5. Romantismo

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ROMANTISMO SÉC. XIX – “Liberdade conduzindo o povo” - Delacroix Professora: Ivana Mayrink

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ROMANTISMO

ROMANTISMOSC. XIX Liberdade conduzindo o povo - Delacroix

Professora: Ivana Mayrink

A palavra ROMNTICO associada a um conjunto de comportamentos: dar e receber flores, gostar de poesia, emocionar-se facilmente. Esse tipo de romantismo diferente do ROMANTISMO NA ARTE, movimento do sculo XIX representando os anseios da burguesia, o qual havia chegado ao poder na Frana.

Estudar a literatura do perodo significa conhecer uma nova forma de ver e sentir o mundo.

ROMANTISMO - ORIGENS

ASCENSO DA BURGUESIA:MERCANTILISMO (Sculos XVI e XVII);REVOLUO INGLESA (1688);INDEPENDNCIA AMERICANA (1776);REVOLUO FRANCESA (1789)

ROMANTISMO = NOVOS VALORESNovo sentido de vida:Livre iniciativa + competio e individualismo; Apogeu do Liberalismo burgus;Extino dos privilgios seculares da nobreza;Fim das barreiras rgidas entre as classes sociais.

Efeito favorvel da vitria burguesa para a LiteraturaArt. 11 da Declarao de Direitos do Homem e do Cidado: A livre comunicao dos pensamentos e opinies um dos direitos mais preciosos do homem; todo o cidado pode, portanto, falar, escrever, imprimir livremente.Comeava a aventura da palavra escrita = surgiam escritores + obras + pblico leitor + veculo divulgador das obras (imprensa).

O novo pblico leitorOutros efeitos:Esforo de alfabetizao popular empreendido pelos revolucionrios;Todo o cidado passou a ter acesso (direito) leitura, at pela necessidade de conhecer as proclamaes do novo regime;Surgimento de um novo pblico leitor = mais numeroso e diversificado (consumidor).Escritores livres do regime de mecenato = obra = mercadoria de ampla aceitao.

Romantismo = ContradioO Romantismo coincidiu com a democratizao da arte, gerada sobretudo pela Revoluo Francesa, tornando-se a expresso artstica da jovem sociedade burguesa.Entretanto, o movimento manteve uma relao contraditria com a nova realidade. Filho da burguesia, mostrou-se ambguo diante dela, ora a exaltando, ora protestando contra seus mecanismos.

Romantismo = SurgimentoMito do bom selvagem de Rousseau;Movimento Sturm und Drang (Tempestade e mpeto), em 1770 na Alemanha = valorizando o folclrico, o nacional e o popular em oposio ao universalismo clssico.Os cantos de Ossian = culto Idade Mdia.Publicao (1774) do romance (em forma epistolar = cartas) Os sofrimentos do jovem Werther , de Goethe = exacerbao da imaginao e transbordamento das paixes.

ROMANTISMOCARACTERSTICAS

Liberdade de CriaoO escritor romntico recusa padres de arte clssica que sempre esteve sujeita a regras, padres e modelos, usa o verso livre, mistura os gneros literrios e obedece aos estmulos de sua interioridade.

Individualismo e SubjetivismoO artista romntico trata dos assuntos de uma forma pessoal, de acordo com o modo como v e sente o mundo; dizemos que a sua arte subjetiva porque expressa uma viso particular da realidade.

A ideologia burguesa centro-se nas liberdades do homem e nas infinitas possibilidades de auto-realizao do indivduo.

SentimentalismoA relao entre o artista romntico e o mundo sempre mediada pela emoo. Qualquer que seja o tema abordado amoroso, poltico, social o tratamento literrio revela grande envolvimento emocional do artista.

Assim os sentimentos tornam-se mais importantes que a racionalidade e so, consequentemente, a medida da interioridade de cada pessoa, medida de todas as coisas.

IdealizaoA extrema valorizao da subjetividade leva muitas vezes a deformao. O escritor romntico, motivado pela fantasia e pela imaginao tende a idealizar vrios temas, acentuando algumas de suas caractersticas.

