A construção da identidade étnico-racial no espaço escolar por ...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA
TURMA - PDE/2013
Título: A construção da identidade étnico-racial no espaço escolar por meio da reflexão filosófica
Autora Patricia dos Santos Bortokoski
Disciplina/Área (ingresso no PDE)
Filosofia
Escola de Implementação do Projeto e sua localização
Colégio Estadual Vinícius de Moraes
Município da escola Colombo
Núcleo Regional de Educação
Área Metropolitana Norte
Professor Orientador Dr. Geraldo Balduino Honr
Instituição de Ensino Superior
UFPR
Relação Interdisciplinar
Arte/Filosofia Política
Língua Portuguesa/Literatura africana/Textos filosóficos
Resumo
O presente material didático tem o propósito de possibilitar instrumentos para discutir atitudes problemáticas de racismo e não aceitação das diferenças que permeiam o ambiente escolar. A escolha do tema busca conciliar um dos problemas existentes no Colégio Vinícius de Moraes, com uma das opções de linha de estudo disponibilizada pela SEED. Nesse contexto, optou-se pelo conteúdo da Filosofia Política, vinculado ao conceito de eurocentrismo e racismo. O material didático tem a perspectiva de subsidiar metodologias para o uso de textos filosóficos clássicos e complementares, aliados ao uso de recursos tecnológicos, bem como, de desenvolver parcerias de forma dialogada com as disciplinas de Arte e de Língua Portuguesa, para a efetivação de um projeto interdisciplinar. A disciplina de Arte contribuíra para o avanço da percepção de si mesmo e construção da identidade, utilizando como ferramenta a arte da fotografia, enquanto, a Língua Portuguesa, proporcionará por meio da literatura africana, com o auxílio de obras de Mia Couto, reflexões comparativas
sobre as relações de poder e a formação da identidade, à luz da filosofia política e da filosofia africana.
Palavras-chave Política. Eurocentrismo. Racismo. Identidade. Filosofia Africana.
Formato do Material Didático
Caderno Pedagógico
Público Alvo
Gestores, Equipe Pedagógica, Professores do Ensino Fundamental e Médio, Funcionários em Geral e Alunos do 2º ano do Ensino Médio noturno.
PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE ÉTNICO-RACIAL NO ESPAÇO ESCOLAR POR MEIO DA REFLEXÃO FILOSÓFICA
Professora PDE: Patricia dos Santos Bortokoski1
Área PDE: Filosofia
NRE: Área Metropolitana Norte
Professor orientador IES: Prof. Dr. Geraldo Balduino Horn2
Escola de implementação: Colégio Estadual Vinícius de Moraes
Público objeto da intervenção: Gestores, Equipe Pedagógica, Professores do Ensino Fundamental e Médio e Funcionários em Geral e Alunos do 2º ano do Ensino Médio noturno.
1 Patricia dos Santos Bortokoski é graduada em Filosofia, especialista em Pedagogia Escolar,
com lotação no Colégio Estadual Vinícius de Moraes, Ensino Fundamental e Médio, município de
Colombo-PR.
2 Geraldo Balduino Horn possui graduação em Filosofia pela Universidade Federal do Paraná
(1985), mestrado em Educação pela Universidade Federal do Paraná (1995) e doutorado em
Educação pela Universidade de São Paulo (FEUSP-2002). Coordenador do Grupo de Estudos e
Pesquisas sobre o Ensino de Filosofia (desde 1999); Membro Titular do Setor de Educação no
CEPE/UFPR (2005-2006); Professor de Metodologia e Prática de Ensino, do curso de Filosofia da
UFPR; Professor da linha de pesquisa Cultura, Escola e Ensino, do curso de Pós-Graduação em
Mestrado e Doutorado em Educação da UFPR; Membro do Conselho Editorial da Editora Unijuí;
Coordenador da Coleção Cultura, Escola e Ensino pela Editora Unijuí. Coordenador da Coleção
Biblioteca de Filosofia e Educação Filosófica da Editora Juruá. Possui experiência na área de
Ciências Humanas como professor de História e Filosofia do Ensino Fundamental e Médio (1986-
1995). Líder do Grupo de Pesquisa sobre o Ensino de Filosofia/Educação Filosófica certificado
pela UFPR e credenciado no CNPq (desde outubro de 2009).
Município da escola: Colombo. Resumo: O presente material didático tem o propósito de possibilitar instrumentos
para discutir atitudes problemáticas de racismo e não aceitação das diferenças que
permeiam o ambiente escolar. A escolha do tema busca conciliar um dos problemas
existentes no Colégio Vinícius de Moraes, com uma das opções de linha de estudo
disponibilizada pela SEED. Nesse contexto, optou-se pelo conteúdo da Filosofia
Política, vinculado ao conceito de eurocentrismo e racismo. O material didático tem a
perspectiva de desenvolvimento de forma dialogada com as disciplinas de Arte e de
Língua Portuguesa, para a efetivação de um projeto interdisciplinar. A disciplina de
Arte contribuíra para o avanço da percepção de si mesmo e construção da
identidade, utilizando como ferramenta a arte da fotografia, enquanto, a Língua
Portuguesa contribuirá por meio da literatura africana, com o auxílio de obras de Mia
Couto, reflexões comparativas sobre as relações de poder e a formação da
identidade à luz da filosofia política e da filosofia africana.
Palavras-chave: Política. Eurocentrismo. Racismo. Identidade. Filosofia Africana.
Formato do Material Didático: O material será composto pela abordagem de um
caderno pedagógico sobre o tema das relações étnico-raciais utilizando conteúdos
da filosofia política, com textos filosóficos clássicos e complementares, assim como
a filosofia africana e afrodescendente, articulados à arte da fotografia e à literatura
africana, com sugestões de respectivas atividades a serem desenvolvidas em sala
de aula.
Público alvo: Gestores, Equipe Pedagógica, Professores do Ensino Fundamental e
Médio, Funcionários em Geral e Alunos do 2º ano do Ensino Médio 2014.
Aos meus pais pelo constante incentivo, por sempre acreditarem em mim e, serem meus exemplos. A minha sogra Júlia pelo apoio e, ao meu sogro Marino pelas contribuições, inclusive com leituras. Ao meu esposo pela dedicação e empenho em compartilhar os meus sonhos, parando para me ouvir incontáveis vezes para discutir o projeto, o material didático, as aulas na UFPR, o curso de tutoria entre outras atividades do PDE, com as alegrias e as tristezas do dia a dia de voltar a ser aluna em uma universidade.
AGRADECIMENTOS
Agradeço em primeiro lugar à Deus por ser a base das minhas conquistas. Ao Governo do Estado do Paraná e toda a equipe idealizadora, organizadora e executora do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE. Ao Professor Dr. Geraldo Balduíno Horn, orientador deste Projeto, pelas orientações e constante incentivo ao estudo. À Josiane Nogueira, representante do PDE, Formação Continuada, NRE AMN, pela dedicação e profissionalismo em sempre se prontificar a fazer as devidas mediações e orientações, de tantas informações, durante o ano todo. Ao meu diretor Jarbas Sponholz de Almeida e demais envolvidos na equipe administrativa e pedagógica da escola, bem como os demais funcionários, pelo incentivo e apoio à formação continuada. À Celma Regina Baggio, amiga e também professora PDE 2013/2014 na disciplina de Ciências, pelas incontáveis contribuições, apoio, incentivo, dedicação, proatividade em contribuir em todo o processo de construção de tantos novos saberes e, por tanto me ouvir. À Paula Mariele Meneguzzo e ao seu esposo Juliano Godoy, pelas contribuições, proatividade e incentivo em inúmeros momentos de construção do trabalho. As professoras e amigas, Edna Aparecida Orozimbo e a professora Simone Cardoso de Moraes por tantas colaborações. Ao professor Élio da Silva pela colaboração com os termos de cessão de direitos autorais. Ao colega de turma PDE/2013 Wilson José Vieira por ser tão solicito em emprestar tantos livros acreditando em minha pesquisa. Aos meus colegas do PDE/2013, do NESEF, do NIED e do NEAB por socializarem tantos saberes. Aos meus alunos do Colégio Estadual Vinícius de Moraes, instituição onde o projeto será implementado, em especial, aos que já se envolveram desde 2013, na construção do mesmo, fazendo leituras prévias e cedendo divulgação de imagens. A todos que direta ou indiretamente me auxiliaram na elaboração do projeto. Aos participantes do meu GTR-2014. Aos meus animais de estimação: Dick, Fox e Lili por, em todos os momentos, serem fonte de imensa alegria e energia positiva, me ajudando a entender a vida com muito mais simplicidade.
A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE ÉTNICO-RACIAL NO ESPAÇO ESCOLAR POR MEIO DA REFLEXÃO FILOSÓFICA
Este Caderno Pedagógico tem como objetivo geral propor discussões sobre política,
eurocentrismo, racismo, identidade e filosofia africana utilizando como alternativa a
leitura de textos filosóficos clássicos e complementares, bem como o trabalho
interdisciplinar. Para tanto propõe-se possíveis relações entre o estudo da Filosofia,
da Arte e da Língua Portuguesa para potencializar o conhecimento estabelecendo
diversificadas formas de abordagens e ações pedagógicas para desenvolver
habilidades intelectuais.
O Caderno Pedagógico está dividido em três roteiros metodológicos, intitulados:
Roteiro Metodológico 1 – Dialogando com os clássicos que objetiva trabalhar o
estudo da filosofia com a utilização de textos clássicos e complementares, para
embasar o estudo da filosofia política, da filosofia africana e afrodescendente. Fazer
uso, também, de materiais que estão disponíveis nas escolas estaduais, ou seja, de
fácil acesso, como a utilização da Antologia de textos Filosóficos e, concomitante,
oferecer uma coletânea de trechos de textos sobre o que outras áreas do
conhecimento, como a antropologia, a medicina, a história, a literatura, têm
apresentado sobre os discursos etnocêntricos e excludentes. Roteiro Metodológico 2
– Docência compartilhada: Filosofia e Arte que objetiva estabelecer uma parceria
entre essas disciplinas, usando a fotografia como ferramenta pedagógica no
processo de ensino-aprendizagem, propondo análises paralelas e conjuntas às
temáticas propostas por essas disciplinas, mediando e explorando possíveis
relações entre os conteúdos da disciplina de Filosofia e de Arte. Roteiro
Metodológico 3 – Docência compartilhada: Filosofia e Língua Portuguesa que
objetiva propor aos alunos possibilidades de análises entre a linguagem filosófica
(leitura dos clássicos e textos complementares) e a linguagem literária (literatura
CADERNO PEDAGÓGICO
APRESENTAÇÃO
africana), incentivando e favorecendo a prática da leitura, tomando o livro como um
patrimônio cultural, num processo de repensar o ensino da leitura, que,
independente da disciplina, é central para o desenvolvimento da aprendizagem.
