4º Concurso de Poesias
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4º Concurso de Poesia
Zila Mamede
POTIGUAR NOTÍCIASGráfica e Editora
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PROJETO EDITORIAL:José Pinto JúniorCefas Carvalho
PROJETO GRÁFICO E CAPA:Edilson Martins
IMPRESSÃO:Opção Gráfica
Abril de 2010
Catalogação na Fonte: Biblioteca Pública Estadual Câmara Cascudo
Q1 4º Concurso de poesia Zila Mamede. - Natal(RN):Potiguar Notícias, 2010.113p. il.
1.Poesia brasileta.
2010/03 CDD B869.1CDU 869.0(81)-1
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Um amanhã de Poesia
Chegamos ao quarto livro do Concurso de Poesias ZilaMamede, uma nova experiência, mas a mesma missão: con-tribuir com a cultura literária potiguar, ao estimular os jovenspoetas a tirarem de suas gavetas os seus versos, suas almase, em muitos casos, o talento arquivo na escuridão da faltade oportunidade.
Claro que a poesia não rima com lucro, mas versos sãocoisas impagáveis. Existem coisas entre o céu e a terra quepodem ter mais valor que dinheiro. São as coisas que se sen-tem. Que fazem chorar de emoção: Poesias. A alegria, a tris-teza e a emoção não são provas de que a indústria pode fabri -car ou de que o dinheiro pode comprar?
Não foi difícil fazer o livro: 4° Concurso de Poesias ZilaMamede, mas foi trabalhoso. Neste caso, nos socorremos dopoeta português Fernando Pessoa, que escreveu: “Quemquer passar além do bojador tem que passar além da dor.Deus ao mar o perigo e o abumo deu. Mas nele é que espelhao céu”. Ao entregar o livro aos poetas vencedores do con-curso, nos sentimos assim como eles: vencedores. Avaliando,“Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena”.
Vamos ao livro. O leitor descobrirá aqui o lirismo seri-doense do vencedor Wescley Gama, que já se tornou um “bi-cho papão” de concursos literários (o que mostra a sintoniado júri, formado brilhantemente por Eduardo Gosson, AluizioMathias e José Acaci com o universo cultural atual). Também
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será possível conferir a poesia moderna de Elizabeth Rose eAdélia Danielli, 2ª e 3ª colocadas respectivamente, além dolirismo quase parnasiano de Anne Guimarães, a musicalidadede Drica Duarte (também cantora e compositora) e os atuaistrabalhos de poetas conhecidos como José de Sousa Xaviere Iara carvalho (vencedora da edição de 2007 do Zila Mamede).
Um registro: o poeta inscrito Márcio Magnus Galvão teveseu trabalho agraciado com menção honrosa, mas ele nãoquis suas poesias no livro por achar que ainda precisa aper-feiçoá-las. O desejo do poeta foi mantido e que nas próximasedições do concurso ele se inscreva novamente!
Que o leitor se deleite com a nova poesia norte-ri-ograndense e as poesias não fiquem guardadas em gavetas.Poesia é para ser publicada e nós, que fazemos o Concurso ZilaMamede, sentimentos especial júbilo em participar desta aven-tura de publicar nada menos que doze poetas, alguns deles in-éditos. Que venham mais concursos, mais poetas e mais livros.
Agora, outro desafio. O quinto concurso. O quinto livro.O que será feito “da mesma fonte, da mesma dor, mesma ra-magem, da mesma garra, do mesmo caroço”, como ofereceua nossa homenageada. Este projeto é feito a muitas mãos emuitas almas. Ao Potiguar Notícias, cabe somente juntar, or-ganizar, premiar e publicar. Depois, testemunhar “as estrelasse mudaram para o chão”, ou para as páginas. Como bemdisse Pablo Neruda, “ainda temos muito o que dançar e cantar,vamos ao longo do mar, ao alto dos montes, vamos aonde es-teja florescendo a nova primavera em um golpe de vento ecantor e partamos as flores, o aroma dos frutos, o ar da man-hã”. Que o amanhã seja feito também de poesia.
