A Crise dos Refugiados parte I
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Coimbra 2015/2016
A CRISE DOS REFUGIADOS: AGRAVAMENTO DAS
DESIGUALDADES E DA EXCLUSÃO SOCIAL?
Curso: Licenciatura em Relações Internacionais
Cadeira: Metodologia da Pesquisa
Docente: Elísio Estanque
Trabalho de:
Alyona Kaduchenko, 2015238929
Joana Filipa Neves Rodrigues, 2015249430
Joana Filipa Prata e Cunha, 2015230979
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ÍNDICE
I. Introdução
II. Abordagem genérica
III. O problema do conhecimento das ciências sociais
a. A construção do conhecimento e obstáculos epistemológicos
IV. Bibliografia
a. Dos textos citados
b. Dos temas a desenvolver
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I. Introdução
No contexto da cadeira de Metodologia da Pesquisa do 1º semestre do 1º ano da
Licenciatura em Relações Internacionais da Faculdade de Economia da Universidade de
Coimbra, no decorrer do ano letivo 2015/2016, o docente Elísio Estanque propôs-nos a
elaboração de um trabalho de investigação referente a um tema inserido nos três propostos.
Com efeito, realizada uma reflexão crítica, o nosso grupo deliberou, decidindo que o tema
a abordar seria «Desigualdades e exclusão social: Problemáticas socioculturais da integração dos
refugiados na sociedade europeia atual».
II. Abordagem genérica
Enquanto seres sociais, deparamo-nos diariamente, direta ou indiretamente, com situações
de desigualdade e exclusão social de minorias que têm vindo a ganhar cada vez mais dimensão.
Não obstante, a integração dos refugiados de guerra na Europa enfrenta bastantes
obstáculos, como o choque cultural que provoca nas sociedades nas quais são inseridos, dadas
as diferenças de pensamento e de ideologias. Além disso, o facto de estarem a ser asseguradas
as necessidades básicas a estes sujeitos enquanto muitos cidadãos ainda não beneficiam destas
tem despoletado sentimentos de revolta e angústia, dificultando a integração social dos
refugiados.
Neste contexto, o fenómeno da exclusão social tem vindo a agravar-se e, assim, estando
plenamente conscientes da forma como estas situações nos afetam pelo seu impacto em
diversos domínios da vida em sociedade (económico, social, cultural e político), considerámos
ser impreterível o estudo deste fenómeno social, visando uma melhor compreensão do mesmo.
III. O problema do conhecimento das ciências sociais
Os indivíduos, enquanto seres sociais estão inseridos num meio físico e social, emitindo
muitas das vezes uma opinião sobre o que os rodeia sem esta estar devidamente fundamentada,
não constituindo assim o desenvolvimento científico.
Para atingir o conhecimento científico, é necessária a rutura com as explicações do senso
comum a par com o recurso a teorias e métodos para testar as hipóteses explicativas
formuladas. Muitas vezes, o processo de construção do conhecimento é perturbado pelas
explicações do senso comum e da ilusão da transparência do social, que podem induzir em erro
ao fazer parecer algo demasiado simples.
O senso comum consiste em opiniões pessoais baseadas em noções e representações
individuais, em interpretações imediatas e espontâneas da realidade; sendo, por isso, um
conhecimento desorganizado, não sistemático e não comprovado; devendo ser excluído no
processo de construção do conhecimento científico. Este, por sua vez, é racional, objetivo,
factual, analítico, preciso, metódico, sistemático e verificável. (Andrade e Moinhos, 2013: 35,
37, 39)
Orna, 1995, 36 apud Bell: «não há uma ‘maneira correta’ de fazer as coisas e os
investigadores bem-sucedidos usam uma grande variedade de estratégias».
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O exercício da escrita de um trabalho de pesquisa assemelha-se, de certo modo, ao exercício
da comunicação, daí a importância atribuída ao público, aos examinadores e aos leitores, pois
serão eles os avaliadores da tarefa elaborada. Como Zina O’leary afirma «A pesquisa é
normalmente avaliada/criticada não pelo que fizeste, mas pela tua habilidade de
reportar/transmitir aquilo que fizeste.» (O’leary, p.278)
Tradicionalmente, a investigação divide-se em três fases:
1) Proposta do objeto de investigação;
2) Condução da investigação;
3) Redação da pesquisa, das informações recolhidas, formulação do texto.
