A Cova 2012.3

24
Crônicas Toulouseanas Acompanhe as aventuras de um iteano na prestigiada Toulouse São José dos Campos, Outubro de 2012. Quarta Edição

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Revista do Centro Acadêmico Santos Dumont (CA dos alunos do ITA)

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Page 1: A Cova 2012.3

Crônicas Toulouseanas

Acompanhe as aventuras de um iteano na prestigiada Toulouse

São José dos Campos, Outubro de 2012.

Qu

ar

ta E

diç

ão

Page 2: A Cova 2012.3

Edição Geral

Lamounier Soares, T14 [email protected]

Edição

Alexandre Ferraz, T15 [email protected]

Projeto Gráfico e

Diagramação

Alexandre Ferraz, T15 [email protected]

Sarah Villanova, T16 [email protected]

Redação

Diego Mamede, T12’ [email protected]

Olaf Palmer, T13 [email protected]

Outubro de 2012

Coveiros

ÍNDICE

“Agradecemos a todos que contribuíram para o sucesso desta

edição, mesmo que não citados."

Editorial........................................................................

E-mail do leitor.............................................................

Aconteceu no H8..........................................................

Facebook de iteano.......................................................

Opinião: Crônicas Toulouseanas.................................

Iniciativas: RedeCASD..................................................

Opinião: Os heróis que não queremos ser...................

Capa: Os sem H8..........................................................

Palavra do Presidente...................................................

Tartarugas Ninja: Dicas...............................................

Tartarugas Ninja: Rafael..............................................

Tartarugas Ninja: Leonardo.........................................

Tartarugas Ninja: Donatello.........................................

Foi notícia no passado..................................................

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Márcio Ramos, T15 RedeCASD

.

.

.

.

Falta você aqui...

Colaboradores

A Cova precisa que você

também seja um

colaborador. Fale com

algum coveiro, mande um

texto sobre sua iniciativa,

um texto de opinião, seja

colunista...

Participe,

deixe

sua

marca!

Page 3: A Cova 2012.3

A eterna reforma do H8

deixou e continua a

deixar muito iteano sem

vaga no nosso alojamento.

Se isso já gerou transtornos,

em particular nas chegadas

das turmas 14 e 15 ao ITA,

hoje parece que a situação

está mais calma, e quem

mora na vila militar não só

se acostumou ao lugar onde

mora, como também gosta

de estar lá.

Foi sob essa perspec-

tiva que a redação d’A Cova

entrevistou alguns iteanos

que moram na vila: para

entender como é o dia a dia

deles e descobrir as vanta-

gens e desvantagens da vila

em relação ao H8. Ao que

parece, as vantagens são

várias, e se hoje abrisse vaga

no H8 muitos prefeririam

Sobre Vila, H8 e Ratos

3

Editorial

continuar pela vila mesmo.

No mais, esta edição

d’A Cova vem com algumas

novidades (e um pouco de

atraso). Temos três seções

novas: uma é “aconteceu no

H8”, que vai trazer notas

rápidas sobre nosso querido

alojamento abarrotado de

ratos; outra é “facebook de

iteano”, que reunirá algu-

mas pérolas postadas na

rede social; e a última é “foi

notícia no passado”, onde

reproduziremos um artigo,

texto ou notícia veiculada

numa Cova (ou informativo

similar) antiga.

Uma coisa que fez

falta nesta edição foram as

iniciativas. Apenas uma

iniciativa enviou texto sobre

suas atividades do último

bimestre. E é claro que a

gente quer mais. É com a

colaboração de toda a

comunidade que essa revista

é feita e chega até você,

leitor. Portanto se sua

iniciativa fez algo legal (ou

se você fez algo legal!),

manda um texto a respeito

para os editores da revista.

;)

É isso aí, galera. Uma

boa leitura para todos!

Lamounier

A capa traz o B+,

que amarga no

vazio de uma

reforma inacabada

há mais de um ano.

Page 4: A Cova 2012.3

E-mail do leitor & Aconteceu no H8

4

Excelente trabalho.

Estão de parabéns tanto

pela edição quanto pelos

textos. É muito bom para

nós, formados, poder

acompanhar um

pouquinho tantas coisas

boas que estão ocorrendo

pelo H8. Parabéns a todas

as iniciativas citadas.

Raquel Cordeiro

(T10´)

Parabéns pela

edição.

Demonstra que os

iteanos tem um

senso de

humanidade bem

desenvolvido.

Saudações

iteanas.

Luciano Lampi

(Aer-76)

E-mail do leitor

ACONTECEU NO H8

Após um mês (na verdade, bem

mais...) de lutas contra as pragas

ratazânicas e camundônicas pelo

H8, teremos uma batalha final. A

dedetização do nosso alojamen-

to foi finalmente decretada para

o dia 30 de Outubro. Até lá,

resta a nós resistirmos como

possível for...