Cefas Carvalho eJosé Pinto Júnior
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Wescley GamaCinco agoras de sítio
Elizabeth RoseMorfossintática menteZZZ!O homem da casa do muro cinzaEpílogo barrocoTrova inovadora
Adélia DanielliTrans-formadaBulindoDuas cidadesProfiláticaPaisagem dos meus olhos
Adriano Gray CaldasEternoNervoOs invisíveisTerra prometidaChama
Anne GuimarãesEsperança GrisCarpe DiemEspera verdeArrebatamento místicoEstranho
Aracéli BenevidesCanção para a cabocla do meu sertãoCanção para a nêga velha da fazendaLeves vestígiosUrgência pós-moderna
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Drika DuarteOutras mãosTrajetória de almasDuas luas no céuBandeja repartidaGrávida
Iara CarvalhoA despedida do PassarimQueda livreSe(mentes) sobre a mesaDiante de silvosTonteira
Itamir VieiraContrasteNostálgicoO amorRevelaçãoSilêncio
José de Sousa XavierVelhiceAbstinênciaCiúmesFantasiaCarnificina
Luciene DanvieSê-loLuiz
Marcilio OliveiraNublado(sem título)CriaçãoO prato da orquestraImutável
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Comigo - claro escuro - o tempo estacase verde o sol me abriga, definindo-tecada vez mais tranqüilo de mistérios.
Zila Mamede em“Soneto da espera”
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Wescley Gama1º lugar
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cinco agoras de sítio
I lagartixas metidas entre pedrasse entregam à lenta missãode afagar a tarde quente.
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IIbois pousados à beira de barreiros sangrandovencem todos os relógios de parede da fazenda.
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IIIpés de pitomba com grandes cachos de meninostrocam seus frutos por amor.
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IVtrabalhadores a passos largos para o roçadodiscutem a seriedadede se enterrar umbigo de menino novoao pé da porteira.
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Vburros com cargas d’águapassam sede no caminho seco.
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Elizabeth Rose Gomes2º lugar
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Morfossintática Mente
Oba! Upa! Ah... Não! Meus olhos te buscam no coletivo De repente, sou toda interjeição...Tu, sujeito concreto.Eu, toda abstração!
Propensa e predisposta ao teu artigoImaginando contigo uma preposiçãoTeu braço eu retraço, cá comigo...Quem dera ir do verbo à conjunção
Quero-te pronome em caso reto Sendo pessoal, meu caso obliquo...Em estando ao meu lado, modificoMeu significado de objeto.
Ó advérbio pleno de intensidadeQuisera tua cútis que fascina Sem numeral de possibilidadePara reter na sintaxe mais finaAquilo que me toca,A sensação Que tua imagem evocaAo penetrarDevagar...Minha retina.
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ZZZ!
Menino poetaQue passa faceiroPela rua afora,No meu coração.De verso, divino,Tão arruaceiroO mundo é tão vastoNo teu violão.Poeta que andaTocando o céuMenino de ApoloQue aos meus olhos vemTeu passo, perene!Meu riso ao léu...Que doce encantoTua imagem tem.No canto do peitoO signo passeiaÓ rima tão ricaReina em teu caminhoE eu só entre...tantos...Rendo-me a esta teiaDe fios da noiteEm doce desalinhoCoringa de ouroTu és trovadorEmbaralhas meu sonhoNa manga do tempo.
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O homem da casa do muro cinza
O olhar caído.A pança caída...A vida caída...!
Com a cara torta,Em pé numa porta,A perna entorta.
Com jeito de cornoQue tem sangue morno,Sem nenhum adorno,
A rua espiavaE enquanto o olhavaEu me analisava................!
É... O sol nasce para todos...Também para àquele homem.CaídoTortoCasuloMuradoEm cinza...
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Epílogo barroco
Qual Arte explode em fúria?..............ExpúriaQue acontece ao que se garimpa?.........LimpaQue poesia ao Ser, exótica?...............Erótica.
Detrativa e fina óticaNão há a quem não exponhaBarroca vida medonhaExpúria, Limpa, Erótica.
O que Gregório de Matos encerra?........GuerraBoca brasa do inferno, insulto?..........TumultoO que há que seus temas abordem?..Desordem.
Língua aguda e sem ordemSatírico burlesco santoEspalhando em todo cantoGuerra, Tumulto, Desordem.
