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89 7º ANO UNIDADE I: A COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA .................................................... 90 A colonização da América espanhola ............................................................ 91 A administração da América espanhola ......................................................... 97 A colonização da América portuguesa ........................................................ 100 A administração da América portuguesa ..................................................... 107 UNIDADE II: O BRASIL COLONIAL ................................................................... 109 A produção açucareira e outras atividades econômicas ............................. 110 Africanos no Brasil: dominação e resistência .............................................. 115 Portugal sob o domínio da Espanha e as invasões holandesas no Brasil ... 122 O avanço da colonização: a ocupação do interior do Brasil ....................... 127 A mineração ................................................................................................. 130

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7º ANO

UNIDADE I: A COlONIzAçãO DA AmérICA ....................................................90

A colonização da América espanhola ............................................................91

A administração da América espanhola .........................................................97

A colonização da América portuguesa ........................................................100

A administração da América portuguesa .....................................................107

UNIDADE II: O BrAsIl COlONIAl ...................................................................109

A produção açucareira e outras atividades econômicas .............................110

Africanos no Brasil: dominação e resistência ..............................................115

Portugal sob o domínio da Espanha e as invasões holandesas no Brasil ...122

O avanço da colonização: a ocupação do interior do Brasil .......................127

A mineração .................................................................................................130

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As transformações enfrentadas pela sociedade europeia ocidental entre os séculos XIV e XVI proporcionaram uma grande mudança no modo de viver e pensar o mundo.

As grandes navegações trouxeram para a burguesia comercial e para os monarcas absolutistas altos lucros, obtidos através do comércio e da exploração das regiões conquistadas.

Pioneiros nessas navegações, Portugal e Espanha colocaram em prática o Pacto Colonial, um sistema de regras que definia o domínio político e econômico da metrópole (país dominador) sobre a Colônia (região dominada).

Na América, a ação do Pacto Colonial garantiu o enriquecimento das metrópoles portuguesas e espanholas. No entanto, causou a destruição de territórios e o extermínio de vários povos.

Mas afinal, que povos eram esses encontrados pelos portugueses e espanhóis na América? Como ocorreu o encontro entre esses “dois mundos”? De que forma as Metrópoles portuguesas e espanholas exploravam as suas Colônias?

UNIDADE I: A colonização da América

Obra de 1951 intitulada de “A conquista ou chegada de Hernán Cortez a Veracruz” que faz parte de uma série de painéis do artista mexicano Diego Rivera (1886 –1957).

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A COlONIzAçãO DA AmérICA EsPANHOlA

A chegada da esquadra de Colombo à América, em 1492, teve um grande impacto tanto

para a população nativa (os indígenas) como para os europeus, representando um “confronto

de dois mundos”.

A existência de povos muito ricos no continente americano, atraíram vários conquistadores

e aventureiros em busca de prestígio e enriquecimento rápido. Estima-se que, nos primeiros

cinquenta anos de domínio espanhol na América, mais de 6 milhões de indígenas tenham

morrido, vítimas de guerras, doenças, assassinatos e trabalhos forçados no qual eram

submetidos.

A ocupação espanhola do continente americano teve início pelas ilhas do Caribe (São

Domingos e Cuba), e seguiu na direção norte, onde está localizado o México.

Essa expedição, que durou três anos (1519-1521), foi comandada por Hernán Cortez

que, com auxílio de 400 homens, 17 cavalos, 10 canhões e poucas armas conquistaram um

dos maiores povos da América: o Império

Asteca.

Os astecas fundaram, em 1325, a cidade

de Tenochtitlán (atual cidade do México),

capital do Império e lá construíram palácios,

mercados, praças, lojas, residências e

templos em forma de pirâmides.

A guerra era uma das principais atividades

dos astecas e, no final do século XV, já

haviam dominado um imenso território,

obrigando os diversos povos conquistados

a pagarem impostos ao seu Império.

Sua economia baseava-se na agricultura,

na pesca, na caça e na produção de

peças com cerâmica, ouro, prata e pedras

preciosas. O comércio foi uma atividade

largamente desenvolvida pelos astecas e

todas as cidades tinham mercados bastante

movimentados. Diego Rivera. Cidade de Tenochtitlán, 1945.

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A sociedade asteca estava dividida em camadas bastante diferenciadas na qual, a mais

alta era a do Imperador, seguida dos nobres e suas famílias, guerreiros, sacerdotes,

funcionários públicos, comerciantes, soldados, camponeses, artesãos e escravos que eram

prisioneiros de guerra.

Logo que chegaram, os espanhóis ficaram admirados com a riqueza e a organização da

capital do Império e foram recebidos pelos astecas com presentes, festas e como hóspedes

de honra do Imperador montezuma, pois a população asteca acreditava estar diante do seu

deus mítico Quetzalcoatl.

Os astecas desconheciam o cavalo e, vendo homens brancos, com roupas de ferro,

trazendo consigo armas que cuspiam fogo pensaram estar lidando com deuses.

No entanto, em pouco tempo, perceberam que aqueles homens não eram deuses e sim

invasores: os espanhóis, passaram a saquear todas as cidades do Império e a matar, de

forma cruel, seus habitantes.

O Império Asteca até que resistiu à invasão. No entanto, os espanhóis, com uma

superioridade militar e ajuda de povos inimigos dos astecas, destruíram a cidade de

Tenochtitlán e condenaram o Imperador Montezuma à morte. Diante desse fato, o Império

Asteca, após quase um século de grande esplendor, chegou ao fim.

A descoberta de ouro em terras astecas parecia confirmar a crença dos espanhóis de que

o El Dourado era mesmo na América.

O Eldorado é uma lenda que falava na

existência de um reino localizado na

parte sul do continente americano, e suas

cidades eram cobertas de ouro.

Por esse motivo, outros

colonizadores, começaram a ser atraídos

para América em direção ao Sul e, em

1532, Francisco Pizarro, chegou ao

Império Inca.

Os incas iniciaram sua expansão

territorial dominando diferentes povos a

partir do século XV. Assim, construíram

um imenso Império, abrangendo parte de

onde hoje é o Peru, o Equador, a Bolívia, o

Chile e a Argentina.

Ruínas da cidade de Machu Picchu, no Peru.

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As principais cidades incas eram Cuzco e Machu Picchu na qual possuíam palácios e

templos. Os incas viviam da agricultura, do pastoreio (principalmente de lhamas), da

tecelagem, metalurgia e da produção de objetos de cerâmica. Dessa forma, a maior parte da

população era formada por camponeses e artesãos. Faziam parte da nobreza os sacerdotes

e chefes militares.

Toda a sociedade era governada pelo Imperador Inca que, conhecido como Filho do Sol,

era respeitado e venerado como um deus.

Na época em que Pizarro chegou, o Império Inca estava passando por uma grande crise:

dois herdeiros do antigo Imperador estavam disputando o trono e muitos povos queriam se

livrar do domínio inca.

Pizarro, aproveitando-se da situação, iniciou a sua conquista marchando em direção a

Cuzco, a capital do Império, onde encontrou uma forte resistência, resultando em quarenta

e um anos (entre 1533 a 1572) de batalhas até que, com reforços chegados da Espanha, o

último líder indígena inca, Tupac Amaru, foi aprisionado e morto. Nesses anos de batalhas

morreram cerca de 300 mil guerreiros incas e 1500 espanhóis.

Os maias foram outra grande civilização que se formou na América entre as florestas

tropicais da Guatemala, Honduras e Península de Yucatán (região sul do México). Esse povo

não formou um grande Império, mas construiu grandes cidades que eram independentes,

tinham governos e leis próprias.

Nessas cidades foram construídos palácios e templos também em forma de pirâmides e

estradas com até dez metros de largura, que serviam de passagem para os templos religiosos.

Esses templos não tinham muralhas e traziam inscrições sobre a contagem do tempo através

de um calendário desenvolvido pelos maias.

Quando os espanhóis chegaram à América, essa civilização já estava em decadência. A

população havia abandonado suas cidades e se espalhado por outras regiões misturando-se

a outros grupos.

saquear: apossar-se de algo com violência.

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1. Elabore um quadro comparativo entre as civilizações astecas, incas e maias:

AsTECAs INCAs mAIAs

localização

As cidades

Organização social

Atividades econômicas

2. Observe o mapa a seguir e responda as questões:

a) Identifique o continente representado no mapa e o que as setas estão indicando.

b) Localize no mapa os povos astecas e incas.

c) Explique como foi a conquista desses dois povos.

d) Atribua um título para o mapa.

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3. As imagens a seguir foram produzidas pelo artista belga Theodore de Bry (1528-1598) e o texto feito pelo religioso espanhol frei Bartolomeu de las Casas (1474-1566) que se autodenominava “protetor universal de todos os povos indígenas”. Em seu livro, “Brevíssima relação de destruição das Índias Ocidentais”, publicado em 1552, Las Casas relata a violência cometida pelos colonizadores espanhóis contra as populações nativas da América:

Theodore Bry. Indígenas escravizados trabalhando na produção de cana-de-açúcar, 1596.

Theodore de Bry. Espanhóis massacrando os indígenas, 1520.

“(...) No ano de 1531 os espanhóis adentraram nos reinos do Peru, e com a mesma

intenção de todos os outros, devastaram povoados e vilas, matando os habitantes (...).

