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AS 7 LEIS DO APRENDIZADO O MÉTODO E OS MAXIMIZADORES DA APRENDIZAGEM Eu já havia tentado de tudo, e o carro não pegava. Às vezes, quando eu menos esperava, parecia que o motor ia pegar, mais ficava rateando e estalando, e depois morria. Acabei desistindo. Aos trancos e barrancos, fui até o posto de gasolina onde habitualmente abastecia e onde se achava o mecânico de minha confiança, que havia anos cuidava dos meus automóveis. Depois de olhá-lo alguns momentos, ele disse que não conseguia achar o defeito, e iria fazer um teste na “máquina de diagnose”. Eu jamais havia visto ou ouvido falar de uma “máquina de diagnose”; então perguntei se poderia matar a curiosidade. Ele abriu o capo, soltou alguns cabos elétricos do motor, e ligou-os ao seu computador. Quando ele ligou a tal “má1uina de diagnose”, algumas luzinhas piscaram, e num segundo ele riu, e disse: “Bem, a razão porque eu não conseguia detectar o defeito é que um destes fios está curto, o que acaba gerando um problema de quando em quando. Mas não dá pra ver a olho nu.” Ele substituiu a fiação, e segui meu caminho, com o motor funcionando perfeitamente, como sempre. Contudo eu fiquei pensando, maravilhado, naquela fantástica “máquina de diagnose”. Aí me ocorreu a pergunta: Não seria maravilhoso se houvesse uma “máquina de diagnose de ensino”? Se as aulas não estivessem dando certo, bastaria pegar alguns alunos, “liga- los” à máquina, e na mesma hora saberíamos quais os problemas da classe. Por vezes ficamos com a impressão de que o processo de ensino-aprendizagem é um mistério insondável. De vez em quando, as aulas correm tão bem quanto uma prova das 500 milhas de Indianápolis. De repente, uma outra aula parece se tornar tão arrastada, que nem sequer temos certeza de que o carro terá condições de sair do boxe! Se você já ficou se perguntando o que saiu errado, anime-se. Agora existe uma “máquina de diagnose de ensino”. Ao final deste capítulo,

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AS 7 LEIS DO APRENDIZADO

O MÉTODO E OS MAXIMIZADORES DA APRENDIZAGEM

Eu já havia tentado de tudo, e o carro não pegava. Às vezes, quando eu menos esperava, parecia que o motor ia pegar, mais ficava rateando e estalando, e depois morria. Acabei desistindo. Aos trancos e barrancos, fui até o posto de gasolina onde habitualmente abastecia e onde se achava o mecânico de minha confiança, que havia anos cuidava dos meus automóveis.

Depois de olhá-lo alguns momentos, ele disse que não conseguia achar o defeito, e iria fazer um teste na “máquina de diagnose”. Eu jamais havia visto ou ouvido falar de uma “máquina de diagnose”; então perguntei se poderia matar a curiosidade.

Ele abriu o capo, soltou alguns cabos elétricos do motor, e ligou-os ao seu computador. Quando ele ligou a tal “má1uina de diagnose”, algumas luzinhas piscaram, e num segundo ele riu, e disse:

“Bem, a razão porque eu não conseguia detectar o defeito é que um destes fios está curto, o que acaba gerando um problema de quando em quando. Mas não dá pra ver a olho nu.”

Ele substituiu a fiação, e segui meu caminho, com o motor funcionando perfeitamente, como sempre. Contudo eu fiquei pensando, maravilhado, naquela fantástica “máquina de diagnose”. Aí me ocorreu a pergunta: Não seria maravilhoso se houvesse uma “máquina de diagnose de ensino”? Se as aulas não estivessem dando certo, bastaria pegar alguns alunos, “liga-los” à máquina, e na mesma hora saberíamos quais os problemas da classe.

Por vezes ficamos com a impressão de que o processo de ensino-aprendizagem é um mistério insondável. De vez em quando, as aulas correm tão bem quanto uma prova das 500 milhas de Indianápolis. De repente, uma outra aula parece se tornar tão arrastada, que nem sequer temos certeza de que o carro terá condições de sair do boxe! Se você já ficou se perguntando o que saiu errado, anime-se. Agora existe uma “máquina de diagnose de ensino”. Ao final deste capítulo, você estará apto a identificar, em poucos minutos, o que está gerando o problema, e saberá como poderá resolve-lo.

Em contraste com a complexidade dos sistemas operantes do motor de um automóvel, porém, o processo ensino-aprendizagem é composto de apenas cinco sistemas básicos dos quais dependem seu sucesso ou fracasso.Assim sendo, descobrir a causa de um problema em sala de aula é bem mais simples do que num automóvel. Com um pouco de treinamento, você poderá se tornar perito não apenas em descobrir por que certo componente não anda funcionando bem, mas também em corrigi-lo.

Vamos, então, desembrulhar a misteriosa “máquina de diagnose de ensino” e ver se você consegue faze-la funcionar sozinho (não há necessidade de pilhas).

O MÉTODO DA APRENDIZAGEM

Pensemos por um instante no que precisa estar presente numa sala de aula cristã, para que haja uma experiência de ensino-aprendizagem. Abaixo encontram-se alistados cinco elementos que estão presentes em toda sala de aula, classe ou escola dominical, templo, e em grupos de estudo bíblico nos lares.

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1. Os alunos – indivíduos que devem aprender a matéria.2. O assunto – o conteúdo (ou a arte) a ser aprendido.3. O estilo – a maneira ou método através do qual o conteúdo é ensinado.4. O orador – o instrutor ou professor que leva ao aprendizado.5. O Espírito – a presença ou influencia do Espírito Santo.

Esses são, em ultima análise, os geradores de aprendizagem. A forma como você lida com esses cinco elementos básicos determinará seu sucesso ou fracasso na sala de aula. Se suas aulas estão indo bem – isto é, se você está levando os alunos a aprenderem – é porque esses cinco se encontram em harmonia. Se as aulas não estão saindo como deviam, um ou mais desses elementos estão em más condições, e precisam de ajustes.

Cada um deles acha-se relacionado com uma parte especifica no processo de ensino-aprendizagem, e, quando não está operando corretamente, acontece algo previsível. Quando um automóvel se recusa a pegar, o motor não vira e os faróis não acendem, qual parece ser o defeito? É isso aí: há um problema elétrico. E você provavelmente pode resolvê-lo, fazendo uma chupeta com outra bateria.

Este conceito é de tremenda importância: os problemas do sistema de ensino, via de regra, parecem ser os mesmos e ter as mesmas soluções.

Quanto mais você compreende esse princípio, maior número de problemas conseguirá identificar e resolver. O ensino não é uma arte complicada e difícil que pode ser dominada apenas por superdotados. Ao contrario, o ensino consiste de uma série de artes a serem aprendidas, que estão à disposição de qualquer um que queira adquiri-las. À medida que formos estudado as 7 Leis, você irá conhecer princípios revolucionários que são imediatamente aplicáveis na sua própria sala de aula. Assim quando a classe não estiver motivada, ou estiver indisciplinada ou mesmo não estiver aprendendo, você saberá o que fazer para solucionar o problema. Quanto mais você ensinar, maior o número de soluções que terá escondidas na manga. E quanto mais soluções conseguir usar com eficácia, tanto mais freqüentemente seus alunos começarão a chamá-lo de mestre. E, quando isso ocorrer, meu sonho-objetivo para este livro será realizado!

O método da aprendizagem: três relacionamentos principais

Há três relacionamentos básicos que influem diretamente sobre a maioria das situações de sala de aula. Eles dizem respeito à maneira por que você, como professor, se relaciona com a matéria, com os alunos, e com seu estilo. Posteriormente, trataremos de sua preparação para seu relacionamento com o Espírito Santo e consigo mesmo como professor.

