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A aglomeração produtiva de componentes eletrônicos no Corede Metropolitano Delta do Jacuí
Relatório IMarço/2015
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Fundação de Economia e Estatística
Centro de Estudos Econômicos e Sociais (CEES)
Núcleo de Análise Setorial (NAS)
A AGLOMERAÇÃO PRODUTIVA DE COMPONENTES
ELETRÔNICOS NO COREDE METROPOLITANO
DELTA DO JACUÍ
RELATÓRIO I
Pesquisadores: Beky Moron de Macadar
Fernanda Queiroz Sperotto
Bolsista: Marcelo Henkin (FAPERGS)
Porto Alegre, março de 2015
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SECRETARIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO REGIONAL FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA Siegfried Emanuel Heuser CONSELHO DE PLANEJAMENTO: Presidente: Igor Alexandre Clemente de Morais. Membros: André F. Nunes de Nunes, Angelino Gomes Soares Neto, Júlio César Ferrazza, Fernando Ferrari Filho, Ricardo Franzói, Carlos Augusto Schlabitz. CONSELHO CURADOR: Luciano Feltrin, Olavo Cesar Dias Monteiro e Gérson Péricles Tavares Doyll. DIRETORIA
PRESIDENTE: IGOR ALEXANDRE CLEMENTE DE MORAIS DIRETOR TÉCNICO: ANDRÉ LUIS FORTI SCHERER DIRETOR ADMINISTRATIVO: ROBERTO PEREIRA DA ROCHA
CENTROS ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS: Renato Antonio Dal Maso PESQUISA DE EMPREGO E DESEMPREGO: Rafael Bassegio Caumo INFORMAÇÕES ESTATÍSTICAS: Juarez Meneghetti INFORMÁTICA: Valter Helmuth Goldberg Junior DOCUMENTAÇÃO E DIFUSÃO DE INFORMAÇÕES: Tânia Leopoldina P. Angst RECURSOS: Maria Aparecida R. Forni
Esta pesquisa, financiada pela Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento
(AGDI), da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, foi desenvolvida pelo
Núcleo de Análise Setorial, do Centro de Estudos Econômicos e Sociais da Fundação de Economia e
Estatística Siegfried Emanuel Heuser, Secretaria do Planejamento, Mobilidade e Desenvolvimento
Regional do Governo do Estado do Rio Grande do Sul.
Como referenciar este trabalho: MACADAR, B. M. de; SPEROTTO, F. Q. A aglomeração produtiva de componentes eletrônicos no
Corede Metropolitano Delta do Jacuí. Relatório I. Porto Alegre: FEE, 2015. Relatório do Projeto Estudo
de Aglomerações Industriais e Agroindustriais no RS. Disponível em:<
http://www.fee.rs.gov.br/publicacoes/relatorios/>.
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Sumário
Introdução ............................................................................................................................................ 04 1 Localização e área de abrangência regional da aglomeração .................................................... 04 2 Descrição das características socioeconômicas e produtivas do Corede Metropolitano Del-
ta do Jacuí ........................................................................................................................................ 06 2.1 Características dos municípios selecionados .......................................................................... 10 3 Caracterização do setor e da aglomeração de componentes eletrônicos do Corede Metro-
politano Delta do Jacuí e do Município de São Leopoldo ........................................................... 14 3.1 A inserção da indústria de componentes eletrônicos no complexo eletrônico brasileiro ... 14 3.1.1 O fim da reserva de mercado e as políticas públicas de incentivo à produção nacional 16 3.1.2 A indústria brasileira de componentes elétricos e eletrônicos ............................................. 17 3.1.2.1 A indústria mundial de semicondutores ............................................................................... 19 3.2 Histórico do complexo eletrônico do Rio Grande do Sul .......................................................... 21 3.3 A aglomeração da indústria de componentes eletrônicos no Corede Metropolitano Delta
do Jacuí ......................................................................................................................................... 22 3.3.1 Dados de emprego formal e estabelecimentos no segmento de componentes eletrôni-
cos .............................................................................................................................................. 26 3.3.2 Dados de exportação e de importação de componentes eletrônicos ................................... 36 3.3.2.1 Exportações ............................................................................................................................. 37 3.3.2.2 Importações ............................................................................................................................. 40 4 A rede institucional da aglomeração de componentes eletrônicos ........................................... 44 4.1 Incentivos proporcionados pela política industrial estadual de 2012 ...................................... 47
5 Considerações Finais ....................................................................................................................... 48 Referências .......................................................................................................................................... 49 Anexos .................................................................................................................................................. 52
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Introdução
A presente pesquisa faz parte de um projeto maior, ainda em andamento, intitulado Estudo de
aglomerações industriais e agroindustriais do Rio Grande do Sul e elaborado pelo Núcleo de Análise
Setorial (NAS) da Fundação de Economia e Estatística (FEE). O projeto compreende a identificação e a
seleção das aglomerações industriais e agroindustriais gaúchas e o estudo detalhado de 12
aglomerações escolhidas sob a perspectiva de análise de Arranjos Produtivos Locais (APLs).
Na primeira etapa do projeto, foram identificadas aglomerações industriais e agroindustriais no
Rio Grande do Sul, sendo que, dessas, 12 foram escolhidas para estudo no projeto.1 O presente estudo
visa realizar a caracterização socioeconômica e produtiva preliminar da aglomeração produtiva de
componentes eletrônicos do Corede Metropolitano Delta do Jacuí, uma das 12 escolhidas no projeto,
inserida no grupo de aglomerações industriais intensivas em tecnologia. Este trabalho, posteriormente,
será complementado por pesquisa de campo.
Diante do exposto, a proposta deste estudo é analisar a atual situação da aglomeração produtiva
de componentes eletrônicos, visando proporcionar subsídios para a elaboração de propostas de políticas
públicas que promovam o seu desenvolvimento. Para tanto, a exposição foi dividida em cinco seções. Na
primeira seção, faz-se uma breve identificação geográfica do Corede. Na segunda, caracterizam-se o
setor e a região de estudo, a partir da compilação e da análise de dados secundários, como produção,
emprego e comércio internacional. Na terceira, além de relacionarem-se as indústrias que compõem o
complexo eletrônico, descreve-se o papel desempenhado pela indústria de componentes eletrônicos
naquele grupo. Nessa seção, relatam-se as mudanças que ocorreram no setor, em razão da reserva de
mercado e, mais tarde, em decorrência das políticas públicas de incentivo à produção nacional. Essa
seção também apresenta um breve resumo histórico do complexo eletrônico do Rio Grande do Sul e
fornece informações a respeito das empresas que se inserem na aglomeração da indústria de
componentes eletrônicos no Corede Metropolitano Delta do Jacuí e nos municípios adjacentes. Na quarta
seção, identificam-se os principais atores da base institucional da Região e listam-se alguns incentivos
implementados pela política industrial estadual. Por fim, na última seção, elencam-se os aspectos
principais que definem a fabricação de componentes eletrônicos da região do Corede Metropolitano Delta
do Jacuí.
1 Localização e área de abrangência regional da
aglomeração
O Corede Metropolitano Delta do Jacuí situa-se na parte nordeste do Estado do Rio Grande do
Sul. Além da capital, Porto Alegre, integram o Corede mais nove municípios: Alvorada, Cachoeirinha,
1 Para maiores detalhes, ver Zanin, Costa e Feix (2013).
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Eldorado do Sul, Glorinha, Gravataí, Guaíba, Santo Antônio da Patrulha, Triunfo e Viamão (Figura 1). Os
cinco municípios mais antigos dessa região — Porto Alegre (1808), Santo Antônio da Patrulha (1809),
Triunfo (1831), Gravataí (1880) e Viamão (1880) — foram colonizados por imigrantes açorianos, e o mais
importante deles, Porto Alegre, além de exercer, desde sua origem, a função administrativa, foi também
um dos mais importantes escoadouros de produtos coloniais do RS (BORBA; CUNHA, 2002).
De acordo com as fontes secundárias consultadas, os municípios do Corede Metropolitano Delta
do Jacuí que registram empresas no segmento de componentes eletrônicos são: Gravataí, Porto Alegre,
Guaíba, Cachoeirinha, Alvorada e Viamão. Além desses, será incorporado na análise o Município de São
Leopoldo, situado no Corede adjacente Vale do Rio dos Sinos, por possuir importantes empresas e
instituições relacionadas com essa atividade.
Figura 1
Munícipios do Corede Metropolitano Delta do Jacuí
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2 Descrição das características socioeconômicas e
produtivas do Corede Metropolitano Delta do Jacuí
O Corede Metropolitano Delta do Jacuí diferencia-se dos demais por abrigar a capital do Estado,
Porto Alegre. Outros municípios do Corede, como Viamão, Alvorada e Cachoeirinha, destacam-se por
seu número de habitantes, em razão de sua configuração de cidades-dormitório. A reunião de tantos
municípios com população superior a 100.000 habitantes qualifica o Corede Metropolitano Delta do Jacuí
como o mais populoso do Estado. Em 2013, nele residiam 2.457.735 pessoas, representando 22,7% da
população do RS. Para se ter uma ideia de sua relevância, o segundo Corede mais populoso — Vale do
Rio dos Sinos — possui cerca da metade da população do Corede Metropolitano Delta do Jacuí,
correspondente, em termos relativos, a 12,2% da população do RS. Entre 2000 e 2013, houve um
acréscimo populacional de 8,7%, aproximadamente dois pontos percentuais acima da média gaúcha, de
6,4% (Tabela 1).
Tabela 1
População total do RS e dos quatro Coredes mais populosos do RS — 2000 e 2013
COREDES E RS 2000
2013
VARIAÇÃO % População %
População %
Metropolitano Delta do Jacuí ............. 2.261.605 22,2
2.457.735 22,7 8,7
Vale do Rio dos Sinos ....................... 1.194.234 11,7
1.318.804 12,2 10,4
Serra .................................................. 742.761 7,3
890.303 8,2 19,9
Sul ..................................................... 833.640 8,2
848.178 7,8 1,7
Demais Coredes ................................ 5.155.558 50,6
5.326.782 49,1 3,3
Rio Grande do Sul ........................... 10.187.798 100,0
10.841.802 100,0 6,4
FONTE DOS DADOS BRUTOS: FEEDADOS (FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA, 2014).
Entre os Coredes, o Metropolitano Delta do Jacuí é o que produz o maior Produto Interno Bruto
(PIB) do Estado. De 2000 a 2012, o PIB gerado nesse Corede situou-se entre 26,2% (2003) e 29,8%
(2005) do PIB do Rio Grande do Sul. Em termos de PIB per capita, nota-se que o produto médio por
habitante se manteve entre o segundo e o quarto lugares. Em 2012, o valor foi de R$ 30.464,31,
aproximadamente R$ 5.000,00 a mais que a média estadual (R$ 25.779,21), porém em torno de
R$ 4.000,00 a menos daquele auferido pelo Corede Serra, o qual registrou o maior PIB per capita gaúcho
(R$ 34.642,33) (Tabelas 2 e 3).
Tabela 2
Participação do Produto Interno Bruto (PIB) dos quatro principais Coredes no PIB total do RS — 2000-12 (%)
COREDES E RS 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
Metropolitano Delta do Jacuí 28,8 27,8 28,0 26,2 27,1 29,8 29,0 28,7 27,4 26,7 26,9 26,9 26,8
Vale do Rio dos Sinos ........... 16,0 16,1 15,4 15,0 15,7 15,4 14,8 14,4 15,3 15,6 14,9 13,8 13,6
Serra ...................................... 10,4 10,1 10,2 9,9 10,5 10,9 10,5 10,3 10,3 10,4 11,0 11,2 11,0
Sul .......................................... 6,0 6,1 6,1 5,9 5,9 5,6 5,7 6,0 6,6 6,5 6,6 6,8 7,0
Demais Coredes .................... 38,8 39,8 40,4 43,0 40,9 38,4 40,0 40,7 40,3 40,9 40,6 41,3 41,6
TOTAL DO RS ...................... 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
FONTE DOS DADOS BRUTOS: FEEDADOS (FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA, 2014).
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Tabela 3
PIB per capita e ranking dos Coredes do RS — 2000, 2005, 2012
COREDES E RS 2000 2005 2012
Valor (R$) Ranking Valor (R$) Ranking Valor (R$) Ranking
Serra ................................................................ 11.294,49 1º 19.119,66 1º 34.642,33 1º
Alto Jacuí ......................................................... 6.689,24 11º 11.311,27 8º 33.257,96 2º
Produção ......................................................... 7.521,49 5º 12.137,82 7º 31.775,67 3º
Metropolitano Delta do Jacuí ........................... 10.335,45 3º 17.260,14 2º 30.464,31 4º
Vale do Rio dos Sinos ..................................... 10.870,93 2º 16.981,29 3º 28.848,02 5º
Vale do Taquari ............................................... 8.290,12 4º 13.916,46 5º 28.669,24 6º
Noroeste Colonial ............................................ 6.130,77 12º 9.990,32 13º 26.451,49 7º
Vale do Rio Pardo ........................................... 7.305,93 6º 14.120,42 4º 25.560,48 8º
Norte ............................................................... 6.743,43 10º 11.176,47 9º 25.535,07 9º
Vale do Caí ...................................................... 7.286,99 8º 13.164,92 6º 25.442,33 10º
Fronteira Noroeste .......................................... 6.997,43 9º 10.998,20 10º 24.560,39 11º
Nordeste .......................................................... 5.724,60 16º 10.121,94 12º 24.090,54 12º
Campos de Cima da Serra .............................. - - 23.617,52 13º
Sul ................................................................... 5.842,99 14º 9.234,06 18º 22.829,06 14º
Fronteira Oeste ................................................ 5.044,03 19º 9.253,56 17º 19.854,73 15º
Hortênsias ....................................................... 5.890,75 13º 9.598,58 15º 18.827,91 16º
Rio da Várzea ................................................. - - 18.745,18 17º
Central ............................................................. 5.044,62 18º 8.335,72 20º 18.713,65 18º
Missões ........................................................... 4.877,19 20º 8.581,93 19º 18.581,66 19º
Paranhana-Encosta da Serra .......................... 7.288,83 7º 9.669,54 14º 18.311,87 20º
Campanha ....................................................... 5.406,53 17º 9.300,95 16º 17.538,72 21º
Jacuí-Centro ................................................... - 7.806,03 22º 17.297,87 22º
Alto da Serra do Botucaraí .............................. - 7.211,42 24º 17.055,19 23º
Médio Alto Uruguai ......................................... 4.269,41 22º 7.289,78 23º 17.017,17 24º
Centro-Sul ....................................................... 5.816,27 15º 10.840,77 11º 16.992,27 25º
Celeiro ............................................................. - - 16.918,22 26º
Litoral .............................................................. 4.850,88 21º 8.112,24 21º 15.327,37 27º
Vale do Jaguari ............................................... - - 15.031,92 28º
Rio Grande do Sul ......................................... 7.977.52 13.298,02 25.779,21
FONTE DOS DADOS BRUTOS: FEEDADOS (FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA, 2014).
O Valor Adicionado Bruto (VAB) é outra importante variável a ser observada nessa
caracterização econômica. Ele corresponde à diferença entre o valor bruto da produção a preços do
produtor e o consumo intermediário a preços de mercado. Essa variável é segmentada segundo os
grandes setores econômicos: agricultura, indústria e serviços.
Em 2012, o Corede Metropolitano Delta do Jacuí participou com 25,8% do VAB total do Estado e,
a exemplo do PIB, ocupa a 1º posição no conjunto dos Coredes gaúchos. Entre os três grandes setores
econômicos, destacam-se os VABs dos setores serviços e industrial. Em 2012, ambos representaram,
respectivamente, 28,9% e 25,5% do VAB total do Estado. Na comparação com o ano de 2000, observa-
se uma redução do VAB do setor serviços e uma pequena elevação do seu VAB industrial. O Setor
Primário é pouco expressivo no Corede em análise, representando, em 2012, apenas 1,9% do VAB da
agropecuária do RS (Tabela 4).
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Tabela 4
Participação do Valor Adicionado Bruto dos principais Coredes, segundo os setores econômicos, no RS — 2000 e 2012
(%)
COREDES E RS 2000 2012
Agropecuária Indústria Serviços Total Agropecuária Indústria Serviços Total
Metropolitano Delta do Jacuí ..... 1,5 24,4 32,6 27,6 1,9 25,5 28,9 25,8
Vale do Rio dos Sinos ................ 0,4 23,6 14,2 15,8 0,4 14,9 14,6 13,5
Serra .......................................... 6,9 14,0 8,8 10,2 8,3 16,6 8,9 10,8
Sul .............................................. 7,4 5,1 6,4 6,1 7,7 5,8 6,7 6,5
Demais Coredes ........................ 83,8 32,8 38,1 40,3 81,6 37,2 40,9 43,4
RIO GRANDE DO SUL ............... 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
FONTE DOS DADOS BRUTOS: FEEDADOS (FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA, 2014).
A oferta de serviços é a principal vocação econômica da Região, ou seja, 74,4% do VAB do
Corede. Isso se deve à presença da capital do Estado no Corede. Porto Alegre, além de ser o centro
administrativo, é também o principal polo de prestação de serviços do RS e da Região Sul do País. Por
exemplo, a cidade é, atualmente, uma referência nacional na prestação de serviços especializados de
saúde e de educação. Além desses, também se destacam os serviços de tecnologia de informação (TI),
altamente correlacionados com o segmento de fabricação de componentes eletrônicos. O segundo setor
mais importante do Corede é a indústria, que corresponde a 25% do seu VAB total, ao passo que o Setor
Primário, como salientado anteriormente, é pouco relevante. Por fim, cabe frisar que a participação dos
três setores na composição do VAB total do Corede permaneceu praticamente inalterada entre 2000 e
2012 (Gráfico 1).
Gráfico 1
Composição do VAB do Corede Metropolitano Delta do Jacuí — 2000 e 2012
FONTE DOS DADOS BRUTOS: FEEDADOS (FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA, 2014).
