A CIÊNCIA LÚDICA NO PROCESSO DE APROPRIAÇÃO DO … · morfologia e função do neurônios, de...

25

Transcript of A CIÊNCIA LÚDICA NO PROCESSO DE APROPRIAÇÃO DO … · morfologia e função do neurônios, de...

A CIÊNCIA LÚDICA NO PROCESSO DE APROPRIAÇÃO DO CONHECIMENTO:

o nosso cérebro.

Autora: Elizangela Beatriz Serrati Szydloski1

Orientadora: Rose Meire Costa Brancalhão2

RESUMO

No ensino de Ciências e Biologia é necessário que o professor se utilize do pluralismo metodológico de forma a promover ao máximo o desenvolvimento cognitivo do aluno. O uso de várias metodologias de ensino procura atender às diversidades encontradas em sala de aula e se baseia fundamentalmente em conhecimentos de processos neurobiológicos relacionados à formação de memória. Assim, o uso de métodos que exploram os sentidos, os movimentos, a relação com o cotidiano, entre outros, estimula um comportamento positivo dos alunos na busca de um aprendizado significativo. Neste sentido, o presente trabalho desenvolveu uma ferramenta de apoio pedagógico lúdico, com o uso de história em quadrinho, de forma a motivar alunos e professores no conhecimento do sistema nervoso, com ênfase na célula nervosa, o neurônio. Palavras-chave: Sinapse, neurônio, processos de ensino e aprendizagem. ABSTRACT In Biology and Science education is important to use diverse teaching methodologies enabling a greater studentes cognitive development. The use of various teaching methodologies seeks to meet the diversity found in the classroom and is primarily based on knowledge of neurobiological processes related to memory formation. Thus, the use of methods that explore the senses, movements, the relationship with everyday life, among other things, encourages positive behavior of students in the pursuit of meaningful learning. In this sense, this work developed a tool to support teaching playful, using comic strip, so as to motivate students and teachers in understanding the nervous system, with emphasis on the nerve cell, the neuron. Keywords: synapse; neuron; processes of teaching and learning.

1 Professora PDE, graduda e pós-graduada na área de Ciências e Biologia,

2 Professora orientadora, Doutora na área de Biologia Celular - Unioeste/Campus de Cascavel.

2

1 Introdução

O trabalho apresentado é fruto da participação em um programa de

formação continuada oferecida pelo governo do Estado do Paraná aos professores

da rede pública estadual, o Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE).

Através deste programa o professor fica, no primeiro ano, afastado cem por cento

das atividades como regente de sala de aula, com o objetivo de estudar e

desenvolver um projeto voltado a realidade da escola em que atua, que possa ser

aplicado de forma prática e objetiva, buscando rever as práticas pedagógicas de

forma a poder aprimorá-las no contexto escolar.

Ao se tratar de ensino de ciências na escola, é preocupante a relação entre

conceitos e conteúdos, porém vários estudos já se desenvolvem com o objetivo de

proporcionar inovações levando-se em conta a forma de organização da disciplina

em si com os conteúdos a serem trabalhados, bem como as experiências e os

desafios encontrados nas escolas para suprir as necessidades no seu

desenvolvimento ( KRASILCHICK e MARANDINO, 2007).

Frequentemente tenta-se entender e explicar como ocorre o processo de

aprendizagem, onde se recorre a diversas teorias que fundamentem o trabalho do

professor. Aulas expositivas é ainda, a metodologia mais constante. Ela tem como

função informar os alunos, sendo também um momento importante no processo da

aprendizagem, pois, possibilita que o professor transmita suas idéias, pontuando e

dando ênfase aos aspectos que considera importante. Porém, o uso exclusivo de

aulas expositivas pode gerar, em muitos momentos, desinteresse por parte dos

alunos, correndo-se o risco de que o objetivo da aprendizagem não seja alcançado.

Assim, é necessário que o professor perceba os momentos em que a atenção é

maior para analisar a melhor metodologia a ser aplicada (KRASILCHIK, 2005).

Oliveira (2003) destaca que o professor tem papel explícito neste processo

pedagógico, pois, sozinho o educando não consegue obter todo o conhecimento

científico. Assim, a busca de metodologias criativas é um dos meios pelos quais o

aluno poderá se envolver no processo de apropriação do conhecimento. E, neste

sentido, fica claro que o professor não pode ficar restrito a um único tipo de

metodologia e sim fazer uso de um conjunto de estratégias, que possam garantir

que o processo de ensino aprendizagem realmente se efetive.