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Trova inovadora
“Estou farto do lirismo comedido”.O poeta disse o que eu sonhei dizer!‘Stou cansada de idéias comportadas,De pessoas que são protocoladas.Estou farta do normalDiversos iguais Coloridos de giz.Só idéias não resolvem nada,Não trazem libertação por que...A gente aprende a entender o mundo, Mas não sabe ler o universo do outro...A gente aprende uma retórica oca,Mas não entende a linguagem do amor!A gente sonha em construir palácios,Enquanto a alma está desmoronadaE, nas ruínas das filosofias,Não vê que o tudo é nada...!Eu desejo uma canção que faça o menino dormir!E o homem acordar...Letras para ler a vidaEu quero encontrar na caixa de PandoraE quero perceber além do seu olhar:Uma trova inovadora– Uma canção com poesiaQue faça o menino dormir...E o homem acordar!
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Adélia Danielli3º lugar
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Trans-formada(ou mais mulher que eu)
À Michele e a Camila Brasil
Por brilhos de lantejoulaDeclaradaPor desejos de adequaçãoTransformadaPor respeito e dignidadeAmeaçadaPor talento e inteligênciaSubjugadaPela face e pelos olhosAssassinada.
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Bulindo
Faço coisas que não quero.São essas luas.O desejo esquenta minha pelerevelando-me em luzes peroladas.Adoeço aos tremores.
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Duas cidades
Resgata-me do abismo à que me empurroutrazendo doces e pequenos agrados.E tudo recomeça na próxima oportunidade.Entre eu e ela, há um mundo construído em duas cidades.E as nossas estradas, variam conforme à previsão do tempo.Agita-me em desconfortos quando liga só para gritar.E a noite termina como tudo entre nós,Ela com seu rosário, e eu com todas as poesias.Choramos juntas sem saber...
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Profilática
Falam-me da alegria eeu palhaça sem circoabro a janela pra vê-la passar.“São os riscos que se corre...”Penso, enquanto escrevo paraAnônimo destinatário.Vive-se tanto e não se sabeo que é viver!Porém, trago em meu bolso uma brisa suave de mar, que levoa todo lugar...Pois nunca se sabe,quando se estará no inferno.
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Paisagem de meus olhos
O sertanejo:duro, moreno, olhos cegos de tanta luz...Boca moscando um quê de nadinha,cuspindo seco.
O sertanejo:vivente acordante.Trabalhador de correias,construtor de açudessempre secos, feito as pontas de galhos que se quebram na vistadessa estrada...
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Menções honrosas
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Adriano Gray Caldas
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Eterno
em diante de ti serei eternoseja vôo, pássaroou abismo.
Ainda que atravesseoceanos de sombrasou que ilumine o universoao teu encontro.
Signo partidoreflexo de espelhos.Nunca, estranho e sóserei presente.
Nem mesmo diante de ti,mistério reveladoserá eterna a tua ausência.
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e40
Nervo
Que tal este nervo invisível,de reflexos e espasmos?Vibra e se estende,em jatos sangüíneos.
Não te deixa esquecer que estás vivo e sente.A cumprir teu papel nesta farsa altivacom zelo e comedimento.
Entre estações de seca e invernos de máscaras.Anunciando teus desejosde soberano.Os invisíveis
Abriram meu peito hoje,esquecido em silêncio.Cem sóis curvos gritaram relíquias de sanguee desejos de carne.
Quase posso ver,através dos espelhos,aqueles seres invisíveis de passos de sombras.
Percebo seus murmúrios.Sei que conspiram em surdinaclamando meu nome.
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e41
Terra prometida
Tic-tac, tic-tac...O ritmo do tempo,implacável, traz o terror da hora pálida.
As lembranças de nossos irmãos mortos.Nunca esquecidos.
Eles, fiéis, estão aqui, vibrando entre instantes,nas fendas das florestasao longo dos vales.
Estamos prometidosa esta terra escuraimersos no musgodeste estranho labirinto de pedra
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e42
Chama
Troco estes meus papéis gastospor um gesto de afeição sincera.Estas palavras vazias por um sorriso largo.
Deixo meu cinismo amargopor um pouco de ilusão e esperança.
Buscarei nestes breves espasmos de lucideza clara chama.
Dela aplacarei minha fúria,em um último crepúsculo.
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e43
Anne Guimarães
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e45
Esperança gris
Dizer que dói Aquela incompletude imensaJá não diz o tantoO prantoO escuro da noiteO escuro em mimE a saudade agora quietaMas ainda arrasadorana escuridão da espera.
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e46
Carpe diem
A alvura dos reencontrosAquele gosto de amorardendo a pele...Aquele olhar de amorluzindo as faces...A alma espargindoOs suores, os sentidosTodos os tons dos desejosAbertos...Todos os selos, as seivasTudo aquilo que não se diz TantoTodos. Todas.Tudo perfeito.
