A aftosa e o prato do brasileiro · ção à questão, e ao fato de Brasil e Argentina torcerem...

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Embora até o presente momento a crisesanitária protagonizada pela febre aftosa nãotenha apresentado nenhum risco à saúde hu-mana — pelo menos não há registro conhe-cido de tal fato, a não ser o prejuízo econô-mico —, ela traz à tona o descuido com obem-estar animal e, conseqüentememe, como dos consumidores, mais em particular,com o dos brasileiros.

Paralelamente à polêmica que insurgiuentre o governo federal e o estadual em rela-ção à questão, e ao fato de Brasil e Argentinatorcerem para que a ocorrência da enfermi-dade se agrave mais em um país do que emoutro, a fim de evitar perdas pontuais demercado e, de modo geral, ampliar a presen-ça, respectivamente, de suas carnes e deriva-dos no mundo, surge uma vertente dessa cri-se muito mais local e não menos importante.

Trata-se da qualidade do produto queconsumimos dentro do território nacional.Lamentavelmente, as regras criadas pelo go-verno federal — voltadas à segurança ali-mentar e que só podem ser garantidas a par-tir da adoção do conceito da rastreabilidadepela cadeia produtiva “do pasto ao prato” —só servirão às exigências do mercado externo. Os consumidores brasileiros, ora osconsumidores brasileiros...

Em termos de mercados externos, as maiores exigências partem da União Euro-péia (UE). O bloco econômico responde por 37% das nossas exportações de carnebovina. O livro branco da Segurança Alimentar da União Europeia é bem preciso nassuas exigências. Para os europeus, somente o conhecimento da origem dos produtos,com base na rastreabilidade, permite assegurar o consumo.

Cabe lembrar que, em 2005, o Brasil embarcou 2,391 milhões de toneladas decarne bovina (equivalente/carcaça), correspondente a uma receita de US$ 3,149 bi-lhões. É isto que mobiliza o governo federal e o setor exportador a deflagrarem açõesdirecionadas à defesa da sanidade animal.

Enquanto isso, em terras brasileiras, nós abatemos 45 milhões de bovinos em2005. Desse volume, estima-se que o nível de operações clandestinas alcance algo emtorno de 40%.

Embora no Brasil exista uma legislação preventiva voltada a coibir essa prática ile-gal — o abate de carne sem inspeção sanitária é crime punível com prisão de até doisanos e multa para quem o fizer para consumo público — é muito raro o registro dealguém que tenha sido preso em virtude disso.

A aftosa e o prato do brasileiro

Revista do Talho 3Editorial

Sindicato do Comércio Varejista de Carnes Frescas do Estado de São PauloPraça da República, 180 - 6º andarSão Paulo (SP)Tel.: (011) 3231-3113 - Fax: (011) 3255-2371

RPM EditoraRua Sen. Roberto Simonsen, 709 - S.C.S. (SP)

Telefax: (011) 4221-4840

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Distribuição: interna e gratuita (6.000 exemplares)

Foto capa: Refrigerção Real

EXPEDIENTEA Revista do Talho é uma publicação do Sindicatodo Comércio Varejista de Carnes Frescas do Estado de São Paulo.

CONSELHO EDITORIALManuel Henrique Farias Ramos, Rubens Bellotto Portella (Mtb. 16.348) e Vandoraide Alice Dias (secretária).

Em 2005, o Brasil embarcou

2,3 milhões detoneladas de carnebovina, ou cerca de

US$ 3,149 bilhões

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Revista do Talho4

Entre os motivos que provocam essa fragilidade nosistema de defesa sanitária animal no País estão os recur-sos financeiros. Os valores disponibilizados pelos cofrespúblicos no Brasil ficam aquém do necessário para arealização de um controle mínimo de fiscalização.

Por sua vez, o Grupo Interamericano para Erradi-cação da Febre Aftosa (Giefa) também não consegueestabelecer um fundo para assistir à América do Sul.

Vale lembrar que a erradicação da febre aftosa emum país com as dimensões territoriais do Brasil e suasextensas áreas de fronteiras, exige não só controle in-terno, mas também dos países vizinhos, uma vez que aproximidade é muito grande.

De um lado da porteira, solo brasileiro. De outro,pasto uruguaio, argentino, paraguaio e boliviano,muitas vezes, separados por uma simples cerca dearame farpado.

Ainda que seja para defender apenas o bom de-sempenho da balança comercial e dos exportadoresnacionais, a questão da biosseguridade — implanta-ção de um conjunto de normas sobre os cuidados ne-cessários para proteger um rebanho da introdução dedoenças — é vital para um país que deseja consolidarsua liderança como fornecedor mundial de proteínaanimal e seus derivados.

Afinal de contas, se não conseguimos cuidar dafebre aftosa, como poderemos assegurar aos clientesde nossas carnes que temos controle sobre a encefalo-patia espongiforme bovina (EEB), conhecida popu-larmente como “mal da vaca louca”, e a InfluenzaAviária, a “gripe do frango”, ambas fatais caso sejamcontraídas por seres humanos?

