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A EDUCAÇÃO FÍSICA SOB O PONTO DE VISTA DE ESTUDANTES DO...
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A EDUCAÇÃO FÍSICA SOB O PONTO DE VISTA DE ESTUDANTES
DO ENSINO SUPERIOR
MOURA, Gabriela1- PUCPR
QUADROS, Emanuele2- PUCPR
KOGUT, Maria Cristina3- PUCPR
Grupo de Trabalho- Didática: Teorias, Metodologias e Práticas
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
A escola tem tido ao longo da história, um papel muito importante na vida dos indivíduos, tal
qual, é obrigatória a partir de certa idade. A Educação Física deveria se apresentar de forma
plural e abranger todas as formas da cultura corporal, além de atingir a todos os alunos.
Entretanto, o que muito se ouve é que a Educação Física é a aula livre da escola. Objetivamos
através do presente estudo, identificar a abrangência dos conhecimentos transmitidos por
profissionais da Educação Física a seus alunos, definindo então qual é o papel da Educação
Física no desenvolvimento do cidadão, partindo do ponto de vista de ex- alunos de Educação
Física da Educação Básica de ensino, que hoje se encontram em uma Instituição de Ensino
Superior privada de Curitiba. Para responder ao problema do presente estudo foi desenvolvida
uma pesquisa de campo qualitativa (através de questionário) com 100 alunos de 10 cursos de
uma universidade particular de Curitiba. A escolha dos cursos levou em conta a identificação
dos 5 cursos mais procurados e os 5 cursos menos procurados da presente instituição.
1 Acadêmica de licenciatura em Educação Física. Participa do Grupo de pesquisas GECOM (Grupo de Pesquisa em Comportamento Motor-PUCPR). E-mail: [email protected] 2 Acadêmica de licenciatura em Educação Física. Participa do Grupo de pesquisas GELL (Grupo de Pesquisa em Lazer e Ludicidade-PUCPR). E-mail: [email protected] 3 Licenciatura plena em Educação Física pela PUCPR, Mestre em Educação pela PUCPR e Doutorando em Educação pela PUCPR. E-mail: [email protected]
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Concluiu-se que realmente as aulas de Educação Física tem a predominância dos Esportes,
quando esse foi o conteúdo apontado pelos entrevistados como o mais trabalhado pelos
professores, resultado que já era esperado. Esse fato demonstra que a formação de professores
ainda dá prioridade a uma formação técnica e a conteúdos específicos como o esporte. Como
os conhecimentos trabalhados na Educação Física Escolar são restritos a um só dos blocos
propostos nos documentos oficiais e pelos pesquisadores, dificilmente se conseguirá atender
aos objetivos que são colocados para a disciplina escola. Com isso a disciplina não conseguirá
contribuir de forma mais significativa na formação dos cidadãos e impossibilitando uma
perspectiva mais abrangente sobre a corporeidade, as possibilidades de movimento e sobre a
cultura corporal.
Palavras chaves: Educação Física Escolar. Estudantes Universitários. Papel do
Professor de Educação Física.
INTRODUÇÃO
A escola tem tido ao longo da história, um papel muito importante na vida dos
indivíduos. Ela prepara o cidadão para enfrentar o cotidiano lançando mão dos conhecimentos
e experiências adquiridos na escola para viver em sociedade.
Os vários conhecimentos como português, matemática, ciências, geografia, história e a
educação física compõe o leque de saberes que o aluno deve, e tem o direito de aprender
(LDB, 1996 apud BETTI e ZULIANI, 2002). Porém, nem sempre os conteúdos de cada
disciplina são trabalhados de forma adequada, resultando em uma limitação de conhecimento
e saberes e em casos extremos analfabetismo e exclusão (FERRARO, 1999).
A Educação Física como disciplina que integra o currículo escolar e a proposta
pedagógica da escola deve fazer parte do currículo da Educação Básica (LDB, 1996). Como
parte da formação dos alunos, a Educação Física deve buscar a abrangência de saberes,
contemplando todas as formas da cultura corporal (jogos, esportes, danças, ginásticas e lutas).