Ao longo do material, em cada um dos roteiros haverá algumas indicações, elas
almejam organizar o material numa sequência didática, com a função de contribuir
com o layout e a localização dos itens pedagógicos, para o professor identificar e
selecionar as propostas que melhor atendem a sua realidade educacional.
Justificativa da implementação do roteiro, da aplicabilidade da atividade para a
ampliação do conhecimento sobre as temáticas abordadas.
Busca trazer os alunos para a discussão, usando como ferramenta pedagógica
filmes, músicas e imagens para incentivar o estudo sobre as temáticas propostas.
Pode ser o primeiro passo para o desenvolvimento do trabalho pedagógico, para
avançar no processo de sair da posição de mero expectador, para atuar nas
discussões e debates com contribuições individuais e coletivas.
Apresenta uma estratégia metodológica para auxiliar o professor com o
desenvolvimento e aplicação didática da atividade.
COMO USAR O MATERIAL DIDÁTICO
OBJETIVOS
MOTIVAÇÃO
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
Indicação de sugestões de procedimentos avaliativos para auxiliar o professor a
avaliar os alunos e a si mesmo, propondo critérios de avaliação para diferentes
instrumentos avaliativos como: observação e análise (imagens), debate (após
releitura de imagens, músicas e filmes), seminário (apresentação de possíveis
conclusões após a leitura de textos, para a turma e/ou outras turmas), trabalho em
grupo (roteiro para análise de filmes) e mapa conceitual.
Sugestões de leituras complementares sobre os conteúdos e temáticas abordados.
Sugestões de filmes e vídeos para professores e alunos, além dos trabalhados
didaticamente no material os quais são propostos e utilizados como suporte para a
motivação dos alunos.
Sugestões adicionais sobre a temática com o objetivo de proporcionar ao professor
maiores subsídios para o desenvolvimento de suas aulas.
AVALIAÇÃO
DICAS LITERÁRIAS
DICAS DE FILMES E VÍDEOS
DICAS DE LINKS
Incentivar o estudo filosófico com o uso de textos clássicos e complementares da
filosofia, bem como, com materiais disponíveis nas escolas estaduais do Paraná,
como por exemplo, a Antologia de textos Filosóficos.
Ler, analisar e evidenciar Santo Agostinho como um filósofo africano.
Estimular debates e exposições dialogadas com os alunos, sobre a importância da
leitura, mais precisamente dos textos clássicos de filosofia, com o intuito de repudiar
o preconceito contra ao que muitos consideram distante de sua realidade, a
dedicação à leitura, inclusive dos clássicos, incentivando, a partir dessa prática, o
protagonismo e a autonomia dos alunos.
Exibir trecho do filme Mãos Talentosas3
Solicitar que os alunos fiquem atentos para a cena onde a mãe do protagonista
sente as dificuldades de convivência em sociedade, por ser analfabeta, bem como, o
3 Filme Mãos Talentosas Disponível em :
<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/debaser/singlefile.php?id=19889> Acesso
em: 8 agosto de 2013.
ROTEIRO METODOLÓGICO 1 DIALOGANDO COM OS CLÁSSICOS
OBJETIVOS
MOTIVAÇÃO
interesse em aprender, ficando surpresa e encantada com a quantidade de livros,
que o seu novo empregador, um professor, tem em sua biblioteca particular. A cena
mostra que a curiosidade e a vontade humana podem ser revertidas em
conhecimento e muitas conquistas.
DEBATE - APÓS A EXIBIÇÃO DE TRECHOS DO FILME MÃOS TALENTOSAS
Propor um debate levando em consideração as seguintes indagações:
Quais são os possíveis obstáculos encontrados no dia a dia das pessoas que não
dominam a leitura e a escrita ou, as que têm dificuldade em se relacionar com ela,
nos mais variados cenários (em casa – lendo um manual de instruções; na escola –
lendo as orientações para o desenvolvimento de uma atividade solicitada pelo
professor; vida social - quando da necessidade de se ler em público, no trabalho –
lendo as orientações da chefia para realizar uma determinada tarefa proposta –
como, escrever um relatório sobre a última reunião com a coordenação).
Você conhece pessoas que não tiveram a oportunidade de ter acesso ao ensino da
leitura e da escrita? Ou pessoas que tem dificuldade em usar esses meios de
comunicação?
Quais os benefícios que a leitura pode proporcionar para as pessoas?
Qual o conceito de clássicos? Qual a importância da leitura dos clássicos para o
estudo da disciplina de filosofia?
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
LEITURA DOS CLÁSSICOS: O USO DA ANTOLOGIA DE TEXTOS FILOSÓFICOS
Figura 1 – Biblioteca. Colégio Estadual Vinícius de Moraes, Colombo – Pr.
DICAS PARA ORGANIZAR E USAR A ANTOLOGIA DE TEXTOS FILOSÓFICOS
– PRIMEIROS CONTATOS
Imagem fotográfica: alunos do 1º ano do Ensino Médio de 2011 – Colégio Estadual Vinícius de Moraes - na biblioteca estudando textos clássicos de Filosofia, usando as Antologias de textos
Filosóficos.
Fonte: BORTOKOSKI, 2011.
1 Verificar como os alunos terão acesso as Antologias de textos Filosóficos. O
professor pode agendar o uso da biblioteca com a turma em questão ou solicitar o
auxílio de alguns alunos para levar os livros até a sala de aula, levando em
consideração o volume e o peso desses livros.
2 Se a opção for a biblioteca, solicitar para a bibliotecária deixar os livros separados
e organizados em pequenas pilhas nas mesas em que os alunos irão pesquisar.
3 Se os alunos ainda não tiveram contato com esse material sugere-se:
3.1 Retomar com os alunos o conceito de antologia (enquanto coleção de
obras agrupadas em um único volume para publicação) e o conceito de clássico
(enquanto, por exemplo, modelo, referência para leitura, àqueles que ultrapassam o
seu tempo).
3.2 Ler a apresentação da obra com os alunos para entender sua origem,
suas propostas e sua organização.
3.3 Ler com os alunos o prefácio da obra e fazer os devidos comentários
sobre a história de luta dos profissionais para retomar o ensino da disciplina de
filosofia e mantê-la na matriz curricular do Ensino Médio, na Educação Básica.
Nesse momento também é oportuno retomar o conceito da atividade de ler, bem
como, estabelecer comparações dessa ação com o escrito do pensador francês,
Merleau-Ponty, sobre a leitura, quando analisa que ler é fazer a “retomada do
pensamento de outrem através de sua palavra”.
3.4 Solicitar que os alunos façam uma leitura prévia do índice remissivo,
verifiquem e anotem quais os autores e os conceitos apresentados, eles já tiveram a
oportunidade de estudar na disciplina de filosofia ou em outras disciplinas, ou
aqueles cujos nomes lhe soam familiar, pois já ouviram falar ou desenvolveram
pesquisas sobre esses pensadores e/ou conceitos. Depois peça que os alunos
socializem essas informações com a turma.
3.5 Sugere-se que se faça uma explicação sobre a utilização e as facilidades
de pesquisa proporcionadas pelo índice remissivo, pois muitos alunos desconhecem
sua utilização.
3.6 Peça que os alunos releiam a apresentação da Antologia e anotem
informações que considerem relevantes para depois organizar um debate, levando
em consideração conceitos como: trabalho coletivo, formação de cidadãos, agir
politicamente, pólis, dimensão política, identidade, reconhecimento, corpus
mínimum, excertos, filósofo brasileiro, entre outros conceitos.
3.7 Oriente os alunos a respeito de fazerem anotações sobre as recordações
que tiveram sobre os autores listados no índice remissivo, tais como: Em que
disciplina ouviram falar sobre esse pensador? Com quais conceitos eles foram
relacionados? Quais os professores que abordaram essas discussões? Em quais
disciplinas?
3.8 Promover um debate sobre a importância da leitura para as mais variadas
disciplinas e para as diversas situações da vida de uma pessoa, lembrando aos
alunos o quanto essa prática proporciona entretenimento, diversão, informação,
conhecimento aproximação com diferentes formas de visão de mundo, além de um
desenvolvimento intelectual e o aprimoramento do capital cultural de qualquer leitor.
FILOSOFIA, FILOSOFIA AMERICANA E EUROCENTRISMO
Num contexto de uma sociedade que vive e respira a visão eurocêntrica,
contaminada, impregnada e embriagada por essa ideologia, dentro de estudos sobre
as reflexões filosóficas, existem aqueles que indagam se existe uma filosofia
africana? Assim como aqueles que indagam se existe uma filosofia americana? O
doutor em filosofia, Leopoldo Zea, em seu livro, A Filosofia Americana como
Filosofia, analisa e questiona:
A nenhum grego se lhe ocorreu perguntar-se pela existência de uma filosofia grega, assim como nenhum latino ou medieval, francês, inglês ou alemão ocorreu perguntar-se pela existência de sua filosofia; simplesmente pensavam, criavam, ordenavam, separavam, situavam, definiam, isto é, simplesmente filosofavam. Essa estranha filosofia que na América Latina enche de complexos seus próprios criadores e herdeiros. Isto não pode ser filosofar, isto não pode ser filosofia! Dizem para si mesmos. Que espécie de homens somos que não somos capazes de criar um sistema, que não somos capazes de dar origem a um filósofo que se assemelhe a um dos
LEITURA E ANÁLISE DE TEXTOS CLÁSSICOS E COMPLEMENTARES
TEXTO 1
tantos que têm sido e são chaves da história da filosofia? Que espécie de homens somos? (ZEA, 1993, p. 19).
OS ESCRITOS DE KANT E METTRIE SOBRE A MESTIÇAGEM
Em seus estudos sobre a mestiçagem, Munanga (2008, p. 27) entre tantos
outros autores, cita um filósofo alemão, Immanuel Kant, “os produtos bastardos –
escreve Kant, num fragmento inédito de 1790 – degradaram a boa raça sem
melhorar proporcionalmente a raça ruim.” E sobre a suposta animalidade dos povos
mestiços, entre as tantas teorias a esse respeito, Munanga analisou vários
pensadores, entre eles, Julien Offray de la Mettrie, e escreve:
Na metade do século XVIII, Julien Offray de la Mettrie não era o único a
defender a ideia de que os diferentes povos do universo provêm do
cruzamento do homem branco com outros animais. No extremo, essa
posição parece revelar um pensamento inconsciente que une, na sua
origem, a ideia de mestiçagem e a de raça. As raças humanas são resultado
de uma mestiçagem primitiva que corrompeu o homem branco, misturando
seu sangue com o sangue das bestas (animais). Se o homem de cor é um
degenerado, a mestiçagem é o instrumento da contaminação (MUNANGA,
2008, p. 25).