As pessoas se surpreendem ao perceber que consigo detectar, após alguns instantes de observação da sua aula, o motivo pelo qual essas aulas não estão indo bem, prescrevendo-lhes então o que é preciso fazer para corrigir a situação. Você está prestes a aprender algumas das percepções que tornam isso possível.

FIGURA DA PAGINA42.

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No gráfico, temos o “orador” ou professor, dentro da figura inferior. O “assunto” está à esquerda, o “aluno”, na parte superior, e o “estilo”, à direita. Os três relacionamentos sempre presentes determinam a esmagadora maioria dos sucessos e fracassos na sala de aula. Repara que todas as setas que dão vida a esses relacionamentos estratégicos começam com o orador/professor e terminam no aluno/aprendiz.

O “Método da Aprendizagem” mostra como esses três relacionamentos entre matéria, aluno e estilo geralmente operam em conexão com varias outras coisas especificas, que veremos nos próximos capítulos. Na “Lei de Retenção”, por exemplo, você aprenderá a “ensinar velozmente” a matéria. Na “Lei da Necessidade”, aprenderá o poderoso método (de cinco pontos) que Jesus Cristo usava para motivar seus ouvintes, e que você também pode aplicar toda vez que ensinar. A “Lei da Expectativa” o prepara para fazer os alunos desabrocharem rumo ao potencial Maximo de cada um. Todas as leis, portanto, operam sobre esses três relacionamentos básicos, capacitando-o a se tornar um hábil indutor de ensino para seus alunos.

O assunto representa “o quê” está sendo ensinado, o aluno é “quem” está sendo ensinado, e o estilo, “como” está sendo ensinado. O ensino, portanto, é como ensinar o quê a quem! O orador precisa desenvolver o assunto, que é a “mensagem” dele, discipular seu aluno como um “mentor”, e proferir seu assunto como o “método” apropriado.

Todos lidamos com esses relacionamentos de forma diferenciada, mas cada um de nós somos eficazes com o aspecto “conteúdo” do ensino (norteados pela matéria), enquanto outros, que não brilham tanto com a matéria, influencia grandemente o “caráter” dos componentes de sala de aula (norteados pelos alunos). Outros professores saem-se melhor no ministrar a aula em si mesma, de forma que o “clima” seja interessante, motivador, cativante (norteados pelo estilo).

Pare um momento e procure identificar qual desses três relacionamentos você maneja com maior eficácia. Leia as descrições a seguir e coloque o número 1 ao lado do relacionamento que, em sua própria opinião, melhor descreve seu modo de ser; o número 2 para o próximo, e o número 3 para o último:

Norteado pela matéria: “Vibro com o assunto. Geralmente, meu conteúdo preparado é duas a três vezes maior que o necessário e, com freqüência, ao final da aula, tenho de correr para terminar tudo que preparei. Gosto muito de explicar as coisas e desejo que minha classe tenha uma compreensão perfeita e minuciosa do assunto. Gosto muito de listas de assuntos, e tenho grande necessidade de conhecer bem os fatos. Por isso gosto de fazer pesquisas em livros e comentários. Por vezes, preciso me disciplinar para não tornas o assunto complexo demais para o aluno médio de minhas turmas.”

Norteado pelos alunos: “Eu curto meus alunos. Sinto que eles são mais meus amigos que alunos. Interesso-me muito por cada um, individualmente, e gosto muito de estar com eles, dentro e fora da sala de aula. Tenho muito prazer em falar-lhes de minha própria vida e entes queridos, e vejo-os como uma extensão de minha família. Às vezes tenho de cuidar para que as conversas e discussões em sala não se desviem do assunto por muito tempo, mas tenho um grande desejo de prestar a eles o máximo de ajuda possível.”

Norteado pelo estilo: “Tenho fascínio por aquilo que ocorre durante o processo de ensino e aprendizagem. Gosto demais de ver a eletricidade de uma classe que está viva, onde os alunos não perdem uma palavra. Gosto de usar minha criatividade na sala de aula e,

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com freqüência, me encontro inventando coisas novas para que a aula seja emocionante e tocante. Os alunos gostam de minha aula porque jamais é maçante. Às vezes me deixo levar um pouco por minha própria criatividade, de forma a manter o assunto vivo e interessante, mas is alunos parecem gostar de minha espontaneidade e variedade. Adoro lecionar e não vejo a hora de a aula começar. Quanto maior a classe, mais eu gosto.”

Já deu pra descobrir seu relacionamento predominante? Se não, pergunte a um amigo, porque talvez esteja claro para todos, menos você.

Normalmente identificamos que tipo de professor uma pessoa é por aquilo que ela faz durante o cafezinho, nos seminários dos Ministérios Caminhada Bíblica.

Quem é norteado pelo assunto, vai direto à mesa de livros à venda, e começa a separar uma série de recursos que sempre procuramos ter disponíveis. Nos casos mais agudos, as pessoas chegam a apanhar novas bíblias só para cheirar o couro!

Quem é norteado pelos alunos, a princípio nem sai do lugar no intervalo. Prefere ficar conversando e perguntando acerca de sua esposa, filhos, seu trabalho, sua casa, sua cor predileta, seu dia da semana preferido, etc. Ao final da semana, os mais intensamente norteados pelos alunos pedem seu nome e endereço, e principiam uma boa amizade com você, que provavelmente durará toda a vida.

Aquele que se norteia pelo estilo, no momento em que o intervalo é anunciado, salta da cadeira, batendo palmas e se dirigem aos comes e bebes, falando animadamente acerca de como o professor fez coisas que ele também faz, inclusive aquele auxilio visual de quatro cores. (O norteado por assunto nem terá notado que havia quatro cores, e o norteado pelos alunos preferiria que houvesse mais desenhos de gente e de cachorrinhos.) Nos casos mais gritantes, a pessoa tomará notas em sua caderneta com capa de couro e zíper, dizendo como teria ensinado o assunto, e anotando freses de efeito e as piadas que poderão ser úteis na dinâmica aula que dará na semana seguinte.

Percebe como funciona? Cada um de nós se inclina mais intensamente para um de nossos pontos fortes. Vamos analisar melhor esses relacionamentos básicos para alargar a sua perspectiva.

Relacionamento 1: O orador e o assunto

Quando o assunto é seu ponto forte, seus alunos poderão chamá-lo de erudito, “cabeça”, “crânio”. Você tem prazer em pensar no assunto, e se aproxima mais do mundo das idéias e dos pensamentos do que de seus alunos (e certamente mais do que de todos aqueles métodos criativos que para você parecem pura perda de tempo). Você gosta das fontes originais, e sempre ficou “grilado” por não dominar o grego e o hebraico, o latim e o alemão, para poder “ir mais fundo”.

Seus alunos o enxergam como uma pessoa muito inteligente, que sabe muito sobre vários assuntos. Gostam de ouvir suas respostas às dúvidas que têm, porque você sempre se faz entender – e isso mais freqüentemente no período de perguntas e respostas do que durante a aula propriamente dita. Seus alunos, provavelmente, pensam que você espera muito deles e que ensina muita coisa desnecessária, mas você parece considerar tudo importante. Ninguém jamais acha que não está aprendendo sua matéria, mas alguns têm que se “desdobrar” para poder acompanhar sua aula.

Na faculdade teológica, tive um professor que era um erudito clássico. Na segunda aula do semestre, um aluno levantou a mão e pediu mais informações acerca de algo que parecia um detalhe sem importância. Alguns de meus colegas trocaram aquele olhar de

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descontentamento ao ouvirem a pergunta, e nenhum de nós sequer suspeitava que o professor responderia com mais do que uma frase.

Até hoje, passados vários anos, ainda estou admirado com a resposta do professor. Ele acenou com a cabeça, como se a pergunta fosse tremendamente perspicaz, olhou para um canto do teto, envolveu o polegar com os demais dedos e colocou a mão na testa. Em seguida, começou a citar livros onde se poderia encontrar uma resposta e continuou:

“Volume 2, pagina 246, no canto esquerdo da coluna da direita, mais ou menos umas 7 ou 8 linhas do inicio do parágrafo.”