3

Na organização de metodologias diferentes das habituais é necessário que

se estimule a curiosidade e o interesse do aluno, de forma a motivá-lo para o

aprendizado de algo que tenha significado para ele. Caso contrário, ocorrerá um

distanciamento entre o aluno e o professor que poderá prejudicar o processo de

ensino e aprendizagem. Entre as inúmeras metodologias que objetivam um maior

envolvimento do aluno nota-se o lúdico e, de acordo com as Diretrizes Curriculares

de Ciências para a Educação Básica do Estado do Paraná (DCE's), o lúdico deve

ser considerado como estratégias de ensino independente da série e da faixa etária

do estudante, adequando encaminhamento metodológico, linguagem e recursos

utilizados como apoio (DCE‟s, 2009).

As atividades lúdicas com enfoque pedagógico abordam aspectos

educacionais que podem ser muito amplos e significativos, possibilitando ao

professor utilizar-se de atividades alternativas para o desenvolvimento da

criatividade e imaginação, como por exemplo, as histórias em quadrinhos, que

proporcionam o desenvolvimento do raciocínio, facilitam a compreensão e

consequentemente o aprendizado (DOHME, 2003).

Nas DCEs a disciplina de Ciências tem como objetivo o conhecimento

científico que resulta da investigação da Natureza. Ensinar Ciências Naturais no

Ensino Fundamental é um desafio que o professor deve enfrentar com muita didática

e responsabilidade, pois, tem o papel de orientar os alunos para novos

conhecimentos. O conhecimento científico gera curiosidade no educando e é tarefa

do educador aproveitar a curiosidade, que todos os alunos trazem para a escola, e

estimulá-los a continuar aprendendo (FURMAN, 2008).

Estudar e entender o corpo humano representa um desafio emocionante e

fascinante; dentre os sistemas corpóreos destacamos o Sistema Nervoso,

responsável pela coordenação das funções metabólicas. A unidade morfológica e

funcional deste sistema são células excitáveis, os neurônios ou células nervosas,

foco deste estudo. Assim, o tema escolhido para se desenvolver a produção didática

durante o programa, juntamente com a professora orientadora, foi o sistema

nervoso – neurônios e impulso nervoso - na forma de história em quadrinhos.

No corpo estima-se que ocorram bilhões de neurônios que, em conjunto com

outros tipos celulares (como as células da glia) e uma rica rede de vasos

sanguíneos, formam o chamado tecido nervoso. Este tecido organiza-se

macroscopicamente formando o encéfalo e a medula espinal (sistema nervoso

4

central), os gânglios nervosos e os nervos (sistema nervoso periférico) (JUNQUEIRA

e CARNEIRO, 2004).

Diversos estímulos presentes no ambiente externo (luz, cheiro, gosto, tato,

som) e no interno (temperatura, fome, sede, dor) são percebidos e interpretados

pelos neurônios, gerando tipos específicos de respostas. Entretanto, os neurônios

são células que uma vez diferenciadas, maduras, não se dividem mais e, por isso,

danos no sistema, como ocorre em doenças neurodegenerativas, por exemplo, AVC

(acidente vascular cerebral), doença de Parkinson, doença de Alzheimer, doenças

infecciosas por vírus e bactérias e epilepsia, são deletérias e mesmo fatais para a

sobrevivência do organismo (VARELLA, 2010).

O conhecimento de células, como os neurônios, está presente nas Diretrizes

Curriculares e na Proposta Pedagógica Curricular da disciplina de Ciências e

Biologia. Porém, por ser microscópica e difícil de ser observada, mesmo com toda a

gama de ilustrações presentes nos livros didáticos, fica claro a dificuldade que os

alunos apresentam na hora da interpretação dessas imagens. O entendimento e o

conhecimento da célula no ensino de ciências é primordial, pois, é a chave do

conhecimento biológico e funcional de todo o organismo.

