A DESCONTAMINAÇÃO DO OLHAR: ver e refletir para...Introdução Muito se tem falado da necessidade...
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A DESCONTAMINAÇÃO DO OLHAR: ver e refletir para compreender.
Autor: Aécio Caetano dos Reis. Orientadora: Profa. Dra. Maria Irene Pellegrino de Oliveira Souza1.
Resumo: Este artigo é o relato de uma pesquisa-ação realizada com professores de arte do ensino médio da rede estadual de educação do município de Cambé, como requisito parcial para a conclusão do PDE/2012. Assim, optou-se pelas ações propostas na Unidade Didática relacionadas à Leitura da Obra de Arte na Contemporaneidade, tendo como foco o artista Francis Bacon. Adota como referencial teórico para o desenvolvimento do projeto Buoro, Souza e Martins, entre outros. Por meio da pesquisa-ação desenvolve as propostas e conclui que ações para a descontaminação do olhar são necessárias ao professor de arte de modo que as mediações realizadas por estes na sala de aula sejam mais significativas e promovam o desenvolvimento do pensamento crítico dos estudantes.
Palavras-Chave: Leitura da Obra de Arte. Formação Continuada. Mediação.
1 O Autor é: Professor de Arte da Educação Básica Pública, especialista em História da Arte/UEL e concluinte do PDE 2012. A Orientadora é: Doutora em Estudos da Linguagem e Professora Adjunta do Departamento de Arte Visual e Coordenadora Geral do PARFOR/UEL (Programa Nacional de Formação de Professor junto à Universidade Estadual de Londrina-PR.).
Introdução
Muito se tem falado da necessidade de uma formação permanente do
professor da educação básica pública, entretanto, nem sempre é possível
realizá-la nas áreas específicas. Este fato tem a possibilidade de ser resolvido
com o PDE, caso o professor tenha esse interesse.
O acesso à Educação Básica iniciado na década de 1970 gerou a
necessidade de cursos mais aligeirados para atender essa demanda e na área
de arte se vê o resultado disso com uma formação deficiente,que se arrasta até
os dias atuais.
Esta situação estimulou o projeto aqui desenvolvido dado o desejo de levar os
professores de arte do Ensino Médio a se aproximarem da arte contemporânea,
a partir das obras de Francis Bacon, para poderem vivenciar, não somente a arte
contemporânea, mas também, a leitura da obra de arte por meio de um olhar
mais hábil e menos preconceituoso em relação a esses saberes.
Desse modo algumas foram as perguntas geradoras desta pesquisa:
• Como possibilitar/mediar ao professor de arte uma aproximação, um diálogo qualitativo melhor fundamentado com a obra de arte, promovendo a transformação do olhar?
• Como levar o professor ao entendimento de que a obra de arte é uma forma de compreender, ressignificar o mundo, o outro e a nós mesmos?
• Seria possível despertar nestes professores o desejo de ler obras de arte que não fossem vinculadas a obras do passado ou de somente alguns artistas-ícones como, por exemplo, Van Gogh, Monet, Tarsila e outros?
• Seria possível os professores perceberem com maior clareza questões relacionadas ao julgamento da obra de arte, por exemplo, ao que chamamos aqui de gosto pessoal?
• De que maneira unir estas diversas questões à necessidade de uma maior fluência relacionada à obra de arte contemporânea?
Visando a “descontaminação” do olhar e o desenvolvimento de uma conduta
mediadora do conhecimento em arte buscou-se analisar e discutir metodologias
relacionadas à leitura da obra de arte como uma ferramenta para o ensino da arte,
sistematizando a ação da leitura da obra de arte em três etapas: descrever, analisar
e interpretar. Tudo isso contribuindo para sensibilizar o olhar para a leitura da
imagem, para que com esta competência, o professor se capacitasse a um olhar de
maior criticidade, e não mais como um olhar frágil, redutor, contaminado e
condicionado a um vazio expressivo e distante. Um olhar livre para interferir e
expandir os sentidos, a visão de mundo.
Desenvolvimento
Francis Bacon (1919-1992) foi um dos artistas explorados na construção de
debates junto aos professores, que, em diversas medidas, sentiram-se
surpreendidos diante desta escolha.Assim que se permitiram aprofundar seus
conhecimentos a respeito da Arte Contemporânea, diversos olhares e
questionamentos aconteceram propiciando adotar o desconstruir e o construir como
método de conhecimento.
A escolha poreste artista (normalmente pouco debatido pelos colegas de
disciplina) se deu pelo fato de seu trabalho propiciar interessantes questionamentos
e debates criando um diálogo pertinente às questões propostas neste projeto, como
por exemplo, o “belo” em arte, o “medo” da obra de arte e a frustração ao deparar-se
com algo aparentemente incompreensível.