Os elementos da cultura corporal são abordados como conhecimentos a serem sistematizados
e reconstruídos pelos alunos (DAOLIO, 1996). Como um saber escolar deve possibilitar a
todos os alunos o acesso aos conhecimentos pertinentes à área.
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A partir dessa perspectiva buscamos nesse estudo, identificar os saberes transmitidos
por profissionais da Educação Física a seus alunos. Com isso busca-se entender o papel da
Educação Física no desenvolvimento do cidadão.
DESENVOLVIMENTO
A Educação física surge como expressão no século XVIII, através de filósofos
preocupados com a educação, em uma perspectiva de formação dos jovens e crianças de
forma integral, e não parcial, considerando-se agora, corpo, mente e espírito (BETTI e
ZULIANI, 2002).
A Educação Física tem os mesmos objetivos de todas as outras disciplinas curriculares
da escola, tendo como particularidade o movimento, que pode ser trabalhado de algumas
formas, tais quais: conhecimento da cultura corporal, desenvolvimento das habilidades
motoras e o conhecimento do próprio corpo, onde professor é responsável por ensinar ao
aluno a importância do seu corpo, como usá-lo e como cuidar dele (FREIRE, 1999).
Para isso é necessário que a cultura específica da Educação Física, não implique só a
prática, mas também a teoria (DARIDO e RANGEL, 2005). A Educação Física não se
constitui apenas de esportes, mas a partir de todos os eixos da Educação Física como: Jogos e
Brincadeiras, Esportes, Lutas, Ginásticas e Danças (PCNs, 1998), (DAOLIO, 1996),
(DARIDO e RANGEL, 2005), logo a Educação Física se desenvolve a partir de uma
pluralidade de conhecimentos.
Além da preocupação com os conteúdos e habilidades específicas, a disciplina deve
assumir uma responsabilidade, que vai além da introdução e integração dos alunos na cultura
corporal do movimento, mas a de formar cidadãos críticos frente a sua corporeidade e aos
conteúdos trabalhados, para que os alunos sejam capazes de produzi-la, mas primordialmente
de recria-la e transforma-la conforme as suas necessidades, em prol da qualidade de vida.
(BETTI e ZULIANI, 2002).
Os alunos devem sair das aulas de educação física, ao final do Ensino Médio, prontos
para incorporar as atividades físicas e hábitos de vida saudáveis alem dos demais
componentes da cultura corporal em sua vida.
Um ponto importante nas aulas de Educação Física diz respeito à aprendizagem
motora que trabalha com as três fases para que uma habilidade seja aprendida: aquisição,
retenção e transferência (MAGILL, 2000). A aquisição consiste no fato do professor ensinar
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que o movimento e atividade física são importantes para o desenvolvimento do aluno e para
saúde. Retenção é o entendimento por parte dos alunos, que como consequência, vão praticar
atividade física durante a vida escolar e o último estágio, e que fará diferença quando se busca
atingir plenamente as etapas pretendidas é que os alunos ao entenderem a importância da
prática de atividade física, depois de saírem da escola, incorporem a prática de atividade física
em seu cotidiano. É importante que o professor leve em conta essas três fases de
aprendizagem para que o processo ensino-aprendizagem seja efetivo.
Outro aspecto importante e que as aulas devem trabalhar são princípios de inclusão,
onde se deve buscar o envolvimento de todos os alunos, respeitando suas possibilidades e
capacidades. Para isso o professor deve buscar reverter o senso comum onde se percebe a
participação dos mais habilidosos e aptos em detrimento dos demais (PCNS4, 1998).
Para isso é necessário analisar os objetivos da Educação Física na escola. Segundo
Palma et al (2010, p.59) “os objetivos de uma disciplina escolar devem ser originados pelos
objetivos definidos pelo sistema educacional escolarizado”. Os autores defendem ainda que
para a elaboração dos objetivos deve ser levado em conta os pressupostos ontológicos,
epistemológicos e gnosiológicos.