Numa ilha que está perto do mesmo local, e que se chama Pugna, muito povoada e

agradável, o Senhor com o seu povo receberam os espanhóis como se fossem anjos

descidos do céu e, seis meses depois, quando os espanhóis comeram toda a reserva

de alimentação, os indígenas apresentaram-lhes os últimos grãos de trigo com muitas

lágrimas, para que os gastassem e o comessem à vontade. Por fim os espanhóis

passaram a fio de espada uma grande quantidade de indígenas e outros foram

transformado em escravos(...).”Bartolomeu de Las Casas. Brevíssima relação da destruição das Índias Ocidentais: o paraíso destruído. Porto

Alegre: L&PM, 1984. p. 98-103.

a) Identifique o acontecimento histórico representados nas imagens e relatado no texto.b) Como Las Casas relata a reação dos colonizados frente aos colonizadores? Retire um

trecho do texto.c) Ocorreram resistências por parte dos indígenas contra a dominação espanhola?

Explique.d) As imagens de Theodore Bry e os relatos de Las Casas foram produzidos com quais

intenções? Explique.

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4. A conquista da América pelos espanhóis representou um dos maiores genocídios na história da humanidade. Essa colonização pode ser caracterizada como genocídio, pois ocorreu um assassinato em massa que levou a extinção de vários grupos indígenas.

Quando os espanhóis chegaram à América a população estimada dos astecas era de 15 milhões e dos incas 7 milhões. Em aproximadamente 100 anos, os astecas estavam reduzidos a 1 milhão e os incas a 500 mil, vítimas de guerras, doenças, assassinatos e dos trabalhos forçados aos quais eram submetidos.

Organize os dados do texto na tabela seguinte:

Na sala de Informática, transforme os dados da tabela do exercício anterior (4) em um gráfico seguindo o roteiro a seguir:

a) Primeiramente, faça um rascunho em seu caderno sobre as diversas possibilidades da construção desse gráfico.

b) Após ligar o computador, clique em INICIArPrOGrAmAsmICrOsOFT EXCEl.

c) Explore a ferramenta GrÁFICO e escolha um modelo de gráfico que melhor representa os dados da tabela.

d) Organize a legenda e atribua um título para o seu gráfico.e) Clique em PrOGrAmAsmICrOsOFT WOrD e transfira o gráfico para essa

página. f) Discuta com os seus colegas as seguintes questões: Quais os efeitos da colonização

espanhola nas populações nativas da América? Como tão poucos derrotaram tantos?

g) Por último, salve o seu trabalho em menu, ArQUIVOsAlVAr e escolha as seguintes opções: no Disco Local (C:); em um Disquete 3 ½ (A:); ou em um Disco Removível (D:). No espaço a seguir, anote o nome do arquivo e o local onde você o salvou:

Nome do Arquivo: __________________________________________________________

Local onde você salvou: _____________________________________________________

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A ADmINIsTrAçãO DA AmérICA EsPANHOlA

O governo espanhol, assim como outras monarquias europeias, adotou as práticas

econômicas do mercantilismo, principalmente no que diz respeito ao metalismo (acúmulo

de metais preciosos), devido à grande quantidade de ouro e prata encontrada na América.

A política mercantilista também estava relacionada à conquista e exploração de novos

territórios. Assim, o país dominador passou a ser chamado de metrópole e a área conquistada

de Colônia.

A relação entre a Colônia e a Metrópole era definida pelo Pacto Colonial que determinava

as seguintes regras:

● • a prática do monopólio comercial, ou seja, as Colônias eram fornecedoras de

matérias-primas (madeira, algodão, cana-de-açúcar, tabaco, ouro e pedras preciosas)

e só podiam vender esses produtos para a Metrópole;

● • os produtos manufaturados eram proibidos nas Colônias e tinham que ser comprados

da Metrópole;

● • os negócios com estrangeiros só eram possíveis se autorizados pelo governo da

Metrópole.

Essas ações definiam o sistema colonial mercantilista, que organizou a economia da Colônia

em função da Metrópole, ou seja, a Colônia deveria produzir produtos que fossem lucrativos

e exclusivos para a Metrópole. Dessa forma, era garantido o enriquecimento das Metrópoles

que compravam matérias-primas por preços baixos e vendiam produtos manufaturados por

preços altos.

Para garantir essas práticas de exploração na América, a Coroa espanhola criou em 1503,

na cidade de Sevilha (cidade portuária da Espanha), a Casa de Contratação, local exclusivo

de comércio com as Colônias e responsável pela sua fiscalização e cobrança do quinto, e o

Conselho das Índias, criado em 1524, que elaborava as leis e escolhia os funcionários que

iriam trabalhar nas Colônias.

Na América, o governo espanhol organizou unidades administrativas, dividindo o território

em quatro vice-reinos. Em 1535 foi criado o Vice-Reino da Nova Espanha, em 1542, o

Vice-Reino do Peru, e, no século XVII, os vices-reinos de Nova Granada e do Rio da Prata.

Para governar os vice-reinos, o rei nomeava nobres que se tornavam a autoridade máxima

nas Colônias. Os vice-reis, como eram chamados, cuidavam dos assuntos administrativos,

militares, fiscais, financeiros, religiosos e presidiam as audiências, onde exerciam a função

de autoridade judicial.

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Os cabildos, espécies de Câmaras Municipais, constituíam outro órgão de administração

colonial e eram responsáveis pela administração e abastecimento das vilas e cidades.

A Igreja Católica também auxiliou no processo de conquista e submissão dos indígenas.

Através das missões jesuíticas (os jesuítas eram membros da Companhia de Jesus, fundada

em 1534), formavam-se aldeamentos onde os indígenas eram catequizados e trabalhavam

para os jesuítas.

Esses aldeamentos contribuíram para a exploração da mão-de-obra indígena através

de duas formas de trabalhos: a mita e a encomienda. Originária da civilização Inca, a mita

era um sistema de trabalho no qual alguns membros das aldeias indígenas tinham que

prestar serviços obrigatórios nas minas e em obras públicas, em troca de baixos salários.

A encomienda era o direito cedido aos espanhóis - os encomenderos – de explorarem o

trabalho indígena nas minas e plantações. Em troca, o encomendero tinha que promover a

catequização dos indígenas.

As minas mais ricas em metais preciosos eram as de prata, em Potosi (Bolívia), e as de

ouro, em Zacatecas (México).

A utilização de africanos escravizados se restringiu às Ilhas do Caribe, áreas produtoras de

cana-de-açúcar e onde não existiam mais as populações indígenas.

Dessa relação entre a Colônia e a Metrópole se formou uma sociedade na América

espanhola com grupos sociais bastante distintos: os chapetones (espanhóis) que ocupavam

altos cargos civis, militares e eclesiásticos; os criollos (filhos dos espanhóis nascidos na

América) que eram grandes proprietários de terras e de minas, comerciantes, grandes

pecuaristas e profissionais liberais; os mestiços (resultantes da miscigenação entre brancos

e negros, e brancos e índios) que eram pequenos comerciantes, servidores domésticos e

trabalhadores assalariados e os indígenas e africanos escravizados que trabalhavam nas

grandes plantações, obras públicas e minas.

monopólio: exclusividade.

Produtos manufaturados: são produtos que passam por manuseio durante sua fabricação, ou que são fabricados por meio de processos industriais.

Quinto: imposto real sobre todas as transações comerciais nas colônias americanas.

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1. Defina as palavras e expressões que aparecem no texto:

mita - cabildos - Casa de Contratação – chapetones - Pacto Colonial - Conselho das Índias - metrópole – vice-reinos - mercantilismo – criollos - missões jesuíticas -

Colônia - monopólio comercial – encomienda - mestiços

Em seu caderno, monte um quadro e organize essas palavras e expressões conforme o seu assunto:

POlÍTICA sOCIEDADE ECONOmIA ADmINIsTrAçãO TrABAlHO

2. Complete o esquema a seguir com as informações do mapa:

O comércio espanhol na América no século XVIICOlôNIA

mETróPOlE

a) Que nome era dado a essa relação entre a Metrópole e a Colônia? Explique como funcionava.

b) Que conclusões podemos tirar sobre o papel das Colônias e sua relação com a Metrópole espanhola?

3. Crie um esquema para representar a sociedade na América espanhola e responda: O que determinava a posição social de cada uma?

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A COlONIzAçãO DA AmérICA POrTUGUEsA

Na segunda metade do século XVI, Portugal possuía colônias na África, no Extremo Oriente

e na América tornando-se assim a maior potência naval e comercial de toda Europa.

Portugal formou um vasto Império ultramarino no qual dominava a região em que

estabelecia, formando colônias, fortes, feitorias ou submetendo os chefes e toda a população

local através da força.

Dessa forma, essas regiões se tornaram fornecedoras de uma grande variedade de

produtos e africanos escravizados, como mostra o quadro a seguir:

África

Parte Ocidental: cavalos, africanos escravizados, ouro, marfim, pimenta malagueta,

corantes, tecidos e peles.

Parte Oriental: marfim, peles, cerâmica, ouro, cobre, ferro, pérolas, tecidos e sândalo.

Península Arábica (Ormuz)

Arroz, ferro, cavalos, pedras preciosas, sal e tâmaras.

Índia e do Ceilão

Especiarias (canela, cravo, pimenta, noz-moscada, açafrão) e pedras preciosas.

Extremo Oriente

Especiarias, sândalo, pedras preciosas, metais, algodão, porcelanas e seda.

América

Pau-brasil, açúcar, fumo, algodão, anil e aguardente.

A América foi um continente que demorou para ser colonizado, pois os portugueses

estavam mais interessados nas riquezas do Oriente, de onde provinham produtos de grande

valor comercial na Europa.

Os relatos do escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral, Pero Vaz de Caminha, sobre as

terras brasileiras e a população decepcionaram os reis portugueses que esperavam encontrar

ouro e pedras preciosas como ocorreu com as expedições espanholas na América. Porém,

Caminha confirmou a presença de uma grande quantidade de pau-brasil, madeira utilizada

para construir móveis, casas e navios e que também fornecia um corante para tingir tecidos.