TERCEIRO PERÍODO DA FILOSOFIA AFRICANA – AGOSTINHO DE HIPONA
Agostinho produziu inacreditáveis, segundo ele mesmo, 230 obras (LAW,
2011). Esse filósofo argeliano “nasceu em Tagaste (atual, Argélia) 13 de novembro
TEXTO 2
TEXTO 3
354, morreu em 430 em 28 de agosto, na cidade de Hipona [...] poderosamente
refletiu sobre o tempo vivido, o tempo humano e sua relação com o divino absoluto,
o Senhor, que dá sentido ao efêmero” (OBENGA, 1990, p. 14, tradução nossa). As
mais conhecidas obras são sua autobiografia, as Confissões, em que narra sua vida
pecaminosa e a descoberta de Deus, e a Cidade de Deus, sua descrição do reino
divino (LAW, 2011).
Agostinho, em sua juventude considerou que o texto bíblico era demasiado
simplório, comparado aos de grandes autores como Cícero e Vergílio. Em busca de
respostas para sua inquietude, estudou o pensamento maniqueísta, onde o dualismo
maniqueu procurava explicar a existência do mal no mundo com racionalidade. O
maniqueísmo defendia que o nosso mundo seria resultado de um embate entre dois
princípios o bem (Princípe da Luz) o e mal (Princípe das Trevas). O homem, como
um dos resultados desse combate, teria duas partes: a alma (parte luminosa) e o
corpo (parte tenebrosa). Sendo assim, “o mal seria consequência dessa nossa parte
de origem e natureza malignas, o corpo”. (AYOUB e NOVAES, 2009, Antologia de
textos Filosóficos, 2009, p. 20).
Na sua teoria do conhecimento, o maniqueísmo julgava que para ser inteiramente racional, só poderia aceitar como verdadeiro aquilo que estivesse imediatamente presente. Isto é, só poderíamos dar assentimento àquilo que nossos sentidos captam, aqui e agora, ou àquilo que intuímos prontamente como o intelecto, como as verdades da matemática. (AYOUB e NOVAES, Antologia de textos Filosóficos, 2009, p. 20).
Não satisfeito e decepcionado com a corrente doutrinária maniqueísta,
Agostinho, sem abandonar totalmente essa influência, busca acrescentar novos
conceitos a ela.
Devemos notar, porém, que Agostinho não abandonou aquelas duas exigências: explicação racional e responsabilidade humana pelo mal. A solução maniqueísta não o contentava, mas os valores da razão e da responsabilidade moral restavam intactos para ele. Mais tarde, na vida madura, a filosofia agostiniana afirmará que a racionalidade não exclui a autoridade, e que a responsabilidade humana pode ser pensada em outros termos. (AYOUB e NOVAES, Antologia de textos Filosóficos, 2009, p. 20).
Indo para além das reflexões do maniqueísmo, e tendo contato em Milão com
o bispo dessa região, Ambrósio, com o qual teve contato, proporcionando o
aprofundamento de seus estudos com o platonismo, visto ser esse bispo um
sofisticado estudioso dessa corrente de pensamento. (AYOUB e NOVAES, Antologia
de textos Filosóficos, 2009, p. 21).
Ao mesmo tempo em que valorizava a razão, com o imperativo de uma depuração crítica de suas condições, o platonismo apresenta para Agostinho outra maneira de entender o mal. Enquanto o maniqueísmo considerava que o corpo era naturalmente mau, Agostinho encontra no platonismo elementos para uma explicação diversa. O mal deve ser investigado na vontade humana. A responsabilidade humana não está na sua natureza, no seu corpo. Na verdade, Agostinho insistirá que a causa do mal deve ser procurada na alma, isto é, no livre-arbítrio da vontade. (AYOUB e NOVAES, Antologia de textos Filosóficos, 2009, p. 21-22).
Mesmo quando se torna Bispo de Hipona, com suas incumbências pastorais,
Agostinho não abandonará a filosofia, e continuará refletindo, escrevendo e
polemizando. É importante lembrar, que além de estudar e considerar os
ensinamentos de Platão, Aristóteles e Plotino, Agostinho irá ser fonte importante
para investigações que duram até a filosofia contemporânea, em especial com
Husserl e Heidegger (AYOUB e NOVAES, Antologia de textos Filosóficos, 2009, p.
26).
Com o conceito de que os humanos são racionais, motivo pelo qual possuem
livre arbítrio e, são responsáveis por suas escolhas entre o bem e o mal, fica claro
que “Deus não é a fonte dos males [...] eles existem devido ao pecado voluntário da
alma, à qual Deus deu livre escolha” (LAW, 2011, p. 257). Usando-se da filosofia
platônica, explorando seus limites e mostrando a necessidade de ir para além dela,
consta:
A ideia neoplatônica de um mundo imaterial de ideias e do bem ou uno
como princípio primeiro de todo ser dava lugar para um criador espiritual
que é a causa de todas as coisas. Só Deus é inteiramente real; o mundo
criado é menos real por estar distante dele. Ao mesmo tempo, Deus ilumina
objetos de contemplação intelectual. Assim, enquanto os sentidos são uma
fonte inconfiável de conhecimento, a compreensão genuína começa com a
contemplação da própria mente e eleva-se gradualmente rumo à
contemplação de Deus (LAW, 2011, p. 257).
1 Apresentação do conteúdo Filosofia Política/Relações de poder/Relações étnico-
raciais e estabelecer possíveis analogias entre o conceito de etnocentrismo,
eurocentrismo, racismo com os conceito dos textos filosóficos clássicos e
complementares, dos textos 1, 2 e 3 apresentados anteriormente. Quando da
abordagem dos escritos de Agostinho de Hipona, evidenciá-lo como filósofo africano.
E colocar em questão: quais os prováveis motivos pelos quais, Agostinho de Hipona,
não é enfatizado como filósofo africano? Lembrando que quando se fala em Kant,
logo se diz: filósofo alemão. Quando se cita Jean-Paul Sartre, logo se diz: filósofo
francês e assim por diante.
2 Pesquisa na internet – instruir os alunos a pesquisarem sobre filosofia africana,
filosofia latino-americana e filosofia afrodescendente. Propor que os alunos anotem
os nomes dos autores encontrados, bem como características de seus escritos, para
promover uma socialização desses resultados para a turma com a mediação do
professor.
3 Explicar como se produz um mapa conceitual apresentando aos alunos um vídeo
tutorial: <https://www.youtube.com/watch?v=K2WZbpkWcQQ> (Vale lembrar que o
mapa conceitual faz mais sentido para quem o produz do que para quem o visualiza,
mas que faz todo sentido ao coletivo, quando unido à fala do autor, durante a
apresentação do mapa conceitual para a turma).
4 Em seguida organizar os alunos em sala de aula ou na biblioteca para ler
Agostinho de Hipona, usando a Antologia de textos Filosóficos, com o texto A razão
em progresso permanente – Agostinho. Propor que façam as devidas anotações
sobre os conceitos e informações que consideraram relevantes.
5 Após ler o texto os alunos deverão produzir com a orientação do professor um
mapa conceitual e apresenta-lo a turma abrindo sempre para o debate dos conceitos
que foram significativos para o grupo.
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
1 Faça uma primeira leitura, buscando uma visão do conteúdo como um todo.
2 Releia o texto, anotando palavras ou expressões desconhecidas, e sublinhe as
ideias centrais.
3 Leia novamente e procure entender a ideia principal que pode estar explícita ou
implícita no texto.
4 Localize e compare as ideias entre si, procurando semelhanças e diferenças.
5 Interprete as ideias tentando descobrir as conclusões do autor.
6 Elabore uma síntese/resumo/apreciação crítica.
Se partirmos do pressuposto que o intuito da avaliação é ser um processo de
construção da aprendizagem possibilitando novas aquisições, novos conceitos,
novos conhecimentos e novas práticas, bem como, momento de esclarecer dúvidas,
valorizar argumentos, sugerir possibilidades de avançar no caminho da autonomia,
sugere-se que:
a) Após assistirem ao vídeo, no debate, o aluno consiga:
- usar adequadamente a língua portuguesa em situações formais;
- estabelecer uma sequência lógica das cenas apresentadas;
- compreender o significado de determinadas cenas no contexto e/ou no cenário do
filme;
- estabelecer comparações entre as cenas apresentadas e as temáticas que se
SUGESTÃO DE PASSO A PASSO PARA A LEITURA E ANÁLISE DE TEXTOS
Metodologia da Pesquisa em Educação
Profa. Carmen Lúcia Fornari Diez/UFPR
Prof. Geraldo Balduíno Horn/UFPR
AVALIAÇÃO
propõem a discutir;
- manifestar dúvidas em relação à narrativa;
- interagir com os colegas de turma;
- respeitar o posicionamento de opiniões diversas, bem como, o tempo determinado
para se manifestar perante o grupo;
- compartilhar reflexões e análises com o coletivo.
b) Após a análise comparativa entre textos, na sua produção escrita e/ou, na
confecção do mapa conceitual, o aluno consiga:
- se manifestar e se posicionar frente às análises propostas com questionamentos,
concordâncias ou discordâncias;
- demonstrar avanço na construção de sua autonomia intelectual;
- compreender o significado das palavras e conceitos no contexto em que elas se
apresentam;
- elaborar reflexões e hipóteses para expressar seu pensamento;
- expor com clareza suas ideias, sistematizando suas produções de conhecimento.
DUSSEL, Enrique. Europa, modernidade e eurocentrismo. In: Lander, E. (Org.). A
colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-
americanas. Buenos Aires: Clacso, 2005. p. 24-33.
MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: Identidade
nacional versus identidade negra. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.
HORN, Geraldo Balduíno (Org.) Filosofia para vestibular: a filosofia e o filosofar
nos textos clássicos. Curitiba: Juruá, 2013.
PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Antologia de textos Filosóficos.
DICAS LITERÁRIAS
Curitiba: SEED, 2009, 18-55, A razão em progresso permanente – Agostinho.
PORTA, Mario Ariel González. A Filosofia a partir de seus problemas: Didática e
metodologia do estudo filosófico. São Paulo: Loyola, 2002.
ZEA, Leopoldo. A filosofia americana como filosofia. Tradução Werner Altmann.
São Paulo: Pensieri, 1993.
<http://filosofiacienciaevida.uol.com.br/ESFI/Edicoes/84/filosofar-filosofando-estudioso-e-
especialista-no-assunto-balduino-fala-292510-1.asp> Entrevista Filosofia Ciência e Vida
(Edição 48), com o Prof. Dr. Geraldo Balduino Horn, sobre os resultados e
necessidades pós-implementação da Filosofia no Ensino Médio, o uso do texto
filosófico, o uso de livros didáticos, o lugar da filosofia no currículo e na vida dos
estudantes.
<http://www.nesef.ufpr.br/> NESEF – O Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre o
Ensino de Filosofia tem por objetivo promover estudos sobre os fundamentos
filosóficos, epistemológicos e metodológicos do ensino de Filosofia; organizar e
promover atividades de extensão voltadas à atualização do professor de filosofia;
desenvolver pesquisas relacionadas ao ensino de Filosofia na Educação Básica;
publicar textos dos resultados das pesquisas.
DICAS DE LINKS
Como disciplina na matriz curricular do Ensino
Médio, considera-se que a Filosofia pode
viabilizar interfaces com as outras disciplinas
para a compreensão do mundo da linguagem, da
literatura, da história, das ciências e da arte
(DCEs p. 49).