Aí fechou os olhos e citou de cor cerca de três ou quatro parágrafos sobre o assunto.A principio pensei tratar-se de uma piada pratica, por isso, no primeiro intervalo,

corri para a biblioteca, procurei o volume 2 e fui à pagina mencionada. Fiquei abismado de ver que ele citara o texto palavra por palavra!

Exceto em suas ocasionais incursões nos recessos mais íntimos da teologia, quando ele começava a citar as fontes originais em alemão, todos nós logo nos vimos apreciando profundamente esse professor, e ele nos fez alcançar novas fronteiras do saber. Foi uma das experiências de aprendizagem mais memoráveis da minha vida.

Mas tais pontos fortes costumam ter suas contraposições. Esse mesmo erudito nos contou que certa vez foi a Houston fazer uma conferencia num final de semana. Depois tomou o avião de volta para Dallas, esperando que sua esposa o apanhasse no aeroporto. Após uma hora de espera, telefonou para casa, para saber se ela o esquecera.

- Onde é que você está? perguntou ela.- No aeroporto de Dallas, é claro, respondeu ele. E onde é que você está?- Eu estou em casa, replicou ela, esperando você.Aí houve aquele silencio prolongado, que anunciava que havia alguma coisa errada.- Querido, você se esqueceu? Você foi para Houston de carro!Quem é mais fraco no relacionamento com o assunto, provavelmente se sente meio

inseguro acerca do conteúdo e depende muito das anotações. Quando um aluno levanta a mão com uma pergunta, você morre por dentro e responde que falará com ele no intervalo, pois tem certeza que não sabe a resposta. Mas não quer que ninguém saiba que você não sabe. Aí você ora intensamente, pedindo que aquele aluno esqueça a pergunta, até na hora do intervalo. Provavelmente, também acha mais fácil seguir um esboço de outra pessoa, pois ele parece bem melhor que o seu, e mesmo assim, jamais se sente seguro de ter um bom conteúdo.

Relacionamento 2: O orador e o aluno

Quando seu relacionamento com os alunos é o seu ponto forte, eles talvez lhe rotulem de amigo, incentivador, ou alguém que está sempre “em sintonia” com eles. Relacionar-se com seus alunos é fácil. Você, provavelmente, os acha muito mais interessantes que o conteúdo de seu ensino ou a ministração do mesmo. Afinal, eles são a razão pela qual você ensina. Você gosta muito de falar-lhes de sua vida, suas lutas e vitórias, e a classe parece mais com uma grande e feliz família. Você talvez tenha mais propensão de almoçar com um aluno do que com um colega professor. Você quer aproximar-se dos alunos, e não fugir deles!

Seus alunos o vêem como alguém pratico e de personalidade agradável. Percebem que você se interessa por eles e que é bastante transparente, Eles talvez o procurem ao

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enfrentar problemas. Muitos acham que é o único professor que os compreende e pode, portanto, ajudá-los.

Quando jovem, tive um professor assim. Parecia que passávamos mais tempo discutindo a historia de nossa vida e família do que o conteúdo da matéria. Nós, alunos, costumávamos apostar quanto tempo conseguiríamos evitar que ele entrasse no assunto da aula. Às vezes conseguíamos mantê-lo contando casos de seu passado a aula inteira. Quando ele percebeu que o semestre estava no fim, e ele havia coberto apenas pequena parte do programa, passou a ditar ininterruptamente num ritmo frenético durante as últimas aulas, só para ter matéria para as provas finais. Mas nós não nos importávamos. Todos o achávamos incrível. Quase todos teríamos feito qualquer coisa por ele.

Quem não se deixa envolver por esse relacionamento com os alunos, não se sente muito à vontade quando rodeado por eles. Prefere entrar na sala no instante de iniciar a aula, e sempre parece ter um bom motivo para sair logo que o sinal toca. Você, provavelmente, não se sente bem contando casos pessoais. Seus alunos certamente o chamam de senhor, ou senhora, ou doutor, ou professor; jamais ousariam chamá-lo apenas pelo nome. Você está convicto de que manter certa distancia é salutar para um ensino eficaz.Se não tiver cuidado, alguns poderão considerá-lo distante, frio ou “metido a intelectual”, embora você não creia que, pelo menos aqueles que o acabam conhecendo melhor, o julguem assim. Os alunos podem achar suas aulas muito teóricas e pouco praticas. Eles sentem que você está mais preocupado com o conteúdo do que com eles. Ficam meio bronqueados ao perceber que você ainda não aprendeu o nome deles, embora o ano já esteja quase terminando.

Relacionamento 3: O orador e o estilo

Quando o estilo é seu ponto forte, seus alunos podem rotulá-lo de comunicador, de tremendo orador ou de extremamente motivador. Você gosta de comunicação e vibra ao ver os alunos reagirem positivamente àquilo que você lhes está ministrando. Você adora estar sempre aprimorando seu curso reiteradamente, de forma que ele contenha boas ilustrações e bons recursos visuais. Seu esboço é equilibrado e até mesmo aliterado. Para você não basta o conteúdo fazer sentido; precisa ter boa apresentação e soar bem. E o mesmo tempo que você gasta para preparar o conteúdo, gasta pensando em como irá apresentá-lo. Você, normalmente, é a “espontaneidade” em pessoa, e aprecia os desafios do presente momento, e de como aproveitá-lo ao máximo. Quando você dá uma aula, dá tudo de si; e quando ela termina, se sente exaurido.

Seus alunos o consideram um grande professor, e a maioria gosta de suas aulas. Eles chegam cheios de expectativas e o tempo parece voar. Eles apreciam sua intensidade e capacidade de manter a aula interessante e motivadora. Eles gostam de como você faz uso da variedade e criatividade. Muitos deles sentem que sua aula é o ponto alto do dia, porque sempre saem dela motivados e recarregados.

Talvez você tenha tido uma professora que era o “estilo” em pessoa. Além de ensinar com estilo, tinha estilo também para se vestir. Quando ela entrava na sala, dava até pra sentir um friozinho na barriga, tal a expectativa. Na aula dela, as paredes ficavam repletas de pôsteres, figuras e dos melhores trabalhos. Ela parecia fazer com que os conceitos mais complexos fossem simples de entender. Diferentemente da maioria dos professores, ela detestava a aula expositiva. No maravilhoso clima de aprendizagem que ela

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criava havia dramatização, trabalho em grupo, debates espontâneos, sessões de enfoque específico, oradores convidados, filmes especiais – tudo.

Por outro lado, se seu relacionamento com estilo é o seu ponto mais fraco, quem sabe seu apelido seja “discurso”, e a idéia de usar um retroprojetor seja tão estranha quanto você teria sido ao apóstolo Paulo. Você prefere ficar atrás da mesa e se sente meio nu quando tem que sair de trás dela. Quanto a dramatizações, isso é para Hollywood, coisa de cinema. Trabalho em grupo? Isso é para quem crê que a melhor forma de descobrir a verdade é compartilhar a ignorância. Aliás, o “Sermão do Monte” foi uma palestra, não foi?

Se essa área é o seu ponto fraco, os alunos provavelmente achas suas aulas maçantes, onde tudo é muito previsível. Para eles, você parece estar mais interessado no assunto em si do que em comunicá-lo. Se a aula é à tarde e faz calor, os alunos talvez sintam os olhos querendo fechar-se e a cabeça pesada demais, porque simplesmente não há nada muito interessante para prender a atenção deles.

Como identificar o problema de sua classe

Os problemas da sala de aula são sempre revelados nas atitudes e ações dos alunos. Se a classe está “estilhaçada”, são os alunos que haverão e dizê-lo.