Aulas expositivas, apoiadas basicamente no livro didático, são ainda

estratégias e recursos utilizados por professores na abordagem dos conteúdos de

Ciências. Assim, apresentamos uma opção didática no seu ensino, com o uso de

história em quadrinhos, denominada “Neurix e o Impulso Nervoso”, uma estratégia

lúdica que objetiva a motivação de alunos e professores no conhecimento da

morfologia e função do neurônios, de forma a tornar as aulas de Ciências mais

atrativas e interessantes. A história apresenta os neurônios do sistema nervoso

central e a maneira como estas células se comunicam, através dos impulsos

nervosos, que envolvem alterações elétricas e químicas na estrutura da célula.

Com a apresentação da produção didática, na forma de história em

quadrinhos, elaborada durante o segundo período do Programa de Desenvolvimento

da Educação do Paraná (PDE), foi observado que tanto os alunos como os

professores de Ciências sentiram-se mais motivados a trabalhar o conteúdo. Apesar

de não ser uma metodologia nova, a mesma nunca foi utilizada pelos professores do

colégio. Assim sendo, foi verificado que o objetivo do trabalho foi alcançado, pois, os

alunos demonstraram maior motivação em estudar o tema proposto, bem como os

5

professores, que utilizaram uma metodologia diferenciada, enriquecendo sua prática

pedagógica.

2 Metodologia

O presente trabalho apresentou duas etapas, na 1ª houve o

desenvolvimento do projeto inicial que resultou numa produção didática na forma de

história em quadrinhos intitulada “Neurix e o Impulso Nervoso”.

A história em quadrinhos foi ganhando forma através dos desenhos e

também o texto que foi escrito de forma simples, porém, bem elaborado para facilitar

o entendimento por parte dos alunos. Ressalta-se aqui que construir esse material

foi muito gratificante, pois, na verdade representa uma realização pessoal, ou seja,

poder criar e ainda esta criação transformar-se em um material de apoio pedagógico

pessoal e, também, para ser disponibilizado a outros professores.

Na 2ª etapa foi realizada a aplicação da história em quadrinhos com a

colaboração de duas professoras e duas turmas de educandos da 7ª série/8º ano do

ensino fundamental, do Colégio Estadual Humberto de Campos, localizado no

município de Santo Antonio do Sudoeste, Paraná. Porém, antes de sua aplicação,

foram elaboradas algumas estratégias que nortearam a implementação do projeto

na escola, como: apresentação do projeto para a equipe pedagógica, direção e

corpo docente da escola, que, no caso dos professores de Ciências, incluiu também

a apresentação da produção didática (história em quadrinhos); discussão das

estratégias didáticas pedagógicas de implementação; disponibilização da história em

quadrinhos para os professores de ciências; apresentação do projeto às turmas

escolhidas; acompanhamento e análise, junto com os professores de ciências, da

aplicação da história em quadrinhos, incluindo sua relevância, de forma a se obter

subsídios para se verificar se a atividade lúdica auxilia no processo de ensino e

aprendizagem.

Em relação aos alunos que participaram da implementação, num total de 70

alunos, além de receberem o material para ler, estudar e comentar, também

realizaram atividades com desenhos em cartazes, confecção de peças em E.V.A.,

representando os neurônios e suas conexões, trabalharam em grupo criando os

personagens da historinha com material alternativo (TNT e E.V.A), e,

6

posteriormente, apresentaram a história de forma oral, porém ilustrada, para a

turma.

Ressalta-se também a participação e a contribuição de professores cursistas

do Grupo de Trabalho em Rede (GTR). Este grupo é constituído por professores de

Ciências e Biologia, principalmente, formado através de inscrição realizada através

do site do Portal dia-a-dia educação (www.diaadiaeducacao.pr.gov.br) que ficam

sabendo através da divulgação no próprio portal, com data prevista de início e

encerramento das inscrições, que também são amplamente divulgadas no ambiente

escolar. Com o uso de um sistema on line (Plataforma Moodle), contribuem através

da análise e estudo de todo o material produzido (projeto, produção didática e ações

da implementação) durante o PDE.

3 Resultados e discussão

A proposta se apresenta contemplada nos conteúdos estruturantes da

disciplina de Ciências, elencadas nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica do

Paraná. Sendo assim optou-se por utilizar informações teóricas retiradas de

referências bibliográficas da área de Ciências e Biologia. Segundo as DCE„s de

Ciências, 2008, pag. 40:

O estabelecimento de uma nova identidade para a disciplina de Ciências requer repensar: os fundamentos teórico-metodológicos que sustentam o processo ensino-aprendizagem; a reorganização dos conteúdos científicos escolares a partir da história da ciência e da tradição escolar; os encaminhamentos metodológicos e a utilização de abordagens, estratégias e recursos pedagógicos/tecnológicos; os pressupostos e indicativos para a avaliação formativa.