Como objetivos do Professor de Educação Física, na, Palma et al (2010, p.61) aponta:
Tabela 1: Objetivos da Educação Física
Educação Infantil Ensino Fundamental I (de 1° a 5° ano)
Fundamental II (de 6° a 9° ano)
Ensino Médio (1° a 3°ano)
O movimento e Corporeidade: Estabelecer situações de vivências corporais e experiências motoras em constante influência mútua dos objetos e pessoas;
Movimento e os Jogos: Possibilitar a vivência de manifestações lúdicas enquanto integrantes da cultura motora da criança como forma de apoio para o desenvolvimento da motricidade;
O movimento em expressão e ritmo:
O movimento e a corporeidade: Estabelecer situações de vivências e estudos em relação ao movimento corporal e suas possíveis interações com o meio em que está inserido;
O movimento e os jogos: Apresentar o conhecimento de jogos como parte da cultura motora através da ludicidade, facilitando o processo de construção do repertório motor da criança.
O movimento e o esporte:
O movimento e a corporeidade: Proporcionar o acréscimo de conhecimentos acerca do movimento, estudando as estruturas físico-anatômicas envolvidas no movimento, bem como as reações orgânicas envolvidas nas atividades;
O movimento e os jogos: Apresentar o conhecimento de jogos como integrante do repertório cultural de movimentos;
O movimento e o esporte:
O movimento e a corporeidade: Estudar o corpo do ponto de vista físico-anatômico, a fim de ampliar o repertorio de conhecimento sobre o movimento e as reações orgânicas que ocorrem durante a prática de atividade física;
O movimento e os jogos: Promover os jogos como parte da cultura de movimento;
O movimento e o esporte: Promover os esportes como parte da cultura de movimento;
4 PCNS – Parâmetros Curriculares Nacionais.
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Proporcionar a experimentação do movimento rítmico como meio de expressão corporal e de representação social, levando em conta e respeitando suas diversas facetas culturais;
O movimento e a saúde: Oportunizar situações que promovam a compreensão dos aspectos que concernem à higiene e à saúde, buscando deixar claro os benefícios que esses conhecimentos em parcerias com atitudes de prevenção e promoção podem gerar.
Apresentar o conhecimento dos esportes como constituinte do repertório cultural de movimentos, contribuindo para a construção do repertório motor;
O movimento em expressão e ritmo: Ampliar os conhecimentos acerca das expressões rítmicas enquanto forma de expressão humana sobre diversas facetas culturais, reconhecendo e respeitando suas particularidades.
O movimento e a saúde: Promover a importância da interação entre a motricidade e a saúde, apontando os benefícios que esses conhecimentos podem gerar para a qualidade de vida.
Apresentar o conhecimento de esportes como constituinte do repertório cultural de movimentos;
O movimento em expressão e ritmo: Ampliar os conhecimentos acerca das expressões rítmico culturais, reconhecendo e respeitando cada uma delas.
O movimento e a saúde: Promover a realização de estudos sobre o movimento e a saúde, para que se possa estabelecer a importância da prática de atividade física.
O movimento em expressão e ritmo: Ampliar os conhecimentos em relação a expressões rítmicos culturais, a fim de reconhecer e respeitar cada uma delas.
O movimento e a Saúde: Também visa promover a realização de estudos sobre o movimento e a saúde, para que se possa estabelecer a importância da prática de atividade física.
Fonte: Palma et al, 2010.
Os conteúdos a serem trabalhados nas aulas de Educação Física Escolar são indicados
em documentos oficiais como os PCNS (1998) e as DCES (Diretrizes Curriculares da
Educação Básica, 2008), e por pesquisadores da área como Darido (2005) e Palma et al
(2010). Podemos observar na Tabela 2, que os PCNs (1998) e DCES (1996) apresentam
conteúdos que se aplicam ao Ensino Fundamental e Palma et al (2010) para a Educação
Básica (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio).
Tabela 2- Conteúdos da Educação Física
PCNS (1998) DCES (1996) Palma et al (2010) Jogos e Brincadeiras Esportes Movimento e Corporeidade
Dança Jogos e Brincadeiras Movimento e os Jogos Esportes Ginástica Movimento e Esportes
Lutas Lutas Movimento em Expressão e Ritmo
Ginástica Dança Movimento e Saúde Fonte: documentos oficiais.
