A Aglomeracao Urbana Da Soja_dissertacao Cleverson
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CLEVERSON ALEXSANDER REOLON
A AGLOMERAO URBANA DA SOJA: CASCAVEL E TOLEDO NO CONTEXTO DA METROPOLIZAO
NA MESORREGIO OESTE PARANAENSE
TOLEDO 2007
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CLEVERSON ALEXSANDER REOLON
A AGLOMERAO URBANA DA SOJA: CASCAVEL E TOLEDO NO CONTEXTO DA METROPOLIZAO
NA MESORREGIO OESTE PARANAENSE
Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Desenvolvimento Regional e Agronegcio da Universidade Estadual do Oeste do Paran, como requisito parcial obteno do Ttulo de Mestre, sob a orientao do Prof. Dr. Edson Belo Clemente de Souza.
TOLEDO 2007
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Catalogao na Publicao elaborada pela Biblioteca Universitria UNIOESTE/Campus de Toledo Bibliotecria: Marilene de Ftima Donadel CRB 9/924
Reolon, Cleverson Alexsander R424a A aglomerao urbana da soja: Cascavel e Toledo no
contexto da metropolizao na mesorregio oeste paranaense / Cleverson Alexsander Reolon Toledo, PR: [s. n.], 2007.
244 f.
Orientador: Dr. Edson Belo Clemente de Souza Dissertao (Mestrado em Desenvolvimento Regional e
Agronegcio) Universidade Estadual do Oeste do Paran. Campus de Toledo. Centro de Cincias Sociais Aplicadas
1. Geografia regional 2. Geografia urbana 3. Poltica urbana
Paran Mesorregio Oeste 4. Desenvolvimento regional 5. reas metropolitanas 6. Aglomerao urbana 7. Planejamento territorial urbano 8. Metropolizao 9. Cidades mdias 10. Aglomerao urbana da soja I.T
CDD 20. ed. 918.162 711.4098162 307.763
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CLEVERSON ALEXSANDER REOLON
A AGLOMERAO URBANA DA SOJA: CASCAVEL E TOLEDO NO CONTEXTO DA METROPOLIZAO NA MESORREGIO OESTE PARANAENSE
Dissertao aprovada, como requisito parcial para obteno do Grau de Mestre no Curso de Desenvolvimento Regional e Agronegcio, do Centro de Cincias Sociais Aplicadas, da Universidade Estadual do Oeste do Paran (UNIOESTE), campus de Toledo, pela seguinte banca examinadora:
(Orientador) Prof. Dr. Edson Belo Clemente de Souza UNIOESTE, campus de Toledo
Prof. Dr. Maria Encarnao Beltro Sposito Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Cincias e Tecnologia, campus de
Presidente Prudente
Prof. Dr. Jefferson Andronio Ramundo Staduto UNIOESTE, campus de Toledo
Toledo, 07 de maro de 2007
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Aos meus pais, Lucila e Nadir, e minha namorada, Marcia, que,
com apoio, incentivo, carinho e compreenso me inspiraram e
contriburam para a realizao deste projeto.
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AGRADECIMENTOS
A Deus, pela plena capacidade fsica e mental para a realizao
deste projeto.
Ao professor Dr. Edson Belo Clemente de Souza, pela ateno,
apoio e incentivo durante o processo de orientao.
Aos meus familiares, em especial, meus pais, Nadir Egidio Reolon e
Lucila Brustolin Reolon, no apenas pelo apoio moral, como tambm financeiro.
minha namorada, Marcia Cristina Hickmann com quem pude
compartilhar muitas angstias , pela pacincia em relao aos atrasos em
compromissos e tambm pela reviso prvia dos textos.
Aos meus colegas, pela amizade e contribuio aos debates e
definio dos compromissos com o programa de mestrado.
Enfim, a todos aqueles que, de alguma forma, contriburam e
tornaram possvel a realizao desta pesquisa. Dentre estas pessoas, gostaria de
citar algumas: Rosa Moura, do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econmico
e Social (IPARDES), pelo incentivo e auxlio no incio e decorrer da pesquisa; Olga
Lcia Castreghini de Freitas Firkowski, da Universidade Federal do Paran (UFPR),
pelas sugestes de pesquisa; Srgio Bonatto Cardoso e Newton Merlin, em nome do
Departamento de Estradas de Rodagem do Paran (DER/PR); Vanessa Alberge, do
DER/PR, pela pacincia que teve em atender vrias solicitaes; Jlio A. Bozza,
pela considerao e boa vontade com que nos recebeu e auxiliou nos momentos de
dvida, em nome da Princesa dos Campos; Assis Gurgacz e demais funcionrios da
Empresa Unio Cascavel de Transporte e Turismo (EUCATUR) e tambm da
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Empresa de Transportes Coletivos Toledo (TRANSTOL); Marley Vanice Deschamps,
em nome do Ipardes; Luis Carlos Garcia e demais servidores da agncia do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) de Toledo; Lus Alceu Paganotto e Yara
Arajo Siqueira Ceccatto, da agncia do IBGE de Curitiba, pela presteza; Maria Elisa
Battisti, assessora do deputado estadual Elton Welter, pela solicitude; Flaviana
Gasparotti Nunes, professora adjunta da Universidade Federal da Grande Dourados
(UFGD); Joo Edmlson Fabrini, professor efetivo da Universidade Estadual do
Oeste do Paran (UNIOESTE), campus de Marechal Cndido Rondon; Gerte Ceclia
Filipetto, Luiz Renato Zeni da Rocha, Expedito Piranha e Enio Brustolin, da
Prefeitura de Toledo; Nilceu Jacob Deitos, professor titular da Unioeste; Clarice,
secretria da coordenadoria do Programa de Ps-graduao em Desenvolvimento
Regional e Agronegcio da Unioeste, campus de Toledo; Marilene de Ftima, em
nome de todos os servidores da biblioteca da Unioeste, campus de Toledo.
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Mohammed Ashraf no vai escola.
Desde que o sol sai at que a lua aparea, ele corta, recorta,
perfura, arma e costura bolas de futebol, que saem rodando da
aldeia paquistanesa de Umar Kot para os estdios do mundo.
Mohammed tem onze anos. Faz isso desde os cinco.
Se soubesse ler, e ler em ingls, poderia entender a inscrio
que ele prega em cada uma de suas obras: Esta bola no foi
fabricada por crianas.
Eduardo Galeano, em De pernas
pro ar: a escola do mundo ao avesso, de 1999
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REOLON, Cleverson Alexsander. A aglomerao urbana da soja: Cascavel e Toledo no contexto da metropolizao na Mesorregio Oeste Paranaense. 2007. Dissertao (Mestrado em Desenvolvimento Regional e Agronegcio) Universidade Estadual do Oeste do Paran (UNIOESTE), campus de Toledo.
RESUMO
O objetivo desta dissertao analisar a relao entre o processo de metropolizao e a criao de unidades regionais no Brasil. Os elementos que motivaram a pesquisa foram os resultados do estudo Caracterizao e Tendncias da Rede Urbana do Brasil, que determinou a existncia e a espacialidade de uma aglomerao urbana composta, basicamente, por Cascavel, Toledo e Santa Tereza do Oeste, na Mesorregio Oeste Paranaense, e a apresentao, Assemblia Legislativa do Paran, dos projetos de lei complementar n. 110 de 2003 e 235 de 2003, que visavam a instituio de unidades regionais polarizadas, respectivamente, por Cascavel e Toledo, duas cidades mdias contguas. Em virtude da generalizao de Caracterizao e Tendncias da Rede Urbana do Brasil, decidiu-se aprofundar tal pesquisa, utilizando-se novos elementos para caracterizar a existncia e mapear a espacialidade de aglomeraes urbanas, como dados e informaes referentes ao transporte coletivo intermunicipal e dados do Censo Demogrfico de 2000, mensurando-se os movimentos pendulares exercidos pela populao. Dessa forma, apontou-se a existncia de pelo menos uma aglomerao urbana na Mesorregio Oeste Paranaense, a aglomerao urbana da soja, composta por dois ncleos, ou seja, bipolarizada por Cascavel e Toledo, agregando, ainda, em se tratando dos distritos, Corblia, Ouro Verde do Oeste, Santa Tereza do Oeste e Sede Alvorada, com reas de expanso configuradas por Cafelndia, Ibema, Marechal Cndido Rondon, Quatro Pontes, Rio do Salto, So Jos das Palmeiras, So Pedro do Iguau e Vera Cruz do Oeste. Tendo em vista as caractersticas da reestruturao socioespacial no Brasil, pode-se dizer que as problemticas metropolitanas da aglomerao urbana da soja tendem a se aprofundar, ampliando-se, assim, os nveis de complementaridade entre os distritos que a compem e, em corolrio, a complexidade da rede urbana regional. Portanto, existe um processo de metropolizao entre Cascavel, Toledo e cidades adjacentes. Como resultado, pode-se assegurar que o processo de metropolizao se encontra bastante afastado da arena parlamentar. Paralelamente, tambm se pode afirmar que a institucionalizao de unidades regionais est repleta de interesses corporativos e poltico-partidrios.
Palavras-chave: metropolizao; instituio de unidades regionais; aglomerao urbana; aglomerao urbana da soja; cidades mdias metropolitanas.
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REOLON, Cleverson Alexsander. The urban agglomeration of soy bean: Cascavel and Toledo in the context of the metropolization in the West Region of Paran. 2007. Dissertation (Masters degree in Regional Development and Agribusiness) State University of the West of Paran (UNIOESTE), campus of Toledo.