H8 versus Ratos

Além do problema dos ratos,

outro que teve seu fim decretado

foi o esgoto no corredor do bloco

A. A situação já estava tão com-

plicada que nem o papelão

improvisado dava conta. Confira

na foto ao lado a água suja de

cocô, bosta e fezes que transbor-

dou do bueiro, impossibilitando a

passagem para os apartamentos

119 a 139 e alastrando uma

feditina horrível que até o pessoal

do C sentiu. A outra foto mostra

as obras de reparo no local, que

começaram alguns dias depois.

Esgoto no A

A edição anterior trouxe como matéria de capa o badalado Encontro Musical, que aconteceu no próprio H8, e reuniu bandas iteanas e grupos formados por não-iteanos também.

Ratos que evoluíram para gambás, timbus, cassacos...

Antes Durante

Page 5: A Cova 2012.3

Facebook de iteano

5

Os melhores posts dos nossos grupos...

Page 6: A Cova 2012.3

por Olaf Palmer Crônicas Toulouseanas

Intercâmbio

6

histórico impressionante, é tam-

bém o centro Aeroespacial da

França, onde estão alojadas

grandes empresas do setor, em

especial, o grupo EADS. Sem

falar, claro, nas várias escolas de

ensino superior, que fazem dela

uma grande vila universitária.

A experiência das primeiras

semanas na gentil cidade de

Toulouse é intensa e reveladora.

Quando se chega a um lugar

onde você não domina muito

bem a língua, ou melhor, tem

apenas noções limitadas de

conversação, é, de uma forma ou

de outra, um desafio diário. Por

outro lado, isto é muito bem

compensado com a fantástica

troca cultural ao conhecermos

dezenas de pessoas de diversas

nacionalidades e dividirmos com

elas uma rotina totalmente

diferente do nosso tão conhecido

percurso H8-Rancho-ITA.

Você começa a estabelecer

esteriótipos e sentir aos peculia-

ridades dos europeus, latinos,

asiáticos... No entanto, começa,

ao mesmo tempo, a perceber

que são parecidos de alguma

forma. Pessoas com talentos e

qualidades diferentes, mas que

acabam se aproximando por

A lguma disposição irrefletida

motivou-me a relatar a

estadia na magnífica cidade de

Toulouse. Talvez pensando nos

leitores dA Cova em geral e

especialmente nos futuros itea-

nos que terão o privilégio de

residir na famosa 'ville rose'

francesa, tenho alguma esperan-

ça de inserir um pouco de ânimo

nas almas açoitadas pelo nosso

impiedoso Instituto Tecnológico

de Aeronáutica. A todos que

padecem dessa Via Crucis, com

exceção, obviamente, dos ami-

gos da MEC (excessão nem lá

muito polêmica, convenhamos),

são a quem dedico esta prosa

tupiniquim no belo país de

Marcel Proust. O título foi um

lampejo que surgira nalguma

conversa de bar... então deixe

mesmo crônicas toulouseanas,

por sugestão do companheiro de

aventura Luiz Ricardo (AER-13).

Pois bem, essa é, digamos,

uma estadia acadêmica-cultural

patrocinada pelo generoso pro-

grama Brafitec da Capes. Por

enquanto, ele prevê um esquema

de substituição de matérias do

ITA no conhecido ISAE (Institut

Supérieur de l'Aéronautique et

de l'Espace). Bom, mas deixan-

do o blá blá acadêmico um

pouco de lado, depois de passar

pela extensa burocracia para

aprovarem a bolsa de estudos e

após dolorosas despedidas da

família e dos amigos, cheguei a

Toulouse.

Toulouse é uma verdadeira

sinergia entre o velho e o novo.

Uma cidade milenar, que ou-

trora fora capital do reino dos

visigodos, palco de batalhas na

época do império romano e

detentora de um patrimônio

estarem na mesma situação de

estudantes estrangeiros em uma

escola de engenharia do gabarito

do ISAE.

Desde já, no primeiro mês,

as perguntas mais frequentes

talvez sejam algo do tipo: “Por

que diabos tão pouca gente se

interessa pelo programa, che-

gando a sobrar vagas para o

pessoal do ITA?” Não há expli-

cação convincente. Mas digo, e

muitos disseram antes de mim e

dirão após também: nada te

dará uma oportunidade tão rica

de experiência de vida em uma

fase tão adequada. Alargar as

perspectivas, expandir os hori-

zontes em um ambiente tão

fecundo como este, não há quem

pague.

A estadia está, digamos,

com efeitos catárticos. A vida em

transformação é sempre mais

interessante, o anseio pelo novo

inspira o trabalho e descobertas.

E a qualidade de vida é quase

inacreditável.

Contudo, eis um bom

retrato da vida toulouseana nos

primeiros dias: a sensação

veemente de ser um constante

aprendiz de tudo.

Até a próxima!

Campus ENSICA, Toulouse.

