimento local: Profundo Superficial
Grupos : Reduzidos Reduzidos mdios
Ocorrncia : reas naturais rea rural
Adaptado de Machado, 2001.
Assim, numa anlise apurada do esquema acima, pode ser visto que o turismo
dito rural no baseia suas atividades tendo em vista a conservao do espao natural e
da cultura local, diferentemente do ecoturismo, onde o turista deve possuir profundo
conhecimento do local, alm de se ter cuidados extremos.
Portanto, apesar de ocorrer em espaos semelhantes deve ser ter sempre em
mente que as atividades tursticas, apesar de estarem englobadas na perspectiva
sustentvel possuem diferenas marcantes em todo seu processo de formulao.
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1.3 Anlise territorial: turismo como um misto de componentes
partir do sculo XX, dentro dessa perspectiva de conservao, entra em pauta
a questo ambiental atrelada ao turismo, ou seja, mais um componente que se soma
na atividade turstica, que segundo (RODRIGUES : 1997) deve ser analisada tomandopor base seus vieses econmicos, sociais, culturais, polticos e at psicolgicos.
Ademais, segundo a autora supracitada, num artigo elaborado (RODRIGUES:
1999), a mesma diz assim: Sabemos, com certeza, que o turismo representa, hoje,
uma das mais importantes formas de reproduo do capital e de captao de divisas
no comrcio internacional. reconhecido como uma atividade que se presta muito
lavagem de dinheiro do narcotrfico, do jogo, da sonegao de impostos e da
corrupo.
Assim, pode ser visto o quo complexa a atividade turstica, j que a mesma
dentro do modo de produo capitalista possui diversos segmentos, desde os
reconhecidos legalmente at as atividades clandestinas e subversivas.
Portanto, dentro dessa complexidade da atividade turstica a melhor forma de
compreenso se d atravs do territrio que, nas dcadas de 50 e 60, sofreu uma
reformulao abrigando dentro de sua perspectiva alm das relaes de poder, outros
elementos, tais como: economia, poltica, cultura (E-P-C), dentre outros (SAQUET:
2007).
Entre os vrios autores que trabalharam nessa nova perspectiva destaca se
Claude Raffestin que afirma o territrio como sendo: Um espao modificado pelo
trabalho e revela relaes de poder. (SAQUET, 2007, pag. 75).
Logo, numa anlise do turismo na Ilha Grande, tal conceito aparece expresso
quando se percebe a presena das pousadas que modificam o espao, antes marcado
por outras atividades e que so, em sua maioria, de empresrios provenientes de
outros locais que no a Ilha Grande, os ditos no nativos, que exercem um podereconmico atravs do salrio nos nativos da Ilha Grande.
Tambm com o descrito acima se verifica o fenmeno T D R (territorializao
desterritorializao reterritorializao), onde segundo (RAFFESTIN, 1984) um
processo de relaes sociais, de perda e reconstruo de relaes .
Como muito bem analisa (OLIVEIRA: 2006) tal fenmeno nos permite inserir a
lgica de movimento que na viso do autor (HAESBAERT, 2004, in oliveira) Trata se
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de uma vasta mudana de escala: iniciando com territrio etolgico ou animal,
passamos ao territrio psicolgico ou subjetivo e da ao territrio sociolgico e ao
territrio geogrfico que nos permite a relao sociedade e natureza.
Dentro da perspectiva turstica o territrio divide-se em 3 partes principais com
suas respectivas territorialidades que so: mercado, planejadores territoriais e turistas,segundo (CRUZ, 2001).
Cada componente possuindo sua prpria dinmica territorial e suas respectivas
aes nos mais diversos segmentos do territrio, como pode ser visto abaixo:
a) Mercado representa a iniciativa privada, onde se tem o cerne da atividade
turstica, pois a priori as agncias de turismo como representantes mximos de
tal segmento e profissionais reconhecidos, como os guias tursticos utilizam seda lgica capitalista do negcio, da concorrncia e do lucro na busca de que os
turistas comprem seus pacotes de viagens, oferecendo assim: melhores preos,
maior conforto, etc.
b) Planejadores territoriais so os que tm o maior contato com o espao onde
se d a prtica turstica, podendo ser representadas pelas mais diversas esferas
de poder tanto municipal, quanto estadual, quanto federal. Tal representao se
d atravs de rgos como: Secretaria municipal de turismo, Secretaria Estadual
de turismo, Empresa Brasileira de turismo, no caso brasileiro, entre outros, queatravs de polticas pblicas modelam o espao turstico para que o mesmo
possa atender a demanda e as necessidades do turista.
c) Turista - o agente social primordial da prtica turstica, que dentre seus maiores
anseios esto: o objeto turstico atenda suas necessidades, uma infra-estrutura
bsica para seu conforto e lazer, dentre outros.
mister ressaltar que todos os segmentos tm sua real importncia e, se um
deles, no existissem a prtica turstica jamais ocorreria, ou algum pensa em turismo
sem turista?