As professoras, em seus relatos, concordaram que observam em seus alunos
e também em si mesmas um olhar viciado e acostumado a determinadas obras de
arte e que muitas vezes se sentem limitadas ao explorar conteúdos visuais próprios
da arte contemporânea. Muitas delas relataram não ter tido a oportunidade de um
contato com a arte contemporânea em seus cursos de formação e por este motivo
não ousavam levar tais conteúdos para as suas salas de aula.
Outra coisa observada é que as professoras em alguns casos não lidam
apenas com alunos do Ensino Médio e por isso acham que não se torna apropriado
levar tais conteúdos aos alunos de idades menores, no entanto percebemos que não
é pela pouca idade de seus alunos ou pela série/ano em que estão, mas
fundamentalmente pelo receio das próprias professoras, que mesmo achando
“interessante” e “importantes tais conteúdos”, eles não são trabalhados em
profundidade. Garantiram que muitas de suas escolhas são realmente pautadas pelo
gosto pessoal.
Entretanto, essasprofessoras compreendem que a obra de arte é uma forma
de compreender, ressignificar o mundo, o outro e a nós mesmos e enxergam na arte
a sua capacidade de transmitir significados pessoais e humanos da realidade.
Visando aproximá-las da Arte Contemporânea, foi levada uma biografia de
Francis Bacon2e algumas de suas obras.Com isso foi possível compreender a sua
poética dentro do contexto de produção das obrase mostrar às professoras como
pode serinstigante a elas e aos seus alunos o uso de artistas como Bacon em suas
aulas de arte.
Segundo Buoro (2002), a arte Contemporâneapropõe um fazer artístico livre
de regras, proclama uma grande liberdade de criação e ressignificação onde o
artista desvenda infinitas combinações dentro de sua linguagem que é a arte.
Propõe o exercício do pensamento visual, articula elementos, materiais e técnicas,
amplia pesquisas, produzindo sua própria gramática visual, sua própria linguagem
expressiva e consciente. Mesmo que às vezes resistentes, recebemos a provocação
criada pelo artista moderno (e contemporâneo), onde a arte como forma de reação
ao mundo se revela muitas vezes transgressora, contundente e incisiva. “Enriquece-
nos, se nos permitirmos pensar sobre ela, ampliando nossas próprias referências,
para além da realidade de fatos e relações habitualmente esperadas”. (BUORO,
2002, p. 26).
A história da arte é edificada em torno de um sistema de valores, julgamentos
e avaliações ao lado de estratégias teóricas e metodológicas empregadas para levar
seu leitor a ser convencido de que a história é assim como lhe é apresentada. Há
um “contrato comunicativo, que é definido por uma relação marcada pela
intersubjetividade construída no arranjo de linguagem que os põe juntos, em
interação” (BUORO, 2002, p. 09).
Assim, como estruturação sensível e cognitiva, a arte requer então o
desenvolvimento de competências para poder ser sentida e significada. O caminho é
a presença da arte, ser tocado pelas obras e senti-las envolve tanto o encontro
inesquecível desencadeado no que com elas se defronta, quanto a sensibilização
pelas qualidades sensíveis da obra, que determinam sua apresentação estética,
fazendo-a ser olhada e significada. (BUORO, 2002)
2O artista figurativo britânico Francis Bacon, nascido em Dublin (Irlanda) e expulso de casa por seu pai
homofóbico. Vagou por Londres, Berlin e Paris, onde conhece Picasso e se descobre como artista. Suas representações oníricas plenas de violência, sexualidade, degradação e tortura, expressam de maneira catártica e despudorada uma visão da brutalidade e insanidade humanas, sugerindo através do uso vigoroso de sua técnica, possíveis e profundas leituras daquilo que é o potencial de um ser humano que aceita ou permite o horror como parte da vida.
É preciso lembrar que o conhecimento pode ser apresentado nas dimensões
científica, filosófica e artística e, esta última é fruto de uma relação específica do ser
humano com o mundo e o conhecimento. Essa relação é materializada pela e na
obra de arte que “é parte integrante da realidade social, é elemento da estrutura de
tal sociedade e expressão da produtividade social e espiritual do homem” (KOSIK,
2002, p. 139). A obra de arte é constituída pela razão, pelos sentidos e pela
transcendência da própria condição humana. (DCEB, 2008, p. 22).
De acordo com as Diretrizes Curriculares da Educação Básica em Arte, o
trabalho criador (ação em arte) e a criação são as características centrais de todo
conhecimento artístico.
A arte é criação, qualidade distinta e fundamental da dimensão artística, pois criar ‘[...] é fazer algo inédito, novo e singular, que expressa o sujeito criador e simultaneamente, transcende-o, pois o objeto criado é portador de conteúdo social e histórico e como objeto concreto é uma nova realidade social. (Peixoto in DCEB, 2008, p. 23).