Assim, a ptria ser sempre perfeita, a mulher vista como virgem delicada, frgil e submissa uma espcie de anjo inatingvel; o ndio (no Brasil) tratado como heri nacional, cheio de virtudes e habilidades. Para compor essa idealizao, a linguagem marcada por descries minuciosas com uso constante de adjetivos, comparaes e ampla metaforizao.

Fuso do Grotesco e do SublimeO conceito grego de belo, que perdurou por tantos anos na arte de orientao clssica, abandonado pelos romnticos, que defendem a unio do grotesco (o feio) e do sublime (o belo). Assim, apesar da tendncia idealizante, o Romantismo procura captar o homem em sua plenitude enfocando tambm o lado feio e obscuro de cada ser humano.

O Culto NaturezaO cdigo preferido pelo autor romntico no o cultural mas o natural. Ele se sente fascinado pela fora da natureza: atrado pelas altas montanhas, pelas florestas impenetrveis, pelos mares imensos, pela placidez dos lagos, pelos cantos dos pssaros.

A natureza assume, diante do torturado esprito romntico, o papel de confidente para as horas melanclicas, a me que protege o filho dos desconcertos do universo e a amante desencadeadora de inspiraes.

O resultado dessa comunho a divinizao ou humanizao da natureza, que atravs de seus fenmenos, indicam estados de espritos e sentimentos: o rugir do mar pode corresponder a angstia de uma alma solitria, a chuva tristeza, e assim por diante.

Imaginao e FantasiaO mundo romntico transcende o real e se abre para o mistrio, o sobrenatural. Fechados em si mesmos, perdidos numa realidade incomoda e brutal para a sensibilidade, os romnticos se entregam ao princpio da fantasia.

Devaneiam, criam universos imaginrios, exticos, onde encontram a a luz e a a alegria que a sociedade burguesa no lhes oferece. Desligados, muitas vezes, dos nveis concretos da vida social, elaboram obras onde predominam um idealismo alienado.

Valorizao do PassadoA inadequao do eu interior com a realidade circunstante leva o homem a sentir nostalgia de algo distante no tempo e no espao. A fuga no tempo remete (na Europa) Idade Mdia, poca de paixes violentas e espontneas, bero das nacionalidades europeias.

A fuga no espao leva-o procura de paisagens agrestes, de lugares selvagens, de povos ainda no conspurcados pela civilizao. No plano individual a valorizao do passado se d atravs do reconhecimento da infncia como representante de um mundo ingnuo, puro, um paraso perdido, uma poca de ouro na qual as criaturas eram felizes. Nega-se, portanto, o presente hostil e causador de sofrimentos.

ReligiosidadeMais comum entre os primeiros romnticos, a tendncia espiritualizante do Romantismo, embasada no cristianismo, significa uma ntida reao ao nacionalismo e ao materialismo do sculo anterior. A vida espiritual enfocada como ponto de apoio ou vlvula da escape diante das frustraes do mundo real.

Mal do SculoOrigina-se basicamente de dois fatores: Um deles a ideia aceita pelos romnticos de que o esprito humano busca sempre a perfeio, a totalidade, o absoluto, o infinito. Sendo humano, seria impossvel atingir tal estado de perfeio. Essa constatao gera a angstia do mal do sculo.

Outro fator o desajuste do indivduo na sociedade burguesa que se mostrava muito prtica e objetiva para os gostos romnticos. Ansiando por uma plenitude espiritual, social e material impossvel, o romntico sente-se desajustado, enxergando a si prprio e aos seus contemporneos como seres fragmentados, reduzidos a simples peas da engrenagem social.

uma traduo aproximada do termo spleen, que surgiu na Inglaterra e esteve muito em moda na Europa desse perodo. Essa expresso designa a sensao de insatisfao, angustia, melancolia e at uma obsessiva atrao pela morte, que passa a ser encarada como soluo definitiva para os males da existncia.

ByronismoEssa atitude, relacionada ao poeta ingls Lord Byron, foi amplamente cultivada entre os romnticos brasileiros da segunda gerao, isto , entre os anos 50 e 60 do sculo XIX. Traduz-se num estilo de vida que inclui a bomia, voltada para o vcio para os prazeres da bebida, do fumo e do sexo e numa forma particular de ver o mundo; caracterizada pelo egocentrismo, narcisismo, pessimismo, angstia e por vezes, pelo satanismo.

