A Beleza da Desigualdade

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1 1. Des-igualdade A Beleza da Desigualdade 2. Liberdade 3. Liberdade Demais 4. Licenciosidade 5. Igualdade 6. Igualdade Demais 7. Igualitarismo 8. Beleza 9. Superbeleza 10. Com-ciência Vitória, quarta-feira, 21 de janeiro de 2009. José Augusto Gava.

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as diferenças que comportamos fazem o conjunto da nossa beleza

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1. Des-igualdade

A Beleza da Desigualdade

2. Liberdade 3. Liberdade Demais

4. Licenciosidade 5. Igualdade

6. Igualdade Demais 7. Igualitarismo

8. Beleza 9. Superbeleza

10. Com-ciência

Vitória, quarta-feira, 21 de janeiro de 2009. José Augusto Gava.

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Capítulo 1 Des-igualdade

A palavra “desigualdade” está tão carregada de negatividade que

realmente poucos pensam nela, aplicando-a sempre naquele sentido adverso. DESIGUALDADE

[De desigual + -(i)dade.] S. f.

1.

(no dicionário Aurélio Século XXI)

Qualidade ou estado do que é desigual. 2. Astr. Termo secular (q. v.), periódico ou irregular, que representa o

afastamento entre a primeira aproximação do valor de uma grandeza astronômica e o valor exato dessa grandeza.

3. Mat. Relação entre os membros de um conjunto, que envolve os sinais de "maior que" ou "menor que"; inequação.

Desigualdade paraláctica. Astr.

1. Irregularidade no valor da longitude da Lua, resultante de a órbita ser excêntrica e deslocada em relação ao Sol, e que se traduz por variações na paralaxe

da Lua na ordem de 1 segundo de arco. Leia isso que destaquei:

Qualidade ou estado do que é desigual. “Des-igual” é o “o/igual”, o que não é igual, constituindo com este

um par polar oposto-complementar com momento, girando em círculos, como está exposto no yin/yang oriental:

Um par-quadrado que se opõe-complementa.

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Um ciclo bem definido.

Assim, igual-desigual é meramente um par. Contudo, no longo curso dos 10.000 anos (ou 100 séculos) da

humanidade a anti-liberdade foi tão frisada pelos aproveitadores que desigual tornou-se um termo suspeito, e desigualdade opróbrio, anátema, execração.

OS NOSSOS DOIS OLHOS

OLHO ESQUERDO

(constituem um par polar esquerda-direita) – é preciso prestar atenção nisso, pois até o rosto indica a realidade.

CENTRO (o indivíduo só é verdadeiro assim; não existe ninguém só esquerda

ou só direita)

OLHO DIREITO

inviável viável inviável

Precisamos olhar melhor (com os dois olhos) e perceber melhor (com os dois narizes, os dois ouvidos, os dois lados da língua) para entender realmente a conjunção-de-pares como terceiros, como viáveis. Esquerda e direita são dois motores independentes que se hostilizam e nos sacrificam, ao passo que centro é onde devemos estar, a festa que devemos freqüentar com simplicidade, sem ostentação e soberba, mas também sem diminuição.

O que é desigualdade, então? Criei o título para atrair sua atenção, porque as pessoas pensariam em

geral que estaria apoiando a desigualdade ruim, o desfavor dos outros, e não é isso. Pois a Rede Cognata trouxe soluções formidáveis.

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Capítulo 2 Liberdade

igualdade EIS AS LIÇÕES DA REDE COGNATA

des-igualdade = O/IGUALDADE LIBERDADE QUERER

(imaterial, dirigida aos conteúdos, contra as formas)

(material, dirigido aos objetos e às formas)

EGO (GO)

1. indivíduos; PESSOAS

2. famílias; 3. grupos;

4. empresas.

1. cidades-municípios; AMBIENTES

2. estados; 3. nações; 4. mundo.

Quando a pessoa QUER - e vai para fora de si -, ela penetra no ambiente, renunciando então à liberdade implícita; renúncia esta que é, tal como Buda falou (a respeito dos desejos), a fonte de dor. Quanto mais quer, mais a pessoa se aliena, sai de si, mergulha n’outro, nos outros campos, no conjunto dos outros campos – que tendem a limitar, impedir o acesso à satisfação do desejo.

OLHANDO DE NOVO UMA CASA QUALQUER

1. as casas são diferentes umas das outras, mesmo minimamente; 2. mesmo se semelhantes, as cores externas e internas mudam ao

gosto dos moradores; 3. casas ficam em quadras, que em geral têm quatro lados – portanto,

colocam-se com a frente para o sol da manhã, o sol da tarde, o norte ou o sul;

4. se não são casas de conjunto, as esquadrias são diversas, assim como os batentes, as portas, os pisos, os tetos, as dimensões, o lugar da garagem e assim por diante;

5. por baixo da pintura os tijolinhos ou as lajotas são diferentes em quantidade e em qualidade;

6. a mobília é distinta; 7. e por aí afora vai. Onde quer que olhemos, lá está a desigualdade, aquilo que não é igual.

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APONTANDO MAIS DESIGUALDADE

Todas são diferentes e é justamente essa diferença de cor, de aspecto,

de cheiro, de maciez e de tudo mais que nos agrada. Também temos – dizem – 30 milhões de espécies na Terra, uma das quais, a nossa, tem 6,6 bilhões de espécimes em 1,5 bilhões de famílias (quem admitiria que sua família fosse igual às demais?). Empresas várias, cidades díspares, estados dessemelhantes e segue, ilimitadamente.

De fato, olhando à nossa volta podemos ver que as coisas e os objetos, aparelhos, instrumentos e máquinas são amplamente desiguais. Na realidade, para onde quer que olhemos, é assim que é – multiplicam-se as formas não-iguais. O ser humano tem prazer em criar a diversidade. A mesmice é chata e é exatamente por isso que surgem os movimentos artísticos de todo gênero. O Bauhaus, movimento arquitetônico alemão da década dos 1920, foi exatamente um atentado revolucionário contra a chatice e a mesmice.

Nos grandes hipermercados existem – segundo afirmam – milhares de itens e em vez de nos preocuparmos tal multiplicidade é exatamente isso que procuramos: grande número de ofertas.

AS GRANDES OFERTAS

ofertas em supermercados

oferta de logradouros em cidades

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oferta de lugares para ir

oferta de empregos

Quando vemos objetos, ruas, locais de turismo, empregos ou o que quer que seja o conjunto das ofertas é agora MUITO grande, porque estamos além das PESSOAS (indivíduos, famílias, grupos, empresas) e já bem longe nos AMBIENTES (cidades-municípios, estados, nações e mundo, neste caso em processo de globalização): tudo isso é diversidade. Dificilmente as pessoas gostariam de voltar aos tempos antigos (a menos que enganadas pelo “romantismo” dos romances de cavalaria ocultadores dos desconfortos), quando havia menos diversidade e mais semelhança. Quando os pretensos filósofos imaginam atualmente viver no passado, na ágora grega, onde circulavam os grandes filósofos de então, certamente colocavam-se no lugar dos patrícios, que eram 25 % ou menos e, excluídas as mulheres, 12,5 % de todos; tirados ainda os que tinham de cuidar das tarefas restavam bem poucos – ninguém quer olhar a chance de estar naqueles 75 % de escravos ou nos 95 % de silenciosos. Todo mundo se imagina como um Napoleão das “encarnações passadas” e não como varredor de rua na Paris - miserável, podre, dos cortiços - de 1800.

Há 10 mil anos (Jericó, a primeira cidade, é de 11 mil anos), na Terra toda quase todos os seres humanos se pareciam, destoando muito pouco entre si, mas então já existia aquela outra desigualdade, aquela que confunde as pessoas: a falta de liberdade, a opressão. Pois a desigualdade de que as pessoas falam quando dizem “desigualdade” (as aspas postas indicam suspeita sobre o termo) é a desigualdade-política, cujo tratamento é muito difícil.

Quando acontece a globalização TUDO É GLOBALIZADO, inclusive o dicionário, e tudo passa a existir em excesso de oportunidades, tanto o lado bom quanto o lado ruim do dicionário.

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A GLOBALIZAÇÃO DAS OPORTUNIDADES (excesso de diversidade, excesso de liberdades) – excesso de palavras

Os livros são bilhões, os quadros milhões, as músicas milhões, os filmes

centenas de milhares e assim por diante: da falta passamos ao excesso. A oferta de e-livros na Internet chega aos milhares (quase gratuitamente), assim como nas bancas; dos primeiros baixei 1,4 mil enquanto tive paciência e dos segundos comprei um DVD com 1,6 mil. Impossível ler, e nem é só pelo desconforto de ler em tela.