Desse modo, o desenvolvimento da ação criativa no envolvimento da leitura
de uma obra de arte, tem relação direta com a construção de novos conhecimentos,
que possibilitam ao professor de arte uma melhor fundamentação para a
humanização dos sentidos, superando a condição de alienação, já que a arte “[...]
concentra em sua especificidade, conhecimentos de diversos campos, possibilitando
um diálogo entre as disciplinas escolares e ações que favoreçam uma unidade no
trabalho pedagógico” (DCEB, 2008, p. 23).
O que a pintura faz ver?
A obra de arte está pronta para ser vista, lida, ela funcionará junto com aquele
que a assiste. A partir de um saber ver que é saber ler o que a pintura mostra é,
pois, pensar a educação do olhar. Conhecer as inter-relações entre a obra, seu
criador e seu contexto histórico é uma forma de adentrar em juízos de valores que
os particularizam e que podem possibilitar a construção de um posicionamento
daquele que olha; uma interação que atribui sentido em relação ao que é mostrado.
A obra de arte da Contemporaneidade é uma profusão provocativa de
questionamentos que nos leva, se assim permitirmos, a novos e profundos
significados, como um convite intenso a uma reconstrução do nosso próprio
universo.
Como parte das discussões a respeito da arte contemporânea e de como o
nosso olhar se apresentava contaminado pelo nosso cotidiano e por nós mesmos,
foi necessário apresentar Buoro aos professores, já que a sua identidade junto à arte
e às condutas a respeito da leitura de obra de arte inspiraram fortemente o projeto
que estava sendo desenvolvido.
Outra conduta estabelecida junto aos professores foi a percepção cada vez
mais clara de que uma obra de arte pode ser vista por si só, mas ela também indica
outras, com as quais dialoga, quer sejam do seu criador ou de seus
contemporâneos, ou ainda de outras épocas, como a exemplo de Francis Bacon,
quando pinta suas diversas obras3 que referenciam a produção artística de Diego
Velázquez (Retrato do Papa Inocêncio X - 1650), busca “outras maneiras” de ver
Velázquez.
Estes universos pessoais são a afirmação da existência e das múltiplas
possibilidades do olhar e das construções plásticas pessoais, tão diferentes quanto é
o potencial humano em suas possibilidades de cruzamentos de experiências vividas.
Incentivar, ou levar à construção destes imbricamentos é apropriar-se da arte.
A arte tem em si a capacidade de permitir ao observador múltiplas formas de
viajar numa busca infinita de saberes para compreendê-la, e já isso ela nos
corresponde com grande profundidade. O entendimento da arte nos presenteia com
o entendimento do mundo.
O olhar sobre a obra de arte se faz pela compreensão daquilo que se vê,
constrói-se uma leitura buscando o aprofundamento de significados numa ação de
ressignificação, dessa forma, considera-se que esta nova produção, a própria leitura
daquilo que se quer “traduzir”, vinda de uma imagem base é a construção de um
novo texto, de uma nova interpretação que pode nos levar até mesmo para a
elaboração de uma nova obra (a criação).
Em debates junto às professoras percebeu-se que o afastamento, ou o medo
da obra de arte, pode estar ligado à frustração sentida por aquele que se sente
menos capaz de ousar uma leitura da obra, relacionamos esta dificuldade a
processos pessoais daquele que se vê diante de um enigma de linguagem, calcado
3Na década de 50 Francis Bacon pintou uma série de variações a partir da obra de Velázquez, fazendo com que suas imagens habitassem um universo completamente distinto.
em preconceitos e distorções a respeito do valor da obra de arte nas sociedades,
uma idealização da ideiade “belo”, e uma busca insistente da perfeição figurativa,
realista e acadêmica.
As pessoas se colocam num patamar de leigas em arte, e mesmo inseridas
no séc. XXI, ainda têm um olhar viciado e anacrônico em relação a arte, comparam
as obras de artistas da contemporaneidade a expressões infantis, para justificar o
conceito que a arte contemporânea não significa, criando assim um discurso pobre
que fere tanto as expressões artísticas de artistas consagrados quanto a expressão
das obras criadas por crianças (como se a uma criança a expressão artística não
tivesse o seu valor). Isso expõe a fragilidade do relacionamento entre a obra de arte
e o seu espectador.
A ação do Artista: o que é então a produção de uma obra de arte?
Nos debates junto aos professores, pudemos refletir a respeito da figura do
artista, de suas ações frente ao mundo para que assim pudéssemos ressignificar
nosso entendimento da arte. A arte nos leva a agregar um tipo de saber que
intermedia e intensifica nossas relações com os outros saberes do mundo. E a
importância da mensagem transmitida pelo artista em sua obra supera o evento que
a gerou, fazendo com que uma obra de arte permaneça atual e vigorosa, mesmo
sob a luz de novos contextos e novas épocas. Lembramos ainda que o artista não
apenas assiste, mas vive o mundo, participa do mesmo, repensa estas realidades e
constrói o objeto (um objeto que é a obra de arte) cuja finalidade maior é devolver
para a sociedade uma experiência que poderá ser revivida de forma individual por
aqueles que se propõem lê-la.