Condoreirismo Trata-se de uma corrente de poesia poltico-social que ganhou repercusso entre os poetas da quarta e da ltima gerao romntica no Brasil (anos 70 do sculo XIX). Influenciados pelo escritor francs Vitor Hugo, os poetas condoreiros defendiam a justia social e a liberdade. Na Europa, tornaram-se defensores da classe operria, denunciando a explorao a que estavam submetida. No Brasil , lutaram pelo fim da escravido e pela repblica.

ROMANTISMO NO BRASIL

ROMANTISMO NO BRASILLITERATURA COMO MISSO:Compromisso com a ptria (Nacionalismo Ufanista);Contribuio para a grandeza da nao;Retrato de sua bela paisagem fsica e humana;Revelar todo o Brasil, de forma positiva, criando uma literatura autnoma que expressasse a alma da jovem nao.

Marco inicialPublicao de "Suspiros Poticos e Saudades", de Gonalves de Magalhes, em 1836.

Marco finalPublicao de "Memrias Pstumas de Brs Cubas", de Machado de Assis, em 1881, que inaugura o realismo.

Contexto Histrico

At a Proclamao da Repblica, foi a Independncia do Brasil o principal fato poltico do sculo XIX que determinou os rumos polticos, econmicos e sociais do pas (1889). Merece destaque tambm o Segundo Reinado, em que a nao conheceu um perodo de grande desenvolvimento em relao aos trs sculos anteriores. Apesar disso, o Brasil continuou um pas fundamentalmente agrrio, cuja economia se baseava no latifndio, na monocultura e na mo de obra escrava.

Contexto Cultural

O Brasil ainda reproduz os modelos do romantismo europeu, apesar de procurar afirmar sua identidade, tentando desenvolver uma cultura prpria, baseada em suas razes indgenas ou sertanejas, o que reflete o carter contraditrio do romantismo brasileiro.

Caractersticas do Romantismo no Brasil

- Liberdade formal;- Nacionalismo (valorizao das manifestaes populares);- Indianismo e regionalismo;- Personagem linear;- Sentimentalismo;- Subjetivismo;- Individualismo;- Religiosidade;- Idealizao da mulher, do heri, do tempo, do espao;- Fuga da realidade;- Busca da morte;- Pessimismo.O Romantismo foi a primeira escola literria que procurou desenvolver uma literatura efetivamente brasileira.

Principais Autores

Poesia Gonalves Dias lvares de Azevedo Castro Alves Sousndrade

Prosa Joaquim Manuel de Macedo Jos de Alencar Bernardo Guimares Manuel Antnio de Almeida

POESIA - PRIMEIRA GERAO (1836-1853)

Evidenciava a exaltao da ptria e da natureza, idealizando o ndio, que surge como um heri brasileiro, o que possibilita a criao de um passado para o pas.Autores:- Gonalves Dias: Adotava a temtica indianista, a saudade, o amor e a natureza. Obras de destaque: Cantos e Os Timbiras. Seus poemas mais famosos so Cano do exlio, I-Juca-Pirama e Ainda uma vez Adeus!- Gonalves de Magalhes: Adotava a temtica indianista, o nacionalismo, a religiosidade e o sentimentalismo. Obras de destaque: Suspiros Poticos e Saudades, que introduziram o Romantismo no Brasil, e Confederao dos Tamoios.

POESIA - SEGUNDA GERAO (1853-1870)

Tambm denominada de byroniana ou mal do sculo, marcada pelo pessimismo, pelo predomnio do eu e pela subjetividade.Autores: lvares de Azevedo: temticas: o amor e a morte. Obras de destaque: Lira dos vinte anos e Noite na taverna. Poemas que se destacam: Se eu morresse amanh e Lembrana de morrer. Fagundes Varela: temticas: nacionalismo, indianismo, religiosidade, lirismo amoroso, saudade, escravido, preocupaes sociais etc. Obras de destaque: Vozes da Amrica, Noturnas e Cantos do Ermo e da Cidade, sendo Cntico do Calvrio o seu poema mais famoso. Casimiro de Abreu: os temas centrais de suas obras eram o amor ingnuo e adolescente e a saudade, bastante evidente nos poemas Meus oito anos, Cano do exlio e Minha terra.Junqueira Freire: foi monge beneditino, mas largou a batina por sentir que no tinha vocao. Escreveu sobre a desiluso com a vida no mosteiro, a solido, a frustrao amorosa e a obsesso pela morte. Obras mais famosas: Inspiraes do claustro e Contradies poticas.