PINACOTECA, BIBLIOTECA, MUSEU, CINEMA (isso é falta?)

Existem milhões de quadros expostos em toda parte.

Mais livros do que se conseguiria ler em 100 vidas.

Quem conseguiria aproveitar tantas oportunidades?

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Os cinemas se renovam.

Capítulo 3 Liberdade Demais

Na realidade nós não estamos sofrendo de falta de liberdade, mas de

excesso: excesso de liberdade dos filhos, em razão da excessiva tolerância dos pais e das mães; excesso de oportunidades de alimentação, o que leva a essa obesidade e morbidez horríveis; excesso de sexo levando à licenciosidade.

MORBIDEZ NO MUNDO

Número de obesos no mundo é alarmante

(liberdade de comer em excesso, licenciosidade alimentar, autocomplacência e complacência quanto ao supergosto)

Entre os dias 25 e 28 de fevereiro o mundo acompanhou o drama da britânica Nicola McKeown, 35 anos. Ela foi ameaçada pelo governo de seu país de perder a guarda do filho de oito anos, que pesa quase 90 quilos, caso não cuidasse da alimentação do garoto. O problema de Nicola, no entanto, traz um alerta que vale para o mundo inteiro: o

excesso de peso e a obesidade alcançaram proporções consideradas endêmicas. E mais, acendeu a luz vermelha sobre os padrões atuais de

nutrição e o papel do Estado na promoção de uma alimentação saudável. Os números são assustadores.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) registra mais de um bilhão de adultos com excesso de peso e cerca de 300 milhões com obesidade clínica (veja abaixo), números três vezes maiores do que aqueles registrados 25 anos

atrás. No Brasil a situação também é alarmante. Estudo divulgado em 2006 pelo Ministério da Saúde (MS) apontou que 40% da população brasileira

sofrem com o excesso de peso. E pouco mais de 10% têm obesidade clínica. Segundo a nutricionista do Departamento de Nutrição da Universidade de

Brasília (UnB) Nina Flávia Amorim, os índices devem-se ao crescente consumo de produtos ricos em gordura e açúcar.

A OBESIDADE Doença dispendiosa, de alto risco, crónica e reincidente; esta doença afecta milhões de pessoas em todo o mundo, inclusive crianças. Embora não seja

nova, ela assume agora proporções epidêmicas e está a aumentar exageradamente. Esta tendência é, sem dúvida, alarmante em virtude das

doenças associadas à obesidade.

A obesidade é...

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Excesso de gordura corpórea. Doença crônica multifactorial e que requer tratamento médico.

Conseqüência do excesso de ingestão de gordura proveniente dos alimentos. Doença epidêmica.

É condição associada, sem dúvida a outras doenças e à diminuição da qualidade de vida.

Significativa grande responsabilidade pelos custos do sistema de saúde.

O que é ser Obeso Ser obeso é ter uma doença crónica ocasionada por um excesso de

gordura corpórea. A obesidade é identificada quando há um desequilíbrio energético, ou seja, a energia ingerida (a quantidade de calorias que nós

ingerimos) é maior do que a energia dispendida (número de calorias usadas pelo nosso metabolismo, durante actividade física e na formação de calor) por um longo período de tempo. De acordo com as tabelas da Metropolitan Insurance Life Company (Nova York, EUA), uma pessoa é considerada obesa quando seu peso for no mínimo 20% maior do que o

considerado ideal para sua altura. Será que eu sou obeso?

Durante muito tempo, a medicina procurou um padrão de cálculo que pudesse ser utilizado em todo o mundo e que permitisse identificar, da melhor forma possível, o ponto a partir do qual uma pessoa pode ser

considerada com sobrepeso e obesa. Existe uma série de medidas de peso, porém o Índice da Massa Corporal (IMC), atendendo à sua facilidade

de interpretação, é hoje aceite como padrão de medida internacional. A sua forma de cálculo é a divisão do peso (em kg) da pessoa pela sua

altura, elevada ao quadrado (em m²). CATEGORIA

IMC

Abaixo do Peso

Abaixo de 20

Peso Normal

20 - 24,9

Sobrepeso

25,0 - 29,9

Obeso

30,0 - 39,9

Obeso Mórbido

Distribuição Regional de Gordura Embora o total de gordura no nosso corpo seja importante, é mais

relevante ainda, saber onde ela está localizada. A gordura depositada na região abdominal (andróide) acarreta mais riscos à saúde do que se ela estiver concentrada em outra parte do corpo, como região dos quadris e coxas (ginóide). Uma medida que é comum ser usada na prática médica

para avaliar os risco de saúde é a Relação Cintura:Quadril.

40 e acima

Mulheres com cintura: Homens com cintura:

quadril > 0,80 = Risco quadril > 1,00 = Risco

Muitos especialistas utilizam, conjuntamente, os métodos IMC e cintura:quadril, para avaliar com mais segurança os risco de saúde do paciente. Cabe destacar, que outros autores têm aceite que a simples circunferência abdominal maior que 95 cm é representativa de risco

elevado de doenças. Outras formas de medir o peso

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Medir a gordura corpórea serve para avaliar o risco de doenças relacionadas a ela e, para os pacientes obesos, determinar se é necessário

iniciar um tratamento, qual será e por quanto tempo. Dentre as medidas destacam-se:

Técnicas laboratoriais para medição da gordura corpórea (como a Tomografia Comptorizada)

Técnicas não-laboratoriais para medição da gordura corpórea (medições das pregas cutâneas e teste de bio-impedância)

Causas da Obesidade

A sociedade constantemente discrimina a pessoa obesa, como se ela fosse a única responsável por seu estado. Mas isso não condiz com a

realidade. Na verdade, o obeso nada mais é do que vítima de uma série de factores orgânicos, ambientais e psicossociais

O armazenamento da gordura corpórea está relacionado ao sexo. Nas mulheres, acredita-se que a tendência esteja associada à sua capacidade

de ter filhos. Após a puberdade, as mulheres abrem seu apetite para gorduras, muito mais do que os homens, sem contar que quaisquer calorias em excesso ingeridas pelas mulheres tenham muito mais

que têm implicações fortes para o controle da doença, caracterizada pelo excesso de gordura

corpórea. Considerar isoladamente um ou outro factor não é o ideal, quando o objectivo é perder peso e manter-se dentro desse controle.

Sendo assim, precisamos analisar todo o contexto, agindo sobre cada um dos pontos que interferem no sucesso dos programas de reeducação

alimentar e de mudança de comportamento. Factores Orgânicos

Muito se fala que algumas pessoas têm maior ou menor predisposição a ganhar peso, independente de factores ambientais e psicossociais. Mas

será que isso é verdade? A genética exerce tal influência sobre as pessoas, quando falamos de obesidade? Sim, em grande parte. Estudos

demonstram que filhos de pais obesos apresentam uma maior predisposição de se tornarem obesos. Pesquisadores descobriram que a herança genética da gordura intra-abdominal excessiva pode ser de 60% ou mais, embora ainda não se saiba o nível exacto do risco de se tornar

obeso, se os pais sofrem desse problema. A obesidade e os tipos de genes

Para compreender melhor essa relação, vale a pena lembrar que os seres humanos possuem 23 pares de cromossomas e que em cada um deles há milhões de genes, que determinam as características herdadas pelos pais. Excepto os cromossomas que estabelecem o sexo, cada pessoa terá duas

cópias de cada cromossoma, onde se conclui que terá também duas cópias de cada gene. Quando falamos de obesidade, duas categorias

estão envolvidas na modulação genética, os genes necessários e os de susceptibilidade. Os primeiros referem-se aos genes que causam a

obesidade, representados por um número bastante restrito de síndromes genéticas raras, como as síndromes de Bardet-Biedl, de Prader-Willi e de

Lawrence-Moon, que incluem essa doença em características que são sua marca registada. Já os de susceptibilidade, aumentam o risco dela ocorrer.

Obesidade é uma doença poligenética, ou seja, causada por genes que trabalham juntos, cada um exercendo um pequeno efeito na quantidade e

distribuição da gordura corpórea. Factores relativos ao sexo

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hipóteses de serem utilizadas para o aumento da gordura corpórea. Para os homens, essa relação não ocorre da mesma maneira, pois o excesso

de calorias têm mais probalidades de serem canalizadas para a produção de proteínas.