Portanto, o turismo enquanto prtica social com deslocamento territorial
reconhecido possui uma complexa juno de elementos primordiais que fazem de tal
prtica, hoje, uma das mais importantes economicamente, socialmente, dentre outros
aspectos.
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Captulo 2 - Ilha Grande: da pesca ao turismo, a lgica preservacionista e falta de
planejamento.2.1 Da pesca ao turismo
A Ilha Grande localiza se no municpio de Angra dos Reis, que teve sua
origem ligada fundao da vila de Angra dos Reis e, que a partir dela e de seumunicpio, surgiu o municpio de Parati dando origem, assim, atual Regio da Baa de
Ilha Grande. Tal localidade angrense divide-se em duas partes distritais: na poro
oeste, o de Araatiba e, na poro leste, o de Abrao. A localizao pode ser vista no
mapa abaixo:
Mapa 1
O processo de ocupao de tal regio supracitada est intimamente ligado com
a colonizao brasileira, onde os portugueses ocuparam o espao correspondente aolitoral e, somente depois, penetraram o interior da regio, devido principalmente ao
quadro natural marcadamente configurado entre a serra do mar e o oceano.
Tal panorama contribuiu para que a Ilha Grande, em seu panorama econmico,
repercutissem todos os ciclos econmicos, levando formao da populao caiara,
que diz respeito ao modo de vida de uma dada populao que reside no litoral.
Fonte: CIDEOrganizao: COSTA 2008
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No sculo XX, a Ilha abrigava dois tipos de atividades em que quase toda sua
populao estava inserida: o Instituto penal Cndido Mendes e a pesca.
O primeiro localizado, na vila de Dois Rios, foi inaugurado em 2 de Abril de
1940, sendo o principal responsvel pela manuteno da beleza cnica da Ilha Grande.
Nos seus ureos tempos abrigou presos da Ditadura e, tambm, presos perigosos oque levava ao afastamento dos turistas. Foi implodido, em 1994, sendo doado, aps
esse fato, atravs de um acordo, para a Uerj por cinqenta anos.
A segunda atividade supracitada teve grande importncia econmica at
dcada de 90, quando por problemas ambientais ligados, principalmente, ao no
respeito da poca de desova de peixes e a forma como se pescava, perdeu sua fora
como principal atividade econmica da Ilha.
Assim, com o declnio de tais atividades, o turismo aponta, j na dcada de 70,
com a implantao da Rodovia Rio Santos como um agente econmico importante,
mas se consolidando como principal atividade econmica da Ilha Grande, somente, na
dcada de 90. Visto que, somente nessa dcada, a rede de transportes, realmente,
teve uma melhora significativa, deixando para trs tanto a precariedade da rodovia Rio-
Santos, quanto a falta de barcas que levassem o turista at Ilha.
Como analisa (PRADO, 2004) em relao mudana do eixo econmico da
atividade pesqueira para o turismo, tomando como base fixa existentes, no territrio
estudado: Muitos eloqentes e expressivas a mudana do eixo econmico daatividade da pesca para o eixo econmico da atividade do turismo na Ilha, so algumas
das antigas fbricas de sardinha hoje transformadas em pousadas, que podem ser
vistas nas diferentes da face da Ilha voltada para o continente.
Portanto, atravs da proliferao das pousadas, penses e resorts como infra-
estrutura de hospedagem para se atender demanda turstica, a maior insero da
populao economicamente ativa da Ilha na atividade turstica, entre outros faots, nota-
se a gradativa substituio dos valores sociais e econmicos em prol do fenmeno do
turismo.
Tal fato pode ser constatado pelo estudo realizado de (SVEN WUNDER, 2006),
onde o autor mostra que, na dcada de 70, existiam menos de 100 pousadas, e j no
boom da atividade turstica, na dcada de 90, existiam quase 2000 pousadas na Ilha
como um todo.
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Assim, no s para a Ilha Grande, mas para toda a regio da Baa da Ilha
Grande, o fenmeno do turismo foi de suma importncia como agente econmico
dinamizador, onde se valeu principalmente da questo da paisagem natural, e mais
posteriormente com o discurso preservacionista para manuteno de tal paisagem. (
MARAFON, RIBEIRO, SILVA , DA SILVA E DE LIMA)
2.2 A lgica preservacionista
A questo ambiental comeou a ser discutida, no sculo XX, principalmente,
partir da Conferncia de Estocolmo, realizada no ano de 1972, onde os participantes
discutiram a questo dos pases em desenvolvimento, na perspectiva de crescimento a
qualquer custo e, a conseqente, degradao ambiental, tendo como pauta, a
destruio da camada de Oznio.