Enquanto isso, do outro lado do balcão do açou-gue, o brasileiro, muitas vezes alheio a todas essasquestões, enfrenta fila para garantir o churrasco dedomingo.

Resta saber até quando as cadeias das carnes conti-nuarão a tratar com desdém o público brasileiro. Ocerto seria, como pregam os sábios orientais, aprovei-tar o momento de crise e transformá-lo em oportuni-dade. Chance de fazer a lição de casa bem-feita, destavez não só para inglês ver, mas para brasileiro tambémpoder saborear.

MMaannuueell HHeennrriiqquuee FFaarriiaass RRaammoossPPrreessiiddeennttee ddoo SSCCVVCCFFEESSPP

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Água no Frango

Em julho de 2005, o IDEC - Instituto Brasileiro deDefesa do Consumidor tornou pública lista com osnomes das empresas autuadas pelo Ministério da Agri-cultura, Pecuária e Abastecimento, por exceder o limi-te relativo a quantidade de água absorvida em carcaçasde aves congeladas.

A referida lista e sua respectiva divulgação foi umavitória dos consumidores e dos empresários varejistas,que há muito tempo denunciavam esta prática irregu-lar dos fornecedores, que disponibilizavam ao mercadoa carne de frango congelada com índices de água supe-riores ao permitido.

Este tipo de denúncia não é uma novidade no nosso Sindicato que inúmeras ve-zes relatou aos serviços oficiais de fiscalização esta prática irregular dos fornecedorese que, indiretamente, afeta os varejistas, por serem o elo de ligação entre o fabrican-te/fornecedor e o consumidor.

O SCVCFESP, através da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, reali-za gestões junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, através daSuperintendência Federal de Agricultura no Estado de São Paulo, para coibir a açãodas empresas fornecedoras de carne de frango neste sentido. Para tanto, RicardoAraujo de Deus Rodrigues, advogado e assessor jurídico da FECOMERCIO, já rea-lizou reuniões com os representantes da categoria varejista de carnes frescas e estudamedidas a serem tomadas.

Revista do Talho — DDrr.. RRiiccaarrddoo,, aa FFeeddeerraaççããoo ddoo CCoomméérrcciioo ddoo EEssttaaddoo ddee SSããooPPaauulloo,, aattrraavvééss ddaa CCoooorrddeennaaddoorriiaa ddee AAbbaasstteecciimmeennttoo,, pprreessiiddiiddaa pplleeoo nnoossssoo SSiinnddiiccaattoo,,eessttáá ddeesseennvvoollvveennddoo aaççõõeess ppaarraa ccoonntteerr oo pprroocceessssoo iilleeggaall,, aacciimmaa ddoo ppeerrmmiittiiddoo,, ddee iinnsseerr--ççããoo ddee áágguuaa nnaa ccaarrnnee ddee ffrraannggoo ccoonnggeellaaddaa.. PPooddeerriiaa rreellaattaarr--nnooss ooss úúllttiimmooss aaccoonntteeccii--mmeennttooss aa rreessppeeiittoo ddoo aassssuunnttoo..

R.A.D.R. — Inobstante a salutar iniciativa do IDEC, que através de representa-ção junto ao Ministério Público Federal em São Paulo em face de alguns fornecedo-res, conseguiu tornar pública a lista de empresas autuadas pelo Ministério da Agricul-tura, Pecuária e Abastecimento, que praticam a irregularidade em questão, os proble-mas persistem.

Em reunião realizada na FECOMERCIO, no início do ano, os varejistas apresen-taram suas preocupações sobre o tema e informaram que as irregularidades ainda sãoobservadas. Por tal fato, deliberou-se que novas tratativas fossem efetivadas junto aoMinistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para dar-lhe subsídios, a fim dese fiscalizar os fornecedores suspeitos de praticar referida irregularidade e aplicar asdevidas penalidades.

R.T. — Quais são e o que dizem os artigos do Código do Consumidor quepodem tornar os varejistas responsáveis pelas irregularidades dos produtores?Como isso pode ser grave o varejo?

R.A.D.R. — Como destacado anteriormente, o varejo é considerado o elo de li-gação entre o produtor e o consumidor final, de tal sorte que está envolvido em to-

Revista do Talho 5Fornecedores

Manuel Henrique, Dr. RicardoRodrigues e representantes do

Sindicato na reunião da Fecomércio

O Sindicato está

realizando gestões

para denunciar a

presença de água

na carne de

frango

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do processo de distribuição do produto ao consumo. Nesse caso, ainda que a irregu-laridade tenha sido praticada pelo produtor, indiretamente, o varejista pode adquiriro item sem conhecimento de tais irregularidades e colocá-lo à venda. Nesse caso, oconsumidor poderá acionar, também, o comerciante. Se não vejamos: inicialmente,destacamos o artigo 3º do Código de Defesa do Consumidor que, ao definir o vocá-bulo “fornecedor”, inclui em seu rol as pessoas físicas ou jurídicas que distribuem oucomercializam produtos ou prestação de serviços.