Page 7: A Cova 2012.3

Rede para todos os interessados,

além de termos ouvido inúme-

ras vezes de outros que queriam

ter visto. É por esse sucesso que

a RedeCASD quer continuar tra-

balhando em cima desse tipo de

evento, e faremos isso de duas

maneiras: primeiramente, dis-

O primeiro bimestre

deste semestre foi “o” bimestre

para aprendizado na rede. Em

primeiro lugar, no final no

semestre passado, no dia 28/06

(e avisado com uma péssima

antecedência!) foi realizada a

primeira edição do Lightning

Talk, promovido pela Rede-

CASD e com palestrantes da

Rede, da ITAbits, da ITAndroids

e até independentes.

O evento em si (Light-

ning Talks) não é invenção da

Rede. É algo que se considera

criado desde 1997 em uma

conferência de Python e que de

lá pra cá ganhou espaço em boa

parte das conferências de com-

putação. Querendo trazer essa

cara de conferência para o H8,

chamamos nove palestrantes

entre as turmas 16 e 12, que

prepararam onze palestras (Cro-

ata e Cubo apresentaram duas).

Mesmo que na primeira edição

desses talks nós restringimos

para o tema “Computação”, os

temas abordados foram alta-

mente diversos. Alguns falaram

sobre softwares-ferramentas,

como o VIM, o Core, o Wire-

shark e o Git. Já outros entra-

ram no mérito de linguagens e

técnicas de programação, falan-

do sobre o Ruby, comunicação

por Sockets, Pixel Shaders e uso

de Regular Expressions. E ainda

houve palestras totalmente

livres, falando sobre um básico

do Wi-fi, interações com o

desktop Ubuntu, e a simulação

de robôs na RoboCup.

Consideramos o evento

um sucesso: mesmo com a

mancada grande de só conseguir

avisar muito perto da data,

faltaram cadeiras na sala da

Lightning Talks e ITAonRails ponibilizamos o material do

primeiro lightning (gravações,

apresentações, arquivos de

teste...) no \\Cubo\Redecasd\

Eventos, sendo que todos os

vídeos já estão disponíveis no

canal da rede no Youtube:

www.youtube.com/redecasd.

Iniciativas: RedeCASD

7

Além disso, já plane-

jamos e realizamos o Lightning

2 (que ocorreu no dia 9 de

outubro), e a terceira edição já

está com data marcada: será dia

30 de outubro. Para esses

dois, estendemos o tema de

Computação para Tecnologia,

para englobar mais áreas de

interesse e mudamos a organi-

zação lógica para cada palestra

render mais!

Então, deixe registrado

nos seus compromissos, no dia

30 de outubro temos esse

encontro marcado no cine-

clube para expormos e ouvir-

mos um pouco mais sobre várias

tecnologias!

Outro evento bacana que

aconteceu nesse bimestre foi a

RubyConf.

Graças a uma ajuda do nosso veterano da ELE – 93, Gilberto

Mautner, seis alunos do ITA (dos quais cinco eram da rede) foram a

esse evento de dois dias em São Paulo para aprender um pouco mais

sobre a linguagem Ruby. Inclusive, um era da COMP – 11!

Então fica aqui um convite: galera, vamos marcar mais

presença em eventos? Tanto eventos internos quanto externos são

excelentes oportunidades de aprender e mostrar cada vez mais que a

marca iteana é boa! Nós da Rede estamos nos esforçando aos poucos

para trazer esse gosto por conferência para o H8, mas o pacote só sai

completo se vocês conhecerem as conferências de verdade!

Um abraço, e Bora Rede!

por Márcio Ramos

Page 8: A Cova 2012.3

Livros

8

E stranha coincidência: todos entrevistados andam lendo sagas heroicas. Talvez pra sentir um

pouco daquelas histórias emocionantes, mas cheias de dificuldades pelas quais não queremos

passar, mas gostaríamos de aprender com elas.

Os heróis que não queremos ser

Prof. Ronaldo Pelá

ELE-08

Dom Quixote conta a história de um fidalgo que

enlouqueceu depois de ler muitas aventuras de cavaleiros. Ele

percorre vilas e campos a fim de promover a justiça e honrar a

Ordem da Cavalaria [#sóquenão]. Os diálogos entre o

protagonista e seu escudeiro representam o velho embate entre

sonho e realidade. A obra influenciou outros grandes escritores

como Charles Dickens, Fiódor Dostoiévski e James Joyce. Uma

leitura obrigatória para quem quer ficar por dentro da literatura

mundial. PELÁ

O último livro que li foi Cem dias entre céu e mar de

Amyr Klink. Antes do Marlos querer me zoar, nem de longe é

autoajuda nem mesmo aventura. Achei sensacional. Klink conta

como realizou o sonho de atravessar o Atlântico Sul sozinho num

barco a remo. Foi a primeira pessoa a fazê-lo e ganhou vários

prêmios por isso. Curiosamente, e é uma coisa que eu acho legal,

ele nunca menciona isso nem se gaba... Para ele, o importante

era fazer isso porque queria. Ou seja, um romântico!... mas com

muito foco.