ABSTRACT
The objective of this dissertation is to analyze the relationship between the metropolization process and the institution of metropolitan areas in Brazil. The elements that motivated the research were the results of Caracterizao e Tendncias da Rede Urbana do Brasil study, that determinated the existence and the spatiality of an urban agglomeration formed, basically, by Cascavel, Toledo and Santa Tereza do Oeste, situated in the West Region of Paran State, and the presentation to the Legislative Assembly of Paran of the complementary law projects n. 110 of 2003 and 235 of 2003, that aimed to institute the metropolitan regions of Cascavel and Toledo, respectively. Its important to say that Cascavel and Toledo are two contiguous intermediate-sized cities. Because of the generalization of Caracterizao e Tendncias da Rede Urbana do Brasil study we decided to turn the researches deeper using new elements to mark the existence and the spatiality of the urban agglomerations, like statistics and information that refers to the inter-districtal public transportation service and the Census of 2000, to measure the commuting. This way, we indicated the existence at least of one urban agglomeration in the West Region of Paran, the urban agglomeration of soy bean, which has two central cities, Cascavel and Toledo, and it is also consisting by Corblia, Ouro Verde do Oeste, Santa Tereza do Oeste and Sede Alvorada, with expansion areas configuring by Cafelndia, Ibema, Marechal Cndido Rondon, Quatro Pontes, Rio do Salto, So Jos das Palmeiras, So Pedro do Iguau and Vera Cruz do Oeste municipal districts. Bearing in mind the characteristics of the social and spatial restructuring in Brazil, we can say that the metropolitan problems of the urban agglomeration of soy bean tend to get deeper, enlarging the integration levels of social and economic aspects among its districts and, consequently, the complexity of the regional urban network. Therefore, exists a metropolization process among Cascavel, Toledo and the adjacent cities. As a conclusion, we can assure that the metropolization process is quite away from the political scene. In parallel, we also can say that the institution of metropolitan areas is full of corporatism and political-party interests.
Key-words: metropolization; the institution of metropolitan areas; urban agglomeration; urban agglomeration of soy bean; metropolitan intermediate-sized cities.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Localizao da rea de estudo .......................................................23
Figura 2 Unidades regionais institudas no Brasil, conforme o ano de
criao (2006) .................................................................................53
Figura 3 Aglomerao urbana de Cascavel, na Mesorregio Oeste
Paranaense, segundo Caracterizao e Tendncias da Rede
Urbana do Brasil (2001) ..................................................................60
Figura 4 Regies metropolitanas de Cascavel e Toledo, na Mesorregio
Oeste Paranaense, conforme os projetos de lei complementar n.
110 e 235 de 2003 ..........................................................................61
Figura 5 Regio Metropolitana de Cascavel, na Mesorregio Oeste
Paranaense, conforme o projeto de lei complementar n. 03 de
2007................................................................................................66
Figura 6 Regio Integrada de Desenvolvimento do Extremo Oeste do
Paran, na Mesorregio Oeste Paranaense, conforme a emenda
substitutiva geral apresentada ao projeto de lei complementar n.
03 de 2007 ......................................................................................70
Figura 7 Urbanizao dos municpios da Mesorregio Oeste Paranaense
(1960-2000) ....................................................................................101
Figura 8 Composio do Valor Adicionado Fiscal (VAF) dos municpios da
Mesorregio Oeste Paranaense (2002) ..........................................106
Figura 9 Rendimento mensal mdio e mediano dos municpios da
Mesorregio Oeste Paranaense (2000) ..........................................117
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Figura 10 Taxas geomtricas de crescimento da populao urbana e total
dos municpios da Mesorregio Oeste Paranaense (1991-2000) ...125
Figura 11 Densidade demogrfica dos distritos da Mesorregio Oeste
Paranaense (2000) .........................................................................128
Figura 12 reas perimetrais, representando anis constitudos a cada 15
quilmetros em torno das reas urbanas de Cascavel e Toledo
(2000)..............................................................................................130
Figura 13 Anis de densidade populacional configurados pelos distritos e
municpios da Mesorregio Oeste Paranaense (2000) ...................132
Figura 14 Populao Economicamente Ativa (PEA) urbana dos distritos da
Mesorregio Oeste Paranaense (2000) ..........................................134
Figura 15 Fragmento do questionrio do Censo Demogrfico de 2000,
equacionado pelo IBGE ..................................................................136
Figura 16 Deslocamento para trabalho e/ou estudo, segundo a origem dos
fluxos, conforme os municpios da Mesorregio Oeste
Paranaense (2000) .........................................................................140
Figura 17 Deslocamento para trabalho e/ou estudo, segundo a origem e
destino dos fluxos, conforme os municpios da Mesorregio Oeste
Paranaense (2000) .........................................................................141
Figura 18 Itinerrio dos nibus intermunicipais na Mesorregio Oeste
Paranaense (2006) .........................................................................145
Figura 19 Origem das pessoas que utilizam o transporte coletivo
intermunicipal, conforme a mdia diria, segundo os distritos da
Mesorregio Oeste Paranaense (2006) ..........................................148
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Figura 20 Destino das pessoas que utilizam o transporte coletivo
intermunicipal, conforme a mdia diria, segundo os distritos da
Mesorregio Oeste Paranaense (2006) ..........................................149
Figura 21 Origem das pessoas que utilizam o transporte coletivo
intermunicipal, segundo os distritos da Mesorregio Oeste
Paranaense, considerando-se a relao entre a mdia diria dos
dias teis (DU) e dos finais de semana e feriados (FSF) (2006) ....151
Figura 22 Destino das pessoas que utilizam o transporte coletivo
intermunicipal, segundo os distritos da Mesorregio Oeste
Paranaense, considerando-se a relao entre a mdia diria dos
dias teis (DU) e dos finais de semana e feriados (FSF) (2006) ....152
Figura 23 Pares de distritos da Mesorregio Oeste Paranaense com fluxo
dirio de pessoas, no mbito do transporte coletivo
intermunicipal, acima da mdia registrada em todos os dias
analisados (51) e tambm nos dias teis (53) (2006) .....................154
Figura 24 Maiores fluxos de pessoas entre distritos da Mesorregio Oeste
Paranaense, no mbito do transporte coletivo intermunicipal,
conforme a mdia diria dos dias teis (DU) e finais de semana e
feriados (FSF) (2006)......................................................................155
Figura 25 A aglomerao urbana da soja e reas de expanso, conforme
os distritos e municpios da Mesorregio Oeste Paranaense
(2006)..............................................................................................164
Figura 26 Estabelecimentos da indstria de transformao participao
municipal sobre o total do Paran (1995 e 2004) e diferena
porcentual de participao entre 1995 e 2004 ................................178
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Figura 27 Estabelecimentos de sedes de empresas e unidades
administrativas locais mais as holdings participao municipal
sobre o total do Paran (1995 e 2004) e diferena porcentual de
participao entre 1995 e 2004.......................................................181
Figura 28 Aspectos da infra-estrutura de transporte da aglomerao urbana
da soja, com destaque BR-467 e reas projetadas
implantao do aeroporto regional..................................................192
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LISTA DE GRFICOS
Grfico 1 Fluxo mdio de pessoas que utilizam o transporte coletivo
intermunicipal nos dias teis, entre os distritos da Mesorregio
Oeste Paranaense selecionados, conforme a origem e destino
dos fluxos e horrios de sada dos nibus (2006)...........................157
Grfico 2 Fluxo mdio de pessoas que utilizam o transporte coletivo
intermunicipal nos dias teis, entre os distritos da Mesorregio
Oeste Paranaense selecionados, conforme a origem e destino
dos fluxos e horrios de sada dos nibus (2006)...........................159
Grfico 3 Fluxo mdio de pessoas que utilizam o transporte coletivo
intermunicipal nos dias teis, entre os distritos da Mesorregio
Oeste Paranaense selecionados, conforme a origem e destino
dos fluxos e horrios de sada dos nibus (2006)...........................160
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Aspectos socioeconmicos, demogrficos e territoriais da
aglomerao urbana da soja e de sua rea de expanso em
relao a outros nveis territoriais (2000) ........................................166
Tabela 2 Aspectos econmicos da aglomerao urbana da soja e de sua
rea de expanso em relao a outros nveis territoriais (2002) ....167
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LISTA DE APNDICES
Apndice A Municpios da Mesorregio Oeste Paranaense (2000) ...................211
Apndice B Distritos da Mesorregio Oeste Paranaense (2001) .......................212
Apndice C Principais plos mesorregionais do Paran (2007).........................213
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LISTA DE ANEXOS
Anexo A Projeto de Lei Complementar n. 110 de 2003.................................215
Anexo B Projeto de Lei Complementar n. 235 de 2003.................................219
Anexo C Projeto de Lei Complementar n. 231 de 2003.................................223
Anexo D Proposio de Veto ao Projeto de Lei Complementar n. 110 de
2003................................................................................................227
Anexo E Mensagem n. 002 de 2007 .............................................................233
Anexo F Projeto de Lei Complementar n. 03 de 2007...................................236
Anexo G Substitutivo geral ao Projeto de Lei Complementar n. 03 de 2007 .239
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AMOP Associao dos Municpios do Oeste do Paran
APL Arranjo Produtivo Local
BNH Banco Nacional de Habitao
CCJ Comisso de Constituio e Justia
CEFET Centro Federal de Educao Tecnolgica do Paran
CNAE Classificao Nacional de Atividades Econmicas
CNPU Comisso Nacional de Regies Metropolitanas e Poltica Urbana
CONCLA Comisso Nacional de Classificao
CT&I Cincia, tecnologia e inovao
DER Departamento de Estradas de Rodagem
DER/PR Departamento de Estradas de Rodagem do Paran
DU Dias teis
FERROESTE Estrada de Ferro Paran Oeste S.A.