73,1% 74,4%
26,4% 25,0%
0,5% 0,6%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
2000 2012
Serviços Indústria AgropecuáriaLegenda:
9
No tocante às exportações, de forma semelhante à verificada nas últimas variáveis econômicas
analisadas, constata-se a importante posição do Corede Metropolitano Delta do Jacuí, cuja participação
nas exportações totais do RS, entre 2003 e 2014, passou de 22,4% para 27,4% (Tabela 5).2
Tabela 5
Distribuição das exportações, segundo os principais Coredes, no RS — 2003 e 2014 (%)
COREDES E RS 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Metropolitano Delta do Jacuí 22,4 20,3 21,5 23,6 21,8 20,1 22,0 24,8 26,3 17,5 22,8 27,4
Vale do Rio dos Sinos ............. 24,7 21,0 23,7 22,6 22,0 18,6 16,9 16,0 11,8 11,0 8,1 10,9
Serra ........................................ 9,6 10,4 11,8 11,8 11,6 10,5 8,3 10,6 9,8 11,6 6,5 8,7
Sul ............................................ 10,9 10,0 5,9 10,0 12,1 17,3 12,0 12,1 14,3 17,6 30,4 17,1
Demais Coredes ...................... 19,2 25,0 22,7 21,8 22,1 22,4 26,6 24,6 26,8 27,0 22,4 24,8
RIO GRANDE DO SUL ........... 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
FONTE DOS DADOS BRUTOS: FEEDADOS (FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA, 2014).
Finalmente, para avaliar o desenvolvimento socioeconômico da região, escolheu-se o novo Índice
de Desenvolvimento Socioeconômico (Idese), que é um indicador sintético que mostra as condições
sociais e econômicas de um território, a partir de três dimensões — educação, renda e saúde —, além do
índice geral construído a partir da agregação dessas dimensões. O valor apurado para o indicador varia
de um a zero — quanto mais próximo de uma unidade, melhores são as condições de desenvolvimento
no território analisado.
No conjunto dos 28 Coredes, o Corede Serra foi o que apresentou o melhor índice geral do Idese,
com 0,812 (dados de 2012). O Corede Metropolitano Delta do Jacuí, na comparação com os demais
Coredes, ocupou a 7° posição, registrando um índice de 0,767, acima daquele apurado para o Estado
(0,744). Para os blocos específicos de educação e saúde, a posição do Corede mostrou-se semelhante à
da média estadual, assumindo, respectivamente, 16ª e 22ª posições. No bloco renda, diferentemente dos
anteriores, a colocação elevou-se para a 1ª posição (Tabela 6).
2 Cabe ressaltar que, no ano de 2013, as exportações do Corede Sul apresentaram o registro da exportação ao exterior de três
plataformas de perfuração e exploração de petróleo que, na prática, não saíram do País. Isto porque uma subsidiária da
Petrobrás no exterior as comprou para, posteriormente, alugá-las à própria empresa e utilizá-las na exploração de campos de
produção no Rio de Janeiro. Essa operação é perfeitamente legal e traz vantagens fiscais para a Petrobrás. No entanto, com
essa operação, criou-se uma distorção na participação relativa dos Coredes nas exportações do Rio Grande do Sul. Deduzindo,
do montante total, o valor dessas plataformas, a participação do Corede Metropolitano Delta do Jacuí passou para 28,2% das
exportações totais do RS em 2013.
10
Tabela 6
Índice de Desenvolvimento Socioeconômico (Idese), total e por blocos, nos Coredes do RS — 2012
COREDES E RS EDUCAÇÃO RENDA SAÚDE IDESE CLASSIFICAÇÃO
Serra ....................................................... 0,736 0,830 0,871 0,812 1º
Vale do Taquari ....................................... 0,765 0,755 0,857 0,792 2º
Noroeste Colonial .................................... 0,768 0,761 0,847 0,792 3º
Produção ................................................. 0,728 0,791 0,819 0,779 4º
Norte ....................................................... 0,750 0,738 0,830 0,772 5º
Alto Jacuí ................................................ 0,716 0,770 0,817 0,768 6º
Metropolitano Delta do Jacuí .................. 0,676 0,831 0,796 0,767 7º
Fronteira Noroeste .................................. 0,748 0,715 0,838 0,767 8º
Vale do Caí ............................................. 0,722 0,715 0,824 0,754 9º
Nordeste ................................................. 0,690 0,695 0,858 0,748 10º
Rio da Várzea ......................................... 0,721 0,648 0,848 0,739 11º
Central .................................................... 0,708 0,694 0,802 0,735 12º
Vale do Rio dos Sinos ............................. 0,665 0,749 0,785 0,733 13º
Hortênsias ............................................... 0,701 0,670 0,817 0,730 14º
Vale do Rio Pardo ................................... 0,664 0,695 0,815 0,725 15º
Missões ................................................... 0,729 0,637 0,796 0,721 16º
Celeiro ..................................................... 0,733 0,615 0,810 0,719 17º
Paranhana-Encosta da Serra .................. 0,671 0,648 0,809 0,709 18º
Médio Alto Uruguai ................................. 0,671 0,603 0,840 0,705 19º
Litoral ...................................................... 0,674 0,626 0,796 0,698 20º
Campanha .............................................. 0,685 0,636 0,763 0,695 21º
Campos de Cima da Serra ..................... 0,631 0,673 0,779 0,694 22º
Sul ........................................................... 0,633 0,682 0,759 0,691 23º
Jacuí-Centro ............................................ 0,667 0,630 0,776 0,691 24º
Vale do Jaguari ....................................... 0,663 0,603 0,802 0,689 25º
Alto da Serra do Botucaraí ...................... 0,648 0,619 0,799 0,689 26º
Fronteira Oeste ....................................... 0,667 0,636 0,756 0,686 27º
Centro-Sul ............................................... 0,622 0,595 0,808 0,675 28º
Rio Grande do Sul ................................. 0,685 0,745 0,804 0,744 -
FONTE DOS DADOS BRUTOS: FEEDADOS (FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA, 2014).
Com o intuito de compor melhor o retrato econômico do Corede Metropolitano Delta do Jacuí, a
seção seguinte descreve brevemente o perfil econômico dos municípios que o integram.
2.1 Características dos municípios selecionados
Conforme salientado, entre os municípios selecionados em função da presença da atividade em
questão, o mais importante é Porto Alegre. Os demais se desenvolveram principalmente a partir da
expansão da Capital, e, em muitos casos, apesar de constituir cidades satélites de Porto Alegre, também
ampliaram suas atividades industriais. Nesse sentido, é pertinente destacar que alguns deles, como São
Leopoldo, Gravataí, Triunfo e Cachoeirinha, possuem um setor industrial já consolidado e, até certo
ponto, especializado em alguns segmentos como o automotivo, o petroquímico, o de metal e o de
máquinas e equipamentos.
11
No período 2000-13, como destacado na seção anterior, observa-se um crescimento demográfico
no Corede Metropolitano Delta do Jacuí acima do registrado na média do Estado. Dentre os municípios
da região, os que mais contribuíram para esse aumento foram Eldorado do Sul (31,8%), Glorinha
(26,1%), Triunfo (19,9%) e São Leopoldo (13,3%). Vale registrar que nenhum deles apresentou redução
populacional. O maior número de habitantes encontra-se em Porto Alegre (1.424.618 habitantes), onde
se situam 58% da população do Corede e 13,1% da população do RS. Outros municípios com população
expressiva são: Gravataí (262.018), Viamão (243.410), Alvorada (200.176), Cachoeirinha (121.389) e
Guaíba (96.087) (Tabela 7). Em São Leopoldo, município pertencente ao Corede Vale do Rio dos Sinos,
residem 2% da população do Estado, ou 219.212 habitantes.
Tabela 7
População total, participação e variação percentual dos municípios selecionados, no RS — 2000 e 2013
MUNICÍPIOS E RS 2000 2013 VARIAÇÃO
2013/2000 População % População %
Porto Alegre .......................................................... 1.360.590 13,4 1.424.618 13,1 4,7
Gravataí ................................................................ 232.629 2,3 262.018 2,4 12,6
Viamão .................................................................. 227.429 2,2 243.410 2,2 7,0
São Leopoldo ........................................................ 193.547 1,9 219.212 2,0 13,3
Alvorada ............................................................... 183.968 1,8 200.176 1,8 8,8
Cachoeirinha ........................................................ 107.564 1,1 121.389 1,1 12,9
Guaíba .................................................................... 94.307 0,9 96.087 0,9 1,9
Santo Antônio da Patrulha (1) ............................... 37.035 0,4 40.329 0,4 8,9
Eldorado do Sul ..................................................... 27.268 0,3 35.950 0,3 31,8
Triunfo ................................................................... 22.166 0,2 26.588 0,2 19,9
Glorinha ................................................................ 5.684 0,1 7.170 0,1 26,1
RIO GRANDE DO SUL ........................................ 10.187.798 100,0 10.841.802 100,0 6,4
FONTE DOS DADOS BRUTOS: FEEDADOS (FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA, 2014). (1) Em 2000, o Município de Santo Antonio da Patrulha pertencia ao Corede Litoral. Em vista disso, os dados de 2000 não coincidem com aqueles apresentados na seção 3.1.
Em 2012, o PIB do Corede Metropolitano Delta do Jacuí representou, aproximadamente, 27% do
PIB total do Estado, sendo que apenas o Município de Porto Alegre produziu mais da metade desse valor
(64,6%). Em uma situação intermediária, encontram-se os Municípios de Gravataí (9,3%), Triunfo (8,2%)
e Cachoeirinha (6,0%). Os demais municípios possuem participações bem mais modestas, entre 3,6% e
0,3%, perfazendo 11,8% do PIB da Região. O Município de São Leopoldo, situado no Corede vizinho, do
Vale do Rio dos Sinos, gerou, em 2012, 1,7% do PIB do RS e 12,1% do de seu Corede. Entre 2000 e
2012, a participação do Corede na renda do Estado reduziu-se em, aproximadamente, dois pontos
percentuais. Parte desse declínio decorreu do decréscimo da participação de dois importantes
municípios: Porto Alegre (redução de 2,9 pontos percentuais) e Triunfo (redução de 0,9 pontos
percentuais). Em compensação, no mesmo período, o Município de Gravataí ampliou sua participação no
Corede Metropolitano Delta do Jacuí em três pontos percentuais (Tabela 8).3
3 Vale acrescentar que, a partir do segundo semestre de 2000, começou a operar, no Município de Gravataí, a planta da General
Motors (GM). De lá para cá, a produção automotiva tornou-se uma das atividades econômicas mais importantes para o
município.
12
Tabela 8
PIB e participação no PIB estadual dos municípios selecionados, no RS — 2000 e 2012
MUNICÍPIOS E RS
2000
2012
PIB (R$ 1.000)
Participação % no PIB do Corede
Participação% no PIB do
Estado
PIB (R$ 1.000)
Participação % no PIB do
Corede
Participação% no PIB do
Estado
Porto Alegre ................................................ 16.510.641 69,5 20,2 48.002.209 64,6 17,3
Gravataí ....................................................... 1.506.423 6,3 1,8 6.936.437 9,3 2,5
Triunfo ......................................................... 2.523.056 10,6 3,1 6.071.171 8,2 2,2
Cachoeirinha ................................................ 984.287 4,1 1,2 4.490.697 6,0 1,6
Viamão ......................................................... 527.440 2,2 0,6 2.641.819 3,6 1,0
Guaíba ......................................................... 682.986 2,9 0,8 2.510.699 3,4 0,9
Alvorada ....................................................... 424.955 1,8 0,5 1.697.860 2,3 0,6
Eldorado do Sul ............................................ 392.155 1,7 0,5 989.981 1,3 0,4
Santo Antônio da Patrulha ........................... 167.003 0,7 0,2 691.125 0,9 0,2
Glorinha ....................................................... 22.487 0,1 0,0 259.249 0,3 0,1
Corede Metropolitano Delta do Jacuí (1) 23.741.433 100,0 28,8 74.291.248 100,0 26,8
São Leopoldo (2) ......................................... 1.405.792 10,7 1,7 4.571.509 12,1 1,6
Corede Vale do Rio dos Sinos .................. 13.106.188 100,0 16,0 37.647.564 100,0 13,6
RIO GRANDE DO SUL ............................... 81.814.714 - 100,0 277.657.666 - 100,0
FONTE DOS DADOS BRUTOS: FEEDADOS (FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA, 2014). (1) Em 2000, o Município de Santo Antônio da Patrulha pertencia ao Corede Litoral. Em vista disso, os dados de 2000 não coincidem com aqueles apresentados na seção 3.1. (2) A participação percentual no PIB do Corede para o Município de São Leopoldo corresponde a do Corede Vale do Rio dos Sinos.
No tocante ao PIB per capita (Gráfico 2), o maior valor, em 2012, foi observado em Triunfo,
R$ 230.483,69 (1º posição na classificação estadual), porém esse elevado valor, como é de amplo
conhecimento, decorre da magnitude do resultado econômico gerado pela atividade do polo petroquímico
vis-à-vis o reduzido tamanho populacional do Município. Excluindo o Município de Triunfo, os maiores
PIBs per capita foram auferidos em Cachoeirinha, Glorinha e Porto Alegre. No segmento intermediário,
entre a média do Corede e a média dos municípios gaúchos, ficaram os Municípios de Eldorado do Sul,
Guaíba e Gravataí. Finalmente, São Leopoldo, Santo Antônio da Patrulha, Viamão e Alvorada foram os
municípios da região em que o PIB per capita foi menor que a média do Estado. Cabe destacar que
Alvorada, uma das maiores cidades-dormitório da Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), é o
segundo PIB per capita mais baixo do Estado, sendo superior apenas ao da localidade de Caraá
(R$ 8.296,92), situado no Corede Litoral.
13
Gráfico 2
PIB per capita dos municípios selecionados, do Corede Metropolitano Delta do Jacuí e do RS — 2012
FONTE DOS DADOS BRUTOS: FEEDADOS (FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA, 2014)
Quanto à composição do VAB, os municípios analisados podem ser reunidos em três grupos,
conforme o peso do setor principal: (a) grupo industrial, no qual a atividade industrial corresponde a mais
da metade do VAB total do município, composto por Glorinha, Gravataí, Guaíba e Triunfo; (b) grupo de
serviços com participação relevante do setor industrial, formado por Cachoeirinha, Eldorado do Sul e São
Leopoldo; e (c) grupo de serviços, no qual se inserem os Municípios de Alvorada, Porto Alegre, Santo
Antônio da Patrulha e Viamão. Ainda que seja inexpressivo para a maioria desses, o VAB do setor
agropecuário atinge maior evidência nos Municípios de Eldorado do Sul, Glorinha e Santo Antônio da
Patrulha (Tabela 9).
Tabela 9
Composição do VAB dos municípios do Corede Metropolitano Delta do Jacuí e do Município de São Leopoldo, segundo os setores da economia, no RS — 2012
(%)
MUNICÍPIOS E RS AGROPECUÁRIA INDÚSTRIA SERVIÇOS TOTAL
Porto Alegre ......................................................... 0,1 13,4 86,6 100,0
Gravataí ............................................................... 0,3 49,7 50,0 100,0
Triunfo ................................................................. 1,0 74,9 24,1 100,0
Cachoeirinha ........................................................ 0,0 27,0 72,9 100,0
Viamão ................................................................. 5,6 23,8 70,6 100,0
Guaíba ................................................................. 1,5 51,5 46,9 100,0
Alvorada .............................................................. 0,1 18,6 81,3 100,0
Eldorado do Sul ..................................................... 4,8 18,3 76,9 100,0
Santo Antônio da Patrulha ................................... 11,3 28,4 30,3 100,0
Glorinha ................................................................ 8,1 53,7 38,2 100,0
São Leopoldo ...................................................... 0,1 28,7 71,2 100,0
FONTE DOS DADOS BRUTOS: FEEDADOS (FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA, 2014)
R$ 230.483,69 R$ 37.454,94
R$ 36.648,20
R$ 33.882,78
R$ 30.464,31
R$ 27.956,10
R$ 27.709,45
R$ 26.767,35
R$ 25.779,21
R$ 21.048,53
R$ 17.241,07
R$ 10.409,63
R$ 8.599,33
0 50.000 100.000 150.000 200.000 250.000
Triunfo
Cachoeirinha
Glorinha
Porto Alegre
Corede Metropolitano Delta do Jacuí
Eldorado do Sul
Guaíba
Gravataí
Rio Grande do Sul
São Leopoldo
Santo Antônio da Patrulha
Viamão
Alvorada
14
Finalmente, o índice do Idese para os municípios do Corede Metropolitano Delta do Jacuí sinaliza
que as melhores condições socioeconômicas, em 2012, foram observadas em Porto Alegre (0,8211),
Triunfo (0,7651) e Cachoeirinha (0,7476). Entretanto, no caso de Triunfo, as condições precisam ser
relativizadas, haja vista que o seu índice consolidado foi fortemente influenciado pela dimensão renda
(Tabela 8). Os índices dos demais municípios situaram-se abaixo da média do Corede, sendo que
apenas Porto Alegre, Triunfo e Cachoeirinha posicionaram-se acima da média estadual. Novamente,
Alvorada ficou na pior colocação, ocupando a 10ª posição no ranking do Corede e 494ª posição no
ranking estadual. Outro município com índices bem inferiores foi Viamão (Tabela 10).
