A Base Genuína DA Unidade 1979 - Witness Lee

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1 A A G G E E N N U U I I N N A A B B A A S S E E D D A A U U N N I I D D A A D D E E Witness Lee

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GGEENNUUIINNAA BBAASSEE DDAA

UUNNIIDDAADDEE

Witness Lee

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CONTEÚDO

1. A Unidade nos Quatro Grandes Atos de Deus 2. Vida e Luz — a Essência Unidade 3. Babel, Babilônia, e a Grande Babilônia —

Resultados da Divisão 4. O Único Lugar da Escolha de Deus para Preservar

a Unidade 5. Desfrutando Cristo com Deus na Base da Unidade 6. As Bênçãos da Vida sob o Óleo da Unção e o Regar

do Orvalho na Base da Unidade (1) 7. As Bênçãos da Vida sob o Óleo da Unção e o Regar

do Orvalho na Base da Unidade (2) 8. O Prejuízo e a Perda da Base da Unidade 9. A Restauração e o Testemunho da Base da Unidade 10. A Revelação Final e Máxima da Unidade

Local e Sua Restauração

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PREFÁCIO

Este livro é composto de mensagens dadas pelo Irmão Witness Lee in Agosto de 1979 em Anaheim, Califórnia.

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CAPÍTULO UM

A UNIDADE NOS QUATRO GRANDES ATOS DE DEUS

Leitura Bíblica: Gn 1:26; 2:8-9, 16-17, 22; 12:1-2; Mt 16:16-19; Ef 1:22-23; 3:9-11, 21; 4:4-6, 11-12; 5:25-27; Cl 3:10-11; Ap 21:2-3; 22:1-2

Sempre que falamos sobre a base da igreja, nós nos encontramos engajados numa luta espiritual. Satanás, o inimigo de Deus, odeia essa questão da base da igreja, a qual tem sido escondida do povo de Deus por séculos. A base da igreja está diretamente relacionada com a importância da igreja. Certas porções da Palavra como Mateus, Efésios e Apocalipse revelam a importância da igreja. Vamos primeiramente considerar a importância da igreja como mostrado nesses livros. E assim prosseguir e considerar os aspectos interiores e exteriores da igreja. Isso nos preparará para apreciar a unidade manifestada nos quatro grandes atos de Deus.

PLANEJADA NA ETERNIDADE PASSADA

Em Efésios, um livro sobre a igreja, vemos que a igreja foi planejada por Deus na eternidade passada. De acordo com o desejo do Seu coração, Deus planejou ter a igreja antes do inicio dos tempos. Portanto, a igreja é segundo o propósito eterno de Deus, segundo o plano eterno de Deus. Embora a igreja tenha vindo à existência no tempo, ela foi planejada por Deus na eternidade.

Hoje, poucos Cristãos têm consideração pela igreja. Eles tendem a tomar a igreja em questões como receber a

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salvação, santidade, vitória e espiritualidade. Quando os Cristãos falam da igreja, geralmente é de uma critica ou controversa. Poucos crentes prestam atenção a igreja de forma positiva. Muitos buscadores consideram perda de tempo dedicar sua atenção a igreja. Todavia, no livro de Efésios vemos que a igreja está relacionada com a vontade e o desejo do coração de Deus. Uma vez que a igreja tem grande importância aos olhos de Deus, não ousamos tomá-la negligentemente.

O CORPO, A PLENITUDE DE CRISTO

Efésios também revela que a igreja é o Corpo, “a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas” (1:23). A igreja é o corpo, a plenitude do Cristo todo inclusivo, infinito e ilimitado. Quão incrível é a igreja! Não é uma mera associação ou organização religiosa. A igreja é o legitimo Corpo de Cristo. Da mesma forma que precisamos de um corpo físico para nos expressar, assim também o Cristo infinito e ilimitado precisa de um Corpo como Sua plenitude a fim de expressar-Se no universo. Certamente, isso é muito mais importante do que salvação pessoal ou espiritualidade. Se virmos que a igreja é o Corpo, a plenitude do Cristo todo inclusivo, nunca mais consideraremos a igreja como uma questão insignificante.

O OBJETIVO DA MORTE DE CRISTO

Em Efésios 5:25 Paulo diz que Cristo “amou a igreja e a Si mesmo se entregou por ela.” Isso indica que quando Cristo morreu na cruz, Ele Se entregou pela igreja. O objetivo da Sua morte foi produzir a igreja. Quando somos salvos, percebemos que Cristo nos amou e morreu por nós. Evidentemente, isso é uma percepção

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correta. No entanto, também precisamos ver que Cristo nos amou e morreu por nós para que possamos ser parte da igreja. Por fim, Ele amou a igreja e morreu com o objetivo de produzir a igreja. O amor de Cristo manifestado em Sua morte na cruz tinha um objetivo definido. Esse objetivo não é ter milhões de crentes individuais; é ter a igreja. Cristo nos amou por causa da igreja. Ele nos amou e morreu por nós para que possamos ser membros do Seu Corpo, a igreja.

A FINALIDADE DOS DONS

Efésios 4:11 e 12 diz que Cristo “concedeu uns como apóstolos, outros como profetas, outros como evangelistas e outros como pastores e mestres, tendo em vista o aperfeiçoa-mento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo.” Cristo não concedeu tais dons para a igreja com o propósito de completar uma obra de evangelismo, ensinamento Bíblico ou edificação. Todos esses dons foram dados com a finalidade de aperfeiçoar os santos para a edificação do Corpo. Os apóstolos, profetas, evange-listas, pastores e mestres foram dados com vistas a um objetivo: de aperfeiçoar os santos para a edificação da igreja. No entanto, a igreja é negligenciada em muitas obras e atividades no cristianismo atual. Portanto, precisamos ser impressionados com a importância da igreja. De acordo com Efésios, o propósito de Deus está relacionado com a igreja, e Ele concedeu todos os dons para a edificação da igreja.

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TORNANDO-SE FILHOS PARA O CORPO

Mateus 16 também indica a importância da igreja. Em 16:15 o Senhor diz a Seus discípulos, “mas vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro tomou a liderança e respondeu, “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (v. 16). Pedro recebeu a revelação de que Jesus era o Cristo, Aquele nomeado por Deus para completar a comissão de Deus. Sem duvida, essa comissão está relacionada com a edificação da igreja. Pedro viu que o Senhor Jesus era tanto Cristo como o Filho de Deus. Como Filho do Deus vivo, o Senhor produziu os muitos filhos de Deus que são os membros do Corpo. O Corpo de Cristo não pode ser constituído com o homem natural. Pelo contrario, Seu Corpo pode ser constituído somente com aqueles que foram regenerados e se tornaram filhos de Deus.

Quando nós cremos no Senhor Jesus, nós O recebemos como o Filho do Deus vivo, não somente como Salvador e Redentor. A maioria dos Cristãos percebe que no momento em que são salvos eles recebem Cristo como Salvador e Redentor, mas não muitos percebem que eles também O receberam como o Filho do Deus vivo. Quando eu fui convertido para Cristo, eu não tinha essa percepção. Nosso Salvador, Jesus Cristo, é o Filho do Deus vivo. O significado deste titulo de Cristo é que Ele é Aquele que nos faz filhos de Deus. Através de receber Cristo como o Filho de Deus, nós também nos tornamos filhos de Deus.

De acordo com o livro de Romanos, todos que foram justificados pela fé em Cristo são membros do Corpo de Cristo. No entanto, com o objetivo de sermos membros do Corpo, nós precisamos primeiramente nos tornar filhos de Deus; isso é, nós precisamos ser “filificados.” Por esta razão, a filiação é mencionada no capítulo oito de Romanos, enquanto que o Corpo é

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mencionado no capítulo doze. Somente através de nos tornarmos filhos de Deus é que podemos nos tornar membros do Corpo de Cristo.

PARA A EDIFICAÇÃO DA IGREJA

Pedro foi abençoado para ver a revelação de que Jesus é O ungido para levar a cabo comissão de Deus e também é o Filho de Deus para produzir os muitos filhos de Deus para serem os membros do Corpo, a igreja. Tão logo Pedro declarou que Jesus era o Cristo, o Filho do Deus vivo, o Senhor prosseguiu e falou a respeito da edificação da Sua igreja: “Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja” (v. 18). Isso indica que tudo o que Cristo é, é para a edificação da igreja. Não somente a morte de Cristo é para a igreja, mas Ele mesmo, Sua própria Pessoa com todas as Suas qualificações, títulos, e serviços, são também para a edificação da igreja.

DOIS REINOS

Além disso, o Senhor Jesus disse a Pedro que as portas do Hades não prevaleceriam contra a igreja edificada. A igreja afeta as portas do Hades. No versículo 19 o Senhor Jesus falou das chaves do reino dos céus. As portas do Hades se referem ao reino do poder de Satanás, aqui o reino dos céus se refere ao reino do governo de Deus. Aqui nós temos dois reinos: o reino infernal do poder de Satanás e o reino celestial do reino de Deus. A igreja tem a ver com esses dois reinos. Satanás, o sutil, é cheio de ódio quando os filhos de Deus se preocupam com a igreja. Ele sabe que a igreja é capaz de lidar com as portas do Hades. Ele sabe que as portas do Hades não podem prevalecer contra a igreja edificada por Cristo

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sobre a rocha, o qual se refere tanto a Cristo quanto a revelação dada a Pedro pelo Pai. O Senhor Jesus não falou que as portas do Hades não prevaleceriam contra os milhões de Cristãos salvos por meio Dele. Crentes individualistas não são ameaça para o inimigo. No entanto, quando os crentes se unem para ser a igreja, Satanás treme, e as portas do Hades são ameaçadas.

A palavra do Senhor aqui implica que enquanto Ele está edificando a igreja, as portas do Hades irão se levantar contra ela. Mas elas não podem prevalecer contra a igreja edificada por Cristo. A palavra prevalecer implica luta. Enquanto a igreja é edificada, uma batalha está sendo travada. Todavia, nessa luta as portas do Hades não podem prevalecer contra a igreja.

Antes da restauração do Senhor chegar a este país, não havia nenhuma espécie de luta espiritual que hoje vemos. Nós na restauração estamos em pequeno número, especialmente se comparado com a Igreja Católica Romana e a maioria das denominações. Embora nós sejamos pequenos e aparentemente insignificantes, nós somos ferozmente atacados e contrariados. Por detrás desse ataque e oposição está o poder de Satanás, as portas do Hades. Antes de o Senhor começar a restaurar a vida da igreja nesse país, o poder das trevas podia se dar ao luxo de descansar. Mas agora que o Senhor está em processo de edificação da vida da igreja adequada, esse poder se levanta contra a igreja. Mas a igreja tem as chaves do reino dos céus, e essas chaves prevalecerão contra as portas do Hades.

O conflito entre a igreja e as portas do Hades é uma grande indicação da importância da igreja. Em qualquer lugar que a igreja estiver, ali as portas do Hades não podem prevalecer, ali o reino dos céus é forte e prevalecente. Na igreja as chaves do reino funcionam com poder.

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O TESTEMUNHO DE JESUS

Em Apocalipse, como o ultimo livro do Novo Testa-

mento, a importância da igreja é ainda mais enfatizada como o testemunho de Jesus em cada localidade. Cada igreja local é um candelabro brilhando Cristo. Sem uma igreja local adequada, o testemunho de Jesus não pode ser prático e prevalecente.

OS ASPECTOS INTERIORES E

EXTERIORES DA IGREJA

Tendo visto a importância da igreja, nós agora chega-mos aos aspectos interiores e exteriores da igreja. De acordo com o princípio ordenado por Deus, tudo no universo virtualmente tem dois aspectos, o aspecto interior relacio-nado com o conteúdo e o aspecto exterior relacionado com a aparência. Isso também é verdade para a igreja. O aspecto interior da igreja é o conteúdo da igreja e está relacionado com o testemunho da igreja. O aspecto exterior da igreja está relacionado com a base da igreja, com a aparência da igreja. O conteúdo da igreja é o testemunho da igreja, mas a aparência da igreja é a base da igreja. Muitos assim chamados crentes espirituais se preocupam somente com o conteúdo da igreja, o testemunho, mas não para a base da igreja. Contudo, é ridículo preocupar-se com um aspecto e negligenciar o outro. Nós devemos ter uma alta consideração pelos dois: o conteúdo da igreja e a base da igreja.

Nossa existência como seres humanos testifica que nós devemos nos preocupar com os dois aspectos. Como homens, nós temos um aspecto interior, nosso espírito e

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nossa alma, e um aspecto exterior também, nosso corpo. Embora nós apreciemos muito nosso espírito e nossa alma, nós também devemos devotar uma grande atenção para o cuidado com o nosso corpo físico. Atualmente, a maioria das coisas em nossa cultura são designadas para cuidar da existência física do homem. Nós não ousamos diminuir a importância do aspecto externo da vida humana.

A IMPORTANCIA DA BASE DA IGREJA

Embora nós possamos facilmente ver a importância do aspecto exterior da vida humana, nós podemos não ver a importância do aspecto exterior da igreja. Muitas assim chamadas pessoas espirituais ignoram a base da igreja. Eles podem até declarar que esse aspecto da igreja é desnecessário e não importante. Eles podem perceber que tocar esse aspecto da igreja pode causar problemas. Ao lidar com a espiritualidade ou com o testemunho espiritual da igreja, pelo contrário, os problemas podem ser diminuídos. Mas quando chegamos ao aspecto externo da igreja, a base da igreja, muitos problemas se levantam. Esse é o motivo pelo qual aqueles que buscam espiritualidade sempre tentam evitar a questão da base da igreja. Todavia, assim como nos preocupamos com o nosso corpo físico com o intuito de manter nossa existência, assim também nós devemos nos preocupar com a base da igreja para uma prática adequada da vida da igreja. Fora da base da igreja, não tem caminho para a igreja existir de uma maneira prática. Pelo fato de a base da igreja ser negligenciada, não há expressão prática da igreja no Cristianismo de hoje. Por isso nós vemos que a questão da base da igreja é extremamente crucial.

Mais de cinqüenta anos atrás na China, o Senhor levantou um grupo de jovens Cristãos e os trouxe para

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Sua restauração. Com o passar do tempo, gradualmente vimos a base da igreja. De qualquer forma, não foi antes de 1937, quando o Irmão Nee entregou as mensagens escritas The Normal Christian Church Life, que nós vimos claramente a importância da base da igreja. Agora, pela misericórdia do Senhor, essa questão tem se tornado cristalina para nós.

A questão da base da igreja expõe a seriedade da divisão. Sempre que nos voltamos para a base da igreja, nós devemos estar preparados para enfrentar o problema da divisão. Como todos sabem, hoje há centenas de divisões entre os Cristãos. Essas divisões estão todas relacionadas com a negligência da base da igreja, não com o conteúdo ou testemunho da igreja.

A base da igreja é a unidade da igreja. Quando nós temos unidade, nós temos a base. Mas se perdemos a unidade genuína, nós também perdemos a base. Portanto, para falar da base da igreja é nos necessário ver a unidade da igreja. Essa unidade é uma grande verdade nas Escrituras.

A UNIDADE DE DEUS NA CRIAÇÃO

A Bíblia revela quatro grandes ações ou atividades de Deus: criação, eleição, a nova criação e a Nova Jerusalém. Em cada uma dessas quatro ações nós vemos a questão da unidade. As primeiras três ações – a criação, eleição do povo de Israel e a formação da igreja como a nova criação – já aconteceram. A vinda da Nova Jerusalém, a nova cidade de Deus, ocorrerá no futuro. Após o milênio, essa nova cidade será manifestada em plenitude.

A criação de Deus é unicamente uma. Ele não criou mais de um universo. Além disso, nesse único universo, o

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homem é o foco da criação de Deus. A Bíblia claramente revela que Deus criou somente um homem. Quando eu era jovem, eu me perguntava por que Deus não criou bilhões de pessoas ao mesmo tempo. Parecia para mim que isso seria mais sábio, da parte de Deus, para o cumprimento da obra da criação. Certamente Deus era capaz de simultaneamente criar bilhões de pessoas. No entanto, Ele não fez dessa forma. Por causa da unidade, Deus criou um homem, Adão.

Gênesis 1:26 diz, “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenham eles domínio.” De acordo com esse versículo, Deus primeiramente disse, “Façamos o homem.” Então Ele prosseguiu e disse, “tenham eles domínio.” Ao Se referir ao homem criado a Sua imagem, Deus usou o pronome no plural. Isso indica que o homem criado por Deus era um homem corporativo. Isso foi para manter a unidade.

Esse princípio é aplicado na igreja hoje. Por um

lado, com referência a igreja, nós podemos falar da igreja em uma localidade particular, como a igreja e Anaheim. Mas, por outro lado, nós também podemos nos referir à igreja usando pronomes tais como nós ou nos para denotar os membros da igreja. Porque a igreja é uma entidade corporativa, ela inclui todos os crentes em uma localidade. Então, ao se referir à igreja, nós podemos falar da igreja tanto no singular ou como nós, os crentes em Cristo, no plural. Isso significa que a igreja é uma entidade corporativa e que nós somos a igreja. Assim como a igreja é uma entidade corporativa, assim também, em princípio, o homem criado por Deus é um homem corporativo.

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A UNIDADE DE DEUS NA ESCOLHA

De qualquer forma, devido às repetidas quedas do homem, o homem corporativo criado por Deus se tornou caído. Pouco a pouco o homem criado para o propósito de Deus caiu cada vez mais baixo, com o estágio mais baixo em Babel, ele foi dividido em nações. O homem era de Deus, mas as muitas nações tiveram sua origem no Maligno. As nações eram diabólicas porque elas eram a divisão do homem corporativo criado por Deus para o cumprimento do Seu propósito. Quando esse homem corporativo se tornou as nações, ele não poderia mais realizar o propósito de Deus. Nesse ponto, Deus foi forçado a desistir da humanidade criada. Então, por causa do Seu propósito eterno, Deus veio para chamar um homem, Abraão, para ser o pai da raça chamada. Ele selecionou uma pessoa de entre a humanidade caída para ser o pai da raça chamada. Assim como Deus tinha criado um homem, assim também, Ele chamou somente um homem. Nós podemos pensar que Deus poderia ter chamado uma multidão. Se nós fossemos Deus no tempo do chamamento de Abraão, nós certamente teríamos chamado muitas pessoas. De qualquer forma, isso seria contra a natureza de Deus de chamar mais de uma pessoa. A natureza de Deus é unidade. Portanto, tanto na criação como na seleção Ele foi fiel a Sua natureza. Quando Paulo fala da unidade da igreja em Efésios 4, ele fala de um só Espírito, um só Senhor, um só Deus. Pelo fato de Deus ser unicamente um, Ele é obrigado a seguir Sua natureza em criar um homem e também chamar um homem. Agir diferentemente seria contrário a Sua natureza.

Deus não age apressadamente. Ainda que Ele seja o Deus todo poderoso, Ele nunca faz nada de forma apressada. Ele criou um homem, Adão, e Ele selecionou

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um homem, Abraão. Porque Sua natureza é unidade, Ele criou somente uma pessoa e chamou somente uma pessoa.

Quando os descendentes de Abraão estavam para entrar na boa terra, Deus ordenou a eles que não O adorassem em um lugar da escolha deles (Dt 12:8). Pelo contrário, eles foram ordenados a ir para um lugar da escolha de Deus, para o lugar onde Ele tivesse escolhido pôr o Seu nome e habitação (Dt 12:5). Não importando quantos israelitas pudesse haver, eles foram ordenados a ir para esse único lugar três vezes ao ano. De acordo com o conceito natural, tal ordenança não tinha sentido. Todavia, Deus ordenou isso para o Seu povo com o objetivo de manter a unidade. Contudo, a unidade do povo de Deus conseqüen-temente foi perdida. Primeiramente, a unidade da huma-nidade criada foi danificada. Além disso, por causa da degradação da nação de Israel, a unidade do povo escolhido por Deus foi também destruída. Alguns foram levados a Assíria, outros para o Egito e outros tantos para Babilônia. Tal divisão do povo de Deus foi uma frustração para o cumprimento de Seu propósito.

A UNIDADE DE DEUS NA NOVA CRIAÇÃO

Ao produzir a igreja como a nova criação, Deus

também agiu de acordo com Sua natureza de unidade. Quantas igrejas foram produzidas no dia de Pentecostes? A resposta, como todos nós sabemos, é que em Pentecostes somente uma igreja veio a existência. O Senhor Jesus viveu na terra por trinta e três anos e meio. Ao final desses anos, Ele não tinha, como se poderia esperar, milhões de seguidores. Ele não estabeleceu escolas para treinamento de discípulos. Durante os anos

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do Seu ministério, o Senhor milagrosamente alimentou uma multidão em pelo menos duas ocasiões. Contudo, Ele aparentemente não fez nada para manter um grande número de seguidores. Então, no dia de Pentecostes somente cento e vinte estavam se reunindo.

Mais uma vez vemos que o caminho de Deus é a unidade. Por esta razão, somente uma igreja foi gerada no dia de Pentecostes, o dia que marcou o começo da vida da igreja. Isso indica que o começo da igreja foi de uma forma única de unidade que é de acordo com a natureza de Deus. As muitas igrejas que vieram à existência através da expansão da vida da igreja podem ser comparadas com os descendentes de Adão e Abraão. Embora Adão tivesse incontáveis descendentes, o fato de na criação de Deus haver somente um homem permanece. De maneira semelhante, embora os descendentes de Abraão tivessem que ser como a areia do mar, Deus apesar de tudo originalmente chamou somente uma pessoa. Agora no Novo Testamento nós vemos que no dia de Pentecostes somente uma igreja foi produzida pelo Espírito. Essa igreja é o Corpo e também o novo homem.

Como o novo homem, a igreja é um homem corpo-rativo, assim como Adão era um homem corporativo. Além disso, o homem como a criação corporativa de Deus se dividiu em nações, assim também o homem corporativo da nova criação de Deus foi dividido em denominações. Isso é trabalho de Satanás. As nações danificaram o homem da criação de Deus e as denominações têm danificado o homem corporativo da nova criação de Deus. Assim como o homem corporativo criado por Deus foi dividido e dispersado, como os filhos de Israel foram divididos e espalhados, da mesma forma a igreja como o novo homem tem sido dividida. Embora essa divisão seja uma frustração para o cumprimento do

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propósito de Deus, Deus não pode ser derrotado. Seu propósito será cumprido.

A UNIDADE DE DEUS NA NOVA JERUSALÉM

Finalmente, o propósito de Deus será cumprido

através da nova cidade, a Nova Jerusalém. Aos olhos de Deus, essa nova cidade já veio à existência. O princípio da nova cidade é a mesma da criação do homem. Depois que o homem foi criado por Deus, ele foi colocado em frente a uma única árvore, a árvore da vida. Ele foi também advertido a não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. Comer da árvore da vida é manter a unidade, mas comer da árvore do conhecimento do bem e do mal é cair na divisão, é estar envolvido em morte, trevas, e com o Diabo. Então, o princípio de Deus em Sua criação foi criar um homem e colocá-lo em frente de uma única árvore. Esse princípio é aplicado também à Nova Jerusalém. Nessa cidade única nós vemos um trono, uma rua, um rio e uma árvore da vida em ambos os lados do rio.

De acordo com Efésios 1:10, Cristo, que é o centro da economia de Deus, irá finalmente encabeçar todas as coisas através da igreja. Efésios 1:10 será cumprido na era da Nova Jerusalém no novo céu e nova terra. A cidade da Nova Jerusalém vai ser usada por Deus para encabeçar todas as coisas para a unidade. Isso significa que para a eternidade não haverá divisão, somente unidade.

NA BASE DA UNIDADE

Do princípio em Gênesis 1 até a consumação em Apocalipse 22, nós consistentemente vemos a unidade divina. Deus é um, e o homem criado por Deus também é um. Esse único homem foi colocado em frente de uma

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única árvore da vida. Depois que o homem corporativo criado por Deus foi dividido em nações, Deus escolheu um homem, Abraão. Então, séculos depois, Ele produziu uma igreja. Finalmente, Deus terá uma cidade eterna com um trono, uma rua, um rio e uma árvore. Em cada uma das quatro grandes ações de Deus, portanto, nós vemos o princípio da unidade. Isso deve nos fazer perceber que a igreja hoje deve estar em unidade e deve ser edificada na base da unidade. Unidade é a própria base da igreja. Que o Senhor nos conceda luz a respeito dessa unidade preciosa.

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CAPÍTULO DOIS

VIDA E LUZ – A ESSÊNCIA DA UNIDADE Leitura Bíblica: Gn 2:8-9; Lv 1:1-2a; Sl 36:8-9a; 133:1-3; Is 2:3, 5; Jo 17:11, 17, 21-23; Ef 4:3-6; Ap 21:22-24; 22:1-2; Ef 1:10

No capítulo anterior nós salientamos que as quatro grandes ações de Deus no universo estão relacionadas com a criação, chamamento, nova criação e a Nova Jerusalém no novo céu e nova terra. Em cada uma dessas ações nós vemos a questão da unidade. Na criação de Deus havia somente um homem corporativo, e no chamamento de Deus a Abraão havia também um só homem. Além disso, a igreja, o novo homem é unicamente um como a nova criação de Deus. Finalmente, a nova cidade no novo universo será caracte-rizada pela unidade. Na verdade, a cidade será um homem corporativo. Portanto, unidade é o elemento básico das ações de Deus.

A UNIDADE ABRANGENTE

A razão para essa unidade é que o próprio Deus é um. Unidade é a Sua natureza. Em todas as ações de Deus nós vemos uma origem, um elemento e uma essência. Na criação de Deus nós vemos um Deus e um homem corporativo. Em Seu chamamento nós também temos um Deus e um homem. Além disso, na igreja nós temos um Espírito e um novo homem. Finalmente, na Nova Jerusalém nós temos o único Deus Triúno na única cidade caracterizada pelo único trono, uma rua, um rio e uma árvore. Então, a unidade da qual estamos falando

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não é uma unidade parcial; é uma unidade vasta, completa e abrangente, a unidade em plenitude. Que todos nós sejamos impressionados com a visão de tal unidade. Se virmos a visão da plenitude da unidade, todos os germes da divisão serão mortos e seremos livrados de todo o tipo de divisão.

Nesse capítulo nós precisamos prosseguir e ver a essência da unidade. O que é a essência dessa grande unidade, a unidade em plenitude? A essência desta unidade é vida e luz.

UNIDADE PRESERVADA PELA VIDA

Gênesis 2:8 diz, “Então plantou o Senhor Deus um jardim, da banda do oriente, no Éden; e pôs ali o homem que tinha formado.” Um jardim é um lugar de vida. Depois que Deus criou o homem, Ele o pôs num lugar que era cheio de vida. No meio desse lugar, o jardim do Éden, havia uma árvore chamada a árvore da vida. Não somente o jardim era um lugar de vida, mas no centro desse lugar havia a árvore da vida. O fato de o Criador colocar o homem em tal ambiente indica que Deus estava Se apresentando para o homem como a fonte da vida e também como o suprimento de vida.

O homem, no entanto, não tomou da árvore da vida. Ao invés disso, ele comeu do fruto do conhecimento e como resultado foi finalmente dividido em nações. Em Babel, o homem criado por Deus para o Seu propósito foi dividido em nações. Esse foi o resultado de ser seduzido por Satanás a comer da árvore do conhecimento. Babel foi a conseqüência, o resultado de comer do fruto da árvore do conhecimento. Isso indica que nós devemos nos precaver de tudo que não é vida, porque tais coisas resultarão em divisão, Babel.

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Como nós veremos, há uma decadência progressiva de Babel para Babilônia e de Babilônia para a grande Babilônia. Voltando para o inicio do Antigo Testamento, nós temos Babel, mas no final nós temos Babilônia. Então, no final do Novo Testamento, nós temos a grande Babilônia. Babel, Babilônia e a grande Babilônia são todas da fonte da árvore do conhecimento. Isso significa que o resultado de tomar da árvore do conhecimento é divisão.

Vida ao contrário, é a essência da unidade. A unidade na economia de Deus, a grande unidade revelada em toda a Escritura, pode ser preservada somente pela vida. Sem vida, não pode haver unidade.

O corpo do homem ilustra isso. Ainda que haja muitos membros no corpo, todos os membros são um porque todos eles compartilham uma vida, a vida do corpo. Então, a unidade do nosso corpo físico é sua vida. Contudo, quando um corpo é enterrado, ele finalmente se decompõe porque ele não tem vida. Quando a vida é removida do corpo físico, os membros do corpo se separam. Isso ilustra o fato de que a essência da unidade do corpo físico do homem é sua vida física. Se não há vida, não há unidade.

Em um sentido muito real, o cristianismo de hoje não é o corpo; é um cadáver. Os ossos secos em Ezequiel 37 não são apenas uma ilustração da situação dos filhos de Israel, mas também podem ser usados como uma ilustração da situação dos Cristãos hoje. Nessa porção da palavra, o Senhor fez com que Ezequiel tivesse a visão do vale cheio de ossos secos, ossos que representam “toda a casa de Israel” (v. 11). Originalmente, os filhos de Israel eram um corpo vivo. Mas depois que eles foram divididos e dispersos, eles se tornaram ossos secos, a essência da unidade foi perdida, e os ossos foram separados. De uma

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forma negativa, isso revela que a vida é a essência da unidade.

O homem corporativo criado por Deus foi destinado a produzir um grande número de descendentes. Como esses descendentes podem permanecer um? Por educação? Por algum tipo de poder? Por organização? A única forma da unidade ser mantida é pela vida, em vida e com vida. Se Adão tivesse comido da árvore da vida, todos os seus descendentes, apesar de serem milhões, poderiam ter mantido a unidade. Mas porque Adão tomou da árvore do conhecimento, a essência da divisão foi injetada nele, e seus descendentes foram divididos. A essência de Babel que é manifestada em Gênesis 11 foi colocada no homem em Gênesis 3. Isso indica que a divisão e divisões são o resultado de tomarmos algo para dentro do nosso ser, além de vida. Esse elemento é o fator, fonte e essência da divisão. A essência da unidade, pelo contrario, é vida. Somente vida pode nos manter em unidade.

A PRESENÇA DE DEUS SENDO VIDA PARA ABRAÃO

Por causa de Babel, Deus foi forçado a desistir da

raça criada e iniciar uma outra ação – Seu chamamento à Abraão. O registro em Gênesis a respeito de Abraão não usa as palavras luz e vida. Todavia, na verdade, as questões de vida e luz têm muito a ver com o chamamento de Abraão. A presença de Deus era com Abraão e Sua presença era vida para ele. Quando Abraão foi chamado por Deus ele não sabia para onde ir. Ele não tinha um mapa ou qualquer outra direção detalhada. A presença de Deus era seu mapa, sua orientação e seu suprimento. A presença de Deus era vida e tudo para

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Abraão. Fora da presença de Deus, Abraão não tinha nada. Ele certamente foi uma pessoa que desfrutou a presença de Deus.

De acordo com o registro no livro de Gênesis, Deus apareceu para Abraão algumas vezes. Evidentemente, quando Deus apareceu a ele, Ele falou com ele. Contudo, o falar de Deus não foi tão importante a Abraão quanto o Seu aparecimento. Atos 7:2 indica que Abraão foi chamado pela presença visível do Deus da glória.

O FALAR DE DEUS E A BASE DA UNIDADE

Quando os descendentes de Abraão, os filhos de Israel, fizeram o seu êxodo do Egito e foram trazidos ao deserto, eles construíram um tabernáculo. Deus fez morada nesse taber-náculo, e como resultado, se tornou a tenda da congregação. Os livros de Levítico e Números estão cheios do falar de Deus. Levítico 1:1 indica que o Senhor falou com Moisés da tenda da congregação. Dessa forma, o tabernáculo, a tenda da congregação se tornou o centro do oráculo de Deus, do falar de Deus. Quase todo o livro de Levítico é um registro do falar de Deus da tenda da congregação.

Se Moisés e os filhos de Israel tivessem se separado da tenda da congregação, eles não teriam ouvido a palavra de Deus. Talvez um filho de Israel dissesse, “Deus está em todo lugar. Que direito você tem de declarar que Ele fala somente no tabernáculo? Você é tão restrito e tão exclusivo. Deus é grande e Ele não está limitado a uma tenda. Você não pode falar que Deus fala somente nesse lugar. Você simplesmente não pode limitar o Deus ilimitado para a sua pequena tenda da congregação.” Sim, Deus é grande e Ele é onipresente. Mas de acordo com o Antigo Testamento, Ele está feliz em

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residir no tabernáculo construído para Ele no deserto pelo Seu povo. Embora os céus sejam espaçosos, Deus não está satisfeito em permanecer lá. Além disso, Ele não fala a Seu povo dos céus; Ele falou com eles da tenda da congregação.

Talvez você esteja se perguntando o que isso tem a ver com a base da igreja. O que o falar de Deus, você pode perguntar, tem a ver com a base da igreja? O falar de Deus está intimamente relacionado com a base da unidade. Se estivermos nessa base, a qual é a base genuína, nós teremos o falar de Deus dia após dia. Mas se não temos o falar de Deus, então provavelmente nós não temos a base da unidade.

De acordo com o livro de Levítico, Deus falou do Santo dos Santos. O livro de Levítico é o resultado desse tipo de falar divino. Portanto, o falar de Deus procede da unidade. Quando essa unidade é perdida, o oráculo de Deus também é perdido.

O falar de Deus traz luz, e luz resulta em vida. Quando nós não temos o falar de Deus, nós temos morte e trevas. Morte e trevas danificam o Corpo e causam separação dos membros. O cristianismo de hoje está cheio com morte e trevas porque falta a unidade genuína em vida.