POESIA - TERCEIRA GERAO

Tambm conhecida como condoreira ou hugoana, verifica-se um afastamento da idealizao da mulher amada e se percebe uma viso mais social que individual por parte dos autores, com destaque para a poesia social-libertria.Autores:Castro Alves: Conhecido como poeta dos escravos, adotou uma linguagem condoreira, elevada, vibrante, cheia de metforas, hiprboles e comparaes. Obras de destaque: Espumas flutuantes, A cachoeira de Paulo Afonso, Os escravos e Gonzaga ou a Revoluo de Minas. Sousndrade: Com o poema pico O Guesa, denunciou a explorao indgena pela branco invasor. A complexidade temtica e a tcnica utilizadas em suas obras ultrapassam os limites do Romantismo, sendo considerado, por isso, um precursor do modernismo e das vanguardas.

ROMANTISMO NO BRASIL A PROSA

O Romantismo teve uma boa aceitao entre os brasileiros leitores de literatura por ser um gnero que aborda temas comuns da vida cotidiana. O romance, bem mais que a poesia, empenhou-se em definir uma identidade cultural do Brasil.

A Prosa Romntica

O primeiro romance brasileiro em folhetim foi "A Moreninha", de Joaquim Manuel de Macedo, publicado em 1844. O romance brasileiro caracteriza-se por ser uma "adaptao" do romance europeu, conservando a estrutura folhetinesca europia, com incio, meio e fim seguindo a ordem cronolgica dos fatos.O Romance brasileiro poderia ser dividido em duas fases: Antes de Jos de Alencar e Ps-Jos de Alencar, pois antes desse importante autor as narrativas eram basicamente urbanas, ambientadas no Rio de Janeiro, e apresentavam uma viso muito superficial dos hbitos e comportamentos da sociedade burguesa.

Com Jos de Alencar surgiram novos estilos de prosa romntica como os romances regionalistas, histricos e indianistas e o romance passou a ser mais crtico e realista. Os romances romnticos brasileiros fizeram muito sucesso em sua poca j que uniam o til ao agradvel: a estrutura tpica do romance europeu, ambientada nos cenrios facilmente identificveis pelo leitor brasileiro (cafs, teatros, ruas de cidades como o Rio de Janeiro).Litografia de Aubrun baseada em fotografia de Victor Frond. Pao Imperial, Rio de Janeiro, entre 1858 e 1861 / Dominio Pblico

O sucesso tambm se deve ao fato de que os romances eram feitos para a classe burguesa, ressaltando o luxo e a pompa da vida social burguesa, mas ocultando a hipocrisia de seus costumes. Por isso pode-se dizer que, no geral, o romance romntico brasileiro era urbano, superficial, folhetinesco e burgus. Dentre os vrios romancistas romnticos brasileiros, merecem destaque (3):

Jos de Alencar;Joaquim Manoel de Macedo;Franklin Tvora;Bernardo Guimares;Visconde de Taunay;Manoel Antnio de Almeida.

Joaquim Manoel de MacedoImagem: Autor Desconhecido / Domnio Pblico

Clebre por dar incio produo narrativa do romantismo brasileiro, Joaquim Manuel de Macedo ou Dr. Macedinho, como era conhecido pelo povo, escreveu um dos mais populares romances da literatura romntica do Brasil.

O romance "A moreninha" fez um enorme sucesso dentre a classe burguesa brasileira que se sentia extremamente agradada por um novo projeto de literatura: a literatura original do Brasil. Uma literatura que continuava a seguir os padres das histrias de amor europeias, to populares entre a classe burguesa, mas que ao mesmo tempo inovava ao trazer tais histrias to clssicas para ambientes legitimamente brasileiros, que faziam os leitores identificarem os ambientes mencionados.