Tabela 10
Idese, total e por blocos, dos municípios do Corede Metropolitano Delta do Jacuí e do Município de São Leopoldo, no RS — 2012
MUNICÍPIOS IDESE EDUCAÇÃO RENDA SAÚDE RANKING
Corede Estado
Porto Alegre ....................................................... 0,8211 0,7449 0,9052 0,8133 1º 20º
Triunfo ................................................................ 0,7651 0,7221 0,7979 0,7752 2º 126º
Cachoeirinha ..................................................... 0,7476 0,6741 0,7766 0,7921 3º 176º
Glorinha ............................................................. 0,7316 0,6462 0,7278 0,8209 4º 215º
Guaíba ............................................................... 0,7114 0,6514 0,7063 0,7765 5º 271º
Santo Antônio da Patrulha ................................. 0,7109 0,6936 0,6438 0,7954 6º 274º
São Leopoldo ..................................................... 0,7106 0,6370 0,7194 0,7753 (1) 10º 276º
Gravataí ............................................................. 0,7059 0,6293 0,6915 0,7968 7º 289º
Eldorado do Sul ................................................. 0,6956 0,5713 0,7055 0,8100 8º 313º
Viamão ............................................................... 0,6100 0,5689 0,5267 0,7345 9º 469º
Alvorada ............................................................ 0,5677 0,4876 0,4845 0,7310 10º 494º
Corede Metropolitano Delta do Jacuí ............ 0,7675 0,6757 0,8307 0,7960 - -
RIO GRANDE DO SUL ...................................... 0,7444 0,6846 0,7447 0,8040 - -
FONTE DOS DADOS BRUTOS: FEEDADOS (FUNDAÇÃO DE ECONOMIA E ESTATÍSTICA, 2014). (1) Classificação no Corede Vale do Rio dos Sinos.
3 Caracterização do setor e da aglomeração de componentes
eletrônicos do Corede Metropolitano Delta do Jacuí e do
Município de São Leopoldo
3.1 A inserção da indústria de componentes eletrônicos no complexo
eletrônico brasileiro
De acordo com Gutierrez (2010, p.6), “[...] o complexo eletrônico é formado por um conjunto de
indústrias que se interpenetram, alicerçadas por uma base técnica comum formada por microeletrônica e
software”. Esse conjunto de indústrias reúne uma série de atividades, como as de informática, bens
eletrônicos de consumo, equipamentos de telecomunicações, componentes eletrônicos e software, bem
como serviços associados. Os componentes microeletrônicos — e nesses, especialmente, os circuitos
integrados (CI) ou semicondutores — representam o elemento fundamental no rol de produtos
eletrônicos. A prova disso é a possibilidade, cada vez maior, de contar com um único componente
15
microeletrônico que executa várias funções, graças aos avanços de integração e miniaturização
(GUTIERREZ, 2010).
O complexo eletrônico brasileiro sofreu diversos embates, ao longo das três últimas décadas, que
se refletem ainda hoje no desempenho do setor. Em virtude do prolongado período de existência da
reserva de mercado que imperou até o final da década de 80 e que resultou no distanciamento
tecnológico da indústria local em relação a dos países avançados, o setor não estava preparado para a
abertura comercial acelerada imposta no Brasil, no início da década de 90. O programa de substituição
de importações estava voltado para a absorção de tecnologia, mas não para o desenvolvimento de
tecnologia. Desse modo, o gap tecnológico em relação aos avanços obtidos no exterior permaneceu, e o
País perdeu a oportunidade de galgar passos no sistema nacional de inovação.
Além disso, a sobrevalorização cambial que vigorou em diversos momentos da história
econômica recente também contribuiu para a desestruturação do setor. Tal situação acabou causando a
atrofia do segmento de componentes eletrônicos, de modo que, em 2013, do total do déficit da balança
comercial da indústria elétrica e eletrônica4 (US$ 43.595 milhões), 56,4% correspondem aos produtos
classificados como componentes elétricos e eletrônicos (US$ 24.569 milhões) (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DA INDÚSTRIA ELÉTRICA E ELETRÔNICA, 2014).
Não obstante as críticas à política pública do período 1970-80, Lima (2012) reconhece que uma
parcela relevante das empresas que ainda hoje desenvolvem tecnologia eletrônica no País é originária
dessa época. A própria indústria de componentes eletrônicos surgiu nesse mesmo período, ao serem
instaladas fábricas de displays e de microeletrônica. Contudo, algumas empresas existentes na época,
tais como a Icotron, a Edisa — Eletrônica Digital S.A. e a Dismac, que foram extintas ou vendidas para
terceiros, poderiam ter continuado em atividade se as condições imperantes fossem mais favoráveis.
Embora os conhecimentos que as empresas brasileiras dos setores elétrico e eletrônico possuem
sobre as propriedades físico-químicas dos materiais sejam cruciais para a competitividade, as empresas
ainda não conseguiram criar condições favoráveis para a expansão de suas atividades de pesquisa e
desenvolvimento (P&D). A dificuldade maior pode estar relacionada com a falta do necessário domínio da
base tecnológica prévia para poder avançar.
Outro aspecto a salientar é que, apesar dos avanços significativos registrados nos últimos anos
no acesso a linhas de financiamento e dos aumentos expressivos nos subsídios, persistem as
dificuldades com relação à qualidade dos recursos humanos, ao relacionamento entre universidades e
empresas, à desoneração de investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação (P&D&I), à
divulgação de recursos e iniciativas governamentais disponíveis, à delimitação de trajetórias tecnológicas
4 De acordo com a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) — Versão 2.0 do IBGE, o setor elétrico e eletrônico
é composto por duas grandes divisões: a de fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos e a de
fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos. Os produtos da primeira caracterizam-se principalmente pelo uso de
circuitos integrados e aplicações de tecnologias altamente especializadas, enquanto a segunda divisão compreende a
fabricação de produtos para geração, distribuição e controle de energia elétrica, de aparelhos eletrodomésticos, de
equipamentos de iluminação elétrica, de sinalização e alarme, de lâmpadas, de fios, de cabos e outros materiais elétricos.
16
e ao acompanhamento dos avanços tecnológicos obtidos no exterior, dentre outros (ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DA INDÚSTRIA ELÉTRICA E ELETRÔNICA, 2010).
As dificuldades se refletem na elevada dependência de importações, não só em relação à
tecnologia, mas, também, quanto a insumos, componentes, partes e peças. A agregação de valor ainda é
muito baixa, e a participação das exportações é irrelevante quando comparada ao lugar ocupado pelas
importações. Como será visto mais detalhadamente na terceira seção deste trabalho, em 2013, as
exportações brasileiras de componentes eletrônicos somaram US$ 182 milhões, enquanto as
importações registraram US$ 6,2 bilhões.
De acordo com Gutierrez (2010), a ausência de uma indústria pujante de componentes
eletrônicos no País está intimamente ligada à escassez de projetos para a produção de bens finais
eletrônicos nacionais, ou seja, grande parte das empresas do complexo eletrônico que poderia ser
demandante de componentes eletrônicos fabricados localmente, ao não ter projetos de produtos finais
próprios, torna-se montadora para o mercado interno de bens que se utilizam de kits de componentes
importados.
3.1.1 O fim da reserva de mercado e as políticas públicas de incentivo à produção
nacional
Como resultado da abertura comercial na década de 90 e o fim da reserva de mercado, o
complexo eletrônico sofreu uma mudança substancial. Por um lado, a abertura estimulou a modernização
do parque produtivo, para enfrentar a concorrência externa e o ingresso de multinacionais ávidas pelo
mercado interno, dando início ao processo de terceirização manufatureira. Por outro lado, as empresas
locais de base tecnológica tiveram de se limitar a manter alguns nichos de mercado, e a indústria local de
componentes amargou um importante revés, que se manifestou em desinvestimentos no setor, inclusive
de empresas estrangeiras.
Diante desse novo cenário, o Governo aprovou a Lei 8.248/91, também conhecida como Lei de
Informática (LI), e atualizou a Lei da Zona Franca de Manaus, com o intuito de coordenar os incentivos às
tecnologias da informação e comunicação (TICs).
Após mais de uma década de tímida participação governamental em termos de políticas
industriais e tecnológicas setoriais, a partir de 2003, observa-se a adoção de uma série de iniciativas de
maior peso. Naquele ano, foi lançada pelo Governo Federal a Política Industrial, Tecnológica e de
Comercio Exterior (PITCE), que vigorou até 2007, tendo os setores de software e microeletrônica como
estratégicos, dentre outros.
Entre 2008 e 2010, entra em vigor a Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), a qual passa a
considerar quatro áreas do setor de TICs como estratégicas: software e serviços de Tecnologia da
Informação (TI), microeletrônica, displays, infraestrutura para inclusão digital, além do adensamento da
cadeia. O Plano Brasil Maior (PBM), por sua vez, lançado em 2011, também passou a considerar o setor
de TIC como estratégico.
17
O arcabouço legal que acompanhou as políticas industriais e tecnológicas introduziu alguns
benefícios para a produção local, tais como:
(a) a renovação da Lei de Informática (Lei 10.176/01) estabelece a preferência nas compras
públicas por bens TICs com tecnologia nacional e/ou pelo Processo Produtivo Básico (PPB);
(b) a Lei de Inovação (Lei 10.973/04) disciplina a atividade de P&D&I e autoriza as Instituições de
Ciência e Tecnologia a prestar serviços;
(c) a Lei do Bem (Lei 11.196/05) avança nos incentivos à inovação (desonerações tributárias,
depreciação acelerada, redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI),
remuneração parcial de mestres e doutores);
(d) a desoneração, das vendas de varejo de computadores, das contribuições do Programa de
Integração Social (PIS) e da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins),
por meio do Programa de Inclusão Digital;
(e) a elaboração, em 2007, do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria
de Semicondutores (Padis), que introduziu um amplo pacote de incentivos fiscais federais.
Esse arcabouço legal foi implantado em um contexto em que a demanda nacional por bens,
software e serviços das tecnologias da informação e da comunicação crescia em ritmo mais acelerado do
que no resto do mundo. Embora o mercado interno seja abastecido, em grande parte, por produtos
montados no Brasil, conforme será explicitado mais adiante, o conteúdo importado de componentes,
partes e peças continua elevado e se reflete na balança comercial das TICs, nas quais o déficit do setor
tende a se agravar cada vez mais. Um dos problemas enfrentados para atender a demanda interna é
que, para os produtos de maior complexidade, o Brasil não conta com a capacitação necessária, e, para
os produtos menos complexos, a China concorre com preços mais baixos.
Outros aspectos que não podem ser desconsiderados na perspectiva do desenvolvimento futuro
do setor são o cumprimento e a adaptação às normas de proteção ambiental, relacionadas, entre outras
questões, ao descarte do lixo eletrônico, ao armazenamento adequado dos produtos e ao controle de
substâncias nocivas à natureza.
3.1.2 A indústria brasileira de componentes elétricos e eletrônicos
Atualmente, a indústria de componentes elétricos e eletrônicos é considerada um dos principais
elementos do complexo eletrônico, já que a transferência crescente de conteúdo tecnológico para esses
itens e a integração da produção constituem duas características marcantes do presente estado da arte.
O avanço “[...] nas áreas de informática, telecomunicações, automação industrial e eletrônica embarcada
está cada vez mais associado ao uso crescente de componentes estratégicos (semicondutores, displays
e armazenagens eficientes)” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA ELÉTRICA E ELETRÔNICA,
2010, p. 21).
18
Pontualmente, o setor de fabricação de componentes eletrônicos é responsável pela produção de
uma série de produtos destinados, na sua maioria, para a produção de equipamentos eletrônicos ou de
produtos (máquinas, aparelhos e instrumentos) vinculados ao setor de bens de capital. Esses se
encontram discriminados na Figura 2.
Dado o relevante papel que a indústria de componentes passou a ter para o desenvolvimento da
indústria de transformação, esse setor tornou-se objeto de políticas industriais e medidas especiais em
diversos países.
Figura 2
Inserção da classe de componentes eletrônicos no complexo eletrônico
No Brasil, a reserva de mercado e a abertura econômica dos anos 90 tiveram um impacto
negativo na indústria de componentes, que, embora não sendo competitiva, ainda contava com certa
densidade. Apesar da fragmentação do setor, algumas empresas de semicondutores e componentes
passivos continuaram operando e poderão ser fortalecidas se forem implementadas políticas de estímulo
que procurem reduzir o atraso atual, ou seja, têm sobrevivido os mais aptos e aqueles que têm algum
potencial.
O fortalecimento da indústria de componentes no País está inseparavelmente ligado à evolução
da indústria de bens finais, pois permite o domínio da tecnologia e da capacidade de inovar. Da mesma
forma, a indústria de bens finais ficaria mais competitiva ao ter acesso a componentes mais sofisticados.
Conforme a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (2010, p. 22-23),
Complexo Eletrônico
Segmentos
Informática Automação
Bens eletrônicos de consumo Equipamentos de telecomunicações Software e serviços
associados
Componentes eletrônicos
Capacitores e condensadores eletrônicos; microprocessadores; placas de circuito impresso; conectores eletrônicos; tubos catódicos e tubos de imagem; circuitos integrados; diodos, transistores e componentes semelhantes; indutores; solenóides,
interruptores e transdutores para aplicações eletrônicas; semi-condutores; placas de interface; componentes de display; LED; cabos (impressora, monitor, USB e conectores); e placas de circuitos
impressos.
19
Atualmente, os principais mercados para componentes eletrônicos se encontram na eletrônica de
entretenimento, informática, telecomunicações, automação industrial, automobilística e bens de
capital, que representam setores fundamentais nos planos de investimento do País para as
próximas décadas. Há, no entanto, um vasto campo ainda por ser explorado com relação ao que se
anuncia em termos de investimentos para infraestrutura, bens de capital e bens duráveis. Assim, os
investimentos em Geração, Transmissão de Energia (GTD), inclusive eólica, fotovoltaica e solar —
sem ignorar a preocupação com a eficiência energética —, Petróleo e Gás (Pré-Sal), Siderurgia,
Petroquímica, Indústria Naval, Automotiva, Tração Elétrica empregada em linhas férreas e metrôs,
etc. reafirmam a importância da eletrônica de potência. Esta implica o uso intensivo de
componentes, ampliando o mercado e o interesse dos atores envolvidos.
3.1.2.1 A indústria mundial de semicondutores
Conforme salientado anteriormente, os semicondutores constituem um segmento estratégico da
indústria de componentes eletrônicos. A evolução tecnológica acelerada e o custo de capital elevado
tiveram um duplo impacto na indústria de semicondutores. Por um lado, aprofundou-se a terceirização da
produção e apareceram novos modelos de negócios. Surgiram as fundições especializadas (dedicated
foundries) e as empresas sem fábricas (fabless). Por outro lado, houve uma difusão tecnológica, pois,
originalmente, a produção estava concentrada nos Estados Unidos e no Japão, no entanto, novos atores
passaram a ocupar espaço, tais como Coreia do Sul, Taiwan, Malásia, Cingapura e China (GUTIERREZ;
LEAL, 2004; DIEGUES; ROSELINO, 2012).
Nas duas últimas décadas, a indústria de semicondutores adquiriu uma importância estratégica
na dinâmica inovativa no segmento de equipamentos de informática, em decorrência da miniaturização
dos transistores. A viabilidade desses avanços, por sua vez, pode ser atribuída ao surgimento de técnicas
de desenvolvimento que permitem a integração de componentes em um único chip através da adoção de
estratégias modulares de design, no que se convencionou chamar de arquitetura system-on-chip (SoC).
Desse modo, foi possível ampliar as funcionalidades e a miniaturização dos componentes
semicondutores, tendo como resultado o transbordamento das atividades de tecnologias de informação
para outros setores (GUTIERREZ; LEAL, 2004; DIEGUES; ROSELINO, 2012).
Dadas a crescente complexidade das atividades decorrente da inovação contínua do design dos
circuitos integrados, a escassez relativa de equipes de design e a elevação dos custos de coordenação
de equipes maiores de profissionais, a partir da década de 1990, surgiram duas principais estratégias
para superar essas limitações: as práticas de reúso e de terceirização de módulos de design.
A prática do reúso permite que um determinado módulo de design possa ser utilizado para
diversas finalidades. Através dessa estratégia, por um lado, aumenta-se a produtividade do processo e se
reduz o tempo necessário ao desenvolvimento de novas funcionalidades e por outro, reduzem-se os
efeitos negativos da escassez relativa dos profissionais de design.
Em vista da progressiva complexidade dos circuitos integrados, outra prática que se tornou mais
popular foi a terceirização de módulos de design, pois dificilmente uma única firma poderia ser
competitiva em todos os elementos funcionais do design que são incorporados nos SoCs mais
complexos, nem conseguiria acompanhar o ritmo das inovações nesse processo. Portanto, a evolução
nos padrões de design está relacionada com a agregação de capacitações cada vez mais dispersas entre
20
um número maior de agentes e a coordenação da cadeia de valor. Como resultado, a capacidade de
agregar fisicamente um elevado número de componentes num único circuito integrado tornou-se a
variável mais relevante do processo, pois exige a fabricação simultânea desses componentes
(GUTIERREZ; LEAL, 2004; DIEGUES; ROSELINO, 2012).
A segmentação crescente das capacitações afetou a estrutura organizacional da indústria e levou
ao surgimento de novos atores especializados em etapas específicas do processo produtivo. A despeito
disso, e dadas as dificuldades de modularização em determinados componentes, ainda coexistem com
essa estrutura alguns players presentes em todas as etapas do processo produtivo.
A Figura 3 apresenta uma cadeia produtiva global, em que empresas sem fábricas (fabless)
realizam o projeto do produto e comandam a cadeia de valor. As fabless concentram sua atuação nas
atividades localizadas nos extremos da cadeia produtiva, ou seja, nas atividades estratégicas que
excluem a manufatura, mas possuem elevado dinamismo inovativo e alto potencial de agregação de valor
(GUTIERREZ; LEAL, 2004).
Figura 3
Cadeia produtiva global de circuitos integrados
FONTE: Gutierrez e Leal (2004, p.13).
Além das fabless, ainda é possível detectar, nesse tipo de configuração descentralizada, nas
fases de concepção e de projeto, a presença das design houses e das empresas de propriedade
intelectual; estas últimas, encarregadas de licenciar segmentos específicos do projeto. As dedicated
foundries e as firmas dedicadas às atividades de montagem e teste (assembly & tests) completam os elos
da cadeia produtiva e concentram-se na realização de atividades de manufatura em grande escala, com
máquinas e equipamentos mais avançados (DIEGUES; ROSELINO, 2012).