RECEBENDO LUZ DO DEUS QUE FALA

Muitas vezes Cristãos têm perguntado onde nós conse-guimos a luz que é transmitida em nossos escritos. A respeito dessa questão de luz, nós não temos razão de nos vangloriar. Nós recebemos nossa luz do Deus que fala. Com o objetivo de receber luz, nós precisamos do falar de Deus na base adequada da unidade. Hoje Deus ainda fala na tenda da congregação, isso é, no centro da

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unidade e na base da unidade. A tenda da congregação é o lugar, a base da unidade. É nesse lugar que a palavra de Deus é falada para nos iluminar. Separado do falar de Deus nós estamos em trevas. Mas quando Sua palavra vem, nós estamos na luz. Onde o falar de Deus está, ai há sempre luz.

Muitos de nós podemos testificar que antes de virmos para a Restauração do Senhor, estávamos em trevas. Mas agora nós temos a sensação de que tudo está claro e transparente. Isso é luz. Na medida em que vocês ouvem as mensagens vocês experiênciam o brilhar de Deus. Em casa ou nas reuniões, vocês percebem que estão debaixo do iluminar de Deus. Esse iluminar vem do Deus que fala na base da unidade. Então, para aqueles que questionam a respeito da fonte da luz que temos recebido, nós só podemos falar que temos luz porque nós estamos na base da unidade.

ABUNDANTEMENTE SATISFEITOS

Os filhos de Israel não somente desfrutavam do oráculo de Deus; mas também estavam abundantemente satisfeitos pela abundância da casa de Deus (Sl 36:8). A casa de Deus se refere ao templo, que era a continuação e alargamento da tenda da congregação. Em Salmos 36:9 o salmista prossegue e diz, “pois em ti está o manancial da vida; na tua luz vemos a luz.” Esse versículo também está relacionado com o templo. Somente no templo o povo de Deus pode desfrutar da fonte da vida. Além disso, foi no templo que eles puderam ver luz na luz de Deus. Isso é uma grande indicação de que a essência da unidade dos filhos de Deus é vida e luz.

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A VIDA MANTENDO A UNIDADE

Isso é confirmado pelo Salmo 133, o qual começa com as palavras, “Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!” o salmo termina assim: “ali o Senhor ordena a bênção, e a vida para sempre.” Como esse salmo deixa claro, a benção da vida está relacionada com a unidade do povo de Deus.

O Salmo 133 também fala do óleo e do orvalho do Hermon. O óleo precioso e o orvalho não são onipresentes. Pelo contrário, eles são para serem desfrutados somente em um lugar particular. Se os Israelitas quisessem compartilhar a benção ordenada pelo Senhor, eles tinham que estar no lugar da unidade. Isso significa que ao menos três vezes ao ano, eles tinham que fazer uma jornada ao Monte Sião. Suponha que alguns da tribo de Dã dissessem, “Porque nós todos temos que ir a um lugar para adorar a Deus? Isso é tão restrito, tão sectário e exclusivo demais. Deus está em todo lugar. Nós podemos estar aqui em Dã e desfrutar cantando louvores a Deus.” Aqueles de Dã poderiam desfrutar cantando, mas a menos que eles fossem ao Monte Sião, eles não poderiam desfrutar a benção ordenada.

O principio também se aplica hoje. Se nós estamos debaixo das bênçãos de vida ordenadas por Deus, nós devemos estar na base da unidade. Os dissidentes podem reivindicar ter a benção ordenada, mas na verdade eles não a têm. Aqueles que pensam ter, são supersticiosos. Deus não é nem exclusivo nem restrito, mas Ele é absoluto. Ele é absoluto a respeito dos Seus princípios e Sua economia. Deus nunca irá agir contrário a Sua determinação. O versículo 3 do Salmo 133 é muito absoluto. Aqui o salmista diz que é sob a unidade que o Senhor ordena a sua benção, e vida para sempre. Na

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unidade dos irmãos vivendo unidos, o óleo flui, o orvalho desce e o povo de Deus desfruta vida. Se vamos permanecer nessa unidade, devemos permanecer em vida, porque a vida mantém a unidade. Isso foi verdade com os filhos de Israel e isso é verdade conosco hoje.

PRESERVADOS NA VIDA E LUZ

Nós temos visto que vida está relacionada tanto com o homem corporativo da criação original de Deus como com Abraão e seus descendentes, os filhos de Israel. Agora devemos considerar como vida e luz são a essência da unidade da igreja como a criação de Deus. Em João 17 o Senhor trata com a questão da unidade, não ensinando Seus discípulos a respeito disso, mas orando a respeito disso. Essa oração revela que a unidade pode ser preservada somente na vida. No versículo 11 o Senhor orou, “Pai santo, guarda-os no teu nome, o qual me deste, para que eles sejam um, assim como nós.” Ser guardado no nome do Pai é ser guardado pela Sua vida, porque somente aqueles que são nascidos e têm a vida do Pai podem participar do nome do Pai. O Filho deu a vida para aqueles que o Pai O deu. (v. 2). Portanto, os crentes desfrutam a vida divina como a essência da sua unidade. Se formos guardados na vida do Pai, seremos guardados em unidade.

No versículo 17 o Senhor continuou a orar, “Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade.” Ser santificado é ser separado do mundo para Deus. Na verdade, ser santificado é ser preservado. Aqui o Senhor orou ao Pai para santificar os crentes na verdade, que é a palavra do Pai. Assim como o nome do Pai é uma questão de vida, assim também a verdade do Pai é uma questão de luz. Vida e luz são, então, a própria essência da unidade.

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João 17:22 diz, “E eu lhes dei a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um” esse versículo indica que o Deus Triúno com Sua glória mantém a unidade dos crentes. Não somos guardados em unidade por ensinamentos ou doutrinas. Somos guardados em unidade por vida e luz. O próprio Deus Triúno é vida e a Sua palavra com o Seu falar é luz. Por meio dessa vida e luz é que a unidade é mantida. Essa é a razão de Efésios 4 relacionar a unidade da igreja, o Corpo de Cristo, com o Deus Triúno, com o Espírito, com o Senhor e com o Deus Pai.

Nas reuniões da igreja nós desfrutamos a presença do Deus Triúno. Isso é especialmente verdade no partir do pão e nas reuniões de oração. Através das orações apresentadas pelos santos na reunião de oração, eu desfruto a doçura do Senhor. Eu posso testificar que sempre que venho para a reunião de oração, eu desfruto da unção do Senhor. Muitos de nós podemos testificar que não tínhamos tal desfrute antes de vir para a Restauração do Senhor. Mas à medida que provamos da doçura do Senhor nas reuniões da igreja, somos supridos de vida e experienciamos o iluminar de vida. Oh, como eu sou suprido e iluminado nas reuniões de oração da igreja! O Deus Triúno com Sua glória certamente estão presentes conosco. No Deus Triúno – o Pai, o Filho e o Espírito – com Sua glória, somos guardados na unidade. Por esta razão, após as reuniões de oração freqüentemente senti-mos um amor cheio de frescor pelos santos. Temos também a sensação de ter experienciado mais edificar.

O CICLO DE VIDA, LUZ E UNIDADE

É crucial vermos que a unidade entre os filhos de Deus é preservada pela vida e luz. Não é mantida através

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de doutrina, organização ou esquema. Damos graças ao Senhor que na Sua restauração nós temos a vida e a luz. Primeiramente, nós somos esclarecidos pelo falar de Deus. Então recebemos o suprimento de vida. Por fim, entretanto, a vida traz mais luz. Realmente, nós desfrutamos o ciclo de luz e vida, e vida e luz. Quanto mais luz temos, mais vida desfrutamos; quanto mais vida desfrutamos, mais luz recebemos. Luz, vida e unidade caminham juntas. Quanto mais luz, mais vida; quanto mais vida, mais unidade; e quanto mais unidade, mais luz. Este ciclo de luz, vida e unidade preserva a unidade.

Contudo, nós perdemos a unidade sempre que estamos em trevas e morte. Trevas causam morte e morte causa divisão. Porém quando nos arrependemos e confessamos ao Senhor, somos purificados pelo precioso sangue. A purificação do sangue está sempre relacionada com o resplandecer da luz (1Jo 1:7). À medida que somos limpos pelo sangue sob o brilhar da luz, novamente experimentamos a vida. Segundo nossa experiência, podemos testificar que a vida, a luz e o sangue em 1 João capítulo um também funcionam como um ciclo que nos mantém na unidade. Mas quando estamos em trevas, perdemos a unidade, já que perdemos a base genuína da igreja. O resultado é morte e divisão. Novamente vemos que a essência da unidade é vida e luz. A unidade está na vida, com a luz e sobre a base apropriada.

A UNIDADE DA NOVA CIDADE

Luz e vida são também a essência da unidade na nova cidade, a Nova Jerusalém. Apocalipse 21 e 22 fala da nova cidade. No capítulo vinte e um vemos principalmente a questão da luz, enquanto que no capítulo vinte e dois temos primeiramente a questão da vida. Apocalipse 21:23 diz, “A cidade não necessita nem

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do sol, nem da lua, para que nela resplandeçam, porém a glória de Deus a tem alumiado, e o Cordeiro é a sua lâmpada.” Na Nova Jerusalém não haverá necessidade de luz natural porque a cidade será iluminada pela glória do Deus Triúno. A cidade será iluminada pelo resplandecer do Próprio Deus. Além disso, como o próximo versículo diz, “As nações andarão à sua luz” (v. 24). Isso nos lembra de Isaias 2:5: “Vinde, ó casa de Jacó, e andemos na luz do Senhor.” A luz preserva a unidade e expulsa a desordem. A luz na Nova Jerusalém controlará, regerá, guiará e manterá tudo em ordem. Portanto, ela preservará a unidade.

Apocalipse 22:1 e 2 diz, “E mostrou-me o rio da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro. No meio da sua praça, e de ambos os lados do rio, estava a árvore da vida.” O rio da água da vida flui do trono de Deus e do Cordeiro para suprir a cidade. A água da vida aqui é um símbolo de Deus em Cristo como o Espírito fluindo a Si mesmo no Seu povo redimido para ser sua vida e suprimento de vida. Em Apocalipse 22:1 a água da vida é um rio procedendo do trono de Deus e do Cordeiro para suprir e saturar totalmente a Nova Jerusalém. Nesse sentido a cidade será preenchida com a vida divina para expressar Deus na Sua vida gloriosa.

Como o versículo 2 diz, a árvore da vida cresce “de ambos os lados do rio.” A única árvore da vida crescendo de ambos os lados do rio significa que a árvore é uma videira, espalhando-se e avançando pelo fluir da água da vida para o povo de Deus receber e desfrutar. Pela eternidade, o povo redimido de Deus desfrutará Cristo como a árvore da vida como porção eterna (Ap 22:14, 19). Como a árvore da vida, Cristo é o suprimento de vida disponível ao longo do fluir do Espírito como a água da vida. Onde o Espírito flui, aí o suprimento de vida de

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Cristo é encontrado. Pela água da vida e pela árvore da vida, a nova cidade será ricamente suprida pela eternidade. Através desse suprimento abundante de vida, a unidade da Nova Jerusalém será mantida para sempre. Não será possível haver nenhuma divisão. A luz brilhará por toda cidade e a vida regará e suprirá a cidade. Essa vida e luz eliminarão a possibilidade de divisão. Mesmo as nações que rodeiam a nova cidade serão um. Neste tempo, todas as coisas no céu e na terra serão encabeçadas em Cristo (Ef 1:10). Essa unidade será a última, universal e eternal. Como salientamos repetidas vezes, essa unidade será mantida e preservada na vida e com a luz.

Todas as igrejas na restauração do Senhor devem estar na vida e sob o resplandecer da luz. Pelo brilhar da luz e através do regar e suprir de vida, somos um. Não há necessidade de fazermos arranjos ou organizarmos qualquer coisa. A essência da nossa unidade não é uma organização – é vida e luz. Que todos possamos ser impressionados com o fato de que a unidade pode ser prevalecente e ser preservada somente pela vida e pela luz.

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CAPÍTULO TRÊS

BABEL, BABILÔNIA E A GRANDE BABILÔNIA — CONSEQUÊNCIAS

DA DIVISÃO

Leitura Bíblica: Gn 2:9b, 17; 11:4, 9; 1Rs 12:26-30; 15:34; 2 Cr 36:5-20; 1Cr 1:11-13a; Ap 17:3-5

DUAS LINHAS

Há duas linhas na Bíblia: a linha da vida e a linha da morte. Essas duas linhas vêm de das duas fontes existentes no universo. Uma dessas fontes é Deus e a outra é o Diabo, Satanás. Além disso, cada linha terá um resultado, uma conseqüência particular. A linha da vida começa na árvore da vida e termina na Nova Jerusalém. A linha da morte começa na árvore do conhecimento e passa pela grande Babilônia e termina no lago de fogo. A unidade está na linha da vida, originada com Deus, e resulta na Nova Jerusalém. A divisão pelo contrário, está na linha da morte, originada com Satanás, e resulta na grande Babilônia e finalmente no lago de fogo. Se formos ver a grande verdade da unidade na Bíblia, precisamos estar claros dessas duas linhas e no que elas resultam. Então saberemos de onde a unidade e a divisão vem.

Muitos Cristãos são negligentes a respeito da divisão porque eles não vêem a seriedade dessas duas linhas. Nunca tome a divisão como uma questão insignificante. A divisão é uma questão extremamente séria, é uma questão de vida ou morte. Estar e em unidade é estar na vida, mas estar em divisão é estar na morte. No capítulo anterior ressaltamos que a essência

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da unidade é vida e luz. Nesse capítulo devemos prosseguir para ver que a conseqüência da divisão é primeiramente Babel, depois Babilônia e finalmente a grande Babilônia.

NÃO MAIS DIVISÃO

Os quatro grandes atos de Deus estão relacionados com a criação, o chamamento, a nova criação e a Nova Jerusalém no novo céu e nova terra. Fora Deus, a única fonte adequada no universo, há uma outra fonte, Satanás, com outro elemento e resultado. Na era da Nova Jerusalém, essa fonte, elemento e resultado serão todos jogados no lago de fogo. Então, no novo céu e nova terra Deus será a única fonte e somente Seu elemento e Seu resultado irão permanecer. Por esta razão, no universo não haverá divisão. Não haverá mais morte, tristeza, choro, dor e trevas. Podemos dizer que no novo céu e nova terra não haverá mais pecado, mundanismo, carne, ego, ou Satanás. Não haverá nada negativo. Isso significa que não haverá mais divisão.

A divisão é todo-inclusiva. Isso inclui as coisas negativas como Satanás, pecados, mundanismo, carne, ego, velho homem e temperamento maligno. Se formos ilumi-nados a respeito da questão da divisão, veremos que isso inclui todas as coisas negativas. Não pense que a divisão se auto-sustenta e que ela não está relacionada com coisas como a carne, o ego e o mundanismo. A divisão não está somente relacionada com todas as coisas negativas; ela inclui todas as coisas negativas.

Da mesma forma que a divisão é toda inclusiva, assim também, no mesmo principio, a unidade é toda inclusiva. Ela inclui Deus, Cristo e o Espírito. Efésios 4:3-6 indica isso. Na unidade revelada nesses versículos temos Deus o Pai, Cristo o Senhor e o Espírito como

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doador de vida. Essa unidade inclui tais coisas positivas como nosso espírito regenerado e nossa mente renovada e transformada. Todas as coisas positivas estão incluídas na unidade adequada.

A Nova Jerusalém será a consumação final da unidade e de todas as coisas positivas incluídas nela. Mas o lago de fogo será o reservatório da divisão e de todas as coisas negativas incluídas nela. Podemos dizer que o lago de fogo será o mar de morte contendo todas as coisas negativas do universo. O lago de fogo será a lata de lixo final e universal. A Nova Jerusalém, ao contrario, será a consumação e expressão final da unidade. Essa cidade será caracterizada por um trono, um rio, uma árvore e uma rua. Na rua irá fluir o rio de água da vida e em cada lado do rio estará a árvore da vida. Então, podemos chamar de a rua da vida a única rua da Nova Jerusalém. Essa única rua fará com que a divisão seja impossível. Divisão e todas as coisas relacionadas com ela serão encontradas somente no lago de fogo.

A FONTE DE BABEL

A primeira conseqüência da divisão foi Babel. A fonte de Babel foi a árvore do conhecimento. Se Adão não tivesse comido da árvore do conhecimento teria sido impossível para os seus descendentes construir a torre e a cidade de Babel. De acordo com o relato em Gênesis 3, Adão tomou da árvore do conhecimento do bem e do mal. Assim que ele comeu desse fruto, a árvore do conhecimento entrou nele e subjetivamente se tornou parte dele. O relato em Gênesis 4 indica isso. Nesse capítulo vemos ódio, assassinato, poliga-mia e invenção de armas usadas para guerra. Gênesis 6 revela uma decadência da situação. O homem se tornou carne (v. 3) e “era grande a maldade do homem na terra” (v. 5). Então,

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assim como o versículo 11 declara, “A terra, porém, estava corrompida diante de Deus, e cheia de violência.” Quando Deus olhou para a terra observou sua corrupção “porque toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra” (v.12). Como todos sabem, Deus julgou toda aquela geração com a inundação. No entanto, nem sequer esse julgamento causou a mudança na natureza do homem. De acordo com Gênesis 11, o homem até mesmo ousou lutar contra Deus. Em Gênesis 11:4 eles disseram: “Eia, edifiquemos para nós uma cidade e uma torre cujo cume toque no céu, e façamo-nos um nome.” Em procurar fazer para eles um nome eles se rebelaram contra Deus. A conseqüência dessa rebelião foi divisão e confusão. Essa foi Babel, o primeiro resultado da divisão. Como resultado da rebelião em Babel a humanidade foi dividida.

O SIGNIFICADO DE BABEL

A divisão em Babel envolveu idolatria. Alguns histo-riadores acreditam que nos tijolos usados para construir a torre e a cidade de Babel estavam inscritos os nomes dos ídolos. Josué 24:2 diz “Assim diz o Senhor Deus de Israel: Além do rio habitaram antigamente vossos pais, Terá, pai de Abraão e de Naor; e serviram a outros deuses.” Esse versículo indica que antes de Abraão ser chamado por Deus ele servia a outros deuses na terra da caldeia. Isso significa que ele adorava a ídolos. Portanto, a divisão da humanidade em Babel envolveu idolatria.

Nós vemos nesses capítulos em Gênesis que a divisão inclui coisas negativas como ódio, assassinato, poligamia, guerra, corrupção, rebelião e idolatria. A conseqüência desse elemento todo inclusivo primeiramente foi Babel com sua divisão e confusão. O significado de Babel, então, é divisão e confusão.

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A UNIDADE DO POVO DE DEUS

Ainda que fosse necessário para Deus desistir da raça criada, Ele não desistiu do Seu propósito eterno com o homem. Ao invés disso, de acordo com sua misericórdia, Ele apareceu para um membro da raça Adâmica, Abraão, e o chamou para fora de seu ambiente. Nisso vemos o chamamento de Deus. Como ressaltamos, em Seu chamamento de Abraão, Deus agiu de acordo com Sua natureza de unidade. Por esta razão, Ele escolheu um homem, não uma multidão de homens. Deus encarregou Abraão de sair de seu país e parentela e ir a uma terra que Ele daria a Abraão e a seus descendentes.

Eventualmente, debaixo da benção do Senhor, os descendentes de Abraão, os filhos de Israel, se multipli-caram. Depois que os filhos de Israel fizeram o seu êxodo do Egito, eles entraram na boa terra, a terra que Deus prometera a Abraão. De acordo com o livro de Deuteronômio, Deus ordenou a eles a não exercitarem suas próprias vontades com respeito ao lugar da adoração corporativa (Dt 12). Particularmente, eles deveriam se humilhar diante de Deus e aceitar Sua escolha. Por honrar o Senhor na questão do lugar da adoração corporativa e por aceitar a escolha de Deus do único lugar, os filhos de Israel foram preservados em unidade. De acordo com a escolha de Deus, o templo foi construído no monte Sião e três vezes por ano o povo de Deus deveria fazer uma jornada até lá. O Santo dos Santos no templo construído no monte Sião era o centro da unidade do povo de Deus. Esse centro era o lugar do oráculo de Deus e isso preservou a unidade do povo escolhido por Deus.

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DIVISÃO CAUSADA PELO EGOÍSMO E AMBIÇÃO

Um dia, no entanto, a nação foi dividida em dois

reinos, ao norte o reino de Israel e ao sul o reino de Judá. Jeroboão se tornou rei do reino da nação do norte e Roboão se tornou o rei da nação do sul. Depois de formada essa divisão a idolatria entrou. Jeroboão não somente causou divisão; ele também levantou ídolos a Betel e Dã (1Rs 12:29). Tendo feito dois bezerros de ouro, Jeroboão disse ao povo “Basta de subires a Jerusalém; eis aqui teus deuses, ó Israel, que te fizeram subir da terra do Egito” (v. 28). A fonte desses ídolos era a ambição egoísta de Jeroboão. Jeroboão levantou outro centro de adoração porque temia a perda de seu reino. Primeira Reis 12:26 e 27 diz “Disse Jeroboão no seu coração: Agora tornará o reino para a casa de Davi. Se este povo subir para fazer sacrifícios na casa do Senhor, em Jerusalém, o seu coração se tornará para o seu senhor, Roboão, rei de Judá; e, matando-me, voltarão para Roboão, rei de Judá.” Para evitar que isso acontecesse e preservar o seu reino, Jeroboão levantou ídolos em um centro rival de adoração. Isso indica claramente que a origem dessa idolatria foi sua ambição.

Precisamos aplicar essa situação aos Cristãos hoje. As divisões no cristianismo são causadas por ambição e egoísmo. Por certas pessoas serem ambiciosas em ter seu próprio império, elas negligenciam a escolha de Deus. Sua ambição é ter um reino para satisfazer seu desejo egoísta. No Antigo Testamento a escolha de Deus foi um único lugar: Monte Sião em Jerusalém. Nesse lugar o templo com os Santos dos Santos como o oráculo de Deus foi construído. Apesar disso, Jeroboão, um homem ambicioso, egoísta e interesseiro, levantou outro centro de adoração. Alguns podem defender os seus atos

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salientando que ele não estabeleceu um centro de entretenimento carnal, mas um lugar de adoração a Deus. No entanto, esse centro de adoração era uma desculpa para a ambição de Jeroboão. O mesmo se aplica hoje. Por causa de sua ambição e egoísmo, muitos líderes Cristãos têm levantado centros de adoração. Aparentemente esses centros de adoração são levantados para adorar a Deus. Na verdade, esses centros são para preencher a ambição do homem em ter um império. Então, num sentido muito real, os fundadores de muitos grupos Cristãos são os Jeroboãos de hoje. Esses centros de adoração levantados por esses Jeroboãos do presente são na verdade centros de ambição. Por essa razão encontramos “ídolos” nesses lugares.

De acordo com o principio em 1 Reis 12:26-30, em muitos grupos Cristãos são levantados “ídolos” para atrair pessoas e segurá-las. Esses “ídolos” afastam as pessoas de Deus. Seguindo o exemplo de Aarão no monte Sinai, Jeroboão levantou dois bezerros de ouro dizendo ao povo que esses eram os deuses que os trouxeram para fora do Egito. Podemos nos perguntar como os filhos de Israel puderam ser tão cegos em aceitar esses ídolos como Deus. Por vermos a situação de fora, podemos vê-la claramente. No entanto, se estivéssemos lá, provavelmente teríamos seguido Jeroboão e seriamos um com ele.

Hoje precisamos estar claros sobre a situação do Cristianismo. Se estivermos debaixo do brilhar da luz divina, perceberemos que em muitos grupos Cristãos “ídolos” têm sido levantados no lugar de Deus. Esses “ídolos” atraem as pessoas para esses grupos e mantêm-nas lá.

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O DESEJO PELA CASA DE DEUS

Ressaltamos que o falar genuíno de Deus é nos Santos dos Santos no templo. Salmos 27:4 expressa um profundo desejo do povo de Deus com respeito à casa de Deus. Esse versículo diz “Uma coisa peço ao Senhor, e a buscarei: que possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do Senhor, e meditar no seu templo.” Como o salmista deseja permanecer na casa do Senhor para contemplar o Senhor!

Um desejo semelhante é transmitido no Salmos 84. No versículo 2 o salmista diz “A minha alma suspira! sim, desfalece pelos átrios do Senhor.” No versículo 10 ele prossegue e diz: “Porque vale mais um dia nos teus átrios do que em outra parte mil. Preferiria estar à porta da casa do meu Deus, a habitar nas tendas da perversidade.” Aqui vemos que o desejo pela casa de Deus é tão forte que o salmista deseja até mesmo estar nos átrios do Senhor. Ele estaria feliz em simplesmente ser o porteiro na casa de Deus.

Salmos 36 e 23 também expressam um profundo desejo pela casa do Senhor. Em Salmos 36:8 o escritor diz que o povo de Deus “se fartarão da gordura da tua casa.” É na casa do Senhor que eles beberão do rio das delicias de Deus. Além disso, é na casa que eles desfrutam a fonte da vida e vêem a luz na luz de Deus (v. 9). Salmos 23 termina com as palavras “habitarei na casa do Senhor por longos dias” (v. 6). Nos tempos do Antigo Testamento os devotos desejavam estar no templo onde estava a presença de Deus.

Tal aspiração repele o mal. Simplesmente o desejo de estar na presença de Deus na casa do Senhor repele o divisionismo e todas as coisas negativas que ele inclui.

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Esse desejo torna-nos devotos, santos, e, eventualmente ser um com os filhos de Deus.

Pelo fato de os filhos de Israel salmodiarem o Salmo 133 no caminho para o Monte Sião, certamente foi impossível para eles odiar ou desprezar uns aos outros. Salmos 133 é um Salmo de unidade. Essa unidade inclui todos os atributos e virtudes positivas. Por manter a unidade espontânea-mente, desfrutamos todos esses atributos e virtudes. Além disso, temos a presença de Deus.

A UNIDADE NOS GUARDA DO MALIGNO

Por estar na unidade temos a benção ordenada por Deus, vida para sempre. No entanto, se algum filho de Israel se tornar divisivo e se recusar a ir ao templo no Monte Sião, ele perderá automaticamente todas as coisas positivas. Por separar-se da unidade do povo de Deus, ele espontaneamente se torna cheio de coisas negativas como orgulho, ódio, crítica, fofoca e mentiras. Pretendendo ainda estar em comunhão com Deus, alguns podem levantar outros centros de adoração. Mas, como o caso de Jeroboão deixa claro, tais atitudes divisivas abrem o caminho para a idolatria e costumes de coisas malignas entrarem.

De acordo com o relato no Antigo Testamento, o pecado de Jeroboão, o pecado da divisão, abriu o caminho para todas as coisas malignas entrarem. Finalmente, a situação do povo de Deus estava tão corrompida que Deus fez com que Nabucodonosor, rei da Babilônia, queimasse a casa de Deus, derrubasse os muros de Jerusalém e levasse o povo para Babilônia. Dessa forma, o cativeiro da Babilônia foi uma conseqüência da divisão. A unidade é representada por

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Jerusalém, mas a divisão é representada por Babilônia com toda a sua maldade.

Antes de vir para a vida da igreja, muitos de nós éramos de certa forma livres e fazíamos as coisas de acordo com as nossas preferências. Mas podemos testificar que pouco depois de virmos para a Restauração do Senhor, nossa consciência começou a funcionar de uma maneira adequada. Pouco a pouco tratamos com as coisas e descontinuamos com certas práticas. No entanto, sei de muitos casos daqueles que experienciaram o oposto disso como conseqüência de terem deixado a vida da igreja. Sua consciência começou a perder a função e as coisas mundanas e negativas que eles haviam posto de lado retornaram gradualmente. Muitos voltaram para práticas de divertimentos carnais. Gradualmente, as coisas mundanas, até mesmo coisas pecaminosas, retornaram. Isso indica que a unidade nos guarda do maligno, enquanto que a divisão abre a porta para o maligno.

Mais de cinqüenta e cinco anos atrás uma jovem de uma próspera família veio para uma das reuniões da igreja em Chefoo. Ela era a própria expressão do mundanismo, com seu cabelo arranjado em forma de torre. Mais tarde ela mesma disse que propositalmente arrumava seu cabelo daquela forma como um protesto. À medida que ela continuou vindo as reuniões da igreja, sua aparência começou a mudar. Não dissemos nada nas reuniões a respeito do mundanismo. Falamos a respeito de amar a Cristo e a igreja. Ninguém tentou controlar o comportamento da jovem. Mas através de ter contato com a igreja, sua consciência começou a funcionar. Espontaneamente, sem nenhuma direção humana, ela mudou seu estilo de cabelo e a maneira de vestir-se.

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CORRETO COM O TEMPLO

Para os filhos de Israel, o templo era o centro da unidade. Portanto, era extremamente sério para qualquer um do povo de Deus estar correto com o templo. Aqueles que estavam corretos com o templo e através disso mantinham a unidade, desfrutaram a presença de Deus, a benção de vida e todas as outras coisas positivas. Mas aqueles que estavam incorretos com o templo através do divisionismo abriam uma porta para todos os costumes malignos. O mesmo é verdade hoje entre os Cristãos. Muitos falam de santidade, vitória e espiritualidade. No entanto, se desejamos ter essas virtudes, precisamos estar na unidade adequada.

Considere novamente a experiência dos filhos de Israel. Santidade, vitória e espiritualidade não foi um resultado do seu esforço. Eles tinham essas virtudes simplesmente porque eles estavam corretos com o templo, com o Santo dos Santos e com a arca. Quando eles permaneceram na unidade por estarem corretos com o templo, não havia a necessidade de eles tentarem ser santos, vitoriosos ou espirituais. Espontaneamente, como parte da benção por estarem nessa unidade, eles tinham essas virtudes. A razão de muitos Cristãos não terem vitória, santidade e espiritualidade é que eles estão incorretos com a igreja e com a arca, Cristo, no Santo dos Santos. Se desejarmos ser santos, espirituais e vitoriosos devemos estar corretos com Cristo e a igreja. Em outras palavras, precisamos permanecer na unidade adequada. Essa é a unidade que nos dá acesso a todas as virtudes e atributos positivos.

Quando eu estava na China continental, o irmão Nee era alvo de ataques e oposições. Muitos daqueles que atacaram e se opuseram a ele disseram que ele, as igrejas e os presbíteros estavam errados. A primeira vez que ouvi

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tais ataques e oposições, eu temi pela situação. Talvez o irmão Nee, os presbíteros e as igrejas estivessem errados. Por fim, entretanto, aprendi que todos os opositores do irmão Nee ou da igreja ou dos presbíteros estavam mais errados ainda. Percebi que todos os que atacavam a restauração do Senhor passavam por um declínio espiritual. Não sei de nenhum caso de alguém que tenha se oposto e atacado a igreja e tenha crescido espiritualmente. Pelo contrário, eles se prejudicaram e suas condições gradualmente pioraram.

A única coisa que pode nos preservar espiritualmente é a unidade. Se permanecermos na unidade, todas as coisas positivas serão nossas. Mas se tomarmos o caminho da divisão, seremos visitados por todo tipo de costumes malignos: ódio, inveja, desprezo e talvez até mesmo coisas como idolatria e fornicação. Cedo ou tarde, aqueles que são divisivos serão levados para a Babilônia como prisioneiros.

A GRANDE BABILÔNIA

Apocalipse 17 também nos mostra que o mal está

relacionado com a divisão. Esse capítulo apresenta a visão da Grande Babilônia. De acordo com o versículo 5, a Grande Babilônia é chamada de “a mãe das prostitutas e das abominações da terra.” O versículo 4 expõe o fato de que embora essa mulher tenha uma aparência agradável, o mal está oculto nela: A mulher estava vestida de púrpura e de escarlata, e adornada de ouro, pedras preciosas e pérolas; e tinha na mão um cálice de ouro, cheio das abominações, e da imundícia da prostituição.” Exteriormente, a Grande Babilônia está vestida de púrpura e escarlata e estava adornada com ouro, pedras preciosas e pérolas. Além disso, ela tem na

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mão um cálice de ouro. Mas esse cálice está cheio de abominações e da imundícia da sua prostituição. Isso é uma figura do mundo Cristão de hoje. O mundo Cristão pode ter um cálice de ouro, mas o conteúdo do cálice é a idolatria, fornicação e todas as coisas malignas. Esse é o elemento, e a composição, da divisão. O ultimo resultado da divisão é a Grande Babilônia revelada em Apocalipse 17.

O cristianismo de hoje está completamente em um estado de divisão. Essa divisão abriu o caminho para a idolatria e fornicação espiritual. Em muitos casos, ele tem aberto o caminho para idolatria literal e fornicação física. Como nós temos enfatizado repetidas vezes, esse é o resultado da divisão.

A SERIEDADE DA DIVISÃO

Quando nos voltamos para o caminho da restauração do Senhor e viemos para a vida da igreja, as coisas negativas associadas com a divisão foram espontaneamente jogadas fora. No entanto, como enfatizamos aqueles que abandonaram a unidade adequada automaticamente se tornaram sujeitos às coisas negativas que uma vez foram colocadas para fora. Isso deve nos fazer ver que a divisão é uma questão extremamente séria. Nada é mais mortal que a divisão. Satanás sabe que até mesmo o pensamento de divisão é suficiente para minar nossa vida Cristã. É como um cupim que come a estrutura da casa. Portanto, até mesmo o pensamento de divisão deve ser repudiado.

Quando estamos na unidade, estamos na vida e desfrutamos todas as virtudes e atributos positivos. Além disso, nossa condição espiritual gradualmente melhora. No entanto, simplesmente por aceitar um pensamento

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que traz discórdia, o caminho é aberto mais uma vez para o maligno entrar.

