A Barraca de Feira - Vsevolod Meyerhold

5
A Barra"ca de Feira Banot, aonou*, ao "comedianre ambuìante,,un senti,lo pejorativo e considera que é um êrro introduzi-lo na esfera leatrall. Ora. o que é o con.Ìediante âmbuÌante? Fodemos disoen_ sá-lo no teatro? O conedíante atnbulante é parente dos ntímtos, dos histriônicos, dos jocrais. Possui uma ntaravilhosa técnica de at.rr. Contribuiu para c desrbrochar do teatro ociJelìiaÌ íitaliano e espanhol no século X!'II). Em qualquer lLrgar quc se monte uÌTÌ espetácuÌo encontie-se um conediante antbulante. e déìe, orranizador dos mistéÍios. espera-se a execução clrÌs tiÌ- I Àl'r rr.. :. Brno,5. arrisrì r , .:'; .Ío D.ri s,. a ôl< I:óbêiluç. o cenárro de Perr :cj.::.,, Ce Sr-,vinskÌ. cri"do úelo Bi c Drac.r.l r c r"-onsriruidg ra Ò-r' d.. Pà::., Tcór:co e un Cos l'r :rorofus do gr::o Mir Iskussr..: tO l.lundo Ca .Àrte) Bencts at:.:r..: \ c:r1t rì"il-r - \l.yerhold. À qici- a-usata :e ".r "com.rr":Lc :rrlr- Lr:r ltl,r.rl Jd aÍrrma su:. I .ì..:;i.. e ron . a d"Íe"e Co t..r. i:atral - Trnh: chegado o mo:rerro de ltber:ar-se da drao:rr:r:ia rja .-:t. , p:rì sr 'olLar a dr:: :-::_:;.r r.! t!:::). 8i

Transcript of A Barraca de Feira - Vsevolod Meyerhold

Page 1: A Barraca de Feira - Vsevolod Meyerhold

A Barra"ca de Feira

Banot, aonou*, ao "comedianre ambuìante,,un senti,lopejorativo e considera que é um êrro introduzi-lo na esferaleatrall.

Ora. o que é o con.Ìediante âmbuÌante? Fodemos disoen_sá-lo no teatro? O conedíante atnbulante é parente dos ntímtos,dos histriônicos, dos jocrais. Possui uma ntaravilhosa técnicade at.rr. Contribuiu para c desrbrochar do teatro ociJelìiaÌíitaliano e espanhol no século X!'II). Em qualquer lLrgar qucse monte uÌTÌ espetácuÌo encontie-se um conediante antbulante.e déìe, orranizador dos mistéÍios. espera-se a execução clrÌs tiÌ-

I Àl'r rr.. :. Brno,5. arrisrì r , .:'; .Ío D.ri s,. a ôl<I:óbêiluç. o cenárro de Perr :cj.::.,, Ce Sr-,vinskÌ. cri"do úelo Bi cDrac.r.l r c r"-onsriruidg ra Ò-r' d.. Pà::., Tcór:co e un Cos l'r:rorofus do gr::o Mir Iskussr..: tO l.lundo Ca .Àrte) Bencts at:.:r..:\ c:r1t rì"il-r - \l.yerhold. À qici- a-usata :e ".r

"com.rr":Lc :rrlr-Lr:r ltl,r.rl Jd aÍrrma su:. I .ì..:;i.. e ron . a d"Íe"e Co t..r.i:atral - Trnh: chegado o mo:rerro de ltber:ar-se da drao:rr:r:ia rja.-:t. , p:rì sr 'olLar a dr:: :-::_:;.r r.! t!:::).

8i

Page 2: A Barraca de Feira - Vsevolod Meyerhold

re fas niais dìlíceis. .{ hist(rria do teatro frlncis nìostnÌ-iros o,.Ìce_ra inrpoxíilei montar unr nti.içrrio scnt r rjucla do jolrrl SobÌri.Ìipe o Beio, entre os teÌlìiìs reiigiosos. apaL.ce a f,rrs.r ci; Rc_Ì1tìrt coltl peripécias escabrosas. euenr ,-pr.s.nta.á esta farsascnão o comediante antbulante?

Tal','ez tenha sido sL.mpÍe dL.ssa lornìa: sem contcdiarteanrbula'te não e.riste tettro e. in'ersantente, o teatro que abcÌicadas. -!q!s essenciais drr te,trrlida,ic pode ciispensar o conreciiante,,n: b tr I:i nl J.

Nossos drlntatuisos isrcra:it as leis clo ,,,erclacleiro taatro.No século Xl-X. o veìho riair,lellte trouxe. para a cena russ:ì.peças de uma brìlhanre dialética. peças de tese, peças dos esta-dos cla ainìa. p:rre translormar uni prosaìõi .n-r' .ir.n-l.t,"ìoseria bom fazê-lo escrc'er di'ersas paìronrinras. x"o s- a.u'.-rìa autot'izar unt aior a subir num palco antes cjôÌe ter crjaCr:unt rr,tteiro de tttovitttentos. euando, eniim, se escre vêrá noquadro das leis teatraìs: Na teatro as palavrits súo a1;etns tlase_tiìt,..ç,.;it!oç,r'o.ç e,h.rçu.,,1o.ç rt:trintenrot?