Mobilizar os alunos para a discussão da filosofia política.
Propor discussões sobre filosofia africana e filosofia afrodescendente.
Abordar e discutir o conceito de identidade.
Trabalhar de forma compartilhada com a disciplina de Arte.
Usar a fotografia como ferramenta pedagógica.
Perceber as nossas diferenças enquanto oportunidade de aprendizado, o que difere
de transformar as nossas diferenças em desigualdades.
Identificar e questionar o uso da arte como meio para proliferação do racismo, na
obra de Modesto Brocos.
ROTEIRO METODOLÓGICO 2
DOCÊNCIA COMPARTILHADA:
FILOSOFIA E ARTE
OBJETIVOS
Propor um diálogo entre a disciplina de Filosofia e Arte, para estabelecer uma
relação entre o conteúdo estruturante de Filosofia Política, mais precisamente com
as relações de poder, abordando conceitos de eurocentrismo e racismo, trabalhando
o antagonismo entre a rejeição e o respeito pelo outro. Para tanto, a participação da
disciplina de Arte, com foco para as Artes Visuais, com a técnica da pintura e da
fotografia, para que os alunos reconheçam os seus elementos formais e seus
elementos de composição, auxiliados pelos conteúdos específicos de Arte ao
mesmo tempo em que fazem reflexões sobre filosofia política interpretando
conceitos filosóficos.
A proposta inicial é que os alunos sejam estimulados a construir um painel
fotográfico, onde eles serão os protagonistas. O nome sugerido para a exposição do
painel é Imagens Fotográficas – evidências de um país multiétnico. Mediar a
ação de intervenção na escola usando o recurso da imagem, nessa proposta de
material didático, mais precisamente utilizando a fotografia como ferramenta
pedagógica, é uma forma de se privilegiar algo que muitos dos jovens tanto
apreciam, a visualização e a observação da própria imagem, como por exemplo, as
fotografias postadas no facebook, só que com uma abordagem metodológica de
ensino e de aprendizagem, voltadas para a construção e valorização de identidades.
Segundo a pesquisa da Profa. Nuria Pons Vilardell Camas4 do Departamento de
Teoria e Prática do Ensino/UFPR, aponta para a seguinte situação “o problema não
é a tecnologia, mas sim como ela é utilizada”. Da web emerge uma indústria
produtora de tecnologias, conteúdos, serviços, objetos de consumo e intenções,
cabe aos educadores verificar possibilidades e potencialidades para fazer bom uso
da tecnologia. Para atingir esse objetivo essa produção didático-pedagógica propõe
uma construção que ocorrerá de forma interdisciplinar com a expressiva contribuição
da disciplina de Arte. Para tanto será importantíssimo estreitar a parceria entre os
Planos de Trabalho Docente das disciplinas de Arte e de Filosofia, com a proposta
4 Informação fornecida pela Profa. Nuria Pons Vilardell Camas, no Seminário Temático da UFPR sobre
Tecnologias na Educação, em Curitiba (Campus Jardim Botânico), em junho de 2013.
DOCÊNCIA COMPARTILHADA –
FILOSOFIA E ARTE
de atuar em alguns momentos, ou seja, em algumas aulas, com a metodologia da
docência compartilhada. Essa proposta de trabalho foi discutida e enfatizada em
algumas das aulas na UFPR do PDE/2013 pelos professores Valentim da Silva,
Maurício Fagundes, Luiz Rogério da Silva e pela professora Ana Elisa Freitas
(informação verbal)5 e está vinculada as reflexões de Rubem Alves, onde o ensino
deixa para traz o método tradicional e toma como exemplo a Escola da Ponte. Um
dos pontos de destaque dessa metodologia de trabalho é justamente a possibilidade
dos docentes dividirem, socializarem seus saberes com a turma num mesmo
momento, numa mesma aula, onde dois ou mais professores compartilham o espaço
de ensino e aprendizagem, buscando sempre desenvolver com maior eficiência a
autonomia do aluno, onde o trabalho e a interação do coletivo faz toda a diferença.
Na etapa final dessa proposta de trabalho entre Filosofia e Arte, sugere-se que o
painel fotográfico fique em exposição na sala de multimídia e de atividades artísticas
da escola, local bastante amplo e frequentado pela comunidade escolar, pois nesse
espaço, além de atividades pedagógicas com os alunos, também são realizadas
muitas das reuniões com a comunidade escolar.
Filosofia
Filosofia política/Relações de poder
Eurocentrismo
Racismo
Arte
Artes Visuais/Pintura e Fotografia
Elementos formais
Elementos de composição
5 Informações fornecidas pelos professores, citados anteriormente, Setor Litoral da UFPR, durante aulas
ministradas na UFPR direcionadas para o curso PDE/2013, no decorrer do primeiro e do segundo semestres
de 2013.
CONTEÚDOS - DOCÊNCIA COMPARTILHADA
FILOSOFIA E ARTE
A imagem da pintura como fonte investigativa
A arte da pintura – A Redenção de Cam6
DEBATE APÓS A VISUALIZAÇÃO DA PINTURA DE MODESTO BROCOS
Após a visualização da imagem problematizar: O que puderam perceber na
pintura do artista espanhol, Modesto Brocos? O que os personagens da pintura
representam para a teoria do embranquecimento no Brasil? Qual a relação da
pintura com o conceito de miscigenação? Que outros questionamentos podem ser
levantados a partir dessa imagem? Qual a possibilidade de se relacionar as
proposições das teorias raciais e do conceito de miscigenação com os personagens
presentes nessa imagem? O que a expressão corporal, da matriarca da família, num
gesto de agradecimento aos céus, representa para as teorias raciais? Como essas
observações podem ser vinculadas com temas cotidianos, como por exemplo o
racismo e o preconceito?
6 A Redenção de Cam, pintura do ano de 1895, confeccionada pelo pintor espanhol Modesto Brocos, a obra
permite fazer uma análise das teorias raciais do século XIX. Disponível em
<http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Reden%C3%A7%C3%A3o_de_Cam > Acesso em 03 de set. de 2013.
MOTIVAÇÃO
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
IDENTIDADE: CONCEITO E REFLEXÃO
Viver em sociedade, fazer parte dela, estar relacionado a pessoas, a
instituições, ir para além da consciência ingênua e ser capaz de fazer reflexões
críticas sobre si, sobre os outros e sobre o mundo requer que tenhamos um domínio
de aprendizado que vá além da leitura e da escrita É preciso filosofar, pensar, falar,
conhecer sua história, sua memória, sua cultura e sua identidade. Mais do que estar
no mundo, é necessário fazer parte dele, se sentir pertencente a um processo de
construção contínua, articulada a uma identificação para podermos buscar
responder a indagação: “quem somos nós?”. Indagação essa, totalmente vinculada a
outra indagação: “quem são os outros”?
Segundo Munanga (2008), a construção da identidade do povo negro no
Brasil passa por seu passado histórico como herdeiros dos escravizados africanos,
de um grupo estigmatizado, excluído das posições de comando na sociedade,
mesmo tendo colaborado significativamente com o país com seu trabalho gratuito. A
construção da identidade desse grupo, que teve sua humanidade negada e a sua
cultura inferiorizada, passa por sua cor, essa cor negra que deve ser recuperada
física e culturalmente em sua negritude.
A construção da identidade étnico-racial passa por alguns questionamentos
bem presentes na sociedade brasileira e que os movimentos sociais, como por
exemplo, os movimentos negros, conhecem bem: O que significa ser branco no
Brasil? O que significa ser negro no Brasil? O que significa ser negro e pobre no
Brasil? O que significa ser negro, pobre e homossexual no Brasil? O que significa
ser mulher negra no Brasil? Quem é o quilombola? O que é ser mestiço no Brasil?
Ao estudar a teoria de Munanga (2008), percebe-se as implicações desses
questionamentos na vida cotidiana, bem como, nas estruturas mais amplas da
esfera pública e privada. Essas denominações: branco, negro, mestiço, homem de
SUBSÍDIOS TEÓRICOS PARA DESENVOLVER ATIVIDADES
INTELECTUAIS COM OS ALUNOS
TEXTO 1
cor, foram criadas por nossa maneira de conceituar cognitivamente categorias,
herdadas da história da colonização, apesar da nossa percepção da diferença situar-
se no campo visual. O pesquisador ressalta ainda o “hábito de pensar nossas
identidades sem nos darmos conta da manipulação do biológico pelo ideológico”
(MUNANGA, 2008, p. 18). Os estudos de Munanga (2008) apontam, entre outras
mazelas, a destruição da identidade racial.
OS ESCRITOS DE HEGEL SOBRE A ÁFRICA
Ao longo das produções filosóficas, do pensamento do Ocidente europeu, de
exclusão, de menosprezar a população africana e de renegar sua filosofia,
acentuando uma posição eurocêntrica foram se construindo perante a África.
Segundo Hegel (2009, p. 269 citado por FOÉ, 2013, p. 178-179) “Aquele que quer
conhecer as manifestações assustadoras da natureza humana pode encontrá-las na
África, esse continente, do homem em estado bruto [...] no estado de selvageria e de
barbárie [e onde] todos os homens são feiticeiros”.
OS ESCRITOS DE SARTRE SOBRE A EUROPA
O barco da Europa faz água por toda a parte. O que aconteceu? Isto,
simplesmente: éramos sujeitos da história e agora somos objetos. A relação de
forças se inverteu, a descolonização está em curso; tudo o que nossos mercenários
podem tentar é retardar o fim (SARTRE, 2005, p. 45).
Quer se queira admitir ou não, o racismo está presente em várias sociedades,
inclusive na sociedade brasileira, faz parte das nossas relações cotidianas, perpassa
o ensino dentro do ambiente escolar, está presente nos livros didáticos e está
relacionado à nossa herança eurocêntrica. Sobre a legalidade dos documentos
TEXTO 2
TEXTO 3
oficiais (aqui relembrando a Declaração dos Direitos Humanos) e, a realidade da
convivência social, existe a construção de um discurso racista e excludente, sobre o
qual Jean-Paul Sartre, analisa:
Que tagarelice: liberdade, igualdade, fraternidade, amor, honra, pátria, e o
que mais? Isso não nos impedia de ter ao mesmo tempo um discurso
racista, negro sujo, judeu sujo, turco sujo. Bons espíritos, liberais e ternos –
em resumo, neocolonialistas – se mostravam chocados com essa
inconsequência. Erro ou má fé. Nada mais consequente, entre nós, do que
um humanismo racista, pois o europeu só pode fazer-se homem fabricando
escravos e monstros (SARTRE, 2005, p. 43).
Trecho de relato de experiência, depoimento de Leda Souza7:
Entre escovas e tranças caprichadas, a pesquisadora Leda Souza confessa: “Quando a
gente vai num salão de beleza comum, a primeira coisa que o profissional fala quando
olha nosso cabelo é ‘ah, vamos alisar!’. Aqui não. Você chega e eles valorizam a sua
identidade negra”.