Refletindo sobre essas pontuações percebemos a real importância do

chamado pluralismo metodológico , onde confirma-se que as abordagens,

estratégias e metodologias que se fazem diante dos conteúdos trabalhados fazem a

diferença no processo de ensino aprendizagem dos educandos. Ou seja, o professor

não deve se ater a uma única metodologia nesse processo de formação do

conhecimento do educando.

7

Como resultado da 1ª etapa do projeto foi desenvolvida a história em

quadrinhos “Neurix e o Impulso Nervoso” (apêndice 1). Ela apresenta o neurônio,

sua morfologia e fisiologia relacionada ao impulso nervoso. Sendo o sistema

nervoso um tema complexo para o entendimento dos educandos, a história em

quadrinhos apresenta-se como uma ferramenta de apoio pedagógico apropriada e

interessante, pois, a ludicidade usada instiga a curiosidade e torna a informação

mais significativa.

Segundo as DCE‟s ( 2008, pag. 77):

O lúdico permite uma maior interação entre os assuntos abordados e, quanto mais intensa for esta interação, maior será o nível de percepções e reestruturações cognitivas realizadas pelo estudante. O lúdico deve ser considerado na prática pedagógica, independentemente da série e da faixa etária do estudante, porém, adequando-se a elas quanto a linguagem, a abordagem, as estratégias e aos recursos utilizados como apoio.

No que concerne a apresentação do projeto para a equipe pedagógica foi

verificado sua ampla aceitação, que se revelou através de comentários do tipo:

„„A proposta visa a utilização de recursos diferenciados para despertar a motivação dos alunos. A utilização do pluralismo metodológico é com certeza uma alternativa na busca de atrair a atenção de nossos alunos. Conhecer novos mecanismos que propiciam a aprendizagem é o que todos nós educadores procuramos para atingir os objetivos educacionais, ou seja, o de proporcionar o conhecimento. Entendendo o funcionamento do cérebro e a consolidação da memória permite que novas estratégias possam ser utilizadas na busca de uma aprendizagem significativa. ( Equipe Pedagógica do Colégio)”.

Também é possível registrar os comentários das professoras que

participaram do GTR e das que aplicaram o projeto em sala de aula:

„„Nos tempos atuais, nossos alunos envoltos por tantas tecnologias não são mais atraídos com uma simples aula expositiva com a qual muitos professores estão acostumados a ministrar suas aulas. A História do Neurix é atrativa, colorida e divertida, materiais assim com certeza prendem a atenção e a curiosidade dos alunos, além de estarem se divertindo estão também obtendo conhecimento.(Professora Elizete Cristina Serrati).

„„Nós professores devemos nos atualizar tanto com as tecnologias e em como fazer uso dela em sala de aula para criar materias como este, propiciando um melhor desenvolvimento da aprendizagem dos nossos alunos‟‟( Professora Iracema Sebben Falcade).

8

„„Como sou professora da Educação Especial, atuando em Sala de Recursos e Classe Especial do ensino fundamental dos anos iniciais, utilizo diariamente os jogos e brincadeiras no processo ensino e aprendizagem. Também faço constantemente adaptação de atividades para que os meus alunos possam atingir os objetivos propostos. Ao ver pela segunda vez a produção do gibi, logo consegui fazer adaptação para os alunos da classe especial, pois estava trabalhando com eles sobre os 5 sentidos. Quando chegamos na área do olfato, trouxe os alunos para a sala de informática e fui mostrando, lendo e explicando de forma mais simples o funcionamento dos impulsos nervosos (neurônios) e cérebro. Após, quando chegou na parte do olfato que era o meu objetivo central (ilustração e a dialética do gibi), as crianças logo foram relacionando a função do olfato e ficaram surpresas com a nova descoberta, ou seja o olfato relacionado com o cérebro. (Professora Andreia Paula de Oliveira).

O trabalho desenvolvido apresentou repercussão positiva na equipe

pedagógica da escola e nos alunos envolvidos. Um dos pontos a destacar foi a

pronta aceitação das professoras de ciências em trabalhar com o material didático

desenvolvido, outro, foi a curiosidade de alunos em ler a história em quadrinhos.