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Darido e Rangel (2005), ao apresentarem os conteúdos, sugerem que o professor observe as
dimensões conceitual, procedimental a atitudinal. As autoras fazem uma análise das
abordagens pedagógicas da Educação Física apresentando um levantamento dos conteúdos
conceituais, procedimentais e atitudinais em cada uma delas.
O profissional que pretende formar o aluno integral, conforme os PCNs (1998), deve
se preocupar com as três dimensões citadas por Darido e Rangel (2005): conceitual,
procedimental e atitudinal. A dimensão conceitual envolve a parte teórica do trabalho a ser
desenvolvido, onde o professor deve conhecer as transformações que envolvem a sociedade e
seus hábitos de vida para que possa propor modelos de atividades físicas que se apliquem a
realidade, conhecer as mudanças relativas ao mundo esportivo (não só esportivo, mas de
todos os conteúdos que abrangem a Educação Física), não só para fins informativos, mas para
trabalhar a cultura dos conteúdos desde a raiz com seus alunos e relacionar exercícios com a
prática cotidiana, para que os alunos possam aplicar aquilo que aprendem no seu dia- a- dia,
vendo assim a importância da cultura corporal do movimento (DARIDO e RANGEL, 2005).
A dimensão procedimental consiste na parte prática, na vivência da cultura corporal do
movimento, dos cinco eixos da Educação Física Escolar (PCNS, 1998 apud BETTI,
ZULIANI, 2002 e DARIDO e RANGEL, 2005). E por fim, a dimensão atitudinal trata da
valorização do eixo de jogos e brincadeiras, que muitas vezes é deixado de lado, mas tem uma
riqueza ampla de conteúdos a serem trabalhados (DARIDO e RANGEL, 2005 e FREIRE,
2009), e outros temas como, convívio social, resolução de problemas, violência, atividades
em grupo, preconceito, habilidades, religião, ente outros. (DARIDO e RANGEL, 2005). É
importante ressaltar, que apesar dos conceitos serem apresentados separadamente, na prática
profissional eles se apresentam simultâneos (DARIDO e RANGEL, 2005).
Já nas DCEs (2008) os conteúdos da educação física devem seguir uma ordem
crescente de dificuldade devido à realidade dos alunos em cada faixa etária e as suas
experiências de vida. Esses conteúdos devem ser trabalhados de maneiras variadas
procurando abranger diversas culturas e comunidades, não podendo esquecer-se dos “aspectos
políticos, históricos, sociais, econômicos, culturais, bem como elementos da subjetividade
[...], na convivência com as diferenças, na formação social crítica e autônoma.” (DCEs, 2008,
p. 62).
Assim, o que se pode concluir é que a Educação Física, juntamente com as demais disciplinas do currículo, deve, com seus próprios conteúdos, ampliar as referências dos estudantes no que diz respeito aos conhecimentos, em
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especial no campo da cultura corporal. Isso significa desenvolver, por meio das práticas corporais na escola, conceitos, categorias e explicações científicas reconhecendo a estrutura e a gênese da cultura corporal, bem como condições para construí-la a partir da escola (DCEs, 2008, p. 70).
METODOLOGIA
Para responder ao problema do presente estudo foi desenvolvida uma pesquisa de
campo qualitativa com 100 alunos de 10 cursos de uma universidade particular de Curitiba. A
escolha dos cursos levou em conta a identificação dos 5 cursos mais procurados e os 5 cursos
menos procurados da presente instituição. Usou-se para isso um questionário contendo 12
perguntas que procuraram identificar os seguintes aspectos: a) Função da Educação Física b)
Conteúdos da Educação Física c) O que a Educação Física Ensina d) Como a Educação Física
é vista.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Inicialmente foi questionado junto aos alunos, o que a Educação Física ensina. Os
resultados são apresentados nos Gráficos 1 e 2, posto que foram feitas duas tomadas da
mesma questão5, como sendo as atividades priorizadas pelos professores, segundo os
acadêmicos entrevistados:
Gráfico 1- Atividades Priorizadas 1
5 Perguntamos aos acadêmicos de duas formas distintas quais eram os conteúdos mais trabalhos pelos professores nas Aulas de Educação Física.
