A Educação Ambiental é um ato político

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Ministério da Educação Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica Instituto Federal do Rio de Janeiro - IFRJ CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA DISCIPLINA: MEIO AMBIENTE E EDUCAÇÃO SEMESTRE: 2012-1 PROFESSORES: Wagner Marinho e Isaque Moura NOME: Priscila de Campos Araújo Pereira TRABALHO FINAL “A Educação Ambiental é um ato político”

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Ministério da EducaçãoSecretaria de Educação Profissional e Tecnológica

Instituto Federal do Rio de Janeiro - IFRJ

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENSINO DE CIÊNCIAS E MATEMÁTICA

DISCIPLINA: MEIO AMBIENTE E EDUCAÇÃO SEMESTRE: 2012-1

PROFESSORES: Wagner Marinho e Isaque Moura

NOME: Priscila de Campos Araújo Pereira

TRABALHO FINAL

“A Educação Ambiental é um ato político”

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A Educação Ambiental é um ato político

Observando o termo Educação Ambiental, vemos que o mesmo é composto

pela palavra “Educação”, o que mostra a necessidade de uma constante reflexão

sobre as práticas pedagógicas indispensáveis na construção do conhecimento.

Assim, a Educação Ambiental, por si só, é uma prática educativa que deve ser

permanente e caminhar entre diversas áreas do conhecimento humano, ocupando

todos os espaços pedagógicos possíveis da sociedade.

Visto que, o termo Educação Ambiental carrega o substantivo “educação”,

pode-se concluir (tomando como base a visão emancipatória do que é educar e qual

a finalidade do processo educativo ambiental) que a Educação Ambiental se dá em

um processo “crítico, problematizador e transformador das condições objetivas e

subjetivas que formam a realidade” além de “buscar transformação social

englobando indivíduos, grupos e classes sociais, culturas e estruturas, como base

para a construção democrática de ‘sociedades sustentáveis’ e novos modos de se

viver na natureza” (Loureiro, p.112, 2006).

Dessa forma, pode ser visto que é impossível não ver a Educação Ambiental

como um ato político, que integra os indivíduos no enfrentamento de problemas.

Na sociedade atual pode ser observado o contrário: as disputas ideológicas

por trás do “desenvolvimento sustentável” tenta colocar a questão ambiental fora do

terreno político e a situa no campo de mudança comportamental do ser humano, o

que não é suficiente para superar a crise ambiental, já que a mesma está enraizada

no processo histórico de afastamento entre homem e natureza.

Layrargues destaca que o aparelho ideológico mais importante e dominante

do Estado é a escola ou o sistema de ensino. A escola transmite, durante anos,

ideologias para o futuro das crianças, preparando-as para repassar regras e assumir

papéis sociais. Assim, a educação seria o maior aparelho de difusão ideológica e,

“hipoteticamente, a educação ambiental pode ser considerada como

um significativo elemento ideológico, que através da questão

ambiental, atualiza os movimentos ideológicos na dança entre a

manutenção ou conquista de poder”. (Layrargues, p.85, 2006).

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O autor também destaca que ainda tem sido discutida a relação entre a

Educação Ambiental e mudança social, ou seja, se ela somente reproduz os valores

– as relações sociais capitalistas – ou os transformam.

Layrargues ainda cita a seguinte frase, retirada do Princípio n. 4 do Tratado

de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global

(Layrargues, p.87, 2006 apud La Rovére e Vieira, 1992): “A Educação Ambiental não

é neutra, mas ideológica. É um ato político, baseado em valores para a

transformação social”. No entanto, o autor destaca a importância de questionarmos

se a Educação Ambiental, assim como a educação, é realmente um instrumento

ideológico de reprodução social.

Chega-se a conclusão de que a Educação Ambiental não é ideologicamente

insenta e “só é possível se instaurar uma nova ética, a ecológica, se ao mesmo

tempo se instaurar uma nova relação social, que não seja mediada (exclusivamente

pelo menos) pelo capital” (Layrargues, p. 90, 2006).

Dessa forma, o campo da Educação Ambiental é muito importante para o

combate à injustiça e desigualdade social, que vai além da reforma da relação entre

seres humanos e natureza. Isso mostra a importância de os educadores ambientais

se dirigirem à dimensão política, destacando a forte relação existente entre meio

ambiente e conflitos da sociedade.

Assim, Layrargues afirma que (2006, p. 100)

“a educação ambiental com responsabilidade social é toda aquela

que propicia o desenvolvimento de uma consciência ecológica no

educando, mas que contextualiza seu planejamento político-

pedagógico de modo a enfrentar também a padronização cultural, a

exclusão social, a concentração de renda, a apatia política, a

alienação ideológica; muito além da degradação do ambiente (sem

confundi-la com o ‘desequilíbrio ecológico). É toda aquela que

enfrenta o desafio da complexidade, porque os problemas ambientais

acontecem como decorrência de práticas sociais, e como tal, expõem

grupos sociais em situação de conflito socioambiental.”

Conclui-se então que a Educação Ambiental é um ato político, pois deve estar

contextualizada com as condições sociais que visa não só mudar a ação no mundo,

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como também mudar a visão de mundo, gerando mudança cultural e social. E, como

sujeitos de uma ação política, os educadores devem viver e interferir em um mundo

coletivo, identificando problemas e participando dos destinos e decisões que afetam

tanto o campo individual quanto o coletivo.

Referências Bibliográficas

LOPES, A. F., FERREIRA, D. M., SANTOS. Educação Ambiental. 1. Ed. Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2009. v. 2, 208p.

LOUREIRO, C., LAYRARGUES, P. P., CASTRO, R. S. C. (orgs.). Pensamento Complexo, dialética e educação ambiental. São Paulo: Cortez, 2006.