Guilherme Barufaldi

AER-12

BAURU

O último livro que li foi o The Beautiful and the Damned do F.

S. Fitzgerald. O livro é um bom relato da jazz age nova-iorquina, com

uma pegada autobiográfica interessante. Ele me fez lembrar do

Encontro Marcado do Fernando Sabino, com a diferença que o do

Fitzgerald é mais focado na história de um casal e não de um

personagem só. Gostei bastante, mas ainda acho que conhecer o

Fitzgerald através do The Great Gatsby é mais aconselhável. =]

Bruno Bluhm

CIVIL-14

CRATO

por Diego Mamede

Page 9: A Cova 2012.3

Livros

9

Como outros livros de Fernando Sabino, O Grande

Mentecapto é muito leve e divertido. Mais que uma história ou

uma novela, é a saga quixotesca de Viramundo pelas cidades e

imaginação mineiras. O autor casa sua pena com a sabedoria

popular e leva o lendário mentecapto a tramas inusitadas em

cada cidade visitada. Os diálogos são sempre dignos de nota, seja

por sua autenticidade, pela força do caráter de cada personagem

ou pelo humor. Excelente para se divertir.

Vai um trecho de O Restaurante no Fim do Universo?

"– Boa noite, sou o Prato do Dia. Posso sugerir-lhes algumas

partes do meu corpo? Alguma parte do ombro? – Ahn, do seu

ombro? – disse Arthur, sussurrando horrorizado. –

Naturalmente que é do meu ombro, senhor – mugiu o animal,

satisfeito –, só tenho o meu para oferecer. Ou a alcatra, que

também é muito boa. Tenho feito exercícios e comido cereais,

de forma que há bastante carne boa ali."

Ah, velho.. é, bem... então... vc sabe que... partiu

xeroquete? Dival CPOR mat12, daí, ne? Top show do

mocado, mas suga e, ah, ninguém... é que, puts, vestibular

poliedro ita júnior resumão muito sonho e nada de... sabe?

Resumindo, linguagem matemática, tipo... meio...

comodiz?.... dadaísta. Biblita?? Aquela dos arcos... tipo um

cone que integra em mat22?

Ian Lima

CIVIL-14

SEM-QUERER

Roberto Brusnicki

T-15

GREGO

Bixo genérico

T-∞

MOCADO

Page 10: A Cova 2012.3

Ao final do segundo semestre de 2009, os moradores do bloco A foram ordenados a desalojar seus apartamentos: a reforma do H8 iria começar. O prometido era que após as férias o bloco estaria reformado, e seus antigos moradores voltariam a ocupá-lo. Mas o que aconteceu foi bem diferente. Em março de 2010, mais da metade do A ainda estava para ser reformada, e a parte já terminada havia sido ocupada pelos recém-chegados da T-14 e pelas veteranas. Os antigos moradores do A dançaram: a maior parte deles foi destinada a apartamentos dos blocos B e C, ainda não reformados, e n q u a n t o o s m e n o s afortunados foram enviados para a Vila (ou para o Hotel de Trânsito dos Oficiais), que também acolheu quase metade

Matéria de Capa

Os moradores da vila contam um pouco do seu dia a dia

10

da 14. Iniciava-se, assim, uma era em que não mais havia espaço suficiente no H8 para todos os iteanos. De lá para cá, pouca coisa mudou. Tá, a reforma do

A foi concluída, porém o bloco B não teve a mesma sorte, e o B+ amarga no vazio de uma reforma inacabada há mais de um ano. Assim como ocorreu

com a 14, vários alunos da 15 foram mandados para a vila. A promessa de “daqui a dois meses a reforma acaba e todos estarão no H8” foi ficando velha e caduca. Se antes os moradores da vila ansiavam pelo dia em que morariam no H8 (tinha até uma iniciativa, a “Vilita”), hoje eles estão de boa com o lugar onde moram, e m u i t o s a t é p r e f e r e m permanecer lá. Esse é o caso de Castellove, da T-14, que mora na casa 116 do H20B, o conjunto que fica logo atrás da Pequenópolis. Segundo ele, morar na vila durante o primeiro ano do ITA era mais complicado, porque dificultava participar dos trotes e conhecer a turma. Hoje, porém? “Não vejo diferença de quem mora no C para quem mora A para quem mora na vila, uma vez que você já teve suas amizades consolidadas”. Neymar, T-15, reside no H22A-123 e compartilha da mesma opinião: “só depende da galera, não do lugar”. Além da formação de vínculos entre os moradores da casa, vários outros pontos positivos estavam na ponta da língua dos “vileiros” na hora de defenderem o local onde vivem: a tranquilidade, o s i l ê n c i o , u m a m a i o r privacidade no quarto e o fato de a casa ser mais parecida com uma república. “Tem uma sala e uma cozinha de v e r d a d e ” , a r g u m e n t o u Neymar, que disse preferir não sair da vila caso isso se torne opção no futuro. “Aqui a vida é muito boa”, finalizou.