Factores psicossociais da obesidade De uma maneira igualmente severa, as pressões psicossociais atingem o obeso com a mesma ou maior intensidade do que as doenças associadas.

O estigma do obeso se alimentar excessivamente em resposta a sentimentos negativos, como frustração, tristeza ou insegurança, está a

mudar; pelo menos um pouco. Em muitos países industrializados ocidentais a obesidade é ainda um estado físico que carrega um estigma

de preconceito. As pessoas obesas são geralmente consideradas não atraentes fisicamente e possuidoras de uma série de falhas de carácter. Recentemente, a psicopatologia nos indivíduos obesos tem mudado. Já

existe forte tendência por parte da classe médica de entender a obesidade como sendo consequência - e não a causa - do preconceito e da discriminação a que as pessoas com sobrepeso estão sujeitas.

A psicopatologia da obesidade A teoria psicogénica da obesidade sustentou, por bom período, que a obesidade resultava de um distúrbio emocional na qual a ingestão de

alimento, particularmente a ingestão excessiva de carboidratos e gordura, aliviava a ansiedade e a depressão. Assim, o médico transferia a

responsabilidade do fracasso no tratamento ao paciente, já que a origem da doença residia em perturbações emocionais, o que, subentendia-se, de

responsabilidade do paciente. Problemas velhos conhecidos

• Não iniciar tratamento • Abandono do tratamento

• Fracasso na perda de peso • Depressão

• Recuperação de peso após o tratamento Mudando os paradigmas: novas explicações dos problemas da

obesidade surgiram, como explicações biológicas convincentes sobre a etiologia da obesidade; avaliações sistemáticas da natureza e extensão dos problemas psicológicos das pessoas obesas; apreciação de até que

grau a maioria dos problemas emocionais são causados pelo preconceito e pela discriminação experimentada pelos obesos.

Distúrbios da alimentação Bulimia

A Bulimia é um distúrbio alimentar caracterizado por episódios de ataques de fome seguidos imediatamente por vómitos auto-induzidos, depressão e

pensamentos auto-depreciativos. Ela ocorre mais frequentemente em pessoas jovens entre 14 e 30 anos. A Bulimia ocorre em pessoas obesas e de peso normal e sua prevalência está a aumentar, porém, apenas 5% dos

obesos são bolímicos. Distúrbio do Comer Compulsivo

O distúrbio do comer compulsivo (Binge Eating Disorder - BED) é uma condição psicológica reconhecida, e que ocorre com maior frequência em obesos. O indivíduo alimenta-se descontroladamente, consome grande

quantidade de comida por um período curto de tempo, bastante maior do que o necessário para a maioria das pessoas, e é acompanhada de uma sensação de falta de controle. O ataque de fome (compulsão) incide em

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aproximadamente 30% das pessoas obesas que procuram auxílio médico. A principal característica é a ocorrência de episódios de compulsão

descontrolada, predominantemente, no final da tarde ou durante a noite. Observou-se que as pessoas obesas que sofrem do distúrbio do comer compulsivo têm maiores mudanças de humor e mais psicopatologias do que os obesos que não sofrem deste distúrbio. Ainda as pessoas obesas

que sofrem do distúrbio do comer compulsivo têm também maior probabilidade de abandonar tratamentos comportamentais de controle de

peso. Sociedade: difícil convivência

Entre tanta discriminação e preconceito, é muito difícil manter uma auto-imagem positiva, sem depressão e outras perturbações. Estudos

realizados mostram que os indivíduos obesos podem parecer "alegres e despreocupados no convívio social, mas sofrem com sentimentos de

inferioridade, são dependentes, passivos e têm profunda necessidade de serem amados". O desprezo ao obeso e a preocupação com a magreza

começam na infância. A maioria de nós sabe que o obeso é alvo de preconceito e discriminação, mas poucos percebem até onde isto chega. A

discriminação contra pessoas obesas é tão generalizada quanto o preconceito. Estatísticas mostraram que as pessoas obesas apresentam

menor probabilidade de completar o mesmo número de anos escolares, de serem aceitas em escolas de prestígio e ingressar em profissões

desejáveis. O problema não termina com a Universidade. As pessoas obesas enfrentam discriminação ao procurar emprego e no ambiente de

trabalho, onde encontram dificuldade de colocação no mercado de trabalho. Estudos apontaram que empregadores consideram indivíduos

com peso excessivo menos desejáveis para contratação do que indivíduos com peso normal, mesmo quando acreditam que os dois grupos possuem

as mesmas habilidades. Conceitos de Biologia em relação às gorduras

O papel das células O corpo humano é formado por mais de 75 trilhões de células, unidades

microscópicas, mas que contêm estruturas complexas que desempenham funções vitais. Para isso, elas precisam de energia, que provém das calorias absorvidas na alimentação. Dentro desse rol gigantesco de

células, algumas são especializadas, desenvolvendo actividades específicas, como as células de absorção e as células gordurosas

(adipócitos), imprescindíveis para a digestão e o armazenamento da gordura, respectivamente.

Células de absorção Uma vez terminada a digestão dos alimentos, estes são absorvidos pelo organismo. No caso das gorduras, esse processo é feito no interior do

intestino delgado, que apresenta protuberâncias minúsculas, chamadas de vilosidades, que participam da absorção dos nutrientes. Há também as

microvilosidades, que são protuberâncias muito diminutas que contribuem para o transporte dos nutrientes, como as gorduras, da luz do intestino

para a corrente sanguínea. Células gordurosas

São chamadas de células gordurosas ou adipócitos, aquelas que armazenam gorduras dentro do corpo e as liberam quando for necessário. A energia é armazenada na forma de triglicerideos, que são moléculas de

lipídios compostas basicamente por gordura.

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As células gordurosas armazenam energia na forma de triglicerídeos

Distribuição anatómica da gordura Em pessoas com peso normal, a maior parte do tecido adiposo está

localizado sob a pele, actuando como protector contra a perda de calor, o que é chamada de gordura subcutânea. Os indivíduos com sobrepeso ou obesos, além da gordura subcutânea, carregam tecido adiposo na região

abdominal, o que representa uma importante reserva de energia, chamada de tecido adiposo visceral, mas que contribui para muitas das doenças

associadas à obesidade.

Maçãs ou peras Quando o tecido adiposo se acumula predominantemente na região

abdominal, há um predomínio da gordura visceral e diz-se que a pessoa apresenta obesidade do tipo andróide ou tipo "maçã". Se a tendência é

acumular gordura na região dos quadris e coxas, a obesidade é classificada como ginóide ou tipo "pera". (Ver Distribuição Regional de

Gordura em "O que é ser obeso")

Gordura subcutânea + tecido adiposo visceral = gordura abdominal

Observe-se no espelho com atenção e identifique a qual grupo a que o(a) senhor(a) pertence. Cabe lembrar que as pessoas com o perfil em formato

de maçã têm mais facilidade de desenvolver outras doenças, como problemas cardiovasculares, pois a gordura visceral, ao contrário da

subcutânea, dirige-se directamente para o fígado antes de circular até os músculos, podendo causar resistência à insulina, levando à

hiperinsulinémia, que são níveis elevados de insulina, aumentando assim o risco de diabetes mellitus tipo II, hipertensão e doenças cardiovasculares.

Balanço Energético Entende-se por ganho de peso, o acumulo de gordura corpórea, ou seja, quando uma pessoa ingere uma quantidade maior de calorias do que a que ela vai gastar em sua actividade física diária, dando origem a um

equilíbrio energético positivo. A obesidade ocorre exactamente quando a ingestão da energia excedeu o seu gasto por um longo período de tempo.

Podemos definir então, três fases do ganho de peso: Etapa ideal ? quando a ingestão de energia equivale ao gasto, mantendo

o peso inalterado. Fase dinâmica ? a ingestão de energia é maior que o gasto, levando ao

aumento do peso, em um processo que pode durar anos, se a pessoa continuamente tenta perder peso.