Nunca devemos pensar que a base da igreja não é uma questão de vida. A base da igreja é a própria base da nossa experiência de vida. Permanecer na unidade é permanecer em vida. Fora da base da igreja, é vão falar de espiritualidade ou santidade. Tais coisas estão diretamente relacionadas com a unidade. É maravilhoso estar na unidade, mas é terrível estar envolvido em divisão. Muitos Cristãos hoje tem perdido a benção e a graça do Senhor simplesmente por causa da divisão. Isso deve ser um alerta para nós na restauração do Senhor. Que não repitamos a historia do divisionismo do cristianismo. Que todos olhem para o Senhor para que Ele nos preserve em Sua unidade. Devemos repudiar até mesmo os pensamentos divisivos. Louvado seja o Senhor pela unidade! Que o Senhor nos mantenha em Sua presença mantendo-nos nessa unidade.

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CAPÍTULO QUATRO

O ÚNICO LUGAR DA ESCOLHA DE DEUS PARA MANTER A UNIDADE

Leitura Bíblica: Dt 12:1-8, 11, 13-15, 17-18, 26-28; 14:23; 16:16

Nos três primeiros capítulos consideramos certos princípios relacionados à unidade. Começando com este capitulo, vamos dedicar nossa atenção a alguns detalhes. O primeiro detalhe é o único lugar da escolha de Deus para manter a unidade. Em Deuteronômio 12, 14, 15 e 16 o único lugar da escolha de Deus é mencionado pelo menos dezesseis vezes. Por exemplo, em Deuteronômio 12:5 Moisés encar-regou o povo de ir “ao lugar que o Senhor vosso Deus escolher.” De acordo com Deuteronômio 14:23, era para o povo de Deus comer o dízimo perante o Senhor Deus no lugar que Ele escolhesse. O fato dessa questão do único lugar ser mencionado repetidas vezes mostra sua importância crucial.

O livro de Deuteronômio está relacionado com o desfrute das riquezas da boa terra, uma terra descrita como que mana leite e mel. As palavras registradas nesse livro, o último livro de Moisés, foram dadas em um período em que os filhos de Israel estavam nas fronteiras da boa terra e estavam prestes a entrar e a possuir. Pelo fato de Moisés estar preocupado com o desfrute deles da boa terra, ele gastou um bom tempo para instruí-los a respeito da vida na boa terra. O livro de Deuteronômio, então, é a palavra falada por um velho e amoroso pai preocupado com o futuro desfrute dos filhos.

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DESTRUINDO OS LUGARES PAGÃOS DE ADORAÇÃO

Em Deuteronômio 12 o desejo do coração de Deus

com respeito à vida dos filhos de Israel na boa terra é revelado. O versículo 1 fala dos estatutos e julgamentos que o povo de Deus deveria guardar na terra. No versículo seguinte Moisés apresenta o primeiro desses estatutos: “Certamente destru-ireis todos os lugares em que as nações que haveis de subjugar serviram aos seus deuses” (Heb.) No versículo 3 Moisés prossegue: “E derrubareis os seus altares, quebrareis as suas colunas, queimareis a fogo os seus postes-ídolos, abatereis as imagens esculpidas dos seus deuses e apagareis o seu nome daquele lugar” (Heb.). Antes que os filhos de Israel tivessem um completo desfrute das riquezas da boa terra, eles tinham que destruir completamente os centros pagãos de adoração. Todos os centros pagãos de adoração deveriam ser completamente destruídos. Todos os lugares em que os povos pagãos tivessem adorado ídolos deveriam ser destruídos, não importando que esses lugares estivessem “sobre as altas montanhas, sobre os outeiros, e debaixo de toda árvore frondosa” (v. 2). Era para o povo de Deus derrubar os seus altares, quebrar as suas colunas, queimar a fogo os seus ídolos de madeira, abater as imagens esculpidas dos seus deuses. Então, eles deveriam destruir os seus nomes daquele lugar. Três coisas principais deveriam ser tratadas: os lugares, as imagens e os nomes. Isso revela que era para a boa terra ser perfeitamente limpa de todos os centros pagãos de adoração.

Deuteronômio 12:4 diz “Não fareis assim para com o Senhor vosso Deus.” Isso indica que não era para os filhos de Israel adorar o Senhor da mesma maneira que os pagãos adoravam seus deuses.

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O LUGAR PARA O NOME DE DEUS

No versículo 5 Moisés profere palavras muito impor-tantes: “Mas recorrereis ao lugar que o Senhor vosso Deus escolher de todas as vossas tribos para ali pôr o seu nome, para sua habitação, e ali vireis.” Depois que todos os lugares de adoração pagã tivessem sido destruídos, o povo de Deus deveria ir ao lugar escolhido por Deus. Nesse único lugar Deus poria Seu nome. O nome de Deus denota Sua pessoa. Seu nome estar em um lugar particular significa que Sua Pessoa residiria naquele lugar. Isso indica que o único lugar que Deus escolhera seria o lugar onde Deus residiria, a habitação de Deus.

UM SIGNIFICADO TIPOLÓGICO

De acordo com o principio básico da revelação divina nas Escrituras, o relato no Antigo Testamento é constituído de tipos, figuras e sombras de questões encontradas no Novo Testamento. Se Deuteronômio 12 consistisse somente em estatutos dados para os filhos de Israel, então esse capítulo não poderia ser aplicado a nossa situação hoje. Entretanto, os estatutos relatados nesse capítulo têm um significado espiritual. Se entendermos o significado espiritual desses estatutos, veremos que essa porção da palavra foi escrita não somente para os filhos de Israel, mas também para nós hoje. O apóstolo Paulo percebeu que a história do povo de Israel tem um significado tipológico para os crentes na era do Novo Testamento. Em 1 Coríntios 10:6 ele diz “Ora, estas coisas nos foram feitas para exemplo” (Gk.). Em 1 Coríntios 10:11 ele prossegue “tudo isto lhes acontecia como exemplo” (Gk.). Por esta razão, Paulo

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pôde dizer em Romanos 15:4 “Porquanto, tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito.”

Um dos mais importantes tipos no Antigo Testamento é a boa terra, a qual é um tipo completo e pleno de Cristo. Portanto, o desfrute dos produtos da boa terra tipifica nosso desfrute das insondáveis riquezas de Cristo (Ef 3:8). Antes de você vir para a vida da igreja, você provavelmente nunca ouviu sobre o desfrute de Cristo. Essa foi a minha situação. Eu sabia que Cristo era o filho de Deus, o Salvador e o Redentor, mas eu nunca tinha ouvido que Ele também podia ser meu desfrute.

De acordo com a tipologia, os filhos de Israel primeiro desfrutaram do cordeiro Pascal como um tipo de Cristo. Primeira Coríntios 5:7 indica claramente que a Páscoa era um tipo de Cristo: “Porque Cristo, nossa páscoa, já foi sacrificado.” Depois que os filhos de Israel fizeram o seu êxodo do Egito, eles desfrutaram o maná enquanto vagavam pelo deserto. De acordo com 1 Coríntios 10:3 e 4, o maná também era um tipo de Cristo. Ele tipificava Cristo como nosso alimento espiritual, nosso maná diário. Ainda que alguns Cristãos percebam que o maná é um tipo de Cristo, não muitos vêem que a boa terra também é um tipo de Cristo. Josué 5:12 diz “E no dia imediato, depois de terem comido do produto da terra, cessou o maná, e não o tiveram mais os filhos de Israel; porém nesse ano comeram dos produtos da terra de Canaã.” (Heb.). Esse versículo claramente indica que o maná foi substituído pelos produtos da boa terra. Se o cordeiro Pascal e o maná tipificam Cristo como o desfrute do povo de Deus, certamente a boa terra com os seus ricos produtos semelhantemente tipificam Cristo para nosso desfrute. Muitos de nós podemos testificar que somente depois que viemos para a vida da igreja na

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restauração do Senhor é que ouvimos que Cristo é a boa terra para o nosso desfrute.

SOMENTE UM NOME

Antes de vir para a vida da igreja, muitos de nós

adoramos em lugares tipificados pelas montanhas, outeiros e árvores frondosas (Dt 12:2). Esses foram os lugares onde os pagãos adoravam a ídolos. Os ídolos de hoje podem ser encontrados tanto no Catolicismo quanto nas denominações protestantes. Alguns Cristãos podem concordar que há idolatria no Catolicismo, mas podem insistir que não existem ídolos nas denominações. Lembrem-se das palavras de Moisés em Deuteronômio 12:3 sobre destruir os nomes. Toda denominação tem um nome além do nome de Cristo. Por exemplo, a denominação Luterana adota o nome de Lutero. Em principio, ter um nome além do nome de Cristo é levantar ídolos. Aqueles nas denominações podem argumentar que esses nomes não são ídolos, mas simplesmente são usados para designá-los como certo grupo de Cristãos. No entanto, usar um nome dessa forma pode ser comparado a uma mulher casada que toma um nome diferente daquele do marido. Tal prática é deplorável! Ídolos são encontrados virtualmente em todo lugar no cristianismo de hoje, por isso em tantos lugares estão outros nomes além do nome de Cristo. Freqüentemente quando uma capela ou outro prédio usado para propósitos religiosos é levantado em nome de certa pessoa. Em principio, isso é um ídolo. Devemos ter um só nome – o nome de Jesus Cristo.

De acordo com Deuteronômio 12:3, devemos destruir todos os lugares e todos os nomes. Então, todas as práticas pagãs que têm sido adotadas pelo

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cristianismo devem ser eliminadas. Não há espaço para tais coisas na igreja. O livro “The Two Babylons” prova que o Catolicismo adotou muitos elementos do paganismo. Por exemplo, Natal e Páscoa ambas têm uma origem pagã. Aspectos do paganismo são encontrados nas somente no Catolicismo, mas até mesmo em muitas denominações. Espiritualmente falando, devemos destruir todos esses lugares, imagens e nomes. Por esta razão, não pode haver reconciliação da restauração do Senhor e as denominações com suas altas montanhas, outeiros e árvores frondosas para adorar ídolos. Então, devemos ser cuidadosos em não ter nenhuma montanha, outeiro ou árvore. Devemos ter somente Cristo e o lugar único da escolha de Deus para manter a unidade.

APRENDENDO A TEMER A DEUS

Se virmos isso devemos destruir todos os outros lugares e ir ao único lugar escolhido por Deus, podemos prosseguir e ver muitos outros pontos revelados em Deuteronômio 12. Primeiramente, podemos aprender a como temer a Deus por ir somente ao lugar que Ele escolheu. Deuteronômio 14:23 diz “E, perante o Senhor teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o seu nome, comerás os dízimos do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer ao Senhor teu Deus por todos os dias.” Ir ao lugar escolhido por Deus é temer a Deus. Mas ter liberdade para tomar a nossa própria decisão sobre o centro de adoração é não temer a Deus. Pelo contrário, é para satisfazer nossa concupiscência. Antes de você vir para a vida da igreja, você pode ter viajado de uma denominação para outra. Você foi de um lugar para outro para satisfazer seu próprio desejo e gosto. Fazer isso é

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não temer a Deus de uma maneira adequada. Se O tememos, viremos ao único lugar que Ele escolheu. Deus não nos dá a liberdade de escolher o lugar de adoração. Nessa questão devemos temê-Lo e simplesmente vir ao lugar de Sua escolha. Se exercitarmos o direito de fazermos a nossa própria escolha, seguiremos o caminho dos pagãos, o caminho das nações. De acordo com Deuteronômio 12, era para os filhos de Israel destruir todos os lugares onde os pagãos adoravam seus ídolos. Em princípio, temos que fazer a mesma coisa quando vimos para a vida da igreja. A escolha do lugar de adoração é toda do Senhor: não é uma questão da nossa preferência. Se agirmos de acordo com a nossa preferência, nós cederemos a nossa vontade, para satisfazer nosso próprio desejo a respeito do lugar de adoração. Comportar-se dessa maneira é ser como uma mulher que se envolve com um homem que não seja o seu marido. Isso é fornicação. Assim como a mulher está limitada a somente um marido, nós estamos limitados ao único lugar da escolha de Deus no que diz respeito a adoração corporativa de Deus. Todos devem aprender a temer o Senhor nosso Deus. Com respeito às reuniões Cristãs, devemos temer a Deus e fazer somente o que é de acordo com a vontade Dele. Deus nos ordena a destruir todos os centros de adoração e ir somente ao lugar escolhido por Ele.

FAZENDO O QUE É CORRETO

AOS OLHOS DE DEUS

Deuteronômio 12:8 diz “Não fareis conforme tudo o que hoje fazemos aqui, cada qual tudo o que bem lhe parece aos olhos.” É terrível fazer o que é correto aos nossos olhos. O Senhor nos encarregou de não agirmos dessa forma. Entretanto, hoje os Cristãos falam que

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certas coisas são certas ou erradas. Viver dessa forma é fazer o que é correto aos nossos olhos. Mas devemos fazer o que é correto aos olhos de Deus. De acordo com Deuteronômio 12:13, não era para os filhos de Israel oferecerem seus holocaustos em todos os lugares que lhes parecesse bom: “Guarda-te de ofereceres os teus holocaustos em qualquer lugar que vires.” Eles eram proibidos de oferecerem holocaustos nas montanhas, nos outeiros ou debaixo de árvores frondosas. Eles não tinham o direito de adorar Deus no lugar de sua escolha. Ao invés disso, eles deveriam fazer o que era correto aos olhos de Deus. Semelhantemente, se tememos a Deus, não devemos fazer o que é correto aos nossos olhos. Pelo contrário, devemos fazer o que é correto e bom aos olhos de Deus. Devemos orar: “Senhor, tenha misericórdia de nós para que possamos não fazer o que é correto aos nossos olhos. Senhor nos ajude a fazer o que é correto aos Seus olhos.” Devemos aprender a esquecer o que sentimos a respeito das coisas e nos importar com o desejo e escolha de Deus. Para nós, certa coisa pode parecer correta, mas como o Senhor Se sente a respeito disso? De acordo com o que achamos, pode ser correto adorarmos em um determinado lugar. Mas o Senhor pode considerar esse lugar como um centro de adoração a ídolos.

NÃO ABUSAR DA GRAÇA DE DEUS

Existem vários motivos de o Senhor nos ordenar a não fazer o que é correto aos nossos próprios olhos, mas ir ao lugar da escolha Dele. O primeiro desses motivos é que não devemos abusar da graça de Deus. Foi requisitado aos filhos de Israel que separassem para o Senhor o décimo, o dizimo da produção da boa terra. Então, era para eles oferecerem a Ele as primícias do seu

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rebanho e do gado. Eles não tinham o direito de guardar o primogênito ou a melhor parte do dizimo para eles. Não lhes era permitido comê-los em casa. Deuteronômio 12:17 e 18 diz “Dentro das tuas portas não poderás comer o dízimo do teu grão, do teu mosto e do teu azeite, nem os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas, nem qualquer das tuas ofertas votivas, nem as tuas ofertas voluntárias, nem a oferta alçada da tua mão; mas os comerás perante o Senhor teu Deus, no lugar que ele escolher.” Esses versículos indicam que os israelitas também tinham que fazer ofertas votivas e voluntárias no lugar da escolha de Deus. Sem dúvida, o povo de Deus apresentou o melhor de sua produção e rebanho como ofertas votivas ou voluntárias. O ponto aqui é que todas as ofertas – o dízimo, as primícias, os votos e as ofertas voluntárias – poderiam ser desfrutadas somente no lugar em que Deus escolhesse por o Seu nome. Em outras palavras, foi requisitado aos filhos de Israel ir ao lugar da habitação de Deus com a melhor porção dos ricos produtos da boa terra. Isso indica que não lhes era permitido abusar da graça de Deus. Eles não tinham o direito de desfrutar a melhor porção de acordo com seus gostos e preferências. Particularmente, eles tinham que desfrutar-los de acordo com os regulamentos de Deus. Eles não tinham escolha a não ser trazer essas ofertas ao lugar que Deus tinha escolhido por o Seu nome e Habitação.

Esse princípio ainda hoje é aplicado à vida da igreja. Se não viermos às reuniões da igreja, não poderemos desfrutar da melhor porção de Cristo. Quando deliberada-mente ficamos em casa ao invés de ir à reunião, percebemos que não somos capazes de desfrutar a melhor porção de Cristo. Apesar de podermos ter algum desfrute do Senhor ao ler e orar ou na comunhão, não podemos desfrutar aquelas porções de Cristo tipificadas

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pelas primícias, os dízimos, as ofertas votivas e as ofertas voluntárias. Existe um regulamento divino que nos proíbe de abusar da graça de Deus. De acordo com esse regulamento, devemos ir à casa de Deus, a igreja, para desfrutar da melhor porção de Cristo. Somos convocados a ir ao lugar que Deus escolheu; não nos é permitido agir de acordo com nossa preferência ou escolha. Por aceitar a escolha de Deus, somos subjugados e guardados de abusar da Sua graça.

O MAIS PERFEITO RELACIONAMENTO

COM O SENHOR

Quando vamos ao lugar que Deus escolheu, experi-mentamos o mais perfeito relacionamento de Deus conosco. Somos forçados a ser um com nossos irmãos em Cristo. De vez em quando podemos não querer ver certo irmão. Ainda que estejamos presentes nas reuniões da igreja, podemos tentar de todas as formas evitá-lo. Se procuramos evitar a presença de certo irmão, não seremos capazes de desfrutar a melhor porção de Cristo. Precisamos estar completamente subjugados. Devemos orar, “Senhor tenha misericórdia de mim para que eu possa estar correto diante de meu irmão. Eu não quero ter problemas com ele e estar na presença dele.” Isso ilustra o fato de que quando viermos ao lugar que Deus escolheu, somos tratados com e por Ele ao máximo.

Suponha que certo israelita tenha um problema com outro e como resultado tenha feito todo o possível para evitá-lo. Três vezes ao ano todos os varões Israelitas eram ordenados a ir para Jerusalém. Aquele que se recusasse seria excluído da comunhão do povo de Deus. Eventualmente, algum problema entre os Israelitas tinha que ser resolvido. Caso contrário, não haveria como eles virem juntos em unidade ao Monte Sião para adorar a

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Deus. À medida que os Israelitas subiam ao Monte Sião, eles deveriam salmodiar as palavras do Salmo 133: “Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!” (Heb.). Então, o único lugar que Deus escolheu preservou a unidade do Seu povo. Enquanto os filhos de Israel seguissem a escolha de Deus, eles não tinham alternativa, exceto ser um.

A situação é totalmente diferente entre os Cristãos hoje. Se um crente não está feliz com o outro, ele pode simplesmente ir a outro lugar de adoração. A maioria dos cristãos consideram-se livres para escolher o lugar para satisfazer suas próprias paixões. Por esta razão, entre a maioria dos Cristãos não existe a submissão. Mas se não abusamos da graça de Deus, mas formos inteiramente submissos por ir ao lugar da Sua escolha, a unidade será preservada. Não importa que tipo de disposição tenhamos, precisamos ser subjugados por vir ao lugar que Deus escolheu. Caso contrário, seremos excluídos da comunhão do povo de Deus. Se formos subjugados dessa forma, seremos preservados na unidade adequada.

O LUGAR ONDE O SENHOR COLOCOU O SEU NOME

Agora entramos na questão de como discernir o

lugar que Deus escolheu. O primeiro princípio é que no lugar que Deus escolheu não deve haver nenhum outro nome além do nome de Cristo. Qualquer lugar que tiver um nome além do nome de Cristo não é o lugar escolhido por Deus. Em Deuteronômio 12 Deus encarregou o povo a destruir todos os lugares com todos os nomes. Nenhum nome era permitido permanecer. Entretanto, o único lugar que Deus escolheu foi o lugar que o Senhor escolheu colocar Seu próprio nome. Portanto, o lugar que vamos é o único lugar onde o Senhor pôs o Seu nome.

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Por esta razão, quando nos reunimos na igreja, nos reunimos somente no nome do Senhor Jesus Cristo. Em Mateus 18 o Senhor falou de se reunir no nome Dele. Toda vez que nos reunimos, devemos vir para dentro do Seu nome. Não devemos adotar tais nomes denominacionais como Metodistas, Episcopal, Presbiterianos, Luteranos ou Batistas. Todos esses nomes devem ser destruídos.

A HABITAÇÃO DE DEUS

O segundo princípio é que o único lugar que Deus escolheu deve ser a habitação de Deus, o lugar da morada de Deus. Efésios 2:22 nos ajuda a entender a importância desse princípio para nós hoje. Nesse versículo nos é dito que a habitação de Deus é nosso espírito. Isso significa que o próprio lugar que Deus escolheu é o nosso espírito. Por esta razão, discernimos o lugar que Deus escolheu pelo nome e pelo espírito do homem. Hoje a habitação de Deus está em nosso espírito.

Suponha que negligenciemos ou ignoremos o espírito, e em vez disso vivemos na esfera da mente, emoção e vontade. Isso dificultará que outras pessoas reconheçam que vivemos no lugar que Deus escolheu. O lugar que Deus escolheu é o espírito. Na vida da igreja não devemos ser caracterizados ou conhecidos por nossa expressão de opinião, mas pelo exercício do espírito. Ir ao lugar de habitação de Deus é estar no espírito.

UM LUGAR DE DESFRUTE

Terceiro, o lugar que Deus escolheu é um lugar de desfrute. Em Deuteronômio 12 a palavra comer é usada algumas vezes. O versículo 7 indica que é no lugar que Deus escolheu que devemos “comer diante do Senhor.”

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No versículo 18 vemos que o dízimo da produção da boa terra e as primícias do rebanho e do gado eram para ser comidas diante do Senhor no lugar de Sua escolha. Essas referências para comer apontam para o desfrute. Portanto, o lugar que Deus escolheu é um lugar de desfrute. Se em um lugar particular não sentimos o desfrute do Senhor, devemos questionar se aquele é ou não o lugar que Deus escolheu. Onde encontramos as riquezas de Cristo tipificadas pelos produtos da boa terra? No tempo das festas anuais, as riquezas da boa terra eram encontradas no Monte Sião em Jerusalém. De acordo com o princípio, hoje podemos discernir o lugar que Deus escolheu pelo desfrute das riquezas de Cristo. O lugar que Deus escolheu é caracterizado por esse desfrute.

UM LUGAR DE REGOZIJO

Finalmente, o lugar que Deus escolheu é um lugar de regozijo. Deuteronômio 12:12 e 18 falam de regozijar diante do Senhor. Esse regozijo está relacionado com comer dos primogênitos e das primícias. Regozijar não é somente estar feliz. É possível estar feliz em silêncio, mas para regozijar devemos expressar alguma coisa e fazer um barulho jubiloso. A casa de Deus é um lugar de regozijo. O lugar onde o seu povo se reúne não deve ser somente um lugar de prazer, mas tem que ser um lugar de regozijo.

Nessa porção da Palavra temos quatro maneiras de discernir uma igreja genuína e adequada. Uma igreja genuína é onde está um único nome, o nome de Cristo. Além disso, é um lugar onde o espírito do homem é prevalecente, onde as riquezas de Cristo são desfrutadas e onde nos regozijamos diante do Senhor. Quando as riquezas de Cristo se tornam nosso desfrute,

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espontaneamente seremos cheios com prazer e regozijo. Então, na vida da igreja temos o nome do Senhor e o exercício do espírito. Também desfrutamos as riquezas de Cristo e regozijamos no Senhor. Esse é o lugar que Deus escolheu, o único lugar que Ele escolheu para preservar a unidade.

CAPÍTULO CINCO

DESFRUTANDO CRISTO COM DEUS NA BASE DA UNIDADE

Leitura Bíblica: Dt 12:5-7, 13-14, 17-18; 1Tm 3:15b-16a; Hb 10:25; Sl 23:6; 27:4; 36:8-9; 42:4; 43:3-4; 66:13, 15; 84:1-8, 10-12; 92:10, 13-14; 133:1-3

Deuteronômio 12 é um capítulo rico. Segundo o versículo 2 e 3, era para os filhos de Israel destruírem os centros de adoração, os ídolos as imagens e os nomes. Ídolos não são encontrados somente nos centros pagãos de adoração; eles também são encontrados no Catolicismo, no Protestantismo e nos grupos Cristãos independentes. Se formos iluminados por essa porção da Palavra, espiritual-mente falando devemos destruir todos esses lugares, ídolos e nomes.

Geralmente, os centros pagãos estavam localizados nas montanhas ou outeiros ou debaixo de árvores frondosas (Dt 12:2). As montanhas e outeiros significam exaltação de algo além de Cristo e a árvore frondosa significa coisas que são belas e atrativas. Os vários centros de adoração no cristianismo hoje exaltam algo além de Cristo. Em princípio, esses centros de adoração estão nas montanhas ou nos outeiros, os lugares altos. No entanto, era para o povo de Deus ir ao Monte Sião, o

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único lugar escolhido por Deus para uma adoração corporativa. A adoração em lugares altos foi um fator na dispersão dos filhos de Israel.

Em princípio, devemos destruir todos os lugares, ídolos e nomes. Fazer isso é fazer o que é correto aos olhos do Senhor. Mas se insistirmos na nossa própria escolha, fazemos o que é correto aos nossos próprios olhos. Devemos temer o Senhor e ir ao lugar que Ele escolheu.

O CAMINHO DA DIVISÃO

O cristianismo seguiu o mundo por tomar o

caminho da divisão. Desde o tempo de Babel, o povo do mundo tem sido divisivo. A razão para esse divisionismo é que o povo insiste na sua própria escolha ou preferência. Por esta razão, a sociedade humana hoje é totalmente divisiva. A igreja deve ser diferente. Como o lugar único escolhido por Deus, a igreja não deve ter divisão. Isso significa que a igreja não deve seguir os costumes das nações ou as práticas pagãs da sociedade humana. Todavia, desde o século segundo, a igreja tem sido dividida por tais coisas como opiniões a respeito da pessoa de Cristo. As diferentes escolas de Cristologia, o estudo da pessoa de Cristo, se tornaram “montanhas” e “outeiros.” Assim, a igreja foi dividida não somente por coisas malignas, mas principalmente por coisas boas, até mesmo por opiniões a respeito de Cristo.

Como todos sabem, nos séculos após a Reforma, o cristianismo teve centenas de divisões. Após a Segunda Grande Guerra, os grupos independentes começaram a surgir nos EUA. Em 1963 me disseram que só no Sul da Califórnia havia milhares desses grupos. A história do cristianismo prova que o aspecto mais marcante, de o cristianismo ter seguido o mundo, é uma questão de

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divisão. As práticas pagãs de divisão, de seguir nossa própria escolha, gosto ou preferência é encontrado por todo o cristianismo. Até mesmo acolher o pensamento de divisão é tomar o caminho do sistema pagão, a prática divisiva do costume das nações.

Quando os filhos de Israel entraram na boa terra, centros pagãos de adoração podiam ser encontrados por toda parte. Em alguns lugares havia altares, em outros lugares havia pilares dedicados ou símbolos de madeira e ainda em outros lugares havia imagens de deuses pagãos gravadas. A terra de Canaã estava cheia de ídolos. Entretanto, Deus encarregou os filhos de Israel de destruírem todas essas coisas e virem ao único lugar escolhido por Deus. Em princípio, hoje devemos fazer a mesma coisa.

Hoje muitos Cristãos consideram as assim chamadas igrejas, da mesma forma com que comparam um par de sapatos. Eles podem ir de uma loja de sapato para outra até acharem algo que satisfaça sua preferência. Alguns Cristãos gastam anos indo de um lugar de adoração a outro, continuamente procurando por um lugar que satisfaça o seu paladar ou desejo. Tais cristãos são passageiros. Antes de eu vir para a vida da igreja, também fiz algumas dessas jornadas. Mas quando vim para a igreja na restauração do Senhor, minha jornada terminou. Eu soube que tinha vindo para o lugar que Deus escolheu.

Deuteronômio 12:5 diz “Mas recorrereis ao lugar que o Senhor vosso Deus escolher de todas as vossas tribos para ali pôr o seu nome, para sua habitação, e ali vireis.” Quando os filhos de Israel entraram na boa terra, não era para eles seguirem as práticas das nações. Não era para eles escolherem lugares segundo suas próprias preferências; ao invés disso, era para eles irem ao único lugar escolhido por Deus. Como revelado em outros livros

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do Antigo Testamento, esse único lugar era o Monte Sião em Jerusalém onde o templo, a casa de Deus, foi construído.

O CONCEITO DE DEUS SOBRE ADORAÇÃO

No lugar que Deus escolheu era para os filhos de Israel comerem diante do Senhor e se regozijarem (Dt 12:7). Em nenhum lugar do livro de Deuteronômio diz que o povo de Deus deveria ir ao único lugar e simplesmente começar a adorar. Claro, era esperado que eles adorassem o Senhor no lugar que Ele tinha escolhido, mas não adorar segundo o conceito deles do que é adorar. Ao invés disso, era para eles adorarem segundo o ensinamento, conceito de Deus de adorar. Segundo o conceito humano natural adorar é ajoelhar, se curvar ou prostrar-se diante de Deus. Até os Muçulmanos adoram de tal maneira nas mesquitas. Uma vez visitei uma mesquita Muçulmana na hora da adoração. Eu percebi que entre os adoradores não havia desfrute. Pelo contrário, por causa da falta de desfrute, muitos daqueles adoradores aparentavam ser mais velhos do que sua idade real. A adoração indicada em Deuteronômio 12 não é uma questão de ajoelhar-se, curvar-se ou prostrar-se. Segundo esse capítulo, adorar é comer diante do Senhor. Quando eles vieram para o lugar que Deus escolheu, era para o povo de Deus comer a melhor porção das ofertas e sacrifícios diante de Deus.

Deuteronômio 12:6 descreve isso: “A esse lugar trareis os vossos holocaustos e sacrifícios, e os vossos dízimos e a oferta alçada da vossa mão, e os vossos votos e ofertas voluntárias, e os primogênitos das vossas vacas e ovelhas.” A melhor porção dos produtos da boa terra era para ser comida diante do Senhor no lugar que Ele escolheu. Era ordenado aos filhos de Israel que

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separassem o dízimo, a décima parte dos produtos da boa terra e trazer-los para o lugar que Deus escolheu. Além disso, era para eles separarem as primícias dos seus rebanhos e gado. Três vezes ao ano – na festa do pão asmo, na festa das semanas e na festa dos tabernáculos – eles traziam o dízimo e os produtos para a casa de Deus em Jerusalém. Durante essas festas eles podiam desfrutar todas essas riquezas na presença do Senhor. Eles eram proibidos, entretanto, de desfrutar essa porção particular em casa. Eles podiam desfrutar dessa porção somente no tempo das festas e somente no lugar designado por Deus. Comer das ofertas era a adoração deles a Deus. Depois de trazer o dízimo e sacrifícios para o lugar adequado, eles os ofereciam em um altar. Então eles comiam as próprias coisas que eles tinham oferecido. Tinha uma porção de Deus, uma porção para os sacerdotes e uma porção para aquele que apresentava a oferta. Então, o povo de Deus desfrutava dos ricos produtos da boa terra diante de Deus e com Deus. Essa era a genuína adoração a Deus.

Você já pensou que é esse o tipo de adoração que Deus deseja? Em Deuteronômio 12 não há menção de cantar ou até mesmo orar. Segundo essa porção da Palavra, a adoração adequada é uma questão de comer diante de Deus os ricos produtos da boa terra. A boa terra é um tipo de Cristo e os ricos produtos da terra é um tipo das riquezas de Cristo. Portanto, a adoração que Deus deseja de nós é que comamos e desfrutamos das riquezas de Cristo em Sua presença. Espiritualmente falando, todos nós precisamos ganhar mais peso por comer mais de Cristo. O foco em Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio é o comer de Cristo. Se não comermos Cristo, não podemos adorar a Deus. A adoração que Deus procura está relacionada com o desfrute de Cristo. Todas as várias ofertas e sacrifícios

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em Deuteronômio 12:6 tipificam aspectos de Cristo para o nosso desfrute. Que todos nós sejamos impressionados com o fato de que a adoração adequada é uma questão de comer dos produtos da boa terra, isso é, de desfrutar com Deus e diante de Deus as riquezas de Cristo no único lugar escolhido por Deus.

Por toda a história do cristianismo, esse tipo de adoração tem sido perdido. Mas tenho plena certeza de que o Senhor está restaurando isso. Na igreja Ele está nos trazendo de volta para a genuína adoração, de volta para o desfrute de Cristo no único lugar que Deus escolheu. Diante de Deus e com Deus, desfrutamos Cristo na base da unidade. Louvado seja Ele pelo comer, pelo desfrutar das riquezas de Cristo!

COMENDO E REGOZIJANDO

Deuteronômio 12:7 também diz “E vos alegrareis, vós e as vossas casas, em tudo em que puserdes a vossa mão, no que o Senhor vosso Deus vos tiver abençoado.” Isso indica que os filhos de Israel não somente comeram diante do Senhor: eles também regozijaram diante Dele. Comer e regozijar andam juntos. À medida que os filhos de Israel desfrutavam dos produtos da boa terra na presença de Deus, eles regozijavam. Fora as riquezas da terra de Canaã, eles não tinham nada para comer e, portanto não tinham razão para regozijar. Tanto o comer e regozijar depende das riquezas. Freqüentemente quando somos convidados para um jantar ou uma festa, regozijamos quando a comida é servida na mesa. No mesmo princípio, as riquezas de Cristo é o fator, a causa do nosso regozijo no lugar da escolha de Deus.

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QUATRO CARACTERISTICAS DA VIDA DA IGREJA ADEQUADA

No capítulo anterior nós ressaltamos quatro

caracte-rísticas da vida da igreja adequada: o nome, a habitação, o desfrute e o regozijo. O fato de a igreja ser a habitação de Deus, a morada de Deus, indica que Sua presença está na igreja. Deus não visita ou reside simplesmente ali tempo-rariamente, como se fosse um hotel. Como a casa do Deus vivo, a igreja é a casa de Deus, a habitação de Deus. Portanto, a presença de Deus está na igreja. Na igreja desfrutamos as riquezas de Cristo e nos regozijamos no Senhor. Essa é a vida da igreja normal, genuína e adequada. Aqui temos o nome e a presença do Senhor. Nós vamos às reuniões da igreja para encontrá-Lo, vê-Lo e para desfrutar da Sua presença. Aqui nós desfrutamos as riquezas de Cristo com Deus. À medida que desfrutamos dessas riquezas, nós nos regozijamos no Senhor.