Se antes os moradores

da vila ansiavam pelo

dia em que morariam no

H8 hoje eles estão de

boa com o lugar onde

moram, e muitos até

preferem permanecer lá.

Família do H20B-116 inaugurando o sofá (foto de 2011).

por Lamounier Soares

Page 11: A Cova 2012.3

Matéria de Capa

11

Wando, T-14 e H20B-111, também esbanjou amor pela vila: “o pró [de morar aqui] é praticamente tudo”. O infreiro brincou que, por ser a mais próxima do H8, sua casa é a interface entre vila e H8, o que a torna uma referência na vila e um ótimo local para churrascos. “É um clássico a PA bater aqui nas festas”, comentou Ivan, T-14, que mora na mesma casa. A pouca distância para o H8, porém, é um privilégio exclusivo dos moradores do H20B. A situação é mais complicada para quem mora no H22A, que fica perto da saída lateral do CTA, e ainda mais tensa para duas casas isoladas, uma no longínquo H18C e outra no mais longínquo ainda H27B (sério, galera, é muito longe).

Para Luquete, T-14 e H22A-111, se deslocar para o H8 para interagir com o pessoal e participar de iniciativas, ou mesmo acordar mais cedo para ir à aula são grandes desvantagens da vila. “Bota seu relógio para despertar todo dia cinco minutos mais cedo para ver se você não nota diferença”, disparou. Ele também argu m ent a qu e f a l t ou infraestrutura na casa para receber os alunos. “Não ganhei mesa, já começa aí a segregação”.

Tássio, T-14 e ex-H18C-110, foi um dos que saiu da vila para o H8. Segundo ele, o problema não era exatamente morar na vila, mas a casa na qual ele tinha sido alojado. “Era impossível morar lá. Éramos seis pessoas, dois quartos e um guarda-roupa. Além disso, a casa era completamente isolada das demais e do H8.”

Sneijder, da T-15, e seus companheiros de casa

conhecem bem a questão do isolamento. Eles moram no tão, tão distante H27B-119. “São catorze minutos daqui para o rancho”, cronometrou Sneijder quando sua bicicleta quebrou. “Muita coisa do H8 a gente não sabe, até piada interna: demora tanto para chegar aqui, que quando chega

já perdeu a graça.” De forma geral, porém, ele e seus colegas já estão bem acostumados com o local onde vivem, tanto que Nicolas e Fabrício, também T-15, brincaram: “[a matéria d’A Cova] vai falar mal da vila, não é? Tem que mocar o bizu.”

Para Piri, T-13 e atual presidente do CASD, haver

As infinitas mobílias do H27B-119, também conhecido como H-∞.

Estante da 'awesomeness' do H20B-111.

Page 12: A Cova 2012.3

Matéria de Capa

12

pessoas morando na vila “é prejudicial, pensando na p r o d u t i v i d a d e d a comunidade”. No aspecto pessoal, ele comenta a impressão que tem sobre os moradores da vila levarem uma vida com melhor qualidade, porém é da opinião de que seria melhor tê-los no H8, porque na vila eles ficam “descolados” da comunidade.

Ter todos os iteanos no H8, entretanto, não é coisa que veremos tão cedo. Capaz até de o H8-D ser levantando antes de a reforma no B+ acabar. É todo um rolo com licitações novas tendo que ser feitas para dar continuidade às obras. Até lá, quem mora na vila provavelmente ficará nela, o que não necessariamente é algo ruim. Pelo contrário. Quando abordado para falar

Galera do H20B-111 em churrasco no quintal.

Bill Clinton, mais novo

morador do H20B-111.

sobre a experiência de morar na vila, Wando, ecoando boa parte de seus colegas vileiros, descreveu em uma palavra o sentimento que tem quanto à sua residência: “irado”. ●

Page 13: A Cova 2012.3

P arece perfeito. Um sistema

que premia os bons

resultados e gera um efeito

duplo: motiva o sucesso a se

repetir e dá fôlego aos que não

foram tão bem para buscarem

melhores resultados. À primei-

ra vista, a meritocracia é um

sistema de gerenciamento de

desempenho cheio de benesses,

com provas visíveis de cresci-

mento em volume e qualidade

de resultados.

O que não se vê nas

planilhas é o prejuízo social que

Palavra do Presidente

13

Meritocracia: o lixo com glamour o sistema cria em qualquer

contexto. A meritocracia é suja.

Nela, o crescimento nos

resultados é produto da geração

de um conflito intraorgani-

zacional, mesmo que não

declarado — entre os que

atingiram bons resultados e os

que não foram tão bem assim.