Aps realizada a conferncia supracitada, sucederam se tantas mais, tais
como: protocolo de Montreal, Conferncia de Nairbi, ECO 92, entre outras, findando
no protocolo de Kyoto, onde se mudou a perspectiva de agressores do meio
ambiente, com os pases desenvolvidos, dessa vez, sendo responsabilizados pelas
grandes emisses de gases poluentes , o que levaria ao fenmeno do aquecimento
global.
Inserido, num contexto global, somente, a partir da dcada de 70, o Brasil, na
ento ditadura militar, comea a pensar na questo ambiental e estabelece alegislao especfica pertinente s Unidades de Conservao (Ucs), que tinham como
lgica principal, a preservao e conservao das reas com grandes e ricos
ecossistemas, sendo as mesmas de dois tipos: Unidade de Conservao por proteo
integral e por uso sustentvel.
Dentro dessa lgica do militarismo de proteo de uma rea do territrio
nacional contra inimigos, como frisa (CATO, HELENA E CARNEIRO, MARIA JOS)
provavelmente influenciou a forma autoritria pelas quais estas unidades foram
criadas, sem a participao das populaes envolvidas nem da sociedade em geral
nesse processo, onde em algumas unidades de conservao permitida a realizao
de atividades em seu interior e, outras, no.
Num pequeno resumo da autora (CRUZ, 2004) as dez Unidades de
Conservao existentes, no Brasil, segundo o Ibama so:
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a) Parques (nacionais, estaduais, municipais): proibida a explorao de recursos
naturais; dispem, em grande parte dos casos, de reas destinadas visitao; em
geral, as reas abertas visitao so pores restritas de seu territrio e a
visitao pode ser controlada de modo a evitar impactos ambientais.
b) Reservas florestais: destinam-se pesquisa cientfica; no so abertas visitao
pblica; podem ser no futuro, aps a realizao de pesquisas, transformadas em
parques ou outro tipo de reserva.
c) Reservas biolgicas: so unidades de conservao de proteo integral e esto
destinadas preservao integral da biota; no so abertas visitao para
finalidades de lazer.
d) Reservas de desenvolvimento sustentvel: tm o objetivo de preservar a natureza
e, tambm, de assegurar as condies e os meios para a reproduo dos modos
de vida da populao local.
e) Estaes ecolgicas: so unidades de conservao de proteo integrais e abertas
apenas pesquisa cientfica; a visitao pblica somente permitida com objetivos
educacionais.
f) reas naturais Tombadas: abarcam uma pequena extenso territorial,
normalmente, correspondente a um acidente geogrfico; a visitao permitida,
mas controlada.
g) reas de Relevante interesse ecolgico: permitem uso sustentvel e abrigam reas
com caractersticas naturais extraordinrias ou exemplares raros da biota nacional.h) reas de proteo integral: so reas j transformadas pelo homem e que
comportam, diferentemente de outras categorias de conservao, a presena do
homem no seu interior; como se tratam de reas abertas, so de livre acesso
visitao.
i) Reservas particulares de patrimnio natural: a principal diferena entre essa
unidade de conservao e as demais, como o prprio nome diz, se trata de uma
unidade particular, porm esto submetidas legislao federal de proteo dos
ambientes.
Surge, ento, em todo o territrio nacional a lgica da prtica do ecoturismo,
como sendo, uma forma de conciliar a conservao da cultura local e o meio -
ambiente.
Valendo ressaltar, como afirma o autor (MACHADO, 2001) a diferena entre
conservao e preservao, onde para a prtica ecoturstica utilizase do primeiro
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termo, visto que o mesmo permite a visitao pblica e a prtica de atividades
compatveis com a manuteno dos espaos, j o segundo diz respeito s reas
intangveis para o visitante.
O potencial ecoturstico brasileiro, segundo (CRUZ, 2004) est ligado aos seus
principais ecossistemas, tais como: Floresta Amaznica;
Mata Atlntica;
Cerrado;
Pantanal;
Caatinga ou semi rido;
Floresta de Araucria;
Campos do Sul
Ecossistemas costeiros e insulares.
Dentro da classificao de ecossistemas costeiros e insulares, o territrio da
Ilha Grande, tambm seguiu a lgica nacional e teve implantado no seu territrio
diversas Unidades de Conservao com o propsito de proteger seus ecossistemas e
preservar suas florestas, aliado prtica do ecoturismo, como principal atividade
econmica configurada.
Dentre as unidades criadas esto: Parque Estadual da Ilha Grande, de 1971,
administrado pelo IEF (Instituto Estadual de Florestas), Reserva Biolgica Estadual da
Praia do Sul administrada pela FEEMA (Fundao Estadual de Engenharia do Meio
Ambiente, alm da rea de Proteo Ambiental dos Tamoios e Parque Estadual
Marinho do Aventureiro, ambos subordinados FEEMA).