Neste sentido, foi possível constatar que realmente o objetivo da utilizaçao do lúdico

foi alcançado, pois, notadamente os alunos sentiram-se motivados e entenderam

com maior facilidade o conteúdo, mostrando-se receptivos e interessados; pois,

além de comentários sobre o personagem da histórinha, também demonstraram que

entenderam o conteúdo de forma mais simples, fato verificado através das

avaliações realizadas pelas professoras.

As professoras de ciências relataram que o material didático foi muito bom

como apoio pedagógico, tanto para introduzir o conteúdo, como para finalizá-lo. As

professoras procederam a orientação do trabalho verificando inicalmento as pré-

concepções dos alunos e a partir desse ponto começaram a distribuir os gibis para

que os alunos apreciassem o material. Segundo ALMEIDA (1998) “... o bom êxito

de toda atividade lúdico-pedagógica depende exclusivamente do bom preparo

e liderança do professor...”. Muitas vezes transformamos a escola num ambiente

tão isolado que acabamos por esquecer a importância que as brincadeiras têm na

vida e no desenvolvimento dos educandos. Por isso, é necessário que o educador

entenda as reais necessidades das crianças para compreender a importância das

atividades lúdicas no processo de ensino e aprendizagem e de que estas

representam um excelente recurso pedagógico.

9

Para ALMEIDA (1998, p.13)

A educação lúdica está distante da concepção ingênua de passatempo, brincadeira vulgar, diversão superficial. Ela é uma ação inerente na criança, no adolescente, no jovem e no adulto e aparece sempre como uma forma transacional em direção a algum conhecimento, que se redefine na elaboração constante do pensamento individual em permutações com o pensamento coletivo.

Vygotsky (1998) afirma, ainda, que: é enorme a influência do brinquedo no

desenvolvimento de uma criança é muito significativa, pois .é no brinquedo que a

criança aprende e desenvolve suas habilidades cognitivas.

O ensino de Ciências através da ludicidade representa uma estratégia

adequada para se alcançar os objetivos propostos. Os desafios aos professores são

imensos quando analisamos as diversas descobertas científicas que são

apresentadas praticamente todos os dias. Assim, é responsabilidade do professor

planejar e organizar as diferentes metodologias a serem usadas para se tratar

desses diversos temas.

Utilizando uma metodologia diferente objetivamos uma aprendizagem

efetiva, para isso é necessário estimular as atividades intelectuais dos alunos,

motivando-o a sentir interesse pelo o que está sendo ensinado; também é

necessário estimular a imaginação, a curiosidade e a criatividade na exploração de

fenômenos que também despertem o „„querer aprender‟‟.

A ludicidade representa uma prática pedagógica diferente daquela utilizada

no dia a dia para abordar os conteúdos, é um apoio instigador, pois além de informar

também ensina, devendo fazer uma ponte entre os conhecimentos adquiridos em

sala de aula com o cotidiano do aluno, levando-o a perceber o que realmente

aprendeu. Torna-se imprescindível o emprego de atividades que fujam do tradicional

esquema das aulas teóricas, dentre estas atividades podem ser empregadas

aquelas que possuem caráter lúdico, pois, as atividades lúdicas auxiliam os

educandos a se familiarizar-se com o conhecimento. Representam um apoio

pedagógico adicional a ser explorado, que, se usado de forma adequada e

acompanhada de perto pelo professor, com certeza trará resultados significativos

(GUIMARÃES, 2009).

10

Devemos ter como um dos objetivos principais no ensino de ciências,

desenvolver estratégias pedagógicas, baseadas no lúdico, que motivem e tornem as

aulas de Ciências mais atrativas e interessantes aos alunos e professores, de forma

a contribuir com os processos de ensino e aprendizagem nesta área do

conhecimento humano.

Como educadores não se pode ter a irreal impressão, de que os educandos

são todos iguais, ideais, com a mesma capacidade de aprender o que será

ensinado. Mas, na realidade deve-se ter em mente que as turmas heterogêneas, e o

professor deve estar preparado pedagogicamente para tal fato. Por isso, o professor

deve ter um olhar crítico.

Para atingir estes objetivos se faz necessário que o professor procure tornar

suas aulas mais atrativas e dinâmicas, possibilitando uma forma de que o aluno

perceba-a como um momento em que ele está aprendendo e fazendo novas

descobertas, e que estas não estão distantes ou separadas de sua realidade.