Uma insígnia de vitória para o

campeão (que atingiu todas as

metas) é também uma medalha

de derrota para a plateia. O

descontentamento pelo fracasso

é pior que a felicidade pelo

sucesso.

Existem sistemas de

motivação mais maduros detro

do contexto corporativista, que

respeitam a produtividade de

cada funcionário e induzem a

melhores resultados do que a

falida meritocracia.

Nesse caso, o melhor a

fazer é abrir a caixa e pensar

fora dela. Senso crítico é não

cair na cilada de só enxergar

o glamour. Orlando Lustosa

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Page 14: A Cova 2012.3

Os tartarugas estão aqui,

mas dessa vez são apenas três dos

quatro do time. Michelangelo

partiu numa missão contra o

Destruidor e não voltou a tempo

para o fechamento desta edição

d’A Cova.

De qualquer forma, os

quatro estarão juntos na próxima

edição, onde também terão suas

identidades reveladas. Na página

seguinte, você confere todas as

dicas reunidas sobre quem são

nossos escritores secretos.

14

Page 15: A Cova 2012.3

15

Donatello

Michelangelo Leonardo Rafael

Page 16: A Cova 2012.3

Não tem como falar hoje em

dia da vida no H8 sem falar das listas

de e-mail. Cada turma tem a sua, no

fund cada sub-turma tem mais uma,

no prof cada curso tem a sua, várias

iniciativas tem mais que uma. Tem

lista pra CS, lista pra Age of

Mythology, além de termos, é claro,

nossa aclamada todosh8!

Dá até pra dizer que uma

iniciativa ou grupo de estudos não

nasce de verdade até que seja feita a

primeira lista de e-mails, em geral do

GoogleGroups. Mas e aí, isso é um

problema? Para os maníacos leitores

de e-mail (para quem checar e-mail

20 vezes em um dia é pouco) isso é

ótimo. Toda informação está lá, ele

sabe de todos os trolls, não perde

uma reunião, sabe de todas as

aulinhas no gagá8 e de vez em

quando até consegue

correr e pegar um bizu

anunciado na to-

dosh8. Mas mes-

mo assim, tem

gente que insiste

que ler e-mail é

ruim, perda de

tempo.

Isso é er-

rado? Não, duvido

muito. Não ter o hábito

de checar a inbox a cada

quinze minutos ou deixar infinitos e-

mails não lidos não é algo que

necessariamente afetará a

comunidade de um modo negativo.

Talvez essa pessoa acabe perdendo

alguns bizus, talvez tenha que

perguntar mais para os colegas

sobre as coisas que estão rolando

por ser meio desligado do PC.

Agora isso torna certo ser

totalmente desvinculado dos

problemas do CASD? Dos problemas

atuais do H8 e do ITA e os esforços

para resolvê-los? Não, duvido disso

mais ainda. Não ser viciado por e-

mail não é desculpa pra se ausentar

d a c o m u n i d a d e , p a s s a r

“transparente” pelo ITA. E então,

quem está errado? Quem lê todos

os e-mails todos os dias? Quem nem

tem conta de e-mail? O cara que

está no meio termo?

Na minha opinião, nin-

guém está errado, o

que não faz automa-

ticamente que to-

dos estejam cer-

tos, afinal, certo

e errado são

apenas conceitos

que dependem do

ponto de vista!

Vamos então pensar

na seguinte visão: não

queremos excluir ninguém,

nem nos omitirmos no H8, o que

podemos fazer?

Se não queremos excluir

ninguém, temos que pensar em

todos os perfis! Ou seja, não basta

mandar um e-mail para todosh8 e

achar que estão todos avisados.

Marcar uma reunião com pouca

antecedência apenas por e-mail e

achar que é dever de todos saber

Listas, listas e listas

16

Rafael

Page 17: A Cova 2012.3

17

dessa reunião por si próprios.

Todos aqueles que em algum

momento tentaram atingir toda

comunidade iteana ou pelo

menos atingir com certeza um

conjunto de pessoas, já aprendeu

que existem outros meios de

comunicação além dos e-mails.

Avisos no grupo do facebook,

falar individualmente por chat

no facebook também, chat do

gtalk, falar pessoalmente

individualmente, passar de sala

em sala, ligar, deixar recado na

vaga... Todos esses são

métodos válidos e que devem

ser pensados por maníacos

por e-mails antes de achar

que o problema estará resol-

vido com um único send.