21
Não obstante as vantagens da configuração descentralizada, ainda persistem players da cadeia
de valor centralizada, os chamados integrated device manufacturers, que não abrem mão do domínio de
determinadas capacitações (DIEGUES; ROSELINO, 2012).
Em suma, a estrutura organizacional da indústria de circuitos integrados e sua dinâmica inovativa
dependem, em grande medida, da evolução dos processos desses circuitos. Isto porque a influência
dessa evolução na estrutura organizacional se manifesta nas possibilidades de descentralização das
capacitações e no potencial de modularização de alguns componentes. Quanto à dinâmica inovativa, “[...]
tal influência ocorre por meio da compatibilização entre a evolução; (i) no número de transistores
disponíveis em um único circuito; e (ii) na capacidade de se gerar padrões de design aptos a integrá-los
neste único chip” (DIEGUES; ROSELINO, 2012, p. 491).
3.2 Histórico do complexo eletrônico do Rio Grande do Sul
Não foi possível encontrar registros bibliográficos detalhados e confiáveis sobre o histórico do
complexo eletrônico do Rio Grande do Sul como um todo. Existem, no entanto, pesquisas sobre o
segmento de automação industrial de base microeletrônica no RS que relatam que esse segmento do
complexo eletrônico era constituído por um conjunto de pequenas empresas, fundadas, em sua maior
parte, no final dos anos 70 e início dos 80 (BASTOS; XAVIER SOBRINHO, 1993). Na pesquisa de campo
realizada pelos autores, foram detectadas nove empresas, todas localizadas na região metropolitana de
Porto Alegre. Por não serem empresas derivadas de grupos preestabelecidos, os autores atribuem o
surgimento dessas empresas gaúchas à importância da proximidade geográfica entre produtor e usuário,
à oferta local de trabalho qualificado e ao fato de que alguns pesquisadores da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (UFRGS) tenham participado, seja como técnicos, seja como empreendedores, no
processo de constituição desse segmento no Estado.
De um modo geral, as empresas pesquisadas por Bastos e Xavier Sobrinho (1993) trabalhavam
com tecnologia própria, dada a necessidade de adaptar os equipamentos e sistemas às características
técnicas e econômicas do ambiente fabril existente na época. As empresas se caracterizavam por sua
grande heterogeneidade, no que diz respeito tanto ao porte quanto ao perfil administrativo-gerencial,
mas, em geral, com pouco fôlego para investimentos. Além disso, foi constatado um elevado grau de
externalização das etapas produtivas, a ponto de algumas empresas terem se autodefinido como
“montadoras” (XAVIER SOBRINHO, 1996).
Interessa destacar que “[...] a possibilidade de ocorrência de uma divisão do trabalho entre as
empresas que apontasse para a especialização das mesmas em algumas etapas do processo de
produção não encontrou respaldo na realidade” (BASTOS; XAVIER SOBRINHO, 1993, p. 655). Assim, já
naquela época, não se verificou a prática de algum tipo de complementação produtiva que pudesse ser
classificada como cooperação interempresarial. Por outro lado, a utilização generalizada de experiências
produtivas e societárias com base nas práticas japonesas impediu o surgimento de “[...] massa crítica e
22
de experimentação próprias, tanto do ponto de vista organizacional como no que tange à gestão do
trabalho” (XAVIER SOBRINHO, 1996, p. 291).
No que se refere às especificidades do segmento de automação industrial de base
microeletrônica, o Rio Grande do Sul mantinha, nos primeiros anos da década de 90, a segunda posi-
ção — empatado com Minas Gerais — no ranking nacional da produção de equipamentos de automação
industrial, embora a distância em relação a São Paulo, primeiro colocado, fosse ainda substancial.
Mais recentemente, a Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI)
destaca os avanços do Rio Grande do Sul na área de semicondutores:
[...] o RS vem se estabelecendo como o único Estado brasileiro com empreendimentos industriais
em todos os elos da cadeia produtiva de semicondutores, desde o design, passando pela produção
de wafers até o seu encapsulamento. Essa realidade é impulsionada pela qualificação dos
profissionais, excelência das instituições de ensino e parques tecnológicos, além de expertise das
indústrias locais (AGÊNCIA GAÚCHA DE DESENVOLVIMENTO E PROMOÇÃO DO
INVESTIMENTO, 2014, p.17).
Em 2008, o Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), vinculado ao Ministério da
Ciência e Tecnologia, iniciou suas atividades em Porto Alegre, com o intuito de desenvolver a indústria
nacional de semicondutores. Destaca-se por seu pioneirismo, já que se trata da primeira empresa a
produzir chips na América Latina.
Também em outras regiões do Estado, surgiram iniciativas empreendedoras, tais como a Santa
Maria Design House — SMDH, especializada na concepção de circuitos integrados. No Corede Vale do
Rio dos Sinos, a Unisinos instalou o Instituto Tecnológico de Semicondutores, estruturado para se tornar
centro de referência em encapsulamento e teste de semicondutores. O Instituto oferece serviços de
treinamento, ensaios de confiabilidade, análise de falhas, projeto, prototipagem, teste suporte a
fornecedores e otimização de processos.
O empreendimento de grande porte mais recente é a ampliação da H.T. Micron em São Leopoldo,
localizada no complexo Tecnosinos. A HT Micron é uma empresa brasileira, fundada em 2009 através da
joint venture entre a sul-coreana Hana Micron e a brasileira PARIT e tem como foco fornecer soluções
locais em semicondutores para o Brasil. A sede definitiva, com aproximadamente 10.000 m², foi
inaugurada pela Presidente Dilma Rousseff em junho de 2014.5
3.3 A aglomeração da indústria de componentes eletrônicos no
Corede Metropolitano Delta do Jacuí
Em geral, as empresas que integram o segmento de fabricação de componentes eletrônicos
apresentam um nível de intensidade tecnológica elevado. Porém, no caso das empresas brasileiras e, por
conseguinte, das gaúchas, é necessário considerar que existe um grupo significativo dessas que se
5 A área construída possui uma sala limpa de 7,5 mil metros quadrados e constitui a maior fábrica de semicondutores da América
Latina. A unidade industrial tem capacidade para produzir até 360 milhões de chips por ano, no auge da produção, gerando
cerca de 800 empregos diretos em até quatro anos. Até o momento, já foram investidos R$ 110 milhões no empreendimento e
estão previstos mais R$ 260 milhões ao longo dos próximos anos (HT MICRON, 2014).
23
insere num nível tecnológico inferior, como no caso, por exemplo, das montadoras de kits importados
(Quadro 1).
Outro dado pertinente é a participação da atividade de componentes eletrônicos no total das
saídas fiscais no Estado. Em 2010, última informação disponível, o segmento representou
aproximadamente 0,32% do total das vendas no Rio Grande do Sul. No Corede Metropolitano Delta do
Jacuí, as saídas foram um pouco superiores — 1,4%. Contudo, considerando o total das saídas da classe
no Estado, verifica-se que 85,86% delas ocorreram no Corede Metropolitano Delta do Jacuí, confirmando
a concentração geográfica do segmento nessa região.
A maioria dos estabelecimentos das empresas gaúchas de componentes eletrônicos é micro ou
pequena (91,7%). Quanto à escolaridade dos trabalhadores do segmento, a maior parte, 63,3%, possui
ensino médio completo. Já os trabalhadores com graduação representam 15,3%, e aqueles com pós-
graduação (mestrado e doutorado), 2,2%. Nessas empresas, não existem trabalhadores analfabetos.
Quadro 1
Informações sobre o setor de fabricação de componentes eletrônicos, segundo a classe CNAE de atividade, no Corede Metropolitano Delta do Jacuí e no RS
Classe CNAE - Fabricação de componentes eletrônicos
Intensidade Alta tecnologia
Potencial poluidor Médio
Participação no valor das saídas no Estado (2010) 0,32%
Participação no valor das saídas do Corede Metropolitano Delta do Jacuí (2010) 1,40%
Participação no valor das saídas da atividade no Estado do Corede Metropolitano Delta do Jacuí (2010) 85,86%
Percentual de micro e pequenas empresas da classe no Corede Metropolitano Delta do Jacuí (2013) 91,7%
Trabalhadores analfabetos da classe no Corede Metropolitano Delta do Jacuí (2013) 0 (0,0%)
Trabalhadores com ensino fundamental incompleto da classe no Corede Metropolitano Delta do Jacuí (2013)
153 (4,6%)
Trabalhadores com ensino fundamental completo da classe no Corede Metropolitano Delta do Jacuí (2013) 627 (18,8%)
Trabalhadores com ensino médio completo da classe no Corede Metropolitano Delta do Jacuí (2013) 1.977 (59,2%)
Trabalhadores com ensino superior completo da classe no Corede Metropolitano Delta do Jacuí (2013) 512 (15,3%)
Trabalhadores Mestres da classe no Corede Metropolitano Delta do Jacuí (2013) 58 (1,7%)
Trabalhadores Doutores da classe no Corede Metropolitano Delta do Jacuí (2013) 15 (0,4%)
FONTE DOS DADOS BRUTOS: RAIS (BRASIL, 2014). FONTE DOS DADOS BRUTOS: Fundação de Economia E Estatística (2014).
De acordo com os resultados da pesquisa realizada por Fochezatto e Tartaruga (2013, p. 847),
“[...] os indicadores de potencial de inovação tecnológica dos municípios gaúchos apresentam um padrão
espacial relativamente concentrado [...]”, e as Regiões Metropolitanas de Porto Alegre e de Sapiranga
constituem um dos principais eixos com potencial inovador do Estado.6 Os autores observaram, inclusive,
6 “Em linhas gerais, pode-se dizer que o maior potencial inovador no Rio Grande do Sul está no eixo Região Metropolitana de
Porto Alegre a Sapiranga, no eixo Caxias a Bento Gonçalves, em Erechim e, em menor medida, em Passo Fundo, Marau,
Panambi, Santa Cruz do Sul, Lajeado e Pelotas” (FOCHEZATTO; TARTARUGA, 2013, p. 846).
24
uma correlação positiva entre os indicadores de potencial de inovação tecnológica e a presença de altos
índices de desenvolvimento, embora nessa experiência exploratória não fosse possível determinar as
relações de causa e efeito. Contudo, para os objetivos deste trabalho, vale o registro do potencial de
inovação tecnológica do Corede Metropolitano Delta do Jacuí.
Com relação às empresas fabricantes de componentes eletrônicos no Corede Metropolitano, o
Cadastro das Indústrias, Fornecedores e Serviços da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande
do Sul (FIERGS) de 2013 relaciona 26 empresas, das quais 15 estão localizadas no Município de Porto
Alegre. Os Municípios de Cachoeirinha e Gravataí registram quatro empresas cada um, Guaíba e São
Leopoldo, duas, e Alvorada, uma. Os Municípios de Eldorado do Sul, Esteio, Triunfo e Sapucaia do Sul
não apresentam qualquer registro. Depreende-se, do anterior, que os Municípios de Porto Alegre,
Cachoeirinha e Gravataí concentram a produção de componentes eletrônicos do Corede.
Analisando as empresas do Corede relacionadas no Cadastro da FIERGS na atividade 26.10-8
da CNAE (fabricação de componentes eletrônicos), constata-se que algumas não se inserem,
efetivamente, na descrição dessa categoria, pois são ofertantes de serviços ou de outros grupos de
produtos e foram, portanto, retiradas da relação.7 As 16 empresas remanescentes produzem
principalmente capacitores e condensadores eletrônicos; placas de circuito impresso; indutores;
semicondutores; placas de interface; componentes de displays, telas e mostradores; e montagem de
componentes em placas de circuitos impressos (Quadro 2). Cabe salientar, portanto, que a lista de
empresas não é exaustiva nem representa o conjunto do setor e que algumas dessas empresas também
fabricam periféricos para equipamentos de informática (CNAE 26.22-1) e aparelhos e equipamentos de
medida, teste e controle (CNAE 26.51-5).
7 Como são as próprias empresas que, por autodeclaração, determinam em qual setor de atividade se inserem, frequentemente
se verificam inconsistências.
25
Quadro 2
Empresas selecionadas do Corede Metropolitano do Delta do Jacuí e de São Leopoldo, fabricantes de componentes eletrônicos — 2013
NOME DA EMPRESA
MUNICÍPIO NÚMERO DE
FUNCIONÁRIOS EXPORTA
ORIGEM DO CAPITAL
PRODUTOS
Ralph Serviços e Peças Ltda.
Alvorada 38 Não Brasileira Componentes magnéticos para a indústria eletrônica.
Jonfer Processos Industriais Ltda.
Cachoeirinha 20 Não - Componentes eletroeletrônicos.
Microw circuitos impressos Ltda.
Cachoeirinha 40 Não Brasileira Placas de circuito impresso.
Mictter Indústria e Comércio de Plásticos e Eletro-Eletrônicos
Cachoeirinha 40 Não Brasileira Circuitos face simples, dupla face e multilayer.
MV Tecnologia Ltda.
Cachoeirinha 50 Não - Módulos concentradores, equipamentos para automação de bombas.
EPCOS do Brasil Gravataí 1.702 Sim Estrangeira (Alemanha)
Componentes eletrônicos, módulos e sistemas utilizados em tecnologia de informação e comunicações, eletrônica automotiva, eletrônica industrial e eletrônica de consumo.
Johnson Controls do Brasil Automotive Ltda.
Gravataí 164 Sim Estrangeira (Estados Unidos)
Módulos eletrônicos, cabeças de chave, clusters.
Solder Sul Indústria e Montagem de Componentes Eletrônicos Ltda.
Gravataí 15 Não Brasileira Montagem de placas de circuito impresso.
Tecmont Indústria e Comércio de Material Elétrico Eletrônico Ltda.
Gravataí 50 Não - Capacitores eletrolíticos.
Datateck Indústria e Comércio Ltda.
Guaíba 70 Não - Chicotes elétricos.
Adall Indústria Eletrônica Ltda.
Porto Alegre 30 Não Brasileira Bobinas, válvulas, solenoides, interruptores e sensores de pressão e temperatura.
AEL Sistemas S.A.
Porto Alegre 270 Sim É uma subsidiária 100% controlada
pelo grupo israelense Elbit Systems Group.
Projeto, desenvolvimento, fabricação, manutenção e suporte logístico de sistemas eletrônicos militares e espaciais, para aplicações em plataformas aéreas, marítimas e terrestres. Capacitada para o fornecimento, o projeto e o desenvolvimento de aviônicos, sistemas terrestres, tanquiônicos e sistemas para segurança pública. A empresa também participa de diversos programas da indústria. de sistemas espaciais para aeronaves de asas fixas, para aeronaves de asas rotativas, para sistemas espaciais e simuladores.
Centro Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec)
Porto Alegre 170 Não Empresa pública vinculada ao Ministério da
Ciência, Tecnologia e
Inovação (MCTI).
Circuitos integrados.
(continua)
26
Empresas selecionadas do Corede Metropolitano do Delta do Jacuí e de São Leopoldo, fabricantes de componentes eletrônicos — 2013
NOME DA EMPRESA
MUNICÍPIO NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS
EXPORTA ORIGEM DO CAPITAL
PRODUTOS
M.T.C. Indústria Eletrônica Ltda.
Porto Alegre 8 Não - Placas de circuito impresso.
Tecno Circuit Indústria e Comércio de Circuitos Impressos Ltda.
Porto Alegre 20 Não - Placas de circuito impresso.
Teikon Tecnologia Industrial S.A.
Matriz em Porto Alegre (inaugurada em 1998) e
duas filiais no Brasil
332 Sim A empresa é parceira estratégica da fabricante brasileira de semicondutores HT Micron (São Leopoldo) e, com isso, garante conteúdo local para vários tipos de produtos.
Módulos de memória DDR3, solid state drive, placas de circuito.
HT Micron São Leopoldo 340 Joint venture entre a sul-coreana Hana Micron e a brasileira PARIT.
Encapsulamento e teste de semicondutores para computadores, desktops, notebooks e tablets e memórias flash para cartões.
Technomaster Equipamentos Ltda.
São Leopoldo 10 - Inversores/retificadores navais, conversores/inversores de motorhomes.
FONTE DOS DADOS BRUTOS: Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (2013). FONTE DOS DADOS BRUTOS: HT Micron (2014). NOTA: Com base no Cadastro das Indústrias, Fornecedores e Serviços da FIERGS, a seleção das empresas foi realizada considerando a aderência dos produtos declarados à atividade CNAE 26.10-8 — fabricação de componentes eletrônicos.
3.3.1 Dados de emprego formal e estabelecimentos no segmento de componentes
eletrônicos
Esta seção expõe as informações sobre os números de empregos formais e de
estabelecimentos, obtidas na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS)8, a partir da classificação de
classes de atividade econômica (cinco dígitos) da CNAE. Conforme frisado na apresentação desta
pesquisa, a escolha da classe Fabricação de Componentes Eletrônicos — código 26.10-8 — deu-se a
partir da aplicação da metodologia proposta no relatório As aglomerações industriais do Rio Grande
do Sul: identificação e seleção, de outubro de 2012, congregando as mercadorias expostas na Figura
2.
Em 2013, no Brasil, 96,7% do emprego da classe fabricação de componentes eletrônicos
estavam centralizados em seis estados brasileiros: Amazonas (42,1%), São Paulo (29,7%), Rio Grande
do Sul (10,1%), Minas Gerais (8,4%), Paraná (3,8%) e Santa Catarina (2,5%). Somente nos Estados do
Amazonas (19.080) — região da Zona Franca de Manaus — e de São Paulo (13.476) encontravam-se
aproximadamente 72% do emprego na fabricação de componente eletrônicos. O Estado do Rio Grande
do Sul ocupava a terceira posição (10,1%). Comparando as informações de 2013 com as de 2002,
8 A Relação Anual de Informações Sociais é uma base de dados do Ministério do Trabalho e Emprego.
27
observam-se algumas mudanças, como: (a) o aumento de empregos formais no Amazonas, que, em
2002, representavam 17% do total no Brasil e passaram para 42,1% em 2013; (b) a diminuição da
participação do Estado de São Paulo, que passou de 54,5% em 2002 para 29,7% em 2013; (c) a
elevação da participação relativa de Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina; e (d) a manutenção da
participação dos empregos do Rio Grande do Sul no total do País. No caso específico do RS, cabe frisar
que, entre 2002 e 2013, houve um acréscimo absoluto no número de empregos, na ordem de 1.701
postos de trabalho, uma variação de 59,0% (Tabela 11). O destaque de Amazonas deve-se ao seu Polo
Industrial, inserido na Zona Franca de Manaus9. Conforme as informações disponibilizadas pela
Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), o conjunto de indústrias do polo reúne vários
segmentos industriais, dentre os quais se sobressaem o da eletrônica, o dos veículos de duas rodas, o
dos produtos ópticos e de informática e o da química.