Por outro lado, os artigos 18 e 19 do mesmo Código estabelecem as responsabili-dades por vício do produto e do serviço, vinculadas aos fornecedores. No caso em te-la, constatamos dois tipos de vícios no produto. O vício de qualidade e quantidade,vez que o excesso de água no frango congelado o torna inadequado ao consumo, poisas indicações de rotulagem relativamente ao peso e características de sua qualidadeapresentam variações, inadequações.

Nesse caso, constatada referida irregularidade, os fornecedores respondem solida-riamente pelos prejuízos causados aos consumidores. Ou seja, o consumidor que, aodescongelar a carne de frango adquirida no varejo, constatar que seu peso é inferiorao estabelecido na embalagem, poderá acionar todos os envolvidos na cadeia de dis-tribuição, incluindo os comerciantes.

Tal fato, realmente, é grave para o varejo, pois indiretamente, ele poderá ser res-ponsabilizado por irregularidades eventualmente praticadas, exclusivamente, peloprodutor. Para a legislação em vigor, o consumidor é o mais fraco da cadeia e precisater seus prejuízos reparados.

Sugere-se, então, cuidado especial do varejista ao adquirir produtos de seu forne-cedor/produtor. Normalmente, as irregularidades são aparentes e de fácil constataçãoe, mercadorias com tais irregularidades, devem ser recusadas e os suspeitos indicadosà fiscalização.

R.T. — Como o trabalho vem se desenvolvendo?

R.A.D.R. — Mantivemos contato com a Superintendência Federal de Agricultu-ra no Estado de São Paulo, especificamente, com a coordenação da área de fiscaliza-ção e será efetivado um trabalho em conjunto com a FECOMERCIO e o Sindicatono sentido de se proceder à fiscalização junto aos fornecedores suspeitos. Para tan-to, aqueles que possuem informações sobre eventuais irregularidades praticadas, in-formarão ao Sindicato que, por sua vez, munido dos dados e em conjunto com aFECOMERCIO, informará a coordenação de fiscalização da citada Superintendência.

A idéia é atuar em conjunto com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste-cimento, seja através do encaminhamento dos dados necessários à fiscalização, ou ain-da, através de seu acompanhamento in loco.

R.T. — Que rumos esses trabalhos deverão tomar daqui para frente?

R.A.D.R. — Acredito que a atuação conjunta é fundamental para coibir as prá-ticas irregulares. De um lado, temos o setor público competente para realizar a fisca-lização e de outro, o setor privado (representantes do SCVCFESP) interessado em au-xiliar nessa fiscalização.

A tendência é manter a parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas-tecimento para que as fiscalizações sejam regulares e, dessa forma, com a punição dosenvolvidos, toda a cadeia de consumo seria beneficiada.

Água no Frango: denuncie ao seu Sindicato!

Dr. Ricardo Rodrigues, da Federação do Comércio

Revista do Talho6

O varejista

de carnes é

responsável,

juntamente

com o produtor,

pelas

irregularidades

encontradas pelo

consumidor

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Revista do Talho 7Institucional

DRT/SP vai cobrar empresasinadimplentes

A Delegacia Regional do Trabalho de SãoPaulo informou, em ofício encaminhado aonosso Sindicato, que usará de suas prerroga-tivas para cobrar das empresas inadimplentesa contribuição sindical patronal e de empre-gados, de acordo com os cadastros a ela for-necidos. A iniciativa objetiva, além do cum-primento da lei, receber os 20% da referidacontribuição que cabem à União Federal. Aobrigatoriedade do recolhimento dessa con-tribuição decorre do disposto no artigo 578e seguintes da CLT. Segundo a DRT/SP, amedida se faz necessária devido ao grandenúmero de empresas que deixaram de cum-prir com essa obrigação, ficando sujeitas àssanções legais aplicáveis.

O Sindicato do Comércio Varejista deCarnes Frescas do Estado de SP, tomou a ini-ciativa de comunicar todos os integrantes dacategoria, bem como os escritórios contá-beis, objetivando o fornecimento dos cadas-tros dos inadimplentes à autoridade do Mi-nistério do Trabalho e Emprego, que é repre-sentada nos estados pelas Delegacias Regio-nais do Trabalho.

A cobrança sindical é regida por lei eobrigatória. Toda a estrutura que funcionaem benefício da categoria dos açougueiros émantida através desse tipo de conntribuição.Nosso sindicato tem conquistado benefíciospara a categoria através de gestões paraaumento do limite das micro e pequenasempresas junto ao governo do estado, comsucesso. Para falar das últimas conquistas ébom não esquecer a questão dos temperadose pré-fatiados que permite ao açougue agre-gar valor aos produtos.