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O pau-brasil crescia em meio à mata Atlântica, entre os Estados do Rio Grande do Norte e

do Rio de Janeiro. Sua extração era feita pelos nativos que cortavam e carregavam as árvores

para as feitorias, em troca, recebiam objetos de pouco valor para os europeus, mas que

fascinavam os nativos, como: machados, facas, anzóis, espelhos, tecidos, agulhas e pentes.

Essa troca de mercadorias era conhecida como escambo.

Comparado com as especiarias que vinha do Oriente, o comércio do pau-brasil dava

pouco lucro para a Coroa Portuguesa. Por esse motivo, entre 1500 e 1530 as expedições

enviadas para o Brasil eram formadas por pequenas esquadras que limitavam-se em extrair

o pau-brasil e fazer o reconhecimento do litoral brasileiro.

A presença constante de outros europeus no litoral brasileiro, também interessados em

explorar o pau-brasil, começou a preocupar a Coroa Portuguesa que, no ano de 1530, enviou

para o Brasil uma expedição comandada por Martim Afonso de Sousa com a intenção de

povoar e iniciar o plantio de cana-de- açúcar.

Outro fator que levou o governo português a iniciar a colonização foi a perda do monopólio

do comércio das especiarias orientais para os holandeses e espanhóis. Assim, era necessário

produzir no Brasil um produto que compensasse a perda dos lucros no Oriente.

Portulano de Pedro Reinel e Lopo Homem produzido em 1519 que mostra o conhecimento dos portugueses sobre parte dos habitantes, da flora e da fauna do litoral brasileiro. Os autores também registraram nomes de rios, portos,

baías e a extração do pau-brasil realizada pelos nativos.

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Esse fato fez com que os portugueses optassem pela produção da cana-de-açúcar, pois

o açúcar era uma mercadoria muito valorizada na Europa, alèm disso os portugueses já

possuíam experiência na sua produção em algumas ilhas do Atlântico e o litoral do nordeste

brasileiro oferecia condições ideais para o seu cultivo, como o clima quente e úmido e o solo

de massapê.

Martim Afonso, a mando do rei português, distribuiu lotes de terras aos colonos (as

sesmarias), e exigiu que eles as defendessem e as explorassem. Em 1532, foi fundada a

Vila de são Vicente e construído o primeiro engenho de açúcar do Brasil: o Engenho de São

Jorge dos Erasmos.

Muito diferente da feitoria, a vila era um núcleo permanente de população onde possuía

uma igreja, cadeia, sede administrativa, praça central e um pelourinho.

Após a instalação dos engenhos de cana-de-açúcar, os indígenas começaram a ser

capturados para trabalharem na produção desse produto.

Os nativos das terras brasileiras no do século XVI estavam agrupados pela semelhança

cultural e a língua que falavam. Em geral, no litoral brasileiro o tronco linguístico era o tupi,

formando os povos tupis-guaranis e os da região central do tronco linguístico jê, agrupando

os povos macro-jê.

Entre os povos tupis-guaranis estavam os Potiguares, Caetés, Tupiniquins, Tupinambás

e Carijós que, na sua maioria, viviam da caça, pesca e da agricultura de produtos como a

mandioca, milho, batata-doce, cará, feijão, amendoim, tabaco, abóbora, algodão, pimenta,

abacaxi, mamão, caju e pequi. Esses povos pintavam seu corpos, confeccionavam artefatos

de cerâmica, colares e mantos com sementes , conchas e plumas. A música, presente

em várias cerimônias, era tocada por meio de instrumentos de sopro e percussão.

As aldeias eram compostas por ocas ou malocas e as relações sociais eram estabelecidas

por grau de parentesco e amizade. Os chefes dos tupis, os morubixabas, eram aqueles que

se destacavam nas guerras e na boa oratória.

Os tupis cultuavam espíritos que habitavam as matas e os rios e alguns grupos, como os

Tupinambás, realizavam rituais de antropofagia, ou seja, os prisioneiros eram devorados na

crença de que iriam incorporar a coragem do inimigo.

Os povos que não falavam a língua tupi, como o macro-jê, chamados pelos tupis-guaranis

de tapuias (não tupis) formavam grupos como os Kaiapós, Bororos, Timbiras e Xavantes que

também viviam da caça, da pesca e da agricultura.

Como habitavam o litoral, os tupis-guaranis foram os primeiros a se relacionar com os

portugueses que, de início, foi de forma pacífica. Contudo, rapidamente esse relacionamento

tornou-se conflituoso, já que muitos indígenas passaram a ser escravizados e suas terras

tomadas.

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Entre 1554 e 1567, os tupis-guaranis, de várias regiões do litoral Sudeste (Rio de Janeiro,

Angra dos Reis e Ubatuba) e os não-tupis, como os Goitacás e os Aimorés, se aliaram e

travaram muitas batalhas contra os portugueses. Essa aliança ficou conhecida como a

Confederação dos Tamoios (Tamoio quer dizer em Tupi, o “mais velho” ou “antepassado”),

que significou a união dos mais antigos, isto é, dos primeiros donos da terra.

Os portugueses, aliados a outros grupos indígenas como os Guaianás, Temiminós e os

Carijós, massacraram os Tamoios.

Para agravar ainda mais a situação dos indígenas, os portugueses trouxeram doenças

como o sarampo e a rubéola e, como os nativos não tinham resistência, aldeias inteiras foram

dizimadas.

Estima-se que, na época da chegada dos portugueses, havia no Brasil de 5 a 6 milhões

de indígenas. Segundo o último censo do IBGE em 2000, há hoje no Brasil cerca de 700 mil.

Assim como ocorreu na América espanhola, os indígenas também sofreram a ação das

missões jesuítas, que tinham por objetivo converter esses povos ao cristianismo e protegê-los

da escravidão. No entanto, podiam ser requisitados para trabalhar para os colonos mediante

pagamento.

As frequentes fugas individuais e coletivas, as revoltas e a resistência ao trabalho imposto

pelo colonizador, foram formas de reação dos diversos grupos indígenas contra as missões.

Muitas das informações sobre os primeiros habitantes do Brasil e os contatos com os

colonizadores são provenientes dos vestígios de materiais recuperados pelos arqueólogos e

dos relatos escritos e iconográficos feitos pelos viajantes europeus. Dentre eles, podemos

destacar os franceses Jean Léry, André Thevet e o alemão Hans Staden, que estiveram no

Brasil na segunda metade do século XVI.

Hans Staden produziu um livro intitulado “As viagens ao Brasil” que fala sobre a fauna, flora

e como escapou de ser comido vivo pelos tupinambás. Em um de seus relatos, descreve o

encontro com os tupinambás como mostra o trecho a seguir:

“(...) Formaram um círculo ao redor de mim, ficando eu no centro com duas mulheres, amarraram-me numa perna um chocalho e na nuca penas de pássaros. Depois começaram as mulheres a cantar e, conforme um som dado, tinha eu de bater no chão o pé onde estavam atados os chocalhos.

As mulheres fazem bebidas. Tomam as raízes de mandioca, que deixam ferver em grandes potes. Quando bem fervidas, tiram-nas (...) e deixam esfriar (...). Então as moças assentam-se ao pé, e mastigam as raízes, e o que fica mastigado é posto numa vasilha à parte. Acreditam na imortalidade da alma (...)."

Hans Staden. Duas viagens ao Brasil. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia, São Paulo, 1974. p. 218.

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Jean Léry e André Thevet estiveram no Rio de Janeiro no ano de 1555, durante a tentativa

dos franceses em fundarem uma colônia na Baía da Guanabara, chamada de França

Antártica. Dos registros e imagens da população, da natureza e da tentativa de se estabelecer

no local, André Thevet produziu um livro intitulado de “As singularidades da França Antártica”

e Jean Léry o livro “História de uma viagem feita na terra do Brasil”.

Jean Léry. Dança com pajés, 1578. André Thevet. A coleta de alimentos feita pelos selvagens, 1590.

Engenho: fazenda e instalações destinadas ao plantio de cana para a fabricação do açúcar.Feitorias: entrepostos comerciais fortificados e instalados no litoral da região de domínio português. Funcionavam como mercado, armazém e local de receber as embarcações.Iconografia: desenhos e pinturas.malocas: conjunto de habitação indígena.massapê: terra argilosa, fértil, de cor escura.Pelourinho: coluna de pedra ou de madeira, fixada em lugar público, na qual eram castigados os escravos e criminosos. Segundo os costumes portugueses, era o símbolo da autoridade e da justiça do município.Portulano: denominação empregada para designar os documentos marítimos do período medieval. Alguns anos depois, passou a denominar os pequenos livros onde os navegantes registravam suas observações.sesmaria: grande lote de terra entregue a quem tivesse recursos para explorá-lo economicamente.

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1. Faça um fichamento sobre o início da colonização da América pelos portugueses destacando os seguintes assuntos:

a) As primeiras expedições.

b) Primeira atividade econômica e mão-de-obra utilizada.

c) A formação da primeira vila e a instalação dos engenhos.

d) Os povos indígenas.

e) A relação entre os portugueses e os indígenas.

f) A ação das missões jesuítas.

g) A resistência indígena.

2. Pero Vaz de Caminha, escrivão da esquadra de Pedro Álvares Cabral, produziu em maio de

1550, em Porto Seguro, uma carta ao rei de Portugal, na qual fez as suas observações sobre

os povos e a natureza que encontraram na terra conquistada, hoje o Brasil:

“A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. (...) Ambos traziam o beiço de baixo furado e metido nele um osso verdadeiro. (...)

Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nessas terras, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem vimos. Contudo, a terra em si é de muito bons ares: frescos e temperados (...) as águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é grandiosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!

Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. (...)"