Muitos de nós podemos testificar que em outros lugares não temos a realidade ou a atualidade do nome e da presença do Senhor. Além disso, não temos o desfrute das riquezas de Cristo ou o regozijo. Para a maioria, essas características não podem ser encontradas nos centros de adoração Cristãs de hoje. Exteriormente, o nome de Cristo pode estar lá; mas na realidade o nome do Senhor não pode ser encontrado lá. Portanto, a presença do Senhor não está em tais lugares. A. W. Tozer enfatizou esse ponto em um artigo intitulado “A Esvaecente Autoridade de Cristo nas Igrejas.” Segundo nossa experiência, podemos também testificar que em vários centros de adoração Cristãs não há o desfrute de Cristo e não há o regozijo que vem desse desfrute. No entanto, no lugar escolhido por Deus, a igreja, temos o

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nome do Senhor, Sua presença, o desfrute das riquezas de Cristo e o regozijo no Senhor.

HABITANDO NA CASA DO SENHOR

Em Salmos vemos como os santos do Antigo Testa-mento desfrutaram o Senhor no único lugar que Deus escolheu. Deixe-nos considerar agora o número de versículos que testificam esse desfrute. Nesses versículos vemos como o povo de Deus O adorou através do desfrute das riquezas da boa terra na presença de Deus. Os santos antigos certamente desfrutaram Cristo com Deus no lugar único da escolha de Deus. Os versículos que consideraremos são excepcionais em Salmos relacionados com o desfrute das riquezas da boa terra no lugar da escolha de Deus.

Salmos 23:6 conclui com as palavras, “e habitarei na casa do Senhor por longos dias.” Os Cristãos amam o Salmo 23 principalmente porque ele fala do Senhor como o Pastor. No entanto, o objetivo final do Senhor nos pastorear é a casa do Senhor. Segundo esse Salmo, o Senhor nos guia de um estágio para outro até sermos trazidos a casa do Senhor. Ele nos faz repousar em pastos verdejantes, Ele nos guia para as águas de descanso, Ele nos guia pelas veredas de justiça, Ele nos conduz através do vale da sombra da morte e então nos traz ao campo de batalha. Finalmente, no entanto, Ele nos faz habitar na casa do Senhor. É na casa do Senhor que bondade e misericórdia estão conosco todos os dias de nossa vida. Não devemos simplesmente visitar a casa do Senhor; devemos habitar lá “para sempre,” isso é, eternamente.

No versículo 6 há uma construção paralela. Por um lado, bondade e misericórdia nos seguirão todos os dias da nossa vida. Por outro lado, devemos habitar na casa

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do Senhor para sempre. Isso é, então, um paralelo entre “os dias de nossa vida” e “eternamente.” Isso indica que bondade e misericórdia estarão conosco à medida que habitarmos na casa do Senhor. Se desejarmos compartilhar a bondade e misericórdia do Senhor, precisamos estar na casa do Senhor. Hoje a casa do Senhor é a igreja. Fora da igreja não podemos ter o desfrute pleno da bondade e misericórdia do Senhor. Mas na igreja nós desfrutamos a bondade e misericórdia do Senhor para sempre.

UM DESEJO

Salmos 27:4 diz, “Uma coisa peço ao Senhor, e a buscarei: que eu possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do Senhor, e meditar no seu templo.” Vemos aqui que o único desejo do salmista é habitar na casa do Senhor todos os dias da sua vida. A casa do Senhor para nós hoje é a igreja. Se formos iguais ao salmista, desejaremos habitar na igreja todos os dias da nossa vida. Aqui na igreja contemplamos a formosura do Senhor. Isso se refere à presença do Senhor. Além do mais, meditamos no Seu templo. Não oramos segundo o nosso desejo, mas meditamos a respeito da Sua vontade, procurando a Sua vontade. Se quisermos contemplar a beleza do Senhor e meditar no Seu templo, precisaremos habitar na casa do Senhor, a igreja.

DESFRUTANDO DAS RIQUEZAS DE CRISTO

Salmo 36:8 diz, “Eles se fartarão da abundancia da tua casa, e os farás beber da corrente das tuas delícias.” Em tipologia a abundancia da casa do Senhor se refere à rica produção da boa terra. Todas as riquezas que são

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oferecidas a Deus na casa se tornam a abundancia da casa do Senhor. O cumprimento desse tipo está em Cristo; Ele é a realidade da abundancia da casa do Senhor. Na era do Antigo Testa-mento, o povo de Deus somente podia desfrutar a abundancia no lugar que Deus escolhera para Seu nome e habitação. Por esta razão, o salmista declara que o povo de Deus estaria satisfeito com a abundância da Sua casa.

Esse versículo também diz, “Tu os farás beber do rio duas tuas delícias.” À medida que desfrutamos da abundancia da casa de Deus, bebemos do rio das delícias do Senhor. Essas delícias são o rio de gozo para aqueles que vêm ao lugar da escolha de Deus. Tais delícias vêm do desfrute da abundancia da casa de Deus. Então, na casa do Senhor somos cheios de gozo enquanto bebemos do rio das delícias de Deus.

O versículo 9 prossegue e diz, “Pois em ti está o manancial da vida; na tua luz vemos a luz.” Nesse versículo temos a abundancia, as delícias, a vida e a luz. Nós desfrutamos não somente o rio, mas também a fonte. Esse rico desfrute é nosso na casa de Deus, a igreja. Na igreja estamos satisfeitos com as riquezas de Cristo e estamos cheios de prazer e gozo. Há também o rio das delícias da qual podemos beber. Além disso, temos a fonte da vida. Essa vida se torna a luz na qual vemos a luz.

Nossas experiências de todos esses aspectos das riquezas de Cristo se tornam a genuína adoração que rendemos a Deus. Essa adoração é o elemento básico da vida da igreja. A vida da igreja consiste da adoração que vem do desfrute de Cristo. Esse desfrute nos enche com gozo e prazer, prazer que também se torna o rio do qual bebemos. Finalmente, vamos à fonte da vida, e na luz do Senhor vemos a luz. Aqui não há trevas, morte, fraqueza

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ou vazio. Pelo contrário, estamos satisfeitos e gozando à medida que bebemos das delícias do Senhor e desfrutamos luz e vida. A adoração produzida por esse desfrute é a adoração que Deus deseja hoje. Esse desfrute e essa adoração constituem a vida da igreja normal e adequada. Embora, a religião Cristã não saiba nada sobre tal adoração, o Senhor está restaurando isso na vida da igreja hoje.

INDO COM UMA MULTIDÃO PARA A CASA DE DEUS

No Salmo 42:4 o salmista declara, “Dentro de mim

derramo a minha alma ao lembrar-me de como eu ia com a multidão, guiando-a em procissão à casa de Deus, com brados de júbilo e louvor, uma multidão que festejava.” Aqui o salmista recorda o desfrute de ir com uma multidão a casa Deus. Ele lembrou como eles iam a casa de Deus com uma voz de gozo e louvor. Com uma multidão, ele guardou os dias santos, os dias da festa. Quando o salmista proclamou essas palavras, ele estava no cativeiro, tendo perdido o desfrute relacionado com a casa do Senhor. Mas à medida que ele lembrou desse desfrute, ele derramava a sua alma.

Esse versículo é uma janela pela qual podemos ver o quanto os santos desfrutavam dos produtos da boa terra na casa de Deus. Eles iam para a casa do Senhor com gozo e louvor, entrando na presença de Deus cheios de gozo. Lá na presença do Senhor eles desfrutavam a melhor porção dos produtos da boa terra. Em princípio, essa é a nossa experiência na vida da igreja hoje. Nós vamos juntos com uma multidão para desfrutar Cristo por meio de guardar a festa. Todas as vezes que vamos às reuniões da igreja guardamos o dia santo por meio de

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festejar as riquezas de Cristo. Aqui na casa do Senhor nós desfrutamos verdadeiramente Cristo com Deus.

LUZ E VERDADE

O Salmo 43:3 diz, “Envia a tua luz e a tua verdade, para que me guiem; levem-me elas ao teu santo monte, e à tua habitação.” Luz e verdade não são duas coisas separadas; elas são dois aspectos de uma coisa. Como já citamos, no Evangelho de João temos graça e verdade, mas nas Epístolas de João temos amor e luz. Verdade é o resplandecer da luz. Quando a luz resplandece sobre nós, recebemos a verdade, a realidade. No entanto, à medida que vamos a Deus em comunhão, estamos na luz. Dessa forma, no nosso fim temos verdade, mas no fim de Deus há a luz. Segundo o Salmo 43:3, precisamos de ambas a luz e a verdade.

Esse versículo indica que luz e verdade nos guiam e nos levam ao santo monte e aos Seus tabernáculos, isso é, para a casa de Deus. Dia após dia, somos guiados pela luz e pela verdade que vem da casa de Deus. Em 1 Timóteo 3:15 e 16 vemos que a igreja, a casa do Deus vivo, é a coluna e baluarte da verdade. Isso indica que verdade é encontrada na igreja, a casa de Deus. Quando temos verdade, também temos luz. Então, tanto luz e verdade estão na igreja.

Como esse versículo deixa claro, luz e verdade têm uma função definida e específica: levar-nos ao santo monte e aos tabernáculos de Deus, isso é, nos guiar ao lugar que Deus escolheu e a Sua habitação. Hoje muitos Cristãos estão procurando luz e verdade, mas não muitos procuram com o propósito de serem guiados para o lugar que Deus escolheu. No entanto, se nosso propósito é sermos levados para o monte santo e para a habitação de Deus, luz e vida certamente virão a nós. Muitos de nós

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podemos testificar que antes de virmos para a vida da igreja, recebemos luz e verdade simplesmente porque começamos a considerar a igreja. Por pensarmos em vir para a igreja, luz e verdade vieram a nós. Mas quando estamos hesitantes a respeito da igreja, luz e verdade parecem desaparecer por um período. No entanto, quando percebemos que devemos tomar o caminho da igreja, a luz resplandece novamente, e a verdade aparece de uma maneira mais completa que antes. Então quando chegamos à vida da igreja, estamos na luz do dia e recebemos grande quantidade de verdade. Isso testifica que luz e verdade têm nos guiado para o monte santo de Deus e nos levado para a habitação de Deus, a igreja.

APRESENTANDO NOSSAS OFERTAS AO SENHOR

Vamos prosseguir com o Salmo 66. O versículo 13 diz, “Entrarei na tua casa com holocaustos; pagar-te-ei com os meus votos.” No versículo 15 o salmista prossegue e diz, “Oferecer-te-ei holocaustos de animais cevados, com incenso de carneiros; prepararei novilhos com cabritos.” O salmista percebeu que somente na casa de Deus, o templo, poderia oferecer holocaustos e sacrifícios. Ele sabia que Somente indo ao lugar da escolha de Deus poderia oferecer sacrifícios a Deus. Segundo esse tipo, nós também devemos ir ao lugar da escolha de Deus, a igreja, se quisermos apresentar as nossas ofertas ao Senhor. Era ordenado aos filhos de Israel que fossem ao templo para que apresentassem suas ofertas a Deus. Deus não aceitou nenhuma oferta em nenhum outro lugar. Se um Israelita de Dã tivesse expressado o desejo de oferecer algo a Deus em Dã, o Senhor teria dito, “Eu não aceito uma oferta oferecida a Mim ali. Eu somente aceito ofertas no Monte Sião.” Deus não era limitado, mas Ele escolheu fazer do templo o

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ponto central da Sua atenção. Ele escolheu o Monte Sião como o único lugar de adoração. Somente naquele lugar Seu povo poderia oferecer suas ofertas a Ele.

Esse princípio é aplicado na vida da igreja hoje. Muitos de nós podemos testificar que quando tentamos oferecer algo a Deus fora da igreja, essa oferta não é muito prazerosa. Não ouso dizer que os Cristãos não podem oferecem nada a Deus fora da igreja. Mas posso testificar que fazer isso separado da vida da igreja não é no geral muito prazeroso. Segundo o tipo, nossas ofertas devem ser oferecidas no único lugar que Deus escolheu.

SUBJUGADOS POR VIR AO LUGAR QUE DEUS ESCOLHEU

Podemos pensar que esse requisito é ridículo. O

pensa-mento de Deus, no entanto, é mais elevado que o nosso. Por ser limitado ao lugar que Deus escolheu, somos guardados de abusar da graça de Deus e somos subjugados a respeito de nossos desejos, temperamentos e disposição. Todos nós temos nossa disposição particular e natural, temperamentos e características. Mas não importa como nossas peculiaridades sejam, todos precisamos ser subjugados. Se permanecermos em nossa vida natural e em nossa disposição natural com suas características particulares, será impossível termos o tipo de adoração que Deus procura. Todos nós precisamos ser subjugados por vir ao único lugar, para a única base. Isso significa que todos nós precisamos ser subjugados pela igreja. Se não desejarmos ser subjugados, lutaremos com os presbíteros, com outros irmãos e irmãs e até mesmo com nosso marido ou esposa. Até com respeito a coisas espirituais, as coisas de Deus, teremos divergências com os outros. Podemos preferir que as questões sejam de uma forma, mas

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alguém prefere que seja de outra forma. Como todos precisam ser subjugados por tomar o caminho da igreja!

No Estudo-Vida de Colossenses nós salientamos que a paz de Cristo deve ser o árbitro em nossos corações. No entanto, fora da vida da igreja, é difícil experienciar a paz de Cristo servindo como árbitro. Sim, a paz de Cristo arbitra em nossos corações, mas isso ocorre no contexto da vida da igreja. Em um sentido muito real, a igreja é que é o árbitro. O caminho da igreja é o caminho de ser subjugado. Por sermos subjugados pela base da igreja, somos preservados em unidade. O único lugar que Deus escolheu nos guarda de abusarmos da graça de Deus e também nos subjuga. Assim, esse único caminho nos dá o genuíno desfrute de Cristo. Quando temos o genuíno desfrute de Cristo, somos um. Somos um no desfrute de Cristo, isso é, em comer dos ricos produtos da boa terra. Mas como salientamos, podemos apresentar nossas ofertas dessa produção somente no lugar que Deus escolheu. Da mesma forma que o salmista, devemos trazer nossas ofertas à casa de Deus.

INCENSO PARA DEUS

O Salmo 66:15 diz, “Oferecer-te-ei holocaustos de animais cevados, com incenso de carneiros; prepararei novilhos com cabritos.” Eu aprecio a frase “com incenso de carneiros.” A versão chinesa fala de uma agradável oferta de carneiros. Quando nossas ofertas se tornam um incenso para Deus, isso significa que há uma fragrância em nossas ofertas. Quando trazemos nossos holocaustos para a igreja e oferecemos ao Senhor na igreja, há o incenso que é compatível com nossas ofertas. Esse incenso é aromático e prazeroso para o Senhor.

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É impossível apresentar ofertas ao Senhor fora da igreja, mas com essas ofertas não há fragrância. No entanto, quando oferecemos algo ao Senhor na igreja, sentimos que apresentamos nossas ofertas “com incenso de carneiros.” Oh, [quão bom] é a fragrância das ofertas apresentadas a Deus na igreja! Além disso, essa fragrância é especialmente para Deus, porém podemos senti-la. Não podemos experienciar tal incenso fora da vida da igreja. Somente na vida da igreja as ofertas podem ser apresentadas a Deus de maneira adequada, de uma maneira que é fragrante e O satisfaça.

O ENCANTO DA HABITAÇÃO DE DEUS

O Salmo 84 é excessivamente rico. Os versículos 1 e 2 dizem, “Quão amável são os teus tabernáculos, ó Senhor dos exércitos! A minha alma suspira! Sim, desfalece pelos átrios do Senhor; o meu coração e a minha carne clamam pelo Deus vivo.” (Heb.). O versículo 1 não fala somente de um lugar de habitação, mas de muitos lugares de habitação. Sem dúvida esses lugares de habitação significam as igrejas locais. As igrejas locais podem ser tão afetuosas conosco que até mesmo ficamos saudosos por elas. Segundo o versículo 2, o salmista anseia até mesmo pelos átrios do Senhor. Nessa apreciação, não somente a habitação de Deus é amável; os átrios também são amáveis. A razão de a habitação de Deus ser amável é que o Deus vivo está lá. A presença de Deus nas igrejas locais tornam as igrejas amáveis e afetuosas.

O versículo 3 diz, “O pardal encontrou casa, e a andorinha ninho para si, onde acolhe os seus filhotes, junto aos teus altares, ó Senhor dos exércitos, Rei meu e Deus meu.” Sem dúvida, somos pardais e andorinhas, pequenas criaturas que são pequenas e frágeis. Até os

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pardais encontraram uma casa e as andorinhas encontraram um ninho onde eles possam criar seus filhotes. Quão doce é o sentimento do salmista a respeito da casa de Deus! É um lugar para pequenos pardais permanecerem, um lugar para as andorinhas construírem um ninho para elas, onde elas possam criar seus filhotes. Na casa de Deus, nós, as andorinhas e os pardais, encontramos uma casa no altar do Senhor. No altar do Senhor encontramos um ninho, um lugar nutridor, um lugar que amamos, um lugar de descanso.

Em tempos antigos, tanto no tabernáculo quanto no templo, haviam dois altares: um no átrio exterior e outro no santo lugar. O altar no átrio exterior, o altar de bronze, era o lugar para as ofertas que tratavam das coisas negativas, limpando o povo de Deus e livrando-os de todos os problemas. O altar no santo lugar, o altar de ouro, era o altar do incenso, o qual significa o Cristo ressurreto como nossa aceitação a Deus. Então, esses altares significam Cristo em crucificação e ressurreição. É aqui que encontramos nossa casa e nosso descanso na casa de Deus.

Todos os pequenos, os pardais e andorinhas, nas igrejas locais devem perceber e compreender o significado da crucificação de Cristo, com tudo que ele consumou e realizou por nós. Eles precisam compreender como Cristo é Aquele crucificado no altar de oferta e Aquele ressurreto no altar de incenso. Através de tal compreensão, eles desfrutarão a bondade do Cristo crucificado e ressurreto. Nesses altares encontramos o verdadeiro lugar de descanso, um ninho que é substancial que amamos e onde podemos estar descansados. Quão maravilhoso é esse desfrute na habitação de Deus, as igrejas locais!

No versículo 4 o salmista prossegue e diz, “Bem-aventurados os que habitam em tua casa; louvar-te-ão continuamente.” (Heb.). Não devemos simplesmente

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visitar a casa de Deus; devemos habitar lá perpetuamente. Segundo esse versículo, aqueles que habitam na casa do Senhor são abençoados. Eles até louvam o Senhor perpetuamente. Toda vez que nos reunimos, devemos gastar muito tempo em louvores. Louvar deve ocupar mais tempo nas reuniões do que o ensino. Que todos aprendamos a louvar o Senhor.

No versículo 5 o salmista continua, “Bem-aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração se encontram os caminhos aplanados.” Na igreja temos nossa força em Deus e nosso coração é cheio com os caminhos de Deus. Se quisermos experienciar isso, devemos estar na casa de Deus.

O versículo 6 diz, “Passando pelo vale de Baca, faz dele um lugar de fontes; e a primeira chuva o cobre de bênçãos.” Baca significa o que chora. Na vida da igreja devemos passar através do vale de lágrimas, mas podemos tornar saudável esse vale, até mesmo em um lugar de fontes naturais. Além disso, ao invés de lágrimas, a chuva vem para encher o lago. Tal experiência é encontrada somente na casa de Deus.

Além disso, na vida da igreja vamos de força em força e cada um deles aparece diante de Deus (v. 7). Na igreja percebemos que “um dia nos teus átrios vale mais do que mil.” Aqueles que desfrutam a vida da igreja podem dizer, “Preferiria estar à porta da casa do meu Deus, a habitar nas tendas da perversidade” (v. 10).

O versículo 11 indica que a vida da igreja é o lugar da benção completa: “Pois o Senhor Deus é sol e escudo; o Senhor dará graça e glória; não negará bem algum aos que andam retamente.” Aqui na casa de Deus nós desfrutamos Deus como o sol e um escudo. O sol é para suprimento e o escudo é para proteção. Aqui na vida da igreja o Senhor é o nosso suprimento e segurança. Além disso, aqui nós desfrutamos a Sua graça a Sua glória.

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Graça é o desfrute interior, enquanto que glória é a expressão exterior. Na vida da igreja temos o desfrute interior da graça e a expressão exterior da glória. Oh quão abençoada é a vida da igreja!

O Salmo 84 conclui com as palavras, “Ó Senhor dos exércitos, bem-aventurado o homem que em ti põe a sua confiança” (v. 12). Podemos confiar em Deus fora da igreja local, mas é particularmente difícil. Nós podemos testificar, entretanto, que é muito fácil confiar em Deus na igreja. A casa de Deus é o local apropriado para exercitarmos nossa confiança em Deus.

EXALTADO, MESCLADO, PLANTADO E FLORESCENDO

No Salmo 92 nós vemos ainda mais aspectos do

desfrute na casa de Deus. O versículo 10 diz, “Mas tens exaltado o meu poder, como o do boi selvagem; fui ungido com óleo fresco” (Heb.). Na vida da igreja podemos ser tão fortes quanto um boi selvagem. Além do mais, temos dois chifres que são exaltados. Isso só é possível na casa de Deus. Além disso, na casa de Deus somos ungidos, até mesclados (Heb.), com óleo fresco. Exteriormente temos dois chifres exaltados e internamente estamos mesclados com óleo fresco. Todos na vida da igreja podem ter chifres como um boi selvagem e estar mesclados com óleo fresco.

Muitos que têm vindo para a vida da igreja têm experienciado seus chifres serem exaltados. Antes de virmos habitar na igreja, éramos baixos e derrotados. Mas quando viemos para o local de habitação de Deus, sentimos que nosso chifre foi exaltado sobre nosso inimigo. Além disso, sentimos que nós fomos mesclados com óleo fresco. Na casa de Deus temos a sensação de estarmos mesclados com óleo fresco todos os dias. Dia após dia sentimos algo muito fresco – isso é o óleo que

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está sendo mesclado conosco. A razão de estarmos frescos é que estamos mesclados com óleo fresco.

O versículo 13 diz, “Plantados na casa do Senhor, florescerão nos átrios do nosso Deus.” Nós não podemos simplesmente habitar na casa do Senhor; temos que estar plantados lá. Você tem estado plantado na vida da igreja? Aqueles que deixam a igreja não foram plantados na igreja. Uma vez que você foi plantado na casa do Senhor, você não pode deixá-la.

Se formos plantados na casa do Senhor, nós frutificaremos nos átrios de Deus. Essa é uma expressão muito significativa. Nós estamos em ambos na casa e nos átrios. Nossa raiz é fixada na casa, mas nossos ramos atingem os átrios. O frutificar não vem principalmente pela raiz; ele vem pelos ramos.

O versículo 14 continua, “Na velhice ainda darão frutos, serão viçosos e florescentes” (Heb.). Embora seja uma pessoa mais velha, eu sou mais frutífero hoje do que anos atrás. Como este versículo diz, ainda dou fruto na velhice e estou cheio de seiva e verdor. Podemos florescer de tal modo que, até mesmo quando somos velhos podemos dar frutos. Isso é possível somente na igreja como a casa de Deus. Se formos plantados na divina habitação, floresceremos nos átrios do nosso Deus, dando frutos mesmo em idade avançada e cheios de seiva e verdor. Quanto mais habitarmos aqui, mais novos nos tornamos. Esse é o resultado de habitar na casa do Senhor.

Esses versículos de Salmo 92 indicam que o único lugar que Deus escolheu não é somente o lugar adequado para oferecer sacrifícios e adorar a Deus. É também o lugar adequado para o crescimento em vida. A vida Cristã adequada é uma vida que está plantada na igreja e que floresce nos átrios da vida da igreja. Aqui na vida da igreja temos o genuíno crescimento em vida. À medida

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que crescemos, somos cheios com seiva e verdor. Como resultado, espontaneamente somos santos, espirituais e vitoriosos.

Quem é mais santo, espiritual e vitorioso do que aquele que está plantado na casa de Deus? Ninguém pode superar eles a esse respeito. Aqueles que habitam na casa do Senhor não têm a necessidade de procurar por santidade, espiritualidade ou a vitória. Esses atributos espontânea-mente se tornam deles porque eles estão plantados na vida da igreja e estão florescendo. Porque eles estão cheios de seiva e verdor, eles são automaticamente santos, espirituais e vitoriosos. Isso indica que o caminho adequado para nós termos uma vida Cristã é estar na vida da igreja normal. Fora da vida da igreja adequada, não podemos ser santos, espirituais ou vitoriosos. Esses atributos são encontrados na vida da igreja. Quando somos plantados na vida da igreja, floresceremos com santidade, espiritualidade e vitória. Como resultado, adoraremos a Deus não meramente de uma forma objetiva, mas com uma adoração subjetiva, dispensacional que vem do desfrute de Cristo na presença de Deus.

HABITANDO JUNTOS EM UNIDADE

O último Salmo que consideraremos aqui é o Salmo 133. O versículo 1 diz, “Oh! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!” (Heb.). Esse versículo fala da bondade e prazer de habitarem juntos em unidade. Segundo o versículo 2, tal habitar juntos em unidade “É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desceu sobre a barba, a barba de Arão, que desceu sobre a gola das suas vestes” (Heb.). Note que esse versículo fala do óleo precioso e não somente do óleo. O óleo precioso desce mais devagar do que o óleo. Na vida da igreja o óleo não

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corre; pelo contrário, ele se espalha lentamente, gradualmente e gentilmente. O precioso óleo espalha da cabeça de Arão até mesmo para as golas de suas vestes. Isso indica que ele desce da cabeça para todo o Corpo.

No versículo 3 o habitar em unidade está relacionado com o orvalho do Hermom e com o orvalho “que desce sobre os montes de Sião.” Hermom, uma alta montanha, significa os céus, da qual o orvalho desce. As montanhas são as igrejas locais e o orvalho é a graça de Cristo. Esse orvalho que desce sobre as igrejas locais é muito refrescante. Podemos testificar que o elemento refrescante de Cristo desce sobre nós nas igrejas locais. Louvado seja o Senhor pelo orvalho celestial que desce sobre as igrejas locais para o nosso desfrute!

O óleo e o orvalho trazem vida. O versículo 3 diz, “Porque ali o Senhor ordena a bênção, e a vida para sempre” (v. 3, Heb.). Note que esse versículo não diz, “O Senhor deu a benção”; ele diz “O Senhor ordena a sua benção.” Na vida da igreja como a casa de Deus, nós desfrutamos a benção ordenada de vida.

Até mesmo no tempo do Antigo Testamento, quando o povo de Deus ia para um templo material, eles desfrutavam uma vida maravilhosa na casa de Deus. Eles se reuniam em volta do templo e ofereciam a melhor porção da rica produção da boa terra. Então eles desfrutavam dessas ofertas com Deus e na presença de Deus. Essa era a vida deles, o viver deles e a adoração deles. Eles adoravam o Senhor através de desfrutar das riquezas da boa terra. Por esse ser o viver deles, eles foram plantados e floresceram na casa do Senhor. Esse é um retrato, uma tipologia, do que pode acontecer na base da unidade.

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OS REQUISITOS DE DEUS

A base da unidade não é simplesmente uma questão de uma cidade, uma igreja. A base da unidade é mais profunda, rica, elevada e mais plena do que isso. Devemos aprender que nesse universo Deus escolheu somente um lugar e esse lugar é a igreja. Deus requer que venhamos a esse lugar que Ele escolheu. Espiritualmente falando, devemos destruir todos os lugares que não sejam a igreja e todos os nomes que não sejam o de Cristo. Isso significa que devemos destruir nossa cultura e nosso background religioso. Você nasceu em uma determinada região desse país. Você precisa destruir a influência desse lugar. Talvez você tenha um background religioso em uma determinada denominação. Agora você precisa destruir esse lugar denominacional dentro de você. Os lugares que devemos destruir incluem nossa disposição, temperamento e hábitos. Devemos destruir tudo o que danifica a unidade do novo homem.

Segundo Colossenses 3:11, no novo homem “não há grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo ou livre, mas Cristo é tudo em todos.” A igreja com Cristo é o único lugar que Deus escolheu. Com o intuito de cumprir a palavra em Colossenses 3:11, todos os outros lugares devem ser totalmente destruídos. Devemos destruir tudo que não seja a igreja com Cristo. Então devemos simplesmente estar na vida da igreja desfrutando Cristo como a riqueza da boa terra. À medida que O desfrutamos com Deus, devemos ser plantados na casa do Senhor, devemos crescer e devemos florescer. Esse é o caminho adequado para se ter vida Cristã e a vida da igreja. Essa é a base da unidade.

Nessa base não é possível ter divisão, pois a base da divisão foi destruída. Nosso temperamento,

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disposição, características naturais e preferências, foram todos eliminados. Nossa religião, cultura e formas particulares também foram destruídas. Tendo destruído todos os lugares pagãos, nós simplesmente vamos ao lugar que Deus escolheu.

A vida da igreja tem sido enfraquecida por falta de concordância em destruir os lugares pagãos. Deuteronômio 12 tem um grande significado espiritual para nós hoje. Em nossa vida e cultura humana há vários lugares que permanecem para serem destruídos. Devemos destruir todos eles e então ir ao único lugar que Deus escolheu, a igreja. Na igreja não pode haver nada além de Cristo. Cristo deve ser tudo em todos. É fácil dizer isso, mas não é fácil praticar isso de uma maneira definitiva. No entanto, não temos desculpa de não praticar esse princípio.

Em todo lugar que deve ser destruído há uma coluna dedicada, um símbolo ou imagem. Isso significa que até mesmo em nosso caráter e disposição pode haver tais colunas, símbolos ou imagens. Então, devemos destruir todos os lugares com suas colunas, símbolos e imagens. Não preserve nenhum lugar. Ao invés disso, destrua-os e vá ao lugar que Deus escolheu. Como salientamos diversas vezes, esse lugar é a igreja. Tendo vindo para a igreja, devemos ter somente a Pessoa de Cristo e o caminho único da cruz. Então desfrutaremos Cristo na igreja como a melhor porção da rica produção da terra. À medida que O desfrutamos diante de Deus, esse desfrute se torna a nossa adoração, nossa vida da igreja e até mesmo a nossa vida Cristã diária. Então cresceremos e amadureceremos na base da unidade.

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CAPÍTULO SEIS

A BENÇÃO DE VIDA SOB O ÓLEO DA UNÇÃO E DO ORVALHO NA BASE DA

UNIDADE (1)

Leitura Bíblica: Sl 133:1-3; Jo 17:21-23; Ef 3:16 – 4:6; 1 Jo 2:27; 1Pe 3:7

A verdade sobre a unidade é extensa e profunda. O pleno significado da unidade genuína revelada na Bíblia está muito além da nossa apreensão. Por ser difícil a nós entender a unidade revelada nas Escrituras, o Senhor Jesus orou a respeito dela em João 17 em vez de falar sobre ela como continuação de Seu discurso a Seus discípulos. Eu creio que o Senhor Jesus percebeu que seus discípulos não eram capazes de entender a questão da unidade. Portanto, Ele fez uma oração com respeito a ela. João 17 é uma composição profunda, inescrutável e misteriosa. Esse capítulo é em si mesmo a prova evidente de que a Bíblia é inspirada por Deus. Nenhum ser humano poderia compor tal escrito como o capítulo dezessete de João. Durante os últimos quinze anos, tenho voltado a esse capítulo muitas e muitas vezes. Porém, devo admitir que tenho tocado apenas uma fração da verdade encontrada ali.

SER UM, ASSIM COMO O PAI E O FILHO SÃO UM

Os versículos 21 a 23 são representantes das profundezas desse capítulo. No versículo 21 o Senhor orou: “A fim de que todos sejam um; e como és Tu, ó Pai, em mim e eu em Ti, também sejam eles em nós.” O que é

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a unidade mencionada nesse versículo? O que significa para nós sermos um assim como o Pai é no Filho e o Filho é no Pai? Realmente essa unidade está além do nosso entendimento. No versículo 22 o Senhor continua a falar: “Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado, para que sejam um, como nós o somos.” Que é a glória que o Pai tem dado ao Filho e que o Filho tem dado a nós? Além disso, que significa para nós sermos um assim como o Pai e o Filho são um? Alguns podem pensar que essa unidade é simplesmente uma questão das três Pessoas da Trindade divina não terem disputa, discussão ou dissensão. De acordo com esse conceito de unidade, ser um significa estar em harmonia e não ter desentendimentos. Aqueles que entendem o versículo 22 dessa maneira dizem que se um bom número de Cristãos podem se reunir sem discussão ou dissensão, eles são um assim como o Pai e o Filho são um. Essa compreensão da unidade é muito superficial. Certamente a unidade aqui não é meramente aquela de grupos particulares reunidos em harmonia e conformidade. Aqui o Senhor diz que Ele tem nos dado a própria glória que o Pai tem dado a Ele para que possamos ser um no Pai e no Filho. Isso mostra a unidade que existe na natureza divina e no ser divino. Os Três do Deus Triúno são um na natureza e no ser deles. A unidade dos Cristãos em Cristo deve ser essencial-mente a mesma. O uso da palavra glória aqui confirma isso. Por termos recebido do Filho a própria glória que Ele recebeu do Pai, podemos ser um assim como o Pai e o Filho são um. Isso mostra que unidade não é a mera soma de grupos individuais, mas uma unidade que está relacionada com natureza e essência. Do contrário, a palavra glória não seria usada nesse versículo. Glória é o próprio fator de unidade aqui. A glória foi dada a nós

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para que possamos ser um assim como o Pai e o Filho são um. Por isso, a glória do Ser divino é o fator de unidade entre aqueles que crêem em Cristo. O versículo 23 diz: “Eu neles e Tu em mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade.” Mais uma vez vemos que essa não é uma mera unidade de adição. Os Cristãos não são simplesmente somados juntos para ser um. O versículo 23 é ainda mais forte do que os versículos 21 e 22 com respeito a unidade, pois fala do nosso ser aperfeiçoado na unidade. Isso indica que podemos ser um, mas nossa unidade pode estar apenas no estágio inicial. Ela pode não ter crescido ainda ou ter alcançado a perfeição. Embora possamos mostrar certas coisas sobre esses versículos, não podemos entendê-los adequadamente. Além disso, é difícil para nós, mesmo após tê-los lido muitas e muitas vezes, expor o ponto principal em cada versículo. Isso prova que a unidade sobre a qual o Senhor orou nesse capítulo está muito além da nossa compreensão.