Porém, temo dizer que

se não queremos ser excluídos,

ajuda sim ser um pouco mais

antenado aos e-mails da comu-

nidade. Pra começar, dá pra

separar o que você quer ler com

filtros! O site http://support.goo

gle.com/mail/bin/answer.py?

hl=en&answer=6579 dá uma

explicação simples e boa de

como dá pra deixar tudo organi-

zadinho, para tentar ler só o que

importa mesmo. Outra dica legal

é fazer parte da todoscasd: é

uma lista mais seleta, de gente

preocupada com o CASD e

assuntos mais sérios (como uma

todosh8 somente com o essen-

cial). Se unir à todoscasd é bem

tranquilo, basta procurar ela

entre os grupos do Google e

pedir para ser aprovado. Se sua

fama não for de um troll mala,

você muito provavelmente será

aprovado em breve, e poderá

fazer parte de alguns papos mais

cabeça por e-mail.

Então, no fim das contas é

muito melhor pelo menos ler

alguns e-mails ou pelo menos

títulos de e-mail do que desistir

totalmente do computador. Cla-

ro, quem quiser se afogar nos e-

mails e não se incomodar de

ouvir alguns “por mim desliga”,

besteiróis desnecessários e

escrutinizações gratuitas no meio

de algumas coisas úteis pode se

divertir na todosh8, falando até

com alguns veteranos que

gostam tanto dela (???) que

estão postando até hoje!

Para finalizar esse meu

bostejo eu não poderia deixar de

falar da ITA-net! Ela é uma lista

de e-mails mais geral ainda para

iteanos, composta por vários

Titãs de todas gerações! Ela tem

um fluxo de e-mail grande, mas

dá a oportunidade de conversar

com nossos veteranos e ouvir o

que eles tem a dizer, o que é

muito bacana. Para quem quiser

saber mais sobre a história da ITA

-net e os macacos para trocar de

e-mail, uma página da wikita

explica todos os macacos!

(http://www.aeitaonline.

c o m . b r / w i k i / in d e x .p h p ?

title=Itanet). Para quem qui-

ser só entrar na lista vou

passar o macaco aqui: basta

mandar um e-mail com título e

corpo contendo

SUBSCRIBE

Para

ita-net-request@@ciro-home.net

Um abraço e boa navegação para

vocês!

Page 18: A Cova 2012.3

18

Sim, sou conser-

vador e totalmente con-

tra as políticas de promo-

ção de minorias. Nos

textos anteriores discuti-

mos a destruição dos

valores promovida pelas

ideias progressistas. To-

dos os valores (vida,

dignidade, trabalho, fa-

mília, mérito etc) têm

sido extintos rapida-

mente. Em lugar dos

princípios tradicionais, as

pessoas são levadas a

acreditar em duas

falácias: a liberdade

e o prazer indivi-

dual. Nos textos

anteriores comen-

tamos o quanto a

derrubada de valo-

res pode ser prejudi-

cial a uma sociedade.

Outra falácia progressista

menor, porém não me-

nos destrutiva, é a “igual-

dade”. É em nome dela

que têm sido violados os

preceitos mais básicos

sob o auspício da distri-

buição de privilégios a

grupos ditos “minoritá-

rios”.

O sistema de

cotas sociais nas univer-

sidades é apenas um dos

projetos mais escanda-

losos de promoção de

minorias. Esse caso é o

maior exemplo de como

a modernidade tem

atropelado todos os

valores tradicionais em

nome de falácias. É um

projeto tão absurdo que

não merece ser discutido

aqui. Apenas gostaria de

lembrá-lo dele com o

objetivo de despertar a

atenção para o caminho

degradante a que esta-

mos sendo levados.

Outro grupo que

busca angariar privilégios

é o dos homossexuais.

Não sou preconceituoso,

não pretendo julgar a

conduta de ninguém, é

uma questão totalmente

pessoal. Porém posso

tratar da atuação do

movimento gay, que é

uma questão política.

Para começar podemos

citar a principal manifes-

tação deles, a chamada

“Parada Gay”. Como

discutimos anteriormen-

te, um ritual dentro de

um grupo é destinado a

cultuar determinados va-

lores. Então deixo aberta

a pergunta: que valores

essa passeata cultua?

Outro disparate é a

picuinha em torno do

nome “homosse-

xualismo”, renega-

do por ter “um

sufixo geralmente

usado para enfer-

midades”. Ora, então

marxismo, cristianismo e

romantismo também são

doenças? Sem falar nas

tentativas de calar por

força de lei as vozes

dissonantes que buscam

debater a questão.

Entretanto, o

maior vespeiro político é

o movimento feminista.

Alguns pensavam já estar

morto, porém agora

ressurge e ganha visibili-

Síndrome de Minoria,

Igualdade e a destruição

dos Valores

Leonardo

Page 19: A Cova 2012.3

projeto de nação, somos um

barco à deriva sob ataque de

intempéries quais sejam as

falácias progressistas, projetos de

urgência desarrazoados, greves

corporativistas. Os bons ventos

da crise no norte nos fizeram

pensar que estávamos bem

porque íamos rápido. Porém,

mais uma vez, não chegamos a

lugar algum porque sempre

estivemos sem rumo. A bússola

de uma sociedade são seus

valores. É o que nos falta.