Douglas Tufano. A carta de Pero Vaz de Caminha. São Paulo: Moderna, 1999. p. 31, 60 e 61.

a) Quais assuntos são tratados por Caminha em sua carta?b) Como Caminha descreve os indígenas?E as terras?c) Retire do texto um trecho em que Caminha vê a possibilidade de explorar

economicamente essa terra.d) Qual a importância histórica da carta de Caminha para os dias atuais?

3. Um dos primeiros produtos explorados pelos portugueses foi o pau-brasil, árvore bastante abundante na época no litoral brasileiro. Os indígenas a chamavam de ibirapitanga (ibira, madeira e pitã vermelha) e não entendiam porque os “brancos” precisavam tirar tanta madeira da floresta: “Seria para levar para algum deus?” perguntou um índio tupinambá, em 1558, de acordo com o relato do francês Jen Léry.

Explique por que esse questionamento foi feito pelo indígena.

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Quando os portugueses chegaram em terras brasileiras, no ano de 1500, encontraram uma população nativa, uma fauna e flora bastante diversificada.

Em pouco tempo, essa população começou a ser dizimada em consequência do trabalho ao qual era submetida, maus tratos e doenças.

Assim como ocorreu com os povos nativos, o meio ambiente também foi devastado. Nesse período, praticamente todo o litoral brasileiro era coberto pela Mata Atlântica - calcula-se que ela ocupava uma faixa de 1 milhão de metros quadrados, o equivalente a 12% da área atual do país - que passou a ser devastada pela extração do pau-brasil e a derrubada de florestas para o plantio de cana-de-açúcar.

No entanto, atualmente no Brasil vivem muitos povos indígenas e também parte da Mata Atlântica.

Juntamente com os seus colegas, realize uma pesquisa sobre os seguintes temas: “A presença indígena no Brasil atual” e “O que restou da mata Atlântica”.

Organize um roteiro sobre os assuntos a serem pesquisados de cada tema. Procure informações e imagens em diversas fontes como livros, jornais, revistas, internet e também em organizações do governo e não governamentais (ONGS) que protegem a população indígena e a Mata Atlântica.

Na sala de aula, discuta com os colegas o resultado da pesquisa e monte um mural.

Os mapas seguintes irão auxiliá-lo em sua pesquisa.

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Com exceção das capitanias de São Vicente e Pernambuco, que tiveram sucesso com o cultivo de cana, todas as outras fracassaram devido ao descaso dos donatários, falta de investimentos e os constantes ataques indígenas.

O rei de Portugal decidiu melhorar esse sistema e, em 1548, implantou o sistema de governo-geral, um centro político para administrar toda a América portuguesa, comandado pelo governador-geral.

O governador geral representava o rei na América e possuía as seguintes atribuições: povoar o litoral, organizar a defesa, dominar e catequizar os indígenas, incentivar a produção agrícola, cobrar impostos, procurar metais preciosos, impedir o contrabando, fundar vilas e exercer a administração e a justiça.

Mapa representando o sistema de capitanias hereditárias do século XVI

A ADmINIsTrAçãO DA AmérICA POrTUGUEsA

O sistema de sesmarias implantado por Martim Afonso não deu certo, pois muitos colonos chegaram a abandonar suas terras.

Assim, no ano de 1534, o rei D. João III, adotou o sistema de capitanias hereditárias onde a Colônia foi dividida em 15 faixas de terras que seriam entregues a nobres portugueses e funcionários da Coroa que passaram a ser denominados de capitães donatários. Esses donatários tinham amplos poderes políticos para governar sua capitania podendo fundar vilas, impor leis e explorar suas terras.

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Oscar Pereira da Silva. A fundação de são Paulo, 1909.

A administração das vilas e cidades era feita pelas Câmaras municipais, compostas por

juízes, vereadores e o governador, os chamados “homens bons” da Colônia, ou seja, brancos,

nascidos no local, proprietários de terras e escravos.

As decisões de toda a vida cotidiana dos colonos cabiam às Câmaras que também

decidiam sobre a construção de estradas, pontes, edifícios, limpeza, conservação das ruas,

regulamentação das feiras, mercados e a determinação de prisões.

1. Elabore as perguntas para as palavras e expressões contidas na Cruzadinha:

O primeiro governador-geral no Brasil foi Tomé de Souza que chegou à Colônia em 1549, na Bahia, e por ordem do rei, construiu a cidade de salvador, primeira capital do Brasil esede do governo-geral. Com ele também vieram os jesuítas, funcionários reais, soldados,

artesãos entre outros.

O segundo governador–geral foi Duarte da Costa e juntamente com ele veio o padre José

de Anchieta, que fundou o colégio de São Paulo no planalto de Piratininga (atual cidade de

São Paulo).

1- C Â m A r A m U N I C I P A l

2- F E I T O r I A

3- V I l A

4- G O V E r N O - G E r A l

5- C A P I T A N I A - H E r E D I T Á r I A

6- s E s m A r I A

7- C A P I T A N I A

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UNIDADE II: O Brasil Colonial

Entre os anos de 1500 a 1822, compreende o período da História do Brasil, denominado

Brasil Colônia, pois estava sob o domínio de Portugal e tinha como principal objetivo dar

lucros e atender as necessidades do rei e dos nobres comerciantes portugueses.

Como fez a Espanha com relação à sua porção na América, Portugal também estabeleceu

com o Brasil relações reguladas pelo pacto colonial, ou seja, o Brasil, na condição de

Colônia, só podia vender para Portugal, sua Metrópole, e comprar dele todos os produtos que

necessitava. Dessa relação, o rei de Portugal procurou manter a exclusividade na exploração

de todos os produtos, tornando-os monopólios do governo português.

Dessa forma, desenvolveu-se no Brasil o cultivo de produtos de alto valor no mercado

internacional, entre os principais, podemos encontrar o açúcar, o ouro e as pedras preciosas.

Outros produtos como o fumo, algodão, o cacau, a carne, o couro e o anil também foram

importantes para o mercado externo e interno.

Mas afinal, como se deu o desenvolvimento desses produtos?

Como se organizou o trabalho e a sociedade no Brasil Colonial?

Esses e outros assuntos serão discutidos nos textos e atividades desta unidade.

Ainda hoje a produção de cana-de-açúcar é importante para a economia brasileira. Cerca de 45% dessa produção destina-se à fabricação do açúcar e aproximadamente 55% se transforma em álcool, utilizado como

combustível, em usinas como a de Andradina localizada no interior de São Paulo, representada na imagem.

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A PrODUçãO AçUCArEIrA E OUTrAs ATIVIDADEs ECONômICAs

Muitas atividades econômicas se desenvolveram no Brasil durante os primeiros séculos

de colonização, no entanto, a produção de açúcar foi a mais importante. A escolha desse

produto deu-se devido às seguintes razões:

• o açúcar era um produto de grande consumo na Europa e alcançava altos preços;

• os portugueses possuíam experiência nessa lavoura nas ilhas da Madeira, Cabo Verde

e Açores;

• o Brasil tinha muita terra, solo fértil, clima quente e úmido, propício para esse tipo de

plantação.

Em quase todas as capitanias foram plantados canaviais e construídos engenhos, mas, o

seu cultivo, apresentou melhores resultados na capitania de São Vicente e principalmente na

faixa litorânea do Nordeste, nas capitanias de Pernambuco e da Bahia.

Para estabelecer a economia canavieira, o governo português pediu empréstimos

principalmente aos homens ricos da Holanda, já que, para montar um engenho, eram

necessários altos investimentos.

De início, engenho era o nome dado ao equipamento utilizado para a fabricação do açúcar.

Com o tempo, passou a significar um conjunto maior, no qual faziam parte:

• a casa-grande: sede da fazenda e residência do senhor de engenho;

• a senzala: alojamento dos africanos escravizados;

• a moradia dos trabalhadores livres: alojamento dos trabalhadores assalariados com as mais diversas profissões;

• a capela: onde realizavam os batizados, missas, festas e casamentos.

• as máquinas e instalações: conssistiam nas moendas, fornalhas, carros de bois, capela e a caldeira;

• a roça: onde se plantavam os mais diversos gêneros alimentícios;

• o canavial: local onde se plantava a cana-de-açúcar;

• animais: principalmente bois para transportar a cana para o engenho e o açúcar para a venda.

Todo o trabalho de preparação do açúcar era supervisionado pelo feitor-mor, já que, era

bastante complexo e envolvia muitas etapas. Ele também estava encarregado de vigiar os

escravos.

Inicialmente, a mata era derrubada para o plantio da cana que após alguns meses era

cortada e amarrada em feixes para ser transportada nos carros de bois para a casa do

engenho, na qual a cana era moída na moenda. Grande parte do trabalho nessa etapa de

produção era realizado pelos africanos escravizados e seus descendentes.

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O caldo, resultante da moagem, era passado para a caldeira, onde era fervido durante

horas até formar o melaço que era levado para a casa de purgar. Desse melaço também era

feita a aguardente, a rapadura e o açúcar mascavo.

Na casa de purgar, o açúcar passava pelo processo de branqueamento, formando um

bloco duro chamado de pães de açúcar que era separado por tipo (claro, mascavo ou escuro),

triturado e colocado em grandes caixas de madeiras forradas com folhas de bananeiras. Por

fim, eram transportados para os portos e embarcados para a Europa.

Zacharias Wagner. Engenho da capitania de Pernambuco, 1634.

Para atender ao mercado externo, nos engenhos plantava-se quase que exclusivamente a

cana em grande quantidade. Esse tipo de produção ficou conhecida como monocultura, ou

seja, a cultura de um único produto agrícola que necessitava de grandes extensões de terras,

formando assim, os latifúndios.

A cana-de-açúcar estimulou outras atividades econômicas no Brasil como a pecuária,

a produção do tabaco, da carne seca, do couro e as plantações de subsistência como a

mandioca, o arroz, o milho e o feijão.