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Revista do Talho8 Legislação

Rotulagem mais informativaAté 31 de julho de 2006. Este é o prazo que as empresas têm para se adequarem

ao Regulamento Técnico sobre Rotulagem Nutricional de Alimentos Embalados,conforme Resolução RDC º 360, de 23 de dezembro de 2003.

Segundo a norma, a rotulagem nutricional torna-se obrigatória nos alimentos pro-duzidos e comercializados, qualquer que seja sua origem, embalados na ausência docliente e prontos pra serem oferecidos aos consumidores. O descumprimento da re-solução constituirá uma infração sanitária sujeita aos dispositivos da Lei nº 6437, de20 de agosto de 1977, entre outras.

Rotulagem nutricional consiste em toda descrição destinada a informar o consumi-dor sobre as propriedades nutricionais de um alimento. Ela compreende, entre outrascoisas, a declaração de valor energético e nutrientes, e a de propriedades nutricionais.

Mais informações: http://e-legis.bvs.br/leisref/public/showAct.php?id=9059

Bater boca com o clientepode dar demissão

Uma ex-empregada da Drogaria Onofre Ltda. entrou com ação na Justiçado Trabalho buscando reverter sua demissão, causada por um bate-boca comfreguês da drogaria, em dispensa sem justa causa.

Uma testemunha disse que presenciou a reclamante “faltando com respei-to com o cliente e vice-versa”, mas que não sabia quem iniciou a discussão. Acaixa chamou o freguês de “burro”, porque ele não conseguia utilizar a senhado cartão bancário. O cliente teria retrucado, dizendo à reclamante que ela éque era “burra”.

A drogaria entendeu o ato da empregada como indisciplina e rescindiu seucontrato.

A justiça negou o pedido da reclamante. Inconformada, ela recorreu aoTRT-SP, que manteve a decisão.

De acordo com o juiz Luiz Edgar Ferraz de Oliveira, relator do RecursoOrdinário no tribunal, “independentemente de quem deu início às agressõesverbais, fato é que a atitude da reclamante ao discutir com cliente basta à que-bra de confiança, o que autoriza a dispensa por justa causa”.

Segundo o relator, “os empregados são prepostos do empregador e devemportar-se com dignidade e cortesia perante a clientela. Em caso se desentendi-mento com o cliente, por motivos relacionados à negociação, devem solicitara intervenção do superior hierárquico”.

“Não podem os prepostos entrar em bate-boca com o cliente, usando des-necessariamente palavras que ofendam a auto-estima do cliente, salvo se a ati-tude for em autodefesa”, observou o juiz Ferraz de Oliveira.

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Revolução na embalagem trazcarvão de melhor qualidade

A Carvoaria Piquery tem no mercadocarvão com embalagens plásticas. Entre asqualidades que o produto apresenta está,sem dúvida, a permanência da higiene elimpeza do estabelecimento que vende car-ne, ganhando a possibilidade de estar colo-cado em locais mais próximos da comercia-lização de produtos cárneos.

Mas a qualidade do próprio carvão ga-nha com esta opção de embalagem. É o quegarante José Augusto Felipe Filho, proprietário da empresa. Segundo ele, “a passagemda umidade e dos odores do açougue, evitada com a embalagem plástica, garante umamelhor qualidade do produto carvão”.

Se para tirarmos os odores de uma geladeira doméstica, estamos acostumados acolocar um pequeno pedaço de carvão que vai atuar no sentido de tragar esses chei-ros, notamos que a lógica da embalagem plástica para a conservação do carvão faz to-do o sentido. Segundo Felipe, “ela evita a degradação do produto com o tempo de ar-mazenamento na loja, mantendo a granulação e condição original”.

Revista do Talho 9Produto

A diferença entre os carvões é grosseiramente visível, o bom com torrões maisrígidos, uniformese sem pó ou pedaços esfarelados

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Balcão baixo com gancheiras superiores

para dependurar a carne sem refrigeração

Não uso bandejas: a carne é colocada

diretamente nas grades do balcão baixo

Câmaras frigoríficas nem pensar,

mas uma geladeira de quatro portas

A desossa: toda ela na horinha que

a carne chega

Cepo e mesas com tampos de

madeira peroba legítima

Tratar na cidade de São Paulo na década de 70

Revista do Talho10

Balcão antigo em fórmica

Detalhe da carne dependurada sem refrigeração

VENDE-SEAÇOUGUE

MODELO 1970

É bem verdade que comparado às padarias de hoje(que se modernizaram e hoje são verdadeiras lojas de con-veniência, contando com automatização, diversificação eestrutura diferenciada) ou às farmácias (que se organiza-ram em grandes redes ou franquias) o açougue não traz amesma evolução. Mas muita coisa mudou desde a décadados anos 70, quando a realidade das casas de carne eramuito próxima do que está relatado no anúncio acima.