O Rio Grande do Sul, juntamente com Minas Gerais, situa-se num grupo intermediário. Em 2013,
no Estado, havia 4.582 trabalhadores atuando no segmento de componentes eletrônicos, enquanto, em
Minas Gerais, havia 3.826 trabalhadores. Os outros dois estados da Região Sul — Santa Catarina e
Paraná — também possuíam um número considerável de postos de trabalhos: 1.148 e 1.722
respectivamente.
Tabela 11
Evolução dos empregos e dos estabelecimentos de fabricação de componentes eletrônicos, nas principais unidades da Federação do Brasil — 2002-13
UF
EMPREGOS ESTABELECIMENTOS
2002 2013 2002 2013
Número % Número % Número % Número %
Amazonas ......................... 4.767 17,0 19.080 42,1 31 4,0 40 4,1
São Paulo .......................... 15.313 54,5 13.476 29,7 439 57,2 469 48,4
Rio Grande do Sul ............ 2.881 10,3 4.582 10,1 89 11,6 108 11,1
Minas Gerais .................... 1.701 6,1 3.826 8,4 61 8,0 119 12,3
Paraná ............................. 1.175 4,2 1.722 3,8 51 6,6 103 10,6
Santa Catarina ................. 423 1,5 1.148 2,5 26 3,4 48 5,0
Demais estados ............... 1.824 6,5 1.492 3,3 70 9,1 82 8,5
BRASIL ........................... 28.084 100,0 45.326 100,0 767 100,0 969 100,0
FONTE DOS DADOS BRUTOS: RAIS (BRASIL, 2014)
Quanto ao número de estabelecimentos, observa-se, no País, uma forte concentração.
Praticamente a metade desses (48,4%) localiza-se em São Paulo. O Rio Grande do Sul ocupa a terceira
posição, com 108 estabelecimentos (cerca de 11,1% do total) (Tabela 11). Em 2002, o RS ocupava a
segunda posição, sendo superado apenas por São Paulo. Ainda que o número absoluto das unidades de
produção tenha crescido ao longo dos 11 anos, a participação permaneceu em torno de 11%. Paraná e
Minas Gerais foram os dois estados que mais cresceram em relação ao número de estabelecimentos:
9 Desde sua criação até os dias atuais, a Zona Franca de Manaus ficou protegida por uma série de benefícios fiscais,
assegurados pela Constituição de 1988, que lhe permitiram sustentar e ampliar sua participação na produção de componentes
eletrônicos brasileiros.
28
102% e 95,1% respectivamente. O Estado do Amazonas, que concentra o maior número de
trabalhadores (19.080), diferentemente dos demais citados, é o que possui o menor número de unidades
de produção: 40, correspondendo a 4,1% do total do País. Todavia, nesse Estado, 45% dos
estabelecimentos no segmento de componentes eletrônicos são de médio e de grande porte e
representam 26,5% do total do País, nessa categoria.
No âmbito da indústria de transformação, a participação dos empregos do setor de fabricação de
componentes eletrônicos é muito pequena. Considerando os cinco primeiros estados, em 2013, essa
participação ficou entre 0,6% e 0,3%. A exceção foi o Estado do Amazonas, no qual a participação
agregada chegou a 14,3% do emprego industrial total e a 2,3% dos estabelecimentos industriais. No Rio
Grande do Sul, o emprego no segmento de componentes eletrônicos correspondeu a 0,6% dos postos
totais da indústria de transformação, ao passo que os estabelecimentos representavam 0,3% do total
(Tabela 12).
Tabela 12
Número de empregos e estabelecimentos do segmento de componentes eletrônicos e do total da indústria de transformação, por estados, no Brasil — 2013
UF
EMPREGOS ESTABELECIMENTOS
Componentes Eletrônicos
Indústria de Transformação
% Componentes
Eletrônicos Indústria de
Transformação %
Amazonas ........................ 19.080 133.396 14,3 40 1.743 2,3
São Paulo ........................ 13.476 2.679.756 0,5 469 93.682 0,5
Rio Grande do Sul ........... 4.582 722.805 0,6 108 37.272 0,3
Minas Gerais .................... 3.826 822.304 0,5 119 43.378 0,3
Paraná ............................. 1.722 685.143 0,3 103 32.511 0,3
Santa Catarina ................ 1.148 663.225 0,2 48 33.705 0,1
Rio de Janeiro ................. 753 414.001 0,2 29 17.071 0,2
Bahia ............................... 371 217.824 0,2 11 10.948 0,1
Goiás ............................... 105 241.516 0,0 15 13.346 0,1
Pernambuco .................... 98 226.886 0,0 8 10.191 0,1
Sergipe ............................ 93 45.249 0,2 1 1.933 0,1
Maranhão ........................ 23 40.129 0,1 2 2.177 0,1
Rio Grande do Norte ....... 13 64.011 0,0 1 3.360 0,0
Espírito Santo .................. 13 117.379 0,0 2 7.209 0,0
Ceará ............................... 12 254.872 0,0 5 10.351 0,0
Paraíba ............................ 8 77.678 0,0 5 3.222 0,2
Mato Grosso do Sul ........ 3 92.361 0,0 3 3.406 0,1
Rondônia ......................... 0 36.114 0,0 0 2.343 0,0
Acre ................................. 0 6.646 0,0 0 539 0,0
Roraima ........................... 0 2.591 0,0 0 243 0,0
Pará ................................. 0 82.547 0,0 0 4.062 0,0
Amapá ............................. 0 3.305 0,0 0 305 0,0
Tocantins ......................... 0 16.403 0,0 0 1.198 0,0
Piauí ................................ 0 28.314 0,0 0 2.223 0,0
Alagoas ........................... 0 91.462 0,0 0 1.699 0,0
Mato Grosso .................... 0 104.927 0,0 0 5.908 0,0
Distrito Federal ................ 0 29.292 0,0 0 2.635 0,0
Brasil .............................. 45.326 7.900.136 0,6 969 346.660 0,3
FONTE DOS DADOS BRUTOS: RAIS (BRASIL, 2014).
29
O conjunto de atividades que compõem a Divisão 26 da CNAE — Fabricação de equipamentos
de informática, produtos eletrônicos e ópticos — envolve uma série de segmentos, dentre os quais, no
Rio Grande do Sul, se sobressai o de componentes eletrônicos. Aproximadamente um terço dos
empregos da Divisão encontra-se na atividade de produção de componentes eletrônicos.
Ainda que a participação da classe de componentes eletrônicos no total dos empregos e dos
estabelecimentos no RS e no Corede Metropolitano Delta do Jacuí seja pequena (respectivamente,
0,15% e 0,04% no RS, e 0,3% e 0,1% no Corede), é clara a concentração dessa atividade na região da
Capital do Estado e no seu entorno. Além do Corede Metropolitano, outros dois Coredes contíguos com
alguma importância são o Vale do Rio dos Sinos e o Vale do Rio Pardo. Um pouco mais distantes dessas
regiões, também se distinguem o Corede da Serra (principalmente o Município de Caxias do Sul) e a
Região Noroeste do Estado, representada pelos Municípios de Panambi e Ijuí (Figuras 4 e 5).
Figura 4
Número de empregos na classe CNAE fabricação de componentes eletrônicos, por município, no Rio Grande do Sul — 2013
30
Figura 5
Número de estabelecimentos na classe CNAE fabricação de componentes eletrônicos, por município, no Rio Grande do Sul — 2013
Em 2013, no Corede Metropolitano Delta do Jacuí, foram ofertados mais de dois terços dos
empregos formais da atividade de componentes eletrônicos (72,4%) do Estado, sendo que ali se
situavam 47,2% dos estabelecimentos. Os Coredes limítrofes mais importantes — Vale do Rio dos Sinos
e Vale do Rio Pardo — possuíam participações bem mais modestas: 2,1% do número de empregos e
11,1% dos estabelecimentos, e 10,0% dos empregos formais e 4,6% dos estabelecimentos
respectivamente (Tabela 13).
Tabela 13
Número de empregos e de estabelecimentos da classe de componentes eletrônicos no Corede Metropolitano Delta do Jacuí e nos principais Coredes limítrofes, no RS — 2013
COREDES E RS EMPREGOS ESTABELECIMENTOS
Número % Número %
Metropolitano Delta do Jacuí ............... 3.319 72,4 51 47,2
Vale do Rio dos Sinos ........................ 95 2,1 12 11,1
Vale do Rio Pardo .............................. 460 10,0 5 4,6
Demais Coredes ................................ 708 15,5 40 37,0
RIO GRANDE DO SUL ...................... 4.582 100,0 108 100,0
FONTE DOS DADOS BRUTOS: RAIS (BRASIL, 2014).
No tocante ao perfil dos estabelecimentos gaúchos, segundo o critério de número de funcionários
utilizado pelo Sebrae, a grande maioria, 91,7%, era de micro e pequenas unidades de produção, que
possuíam até 99 funcionários. Os estabelecimentos de médio porte (100 a 499 funcionários)
31
representavam 7,4% do total da atividade, ao passo que os grandes (acima de 500 funcionários), 0,9%
do total no Estado. Cabe destacar que o único estabelecimento gaúcho de grande porte situa-se no
Corede Metropolitano Delta do Jacuí, no Município de Gravataí (Tabela 14). 10
Tabela 14
Distribuição dos estabelecimentos da classe fabricação de componentes eletrônicos, segundo o porte, por Corede, e no RS — 2013
COREDES E RS MICRO E PEQUENO MÉDIO GRANDE
Número % Número % Número %
Metropolitano Delta do Jacuí ................... 46 90,2 4 7,8 1 2,0
Vale do Rio dos Sinos ............................. 12 100,0 0 0,0 0 0,0
Vale do Rio Pardo .................................... 3 60,0 2 40,0 0 0,0
Demais Coredes ...................................... 38 95,0 2 5,0 0 0,0
Rio Grande do Sul ................................. 99 91,7 8 7,4 1 0,9
FONTE DOS DADOS BRUTOS: RAIS (BRASIL, 2014).
Detendo-se nos dados de emprego e estabelecimentos da atividade fabril de componentes
eletrônicos, verifica-se que essas estão concentradas, predominantemente, em dois municípios do
Corede Metropolitano Delta do Jacuí: Gravataí e Porto Alegre. Em 2013, nessas duas municipalidades,
encontravam-se 64,1% dos empregos e 33,3% dos estabelecimentos da atividade no Rio Grande do Sul
(Tabelas 15 e 16). O Município de Gravataí, por exemplo, nesse mesmo ano, registrou 44,0% (2.014) dos
empregos. A capital, Porto Alegre, ocupava a segunda posição, com 922 postos de trabalho (20,1%).
No caso de Gravataí, vale acrescentar que, entre 2007 e 2012, o número de empregos no
segmento diminuiu, em termos tanto absolutos quanto relativos. Em 2007, o número de trabalhadores na
classe de componentes eletrônicos era de 2.236, correspondente a 56,8% do total dos empregos
gaúchos no segmento. Já em 2013, esse passou para 2.014, um acréscimo de quatro pontos percentuais
em relação ao ano anterior, na participação relativa do RS. Em contraponto, ainda que o contingente de
trabalhadores seja pequeno, entre 2007 e 2013, os Municípios de Guaíba e São Leopoldo praticamente
duplicaram o número de postos de trabalho na atividade de componentes eletrônicos. Ademais, no caso
de São Leopoldo, projeta-se para os próximos anos um crescimento acentuado, em virtude da ampliação
das operações da HT Micron.
10
Conforme apresentado no Quadro 3, essa empresa é a EPCOS do Brasil, que possui 1.702 funcionários (FIERGS,2013).
32
Tabela 15
Número de empregos da classe fabricação de componentes eletrônicos nos municípios selecionados e no RS — 2007-13
MUNICÍPIOS E RS 2007 2008 2009 2010
Número % Número % Número % Número %
Alvorada .................................... 49 1,2 53 1,4 30 0,7 39 0,9
Cachoeirinha ............................. 52 1,3 65 1,7 61 1,5 96 2,1
Eldorado do Sul ......................... 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0
Glorinha ...................................... 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0
Gravataí ...................................... 2.236 56,8 2.003 51,7 1.462 36,4 1.709 38,1
Guaíba ....................................... 65 1,7 65 1,7 78 1,9 112 2,5
Porto Alegre ............................... 638 16,2 739 19,1 1.100 27,4 815 18,2
Santo Antônio da Patrulha ........ 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0
Triunfo ...................................... 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0
Viamão ..................................... 3 0,1 3 0,1 15 0,4 12 0,3
Metropolitano Delta do Jacuí 3.043 77,3 2.928 75,6 2.746 68,4 2.783 62,1
São Leopoldo ............................. 11 0,3 8 0,2 8 0,2 17 0,4
RIO GRANDE DO SUL .............. 3.936 100,0 3.871 100,0 4.017 100,0 4.483 100,0
MUNICÍPIOS E RS 2011 2012 2013
Número % Número % Número %
Alvorada ................................... 35 0,8 36 0,9 40 0,9
Cachoeirinha ............................ 78 1,9 65 1,6 89 1,9
Eldorado do Sul ........................ 0 0,0 0 0,0 0 0,0
Glorinha .................................... 0 0,0 0 0,0 0 0,0
Gravataí .................................... 1.770 42,7 1.683 40,8 2.014 44,0
Guaíba ...................................... 153 3,7 184 4,5 253 5,5
Porto Alegre .............................. 991 23,9 955 23,1 922 20,1
Santo Antônio da Patrulha ........ 0 0,0 0 0,0 0 0,0
Triunfo ...................................... 0 0,0 0 0,0 0 0,0
Viamão ..................................... 6 0,1 9 0,2 1 0,0
Metropolitano Delta do Jacuí 3.033 73,1 2.932 71,0 3.319 72,4
São Leopoldo ........................... 17 0,4 20 0,5 23 0,5
RIO GRANDE DO SUL ............ 4.149 100,0 4.129 100,0 4.582 100,0
FONTE DOS DADOS BRUTOS: RAIS (BRASIL, 2014).
Entretanto, embora as atividades do complexo eletrônico gaúcho estejam concentradas no
Corede Metropolitano Delta do Jacuí, a participação do segmento de componentes eletrônicos no total
geral e da indústria de transformação nessa região é pequena. Em 2013, no Estado, a atividade
representou, no total do emprego, 0,1% e, no total do emprego da indústria de transformação, 0,6%. No
Corede, as participações foram 0,3% e 3,3% respectivamente. Entre os 10 municípios do Corede,
Gravataí, Guaíba e Porto Alegre foram os que possuíam as maiores participações relativas no emprego
total e na indústria de transformação. No ano de 2013, a fabricação de componentes concentrou 7,5%
dos postos de trabalho da indústria de transformação de Gravataí, 6,9% em Guaíba e 2,3% na capital,
Porto Alegre. Em outros três municípios do Corede — Alvorada, Cachoeirinha e Viamão — a participação
foi inferior a 1%, sendo que, nos demais — Eldorado do Sul, Glorinha e Santo Antônio da Patrulha —,
não houve trabalhadores formais atuando nos segmentos analisados (Gráfico 3).
33
Gráfico 3
Participação da atividade de fabricação de componentes eletrônicos no emprego da indústria de transformação e no total de empregos, nos municípios selecionados do RS — 2013
FONTE DOS DADOS BRUTOS: RAIS (BRASIL, 2014). NOTA: Nos demais municípios do Corede Metropolitano Delta do Jacuí, o número de empregos na classe selecionada é zero.
A distribuição espacial dos estabelecimentos obedece à mesma lógica da do emprego. Em 2013,
no Corede Metropolitano Delta do Jacuí, situavam-se 47,2% das unidades de produção da classe de
componentes eletrônicos no Estado, sendo que, dessas, mais da metade encontravam-se em Porto
Alegre. Incluindo o número de estabelecimentos do município do Corede vizinho, São Leopoldo, a
participação dos municípios selecionados no Estado elevou-se para 49,1%. Contudo, de modo
semelhante ao observado no emprego, os estabelecimentos desse setor apresentaram uma posição
bastante modesta no total das unidades produtivas da indústria de transformação e no conjunto dos
demais setores nos municípios (Tabela 16 e Gráfico 4).