A aantontintl Ì:cite i purii:-Ìra o.rL-ir:rico e o iugar,jês:eé numa carerra e não no teatro. Èelo contrárìo, o jog.iì

"ii;;a arte do ator que se basta, sem se ìimitar à oratórïa, o sesroe a linguagem cios mor,imentos e\prinìen_se 9m situações "cêni-

cas. O joeraÌ exile unrr máscarã. ouropeis pintadoi para essurÌs toupas. galocs. piumas.. eniim. tudo que.ionfere * .*rp._tácuÌo brilho e ruído . As origens do tearró situam_se na .pò..em que aparÈce o comecÌiante ambuiante. Trata_se de unt êrroacredìtar que a arte Ce representar começou, por exempÌo. nosmistér-ios represenrados no hospital da

'Santíssima Trìndade.

Nào, .foi nas ruas que nasceu-esìa arte. ori_sinou_se da mímica,conrpÌerancnte fora dos soiene s iestejos ,.ú do, ciC:rdes .

-\oien:,-.s. a t.ste pr.ptisiru.. .ìu: a nrejcr ptiÌÈ alçìs c.iiiclorcstendenr a,preierir. atLìaÌirìrnte.,.. po"to,",n,"too,irenr,r r.erb:,1.\;o .rc::djro qLrc sej: obrr do':_.àro. do s,.,rro. ,".o-,r., ,í,atirção particulir por j_.te Ljn-reì. O irrõ c cÌu3 a nìoni.ìge nlLlesias p3cr.s silcnci.srs r:r, cir. irn:o piìra o dii,::rr conrc itr,.io iìtor, o pocier dcrS e ic.rìcntos printeiros do teatro: pocle i drni;'rsclra. do *.:sto. cio ntOr,.irit-:ni"., cÌa intri,la.

Orl. o riior a,-ì.,lar-rL.úrâne J desconhãce is[es cÌe iniiÌios.Pcr,.Ìcu iôdrs r-c iirirções clrlt is il:clicões C..s ntcstres cll sr,:rarte. O ator ccntÈnìp,.r:ì1..o ir.tnsiornrou-se rle conr..di:.trjr,a enl

36

Page 3: A Barraca de Feira - Vsevolod Meyerhold

.'J,.Ì..r..,J. i-...'..c:rt- I r.ìJ p i.ì liJ.r curr. ti.Ìrrin s c m.quìJ:-.. ,j p .ì- .i p...-.r (jÌr c-n.. O n,ru ,i , ...;;,;i'";nr cir.L p-:- n.rqu..:L:r. p-ucu' jnìit.rr , " i .r"ì.;,,;,:Dc."t\cl cì rL,it.i v,jtot q'J \:1,.t..F nju hr tìLn.a n,.rs idl,Je

9". ,::"'j:r Co jogtaÌ porque êlc não ,.reprcsenr", ,,,i;;;.';ì;"ti'. Èle n..o cr.r pr..n.Ì.. nur.cr r p-1"ìr.. ct..,r, n,, ,-..rr.rì:r rapr:'r..ni..i: w pur!jJj uID in.tt:,J-r njo pLJ(l( \. íÌr\1r ìtn prori.JcJo. \'\t:r : prrÉ... (lJ comb:ntjjJ o,. :rlt:r. .. ci.. inli_ntl.:nì(Ì 1. \ irtrLl I do, :, \.:oLjus o_ti..f., cnC.,tìtt ,,i . i. , . lristriões.

. - Estou _cerio qLìe as i.constitÌrjçôes do antjgo tcatro conduzirio ao cuÌio do coner.lì:rnte ambuirnte .

";"aãi." "^rtor Ëã"

temporirneo a \olrar-se para :Ìs Ìeis iundaíentnis ã"-'i.",.ãiit'"

, :a " drrnìatuígo quiscr ajudar nisio. seu papel si reduzirá

1 .:.por o rÇÌèìro e os prólouos cue explicant esqucmìr;lanlenle o qLÌ3 \'ãO represtrtsr os atôii\. ,{ pfjrtajj.iÌ 1,istr êsÌc.lli.l i. i ::..-._.., ... .rnìJ:.. -.r. ....,,....i- , _ _:, .lr..i ,' r a-: i rL -. r.'--..ir:,r, ci Dr iJ:o -. . frr !..n.- i-I-.l O r :'.ro n:rr cíiL 5ullci(nl(., \io porq . u o,otitoI ] :",:':,fi.:ral ru o_b..., teir,r pelo, i,,l;".;. J. o,^'r,".ììïj.-ç_1o,.\vlt .' .l,,pc.i oi..s o: r.rrjeLili.r. r lI:r: sci, Ìolus-s (r el<t.en: : -. ..1Ì:.... . .-^ .1,.i ::.t . nio .-, ., .i nr r.,pre_\cÌl ìrio .(n:) um e"1.lt .uìo. \o r, ncr-o (:n q,:.. ì ( D(ctx_lcr.(_dci\f _ - r'..-'r p..J. inrc:CiO. - _tôr t!\. t.:, r- lO. Dôrunì3 iepl.ca t:nprÈr'ijtJ u .rrt ionso a r ttL, . èt lu, .-. trl.rl deum espetáculc.