O poder inerente à obra de arte é a sua capacidade de comunicar-se,
independentemente da época em que foi criada, ou do evento que a gerou, o artista
constrói mensagens que rompem diferentes barreiras num contraponto com as
formas da escrita. Segundo vários pensadores e artistas, hoje a imagem em arte não
é mais a representação da realidade, já que a imagem faz parte da constituição da
realidade, com um algo a mais, a imagem comunica-se interagindo de maneira
atemporal. “O quadro não representa: é.”. (Argan, 1992,p. 125).Assim, a obra de arte
como texto visual é autônoma e manifesta em sua forma o discurso construído pelo
artista.
Mesmo assim, e isso pode ser percebido com bastante clareza nos diversos
debates junto aos professores de arte, muitas obras de arte não são consideradas
no debate artístico em sala de aula, por serem “difíceis” de serem lidas ou traduzidas
por aqueles se deparam com elas, sejam alunos, ou professores que se assustam
com o conteúdo que tem em mãos. Daí nota-se uma preferência por obras mais
conhecidas e com leituras também já conhecidas, mesmo que estas mesmas
leituras fragilizem a obra de arte em questão e que levem o aluno a uma
compreensão errônea de que a leitura da obra de arte é finita.
Diante disso, as professoras puderam, a partir de suas próprias observações,
traçarem paralelos a respeito da leitura da obra de arte como um todo, chegando a
perceber que poderiam com maior liberdade ler obras de arte das suas preferências
a partir das ressignificações advindas de suas ações e interações junto ao contato
que estavam tendo com a arte contemporânea. A professora K., por exemplo,
apreciadora dos mestres impressionistas, em determinado momento declarou que
desejava rever algumas obras que eram de sua preferência e a partir de “um olhar
mais ousado, ler novamente Monet e Renoir, pois sentia que havia muito mais a ser
interpretado naquelas obras que tanto ela utilizava”.Já a professora J. sentia-se num
misto de entusiasmo e medo querendo levar aos seus alunos “a Land Art” e outras
tendências próprias da contemporaneidade, pois há muito ela pessoalmente sentia-
se atraída por esta poética ao mesmo tempo que se sentia diante de um enigma de
difícil solução.
Arte atemporal e temporalidade da arte
A arte nos mostra o mundo de modo condensado e sintético, através de
representações que extrapolam o que é previsível e o que é conhecido, contribuindo
para adquirirmos novos saberes e transformando nossas relações sensíveis com o
mundo. Outra característica própria da arte é o fato dela ser atemporal, pois
transcende o tempo, traz em si o universal, supera as barreiras de etnias, fronteiras,
credos e épocas. Põe em suspenso o conceito de tempo, já que as produções que já
existem, prenunciam as possibilidades futuras em termos de criação e comunicação.
A arte tem em si o potencial de produzir em nós encantamento, repulsa,
identificação, indiferença e reflexão. Isso é fruir a obra e dialogar com o artista.
A arte é temporal porque traz em si a marca de sua época, veste-se de
determinado estilo, forma e poética, mas seu aspecto temporal não a aprisiona, não
a fecha para o mundo. Ela pode ser, dentro de sua temporalidade, em seu aspecto
físico/material, mutilada pelo homem e pelas eras, sofrer distorções em seus
significados, rompendo com sua poética e discursos iniciais. Essa importância é foco
de debate no processo da Arte Contemporânea, onde se discute não apenas as
questões temporais, mas também o efêmero e as condutas humanas em relação ao
mundo que se consome hoje. Tudo que é temporal nos obriga a pensar em questões
como a impermanência, odesapego e a morte. (MARTINS, et. al., 1998,p. 75).
Mesmo sabendo que existem certas formas que são arquetípicas e que
persistem através dos tempos, o significado das diversas produções artísticas muda
conforme o seu espectador, torna-se evidente que a leitura de uma obra produzida
no passado não era lida com as atribuições pertencentes ao nosso momento, os
significados são mutáveis, assim como o ser humano em seus diversos diálogos
com o mundo. A fruição é individual como também é um componente de permanente
discussão com o mundo, pois “a contemplação de uma produção artística nunca é
passiva, algo de nós penetra na obra ao mesmo tempo que somos por ela invadidos
e despertados para novas sensibilidades” (MARTINS et all, 1998, p. 75).