Obesidade estática ? ocorre quando a ingestão de energia e o seu gasto se igualam, mas num nível mais alto do que antes. Ao tentar perder o

excesso de peso, a pessoa depara-se com um problema que antes não havia, que é a diminuição do índice metabólico (isto é, do gasto de energia

do corpo), visto que o organismo tenta manter seu novo peso. Taxa Metabólica ou Termogénese

O total de energia ingerida por uma pessoa é composta de todos os

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alimentos e dos líquidos com valor calórico que ela consome. Já a energia gasta pode ser dividida em três tópicos:

Índice Metabólico Basal (IMB) - que é a energia gasta para a manutenção da vida

Termogénese da dieta - aumento no IMB necessário para a digestão Actividade física

A actividade física para uma pessoa que é relativamente sedentária pode contribuir com 20 a 30% do total diário de dispêndio de energia, enquanto que para aquela que é muito ativa fisicamente, essa contribuição gira em

torno de 40 a 50%.

Factores Ambientais Excluindo a propensão genética, alguns factores ambientais podem frustrar as tentativas de manter um programa de controle do peso. A modernização

é um deles, com toda a gama de recursos tecnológicos que, se por um lado possibilitam mais conforto, acabam por reforçar o sedentarismo. Por

outro lado, a grande avalanche de produtos saborosos e fáceis de confeccionar, bastante acessíveis e económicos, que bombardeados a

todo instante na sociedade, seja em revistas, televisão ou out-doors, numa simulação tão perfeita de suas qualidades, que é quase possível sentir o cheiro e o gosto apenas em ver as imagens. Outros aspectos típicos da

vida nas grandes metrópoles exercem considerável influência nesse processo rumo à obesidade. É certo que a população urbana é mais alta e mais pesada, totalizando um IMC maior do que o encontrado na população

rural, que pelas próprias características profissionais, movimenta-se e exercita-se diariamente. Seja qual for a opção, perder peso exige uma real mudança de comportamento e nos hábitos alimentares, para reverter um

quadro que acaba por se tornar estável e que só contribui para o aumento do problema.

Obesidade no Mundo

O mundo vive hoje a epidemia da obesidade, uma doença que cresce em proporções alarmantes. Apesar dos poucos dados epidemiológicos

disponíveis, a maioria dos países desenvolvidos já identificou o problema e estão, juntos, dimensionando a eclosão desta doença.

Estimativa da prevalência geral do sobrepeso e da obesidade em

vários países Nos Estados Unidos, a prevalência da obesidade dobrou nos últimos 20

anos. Hoje, 30% da população tem sobrepeso, 15% são obesos e cerca de 3% obesos com muito risco. Na Europa, apesar de números mais "leves", a

tendência apresenta-se a mesma. Ela só perde para o fumo, como propulsora de doenças e mortes prematuras. A obesidade faz mortes. Estima-se que, nos Estados Unidos, a obesidade e demais doenças

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associadas matam 300 mil pessoas/ano.

Mortes/ano nos Estados Unidos (em milhares) que poderiam ser

evitadas com prevenção e/ou tratamento.

Obesidade em homens e mulheres

Destacamos aqui alguns países, que hoje reúnem dados sobre obesidade, nos quais podemos observar que os homens compreendem a maioria dos

casos de obesos e obesos de risco (IMC acima de 30).

A Organização Mundial da Saúde reúne informações económicas,

psicossociais e de saúde que reafirmam a problemática: caminhamos para uma epidemia assustadora no século XXI! Segundo ela, quase 10% dos

orçamentos de saúde em países ocidentais estão hoje relacionados à obesidade.

A transição alimentar

Os padrões nutricionais sofrem alterações a cada século, resultando em mudanças na dieta dos indivíduos, correlacionando também modificações econômicas, sociais, demográficas e relacionadas à saúde. O século XX foi marcado por uma dieta rica em gorduras (principalmente as de origem

animal), açúcar e alimentos refinados, e reduzida em carboidratos complexos e fibras. Segundo pesquisadores, o predomínio desta dieta tem

contribuído para o aumento da obesidade, em conjunto ao declínio progressivo da atividade física dos indivíduos.

13/03/2006 - 15h37 Mundo tem 300 milhões de obesos e 170 milhões de crianças

desnutridas da Efe, em Genebra

Aproximadamente 170 milhões de crianças em todo o mundo têm peso abaixo do normal, enquanto cerca de 300 milhões de adultos

são obesos, informou nesta segunda-feira a OMS (Organização Mundial da Saúde) na abertura da 33ª sessão anual do Comitê

Permanente da Nutrição, em Genebra. Reunido até sexta-feira, o organismo formado por representantes

de várias agências da ONU (Organização das Nações Unidas)

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pretende elaborar um plano de ação que ajude as autoridades nacionais a enfrentarem os problemas.

"Para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio estabelecidos pela ONU e controlar a epidemia crescente das

doenças crônicas, é necessário lutar com urgência contra a má nutrição no mundo, tanto pelo excesso como pela falta', afirmou a

presidente do Comitê, Catherine Bertini. Das 170 milhões de crianças desnutridas, cerca de três milhões

morrem a cada ano, de acordo com os dados fornecidos pela OMS. No extremo oposto, calcula-se que há no mundo cerca de 1 bilhão

de pessoas com excesso de peso, das quais 300 milhões são obesas.

Todos eles estão mais expostos que os demais a sofrer cardiopatias, acidentes cardiovasculares, cânceres e diabetes, entre outras

doenças ligadas ao excesso de peso. A OMS adverte que esse problema duplo não é simplesmente de

países ricos ou pobres, mas está ligado ao grau de desenvolvimento de cada nação.

Quantos brasileiros são obesos mórbidos? Cerca de 609 mil ou 0,64% das pessoas com mais de 20 anos. Nos EUA a

parcela é de 4,9%. FOME ZERO

Em que região brasileira há mais obesos mórbidos? A Região Sudeste tem o maior percentual: 0,77%. Mas no Nordeste é onde o

número mais cresce: 760% em três décadas.

(ô). [Do lat. licentiosu.] Adj. 1. Zool. Que usa de excessiva licença;

indisciplinado, desregrado. 2. Sensual, libidinoso; libertino. 3.

Próprio de quem é licencioso. S. m. 4. Indivíduo licencioso.

LICENCIOSIDADE

1. excessiva licença; indisciplina, desregramento em tudo; A LICENCIOSIDADE DO MUNDO

2. excessiva sensualidade, mundo libidinoso, libertino; 3. impropriedades pessoais e ambientais de todos que são licenciosos; 4. pessoambientes libidinosas. Houve épocas em que a humanidade sofreu de falta de liberdade, mas

não agora; nesta nossa época, nesta mudança de era estamos sofrendo de excesso de liberdade, com a licenciosidade campeando por toda parte.

1. a desigualdade é condição de percebermos o mundo e um dos dois elementos que permitem observar a beleza (é a CONDIÇÃO EXTERNA, enquanto a condição interna é a liberdade);

RECONDUZINDO

2. a “desigualdade” referida inconscientemente pelas pessoas em geral não é a diferença, mas a desigualdade-política, a opressão de uns pelos outros;

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17

3. não existe falta de liberdade em nosso mundo, existe excesso, e isso também é daninho;

4. o excesso de liberdade levou à licenciosidade. À custa de valorizarem o respeito devido aos diferentes (por exemplo,

os deficientes físicos, os homossexuais, etc.) prejudicaram o direito das maiorias. Se as minorias são 2,5 % à esquerda (digamos, de homossexuais masculinos) e 2,5 % à direita (de homossexuais femininas), a relação desses 5 % com os 95 % restantes é de 5/95 = 1/19; mesmo juntando os simpatizantes de cada lado teríamos 10 % e, portanto, 10/90 = 1/9 – quando é que um em 20 ou um em 10 é mais importante? O fundamental é preservar as maiorias, não as minorias; estas vivem do favor do trabalho daquelas. Não é certo mudar de uma dominação a outra: daquela dos pais a esta dos filhos, daquela das mulheres a esta dos homens, daquela das maiorias a esta das minorias, daquela dos não-deficientes a esta dos deficientes; daquela dos heterossexuais a esta dos homossexuais; daquela dos brancos a esta dos negros. Precisamos é acabar com TODAS as escravidões.

Não é o fato de que somos desiguais que é ruim, pois uns gostam do amarelo, enquanto outros gostam do vermelho; uns apreciam tomates e outros pepinos. É o fato de que NÃO SOMOS IGUAIS POLITICAMENTE é que é ruim.

EXISTIREM RICOS É DA CURVA DO SINO

Classe E Classe D Classe C Classe B Classe A

miseráveis pobres médios médio-altos ricos Os ricos zombarem dos demais é caso de polícia. Como diz agora o

povo, “cada qual no seu quadradinho”. É essa outra desigualdade, a desigualdade política que devemos combater.