7 Relato da pesquisadora Leda Souza. Disponível em
<http://antigo.acordacultura.org.br/acao/programa/divers%C3%A3o> Acesso em 27 de ago. de 2013.
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
ANÁLISE DE TEXTOS
TEXTO 1
[...] identidade, que é sempre um processo e nunca um produto acabado, não será
construída no vazio, pois seus constitutivos são escolhidos entre os elementos comuns
aos membros do grupo: língua, história, território, cultura, religião, situação social etc.
Esses elementos não precisam estar concomitantemente reunidos para deflagrar o
processo, pois as culturas em diáspora têm de contar apenas com aqueles que
resistiram, ou que elas conquistaram em seus novos territórios. (MUNANGA, 2008,
p.14).
Na obra La philosophie africaine de la période pharaonique (A filosofia africana do
período faraônico), Obenga (1990) sobre a formação dos intelectuais da Grécia
Antiga, diz que: “A cultura da arte, da música e da física eram realizadas, e Platão,
em suas normas, recomendava especificamente o modelo da educação egípcia para
a formação da juventude ateniense” (OBENGA, 1990, p. 207, tradução nossa).
Quais as possíveis ralações entre os textos citados e a construção da identidade
étnico-racial no Brasil? A identidade de um povo ou de uma nação é condição
fundamental para a sua emancipação? O Brasil, irá avançar em questões políticas,
sociais e econômicas sem construir sua própria identidade? Quais as implicações do
estudo da filosofia política para essas temáticas?
TEXTO 2
POSSIBILIDADES DE PROBLEMATIZAÇÕES ENTRE O
TEXTO 1, TEXTO 2 E O TEXTO 3
TEXTO 3
Título: Objeto e identidade
Objetivo: Propiciar um espaço na sala de aula para os alunos se conhecerem
melhor, falando sobre coisas que eles consideram significativas para eles, revelando
características pessoais e talentos que muitas vezes são desconhecidos pelo
coletivo da turma.
1 Com antecedência, peça aos alunos que pensem (não comentar com os colegas)
em um objeto que tenha alto valor sentimental para eles. Algo que evoque uma boa
lembrança, um sucesso alcançado, ou ainda uma pessoa muito benquista. Faça
uma divisão de grupos de no máximo 5 alunos por aula e, de posse de um
calendário, agende as aulas em que cada grupo de alunos, trará seu pequeno
tesouro para a aula e o compartilhará com seus colegas de turma.
2 Divulgue aos alunos as datas em que cada aluno irá trazer o seu objeto. Uma
sugestão é intercalar as apresentações, uma vez por semana.
3 Para motivar a dinâmica comece por você mesmo: traga sua preciosidade e libere
seus sentimentos para falar do objeto escolhido. O objeto selecionado pode estar
relacionado com a sua vida pessoal, como um bicho de pelúcia que ganhou de uma
pessoa importante, um livro que recebeu de presente, uma carta e/ou bilhete que
recebeu de um aluno, enfim, ninguém melhor do que você para identificar esse
objeto. Depois de terminada a sua exposição incentive os alunos a lhe fazerem
perguntas sobre o assunto.
4 É importante enfatizar que não será permitido trazer um texto pronto, sendo
oportunizado dessa forma o incentivo a retórica.
5 Após todas as apresentações, discuta com a turma o conceito de identidade, tendo
a oportunidade de relacioná-lo aos escritos de Kabengele Munanga. Levante
problematizações sobre como o sentimento de pertencimento desse objeto se
construiu com o passar do tempo.
SUGESTÃO DE
DINÂMICA
Avaliação
Sugere-se que a avaliação dessa atividade esteja centrada na efetiva participação
dos alunos durante todo o processo de desenvolvimento da dinâmica.
FONTE: Adaptação de uma das atividades em grupo, do livro, Cem aulas sem tédio.
A linguagem musical como fonte investigativa
Respeitem meus cabelos, brancos8/Chico César.
DEBATE APÓS A APRESENTAÇÃO DA MÚSICA DE CHICO CÉSAR
A mídia influência a sua relação social com a estética do seu cabelo? Na
convivência escolar as pessoas respeitam as características singulares e
diferenciadas da aparência dos cabelos uns dos outros? Quais são as possíveis
relações que podem ser estabelecidas entre a música – Respeitem meus cabelos,
brancos - com o depoimento da pesquisadora Leda Souza (citado anteriormente –
texto 1) e as relações raciais no Brasil?
A linguagem fotográfica e musical como fontes investigativa
8 Indicação de música disponível em
<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=563#afro > Acesso
em 27 de ago. de 2013.
MOTIVAÇÃO
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
Racismo é burrice9/Gabriel, O pensador.
DEBATE APÓS A APRESENTAÇÃO DA MÚSICA DE GABRIEL, O PENSADOR
Qual a possível relação entre a imagem fotográfica dos alunos do Colégio Estadual
Vinícius de Moraes e o princípio constitucional da igualdade? Como a arte da
9 Indicação de música disponível em
<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=563#afro > Acesso
em 27 de ago. de 2013
Imagem de alunos do
Colégio Estadual
Vinícius de Moraes, na
sala de aula, município
de Colombo, outubro de
2013.
Figura 2 – Sala de aula. Colégio Estadual Vinícius de Moraes, Colombo, Pr.
Fonte: BORTOKOSKI, 2013.
fotografia pode contribuir para evidenciar um país multiétnico, como o Brasil? Quais
relações podem ser estabelecidas entre a imagem fotográfica dos alunos e os
seguintes trechos da Declaração Universal dos Direitos Humanos:
Artigo II: Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades
estabelecidos nesta declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça,
cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza (DECLARAÇÃO
UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS, 1948).
Artigo XXVI: Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução promoverá a
compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou
religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da
paz (DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS, 1948).
Se partirmos do pressuposto que o intuito da avaliação é ser um processo de
construção participativa e continuada da aprendizagem possibilitando novas
aquisições, novos conceitos, novos conhecimentos e novas práticas, sugere-se que:
a) Após analisarem a imagem da pintura e da fotografia, bem como, das letras
de músicas propostas, no debate, o aluno consiga:
- usar adequadamente a língua portuguesa em situações formais;
- estabelecer uma sequência lógica de relação entre as imagens e os textos
apresentados;
- compreender o significado de determinadas produções artísticas em seu contexto
de produção;
- estabelecer comparações entre as produções apresentadas e as temáticas que se
propõem a discutir;
- manifestar dúvidas em relação às produções apresentadas;
- interagir com os colegas de turma;
- respeitar o posicionamento de opiniões diversas, bem como, o tempo determinado
AVALIAÇÃO
para se manifestar perante o grupo;
- compartilhar reflexões e análises com os colegas.
b) Após a análise comparativa entre textos, na sua produção escrita e/ou
dialogada, o aluno consiga:
- se manifestar e se posicionar frente às análises propostas com questionamentos,
concordâncias ou discordâncias;
- demonstrar avanço na construção de sua autonomia intelectual;
- compreender o significado das palavras e conceitos no contexto em que elas se
apresentam;
- elaborar reflexões e hipóteses para expressar seu pensamento;
- expor com clareza suas ideias, sistematizando suas produções de conhecimento.
FOÉ, Nkolo. África em diálogo, África em autoquestionamento: universalismo ou
provincialismo? “Acomodação de Atlanta” ou iniciativa histórica? Educar em
Revista, Curitiba, n.47, p. 175-228, 2013.
SARTRE, Jean Paul. Reflexões sobre o racismo. Tradução J. Guinsburg. Rio de
Janeiro: DIFEL, 1978.
SARTRE, Jean-Paul. Prefácio. In: FANON, Frantz. Os condenados da terra. 2. ed.
Tradução de Enilce Albergaria Rocha, Lucy Magalhães. Juiz de Fora: Ed. UFJF,
2005.
CONVERSAS SOBRE O MUNDO. O vídeo mostra um encontro entre Leonardo Boff
(teólogo e filósofo brasileiro) e Boaventura de Souza Santos (cientista social
DICAS LITERÁRIAS
DICAS DE FILMES E VÍDEOS
português e filósofo da ciência), para discutirem questões relevantes sobre
colonialismo, neocolonialismo, eurocentrismo, capitalismo, construção da
democracia, populações indígenas e afrodescendentes x desenvolvimento
econômico e globalização. Disponível em
<http://alice.ces.uc.pt/en/index.php/brazil/conversations-of-the-world-leonardo-boff-and-
boaventura-de-sousa-santos/?lang=pt > Acesso em 13/11/2013.
QUASE DOIS IRMÃOS. Direção: Lúcia Murat. Brasil, 102 min, 2004. 1 DVD, color. –
O filme mostra a relação paradoxal entre dois amigos de infância, um branco e um
negro, um pobre e um rico, que em meio ao sistema capitalista, a ganância e a
solidariedade, também aborda a temáticas das relações étnico-raciais no Brasil.
<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/cadernos_tematicos/fotografi
a_audiovisuais.pdf> Série Cadernos Temáticos - Fotografia e Audiovisuais –
Apresenta um panorama sobre produção fotográfica e audiovisual, com o objetivo de
aproximar a comunidade escolar aos elementos que compõem estas linguagens,
incentivando sua apropriação técnica e instigando à produção de conteúdos digitais.
<http://www.youtube.com/watch?v=T4L6FJaQEjg> O vídeo apresenta um resumo da
história de vida da primeira juíza rastafári negra do Brasil, Luislinda Dias de Valois
Santos. Mulher que é motivo de orgulho para os baianos, hoje desembargadora, fala
de algumas de suas conquistas e, também relembra atitudes de racismo ocorrido em
sua vivência escolar.
DICAS DE LINKS
Como disciplina na matriz curricular do Ensino
Médio, considera-se que a Filosofia pode
viabilizar interfaces com as outras disciplinas
para a compreensão do mundo da linguagem, da
literatura, da história, das ciências e da arte
(DCEs p. 49).
Mobilizar os alunos para a discussão da filosofia política.
Trabalhar de forma compartilhada com a disciplina de Língua Portuguesa.
Incentivar o estudo com o uso de textos clássicos da filosofia e de textos
complementares, bem como, uso de materiais disponíveis nas escolas, como a
Antologia de textos Filosóficos.
Propor análises comparativas entre o discurso da linguagem filosófica e o discurso
da linguagem literária sobre as relações políticas, o etnocentrismo, o eurocentrismo
e o racismo.
Abordar a legislação com o intuito de buscar garantir o respeito aos direitos legais e
a valorização da identidade num país multiétnico.
Dialogar sobre o respeito pelas diferenças e pelas oportunidades de aprendizado
que elas proporcionam.