A arte inaugura outro campo de sentidos e significações, a metáfora é que
nos fala em meio a um oceano de interpretaçõese embora a obra de arte seja
aberta, permitindo uma infinidade de leituras, é ela quem dirige, propicia e inaugura
essas leituras.
Compreendemos que o professor de arte poderia se colocar como um
mediador, elaborando uma espécie de curadoria educacional, tornando-se alguém
que facilita o encontro entre a arte e seu fruidor, neste caso seu aluno, independente
de sua idade ou contexto social.
O mediador fortalece o olhar cognitivo, propõe um entendimento das diversas
nuances presentes na obra ou em sua relação com ela, permitindo que os canais
estejam abertos para os sentidos, sensações e sentimentos, promovendo uma maior
interação com a imaginação e a percepção em relação ao que se assiste,
fortalecendo o exercício de interpretar e comunicar-se com o mundo. “A percepção é
a fusão entre o pensamento e sentimento que nos possibilita significar o mundo... O
estar atento ao mundo é um constante despertar”. (MARTINS et all,1998 p. 117).
Em nossas conversas tanto com as professoras do GTR quanto com as
professoras que participaram dodesenvolvimentodeste projeto, chegamos a um
importante fato: a arte é uma experiência sensível e um exercício do sensível,
portanto, propor situações de relacionamento ou aprendizagem em arte implica
também buscar um olhar que supere o embotamento dos sentidos e a sensação de
amortecimento que nos impede de despertar para o mundo e crescer em relação ao
nosso sentir.
A imaginação é também um modo de conhecer, ela é capaz de antecipar,
antever, ela formula hipóteses para uma ação, por isso a arte é próxima da ciência.
A imaginação não é uma fuga da realidade, ela é a capacidade de superação da
realidade, traz uma nova proposta a aquilo que está condicionado ou paralisado.
Sendo assim pode-se dizer que o artista se assemelha ao cientista que se dispõe a
fazer uso do seu potencial, particularmente humano, do uso consciente da
imaginação como elemento essencial na solução de problemas autoimpostos.
A leitura é uma das maneiras que o professor dispõe como solução para o
desenvolvimento estético do seu aluno.Um dos impedimentos para que o
relacionamento entre o aluno e a arte ocorram é o não investimento num olhar
contemplativo/pensante, já que a velocidade e a superficialidade à qual nosso olhar
é exposto no cotidiano pede, de certa forma, uma quebra desta conduta ansiosa e o
aprendizado de um olhar em outro ritmo e profundidade. Assim, o professor como
mediador, como curador educacional deve estar atento e buscar estratégias que
permitam uma desaceleração, uma quebra desta conduta de emergência psicológica
que tumultua e aprisiona o olhar a condutas que fogem da proposta de um olhar
mais elaborado, de um verdadeiro olhar enamorado com a obra de arte.
Durante a apresentação das obras de Bacon, as professoras foram
demonstrando suas reações particulares em relação ao que viam, mesmo
sabedoras de que aquilo que viam era a produção de um dos grandes artistas do
século XX, elas acabaram por assumir que os aspectos controversos, e a poética
pessoal do artista era algo desagradável e difícil de ser aceito por elas. Segundo as
próprias professoras havia um receio em relação às reações que seus alunos teriam
ao se deparar com tais obras. Neste ponto começamos a conversar sobre a atitude
de professores como mediadores e de como essas qualidades apontadas como
difíceis de serem trabalhadas poderiam se ajustar ao ambiente de sala de aula, pois
tinham um grande potencial para instigar os alunos e aproximá-los da arte.
Diante desse entendimento, pudemos perceberque ao assumirmos a atitude
de mediadores, nos permitimos outra ação metodológica de suma importância para
nosso relacionamento com a obra de arte e com nosso aluno, já que a mediação nos
alça a um outro patamar frente às nossas abordagens relacionadas ao ensino da
arte. E os alunos podem cultivar em si uma ideia de pertencimento em relação à
obra de arte como também refletir e desenvolver um olhar mais crítico, e por que
não “artístico” ou sensível junto ao mundo que o cerca.
O professor deve estar preparado para observar em seu aluno a diversidade
de ritmos na apreensão dos conhecimentos propostos, pois alguns vão aos poucos
tomando contato com a arte e se motivando ou familiarizando com este universo.
Atentos a isso, torna-se mais fácil, como mediadores, oportunizar o seu
envolvimento com a obra de arte.
Quanto mais o aprendiz tiver a oportunidade de ressignificar o mundo por
meio da especificidade da linguagem da arte, mais poder de percepção sensível,
memória significativa e imaginação criadora ela terá para formar consciência de se
mesmo e do mundo. (MARTINS, et. al., 1998 p. 162).
Mostrando alguns caminhos
O desenvolvimento deste projeto, conforme sabemos ocorreu em oito
encontros e aqui optamos por relatar aqueles mais significativos, ou seja, os que
mais levaram os professores à reflexão e à necessidade de se mostrarem de modo
verdadeiro.
