A Abordagem Materialista _ Karl Marx

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13/05/2013 1 - teoria, prática e práxis (perspectiva marxista); - o trabalho como característica humana; - a experiência da alienação; - a explicação materialista da vida social; - o modo de produção: infraestrutura e superestrutura; - origem e desenvolvimento da sociedade capitalista: a gênese da sociedade e do estado; - a constituição histórica das classes sociais - a crítica marxista ao estado - a dominação ideológica partir de Marx Karl Heinrich Marx (Tréveris, 5 de maio de 1818 — Londres, 14 de março de 1883) foi um intelectual e revolucionário alemão, fundador da doutrina comunista moderna, que atuou como economista, filósofo, historiador, teórico político e jornalista. Marx parte da crítica da economia política. A expressão economia política é curiosa. Com efeito, a palavra economia vem do grego, oikonomia, composta de dois vocábulos, oikos e nomos. Oikos é a casa ou família, entendida como unidade de produção (agricultura, pastoreio, edificações, artesanato, trocas de bens entre famílias ou trocas de bens por moeda, etc.). Nomos significa regra, acordo convencionado entre seres humanos e por eles respeitado nas relações sociais. Oikonomia é, portanto, o conjunto de normas de administração da propriedade patrimonial ou privada, dirigida pelo chefe da família, odespótes. Para o homem da praxis, a aparência é sempre matéria-prima das transformações desejadas. A investigação teórica insere o ser no corpo da possibilidade que o contém, e o explica e integra no sentido total da realidade. Para a theoria, o ente é sobretudo a sua forma, no sentido aristotélico, isto é, aquilo que faz com que ele seja o que é; para a praxis, o ente é sobretudo matéria, isto é, aquilo que faz com que ele possa tornar-se outra coisa que não aquilo que é. A theoria, ao elevar o objeto até o nível da sua idéia, essência ou arquétipo, capta o esquema de possibilidades do qual esse objeto é a manifestação particular e concreta. Por exemplo, o arquétipo de "cavalo", pode manifestar-se em cavalos pretos ou malhados, árabes, de sela ou de trabalho etc. Pode manifestar-se em cavalos de carroças ou em cavalos célebres e quase personalizados como o cavalo de Alexandre .

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- teoria, prática e práxis (perspectiva marxista);- o trabalho como característica humana;- a experiência da alienação;- a explicação materialista da vida social;- o modo de produção: infraestrutura esuperestrutura;

- origem e desenvolvimento da sociedadecapitalista: a gênese da sociedade e doestado;

- a constituição histórica das classes sociais- a crítica marxista ao estado- a dominação ideológica partir de Marx

� Karl Heinrich Marx(Tréveris, 5 de maio de1818 — Londres, 14 demarço de 1883) foi umintelectual erevolucionário alemão,fundador da doutrinacomunista moderna, queatuou como economista,filósofo, historiador,teórico político ejornalista.

� Marx parte da crítica da economia política. Aexpressão economia política é curiosa. Com efeito, apalavra economia vem do grego, oikonomia,composta de dois vocábulos, oikos e nomos.

� Oikos é a casa ou família, entendida como unidade deprodução (agricultura, pastoreio, edificações,artesanato, trocas de bens entre famílias ou trocas debens por moeda, etc.).

� Nomos significa regra, acordo convencionado entreseres humanos e por eles respeitado nas relaçõessociais.

� Oikonomia é, portanto, o conjunto de normas deadministração da propriedade patrimonial ou privada,dirigida pelo chefe da família, odespótes.

� Para o homem da praxis, a aparência ésempre matéria-prima das transformaçõesdesejadas. A investigação teórica insere o ser nocorpo da possibilidade que o contém, e o explicae integra no sentido total da realidade.

� Para a theoria, o ente é sobretudo a sua forma,no sentido aristotélico, isto é, aquilo que faz comque ele seja o que é; para a praxis, o ente ésobretudo matéria, isto é, aquilo que faz comque ele possa tornar-se outra coisa que nãoaquilo que é.

� A theoria, ao elevar o objeto até o nível dasua idéia, essência ou arquétipo, capta oesquema de possibilidades do qual esseobjeto é a manifestação particular e concreta.Por exemplo, o arquétipo de "cavalo", podemanifestar-se em cavalos pretos oumalhados, árabes, de sela ou de trabalho etc.Pode manifestar-se em cavalos de carroçasou em cavalos célebres e quasepersonalizados como o cavalo de Alexandre .