ROTEIRO METODOLÓGICO 3
DOCÊNCIA COMPARTILHADA:
FILOSOFIA E LÍNGUA PORTUGUESA
OBJETIVOS
Propor um trabalho interdisciplinar entre a Filosofia (Filosofia Política) e a
Língua Portuguesa (Literatura Africana), visando a relação entre o conteúdo
estruturante de Filosofia Política/Relações de poder, abordando conceitos de
eurocentrismo e racismo, estabelecendo analogias entre os escritos da linguagem
filosófica e da linguagem literária sobre esses conceitos. As análises feitas na
literatura africana, nas narrativas do autor africano, Mia Couto, serão encaminhadas
de forma propositiva para estabelecer comparações entre conceitos filosóficos sobre
etnocentrismo, eurocentrismo e racismo.
Na proposta do trabalho interdisciplinar da Filosofia com a disciplina de
Língua Portuguesa, para possibilitar um diálogo entre a filosofia africana e a
literatura africana, a ideia é encaminhar o trabalho pedagógico em parceria com um
dos projetos que já existe na escola. Esse projeto é coordenado por uma professora
de Língua Portuguesa e chama-se Leitura – uma ação conjunta. Nesse projeto os
alunos são incentivados à prática da leitura, de diferentes gêneros literários,
algumas obras escolhidas voluntariamente pelos alunos e outras indicadas pelos
professores. Após o término de cada círculo de leitura, que dura em torno de um
bimestre, os alunos são incentivados a apresentar o resultado de suas leituras para
o restante da turma, com o objetivo de socializar o enredo das obras lidas. Reunidos
em círculo, normalmente no saguão da escola, por possibilitar um maior espaço para
a interação, os alunos fazem a apresentação de suas leituras. Aqueles que se
sentem mais confiantes são convidados a apresentar o fruto de suas leituras em
outras turmas e, quando liberados pelos responsáveis, também no contra turno. O
trabalho com a leitura também visa à inclusão, quando em muitos momentos conta
com a apresentação de alunos com necessidades especiais, como, por exemplo,
deficiência mental, deficiência visual e comprometimento motor. O caminho sugerido
para o contato com a literatura africana será, a princípio, com duas obras do escritor
moçambicano Mia Couto, que com sua prosa poética e envolvente, traz para
discussão questões históricas e sociais da África, articulando fato e mito. As obras
DOCÊNCIA COMPARTILHADA
FILOSOFIA E LÍNGUA PORTUGUESA
escolhidas para leitura, de Mia Couto foram A confissão da leoa e também, O último
voo do flamingo. Vale ressaltar que este material didático sugere atividades mais
específicas para a obra O último voo do flamingo.
Filosofia
Filosofia política/Relações de poder
Eurocentrismo
Racismo
Língua Portuguesa
Prática de leitura, escrita e oralidade
Gênero discursivo - Literatura africana – Romance
Análise linguística
A linguagem áudio visual como fonte investigativa
O xadrez das cores10; Mãos talentosas11; Mandela – a luta pela liberdade12.
10 O xadrez das cores: Disponível em
<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/debaser/singlefile.php?id=19772 > Acesso em: 08 de
out. de 2013.
11 Mãos talentosas: Disponível em
<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/debaser/singlefile.php?id=19891 > Acesso em: 8 de
out. de 2013.
12 Mandela – a luta pela liberdade. Disponível em:
<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/debaser/singlefile.php?id=16362 > Acesso em 8 de
out. de 2013.
MOTIVAÇÃO
CONTEÚDOS DOCÊNCIA COMPARTILHADA
FILOSOFIA E LÍNGUA PORTUGUESA
Debate após a exibição dos vídeos
Após a visualização dos vídeos problematizar: É possível observar situações de
preconceito e racismo? Em quais cenas elas puderam ser observadas? Essas cenas
se reproduzem no contexto escolar? Como é que o racismo consegue se reproduzir
na sociedade? Essas cenas se reproduzem em outros espaços da sociedade para
além do espaço escolar? Quais as relações que podem ser estabelecidas entre a
prática do racismo e a formação da identidade?
Reflexões do filósofo moçambicano, Nkolo Foé:
A relação de existência entre a Europa e a África, e mais, de coexistência
entre essas nações esta longe do que se possa considerar como relação ética,
saudável, salutar. Os relatos históricos e os noticiários diários, de várias fontes de
informação, mostram essa que essa relação continua ocorrendo de forma desigual e
servil, onde a África permanece sendo fonte de benefícios para a Europa sem ser
beneficiada, longe de condições dignas de respeito. As pesquisas de Nkolo Foé
(2013, p. 223), filósofo camaronês, apontam para a necessidade de um diálogo de
igualdade entre esses continentes e, não de um diálogo onde a Europa dita as
regras e a África deve se submeter sem direito de questionamento. Nesse difícil e
conflituoso diálogo, Foé analisa:
[...] o difícil diálogo entre a Europa (Ocidente) e a África (com suas diásporas). Desde cinco séculos de fato, os dois continentes vizinhos só parecem dialogar sobre o modo da violência e da opressão, do insulto e da
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
SUBSÍDIOS TEÓRICOS PARA DESENVOLVER AS ATIVIDADES
INTELECTUAIS COM OS ALUNOS
estigmatização, do ódio e do desprezo [...] O próprio Victor Hugo não escapou a isso. O “Discurso sobre a África”, pronunciado em 18 de maio de 1879, durante um banquete comemorativo da abolição da escravatura, pode ser visto não só como um vibrante apelo em favor do diálogo entre as duas margens do Mediterrâneo, mas também como um apelo apaixonado para a dominação desse continente (FOÉ, 2013, p. 177-178).
Nesse discurso vibrante e apaixonado de Victor Hugo, uma palavra foi dita,
palavra essa que buscou ao longo da história desumanizar a África.
A palavra que incomoda é pronunciada: a marcha da civilização. Pois, essa civilização é justamente a da Europa e do Ocidente! Ora, Hugo define a África com uma palavra severa: a África é um continente sem história! Ele diz mais precisamente: “A Ásia tem sua história, a América tem sua história, a Austrália ela própria tem sua história; a África não tem história” (FOÉ, 2013, p. 178).
1 Solicitar que os alunos leiam com uma semana de antecedência, o texto clássico
Política, de Aristóteles ( disponível na Antologia de textos Filosóficos), sem que o
docente tenha feito explicações detalhadas sobre o mesmo.
2 Orientar os alunos a tirarem suas conclusões, nesse momento, sem muitas regras,
de maneira a buscar proporcionar mais liberdade para o aluno explorar o texto.
3 Em sala de aula, com data agendada previamente, para ser realizada após a
leitura prévia do texto, discutir com os alunos sua leitura, pedindo que apontem no
texto, onde estão os conceitos que destacaram por entenderem ou por não
entenderem, buscando retomar a leitura, bem como, os conceitos importantes
presentes no texto solicitado.
4 Solicitar que os alunos façam anotações no caderno durante a realização da
atividade, como forma de contribuir para a sistematização de ideias e produção de
conceitos, que depois podem servir de suporte para a preparação de um seminário
sobre o texto sugerido para discussão.
SUGESTÕES METODOLÓGICAS
.
Pelo que foi exposto, torna-se evidente que a cidade pertence às coisas que são por
natureza e que o homem, por natureza, é um animal político. Também o que por
natureza ou por acaso não tem a sua cidade-estado é inferior ou superior ao homem,
como aquele que Homero injuriou: “Sem família, sem lei e sem morada”. Com efeito, o
que por natureza é isto também deseja a guerra, como peça desgarrada no jogo. É
TEXTO 1
Imagem fotográfica: alunos do 1º ano do Ensino Médio de 2011 - Col. Estadual Vinícius de Moraes - na biblioteca estudando os clássicos usando as Antologias de textos Filosóficos.
Figura 3 – Biblioteca. Colégio Estadual Vinícius de Moraes, Colombo, Pr.
Fonte: BORTOKOSKI, 2011.
evidente por que razão o homem é um animal político mais do que toda a abelha ou mais
do que todo o animal gregário. Com efeito, como dizemos, a natureza não faz nada em
vão. E dos animais somente o homem tem a palavra. (ARISTÓTELES, Antologia de
textos Filosóficos, 2009, p. 73).
É evidente, portanto, que a cidade-estado por natureza é anterior a cada um dos
cidadãos. Se, com efeito, o cidadão não pode se prover de modo suficiente, de modo
igual às outras partes estará diante do todo, e o que não pode participar ou que de nada
necessita, por se bastar a si mesmo, não será parte de nenhuma cidade-estado, por
conseguinte será ou um animal feroz ou um deus [...] Com efeito, como o homem, depois
de ter alcançado o pleno desenvolvimento, é o melhor dos animais, do mesmo modo,
separado da lei e da justiça, será o pior (ARISTÓTELES, Antologia de textos Filosóficos,
2009, p. 74).
Declaração Universal dos Direitos Humanos
Artigo XXVI: 1. Todo ser humano tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo
menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A
instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior,
será baseada no mérito. 2. A instrução será orientada no sentido do pleno
desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos
humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a
tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e
TEXTO 2
TEXTO 3
coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz
(DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS, 1948).
A nossa carta Magna, a nossa Constituição Federal, promulgada em outubro de 1988,
em seu - Artigo 5º - diz: “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes em nosso País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”
(CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 1988).
Problematizações comparativas entre os textos sugeridos:
Quais as possíveis relações entre o trecho do TEXTO 1 de Aristóteles, onde diz: “o
homem, por natureza, é um animal político” com o trecho do TEXTO 3 da
Declaração Universal dos Direitos Humanos, onde diz: “A instrução promoverá a
compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou
religiosos”. Quantas turmas de 6º ano do Ensino Fundamental tem na escola?
Quantas turmas de 3º ano do Ensino Médio tem na escola? Qual a porcentagem de
pessoas que tem acesso ao ensino superior em nosso país?
Tendo como suporte o TEXTO 2, no trecho “por se bastar a si mesmo, não será
parte de nenhuma cidade-estado, por conseguinte será ou um animal feroz ou um
deus [...]”, questionar qual o conceito de animal político na filosofia aristotélica?
Refletir sobre a questionamento: já que não somos selvagens e nem deuses, o que
nos resta de possibilidade para a existência humana?
TEXTO 4
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
Tomando como base o TEXTO 4, no trecho “ Todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza...” questionar como anda o exercício da democracia
e da cidadania em nosso país? Mas afinal, quais as definições do conceito de
cidadania? Quais as definições do conceito democracia?
Objetivo: Possibilitar uma análise mais detalhada sobre o filme, bem como uma
apreciação mais qualificada de suas características, levando a uma reflexão mais
consistente da produção cinematográfica. Aprofundar conceitos/concepções,
verificar relações interpessoais, ação nos diversos contextos. É sempre importante
contextualizar a produção do filme em seu contexto histórico.