A leitura da obra de Arte Contemporânea era um objetivo a ser atingido.
Buscávamos o entendimento do que é leitura de obra de arte e discutimos junto aos
professores quais eram os métodos de leitura utilizados por eles para podermos
afinar nossos instrumentos de leitura para melhor compreensão do universo da arte.
Também desejávamos um melhor entendimento do que é Arte Contemporânea, e
para isso foi necessária uma revisão de alguns termos como, por exemplo: Estética
e Poética, Performance, Happening, Instalação, Assemblage, Ready-made,
Objettrouvé, Metáfora. E alguns eixos norteadores da arte como o Dadaísmo e a
Arte Conceitual. Foi também explicado o porquê da escolha do artista Francis Bacon
para uma ação de Leitura de obra de arte junto aos professores. Como também o
desejo de que as professoras produzissem um autorretrato para compreender o
conceito de poética pessoal. Além da produção de um caderno de anotações com
intenções hibridas entre arte e metodologia de ensino.
As professoras logo se mostraram ansiosas em relação às propostas
vinculadas à Arte Contemporânea, pois se sentiam aquém dos conhecimentos
relacionados a esse assunto, e ao mesmo tempo demonstravam saber alguns
aspectos bastante apropriados das condutas de artistas da Contemporaneidade.
Dos principais termos apresentados, a Assemblage necessitou mais explicações e
revimos juntos aspectos do Dadaísmo para que assim pudessem transitar com mais
tranquilidade junto à Arte Conceitual.
Tendo sido feita essa introdução, foi mostrado às professoras as imagens de
algumas obras de Francis Bacon, artista este que era completamente desconhecido
por algumas delas e que por outras quase nada sabiam a não ser pelo nome,
lembravam ser um artista da época de Picasso. Foi neste momento que as
professoras demonstraram bastante desconforto, declarando umas às outras o
pouco acesso ou compreensão em relação a algumas questões da arte, e em
grande parte sentiam-se responsáveis por não “buscar saber mais”. Foi necessário
estabelecer um momento de desabafo onde todas puderam contar como foi a sua
formação acadêmica, suas buscas pessoais em arte e as diversas metodologias e
enfrentamentos em sala de aula quando se trata de arte moderna e contemporânea,
todas perceberam que realmente há uma repetição de conteúdos ajustados a
preferências pessoais.
A partir dessas falas expressadas às vezes com alguma apreensão foi
possível lembrar que o projeto do qual as professoras estavam participando tinha
como um dos propósitos tentar ajustar tais conhecimentos e assim estabelecer
novos olhares frente à arte contemporânea.
Um encontro significativo foi aquele no qual tratamos doselementos visuais
presentes na obra de Bacon, pois abrimos espaço para outras questões como a
materialidade da obra de arte e aspectos técnicos utilizados por um artista da
contemporaneidade. Revimos questões relacionadas aos elementos visuais
pertencentes a pintura, como também amaterialidade e o hibridismo em arte.
A presença do hibridismo é importante não só pelo fazer de Francis Bacon, já
que na construção de algumas de suas obras ele utiliza fotografias como recurso de
criação, recorrendo a elementos iconológicos de aspectos históricos na arte. O
artista passeia por outras linguagens além da própria pintura, mas também como
elemento que se estabelece como característica de muitas produções vistas na
Contemporaneidade.
Assim, foi proposto às professoras que produzissem um Caderno de Viagem
ou Caderno de Anotações, assim sendo, foi apresentado o conceito de cadernos de
viagem, cadernos de anotação ou cadernos do artista, com a intenção de que
elaborassem o seu caderno de anotações durante o curso, para adquirir uma nova
postura de produção e entendimento que poderia no futuro ser estendida a seus
alunos, se assim desejassem.
Como forma de exercitarem tais aspectos foi solicitado a elas que anotassem
em seus Cadernos de Viagem o que pensavam ser mais importante a respeito da
obra que está sendo analisada. Já que foi pedido para que cada professora
escolhesse um(a) artista da Contemporaneidade para uma interação. Essa ação se
aproxima dos cadernos de anotação ou cadernos de viagem usados pelos mais
diversos artistas como um modo de registro das suas ideias, e como uma forma de
guardar memórias, textuais e/ou visuais.
Anotações são um recurso para o repensar, para serem revisitadas a
qualquer momento. Por meio delas se percebe em outro nível, um nível menos
abstrato, a qualidade da elaboração verbal das coisas que nos chamam a atenção,
que instigam de alguma maneira e que precisam ser lembradas.