FSF Finais de semana e feriados
FUNDEMARC Fundao para o Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico de
Marechal Cndido Rondon
FUNDETEC Parque Tecnolgico Industrial do Oeste e a Fundao para o
Desenvolvimento Tecnolgico
FUNTEC Fundao para o Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico de
Toledo
GAM Grupo de reas Metropolitanas
GEGRAM Grupo Executivo da Grande So Paulo
GERM Grupo Executivo da Regio Metropolitana de Porto Alegre
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IAPAR Instituto Agronmico do Paran
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica
IPARDES Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econmico e Social
Km2 Quilmetros quadrados
MARIP Madeireira Colonizadora Rio Paran
MASTRO Movimento dos Agricultores Sem Terra do Oeste do Paran
MERCOSUL Mercado Comum do Sul
MST Movimento dos Sem Terra
PCPM Programa para as Cidades de Porte Mdio
PCPM/BIRD Programa para as Cidades de Porte Mdio Mundial
PDU Poltica de Desenvolvimento Urbano e Regional para o Estado do
Paran
PEA Populao Economicamente Ativa
PIB Produto Interno Bruto
PND Plano Nacional de Desenvolvimento
PRDE Plano Regional de Desenvolvimento Estratgico
RAIS Relao Anual de Informaes Sociais
REGIC Regio de Influncia das Cidades
SEFHAU Sistema Federal de Habitao
SIG Sistema de Informaes Geogrficas
UFPR Universidade Federal do Paran
UNIOESTE Universidade Estadual do Oeste do Paran
URBE-2 Macrozona de Urbanizao Especfica
UTFPR Universidade Tecnolgica Federal do Paran
VAF Valor Adicionado Fiscal
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SUMRIO
INTRODUO.........................................................................................................21
1. AGLOMERAES URBANAS E UNIDADES REGIONAIS: TEORIA E
PRTICA METROPOLITANA.............................................................................32
1.1 METROPOLIZAO E AGLOMERAES URBANAS: DEFININDO CONCEITOS ..................35
1.2 A INSTITUCIONALIZAO DE UNIDADES REGIONAIS NO BRASIL..................................45
1.2.1 A INSTITUCIONALIZAO DE UNIDADES REGIONAIS NA MESORREGIO OESTE
PARANAENSE.....................................................................................................57
2. MESORREGIO OESTE PARANAENSE: DO SERTO PARANAENSE
INTEGRAO REGIONAL E NACIONAL ATRAVS DO SISTEMA DE
CIDADES ............................................................................................................73
2.1 A MARCHA PARA O OESTE E O PAPEL DAS COMPANHIAS COLONIZADORAS NA
OCUPAO DA MESORREGIO OESTE PARANAENSE...............................................74
2.2 O MEIO RURAL E O DESENVOLVIMENTO URBANO: INTEGRAO E ESTRUTURAO
ESPACIAL DA MESORREGIO OESTE PARANAENSE (1960-2000).............................85
3. A AGLOMERAO URBANA DA SOJA: LIMIARES E LIMITES.......................119
3.1 CARACTERSTICAS DEMOGRFICAS E DE ESTRUTURA OCUPACIONAL DOS MUNICPIOS
E/OU DISTRITOS DA MESORREGIO OESTE PARANAENSE ........................................123
3.1.1 A TAXA DE CRESCIMENTO POPULACIONAL.............................................................124
3.1.2 A DENSIDADE DEMOGRFICA...............................................................................127
3.1.3 A POPULAO ECONOMICAMENTE ATIVA URBANA..................................................133
3.2 CARACTERSTICAS DE INTEGRAO DOS MUNICPIOS E DISTRITOS DA MESORREGIO
OESTE PARANAENSE ...........................................................................................134
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3.2.1 O DESLOCAMENTO PARA TRABALHO E/OU ESTUDO, SEGUNDO OS DADOS DO CENSO
DEMOGRFICO DE 2000 .....................................................................................139
3.2.2 AS INFORMAES E ESTATSTICAS INERENTES AO TRANSPORTE COLETIVO
INTERMUNICIPAL ................................................................................................144
3.3 O FENMENO METROPOLITANO NA MESORREGIO OESTE PARANAENSE..................162
4. A REESTRUTURAO PRODUTIVA E SEUS REFLEXOS SOBRE A
METROPOLIZAO NO ESTADO DO PARAN...............................................169
4.1 A REESTRUTURAO PRODUTIVA ..........................................................................170
4.2 A DINMICA DAS ESTRATGIAS ESPACIAIS DE AO IMPLEMENTADAS NO PARAN......177
4.3 A REESTRUTURAO PRODUTIVA E O ARRANJO TERRITORIAL PARANAENSE...............183
CONSIDERAES FINAIS .....................................................................................188
REFERNCIAS........................................................................................................194
APNDICES ............................................................................................................210
ANEXOS ..................................................................................................................214
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INTRODUO
O objetivo deste trabalho analisar a relao entre o processo de
metropolizao e a criao de unidades regionais no Brasil, especialmente no caso
da Mesorregio Oeste Paranaense, partindo-se do pressuposto de que a instituio
de uma unidade regional deveria ser motivada pelo processo de metropolizao1.
Os agentes polticos, ora legislando em causa prpria, ora tomando
decises sem conhecimento de causa, nem sempre sugerem as melhores solues
s problemticas urbano-regionais da sociedade. E isso tem sido particularmente
verdadeiro para o Brasil, onde os estudos sobre os processos de urbanizao e
metropolizao tm privilegiado os grandes centros populacionais, pouco abordando
as aglomeraes de porte mdio, especialmente aquelas localizadas no interior do
pas. A possvel soluo do conjunto de problemas mencionado s pode advir com o
conhecimento e entendimento dos fatores peculiares que os engendram.
Nesse sentido, a srie Caracterizao e Tendncias da Rede
Urbana do Brasil se tornou obra de leitura obrigatria para os planejadores e para
aqueles que estudam os fenmenos urbano-regionais. Nela esto bem definidos os
sistemas de cidades, dispostos de acordo com a hierarquia dos centros. Tambm
foram determinadas as espacialidades das aglomeraes urbanas do pas,
mostrando-se serem presididas, via de regra, por centros que compem os ns da
rede urbana nacional. Porm, trata-se de um estudo bastante geral, que pouco se
atm a aspectos particulares de cada regio como normalmente ocorre em tais
casos. 1 O termo unidade regional em questo faz referncia s regies administrativas cujas instituies
esto previstas na Constituio Federal de 1988 e que possuem como objetivo o equacionamento das funes pblicas de interesse comum; seriam elas: as regies integradas de desenvolvimento, as regies metropolitanas, as aglomeraes urbanas e as microrregies.
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22
A equipe tcnica responsvel pela reviso do estudo Regio de
Influncia das Cidades (REGIC) que corresponde fundamentao bsica ao
equacionamento de Caracterizao e Tendncias da Rede Urbana do Brasil j
alertava que a nova pesquisa atualizaria os dados de 1987, apontando as novas
relaes e hierarquia dos centros urbanos brasileiros e suas reas de influncia,
todavia, para se entender a complexa realidade dos sistemas urbanos, tambm
informava a necessidade de realizao de pesquisas complementares de
aprofundamento a serem desenvolvidas em menores escalas geogrficas (IBGE,
1993, p. 179).
Alm da generalizao, Caracterizao e Tendncias da Rede
Urbana do Brasil tambm est baseado em dados da contagem da populao,
realizada em 1996, cujos valores apresentam indcios de distoro em diversos
casos. Dessa maneira, o referido estudo aguarda as contribuies cabveis, mas,
mesmo assim, merece muitos mritos, dentre eles o fato de suscitar diversas
questes aos planejadores e pesquisadores de diversos ramos da cincia.
Foi justamente Caracterizao (2001), levando-se em considerao
a existncia dos projetos de lei complementar n. 110 e 235 de 2003, que motivou a
realizao desta pesquisa.
Os respectivos projetos versam sobre a instituio das regies
metropolitanas de Cascavel e Toledo, dois municpios de porte mdio quanto ao
tamanho populacional, com, respectivamente, 284.083 e 107.033 habitantes,
segundo as estimativas do IBGE (2006e). Cascavel e Toledo esto situados na
Mesorregio Oeste Paranaense, cuja rea representa a parte que cabe ao territrio
brasileiro na trplice fronteira: Brasil Argentina Paraguai (Figura 1).
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23
Figura 1 Localizao da rea de estudo
BASE CARTOGRFICA: IBGE (2003a); ELABORAO: REOLON, Cleverson A.
Caracterizao (2001) aponta o municpio de Cascavel como um
plo regional de desenvolvimento, com centralidade de nvel forte, e Toledo como
centro regional secundrio, com nvel de centralidade mdio. Estes municpios, em
contigidade com Santa Tereza do Oeste, so identificados como uma aglomerao
urbana. O estudo tambm aponta anis de intenso crescimento populacional
configurados por Cafelndia, Corblia e Ibema, alm de vetores de expanso
definidos na direo de Marechal Cndido Rondon. Portanto, haveria um processo
de desenvolvimento convergente entre os municpios citados.
Suscita, dessa forma, a seguinte questo: por que instituir as regies
metropolitanas de Cascavel e Toledo se as relaes intermunicipais, estabelecidas
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24
entre ambos, parecem, a cada dia, assumir maiores nveis de articulao e, em
corolrio, complexidade?
Estudos preliminares, baseados em Reolon (2004), revelaram que,
no ms de agosto de 2004, 20.357 passageiros com origem em Cascavel e destino
a Toledo utilizaram o servio de transporte coletivo intermunicipal2, ao passo que, no
trajeto contrrio, ou seja, com origem em Toledo e destino a Cascavel, foram 20.763
pessoas. Douglas de Oliveira Selis3, em entrevista concedida a Reolon (2004),
afirmou que tanto o consumo de bens ou servios prestados quanto a prtica de
lazer ou, ainda, o exerccio de trabalho ou estudo aparenta configurar as causas dos
movimentos pendulares existentes entre tais municpios, sugerindo que no apenas
os fatores de ordem socioeconmica contribuem para a dinamizao do fluxo
regional de passageiros, mas tambm os fatores de ordem cultural. Sendo assim, o
entendimento da dinmica populacional da Mesorregio Oeste Paranaense
demanda sua contextualizao histrica.
Convm ressaltar, conforme o Ipardes (2003a, p. 107), que a
duplicao da rodovia BR-467, que liga Cascavel a Toledo, representar um fator
reestruturante nas relaes intermunicipais e na economia regional. O trmino total
das obras, previsto para o final de 2007, certamente ir favorecer a fluidez entre
Cascavel e Toledo, elevando os nveis de complementaridade em seus 2 Transporte coletivo intermunicipal a expresso utilizada neste trabalho para designar o que o
Departamento de Estradas de Rodagem (DER) chama de transporte metropolitano. De acordo com Vercezi (2001), o DER cunhou a expresso transporte metropolitano para diferenciar esta modalidade de servio do transporte regional de passageiros, portanto, a princpio, nada tem em haver com uma representao poltico-social. No obstante, a necessidade de se substituir a denominao transporte metropolitano por transporte coletivo intermunicipal advm da confuso terica e at mesmo prtica que o primeiro termo poderia causar, j que, como se ver mais adiante, aglomerao urbana conceito-chave deste estudo e rea metropolitana so tidos como sinnimos; o fato que a espacialidade de uma rea metropolitana possivelmente existente na Mesorregio Oeste Paranaense, composta por Cascavel, Toledo e outros municpios, dificilmente coincidir com os limites de abrangncia do servio de transporte coletivo intermunicipal.
3 Na ocasio, cobrador de nibus da Princesa dos Campos empresa que detm a concesso de realizao do servio de transporte coletivo intermunicipal entre Cascavel e Toledo.
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25
desenvolvimentos4. E isso ilustrado pelas expectativas da empresa que detm a
concesso de realizao do transporte coletivo entre tais municpios, j que avalia a
possibilidade de substituir os veculos atualmente em uso por nibus articulados.