Naquela época não existiam ainda as vitrines altas, oproduto do dianteiro era dependurado sem refrigeração, acarne do traseiro era colocada em grades no balcão sem autilização de bandejas, com exceção da carne moída ealguns poucos cortes, as câmaras frigoríficas ainda nãoequipavam a maioria das casas e obrigavam a desossa dacarne na hora em que chegava ao açougue, não havia autilização do polietileno nas mesas de corte e nos cepos.Quem hoje compraria uma casa de carne dos anos 70?

Não há compradores porque o açougue evoluiupouco se comparado aos setores do pequeno varejo queganharam uma eficiência maior para competir dentrode uma economia globalizada e extremamente compe-titiva. Mas o açougue também ganhou uma grande di-ferenciação marcada principalmente pelo maior com-promisso com a segurança alimentar. Isso mesmo, osequipamentos evoluíram, a estrutura de refrigeração éoutra, os materiais não são os mesmos utilizados há 36anos atrás. Esta modernização foi fruto de exigências davigilância sanitária, que tiveram resposta a altura das fá-bricas de equipamentos e dos varejistas pioneiros, quemodificaram suas casas até chegarem ao ponto em queestão hoje. Diga-se de passagem, que os açougues de

Agradecimento: à Refrigeração Real, pelo pronto fornecimento das fotos publicadas nesta matéria.

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Balcão baixo com gancheiras superiores

para dependurar a carne sem refrigeração

Não uso bandejas: a carne é colocada

diretamente nas grades do balcão baixo

Câmaras frigoríficas nem pensar,

mas uma geladeira de quatro portas

A desossa: toda ela na horinha que

a carne chega

Cepo e mesas com tampos de

madeira peroba legítima

Tratar na cidade de São Paulo na década de 70

Revista do Talho 11

Geladeira 1000 Kg

Balcão reto

Balcão esquina reto

Balcão reto antigo

ponta, plenamente modernizados, também existem, mas são poucos secomparados à modernização de outros ramos do comércio varejista.

Quem nos relata a realidade dos anos 70 é Roberto Carmignolle, quetrabalha na Refrigeração Real e que junto com seu companheiro José Ge-raldo Antonio, nos conta a história dos equipamentos do açougue.

Segundo relata Carmignolle, “as vitrines altas surgiram depois de equipa-mentos anteriores, caixotes com refrigeração que eram colocados em cimados balcões baixos, para pendurar as carnes de dianteiro, pois a vigilância sa-nitária passou a exigir que toda a carne estivesse sob refrigeração. Ele conti-nua: as câmaras frigoríficas não existiam, eram geladeiras. Depois foram in-ventadas geladeiras ainda maiores, com capacidade para 1,5 mil quilos”.

As vitrines altas só foram colocadas no mercado nos meados dos anos70. A vitrine suspensa, muito utilizada nos açougues de hoje só surgiu noinício dos anos 90. Explica que “as primeiras que fabricamos eram simples-mente um balcão de ponta cabeça”.

“Antes disso, veio o vidro curvo, que aumentou o tamanho das bande-jas de exposição e a largura do balcão”, segundo relata Geraldo. Ele expli-ca que “no início, as empresas fornecedoras de vidros não fabricavam oproduto com a curvatura de hoje. Era uma pequena curva em cima, como vidro reto até em baixo. Os primeiros balcões com vidro curvo eramobrigados a ter um depósito em baixo”.

Segundo Geraldo, “as bandejas de exposição ganharam com o vidrocurvo cerca de 8 cm a mais e revolucionaram a visualização das carnes pa-ra o consumidor. Nos balcões de hoje, as portas traseiras foram eliminadas,substituídas por vidros de correr”.

Nesse meio tempo, a madeira tornou-se escassa e protegida, fazendocom que os balcões passassem a ser produzidos em poliuretano injetado.“Fomos pioneiros”, relata Geraldo.

Uma importante modificação para a segurança alimentar aconteceu nosanos 90. As mesas de açougues, que em sua maioria eram construídas de ma-deira, passaram a ser substituídas pelo polietileno. Na Refrigeração Real, asprimeiras mesas com essa inovação eram construídas com chapas importadasde 20 mm e que eram divididas por três, devido ao alto preço do material,instaladas como tampos removíveis, para que se pudesse lavá-las.

Muita coisa ainda precisa ser modificada para a modernização do açou-gue, mas tenhamos em mente que muita coisa foi feita.

Balcão em fórmica antigo

o fornecimento das fotos publicadas nesta matéria.

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Diretores assumem para novo mandato

Conheça os diretores do seu Sindicato. Todos eles, novos ou não, têm propostaspara melhorar a posição do açougue no setor do comércio varejista. Algumas propos-tas são novas, outras representam a continuidade de lutas que já vêm de algum tem-po, mas que não perderam a sua importância.