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e47
Espera verde
Ainda outonalFrágil Gris.A verdade é que sou incompletudeSaudadesPerdasVazios.Imagens revistadas em preto e brancoNoite sem estrelasAmor sem asasE um vaga-lume batendo na janela.
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e48
Arrebatamento mítico
Do vazio ressurgiu a vozA paixão que envolve e nos exorcizaDo amor tudo se esperoue a esperança viveu fênix...os sorrisos foram despertosas nuances foram despertasas flores todas todas despertas.As portas passagens para o paraísoAzuis agora são os sonhose de saudades não me visto mais.
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e49
Estranho
Na camaA químicaA somaAs letras todas embaraçadasAs fantasias emergidas de algum tempo feliz.Um torpor místicoUma nudez vestida de sonhosEm nós o nirvanaSensação bela e estranhaProfunda amizade.
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e51
Araceli Benevides
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e53
Canção pra cabloca do meu sertão
A mulher abre a porta,varre o quintal,levanta poeira.À pino está o sol,o nordeste queima o horizonte,“quanto vento morno!” –lembra na rede o homem quente.Uma sombra nos olhosArdem feito poeira do chão de barro.A barriga inchada do filho descalçoLembra: “é hora de feijão com farinha”.“ – Quem vem pra mexera panela que entornaum coração pedinte de sonhos?”
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e54
Canção pra nega velha da Fazenda
A negra velhaAjoelha-se diante do santo.Põe feijão, folhas de louro,Rosas, sal grosso.
Pede bênçãos, pede liberdade,pede vida boa pros netos.São muitos: negros, mulatos, sararás.Um quase branco.“Isso dá vida à vida?”É sangue negro, sangue grosso,desce das costasque a chibata abriu.
A velha negra dorme quietatem no colo um pobre sere canta firme:
“Vem, meu Deus,alumiá meu dia,alumiá a vida,alumiá meus sonhos!”
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e55
Leves vestígios
O homem de chineloaparece no meio da estrada,veste algodão cru,corpo esguio,olhar sereno.
Parece dominar a natureza.Inclui simplicidadeno caminho,andando, deixa marcasatrás de si.
Solitário entePerdido entre árvores secas,Trilhas poeirentas.Por pontes passa,carregando sua dor.
Na beira d’águadeixa outra marca.Beijo selado na areia.
O homem de chinelotrabalha de sol a sol,constrói mundos,novidades, sonhos.
Tão leves, tão frágeis.No fim, tudo desaparece.Fica só a marcados longos pés no chão de terra.
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e56
Urgência pós-moderna
Preciso de casaspequenasarejadasinsípidas
para sustentaros pesos
mortosde meu vivo coração.
Preciso de igrejas,messiânicas
católicas,russas e mulçumanas,
para encontrarum Deusaberto que abençoemeus inúmerospecadossãos.
Preciso de gente:homens,mulheres,crianças.Principalmente
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e57
homens que julguemmeus dias inglórios,
trágicos, dramáticos e nulos.
Preciso de fé,paixãosexo,escuridão, mais ainda de castiçais que seapaguem aoencontrar com minha almaperdida, amarelada,imunda,de solitária transgressões.
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e59
Drika Duarte
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e61
Outras mãos
O perigo da existência É deixar de existir existindo
Em pedaços e sentidos cobrados Vou sumindo
Não é fácil saber do que posso Enquanto em cada poço que me afogo
Sobrevive a corda de salvação Em lábios
Vou deflagrando os passos Dos lados de uma opção
Entre curvas Encontro na adega escura
O vinho seco do laborioso ermo Da minha elucubração Há em todos os dedos Uma espécie de apego
Por outras mãos
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e62
Trajetória de almas
Fui talvez noutra vida O olhar que te perturbava
A canção consumidaPela mão que te faltava
Fui talvez um dia tristeE o caminho nebuloso
Fui a lágrima que sentisteO coração doloroso
E vim cá neste mundoSer teu amparo de veludoRefazer-me dos defeitos
Redimir-me dos maus feitos
Trouxe o dia que te acalmaTrouxe o sol para tua almaDei-te a água que te lava
Dei-te o lenço que te salva
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e63
Sou a voz que ofereceA música que te apetece
Sou a luz que alumiaOs olhos da tua alegria
Ainda assim me ignorasAcaso sabe a tua memória?