Em discussão com os professores que participaram do GTR foram

levantadas várias questões que sinalizam positivamente para o uso do lúdico na

abordagem e desenvolvimento de conteúdos, pois, verifica-se que nos últimos anos

o processo educacional está sofrendo com as mudanças de atitudes dos alunos,

devido os problemas sociais que persistem em acabar no espaço educacional. Outro

fato é a velocidade das informações, através das novas tecnologias. É necessário a

busca de novas formas de motivação para proporcionar um aprendizado

significativo. Conhecer novos mecanismos que propiciam a aprendizagem é o que

todos os educadores devem procurar para atingir os objetivos educacionais de

proporcionar o conhecimento. Entendendo o funcionamento do cérebro e a

consolidação da memória permite que novas estratégias possam ser utilizadas na

busca de uma aprendizagem significativa.

O lúdico é interessante para todos, até mesmo os adultos gostam de

aprender com prazer, independente das áreas cerebrais envolvidas na

aprendizagem com o uso do lúdico, deve ser uma construção que fornece mais

dados para a formação de novas sinapses necessárias ao aprendizado. A grande

realidade é que não está nada fácil prender a atenção dos alunos, o lúdico vem de

encontro com nossa necessidade de chegar até o aluno, para que o processo de

ensino e aprendizagem se efetive.

11

4 Conclusão

A história em quadrinhos desenvolvida possibilitou um trabalho pedagógico

bastante prazeroso, tanto para o professor como os alunos. Foi muito significativo

socializar o trabalho com os professores da escola e os participantes do GTR, onde

foram observados vários pontos positivos, tanto no interesse, na motivação e

também na participação dos educandos durante as aulas em que se utilizou o gibi

como ferramenta de apoio pedagógico.

Pensar na educação que se deseja e poder aliar isso a uma metodologia

que ajude a incentivar e despertar o interesse dos alunos, são meios pelos quais

não se pode “abrir mão”, pois o professor compete com as diferentes mídias

disponíveis aos educandos. Porém, cabe ao professor fazer o diferencial entre o que

é facilmente acessado nas mídias e o que realmente pode ter significado para o

conhecimento.

Durante todo o processo , desde a escolha do tema até a produção do

trabalho final, foram muitas horas de esforço, leitura, concentração e produção, o

que resultou num crescimento intelectual e pedagógico de grande valia. Poder

contribuir e socializar tudo o que pude analisar e construir representa uma

realização pessoal e profissional.

12

5 Referências bibliográficas

ALMEIDA, P. N. “Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos”. 5ª ed. São

Paulo: Loyola, 1998

DOHME, V. Atividades Lúdicas na Educação: o caminho de tijolinhos amarelos do aprendizado. Petrópolis, RJ. Vozes, 2003.

FURMAN, M. O ensino de Ciências no Ensino fundamental: colocando as pedras

fundacionais do pensamento científico. 2008 (disponível em

www.cms.sangari.com/midias/2/28.pdf, acesso em 01/12/2010).

GUIMARÃES, Luciana Ribeiro. Atividades para aulas de Ciências – Ensino

Fundamental 6º ao 9º ano. São Paulo, Ed. Nova Espiral, 2009.

JUNQUEIRA, C. L.; CARNEIRO, J. Histologia Básica. Guanabara Koogan, RJ,

2004.

KRASILCHIK, M. Prática de Ensino de Biologia. 4 ed. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2004, 2005.

KRASILCHIK, M e MARANDINO, M. Ensino de Ciências e Cidadania. 2º. ed, São Paulo, Moderna, 2007.

OLIVEIRA, M. K. . VYGOTSKY - Aprendizado e desenvolvimento: Um processo sócio-histórico. São Paulo: Scipione, 2003.

PARANÁ. Secretaria do Estado de Educação. Diretrizes curriculares de ciências

para o ensino fundamental do Paraná. Curitiba: SEED, 2008 e 2009.

VARELLA, D. Artigos sobre: AVC, Doença de Parkinson , Doenças Infecciosas e

Epilepsia. Disponível em www.druziovarella.com.br (acesso em 17/12/2010)

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo, Martins Fontes. 6a. ed. 1998.

13

APÊNDICE

APÊNDICE 1: Neurix e o impulso nervoso

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24