Capítulo 4 Licenciosidade

A liberdade excessiva de uns significará sempre a falta de liberdade de

outros e esses outros acabam por acumular reclamações e um jeito de derrotar os dominantes, quando então há caos revolucionário, destruição, tudo que já conhecemos.

Page 18: A Beleza da Desigualdade

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A GANGORRA DA RESPONSABILIDADE GOVERNEMPRESARIA

Dar a uns significará dar depois aos outros, em círculo.

L (soma zero significa governar os pares polares)

Se a esquerda ficar muito tempo em cima a direita ficará insatisfeita...

... e se a direita permanecer para sempre no topo teremos guerra.

esquerda = Q = QUERER direita = LEI = LIBERDADE

yin/yang (um pra cima e um pra baixo)

50/50 Queremismo é liberdade muito

ruim. Liberalismo é liberdade desbragada,

desregrada.

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Qual é a “margem de segurança”? Podemos pensar que seja pequena na relação 50/50 = 1,00000...,

mas não sabemos quantos pontos, ou se são somente casas decimais para lá ou para cá. Muita liberdade, liberalismo pode conduzir à licenciosidade, a essa libidinagem atual; muita anti-liberdade pode ser opressiva e desgastante, levando aos choques com a polícia de 30 anos atrás.

Capítulo 5 Igualdade

Na Rede Cognata igualdade = LIBERDADE: o querer leva às distinções,

e o não-querer à liberdade. É fácil de ver que o querer distingue as pessoas, introduz diferenças, mas não é só isso que vem sendo buscado – as pessoas querem ser super-distintas e em geral querem posicionar-se acima das demais, por causa da fraqueza moral, dos complexos de inferioridade: quem usa um carrão ou uma daquelas caminhonetes de cabine dupla, pneus grandes e frente agressiva quer sobrepor-se a todos e a cada um: essa não pode ser uma pessoa que confia em si.

CABEÇA E CARA DE TOURO, MAS UM ANÃOZINHO POR BAIXO (constituem como que enchimento para mentes pequenas)

Duas vagas e meia e quase do tamanho

de uma casa.

Tão grande que uma pessoa precisa de escada

ou helicóptero para chegar à cabine. A Igualdade geral requer desde cedo essa igualdade-desde-as-

intenções, porque de outro modo pode começar igual (como as casas do ex-BNH, Banco Nacional da Habitação) e avançar rapidamente para as diferenciações.

Seria o caso de todos vestirem as roupas de Mao Zedong (Mao Tse Tung)? De modo nenhum: vimos que depois que ele morreu em 1976, e em 1986 instalaram o Caminho de Duas Vias (socialismo-capitalismo) a China tornou-se hoje

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altamente diferenciada, tal se dando em pouco mais de 20 anos: deter o volume de quereres apenas represará para futuros desacertos.

PELA DIALÉTICA, OBTÉM-SE O CONTRÁRIO DEPOIS DO ESTANCAMENTO

Um volume enorme de insatisfações é aprisionado e quando se solta

vira enxurrada, sai destruindo tudo pelo caminho. O único modo de realmente controlar é compreendendo. O que nós

queremos não é o fim das desigualdades, mas daquela preocupação de colocar-se ACIMA dos demais. Veja, se há um só presidente no país, só um (ou uma) pode ocupar o cargo a cada quatro ou cinco ou sete anos, conforme o país; tal pessoa vai ser naturalmente diferente das demais, porém não precisa ostentar tal diferença como se fosse superioridade.

desigualdade DUAS DESIGUALDADES

“desigualdade” boa má

mera diferença, sem questionamento

superioridade, “queremismo”, superafirmação do querer

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Não podemos deter a desigualdade boa, a simples diferença, porque ela é todo um lado da criação; o que é desprezível é a necessidade de colocar-se em posição presumidamente superior, é a vontade de hostilizar os demais.

(a boa) liberdade DUAS LIBERDADES

liberalismo, superafirmação da liberdade (a liberdade ruim)

sadia doente Isso precisa ser des-construído desde a base, desde o pré-primário

enquanto socialização da criança e desde o berço enquanto familiarização dela. Não se trata de os ricos deixarem de sê-lo, mas de desconsiderarem a riqueza como superioridade.

BUSCANDO O MESMO CENTRO (a chance de VER o universo e de ser feliz)

As pessoas podem e devem ser o que são (pois no círculo as setas têm diferentes

ângulos, todas com o sentido de exteriorização). Os governos e as empresas devem começar a legislar de outro modo,

visando essa igualdade de base, a igualdade boa, a liberdade boa que preserva as distinções; conservando o relevante, a igualdade política, o respeito, a dignidade de todos e cada um.

Capítulo 6 Igualdade Demais

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CENTENAS DE MILHÕES DE CHINESES VESTINDO A MESMA ROUPA

MILHARES DE CASAS E APARTAMENTOS IGUAISINHOS (eram chamados de “casas de pombo” nos “conjuntos do BNH”)

Nem a decência de oferecer alguns modelos à escolha alheia eles

tiveram: como nas ditaduras ditas socialistas ofereceram aqui o mesmo molde para empacotar a todos na mesmice. Faltou consideração pelo próximo, como ensinou Jesus sem ser ouvido (e falta ainda, pois o programa de Lula “Minha Casa, Minha Vida” repete tudo).

No fim, apesar de ruim pela mesmice, onde existiu, a desigualdade (boa) ocidental venceu a igualdade (ruim) oriental. Onde a igualdade (ruim) oriental foi copiada pelo ocidente ela se deu mal.

Page 23: A Beleza da Desigualdade

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Capítulo 7 Igualitarismo

O igualitarismo, a doença da igualdade, a superafirmação da igualdade

é tão ruim quanto o contrário, ou pior, porque o excesso de desigualdade (ruim) sempre leva à opressão e à oposição, enquanto que a mentira obsessiva da igualdade (como no pseudo-comunismo soviético), não, pois as pessoas confiam e continuam acreditando um largo tempo.

TUDO IGUAL

se todas as melancias se tornassem cúbicas também ficaria chato

Igualitarismo - a religião que o século XX adotou

Na majestosa galeria dos séculos que se foram, o século atual vai figurar

como "o igualitário"

Vamos imaginar que em 100 anos os homens, atingidos por uma enfermidade desconhecida, viessem a se tornar anões. Que decepção! Por mais que as

Leo Daniele

Dentro de um muito curto espaço de tempo, o tão glorificado século XX vai ser "o século passado". Salvas sem fim de fogos de artifício saudarão a nova

centúria e milênio. Ao mesmo tempo, soa a hora da verdade. Como é natural, muitos espíritos, num saudável exercício de análise, vão se debruçar sobre estes 100 anos, e

perguntar de que valeram. Nossa época, como qualquer época da História, pode ser julgada, entre

outras coisas, através do tipo humano que gerou. De pouco adianta conquistar a lua e todas as estrelas, desvendar o micro-universo do átomo,

efetuar todas as proezas da tecnociência, atingir um grau de enriquecimento prodigioso numa estabilidade econômica completa, se ao mesmo tempo o

tipo humano entrar em visível decadência. Pois o que interessa sobretudo ao homem, abaixo de Deus, é o próprio homem.

Page 24: A Beleza da Desigualdade

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conquistas da ciência e o desempenho da economia fossem expressivos, esse século ficaria marcado como catastrófico.

Felizmente, no século XX isso não ocorreu, no aspecto físico. Que dizer da alma humana e da personalidade? É a pergunta.

Vou, "a vôo de pássaro", analisar o futuro século passado do ponto de vista do tipo humano que ele engendrou.

"Belle époque", "ouverture" que se transformou em "finale" Estes 100 anos iniciaram-se de forma promissora. A Belle Époque não foi

uma época sem defeitos. Mas se notava, na juventude de então, um vento de idealismo e de talento, uma tal ou qual tendência ao cavalheirismo, à firmeza

de princípios, ao heroísmo, à nobreza de sentimentos. As trincheiras da I Grande Guerra dizimaram a mocidade européia. Ao

mesmo tempo, a influência avassaladora da way-of-life americana, isto é, o modo de vida adotado nos Estados Unidos, consagrada pela vitória militar dos aliados, e tomada especialmente em seus aspectos hollywoodianos, a saber, inspirados nos estilos difundidos pelos filmes de Hollywood, operava uma espécie de Revolução Cultural, abalando a civilização tradicional do

Velho Mundo. As promessas do início do século foram afogadas em um banho de sangue, e simultaneamente – perdoem os leitores a trivialidade da expressão – em um "banho de coca-cola", ou seja, na força dissolvente dos novos costumes (1).