De acordo com Martins (2012) é o espaço para o desvelamento de sua
subjetividade, onde, em se tratando de arte, essa ação de descoberta e revelação se
autofundamenta em importância. Assim, é de grande importância que adotemos tal
hábito, anotar o que nos chama mais atenção e, futuramente, elaborar um novo e
mais profundo olhar sobre nossas propostas docentes em arte, perquirindo e
perscrutando esse olhar/pensar para assim, então, possibilitar a abertura de espaço
para novas percepções, onde o estranhamento se reconhece numa recepção ao que
nos é ofertado.
A pesquisa visual pode se dar também através da elaboração dos mais
diversos tipos de esboços da obra que está sendo analisada. Para as professoras foi
o momento de quebra de tabus e de suas autocensuras que poderiam impedir o seu
fazer, seus desenhos poderiam ser elaborados com o uso de qualquer técnica que
favorecesse a elaboração de suas ideias ou propostas visuais, no caminho para
atingir seu objetivo. Foi também lembrado que os artistas contemporâneos para
conseguir o que desejam, elaboram muitas condutas rompendo com padrões pré-
estabelecidos muitas vezes negando conceitos de “certo e errado, de belo e feio”.
Pensar na Arte Contemporânea é o que fez desencadear esta proposta de
ação pedagógica, pois nela, a materialidade vinha como um dos conceitos a serem
compreendidos: qual a sua importância? Quais questionamentos devem ser feitos
para que a materialidade da obra de arte ajude na construção do diálogo entre
homem e obra? Os suportes utilizados pelos artistas têm qual importância? Essas
foram as questões debatidas junto às colegas professoras sempre considerando a
real possibilidade de seu entendimento e uso futuro em salas de aula. Foi um debate
bastante proveitoso para todos nós e assim que as percepções se aguçavam, via-se
nas professoras uma interessante renovação de conceitos e até mesmo
autoconceitos frente à arte. Uma professora fez aquilo que se esperava com esta
proposta, isto é, foi além e propôs uma articulação de conceitos com a pintura,
trazendo diálogos cifradose pintura como comunicação para pensar a materialidade.
Ao escolhermos a obra de Jean Michel Basquiat a professora apresentou aspectos
da materialidade que levaram a buscar diversos caminhos e abrindo um canal de
comunicação com seus alunos de modo a criar condições de mediação e
aprendizagem significativa, conforme se observa na figura 1.
Em nossos encontros a mediação sempre esteve presente, pois é algo
fundamental ao professor de arte, entretanto, nossas formações iniciais não nos
mostraram esse caminho.
Figura 1 - Materialidade/Basquiat
Para Vergara, o objeto de arte é apenas um objeto se não for ativado
culturalmente. Os diálogos entre produção artística e a nossa história em um mundo
culturalmente vivido fazem com que a linguagem artística estabeleça uma
conversação, podendo ser individual, particular, diante da obra de arte, ou
provocada por uma mediação entre a obra de arte e o apreciador. A ação mediadora
tem por objetivo explorar a potência da arte como veículo de ação cultural. A obra
apresentada contribui na formação do olhar do apreciador integrando
arte/indivíduo/sociedade, que pode desencadear uma experiência estética e, por
meio dela, a consciência de ser no mundo. (1996, p. 244).
Sempre pensando em Bacon como referencial para as ações que foram
propostas, vale lembrar que Bacon em suas obras utiliza-se de suportes e materiais
tradicionais, mas, a maneira como os utiliza pode ser vista ainda como um
prosseguimento de uma tradição histórica ou o artista em seu fazer rompe com as
tradições? Sua poética pessoal pode ser medida pelo uso ou não das tintas e telas;
dípticos e trípticos mudam alguma questão formal ou reafirmam seu diálogo interno
com a arte do passado? A pintura pode ser compreendida como comunicação e
expressão, um diálogo do artista com o
mundo e com a própria arte? A arte/a pintura
como criação de um espaço para o
desenvolvimento de hipóteses a respeito da
Arte Contemporânea. Essas também foram
questões que causaram muitas reflexões, e
as professoras rapidamente faziam pontes
entre outros artistas contemporâneos junto a
suas falas no debate, logo já haviam
escolhido seus artistas para compor seu
Caderno de Viagem.
Uma ação que considero fundamental
foi a introdução do conceito de Trama
Multidimensional como metodologia de um
pensar a arte em uma outra forma de
organização não linear. Para que se tenha
uma ideia sobre esta proposta apresento a
Trama Multidimensional que organizou esta pesquisa (fig. 2).
Figura 2 - Trama Multidimensional
Conforme podemos observar todo o processo de trabalho está organizado
aqui mostrando que não há uma via de mão única, pois os percursos se
entrecruzam para poder produzir sentido. Além disso, o professor pode optar por
explorar mais uma área do que outra. Essa liberdade permite atualizar o ensino de
arte de modo a construir com os alunos linhas de raciocínio particularizadas, sem,
contudo, deixar de lado o que é necessário ao ensino de arte – percepção,
imaginação, elaboração de ideias, criticidade e criação. Esta organização aliada ao
caderno de viagem permite ao professor compreender como se dá seu processo de
construção do conhecimento, bem como o de seus alunos, promovendo avaliações
justas e inclusivas.