O MESCLAR DO DEUS TRIÚNO COM OS CRISTÃOS

Na Bíblia existem quatro grandes capítulos sobre a questão da unidade. Deuteronômio 12, Salmo 133, João 17 e Efésios 4 com a última parte de Efésios 3. Seria uma grande perda e falta de entendimento separar Efésios 4:1-6 de 3:16-21. É muito útil, no entanto, quando todos esses versículos são lidos juntos como um todo. A unidade mencionada em 4:1-6 está intimamente relacionada com o que é abordado em 3:16-21. Portanto, a palavra em 4:1 indica isso. Ela mostra que esses versículos no capítulo quatro são o resultado daquilo que imediatamente os precedem no capítulo três. Em 3:16-21

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Paulo orou para que o Pai nos fortalecesse mediante o seu Espírito em nosso homem interior, para que Cristo fizesse Sua morada em nossos corações, para que fôssemos arraigados e alicerçados em amor e fôssemos fortes para compreender com todos os santos qual é a largura, e o cumprimento, e a altura, e a profundidade, e para que conhecêssemos o amor de Cristo que excede todo enten-dimento e para que fôssemos tomados de toda plenitude de Deus. O resultado é que, segundo o poder que opera em nós, haja glória para Deus na igreja e em Cristo Jesus. Na luz de tudo isso, Paulo declara: “Rogo-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor, que andeis de modo digno da vocação a que fostes chamados.” Como o contexto deixa claro, andar de modo digno do Senhor é principalmente preservar a unidade do Espírito. Nos versículos 4 a 6, Paulo continua a mostra que a unidade do espírito é o próprio Deus Triúno. Paulo fala do Corpo e do único Espírito, do único Senhor e do único Deus e Pai. O fato do Corpo e do Deus Triúno serem mencionados juntos indica que a unidade é na verdade o mesclar do Deus Triúno com os Cristãos. Em Efésios 3 Paulo se refere aos Três do Deus Triúno. Ele ora ao Pai para fortalecer os santos mediante Seu Espírito no homem interior para que Cristo possa fazer Sua morada em seus corações. Aqui, temos o Pai, o Espírito e Cristo (o Filho). Então, no capítulo quatro Paulo fala do Espírito, do Senhor e do Pai. Ele se refere ao Deus Triúno com relação à unidade do Espírito e do Corpo. Isso indica que a unidade não é meramente uma questão de adição, mas do mesclar do Deus Triúno com os Cristãos. Unidade é o mesclar do Deus processado com os Cristãos. Muitas referências ao Deus Triúno, especialmente nas Epístolas, mostram o processo pelo qual Deus passou. No Novo Testamento o Deus Triúno – o Pai, o Filho, o Espírito – é revelado

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claramente em relação à encarnação, viver humano, crucificação e ressurreição de Cristo. Em Mateus 28:19 o Senhor Jesus incumbiu Seus discípulos a discipular as nações e batizá-las “em nome do Pai, do Filho e do Espírito.” Antes da ressurreição de Cristo, as pessoas não podiam ser batizadas no nome do Deus Triúno. Somente após Deus ter sido processado pela encarnação de Cristo, viver humano, crucificação e ressurreição os Cristãos puderam ser batizados no nome do Pai, do Filho e do Espírito. Ser batizado, imerso, nesse nome do Deus processado é participar do Deus processado. Além disso, nas Epístolas vemos que o Deus Triúno processado é para nossa participação e desfrute. Portanto, consequentemente o Deus Triúno torna-se mesclado a nós. Essa mescla é a unidade. A mera unidade de adição é muito superficial. A unidade revelada na Bíblia é a mescla do Deus Triúno processado com Seu povo escolhido. Se virmos isso, então poderemos entender mais facilmente a oração do Senhor com relação à unidade em João 17. A unidade em João 17 é a mescla da divindade com a humanidade. Porém, não queremos falar simplesmente da divindade em si, mas da divindade após ter sido processada pela encarnação, viver humano, crucificação e ressurreição. Tendo passado por tal processo, o Deus Triúno torna-se nossa porção e desfrute. Como o Espírito que dá vida, Ele Se mescla com aqueles que Nele crêem. Com esse conceito de unidade em mente, vamos voltar a João 17:21. Temos visto que aqui o Senhor orou para que “todos sejam um; e como és Tu, ó Pai, em Mim e Eu em Ti, também sejam eles em Nós.” Aqui o Senhor diz que Ele está no Pai e que o Pai está Nele. Isso, sem dúvida, indica que o Pai e o Filho estão mesclados. Essa mescla é a unidade entre o Pai e o Filho. A unidade entre o Pai e o Filho é que o Pai está no Filho e

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que o Filho está no Pai. O Senhor orou para que fôssemos um da mesma maneira, até mesmo que fôssemos um “em Nós”, isto é, no Deus Triúno.

UNIDADE NA GLÓRIA DIVINA

No versículo 22 o Senhor disse que a glória que o Pai deu a Ele, Ele tem dado a Seus santos “para que sejam um, como Nós o somos”. Glória é a expressão de Deus. Essa expressão foi dada ao Filho. O Pai deu ao Filho a glória para expressá-Lo na vida divina. Agora essa glória foi dada a nós pelo Filho para que possamos ser um assim como o Pai e o Filho são um. Essa unidade é a unidade na glória divina para a expressão corporativa de Deus.

APERFEIÇOADOS NA UNIDADE

No versículo 23 o Senhor continua: “Eu neles e Tu em Mim, a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade”. Aqui vemos a mescla do Deus processado com os que creram. As palavras Eu, eles e Tu se referem a Cristo, aos Cristãos e ao Pai respectivamente. O Filho está nos que creram e o Pai está no Filho. Essa é a mescla do Deus Triúno com os santos. Como resultado de tal mesclar, podemos ser aperfeiçoados na unidade. Talvez você esteja se perguntando o que significa ser aperfeiçoado na unidade. No dia que cremos em Cristo, nós entramos nessa unidade. Porém, nós ainda temos problemas com nosso homem natural, nossa constituição natural e nossa disposição natural. Mas, quanto mais experimentamos Cristo, o Espírito que da vida, mais todos esses elementos naturais são reduzidos. Como eles são reduzidos por meio de nossa experiência do Deus Triúno,

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somos aperfeiçoados na unidade. Todos nós precisamos ficar impressionados com o fato de que a unidade revelada na Bíblia não é uma questão de ajuntar os Cristãos para formar uma união harmoniosa. Tal conceito de unidade é natural e superficial. De novo queremos dizer que unidade é a mescla do Deus Triúno processado com os Cristãos. Tendo visto essa unidade como é revelada em João 17 e Efésios 4, vamos agora considerar o Salmo 133.

DOIS ASPECTOS DA UNIDADE

Esse Salmo é tão profundo que é difícil falar sobre ele. O versículo 1 diz: “Oh! Quão bom e agradável é para os irmãos viverem juntos na unidade!” Note que o salmista usa dois adjetivos para descrever os irmãos vivendo juntos na unidade. Ele diz que isso é bom e agradável. O motivo de dois adjetivos serem usados é que nos versículos seguintes, vivendo juntos na unidade é comparado a duas coisas: ao óleo precioso sobre a cabeça de Arão e o orvalho de Hermon nos montes de Sião. Esses dois adjetivos apontam para dois aspectos da unidade. A unidade é boa e agradável: boa como o óleo precioso e agradável como o orvalho que desce. Desses aspectos, o primeiro – Arão – é uma pessoa e o segundo – Sião – é um lugar. Você já viu que a igreja tem esses dois aspectos? Por um lado, a igreja é uma pessoa; por outro lado, a igreja é um lugar. Como uma pessoa, a igreja inclui a Cabeça com o Corpo. Como um lugar, a igreja é a habitação de Deus. Em outros lugares na Bíblia, vemos que a igreja é a Noiva, o novo homem e a guerreira. Esses, porém, são aspectos da igreja como uma pessoa. Na verdade, a igreja tem somente dois aspectos principais: o aspecto de uma pessoa e o aspecto de uma

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habitação. Relacionado com esses dois aspectos da igreja estão o óleo e o orvalho.

O ÓLEO QUE SE ESPALHA E O ORVALHO QUE DESCE

Embora no versículo 2 da Versão King James mencione ungüento, a maioria das outras versões usa a palavra Hebraica para óleo. Esse óleo se refere ao óleo da unção descrito em Êxodo 30. Aquele óleo da unção é um ungüento composto formado pelo misturar de quatro especiarias com azeite de oliveira. Arão, seus filhos, o tabernáculo e todas as coisas relacionadas com o tabernáculo eram ungidos com esse ungüento. Segundo o Salmo 133, esse ungüento, esse óleo da unção composto, estava sobre uma pessoa, Arão. Temos chamado à atenção ao fato de que, em comparação, o orvalho refrescante, irrigador e saturador estava sobre um lugar, os montes de Sião. Nem o óleo da unção, nem o orvalho moviam-se rapidamente. O orvalho não caia como chuva; ele descia e vinha de uma maneira gradual. Da mesma maneira, o ungüento, na verdade, não escorria debaixo da barba de Arão; ele se espalhava sobre sua barba e então descia para a gola de suas vestes. A raiz Hebraica quer dizer espalhar, como o espalhar sobre uma superfície. Ela também significa estender, como estender uma cobertura, uma coberta de cama, sobre ela. Por isso, o óleo da unção na cabeça de Arão se estendia sobre sua barba; ele não escorria abaixo rapidamente sobre sua barba. O ungüento se estendia suave e lentamente. No mesmo princípio, o orvalho descia sobre os montes de Sião. Em nosso hinário, existe um hino sobre “chuvas de benção” (Hymns 260). Tais chuvas espirituais é um tanto Pentecostal em natureza. Tenho

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uma maior apreciação pelo espalhar do ungüento e o descer do orvalho do que pelas chuvas de bênçãos. Chuvas não estão relacionadas com unidade. A unidade genuína é constituída do ungüento que se espalha e do orvalho que desce.

UNGIDO COM O DEUS TRIÚNO PROCESSADO Temos visto enfaticamente que a verdadeira

unidade é a mescla do Deus processado com os crentes. Embora isso seja revelado no Novo Testamento, não vemos no Novo Testamento a maneira de praticar essa unidade. A maneira de praticar essa mescla está no Salmo 133. O óleo no versículo 2 é um tipo do Deus Triúno processado que hoje é o Espírito composto todo-inclusivo. Conforme Êxodo 30, o óleo da unção é um composto formado pela mistura de quatro especiarias com um him de azeite de oliveira. Esse composto tipifica o Espírito todo-inclusivo que é o Deus processado para nosso desfrute. Nesse Espírito composto não temos apenas a divindade, mas também a humanidade de Cristo, a eficácia de Sua morte e o poder de Sua ressurreição. Em outras palavras, o Espírito composto é o Deus processado com os atributos divinos, as virtudes humanas, a eficácia da morte de Cristo e o poder da ressurreição de Cristo. Na vida da igreja, esse Espírito composto está continuamente nos ungindo. O ungüento pode ser comparado à tinta e o ungir à aplicação dela. Quando pinta uma cadeira, você pode dar uma demão de tinta após outra. Quando o Espírito composto nos unge, Ele nos “pinta” e a “tinta” é o próprio Deus Triúno. Nessa “tinta”, temos a humanidade de Cristo, a eficácia de Sua morte e o poder de Sua ressurreição. Também temos a divindade e o viver humano de Cristo. Quando todos esses ingredientes do ungüento são aplicados a nós,

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somos “pintados” com o Deus Triúno processado e com todos os elementos do óleo composto. A vida da igreja adequada é uma vida na unidade que é a mescla do Deus Triúno processado com os crentes. Quando permane-cemos nessa unidade, somos “pintados” com o ungüento. Quanto mais somos “pintados” dessa maneira, mais nossa constituição natural, temperamento e disposição são elimi-nados. O que fica é a mescla do Deus Triúno processado com nossa humanidade elevada. Isso é a unidade. Em tal unidade não é possível ter divisão, nem mesmo dissensão. Nessa unidade não há espaço nem mesmo para nossa opinião. Embora precisemos experimentar muito mais da “pintura” divina que nos introduz na unidade, temos tido pelo menos alguma experiência disso na vida da igreja. Pelo menos, até certo ponto, todos temos entrado na unidade. Quando estávamos nas denominações ou nos grupos independentes, achávamos fácil sermos críticos e dar opiniões. Mas na igreja, o elemento discordante e os fatores divisivos são restringidos. Esse é o efeito da unidade. Quanto mais a “tinta” do Deus Triúno processado é aplicada ao nosso ser, mais difícil será para nós sermos divididos. Por meio da aplicação da “tinta” celestial, somos introduzidos na unidade genuína, não na unidade superficial que é segundo o conceito natural. Estamos na unidade que é o Deus Triúno processado “pintado” em nosso próprio ser. Como temos enfatizado, esse ungüento, essa “pintura” divina não escorre para baixo; ela se espalha. Quero que minha casa seja pintada com tinta que vai fixar, não com tinta que vai escorrer paredes abaixo como água. Do mesmo modo, quando o ungüento é aplicado a nós, ele se fixa em nosso ser interior; ele não escorre para baixo. O escorrer do ungüento é como as experiências no pentecostalismo ou no movimento

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carismático. Experiências desse tipo passam rapidamente. Na vida da igreja, no entanto, a bênção espiritual vem a nós gradualmente, lentamente e suavemente. Mas, uma vez que ela chega, permanece. Uma vez que a “tinta” é aplicada a nós, ela fica. Depois que somos cobertos com o óleo da unção, a cobertura permanece para sempre. Nada pode erradicá-la. A unção não nos faz ter muito sentimento em nossa emoção. Aquelas experiências que vêm e vão rapidamente, pelo contrário, agitam nosso sentimento. Mas essa não é a experiência normal na vida da igreja. Na vida da igreja experimentamos o espalhar gradual do ungüento todo-inclusivo. Por exemplo, na reunião de oração da igreja podemos receber uma ou duas “camadas” de “tinta” sem ter muito sentimento a respeito dela. Como temos visto, esse ungüento tem muitos ingredientes. Quão gratos somos ao Senhor por Sua restauração. Dia a dia na vida da igreja, todos os ingredientes do óleo divino estão sendo forjados em nós. Por meio da aplicação desses ingredientes em nosso ser interior, estamos espontaneamente na unidade. Encontra-mos muitíssima dificuldade em ser divisivos ou mesmo dissidentes. Quão bom, amável e desfrutável é a unidade na igreja! A única maneira de sermos divisivos é tomarmos uma forte decisão contrária ao nosso ser interior. Somos um espontaneamente porque fomos “pintados” com todos os elementos da “tinta” celestial.

O DEUS TRIÚNO PROCESSADO APLICADO A NOSSO SER

A base da unidade é simplesmente o Deus Triúno processado aplicado ao nosso ser. Essa é a unidade na qual nos encontramos hoje. Nós não estamos numa unidade produzida pelo ajuntamento daqueles que crêem

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em Cristo. Nesse tipo de unidade é muito fácil ter subtração tanto quanto adição. Porém, uma vez que fomos introduzidos na unidade produzida pela aplicação do Deus Triúno processado ao nosso ser, é muito difícil ter qualquer subtração. Essa unidade é completamente diferente da unidade no cristianismo de hoje. A unidade no cristianismo envolve adição e subtração. Mas, a unidade nas igrejas na restauração do Senhor envolve a aplicação do Deus Triúno ao nosso ser interior.

PARA A CABEÇA COM O CORPO

O óleo não é para indivíduos; ele é para o Corpo. Ele não pode ser experimentado por aqueles que estão apartados e separados do Corpo. Segundo a figura no Salmo 133, o óleo está sobre a cabeça. Então, ele se espalha para a barba e desce para a gola das vestes. Isso indica que se somos individualistas, não podemos experimentar o óleo. Alguns podem argumentar que podem contatar o Senhor sozinhos em casa. Não duvido que possam. A questão crucial, porém, é se somos um com a igreja ou não. Se somos um com a igreja, então podemos contatar o Senhor sozinhos em casa adequadamente. Mas, se nos separarmos da igreja, nosso contato com o Senhor será completamente diferente. Isso é porque o óleo da unção não é para membros individuais; ele é para a Cabeça e o Corpo, mesmo para a Cabeça com o Corpo. Por isso, para ser “pintado” pelo óleo, devemos estar na igreja. Então, desfrutamos espontaneamente a aplicação do óleo da unção com todos os seus elementos. Quão mara-vilhosa é a unidade produzida pela aplicação desse óleo!

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GRAÇA – O DEUS TRIÚNO COMO NOSSO SUPRIMENTO DE VIDA

PARA NOSSO DESFRUTE

Segundo o Salmo 133:3, a unidade também é como o orvalho que desce sobre os montes de Sião. O óleo da unção está sobre a pessoa, Arão, mas o orvalho está sobre o lugar, Sião. O orvalho significa a graça de vida (1Pe 3:7). A graça de vida é o suprimento de vida. Na vida da igreja não estamos apenas debaixo do óleo; nós também recebemos o suprimento e a graça de vida. Quando somos ungidos, também somos agraciados. Suponha dois irmãos que vivem juntos numa casa de irmãos e que estão tendo dificuldades de conviverem juntos. Porém, através da participação deles na vida da igreja, eles são agraciados e recebem o suprimento de vida. Espontânea-mente, eles não vão apenas suportar um ao outro, mas realmente amar um ao outro. Essa é a experiência do orvalho, a graça. O apóstolo Paulo experimentou a graça do Senhor abundantemente. Ele orou três vezes para que o “espinho” que o estava afligindo fosse removido. O Senhor respondeu que Sua graça era suficiente a ele. Por essa palavra, o Senhor indicou que não tiraria o espinho, mas supriria Paulo com Sua suficiente graça. Em 2 Coríntios 13:13, Paulo abençoa a igreja com as palavras: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo, sejam com todos vós” (Gk). Esse versículo indica que graça é o Deus Triúno processado para ser nosso suprimento de vida. Enquanto o óleo significa o Deus Triúno processado que é “pintado” em nosso ser, o orvalho significa o Deus Triúno que é nosso suprimento de vida para nosso desfrute. Portanto, na vida da igreja,

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diariamente somos ungidos e agraciados. Somos “pintados” com o Deus processado e somos agraciados com o mesmo Deus processado como nosso suprimento de vida. Esse óleo e esse suprimento tornam possível vivermos em unidade. Nas palavras do Salmo 133, essa unidade é como o óleo da unção e o orvalho. Debaixo do óleo da unção e do orvalho que rega, experimentamos a benção de vida na base da unidade.

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CAPÍTULO SETE

A BENÇÃO DE VIDA SOB O ÓLEO DA UNÇÃO E DO ORVALHO NA

BASE DA UNIDADE (2)

Leitura Bíblica: Sl 133:1-3; Jo 1:14, 16-17; At 4:33; 11:23; 13:43; 14:26; Rm 5:2, 17, 20-21; 1Co 15:10; 2Co 1:12; 9:8, 14; 12:9; 13:14; Ef 2:7; 1Tm 1:14; 1Pe 3:7; 4:10; 5:10a; Gl 6:18; Ap 22:21

Segundo o Novo Testamento, a unidade dos Cristãos ou da igreja, é misteriosa, pois ela está intimamente relacionada com o Deus Triúno processado. João 17:21-23 indica que os Cristãos são um no Deus Triúno, assim como o Pai está no Filho e o Filho está no Pai. Por estarem no Deus Triúno, os Cristãos são um. Além disso, João 17:22 diz que a glória que o Pai deu ao Filho foi dada pelo Filho aos Cristãos, para que possam ser um assim como o Pai e o Filho são um. Então, o versículo 23 prossegue ao falar de ser aperfeiçoados na unidade. Quando cremos, entramos nessa unidade misteriosa. Agora, devemos prosseguir em ser aperfeiçoados gradualmente nessa verdadeira unidade.

A MESCLA DO DEUS TRIÚNO COM O CORPO DE CRISTO

Em Efésios 4:4-6 Paulo lista sete aspectos da unidade: um Corpo, um Espírito, uma esperança, um Senhor, uma fé, um batismo e um Deus e Pai de todos. Esses versículos também mostram a mescla misteriosa do Deus Triúno com o Corpo de Cristo. Essa mescla é a

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unidade dos Cristãos. O Espírito no versículo 4 é, sem dúvida, o Espírito composto todo-inclusivo que está dentro do Corpo e dá vida ao Corpo. Segundo 1 Coríntios 13:13, o Corpo veio a existência por meio do batismo desse Espírito todo-inclusivo. Tendo sido batizados em um Espírito, devemos prosseguir em beber desse Espírito. Isso indica que a existência do Corpo depende do Espírito que dá vida todo-inclusivo. Além disso, o Corpo continua a existir por meio de o nosso beber desse Espírito. Qualquer coisa que bebemos torna-se mesclada com nosso ser interior, com nosso sangue e com a própria fibra do nosso tecido orgânico. Isso é o mesmo com o Espírito que dá vida. Efésios 4:5 Paulo coloca junto o único Senhor com a única fé e o único batismo. Nós entramos no Senhor por meio da fé e do batismo. Ter fé no Senhor significa crer Nele. É claro, ser batizado Nele é ser colocado Nele. Quando cremos Nele e fomos batizados Nele, nos tornamos um com Ele; isto é, fomos mesclados com Ele. No versículo 6 Paulo diz: “um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos.” O único Deus e Pai está sobre tudo objetivamente, age de um modo que é parcialmente objetivo e parcialmente subjetivo e está em todos subjetivamente. Por isso, o Espírito está mesclado com o Corpo, o Corpo está no Senhor e o Pai é sobre todos, age por meio de todos e está em todos. Essa é uma figura do mesclar do Deus Triúno com o Corpo de Cristo. Nessa unidade, temos a única esperança, a esperança da nossa glorificação vindoura. Essa unidade é completamente diferente da unidade no cristianismo de hoje, que é uma mera unidade de adição. Tal unidade de adição pode também levar a subtração. A unidade revelada na Bíblia é a mescla do Deus Triúno processado com Seu povo escolhido. Por isso, a unidade nas

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Escrituras é uma mescla de pessoas, uma mescla da Pessoa divina, o Deus Triúno, com as pessoas que crêem em Cristo. O Deus Triúno que está mesclado conosco passou pelo processo de encarnação, viver humano, crucificação e ressurreição. Essa unidade genuína referindo-se a tal mescla maravilhosa é a revelação clara em João 17 e Efésios 4.

UM TIPO DA UNIDADE GENUÍNA

Agradecemos ao Senhor por existirem tipos no Antigo Testamento de quase todas as coisas espirituais no Novo Testamento. Um dos tipos da unidade genuína é encontrado em Deuteronômio 12. Nesse capítulo a boa terra tipifica o Cristo todo-inclusivo, enquanto que as montanhas, os outeiros e as árvores frondosas tipificam vários centros de adoração. As ofertas mencionadas nesse capítulo tipificam vários aspectos das riquezas de Cristo. Sim, Deuteronômio 12 é o registro de uma exortação dada aos filhos de Israel ao entrarem na boa terra. Mas, os detalhes dessa exortação também são tipos, não apenas instruções que foram dadas literalmente por Deus ao povo na época. Podemos usar o cordeiro Pascal como ilustração de algo que tinha tanto um significado literal quanto simbólico. O próprio cordeiro que era imolado no período da Páscoa, também era um tipo de Cristo como nosso Redentor. No mesmo princípio, o maná comido pelos filhos de Israel no deserto era um tipo de Cristo como nossa comida celestial. Esse princípio também se aplica à boa terra em Deuteronômio 12. A terra não era apenas uma região física possuída pelos filhos de Israel; ela era também um tipo do Cristo todo-inclusivo. Nesse capítulo, o povo escolhido de Deus foi ordenado a ir ao único lugar da escolha Deus. Esse lugar foi eleito por Deus a fim de preservar a unidade dos

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filhos de Israel. Esse lugar não era apenas uma localização atual na terra de Canaã, mas também um tipo da unidade genuína dos Cristãos em Cristo hoje.

O CRISTO CORPORATIVO

No Salmo 133 a unidade do povo de Deus é comparada ao óleo precioso e ao orvalho. O óleo precioso sobre a cabeça de Arão se espalha sobre a barba e por fim desce para a gola de suas vestes. Essa figura da unidade está relacionada com uma pessoa, Arão, um tipo de Cristo em Seu ministério sacerdotal. Como o Sumo Sacerdote, Cristo serviu a Deus, realizou o propósito de Deus e cumpriu o desejo do coração de Deus. Porém, no Salmo 133 Arão não tipifica apenas o próprio Cristo, mas Cristo com Seu Corpo. Isso significa que aqui, Arão, tipifica o Cristo corporativo, a cabeça com o Corpo. A igreja num sentido muito real é o Cristo corporativo. A igreja é, dessa maneira, uma grande pessoa universal com diversos aspectos: os aspectos do Corpo, da Noiva, do novo homem e da guerreira. Todos esses aspectos da igreja estão relacionados com a pessoa.

AS MUITAS IGREJAS LOCAIS

No Salmo 133 a unidade do povo de Deus também é comparada com o orvalho do Hermom que desce sobre os montes de Sião. Esses montes tipificam as igrejas locais. Cada igreja local é um monte de Sião. Existe uma Sião, mas os muitos montes significam as muitas igrejas locais. Como uma pessoa, a igreja é unicamente uma. Como um lugar, a igreja, por um lado, é a única Sião; mas, por outro lado, ela é os muitos montes da única Sião. Embora exista uma igreja no universo, contudo, existem muitas igrejas locais. Cada igreja local é um pico

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dentre os muitos montes de Sião. Portanto, a pessoa é universal, mas os montes são locais. Nossa unidade é como o óleo precioso sobre Arão e como o orvalho sobre os montes de Sião. A habitação de Deus, o templo, estava localizada em Sião. Por um lado, a igreja é uma pessoa; por outro lado, ela é um lugar. Sobre a pessoa há o óleo e sobre o lugar há o orvalho.

A CONSUMAÇÃO FINAL DO DEUS TRIÚNO PROCESSADO

O óleo precioso no Salmo 133 é o óleo descrito em Êxodo 30. Esse óleo é uma figura do Espírito que dá vida todo-inclusivo e composto com os elementos da divindade, humanidade, viver humano, a eficácia da morte de Cristo e o poder da ressurreição de Cristo. Esse Espírito todo-inclusivo é a expressão do Deus processado. Tenho encargo do Senhor de falar sobre esse assunto repetidamente até todos nós sermos profundamente impressionados com ele. No primeiro capítulo do Evangelho de João, é nos dito que a Palavra, a qual estava no princípio com Deus e que era Deus, tornou-se carne e tabernaculou entre nós, cheio de graça e verdade (1:1, 14). Essa Palavra, Cristo, viveu na terra por trinta e três anos e meio. Então, Ele passou pela crucificação e na ressurreição tornou-se o Espírito que dá vida. O Espírito que dá vida é a consumação final do Deus processado. Em João 14 a 16 vemos que o Senhor Jesus era um com o Pai. Vê-Lo era ver o Pai (14:9). Em 14:10 o Senhor Jesus disse: “Não crês que Eu estou no Pai e que o Pai está em Mim? As palavras que Eu vos digo não as digo por Mim mesmo; mas o Pai que permanece em Mim, faz as Suas obras.” Como o Senhor falou, o Pai trabalhou. Nesse capítulo, o Senhor continuou a dizer aos discípulos que o Espírito da

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realidade, na verdade, era Ele mesmo percebido. Isso significa que quando o Espírito habitou nos discípulos, o próprio Senhor estava habitando neles. Por isso, o Pai, o Filho e o Espírito são o Deus Triúno singular. Passando pelas várias etapas de um processo, esse mesmo Deus Triúno tornou-se o Espírito todo-inclusivo. João 7:39 diz: “O Espírito até esse momento não fora dado, porque Jesus não havia sido ainda glorificado.” O Espírito prometido nos capítulos catorze a dezesseis é o Espírito referido em 7:39. Por receber o Espírito como a consumação final do Deus Triúno processado, nós somos um com o Deus Triúno. Por essa razão, após falar do Espírito no capítulo catorze, o Senhor continua a falar no capítulo quinze que se nós permanecermos Nele, Ele permanecerá em nós. Segundo 14:23, se amarmos o Senhor, o Pai e o Filho virão a nós e farão morada conosco. Essa morada é uma mútua habitação para o Deus Triúno habitar nos Cristãos e para os Cristãos habitarem no Deus Triúno. Esse mútuo habitar é uma questão de mesclar. Após falar as palavras registradas em João 14 a 16, o Senhor Jesus fez a oração ao Pai registrada no capítulo dezessete. A linguagem dessa oração é completamente divina. Nessa oração, o Senhor se refere à mescla maravilhosa e misteriosa do Deus Triúno processado com os Cristãos. Mais uma vez mostramos que essa mescla é a unidade.

O ELEMENTO DA NOSSA UNIDADE

Essa unidade se torna real e prática por meio da unção que está sobre Cristo a Cabeça e que se espalha sobre o Corpo. Desde que permaneçamos no Corpo, compartilhamos o óleo. Nesse óleo somos um. Por isso, a unção do Espírito que dá vida todo-inclusivo e composto

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é o elemento da nossa unidade. Isso significa que somos um como membros da igreja e estamos debaixo da unção do Espírito. Se não estamos debaixo dessa unção, não podemos ser um com ninguém, nem mesmo com nós mesmos. A unidade não depende da nossa habilidade natural para se dar bem com os outros. Alguns Cristãos podem até mesmo ser orgulhosos de ter o tipo de disposição que torna fácil para eles ser um com as outras pessoas. Porém, esse tipo de unidade não é a unidade preciosa revelada na Bíblia. Na verdade, é um tipo de unidade muito desagradável e inadequada. Uma pessoa que se vangloria desse tipo de unidade, na verdade, não é capaz de ser um com os outros por um longo período de tempo. Pelo contrário, pode por fim causar um grande número de tumultos. A unidade genuína consiste na unção do Espírito todo-inclusivo e composto como a consumação final do Deus Triúno. Somente debaixo de tal unção temos de fato uma unidade genuína e imutável. Milhares de irmãos podem testificar da unidade que desfrutamos debaixo da unção do Espírito composto. Nossa unidade tem sua fonte na mescla misteriosa do Deus Triúno processado com os Cristãos. Como mostramos no capítulo anterior, quanto mais somos cobertos com o óleo composto, mais somos um. Louvado seja o Senhor que o Espírito todo-inclusivo está continuamente nos “pintando”!

HABITANDO NUM DOS “PICOS”

O aspecto pessoal da igreja é prático, mas o aspecto do lugar é ainda mais prático. Com respeito à igreja como a pessoa universal, podemos não ter quaisquer problemas. Porém, com relação à igreja como os montes locais de Sião, podemos ter problemas, pois podemos não estar felizes com a igreja em nossa

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localidade e podemos desejar mudar para outros lugares. Mas, se mudarmos para outra cidade, em breve encontraremos os mesmos problemas naquele lugar. A razão é que somos os mesmos e que somos a causa do problema. Alguns têm me afirmado que nunca deixariam a vida da igreja. Todavia, descontentes onde estão, eles gostam de fazer suas escolhas de um “monte.” Posso testificar que no que me diz respeito, cada “monte” é igual. Não importa onde estou, eu ainda louvo o Senhor e experimento Sua obra de transformação. Aqueles que se mudam de um lugar para outro podem amar a igreja universal, mas eles tem problemas com a igreja local. Eles podem declarar que tem visto o Corpo de Cristo e que amam a restauração do Senhor. Porém, não importa em que localidade eles morem, eles sempre tem alguma dificuldade com aquele “monte” de Sião. Eles podem imaginar que uma igreja numa localidade está fora da base. Mas, assim que se mudam dali, ficam desapontados, não achando esse melhor do que o “monte” do qual acabaram de se mudar. Não há necessidade de nos mudar de “monte” em “monte.” Devemos simplesmente habitar num dos picos de Sião e desfrutar ali o orvalho que desce de Hermom.

ORVALHO – A GRAÇA DE VIDA

Em tipologia, Hermom significa os céus, o lugar mais elevado no universo e o orvalho significa a graça de vida (1Pe 3:7). Sem o Novo Testamento, seria difícil para nós percebermos que o orvalho significa graça. Cada Epístola escrita por Paulo começa com uma palavra sobre graça e termina com alguma menção de graça. Quando eu era um jovem cristão nas denominações, eu dizia que graça denota favor imerecido. Segundo esse

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entendimento de graça, receber graça é receber algo que nós não merecemos. Muitos Cristãos consideram tal favor imerecido como todas as bênçãos materiais que eles recebem do Senhor. Por exemplo, no final do ano, alguns podem contar todas as bênçãos que Deus deu a eles esse ano: um bom emprego, uma casa maior, um automóvel do último modelo. Porém, segundo a palavra de Paulo em Filipenses 3:8, tudo fora de Cristo é “esterco.” Ele considerava tais coisas como emprego, casa e automóvel como nada além de “esterco” em comparação a Cristo. A graça mencionada nas Escrituras não se refere à mera bênção material. Como muitos versículos no Novo Testamento deixam claro, graça é o Deus processado como suprimento de vida para ser nosso desfrute.