Abaixo estão alistadas varias reclamações típicas de alunos de 2º grau, acerca dos professores e das aulas a que assistem. Verifique se é capaz de apontar o problema subjacente – se é o assunto, ou o aluno, ou o estilo – antes de ler a resposta. Depois de identificar o problema, fornecerei algumas soluções possíveis. No caso dos dois primeiros, darei soluções mais extensas. Veja se você consegue pensar numa solução para o restante das questões.

1. “Não agüento meu professor. Acho que ele nem sabe o meu nome. Além do mais, não está nem aí se eu estou vivo ou morto. Não vou mais à aula dele!”

Problema: Relacionamento. Os alunos sentem que o professor não se interessa por eles.

Solução: Demonstrar de forma concreta, por meio de exemplos pessoais e de uma declaração pública, que vice se interessa sinceramente por eles.

Memorize imediatamente o nome de todos os seus alunos e mencione o nome deles ao se dirigir a cada um.

Comece as próximas aulas contando um caso pessoal, demonstrando que é uma pessoa de carne e osso, com sentimentos de vitória e fracasso. Na próxima semana, passe mais tempo falando de suas falhas do que de seus sucessos.

No momento adequado, conte para eles as razoes que o levaram a querer ser professor, e fale do que você gostaria que acontecesse na vida deles, através de suas aulas.

Elogie os alunos com regularidade através de comentários verbais nas aulas, e por escrito nos trabalhos deles. Dirija-lhes palavras de apreço, individualmente e como classe, dizendo-lhes como se sente privilegiado de tê-los como alunos.

Conceda especial atenção aos que estão sentados mais ao fundo da sala, porque, provavelmente, são eles que estão se sentindo mais isolados e desligados.

Dê-lhes um questionário para responderem anonimamente com perguntar do tipo “Eu gostaria que meu professor parasse de...”, “eu me sinto mais desanimado com essa matéria porque...”, “se eu ensinasse essa matéria, a partir de amanhã, a primeira coisa que faria seria...”. Implemente pelo menos três mudanças imediata e abertamente.

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2. “Falar, falar e falar! É só isso que meu professor sabe fazer.”Problema: Estilo. O único método usado pelo professor para ministrar o conteúdo é

o expositivo, o que se torna monótono e cansativo para os alunos.Solução: Variar constantemente a forma de dar o conteúdo. Depois de algum tempo,

até a melhor picanha ou quindim mais saboroso enjoa. Mantenha um registro do tempo de aula expositiva. Quanto mais jovens os

alunos, menor a tolerância por esse método. Varie a ministração, utilizando-se de um dos três principais métodos de

variação: o que você faz em sala de aula, o que os alunos fazem, e o que você e eles fazem juntos.

Diminua o conteúdo em pelo menos 25% por umas duas semanas, de forma a dar mais tempo para o uso de métodos alternativos.

Inicie a aula de forma bem criativa, e, mais importante ainda, nos últimos cinco minutos utilize uma abordagem diferente e criativa. As pessoas tendem a se lembrar mais do inicio e do término, do que de qualquer outra parte. Pesquise um livro de métodos de ensino à cata de novas idéias.

Crie expectativas, anunciando um orador convidado ou um filma para a próxima semana. Ajude a classe a perceber que você está se esforçando por servi-los mais eficazmente através desses métodos.

Agora tente analisar os próximos problemas. Que soluções você acha que funcionariam?

3. “A cabeça da minha professore deve estar nas nuvens. Acontece que ninguém entende o que ela diz, pelo menos até a metade da aula.”

Problema: Assunto. A professora está apresentando matérias muito complexas, ou muita matéria para os alunos e a situação em questão.

Solução: Pare de dar a matéria e comece a ensinar os alunos. Simplifique a matéria e verifique se eles estão entendendo antes de passar adiante. (Veja a “Lei da Retenção”.)

4. “Ficamos o tempo todo completado sentenças. Ele não deixa a gente perguntar nada. Temos de escrever nossas perguntas em cartões, que ele responde na aula seguinte. Que chatice! Eu preferiria estar lendo um livro-texto – pelo menos ele tem gravuras.”

Problema: Estilo. O professor crê que o único método eficaz de ensinar é completar sentenças.

Solução: Pare de frustrar os alunos e de fazer uso de um método que eles consideram um insulto à sua inteligência, e, portanto, desnecessário. Comece a utilizar novos métodos de ensino.

5. “A aula é um atentado à minha inteligência. Só falamos de besteiras que já aprendemos dois anos atrás. Nunca aprendemos nada novo.”

Problema: Assunto. O professor está revendo material que a maioria da classe já aprendeu e está dando pouca matéria nova. Ele está fora de sintonia com o nível de competência doa alunos quanto ao assunto.

Solução: Reorganize as próximas três aulas de forma a minimizar a revisão da matéria e maximizar o novo aprendizado. Destaque com entusiasmo os novos conteúdos

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que você vai ministrar, e como eles serão importantes para os alunos. Dobre o volume de informação que você vem lhes prestando.

6. “Eu nem acredito que nossa professora quer que leiamos esses livros. Estamos no 2º ano do 2º grau, e meu pai me disse que leu esses livros na faculdade. Tenho que ficar procurando um monte de palavras no dicionário.”

Problema: Assunto. A professora está enganada quanto à capacidade dos alunos ou talvez esteja tentando forçá-los a ir um pouco além dela, de modo inadequado.

Solução: Informe imediatamente uma mudança nas leituras pedidas e dê-lhes três níveis de leitura básica: livros básicos, livros desafiadores e livros avançados. Através de motivações, incentive-os a examinarem as três categorias de livros e a selecionarem os que se acham ligeiramente acima da capacidade deles. Como princípio, jamais ensine a classe toda ao nível dos 10% superiores. Ministre dentro da media da maioria, oferecendo desafios adicionais àqueles que excedem os demais.

7. “Nossa classe é um verdadeiro ‘auê’ – completamente fora de controle. O pessoal atira coisas pra todo lado, responda à professora, vive tirando um ‘barato’ com ela, e ela só faz gritar com a gente o tempo todo. E quando a coisa aperta pro lado dela, se desmonta e chora.”

Problema: Aluno. A professora perdeu sua autoridade e liderança, e os alunos é que estão “mandando”.

Solução: Restabeleça as regras do comportamento aceito em sala de aula e, através de uma cuidadosa negociação, apresente uma lista de prêmios e punições escolhidas em comum acordo. Datilografe esse acordo e afixe-o num lugar em que todos possam vê-lo. Ao mesmo tempo, aplique constantemente tanto os prêmios como as punições.

OS MAXIMOZADORES DA APRENDIZAGEM

O propósito dos maximizadores em cada uma das sete leis visa aparelhá-lo mais vigorosamente com o método que acabamos de abordar. Isso se dá através da apresentação de sete dicas adicionais acerca de como obter o Maximo do método adotado. Essas sugestões haverão de capacitá-lo a se tornar mais hábil, à medida que se comprometa a tratar com seriedade sua vocação de “levar os alunos a aprenderem”.

Maximizador 1: Ame os alunos coerente e incondicionalmente.

Jesus forneceu o mais importante maximizador ao declarar: “... Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o primeiro grande mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.” (Mt 22.37-40.)

Dos quarenta e nove maximizadores apresentados neste livro, este primeiro é, disparado, o vencedor. Amar profunda e continuamente seus alunos haverá de maximizar a marca que você imprimira na vida deles mais do que todos os outros quarenta e oito juntos.

Aliás, de acordo com o texto de 1 Coríntios 13, se não amarmos profundamente nossos alunos, tudo o mais que fizermos resultara em muito pouco. E como é raro estarmos numa sala de aula onde os esforços e o carinho do professor são voltados, em primeiro

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lugar, para os alunos! Aparentemente, na maioria das escolas e igrejas, “amar os alunos” saiu de moda. A admoestação bíblica para amarmos foi, de alguma forma, tão diluída, que poucos de nós conseguimos compreender a verdadeira profundidade de nosso chamado. Achamos que nossa vocação é meramente preparar a aula, ensinar com entusiasmo, e, quem sabe, telefonar para os alunos numa emergência ou fazer uma festinha com eles uma vez por ano.