ROTEIRO PARA ANÁLISE DE FILMES
1 Identificação do(s) participantes(s)
Nomes(s)
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___________________________________________________________________
2 Ficha técnica do filme
Título do filme: ______________________________________________________
Direção:____________________________________________________________
Produção: __________________________________________________________
Duração: ________________________________ Ano: ______________________
3 Tipo do filme:
( ) histórico
( ) documentário
SUGESTÃO DE ATIVIDADE -
ANÁLISE DE FILMES
( ) ficção
( ) com base em fatos reais
( ) outros
4 Temas que estão sendo tratados:
( ) administrativos
( ) culturais
( ) científicos
( ) econômicos
( ) políticos
( ) sociais
( ) religiosos
( ) tecnológicos
( ) psicológicos-afetivos
( ) educacionais
5 Principais personagens.
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6 Situar o conteúdo (enredo) no tempo e no espaço.
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7 Reconstruir o enredo através das cenas e sequências mais significativas.
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8 Refletir sobre a resposta dada pela sociedade ao comportamento evidente no
personagem central.
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9 Ideia ou mensagem central do filme.
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10 Contribuição do filme para o estudo da disciplina de Filosofia.
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11 Contribuição do filme para a sua formação pessoal.
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12 Comentários finais e/ou sugestões:
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Fonte: Adaptação de atividade usada por professores do curso em Especialização em Pedagogia Escolar no IBPEX - 2004.
Sugere-se que o professor trabalhe com esse roteiro dividindo a turma em grupos de
no máximo quatro alunos. É importante passar o roteiro para os alunos antes de
passar o filme, para que os mesmos já direcionem o olhar para a atividade proposta.
Incentivar os alunos a pesquisarem informações adicionais sobre a produção do
filme na internet. Dar um prazo de pelo menos uma semana e, agende uma data
para a socialização e discussão dos resultados da atividade em sala de aula. A
mediação do professor, é imprescindível, direcionando as falas para que não se
tornem repetitivas, visto que, o roteiro de análise é o mesmo para todos. A dica é que
para cada questão se tenha duas participações, para a analogia das respostas e, as
demais falas para a mesma questão somente devem ser contempladas se
proporcionarem novas perspectivas de reflexão.
Trecho do livro, Antologia de Textos Filosóficos, Política – Aristóteles, sobre o
discurso.
ANÁLISES COMPARATIVAS ENTRE OS DISCURSOS SOBRE A POLÍTICA EM TEXTOS FILÓSOFOS E COMPLEMENTARES E OS DISCURSOS SOBRE EUROCENTRISMO E RACISMO EM TEXTOS LITERÁRIOS DO AUTOR
MOÇAMBICANO MIA COUTO
TEXTO 1
Embora muitos não se deem conta, a política está muito além da esfera
administrativa da sociedade, ela se faz presente nas mais variadas relações
humanas, e através do discurso, ela, a política, se efetiva, se configura e se
manifesta nas relações sociais. Aristóteles diz que “o discurso é para tornar claro o
que convém e que é prejudicial, como também o que é justo e o que é injusto [...] ter
a sensação do bem e do mal, e de outras”. (ARISTÓTELES, Antologia de textos
Filosóficos, 2009, p. 73).
Trecho do livro, O último voo do flamingo, Mia Couto. Fala do tradutor de
Tizangara, que narra a história.
Estávamos nos primeiros anos do pós-guerra e tudo parecia correr bem,
contrariando as gerais expectativas de que as violências não iriam nunca parar. Já
tinham chegado os soldados das Nações Unidas que vinham vigiar o processo de
paz. Chegaram com a insolência de qualquer militar. Eles, coitados, acreditavam ser
donos de fronteiras, capazes de fabricar concórdias. (COUTO, 2005, p. 9-10).
Trecho do livro, A África que incomoda – sobre a problematização do legado
africano no quotidiano brasileiro, do etnólogo e cientista político, Carlos
Moore.
A hemorragia humana que a África conheceu com os diferentes tráficos negreiros,
de uma parte, e com a colonização europeia, de outra, nunca teve paralelos na
história da humanidade. Simplesmente, se tratou de um genocídio racial. Ora,
fazendo abstração dessas realidades concretas, os novos revisionistas reciclam as
velhas teorias sobre a “inferioridade natural” dos negros – a suposta incapacidade
TEXTO 2
TEXTO 3
inata desses para se autogovernar e a consequente necessidade, para o Ocidente,
de salvar os negros de si próprios. A inferioridade racial dos povos de raça negra
explicaria o catastrófico estado atual do continente africano. Mas, os fatos históricos
apontam para outra direção (MOORE, 2010, p. 68-69)
Problematizações entre os Textos 1, 2 e 3: Como o discurso da ONU se efetiva na
prática das relações políticas e econômicas no cenário internacional? Qual a ralação
entre o trecho do Texto 2: ...soldados das Nações Unidas que vinham vigiar o
processo de paz e, o trecho do Texto 3 - a suposta incapacidade inata desses para
se autogovernar e a consequente necessidade, para o Ocidente, de salvar os negros
de si próprios. Segundo a filosofia aristotélica, qual a função do discurso?
Trecho do livro, O último voo do flamingo, Mia Couto. Narrativa do autor sobre
o possível filho de um relacionamento entre um italiano e uma africana.
- Agora essa moça vai querer lhe acompanhar lá para sua terra. Ela mais o vosso
filho mulato.
Percebeu-se algum desprezo no modo como disse “mulato”. O padre Muhando já
falara contra esse preconceito. O pensamento do sacerdote ia direito no assunto:
mulatos, não somos todos nós? Mas o povo, em Tizangara, não se queria
reconhecer amulatado. Porque o ser negro – ter aquela raça – nos tinha sido
passado como única e última riqueza. E alguns de nós fabricavam sua identidade
nesse ilusório espelho (COUTO, 2005, p. 59).
TEXTO 4
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
Trecho do livro, A África que incomoda – sobre a problematização do legado
africano no quotidiano brasileiro, do etnólogo e cientista político, Carlos
Moore, sobre o conceito de racismo.
O conjunto de elementos que compõem a subjetividade é, de fato, o que determina a
“interpretação” ou “tradução” da realidade do outro. No campo da análise histórica,
sob o peso das subjetividades, encontra-se um lugar privilegiado para a produção e
proliferação da mais perigosa aberração produzida pela mente humana – o racismo,
com seus múltiplos derivados ideológicos (religiosos ou laicos). Por conta destes
fatores, há muitos séculos, reina em torno do continente africano uma confusão
quase permanente que continua dominando os estudos sobre os povos autóctones
dessa porção do planeta. Alguns dos melhores exemplos do quanto alguns
pensadores modernos promoveram uma visão racista sobre o continente africano
podem ser encontrados nas obras de Wilhelm Friedrich Hegel, François Volteire, Karl
Marx, Charles-Louis de Montesquieu e David Hume, para ficarmos em apenas
alguns (MOORE, 2010, p. 98-99).
Problematização entre os Textos 4 e 5: Quais semelhanças podem ser observadas
no discurso de ambos os textos sobre a existência e a proliferação do racismo?
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
TEXTO 5
Trecho do livro, O último voo do flamingo, Mia Couto. Fala do administrador
distrital, Estevão Jonas.
...com os donativos da comunidade internacional, as coisas tinham mudado. Agora,
a situação era muito contrária. Era preciso mostrar a população com a sua fome,
com suas doenças contaminosas. Lembro bem as suas palavras, Excelência: a
nossa miséria está render bem. Para viver num país de pedintes, é preciso arregaçar
as feridas, colocar à mostra os ossos salientes dos meninos. ...Essa é a atual
palavra de ordem: juntar os destroços, facilitar a visão do desastre (COUTO, 2005, p.
75).
Trecho do livro, A África que incomoda – sobre a problematização do legado
africano no quotidiano brasileiro, do etnólogo e cientista político, Carlos
Moore, sobre o extermínio de lideranças anti-imperialistas.
No período de trinta anos, que vai da independência de Gana, em 1957, até a queda
do bloco comunista, em 1987, trinta brilhantes e irreplicáveis líderes antiimperialistas
e pan-africanistas africanos foram assassinados, no mesmo período, quinze líderes
pan-africanistas derrubados por violentos golpes militares. Os grandes pensadores
pan-africanistas, nacionalistas e progressistas foram exterminados e substituídos por
dirigentes sem envergadura, totalmente a serviço das grandes potências mundiais. A
África foi, efetivamente decapitada (MOORE, 2010, p. 86).
TEXTO 6
TEXTO 7
Problematizações para e entre os Textos 6 e 7: Qual o conceito de pan-africanismo?
O que significa para um povo a perda de seus líderes? No que se refere as relações
políticas internacionais, a representação política de grande parte do continente
africano, o que tem de comum nos relatos dos textos 6 e 7.
Espera-se que os alunos percebam a relação de exploração estabelecida entre a
dos povos africanos e a maioria de seus atuais líderes.
Trecho do livro, O último voo do flamingo, Mia Couto. Fala do administrador
distrital, Estevão Jonas.
Minha esposa, a ex-camarada Ermelinda, também não me ajuda. Ela adora os
poderes e as riquezas, mas recebe as más influências. Às vezes, ela frequenta as
missas pouco católicas desse padre Muhando. Mesmo desconfio que ela visita-se lá
no feiticeiro, o tal Zeca Andorinho. E, depois, em consequência, Ermelinda se irrita
comigo a ponto de discutirmos nas vistas do público. Até chamou-me belzeburro. E
disse que, afinal, o padre Munhando tinha razão: o inferno já não aguenta tantos
demônios (COUTO, 2005, p. 95-96).
Trecho do livro, Filosofia da ancestralidade: corpo e mito na filosofia da
educação brasileira, Eduardo Oliveira, sobre filosofia afrodescendente.
O corpo do africano e seus descendentes e o corpo dos descendentes indígenas e
seus antepassados, com efeito, sofreram o efeito nefasto de uma cosmovisão que
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
TEXTO 8
TEXTO 9
acabou por escravizar os corpos negros e a dizimar os indígenas. Utilizando-se do
poder da palavra, verdadeira adaga a cortar cabeças e crenças alheias, os europeus
fizeram prevalecer sobre as populações nativas [...] e sobre as populações cativas
africanas um regime de signo que, valendo-se da violência das representações,
violentou simbólica e fisicamente nossos antepassados. Restou-nos o corpo e o mito
(OLIVEIRA, 2007, p. 120)
Quais as possíveis relações que podem se estabelecer entre os escritos do Texto 8 -
Mia Couto missas pouco católicas e o trecho do Texto 9 – Eduardo Oliveira que diz:
Utilizando-se do poder da palavra, verdadeira adaga a cortar cabeças e crenças
alheias, os europeus fizeram prevalecer sobre as populações nativas. Como as
religiões afro-brasileiras são tratadas em nosso país, como por exemplo, o
Candomblé e a Umbanda? Quais os fatores que levam a igreja católica ter tanto
poder? Retomar os escritos de Hegel sobre a África, salientado seu contexto
histórico: “Aquele que quer conhecer as manifestações assustadoras da natureza
humana pode encontra-las na África, esse continente, do homem em estado bruto
[...] no estado de selvageria e de barbárie [e de onde] todos os homens são
feiticeiros”.
Trecho do livro, O último voo do flamingo, Mia Couto. Fala do tradutor de
Tizangara, que narra a história sobre os governantes de Tizangara (local que
representa na narrativa uma cidade africana).