Dentro dos engenhos formou-se uma sociedade bastante diversificada e dividida. De um

lado estavam os senhores de engenhos, donos das terras, das máquinas e até de pessoas -

africanos escravizados. Eram considerados os “homens bons” e possuíam um imenso poder:

decidiam o destino das filhas, a profissão dos filhos, forneciam o dinheiro para a manutenção

da Igreja, da Vila e de outros serviços para a comunidade. A esse tipo de organização familiar

em que todos dependem do patriarca dá-se o nome de patriarcalismo.

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Jean Baptiste Debret. representação de uma típica família patriarcal, 1837.

Assim como os senhores de engenho, os grandes comerciantes também acumularam

bastante riqueza, só que através do comércio de bois, mulas, escravos, tabaco e gêneros

alimentícios.

Do outro lado da sociedade estava maior parte da população formada pelos africanos

escravizados e seus descendentes que trabalhavam nas plantações da cana, na fabricação

do açúcar, em serviços domésticos e nas atividades artesanais.

Além dos africanos escravizados, os engenhos empregavam muitos trabalhadores livres e

assalariados como o feitor-mor, que administrava todo o engenho, o mestre-de-açúcar, que

controlava toda a fabricação do açúcar e também carpinteiros, ferreiros, pedreiros, alfaiates,

artesãos entre outros.

a) Moradia do senhor, a _________________, normalmente possuía uma planta retangular,

dois pavimentos, uma escada externa dando acesso a uma pequena varanda, várias

salas e quartos, duas cozinhas e despensa.

1. Identifique nos textos as partes do engenho, a etapa de produção do açúcar e a camada social a qual se referem:

b) A vida social do engenho de açúcar em parte se realizava nas ___________________,

que tanto se prestavam para demonstrar a fé católica do senhor de engenho como

também as suas posses.

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c) Descreva a imagem:

________________________________

________________________________

________________________________

________________________________

d) O _____________________ era um título a que muitos aspiravam porque trazia consigo

o ser servido, obedecido e respeitado por muitos.

e) Local onde ficavam os __________________ e seus ___________________, a

______________. Construção bastante precária sob o ponto de vista de conforto,

durabilidade e segurança. Essa camada social realizava os mais diversos trabalhos

como: ______________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________

f) O trabalho mais bem pago dentro do engenho era o do _________________, pois a

qualidade do produto final dependia do seu conhecimento experiência.

h) O ___________________________ era o encarregado da administração do engenho, e

controlava o ritmo da produção do açúcar e garantia um bom funcionamento dos

equipamentos do engenho.

i) A purificação do açúcar era feito na __________________.

j) O engenho empregava muitos trabalhadores assalariados como ____________,

_____________, _________________, _______________ entre outros.

g) Descreva a imagem: ________________________________________

________________________________________

________________________________________

________________________________________

________________________________________

Simon de Vries. O engenho, séculoXVII.

Jean Baptiste Debret. Pequeno moinho de açúcar, século XIX.

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2. O texto I foi escrito pelo francês Louis-François Tollenare que esteve no Brasil no início do século XIX e o texto II é uma reportagem de 2007 sobre a rotina de trabalho de muitos cortadores de cana atualmente no Brasil:

Texto I

“Aqui nada de apatia; tudo é trabalho, atividade, nenhum movimento é inútil, não se

perde uma só gota de suor. (...) Vejo ao longe negros e negras curvados para a terra,

e excitados a trabalhar por um feitor armado dum chicote que pune o menor repouso.

Negros vigorosos cortam canas que raparigas enfeixam. Os carros, atrelados de quatro

bois, vão e vem dos canaviais aos engenho. Outros carros chegam da mata carregados

de lenha para as fornalhas. Tudo é movimento. Raparigas negras empurram a cana para

os cilindros da moenda. Alguns negros descarregam as canas e as colocam ao alcance

das mulheres; outros as transportam em grandes cestos e espalham no terreiro o bagaço

inútil da cana, que não é usado como combustível.”

Coletânia de documentos históricos para o 1º grau: 5ª à 8ª séries. São Paulo: SE/CENP, 1985. p.15.

Texto II

“São 4h30 em Guariba, cidade do noroeste do Estado de São Paulo, quando o ronco

dos motores de dezenas de ônibus quebra o silêncio da madrugada. Por seis vezes

na semana, o barulho das rodas sobre as acanhadas calçadas do município anuncia

o trabalho a um exército de boias-frias, entre eles,

homens e mulheres que trabalham até 12 horas por

dia, muitos passam fome e outros chegam a tombar

mortos de tanto trabalhar e também de acidentes

nos canaviais. Como se não bastasse as péssimas

condições de trabalho, o salário também é muito

baixo."

Disponível em: <http//www.terra.com.br>. Acesso em out. de 2009.

Discuta a seguinte questão com os seus colegas e anote em seu caderno as suas conclusões:

Com relação ao trabalhador e a produção de cana no Brasil colonial e atualmente, o que mudou e o que permaneceu?

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AFrICANOs NO BrAsIl: DOmINAçãO E rEsIsTÊNCIA

A conquista da África pelos portugueses iniciou-se em 1415, com a tomada da cidade

de Ceuta, localizada no atual Marrocos. De início, essas expedições tinham como objetivos

encontrar ouro e um caminho para chegar às Índias. No entanto, em pouco tempo, essas

expedições voltaram-se para a captura e o comércio de africanos para serem vendidos como

escravos.

Pioneiros nessa prática, os comerciantes portugueses entre os séculos XV e XIX

transformaram várias regiões da África em fornecedoras de africanos escravizados

principalmente para a América. O comércio de seres humanos, juntamente com o ouro, se

tornou muito lucrativo.

Grande parte desses africanos escravizados, que vieram para o Brasil, eram originários da

África Ocidental - povos de culturas sudaneses – e da África Centro-Meridional – povos de culturas bantas.

Dentre os povos sudaneses podemos encontrar diferentes etnias como os Nagôs (ou

Iorubá), os Jejes, os Egbás, e dos povos bantos, os Quimbundos, Quicongos, Moçambiques

e os Caçanjes. Além de falarem diversas línguas, esses povos possuíam culturas e formas de

vida bastante diferentes: alguns eram pastoreios e agricultores, caçadores e coletores, outros

viviam em reinos com organizações bastante complexas, no qual comercializavam produtos

com vários outros povos.

Imagem de Jean Baptiste Debret, representando as diferentes etnias de africanas escravizadas no Brasil, século XX.

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Regiões como Angola, Congo, Moçambique e Guiné se tornaram entrepostos comerciais do

comércio de seres humanos. No Brasil, os africanos escravizados desembarcavam no litoral

do Maranhão, Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro. Esse comércio de africanos escravizados

pelo Oceano Atlântico passou a ser denominado por historiadores da atualidade de

tráfico negreiro.

Além dos portugueses, holandeses, ingleses e franceses também construíram feitorias ao

longo do litoral africano para praticarem o comércio de seres humanos. Entretanto, esses

traficantes de escravos não se arriscavam a penetrar no interior da África. Esse trabalho era

feito por intermediários africanos que escravizavam diferentes povos da África e os trocavam

com os europeus por pólvora, aguardente, tabaco, ferramentas, armas entre outros objetos.

Estima-se que entre os séculos XVI e XIX foram trazidos para o Brasil cerca de 4 milhões

de africanos escravizados que, depois de capturados, eram acorrentados e marcados com

um ferro em brasa para identificação. Após serem vendidos para os comerciantes europeus,

embarcavam em navios pequenos e frágeis conhecidos como navios negreiros ou tumbeiros.

Neles, os africanos escravizados se amontoavam e, enfrentavam uma viagem para o Brasil

que durava de quarenta a sessenta dias.

Mapa representando o tráfico negreiro entre a África e a América portuguesa.

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Nessa travessia do Atlântico, calcula-se que entre 5% a 25% dos africanos morriam devido

aos maus-tratos, condições do transporte, disenteria, desidratação, escorbuto ou por causa

do banzo.

Nos navios negreiros, os africanos escravizados eram batizados e recebiam um nome

cristão. Para certos povos africanos isso era muito doloroso, pois, em muitos lugares da

África, o nome dado a uma pessoa tem um significado especial. Essa prática era feita para

que o africano escravizado apagasse de sua memória todo o seu passado: sua família, seus

amigos, sua língua, sua identidade, sua história.

Imagens produzidas por Jhoann Moritz Rugendas representando o porão de um navio negreiro e o mercado de escravosbrasileiros, século XIX.

Ao desembarcarem nos portos brasileiros, os africanos escravizados ficavam em armazéns

à espera de compradores. Eram examinados e contados como peças, depois identificados

como “macho”, “fêmea”, “filhote” e “cria”. Os recém-chegados, que não conheciam a língua,

eram chamados de boçais, só depois que aprendiam a língua passavam ser denominados

ladinos e custavam mais caro. Os nascidos no Brasil eram chamados de crioulos.

O Brasil foi um país escravista durante quase 400 anos. Os escravos trabalhavam de

doze a quinze horas por dia, sob a vigilância dos feitores, que tinham ordens de castigar “os

preguiçosos” no tronco com açoites, palmatórias, máscaras e coleira de ferro.

Eram eles que realizavam quase todo o trabalho na lavoura, nos engenhos, nos serviços

urbanos, domésticos e nos transportes de pessoas e mercadorias. Os homens trabalhavam

como agricultores, carpinteiros, ferreiros, pescadores, mineradores, alfaiates, carregadores,

construtores de casa, marceneiros, boiadeiros e em várias outras funções. As mulheres

lavavam, passavam, cozinhavam, teciam, cultivavam a terra, e nas cidades vendiam pães,

doces, salgados, flores, verduras, animais e frutas.