Respaldando-se em Santos (2004a, p. 86), ao se considerar esta
rodovia como um objeto geogrfico5, pode-se dizer que objetos no agem, mas,
sobretudo no perodo histrico atual, podem nascer predestinados h um certo tipo
de aes, a cuja plena eficcia se tornam indispensveis. Mas alm rodovia BR-
467, no mbito de sua duplicao, esta assertiva tambm se aplica aos projetos de
lei complementar anteriormente citados.
Nesse contexto, importante ressaltar o fato de que divergncias
polticas ocorridas entre representantes de Cascavel e Toledo durante a dcada de
1950, relativas construo do aeroporto regional (SPERANA, 1992), parecem
resistir ao tempo, dificultando a formalizao de um ato que se destine a uma maior
integrao entre os mesmos.
Baseando-se em Moura e Kleinke (2000), Firkowiski e Moura (2001),
ao tecerem comentrios sobre a fragmentao legal da aglomerao urbana de
Londrina, asseveram que a incoerncia entre a institucionalidade e a espacialidade
do fenmeno metropolitano oficializa uma ruptura da possibilidade de integrao
entre municpios, podendo dificultar a soluo de problemas comuns de mbito
4 A pista que acompanha o leito antigo da rodovia BR-467, no trecho que liga as sedes municipais de
Cascavel e Toledo, foi inaugurada no incio de fevereiro de 2006. Para que a duplicao esteja totalmente concluda, restam o recapeamento e sinalizao da pista antiga, a reestruturao do trecho situado no permetro urbano de Cascavel e a construo dos oito viadutos previstos (MANFRIN, 2007).
5 Santos (2004a, p. 72) afirma que os objetos que servem Geografia no so apenas objetos mveis, mas tambm imveis, tal uma cidade, uma barragem, uma estrada de rodagem, um porto, uma floresta, uma plantao, um lago, uma montanha. [...] Para os gegrafos, os objetos so tudo o que existe na superfcie da Terra, toda herana da histria natural e do resultado da ao humana que se objetivou. Os objetos so esse extenso, essa objetividade, isso que se cria fora do homem e se torna instrumento material de sua vida, em ambos os casos uma exterioridade.
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regional, mencionando tambm que fatos desta natureza podem resultar na
elevao dos padres de competitividade regional, prejudicando a insero dos
municpios envolvidos nos ramos modernos da atividade econmica, representando,
em certos casos, o desperdcio de um potencial existente.
No seria um exagero considerar que o mesmo pode ocorrer na
Mesorregio Oeste Paranaense. No ano de 2003, Cascavel e Toledo estavam entre
os dez municpios do estado que apresentavam maior Valor Adicionado Fiscal (VAF)
pela agroindstria, cujos montantes condiziam com, respectivamente, 2,8 e 5,3% do
total paranaense (IPARDES, 2003b). Outro segmento que dinamiza a economia e
vida social destes municpios o de educao superior, tendo em vista o grande
nmero de universidades a instaladas e cursos ofertados populao.
Em 2005, Cascavel contava com sete instituies de ensino superior
e Toledo abrigava outras quatro (PARAN, 2006), com um campus da Universidade
Tecnolgica Federal do Paran (UTFPR) antigo Centro Federal de Educao
Tecnolgica do Paran (CEFET) em implantao (JORNAL DO OESTE, 2005b).
Sem contar a UTFPR, somam-se cerca de quarenta cursos disponveis, variando
entre diversas reas do conhecimento. Os mais ofertados so Administrao,
Pedagogia, Direito e Cincias Contbeis, comuns tambm s instituies de ensino
localizadas em outros municpios da Mesorregio Oeste Paranaense. Mas existem
cursos como os de Cincias Sociais, Engenharia Agrcola, Engenharia de Pesca,
Engenharia de Produo Agroindustrial, Engenharia Eltrica, Engenharia Qumica,
Farmcia, Filosofia, Informtica, Medicina, Moda, Nutrio, Odontologia,
Processamento de Dados, Psicologia, Qumica, Secretariado Executivo, Turismo e
Turismo e Hotelaria, dentre outros, que, pela exclusividade (ou quase exclusividade)
quanto oferta, podem gerar uma demanda de nvel regional, ou alm.
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27
Dados de 2002 indicam que Cascavel e Toledo atendiam cerca de
61,03% dos estudantes matriculados nas instituies de ensino superior presentes
na Mesorregio Oeste (IPARDES, 2004a). Considerando-se a concentrao de tais
instituies nestes municpios, pode-se dizer que existe a um campo oportuno para
o desenvolvimento de atividades ligadas pesquisa e inovao tecnolgica, caso
esse potencial seja convenientemente explorado.
Portanto, Cascavel e Toledo parecem conformar um espao de
desenvolvimento contguo, efetivamente, onde as inter-relaes sociais e
econmicas possuem uma dinmica intensa para os padres regionais, sendo
motivadas pelo segmento agroindustrial e pelas universidades ou faculdades que a
se localizam, alm do comrcio e prestao de servios diversos.
Sendo assim, mesmo ponderando-se os pormenores do estudo
Caracterizao e Tendncias da Rede Urbana do Brasil ou levando-se em
considerao o fato de as contribuies at aqui levantadas serem insuficientes para
se colocar em cheque a legitimidade, do ponto de vista espacial, dos projetos de lei
complementar n. 110 e 235 de 2003, levanta-se a seguinte hiptese: a proposta de
instituio de unidades regionais distintas para Cascavel e Toledo equivocada,
haja vista a existncia de um processo de metropolizao entre estes municpios.
No intuito de se testar tal hiptese, fizeram-se necessrias leituras
minuciosas das Constituies Federal e Estadual do Paran, de projetos de lei
complementar que tratam da institucionalizao de unidades regionais,
especialmente aqueles que tratam da criao das regies metropolitanas de
Cascavel e Toledo, e reviso bibliogrfica de obras de diversos autores que versam,
especificamente, sobre os temas metropolizao, aglomerao urbana e instituio
de unidades regionais.
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Ainda se incluiu como objetivo especfico desta pesquisa a avaliao
da espacialidade das unidades regionais propostas para Cascavel e Toledo. Dessa
maneira, realizaram-se atividades de coleta e avaliao de informaes e dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) que evidenciam as
caractersticas demogrficas e socioeconmicas dos municpios da Mesorregio
Oeste Paranaense, como: princpios da ocupao territorial, quantidade de
populao total, urbana e rural; densidade demogrfica; taxa geomtrica de
crescimento populacional nos perodos de 1970/80, 1980/91 e 1991/2000;
quantidade de Populao Economicamente Ativa (PEA) total, urbana e rural;
contribuio total ao VAF e Produto Interno Bruto (PIB), etc. Tambm foram
coletados dados e informaes referentes s empresas e demais instituies
instaladas na Mesorregio Oeste Paranaense.
Procedeu-se, tambm, coleta de dados e informaes que
evidenciam as caractersticas de integrao dos municpios da Mesorregio Oeste
Paranaense, como nmero de pessoas que se deslocam para trabalhar e/ou
estudar, de acordo com o municpio de residncia e local de trabalho e/ou estudo,
conforme informaes do Censo Demogrfico de 2000, e nmero de pessoas que
utilizaram o transporte coletivo intermunicipal nos meses de maro e abril de 2006,
conforme os horrios e pontos de origem e destino dos fluxos. Esses dados e
informaes subsidiaram a realizao de estimativas referentes aos movimentos
pendulares6 exercidos pela populao, procurando-se revelar tanto o nmero de
pessoas que os promovem quanto as causas desses deslocamentos.
6 Na literatura brasileira, o termo movimento pendular tem sido freqentemente relacionado ao que,
nos Estados Unidos e outros pases de lngua inglesa, chama-se commute. Para Horner (2004), assim como define o dicionrio da lngua inglesa Oxford (2005), commuting corresponderia ao ato de se deslocar diariamente, de nibus, trem, automvel particular, etc., entre o local de residncia e o local de trabalho, exclusivamente. Todavia, para efeitos desta pesquisa, movimento pendular
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29
Portanto, o IBGE, o Instituto Paranaense de Desenvolvimento
Econmico e Social (IPARDES), o Ministrio do Trabalho, o Departamento de
Estradas de Rodagem do Paran (DER/PR), dentre outros rgos e secretarias dos
governos federal, estadual e municipal, empresas privadas e bibliotecas de diversas
instituies de ensino superior do pas, deram suporte a esta pesquisa, composta
por quatro captulos.
No Captulo 1 so revistos conceitos como metropolizao, rea
metropolitana, regio metropolitana, aglomerao urbana e questes metropolitanas,
todos correspondentes, na realidade, a um universo acadmico, ou seja, teoria
metropolitana. Depois de revistos, estes conceitos so contrapostos prtica
metropolitana, relacionando-os, dessa forma, ao universo poltico. Procura-se,
assim, revelar os meandros que permeiam a institucionalizao de unidades
regionais no Brasil, utilizando-se desde exemplos clssicos, como a criao das
regies metropolitanas federais, aos particulares, como os processos de instituio
de unidades regionais na Mesorregio Oeste Paranaense.
Em seguida, no Captulo 2, visando-se caracterizar e assimilar
algumas caractersticas da rea de estudo, so abordados os processos de
ocupao e urbanizao da Mesorregio Oeste Paranaense, atentando-se s
peculiaridades da constituio da infra-estrutura regional e seus reflexos sobre a
dinmica populacional dos municpios a presentes. Particularmente, procura-se
manter o foco sobre o processo de integrao regional e nacional dos municpios da
Mesorregio Oeste aos sistemas regional e nacional de cidades.
refere-se a um fenmeno que diz respeito ao ato de ir e vir dirio das pessoas, deslocando-se entre o local de residncia e um ponto qualquer do territrio, seja qual for o propsito do deslocamento: trabalhar, estudar, fazer compras, procurar por atendimento mdico-hospitalar ou odontolgico, recrear, etc.
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30
Baseando-se em grande nmero de dados demogrficos e
territoriais, entre outros referentes dinmica socioeconmica dos municpios e
distritos da Mesorregio Oeste Paranaense, procura-se, no Captulo 3, rever a
espacialidade da aglomerao urbana de Cascavel, identificada por Caracterizao
(2001). Os resultados desta reviso so utilizados para se avaliar a espacialidade
das unidades regionais propostas com localizao na Mesorregio Oeste
Paranaense, dirigindo-se especial ateno espacialidade das regies
metropolitanas de Cascavel e Toledo, indicadas nos projetos de lei complementar n.