Além disso, deixamos também que nossa definição de amor se tornasse destituída de emoção. Conceitos como intenso, ardente, zeloso, ou fervoroso não parecem ter mais lugar na sala de aula. Será que você deveria entusiasmar-se? Saber que podemos ata praticar ações incrivelmente positivas para com os outros sem, no entanto, amá-los dá muito a pensar, não é mesmo? Em 1 Coríntios 13, por exemplo, encontramos menção de duas ações que estão além da imaginação da maioria de nós – der todos os nossos bens para os pobres e entregar nosso corpo para ser morto – e lá diz que é possível praticá-las sem amor. E sem amor, elas não têm sentido.

O amor, é claro, pede ação, pois nos versos 4 a 7 ele é definido em termos de atos: “O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não e orgulha...” (NVI.) Mas será que no amor há lugar para ardor, devoção? Na primeira carta de Pedro 4.8, temos uma resposta especifica: “Sobretudo (sobre todo o restante deste livro), amem-se intensamente uns aos outros, porque o amor cobre uma multidão de pecados.” (NVI – grifo do autor.)

“Amar intensamente” é possuir sentimentos intensos e sérios. Portanto nós precisamos nos esforçar para nos tornarmos intensa e emocionalmente envolvidos com nossos alunos, para amá-los intensamente.

Por mais surpreendente que possa parecer, creio que todos os professores “amam” sem exceção. Quando observamos o comportamento deles, logo percebemos o que é que eles amam. Nossa conduta revele os valores e o apego que temos. Os três grandes “amores” de um professor parecem, consistentemente, estar em uma das seguintes categorias:

1. O amor pelo conteúdo. São os professores que ficam tão entusiasmados e motivados com a matéria, que perdem a classe de vista. A maior parte do tempo de ensino é voltada para a matéria. Ficam tão enamorados daquilo que estão dizendo, que jamais têm tempo ou forcas para focalizar a atenção naqueles a quem estão ministrando.

2. O amor pela comunicação. São os professores que ficam tão “ligados” e motivados pela simples idéia de falarem a um auditório, que perdem de vista os próprios ouvintes! A adrenalina sobe quando se dirigem ao palco. Eles são movidos pela reação da platéia. As pausas propositais, os crescendos, o humor cuidadosamente inserido, as frases de efeito, o fechamento forte, os gestos calculados, tudo se harmoniza para crias o desempenho. Os aplausos. A aclamação. É o amor pelo evento em lugar do amor pelo aluno.

3. O amor pelo estilo de vida de professor. São professores que ensinam simplesmente para poderem estar livres durante as férias, principalmente as mais longas, e fazerem o que bem entendem. Eles não visualizam o ensino como chamado, mas sim como uma fonte de recursos. Vêem os alunos apenas como algo que devem tolerar.

O que Jesus fez devido ao seu intenso interesse de comunicar-se com esta sua classe, que chamamos de mundo? Ele deixou a glória dos céus para se sacrificar pelo bem de sua “classe”. Ensinou a verdade com todo coração, com toda a alma, e com todo o entendimento – e, em última análise, com sua vida. Cristo morreu para nos ensinar a verdade! É assim o amor ardente que Cristo tem por seus alunos.

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Quando tudo estiver encerrado, o maior elogio que poderíamos receber como professores poderia bem ser: “Observe como ele amou seus alunos!”

Maximizador 2: Comunique o conteúdo, tendo em mente as necessidades e os interesses dos alunos.

Quem já ouviu Charles Swidoll pregar, provavelmente já disse para si mesmo:“É exatamente como me sinto!”, ou“Era o que precisava ouvir.”Ele parece possuir uma aptidão sobrenatural de pregar exatamente aquilo que

precisamos ouvir no momento.E como é que ele consegue isso? Ele é um mestre na arte de comunicar o conteúdo,

tendo em mente as necessidades e os interesses dos ouvintes. É como se ele tivesse uma mão em nosso pulso e outra na Bíblia. Ele se disciplina para não modificar a verdade, preferindo vesti-la com a roupagem cultural contemporânea. E ele acerta no alvo porque mira no alvo.

Infelizmente, muitos estão com as duas mãos na Bíblia e nenhuma no pulso. Nossas lições são bíblicas, é certo, mas tão irrelevantes quanto uma capa de chuva no deserto do Kuweit. Ao fim de nossa aula, os alunos podem estar com o caderno abarrotados de anotações, mas com o coração vazio. Somente conversaram acerca do que se via nas baixelas de prata, mas não comeram nada que havia nelas.

Dê sempre um conteúdo adequado à classe. Faca com que ele vá direto ao alvo cada vez que você ensinar. E como esse é um conceito muito importante para o ensino, haveremos de investir dois capítulos inteiros (A Lei da Necessidade), procurando ajudá-lo a se tornar “sensível às pessoas” quando você ensina.

Maximizador 3: Altere seu estilo com regularidade, de acordo com cada situação.

Certa noite, após ter falado numa notável conferencia bíblica nas montanhas da Carolina do Norte, acabei tendo que dar aconselhamentos pessoais, em que tive de adotar duas posturas inteiramente diferentes.

Em um canto, derreado sobre uma cadeira, estava um jovem com ar desalentado, esperando que todos se fossem. Ele parecia profundamente angustiado. Seu tom de voz refletia quebrantamento e remorso; por isso, imediatamente, tive de mudar a linguagem corporal e o tom de voz, ou seja, de quem dera uma aula no palco para quem dava um aconselhamento individual. Puxei uma cadeira próxima, abaixei o tom de voz, inclinei-me na direção dele e ouvi-o atentamente.

Era co-pastor de uma igreja, e estava tendo um serio conflito com o pastor titular. E a coisa estava tão seria, que ele já havia se decidido a abandonar o ministério pastoral. Depois de algumas perguntas estratégicas, indaguei dele até que ponto, realmente, queria ver o problema resolvido, e se estava disposto a fazer qualquer coisa para obter a solução. A resposta dele articulou-se bem com sua linguagem corporal. Sim, disse ele em lagrimas, estava disposto. Com bastante compaixão, apresentei a solução básica para o problema dele e desafiei-o a obedecer ao Senhor em tudo, incondicionalmente. Assim que nos levantamos, apertamos as mãos, e ele se pôs a telefonar para o pastor titular para acertar as coisas e

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recomprometer-se a seguir a liderança dele, sem espírito de rebelião. Meu estilo? Calmo, pessoal, tranqüilo, intimo, confortador.

Quando encerramos nossa conversa, com o canto do olho vi que Darlene, minha esposa, estava de pé, junto a um casal, no fundo do auditório. A mulher estava com as duas mãos na cintura, e o marido com braços cruzados. Não dava para captar claramente o que estavam dizendo, mas o tom de voz certamente refletia beligerância e indignação.

Minha esposa ficou aliviada quando me aproximei, colocando-me no meio daquela situação infeliz. Em poucos segundos, aquele homem de cerca de 1,95m de altura e 110 quilos estava literalmente gritando com a esposa, soltando comentários ferinos, aparentemente infindáveis e sem misericórdia. Comecei a conversar com ele no mesmo tom que conversara com o jovem pastor, no mesmo estilo, mas fui logo atropelado por aquele trator de esteira. Levantei o tom de voz para conseguir toda a atenção dele, mas ele já estava muitos decibéis a minha frente. Falei ainda mais alto, e ele passou a gritar para encobrir minha voz.

Conclui que meu estilo simplesmente não estava dando resultado algum. Ele fora eficaz para com o jovem pastor, mas se eu quisesse ir ao encontro das necessidades daquele casal, não me restava alternativa senão “esquentar o papo”. E muito.