Tabela 16
Número de estabelecimentos da classe fabricação de componentes eletrônicos nos municípios selecionados e no RS — 2007-13
MUNICÍPIOS E RS 2007 2008 2009 2010
Número % Número % Número % Número %
Alvorada .......................................... 1 1,0 1 1,1 1 1,0 1 1,0
Cachoeirinha .................................. 4 4,1 5 5,6 6 6,3 7 6,7
Eldorado do Sul ............................... 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0
Glorinha ........................................... 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0
Gravataí .......................................... 9 9,3 7 7,8 9 9,4 8 7,7
Guaíba ............................................. 2 2,1 2 2,2 4 4,2 4 3,8
Porto Alegre .................................... 26 26,8 28 31,1 27 28,1 28 26,9
Santo Antônio da Patrulha .............. 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0
Triunfo ............................................. 0 0,0 0 0,0 0 0,0 0 0,0
Viamão ............................................. 1 1,0 2 2,2 2 2,1 4 3,8
Metropolitano Delta do Jacuí ....... 43 44,3 45 50,0 49 51,0 52 50,0
São Leopoldo .................................. 1 1,0 1 1,1 2 2,1 4 3,8
RIO GRANDE DO SUL ................... 97 100,0 90 100,0 96 100,0 104 100,0
(continua)
0,0
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
8,0
Gravataí Guaíba Porto Alegre Alvorada Cachoeirinha São Leopoldo Viamão
Empregos na fabricação de componentes eletrônicos ÷ Emprego na Indústria de Transformação
Empregos na fabricação componentes eletrônicos ÷ Emprego Total
(%)
Legenda:
34
Tabela 16
Número de estabelecimentos da classe fabricação de componentes eletrônicos nos municípios selecionados e no RS — 2007-13
MUNICÍPIOS E RS 2011 2012 2013
Número % Número % Número %
Alvorada .......................................... 1 1,0 1 1,0 1 0,9
Cachoeirinha .................................. 4 4,0 3 2,9 5 4,6
Eldorado do Sul ............................... 0 0,0 0 0,0 0 0,0
Glorinha ........................................... 0 0,0 0 0,0 0 0,0
Gravataí .......................................... 5 5,1 5 4,9 5 4,6
Guaíba ............................................. 4 4,0 6 5,8 6 5,6
Porto Alegre .................................... 25 25,3 33 32,0 31 28,7
Santo Antônio da Patrulha .............. 0 0,0 0 0,0 0 0,0
Triunfo ............................................. 0 0,0 0 0,0 0 0,0
Viamão ............................................. 4 4,0 2 1,9 3 2,8
Metropolitano Delta do Jacuí ....... 43 43,4 50 48,5 51 47,2
São Leopoldo .................................. 2 2,0 2 1,9 2 1,9
RIO GRANDE DO SUL ................... 99 100,0 103 100,0 108 100,0
FONTE DOS DADOS BRUTOS: RAIS (BRASIL, 2014).
Gráfico 4
Participação da atividade de fabricação de componentes eletrônicos nos estabelecimentos da indústria de transformação e no total de empregos, nos municípios selecionados do RS — 2013
FONTE DOS DADOS BRUTOS: RAIS (BRASIL, 2014). NOTA: Nos demais municípios do Corede Metropolitano Delta do Jacuí, o número de estabelecimentos na classe selecionada é zero.
Em termos de evolução, cabe observar que, nos últimos sete anos, ocorreu um acréscimo no
número de estabelecimentos. Em 2007, havia 97 deles no Estado, sendo que, desses, 43 se situavam no
Corede Metropolitano Delta do Jacuí, e 26, em Porto Alegre. Já em 2013, foram criados mais 19
unidades de produção (totalizando 108) e, dessas, oito localizam-se no Corede Metropolitano, totalizando
51. A maior expansão do número de estabelecimentos foi verificada em Porto Alegre, onde foram
instalados mais cinco deles. O Município de Gravataí foi o único que reduziu seu número de
estabelecimentos, passando de nove para cinco.
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
Guaíba Viamão Porto Alegre Cachoeirinha Gravataí Alvorada São Leopoldo
Estabelecimentos na fabricação de componentes eletrônicos ÷ Total de estabelecimentos na Indústria de Transformação
Estabelecimentos na fabricação componentes eletrônicos ÷ Total de Estabelecimentos
(%)
Legenda:
35
Um indicador comumente adotado nos estudos sobre aglomerações produtivas é o quociente
locacional (QL). O QL aponta o nível de especialização da atividade produtiva local em relação à sua
região de abrangência (estado ou país). Os QLs de emprego e de estabelecimentos foram calculados de
duas formas: a primeira (QL IT), levando em consideração o total da indústria de transformação; e a
segunda (QL T), o total de todos os setores de atividade.
Os dados de quociente locacional11
expostos na Tabela 17 indicam que, embora a especialização
do Corede Metropolitano Delta do Jacuí nas atividades seja exatamente o dobro da média do RS, tanto
no número de empregos como no de estabelecimentos, apenas três dos 10 municípios da região
possuem níveis de especialização superiores a 1, são eles: Gravataí, Guaíba e Porto Alegre. Nos postos
de trabalho, a municipalidade de Gravataí é a que apresentou os níveis mais elevados de especialização,
tanto na indústria de transformação como no geral das atividades econômicas. No ano de 2013, nesse
município, a produção de componentes eletrônicos foi 12 vezes mais especializada que a média estadual
e 23 vezes superior no total das atividades econômicas. Guaíba, a segunda localidade mais
especializada, também em 2013, atingiu um valor 11 vezes acima da média gaúcha. Finalmente, Porto
Alegre apresentou um grau de especialização um pouco inferior, haja vista o peso maior de outras
atividades nos totais de empregos e estabelecimentos. Nesse sentido, fica evidente a importância desses
três municípios como sedes principais da produção de componentes eletrônicos do Corede e do RS. Já o
Município de São Leopoldo, do Corede do Vale do Rio dos Sinos, apresentou nível de especialização dos
empregos inferior à média gaúcha.
Tabela 17
Quociente locacional (QL) dos empregos e dos estabelecimentos da classe fabricação de componentes eletrônicos, nos municípios do Corede Metropolitano Delta do Jacuí, no Município de São Leopoldo e no RS — 2013
MUNICÍPIOS E RS EMPREGOS ESTABELECIMENTOS
QL (IT) QL (T) QL (IT) QL (T)
Alvorada ............................................................... 2 1 1 1
Cachoeirinha ........................................................ 1 1 3 5
Eldorado do Sul .................................................... 0 0 0 0
Glorinha ................................................................ 0 0 0 0
Gravataí ................................................................ 12 23 2 3
Guaíba .................................................................. 11 10 15 12
Porto Alegre ......................................................... 4 1 4 2
Santo Antônio da Patrulha .................................... 0 0 0 0
Triunfo .................................................................. 0 0 0 0
Viamão ................................................................. 0 0 5 3
Metropolitano Delta do Jacuí ............................ 5 2 4 2
São Leopoldo ....................................................... 0 0 1 1
Rio Grande do Sul .............................................. 1 1 1 1
FONTE DOS DADOS BRUTOS: RAIS (BRASIL, 2014). NOTA: (IT) Refere-se à indústria de transformação. (T) Refere-se a todos os setores de atividade.
11
Seu cálculo é determinado pela razão entre a participação do emprego do setor i na região j em relação ao emprego total na
região j e a participação do emprego do setor i em relação ao emprego total. Seu valor revela três situações: (a) QL = 1:
especialização do município i na atividade do setor j é idêntica à especialização do conjunto das regiões analisadas nesse setor;
(b) QL 1: a especialização do município i na atividade do setor j é inferior à especialização do conjunto das regiões analisadas
nesse setor; e (c) QL 1:a especialização do município i na atividade do setor j é superior à especialização do conjunto de
regiões analisadas nesse setor.
36
3.3.2 Dados de exportação e de importação de componentes eletrônicos A análise desse item se baseia nas estatísticas de valores exportados e importados, medidos em
dólares norte-americanos, divulgadas pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
(MDIC), através da base digital AliceWeb.12
Um aspecto que merece atenção é a compatibilização da
classe CNAE 26.10-8 — fabricação de componentes eletrônicos — com a Nomenclatura Comum do
Mercosul (NCM). De acordo com o Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de
Mercadorias (SH), a atividade de fabricação de componentes eletrônicos reúne 102 produtos, na sua
maioria, partes de outros bens eletrônicos, como aqueles apresentados no Quadro 3.13
As estatísticas
expostas nesta seção foram obtidas levando em consideração o somatório dos valores exportados e
importados dessas 102 mercadorias.
Como exposto na seção 2 deste relatório, a fabricação de componentes eletrônicos no Brasil e,
particularmente, no Rio Grande do Sul, desenvolveu-se tardiamente. Uma das consequências diretas
desse atraso é o ininterrupto saldo deficitário de sua balança comercial. Conforme pode ser observado na
Tabela 18, a evolução do déficit é crescente tanto no Brasil quanto no RS, e as importações não pararam
de crescer. Isso pode ser atribuído tanto ao uso cada vez mais generalizado dos componentes
eletrônicos e, principalmente, dos semicondutores em todo tipo de produto, como à falta de
competitividade da produção brasileira vis-à-vis a dos concorrentes.
Tabela 18
Balança comercial de componentes eletrônicos no Brasil e no RS — 2002-13
(em US$)
ANOS BRASIL RIO GRANDE DO SUL
Importações Exportações Saldo Comercial Importações Exportações Saldo Comercial
2002 739.686.060 214.092.513 -525.593.547 4.255.965 122.477 -4.133.488
2003 754.677.067 198.862.704 -555.814.363 4.433.321 226.767 -4.206.554
2004 1.065.099.791 186.038.466 -879.061.325 5.270.269 245.576 -5.024.693
2005 1.212.984.366 141.274.142 -1.071.710.224 7.675.159 247.479 -7.427.680
2006 1.445.630.495 100.402.374 -1.345.228.121 11.957.373 290.469 -11.666.904
2007 4.302.362.579 132.485.940 -4.169.876.639 68.242.975 3.054.051 -65.188.924
2008 4.615.554.459 133.093.498 -4.482.460.961 68.519.554 474.504 -68.045.050
2009 3.637.203.213 128.610.064 -3.508.593.149 45.309.545 1.211.082 -44.098.463
2010 4.886.644.861 178.050.482 -4.708.594.379 68.755.231 1.475.176 -67.280.055
2011 5.455.705.336 210.609.239 -5.245.096.097 81.013.812 2.942.484 -78.071.328
2012 5.695.572.891 185.771.637 -5.509.801.254 71.567.317 2.014.650 -69.552.667
2013 6.222.363.099 182.567.821 -6.039.795.278 84.370.811 2.640.060 -81.730.751
FONTE DOS DADOS BRUTOS: AliceWeb (BRASIL, 2014) NOTA: Os dados referem-se ao somatório das 102 mercadorias correspondentes à classe fabricação de componentes eletrônicos (CNAE 26.10-8).
12
De antemão, é preciso observar dois aspectos no tratamento desses dados. O primeiro diz respeito aos dados de exportação,
de acordo com o critério de esfera subnacional. No caso das informações por unidades da Federação, considera-se o estado
produtor da mercadoria, já nas informações por município, leva-se em conta o domicílio fiscal da empresa exportadora. Devido
a isso, podem ocorrer algumas diferenças nos cômputos, mas, mesmo assim, as informações trazem alguma luz sobre o
comércio exterior dos municípios. O segundo é que, nas estatísticas de importação, creditam-se os valores para a unidade da
Federação ou do município do domicílio fiscal da empresa importadora, independentemente do ponto de entrada da mercadoria
no território nacional.
13 O detalhamento de cada uma dessas 102 mercadorias encontra-se no Anexo A-1 deste relatório.
37
Um levantamento preliminar sobre as exportações e importações de componentes eletrônicos
indicou uma semelhança nas três escalas — nacional, estadual e regional —, em relação às principais
mercadorias transacionadas, como pode ser verificado no Quadro 3. Nas exportações brasileiras,
gaúchas e da região de estudo predominam os cartões inteligentes (smart cards) e alguns tipos de
circuitos integrados. Entre os produtos importados, os microprocessadores montados (SMD) e os
circuitos integrados (monolíticos e outros) representam, no País, no Estado e no grupo de municípios
selecionados, mais da metade das importações totais de componentes eletrônicos.
Quadro 3
Principais produtos exportados e importados da classe fabricação de componentes eletrônicos, segundo a escala geográfica, no Brasil — 2008-13
BRASIL RIO GRANDE DO SUL COREDE METROPOLITANO
DELTA DO JACUÍ
Export
ados
Cartões inteligentes (smart cards) Microprocessadores montados, próprios para montagem de superfície (SMD) Outros circuitos integrados Outros tiristores, "diacs", "triacs", não montados Outros circuitos integrados monolíticos Outros diodos não montados
Cartões inteligentes (smart cards) Diodos, transistores e dispositivos semelhantes semicondutores Outros circuitos integrados monolíticos Circuito impresso montado utilizado em duas ou mais máquinas diferentes Microprocessadores montados, próprios para montagem de superfície (SMD) Outros circuitos integrados
Outros circuitos integrados monolíticos Circuito impresso montado utilizado em duas ou mais máquinas diferentes Microprocessadores montados, próprios para montagem de superfície (SMD)
Imp
ort
ados
Microprocessadores montados, próprios para montagem de superfície (SMD) Circuitos integrados monolíticos Outros circuitos integrados Outras memórias digitais montadas
Memórias RAM (capacidade 25ns) Circuito impresso multicamada (com isolante)
Circuitos integrados monolíticos Outras memórias digitais montadas Circuitos integrados monolíticos digitais não montados Microprocessadores montados, próprios para montagem de superfície (SMD) Conectores para circuito impresso
(tensão 1 kv) Circuito impresso dupla face (com isolante)
Circuitos integrados monolíticos Outras memórias digitais montadas Circuitos integrados monolíticos digitais não montados Microprocessadores montados, próprios para montagem de superfície (SMD) Circuito impresso multicamada (com isolante) Conectores para circuito impresso
(tensão 1 kv)
FONTE DOS DADOS BRUTOS: AliceWeb (BRASIL, 2014).
3.3.2.1 Exportações
De acordo com os dados do MDIC, entre 2002 e 2013, as exportações brasileiras de
componentes eletrônicos cresceram, em média, 1,9%, ao passo que, no mesmo período, as exportações
totais apresentaram uma elevação média de 55,3%. O maior valor exportado ocorreu em 2011, quando
foram comercializados US$ 210 milhões. Em 2013, as exportações do segmento de componentes
eletrônicos somaram US$ 182 milhões. O peso dessas mercadorias eletrônicas no total exportado pelo
País é muito pequeno: entre 2002 e 2013, tais exportações representaram somente 0,1% do total
exportado, sendo que a maior participação, 0,3%, ocorreu em 2002.
Entre as unidades da Federação, o maior exportador foi São Paulo, responsável por dois terços
das exportações brasileiras de componentes eletrônicos. Na segunda posição, encontrava-se o Paraná,
com uma participação média de 10,1% entre 2002 e 2013. As exportações paranaenses começaram a
crescer a partir de 2007 e, de lá para cá, esse Estado vem colocando-se à frente do Amazonas, o
segundo principal polo produtor nacional de componentes eletrônicos. O Rio Grande do Sul ocupa uma
38
posição diminuta nas exportações brasileiras, participando, em média, com 0,74%. Em 2013, o RS
exportou US$ 2,64 milhões, equivalentes a 1,9% das exportações totais do segmento no País (Gráfico 5)
e a 0,01% do total das exportações gaúchas.
Gráfico 5
Distribuição percentual do valor exportado pelo setor de componentes eletrônicos, segundo as principais unidades da Federação, no Brasil — 2002-13
FONTE DOS DADOS BRUTOS: AliceWeb (BRASIL, 2014).
Em termos regionais, a procedência das exportações gaúchas alterou-se entre 2002 e 2013.
Entre 2002 e 2007, excetuando o ano de 2005, o Corede Metropolitano Delta do Jacuí destacou-se entre
os demais, exportando mais da metade das mercadorias de componentes eletrônicos do RS.
Pontualmente, em 2005, houve um incremento das exportações de Caxias do Sul, município pertencente
ao Corede Serra, de válvulas de potência para transmissores. Em um segundo momento, o Corede
Metropolitano Delta do Jacuí deixou de ser o principal exportador gaúcho e, em seu lugar, ganhou relevo
o Corede Norte, em virtude das exportações de cartões inteligentes (smart cards) pelo Município de
Getúlio Vargas14
. Cabe frisar que, desde 2011, as exportações desses produtos cresceram
significativamente, a ponto de representarem, em 2013, 68,5% do total das exportações de componentes
eletrônicos do RS (Gráfico 6 e Tabela 19).
14
Nesse município, encontra-se a fábrica de cartões inteligentes da Intelcav. Essa empresa, fundada em 2000, possui escritório
comercial em São Paulo e outra planta industrial em Manaus (INTELCAV, 2014).
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Rio Grande do Sul Paraná Santa Catarina Amazonas São Paulo Demais EstadosLegenda:
39
Gráfico 6
Distribuição percentual do valor exportado de componentes eletrônicos, segundo os principais Coredes, no RS — 2002-13
FONTE DOS DADOS BRUTOS: AliceWeb (BRASIL, 2014).
Tabela 19
Exportações de componentes eletrônicos dos municípios do Corede Metropolitano Delta do Jacuí e do Município de São Leopoldo, no RS — 2002-13
(US$ 1.000)
ANOS ALVORADA CACHOEI-
RINHA ELDORADO
DO SUL GRAVATAÍ GUAÍBA
PORTO ALEGRE
COREDE METROPO-
LITANO DELTA DO
JACUÍ
SÃO LEOPOLDO
RIO GRANDE DO SUL
2002 0,00 29,37 0,00 13,50 0,00 45,79 88,66 0,00 122,48
2003 0,00 91,13 0,00 10,00 0,00 79,08 180,20 0,62 226,77
2004 0,00 126,13 0,00 44,22 0,00 27,44 197,79 2,74 245,58
2005 0,00 123,47 0,00 5,63 0,00 7,90 136,99 1,71 247,48
2006 0,00 157,07 0,00 44,85 2,03 10,62 214,57 0,00 290,47
2007 0,00 147,92 (1) 2.686,37 35,50 1,92 70,45 2.942,16 4,72 3.054,05
2008 0,00 74,13 0,00 116,02 6,55 58,53 255,22 4,68 474,50
2009 0,00 47,73 0,00 171,92 12,75 308,91 541,31 3,25 1.211,08
2010 0,00 11,97 0,00 56,08 70,50 363,98 502,51 4,38 1.475,18
2011 4,00 41,18 0,73 157,14 96,82 258,81 558,67 5,84 2.942,48
2012 1,10 26,92 0,00 362,04 3,01 212,08 605,14 9,03 2.014,65
2013 8,59 5,87 0,00 110,12 3,16 81,24 208,97 4,60 2.640,06
FONTE: AliceWeb (BRASIL, 2014). NOTA: Os dados referem-se ao somatório das 102 mercadorias correspondentes à classe fabricação de componentes eletrônicos (CNAE 26.10-8). Nos demais municípios do Corede, não houve exportações durante o período analisado. (1) A partir de agosto de 2007, Eldorado do Sul passou a sediar apenas a administração da empresa Dell.