Trata-se de um escritor que estava voltado para as narrativas urbanas e tinha como foco a cidade do Rio de Janeiro, capital do Imprio do Brasil, e a alta sociedade carioca em seus saraus e festas sociais. Seus romances em forma de folhetim eram como as atuais telenovelas, s que escritos em episdios publicados num jornal. As obras de Joaquim Manuel de Macedo apresentam uma viso superficial dos hbitos e comportamentos dos jovens da poca, buscando ilustrar a pompa e o luxo da alta classe capitalista, e com isso, escondendo a hipocrisia e a dissimulao da burguesia.

A Moreninha conta histria de um rapaz burgus que vai estudar medicina no Rio de Janeiro. Morando em uma repblica estudantil, Augusto faz vrios amigos, dentre eles Filipe, que o convida para veranear na Ilha de Paquet. Augusto aceita o convite e seus amigos apostam que ele no se apaixonaria por nenhuma moa, caso o fizesse, teria de escrever romances de amor revelando sua paixo. Augusto, contra a aposta com seus amigos, inevitavelmente se apaixona por Dona Carolina, irm de Filipe, que recusa enamorar-se com Augusto, pois em sua infncia havia jurado amor eterno a um certo menino e Augusto, curiosamente, tambm havia jurado amor eterno e casamento a uma certa menina. Por fim, ao descobrirem que um era a paixo infantil do outro, entregam-se a esse sentimento. A pureza e discrio dos personagens, assim como a beleza de um amor pudico, conquistaram os leitores burgueses, tornando esse romance um dos maiores sucessos do romantismo brasileiro.

Cena do filme A Moreninha, de 1970, com Snia Braga.

Jos de Alencar

Imagem: Autor Desconhecido / United States Public Domain

Considerado o mais importante escritor do Romantismo brasileiro, ele quem consegue expressar o perfeito retrato da cultura brasileira, explorando novas vertentes da produo literria, criando e abrindo caminhos para a criao de uma literatura brasileira original, ampla e de boa qualidade. E por isso foi o autor que mais se aproximou do objetivo da escola romntica, mesclando a idealizao e o sonho com um realismo sutil, valorizando os elementos naturais da cultura brasileira e o ndio como figura-me da original cultura brasileira. Suas obras foram capazes de inspirar nos burgueses, o gosto pela leitura nacional e tambm de inspirar diversos autores a seguir caminhos por ele traados, concretizando assim seu projeto nacionalista de revelar o Brasil num todo.

Jos de Alencar considerado o patriarca da literatura brasileira. Inaugurou novos estilos romnticos e consolidou o romantismo no Brasil, desenhando o retrato cultural brasileiro de forma abrangente. E, devido a essa viso ampla do cenrio brasileiro, sua obra iniciaria um perodo de transio entre Romantismo e Realismo. Suas narrativas apresentam um desenvolvimento dos conflitos femininos da mulher burguesa do sculo XIX, j que seus romances a tinha como pblico alvo. Sua obra pode ser subdividida em quatro categorias:

Romances Urbanos;Regionalistas;Histricos;Indianistas.

Romances Urbanos

Romances ambientados no Rio de Janeiro, protagonizados por personagens femininos, mostravam o luxo e a pompa das atividades sociais burguesas. So exemplos de romances urbanos de Jos de Alencar:

Senhora; Lucola;Diva.

Romances Regionalistas

Narrativas que se sucedem em centros afastados da capital imperial, ou seja, histrias que acontecem em lugares tipicamente brasileiros, mais pitorescos, menos influenciados pela cultura europia. So exemplos de romances regionalistas de Jos de Alencar (11):

O Gacho;O Sertanejo;O Tronco do Ip.

Romances Indianistas e Histricos

Romances que revelam a preocupao de Jos de Alencar em exibir o ndio como heri nacional. Dentre as obras mais importantes de Jos de Alencar, dessa vertente do romantismo, esto:

O Guarani;Ubirajara;As Minas de Prata;Iracema.