Cada professor, conhecendo o conceito de trama multidimensional, pode se
aventurar a elaborar suas próprias tramas multidimensionais, observando as
apropriações dos conteúdos e as articulações entre os principais elementos que
compõem a trama4:
• Teias de Saberes/Conexões Transdisciplinares.
• Processo de criação, descrever o processo de criação. • Mediação do Olhar/Formação e educação do Olhar, professor elaborando
uma curadoria educacional. • Contextos Estéticos/SaberesEstéticos e Culturais, além dos conhecimentos
que o professor quer apresentar inclui a bagagem, os saberes e as experiências do aluno.
• Linguagens Artísticas/Forma e Conteúdoincluem elementos visuais formais. • Fazer Artístico/Materialidade Produção e Procedimentos envolve pesquisa e
entendimento de como será feita uma proposta em sala de aula.
Procedimentos/Metodologia, onde e como será feita uma produção em arte, qual o objetivo da execução de uma produção. (Fig.3).
4Estes conceitos são propostos nos cadernos dos DVD´s Arte na Escola como Mapas Rizomáticos.
Figura 3 - Tramas Multidimensionais em Recortes
Essas tramas multidimensionais mostram como os professores construíram
seus caminhos para pensar a mediação, a partir do artista escolhido e de que
maneira potencializam desdobramentos promovendo diversos diálogos acerca da
arte, livres do receio daquilo que é contemporâneo, rompendo com o pensamento
linear e cronológico e atualizando o ensino de arte.
Considerações Finais
A Arte Contemporânea é pertencimento dos professores de arte, rico espaço
para leituras de obras bastante pertinentes aos nossos educandos, pois é inerente a
este tipo de arte aspectos que instigam e que refletem um universo pleno de
inquietações cuja conversação se permite existir. O campo da arte está estendido, a
nova arte não depende mais apenas do museu ou da galeria, a arte esta cada vez
mais ligada ao mundo que nos cerca.
Os encontros realizados nesta pesquisa contribuíram para o diálogo entre os
professores de Arte da rede estadual de ensino e as obras de arte do artista citado,
tendo como um dos objetivos conduzi-los a uma ativação de saberes exigidos na e
pela relação estética para assim poderem atingir a significação da obra de arte. Por
meio desses encontros, foi possível levá-los a um melhor entendimento dos
procedimentos adotados para a obra mostrar o que mostra, assim como dos
mecanismos que emprega para sensibilizar. Foi nestes encontros, que as
professoras puderam explorar de maneira significativa artistas como Adriana
Varejão, Basquiat e Marcel Duchamp.
Durante esses processos observou-se que existe sim um desejo por parte das
professoras em articular no conjunto de suas aulas estes e outros artistas da
contemporaneidade, não como uma oposição à arte de outros períodos da história,
mas como uma maior consciência do apelo que a contemporaneidade tem junto aos
nossos educandos que se sentem instigados quando se deparam com a enigmática
produção do nosso tempo.
As elucubrações a respeito da presença da figuração e de seus
desdobramentos nas poéticas dos artistas da contemporaneidade, assim como as
questões relacionadas à abstração demonstraram que ainda existe muito a ser
realizado por nós profissionais da educação em arte.
O conceito de professor mediador foi amplamente discutido durante todos os
encontros e a cada debate sobre o assunto, via-se como as professoras
rapidamente percebiam que a ação de mediação é uma viametodológica bastante
humana e que permite maior proximidade, com qualidade, entre nossos alunos e as
obras de arte que desejamos levar a eles.
A leitura da obra de arte e a arte da Contemporaneidade foi uma proposta que
a principio causou temor em algumas professoras, que demonstraram sentirem-se
como que incompetentes em relação a estes conteúdos, no entanto, elas próprias,
no decorrer das ações e interações puderam perceber outras necessidades para
uma melhor compreensão das produções contemporâneas.
Percebeu-se que as professoras sentem grande dificuldade na produção de
sua poética pessoal, são temerosas e críticas (assim como a maioria dos alunos), e
muitas delas procrastinaram até o limite para executarem seus autorretratos
prejudicados por um forte senso de autocrítica, um perfeccionismo exacerbado ainda
se impõe quando se fazem necessárias ações como as propostas de produção em
arte, mesmo quando sãoapenas um exercício de percepção sem que haja o intuito
de criação de obras de arte.
Observar o resultado de um dos trabalhos pode ser a melhor conclusão para
esta pesquisa. (Fig. 4).
Figura 4 – Autorretrato.
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