^ Nos seus esforços pâra se metantorfosear, o âtor coDtem_pOrl,ÌíO piOcii.l .:n.qc.l,r O çcu .eL e OlÈI.Ccr r.O p:,lCO ilLr_... ' lJ \t 1... P r , .: ..:.:.,.. .r:pr,ntir : .r c.al.,l.l .. .. .. t.l. 1:5

, '.Ì . ' ^ ì.t '; t \u t nuo. nJ n.on J-. : l; R,,t,t,.:r .\i_.\.Tl\ (J r::. u T- ::1 Llr .\rÌe de \l .. ._b.i rtr-u

s,'!rs. aIôrcs l_-..r r :rdttCt:ros rtcncliros. f olauros a:,,_,rr.".',1J''ìrt : p .( ....l r iel!r:.-. l_.'i- : - r: t.-ro.

O p.'ì:. . . : ..;:o p.rr \c: ':r ,..- -r r.,ìì ::.rlrir.lru p-,t'. e :::r . :r .::. :..;.. su, :.,r r.....rt...i ..r mltj_ifr-. n...) ::L: .:l: rr-..:: ,rì..\ . ri,. r ,.jl ., , .;l .,rir......'I ...,. { ' :. ..: :,....r p.... ... . ,, .,.., ,. i,nais ent se J:s:;:tL,ltiltçlr tios cltco:ils.io ntcio llr:t:,.i:nIc. etn

iì7

Page 4: A Barraca de Feira - Vsevolod Meyerhold

escoÌhcr u a mjscara, unl figltrino decoríìti\.o e lazer o pübÌicovibrar pclo briÌho dc sua tócnica, aparcccncìolhc ora .oino un,dançarino, ora conlo unì intrigante saído de unr baile de nrás-caÌâs.,.ora como^um jogrrl, ola ccnìo unÌ Ârìeq-rim da antigrconìedta ltaltanal

O poder nrdgico da ntáscrre pernrile ao espectador ver,nõo êste ou aquêle Arjsqujm, mas iodos os Arlrquins oue èlepossui na memdria. para o nresnro efeito contribuËm os'sestos,as brincadeiras e.r inproviso que agìtam o espectador páa in_verossiniÌhança hiperbóÌica. O ator é um dançarino. Fìz cho_rar, logo depois faz rir. Conhece miÌ entonàções, mas. semimitar tal ou qual pessoa, sene-se delas npanu,-puru ornanen_tar, para completar seus movintentos e gestos. Sèu corpo traçefiguras geométricas. O rosto do aror carrega ,n,o ìá."ninmort3, mts. diante da sua arte, a mascar: ìnima-se. Desdeo aparecimento de Ìsadora Duncan, e sobretudo depois queJacques-Dalcroze lormulou sua teoria do rirno, o ator ìnter_rosa-se cada vez mais sôbre o sentìdo do qesto e do novi_mento no palco. Mas continua desioteressando-se da máscara.

Fiz uma tentativa de interpretar a figura de Don Juan se_gundo o princípio do teatro das máscaras. ÌVIas esta máscaranão foi adivinhada no ro:to do interprere. \o entanto, é cÌaro9ue, ,Par_l,\Í,911!19, Don Juan nqq !as!a de un]a marienqte cujoautor Ênr-nèìeisidtde de ajustar ionrrs com seus inumerâveìsinimìsos . Moliire f az de Don Juan uma virrina de miscaras.Ora é um Ìiberrino, ora unl cortesão hipócrira e cínico, oia opróprio autor que acusa. ou ainda a mâscara do pesadeio queasfixiava o autor, a máscara dolorosa que êÌe usava nos .si._tácuÌos da côrre ou dianle da sua pérliàa muÌher. Só no finalda peça cobre sua maÌìoÌìete conÌ unla m/rscara com os tracosdo Brtrlad"r de Seúlla, que conheceu <n.rç o; aurorcs iralianãs.

_ O mclhor elogio. com o quai sonhlrlnr o diretor e o ce-nocÍrio do Doq Jtrott. de Moìière, foi ftiro pelo crilico derrator

.Benois. quc ciassii.cor. o esperJculo de .ouionar:r de ÌÈìra--.0 teafo de máscaras sempre foi rrm reatro de feira, e a

noção da arte do ator fundamentada na máscara. no gesto, nomovimenro. eslá lierda àquela da bairaca de teira.

Ìr,ÍolìèLe, o naior ctrntediante da França e ao mesmo tem_po o melhor nestte de diversões do Rei-SoÌ. r,árias vêzes colo_

88

Page 5: A Barraca de Feira - Vsevolod Meyerhold

cou nas suas comédias-balés o que, durante a infância, êle viunos tablados de -Gg{lelçlr€tril€- cheios de Turlupin e deGros-Guillaume, ou nas outras barracas da feira de Saint-Ge rmain.

89