A maior parte das exportações de componentes eletrônicos do Corede Metropolitano Delta do
Jacuí deriva de dois municípios: Porto Alegre e Gravataí. Entre 2002 e 2013, partiram desses dois
municípios aproximadamente 85% das exportações totais de componentes eletrônicos do Corede e 25%
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Demais municípios Vale do Rio dos Sinos Metropolitano Delta do JacuíLegenda:
40
das do Estado. Os principais componentes exportados por esses municípios foram os circuitos integrados
eletrônicos. Cabe frisar que, excepcionalmente no ano de 2007, ocorreu um acréscimo considerável das
exportações de Eldorado do Sul, que comercializou microprocessadores na ordem de US$ 2.686.370,
equivalentes a 94,1% do total das exportações gaúchas de componentes eletrônicos daquele ano
(Gráfico 7). Essa elevada exportação de microprocessadores, muito provavelmente, está relacionada
com o fechamento da fábrica da Dell Computadores em Eldorado do Sul, em 2007, e sua transferência
para a localidade de Hortolândia, São Paulo. Atualmente, em Eldorado do Sul, a empresa mantém
somente seu escritório comercial.
Gráfico 7
Distribuição percentual do valor exportado de componentes eletrônicos, segundo os principais municípios do Corede Metropolitano Delta do Jacuí, no RS — 2002-13
FONTE DOS DADOS BRUTOS: AliceWeb (BRASIL, 2014). NOTA: Os demais municípios do Corede não exportaram entre 2002 e 2013.
3.3.2.2 Importações
No ano de 2013, o Brasil importou US$ 6,22 bilhões de componentes eletrônicos, sendo que a
metade desse valor corresponde a importações de circuitos integrados e microconjuntos eletrônicos,
produzidos, essencialmente, na China e em Taiwan. O comércio com esses dois países representou um
terço das importações totais de circuitos integrados e 45,8% dos componentes eletrônicos naquele ano.
Os Estados de São Paulo e do Amazonas são os dois maiores importadores, algo perfeitamente
compreensível, haja vista que ali se situam os dois maiores polos produtores de bens eletroeletrônicos.
No período 2002-13, o somatório das importações dos dois estados representou, em média, 85% das
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Alvorada Cachoeirinha Eldorado do Sul Gravataí Guaíba Porto Alegre São LeopoldoLegenda:
41
importações brasileiras de componentes eletrônicos. O Rio Grande do Sul encontrava-se numa posição
bem mais modesta. A importação média do RS, entre 2002 e 2013, ficou em torno de 1% do total do
País, ocupando, na classificação dos estados, a sexta posição. Diferentemente do RS, os outros dois
estados da Região Sul — Paraná e Santa Catarina — vêm elevando suas importações, em especial a
partir de 2007 (Gráfico 8).
No Rio Grande do Sul, verifica-se que os Coredes que mais importam componentes eletrônicos
são, ao mesmo tempo, os maiores exportadores dessas mercadorias. Isso ocorre porque os
componentes eletrônicos são insumos utilizados na fabricação de diversos bens, os quais, no Estado,
estão regionalmente concentrados nos Coredes em que o setor industrial se sobressai, quer por sua
grandeza no PIB, quer pelo grupo de indústrias que reúne. Esse é o caso dos Coredes Metropolitano
Delta do Jacuí e do Vale do Rio dos Sinos.
Gráfico 8
Distribuição percentual do valor importado de componentes eletrônicos, segundo as principais unidades da Federação, no Brasil — 2002-13
FONTE DOS DADOS BRUTOS: AliceWeb (BRASIL, 2014).
No Corede Metropolitano Delta do Jacuí, ao longo do período analisado, as importações de
componentes eletrônicos oscilaram entre US$ 3,4 milhões em 2003 e US$ 57,6 milhões em 2011. Essas
variações podem ser agrupadas em dois momentos: 2002 a 2006, quando as importações ficavam em
torno dos US$ 5 milhões, e 2007 a 2013, quando o valor médio elevou-se para cerca de nove vezes mais
(US$ 47 milhões). Cabe salientar que esse período coincide com o início das atividades do CEITEC e o
aumento substancial das importações em Eldorado do Sul. Contudo, foi na primeira fase que a
participação das importações do Corede Metropolitano Delta do Jacuí superou os 70% das importações
estaduais de componentes. No segundo momento, a partir de 2008, começou a ocorrer, gradualmente,
uma queda na participação, que, em 2013, chegou ao seu menor nível, 48,2%. Nesse ano, houve um
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Demais Estados Minas Gerais Santa Catarina Rio Grande do Sul Paraná Amazonas São Paulo
Legenda:
42
acréscimo de US$ 21,3 milhões (323%) das importações de componentes pelo Corede Vale do Rio dos
Sinos (Gráfico 9 e Tabela 20).
Internamente, no Corede Metropolitano Delta do Jacuí, se sobressaem as importações de Porto
Alegre e Gravataí. Entre 2002 e 2013, as importações de componentes eletrônicos desses dois
municípios representaram, em média, 80% do total das importações de componentes do Corede e 58%
das do Estado. Ainda que essas participações sejam elevadas, como salientado acima, nos últimos três
anos, houve uma diminuição em razão do aumento das importações de Eldorado do Sul. Uma provável
explicação é o fato de a empresa Dell Computadores manter, no Município, seu núcleo comercial-
administrativo e, por conseguinte, executar ali os trâmites burocráticos das compras. Além disso, também
nos três últimos anos, houve uma expansão das importações no Município de Alvorada (Gráfico 10 e
Tabela 20).15
Gráfico 9
Distribuição percentual do valor importado de componentes eletrônicos, segundo os principais Coredes, no RS — 2002-13
FONTE DOS DADOS BRUTOS: AliceWeb (BRASIL, 2014).
15
Em torno de 90% dessas importações foram de circuitos integrados monolíticos.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Demais Coredes Vale do Rio dos Sinos Metropolitano Delta do JacuíLegenda:
43
Tabela 20
Importações de componentes eletrônicos dos municípios do Corede Metropolitano Delta da Jacuí, no RS — 2002-13
(em US$)
ANOS ALVORADA CACHOEI-
RINHA ELDORADO
DO SUL GRAVATAÍ
PORTO ALEGRE
DEMAIS MUNICÍ-PIOS DO COREDE
METROPO-LITANO DELTA
DO JACUÍ
SÃO LEOPOLDO
RIO GRANDE DO
SUL
2002 0 304.207 4.648 1.529.123 1.818.123 4.385 3.660.486 56.372 4.255.965
2003 0 266.570 17.295 1.028.521 2.173.329 5.743 3.491.458 61.283 4.433.321
2004 0 253.362 1.479 956.144 2.590.101 13.249 3.814.335 92.249 5.270.269
2005 0 159.852 13.678 1.982.743 3.223.112 12.036 5.391.421 108.645 7.675.159
2006 0 413.413 7.440 3.776.648 4.922.630 245.510 9.365.641 218.307 11.957.373
2007 0 3.174.716 21.502.923 12.954.882 17.230.017 453.596 55.316.134 1.775.304 68.242.975
2008 14.230 4.763.158 4.770 14.149.355 27.452.975 713.200 47.097.688 2.179.097 68.519.554
2009 16.550 3.448.732 0 7.760.566 20.542.119 515.684 32.283.651 1.281.128 45.309.545
2010 42.560 3.436.475 0 11.320.489 31.325.142 817.948 46.942.614 1.791.648 68.755.231
2011 2.739.687 5.008.192 13.996.203 10.412.444 24.176.907 1.292.600 57.626.033 1.424.554 81.013.812
2012 2.744.639 3.911.793 14.123.831 8.441.385 19.709.973 420.663 49.352.284 2.372.704 71.567.317
2013 1.687.306 4.196.142 13.508.749 8.365.808 12.674.193 200.250 40.632.448 24.461.779 84.370.811
FONTE DOS DADOS BRUTOS: AliceWeb (BRASIL, 2014). NOTA: Os dados referem-se ao somatório das 102 mercadorias correspondentes à classe fabricação de componentes eletrônicos (CNAE 26.10-8).
Gráfico 10
Distribuição percentual do valor importado de componentes eletrônicos, segundo os principais municípios do Corede Metropolitano Delta do Jacuí, no RS — 2002-13
FONTE DOS DADOS BRUTOS: AliceWeb (BRASIL, 2014).
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Demais municípios selecionados Alvorada Cachoeirinha Gravataí Porto Alegre Eldorado do Sul São Leopoldo
Legenda:
44
4 A rede institucional da aglomeração de componentes
eletrônicos
A indústria de componentes eletrônicos do Corede Metropolitano do Delta do Jacuí e de São
Leopoldo conta com o apoio de uma ampla rede de universidades, escolas técnicas, organizações
governamentais e entidades privadas. Dentre elas, destacam-se as seguintes.
a) Cursos em laboratórios e incubadoras relacionados com as atividades da aglomeração
em escolas técnicas e de ensino superior
a.1) Universidade Federal do Rio Grande do Sul:
Engenharia de computação
Engenharia de produção
Engenharia de controle e automação
Engenharia de materiais
Ciência da computação
Engenharia elétrica
Engenharia física (aplicação da Física Moderna na Engenharia de inovações tecnológicas)
Além dos cursos mencionados acima, vale salientar que o Instituto de Física da UFRGS possui
laboratórios que podem interagir com as empresas da aglomeração, tais como o Laboratório de
Conformação Nanométrica, o Laboratório de Microeletrônica, o Laboratório de Magnetismo e, ainda, o
grupo que investiga as propriedades físico-químicas de superfícies e interfaces sólidas (FQSIS).
A incubadora tecnológica Hastia está ligada ao Instituto de Física e à Escola de Engenharia da
UFRGS. A intenção é abrigar empresas oriundas dos projetos de pesquisas desenvolvidas por alunos e
professores junto a empresas do setor metalomecânico e eletroeletrônico.
a.2) Universidade do Vale do Rio dos Sinos:
Engenharia de Produção e Sistemas
Ciência da Computação
Engenharia da Computação
Engenharia de Controle e Automação
Engenharia Eletrônica
Engenharia Elétrica
Engenharia de Materiais
O parque tecnológico da Unisinos, o Tecnosinos, procura criar um ambiente adequado para a
implantação de empresas de base tecnológica, e algumas das empresas ali hospedadas têm
45
especialidades relacionadas com as atividades da aglomeração de componentes eletrônicos, tais como
as áreas de tecnologia da informação, de automação, de engenharia e de comunicação e convergência
digital. No interior do parque tecnológico, encontra-se o Complexo Tecnológico Unitec, que abriga a
Incubadora Tecnológica (com mais de 30 empresas incubadas) e o Condomínio Tecnológico (PARQUE
TECNOLÓGICO DE SÃO LEOPOLDO, 2014). A governança do Tecnosinos é exercida pelo tripé setor
público, setor privado e academia.
a.3) Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS)
Engenharia de Computação
Engenharia de Controle e Automação
Sistemas de Informação
Engenharia de Produção
Engenharia Elétrica
O Parque Científico e Tecnológico da PUCRS — Tecnopuc — possui duas localizações, uma em
Porto Alegre e outra em Viamão. Conforme o Portal do Tecnopuc (PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE
CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL, 2015), o parque é de caráter multissetorial e abriga atualmente
120 organizações e mais de 6,3 mil postos de trabalho. O objetivo é estimular a pesquisa e a inovação
por meio de uma ação simultânea entre academia, instituições privadas e Governo. Das quatro áreas
temáticas envolvendo grupos de pesquisa científica e tecnológica e cursos de pós-graduação da própria
Universidade, a área que mais se aproxima dos interesses das empresas da aglomeração é a de
tecnologia da informação e comunicação.
a.4) Instituto Euvaldo Lodi (IEL):
Programa de educação empresarial
Programa de competitividade empresarial
a.5) Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI):
- Gravataí
Técnico em mecatrônica
Técnico em eletrônica
- São Leopoldo
Técnico em automação industrial
Técnico em mecatrônica
Técnico em eletrônica
- Canoas
Autocad 2D e 3D
46
b) Apoio institucional
b.1) Secretaria de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (SDPI)
O setor de Eletroeletrônica, Automação e Telecomunicações foi selecionado como um dos 23
setores estratégicos da política industrial do Rio Grande do Sul. A Agência Gaúcha de Desenvolvimento e
Promoção do Investimento (AGDI) é o braço operacional da SDPI e executa o Projeto APL, por meio do
qual o Governo constitui instrumentos e aporte de recursos para fortalecer regionalmente a cooperação, o
planejamento e a execução de ações conjuntas promotoras de desenvolvimento de Arranjos Produtivos
Locais (APLs). Dentre os 20 APLs enquadrados pelo projeto, encontra-se o Eletroeletrônico de
Automação e Controle, localizado nos Coredes Metropolitano e Serra. O apoio dado pelo Governo do
Estado pode favorecer o aumento da demanda por componentes eletrônicos da aglomeração em estudo.
b.2) Badesul Desenvolvimento — Agência de Fomento/RS — e Banco Regional de
Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE)
Tanto o Badesul quanto o BRDE são agências de fomento que disponibilizam recursos para o
desenvolvimento empresarial.
b.3) Secretaria da Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico do Estado do Rio Grande
do Sul (SCIT)
Fornece diversos programas de apoio ao avanço científico e tecnológico no Estado.
b.4) Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)
O Sistema Sebrae é uma entidade privada de interesse público, que se propõe a estimular o
espírito empreendedor e promover a competitividade e o desenvolvimento autossustentável dos
pequenos negócios. A atuação do Sebrae concentra-se no fomento da gestão empresarial, no acesso a
mercados, na orientação ao crédito, no empreendedorismo, em inovação e tecnologia e em políticas
públicas, e o atendimento é proporcionado a empresas individuais ou a conjuntos de empresas que
possuem objetivos e/ou necessidades comuns.
b.5) Labelo Laboratórios Especializados em Eletroeletrônica da Tecnopuc
O Labelo é um laboratório de ensaios e de calibração de instrumentos de medição para a
avaliação da conformidade de produtos para a sua certificação. Ele atua há mais de 45 anos na
metrologia científica e industrial. Todas as instalações do Labelo estão localizadas no Campus Central
PUCRS.
b.6) Escritório regional da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee)
A Abinee é uma sociedade civil sem fins lucrativos, que representa os setores elétrico e
eletrônico de todo o Brasil, com escritório regional no Rio Grande do Sul. Possui, como associadas,
47
empresas nacionais e estrangeiras, instaladas em todo o País e de todos os portes. Propõe-se a
fortalecer e consolidar o complexo elétrico e eletrônico brasileiro, através de uma estratégia coletiva de
desenvolvimento.
4.1 Incentivos proporcionados pela política industrial estadual de 2012
A política industrial do Estado, lançada em 2012, é composta por cinco eixos: (a) política setorial;
(b) política da economia da cooperação; (c) política da firma; (d) instrumentos transversais, e (e)
infraestrutura para o desenvolvimento. A política setorial identificou 22 setores estratégicos da economia
gaúcha, dentre os quais se encontra o Programa Setorial de Semicondutores do Estado: 2012-2014 —
Revisão 2013. Nesse programa, são relacionados os seguintes instrumentos passíveis de serem
utilizados para o desenvolvimento do setor:
o Fundo Operação Empresa do Estado do Rio Grande do Sul (Fundopem/RS) é um
instrumento fiscal de promoção do desenvolvimento, que opera com base na postergação do
ICMS devido, em decorrência da operação de um projeto de investimento;
o Integrar/RS proporciona um abatimento sobre cada parcela a ser amortizada do
financiamento concedido pelo Fundopem;
o Programa Estadual de Desenvolvimento Industrial (Proedi) proporciona apoio a projetos de
investimento, mediante a concessão de incentivo financeiro na forma de venda de terrenos a
preços subsidiados, em áreas de propriedade do Estado;
o Programa de Apoio a Iniciativas Municipais proporciona apoio a ações municipais para a
implantação de áreas industriais;
o Programa Pró-Inovação concede incentivo fiscal às atividades inovativas em ambiente
produtivo que atendem a determinados pré-requisitos;
o Programa Gaúcho de Parques Científicos e Tecnológicos (PGTec) visa fomentar o
desenvolvimento científico e tecnológico no Estado, com foco na inovação e na
sustentabilidade. São ambientes de inovação onde se instalam empresas inovadoras e/ou
centros de P&D de grandes empresas;
o Programa de Promoção do Investimento no Estado do Rio Grande do Sul (Investe/RS) opera
por meio de subvenção econômica na modalidade de equalização de taxas de juros e de outros
encargos financeiros, concedidos a empreendimentos do setor produtivo pelo setor financeiro
gaúcho, especialmente para aquisição de máquinas e equipamentos e para a cobertura de
despesas para a inovação tecnológica.
48
Considerações finais
Da pesquisa em fontes secundárias, depreende-se que a reserva de mercado não foi suficiente
para desencadear um processo de ampla difusão na produção de bens do complexo eletrônico. Em
parte, isso pode ser atribuído a uma falha da política pública que, ao invés de estimular o aprendizado da
produção tecnológica nacional, induziu à absorção da tecnologia trazida do exterior, travando os
investimentos em P&D&I. Por outro lado, a celeridade com que foi implementada a abertura comercial
ocasionou um prejuízo muito grande naquelas empresas que tinham iniciado investimentos em inovação
e as deixou desamparadas frente à concorrência internacional, levando à paralização de alguns
investimentos em andamento, embora algumas empresas se preparassem e se mantivessem em
atividade mesmo depois da abertura do mercado.