Pisquei para Darlene para alertá-la de que iria começar a representar, e fui fundo rumo àquele homem. Logo ficou bem claro que já havia um bom tempo que ele não ouvia ninguém. Em meio a uma oração de desespero, comecei a intensificar meu recado. Mas ainda me sentia um fracote sob aquele ataque. Finalmente, em meio a uma explosão de emoções com uma intensidade que eu não sentira desde que briguei com Johnny Red na 8ª serie, subi a serra e coloquei o dedo indicador no peito dele. Cada vez que ele me interrompia, eu cortava a frase dele no meio. Por fim, ele começou a me ouvir. Pela linguagem corporal, ele passou a comunicar que havia se tornado um receptor, não era mais um atacante; estava aberto à repreensão e ao conselho.

Depois de o casal ter ido embora, uma hora mais tarde, eu e Darlene nos encaminhamos de braços dados para o chalé. Percebi que ela estava silenciosa e parecia contrariada. Perguntei o que havia de errado, e ela respondeu:

- Nunca em minha vida vi você agindo assim, e espero que você nunca aja desse jeito comigo!

Fiquei espantado!- Você não me viu piscar?Tinha visto, mas não entendera o significado. Ela, literalmente, havia pensado que

eu perdera o controle. Assegurei-lhe que estivera absolutamente no controle da situação e que havia escolhido aquele método, um tanto incomum e arriscado, para tentar dobrar aquele homem endurecido. Agi propositadamente de forma tão severa porque a outra postura não estava dando resultado.

Acha que me senti bem fazendo aquilo? É claro que não! Suei frio, e até tremi. Mas porque agi daquela forma? Porque meu “aluno” estava sofrendo de um caso agudo de “beligerantite”, e senti que, se não conseguisse êxito, um deles poderia resolver pedir o divorcio naquela mesma noite.

O que você faz quando a linguagem corporal e o silencio de seus alunos demonstram que estão entediados e desinteressados? Aumenta a intensidade de comunicação e dá asas à sua criatividade, ou simplesmente ordena que fiquem atentos e continua a confundí-los?

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Sabe qual é a principal reclamação dos alunos? Oitenta por cento daqueles com quem converso confessam que estão aborrecidos, entediados, na maior parte do tempo, na maioria das aulas.

Espero que a esta altura você já tenha compreendido que o tédio, o aborrecimento, não é um componente didático. E embora você possa até me questionar, nem mesmo o assunto é o principal culpado pelo tédio na prática do ensino. Certa vez ouvi alguém fazer uma palestra de dez minutos acerca “da importância do saco de papel pardo”. Quando ele terminou, todo o auditório o ovacionou entusiasticamente, de pé. Foi magnífico!

A trágica verdade é que já vi muitos professores chatearem os alunos, a ponto de os levarem às lagrimas, embora falassem do assunto mais importante do mundo: a Bíblia! Veja bem! O tédio não tem muito a ver com o que você diz, mas com a maneira como o faz.

Já aconteceu de você escolher uma matéria eletiva, certo de que seria interessante, mas acabar se decepcionando profundamente no final da segunda aula, porque o professor se especializara em embalar o sono dos alunos? Parece que alguns de nós dominamos o equivalente verbal de Valium! Por outro lado, já aconteceu de você ficar apavorado por ter de fazer uma matéria obrigatória, crendo que seria igual comer comida requentada, uma Chatice com “C” maiúsculo? Mas isso foi só até a professora o “fisgar”, graças ao fascínio dela pelo assunto. Com pouco tempo, você estava cativado pela matéria e pela professora, a ponto de a matéria dela ser a sua predileta.

Vi um notável exemplo desse fato anos atrás, no monte Carmelo, em Israel, onde Elias travou sua inesquecível batalha com os profetas de Baal. Havia ali uma bela escultura de Elias, com uma longa inscrição. Todos os participantes de nosso grupo de Ministérios Caminhada Bíblica queriam saber o que ele dizia. Mas eu simplesmente não a conseguia entender. Não era inglês, nem grego, nem hebraico. Era em latim. De repente uma jovem de dezesseis anos, que fazia parte de nossa excursão, começou a traduzi-la fluentemente e tomada de intensa emoção! Fiquei tão impressionado e curioso que perguntei se poderia sentar-me ao seu lado no ônibus, para saber a razão de sua habilidade.

Contou-me que sua professora de latim, no 1º ano do 2º grau, fizesse com que essa língua se tornasse tão cheia de vida e que fosse comunicada com tal intensidade, que não somente ela, mas que muitos dos seus colegas passaram a adorar a matéria. Aquela professora tornara o latim uma língua viva! Tive diversos professores assim. Por alguma razão, eles não sabiam o significado da palavra tédio.

Nem seus alunos.

Maximizador 4: Use seus próprios talentos e dons; seja você mesmo.

Você já viu algum orador e desejou saber falar como ele? A maioria de nós já se viu na situação de desejar poder ensinar ou pregar como outra pessoa, como se o poder no púlpito adviesse da imitação.

Quando eu era calouro no seminário, um grande orador pregou, num dos cultos dos alunos, uma das mensagens mais inspiratórias que ouvi. Fiquei tão tocado por ela, que transcrevi palavra por palavra a fita inteira. Fiquei aguardando ansiosamente a oportunidade de pregar aquela obra-prima. Por fim, uma pequena igreja solicitou do seminário um pregador, e lá fui eu para viver o momento culminante de minha vida.

Comecei a pregar o sermão com tudo que tinha direito. Na segunda pagina, entretanto, dei uma olhada para o auditório e fiquei horrorizado com o tédio maciço que

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tomara conta do ambiente. Achei que o que estava faltando era a gesticulação daquele grande pregador, que eu também havia memorizado. Então tentei isso. Duas senhoras na primeira fila olharam uma para a outra, e deram de ombros. Passei a usar meus braços ainda mais intensamente.

Virei a pagina 3 e comecei a citar grego e hebraico. “Espere só eles ouvirem isto”, pensei com meus botões. Contudo alguns já estavam pendendo a cabeça, sonolentos. Desesperado, procurei minha adorável “auxiliadora”, buscando nela um sorriso de aprovação. Quando a localizei na terceira fila, vi que ela tinha um olhar de espanto, e aí passou a abanar lentamente a cabeça, desaprovando. Perdi o fio da meada, meu estomago deu um sinal inquietante diante daquela tensão. E eu ainda tinha mais catorze paginas de pregação.

Quando o culto acabou e saímos do estacionamento, eu me encontrava profundamente desesperado. Disse à minha esposa que já compreendera tudo. Na manha seguinte, iria abandonar o seminário. Deus havia cometido um grave erro ao chamar-me para ser pregador.

Darlene, a principio, ficou em silencio. Por fim, ela pregou sua mensagem da manha, que teve apenas um parágrafo, e não dezessete paginas:

“Querido, o Senhor chamou-o para ser pregador, mas jamais para pregar o sermão de outra pessoa. O que estava você estava fazendo, agitando os braços? Não é seu jeito! Deus não poderá abençoa-lo se você”.

Que reviravolta no meu ministério! Não fora pelo amável conselho de minha esposa, talvez eu não tivesse concluído o curso do seminário e jamais estaria no ministério. Tomei a decisão de nunca mais pregar o sermão de outro, nem procurar imitar o estilo alheio.

Infelizmente, muitas vezes queremos as coisas da carne para obtermos as do Espírito. Inconscientemente, procuramos as coisas certas nos lugares errados. Acabamos por concluir, erroenamnete, que se tivéssemos o dom daquela outra pessoa, nosso ensino seria mais poderoso. Isso é uma atitude perigosa e até antibíblica.