Acaso lembras o pesar das horasO que te fiz noutra trajetória?
Às vezes esqueço o passadoPois corre rápido nosso horário
E se tudo parece contrárioPor que sempre estou ao teu lado?
Quero ainda nesta procissãoSer tua rosa numa noite de verãoPois se um dia eu fui tua perdiçãoHoje serei a lua da tua salvação!
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e64
Duas luas no céu
Como posso encontrar sorrindoOs versos do meu desejoTão claramente embutidoNos olhos que não vejo?
E se bem eu quisesseÉ bem certo que eu quereriaA razão para que houvesse
Tanta luz em um só dia
Nesta noite proponhoA dois olhos tristonhosDuas luas de enfeite
Que marque a ferro quenteOs corpos que esperam ardentesA bela canção do fino deleite...
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e65
Bandeja repartida
Em cada esquina deste chãoEm cada piso, em cada vão
Dorme um ser regado pelo anil
Em cada quarto, em cada dorEm cada medo, em cada flor
Há um sonho de amor para o Brasil
Pelas calçadas da ilusãoRostos perdidos no que leva a mão
Vidas marcadas na contradição
Tantos olhos que passam sem verAs vidas que morrem para renascer
Tantos filhos deste solo desigual
Farpas, armas, drogas, frutos do arsenalDo futuro, do presente, do presidente
Da congregação onipotente
Senhores não me levem a malMeus versos são de coresPara o congresso nacional
Senhores não me levem a malMinha arte é de vida
Meu coração é uma bandeja repartidaPara o sangue do jornal...
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e66
Grávida
A vida que trança meus cabelosTão alva e casta em ouros novelos
Faz de mim tão filha, tão reprodutiva
Do fruto que alimenta a raiz mais altivaDo sal que sacia a sede, a fome
Que limpa o mau agouro do povo sem nome
A vida que ávida me entraTraz a ternura em que o bem concentra
Traz a mão que afaga os ensejosDa noite transpassada pela aurora que versejo.
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e67
Iara Carvalho
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e69
A despedida do passarim
Tem um qualquer predileto azul desconsumindo a ave que partiu:
porque há flechas em suas asase manco existir no seu canto de ir embora.
Agora que os palitos da gaiola enfeitam de aparaso chão de azulejo da área de serviço
é possível olhar pro céue chorar.
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e70
Queda Livre
hei de atravessar a ruade bandeja para os carrospara os cantos sem floresdas esquinas desbotadas
não direi meu nome aos transeuntesa pressa despolicia meus passos de cristal
e embaixo da ponte o corpo corre.
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e71
Se(mentes) sobre a mesa
Acordar sozinhae separar o espinho da flor
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e72
Diante de Silvos
Vamos ao caféQue a tarde queimaQue os convivas estão mortosQue o cheiro grita de longe
Vamos ao caféNão dormiremos
A fumaça não é fabrilNão usamos macacãoO céu silenciou
O silêncio é febril
Vamos ao café
Vamos acordados.
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e73
Tonteira
sou desmerecida de naturezaquando me curto na chuva
biqueiras não me apavoramser-me lodo é consoloe todo o fel que recolhoguardo no agreste da rede
não marco passoscom pedrinhas na contramão
mas pingo no horizonteum amanhecer de groselhas
e é bom.
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e75
Itamir Vieira
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e77
Contraste
Claraclarividêncialuz eespectroslúcidosque flutuamentre a sombradensado meu ser.
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e78
Nostálgico
Hoje revisitei os meus textos esquecidos.Querendo parir um poema que...que brilhasse como um sol de primaverae me fizesse lembrar de você,dos nossos risos e das nossas dores frágeis.
Revisitei o passadode nossos planos e sonhostantas vezes refeitos e desfeitos.
Queria que o tempo voltasse e eu pudesse prender um instante em que nossos olhares se cruzavam entre um infinito sem igual.
Quereria abraçar-te novamentecomo quem abraça o tempoque passa rápido mas não tem fim...
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e79
O amor
Tenho medo do amor. Tenho medo de suascrises ensandecidas.
Não tenho medo da morte, nem da vidaque gritam seu aleluia no s i l ê n c i o das horas esquecidas.
Viver me causaespanto, somente.Um espanto assim...cheio de excitações.