Atualmente, as escalas de produção das empresas brasileiras ainda não acompanham a
tendência à produção em grande escala de importantes concorrentes internacionais, e isso constitui um
obstáculo para o avanço nos segmentos mais padronizados. Além disso, os desníveis de todo tipo entre
as empresas do mesmo setor criam dificuldades adicionais para executar a terceirização produtiva em
um momento em que essa se faz necessária para alavancar a eficiência do conjunto.
Os componentes eletrônicos transformaram-se em elementos estratégicos do complexo
eletrônico, mas, se o Brasil não avançar na elaboração local de projetos de bens finais eletrônicos,
continuará dependente da importação desses insumos. O aumento do déficit comercial de componentes
reflete o fato de que a produção nacional ainda não conseguiu atingir uma escala de produção suficiente
para atender às necessidades do mercado brasileiro, e a tarefa de montagem final de produtos pouco
agrega ao seu valor.
Com o fim da reserva de mercado e a retomada das políticas industriais e tecnológicas na
primeira década dos anos 2000, foram introduzidos alguns benefícios que incentivaram a produção local.
O Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico na Indústria de Semicondutores, de 2007, por
exemplo, beneficiou diretamente o Rio Grande do Sul, ao viabilizar a instalação do Centro de Excelência
em Tecnologia Eletrônica Avançada.
O Estado conta, atualmente, com empresas que realizam algumas das etapas necessárias para a
fabricação de semicondutores: a HT Micron, no encapsulamento e teste de semicondutores, e a Ceitec,
na produção de circuitos integrados. Contudo, é importante salientar que, para poder superar o déficit
estrutural na balança comercial, todas as etapas da produção de semicondutores deveriam ser realizadas
no País, “[...] tendo em vista que a etapa de processamento físico-químico (hoje representada
principalmente pela chamada difusão) responde, seguramente, pela maior parcela de valor agregado”
(MELO; RIOS; GUTIERREZ, 2001, p. 51).
De qualquer modo, a posição do Rio Grande do Sul na produção nacional de componentes
eletrônicos é significativa, apesar da distância em relação à representatividade dos Estados de São Paulo
e do Amazonas. A tendência é que sua participação aumente quando a fábrica da HT Micron entre em
49
pleno funcionamento, entre 2015 e 2016, encapsulando 30 milhões de chips por mês. Percebe-se que há
um início de complementaridade entre algumas importantes empresas do Corede Metropolitano Delta do
Jacuí, como, por exemplo, entre a Teikon, a HT Micron e a Ceitec: a primeira, com a produção de
componentes para diversos fins; a Ceitec, fornecendo wafers; e a Micron, encapsulado semicondutores.
Por outro lado, a concentração, na região, de universidades, escolas técnicas e laboratórios de
testes, bem como a atuação das instituições financeiras de fomento e do próprio Governo, na sua política
industrial, criam um ambiente favorável ao desenvolvimento dessa indústria promissora. Todavia, ainda
há um longo caminho a ser trilhado para que as empresas do Corede Metropolitano possam competir em
pé de igualdade com as de padrão internacional.
Conforme foi apontado, a aglomeração de componentes eletrônicos encontra-se situada numa
das regiões mais desenvolvidas e industrializadas do Estado — maior PIB, terceiro PIB per capita, quarto
lugar na classificação do Idese, maior VAB industrial gaúcho —, além de contar com uma base
econômica bastante diversificada e com a maior rede de formação profissional e de ensino superior do
Estado. Isso significa não apenas o acesso à oferta de mão de obra mais qualificada, principal insumo
para a expansão de setores tecnológicos como o de componentes eletrônicos, mas também a presença
de um enorme potencial para a formação de redes interempresas atuantes em setores de suma
relevância, como os de bens de capital e bens finais de maior valor agregado.
Por fim, vale salientar que o escopo deste primeiro relatório foi apresentar um panorama da
aglomeração produtiva de componentes eletrônicos. Essa primeira contextualização se valeu de outras
pesquisas sobre o setor e da compilação de dados secundários da Região. A próxima etapa da pesquisa
prevê a aplicação de uma pesquisa de campo, no formato “grupo focal” modificado, que envolva as
dimensões institucional, tecnológica e da empresa, junto aos principais atores do setor. O objetivo é
chegar a um diagnóstico sobre a situação atual e fazer um levantamento dos gargalos enfrentados e das
ações a serem efetivadas para reduzir os obstáculos ao desenvolvimento da aglomeração.
Referências
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eletrônica em 2020: uma estratégia de desenvolvimento. 2010. Disponível em:
<http://www.abinee.org.br/programas/prog02.htm>. Acesso em: 13 maio. 2014.
50
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA ELÉTRICA E ELETRÔNICA. Desempenho setorial -
dados preliminares. 2014. Disponível em: <http://www.abinee.org.br/abinee/decon/decon15.htm>.
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51
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industriais-rs.pdf>. Acesso em: 11 dez. 2013.
52
Anexos
Quadro A.1
Categorias correspondentes da NCM 2012 e da CNAE 2.0 para fabricação de componentes eletrônicos
NCM 2012 DESCRIÇÃO NCM 2012 - 2610.8 CNAE 2.0
84735010 CIRCUITO IMPRESSO MONTADO UTIL.EM 2/MAIS DIF.MAQS. 2610.8
85235200 CARTÕES 2610.8
85340011 CIRCUITO IMPRESSO SIMPLES FACE RIG.C/ ISOLANTE RES.FENOL./PAPEL CELULOS 2610.8
85340012 CIRCUITO IMPRESSO SIMPLES FACE RIG.C/ ISOLANTE RES.EPOXI./PAPEL CELULOS 2610.8
85340013 CIRCUITO IMPRESSO SIMPLES FACE RIG.C/ ISOLANTE RES.EXPOX./TEC.FIB.VIDRO 2610.8
85340019 OUTROS CIRCUITOS IMPRESSOS SIMPLES FACE RÍGIDOS 2610.8
85340020 CIRCUITO IMPRESSO SIMPLES FACE FLEXÍVEIS 2610.8
85340031 CIRCUITO IMPRESSO DUPLA FACE RIG.C/ ISOLANTE RES.FENOL./PAPEL CELULOS 2610.8
85340032 CIRCUITO IMPRESSO DUPLA FACE RIG.C/ ISOLANTE RES.EPOXI./PAPEL CELULOS 2610.8
85340033 CIRCUITO IMPRESSO DUPLA FACE RIG.C/ ISOLANTE RES.EPOXI./TEC.FIB.VIDRO 2610.8
85340039 OUTROS CIRCUITOS IMPRESSOS DUBLA FACE RÍGIDOS 2610.8
85340040 CIRCUITO IMPRESSO DUPLA FACE FLEXÍVEIS 2610.8
85340051 CIRCUITO IMPRESSO MULTICAMADA C/ ISOLANTE RES.EPOXIDA/TEC FIBRA VIDRO 2610.8
85340059 OUTROS CIRCUITOS IMPRESSOS MULTICAMADA 2610.8
85369030 SOQUETES P/MICROESTRUTURAS ELETRÔNICAS, P/ TENSÃO<=1KV 2610.8
85369040 CONECTORES P/ CIRCUITO IMPRESSO, P/ TENSÃO<=1KV 2610.8
85401100 TUBOS CATÓDICOS P/RECEPT.DE TELEVISÃO A CORES, ETC. 2610.8
85401200 TUBOS CATÓDICOS P/RECEPT.TELEVISÃO EM PRETO/BRANCO, ETC. 2610.8
85402011 TUBOS P/CÂMERAS DE TELEVISÃO EM PRETO E BRANCO, ETC. 2610.8
85402019 OUTROS TUBOS P/CÂMERAS DE TELEVISÃO 2610.8
85402020 TUBOS CONVERSORES/INTENSIFICADORES IMAGENS,DE RAIOS X 2610.8
85402090 OUTS.TUBOS CONVERSORES/INTENSIFICADORES DE IMAGENS, ETC. 2610.8
85404000 TUBOS DE VISUALIZAÇÃO DE DADOS GRÁFICOS, EM MONOCROMOS; TUBOS DE VISUALIZAÇÃO DE DADOS GRÁFICOS, A CORES (POLICROMO), COM UMA TELA FOSFÓRICA DE ESPAÇAMENTO ENTRE OS PONTOS INFERIOR A 0,4 MM
2610.8
85406010 OUTS.TUBOS CATÓDICOS, DE VISUALIZ.DADOS GRAF.A CORES, ETC 2610.8
85406090 OUTROS TUBOS CATÓDICOS 2610.8
85407100 TUBOS P/MICRO-ONDAS, MAGNETRONS 2610.8
85407900 OUTROS TUBOS P/MICRO-ONDAS 2610.8
85408100 TUBOS DE RECEPÇÃO OU DE AMPLIFICAÇÃO 2610.8
85408910 VÁLVULAS DE POTÊNCIA P/ TRANSMISSORES 2610.8
85408990 OUTRAS LÂMPADAS, TUBOS E VÁLVULAS, ELETRÔNICOS, ETC. 2610.8
85409110 BOBINAS DE DEFLEXÃO (YOKES) P/ TUBOS CATÓDICOS 2610.8
85409120 NÚCLEOS DE PO FERROMAGNETICO P/BOBINAS DE DEFLEXÃO 2610.8
85409130 CANHÕES ELETRÔNICOS P/TUBOS CATÓDICOS 2610.8
85409140 PAINEL DE VIDRO, MASCARA, ETC.REUNIDOS, P/ TUBOS TRICROMAT. 2610.8
85409190 OUTROS PARTES P/TUBOS CATÓDICOS 2610.8
85409900 PARTES P/ LÂMPADAS,OUTS.TUBOS E VÁLVULAS, ELETRON. ETC. 2610.8
85411011 DIODOS NÃO MONTADOS,ZENER 2610.8
85411012 DIODOS NÃO MONTADOS,DE INTENSIDADE DE CORRENTE<=3A 2610.8
85411019 OUTROS DIODOS NÃO MONTADOS 2610.8
(continua)
53
Quadro A.1
Categorias correspondentes da NCM 2012 e da CNAE 2.0 para fabricação de componentes eletrônicos
85411021 DIODOS MONTADOS P/ MONTAG.SUPERF.ZENER 2610.8
85411022 DIODOS MONTADOS P/ MONTAG.SUPERF.INTENSID. CORRENTE<=3A 2610.8
85411029 OUTROS DIODOS MONTADOS P/ MONTAG.EM SUPERFÍCIE 2610.8
85411091 OUTROS DIODOS ZENER 2610.8
85411092 OUTROS DIODOS DE INTENSIDADE DE CORRENTE<=3A 2610.8
85411099 OUTROS DIODOS EXC.FOTODIODOS E DIODOS EMISSORES DE LUZ 2610.8
85412110 TRANSISTORES C/ CAP.DISSIP.<1W, NÃO MONTADOS 2610.8
85412120 TRANSISTORES C/ CAP.DISSIP.<1W, MONTADOS, P/ MONTAG.SUPERF. 2610.8
85412191 OUTS.TRANSISTORES C/ CAP.DISSIP.<1W, EXC. FOTOTRANSISTORES, de efeito de campo, c/ junção heterogênea (HJFET ou HEMT) 2610.8
85412199 OUTS.TRANSISTORES C/ CAP.DISSIP.<1W, EXC.FOTOTRANSISTORES 2610.8
85412910 OUTS.TRANSISTORES, NÃO MONTADOS, EXC.FOTOTRANSISTORES 2610.8
85412920 OUTROS TRANSISTORES, MONTADOS, EXC. FOTOTRANSISTORES 2610.8
85413011 TIRISTORES,"DIACS", ETC.N/MONTADOS, INTENSID.CORRENTE<=3A 2610.8
85413019 OUTROS TIRISTORES,"DIACS","TRIACS", N/MONTADOS 2610.8
85413021 TIRISTORES,"DIACS", ETC.MONTADOS, INTENSID.CORRENTE<=3A 2610.8
85413029 OUTROS TIRISTORES,"DIACS","TRIACS", MONTADOS 2610.8
85414011 DIODOS EMISSORES DE LUZ (LED) N/MONTADOS, EXC."LASER" 2610.8
85414012 DIODOS "LASER" NÃO MONTADOS 2610.8
85414013 FOTODIODOS NÃO MONTADOS 2610.8
85414014 FOTOTRANSITORES NÃO MONTADOS 2610.8
85414015 FOTOTIRISTORES NÃO MONTADOS 2610.8
85414016 CELULAS SOLARES NÃO MONTADAS 2610.8
85414019 OUTS.DISPOSITIVOS FOTOSSENSIVEIS SEMICONDUT. N/MONTADOS 2610.8
85414021 DIODOS EMISSORES DE LUZ (LED) MONTADOS, EXC."LASER" 2610.8
85414022 OUTROS DIODOS EMISSORES DE LUZ (LED) MONTADOS, EXC."LASER" 2610.8
85414023 DIODOD "LASER" C/ COMPRIMENTO DE ONDA DE 1300NMM OU 1500NM 2610.8
85414024 OUTROS DIODOS "LASER" 2610.8
85414025 FOTODIODOS, FOTOTRANSISTORES E FOTOTIRISTORES MONTADOS 2610.8
85414026 FOTORRESISTORES MONTADOS 2610.8
85414027 ACOPLADORES ÓTICOS MONTADOS 2610.8
85414029 OUTS.DISPOSITIVOS FOTOSSENSIVEIS SEMICONDUT.MONTADOS 2610.8
85414031 FOTODIODOS EM MODULOS OU PAINEIS 2610.8
85414032 CELULAS SOLARES EM MODULOS OU PAINEIS 2610.8
85414039 OUTROS CELULAS FOTOVOLTAICAS EM MODULOS OU PAINEIS 2610.8
85415010 OUTROS DISPOSITIVOS SEMICONDUTORES NÃO MONTADOS 2610.8
85415020 OUTROS DISPOSITIVOS SEMICONDUTORES MONTADOS 2610.8
85416010 CRISTAIS PIEZOELETR.MONTADOS,DE QUARTZO, 1<=FREQ<=100MHZ 2610.8
85416090 OUTROS CRISTAIS PIEZOELETRICOS MONTADOS 2610.8
85419010 SUPORTE-CONECTOR EM TIRAS,DIODOS, ETC. SEMICONDUTORES 2610.8
85419020 COBERTURAS P/ ENCAPSULAMENTO (CAPSULAS) 2610.8
85419090 OUTS.PARTES DE DIODOS, TRANSISTORES, ETC. SEMICONDUTORES 2610.8
85423110 CIRCUITOS INTEGRADOS ELETRÔNICOS: PROCESSADORES E CONTROLADORES, MESMO COMBINADOS COM MEMÓRIAS, CONVERSORES, CIRCUITOS LÓGICOS, AMPLIFICADORES, CIRCUITOS TEMPORIZADORES E DE SINCRONIZAÇÃO, OU OUTROS CIRCUITOS, NÃO MONTADOS
2610.8
(continua)
54
Quadro A.1
Categorias correspondentes da NCM 2012 e da CNAE 2.0 para fabricação de componentes eletrônicos
85423120 CIRCUITOS INTEGRADOS ELETRÔNICOS: PROCESSADORES E CONTROLADORES, MESMO COMBINADOS COM MEMÓRIAS, CONVERSORES, CIRCUITOS LÓGICOS, AMPLIFICADORES, CIRCUITOS TEMPORIZADORES E DE SINCRONIZAÇÃO, OU OUTROS CIRCUITOS, MONTADOS, PRÓPRIOS PARA MONTAGEM EM SUPERFÍCIE
2610.8
85423190 OUTROS MICROCONTROLADORES MONTADOS 2610.8
85423210 MEMÓRIAS NÃO MONTADAS 2610.8
85423221 MEMÓRIAS MONTADOS, P/ MONTAGEM EM SUPERFÍCIE DOS TIPOS RAM ESTÁTICAS (SRAM) COM TEMPO DE ACESSO INFERIOR OU IGUAL A 25NS, EPROM, EEPROM, PROM, ROM e FLASH
2610.8
85423229 OUTRAS MEMÓRIAS 2610.8
85423291 OUTS.MEMÓRIAS DOS TIPOS RAM ESTÁTICAS (SRAM) COM TEMPO DE ACESSO INFERIOR OU IGUAL A 25NS, EPROM, EEPROM, PROM, ROM e FLASH
2610.8
85423299 OUTRAS MEMÓRIAS 2610.8
85423311 AMPLIFICADORES INTEGRADO HIBRIDO, ESPESSURA DE CAMADA<=1MICRON C/ FREQUENCIA DE OPERAÇÃO >= 800 MHz 2610.8
85423319 OUTROS AMPLIFICADORES HIBRIDOS 2610.8
85423320 OUTROS AMPLIFICADORES NÃO MONTADOS 2610.8
85423390 OUTROS AMPLIFICADORES 2610.8
85423911 OUTROS CIRCUITOS INTEGRADOS HIBRIDOS DE ESPESSURA DE CAMADA INFERIOR OU IGUAL A 1 MICRÔMETRO (MÍCRON) COM FREQÜÊNCIA DE OPERAÇÃO SUPERIOR OU IGUAL A 800MHZ
2610.8
85423919 OUTROS CIRCUITOS INTEGR.HIBRIDOS 2610.8
85423920 OUTROS CIRCUITOS INTEGR.NÃO MONTADOS 2610.8
85423931 OUTROS CIRCUITOS INTEGR.MONTADOS DO TIPO "CHIP-SET" 2610.8
85423939 OUTROS CIRCUITOS INTEGRADOS MONTADOS 2610.8
85423991 OUTS.CIRCUITOS INTEGRADOS DO TIPO "CHIP-SET" 2610.8
85423999 OUTS.CIRCUITOS INTEGRADOS 2610.8
85429010 SUPORTE-CONECTOR EM TIRAS, P/ CIRCUITO INTEGR.ETC.ELETRON 2610.8
85429020 COBERTURAS P/ ENCAPSULAMENTO, P/ CIRCUITO INTEGR.ELETRON. 2610.8
85429090 OUTS.PARTES P/ CIRCUITO INTEGR.E MICROCONJ.ELETRON. 2610.8