Temos a tendência, que parece universal, de invejar os dons de outros e desvalorizar os nossos. As Escrituras ensinam que a inveja é obra da carne, não de Deus. Quando desejamos algo que Deus deu a outrem e não a nós, rebelamo-nos secretamente contra a vontade de Deus para nossa vida. Foi Deus quem nos fez, quem regeu a formação de nossas características físicas, mentais e emocionais (confira no Salmo 139.15,16).

Ao anelar os dons de outra pessoa estamos levando em conta apenas o lado humano do ministério. Quando desejamos os talentos de outro, estamos nos esquecendo da notável promessa do Senhor: “...Minha graça é suficiente para você, pois meu poder se aperfeiçoa na fraqueza.” (2 Co 12.9-NVI). Se queremos o melhor de Deus em nossa vida, precisamos reconhecer que o melhor dele para nós inclui tanto os nossos pontos fortes quanto os fracos.

Maximizador 5: Observe constantemente as atitudes, a atenção e as ações de seus alunos

Os bons professores são aqueles que freqüentemente entendem a “linguagem do aprendiz” ou a corporal. Os verdadeiros mestres são tão habilidosos nisso, que chegam quase a desenvolver uma “conversação” constante entre eles, professores, e os alunos, sem que estes sequer profiram uma só palavra. O professor “lê” a linguagem física, e responde

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com a verbal. Os alunos costumam, às vezes, descrever professores assim como alguém “em contato”.

Quando conseguimos nos comunicar com alguém que sabe ler nossas deixas não-verbais, dizemos que tal pessoa possui “discernimento”, ou é “perspicaz”. Esses termos gêmeos são precisos porque tais indivíduos possuem a capacidade de ler nas entrelinhas aquilo que estamos “dizendo” e compreender exatamente o que queremos dizer.

A maioria de nós jamais deu atenção devida ao desenvolvimento dessa arte de discernimento. Nossa cultura valoriza muito o poder da comunicação verbal e dá pouco valor ao da não-verbal. Sempre que os sociólogos procuram determinar o poder relativo de cada tipo de comunicação, verificam que a não-verbal sempre comunica melhor que a verbal.

Quanto mais você desenvolver essa capacidade de discernir, procurando ouvir o que seus alunos estão dizendo através de indícios não-verbais, tanto mais apto estará para fazer aquilo que os levará a uma melhor aprendizagem. Os professores que não possuem prática nesse campo jamais sabem o que esperar de seus alunos numa prova. Mas os mestres mais tarimbados conseguem prever, quase com exatidão absoluta, quais serão as notas deles, pois os alunos sempre estão em contato com eles.

Maximizador 6: Pra ser um ótimo professor, utilize bem seus pontos fortes, procurando fazer com que eles compensem os fracos

Um dos segredos dos atletas campeões é que eles procuram tirar o máximo de seus pontos fortes. Se o ponto forte de um jogador de tênis é subir à rede, ele deve procurar fazer isso sempre que tiver oportunidade. Os campeões são sempre pessoas que conseguem concentrar bem sua atenção. Conscientemente, delimitam as áreas em que almejam destacar-se. Constantemente, dizem “não” às muitas que são boas, para dizer “sim” às poucas que são excelentes.

Em contraste, aqueles que jamais atingem o máximo de seu potencial têm uma perspectiva diferente. Em lugar de se concentrarem em suas habilidades, buscam o fortalecimento de suas áreas fracas. Muitas pessoas que conheço estão investindo uma vida inteira na tentativa de serem “completas” em todas áreas, em lugar de serem excelentes nas áreas especificas de seus pontos fortes.

Um de meus passatempos prediletos desde jovem é ler livros acerca de líderes. E uma coisa que todos os grandes homens e mulheres têm em comum é a filosofia de concentrarem suas energias no objetivo de se sobressaírem em poucas áreas, mas todas muito bem escolhidas.

Se você deseja ser um ótimo professor para a glória de Cristo, precisa afunilar suas escolhas. O apostolo Paulo colocou essa prioridade em pratica quando exclamou: “... uma cousa faço...” (Fp 3.13.) Pouco antes de morrer, ele relembrou que o bom soldado de Cristo não se deixa enredar pelos “negócios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer àquele que o arregimentou” (2 Tim 2.4).

Portanto, se você deseja ser excelente na sala se aula, para que Cristo seja glorificado, não procure fazer tudo igualmente bem. Faça menos coisas da melhor maneira possível. Ajuste seu foco. Não pense que, para distinguir-se, você tem de ser bom em tudo. Não precisa! Quando começar a optar consistentemente por servir a Deus nas áreas em que ele mais o dotou, acabará por experimentar um crescente transbordamento das bênçãos de Deus.

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E quando focalizar a atenção em seus pontos fortes, lembre-se de mais duas coisas com relação aos fracos:

Melhore suas áreas fracas, até conseguir que não sejam irritantes a seus alunos, e estejam dentro do nível “aceitável”. Embora você possa ser esplendido no subir à rede, para jogar tênis, você também precisa bater bem um forehand e um backhand. É preciso ir melhorando as notas vermelhas pelo menos até que cheguem à média.

Use seus pontos fortes para compensar os fracos. “Suba à rede” o máximo que puder.

Seja você alguém voltado para o assunto, para os alunos ou para o estilo; utilize-se dos pontos fortes inatos para escorar as fraquezas inatas. Lembro-me sempre de certo professor, norteado pelo assunto, que fez uso de sua memória para compensar sua pronunciada fraqueza em relacionar-se com os alunos.Ele acabara de chegar à escola, e nós estávamos mortos de curiosidade acerca dele, pois assistíamos pela primeira vez a uma aula sua. Quase na metade da aula, alguém levantou a mão no fundo da sala e fez uma pergunta.

- Ótima pergunta, Jim! Respondeu o professor.Você precisava ver a expressão no rosto do Jim. Ele nem sequer lhe fora

apresentado. Em seguida, o professor disse:- Jorge, o que você acha?Pouco depois, comentou:- Maria, boa observação!Ficamos maravilhados com o fato de que um professor pudesse interessar-se tanto

por nós a ponto de memorizar o nome de cada aluno antes do primeiro dia de aula. Ele havia se utilizado sabiamente de seu ponto forte (memória) para compensar sua fraqueza ao relacionar-se com os alunos.

Portanto use o Maximo de seu potencial, concentrando seus esforços em seus pontos fortes, e utilize-os para compensar os seus pontos fracos.

Maximizador 7: Conte com o Espírito Santo para ter um ensino sobrenatural.

Esse maximizador vai além do natural e introduz o sobre. Embora venhamos a tratar desse assunto mais demoradamente na “Lei da Aplicação”, alguns comentários genéricos se fazem necessários.

Já mencionamos que o Espírito Santo é um dos cinco maiores geradores de aprendizagem. Com exceção das raras ocasiões em que o Espírito Santo passa por cima da situação e efetua sua obra divina a despeito de nós, ele quase sempre prefere operar em cooperação com o orador, com o assunto e com os alunos. A aprendizagem mais pretensiosa acontece quando o professor humano coopera conscientemente com o Mestre divino, que está livre para mover no coração dos alunos. Na “Lei de Aplicação” descreveremos esse relacionamento-chave em maior profundidade.

Há três níveis de ensino, e todos nós lecionamos num deles:1. O nível egoísta. O professor faz aquilo que normalmente lhe vem à mente e

de forma sutil usa os alunos para atender às suas próprias necessidades. Não assume a responsabilidade de levar os alunos a aprender, e se contenta em cumprir o plano de aula para ensinar a matéria.

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2. O nível de servo. O professor serve os alunos de todo o coração, alma e mente. Concentra-se em cumprir as necessidades deles e faz uso de sua criatividade e energia para levá-los a aprender.

3. O nível do Espírito. O professor serve os alunos completamente, mas também coopera com o Espírito no preparo das aulas, na ministração delas e no seu relacionamento com eles. Quando isso ocorre com freqüência, os alunos são instruídos não apenas pelo professor externo, mas também pelo Professor interno. Quando o Espírito unge o professor e convence os alunos, a aprendizagem é guinada ao nível do sobrenatural.

