A contribuição do paradigma das tradições discursivas para o estudo dos gêneros textuais ...
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A CONTRIBUIÇÃO DO PARADIGMA DAS TRADIÇÕES DISCURSIVAS PARA
O ESTUDO DOS GÊNEROS TEXTUAIS: um estudo com cartas de leitor
Aurea Zavam
O contexto
Pesquisa ligada ao:
Projeto “Estudo comparativo entre gêneros jornalísticos à luz da concepção de tradição discursiva”
Grupo de pesquisa TRADICE – Tradições Discursivas do Ceará – UFC
Objetivo maior
Analisar/Comparar gêneros jornalísticos
olhando para as suas primeiras
manifestações
(abordagem diacrônica)
Estudo diacrônico dos gêneros
Linguística Românica alemã
Filologia Pragmática alemã (final dos anos
80)
Resgate da Linguística Histórica
Conceito de tradição discursiva, proposto
por Koch (1997)
O conceito de tradição discursiva
Tradições textuais contidas no acervo da memória cultural de uma comunidade, nas maneiras tradicionais de dizer ou de escrever.
É dizer algo não somente de acordo com as regras de uma língua, mas também de acordo com determinada tradição textual (acento sobre a historicidade dos textos).
Um gênero do discurso (GD) pode equivaler a uma tradição discursiva (TD), mas nem toda TD equivale a um GD.
Estudo diacrônico dos gêneros
Expansão do conceito de transmutação/reelaboração (Bakhtin)
Incorporação do conceito de tradição discursiva
Proposta para análise diacrônica dos gêneros
Proposta teórico-metodológica
ANÁLISE DIACRÔNICA DE GÊNEROS
CATEGORIAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS
CONTEXTO TEXTO
CATEGORIAS ANALÍTICAS CATEGORIAS ANALÍTICAS
INTER-LOCUTORES
FINALIDADEAMBIÊNCIA NORMA FORMACONTEÚDO
TRANSMUTAÇÃO
Metodologia
• O corpus
80 exemplares do gênero, identificados como Carta do Leitor
Fases Século XIX
Século XX
Fase 1 1832 – 1850
1901 – 1950
Fase 2 1851 – 1900
1951 – 2000
CONTEXTO 1ª dimensão de análise
AMBIÊNCIA: TEMPO E ESPAÇO
INTERLOCUTORES: LUGAR E PAPEL
SOCIAL
FINALIDADE: PROPÓSITO
COMUNICATIVO
CONTEXTO
Carta do leitor
Ambiência (tempo e espaço)
AMBIÊNCIA SÉCULO XIX SÉCULO XX
Topografia Ocupa sistematicamente as páginas internas do jornal, embora em algumas edições da primeira metade do século XIX, possa ser encontrada na primeira página. Entrou no século XX mantendo essa posição. A partir de 1950, passou a ocupar as páginas internas do jornal (2ª ou 3ª página). Exceção: O Povo (desde 1991, editorial na 6ª página do caderno principal)
Temporalidade Diferentemente do editorial, por exemplo, tem mais de um exemplar publicado por edição. No entanto, no período da ditadura militar, sua publicação era escassa.
Carta de leitor
Interlocutores (lugar e papel social)
Interlocutores Século XIX Século XX
Lugar A voz enunciada de instâncias particulares
Papel social Pessoas com ou sem reconhecimento social
Carta do leitor
Finalidade (propósito comunicativo)
Propósito comunicativo
Século XIX Século XX
Geral Reclamar (assuntos pessoais ou coletivos)
Subjacentes Posicionar-se sobre assuntos da atualidade
Criticar ou enaltecer atos do governo
Defender interesses de grupos da sociedade civil
Denunciar ou cobrar ações do poder público
TEXTO 2ª dimensão de análise
TEXTO
CONTEÚDO: TÓPICO
DISCURSIVO
NORMA: MECANISMOS
PROTOTÍPICOS
FORMA: ELEMENTOS
PARATEXTUAIS
Carta do leitor
Conteúdo (tópico discursivo)
Tópico discursivo Século XIX Século XX
Central Questões político-partidárias (mais acentuado no século XIX)
Manifestação de opinião acerca de tema da atualidade (no século XIX só local e nacional; no século XX, também internacional)
Temas de interesse pessoal (mais acentuado no século XIX) ou nacional
Carta do leitor Norma (autoria)
Autoria Século XIX Século XX Impessoalização (pessoa do discurso)
Primeira pessoa do singular
Institucionalização O enunciador fala em seu próprio nome
Presença de assinatura Identificação do enunciador
Uso da variedade culta A esfera a que pertence e o papel social que desempenha o enunciador condicionam a variedade linguística (registro formal ou semiformal)
Interação instituição/leitor Interação pessoal direta
Coerência enunciativa Nem toda carta é publicada. No século XIX, costumava ser publicada integralmente; no século XX, sofre edição, cortes, podendo ser resumida ou mesmo parafraseada, para atender a limitações de espaço ou de direcionamento argumentativo
Ineditismo textual Publicação única
Carta do leitor Forma (elementos paratextuais)
Elementos paratextuais Século XIX Século XX
Título Elemento facultativo
Extensão/Disposição na página
Texto distribuído em mais de uma coluna, passando de uma página para outra
Em uma única coluna de uma única página
Completude Não raro, continuava de uma edição para outra
Texto concluído em uma única edição
Nome da seção Ainda que em seção sem denominação específica, tinha espaço próprio
A partir do último quartel, em seção própria, com denominações variadas: Cartas, Cartas do Leitor, Cartas à Redação, entre outras
Outros elementos Por ser publicada integralmente, apresentava data, vocativo e saudação
Sobretudo a partir da segunda metade, por sofrer limitação de espaço, esses elementos são omitidos
Considerações Finais
Uma característica que hoje se apresenta tão
marcada em uma tradição discursiva é
resultado de uma construção histórica.
Voltar o olhar para o percurso dessa
construção ajuda a compreender melhor o
fenômeno sincronicamente.