Reflexiva,a vida passa e nesse instantede fecundidadea robustez do tempocrava em meu seiomarcas de um viver...e m b r u t e c i d o!?
O amor me causainquietações,é v e r d a d e.Mas preciso dele para (sobre) v i v e r.
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e80
Revelação
Eis que ele vemsurgindo na escuridãoprofusa da menteno silêncio escurodo céu em breu
E ele vemsorrateiroem passos comedidosmas ligeirocomo o vento
Cantando uma sonoridade esparsa dedilhando uma melodiade cores-vivas
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e81
Invade este beco de existênciae revela-se diante de ti
Em palavrasFragmentosSintagmas-luzesDe poesia-viva.
Aí está.Breve como a passagemde um segundo morto,O p o e m a.
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e82
Silêncio.
E a solidão Impiedosa atravessa as cortinasvermelhas do quartosombrio.
E o silêncio Encontra O eudespedaçadoe a solidãose desfaz.
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e83
José de Sousa Xavier
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e85
Velhice
Sempre acreditei nas vidas que não existiamem outros planetas,resquícios de plantas viajando em cometas,almas em pessoas que sobrevivem na lamatorpe da sarjeta...
Sempre acreditei em micróbios, gases, carbono prenunciando o que move [por si só,nada comparado aos ácidos de tecidos semacerando no solo,prenunciando vegetais estarrecidos ao ventoem surdo alarido.
Sempre acreditei nas vidas encenadas em novelas, telas, livros, lindos [contos infantis...— personagens fantásticos romanceados imortal e eternamente, cotidianos estritos a eles na essência de ser e arraigados a minha [inexistência real.
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e86
Sempre acreditei nas vidas que quero ressuscitem e habitem cômodos sob o [mesmo teto refeito:guarida minha anos após anos consumidos rotineiramente em hábitos meles [diuturnamenteantes das nossas anatomias evoluídas idas destino afora:modo urgente, sobrevivência arquitetada tão sonhada antigamente.
Sempre acreditei nas vidas nossas,mimetismos se adequando a nósenquanto o tempo e a ausência nãonos consumissem a capacidade de[ressuscitarmosa lembrança justa de orgasmos múltiplos em quem não parte, aindaque se [ausenta em voz.
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e87
Abstinência
Minhas artérias estão limpas,minhas mãos, não sei — ímpias;minha consciência permanece seca,mas, nas minhas unhas se ressecama pele do nosso último combatee a última das sístoles que me roubaste.
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e88
Ciúmes
Enquanto tua ferida não se cura, evoco, no remédio, a suturapara as bordas dos teus lábios,para que não te firas pelos fiosde outras espadas durante o cio.
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e89
Fantasia
Sobre um leito branco estendido sob ti,com músculos, membro e massa,estenderei poemas de Hilste, entre pérolas, pelos e pétalas,perseguirei os instintos em risteà cata dos versos mais eróticos.
Catarei, estendendo meus dedospelas dobras do teu corpo,orifícios, recessos, saliva, suco, suor:sulcos úmidos onde cairei quase inerte apóse soletrarei o som de uma canção que ofegasolfejada em mim como em quem se apega à fantasiaenquanto escravo da mesmice ou da maniade construir organismo de argamassa sem cimentoe vê-lo, efêmero, sucumbir sabendo que vivernada mais é que um lado hilário do existir,em que nosso momento infinito é um orgasmo, enquanto, pela língua, te suspendo em cada espasmo,bolinando e te equilibrando pela ponta do clitóris.
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e90
Carnificina
Quando eu percebique estava vivo,pedi a minha amada:— me mate de novo.
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e91
Luciene Danvie
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e93
Sê-lo
Amor:verbo de sanguepulsando em mim,tônico, vermelho.
Pulso de mil átomos,sóis girando...Amando: dias em amarelo claro.
Amada,minha boca sorribranca,como a boca da lua que engole a noite.
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e94
Luzir
Aos que amamhá minha mão em concha,Traga-me.Dê-me.Aceito um bocado.
Aos de sedeÁgua joga-se: chuvaaguandoa espera solodo barro derramado.
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e95
Marcilio Oliveira
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e97
Nublado!
Domingo!Tem que ser lindo,Tem que ser luz...Pena essa nuvem chumboSobre esse mar cinza;Figura tristeza,Merencória do Ary.Devo aceitá-lo?Não!
Procuro o sol nem que sejaNo rótulo de uma cerveja...