A partir do momento em que se inicia uma investigação, é necessário que o indivíduo
tire apontamentos sobre o objeto que analisa, bem como as fontes que utiliza. Esta ação irá não
só facilitar-lhe o trabalho no momento da redação deste, como desenvolverá também as suas
capacidades de reter a informação de que necessita. (O’leary, p. 282)
Quanto à estrutura do trabalho, antes de o investigador «saltar de cabeça» e passar à
redação de um texto final, este deve realizar uma planificação dos capítulos, das partes que irão
compor o trabalho.
I. Os métodos são uma parte fundamental num trabalho de investigação.
Questões como Como se encontrou a informação necessária?, A que tipo de
fontes de recorreu? serão respondidas. De modo sucinto, nestas duas últimas
etapas, o investigador relata o caminho feito até aos dados necessários para a
realização dos seus argumentos e conclusões.
II. Na exposição do objeto de investigação, é necessário que esta esteja bem
explícita e é preciso que seja fornecida uma justificação forte para a escolha do
objeto de estudo e dos métodos utilizados, de modo a convencer o leitor de que
a informação redigida é credível. (O’leary, p.287)
Após ter um texto redigido, o autor precisa de se preparar para a apresentação de um
primeiro esboço, que pode sofrer imensas alterações, tendo em conta a quantidade e qualidade
do feedback que recebe. Com efeito, o investigador precisa de estar disposto a receber várias
opiniões e críticas.
Numa fase inicial, pretenderá receber opiniões sobre as suas ideias, a estrutura e a lógica
do trabalho e numa fase posterior já procurará sugestões para a consistência e coerência do
texto. Um dos conselhos dados ainda ao investigador é o de pedir a alguém inexperiente para
ler o trabalho, no sentido de apurar a clareza do conteúdo do mesmo. (O’leary, p.289)
Todavia, no decorrer da elaboração de trabalhos, o investigador enfrenta algumas
dificuldades relacionadas com o problema do conhecimento das ciências sociais. O nosso
conhecimento e as nossas crenças baseiam-se em observações que realizamos sobre o mundo
que nos rodeia. Estas podem constituir o material de partida para uma investigação científica;
mas há que ter em atenção o problema e o ponto de vista através do qual se examinam as
observações. (Alasuutari, p.25)
Por muito que o sujeito tente ser isento nas suas observações, este já possui
informações adquiridas previamente que influenciam a sua visão sobre uma certa proposição,
umas vez que este está inserido num contexto histórico-social que leva inevitavelmente a um
exame crítico da realidade. (Alasuutari, p.26) Como Durkheim disse «O homem não pode viver
no meio de coisas sem fazer delas ideias segundo as quais regula o seu comportamento».
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Antes de mais, é importante selecionar as observações consoante a relevância que têm
para o problema em causa. No entanto não deve omitir certas observações sem explicar por que
o fez; E esta seleção ira depender da estrutura teórica e do método de pesquisa adotado.
(Alasuutari, p.28)
A metodologia de pesquisa consiste no conjunto de práticas e técnicas através das quais
o investigador produz observações. (Alasuutari, p.29)
As observações que o pesquisador selecionar para incluir no seu trabalho irão constituir
as hipóteses de trabalho, e, assim, a estrutura teórica do mesmo (por exemplo, no caso dos
homicídios, os detetives investigarão os motivos que parecem ser mais plausíveis para o
sucedido). Na pesquisa científica a escolha dos métodos está condicionada à etapa precedente
(definição dos hipóteses de trabalho). (Alasuutari, p.30)
Seguidamente, as hipóteses serão testadas na tentativa de resolver a pergunta de
partida. E se o investigador encontrar uma explicação lógica que considere plausível e assim
correta chamar-lhe-á evidência. (Alasuutari, p.32) Toda a vida, algumas conclusões são mais
fiáveis do que outras (Alasuutari, p.33), mas o mais importante é a criação de um modelo lógico
de explicação no qual todas as peças se encaixem. (Alasuutari, p.34)
As investigações estatísticas sociais não vão, normalmente, considerar material
empírico recolhido através de outro ângulo que não suporte as hipóteses propostas no início do
artigo. As investigações qualitativas começam, na sua generalidade, mais com uma descrição e
menos com uma interpretação. Uma característica em comum destes dois tipos de investigação
social empírica é que as tentativas e erros raramente são documentados. O processo de
pesquisa prossegue alternadamente em duas direções diferentes: da específica para a genérica
e da genérica para a específica, até que a solução final seja eventualmente encontrada.