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Fonte: Dados da pesquisa, 2010.
Gráfico 2- Atividades Priorizadas 2
Fonte: Dados da pesquisa, 2010.
Com base nos dados apresentados nos Gráficos 1 e 2 percebemos que as aulas de
Educação Física se resumem a prática dos esportes. As três atividades mais trabalhadas foram
Futebol (54%) Voleibol (31%) e Handebol (4%). Em segundo lugar as principais foram
Voleibol (41%), Futebol (20%) e Basquete (15). Tais resultados confirmam que o esporte
tornou-se hegemonia nas aulas de Educação Física, o que demonstra que a variedade de
conhecimentos da Educação Física apontada pelos PCNs (2008), DCEs (1996), Palma et al
(2010), e Darido (2005) não acontece. Esse resultado confirma que os mesmos esportes
constituem-se como os principais conhecimentos desenvolvidos ao longo de toda a fase
escolar (BETTI, 1999).
Na próxima questão foi levantado quais são as modalidades menos trabalhadas nas
aulas de Educação Física na escola.
Gráfico 3- Atividades Menos Trabalhadas
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Fonte: dados da pesquisa, 2010.
Percebe-se através dos dados uma grande predominância de esportes individuais, fato
que tem acompanhado histórica e culturalmente a Educação Física brasileira (BETTI e
ZULIANNI, 2002).
A atividade menos trabalhada é o Folclore, (27%), o que é contrário à perspectiva dos
autores referenciados. Esse tema é importante a ser trabalhado devido à identidade cultural
tanto brasileira quanto regional (GARCIA, 2001). A natação aparece logo em seguida (17%),
mas devemos levar em conta que nem todas as escolas estão preparadas estruturalmente para
acolher aulas de natação. Uma aula prática de natação requer piscina, e não são todas as
escolas que contam com esse espaço.
O atletismo aparece em terceiro lugar (13%) fato que causa estranheza, pois é
considerado o esporte-base da Educação Física, já que consegue testar todas as características
básicas de movimento do homem (PARENTE, 2011).
A partir dos conteúdos trabalhados pelo professor, perguntamos aos entrevistados
quais, dos conteúdos trabalhados eles efetivamente aprenderam. Os dados são apresentados
no Gráfico 4.
Gráfico 4- O que os alunos efetivamente aprenderam
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Fonte: dados da pesquisa, 2010.
Faz sentido que o conteúdo mais aprendido seja os esportes (67%) posto que também é
o conteúdo mais trabalhado pelos professores, entretanto é evidente a desvalorização dos
demais conteúdos.
Outra pergunta feita aos acadêmicos foi: O que é Educação Física? Os resultados
podem ser observados no Gráfico 5.
Gráfico 5- O que é Educação Física
Fonte: dados da pesquisa, 2010.
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Através dos dados obtidos com a pergunta: “O que é Educação Física?” apresentados
no Gráfico 5, podemos observar que os alunos após toda a Educação Básica acham que
Educação Física é exercício (41%) e Esportes (40%), o que comprova os dados já
apresentados de que os esportes se tornaram o conteúdo mais significativo nas aulas de
Educação Física (BETTI e ZULIANI, 2002).
Perguntamos aos entrevistados quais conteúdos eles gostariam de ter aprendido
durante suas aulas, e as respostas são apresentadas no Gráfico 6.
Gráfico 6- Conteúdos que os alunos gostariam de ter aprendido
Fonte: dados da pesquisa, 2010.
É estranho que o conteúdo que os entrevistados selecionaram como o que gostariam de
ter aprendido foi esporte (33%), já que é o conteúdo mais trabalhado pelos professores e que
foi considerado o conteúdo mais aprendido por eles. Esse resultado demonstra que os
acadêmicos tem uma visão restrita sobre os conteúdos da Educação Física, demonstrando a
limitação do trabalho do professor da escola.