Entre os trabalhadores urbanos, havia também os libertos, nome dado àqueles que tinham

conseguido a carta de alforria (documento de libertação da condição de escravo).

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Jean Baptiste Debret. Diferentes castigos aplicados e trabalho de um escravo, século XIX.

Contudo, em toda a história da humanidade, onde ocorreu escravidão houve resistência.

Os africanos e os afro-americanos não aceitaram passivamente a escravidão e reagiram

contra essa condição de diversas formas: através de sabotagens nas plantações, vinganças

contra feitores, revoltas e fugas, onde muitas vezes formavam quilombos (palavra originária de

kilombo, da língua africana ioruba, que significa “habitação”), locais de grande concentração

de escravos fugidos.

Desde o início do século XVII havia vários quilombos espalhados pelo Brasil, do Amazonas

até o Rio Grande do Sul, povoados com africanos escravizados de diferentes culturas e

regiões, além de indígenas e brancos.

O maior e mais famoso dos quilombos foi o Quilombo dos Palmares, localizado na Serra

da Barriga, limite entre os atuais Estados de Alagoas e Pernambuco, que ao longo de 65 anos

(1629-1694) abrigava 20 mil habitantes.

Para sobreviver, os quilombolas (ou mocambos), plantavam milho, feijão, mandioca, batata-

doce, banana, cana-de-açúcar, abacate, jaca, criavam porcos e galinhas além de caçarem

diversos animais e confeccionarem objetos de cerâmica, palha e ferramentas.

Entre 1645 e 1694, Palmares foi atacada 25 vezes, mas os quilombolas, liderados por

zumbi, resistiram. O bandeirante Domingos Jorge Velho, com uma tropa de 6.500 homens,

incendiou Palmares, matando muitos de seus moradores. No ano da destruição de Palmares,

em 1694, no dia 20 de novembro, Zumbi foi encontrado morto.

No Brasil, atualmente, ainda existem povoações quilombolas, ou seja, comunidades que

se originaram de antigos quilombos. Essas comunidades são chamadas de remanescentes

de quilombos, na qual vivem os descendentes dos antigos quilombolas. Essas comunidades

estão espalhadas por várias regiões do Brasil e muitas lutam para ter o reconhecimento do

seu território.

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Outra forma de resistência por parte dos africanos escravizados era conservar a sua cultura

praticando o lundu e a capoeira.

De origem banto, o lundu era uma dança praticada com rebolados sob o ritmo de batuques e,

a capoeira, uma mistura de luta, dança e música, utilizada pelos escravos para se protegerem

dos senhores e dos feitores.

Johann Maritz Rugendas. Imagens representando a capoeira e o lundu, século XIX.

Afro-americano: americano de ascendência africana.

Banzo: depressão profunda que levava o negro à morte pela recusa em comer e beber.

Escorbuto: doença desenvolvida devido a uma carência de vitamina C, que causa

hemorragias, alterações da gengiva, queda dos dentes e da resistência e do organismo.

Etnias: população ou grupo social que apresenta homogeneidade cultural e linguística,

compartilhando história e origem comuns.

Palmatória: peça circular de madeira com um cabo, usada para bater na palma da mão.

Quilombola: morador dos quilombos.

Tronco: peça de madeira onde se prendiam os pés, o pescoço ou as mãos dos escravos.

a) A conquista da África pelos portugueses.b) A captura e o comércio de africanos escravizados.c) A travessia do Oceano Atlântico feito pelos africanos escravizados.d) O trabalho e o tratamento dado aos africanos escravizados no Brasil.e) Formas de resistência contra a escravidão.

1. Faça um fichamento do texto, de forma a identificar os seguintes assuntos:

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2. O mapa a seguir está representando o comércio triangular. Realizado entre os séculos XVI

e XIX, é uma expressão utilizada para identificar as relações comerciais feitas pela Metrópole

(países europeus) e as suas Colônias na África e América:

a) Identifique os continentes e os oceanos que aparecem no mapa.

b) Qual o significado das setas no mapa?

c) Faça uma legenda para cada seta.

d) Quem lucrava com esse comércio? Justifique.

e) Explique por que essa relação comercial foi chamada de comércio triangular.

3. Observe a tabela a seguir e responda as questões:

TABElA

PErÍODONÚmErOs DE AFrICANOs QUE DEsEmBArCArAm NO BrAsIl

1531 - 1600 50.000

1601 - 1700 560.000

1701 – 1800 1.680.100

1801 – 1855 1.719.300

TOTAl 4.009.400

Herbert Klein. Tráfico de escravos. Rio de Janeiro: IBGE, 1987.

a) Identifique o assunto da tabela.

b) Explique a expressão “tráfico negreiro” e qual a sua relação com a tabela.

c) Por que entre 1531 e 1700 o número de africanos no Brasil aumentou?

d) Qual a relação entre a tabela e o mapa do exercício anterior?

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Segundo a Câmara da Capitania de São Paulo, em 1773, quilombo era “um ajuntamento

de mais de quatro escravos em matos para viver nele, e fazerem roubos e homicídios”.

A Constituição que rege o Brasil atualmente foi produzida em 1988 e associa o termo

quilombo à ideia de resistência de uma comunidade étnica ou negra tradicional, na qual

garante a propriedade e posse de terra às comunidades remanescentes de quilombos

reconhecidas.

No entanto, das

724 áreas identificadas

como remanescentes de

quilombos pelo governo

federal, somente 31 foram

reconhecidas e somente 5

receberam o título definitivo

de posse da terra, como

mostra o mapa publicado

pelo Diário Oficial da União

no ano 2000.

Juntamente com os

seus colegas, pesquise

em diversas fontes

(revista, jornais, livros,

internet) informações e

imagens sobre como se formaram, como vivem e quais os problemas enfrentados pelas

comunidades de quilombos remanescentes no Brasil.

Depois, monte um mural, comparando os quilombos de ontem e hoje.

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POrTUGAl sOB O DOmÍNIO DA EsPANHA E As INVAsÕEs HOlANDEsAs NO BrAsIl

No ano de 1578 o rei de Portugal D. Sebastião morreu na batalha de Alcácer Quibir (região

da África que corresponde ao atual Marrocos) em luta contra os árabes. Como não tinha

filhos, o trono de Portugal foi ocupado por seu tio-avô, o cardeal D. Henrique que também

morreu sem deixar herdeiros.

A questão sucessória só foi resolvida quando, em 1580, o rei da Espanha Felipe II, que

possuía descendência portuguesa por parte de mãe, invadiu e conquistou Portugal. Felipe II

pertencia a dinastia dos Habsburgos, uma das mais poderosas família da Europa.

A partir daí, iniciou-se o domínio espanhol a todo o reino de Portugal e suas Colônias. Esse

domínio, que se estendeu até o ano de 1640 ficou conhecido como União Ibérica, pois unia

Portugal e Espanha, ambos países ibéricos.

Na Europa, o domínio do governo espanhol se estendia aos países Baixos, como Holanda e

Bélgica, e parte da península itálica. Em 1581, a Holanda, após muitas batalhas, conquistou a

sua independência. Como represália a essa ação, Felipe II proibiu o comércio dos holandeses

com as Colônias que pertenciam a Portugal, pois agora, faziam parte do Império Espanhol.

Essa proibição representou uma grande perda para os comerciantes holandeses,

principalmente os que agiam no Brasil, já que, desde o início da colonização, eram eles que

participavam do lucrativo comércio do açúcar e de outros produtos como o pau-brasil, o

algodão e o couro.

Como reação, os holandeses invadiram regiões do mundo pertencentes à União Ibérica: na

África conquistaram regiões como Monbaça, Arguim, São Jorge da Mina e Angola, destinadas

ao tráfico negreiro, e na América regiões produtoras de açúcar, como as Antilhas e o nordeste

brasileiro.

Planejada pela Companhia das Índias Ocidentais, a primeira invasão holandesa no Brasil

ocorreu em Salvador no ano de 1624. A reação da população local e do governo espanhol foi

imediata, e os holandeses foram expulsos.

Os holandeses voltaram a invadir a região Nordeste no ano de 1630, só que agora as

cidades de Recife e Olinda, da Capitania de Pernambuco. Apesar da resistência dos colonos,

os holandeses apoderaram-se dessa região e ampliaram os seus domínios para outras partes

do Nordeste na qual se estendia de Alagoas até o Rio Grande do Norte.

Para consolidar sua conquista, a Companhia das Índias Ocidentais escolheu o conde

João maurício de Nassau para ser o governador-geral do Recife no ano de 1637.

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O novo governante adotou uma política amistosa entre a Holanda e a população local,

incentivou a economia açucareira através de empréstimos de dinheiro para os senhores de

engenho, reduziu os impostos, investiu em novas técnicas na produção do açúcar e garantiu

o abastecimento de africanos escravizados.

Nassau fez também melhorias em Recife através das construções de pontes, jardins,

hospitais, ruas, canais, casas e uma nova cidade, maurícia.

Nesse período, Pernambuco recebeu vários cientistas e artistas como Frans Post

(1612-1680) e Albert Eckhout (1610-1665) que retrataram a paisagem e os habitantes dessa

região.

Frans Post. recife sob a ocupação holandesa, 1653.

No ano de 1640, Portugal recuperou a sua independência quando o duque de Bragança,

D. João IV, assumiu o trono português. O governante português encontrou um reino cheio de

dívidas e com parte de suas Colônias dominadas por outras nações.

As dificuldades financeiras de Portugal impediam que os territórios ocupados pelos

holandeses fossem recuperados. Essa situação mudou quando, em 1645, iniciou-se no

nordeste brasileiro uma luta para a expulsão dos holandeses que ficou conhecida como a

Insurreição Pernambucana.