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� Pode manifestar-se em seres míticos que"participam da cavalidade", como o Pégaso ouo unicórnio, cada qual, por sua vez, contendoum feixe de significações e intençõessimbólicas. Enfim, a razão, ao investigar o serdo objeto, eleva este último até o seu núcleosuperior de possibilidades, resgatando-o dasua acidentalidade empírica e restituindo, porassim dizer, seu sentido "eterno"

� Ao conhecer um arquétipo, sei não apenas oque a coisa é atualmente e empiricamente,mas tudo o que ela poderia ser, toda alatência de possibilidades que ela podemanifestar e que se insinua por trás da suamanifestação singular, localizada no espaço eno tempo.

� A praxis, ao contrário, transforma a coisa, isto é,atualiza uma dessas possibilidades, excluindoimediatamente todas as demais. Por exemplo,uma árvore. Se investigo o objeto "árvore" paracaptar o seu arquétipo, tomo consciência do queela é, do que poderia ser, do que ela podesignificar para mim, para outros, em outrosplanos de realidade etc. Porém, se a transformoem cadeira, ela já não pode transformar-se emmesa ou estante, e muito menos em árvore. Decadeira, ela só pode agora transformar-se emcadeira velha, e depois em lixo.

O trabalho é para Marx a atividade

humana básica a partir da qual se

constitui a história dos homens. O

trabalho produtivo é que diferenciará o

ser humano dos animais em geral, pois

enquanto estes trabalham para suprir

uma necessidade imediata e são

limitados pela natureza, o ser humano

produz além da sua necessidade,

transformando a natureza.

� No pensamento marxista, a categoriatrabalho está no centro de sua teoria, vistoque desempenha o papel fundante naconstrução e desenvolvimento dahumanidade, expressado como fio condutorda obra marxiana, desde suas primeiraselaborações teóricas até às da suamaturidade, na busca de explicitar, como osseres humanos se produzem e reproduzem asua existência humana.

� Para compreender o contexto em que viveuno século XIX, época de transformaçõeseconômicas, em que a indústria sedesenvolvia rapidamente que confirmavam aburguesia como classe dominante, frente aum número elevado de proletáriosdesenvolvendo seu trabalho em condiçõesdegradantes.

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� Marx inicia a construção de seus argumentosna demonstração de como se desenvolve oprocesso de trabalho no contexto docapitalismo, explicitando as reais condiçõesdo trabalhador frente às vantagens doproprietário e o capitalista. Com a separaçãoentre o capital, propriedade de raiz e dotrabalho, a desvantagem cabe somente aotrabalhador

� O jovem Marx assinala o modo como aconcorrência se instaura entre ostrabalhadores frente à sujeição desses àsexigências do capitalismo, a transformaçãodo trabalhador em mercadoria, regulada pelademanda, etc. Os elementos constitutivos doprocesso de trabalho, na produção daexistência humana nos moldes capitalistas,apontados por Marx são complexos, e secomplexificam cada vez mais com odesenvolvimento do capitalismo.

� Partindo do princípio de que o homem seconstituiu humano por meio da sua atividadevital, na ação lúcida e livre sobre a naturezaconjuntamente com os outros homens; e,considerando, a fragmentação e anecessidade imposta ao trabalhador naorganização do sistema capitalista, Marxexplicita que no trabalho alienado, aatividade vital lúcida do homem setransforma em simples e único meio deexistência, isto é, garantir sua sobrevivência.

� O processo de constituição do conhecimentose efetiva numa inter-relação com aconstituição do homem, isto é, o homem narelação com outros homens, domina anatureza e a transforma, e, com isso se fazhomem, diferenciando-se da natureza.

� Neste movimento ele cria conhecimento quevai se acumulando ao longo da história dahumanidade.

� O fundamento da alienação, para

Marx, encontra-se na atividade

humana prática: o trabalho.

Segundo ele, o fato econômico é

“o estranhamento entre o

trabalhador e sua produção” e

seu resultado é o “trabalho

alienado, cindido”, que se torna

independente do produtor, hostil

a ele, estranho, poderoso e que,

ademais, pertence a outro

homem que o subjuga.