Estritamente falando, graça é um termo do Novo Testamento. Quando usada no Antigo Testamento, tem o significado de favor. Segundo João 1:17, a graça veio por meio de Jesus Cristo. Quando a Palavra tornou-se carne e tabernaculou entre nós, a graça também veio. Isso significa que a graça veio com o Deus encarnado. Antes da encarnação de Cristo, a graça não tinha vindo. A graça veio por meio da encarnação. Muitos versículos em Atos falam da graça. Atos 4:33 diz: “Com grande poder os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça.” Esse versículo indica que o grande poder em ressurreição era a abundante graça. Cristo em ressurreição é graça. Tal graça não é uma boa casa, um trabalho ou um automóvel. Ela é Deus experienciado, recebido, desfrutado e obtido pelos Cristãos. Em Atos 11:23 é nos dito que em Antioquia, Barnabé viu a graça de Deus. Ele, é claro, não viu bênçãos materiais. Ele viu que os Cristãos em Antioquia estavam experimentando Deus em

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Cristo como o suprimento de vida deles para o desfrute deles. Em 1 Coríntios 15:10 Paulo disse: “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a sua graça, que me foi concedida, não se tornou vã, antes trabalhei muito mais do que todos eles; todavia não eu, mas a graça de Deus comigo.” Podemos comparar esse versículo com Gálatas 2:20, onde Paulo diz: “Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim.” Não foi o próprio Paulo que trabalhou mais do que os outros apóstolos; foi a graça de Deus que estava com ele. Essa graça, por meio da qual Paulo trabalhou mais do que os outros era sem dúvida o próprio Cristo como poder de vida e suprimento de vida para ele em sua experiência. Em Romanos 5:2 Paulo diz que por intermédio de Cristo “temos acesso pela fé a esta graça na qual estamos firmes.” A firmeza sobre a qual Paulo está falando aqui certamente não é algo como uma casa ou um trabalho. Ela é o Deus Triúno que foi processado para tornar-se o Espírito todo-inclusivo como Sua consumação final. Por meio de Cristo, podemos estar firmes no Espírito todo-inclusivo. Em Romanos 5:17 Paulo continua ao dizer que “os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo.” Se tivermos a graça abundante, seremos capazes de reinar em vida. Esse versículo implica que graça é vida e que vida é graça. Em 1Pe 3:7 Pedro fala da graça de vida, a herança tanto do marido e da esposa. Em Romanos 5:21 Paulo fala sobre a graça reinando para a vida eterna. Todos esses versículos indicam que graça é nada menos do que Cristo como nosso poder de vida e suprimento de vida para nossa experiência e desfrute. Se estamos claros sobre isso, podemos ter uma grande apreciação do orvalho como um tipo de Cristo no Salmo 133. Como o orvalho, a graça, torna-se nosso

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desfrute, participaremos na unidade genuína. Porém, se não estamos debaixo do orvalho que rega, refresca e nos satura, não podemos ser um com outros Cristãos. É nos montes de Sião que experimentamos esse orvalho. Se desejamos desfrutar o orvalho que tipifica a graça todo-inclusiva, devemos estar num dos picos, os picos do monte Sião.

EXPERIENCIANDO GRAÇA

Embora muito de nós tenha experienciado graça, nós ainda não a conhecemos. Que pena! É possível conhecermos apenas de um modo doutrinal que Cristo é nosso suprimento de vida para nosso desfrute. Precisamos conhecer na experiência. Suponha que um irmão esteja tendo um problema com sua esposa. Se ele consultar um pastor no cristianismo, o pastor pode exortá-lo com as palavras de Paulo sobre maridos e esposas em Efésios 5. Ele então, pode prosseguir em aconselhar o irmão ou admoestá-lo com respeito a sua esposa. Tal instrução, porém, é completamente desprovida de graça. O que esse irmão precisa, é de alguém que ministre vida a ele e ore com ele. Dessa maneira, a graça lhe será suprida e ele será capaz de enfrentar a situação com sua esposa. Todos os irmãos casados devem aprender a ir ao Senhor e orar: “Senhor, eu preciso de Ti. Eu não posso mais agüentar essa situação.” Simplesmente por se abrir ao Senhor dessa maneira, a graça é dispensada a nós. Através de tal suprimento de graça, você será capaz de prosseguir. Recentemente um irmão testificou como a situação entre ele e sua esposa chegara a um beco-sem-saida. Ele raramente falava com ela e ela raramente falava com ele.

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Um dia, ele pediu a sua esposa para orar com ele. Após aquele tempo de oração, tudo estava mudado. Esse é um testemunho da graça do Senhor. Os irmãos que vivem juntos podem ter atritos e sentir que viver numa casa de irmãos é insuportável. Quando os irmãos se sentem dessa maneira, devem ir ao Senhor, contatá-Lo e dizer-Lhe que não podem mais suportar a situação do viver deles. Enquanto oram dessa maneira, o suprimento de graça virá a eles. Uma situação que aconteceu na igreja em Chefoo a mais de quarenta anos atrás ilustra a graça suficiente do Senhor. Dois irmãos tinham um sério desentendimento com respeito a finanças. Um irmão alegava que o outro lhe devia certa quantia de dinheiro. O outro irmão negava a alegação desse primeiro. Por fim, eles levaram o problema aos presbíteros da igreja que se esforçaram para acertar a situação. Porém, nenhuma solução surgiu. Pelo contrário, os irmãos até mesmo discutiram na presença dos presbíteros. Por fim, disse a esses dois irmãos que aquele que recebeu a graça do Senhor estaria disposto a esquecer a dívida completamente. Eu disse que o “tribunal” na igreja é completamente diferente de um tribunal mundano. A diferença é que o “tribunal” da igreja não se importa por quem está certo ou errado; antes, ele supre graça ao encontrar a necessidade. Se você recebe a graça do Senhor, vai orar a Ele e estará disposto a considerar a questão como estabelecida. Os dois irmãos e os presbíteros ficaram surpresos. Então, sugeri que todos orassem juntos. Após um tempo de oração, os dois irmãos começaram a chorar e, então, louvaram ao Senhor. Por fim, eles estavam dispostos a abandonar tudo e não houve mais problema. Ao invés disso, todos se regozijaram na graça do Senhor.

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DESFRUTANDO A GRAÇA NA VIDA DA IGREJA

Nas igrejas locais, estamos diariamente debaixo do orvalho, debaixo da graça. Se somos casados ou solteiros, velhos ou jovens, estamos debaixo do orvalho que desce sobre os montes de Sião. Oh, como desfrutamos da suficiente, excelente, multiforme e abundante graça do Senhor! Essa graça é o próprio Senhor Jesus Cristo como nosso suprimento de vida. Se desejarmos desfrutar essa graça em plenitude, precisamos estar na vida da igreja. Segundo o Salmo 133, a graça não desce sobre as casas de Cristãos individuais; ela desce sobre os montes de Sião, que tipificam as igrejas locais. Dessa maneira, se desejamos desfrutar o orvalho que desce do Monte Hermom, precisamos estar num dos picos de Sião. Se aqueles dois irmãos em Cheffo tivessem se separado da vida da igreja, eles teriam se separado da graça do Senhor. Ao invés do problema deles ser resolvido por meio da graça do Senhor na igreja, provavelmente teriam tentado resolvê-lo num tribunal da lei mundana. Carecendo da graça do Senhor, teriam continuado a discutir um com o outro segundo o certo e errado. Mas, porque permaneceram na vida da igreja, o orvalho celestial desceu sobre eles e desfrutaram uma maravilhosa solução para o problema deles. Na vida da igreja o orvalho desce sobre nós ricamente. Estamos felizes porque temos o suprimento abundante da graça todo-inclusiva. O óleo da unção e o orvalho são encontrados na igreja. Aqui, experimentamos a unção, a “pintura”, do Deus Triúno processado. Simultaneamente, desfrutamos o Deus processado como graça, como suprimento de vida para nosso desfrute. Por essa graça, podemos viver uma vida que é impossível para as pessoas no mundo viverem.

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Os irmãos podem amar suas esposas ao máximo e as irmãs podem submeter-se a seus maridos de uma maneira completa. Tal viver é possível por meio da graça que recebemos nos montes de Sião. Nunca devemos subestimar a importância da igreja como uma pessoa corporativa que recebe o óleo e como o lugar sob o descer do orvalho. Se nos separamos da igreja nesses dois aspectos, não temos mais parte na unção e estamos terminados em relação ao desfrute do orvalho. Outros Cristãos podem nos criticar por sustentar tal testemunho com relação à vida da igreja. Eles podem nos acusar de restritos e sustentar suas acusações com uma palavra sobre a onipresença de Deus. Esses Cristãos podem dizer que desde que orem e lêem a Bíblia, podem experimentar o Senhor de uma maneira plena fora da vida da igreja. Porém, muitos de nós podemos testificar da diferença que faz estar da igreja. Sim, podemos orar e ler a Palavra sozinhos em casa. Quando fazemos isso, recebemos certa porção de graça. Essa medida de graça, no entanto, não é tão doce, rica, poderosa, inspiradora ou suficiente como a graça que recebemos na igreja. Posso testificar que, não importa se as reuniões da igreja são elevadas ou baixas, ricas ou pobres, eu experimento o óleo e o orvalho sempre que venho às reuniões. Quanto mais venho às reuniões, mas sou preservado na graça do Senhor. Aqueles, pelo contrário, que se separam da vida da igreja, se desligam do suprimento pleno da graça. Separados da misericórdia do Senhor, eles podem se encontrar de volta no mundo completamente após certo período de tempo. Vamos às reuniões da igreja, mesmo quando as reuniões particularmente não pareçam ser ricas. Simplesmente por freqüentar as reuniões somos preservados, pois o orvalho ainda desce nos montes de Sião. Dessa maneira, simplesmente por

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estarmos nas reuniões, estamos debaixo do orvalho. Nossa experiência tem confirmado isso muitas e muitas vezes.

EXPERIENCIANDO A VERDADEIRA UNIDADE E PRESERVANDO-A

A unidade sobre a qual temos falado é o óleo sobre Cristo a Cabeça e o orvalho refrescante que desce sobre os montes de Sião. Faz uma tremenda diferença se permane-cermos nessa unidade ou a deixarmos. Os Cristãos hoje se sentem livres para ir e vir porque não vêem essa unidade genuína. Eles não têm o elemento de conservação e preser-vação que a unidade propicia. Em Sua restauração, o Senhor nos tem mostrado que a verdadeira unidade é a mescla do Deus Triúno Processado com Seu povo escolhido. Por um lado, o Deus processado é o Espírito todo-inclusivo e composto que nos ungi e nos “pinta” dia a dia. Por outro lado, o Deus processado é o suprimento de vida para nosso desfrute. Debaixo desse óleo da unção e do orvalho, experi-mentamos a verdadeira unidade. Desde que permaneçamos na experiência do óleo e do orvalho, não é possível para nós sermos divididos. Antes, somos preservados na unidade. Esse é o significado da palavra de Paulo em Efésios 4:3 sobre diligentemente guardar a unidade do Espírito. Na verdade, essa unidade é simplesmente o próprio Espírito que dá vida todo-inclusivo. Nós guardamos e preservamos essa unidade por meio de permanecer debaixo do óleo da unção e do orvalho que rega.

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CAPÍTULO OITO

O DANO E A PERDA DA BASE DA UNIDADE

Leitura Bíblica: 1Rs 11:6-8; 12:26-32; 13:33-34; 14:22-24; 15:14, 34; 22:43; 2Rs 12:2-3; 14:3-4; 15:3-4, 34-35; 17:5-12, 18-23; 23:29-35; 2Cr 36:5-20; Sl 137:1-6; 1Co 1:10-13a; Rm 16:17-18; Tt 3:10

Em Deuteronômio 12 Moisés encarregou os filhos de Israel de “certamente destruireis todos os lugares em que as nações que haveis de subjugar serviram aos seus deuses, sobre as altas montanhas, sobre os outeiros, e debaixo de toda árvore frondosa” (v. 2, Heb.). Ele também os encarregou de derrubar os altares, despedaçar as colunas, queimar com fogo os ídolos de madeira, despedaçar as imagens esculpidas dos deuses e apagar os seus nomes daquele lugar (v. 3, Heb.). Tendo destruído todas essas coisas, era para eles irem ao único lugar da escolha de Deus. Segundo 1Reis, o templo foi construído em Jerusalém, o lugar que Deus tinha escolhido. Foi o desejo do coração de Deus que lá fosse o lugar único para a Sua presença. Esse lugar único guardou o povo de Deus da divisão. Então, foi a sabedoria de Deus requerer que todos os lugares que as nações serviam os seus deuses fossem destruídos e que o Seu povo viesse a um único lugar da Sua escolha.

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A RECONSTRUÇÃO DOS LUGARES ALTOS E O SEU SIGNIFICADO

Embora os filhos de Israel tivessem destruído os

lugares que as nações serviam seus deuses no alto das montanhas e outeiros e debaixo de árvores frondosas, e embora o templo tivesse sido construído em Jerusalém, eventualmente as próprias coisas que tinham sido destruídas voltavam. Os lugares altos, as árvores frondosas, os pilares, os ídolos de madeira e os nomes de idolatria foram restaurados. De fato, Salomão, aquele que construiu o templo segundo o desejo de Deus na base da unidade, tomou a liderança em edificar os lugares altos mais uma vez (1Rs 11:6-8). Ele construiu os mesmos lugares altos que Moisés encarregou o povo de destruir. Esses lugares altos estão relacionados com a fornicação e idolatria. O restabelecimento dos lugares altos por Salomão estava especialmente associado com prazer e luxúria. Foi por causa das “suas mulheres estrangeiras” que ele edificou os lugares altos.

Estabelecer um lugar alto é ter uma divisão. Portanto, o significado dos lugares altos é divisão. A intenção de Deus com os filhos de Israel no Antigo Testamento era que o Seu povo fosse guardado em unidade com o objetivo de adorá-Lo de maneira adequada. Para preservar a unidade do Seu povo, Deus exigiu que eles viessem a um único lugar da Sua escolha. Os lugares altos, no entanto, eram um substituto e alternativo para esse único lugar. Isso indica que a divisão é um substituto para a unidade. O único lugar, Jerusalém, significa unidade, enquanto que os lugares altos significam divisão. Assim como todas as formas de mal e coisas abomináveis estão relacionadas com o estabelecimento dos lugares altos, assim também nos

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termos do Novo Testamento, todas as coisas más estão relacionadas com divisão.

RELACIONADO A COBIÇA, AMBIÇÃO E IDOLATRIA

Segundo o relato em 1 Reis, dois reis — Salomão,

um bom rei e Jeroboão, um rei perverso — tomaram a liderança em levantar os lugares altos. No caso de Salomão, a edificação dos lugares altos está relacionada com o prazer da luxúria. Salomão teve centenas de esposas e concubinas. Para satisfazer o desejo das suas esposas e concubinas ele edificou os lugares altos. Suas esposas “lhe perverteram o coração para seguir outros deuses” (1Rs 11:4). No caso de Jeroboão, a edificação dos lugares altos estava relacionada com ambição (1Rs 12:26-32). Jeroboão queria manter o seu império. Temendo que o reino retornasse para a casa de Davi se o povo fosse para Jerusalém adorar, Jeroboão “fez casas nos altos” (v. 31, Heb.). Portanto a ambição de Jeroboão foi a causa de sua decisão em edificar os lugares altos. Além disso, Jeroboão fez dois bezerros de ouro e disse ao povo, “Basta de subires a Jerusalém; eis aqui teus deuses, ó Israel, que te fizeram subir da terra do Egito.” (v. 28). Então ele “pôs um em Betel, e o outro em Dã” (v. 29). Além disso, “Jeroboão ordenou uma festa no oitavo mês, no dia décimo quinto do mês, como a festa que se celebrava em Judá” (v. 32). O mês dessa festa “ele tinha escolhido a seu bel prazer” (v. 33). Jeroboão até “constituiu sacerdotes dentre o povo, que não eram dos filhos de Levi” (v. 31, Heb.). Que malignidade está associada com os lugares altos! Os lugares altos estão relacionados com luxúria, ambição e idolatria. Visto que os lugares altos significam divisão, isso indica que a divisão entre os Cristãos hoje está relacionada com essas

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coisas malignas. Poucos Cristãos percebem que a divisão está relacionada com luxúria, ambição e idolatria. A maioria dos Cristãos não vai além de dizer que as divisões estão erradas e não estão de acordo com as Escrituras e que eles não podem concordar com elas. No entanto, aos olhos do Senhor, divisão envolve coisas tais como luxúria, ambição e idolatria. Lembrem-se, os lugares altos são uma elevação, algo elevado acima do nível comum. Isso indica que os lugares altos envolvem exaltação de alguma coisa. Em principio, todos os lugares altos, toda divisão, no cristianismo hoje envolve o levantar, o exaltar de algo além de Cristo. As coisas que são exaltadas podem não ser malignas. Pelo contrário, elas podem ser muito boas e podem até incluir o estudo da Bíblia ou o ensino da Bíblia. Certamente ensinar a Bíblia é uma coisa boa. Mas o estudo da Bíblia pode estar relacionado com a divisão. Em tal caso, até mesmo se reunir para estudar as Escrituras se torna um lugar alto; isso pode levar a exaltação de algo no lugar de Cristo. Hoje é comum os Cristãos elevarem algo no lugar de Cristo. Por exemplo, alguns elevam a prática do batismo por imersão. No entanto é correto e bíblico imergir as pessoas, não é correto exaltar a imersão no lugar de Cristo. Fazer isso é edificar um lugar alto para a exaltação de uma maneira particular de batismo. A existência de tal lugar alto sempre dá oportunidade para o prazer da luxúria ou para o cumprimento da ambição. No entanto, o único lugar da escolha de Deus mata nossa luxúria e restringe nossa ambição. Até mesmo coisas muito boas como o estudo da Bíblia pode abrir um caminho para a luxúria e ambição entrarem, se isso for exaltado em vez de Cristo. Luxúria é inevitavelmente seguido por idolatria. Ambição, de fato, é uma forma de idolatria.

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Quando os filhos de Israel estavam para cruzar o rio Jordão e entrar na boa terra, Moisés, fora a sua profunda preocupação com eles, encarregou-os a destruir os lugares pagãos de adoração e vir ao único lugar da escolha de Deus. Ele emitiu essa incumbência por perceber que essa questão do único lugar da escolha de Deus e destruir os lugares pagãos estavam intimamente relacionados com seus destinos diante de Deus. Se eles tivessem fé para destruir os centros pagãos de adoração e viessem para o lugar que Deus escolheu, eles estariam fazendo o que é correto aos olhos do Senhor. Mas se eles falhassem em cumprir essa exigência, eles estariam fazendo o que é maligno aos Seus olhos. Quando eles entraram na boa terra, o povo de Deus destruiu os lugares altos e os nomes dos ídolos. Finalmente, eles foram vitoriosos em sua batalha em subjugar a terra. Homens iguais a Samuel e Davi são exemplos daqueles que seguiram absolutamente a ordem de Deus dada através de Moisés. Durante o reinado de Salomão o templo foi construído em Jerusalém. Como nos é dito em 1 Reis 8, a glória do Senhor encheu o templo. A era da construção do templo foi uma época dourada da história dos filhos de Israel. No entanto, não muito depois de o templo ser construído, Salomão, debaixo daquele o qual o templo foi construído, começou a construir os lugares altos. Como temos salientado, ele fez isso para satisfazer suas esposas e concubinas. Isso indica claramente que a reconstrução dos lugares altos estava relacionada com a luxúria de Salomão. Então, depois da morte de Salomão, Jeroboão, o rival de Roboão, rei de Judá, edificou lugares altos por causa da sua ambição. Em ambos os casos a construção dos lugares altos provocaram a ira de Deus. A descrição da construção dos lugares altos por Salomão e

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Jeroboão não são somente um relato de um fato histórico. Esse relato tem um significado espiritual e foi escrito para o nosso treinamento. “Por tudo quanto, outrora foi escrito,” diz Paulo em Romanos 15:4, “foi escrito para o nosso ensino.” Então, o que foi escrito a respeito de Salomão e Jeroboão foi escrito para a nossa instrução espiritual hoje. Um grande número de questões importantes não são abrangidas no Novo Testamento de uma forma completa. Eu creio que o Senhor quer que consideremos essas questões na luz dos tipos e figuras apresentadas no Antigo Testamento. Por exemplo, a respeito de danificar e perder a base da unidade, o Novo Testamento não diz muita coisa. A respeito disso, não há grande desenvolvimento. Somente três breves porções da Palavra são voltadas a isso: 1 Coríntios 1:10-13; Romanos 16:17-18 e Tito 3:10. No entanto, nos tipos e figuras no Antigo Testamento, a questão da divisão é desenvolvida de uma maneira completa. Assim como precisamos consultar o relato da Páscoa em Êxodo para receber um entendimento completo de Cristo como o Cordeiro de Deus, assim também precisamos considerar o relato em Deuteronômio, 1 e 2 Reis e 1 e 2 Crônicas para ter um entendimento completo da divisão e do dano e perda da base da unidade. Segundo o relato no Antigo Testamento, a divisão é causada pela luxuria e ambição. Salomão foi o exemplo de precedente e Jeroboão um exemplo de sucessor. O Antigo Testamento também revela que somente o lugar único escolhido por Deus pode tratar com a ambição e luxúria. O motivo de tanta ênfase a respeito do lugar da escolha de Deus é que somente esse lugar não dá oportunidade para o prazer da luxúria e a realização da ambição.

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UMA ADVERTÊNCIA

Em 1 Reis 8 Salomão fez uma oração maravilhosa. Como aquele que escreveu Cântico dos Cânticos, Salomão era muito profundo em questões espirituais. Apesar disso, em 1 Reis 11 vemos que Salomão “desviara o seu coração do Senhor, Deus de Israel, que duas vezes lhe aparecera. E acerca disso lhe tinha ordenado que não seguisse outros deuses” (vv. 9, 10). No entanto, Salomão “não guardou o que o Senhor lhe ordenara” (v.10). Quão longe Salomão caiu! Sua queda deve ser uma advertência para nós. Se não aceitarmos a restrição da escolha de Deus, nós também cairemos da mesma forma que Salomão. De fato, isso tem sido a experiência de muitos santos os quais uma vez tiveram parte na restauração do Senhor. Eles pareciam ser muito úteis ao Senhor em edificar a igreja. Em certo estágio, eles foram os Salomãos de hoje edificando o templo ou escrevendo Cântico dos Cânticos. Mas devido a um tipo de luxúria, eles finalmente se tornaram divisivos. Eles levantaram lugares “altos” para satisfação de sua luxúria. Tenho observado isso tanto na China quanto nos Estados Unidos.

LUGARES ALTOS E AMBIÇÃO

Em 1963 aqueles de certos grupos Cristãos propu-seram se reunir juntamente conosco em Los Angeles. No inicio dessa reunião conjunta, dei uma mensagem de Romanos 14, prevenindo os santos a respeito da divisão causada por diferentes opiniões. Salientei que devemos aprender a lição da unidade segundo Romanos 14. No entanto, após um período curto, pelo menos dois “lugares altos” foram levantados: um “lugar alto” que elevava o falar em línguas e outro “lugar alto” que elevava o ensinamento da doutrina bíblica. Aqueles envolvidos com

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esses “lugares altos,” essas divisões, não tinha o menor interesse com o único lugar da escolha de Deus. Em outras palavras, eles não tinham o genuíno interesse pela unidade. Pelo contrário, eles se preocuparam somente com a satisfação do seu desejo, sua luxúria. Além disso, alguns se tornaram divisivos por causa da sua ambição. Como resultado, ambiciosos em serem lideres, eles deixaram a restauração do Senhor. Por causa da sua ambição não poder ser cumprida na vida da igreja, eles voltaram as suas costas para a igreja e até mesmo começaram a se opor a ela. Primeiro, eles respeitaram grandemente a restauração do Senhor. Mas simplesmente por causa da sua ambição pela liderança não ter sido cumprida na restauração, eles saíram e levantaram um pequeno “outeiro” para o cumprimento da sua ambição. Esse “outeiro,” outro “lugar alto,” foi a causa da divisão. É crucial que prestemos atenção para todos os pontos em Deuteronômio 12. Devemos aprender a temer o Senhor nosso Deus e não fazer o que é correto aos nossos olhos. De preferência, temendo o Senhor, devemos fazer o que é correto aos Seus olhos. Nada nos requer temer mais a Deus do que manter a unidade. Se alguns Cristãos estão para estabelecer um lugar de entretenimento mundano, devemos imediata-mente condenar essa prática. No entanto, não muitos condenarão energicamente o estabelecimento de uma reunião Cristã divisiva. Em grande parte, a maioria dos cristãos dirá simplesmente que não concordam com essa reunião. Alguns podem até justificá-la, dizendo que ela ajuda as pessoas a conhecer a Bíblia e a seguir o Senhor. Aparentemente tal reunião é destinada a prestar ajuda espiritual. Na realidade isso é uma divisão que tem origem na luxúria ou ambição de alguém. Em tal “lugar alto” algo além de Cristo é exaltado. Quando eu fui pela

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primeira vez a Xangai em 1933, encontrei um irmão que particularmente era muito ativo na vida da igreja. Ele tinha vindo para a vida da igreja em 1927 e era alguém que buscava o Senhor. Um dia o irmão Nee me mostrou que esse irmão tinha a ambição de ser um presbítero. Finalmente, em 1948, vendo que o seu desejo pelo presbitério não tinha sido cumprido, ele deixou a igreja. Ele começou uma reunião em sua casa e contratou um pregador itinerante para ministrar. Ele voltou suas costas completa-mente contra a igreja. Além disso, o pregador contratado por ele escreveu um longo livro criticando e difamando o irmão Nee e espalhando rumores sobre ele. Após vinte e dois anos na vida da igreja, esse irmão deixou a igreja para levantar certo tipo de “lugar alto.”

NÃO ELEVANDO NADA NO LUGAR DE CRISTO

Se você investigar a situação do cristianismo hoje,

você aprenderá que toda divisão é a exaltação de alguma coisa. É bom ensinar a Bíblia. Mas o estudo da Bíblia não deve se tornar uma elevação que separa o povo de Deus. O mesmo é verdade a respeito de orar-ler. Você pode descobrir que orar-ler é muito proveitoso. No entanto, você não deve elevar isso insistindo que orar-ler seja praticado nas reuniões. Se você elevar o orar-ler, você fará até mesmo que o orar-ler se torne uma causa de divisão. Precisamos pedir ao Senhor que nos conceda misericórdia para que não elevemos nada no lugar de Cristo. Se mantivermos uma atitude de elevar nossa opinião ou preferência, nós edificaremos um “lugar alto,” um lugar de divisão. Foi isso o que aconteceu entre aqueles que desejaram ter aquela reunião conjunta em

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Los Angeles em 1963. Aqueles que se opuseram ao falar em línguas elevaram sua postura e preferência, enquanto que aqueles que defenderam isso elevaram sua postura e preferência. Nenhum dos grupos desejavam guardar minha palavra sobre se importar com os sentimentos dos outros. Eles desejaram ter seu próprio caminho. Tal desejo levou-os a edificar “lugares altos.” Todos nós, especialmente os jovens, devem aprender a não elevar nada além do Senhor Jesus. Somente Ele deve ser exaltado. Na vida da igreja não devemos ter nenhum “lugar alto.” Ao invés disso, devemos todos estar no mesmo nível para exaltar a Cristo.

UMA QUESTÃO DE GRANDE IMPORTÂNCIA

Os “lugares altos” construídos por Salomão e

Jeroboão danificaram seriamente a base da unidade. Se essa questão dos “lugares altos” não fosse de grande importância, o Antigo Testamento não o mencionaria repetidas vezes. Em 1 Reis 14:22 e 23 é nos dito que “fez Judá o que era mau perante o Senhor,” porque “também os de Judá edificaram os altos, estátuas, colunas e postes-ídolos no alto de todos os elevados outeiros e debaixo de todas as árvores frondosas” (Heb.). A palavra usada sempre a respeito dos outeiros e árvores frondosas mostra que essa prática era comum e amplamente difundida. Uma vez estabelecido, esses “lugares altos” não eram facilmente removidos, até mesmo por bons reis como Asa. Embora Asa tenha feito o que era correto aos olhos do Senhor e tenha removido “todos os ídolos que seus pais fizeram,” os “altos, porém, não foram tirados, todavia o coração de Asa foi, todos os seus dias, totalmente do Senhor.” (1Rs 15:12, 14). O povo poderia ter se desculpado ou justificado a existência dos “lugares

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altos” dizendo que eles não os usavam para a adoração das colunas ou dos postes-ídolos, mas para sacrificar a Deus e para oferecer incenso a Ele. Com respeito à Josafá, nos é dito que “ele andou em todos os caminhos de Asa, seu pai; não se desviou deles e fez o que era reto perante o Senhor. Todavia os altos não se tiraram; neles o povo ainda sacrificava e queimava incenso” (1Rs 22:42,43). Além disso, embora Joás também tenha feito o que era correto aos olhos do Senhor, os “lugares altos” não foram derrubados durante o seu reinado. Pelo contrário “o povo ainda sacrificava e queimava incenso nos altos” (2Rs 12:3). Por vezes repetidas nos é dito que o povo “sacrificava e queimava incenso nos altos” (2Rs 14:3-4; 15:3-4, 34-35).

RESTRINGIDOS PELA ESCOLHA DE DEUS Se estivéssemos lá naquele tempo, talvez

tivéssemos apoio daqueles que sacrificavam nos “lugares altos.” Aqueles que foram para os “lugares altos” poderiam ter argumentado que era inconveniente viajar uma longa distância até Jerusalém três vezes ao ano. Os Cristãos ainda usam esse tipo de desculpa hoje. Parece que para toda a divisão no cristianismo uma desculpa é oferecida para justificá-la. No entanto, no tempo do Antigo Testamento o Senhor não aceitava nada oferecido a Ele nos “lugares altos.” Ele considerava todo sacrifício oferecido lá como sendo abominação, por eles terem sido oferecidos em um lugar de divisão, em um lugar que abriu uma porta para o prazer da luxúria e deu oportunidade para a perseguição da ambição. Somente a adoração, as ofertas e o incenso no lugar único da escolha de Deus eram considerados genuínos. Aquele lugar matou a luxúria e não deu oportunidade para a ambição. Até mesmo apresentar uma oferta genuína em

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outro lugar que não fosse o único lugar da escolha de Deus criava uma oportunidade para o prazer do desejo egoísta. Qualquer “lugar alto,” até mesmo aqueles que as ofertas genuínas eram oferecidas, causava danos à base da unidade. Esses “lugares altos” eram usados pelas pessoas em sua luxúria e ambição para o cumprimento do seu propósito egoísta. Da minha experiência na restauração do Senhor na China continental, posso testificar que o único lugar da escolha de Deus não deixa oportunidade para prazer da luxúria ou para o exercício da nossa ambição. Durante todos os anos na China, eu estive debaixo do ministério do irmão Nee. Em todas as minhas pregações eu era igual a ele. Todos os “lugares altos” foram despedaçados e assim não havia espaço para o prazer da luxúria ou para a realização da ambição egoísta. O mesmo é verdade entre nós hoje. Importamo-nos somente em exaltar Cristo. Se mantivermos a base da unidade, a escolha única de Deus, sem elevar nada além de Cristo, não será possível haver divisão. Na restauração do Senhor elevamos a Cristo e somente Cristo. Podemos falar grandes coisas a respeito da vida, mas não elevamos a vida ao ponto de fazê-la um “lugar alto.” Certos irmãos entre nós são muito perspicazes e têm uma boa capacidade natural. Mas sua perspicácia e habilidade devem ser restritas pela base da escolha de Deus. Essa restrição os irá guardar de elevar algo em lugar de Cristo. Nós na restauração do Senhor podemos testificar que, em contraste com o cristianismo de hoje, não temos nenhum “lugar alto.” No cristianismo os “lugares altos” são encontrados em toda parte. Cada denominação e grupo independente é uma elevação, um “lugar alto.” Como temos citado repetidamente, essas elevações estão todas relacionadas com a luxúria ou ambição.