110 e 235 de 2003. Tambm se faz um esforo no sentido de revelar as causas de
integrao das unidades poltico-administrativas pesquisadas.
No Captulo 4, tendo em vista as profundas transformaes da
configurao da distribuio territorial das empresas e sua implicao sobre a
organizao do espao geogrfico, notadamente potencializando o surgimento ou
manuteno de espaos de concentrao e espaos de esvaziamento populacional,
realiza-se um ensaio sobre o processo de reestruturao produtiva que vem
ocorrendo no estado do Paran.
oportuno mencionar que os projetos de lei complementar n. 110 e
235 de 2003 estavam arquivados na Assemblia Legislativa do Paran, apesar de
lideranas locais, ocasionalmente, continuarem se referindo instituio destas
regies metropolitanas, especialmente se tratando da Regio Metropolitana de
Cascavel. No obstante, tendo em vista as eleies de outubro de 2006 para os
cargos de presidente da Repblica Federativa do Brasil, governadores estaduais,
senadores e deputados estaduais e federais, o lobby regional em prol da criao das
referidas unidades regionais foi to grande que levou o ento candidato ao cargo de
governador do Paran Roberto Requio a prometer a implantao de pelo
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menos uma unidade regional na Mesorregio Oeste. Requio venceu as eleies e
deu o primeiro passo ao cumprimento de sua promessa de campanha enviando
Assemblia Legislativa do estado, no dia 11 de janeiro de 2007, uma proposta de
criao de uma unidade regional intitulada Regio Metropolitana de Cascavel, cuja
espacialidade difere daquela apresentada no projeto de lei complementar n. 110 de
2003. Contudo, o projeto para a criao desta regio metropolitana, relacionado na
pauta de votaes da Assemblia do dia 16 de janeiro de 2007, gerou grande
polmica entre os parlamentares, resultando no surgimento de vrias propostas de
emendas substitutivas ao projeto do governador nos dias subseqentes.
O que se pretende demonstrar, com esta prvia e breve explanao,
a dinmica sob a qual esteve sujeita esta pesquisa, notadamente acelerada em
seu processo de finalizao. Por isso, a proposta inicial do trabalho, que analisar a
relao entre o processo de metropolizao e a criao de unidades regionais, tendo
em vista os projetos de lei complementar n. 110 e 235 de 2003, acabou ganhando
novos e inesperados contornos, o que, de certa forma, mais contribuiu do que
prejudicou a pesquisa, a despeito do exguo tempo que se teve para refletir e
analisar certos acontecimentos e proposies, todas forjadas na esfera poltica.
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1 AGLOMERAES URBANAS E UNIDADES REGIONAIS: TEORIA E PRTICA
METROPOLITANA
Contrapor a teoria pratica metropolitana equivale, sob certos
aspectos, comparao entre a realidade e o fetiche, o fato e a crena. A
metropolizao um fenmeno que impulsionou a concentrao espacial tanto da
riqueza quanto da pobreza, ou ainda, da ordem e do conflito, em seus limites. Pelo
fato de as unidades regionais estarem, de certa forma, relacionadas a este processo,
j que representam um mecanismo para se fazer frente s questes metropolitanas7,
elas prprias passaram a ser fetichizadas medida que as regies metropolitanas
institucionalizadas foram associadas ao peso simblico que as relaciona ao
progresso e modernidade, ao status, portanto (FIRKOWSKI & MOURA, 2001).
No obstante, no mbito da gesto das unidades regionais, as questes
metropolitanas ainda representam um grande desafio, denotando as dificuldades de
equacionamento dos problemas que extrapolam os limites municipais e se
acumulam em escala regional8.
Eis, ento, que se chocam questes cientficas, imanentes ao estudo
da realidade, s vontades polticas, que dizem respeito ao ato de instituir regies
administrativas. De um lado, tm-se conceitos (metropolizao, rea metropolitana,
regio metropolitana, aglomerao urbana, questes metropolitanas) e, de outro,
apenas termos constitucionais (unidade regional, regio metropolitana, aglomerao
7 Para Silva (2005, p. 400), do ponto de vista da vida metropolitana, que envolve o cotidiano da vida
coletiva, a questo metropolitana abrange problemas de saneamento, violncia, habitao, educao, sade e transporte [...]
8 Embora a gesto das unidades regionais eventualmente se torne alvo de comentrios, sua abordagem especfica foge ao objetivo principal do trabalho, que, em suma, seria questionar a interpretao e aplicao das leis que regem a instituio de unidades regionais, que, ignorando o processo de metropolizao, fornecem fortes indcios de se alinhar a interesses polticos, sejam eleitoreiros, propriamente ditos, ou corporativos.
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urbana, microrregio, regio integrada de desenvolvimento, funes pblicas de
interesse comum). por isso que Lencioni (2006, p. 55-56) afirma:
[...] perguntar se tal ou qual regio metropolitana instituda apresenta as caractersticas de espaos metropolitanos no compreender a diferena entre o processo de metropolizao que desconhece vontades polticas e a institucionalizao de regies metropolitanas como expediente para o planejamento territorial.
Entretanto, como mencionado, necessrio se admitir que o
processo de metropolizao , em essncia, o elemento motivador da instituio de
unidades regionais (FIRKOWSKI & MOURA, 2001); viso compartilhada por Silva
(2006), ao afirmar que as questes metropolitanas somente podem ser resolvidas
diante de uma gesto metropolitana. claro que o equacionamento de problemas
metropolitanos no depende, exclusivamente, da criao de uma unidade regional,
veja-se o caso das experincias embrionrias de administraes metropolitanas
implementadas antes da existncia de uma base jurdica para a criao das regies
metropolitanas federais, como o Grupo Executivo da Grande So Paulo (GEGRAM)
ou o Grupo Executivo da Regio Metropolitana de Porto Alegre (GERM), dentre
outros (GUIMARES, 2004; ROLNIK & SOMEKH, 2004), mas este um artifcio
legal que, atualmente, os estados federados dispe para tanto. Pretende-se chamar
ateno ao fato de que, dessa forma, seria sim pertinente questionar se os limites de
uma unidade regional so ou no condizentes com a espacialidade da
metropolizao.
Ainda que a criao de unidades regionais tivesse como objetivo o
planejamento territorial, os processos de integrao regional pretendidos pela lei, ou
mesmo de fragmentao legal de espaos em metropolizao, no devem ser
negligenciados, a exemplo de casos em que os limites da rea metropolitana no
condizem com os limites da regio administrativa instituda. Neste caso especfico,
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as questes sociais metropolitanas so, claramente, preteridas em relao aos
interesses corporativos ou polticos, seja por propsito ou equvoco. Outra questo
que deriva da instituio de unidades administrativas para atender interesses alheios
ao equacionamento dos servios comuns a possibilidade de criao de uma
superestrutura poltica-administrativa diga-se de passagem, especificamente
destinada a suprir as demandas metropolitanas inadequada para tratar do
planejamento territorial.
A criao indiscriminada de unidades regionais, no obedecendo
aos seus princpios, seria mais um agravante em meio uniformidade no trato do
tema metropolitano por parte das constituies dos vrios estados brasileiros,
apontada por Moura et al. (2003).
Conforme Azevedo e Guia (2004) e Davidovich (2004), a instituio
de regies metropolitanas no est prevista nas constituies do Acre, Roraima,
Tocantins, Rio Grande do Norte, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Dos estados
restantes, Azevedo e Guia (2004) asseveram que apenas em quatro se estabelecem
critrios para institu-las, correspondendo ao Amazonas, Gois, So Paulo e Santa
Catarina. No que diz respeito s aglomeraes urbanas, Braga (2005) certifica que a
situao semelhante: seis estados no mencionam a possibilidade de sua
instituio (Acre, Amap, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Roraima e Tocantins) e
apenas dois definem critrios para sua delimitao (So Paulo e Esprito Santo). O
resultado dessa falta de critrios so mosaicos regionais legais que pouco se
ajustam realidade urbano-regional do pas.
No entanto, teoria tambm cabe uma parcela de desencontros. Um
fato que parece polmico o reconhecimento da metropolizao enquanto
fenmeno contemporneo tambm ao interior do territrio nacional. Sob esta
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perspectiva, questes metropolitanas no seriam mais exclusivas das aglomeraes
urbanas milionrias9, situadas sobretudo na faixa litornea, cuja economia est
assentada, predominantemente, na produo industrial.
Vrios estudos tm contribudo para reforar esta tese, dentre eles,
Caracterizao (2001), fazendo, aos poucos, com que se reflita sobre a necessidade
de se resgatar velhos conceitos forjados a partir do estudo do fenmeno
metropolitano, em especial com relao metropolizao e rea metropolitana, que
ganharam novos e marcantes contornos a partir da instituio do primeiro conjunto
de unidades regionais do Brasil, na dcada de 1970: as regies metropolitanas
federais.
Esta interferncia legislativa sobre o pensamento acadmico garante
a premissa de que desnudar a trajetria das unidades regionais tambm significa, no
Brasil, desvendar os conceitos atualmente utilizados pelas cincias que tratam do
fenmeno metropolitano.
1.1 METROPOLIZAO E AGLOMERAES URBANAS: DEFININDO CONCEITOS
Tal como afirmam Lencioni (2006) e Teles e Amora (2006), o
conceito de metropolizao polissmico. Basicamente, podem ser interpretadas
duas vertentes conceituais em sua abordagem: uma delas guarda uma dimenso
socioespacial do processo de metropolizao, outra conferida a dimenso
territorial. Esta parece ser a razo pela qual este conceito possui certa dificuldade de
delimitao. Contudo, no h meios de se optar em tratar a metropolizao,
exclusivamente, sob uma ou outra perspectiva, medida que elas so 9 Se refere ao nmero de habitantes.
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complementares; o que parece ocorrer a variao dos conceitos conforme os
objetivos de cada autor, assumindo, de forma mais marcante, uma ou outra
caracterstica.
Algo comum parece ser o fato de o processo de metropolizao ser
assumido como um fenmeno que transcende a urbanizao, ou seja, mais
complexo (LENCIONI, 2006; FIRKOWSKI & MOURA, 2001). Pergunta-se, ento, at
que ponto a metropolizao um fenmeno que pode ser mensurado a partir do
processo de urbanizao? Nesse sentido, qual a relao entre a metropolizao e
a metrpole?