Liderados pelos latifundiários Fernandes Vieira e Vidal de Negreiros, pelo negro liberto

Henrique Dias e pelo índio Potiguar Felipe Camarão, essa insurreição derrotou os holandeses

na Batalha de Guararapes (1648-1649) que se retiraram definitivamente do território brasileiro

em 1654.

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A vitória sobre os holandeses em 1648 foi representada 150 anos depois pelo artista Victor Meirelles Lima na obra intitulada Batalha de Guararapes.

Após a restauração do governo português e a expulsão dos holandeses do Brasil,

tornou-se necessária uma reorganização da administração da Colônia brasileira que passou

a ser controlada de forma mais rigorosa: o combate ao contrabando se intensificou, as

cobranças de impostos aumentaram e o comércio e o transporte marítimo da produção

colonial passaram a ser controlados por companhias comerciais criadas pelo rei português

como a Companhia de Comércio do Brasil (1649) e a Companhia de Comércio do

maranhão (1682).

Essas Companhias passaram a possuir o monopólio da venda e compra de produtos

coloniais e, para aumentar os seus lucros, vendiam caro e compravam barato. Os preços

abusivos, a falta de produtos, e os constantes choques com os jesuítas, que lutavam contra a

escravidão indígena, provocaram no Maranhão, em 1684, uma revolta de proprietários rurais

e comerciantes locais que ficou conhecida coma a revolta de Beckman, pois foi liderada

pelos senhores de engenho e irmãos Manuel e Tomás Beckman.

Apesar dos revoltosos dominaram a Companhia de Comércio do Maranhão e expulsarem

os jesuítas da região, essa revolta foi contida pelas forças da Coroa Portuguesa e seus líderes

foram mortos. Tempos depois, a Companhia foi extinta e os jesuítas voltaram a agir no local.

Em Pernambuco, mais especificamente em Olinda, com a saída dos holandeses, ocorreu

uma queda na economia açucareira, pois ao serem expulsos do Brasil, os holandeses criaram

nas Antilhas uma área produtora de açúcar que passou a concorrer com a produção brasileira

no mercado externo.

Essa concorrência fez com que o preço do açúcar brasileiro caísse pela metade. Alguns

senhores de engenho de Olinda ficaram em situação difícil tendo que pedir empréstimos aos

grandes comerciantes de Recife, formado na maioria por portugueses.

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Mesmo com todo o enriquecimento, os mascates, como eram chamados os comerciantes

de Recife, não tinham poder político, pois estavam submetidos às decisões da Câmara

Municipal de Olinda. Os mascastes, então, passaram a exigir autonomia administrativa, que

só foi conquistada quando em 1709, por ordem do rei, Recife foi elevada de povoamento à

categoria de Vila.

Essa decisão não foi aceita pelos senhores de engenho de Olinda que iniciaram uma

revolta armada em 1710. Esse conflito, que ficou conhecido como a Guerra dos mascates,

só terminou em 1711, com a intervenção das tropas da Coroa Portuguesa no local. Apesar da

derrota dos olindenses, ficou decidido que suas dívidas seriam perdoadas e Recife tornou-se

a capital da capitania de Pernambuco.

Além dos holandeses, durante a União Ibérica, outros estrangeiros como ingleses e

franceses também invadiram o Brasil: os ingleses tentaram se apoderar da Bahia e depois

do Amazonas, devido às drogas do sertão (canela, cravo, urucum, salsaparrilha, pimenta e

cacau), produtos de grande valor comercial, e os franceses, parte do Rio de Janeiro, Paraíba

e Maranhão, onde participavam do contrabando do pau-brasil.

A luta dos portugueses para expulsar esses invasores serviu como base para a ocupação

da Região Norte do Brasil.

Companhia das Índias Ocidentais: empresa criada em 1621 para estabelecer Colônias na América e na África, com o objetivo de monopolizar o comércio do açúcar e de africanos escravizados.

Insurreição: o mesmo que revolta, motim.

latifundiário: dono de grande proporção de terras ou de propriedade rural.

1. Explique a relação entre o domínio espanhol sobre Portugal no final do século XVII e a invasão holandesa no Brasil.

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mameluco: nome que designava o mestiço de branco e índio; o mesmo que caboclo.

Natureza morta: refere-se a arte de pintar, desenhar ou fotografar, composições ou objetos inanimados, como por exemplo, pedras, frutas, legumes, jarros, cestos entre outros.

2. Durante o governo de Maurício de Nassau na capitania de Pernambuco, muitos artistas holandeses vieram para essa região, dentre eles o pintor Albert Eckhout, que esteve no Brasil entre os anos de 1637 a 1644, e produziu imagens que retravam a natureza e seus habitantes.

Índia Tupi Negra Mameluco Natureza morta

a) Faça uma descrição detalhada de cada obra.

b) Identifique elementos típicos brasileiros nas imagens. Em seguida, elementos de

influência europeia.

c) Poderíamos afirmar que as obras de Albert Eckhot são representações fiéis dos

habitantes do Brasil do século XVII? Justifique.

d) Escolha uma das obras e faça uma releitura. Depois, apresente para a sala.

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O AVANçO DA COlONIzAçãO: A OCUPAçãO DO INTErIOr DO BrAsIl

No início da colonização, a maioria da população luso-brasileira se concentrava no litoral

brasileiro.

A partir do século XVII, essa situação começou a mudar e o interior do território passou a

ser ocupado. Isso ocorreu devido:

• a ação dos soldados portugueses, pagos para expulsar estrangeiros e garantir a posse

de terras na América;

• as expedições bandeirantes, que percorriam o sertão aprisionando indígenas ou

procurando metais preciosos;

• a atuação das missões jesuítas, que fundavam aldeias para catequizar os indígenas e

explorar as riquezas do sertão;

• a criação de gado, que adentrou o interior do Brasil à procura de pastagem.

As ações das expedições militares organizadas pelo governo português para ocupar e

defender as terras brasileiras de invasores estrangeiros, deram origem a vários povoados que

se formaram ao redor de fortificações e atualmente são importantes capitais brasileiras como:

• Forte de Filipeia de Nossa Senhora das Neves, fundado em 1584, atual cidade de

João Pessoa, capital da Paraíba;

• Forte dos Reis Magos, fundado em 1597, atual cidade de Natal, capital do Rio Grande

do Norte;

• Forte de São Pedro, fundado em 1613, atual cidade de Fortaleza, capital do Ceará;

• Forte do Presépio, fundado em 1616, atual Belém, capital do Pará.

Se por um lado o governo português tentava garantir a posse do território com as

expedições militares, por outro ele intensificou a busca por ouro, pedras preciosas e a captura

de indígenas, organizando expedições denominadas de entradas.

Com o pouco sucesso dessas expedições, a capitania de São Paulo, passou a organizar

expedições denominadas de bandeiras, que assim como as entradas, tinham como objetivo

capturar indígenas e achar ouro e pedras preciosas.

Na sua maioria, essas expedições partiam da Vila de Piratininga, atual cidade de São Paulo,

que naquela época era uma região bastante pobre e a única forma vista pelos paulistas para

sair dessa situação de miséria era penetrar no sertão em busca de índios e metais preciosos.

Dessa forma, desenvolveram-se as bandeiras de caça ao índio que chegavam a reunir

grupos de até 3 mil homens. Os indígenas capturados eram vendidos como escravos para

fazendeiros de outras regiões e principalmente para produção de trigo em São Paulo.

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Para conseguir muitos indígenas de uma vez só, muitos bandeirantes atacavam as

missões.

Diante dos constantes ataques na região que hoje corresponde aos estado do Paraná e

Mato Grosso do Sul, os jesuítas, juntamente com os “negros da terra” (como eram chamados

os indígenas), travaram importantes batalhas como a de Caasapaguaçu em 1638 e a de

M’Bororé em 1641 onde os bandeirantes foram derrotados.

Jean Baptiste Debret. Imagens representando a caça e aprisionamento de indígenas pelas expedições bandeirantes, século XIX.

Johann Moritz Rugendas. Aldeia dos tapuias, Século XIX.

Alguns bandeirantes também eram contratados pelos senhores de engenho, autoridades e

criadores de gado, para combater indígenas e africanos que se rebelavam contra a escravidão

e formação de quilombos. Esse tipo de negócio era chamado de sertanismo de contrato e

foi uma dessas bandeiras, comandada por Domingos Jorge Velho, que destruiu o Quilombo

dos Palmares em 1694.

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Durante a caça aos indígenas, os bandeirantes encontraram pequenas quantidades de

ouro no leito dos rios, fazendo com que na segunda metade do século XVII, o rei de Portugal

financiasse as bandeiras de busca de ouro e pedras preciosas.

Para estimular essa procura, as minas encontradas podiam ser exploradas pelo seu

descobridor, mediante pagamento de impostos à Coroa Portuguesa. De início, pouco ouro

foi encontrado, somente no final do século XVII é que os bandeirantes paulistas fizeram

descobertas importantes principalmente na região do Mato Grosso e Minas Gerais.

Assim que a notícia da descoberta de ouro chegou a São Paulo, milhares de pessoas

se deslocaram para as regiões auríferas, para vender alimentos, roupas e instrumentos de

trabalhos. Essas expedições comerciais ficaram conhecidas como monções.

Enquanto o interior da região Sudeste era povoada pela ação do bandeirismo e das

missões, nos sertões do Nordeste e nas Campinas do Sul, a ocupação se deu através da

criação de gado, usado para transportar cargas e para a alimentação.

O avanço para o interior do Brasil fez com que os portugueses se apossassem de terras

espanholas, desrespeitando o Tratado de Tordesilhas de 1494.

O governo Português, então, fez vários tratados internacionais para oficializar essas

conquistas. Dentre os mais importantes destacaram-se:

• Tratado de Utrecht (1713): assinado entre França e Portugal. Estabelecia que o

rio Oiapoque, no norte do território brasileiro limitaria a fronteira entre o Brasil e a

Guiana Francesa.