Que o Senhor nos inspire a que nos tornemos servos dos alunos, e do Espírito Santo.

CONCLUSÃO

Durante meu primeiro ano como professor de faculdade, comecei a desenvolver e aprofundar essa filosofia acerca do ensino e da aprendizagem. Algumas semanas depois, percebi que três calouros estavam caminhando para serem reprovados em uma das minhas matérias – e não seria por alguns décimos! Eu estava ficando cada vez mais preocupado com as notas deles. No inicio do semestre, eu não sentia qualquer compunção por dar notas tão baixas. Afinal, se eles estavam “dançando”, a culpa era deles, certo? Mas havia algo atormentando-me continuamente. Talvez eu devesse tomar alguma providencia antes que fosse tarde demais.

Convidei os três para lancharem comigo, sem dizer a cada um que estava convidando os outros, o que fez com que ficassem surpresos ao verem um ao outro. Peguei os hambúrgueres e os refrigerantes, mas como você já adivinhou, três alunos que estão perdendo media reunidos com seu professor é uma situação onde a conversa demora para decolar.

Por fim, eu lhes disse:- Sabe, gente, somos quatro aqui, e todos estamos levando bomba na minha

matéria. Vocês estão com notas baixas, e, portanto, eu também estou. E detesto levar bomba, e imagino que vocês também. Minhas aulas são tão ruins assim?

- Não, seu jeito de ensinar até que é legal, respondeu um deles.Senti que havia mais a ser dito, então perguntei:- Como é que vocês estão se saindo nas outras matérias?Todos baixaram a cabeça e trataram de comer o sanduíche.Olhei para um deles e perguntei se havia alguma coisa que estava atormentando-o.- Bom, sou crente novo, o único de minha família que conhece o Senhor Jesus

Cristo. Tentei falar do evangelho com eles antes de vir para a faculdade, e eles riram de mim. Disseram que eu era doido de vir estudar numa escola bíblica. Ponderei a questão e conclui que se eu levar bomba, aí é que eles jamais me darão ouvidos quando falar de Cristo, e isso está me afundando.

Aí me voltei para outro que acenava, concordando, como se compreendesse a situação do primeiro, e pedi que ele falasse a seu respeito.

- Bom, principiou ele, gaguejante, eu passei a maior parte do 2º grau bêbado, de festa em festa, andando com más companhias. Por fim, no ultimo semestre escolar, redediquei minha vida a Cristo, mas minhas notas estavam terríveis. Acho que nunca aprendi a estudar. A faculdade me recebeu condicionalmente, e disse que eu tinha um semestre para me recuperar. Estou aprendendo muito e melhorando, mas acho que não consegui chegar ao nível exigido a tempo.

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Ele disfarçou as lagrimas e continuou:- Sei que Deus me chamou para o campo missionário, mas estou com tanto

medo de não conseguir melhorar as notas, que mal dou conta de estudar à noite.A essa altura, meu hambúrguer ainda estava pela metade. Virei para o terceiro

jovem e percebi que ele tinha uma expressão meio envergonhada. Olhou para o outro lado e só disse o seguinte:

- Estou apaixonado... minha garota mora em Iowa. É a primeira vez que fico longe de casa; estou me sentindo muito só.

Continuamos conversando sobre nossas experiências de vida até que eu disse:- Sabem, nossa próxima aula é a respeito do livro de Josué, e tenho o

pressentimento de que Josué tem a solução para os seus problemas. Quero convidá-los para jantarem em minha casa na sexta-feira, a fim de saborearem a mais deliciosa pizza de calabresa do mundo. Juntos, vamos encontrar a resposta de Deus para as lutas que estão enfrentando. Aí quero que relatem para o restante da classe na próxima terça-feira.

Na sexta, todos apareceram. Passamos uns momentos maravilhosos. E, graças a Deus, conseguimos encontrar a solução para os problemas de cada um deles. Mas preciso confessar que, quando começamos, eu não estava lá muito certo de que Josué teria uma resposta para tudo!

Na terça-feira, depois de iniciada a aula, o primeiro deles veio até à frente, falou de seus problemas e receios, e a resposta encontrada em Josué. Logo depois, o segundo também veio e disse de seu amor pela namorada e da saudade que sentia. Citou, então, como Josué se sentiu com a partida de Moisés, e como podemos superar o sentimento de solidão no poder do Senhor. Reparei que algumas garotas enxugavam as lagrimas.

Por fim, o ultimo dos três chegou silenciosamente à frente. Eu me preocupava com ele porque sabia que tinha pavor de falar em público. Começou falando em voz baixa, os olhos pregados no chão. Contudo logo percebeu a aceitação da classe, e levantou a cabeça e passou a fitar-nos diretamente. Contou como Josué aprendeu a ser corajoso e a encarar os gigantes que encontrava.

Senti o coração tomado de emoção, quando ele voltou para o seu lugar e os colegas começaram a aplaudi-lo. Terminamos a aula nesse dia com todos nós gritando, batendo palmas e dando uma força aos nossos três amigos. Dali por diante, aqueles alunos jamais foram os mesmos. Ficamos muito ligados uns aos outros como uma família fortemente unida.

E sabe o que aconteceu com as notas daqueles três rapazes, não apenas na minha matéria, mas em todas as outras? Você adivinhou! Eles deram a volta por cima! Agora havia uma chama no coração deles. Passaram a ter esperança e coragem para enfrentar seus próprios “gigantes” e suas “jericós” pelo grandioso podes de Deus.

Tais reviravoltas aquecem nosso coração de professor. Fazem com que nosso trabalho valha a pena. E o que foi necessário para ver aquela mudança toda? Três hambúrgueres e pizzas calabresas.

E ao iniciar esta maravilhosa aventura de aprender a ensinar do modo que Jesus ensinou, vou fazer-lhe uma pergunta. Você estaria disposto a assumir o compromisso de “levar seus alunos a aprender”? Está disposto a pôr-se de pé e a servir o Senhor através do poder do Espírito? Se o fizer, jamais se contentará apenas em “cumprir a agenda de aulas”. E, se um aluno seu olhar pela janela, você nunca mais se virará para outro lado. Irá ensinar seus alunos de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento – tudo para a glória

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de Deus! Mesmo que para isso sejam necessárias quatro pizzas caseiras de lingüiça calabresa.

QUESTÕES PARA DISCUSSÃO

1. Faça um exame de si mesmo como professor. Numa escala de 1 a 10, avalie-se como erudito (norteado pelo assunto), ou como amigo (norteado pelos alunos), ou como comunicador (norteado pelo estilo). Se quiser se tornar um professor realmente fora de serie, terá de focar sua atenção em seus pontos mais fortes. Pense em pelo menos três maneiras de fazer isso nos próximos doze meses.

2. Na sua opinião, qual o maior problema de sua aula: a forma como você aborda o assunto, os alunos ou o estilo? Reflita acerca de seus principais pontos fracos, que podem ter se tornado irritantes ou funcionam em detrimento da aprendizagem. Como é que você pode utilizar seus pontos fortes pára superar os fracos? Pense em duas ou três providencias que poderia tomar imediatamente. Agora, que tal pôr seu próprio conselho à prova?

3. A principal reclamação dos alunos é que as aulas são chatas. Mais de 80% dos alunos pesquisados por todo o país dizem que esse é o maior problema. Cite três coisas que a seu ver tornam as aulas enfadonhas, e proponha uma solução para cada uma delas.

4. Leve uma folha de papel para a próxima aula ou sermão a que você assistir, e dê uma nota ao orador, de 1 a 10, nas questões “Erudito”, “Amigo” e “Comunicador”. Escreva sugestões especificas para cada um dos oradores no sentido de ajuda-los a dobrar sua própria eficiência.