A resposta no simples. Lencioni (2006) lana um questionamento
semelhante ao se indagar se a metropolizao representaria uma fase do
desenvolvimento urbano; para ela, e no . porque a metropolizao no deixa
de ser continuidade da urbanizao, e no porque tem uma natureza diferente.
Mais adiante, Lencioni (2006, p. 48) explica:
No se trata mais de criar cidades, de desenvolver a rede urbana ou a urbanizao em sentido restrito; trata-se de desenvolver condies metropolitanas que so imprescindveis para a reproduo do capital, subvertendo toda a lgica urbana herdada e negando a cidade.
A metropolizao um fenmeno que se situa, portanto, na esteira
da urbanizao e da reestruturao socioespacial10. Sob esta perspectiva a autora
prossegue em sua abordagem:
O processo de metropolizao dos espaos implica, portanto, um territrio no qual os fluxos de pessoas, de mercadorias ou de informaes so mltiplos, intensos e permanentes. A comum a presena de cidades conurbadas bem como a concentrao das
10 Lencioni (1999) definiu como reestruturao socioespacial as transformaes industriais e urbanas
por que se vem passando nos ltimos anos, o que, pode-se dizer, implica a reorganizao do espao num sentido amplo, abrangendo os objetos geogrficos em geral, a populao e os fluxos de toda ordem.
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condies gerais necessrias s particulares condies da reproduo do capital nos dias atuais (LENCIONI, 2006, p. 48).
Lencioni (2006) sintetiza suas proposies ao afirmar que a
metropolizao um processo socioespacial. Complementarmente, Limonad (2004,
p. 57) dispe a possibilidade de apreenso da dinmica de tal processo, ao citar:
No presente, a produo do espao social e concomitante estruturao e ordenamento territorial teria por base a urbanizao do territrio (LEFEBVRE, 1991; SANTOS, 1996) e a distribuio espacial das atividades produtivas, em que interviriam diversos agentes em mltiplas escalas articuladas e que teria por corolrio a conformao de novas territorialidades, novas regies e novas formas de regionalizao (SANTOS, 1996; SANTOS & SILVEIRA, 2001) (Grifo nosso).
por esta razo que Firkowski e Moura (2001) argumentam que a
metropolizao se situa alm da morfologia da cidade, referindo-se tambm cultura
urbana, isto , aos modos de vida e de produo da sociedade.
Carlos (2003, p. 83) possui uma percepo bastante original a
respeito do processo de metropolizao, definindo-o como sendo a "hierarquizao
do espao a partir da dominao de centros que exerce sua funo administrativa,
jurdica, fiscal, policial e de gesto". Dessa maneira, pode-se dizer que, dependendo
da maturidade e intensidade deste processo, a metropolizao poderia se manifestar
em escala regional, nacional ou global. Com efeito, a metropolizao se constituiria
em um fenmeno cuja dinmica proporcional complexidade socioeconmica do
ncleo urbano que o anima, sendo a escala regional a primeira a se manifestar,
denotando sua gnese.
O processo de metropolizao emerge, portanto, das relaes entre
a cidade e a regio, encerrando-se em fluxos cotidianos de pessoas, mercadorias e
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informaes, tornando a dinmica socioeconmica regional progressivamente mais
densa e complexa.
Analisando-se os trabalhos que se referem ao tema metropolitano,
percebe-se, conforme indica Abreu (1994), que um dos primeiros a tratar do
processo de metropolizao, no Brasil, foi a tese Nova Iguau, Absoro de Uma
Clula Urbana pelo Grande Rio de Janeiro, de Maria Therezinha de Segadas
Soares, publicada em 1962. Neste trabalho clssico da geografia urbana brasileira,
apesar de o termo metropolizao no ser mencionado, fica claro que este processo
diz respeito formao de um espao regional, representado pelos municpios do
Rio de Janeiro e Nova Iguau, dentre outros, dotado de intensas relaes
econmicas e sociais, caracterizando a chamada rea metropolitana do Rio de
Janeiro. Este espao, parafraseando-se Soares (1962), era fundamentalmente
marcado pelos movimentos alternantes, ou movimentos pendulares, no sentido
subrbio-centro, evidenciando, dentre as mltiplas funes assumidas por Nova
Iguau no contexto da rea metropolitana a que pertencia (e ainda pertence), sua
funo de subrbio-dormitrio.
Abreu (1994) destaca que foi tambm de Maria Therezinha de
Segadas Soares o primeiro trabalho a tratar, explicitamente, da questo das reas
metropolitanas no Brasil e, a propsito do que se possa entender por este conceito,
a autora enumera que a noo de rea metropolitana resultou da necessidade de
reconhecimento dos limites das aglomeraes de certo vulto, dotadas de um ncleo
urbano principal, que projetam sua populao e suas atividades sobre as reas
vizinhas, com as quais passam a formar um todo integrado econmica e
socialmente (SOARES, 1968, p. 92).
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Paralelamente, Rybczynski (1996 apud TELES & AMORA, 2006, p.
427) tambm sustenta que o termo rea metropolitana foi adotado formalmente pelo
Departamento do Censo dos Estados Unidos em 1949 para reconhecer a
urbanizao que ultrapassava os limites tradicionais da cidade.
Em definio mais recente, o United States Census Bureau declara
que rea metropolitana se refere a um espao composto por um ou mais ncleos
populacionais com mais 50.000 habitantes e que possuem um alto nvel de
integrao econmica e social com as localidades adjacentes11.
Em sntese, nota-se que a noo de rea metropolitana deriva do
processo de metropolizao, ou seja, do ato de metropolizar, ou de intensificar-se as
relaes espaciais entre cidades. Tem-se, portanto, o fato metropolitano, algo que,
conforme Lopes (1995 apud LOPES, 2006, p. 139), se expressa
pelo derramamento da espacialidade dos elementos do meio ecolgico, das infra-estruturas, dos sistemas urbanos e dos prprios sujeitos sociais para alm das fronteiras municipais, em um contexto geogrfico de progressiva conurbao [...] e interdependncia sistmica de funcionamento do conjunto.
Assegurando a adequao da expresso "rea metropolitana"
realidade brasileira, Soares (1968) argumenta sobre a possibilidade de sua
aplicao a qualquer cidade do pas, independente do gigantismo da mesma,
levando-se em considerao os laos que a prendem s reas circundantes. A
palavra metropolitana, segundo a autora, teria assim, o seu significado original
cidade-me , correspondendo quilo que est filiado, que depende ou que est
estreitamente relacionado com a cidade-me.
11 Informao disponvel em: . Acesso em:
08 fev. 2007.
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40
Portanto, segundo o conceito de rea metropolitana incorporado
literatura brasileira por Soares (1968) e conforme as proposies da prpria autora,
no existe correlao entre tais espaos regionais e as metrpoles, ao contrrio do
que sustentam Galvo et al. (1969, p. 55) num estudo desenvolvido pelo Grupo de
reas Metropolitanas (GAM) do IBGE:
[...] uma rea metropolitana seria um conjunto de municpios integrados econmica e socialmente a uma metrpole, principalmente por dividirem com ela uma estrutura ocupacional e uma forma de organizao do espao caracterstica e por representarem, no desenvolvimento do processo, a sua rea de expanso prxima ou remota.
Em relao ao processo-gnese de uma rea metropolitana, a
metropolizao, Galvo et al. (1969) tambm asseveram que esteja vinculado
existncia de uma metrpole.
Porm, segundo Lencioni (2006, p. 47), quando a referncia a
metropolizao, est-se falando tanto de um processo que transforma as cidades
em metrpoles como de um processo socioespacial que impregna o espao de
caractersticas metropolitanas. Em primeiro lugar, torna-se importante chamar
ateno distino implcita entre a metrpole e aquilo que a autora denomina de
espao com caractersticas metropolitanas. Em segundo lugar, cabe ressaltar que
apesar do fato de a metropolizao resultar na formao de uma metrpole, isto no
quer dizer que exista uma correlao positiva entre estes termos. esta, tambm, a
interpretao que se deve fazer da afirmao de Carlos (2003), quando atesta que a
metropolizao desvela a constituio da metrpole. Porm, mais complexa a
proposio de Firkowski e Moura (2001), pois assinalam que a metropolizao
resulta da metrpole ao mesmo tempo em que a pressupe. Isto , alm de
alegarem que a metropolizao se constitui como um processo de formao da
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metrpole, as autoras tambm defendem que a metrpole engendra um processo de
metropolizao; ainda assim, possvel sustentar a tese de que a metropolizao
prescinde a metrpole para se realizar. Em outras palavras, a metropolizao no
um processo condicionado apenas a espaos regionais presididos por uma
metrpole.
Aluses a teses contrrias a esta, como a de Galvo et al. (1969),
no se caracterizam como fruto da complexidade literria. Os prprios autores
admitem a parcialidade poltica que permeia seu estudo:
Todo o processo de metropolizao at aqui descrito nada mais do que o prprio processo de urbanizao que, a partir de certo ponto, atinge um estgio de maior complexidade, gerando graves problemas de integrao entre o ncleo central da rea e os municpios vizinhos. Pesquisas de campo indicam que em torno de cidades no-metrpoles tais problemas tambm existem, porm em escala menor. o caso das demais capitais estaduais, e mesmo outras cidades brasileiras no-capitais, que apresentam o fenmeno de integrao com municpios vizinhos, gerando os mesmos problemas de transporte, habitao, favelizao, etc.
Todavia, como no estabelecimento do anteprojeto de projeto de lei complementar [para a definio do estatuto legal das regies metropolitanas a serem criadas] um dos critrios se refere importncia macro-regional do ncleo central, nesta primeira etapa o GAM restringiu suas pesquisas as 9 metrpoles consideradas no Plano Estratgico do Governo, alm de Braslia, deixando para uma fase posterior o estudo das aglomeraes urbanas em torno de cidades no-metrpoles, aglomeraes estas que podero ser denominadas de A Grande Vitria, etc. e no rea metropolitana propriamente dita (Grifo dos autores) (p. 59).
Com efeito, conforme alerta Souza (2006), muito difcil colocar na
berlinda autores que atuaram e, conseqentemente, se expuseram durante o regime
militar brasileiro, ainda mais ao se considerar que atuavam para o IBGE, que se
constitua em eixo importante de sustentao do sistema brasileiro de planejamento
territorial, conforme indica Abreu (1994, p. 40).