Estrutura e super-estrutura

Estrutura – O conjunto das forças

produtivas e das relações sociais de

produção de uma sociedade forma a sua

base ou estrutura que, por sua vez, é o

fundamento sobre o qual se constituem as

instituições políticas ou sociais.

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Super-estrutura – São as produções

humanas não materiais (política,

crença, moral, etc.), que tem por

base e explicação a estrutura.

Os modos de produção – São eles que explicam as distintas fase humanas na

história (tribal, escravocrata, feudal, mercantilista e capitalista).

� GêneseGêneseGêneseGênese dadadada sociedadesociedadesociedadesociedade eeee dodododo EstadoEstadoEstadoEstado – Dissemos queMarx indaga como os homens passaram dasubmissão ao poder pessoal de um senhor àobediência do poder impessoal do Estado. Pararesponder a essa questão, é preciso desvendar agênese do Estado.

� As relações sociais de produção não sãoresponsáveis apenas pela gênese da sociedade,mas também pela do Estado, que Marx designacomo superestrutura jurídica e política,correspondente à estrutura econômica dasociedade.

� Na teoria marxista, o materialismo históricopretende a explicação da história dassociedades humanas, em todas as épocas,através dos fatos materiais, essencialmenteeconômicos e técnicos. A sociedade écomparada a um edifício no qual asfundações, a infra-estrutura, seriamrepresentadas pelas forças econômicas,enquanto o edifício em si, a superestrutura,representaria as idéias, costumes, instituições(políticas, religiosas, jurídicas, etc).

� Tal afirmação, defendendo rigorosodeterminismo econômico em todas as sociedadeshumanas, foi estabelecida por Marx e Engelsdentro do permanente clima de polêmica quemantiveram com seus opositores, e atenuadacom a afirmativa de que existe constanteinteração e interdependência entre os dois níveisque compõe a estrutura social: da mesmamaneira pela qual a infra-estrutura atua sobre asuperestrutura, sobre os reflexos desta, embora,em última instância, sejam os fatoreseconômicos as condições finalmentedeterminantes.

� Marx afirmou que a estrutura de uma sociedadedepende da forma como os homens organizam aprodução social de bens. A produção social,segundo ele, engloba dois fatores básicos: asforças produtivas e as relações de produção. Asforças produtivas constituem as condiçõesmateriais de toda a produção. Representam asmatérias primas, os instrumentos, as técnicas detrabalho e até os próprios homens. Reconhece-seo grau de desenvolvimento das forças produtivasde uma nação a partir do aperfeiçoamento dadivisão do trabalho.

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� os grupos humanos contemplam, em suasações, variados aspectos (políticos, culturais,econômicos etc) que motivam e explicam adinâmica social e os processos históricos,entendidos em termos de mudançasestruturais. A pesquisa sobre a ação dossegmentos sociais na dinâmica históricaimpõe, pois, a necessidade de uma teoria queintegre, no conceito de classe social, esses

� múltiplos aspectos.

� As ações e o modo de vida dos gruposespecíficos são, de algum modo,determinados pelas suas relações com osmeios de produção, com os bens materiais eculturais e com as relações de poderpresentes na sociedade. É preciso, portanto,ampliar a análise para além da situação declasse ou de mercado, ou seja, para além daproblemática economicista das classes sociais

� Para Marx, a política, as ideologias e inclusivea cultura, junto com as determinaçõeseconômicas, atuam no processo deconstituição da classe social.

� A noção de economia está assentada sobre aorganização da produção material, o queexplicaria o uso do conceito mesmo parasociedades nas quais não há predominânciado mercado.

� Embora no capitalismo, a organização daprodução tende a se converter na própriaprodução de capital e as classes sociais tendam asurgir a partir de sua posição na organizaçãodaquela produção social, não se pode chegar aconclusão de que os meios de produção, emtodas as sociedades histórica dadas, sãonecessariamente capital em potencial ou de queo capital é um fundamento necessário doprocesso de trabalho humano em geral,abstraindo as formas históricas do trabalho.

� A partir de Marx é que realmente começa aexistir uma visão científica de Estado, pois sepassa a ter consciência das desigualdades declasses. Até, então, o que havia eram apenasjustificativas ideológicas, embora algumasainda possuam muito mérito na compreensãode alguns aspectos relativos ao Estado.