Walter Saorin tem 45 anos de açougue. Há 30anos ele possui uma casa de carnes instalada na Rua

Emília Marengo, nº 93, no Jardim Anália Fran-co: La Viandwi Comércio de Carnes.Para ele, “é importante dar continuidade a umobjetivo que temos no Sindicato: fazer umacampanha em favor do alimento carne bovina.O açougue tem na carne de boi um importan-

te carro chefe de suas vendas. Com isto, podere-mos ver 17 mil pontos de venda de carne no Es-

tado de São Paulo trabalhando para a informaçãodo consumidor sobre as qualidades da carne. O açou-

gue pode e precisa falar com o consumidor sobre males co-mo o sedentarismo e o excesso de gordura, que são mais prejudiciais à saúde huma-na do que o consumo de carne vermelha. Este é necessário para a alimentação huma-na, rico em proteínas, ferro, contém todos os aminoácidos essenciais para o bom fun-cionamento do nosso organismo”.

José Domingo Balaguer. Vizinho de WalterSaorin, Pepe tem uma casa de carnes instalada na RuaEmília Marengo, nº 23, Jardim Anália Franco. A Boi& Cia trabalha a carne com embalagens, possuiuma grande variedade de produtos que vão desdecortes das carnes tradicionais como o bife de chou-riço até a carne de jacaré e avestruz.

Para ele, “estamos numa época de crise e olhamoso nosso possível parceiro como inimigo. O açougueprecisa trabalhar com mais unidade. Temos que baterforte contra os fornecedores de carnes desonestos, princi-palmente da carne de frango. O Sindicato já está tomando me-didas nesse sentido. É na nossa cara que o consumidor vem bater quando percebe queo produto que adquiriu está fora dos padrões exigidos”.

Hélio Renato Freddi trabalha no setor do va-rejo de carnes há 28 anos. Trata-se de um novo

nome que veio somar aos demais na formaçãoda nova diretoria. Está há 14 anos instaladocom a Monte Alto Alimentos na Rua Clodo-miro Amazonas, nº 101, no Itaim Bibi. AMonte Alto Alimentos trabalha com uma ga-

Revista do Talho12 Nova Diretoria

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ma muito grande de produtos cárneos e comercializapara restaurantes e pequenos comerciantes da região.Renato está abrindo uma nova loja em Moema, ondehaverá espaço até mesmo para treinar mão-de-obra es-pecializada para o açougue.

Segundo ele, “entrei na diretoria com o objetivo detrabalhar para a melhoria e ganho de tecnologia no co-mércio de carnes. É preciso evoluir rapidamente, ganharmodernização e competitividade. Sei que existe muitadesunião, a categoria se vê como inimiga dela mesma.Nós estamos no mercado para ganhar dinheiro, mas te-mos que distribuir qualidade e segurança alimentar. Emoutros setores do comércio a modernização já chegou.Em nosso novo endereço na Al. Lavandisca, nº 665, emMoema, teremos espaço para uma cozinha, salas de pre-paração e a mais alta tecnologia em padrões de higiene,com uma casa moderna”.

Natal Donizeti Dibe-raldino também é um

nome novo na diretoriade nosso Sindicato. Eleé proprietário da Casade Carnes Diberaldi-no, na Rua Antoniade Queirós, nº 98, noBairro da Consolação.

Sua casa está montadano mesmo local onde seu

pai foi proprietário de umpequeno mercado onde traba-

lhavam lado a lado varejistas de carne,frango, flores e outros, ainda em 1976. Em 1982 ele as-sumiu o negócio e matém a sociedade com uma avícolaque funciona junto com seu comércio de carnes.

Segundo ele, “é importante trabalharmos hoje pelaunificação do açougue, com a troca de experiências e ofortalecimento do pequeno comércio. Estou na direto-ria para dar minha contribuição e aprender como dire-tor novo. Espero trabalhar para que o fornecimento decarne para os restaurantes, bares e lanchonetes seja pos-sível através do pequeno varejo de carnes”.

Luciano Strambi é o atual proprietário da Casa deCarnes Mato Grosso, um açougue inaugurado em 1928pelo seu pai na Rua Mato Grosso, nº 456, também noBairro da Consolação.

Segundo ele, “devemos ter em mente o trabalho pe-la melhoria da categoria como um todo. Pontos impor-tantes são a luta para que fornecedores de carne como os

Revista do Talho 13

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frigoríficos não imponham como querem a carnedesossada, com a conseqüente colocação de poucostipos de produtos. Não é o frigorífico que deve di-zer o que devemos vender, mas nós o que queremoscomprar. Acho importante trabalhar pelo melhor for-necimento de carne”.

João Pires Pereira tem sua casa de carnes ins-talada na Rua Vergueiro, nº 3564, na Vila Maria-

na. Ele tem 50 anos de açougue e há 36 anos naCasa de Carnes Dois Corações.Segundo ele, “é preciso trabalhar para criar al-ternativas para a formação de mão-de-obra,com a realização de cursos e treinamentos pa-ra os açougueiros, para a melhoria da tecnolo-

gia do pequeno comércio de carnes. No nossosindicato, criamos condições recentemente para

que o açougue pudesse temperar e pré-fatiar oscortes de carnes, agregando valor aos produtos”.