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No obstante, levando-se em considerao os trabalhos de cunho
estritamente cientfico12, o conceito de rea metropolitana se identificaria com o que,
atualmente, se compreende por aglomerao urbana, indiferentemente aos seus
desdobramentos: aglomerao urbana de carter metropolitano (quando
polarizada por uma metrpole, constituindo-se, assim, como sinnimo de regio
metropolitana) e aglomerao urbana de carter no-metropolitano (quando
polarizada por um centro qualquer que no caracterize uma metrpole).
A propsito do conceito de aglomerao urbana, no entendimento de
Souza (2005), corresponderia a uma espacialidade composta por uma ou mais
cidades cujos vnculos passaram a ser muito fortes, engendrando fluxos de diversas
naturezas, sendo, o mais significativo, o de trabalhadores assalariados que, por
residirem em uma cidade e exercerem sua profisso em outra, acabam promovendo
o que se denomina de movimentos pendulares.
Para Moura e Ultramari (1994, p. 125), uma aglomerao urbana
representa o espao de comutao diria entre cidades, isto , o desenvolvimento
de relaes interdependentes entre duas ou mais reas urbanas, compondo um
fenmeno nico.
Dessa maneira, se torna ainda mais eloqente o apontamento de
Cunha (2005, p. 191), quando defende que a integrao metropolitana se d como
uma via de mo dupla. Devido a isso, o autor tambm alerta para a necessidade de
no se confundir rea metropolizada que, segundo Firkowski (1999), seria uma
12 No se est, aqui, assumindo a tese da imparcialidade cientfica, at porque se considera que ela
seja utpica. O fato que, em certos momentos, a despeito de sua qualidade, o trabalho de Galvo et al. (1969) esteve totalmente despido de rigor cientfico para assumir uma posio explicitamente conveniente aos interesses polticos-governamentais dos militares, ao contrrio dos demais trabalhos analisados.
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rea dinamizada pelo processo de metropolizao , com rea de influncia de uma
cidade o que tambm pode ser interpretado como rea polarizada.
Porm, Moura e Ultramari (1994) sustentam que h relao entre a
espacialidade de uma aglomerao urbana e a rea polarizada pelo ncleo desta
aglomerao. Comentando os resultados do estudo Regio de Influncia das
Cidades (REGIC), eles asseveram que o espao polarizado por um ncleo pode ser
muito grande, no entanto, relatam que a definio dos limites de uma aglomerao
urbana no deve refletir apenas o alcance de uma extensa polarizao, mas, antes,
a forma complexa que tal polarizao configura (MOURA & ULTRMARI, 1994, p.
126).
Posto dessa forma, percebe-se que h uma grande semelhana
entre o que se entende por metropolizao e por polarizao complexa.
Ponderando-se as afirmaes de Cunha (2005) e Moura e Ultramari (1994), pode-se
concluir que a rea metropolitana, cuja espacialidade reflete a rea metropolizada,
por via de regra, se sobreporia rea polarizada, contudo, os limites da rea
metropolizada se definiriam aqum dos limites da rea polarizada, restringindo-se ao
espao polarizado em extrema complexidade. Dedutivamente, jamais se constataria
um fato contrrio, isto , a rea metropolizada de forma alguma seria maior do que a
rea polarizada.
H quem assegure que uma aglomerao urbana reflita apenas um
fenmeno fsico-territorial, expresso pela continuidade de manchas urbanas, ou seja,
pela conurbao (MOURA & ULTRAMARI, 1994). Tanto Moura e Ultramari (1994)
quanto Souza (2005) e Soares (1968) concordam que no necessrio que haja
conurbao para se estar diante de uma aglomerao urbana.
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Realizados tais apontamentos, pode-se inferir que o processo de
metropolizao diga respeito a um fenmeno vinculado dinmica das relaes
econmicas e sociais estabelecidas entre municpios, ou cidades, geralmente
caracterizando uma relao hierrquica. Esta concepo, porm, pode ser pouco
esclarecedora tendo em vista os objetivos de seu uso, de modo que se torna mais
interessante considerar que o processo de metropolizao se refira formao de
uma aglomerao urbana, presidida por um ou mais ncleos dinmicos, sejam
metrpoles ou no, que projetam sua populao e atividades sobre sua hinterlndia.
Por aglomerao urbana, portanto, entende-se tratar de um espao
regional dotado de intensas e recprocas relaes sociais e econmicas entre as
unidades poltico-administrativas que a compem. Considera-se, como elemento
concreto que caracteriza uma aglomerao urbana, os movimentos pendulares, pois
sua natureza contempla o transbordamento ou projeo da populao,
especialmente, e atividades de uma cidade ou municpio sobre outros.
Todavia, se as aglomeraes urbanas comportam um conjunto de
problemas de interesse comum aos municpios que a compem, mormente
relacionados infra-estrutura econmica e social, no Brasil, o equacionamento
destas questes no tem sido priorizado no ato de instituio de unidades regionais.
Segundo Firkowski & Moura (2001), as divergncias entre a teoria e a prtica
metropolitana refletem quatro situaes caractersticas: 1) onde a espacialidade da
metropolizao supera os limites da unidade regional; 2) onde a espacialidade da
metropolizao inferior aos limites da unidade regional; 3) onde unidade regional
foi estabelecida na ausncia do processo de metropolizao; 4) onde o processo de
metropolizao carece da criao de uma unidade regional.
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1.2 A INSTITUCIONALIZAO DE UNIDADES REGIONAIS NO BRASIL
Conforme expe Guimares (2004), a primeira constituio do Brasil
a tratar da instituio de unidades regionais foi a de 1967. Em seu art. 157,
pargrafo 10, esta constituio previa:
A Unio, mediante lei complementar, poder estabelecer regies metropolitanas, constitudas por municpios que, independentemente de sua vinculao administrativa, integrem a mesma comunidade scio-econmica, visando realizao de servios de interesse comum (BRASIL, 1967)
No art. 164 da emenda constitucional n. 1 de 1969, Guimares
(2004) comenta que a questo metropolitana manteve-se praticamente inalterada:
A Unio, mediante lei complementar, poder, para realizao de servios comuns, estabelecer regies metropolitanas constitudas por municpios que, independentemente de sua vinculao administrativa, faam parte de uma mesma comunidade scio-econmica (BRASIL, 1969).
Na dcada de 1970 a Unio fez uso de suas atribuies e instituiu o
primeiro conjunto de unidades regionais. Por intermdio da lei complementar n. 14
de 1973 foram criadas oito regies metropolitanas, cujos respectivos plos eram:
So Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, Salvador, Curitiba, Belm e
Fortaleza. A Regio Metropolitana do Rio de Janeiro foi instituda atravs da lei
complementar federal n. 20 de 1974. Este foi o nico conjunto de regies
metropolitanas criadas pelo governo federal.
Com efeito, Moura et al. (2003) asseguram que, embora definidas
mediante critrios tcnicos, foram verificados sinais de fragilidade na seleo das
reas metropolitanas, ou aglomeraes urbanas, do pas. Corroborando esta tese,
Guimares (2004) argumenta que existiam outras reas metropolitanas, como as
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regies de Campinas-Valinhos, Goinia, Santos, Londrina e at mesmo Maring,
mas elas foram ignoradas pelo governo militar.
Por esta razo, o preterimento das questes metropolitanas, quando
da criao das regies metropolitanas federais, sugerido por vrios autores, como
Guimares (2004), ao enfatizar que a criao dessas nove regies metropolitanas
brasileiras foi orientada sobretudo pelo objetivo de se desenvolver um sistema
urbano no pas, conforme as necessidades da estratgia de desenvolvimento
econmico assumido. Simultaneamente, Francisconi e Souza (1976 apud
FIRKOWSKI & MOURA, 2001, p. 29) salientam:
[...] deu-se maior importncia s funes poltico-regionais do que aos aspectos qualitativos intrametropolitanos, do que tambm resultou que, por coincidirem com as capitais estaduais, as regies metropolitanas brasileiras prejudicaram as regies metropolitanas de fato [reas metropolitanas], que renem cidades que no tm tais funes [...].
Sob uma tica diferenciada, Cunha (2005, p. 19) sustenta que a
criao das unidades regionais federais deriva da representao, ou seja, o autor
afirma que a pretenso era associar a imagem do Brasil de um pas grande e que
se desenvolvia rapidamente na direo dos pases ditos desenvolvidos, onde o
fenmeno metropolitano se apresentava desde o incio do sculo XIX. Portanto,
tambm neste caso as questes metropolitanas no se colocavam como tema
principal na agenda da criao das unidades regionais.
necessrio se observar, entretanto, que a criao das regies
metropolitanas federais foi alvo concomitante de dois planos de governo, conforme
assinala Guimares (2004): um dos planos era articular os centros urbanos de um
mesmo espao socioeconmico, isto , a inteno era mitigar os problemas
imanentes a extrema concentrao populacional; o outro plano tinha os prprios
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ncleos urbanos como unidades bsicas de planejamento por isso que Firkowski
e Moura (2001) e Moura et al. (2003, p. 35) sustentam que a instituio das regies
metropolitanas federais esteve relacionada expanso da produo industrial e
consolidao das metrpoles como locus desse processo.
De fato, Galvo et al. (1969, p. 56) apontavam que as metrpoles e
as reas metropolitanas precisavam ser observadas, do ponto de vista de suas
relaes sociais, econmicas e funcionais com as demais unidades territoriais, sob
dois ngulos distintos, explicando-os:
1 O das relaes da cidade com a sua vida nacional ou regional, basicamente do ponto de vista funcional e econmico. So as relaes externas da comunidade. Este processo dinmico, reflete a capacidade de crescimento da metrpole e envolve a compreenso do sistema de foras que nela opera, identificando seus fatores de crescimento e de sua projeo atravs do tempo e no espao.
2 O das relaes internas dentro do quadro metropolitano, da organizao de seu espao interno e de sua estrutura institucional e ocupacional. Em termos espaciais esta anlise precisa refletir os problemas dos locais onde obtida a renda e onde realizada a despesa de uma aprecivel massa de habitantes, assim considerados metropolitanos.
O que parece ser contraditrio inverso de recursos pblicos
destinados s metrpoles tanto para faz-las crescer em termos econmicos e
demogrficos quanto para equacionar os problemas sociais imanentes a estes
crescimentos no passa de um fruto da teoria da modernizao capitalista, posta
em prtica pelos urbanfilos do Regime de 64 (SOUZA, 1994).