Aqueles que nos comandavam, em Tizangara, engordavam a espelhos vistos,
roubavam terras aos camponeses, se embebedavam sem respeito. A inveja era seu
maior mandamento. Mas a terra é um ser: carece de família, desse tear de
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
TEXTO 10
entrexistências a que chamamos ternura. Os novos-ricos se passeavam em território
de rapina, não tinham pátria. Sem amor pelos vivos, sem respeito pelos mortos. Eu
sentia saudade dos outros que eles já tinham sido. Porque, afinal, eram ricos sem
riqueza nenhuma. Se iludiam tendo uns carros, uns brilhos de gasto fácil. Falavam
mal dos estrangeiros, durante o dia. De noite, se ajoelhavam, a seus pés, trocando
favores por migalhas. Queriam mandar, sem governar. Queriam enriquecer, sem
trabalhar (COUTO, 2005, p. 110-111).
Trecho do livro, A África que incomoda – sobre a problematização do legado
africano no quotidiano brasileiro, do etnólogo e cientista político, Carlos
Moore, sobre o assassinato de seus líderes.
Nenhum continente ou nenhuma outra nação do mundo talvez tenha sofrido
semelhante catástrofe [lideranças assassinadas]. Poucas pessoas imaginam o
desastre que pode ser para um povo o assassinato de líderes excepcionalmente
brilhantes, intrépidos, qualificados, honestos e dedicados à causa da justiça social.
Assim, não é difícil compreender como o futuro de um povo pode ser embargado,
seriamente comprometido, quando são mortos seus líderes brilhantes e íntegros,
substituindo-os por fantoches nanicos, sem ideias nem projetos e, sobretudo, sem
princípios (MOORE, 2010, p. 86).
Trecho do livro, Filosofia da ancestralidade: corpo e mito na filosofia da
educação brasileira, Eduardo Oliveira, sobre filosofia afrodescendente.
O cotidiano é o cenário onde se passa a educação de base africana. As vivências
culturais de origem africana são vivências de uma ralação estreita com o mundo
natural. A ancestralidade, por assim dizer, é esse espírito de intimidade com a
TEXTO 11
TEXTO 12
natureza. A comunidade tradicional africana e muitas comunidades descendentes
dessa cultura vivem em relação estreita com a physis, o que me leva a inferir que a
relação com a natureza é sempre uma relação comunitária. A tríade natureza-
comunidade-ancestralidade é o triângulo fundamental da existência (OLIVEIRA,
2007, p. 264–265).
Quais as possíveis reflexões que podem se estabelecer entre o trecho do Texto 10 ,
de Mia Couto, onde diz: Mas a terra é um ser: carece de família, desse tear de
entrexistências a que chamamos ternura. Os novos-ricos se passeavam em território
de rapina, não tinham pátria. E os trechos do Texto 12, de Eduardo Oliveira, onde
diz: As vivências culturais de origem africana são vivências de uma ralação estreita
com o mundo natural. A tríade natureza-comunidade-ancestralidade é o triângulo
fundamental da existência. Estabeleça uma analogia entre os trechos do Texto 10,
onde diz: Falavam mal dos estrangeiros, durante o dia. De noite, se ajoelhavam, a
seus pés, trocando favores por migalhas. Queriam mandar, sem governar. Queriam
enriquecer, sem trabalhar. E os trechos do Texto 11, do cientista político, Carlos
Moore, onde diz: fantoches nanicos, sem ideias nem projetos e, sobretudo, sem
princípios.
Se partirmos do pressuposto que o intuito da avaliação é ser um processo de
construção participativa e continuada da aprendizagem, possibilitando novas
aquisições, novos conceitos, novos conhecimentos e novas práticas, sugere-se que:
a) Após assistirem ao/s vídeo/s, no debate, o aluno consiga:
- usar adequadamente a língua portuguesa em situações formais;
SUGESTÃO DE ATIVIDADE
AVALIAÇÃO
- estabelecer uma sequência lógica das cenas apresentadas;
- compreender o significado de determinadas cenas no contexto e/ou no cenário do
filme;
- estabelecer comparações entre as cenas apresentadas e as temáticas que se
propõem a discutir;
- manifestar dúvidas em relação à narrativa;
- interagir com os colegas de turma;
- respeitar o posicionamento de opiniões diversas, bem como, o tempo determinado
para se manifestar perante o grupo;
- compartilhar reflexões e análises com os colegas.
b) Após a análise comparativa entre textos, na sua produção escrita e/ou, nas
manifestações dialogadas, o aluno consiga:
- se manifestar e se posicionar frente às análises propostas com questionamentos,
concordâncias ou discordâncias;
- demonstrar avanço na construção de sua autonomia intelectual;
- compreender o significado das palavras e conceitos no contexto em que elas se
apresentam;
- elaborar reflexões e hipóteses para expressar seu pensamento;
- expor com clareza suas ideias, sistematizando suas produções de conhecimento.
COUTO, Mia. O último voo do flamingo. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
MOORE, Carlos. A África que incomoda: sobre a problematização do legado
africano no quotidiano brasileiro. Belo Horizonte: Nandyala, 2010.
OLIVEIRA, Eduardo David. Cosmovisão Africana no Brasil: elementos para uma
filosofia afrodescendente. Fortaleza: LCR, 2003.
DICAS LITERÁRIAS
A NEGAÇÃO DO BRASIL. Diretor: Joel Zito Araújo. Brasil: 90 min, 2000. –
Documentário. O documentário relata momentos da história da telenovela no Brasil e
como a personagem dos negros em seus respectivos papéis eram mais
estereotipados e negativos. O documentário nos permite tecer reflexões baseadas
em evidências de pesquisas, o diretor aponta as influências das telenovelas nos
processos de identidade étnica dos afro-brasileiros e faz um manifesto pela
incorporação positiva do negro nas imagens televisivas do país.
RAÇA. Diretor: Joel Zito Araújo. Brasil: 106 min. 2012. Documentário. O
documentário relata a história de trabalho de três afro-brasileiros no Brasil. Em
Brasília, o único senador da república negro, Paulo Paim, luta pelo Estatuto da
Igualdade Racial. Em São Paulo, um famoso cantor negro, Netinho de Paula, lança
uma emissora de TV na zona rural e uma ativista quilombola, neta de escravizados,
Miúda dos Santos, luta pela defesa dos direitos de sua terra ancestral.
<http://www.youtube.com/watch?v=xtHsZDEHvvY> O vídeo - Um mundo imerso em
palavras - mostra a importância da leitura e da escrita para o exercício da cidadania,
refletindo sobre a vida humana imersa em uma sociedade intensamente letrada,
onde se faz necessário ir além da decodificação de palavras para o uso das várias
estratégias que a linguagem escrita permite, para o exercício de uma vida social
politizada e cidadã.
<http://tvbrasil.ebc.com.br/reporterbrasil/bloco/projeto-cor-da-cultura-forma-
professores-de-cultura-afro> O vídeo mostra ações do Projeto Cor da Cultura, com
exemplos de atividades de formação no processo de implementação da lei
10.639/03 na valorização do patrimônio cultural negro, bem como, suas
DICAS DE LINKS
DICAS DE FILMES E VÍDEOS
contribuições para a construção de uma escola plural que respeite a diversidade.
<http://antigo.acordacultura.org.br/herois/heroi/carolinamariadejesus> O vídeo
mostra um dos episódios da série - Heróis de todo mundo - que conta um pouco da
trajetória de vida de Carolina Maria de Jesus, que passou de favelada para a
condição de uma famosa escritora brasileira, traduzida para mais de treze idiomas.
Uma de suas obras, Quarto de Despejo, serviu de inspiração para uma peça teatral
e para a produção de um filme, Despertar de um sonho. Seu nome está inscrito na
Antologia de Escritoras Negras e no Dicionário Mundial de Mulheres Notáveis.
<http://www.rm.co.mz/index.php/artes-a-letras-artigos/9934-mia-couto-permite-
descobrir-africa-com-qhistorias-singularesq-dilma-rousseff.html> A notícia relata a
entrega do prêmio Camões, em junho de 2013, para o escritor moçambicano Mia
Couto, entregue pela presidente brasileira Dilma Roussef e pelo presidente de
Portugal, Cavaco Silva.
REFERÊNCIAS
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AYOUB, Cristiane Abbud; NOVAES, Moacyr. Agostinho: a razão em progresso permanente. In: PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009. p. 18-25.
ARISTÓTELES. Política. Tradução, apresentação, notas e comentários de José Veríssimo Teixeira da Mata. In: PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009. p. 58-78. BORTOKOSKI, Patricia dos Santos. Alunos na biblioteca. Colégio Estadual
Vinícius de Moraes, Colombo, Paraná. 2011. 1 Fotografia. (Coleção Particular). BORTOKOSKI, Patricia dos Santos. Alunos em sala de aula. Colégio Estadual
Vinícius de Moraes, Colombo, Paraná. 2013. 1 Fotografia. (Coleção Particular). BRASIL. Constituição (1988). Constituição [da] Republica Federativa do Brasil.
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dinâmicas e divertidas para o professor. Santa Cruz: IPR, 2008. FOÉ, Nkolo. África em diálogo, África em autoquestionamento: universalismo ou provincialismo? “Acomodação de Atlanta” ou iniciativa histórica? Educar em Revista, Curitiba, n.47, p. 175-228, 2013. HEGEL, Georg W. F. La raison dans l`Histoire: introduction à la philosophie de l`Histoire. Traduction et présentation de Kostas Papaioannou. 2009. In: FOÉ, Nkolo. África em diálogo, África em autoquestionamento: universalismo ou provincialismo? “Acomodação de Atlanta” ou iniciativa histórica? Educar em Revista, Curitiba, n.47, p. 175-228, 2013. LAW, Stephen. Guia ilustrado Zahar: filosofia. Tradução Maria Luiza X. de A. Borges; revisão técnica Danilo Marcondes. Rio de Janeiro: Zahar, 2011. MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a mestiçagem no Brasil: Identidade nacional versus identidade negra. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. MOORE, Carlos. A África que incomoda sobre a problematização do legado africano no quotidiano brasileiro. 2. ed. Belo Horizonte: Nandyala, 2010. OBENGA, Théophile. La philosophie africaine de la période pharaonique. Paris: Editions L’Harmattan, 1990. OLIVEIRA, Eduardo David. Filosofia da ancestralidade: corpo e mito na filosofia da educação brasileira. Curitiba: Gráfica Popular, 2007. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Antologia de textos Filosóficos. Curitiba: SEED, 2009. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Filosofia para a Educação Básica. Curitiba: SEED, 2008.
SARTRE, Jean-Paul. Prefácio. In: FANON, Frantz. Os condenados da terra. 2. ed. Tradução de Enilce Albergaria Rocha, Lucy Magalhães. Juiz de Fora: Ed. UFJF, 2005. ZEA, Leopoldo. A filosofia americana como filosofia. Tradução Werner Altmann.
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