Mesmo assim e apesar de tudo, a chama de idealismo cavalheiresco não morrera de todo. Era necessário extinguir aqueles vestígios que ainda incomodavam a Revolução universal. O nazi-fascismo apareceu para

empolgar e precipitar no vazio o que deles ainda restava. De seu lado, o comunismo operou uma ainda mais desastrosa modificação no

tipo humano – modelando um ente humano ateu, massificado, anódino e embrutecido-, a qual perdura até hoje nos locais onde dominou, sobretudo na

Rússia (2). Terminada a II Guerra Mundial, desencadeia-se o processo cujas principais

fases se podem observar no quadro ao lado. Ele desfecha na eclosão do tipo humano que se convencionou chamar de pós-moderno.

Para o homem pós-moderno quase só existem duas coisas: o "eu" e o

O tipo humano pós-moderno Voltado cada vez mais para dentro de si mesmo, carente do senso da

sociedade, o homem pós-moderno afunda no vazio. No prazer de ser um qualquer.

A vida pós-moderna apresenta ao homem três elementos principais para preencher o imenso e lúgubre vazio de hoje: 1) a saturação informativa; 2) o frenético consumo ao modo pós-moderno (nota 2 BIS); 3) a sedução da mais desbragada imoralidade. Os três fatores o enchem, se assim se pode dizer,

de vazio. O homem contemporâneo vai, assim, cada vez mais se minimizando, se

miniaturizando. Tudo torna-se pequeno, acanhado, agachado, sem grandeza. Ele tende a ser a raiz quadrada do homem do início do século.

Totalmente dominado pelas pequenas delícias, ele torna-se apático. "Cada qual vive em um bunker de indiferença", diz um autor (3).

Ocorreu uma miniaturização do desejo humano. Qualquer quinquilharia produzida pela tecnociência já preenche suas perspectivas. Muitas vezes, aquilo que reluz num shopping-center basta para saciar sua capacidade de

desejar. Suas micro-aspirações satisfazem-se inteiramente com micro-objetos.

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"agora". É curioso, mas a mídia quase não aborda tal fenômeno. Entretanto, no mundo

das idéias e dos livros muito se tem escrito sobre o tema. Os títulos de algumas obras deixam filtrar seu conteúdo: A escalada da insignificância, de Castoriades; A era do vazio, de Gilles Lipovetsky; A derrota do pensamento,

de Alain Finkielkraut, A morte do social, de Jean Baudrillard... Entre os autores católicos, podemos encontrar teses semelhantes por exemplo em A civilização da acédia, do jesuíta Pe. Horacio Bojorge.

Nos livros e na realidade, o homem vai sendo cada vez menos o que sempre foi. Alguns autores usam a palavra zumbi. Diz-se homo psychologicus

(mergulhado na própria psicologia); homo clausus (fechado em si); homo aequalis (homem igualitarizado, se assim se pudesse dizer). Mas não se fala

quase mais em homo sapiens! Com evidente mas expressivo exagero, chega-se a falar em mutação

antropológica (4). De certa forma, o homem não é mais o mesmo; mas como ele foi se transformando aos poucos, muitos nada percebem.

Pense comigo, leitor. É uma lei da natureza que tudo aquilo que se desenvolve se diferencia. A marcha da semente à árvore florida e depois

cheia de frutos é a marcha da diferenciação. As sementes de uma mesma espécie se confundem. Mas as árvores já formadas, a produzir flores e

frutos, são nitidamente diversas uma da outra. E assim sucede com todos os

Zero é igual a zero Reduzida a natureza humana à menor expressão, a conseqüência lógica é o

achatamento de todas as diferenças entre os homens. Vejamos alguns exemplos.

A palavra unissex, tão corrente, mostra a tendência à fusão dos sexos, quanto o permita a natureza. Chegar ao meio termo em todos os campos é a

grande obsessão. Do ponto de vista racial, a ONU fala em promover "o homem bege", ou seja, a média cromática entre o branco, o preto, o vermelho e o amarelo. O homem arroga-se assim o direito de corrigir o que considera um erro da natureza...

Ora, a natureza é uma obra de Deus. Corrigir a natureza significa tentar corrigir o próprio Deus!

Também vão diminuindo cada vez mais as diferenças entre pais e filhos, bastardos e filhos legítimos, esposas e concubinas, mães de família e

prostitutas, homens normais e tarados, bêbados e sóbrios, professores e alunos, padres e leigos, patrões e empregados, ricos e pobres, bem

educados e cafajestes, índios e caras-pálidas, civilizados e bárbaros. Numa outra ordem de coisas, entre história e devaneio, fato e versão, realidade e ficção, música e ruído, obras de arte e brincadeiras de mau gosto, quando

não verdadeiras aberrações do ponto de vista artístico. Escrevem-se livros para mostrar que a sanidade mental é um conceito

relativo; os loucos, eufemisticamente designados como usuários de serviços psiquiátricos, seriam pessoas normais, tendo apenas algumas pequenas

manias ou uma concepção da vida diversa da dos outros. Até as mais óbvias entre as diferenças, ou seja, as existentes entre os

homens e os bichos, vão se amortecendo. Fala-se cada vez mais em direitos dos animais, constroem-se hotéis para gatos, escovam-se os dentes de

cachorros (5). Como diz Fredric Jameson, assistimos a uma formidável erosão dos

contornos (6). Ora, essa erosão dos contornos atinge o homem em seu cerne, em sua personalidade, transformando-o quase num semi-homem.

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seres vivos. Marcadamente com os animais superiores. E, de maneira exponencial, com os homens.

Considerem-se aquelas estátuas da Ilha de Páscoa. Produzidas por artistas primitivos, elas se parecem todas entre si. Mas se um Michelangelo lhes tivesse dado acabamento, elas deixariam de se confundir e cada uma

constituiria obra-prima à parte. Da mesma forma, seria normal que, com o desenvolvimento da humanidade,

os homens – mantendo embora a igualdade de natureza – fossem se diferenciando cada vez mais em seus acidentes. Ora, é o contrário o que hoje sucede: eles vão se confundindo cada vez mais. Não apenas as hierarquias

se achatam, como as próprias diferenças vão progressivamente se extinguindo.

Essa constatação mostra o quanto vai calamitosa a decadência do gênero humano enquanto tal.

Balanço no limiar do ano 2000 Todo o agitar-se do século XX pode resumir-se, sob certo ponto de vista, em

duas tendências principais: 1. Achatar as diversidades existentes no sentido vertical, reduzindo ao mínimo todas as diferenças que possam levar à constituição de uma

hierarquia, de fato ou de direito. 2. Abater as diversidades que separam as pessoas no plano horizontal,

despersonalizando-as com esse fim. Para isso, fazer minguar as barreiras entre os sexos, as idades, as raças, as nacionalidades, as condições de

ordem moral, de educação, civilização, preeminência, função. Utopia? Certamente. Mas uma utopia radicalmente perversa, porque ela se

revolta contra Deus, Criador das características e das diferenças. É como quem diz: "Sei que não poderei destruir inteiramente esta Catedral

que é o Universo. Mas vou tentar destruí-la e desfigurá-la tanto quanto me for possível".

As duas tendências enumeradas acima – o achatamento vertical e a indiferenciação horizontal -- não são antagônicas mas, pelo contrário,

constituem uma única e mesma propensão: o igualitarismo. E, pronunciada essa palavra, proferido esse diagnóstico, como por encanto

todos os acontecimentos confusos do século expirante colocam-se em ordem: * Foi o igualitarismo que abateu, no fundo das trincheiras, a promissora

juventude da Belle Époque; * Foi o igualitarismo que, por assim dizer, afogou na way of life hollywoodiana

o Velho Mundo tradicional; * Foi o igualitarismo que levantou a bandeira vermelha do comunismo e da

luta de classes; * Foi o igualitarismo que contrapôs a cruz gamada e o fascio do nazi-fascismo, à sociedade orgânica característica da Civilização Cristã;

* Foi o igualitarismo que alteou a bandeira negra do anarquismo, contra toda autoridade;

* Foi o igualitarismo que levou rapazes de classe alta ou média a envergarem trajes e costumes de proletários, a partir dos anos 50;

* É o igualitarismo que conduz o baile doido do consumo, das modas e dos espetáculos em nossos dias;

* É o igualitarismo que preside à gradativa destruição da diferença entre as pátrias mediante o processo da mundialização ou globalização;

* É o igualitarismo que preside à disseminação do vazio e à escalada da insignificância;

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* Em resumo, foi o igualitarismo que comandou o conjunto de transformações ciclópicas que, a partir da promissora Belle Époque do começo do século,

desembocaram numa pseudo-civilização ex-cristã, que é o que hoje vemos, com tristeza e reprovação.