Conforme Berry (1978 apud SOUZA, 1994, p. 262), os adeptos
desta teoria acreditam que as deficincias sociais do Terceiro Mundo seriam
superadas mediante incrementos do ndice de urbanizao, perseguidos atravs do
fomento ao crescimento econmico das grandes cidades:
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[...] [os modernistas] alegam que necessria a concentrao contnua do crescimento econmico nas grandes cidades para obter economias de escala e aumentar externalidades sob forma de custos indiretos e infra-estrutura social e econmica porque estes, por sua vez, so os pr-requisitos do crescimento subseqente necessrio para proporcionar os recursos exigidos para superar as deficincias sociais.
Destarte, Souza (1994, p. 263) comenta que, para os modernistas,
aquilo que Haesbaert (2004) define como excluso social no se trata de algo
inevitvel e essencial ao modo de produo capitalista, mas corresponde ao que os
neoclssicos chamam de imperfeies de mercado, perfeitamente passveis de
correo mediante a implementao de um instrumental poltico genericamente
denominado planejamento: urbano, regional, econmico, ambiental, familiar, etc.
Sob esta perspectiva, os militares pensaram num plano de
urbanizao para o Brasil, que acabou se fundamentando na teoria dos plos de
desenvolvimento (LOPES, 2006).
De fato, comenta Bernardes (1968) que, para fins de regionalizao
do plano do governo, o Escritrio de Pesquisa Econmica Aplicada do Ministrio do
Planejamento solicitou ao Conselho Nacional de Geografia um estudo geral das
caractersticas do sistema urbano do Brasil, exortando a classificao dos centros de
polarizao que comandavam a sua vida de relaes13. Os objetivos do estudo,
conforme a autora, consistiam basicamente: 1) em uma anlise do potencial de
polarizao de cada centro urbano, de acordo com as funes exercidas por eles; 2)
na classificao da hierarquia dos centros de polarizao; 3) na delimitao da zona
de influncia de cada centro que exercesse uma atuao regional expressiva.
13 A metodologia de classificao dos centros urbanos do pas, conforme comenta Bernardes (1968),
esteve, apesar de sucessivas adaptaes, fundamentalmente baseada no mtodo aplicado por J. Hautreux e M. Rochefort na Frana. Fora considerado, portanto, o equipamento tercirio disponvel em cada cidade como o melhor elemento para a classificao hierrquica das mesmas.
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Conforme Silva e Ferreira (2005), os plos urbanos foram
classificados em trs nveis: plos de desenvolvimento de interesse nacional,
compreendendo as grandes metrpoles; plos de desenvolvimento micro-regional,
abrangendo centros que possuam entre 100 e 500 mil habitantes; e plos de
equilbrio, dizendo respeito a outras cidades de interesse prioritrio dentro de cada
estado federado.
Assim se consolidou a primeira poltica urbana do pas (LOEB, 1975
apud SILVA & FERREIRA, 2005), tendo como objetivo fazer o bolo crescer
rapidamente (MONTE-MR, 2004) por intermdio do fortalecimento das metrpoles
regionais e das cidades de porte mdio, baseando-se, para tanto, nas principais
diretrizes do II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND) (1975-1979):
estruturao do sistema urbano e ocupao do espao interior (AMORIM FILHO,
1984, p. 13)14.
Dessa maneira, segundo Guimares (2004), embora o primeiro
conjunto de regies metropolitanas federais tenha sido criado em 1973, seu
financiamento foi regulamentado apenas um ano depois, atravs do decreto federal
n. 73.600 de 197415, e a implementao das mesmas, segundo Souza (1994),
aconteceu somente com o advento do II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND),
quando foram submetidas coordenao da Comisso Nacional de Regies
Metropolitanas e Poltica Urbana (CNPU).
14 Conforme Gomes, Silva e Silva (2003) e Lopes (2006), o Banco Nacional de Habitao (BNH) e o
Sistema Federal de Habitao (SEFHAU), criados em 1964, constituram dois dos principais programas do governo destinados execuo da poltica urbana em desenvolvimento. A princpio privilegiavam o atendimento das mdias e grandes cidades brasileiras, mas a partir do incio da dcada de 1970 eles foram especialmente alinhados ao atendimento das demandas das regies metropolitanas.
15 Em seu art. 4, este decreto determinava s unidades da federao a destinao de, no mnimo, 5% dos recursos do Fundo de Participao dos Estados execuo do planejamento integrado e dos servios comuns das suas respectivas regies metropolitanas (GUIMARES, 2004).
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Convm salientar que a participao de cada municpio nas regies
metropolitanas institudas pelo governo federal era compulsria e, quanto aos
servios comuns, no eram levadas em considerao as peculiaridades regionais.
Deste modo, citam Azevedo e Guia (2004, p. 99), "estabelecidos de maneira
unvoca, servios importantes em vrias regies deixam de ser considerados,
enquanto includo, por exemplo, o gs canalizado, existente apenas no Rio de
Janeiro e em So Paulo"16.
O equacionamento dos servios comuns de interesse metropolitano
estava submetido aos conselhos deliberativos de cada regio metropolitana. A
propsito, para cada unidade regional instituda, o governo federal determinou a
criao de um conselho deliberativo e de um conselho consultivo, que deveriam ser
mantidos s expensas prprias de cada estado. Cabia a cada conselho deliberativo
promover a elaborao do plano de desenvolvimento integrado, bem como
coordenar a execuo de programas e projetos de interesse de sua respectiva
regio metropolitana. Aos conselhos consultivos competiam opinar, por solicitao
dos conselhos deliberativos, sobre questes de interesse da regio metropolitana e
tambm sugerir aos conselhos deliberativos a elaborao de planos regionais e a
adoo de providncias relativas execuo dos servios comuns (BRASIL, 1973).
Rolnik e Somekh (2004) comentam que estas estruturas de gesto
eram muito hierrquicas, criticando o fato de todo o poder decisrio ser delegado
aos conselhos deliberativos, cujos membros eram nomeados pelos Executivos
16 Embora apenas por uma questo de esclarecimento, considera-se importante destacar o rol de
servios comuns de interesse metropolitano estabelecidos no bojo da lei complementar federal n. 14 de 1973: I) planejamento integrado do desenvolvimento econmico e social; II) saneamento bsico, notadamente abastecimento de gua e rede de esgotos e servios de limpeza pblica; III) uso do solo metropolitano; IV) transportes e sistema virio; V) produo e distribuio do gs combustvel canalizado; VI) aproveitamento dos recursos hdricos e controle da poluio ambiental, na forma do que dispusesse a lei federal; VII) outros servios includos na rea de competncia do conselho deliberativo por lei federal.
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estaduais. Contrapem-se tambm ao fato de que, aos municpios membros de cada
regio metropolitana, cabia apenas a representao nos conselhos consultivos.
As questes levantadas por Rolnik e Somekh (2004) ilustram bem a
centralizao promovida por um estado ditatorial e extremamente autoritrio, como
foi o brasileiro durante o regime militar.
Um passo importante rumo descentralizao poltica, quanto ao
aspecto metropolitano, foi dado com a promulgao da Constituio Federal de
1988. Nela, a possibilidade de criao de unidades regionais, com exceo das
regies integradas de desenvolvimento17, foi facultada s unidades da federao. O
tema foi abordado no pargrafo 3 do art. 25, onde se previa que, mediante lei
complementar, os estados poderiam "instituir regies metropolitanas, aglomeraes
urbanas e microrregies, constitudas por agrupamentos de municpios limtrofes,
para integrar a organizao, o planejamento e a execuo de funes pblicas de
interesse comum" (BRASIL, 1988).
Nota-se que as figuras regionais foram ampliadas. Moura e Ultramari
(1994) enumeram este fato e asseveram que, da forma como foram dispostas na
Constituio, as trs categorias de unidades regionais citadas sugerem, alm da
interdependncia, um certo grau de hierarquia: com o que no parecem discordar.
Entretanto, eles objetam quanto utilizao do termo aglomerao urbana para
representao de uma regio administrativa, tendo em vista se tratar de um
conceito.
17 As regies integradas de desenvolvimento so unidades regionais cuja institucionalizao compete
Unio pelo fato de sua espacialidade abranger municpios de mais de uma unidade federativa. Sua criao est prevista "nos artigos 21 (inciso IX), 43 e 48 (inciso IV) da Constituio Federal" (MOURA et al., 2003, p. 36).
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Moura e Ultramari (1994) sustentam que a oficializao do termo
aglomerao urbana representao de uma unidade regional fragiliza a sua
aplicabilidade, explicando que os termos regio metropolitana e microrregio
bastariam: o primeiro poderia ser empregado para qualificar as aglomeraes
urbanas presididas por metrpoles; enquanto o segundo deveria representar as
aglomeraes urbanas no polarizadas por metrpoles.
Seja como for, desde 1988, alm de trs regies integradas de
desenvolvimento, foram criadas apenas trs aglomeraes urbanas e outras
dezessete regies metropolitanas, que agora totalizam vinte e seis. At o momento,
nenhuma microrregio foi instituda no pas (Figura 2).
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Figura 2 Unidades regionais institudas no Brasil, conforme o ano de criao (2006)
FONTE: IBGE (2006b), Legislaes especficas; BASE CARTOGRFICA: IBGE (2006b); ELABORAO: REOLON, Cleverson A.
Por intermdio da Figura 2, pode-se facilmente constatar que a
maior parte das instituies de unidades regionais efetuadas no perodo ps-1988
ocorreu na regio Sul do Brasil, que passou a concentrar quase a metade do total de
unidades regionais do pas. Santa Catarina se sobressai entre os demais estados, j
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que, entre 1998 e 2002, seus legisladores criaram seis unidades regionais, todas
regies metropolitanas.
Entretanto, parafraseando-se Firkowski e Moura (2001),
necessrio se ponderar que vrias unidades regionais s quais os legisladores
estaduais outorgaram o termo regio metropolitana no passam de aglomeraes
urbanas conceitualmente se falando polarizadas por centros de porte mdio. As
autoras comentam que apenas no Rio Grande do Sul se vem mantendo maior
acuidade em relao hierarquia implcita nas diversas categorias de unidades
regionais sugeridas na Constituio Federal de 1988, respeitando-se Porto Alegre
como a nica metrpole regional presente no estado.
Resulta que a diversidade das regies metropolitanas
institucionalizadas enorme, conforme salienta Ribeiro (2004, p. 9): de um lado, por
exemplo, esto So Paulo e Rio de Janeiro, com densidades demogrficas de
2.220 e 1.899 habita