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LEVADOS AO CATIVEIRO

Segundo o relato no Antigo Testamento, depois da base da unidade ter sido danificada, na verdade ela foi perdida. Israel, o reino do norte, foi conquistado pelos assírios e Judá, o reino do sul, foi conquistado pelos babilônios. Por causa do pecado de Jeroboão em ter levantado lugares altos, a nação de Israel foi levada ao cativeiro pelos Assírios. Em Sua ira, Deus escolheu tirá-los da terra sagrada. Segunda Reis 17:22 e 23 diz, “Assim, andaram os filhos de Israel em todos os pecados que Jeroboão tinha cometido; nunca se apartaram deles, até que o Senhor afastou a Israel da sua presença.” Quando os Israelitas estavam na terra sagrada, eles estavam na presença do Senhor. Mas quando foram levados a Assíria, eles foram tirados da presença do Senhor. O cativeiro de Israel deveria ter sido um alerta para Judá. O reino de Judá, no entanto, não atentou para esse alerta. Como 2 Reis 17:19 diz, “Também Judá não guardou os mandamentos do Senhor, seu Deus; antes, andaram nos costumes que Israel introduziu.” Aqueles em Judá edificaram mais lugares altos e deram mais oportunidade para o maligno entrar. Isso forçou o Senhor a enviar Faraó-Neco (2Rs 23:29-35). Faraó-Neco removeu Jeoacaz do reinado e fez Eliaquim rei, mudando o seu nome para Jeoaquim (2Rs 23:34). Jeoacaz foi levado para o Egito, onde morreu. Por Judá não ter removido os lugares altos, o Senhor finalmente mandou o exército Babilônico sob o comando de Nabucodo-nosor. Finalmente, o templo foi destruído e um grande número de pessoas foi levado ao cativeiro. Anteriormente, todos os filhos de Israel estavam na boa terra. Eles eram um único povo com um único centro de adoração em Jerusalém. Primeiramente, eles danificaram essa unidade edificando lugares altos pela

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terra. Mas finalmente eles perderam essa unidade pela invasão dos Assírios e pelos Babilônicos. Tendo sido expulsos da boa terra, o povo de Deus se tornou os Judeus Egípcios, os Judeus Assírios ou os Judeus Babilônicos. A base da unidade foi perdida totalmente. Salmo 137:1-6 é uma descrição da condição deles na Babilônia. O povo de Deus estava em uma terra estranha e eles não podiam cantar a música do Senhor. Ao invés disso, as margens do rio da Babilônia eles se assentavam e choravam se lembrando de Sião. Que figura do cristianismo de hoje! A grande maioria dos Cristãos foi levada para o cativeiro. A base da unidade não foi somente danificada — ela foi completamente perdida. Poucos Cristãos têm alguma percepção do que a base da unidade é. Como resultado do seu cativeiro, muitos dos filhos de Israel até mesmo esqueceram-se da sua língua. Eles finalmente se tornaram Egípcios, Assírios e Babilônicos. Esse é um retrato vivo do cristianismo de hoje. Que o Espírito Santo nos fale mais a respeito do dano e da perda da base da unidade.

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CAPÍTULO NOVE

A RESTAURAÇÃO E O TESTEMUNHO DA BASE ADEQUADA DA UNIDADE

Leitura Bíblica: Ed 1:1-11; 2:1-2; 3:1-6, 8-13; 6:14-18; 7:6-9; 8:28-30; 9:1-7; 10:1; Sl 126:1-6; Is 35:10; 51:11

No capítulo anterior vimos que os lugares altos causaram danos e prejuízos à base da unidade. Antes de Salomão e Jeroboão edificarem lugares altos, os filhos de Israel foram preservados em unidade por meio do templo em Jerusalém, o único lugar da escolha de Deus. Nessa época de festas anuais, o povo de Deus se reunia em unidade. Quando subiam ao Monte Sião entoavam as palavras do Salmo 133: “Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!” Entre-tanto, para satisfazer sua cobiça, Salomão foi levado a edificar lugares altos. Esses lugares altos danificaram a genuína unidade do povo de Deus e atrapalharam muitos de subirem a Jerusalém para adorar. Outros foram a esses lugares altos com pretensão de adorarem a Deus. Contudo, nesses lugares altos havia ídolos. Além disso, para levar a cabo sua ambição, Jeroboão também construiu lugares altos. Esses lugares altos foram construídos em morros altos e debaixo de árvores frondosas, indicando quão gerais e comuns eram.

UMA FIGURA DA SITUAÇÃO ATUAL

Os lugares altos foram a causa de todas as atitudes malignas. Tais que os lugares altos significam divisão,

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indicando que divisão é uma fonte maligna. Os lugares altos surgem por meio da carne e da ambição. Salomão construiu lugares altos por causa da cobiça, enquanto Jeroboão os construiu por causa da ambição. Portanto, a cobiça e ambição foram os principais fatores da edificação desses lugares altos. Nos termos de hoje, divisão é o resultado da carne e da ambição. No cristianismo atual há vários “lugares altos”; em todos os lugares o cristianismo está repleto de divisões. Todos esses “lugares altos” são elevações onde algo além de Cristo é exaltado. Por isso vemos que a situação do cristianismo hoje é cumprimento do que é tipificado no Antigo Testamento. Primeiramente, a unidade do povo de Deus foi danificada pelos lugares altos. Esse dano provocou a ira de Deus. Incapaz de tolerar tal situação, Ele enviou o exército assírio para invadir o reino do norte de Israel. A experiência de Israel deveria ter sido um alerta a Judá, o reino do sul. No entanto, aqueles em Judá continuaram a adorarem nos lugares altos. Embora alguns tenham sido levados cativos para o Egito, pelo Faraó-Neco, o povo recusou atender a esse alerta. Por fim, o exército babilônico não somente conquistou a terra de Judá, como também destruiu o templo e levaram um grande número de pessoas para o cativeiro na Babilônia. Além disso, os vasos do templo foram levados para Babilônia e colocados nas casas dos ídolos. Assim, a base da unidade não foi somente danificada, mas totalmente perdida. Essa é uma ilustração da situação dos Cristãos de hoje. As denominações e grupos independentes são “lugares altos”, divisões. Em cada um desses “lugares altos” algo diferente de Cristo é exaltado. Muitas coisas boas e espirituais são elevadas e utilizadas para causar divisões.

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A RAZÃO DAS DIVISÕES

De acordo com Romanos 14 há uma razão para os Cristãos estarem divididos. Entretanto, muitos Cristãos estão acostumados com a existência de “lugares altos.” Alguns podem até sentir que os “lugares altos” de hoje são corretos e necessários. Pensam assim porque nasceram em um ambiente repleto de divisões, com “lugares altos” de toda variedade. Pelo fato de estarem tão acostumados com a divisão, podem ter pouco sentimento a respeito dela. O sentimento de Paulo em Romanos 14, pelo contrário, era totalmente diferente. Aqui ele nos encorajar a não discutir sobre tais coisas, como comida e observar os dias. Com relação a essas coisas, deveríamos abster de expressar nossa opinião, preservando assim a unidade dos Cristãos. No capítulo anterior, fiz referência à reunião conjunta dos grupos Cristãos que permaneceram por um tempo em Los Angeles, em 1963. Os membros desses grupos estavam ansiosos para virem para a prática da vida da igreja. Ouvindo seus interesses e propósitos para ter uma reunião conjunta, dei a eles uma palavra de Romanos 14. Indiquei que, se pretendemos praticar a vida da igreja, devemos tomar o caminho estabelecido por Paulo neste capítulo. Alguns Cristãos falam sobre a vida do corpo em Romanos 12, mas negligenciam os princípios de Romanos 14. Sem Romanos 14 é impossível ter a vida do corpo descrita em Romanos 12. Por séculos, os Cristãos estiveram divididos por opiniões sobre doutrina e práticas. Por exemplo, Cristãos estão divididos por causa do batismo. Há discussões não somente sobre a maneira do batismo, mas também sobre a água que é usada e o nome no qual os cristãos são batizados. As opiniões relacionadas ao batismo têm causado muitas divisões, tornando-as elevações, pois exaltam uma opinião particular. Portanto, é de crucial importância que sigamos o caminho

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exemplificado por Paulo em Romanos 14. Muitos destes grupos Cristãos asseguraram-me que tomariam esse caminho. Entretanto, poucas semanas depois, os problemas aumentaram. Alguns insistiam em tocar pandeiro e falar em línguas nas reuniões. Outros se opunham firmemente a essas práticas. Conseqüentemente, nenhum grupo estava disposto a ceder e a se importar com os sentimentos dos outros para manter a unidade. Por fim, não foi possível continuar aquelas reuniões. Os membros desses grupos esperavam que todos fossem iguais a eles. Entretanto, se temos tal expectativa, não será possível ter a vida da igreja. A vida da igreja deve ser todo-inclusiva, capaz de incluir todos os tipos de Cristãos genuínos. Em Romanos 14, Paulo não teve a intenção de abordar as questões de comida e observar os dias. Ao invés disso, ele disse, “Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente” (v. 6). Essa foi a atitude de Paulo e deve ser a nossa atitude hoje. Nós não devemos tentar moldar os outros a nós mesmos. Por exemplo, apesar de não falarmos em línguas, não devemos proibir outros a falarem em línguas. Por outro lado, aqueles que falam em línguas não devem insistir que outros também façam o mesmo. Se tivermos essa atitude, não seremos sectários e não haverá “lugares altos” entre nós. Alguns nos acusam de sermos limitados. Contudo, não somos limitados, pois recebemos todos os Cristãos genuínos. Os que são limitados são aqueles que insistem em certa doutrina ou prática. Sua insistência em questões particu-lares pode fazer com que elas sejam elevadas e ocupem o lugar de Cristo.

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A BASE DA UNIDADE TOTALMENTE PERDIDA

Todas as divisões no cristianismo são elevações que envolvem tanto cobiça como ambição. A divisão é a porta de entrada para todo tipo de maldade. Considere o mal que Jeroboão fez. Ele fez dois bezerros de ouro e colocou um em Betel e outro em Dã. Ele também edificou uma casa nos lugares altos e estabeleceu sacerdotes dentre todo tipo de pessoas. Ele “ordenou uma festa no oitavo mês, no décimo quinto dia do mês, como a festa que se fazia em Judá e ofereceu sacrifícios a tais bezerros.” Todos esses pontos podem ser aplicados ao cristianismo de hoje. Por exemplo, somente Cristãos genuínos que têm a vida de Cristo, que amam ao Senhor e que conhecem a Palavra, deveriam ser sacerdotes. Porém, alguns dos ministros do cristianismo atual nem mesmo crêem que Cristo é o Filho de Deus. Além do mais, no cristianismo há muitos festivais, tais como o Natal e a Páscoa, os quais foram ordenados e estabelecidos pelo homem. Assim como os filhos de Israel foram levados cativos e sofreram a perda total da base da unidade, os Cristãos de hoje foram levados para Babilônia. A base da unidade não foi somente danificada, ela foi totalmente perdida. Pouquíssimos Cristãos têm idéia do que é a base da unidade. Quem hoje, se importa com a genuína unidade? É raro encontrar Cristãos com esta preocupação. A unidade genuína do povo de Deus em Cristo foi perdida há séculos. Por essa razão, a situação do cristianismo hoje é completa-mente babilônica. Embora alguns falem sobre unidade, isso não corresponde à genuína unidade revelada nas Escrituras. Quando falamos da base da unidade, dificilmente alguém pode entender-nos. Para muitos Cristãos a linguagem da unidade é uma língua desconhecida.

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A RESTAURAÇÃO DE TODAS AS COISAS POSITIVAS

O Antigo Testamento revela não apenas a destruição e perda da base da unidade, mas também, a restauração do testemunho dessa base. Jeremias profetizou que depois de setenta anos de cativeiro em Babilônia, o Senhor traria o povo de volta a boa terra. Jeremias 29:10 diz: “Assim diz o SENHOR: Logo que se cumprirem para a Babilônia setenta anos, atentarei para vós outros e cumprirei para convosco a minha boa palavra, tornando a trazer-vos para este lugar.” Esdras 1:1 refere-se a essa profecia de Jeremias. No primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia, o Senhor despertou o espírito de Ciro, fazendo-o proclamar por todo o seu reino a necessidade da edificação da casa de Deus em Jerusalém. Isso ocorreu “para que se cumprisse a palavra do SENHOR, pela boca de Jeremias”, indicando que o retorno à Jerusalém não foi iniciado pelo homem. De acordo com o registro nítido da Bíblia, ele foi iniciado pelo próprio Deus. Quando o povo de Deus estava em Babilônia, não ofereceram ali sacrifício para Ele. Em lugar algum é-nos dito que em Babilônia eles ofereceram oferta queimada todas as manhãs e noites. Sem dúvida, homens como Daniel, Esdras e Neemias oraram, porém eles não estavam na base para oferecerem sacrifícios a Deus. Em Babilônia não havia altar. Sem um altar era impossível a eles oferecerem algo a Deus. Além disso, em Babilônia o povo de Deus não poder celebrar as festas anuais. Que situação lamentável! Babilônia era um bom lugar para jejuar, mas não para festejar. Lá era adequado para chorar, mas não para se regozijar. Salmo 137: diz: “Às margens dos rios da Babilônia, nós nos assenta-vamos e chorávamos, lembrando-nos de Sião.” Quando a base da unidade foi perdida, quase tudo se perdeu. O povo de Deus perdeu as riquezas da boa terra,

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o altar e as festas. Somente no lugar escolhido, o Monte Sião, poderiam desfrutar de todas essas riquezas.

OS VASOS E O ALTAR

Quando o Senhor moveu o espírito do povo para retornar a Jerusalém, não houve somente a restauração da base da unidade; houve também um restauração espontânea de todas as coisas positivas que tinham sido perdidas. Os vasos que Nabucodonosor “tinha trazido de Jerusalém e que tinha posto na casa de seus deuses” retornaram a Jerusalém (Ed 1:7-11). Além disso, uma vez que o remanescente do povo retornou, “eles estabeleceram o altar sobre as suas bases” (Ed 3:3; Hb). O povo de Deus sabia que o lugar do altar não era em Babilônia, mas somente no único lugar da escolha de Deus, em Jerusalém. O altar não poderia ser edificado em qualquer lugar na boa terra. Ele teria que ser edificado no Monte Moriá, o lugar em que Abraão ofereceu Isaque a Deus. Qualquer um que procurasse apresentar uma oferta a Deus, tinha que ir ao único, definitivo e específico lugar. Hoje, o único lugar é a unidade. Todas as vezes que a unidade foi perdida, automaticamente os Cristãos perderam o lugar para estabelecer o altar. Como resultado, eles não têm caminho para apresentar uma oferta adequada ao Senhor. Antes de virmos para a vida da igreja, muitas vezes tentamos nos oferecer ao Senhor. Eu posso testificar que várias vezes consagrei-me a Ele. Mas, por meio de nossa experiência, podemos testificar que tal consagração não foi genuína. Sem retornar a única base da unidade não há maneira de fazer qualquer oferta a Deus. Após o retorno do povo de Deus a Jerusalém, eles estabeleceram um altar e começaram a novamente oferecer sacrifícios. Foi o mesmo com a nossa experiência. Depois de virmos para a vida da igreja,

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encontramo-nos capazes de nos consagrar ao Senhor de maneira adequada e genuína.

A FUNÇÃO ADEQUADA DA CONSCIÊNCIA

Somente após o retorno do cativeiro, o povo de Deus tratou com seus casamentos mistos com os pagãos (Ed 9:1-7). Sua consciência não poderia tolerar por muito mais tempo tal prática pagã. Este foi o resultado espontâneo do retorno à base da unidade. Certamente houve muitos casamentos mistos em Babilônia. Entretanto, somente após o retorno do cativeiro, foram tocados na consciência e trataram com esses casamentos. O mesmo acontece na restauração do Senhor hoje. Somente após virmos para a vida da igreja que nossa consciência começou a funcionar de forma adequada. Nós “cingimos o lombo” e nos tornamos cuidadosos em guardar as questões que anteriormente tinham sido danificadas. Antes de virmos para a restauração do Senhor, estávamos livres para nos envolver em certos entretenimentos mundanos. Mas, depois que começamos a viver a vida da igreja, todo o nosso ser foi cingido. Começamos a buscar um viver piedoso e um desejo ardente pelo orar-ler a Palavra. De forma espontânea começamos a exercitar cuidadosamente nossa consciência. Essa atitude não é resultado de ensinamentos ou regras. Simplesmente é uma questão de retornar a base da unidade. Ao virmos para a vida da igreja, tivemos um desejo pelo viver piedoso. Muitos comportamentos negativos começaram a ser abandonados e muitas práticas positivas começaram a se tornar nossa experiência. Por exemplo, sentíamos que não mais deveríamos praticar o Natal. Ninguém nos cobrou para não continuar a celebração do Natal. Espontaneamente começamos a ter o sentimento de não

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mais celebrá-lo. Começamos também, a descartar muitas coisas negativas para desfrutar das positivas. Isso mostra que quando a unidade é restaurada, tudo o que é positivo é restaurado com ela.

ASPIRAÇÕES SANTAS

Nada é mais satisfatório do que a base da unidade. Para os santos do Antigo Testamento o pensamento de entrar nos átrios da casa do Senhor estimulava santas e divinas aspirações interiores. Muitos Salmos ilustram isso. Esses Salmos estão repletos de aspirações de santidade, divindade, viver piedoso e da presença do Senhor. As aspirações divinas eram despertadas pelo simples fato de se pensar na casa de Deus.

A PRESENÇA DE DEUS

A presença de Deus está essencialmente relacionada à base da unidade. Antes de vir para a vida da igreja, eu amava o Senhor verdadeiramente. Entretanto, não tinha muito desfrute da Sua presença. Mas, quando vim para a vida da igreja comecei, de maneira pratica, a desfrutar diariamente da presença do Senhor. Mesmo durante um trabalho desgastante, tinha desfrute da Sua presença. De acordo com a minha experiência, testifico que participar da vida da igreja faz uma tremenda diferença em nossa vida cristã. Muitos entre nós podem dar o mesmo testemunho. Antes de virmos para a igreja, estávamos em Babilônia. Nós amávamos e buscamos o Senhor, mas não tínhamos o pleno desfrute de Sua presença. Entretanto, depois de virmos para a vida da igreja, muitos desejos e aspirações santas foram despertadas em nós. Mais do que nunca, aspiramos estar na presença do Senhor. Isso é o resultado espontâneo de

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retornar à base da unidade, o único lugar da escolha de Deus. Quando o povo de Deus retornou à Jerusalém, todas as coisas positivas que tinham sido perdidas durante o cativeiro em Babilônia foram restauradas. Todas as coisas sagradas, divinas, celestiais espontaneamente voltaram. Tem sido o mesmo conosco na restauração do Senhor hoje.

ENCHIDOS DE REGOZIJO

O Salmo 126:1-2 diz: “Quando o SENHOR restaurou a sorte de Sião, ficamos como quem sonha. Então, a nossa boca se encheu de riso, e a nossa língua, de júbilo.” O povo que voltou a Deus foi enchido de riso e regozijo porque todas as coisas positivas foram restauradas. Entretanto, antes de retornarem a Jerusalém, eles não tiveram tal desfrute. Mas, depois que retornaram, desfrutaram tantas coisas excelentes que pareciam estar sonhando. Isaias 35:10 e 51:11, versículos que são muito semelhantes, também nos fala da alegria da volta do povo a Deus. Esses versículos declaram que “os resgatados do SENHOR voltarão e virão a Sião com cânticos de júbilo; alegria eterna coroará a sua cabeça.” O fato de essa questão ser repetida mostra sua importância, pois qualquer coisa que é repetida na Bíblia é de especial importância. Durante o tempo de Isaias, o cativeiro babilônico ainda não havia acontecido. Contudo, Isaias falou acerca da alegria, do desfrute da salvação de Deus ao Seu povo resgatado. Ele previu a alegria do retorno dos cativos. Não creio que Salomão e seus contemporâneos foram tão alegres quanto Zorobabel, Josué o sacerdote, Esdras e todos os outros que voltaram do cativeiro à Jerusalém. Eles experimentaram muito mais a alegria da salvação de Deus do que Salomão. Por

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essa razão, o escritor do Salmo 126 declarou que eram como quem sonham.

A UNIDADE TODA INCLUSIVA Como agradecemos ao Senhor por restaurar a

genuína unidade, a unidade que foi perdida pelo cristianismo! Esta unidade é todo-inclusiva; ela inclui todas as coisas positivas. As divisões, ao contrário, incluem todas as coisas negativas. Visto que, quando nos voltamos para a unidade, todas as coisas divinas, celestiais e espirituais retornam. A razão disso é que todas essas coisas existem na unidade. Por um lado, admitimos que somos tão pequenos e temos um longo caminho a percorrer. Por outro lado, podemos testificar que as riquezas do Senhor certamente são encontradas na Sua restauração. A única base da unidade está aqui e todas as riquezas espirituais estão incluídas nessa base. Todas as coisas divinas e espirituais são nossas na base da unidade.

O TESTEMUNHO DO SENHOR NA BASE DA UNIDADE

O testemunho do Senhor hoje anda junto com a base da unidade. Este testemunho não depende de nosso empenho e esforço próprio. Podemos melhorar nossas mentes a nós mesmos; somente para incorrer mais uma vez ao erro. O testemunho do Senhor não depende de nossos esforços; ele depende do Seu trabalho em nós na base da unidade. Depois de virmos para a vida da igreja, a aspiração por divindade, santidade e espiritualidade foram despertadas dentro de nós espontaneamente. Isso não foi nossa própria obra; foi total-mente a obra do Senhor. Por estarmos na base adequada, a base da unidade, a palavra de Deus é transparentemente aberta a nós. Isso é totalmente devido à benção do Senhor na base

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da unidade. Onde a restauração da base da unidade está, há também o testemunho do Senhor. Quando o povo de Deus no Antigo Testamento retornou a Jerusalém, todas as coisas que pertenciam a Deus retornaram: o altar, as ofertas, o templo, as festas e o rico desfrute. Entretanto, aqueles que permaneceram em Babilônia não tiveram participação no testemunho do Senhor. As coisas divinas não eram encontradas em Babilônia; elas estavam em Jerusalém, o único lugar da escolha de Deus. Embora o retorno do povo de Deus tenha sido fraco ou inadequado em muitos aspectos, não se pode negar que o testemunho do Senhor estava com eles, não com os que estavam na Babilônia. Além do mais, o retorno do povo de Deus à base da unidade também foi usado por Deus para gerar a Cristo. Maria, a mãe do Senhor Jesus, era uma descendente daqueles que retornaram do cativeiro. Se os cativos não retornassem, não teria havido um caminho para Cristo nascer em Belém. Não teria havido um canal, um meio, para Ele vir de acordo com as profecias. Daí, o retorno do cativeiro em Babilônia foi uma preparação necessária para a vinda de Cristo. No mesmo princípio, creio que a restauração do Senhor hoje será usada por Deus como uma preparação para a volta do Senhor. O Senhor pode usar totalmente Sua restauração por causa da Sua vinda!

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CAPÍTULO DEZ

A REVELAÇÃO FINAL E MÁXIMA DA UNIDADE LOCAL E A

SUA RESTAURAÇÃO Leitura Bíblica: Gn 1:1; Ml 1:1-2; Mt 1:1; 16:16-18; 18:17; Jo 1:1, 14; 20:17; At 8:1a; 13:1a; 14:23; 1Co 1:2a; Gl 1:2; Ap 1:4-5a, 11, 20; 3:22; 22:17a

Nos capítulos anteriores dedicamos muita atenção a várias porções do Antigo Testamento. Nesse capítulo precisamos ter uma visão mais abrangente do Novo Testamento com respeito à revelação final e máxima da unidade local e a sua restauração. UMA VISÃO PANORÂMICA DA REVELAÇÃO DE DEUS

DO ANTIGO TESTAMENTO

Se tivermos uma visão panorâmica da Bíblia e considerarmos a Bíblia como um todo, veremos que ela revela quatro figuras principais. Primeiramente, a Bíblia revela Deus como o Criador. O primeiro versículo da Bíblia, Gênesis 1:1 diz, “No princípio, criou Deus os céus e a terra.” (Heb.). Deus estava no princípio e todas as coisas foram criadas por Ele. Malaquias 1:1 e 2 revelam que esse Deus é também Aquele que ama a Israel. Portanto, o Antigo Testamento revela Deus como o Criador de todas as coisas e como Aquele que ama um povo em especial, Israel. De certo modo, esse é um resumo da revelação de Deus no Antigo Testamento. Podemos chamar esse Deus de o Deus de Israel. Esse termo também é usado no Antigo Testamento. Os

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Judeus, evidente-mente, amam muito o Antigo Testamento porque ele revela que o único Deus no universo, Aquele que criou os céus e a terra, é também o mesmo Deus que ama Israel.

CRISTO E A IGREJA

Como todos sabem, o Novo Testamento continua a revelar muito mais a respeito de Deus. Por esta razão, nós que cremos em Cristo não podemos dizer que a revelação de Deus no Antigo Testamento é uma revelação plena de nosso Deus, pois ela trata de uma revelação parcial e incompleta Dele. Mateus 1:1 diz, “Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.” Quão diferente é a abertura do Novo Testamento em relação ao primeiro versículo do Antigo Testamento! Essa Pessoa que é citada em Mateus 1:1 é revelada adiante em Mateus 16. Nesse capítulo o Senhor perguntou aos Seus discípulos, “Quem diz o povo ser o Filho do homem?” Depois de os discípulos terem dado algumas respostas, o Senhor direcionou Sua pergunta especificamente para eles: “Mas vós, continuou ele, quem dizeis que eu sou?” (v.15). Recebendo revelação do Pai nos céus, Simão Pedro respondeu e disse, “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (v. 16). O Senhor reconheceu que essa revelação não veio de carne e sangue, mas do Pai. Então, Ele prosseguiu e disse, “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (v. 18). O que temos aqui não é Israel amado por Deus—temos a igreja edificada por Cristo. João 1:1 diz, “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.” No versículo 14 nos é dito que “o Verbo se fez carne e tabernaculou entre nós, cheio de graça e de

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verdade.” Esse Verbo que estava no princípio com Deus e que se tornou carne é o próprio Deus que criou todas as coisas, mas Ele é muito mais. Em nossa pregação do evangelho precisamos dizer isso aos nossos amigos Judeus. Precisamos ensinar-lhes a verdade de que o Deus que criou todas as coisas se tornou homem por meio da encarnação. Também devemos dizer-lhes que Deus não parou somente como Aquele que amou a Israel. Segundo o Evangelho de João, Ele se tornou um homem. Portanto, conhecer Deus apenas como Deus é conhecê-Lo de uma maneira incompleta. Depois de ter vivido na terra por trinta e três anos e meio, Cristo foi crucificado e entrou para a ressurreição. No dia de Sua ressurreição, Cristo disse, “Vai ter com meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus” (Jo 20:17). Em Mateus temos Cristo e a igreja. Em João temos o Filho de Deus e Seus muitos irmãos, os quais são a igreja. Após Sua ressurreição, Cristo começou a chamar os discípulos de irmãos, pois por meio de Sua ressurreição eles foram regenerados (1Pe 1:3) com a vida divina liberada por Sua morte transmissora de vida, como indicado em João 12:24. Ele era o unigênito do Pai, como a expressão individual do Pai. Agora, por intermédio de sua morte e ressurreição, o unigênito do Pai se tornou o “primogênito entre muitos irmãos” (Rm 8:29). Seus muitos irmãos são os muitos filhos de Deus e a igreja (Hb 2:10-12), como a expressão coorporativa de Deus o Pai no Filho.

Nesse ponto vemos a partir da revelação na Bíblia, três principais personagens: Deus, Cristo e a igreja. Deus é corporificado em Cristo e Cristo é expresso por meio da igreja. Essa é a revelação no final dos Evangelhos.

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AS IGREJAS LOCAIS

A partir de agora prosseguiremos do livro de Atos até o livro de Apocalipse. Aqui não vemos somente Deus, Cristo, e a igreja; temos também as igrejas. Em Mateus 16 o Senhor diz, "Eu edificarei a Minha igreja." Esta igreja é única, a igreja universal tipificada por Sião. Mas da mesma maneira que Sião tem muitos picos, também a igreja universal tem muitas expressões locais. Em Mateus 18, onde o Senhor fala de levar uma questão a igreja, nós vemos uma destas expressões locais. Podemos também comparar a igreja universal a uma árvore e as igrejas locais aos galhos da árvore. Em Mateus 18 nós vemos um dos galhos desta árvore universal. Aqui está uma igreja local para a qual podemos levar nossos problemas. Além disso, tal igreja também pode tratar com certas pessoas e até fazer com que elas sejam consideradas como gentios ou publicanos. No livro de Atos nós lemos sobre a igreja em Jerusalém (8:1) e de uma outra igreja em Antioquia (13:1). Segundo Atos 14:23, os apóstolos ordenavam presbíteros em cada igreja. As igrejas referidas aqui são aquelas estabelecidas nas províncias da Ásia Menor. Primeira Coríntios 1:2 fala de "a igreja de Deus que está em Corinto." Além disso, em Gálatas 1:2 Paulo se refere "as igrejas da Galácia," uma região do Império Romano que incluía muitas localidades. Da mesma maneira que existem muitas igrejas locais no estado da Califórnia hoje, também existia várias igrejas na região da Galácia na época de Paulo. No livro de Apocalipse a revelação divina na Bíblia alcança sua consumação. A igreja universal como o Corpo de Cristo é expresso pelas igrejas locais. As igrejas locais, como a expressão do um Corpo de Cristo (Ap 1:12, 20), são localmente uma. Apocalipse 1:4 diz, "João, às sete igrejas que se encontram na Ásia." A Ásia era uma província do Império Romano antigo em

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que estava as sete cidades mencionadas em 1:11. As sete igrejas estavam naquelas sete cidades respectivamente, não todas em uma cidade. Apocalipse não trará com a igreja universal, mas com as igrejas locais em várias cidades. Vimos que a igreja é primeiramente revelada como universal em Mateus 16:18 e então como local em Mateus 18:17. Em Atos a vida da igreja era praticada de maneira local, como a igreja em Jerusalém (8:1) e a igreja em Antioquia (13:1) e as igrejas nas províncias da Síria e Cilícia (15:41). Sem as igrejas locais, não existe nenhuma pratica-lidade e realidade da igreja universal. A igreja universal é praticável nas igrejas locais. Ao conhecer a igreja universal-mente, também devemos conhecê-la localmente. É um grande avanço para nós conhecermos e praticarmos a vida da igreja. Com relação à igreja, o livro de Apocalipse está na fase avançada, pois é escrito para as igrejas locais. Se quisermos conhecer este livro, devemos avançar da compreensão da igreja universal para a realidade e prática das igrejas locais.

UMA CIDADE, UMA IGREJA

Em 1:11 a voz disse para João, "O que vês, escreve em um livro e manda às sete igrejas: para Eféso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia." Este versículo é composto em uma maneira muito importante. Aqui vemos que o enviar deste livro "para as sete igrejas" equivale a enviá-lo para as sete cidades. Isto deixa claro que a prática da vida da igreja era de uma igreja para uma cidade, uma cidade com uma igreja. Em nenhuma cidade havia mais de uma igreja. A jurisdição de uma igreja local deve abranger toda a cidade em que a igreja está; não deve ser maior ou menor que o limite da cidade. Todos os crentes dentro daquele limite devem constituir a única igreja local dentro

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daquela cidade. Conseqüentemente, uma igreja equivale a uma cidade, e uma cidade equivale a uma igreja. Isto é o que nós chamamos as igrejas locais.

GRAÇA E PAZ DA PARTE DO DEUS TRIÚNO PARA AS SETE IGREJAS

Apocalipse 1:4 e 5 são versículos muito significativos. "João, às sete igrejas que se encontram na Ásia: Graça e paz a vós outros, da parte Daquele Que é, Aquele que era, e Aquele que há de vir, e da parte dos sete Espíritos que se acham diante do Seu trono, e de Jesus Cristo, a fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos, e o Soberano dos reis da terra." Segundo estes versículos, graça e paz são transmitidas para as sete igrejas do Deus Triúno. Note que nestes versículos existem três "da parte de": Daquele Que é, e Daquele Que era, e Daquele Que há de vir (o Pai); da parte dos sete Espíritos (o Espírito); e da parte de Jesus Cristo (o Filho). Que revelação plena do Deus Triúno! Como Deus, o Pai eterno, Ele estava no passado, Ele está no presente, e Ele está vindo no futuro. Como Deus, o Espírito, Ele é o Espírito sete vezes intensificado para operação de Deus. Como Deus o Filho, Ele é a Testemunha, o testemunho, a expressão de Deus, o Primogênito dos mortos para a igreja, a nova criação, e o Soberano dos reis da terra para o mundo. Desta maneira, o Deus Triúno concede graça e paz as igrejas. A revelação de Deus nestes versículos é muito mais completa do que a revelação em Gênesis 1:1. O Deus revelado em Gênesis não podia ser chamado Jesus, pois em Gênesis ainda não temos a encarnação. De acordo com João 1, o mesmo Deus que é o Criador em Gênesis 1 é a Palavra que se tornou carne e tabernaculou entre nós. Quando a Palavra se tornou carne, Ele recebeu o nome Jesus. Em Apocalipse 1:5,

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Jesus é a Fiel Testemunha e o Soberano dos reis da terra. Apocalipse 1:4 e 5 contém a última revelação na Bíblia. A revelação nas Escrituras começa com Deus como o Criador e consuma com o Deus Triúno processada dando graça e paz para as igrejas locais. De acordo com a Revelação 1:4, o Espírito se tornou os sete Espíritos, isto é, o Espírito todo-inclusivo. Além disso, o Filho se tornou a Testemunha fiel, o Primogênito dos mortos, e o Soberano dos reis da terra. Tendo passado por meio da encarnação, viver humano, crucificação, ressurreição e ascensão, Ele foi entronizado acima de todos ao reis. Esse Deus Triúno processado não está diretamente relacionado a indivíduos ou a igreja de um modo geral, mas as igrejas. Por essa razão, Apocalipse 1:4 e 5 diz especificamente que a graça e paz procede do Deus Triúno para as sete igrejas.