Jorge Paulino Camisa Nova também é um di-retor novo dentro do nosso Sindicato. Conta ele quesua primeira casa foi aberta no Jardim São Luiz, há36 anos. Antes disso, ganhou experiência comofuncionário. Hoje está instalado em vários endere-ços nos Bairros de Santo Amaro e Campo Limpo.

Jorge considera que a categoria é muito caren-te e que é necessária uma maior unidade entre seuspares: “para isso, precisamos da participação daspessoas, até para saber o que acontece”.

Novos diretores

vêm somar suas

experiências e

propostas na

diretoria que

tomou posse em

janeiro último

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Para ele, “é fundamental o treinamento de mão-de-obra, com a criação de cursos pa-ra incentivar e divulgar a informação sobre a tecnologia de cortes e ainda a especializa-ção no empregado no atendimento com o cliente, buscar uma assiduidade maior dosfuncionários e criar uma forma diferente de relacionamento entre patrão e empregado”.

Outro ponto importante é “coibir a concorrência do fornecedor, no caso o pró-prio frigorífico, que hoje entrega 10 ou 15 kg de carne para pequenos comerciantesque o açougue poderia atender”.

Anísio Marcogni declara se sentir honrado em participar destadiretoria. Hoje, ele trabalha 90% com espetinhos no Boi Bo-

lado da Avenida Dr. Eduardo Cotching, 831, Vila For-mosa. Está há 35 anos trabalhando com a carne e há

20 abriu seu primeiro açougue, também no bairro,tendo passado pelo Tatuapé e Mooca.Segundo ele, “a opção pelos espetinhos foi resulta-do do que aprendi nos cursos ministrados pelo Se-nac e pelo Senai e patrocinados pelo Sindicato emtempos recentes”. Dar continuidade a esses cursos e

criar novos junto a essas entidades para a preparaçãode funcionários e patrões, com ênfase em manipula-

ção e temperados é um de seus objetivos na diretoria.

Revista do Talho 15

Uma nova relação

patrão-empregado

e treinamento de

mão-de-obra

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Anísio cita também a “união da categoria, a promoção de eventos, a facilidade deacesso à informação”, como objetivos a serem perseguidos pela atual gestão.

Ilídio Lopes Almeida também é um diretornovo. Formado em Engenharia de Telecomuni-

cação pela Universidade Mackensie e desgos-toso com o seu setor, entrou para o ramo dacarne através de seu sócio, que detinha oknow how. Está há 6 anos no setor e conside-ra-o “um espaço muito bom dentro da eco-nomia, desde que se lute para derrubar a con-

corrência desleal, que age negativamente atra-palhando quem trabalha com correção”.

“Os problemas com fornecedores que colocamágua no frango ou com vizinhos que trabalham com

preços que aviltam a mercadoria precisam acabar. Além disso, é necessário criar umanova relação entre patrões e empregados, criar novas formas de cumprimentos doshorários de trabalho”.

Ele está começando a trabalhar com temperados e sinaliza que “o temperado criauma diferenciação importante, com ganhos através de valores agregados”.

Marcio Luiz Baena tem sua casa de carnes ins-talada em Santo Amaro, na Rua Dona BelmiraMarin, 3677, trabalhando no setor desde os 15anos de idade. A casa Flor do Bororé passoude pai para filho e Marcio é de opinião que“devemos lutar por nossos direitos, sempre le-vando a informação para a categoria, o quedeve ser feito e o que não deve”.

Ele é de opinião que “o temperado legalizouuma situação que era fato e nos deu a possibili-dade de trabalhar dentro dos padrões”.

Pedro Hugo Justino está há 32 anos no setorde varejo de carnes. Há 6 anos ele se estabeleceu

na Zona Norte da cidade de São Paulo, juntocom o irmão, na Casa de Carnes Pandy, RuaTanque Velho, nº 471, Tucuruvi.Hoje, Justino vê como solução para a con-tinuidade a diversificação com outros pro-dutos como frutas, verduras e laticínios.

Segundo ele, “vou me especializar na venda defrangos para buscar uma saída ao fornecimento

da carne bovina”.

Participe do seu Sindicato!

Unidade para a

categoria,

treinamento de

mão-de-obra,

preservação do

mercado para

pequenas

quantidades de

carnes: essas são

algumas das

propostas dos

diretores do

Sindicato

Revista do Talho16

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Consumo de carne de frango cai na Europa

A Gripe do Frango atingiu vários paises europeus desde o começo do ano. A pe-netração do vírus veio do Leste, com seu aparecimento na Turquia, depois Romêniae outros países, até atingir Itália, França e agora os paises do Norte da Europa. NaFraça, foi encontrado o H5N1, forma radical do vírus que atinge os seres humanos epode causar a morte.