Pedimos aos entrevistados que dessem uma nota as suas aulas de Educação Física e o
resultado é o que apresentamos no Gráfico 7.
Gráfico 7-Nota para as aulas de Educação Física
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Fonte: dados da pesquisa, 2010.
Podemos notar que a maioria dos entrevistados avaliou sua aula de Educação Física
com nota 8, (numa escala de 0 a 10 aonde) com 22% de votos. Mas é interessante contatar que
39% dos entrevistados avaliaram suas aulas com notas baixíssimas, de 0 à 6.
Conclusões
Que tipo de trabalho é realizado por um professor que permite que seus alunos deixem
a escola sem ter aprendido nada (15%) em Educação Física? Precisamos repensar a nossa
profissão, pois não podemos admitir que os alunos saiam da escola sem saber o que é
educação física, qual sua importância e sem carregar consigo os conteúdos trabalhados.
A configuração de uma Educação Física somente esportista ainda ocorre em função do
tipo de formação que os professores recebem na universidade, a facilidade de trabalhar com
esses conteúdos pelo interesse dos alunos e até por influência da mídia que os divulga e
promove em função das competições existentes, logo as demais áreas de conhecimento
acabam deixando a desejar (BETTI e ZULIANNI, 2002).
A formação atual do professor de Educação Física tem ainda hoje uma predominância
técnica, privilegiando saberes historicamente desenvolvidos como os esportes o que resulta
em aulas na escola que tem a sua base nesses conhecimentos. Os professores devem ser
estimulados a buscar uma ampliação dos saberes a serem transformados em conhecimentos na
escola.
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Como os conhecimentos trabalhados na Educação Física Escolar são restritos a um só
dos blocos propostos nos documentos oficiais e pelos pesquisadores, dificilmente se
conseguirá atender aos objetivos que são colocados para a disciplina escola. Com isso a
disciplina não conseguirá contribuir de forma mais significativa na formação dos cidadãos e
impossibilitando uma perspectiva mais abrangente sobre a corporeidade, as possibilidades de
movimento e sobre a cultura corporal.
REFERÊNCIAS
BETTI, Irene Conceição Rangel. Esporte na escola: mas é só isso, professor? Motriz – Volume 1, Número 1, 25 -31, junho/1999. BETTI, Mauro. ZULIANI, Luiz Roberto. Educação Física Escolar: uma proposta de diretrizes pedagógicas. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte – 2002, 1(1): 73-81. DAOLIO, Jocimar. Educação física escolar: em busca da pluralidade. Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, supl.2, p.40-42, 1996 DARIDO, Suraya Cistina e RANGEL, Irene Conceição Andrade. Educação Física na escola – implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. FERRARO, Alceu Ravanello. Diagnóstico da escolarização no Brasil. Rev. Bras.
Educ. [online]. 1999, n.12 [citado 2013-04-22], pp. 22-47. Disponível em: < http://educa.fcc.org.br/pdf/rbedu/n12/n12a03.pdf> Acesso em 22 Abr 2013 FREIRE, João Batista. Educação de Corpo Inteiro: teoria e prática da educação física. 5 ed. São Paulo: Scipione, 2009. 199p GARCIA, Sylvia Gemignani. Folclore e sociologia em Florestan Fernandes. Tempo soc. São Paulo, v. 13, n. 2, nov. 2001. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010320702001000200008&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 23. Abri 2013 Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf> Acesso em: 23 Abr 2013 MAGILL, Richard A. Aprendizagem motora: conceito e aplicações. 5 ed. E. Blucher, 2000 -369p PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS. P24-37. 1998. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf. Acesse em: 22 nov. 2012
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PALMA, Ângela Pereira T; OLIVEIRA, Amauri Aparecido e PALMA, José Augusto. Educação Física e a organização curricular. 2ª Edição. Eduel, Londrina. 2010. PARENTE, José Willams Ribeiro. Importância do Atletismo na Escola. 2011. Disponível em: < http://www.webartigos.com/artigos/importancia-do-atletismo-na-escola/81449/> Acesso em 19 Mai de 2013. SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ. Diretrizes Curriculares da Educação Básica. 2008.