• Tratado de madri (1750): assinado entre Portugal e Espanha. Estabelecia que a Colônia

do Sacramento, na região sul, pertencia à Espanha. Em troca, Portugal recebeu áreas

das Sete Missões, sete grandes aldeamentos indígenas da nação guarani e terras do

atual Rio Grande do Sul.

• Tratado de santo Idelfonso (1777): assinado entre Portugal e Espanha, onde o povoado

das Sete Missões passou para a Espanha.

• Tratado de Badajós (1801): assinado entre Portugal e Espanha. Estabeleceu a posse da

região das Sete Missões para Portugal.

luso-brasileiro: relativo a Portugal e ao Brasil ou o que tem sangue português e brasileiro.

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Desde o início da colonização, os portugueses procuravam metais e pedras preciosas no

Brasil. Somente por volta de 1693, nas proximidades da atual cidade de Sabará, em Minas

Gerais, é que foi encontrado ouro.

Nos anos seguintes ocorreram novos achados em Vila Rica (atual cidade de Ouro Preto),

fazendo com que milhares de pessoas de diferentes regiões do Brasil, em busca de riqueza

fácil, se deslocassem para a região das “minas gerais”.

A chegada dessas pessoas provocou vários conflitos com os bandeirantes paulistas que

se julgavam os únicos a poderem explorar essa região, por terem sido os descobridores.

Esses conflitos se agravaram e se transformaram-se em uma guerra que ficou conhecida

como a Guerra dos Emboabas e durou de 1708 a 1710.

Os emboabas, como eram chamados portugueses e pessoas vindas de outras regiões

pelos paulistas, saíram vitoriosos dessa guerra fazendo com que os paulistas procurassem

ouro e pedras preciosas em outras regiões como nos atuais estados de Mato Grosso e Goiás.

Preocupadas em perder o controle do ouro dessa região, as autoridades portuguesas

criaram a capitania de Minas Gerias, com capital na Vila rica de Ouro Preto e fundaram

outras Vilas, como Ribeirão de Nossa Senhora do Carmo (atual cidade de Mariana) e Nossa

Senhora da Conceição de Sabará, todas administradas por funcionários da Coroa Portuguesa.

Assim, a exploração do ouro era controlada da seguinte forma: ao encontrar uma mina,

o descobridor deveria comunicar às autoridades e o terreno encontrado era dividido em

pequenos lotes, denominados datas. O descobridor tinha o direito de escolher duas datas e

uma ficava para a Coroa portuguesa, que depois era leiloada.

As demais datas eram sorteadas entre os mineradores que quisessem participar de sua

exploração. Só podia disputar as datas maiores quem possuísse doze ou mais escravos.

A maior parte do ouro encontrado nessas datas estava nos leitos dos rios misturado à areia

e ao cascalho e era chamado de ouro de aluvião. Para a sua obtenção, bastava uma bateia

que era mergulhada no rio trazendo água e cascalho; depois, colocava-se para fora a água e

com a mão, retirava-se a areia e o cascalho, onde por baixo, encontrava-se o ouro que ficava

depositado no fundo cônico da bateia.

Esse tipo de garimpo exigia pouco investimento, no entanto, esgotava-se muito rápido

pelo fato de sua extração ser superficial.

A mINErAçãO

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A partir daí, muitos mineradores desviavam as águas dos rios e cavavam as encostas das montanhas. Essas minas eram chamadas de lavras e o trabalho nas galerias subterrâneas era difícil e muito perigoso.

Johann Maritz Rugendas. lavagem do ouro em Itacolomi, século XIX.

Além de controlar a região e a exploração do ouro e de pedras preciosas, a Coroa

Portuguesa procurou lucrar com sua extração e reprimir o seu contrabando cobrando os

seguintes impostos: o quinto, onde ela ficava com um quinto ou 20% de todo ouro e diamante

extraído; a capitação que era a cobrança de 17g de ouro por cada escravo que o minerador

possuía e o dízimo, ou seja, a décima parte sobre tudo o que fosse produzido em Minas

Gerais como produtos agrícolas, aves, madeiras entre outros.

Essas cobranças eram controladas e feitas pelos funcionários reais das Casas de Fundição,

criadas por toda região mineradora em 1720. Nesses locais o ouro era transformado em

barras, selado e cobrado o quinto, a fim de proibir o contrabando e a circulação do ouro

em pó.

O controle sobre os diamantes também era muito rigoroso, e no ano de 1734 foi criado,

no Arraial do Tijuco (atual cidade de Diamantina), a Intendência dos Diamantes para

administrar e policiar a sua produção.

Para pressionar os mineiros a pagarem todos esses impostos, a Coroa portuguesa instituiu

a derrama, ou seja, a cobrança dos impostos atrasados e caso a cota de ouro não fosse

cumprida, a população tinha que pagá-la com seus próprios recursos.

A violência utilizada na cobrança dos impostos fez com que em 1720, no Distrito de

Diamantina, a população se rebelasse, exigindo o fim das Casas de Fundição. A revolta

foi reprimida e seus líderes, entre eles o tropeiro Felipe dos Santos e o comerciante e

minerador Pascoal da Silva Guimarães, foram mortos. Essa revolta ficou conhecida como a

revolta de Vila rica.

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Os escravos também reagiram contra os maus-tratos que sofriam nas minas, e além de

esconderem ouro e pedras preciosas na tentativa de comprarem sua liberdade, fugiam para

os quilombos. O Quilombo do Ambrósio (1743 – 1795), localizado na região de Minas Gerais,

chegou a ter 12 mil habitantes.

Todos esses conflitos fizeram parte da população mineira, que bastante diversificada se

desenvolveu, na sua maioria, em cidades onde se aglomeravam milhares de pessoas.

Estima-se que no ano de 1776, na capitania das Minas Gerias, viviam cerca de 320 mil

pessoas nas quais 71 mil eram brancas, 82 mil pardas e 167 mil negros.

Dessa forma, a sociedade mineradora estava dividida da seguinte maneira:

• Grandes comerciantes: pessoas que fizeram fortuna com o comércio de gado, produtos alimentícios e manufaturados;

• Proprietários das minas: donos dos locais onde se exploravam o ouro;

• Contratadores: em geral, eram portugueses que obtinham o direito da Coroa de arrecadar o dízimo e explorar as jazidas de diamantes;

• Altos funcionários do governo de minas: na sua maioria eram nobres portugueses;

• Camadas médias: formada por pequenos comerciantes, donos de vendas, lavradores, agricultores, profissionais liberais – advogados, médicos, professores – padres, artistas, garimpeiros, artesãos entre outros;

• Homens livres e pobres: formada, na sua maioria, por negros, libertos e mestiços;

• Escravos: compunham a maior parte da população e realizavam trabalhos nas minas, no transporte de mercadorias, domésticos, no comércio, nas ruas entre outros.

Johann Maritz Rugendas. Comerciantes e escravos de ganho, século XIX.

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A exploração do ouro contribuiu na ocupação e povoamento de regiões do interior do Brasil

e também no seu desenvolvimento econômico, já que, forneciam produtos para abastecer a

região das minas.

No ano de 1763, a capital da Colônia foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro, local

onde ficava o porto mais movimentado e o principal centro urbano da América portuguesa.

Durante esse período, desenvolveu-se o barroco brasileiro, impulsionando a construção

de grandes igrejas, decoradas no seu interior com pinturas de flores e anjos. Muitos altares e

imagens de santos eram revestidos de ouro e pedras preciosas.

Foi no barroco mineiro que surgiram os primeiros grandes artistas brasileiros como o

escultor e arquiteto Antônio da Silva Lisboa, o Aleijadinho (1730-1814). Suas obras mais

conhecidas se encontram na cidade de Congonhas do Campo (MG), onde foram produzidos

em madeira os passos da Paixão de Cristo e os Doze Profetas em pedra sabão.

Barroco: movimento artístico que surgiu após o Renascimento, e atingiu o seu apogeu

no século XVII, na Europa, influenciando a arquitetura, a pintura, a escultura, a literatura

e a música.

1. Organize em seu caderno um quadro sobre as expedições militares, as entradas, as

bandeiras, as missões e as monções preenchendo com as seguintes informações:

a) O que foi e quais os objetivos.

b) Quem organizava.

c) Resistência contra essas ações.

d) Contribuição para a ampliação do território.

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2. Explique as expressões referentes ao período da mineração do Brasil no quadro a seguir, depois complete no esquema:

descoberta de jazidas de ouro em sabará e Vila rica – instituída a derrama – criação das Casas de fundição e da Intendência dos Diamantes - revolta de Vila rica –

século XVII e XVIII - ação das Bandeiras - fundação da capitania de minas Gerais – cobrança da capitação, dízimo e quinto - Guerra dos Emboabas –

3. Faça em seu caderno uma pirâmide que representa a sociedade mineira colonial. Depois, compare-a com a sociedade do engenho de açúcar de forma a identificar as semelhanças e diferenças.

As cidades históricas de Minas Gerais - como Ouro Preto, Mariana, Tiradentes,

Congonhas, São João Del Rei entre outras – mantém construções da época da mineração

e ao longo do ano atraem turistas brasileiros e estrangeiros.

Você, juntamente com os seus colegas, imagine que possuem uma agência de turismo

que elabora roteiros de viagens para essa região.

Na sala de Informática, pesquise imagens e

informações sobre essas cidades e monte um roteiro

de viagem incluindo hospedagem, alimentação,

transporte, duração da viagem, os locais a serem

visitados e o preço do pacote. Organize essas

informações em um mural e apresente para a sala. Imagem da cidade mineira Ouro Preto, 2010.

A época do ouro no Brasil

Ad

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