Conclui-se que, como sempre ensinou o teólogo das desigualdades sociais (7) Plinio Corrêa de Oliveira, o igualitarismo foi a religião de século XX.

Na demolição de todas as desigualdades e diversidades, o homem contemporâneo está pondo o mesmo empenho que os medievais deitaram na

construção de suas grandiosas catedrais (8). Que nesse período o homem tenha ido à lua ou tenha posto em marcha os computadores mais sofisticados, isso absolutamente não nos consola. O

século XX, na ordem de valores superiores, na ordem da qualidade, não foi grande em quase nada, exceto na enorme capacidade de destruir a

Civilização Cristã. Uma destruição geralmente flácida, é verdade. Mas apesar disso, e talvez por causa disso, portentosamente eficiente.

E assim como um homem inconsciente de sua desgraça, o século XX ocupa, na solene galeria dos séculos e dos milênios, a postura de um insignificante

tolamente crédulo. Insignificante por que reduzido à menor expressão; e tolamente crédulo por não perceber seu lamentável estado e continuar

desvanecido com as purpurinas da tecnociência, do consumo e da globalização.

De um velho esclerosado costumava-se dizer antigamente que era um puer centum annorum: um menino de 100 anos. Ao completar os seus 100 anos, é

este o qualificativo que o século XX merece. Excluída, é claro, a inocência própria à infância sadia e autêntica.

8. O leitor de Catolicismo, identificado com a doutrina católica, geralmente dispensa a demonstração de que o igualitarismo é um erro que não encontra guarida na doutrina da Igreja. Em síntese, Deus é o autor das desigualdades

Notas 1. De outro lado, neste fim do século, é dos Estados Unidos que procedem

promissores sintomas de repúdio ao aleijão pós-moderno. 2. Saulo Ramos, conhecido jurisconsulto paulista, em viagem por aquelas

bandas, com agudo senso de observação, ofereceu concludente descrição do que chama "assassinato da alma russa" ("Folha de S. Paulo", 3 de agosto de

1995). 2BIS: O prazer de consumir potencializou-se com chamada "segmentação",

que substituiu a antiga produção e consumo de massa. Hoje a oferta de bens tende a ser cada vez mais diversificada, pelo que se torna mais atraente. A isto se soma a chamada "estetização" dos produtos que, em última análise,

não passa de um requinte na arte de vender ilusões, juntamente com as mercadorias. Tudo isso torna "technicolor" o vazio pós-moderno. Como diz

um autor, "a fábrica, suja, feia, foi o templo moderno; o shopping, feérico em luzes e cores, é o altar pós-moderno" (Jair Ferreira dos Santos, "O que é pós-moderno", Brasiliense, 17ª impressão, 1997, p. 10). "O consumidor de hoje é um bípede com a boca aberta", afirmou em pitoresca linguagem o chef-patron

Laurent Suaudeau, em entrevista a esta revista. 3. Lipovetsky, Gilles, L’Ère du Vide (Gallimard, Paris, 1993), p. 110.

4. Lipovetsky, op. cit., p. 71. 5. O Estado de S. Paulo, 1-2-99, p. A9.

6. "Pós-Modernismo, a Lógica Cultural do Capitalismo Tardio", p. 359. 7. Expressão cunhada pelo brilhante intelectual italiano Giovanni Cantoni.

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e portanto, de si, elas são boas e contribuem para a beleza e ordem do Universo. O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, apoiado no ensinamento dos

Papas, o demonstrou cabalmente em várias obras, sobretudo em "Revolução e Contra-Revolução" e em "Nobreza e elites tradicionais análogas".

9. Este artigo é a condensação de trabalho consideravelmente mais extenso. Os que desejarem receber gratuitamente tal trabalho, mais matizado e

acompanhado de indicações bibliográficas mais completas, podem pedi-lo à Redação de Catolicismo ou pelo endereço eletrônico: [email protected]

Como surgiu a massa pós-moderna O tipo humano "pós-moderno", de nossos dias, é o produto de uma longa

gestação, que consumiu várias décadas. 1918: após a Primeira Grande Guerra a influência cultural norte-americana,

tomada em seus aspectos mais "hollywoodianos", torna-se proeminente. Fim dos anos 20: surgem nessa época os primeiros sintomas do fenômeno "geração-nova", também conhecido em alguns ambientes como "geração

coca-cola". Notam-se, no tipo humano que vinha despontando, certas fragilidades, as quais provocam estranheza nas gerações anteriores. Dir-se-ia

que minguavam nele as capacidades próprias ao estado adulto pleno: a atenção, a compreensão, a direção e a autocensura.

Anos 50: ocorre a grande revolução do lazer e do quotidiano, provocada pelo rock-and-roll, a beat-generation, seus anexos e conexos. Como explica o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, surgiu então "um feitio de espírito que se caracteriza

pela espontaneidade das reações primárias, sem o controle da inteligência nem a participação efetiva da vontade; pelo predomínio da fantasia e das

’vivências’ sobre a análise metódica da realidade". Maio de 1968: estoura a revolução estudantil da Sorbonne. Com o dístico "é

proibido proibir", alteia-se a bandeira negra anarquista e reforça-se ainda mais a tendência para a "espontaneidade das reações primárias". Note-se: foi uma

revolução de classe média. 1989: o desmoronamento da Cortina de Ferro contribuiu para incrementar

certo clima de despreocupação e otimismo extremado. Anos 90: O individualismo, o hedonismo e o narcisismo pós-modernos se estabelecem por toda a parte. A massa pós-moderna prossegue em sua

expansão flácida, pouco perceptível, mas extremamente rápida. O excesso de igualdade é igualmente ruim. O igualitarismo, a idéia de que nós não podemos expressar nossas

diferenças, é daninho e é o palco onde os ditadores se instalam para ditar o modo de vestir, de caminhar, de gostar, de apreciar Deus, de pesquisar (vide a genética de Lysenko na URSS) e tantas outras.

O respeito pelos outros é o respeito pela beleza dos outros, e pela necessidade dos outros de ver a Beleza geral.

Não é à toa que as mesmices são introduzidas nas ditaduras: os ditadores temem o riso (como viu Umberto Eco e antes dele Aristóteles) e temem a diversidade (seja cultural ou qualquer outra) porque a diversidade introduz novos pensamentos; o riso nada mais é que a explicitação das incoerências e ele também vem do pensar. Os ditadores temem o pensamento (e as escolas de pensamento, as escola de filosofia; bem como os magos e todos os que introduzem diferenças) PORQUE o pensamento leva ao diferente.

Por conseguinte, a diversidade é uma espécie de defesa contra a ditadura. E a introdução forçada da anti-diversidade é sintoma seguro da queda

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progressiva na tirania. A diversidade, que traz a chance de beleza, é uma defesa, e a Beleza geral em si é uma grande defesa.

Capítulo 8 Beleza

UM ÍNDICE DAS BELEZAS1. belezas físico-químicas;

(conforme o modelo)

2. belezas biológicas-p.2: 2.1. dos fungos; 2.2. das plantas; 2.3. dos animais; 2.4. dos primatas;

3. 4. belezas informacionais-p.4;

belezas psicológicas-p.3: TEMOS ACESSO ATÉ AQUI

5. belezas cosmológicas-p.5; 6. belezas dialógicas-p.6. Como já vimos, as duas condições de gozarmos a presença da beleza

são estas (valeria a pena discutir profundamente num livro maior, mas não tenho tempo para tal):

a) condição interna: a liberdade (a pessoa QUERER ver); b) condição externa: desigualdade (diversidade, a oferta de beleza). O APONTAMENTO DA DESIGUALDADE (boa, diversidade; na verdade, o mundo é festa da diversidade)

Pense: e se as moedas fossem todas iguais não apenas num país como em todos?