Esse é meu penúltimo

texto aqui, minha

tentativa de-

rradeira de fazê-lo enten-

der que tudo que estamos

vivendo de ruim é resultado do

paulatino ataque aos valores.

Precisamos de um projeto

consistente de sociedade, em

longo prazo, e esse é o

momento. Muitos podem achar

dade não por seus méritos, mas

por suas demandas absurdas.

Gostaria de poder entender o

que faz uma mulher escolher

realizar o parto em casa ao invés

de utilizar um hospital, onde

teria suporte imediato para

qualquer emergência. Além

disso, querem gratuitamente

tratamentos para interromper o

ciclo menstrual, o direito de

assassinar fetos e até próteses

mamárias via SUS para “elevar a

autoestima” já foram propostas.

Mulheres, não percebeis que

vosso maior opressor é o

movimento feminista? Essa

busca ensandecida por igual-

dade apenas aprofunda a tão

filosofada “insatisfação femini-

na”. Ora, como podemos ser

iguais enquanto até as pressões

arteriais são diferentes? Ao

passo em que vamos, essa luta só

vai acabar quando o último

barômetro for arrebentado com

a ponta do último salto agulha.

Não vai haver espaço

para falar sobre índios, viciados,

migrantes com toda sua gama de

reivindicações. O que une todos

esses grupos é o fato de

esquecerem que estão vivendo

em uma sociedade, renunciarem

o interesse geral e abandonarem

todos os valores para lutar por

interesses mesquinhos. Venho

alertar que o desmoronamento

dos valores tem feito o Brasil

perder o rumo. Não temos um

que a estagnação atual é ruim,

porém não. Esse é o momento

perfeito para perceber nossos

erros e refletir com calma. Meu

sonho é que nossa estagnação

dure um longo período... Depois,

quando bons ventos voltarem,

poderemos zarpar certos de qual

é nosso porto.

Page 20: A Cova 2012.3

Donatello

Maca, serra, espécime.

No sangue, alucinógeno.

Luvas, prateleiras, remédios.

Tontura, correntes, náusea.

Tortura, raciocínio lógico.

Sangue frio, sádico.

Deitada, drogada, pálida

Saia, blusa, Fátima.

Em pé, o protético,

Seu nome: Márcio,

Silêncio, gemidos – Silêncio!

Sussuros – Quieta! – Súplica

Murro. Sangue nos lábios.

Nos olhos, lágrimas.

Sentindo-se o máximo

Ele prepara o cenário.

Em pé, assobia músicas.

Brasileiras no início,

Depois, a marcha fúnebre

Sempre sorrindo sarcástico.

Alguns objetos metálicos

Fios, fogo, lâminas

Muitos planos, vários:

Cortes, furos, sexo.

Um sofrimento lírico,

Calculado, pensado, sóbrio.

Ouvia-se pássaros,

Agora só o público

No show pirotécnico

Da virada do milênio.

Tortura, primeiro, psicológica

Prestes a virar física

Quando fosse o horário

Dos fogos de artifício.

O momento mágico,

Que inutiliza a polícia

Seria, então, o suicídio.

Um bilhete óbvio,

Sobre um armário,

Debaixo duma bíblia,

Explicando esse trágico

Fim, esse término,

De uma moça tímida.

Ele era necrófilo.

Ela fora vívida.

É contraditório,

Mas de beleza sinfônica

A obra harmônica

De uma mente demoníaca.

Revês

20

Page 21: A Cova 2012.3

21

Revês Ela teve a síndrome

Oriunda de Ágora

A doença do pânico

Que se provara válida.

Meia noite no relógio

O ritual teve início.

Um cheiro de ácido

Precede a barbárie.

Gotas de sulfúrico

Queimarão pálpebras,

Deformarão lábios.

Mas o pior martírio

Não será químico.

Alicate para a língua

Que agora é bífida

Protagonista última

Será a serra elétrica

Queimando combustível

Para dilacerar músculos

Fazendo o que era único

Tornar-se múltiplos

Pedaços de carne flácida.

O ruído da máquina

Lhe parece música.

Os gritos de Fátima

Lhes soam melódicos.

No novo século,

Legistas incrédulos

Espantados detrás de óculos,

Parentes chorando histéricos

E um doce mistério.

Partes de cadáveres

Espalhadas pelo consultório

Fêmur, falanges, fíbula,

Sangue, dedos, cérebro.

Dispostos com minúcia

Separados com técnica.

Num canto, Márcio.

Deitado e já pálido;

Sorrindo e pútrido;

Vazio de espírito.

Já quase sem glóbulos

Sangrados pelo magnífico

Rasgo em sua carótida

Criado no ímpeto

De coroar seu ofício,

Derramando sua mágica

Em formas esdrúxulas

Donatello

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22

Foi notícia no passado

Texto extraído da terceira edição da Cova de 1994

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Page 24: A Cova 2012.3

Outubro de 2012