A histria transcorre no sculo XVI, nas matas nordestinas, onde hoje o litoral do Cear. Martin, um jovem guerreiro portugus, ferido por uma ndia ao andar s por entre as matas. Essa ndia a jovem guerreira tabajara Iracema, que ao perceber que havia ferido um inocente, o leva para a tribo. A presena de Martin no agrada a muitos, principalmente um guerreiro de nome Irapu, apaixonado por Iracema.

Em meio a festas e guerras travadas com outras tribos, a virgem e o guerreiro branco se envolvem amorosamente, o que contraria o voto de castidade a Tup. Iracema e Martin fogem. Essa fuga se d ao lado do amado e de um guerreiro da tribo pitiguara de nome Poti, a quem o jovem portugus tratava como irmo. Ao perceber o ocorrido, os tabajaras, liderados por Irapu e o irmo de Iracema, Caubi, perseguem os amantes. Encontram a tribo inimiga pitiguara, com quem travam um sangrento combate. Iracema, vendo a ferocidade com que Irapu e Caubi agridem Martin, os fere. A tribo tabajara, pressentido a derrota, foge.

Os amantes fogem mais uma vez e acabam numa praia deserta, onde Martin e Iracema constroem uma cabana. Passado algum tempo, Martin se sente na obrigao de ir guerrear junto ao seu irmo Poti, deixando Iracema na cabana, grvida. Martin demora e Iracema d a luz a um menino, ficando gravemente debilitada pelo parto. O guerreiro volta a tempo de ver Iracema morrer nos seus braos, enterrando-a ao p de um coqueiro. O filho de Iracema e Martin tornou-se assim o primeiro cearense. importante destacar que Iracema um anagrama para Amrica, o que revela a inteno de Alencar de fazer de seu romance uma alegoria sobre o nascimento do povo americano, e mais especificamente, brasileiro.

Bernardo Guimares

Imagem: Autor Desconhecido / United States Public Domain

Bernardo Guimares, o escritor da famosa obra "A Escrava Isaura, considerado um dos mais importantes regionalistas romnticos brasileiros. Opta por seguir um dos caminhos traados por Jos de Alencar, ambientando suas tramas nos estados de Minas Gerais e Gois. Suas obras conservam o carter linear romntico, apresentando a estrutura folhetinesca tpica de sua poca; prezam pela valorizao do pitoresco e do regional, resgatando os hbitos tpicos da sociedade imperial. Caracteriza-se por usar, por vezes, a linguagem oral em sua obra e fazer crticas sutis aos sistemas patriarcal, clerical e escravocrata do Brasil Imprio. Entres suas principais obras, destacam-se:

A Escrava Isaura;O Seminarista.

Fez grande sucesso enquanto livro, to notvel que foi adaptado como novela da Rede Globo e da Rede Record. Bernardo Guimares tentou criticar a escravatura no Brasil, patrocinando, atravs de sua obra, o abolicionismo. No entanto, sua crtica se mostrou em parte malsucedida, pois a personagem principal, Isaura, era uma escrava branca, e a antagonista, uma mucama negra, o que incitou nos leitores uma raiva da personagem negra e um sentimento de pena e compaixo da escrava branca Isaura. Pode-se dizer que no atingiu seu objetivo realista devido sua crtica equivocada, mas conquistou enorme admirao e j nos permite identificar traos de uma literatura brasileira mais realista. Apresenta o carter sentimentalistaromntico das histrias de amor terminando com seu devido final feliz.

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

ABAURRE, Maria Luiza Portugus: lngua, literatura, produo de texto: ensino mdio/ Maria Luiza Abaurre, Marcela Nogueira Pontara, Tatiana Fadel. 1 ed.- So Paulo: Moderna, 2005.

CEREJA, William Roberto- portugus: linguagens: volume nico/ Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhes So Paulo: Atual, 2003.

http://educacao.uol.com.br/literatura/romantismo-no-brasil-caracteristicas-e-autores.htm, acessado em 08/11/2011

< http://pt.shvoong.com/books/1625692-prosa-rom%C3%A2ntica-brasil/#ixzz1dKca0eHU>