O PROGRESSO DA REVELAÇÃO DIVINA

A revelação de Deus começou com Ele mesmo e continuou com Cristo e o Espírito até atingir Sua meta nas igrejas locais. Sem as igrejas locais, não temos a meta da revelação divina. Aqui a deficiência entre os Judeus e muitos Cristãos, e mesmo muitas pessoas assim chamadas espirituais fica evidente. Os Judeus têm Deus, a maioria dos Cristãos tem Deus e Cristo, e os Cristãos com algum progresso também têm o Espírito, mas muito poucos Cristãos têm a vida da igreja adequada nas igrejas locais. Hoje, nas igrejas locais, nós temos Deus, Cristo, o Espírito, e a igreja. O resultado do progresso da manifestação de Deus é a igreja. Deus foi encarnado em Cristo, Cristo é compreendido e experimentado como o Espírito que dá vida para nós, e o Espírito flui nas igrejas. Quando experienciamos e temos a percepção de Cristo como o Espírito que dá vida, o

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resultado é a vida da igreja. A igreja é o Corpo, a plenitude de Cristo. O progresso dessa revelação é Deus, Cristo, o Espírito, a igreja, e as igrejas locais. Isso é a revelação de Deus em Sua Palavra santa. Em Apocalipse 22:17 vemos uma expressão maravilhosa: "O Espírito e a Noiva diz..." Aqui nós temos um sujeito composto—o Espírito e a Noiva. O Espírito é o Deus Triúno processado, todo-inclusivo que dá vida, e a Noiva é a igreja composta de todas as igrejas com todos os santos. O fato de o Espírito e a Noiva falarem a mesma coisa indica que o Deus Triúno se tornou totalmente um com Seu povo redimido. Que maravilhoso! Precisamos ficar profundamente impressionados com o progresso da revelação divina na Bíblia. Temos salientado que no Antigo Testamento temos Deus como o Criador e como Aquele que ama Israel. Em Mateus e João vemos a genealogia de Jesus Cristo e a Palavra que se tornou carne e tabernaculou entre nós. Além disso, nestes livros lemos sobre a igreja edificada por Cristo e dos muitos irmãos do Filho de Deus que são a igreja. Em Atos a igreja foi é estabelecida em várias cidades. A maior parte das Epístolas foi escrita particularmente para as igrejas locais. Por fim, no livro de Apocalipse vemos que graça e paz são dadas as igrejas locais provenientes do Deus Triúno processado. Finalmente, de acordo com Apocalipse 22:17, o Espírito e a Noiva falam como um, indicando que o Deus Triúno é verdadeiramente um com Seu povo redimido.

NOSSA IGREJA LOCAL

Se estivermos claros quanto à revelação na Bíblia, devemos perceber que o lugar adequado para desfrutar Deus hoje é nas igrejas locais. Em particular, precisamos

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estar em uma igreja local definida para que possamos dizer que é nossa igreja local. Embora eu ame todas as igrejas, eu devo ser honrado e testemunhar que nenhuma igreja é tão querida e amável para mim quanto a igreja em Anaheim porque a igreja em Anaheim é minha igreja local. Todos nós devíamos ter o mesmo sentimento sobre a igreja em nossa cidade. Quão lamentável é a situação da maioria dos cristãos hoje! Por não estarem na vida da igreja, eles são órfãos sem uma casa. Esta era nossa condição antes de virmos para a vida da igreja na restauração do Senhor. Não apenas éramos órfãos—éramos errante. Antes de virmos para as igrejas locais, nós nunca tivemos a sensação de que voltamos para casa ou que alcançamos nosso destino. Mas no dia em que vimos para a vida da igreja, nós soubemos que voltamos para casa. Depois de vaguear por anos, nós finalmente alcançamos nosso destino. Alguma coisa profunda interior disse, "Este é o lugar". Muitos cristãos buscadores hoje, pelo contrário, estão ainda excursionando; eles estão viajando de denominação em denominação. Mas no dia em que viemos para a vida da igreja, nossa viagem errante cessou. As igrejas locais são o que Deus deseja hoje. Esta é a ultima estação da Sua revelação. Todos os cristãos genuínos crêem que Cristo é o próprio Deus que criou o universo, que se tornou um homem, que morreu na cruz para nossa redenção, e que ressuscitou completamente de entre os mortos. Todos os cristãos verdadeiros receberam este Cristo como seu Salvador e Redentor. Porém, é possível ser tal genuíno Cristão e ainda estar experiencialmente ou nos Evangelhos ou em Atos. Nós devemos ser cristãos no livro de Apocalipse; isto é, devemos estar na consumação final e máxima de Deus. Devemos ser cristãos que desfrutam o Deus Triúno

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processado, todo-inclusivo, que dá vida, mesclado com as igrejas. Se estivermos nesta realidade, então seremos cristãos em Apocalipse. É fácil para os crentes verem a igreja universal, mas é difícil eles verem as igrejas locais. A revelação das igrejas locais é o desvendar final do Senhor com relação à igreja. Ela foi dada aqui no ultimo livro da Palavra divina. Para conhecer plenamente a igreja, os crentes devem seguir o Senhor dos Evangelhos, através das Epístolas, para o livro de Apocalipse até que estejam habilitados para ver as igrejas locais como desvendadas lá. Em Apocalipse a primeira visão é com respeito às igrejas. As igrejas com Cristo como seu centro é o enfoque na administração divina para o cumpri-mento do propósito eterno de Deus. Temos visto as quatro figuras principais reveladas na Bíblia: Deus, Cristo, a igreja, e as igrejas. Nosso Deus não é meramente o Criador em Gênesis 1. Ele é o Deus processado em Apocalipse 1:4 e 5. Ele é Aquele que É, que Era, e que Há de vir; Ele é os sete Espíritos; e Ele é Jesus Cristo, a fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos, e o Soberano dos reis da Terra. Quão abençoados somos por conhecer Deus desta maneira e ter tal visão panorâmica da Bíblia! Que privilégio ouvir tal palavra relacionada à revelação final e máxima de Deus nas Escrituras! Hoje em nossa igreja local podemos apreciar o Deus Triúno processado, todo-inclusivo, que dá vida.

O ESPÍRITO FALANDO AS IGREJAS

Em Apocalipse 2 e 3 temos dito repetidamente que o Espírito fala às igrejas. Isto é muito diferente da expressão do Antigo Testamento, "Assim diz o Senhor". Visto que o Espírito hoje fala as igrejas, devemos estar em uma das locais igrejas a fim de ouvir o Seu falar. O

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Espírito hoje está falando diretamente para as igrejas. Portanto, é vital para nós estarmos em uma das igrejas, em uma igreja que possamos designá-la como nossa igreja local.

CANDELABROS DOURADOS

Em Apocalipse as igrejas, tipificadas pelos candelabros de ouro, são o testemunho de Jesus (1:2, 9) na natureza divina, brilhando localmente na noite escura, contudo coletivamente. As igrejas devem ser da natureza divina—dourada. Elas devem ser as hastes, até o candelabro, que sustenta as lâmpadas com o óleo (Cristo como o Espírito que dá vida), brilhando de fato na escuridão e coletivamente. Elas são candelabros individuais localmente, contudo ao mesmo tempo elas são um grupo, uma coleção de candelabros universalmente. Elas não estão brilhando apenas local-mente, mas também sustentando universalmente o mesmo testemunho tanto para as localidades como para o universo. Elas são da mesma natureza e da mesma forma. Elas sustentam a mesma lâmpada para o mesmo propósito e são completamente identificados umas com as outras, não tendo qualquer distinção individual. As diferenças das igrejas locais registradas em capítulos dois e três são todas de uma natureza negativa, não de uma natureza positiva. Negativamente, em seus fracassos, eles são diferentes e separam umas das outras; mas positivamente, em sua natureza, forma e propósito, elas são absolutamente idênticas e conectadas umas as outras.

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O SIGNIFICADO IMPLÍCITO DO DEUS TRIÚNO

Ao longo dos séculos, poucos cristãos tocaram as profundezas do significado dos candelabros como símbolos das igrejas locais. De acordo com nosso conceito natural, um candelabro é simplesmente um objeto sustentando uma lâmpada que brilha na escuridão. O candelabro em Êxodo 25 é de ouro puro, e o candelabro em Zacarias 4 e Apocalipse também são de ouro. Substancialmente, o candelabro é dourado. Com o candelabro nós vemos três coisas impor-tantes: o ouro, as hastes e as lâmpadas. O candelabro tem implicação direta com o significado do Deus Triúno. O ouro é a substância com a qual o candelabro é feito, as hastes são a corporificação do ouro, e as lâmpadas são a expressão das hastes. O ouro tipifica o Pai como a substância, as hastes tipifica o Filho como a corporificação do Pai, e as lâmpadas tipificam o Espírito como a expressão do Pai no Filho. Desta maneira, o significado do Deus Triúno está diretamente implicado no candelabro. Substancialmente, o candelabro é um, mas expressivamente, é sete porque é um candelabro com sete lâmpadas. Na base o candelabro é um; no topo, é sete. Devemos discutir se ele é um ou sete? Em substância, o candelabro é um pedaço de ouro, mas ele sustenta sete lâmpadas. Isto misteriosamente indica que substancial-mente o Deus Triúno é um. Em substância, Ele é um, mas em expressão, Ele é Espírito sete vezes intensificado. O Pai como a substância é corporificado no Filho como a fôrma, e o Filho é expresso como o Espírito sete vezes intensificado. Como podemos provar que as sete lâmpadas são o Espírito expressando Cristo? As sete lâmpadas são primeira-mente mencionadas em Êxodo. Se tivéssemos apenas o registro em Êxodo, entretanto, seria difícil percebermos que estas sete lâmpadas é o Espírito. Prosseguindo de

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Êxodo até Zacarias, nós vimos que as sete lâmpadas são os sete olhos de Cristo e os sete olhos de Deus (Zc 3:9; 4:10). Continuando para Apocalipse, nós vemos que os sete olhos do Cordeiro são os sete olhos os quais é o Espírito intensificado de Deus. Conseqüentemente, nós temos uma forte base para dizer que as sete lâmpadas é o Espírito sete vezes intensificado como a expressão de Cristo.

O DEUS TRIÚNO CORPORIFICADO E EXPRESSADO

Temos visto que o candelabro tem implicação direta com o significado do Deus Triúno; simboliza o Deus Triúno corporificado e expressado. Deus o Pai como o ouro divino é corporificado em Cristo o Filho e então é completamente expresso pelo Espírito. A expressão difere da incorporação. A incorporação deve ser exclusivamente única porque nosso Deus é exclusivamente um. Deste modo, a incorporação deve ser uma haste. A expressão, porém, deve ser completa, e completa no mover de Deus. Lembre-se que sete é o número para completação no mover de Deus. Ao longo dos séculos, Deus foi expresso em Seu mover. Esta é a razão que as sete lâmpadas tipificam o Espírito intensificado como a expressão de Cristo no mover completo de Deus. Esta é a compreensão prática da Trindade. A Trindade é para o dispensar de Deus para dentro da humanidade. Deus, o Ser divino, é primeiramente corpori-ficado em Cristo e então expressado por meio do Espírito sete vezes intensificado. Agora temos não somente o Deus Triúno; no candelabro temos o Deus Triúno substancialmente e solidamente corporificado e expressado. O ouro foi moldado em uma base sólida. Outrora, era apenas ouro, mas agora é uma haste. O

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ouro foi moldado em uma haste para o cumprimento do propósito de Deus. Sem a haste, não há maneira de o propósito de Deus ser cumprido. Como vimos, esta haste, a qual é um tipo de Cristo, é expresso pelas sete lâmpadas significando os Espíritos de Deus. Os sete Espíritos de Deus não são separados de Deus; eles são os sete olhos de Deus e do Cordeiro, o Redentor. Eles também são os sete olhos da pedra da edificação (Zc 3:9). Portanto, eles são os sete olhos com a redenção de Cristo para a edificação de Deus. Sempre que estes olhos olham para as pessoas, elas são redimidas e edificadas na casa do Deus.

A REPRODUÇÃO DE CRISTO E O ESPÍRITO

Em Êxodo 25 a ênfase está na haste, em Zacarias 4 a ênfase está nas lâmpadas, e em Apocalipse 1 a ênfase está na reprodução. Tanto em Êxodo quanto em Zacarias o candelabro é um, mas em Apocalipse ele foi reproduzido e se tornou sete. Primeiramente, em Êxodo a ênfase está na haste — em Cristo. Segundo, em Zacarias a ênfase está nas lâmpadas — no Espírito. Eventualmente, em Apocalipse tanto a haste quanto as lâmpadas, isto é, Cristo e o Espírito, são reproduzidos como as igrejas. Em Êxodo e Zacarias existem apenas sete lâmpadas, mas aqui em Apocalipse existem quarenta e nove lâmpadas, pois cada candelabro tem sete lâmpadas. Conseqüentemente, o único candelabro se tornou sete e as sete lâmpadas se tornaram quarenta e nove. Os candelabros com suas lâmpadas em Apocalipse são a reprodução de Cristo e o Espírito. Quando Cristo é percebido, Ele é o Espírito, e quando o Espírito é percebido, nós temos as igrejas como a reprodução.

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CONTEÚDO, EXISTÊNCIA E EXPRESSÃO

A igreja não é somente universalmente uma, mas

também expressada localmente nas muitas cidades. Em todo o universo há somente um Cristo, um Espírito e uma igreja. Porque então existem as sete igrejas? Por causa da necessidade de uma expressão. Para a existência, uma é suficiente. Mas para a expressão, muitas são necessárias. Se quisermos conhecer a igreja, precisamos conhecer o seu conteúdo, existência e expressão. Substancialmente, a igreja, e até mesmo todas as igrejas, são uma. Em expressão, as muitas igrejas são os muitos candelabros. O que é a igreja? A igreja é a expressão do Deus Triúno e essa expressão é vista em muitas localidades na terra. A igreja não é expressa apenas por um candelabro, mas por sete candelabros. Em Apocalipse 1 existem sete candelabros com quarenta e nove lâmpadas brilhando no universo. Este é o testemunho de Jesus. A igreja é o testemunho de Jesus. Isso significa que a igreja é a expressão do Deus Triúno substancialmente e expressivamente. Substancialmente, ela é da mesma subs-tância em todo o universo; expressivamente, ela é os muitos candelabros com as lâmpadas brilhando nas trevas para expressar o Deus Triúno. O Pai como a substância é corporificado no Filho, o Filho como a corporificação é expresso por meio do Espírito, o Espírito é plenamente concretizado e reproduzido como as igrejas e as igrejas são o testemunho de Jesus. Se virmos essa visão, ela nos governará e nunca seremos divisivos. Temos visto que os candelabros é o ouro divino corpori-ficado em uma forma substancial para cumprir o propósito de Deus em Seu mover. A expressão da posição

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está no brilhar da luz. À medida que a expressão brilha, o brilhar cumpre o propósito eterno de Deus. Assim, o candelabro significa não somente o Deus Triúno, mas também o mover do Deus Triúno em Sua corporificação e expressão. Temos visto também que as igrejas locais são a reprodução da corporificação e da expressão do Deus Triúno. Não devemos nos satisfazer em dizer que as igrejas locais são o candelabro brilhando na noite escura. Embora isso esteja correto, é um pouco superficial. Precisamos ver que as igrejas locais são a reprodução da corporificação e expressão do Deus Triúno.

NA IGREJA LOCAL SOBRE A BASE DA UNIDADE

Salientamos que quando o povo de Deus no Antigo

Testamento perdeu a base da unidade, eles espontaneamente perderam muitas coisas espirituais e santas. No entanto, quando eles retornaram para Jerusalém, para a base da unidade, todas estas coisas santas e espirituais espontânea-mente retornaram. O princípio hoje é o mesmo na restau-ração do Senhor. Hoje o nosso Deus, o Deus Triúno, é o Pai corporificado no Filho e o Filho consumado como o Espírito todo-inclusivo. Hoje este Espírito está falando as igrejas. Portanto, com o intuito de ouvir o falar deste Espírito, devemos estar em uma dessas igrejas. Finalmente, o Espírito e a Noiva, constituídos de todas as igrejas com todos os santos, serão um e falarão com uma só voz. Hoje estamos ouvindo o falar do Espírito. Mas o dia está chegando quando juntos o Espírito e a Noiva dirão “Vem!”. Louvado seja o Senhor por esta visão! Com tal visão clara diante de nós, sabemos onde devemos estar hoje – na unidade local, isto é, na igreja local na base da unidade.

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Se não estivermos na unidade local, não estamos na igreja de uma maneira genuína e prática. Além disso, não podemos ter a plena experiência do Deus Triúno processado, todo-inclusivo. A razão de muitos Cristãos estarem em carência espiritual é que eles não têm nem a unidade genuína e nem a plena experiência do Espírito todo-inclusivo. Eles têm a Bíblia, mas não tem muita experiência de Cristo como vida. Eles têm o nome de Cristo, mas não tem nem uma pequena realidade da Sua pessoa. Tantas coisas espirituais estão faltando porque a base da unidade tem sido danificada e até mesmo perdida. Somente nesta base é que podemos ter a plena experiência do Deus Triúno processado. Lembre-se, a dispensação do Deus Triúno, segundo Apoca-lipse 1:4 e 5 é para as igrejas locais.

A BASE DA LOCALIDADE

A base da unidade da qual estamos falando é a base da localidade. Mais de vinte anos atrás em Taipei, um certo cristão proveniente da América, um amigo íntimo nosso, era o médico da nossa família. Embora ele tenha me ouvido dar mais de trinta mensagens a respeito da base da igreja, um dia ele me disse que ele simplesmente não era capaz de entender essa questão da base da localidade. Eu expliquei a ele muito cuidadosamente, mas ele ainda não a entendia. Finalmente, ele admitiu que ele tinha algum entendimento da base da unidade, mas não da base da localidade. O irmão T. Austin-Sparks tinha a mesma dificuldade. Muitos anos atrás ele e eu tivemos por cerca de vinte longas conversas, cada qual durou por volta de duas a três horas, a respeito da base da igreja. Num determinado ponto ele me disse que ele não era capaz de entender aquele termo, a base da localidade. Eu mostrei a ele que, como ele sem dúvida havia percebido,

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foi permitido aos filhos de Israel construí-rem um templo somente em um lugar particular, no Monte Moriá, onde Abraão ofereceu o seu filho Isaque. Aquele lugar único era o terreno sobre o qual o templo foi edificado. Esse terreno preservou a unidade do povo de Deus. Eu prossigo e digo que não era permitido ao povo de Deus edificar um templo em Babilônia, mesmo que o templo tivesse o mesmo tamanho e projeto que o templo original em Jerusalém. Um templo edificado em Babilônia não poderia ser o centro da unidade. Pelo contrário. Tal templo teria sido o centro da divisão. Foi requerido a todos aqueles que retornaram do cativeiro que retornassem a base da unidade, ao Monte Sião, onde o templo fora reedificado. Então, o templo no Monte Sião foi edificado na base da unidade. Isso ilustra a genuína unidade dos crentes hoje, uma unidade com a base adequada, na base da localidade. Creio que o Sr. Austin-Sparks entendeu isso, mas não desejou admitir. Na verdade não é difícil entender qual é o significado da base da localidade. A razão de muitos terem dificuldade com isto é que eles não desejam desistir dos seus conceitos.

A NECESSIDADE DE ESTAR NA UNIDADE LOCAL

Segundo o livro de Apocalipse, a unidade dos crentes em Cristo é a unidade local. Na verdade, todos os que não estão na unidade local não estão na unidade. Aqueles que não estão em uma igreja local não estão verdadeiramente na igreja. Com o intuito de estar na igreja nós devemos estar na igreja local. No mesmo princípio, se estivermos na unidade, devemos estar na unidade local, na unidade prática em nossa localidade. A unidade local é muito prática e pessoal. Se você não está

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pessoalmente nessa unidade, você não está na unidade verdadeiramente e você não está na igreja. Por esta razão, no título deste capítulo falamos da revelação final e máxima da unidade local. Como louvamos o Senhor pela revelação e restauração dessa unidade!

A RESTAURAÇÃO DA VIDA DA IGREJA

Essa unidade local foi danificada e em sua totalidade perdida no tempo em que a Igreja Católica foi estabelecida. O imperador Constantino o Grande iniciou o estabelecimento da Igreja Católica no começo do século quarto. Em 325 A.D. ele convocou um conselho em Nicéia para estabelecer disputas teológicas que estavam causando um conflito em todo o seu império. Ele usou a sua influência política para produzir uma certa espécie de unidade. No final do sexto século a Igreja Católica estava completamente formada com o estabelecimento do sistema papal. Naquele tempo a unidade local estava absolutamente destruída e perdida. Durante os séculos seguintes, um período conhecido como A Era das Trevas, a Bíblia foi trancada e afastada do povo e a verdade sobre a salvação obscurecida. Então, com a Reforma, a Bíblia foi destrancada na linguagem do povo e a verdade da justificação pela fé foi restaurada. Na questão da justificação, Martinho Lutero foi ousado. No entanto, na questão da igreja, ele foi covarde. Ele foi até mesmo um instrumento no estabelecimento da igreja estatal na Alemanha. A primeira igreja estatal foi estabelecida na Alemanha por meio da assistência de Lutero. Lutero não somente cometeu essa terrível tolice, mas também perseguia os crentes que enfatizavam a experiência de vida. Por exemplo, Schwenckfeld foi chamado de demônio. Nas décadas que seguiram, muitos que tinham

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fé, foram perse-guidos e até martirizados por causa de sua fé, algumas vezes pelas mãos da igreja estatal que foram estabelecidas em muitos países Europeus.

A RESTAURAÇÃO NO SÉCULO DEZOITO

No início do século dezoito, diversos crentes fugiram para Bohemia para escapar da perseguição. Zinzendorf tinha tanto o amor quanto o encargo de cuidar desses refugiados. No entanto, entre eles havia disputas sobre doutrina e prática. Quando estas disputas fizeram com que fosse impossível para os crentes continuarem juntos pacifica-mente, Zinzendorf fez com que todos os lideres assinassem um acordo em que eles deixariam de lado as diferenças e vivessem juntos em unidade. Durante a próxima reunião para a mesa do Senhor, eles experienciaram o poderoso derramar do Espírito. Desta maneira a prática da vida da igreja foi restaurada, ao menos de uma maneira inicial.

A RESTAURAÇÃO COM OS IRMÃOS UNIDOS

Outro tipo de reação à formalidade religiosa e o entorpecimento é a dos místicos tais como Madame Guyon e Fenelon. Embora essa reação tenha ocorrido no século dezessete, não houve restauração da vida da igreja até o século dezoito. A prática da vida da igreja sob a liderança de Zinzendorf foi muito boa, mas ela não foi adequada. Além disso, no inicio do século dezenove o Senhor deu um passo adiante em direção a restauração da vida da igreja com um grupo de crentes na Grã-Bretanha, especialmente com John Nelson Darby. Por aproximadamente vinte e cinco anos, os Irmãos Unidos

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sob a liderança de Darby experienciaram uma maravilhosa restauração da vida da igreja, uma restauração que foi mais completa e adequada do que aquela sob a liderança de Zinzendorf um século antes. No entanto, devido aos debates sobre a doutrina, a unidade foi perdida e os Irmãos Unidos foram divididos. À medida que os anos passa-ram, eles foram divididos em mais de cem divisões. Pelo fato de a unidade ter sido severamente danificada, a presença do Senhor com eles diminuiu grandemente.

A RESTAURAÇÃO NA CHINA

Nos anos 20 o Senhor levantou um grupo de jovens na China sob a liderança de Watchman Nee. O Irmão Nee uma vez me disse que o Senhor foi forçado a vir à China porque, no que diz respeito à vida prática da igreja, a China ainda era um solo virgem, enquanto que os Estados Unidos e a Europa haviam sido estragados. Não havia como o Senhor ter um inicio adequado para uma vida da igreja nem na Europa nem nos Estados Unidos. Então, Ele semeou a semente da restauração da vida da igreja no solo virgem da China. A primeira igreja estabelecida na restauração do Senhor foi edificada em 1922 em Foochow, a cidade natal do Irmão Nee. Depois que fui salvo em 1925, fui contatar o Irmão Nee por meio dos seus escritos. Seus escritos ajuda-ram muitos de nós a ver os erros das denominações. Viemos a perceber que embora tivéssemos o nome do Senhor, o evangelho e a Bíblia, tínhamos que largar muitos aspectos do cristianismo organizado. Sob a liderança do Irmão Nee, estudamos a história da igreja, biografias e todos os impor-tantes escritos espirituais e doutrinais. Por meio do nosso estudo ganhamos um conhecimento detalhado do cristia-nismo. Gradualmente viemos a discernir as

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práticas que deveríamos adotar: imersão, presbitério, santidade prática, a espiritualidade pentecostal adequada. Aqueles que visitavam as nossas reuniões ficavam freqüentemente atribulados pelo fato de que eles não conseguiam nos categorizar. Para alguns parecia que éramos Batistas, mas para outros parecia que éramos Presbiterianos ou Irmãos de Plymouth. Em 1932 a igreja foi estabelecida em minha cidade natal, Chefoo. Nós não sabíamos como praticar a vida da igreja. Somente sabíamos que amávamos o Senhor Jesus e que não podíamos concordar com o cristianismo tradicional. Viemos juntos com um coração pelo Senhor e com a Bíblia. Não sabíamos como nos reunir, em particular como ter a mesa do Senhor. Apesar disso, nós desfrutávamos a doçura da presença do Senhor.

O LIMITE DA LOCALIDADE

Em 1930 o Irmão Nee visitou a Europa, Canadá e os Estados Unidos. Durante o percurso da sua visita, ele viu a confusão e a divisão entre as reuniões dos Irmãos Unidos. Preocupado com a situação, ele resolveu reestudar o Novo Testamento preocupando-se com o limite da reunião local. Por meio desse estudo ele viu que o limite da reunião devia ser o limite da localidade a qual a reunião está. Essa verdade do limite da localidade foi publicada na The Assembly Life. Nesse livro o Irmão Nee colocou uma forte ênfase no que ele chamou de limite local.

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A BASE LOCAL

Em 1937 ele viu outra luz a respeito da unidade local da igreja. Do limite local ele prosseguiu para ver a base local. Convocando uma reunião urgente com os cooperadores, ele deu mensagens publicadas mais tarde em The Normal Christian Church Life. Esse livro enfatiza a base local. Em 1937 a questão da unidade local foi totalmente restaurada entre nós. Ficamos totalmente claros de que a prática da vida da igreja requer de nós que estejamos na base local, isso é, na base da unidade. Desde que essa questão da base da localidade foi restaurada, inúmeros cristãos têm argumentado conosco a respeito dela. Alguns disseram, “Ao dizer que vocês são a igreja local, vocês estão se orgulhando. Como vocês podem dizer que vocês são a igreja e que nós não somos? Vocês proclamam dizendo que são a igreja em Shanghai. Nós também não somos a igreja em Shanghai?” No inicio estávamos preocupados com tais criticas. Não tínhamos a experiência para tratar com isso. Mais tarde, por sustentar tal verdade da unidade, aprendemos a como tratar com as várias criticas, objeções e argumentos.

UMA ILUSTRAÇÃO EFICAZ DA UNIDADE LOCAL

Se alguém tentar argumentar com você a respeito da base da unidade, mostra-lhe como ilustração a situação dos filhos de Israel na terra de Canaã. Jerusalém era o único lugar, o único centro, escolhido por Deus para manter a unidade do Seu povo. Finalmente, o povo de Deus foi levado cativo, alguns para o Egito, outros para a Assíria e ainda outros para Babilônia. Originalmente o povo de Deus era um, com

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um único centro de adoração no monte Sião em Jerusalém. Mas eles foram divididos em pelo menos três grandes divisões. Depois de passados os setenta anos de cativeiro na Babilônia, Deus ordenou ao povo que retornas-sem a Jerusalém. O remanescente do povo retornou. Por retornar a Jerusalém, eles espontaneamente formaram quatro grupos entre o povo de Deus. Antes do retorno do cativeiro, havia somente três grupos – aqueles no Egito, Assíria e Babilônia. Embora esses três grupos fossem divisões, o quarto grupo, constituído por aqueles que tinham retornado a Jerusalém, não eram uma divisão. Sim, o quarto grupo era um grupo distinto, pois ele era uma restauração, não uma divisão. Talvez alguns do povo de Deus que escolheram perma-necer em Babilônia dissessem, “Irmãos, vocês não devem ser tão limitados. Deus está em todo lugar. Não precisamos voltar a Jerusalém para adorá-Lo. Considere Daniel. Ele amou o Senhor e O serviu sem voltar a Jerusalém. Se ele pôde permanecer na Babilônia, então estamos livres para fazer a mesma coisa.” Sob a soberania do Senhor, Daniel permaneceu na Babilônia até mesmo depois do ano em que Ciro emitiu o decreto ordenando que os cativos retornassem a Jerusalém (2Cr 36:22; Dn 1:21; 10:1). Antes de isso acontecer, ele orava diariamente com suas janelas voltadas para Jerusalém. Isto indica que Daniel desejava voltar à Jerusalém; no entanto, não lhe foi dado a oportunidade para fazer isso. Portanto, seu caso não deve ser usado como desculpa para permanecer na Babilônia, isto é, permanecer na divisão. Para o povo de Deus, permanecer no Egito, Assíria ou Babilônia era permanecer na divisão. Aqueles que retor-naram para Jerusalém não causaram tal divisão. Pelo contrário, eles compartilharam a restauração da

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genuína unidade. Entre os quatro grupos, somente eles podiam ser considerados como a nação de Israel. Embora aqueles que permaneceram na Babilônia pudessem ser inumeramente maior do que os que retornaram para Jerusalém, os que retornaram podiam ser considerados como a nação de Israel, enquanto que os que ficaram não podiam. Em princípio, o mesmo é verdade com respeito à nação de Israel hoje. São aqueles que retornaram a boa terra que são reconhecidos como a nação de Israel, não os que ainda estão espalhados por toda a terra. Por exemplo, o número de Judeus em Nova Iorque pode exceder o número dos que estão em Israel. No entanto, como até mesmo as Nações Unidas reconhecem, os Judeus em Israel compõe a nação de Israel, enquanto que os Judeus em Nova Iorque não. Os de Nova Iorque podem amar a nação de Israel e podem dar liberalmente para sustentá-la. No entanto, simplesmente porque eles não retornaram para a terra dos seus pais, eles não podem ser considerados como a nação de Israel. Para ser parte da nação de Israel, uma pessoa deve ser não somente um Judeu – ele deve ser um Judeu na base adequada, isto é, na boa terra.

AQUELES QUE CONSTITUEM A IGREJA

Podemos aplicar o mesmo princípio contido nessa ilustração com respeito à situação da igreja hoje. Quando tomamos a posição de que somos a igreja em Anaheim, outros cristãos podem protestar. Eles podem perguntar, “Como vocês podem dizer que vocês são a igreja em Anaheim e que nós não?” Se alguém levantar esta questão, descubra onde ele está. Cheque se ele está em uma denominação ou em algum outro grupo Cristão divisivo. Se ele estiver em uma divisão, então no sentido prático ele não é parte da igreja em sua localidade.

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Muitos dos cristãos de hoje são como os Judeus que não retornaram a terra de Israel. Somente os Judeus que retornaram a base original da unidade, a terra de seus pais, são parte da nação de Israel. No mesmo princípio, para ser parte da igreja local, uma pessoa não deve ser apenas um cristão, mas também ser um cristão na base da unidade. Somente aqueles crentes que abandonaram toda base divisiva e voltaram para a base da unidade constituem a igreja. Não importa quão poucos possam ser em número, aqueles que retornaram a base da unidade são a igreja em sua localidade. Se nós que reunimos na base da unidade em Anaheim não somos a igreja em Anaheim, o que nós somos? Eu peço àqueles que se opõem ao nosso testemunho a respeito da igreja que nos dê um nome. O fato é, nós não temos um nome. Nós simplesmente nos reunimos como a igreja em nossa localidade. Quando falar da base da unidade, aprenda a usar a ilustração do retorno do cativeiro dos filhos de Israel. Também enfatize a situação da nação de Israel hoje. Muitos dos Judeus na cidade de Nova Iorque podem ser melhores do que os da Palestina. No entanto, pelo fato de os da Palestina estarem em uma base adequada, eles são a nação de Israel. De modo semelhante, os cristãos que retornaram a base da unidade são a igreja, não necessariamente por serem mais espirituais que os outros, mas porque voltaram à base adequada, para a base da unidade.

PAGANDO O PREÇO PARA PERMANECER NA BASE DA UNIDADE

Você sabe por que muitos do povo de Deus permane-ceram na Babilônia ao invés de fazer uma longa jornada de volta a Jerusalém? A razão é que eles estavam estabelecidos confortavelmente na Babilônia e não

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queriam pagar o preço para retornar a boa terra. O mesmo é verdade para muitos Judeus nos Estados Unidos hoje. Eles podem ser muito devotados à nação de Israel, mas acham inconveniente voltarem para lá para ser parte daquela nação. Tendo uma posição estabelecida na sociedade Americana, eles podem preferir ser Judeus Americanos. Isso indica que eles não desejam pagar o preço para se posicionar na única base. Desculpe dizer, o mesmo é verdade para muitos cristãos. Muitos deles viram alguma verdade sobre a unidade. Mas o problema é que eles não desejam pagar o preço. Retornar a base da unidade fará com que muitos percam suas posições, nomes, reputação ou popularidade. Pela misericórdia do Senhor, escolhemos tomar o caminho estreito da cruz e permanecer na base da unidade. Não temos escolha exceto tomar a escolha do Senhor, mesmo que sejamos difamados, desprezados e criticados. Devemos pagar o preço para perma-necer na base da unidade local, não importando que coisas malignas possam dizer sobre nós. Louvado seja o Senhor por todas as coisas espirituais e celestiais que tem se tornado a nossa experiência nessa base! Aqui na unidade local e única temos a presença do Senhor, o altar e as festas. Nada se compara ao desfrute das riquezas espirituais na base adequada. Quão feliz estou por estar com todos vocês na unidade local! A menos que o Senhor nos guie a fazer uma migração genuína para outra localidade, devemos simplesmente permanecer em nossa igreja local, não mudando para satisfazer a nossa preferência ou gosto. Simplesmente estejamos na igreja onde o Senhor nos colocou. Louvamos ao Senhor pela visão a respeito da destruição dos lugares altos e a restauração da unidade local. Aleluia pela revelação da unidade local e sua restauração! É nosso privi-légio ter uma porção nessa restauração hoje.