� Não poderia ser de outra forma, visto que nopensamento destes filósofos predominava osideais burgueses, logo se fosse de outramaneira, estar-se-ia denunciando asdesigualdades causadas pelas diferenças declasses, o que feriria os interesses delespróprios, ou seja, da classe dominante.

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� Marx foi quem deu origem a visão crítica deEstado. Essa visão tem origem a partir doComunismo Utópico, uma das primeiras fasesdo pensamento marxista, no qual sedemonstrava que a liberdade e a igualdadepreconizadas pelos ideais do Liberalismo e daDemocracia defendidos pelos filósofospolíticos até então, visava manter a condiçãoda burguesia como classe dominante.

� A idéia básica desta Teoria consistia nodesejo de uma revolução econômico-social,pois somente esta poderia efetivamentepromover a igualdade entre as pessoas e nãosomente um estado de igualdade jurídicabaseado em aparências.

� Marx acredita que se deva desencadear umarevolução econômico-social, a fim dereconquistar a unidade do homem, que éhomem também quando trabalha. Parareconquistar essa unidade, diz que é precisosuperar essa separação entre o homem e ocidadão. Para Marx, o processo revolucionáriode transformação da sociedade está naconquista do poder.

� Marx também teve o mérito no modo deenxergar a relação sociedade civil esociedade política. Para ele, sociedadepolítica (Estado) era a expressão da sociedadecivil (entendida aqui como o conjunto dasrelações econômicas).

� Marx afirma que a sociedade civil, entendidacomo o conjunto de relações econômicas é queexplica o surgimento do Estado, seu caráter, suasleis e assim por diante. É a partir daí que se temum verdadeiro fundamento acerca de uma Teoriado Estado, embora ainda falte em Marx aelaboração orgânica dessa Teoria. Porém, suavisão de que a estrutura econômica é a base doEstado foi o que permitiu um grande avanço naconstrução da Teoria do Estado Moderno, realistae não apenas ideológico, para esconder osinteresses da classe dominante.

� A origem remota da expressão ideologiaprovém da junção linguística de duaspalavras gregas, eidos (ideia) e logos (estudo,conhecimento).

� o ideólogo é aquele que inverte as relaçõesentre as ideias e a realidade, entre opensamento sobre o mundo e o mundo defato, embora o termo “ideologia”, registre-se,tenha adquirido, inclusive no interior docampo marxista, outras conotações.

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� A ideologia é a falsidade que trai a própriaorigem do social.

� Por isso, é das relações sociais que se deve partirpara compreender as causas dos pensamentosdos homens e o porquê deles agirem e pensaremde formas determinadas, porém variáveis adepender do momento histórico em que estejaminseridos. Em uma palavra, é preciso tentarcompreender a origem remota das relaçõessociais e de suas diferenças cronológicas,tomando-as como verdadeiros processoshistóricos.

� Marx nunca separa a produção das ideias e ascondições sócio-históricas nas quais sãoproduzidas. Ele parte de pressupostos fixos –os homens reais – e nunca os abandona, poisé a distorção ou a mera abstração da históriados homens que caracteriza quase todaideologia.

� A divisão social do trabalho existe, pois noinstante em que há separação entre otrabalho material e o trabalho intelectual, ouseja, entre os produtores ativos de ideias e osseus receptores passivos, surge a ideologia.De fato, a consciência está ligada àscondições materiais de produção e as ideiasnascem como fruto destas atividadesmateriais.

� a classe que é a força material dominante dasociedade é, ao mesmo tempo, sua forçaespiritual dominante. A classe que dispõe dosmeios de produção material dispõe tambémdos meios de produção espiritual, o que fazcom que sejam a ela submetidas, ao mesmotempo, as idéias daqueles que não possuemos meios de produção espiritual.

� Assim, se a classe domina no âmbito material(econômico, social e político) tambémdominará no âmbito espiritual (das ideias), demodo que a maneira pela qual a classedominante representa a si mesma será amaneira como todos irão pensar.

� A ideologia é, portanto, uma forma deprodução do imaginário social quecorresponde aos anseios da classe dominantecomo meio mais eficaz de controle social ede amenizar os conflitos de classe, sejainvertendo a noção de causa e efeito, sejasilenciando questões que por isso mesmoimpedem a tomada de consciência dotrabalhador de sua condição histórica,“formando ideias falsas sobre si mesmo,sobre o que é ou o que deveria ser”.