A França teve suspensas suas exportações de carne de frango e de patês finos, co-mo o fois grass, comercializado para o mundo inteiro. Medidas de controle estão sen-do tomadas em toda a Europa.

A população, temendo infecções pela Gripe Aviária, está passando a consumir ou-tros produtos que não a carne de frango, substituindo-a pela carne vermelha. A que-da, segundo alguns órgãos de imprensa, pode variar entre 30 e 70%, dependendo dopaís ou localidade.

Pelo lado brasileiro, indústrias produtoras de carne de frango podem ser ameaça-das com essa tomada de posição dos consumidores europeus. Isto, apesar da carne defrango brasileira estar livre de Gripe Aviária e mesmo com o fato marcante da diver-sidade de paises destino das exportações na-cionais, com mais de 150 mercados diferen-tes. O destino Europa Ocidental representauma grande fatia das exportações.

Em nosso Anuário 2005, já observávamoso fato de que a carne de frango teve queda nocomércio mundial desde 2004, quando o re-cuo foi de 8,95%, quando aconteceu o apare-cimento dos primeiros casos ligados à GripeAviária na Ásia (China, Tailândia e Vietnã).

As medidas de contenção que estão sendotomadas no Brasil incluem dois programas dis-tintos. O primeiro é um Programa de Regiona-lização, que regula a entrada e saída de aves en-tre os estados da Federação. O outro é um Pro-grama de Compartimentalização, que cria con-dições para que compartimentos livres de en-fermidades continuem comercializando os pro-dutos mesmo com regiões afetadas.

Aos açougues interessa de perto a prevençãoe as medidas que estão sendo tomadas, bem co-mo a toda indústria da carne de frango brasilei-ra. Uma epidemia ou o aparecimento da doen-ça afetaria a diversidade dos produtos com quetrabalham as casas de carne. Há consumidoresacostumados à carne de frango. Aqui, se pode-rá atingir patamares de preços mais baixos secontinuar o boicote na Europa, com inevitávelaumento do consumo.

Internacional

Os recentes

acontecimentos

ligados ao

aparecimento da

Gripe Aviária na

Europa estão

causando uma

queda assustadora

no consumo

da carne de aves

naquele continente

Revista do Talho 17

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O que é gripe do frango?É uma doença provocada pelo vírus Influenza; o vírus H5N1 é uma cepa do in-

fluenza. Atinge as aves provocando lesões no aparelho respiratório, digestivo, nervo-so e reprodutivo.

O vírus aviário (H5N1) é mortal?Desde 1500, não se sabe por que, três vezes por século o influenza sofre mutação

e mata, em geral, milhões de aves.

O vírus pode contaminar pessoas?Sim. Por meio de contato direto entre pessoas e aves; mas, também por meio in-

direto como veículos e objetos contaminados.A gripe atinge aves e mamíferos, incluindo humanos. Há registros de epidemias

desde 2000 a.C, provocadas pelos vírus influenza, que conta com 16 subtítulos, al-guns altamente patogênicos.

Se o vírus é mutante e manifesta-se três vezes por sé-culo; nessa condição, quando aparecerá de novo?

Ele aparece mais ou menos com um intervalo de 40 anos provocando pandemias,a última foi em 1969. Os órgãos responsáveis pela saúde estimam a sua manifestaçãopandêmica entre 2008 e 2017, mas ela poderá antecipar-se.

Então a gripe não é doença de rico?Dependendo do vírus a gripe pode ser fatal, em 1918 a gripe espanhola matou 40

milhões de pessoas. Quando a viagem de pessoas entre Continentes poderia levar me-ses, enquanto hoje em apenas algumas horas vamos de um lado ao outro do OceanoAtlântico.

Então o caso é sério, preocupante?Diria que sim. Mas há sempre os otimistas que alegam a evolução da medicina,

da indústria farmacêutica que produz antivirais eficazes e produz vacinas. Há aquelesainda que discutem o comportamento do vírus, informando a sua adaptação ao hos-pedeiro, para ele vírus sobreviver; pois, se o hospedeiro morrer ele morre junto. Ci-tam como exemplo o Ebola.

O problema é saber se todos os vírus são tão inteligentes!

Na dúvida o melhor é ter cautela!Desde o fim de janeiro, os passageiros com destino a países onde foram registra-

dos casos de gripe aviária ou a regiões de fronteira com as áreas afetadas começarama ser orientados sobre os cuidados para evitar a doença, por meio de cartazes e outraspublicações espalhadas nos saguões dos principais aeroportos internacionais (SãoPaulo e Rio de Janeiro) e nas bolsas encontradas nos encostos das poltronas dosaviões.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que, desde 2003, já fo-ram notificados 152 casos de contaminação, dos quais 83 resultaram em mortes.

Conheça

o que é a gripe

aviária, este

fantasma que

assola o mundo

inteiro

Revista do Talho18 Você sabia?

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