A busca da suplantação, em si, não é ruim; o que é ruim é diminuir os outros.

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Compare isto com as cidades.

Que horror, se as mulheres fossem todas iguais.

Enfim, nossas mentes precisam DESESPERADAMENTE da diversidade, da desigualdade (boa): sem ela adoeceríamos e morreríamos de inanição mental.

Resumindo, tanto deve haver beleza externa (diversidade e harmonia das construções) quanto a CONDIÇÃO DE OBSERVAÇÃO, a liberdade interna, aquela que dá à pessoa o sentimento de liberdade do observar: isto pode se dar em qualquer lugar, com qualquer tipo de vida, em qualquer classe, em toda idade, qualquer que seja a raça e a situação política. Entrementes, seria melhor se a pessoa pudesse contar AMBIENTALMENTE em seu entorno com as CONDIÇÕES DE LIBERDADE, as garantias institucionais.

Capítulo 9 Superbeleza

Evidentemente a beleza é um ESTADO DE HARMONIA: de harmonia

externa (a beleza enquanto potência ambiental) e de harmonia interna. QUANDO PERGUNTAMOS POR BELEZA NO GOOGLE (há uma fixação pela beleza feminina, como se ela fosse a única, e sempre na mesma faixa de idade, a da resposta sexual; ou nos salões de beleza, que compõe máscaras)

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O que é a beleza? Não cabe aqui discutir os critérios todos, mas podemos simplificar para

o foco, dizendo que é o encontro da oferta com a procura: do potencial exterior com o potencial interior. Dizendo de outro modo, a beleza é exponencial em sua percepção, ela pode ser aprendida (e compartilhada pela educação). Não é verdade que gosto não se discuta; de fato, todo desfile de moda é discussão do gosto, é rejeição do gosto corrente que se propõe substituir pela futura moda como dominância. É uma luta, como todas as outras se dando num ringue elegante.

O BOXE DA MODA (não parece, mas é luta pela sobrevivência do mais apto, é guerra como todas as outras; neste caso pela imposição das indicações a respeito da “beleza da estação”: são quatro guerras por ano e dão-se em muitos países-guias)

A beleza também provoca guerras e, se existisse, a superbeleza

provocaria superguerras: se Deus viesse à Terra as pessoas se alinhariam automaticamente entre os que têm Deus e os que não têm Deus, criando então uma superguerra. As guerras religiosas são isso, elas acontecem entre os que acham que têm Deus e os outros, os que aqueles acham que não têm Deus (estes são chamados in-fiéis, os que não sabem ser fiéis).

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Entretanto, a superafirmação da beleza, a beleza por si mesma também é índice de opressão. A polarização na beleza é índice de desvio, é indicação de que as coisas foram levadas muito no sentido da direita, do direitismo, do superaproveitamento do mundo por poucos.

CONCENTRAÇÃO DA BELEZA NAS MÃOS DE POUCO

Apenas 2 % detêm mais da metade da riquezas mundial, diz ONU 05 de dezembro de 2006

Dois por cento dos adultos do planeta detêm mais de metade da riqueza mundial, incluindo propriedades e ativos financeiros, revelou um estudo realizado por um instituto de

desenvolvimento da Organização das Nações Unidas (ONU) e divulgado na terça-feira. Apesar de a renda global estar distribuída de forma desigual, a distribuição da riqueza é ainda

mais distorcida, afirmou o estudo do Instituto Mundial de Pesquisa sobre a Economia do Desenvolvimento, da Universidade das Nações Unidas.

"A riqueza está fortemente concentrada na América do Norte, na Europa e nos países de alta renda da Ásia e do Pacífico. Os moradores desses países detêm juntos quase 90 por cento do

total da riqueza do planeta", disse a pesquisa. O instituto, com sede em Helsinque, afirmou que o estudo era o primeiro de abrangência

mundial a respeito da questão, para a qual há poucos dados disponíveis. "Nós calculamos que os 2 por cento dos adultos mais ricos do mundo possuem mais da

metade da riqueza global enquanto os 50 por cento mais pobres, 1 por cento", disse Anthony Shorrocks, diretor do instituto.

Shorrocks comparou o quadro a uma situação hipotética em que, de um grupo de dez pessoas, uma teria 99 dólares e as demais, apenas 1 dólar.

"Se pensarmos que a renda vem sendo distribuída de forma desigual, a riqueza está distribuída de forma ainda mais desigual", disse o diretor do instituto.

Segundo o estudo, em 2000, um casal precisava de um patrimônio de 1 milhão de dólares para estar entre os 1 por cento mais ricos do mundo —um grupo que reúne 37 milhões de

pessoas. Mais de metade dessas pessoas moram nos EUA ou no Japão.

E o estudo descobriu que um patrimônio líquido de 2.200 dólares por adulto colocaria uma família na metade superior da distribuição de riqueza.

S (50 % para 2 %, ½ para 1/50, relação de 100/1; enquanto do outro lado a relação é de 50 % para 98 %, ½ para 100/98 ~ 1, relação 2/1 – lá, 1 pode pretender 100, aqui 1 pode pretender 2; e, mesmo assim, esse segundo segmento compreende relações MUITO MAIS perversas)

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"A urbanização aumentou o número de propriedades e de proprietários, mas não

Meios de produção da riqueza Só 6% controlam geração de renda no Brasil

Os meios de produção de riqueza do País estão concentrados nas mãos de 6% dos

brasileiros. É uma das conclusões apresentadas no livro Proprietários: Concentração e Continuidade lançado no dia 2 de abril, na sede do Conselho Regional de Economia

(Corecon), em São Paulo. A publicação é o terceiro volume da série Atlas da Nova Estratificação Social do Brasil,

produzida por Marcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e vários economistas do órgão.

Do livro, consta um levantamento que revela que, de cada 20 brasileiros, apenas um é dono de alguma propriedade geradora de renda: empresa, imóvel, propriedade rural ou até

mesmo conhecimento - também considerado um bem pelos pesquisadores. Em entrevista coletiva organizada para o lançamento do livro, Pochmann afirmou que a concentração das propriedades no Brasil é antiga e remete aos tempos da colonização.

Desde a concessão das primeiras propriedades agrícolas, passando pela industrialização ocorrida no século 20, até o aumento da atividade financeira, os meios de produção sempre

estiveram sob controle da mesma e restrita parcela da população nacional.

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acompanhou o aumento da população. A concentração permanece. Nós [brasileiros] nunca vivemos uma experiência de democratização do acesso às propriedades no nosso País",

disse. De acordo com o livro, os proprietários brasileiros têm um perfil específico comum. A grande maioria tem entre 30 e 50 anos de idade, é de cor branca, concluiu o ensino

superior, e não têm sócios. Para Pochmann, o quadro da distribuição das propriedades brasileira é grave. O Brasil tem

seus meios de produção de riqueza mais mal distribuídos entre os países da América Latina, por exemplo. E isso não deve mudar em um curto prazo, segundo o economista.

"Estamos fazendo reforma agrária desde os anos 50 e nossa distribuição fundiária é pior do que a de 50 anos atrás; nossa carga tributária onera os mais pobres; a única coisa que vai bem é a educação", afirmou ele, citando dados que apontam que o percentual dos jovens que frequenta a universidade passou de 5, 6%, em 1995, para cerca de 12%, em 2007. Pochmann disse porem que mesmo com o aumento dos índices da educação, ele ainda

está muito aquém do encontrado na Europa, onde 40% dos jovens têm diploma universitário. Ressaltou também que a mudança da distribuição das propriedades por meio

da educação é a forma mais lenta de justiça. Fonte: Agência Brasil.

Capítulo 10 Com-ciência

A desigualdade também é bela. Quando ela é superafirmada é que é feia. Se a desigualdade é uma questão de grau, ela pode ser estudada e

resolvida pela tecnociência e os demais conhecimentos (magia-arte, teologia-religião, filosofia-ideologia, ciência-técnica e matemática). É assunto que pode ser investigado & desenvolvido, é objeto de consciência, não é só sentimental. Se de um lado está a desigualdade boa, a diversidade a respeitar, e do outro está a desigualdade ruim, a opressão, ENTÃO o par polar constitui objeto de lógica e pode ser desvendado.

Pode ser problematizado e pode ser resolvido. Não é inalcançável. Esta é uma notícia e tanto. Vitória, sexta-feira, 1º de maio de 2009 (dia do trabalho). José Augusto Gava.