Ademais, temos a criao da Reserva Biolgica da Ilha Grande abrangendo
toda a Ilha, que na anlise de (CATO, HELENA E CARNEIRO, MARIA JOS) No
considerada nem pelos rgos ambientais, na medida em que alm de se sobrepor s
outras unidades de conservao, instala uma situao inteiramente contraditria poissegundo o decreto de criao no poderia haver em toda a Ilha Grande nenhum tipo de
ocupao humana.
Assim, pode ser visto pelas Ucs descritas acima, que nem todas permitem
atividades dentro de seus territrios, visto que algumas em sua essncia so de
proteo integral e, outras de uso sustentvel. Portanto, a atividade ecoturstica
encontra se, em alguns locais da Ilha Grande, em conflito com essas protegidas
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pelos mais diversos rgos das mais diversas esferas de poder (Federal, Estadual,
entre outros).
Alm disso, outro fator importante relacionado instalao das unidades de
conservao diz respeito s populaes locais, que muita das vezes tem de serem
remanejadas dos espaos que ocupam h anos, pois determinadas unidades nopermitem ocupao em seu interior. Com isso, verifica-se, freqentemente o choque
entre gestores das unidades e os nativos (populao residente).
Outro fato proveniente de tal trinmio, unidades de conservao ecoturismo
populao local, est ligado ao fato de embates entre culturas de nativos e no
nativos, onde a populao residente tem a percepo de que os novos habitantes
vindo de diversos locais e, com diferenas sociais e culturais marcantes causam alm
dos benefcios como, por exemplo, gerao de renda local atravs do turismo,
malefcios muitos maiores, que dizem respeito, na viso de (PRADO, 2004), a:
Disputa de valores;
Marginalizao de nativos;
Sentimento de invaso, entre outros.
Assim, o ecoturismo tem provocado diferenas significativas na Ilha Grande o
que leva a uma mudana brusca em diversos mbitos: tanto social, quanto cultural,quanto econmico, quanto ambiental, dentre outros, levando assim, a necessidade de
uma fiscalizao sria dos rgos que administram as Unidades de Conservao para
que no se tenha prejuzos de nenhum tipo e, nem se desvie do objetivo principal do
ecoturismo constitudo numa prtica turstica que utiliza, de forma sustentvel, o
patrimnio cultural e natural (in MACHADO, 2001).
2.3 Falta de Planejamento
Como visto, ao longo desse trabalho, o turismo configurou se como sendo a
principal atividade econmica da Ilha Grande, impondo a esse distrito suas
caractersticas primordiais que so representadas por: meios de hospedagem,
absoro de grande parte da PEA (Populao Economicamente Ativa), abertura de
trilhas, dentre outros.
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Normalmente, quando determinada atividade exercida, principalmente, como
geradora de lucro, numa lgica do negcio como o turismo, que pertence ao setor
tercirio, ou seja, de servios e lazer tem se feito um planejamento adequado para
que se possa extrair o mximo proveito da atividade.
Esse planejamento deve tomar por base a perspectiva de conservao doobjeto que a atividade em questo explora, nesse caso, a paisagem natural da Ilha
Grande, para que a mesma possa perdurar pelos anos seguintes, no afetando assim,
o bom andamento da atividade turstica.
Mas como analisa (ROCHA, 2006) h a percepo de que o turismo no
apresenta um planejamento adequado onde os estudos sobre as condies locais
indicam que esteja operando acima da capacidade de suporte, ou seja, pode ser visto
que hoje a Ilha Grande recebe mais turistas do que o meio em questo suportaria,
sendo necessrio um empenho muito maior de recursos para a recuperao de reas
degradadas fruto de voorocas, ravinas, desmatamento, dentre outros.
Assim, tem se a impresso de que o turismo referido como se tratasse de
uma entidade com suas formas e contornos prprios, como nos apresenta (PRADO,
2004). Logo, a prtica turstica antecede o planejamento adequado, que deveria existir,
visando a conservao do espao e, no havendo assim, degradao ambiental que
nos trazido pela existncia de voorocas, ravinas.
Consideraes preliminares
Logo pode ser visto que a atividade turstica floresce cada vez mais no
municpio de Angra dos Reis, mais especificamente no Distrito da Ilha Grande em sua
maioria.
Para tanto necessrio que se sigam os objetivos desse vertente turstica, ou
seja, a conservao em reas naturais preservadas com cuidados extremos em
relao ao ambiente envolvido, e com o profundo conhecimento do local.
O que no observado hoje, visto que a atividade turstica sustentvel cresce
sem um planejamento adequado, perdendo assim seu foco principal que a
preservao ambiental aliada ao crescimento sustentvel do local envolvido.
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