(Alasuutari, p.35)
Neste sentido, espera-se que as ciências sociais produzam hipóteses universalmente
válidas. A nova explicação de um dado fenómeno baseada numa análise de um caso individual
faz com que seja necessário construir uma nova abordagem crítica para os “factos” e
“evidências” que foram construídas com base na estrutura teórica anterior e nos seus modelos
explicativos. (Alasuutari, p.36) A investigação social tem ainda que justificar os seus argumentos,
referentes às observações que se suportam naquilo que foi dito. (Alasuutari, p.37)
Deste modo, com a elaboração deste trabalho pretendemos obter resposta às questões
«Quão grave é a desigualdade e a exclusão social atualmente nas sociedades europeias? E de
que modo a crise dos refugiados pode agravar esta realidade?»
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Bibliografia
a) Citada
1) ALASUUTARI, PPERTI, 1998, “OBSERVATIONS, DEDUCTIONS AND CLUES” IN IDEM, AN
INVITATION TO SOCIAL RESEARCH, LONDON: SAGE PUBLICATIONS
2) ANDRADE, ANA BELA E MOINHOS, ROSA, 2013, SOCIOLOGIA 12º ANO. LISBOA:
PLÁTANO EDITORA
3) BELL, JUDITH, 2004, “REGISTO DE INFORMAÇÕES, APONTAMENTOS E BIBLIOTECAS” IN
IDEM, COMO REALIZAR UM PROJETO DE INVESTIGAÇÃO. LISBOA: GRADIVA
4) O’LEARY, ZINA, 2010, “THE CHALLENGE OF WRITING UP” IN IDEM, THE ESSENCIAL GUIDE
TO DOING YOUR RESEARCH PROJECT. LONDON, SAGE PUBLICATIONS
5) SILVA, AUGUSTO SANTO, 1997, “A RUTURA COM O SENSO COMUM NAS CIÊNCIAS
SOCIAIS” IN AUGUSTO SANTOS SILVA E JOSÉ MADUREIRA PINTO (ORGS.),
METODOLOGIA DAS CIENCIAS SOCIAS. PORTO, EDIÇÕES AFRONTAMENTO
b) Do tema a desenvolver
1) Silva, Manuel (2009), «Desigualdade e exclusão social: de breve revisitação a uma
síntese proteórica», <http://configuracoes.revues.org/132> (consultado no dia 21-10-
2015)
2) Peixoto, Paulo (2010), «Pobreza e Exclusão Social»,
<http://www4.fe.uc.pt/fontes/trabalhos/2009023.pdf> (consultado no dia 21-10-2015)
3) Crisóstomo, Adinei e Alves, Luanne (2013), «Políticas públicas, desigualdades, pobreza
e exclusão», <http://www.efdeportes.com/efd180/politicas-publicas-x-desigualdades-
pobreza-e-exclusao.htm> (consultado no dia 22-10-2015)
4) Wlodarski, Regiane e Cunha, Luiz, «Desigualdade social e pobreza como consequências
do desenvolvimento da sociedade», <http://www.uel.br/grupo-
estudo/processoscivilizadores/portugues/sitesanais/anais9/artigos/workshop/art15.p
df> (consultado no dia 23-10-2015)
5) Observatório das Desigualdades (2014), «Risco de pobreza em Portugal e na Europa»,
<http://observatorio-das-desigualdades.com/2014/07/28/risco-de-pobreza-em-
portugal-e-na-europa/#more-1462 >(consultado no dia 23-10-2015)
6) Observatório das Desigualdades (2014), «Risco de Pobreza em Portugal – valor mais
elevado desde 2005», <http://observatorio-das-desigualdades.com/2014/03/27/risco-
de-pobreza-em-portugal-valor-mais-elevado-desde-2005/#more-1009> (consultado no
dia 23-10-2015)