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e98
(sem título)
Augusto, anjo!Teu escarroParou em meu rostoE escorreu.Ofendeu-me.Sorri, Chorei, mas,Acordei...
Gostaria de desejar Um escarro no rosto de cada brasileiro.Acorda!
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e99
Criação
Pego meus pensamentos ePasso pelo liciatório, Teço uma teia, Crio um esboço de vida...
Linhas, traços, retas,Curvas, semi-retas, arrodeiosPara urdir, tramarNacos de vida...
Desculpas, subterfúgios, Escorregadelas, escapadas, Para esculpirSegmentos de vida...
Trastes, trecos, cacarecos,Pedaços, trens, cacos.Armo uma estrutura de vida.
Junto o esboço com o real.Tentativa de esculpir verdade de vida;Monto o momento!!!
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e100
O Prato da Orquestra (1998)
Sou tocador de prato Numa orquestra sinfônica,E em outra: filarmônica.Mas, toco prato!Sou totalmente afinado. PÂM!Sou chamado para os ensaios Quase todos os dias de todas as semanas.Durante todos os ensaiosSôo meu instrumento duas, três vezes;Às vezes menos.Mas faço parte do conjunto.Sem mim, ela se faz incompleta.Sem um prato uma orquestra não existe,Pergunte ao Tchaikovski, ao Dvorák, aoStravinsky...
Vida:Fagotes trompas, violinos, violas, violoncelos,Flautas, flautins, trompetes, trombones, clarinetes, Oboés, tímpanos, bumbos, marimbas, campanas...
Talvez eu seja o prato da orquestra da vida.Se eu bater forte, todos vão me observar.Se eu sair, a vida vai desandar.Quer vê?
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e101
Imutável
Tal o tamborim do Dylan, Qual o sapo do Bandeira,Que repete sempre:“Sou, não sou, sou, não sou...”Faço, faço e faço...
Tal qual a água mole em pedra dura:Fura, fura, fura...
Idêntico ao tocador de sanfona medíocreQue, com poucas notas,Repete, sempre:Fom, forom, fom, fom...
Igual aos pingos da chuva ao tocar o chão: Uma nota só...E água de cachoeira em queda:Chuáááááá...Torneira pingando;
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e102
O tocar do triângulo de vendedor de cava-co chinês;Cantiga de amolador de facas;Pedidos de esmola de crianças;Explicações de orientadores de pontosturísticos;Espocar de pipoca na fogueira;Traque e bombinhas no São João;Gritos das torcidas de times de futebol,aos domingos;Sorriso de pessoas felizes e resolvidas;Choro de criança mimada;O sofrer de uma jovem viúva no velóriodo marido (depois, não!);Músicas, no rádio, de sucessos populares;Passos do salto alto numa escada;Cantigas de roda...
Não mudo;E pronto!
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e103
Biografias
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e105
Wescley J. Gama nasceu emSão Vicente, em 10 de junho de1981, mas reside em Currais Novosdesde a sua infância. É professor,graduado em Letras pela UFRN.Atua como músico e integra oGrupo Casarão de Poesia, ministrando cursos, apresen-tando-se através de performances poético-musicais ecoordenando a Orquestra de Violões do Seridó Oriental.Gosta da palavra cerzida em livros de Manoel de Barros,Gabriel Garcia Marquez e Jorge Luís Borges. Aguardapublicação de "Poemas encharcados de sertão".
Iara Maria Carvalho nasceuem Currais Novos, em 24 de dezem-bro de 1980. É currais-novensenesse Seridó acolhedor. Graduadaem Letras pela UFRN, atualmenteé mestranda em Literatura Com -parada, estudando a obra de Augusto dos Anjos. Integrao Grupo Casarão de Poesia, interagindo com a comu-nidade seridoense através de várias iniciativas culturais.Sua poesia respira ares de Adélia Prado, Manoel deBarros, Hilda Hilst e Zila Mamede. Espera "O Nome doFruto" nascer em breve, o livro que lhe falta.
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e106
Elizabeth Rose de MacêdoGomes. nasceu em Natal em1975.“Moro no bairro de Nova Parnamirime sou cantora profissional, atuandotambém no ramo da publicidade epropaganda. Tenho um livro publi-
cado pela editora Talabada Ideias Sonoras e em brevepublicarei outros. Minhas influências literárias sãoDrummond e Cecília Meireles. Amo a literatura e a músi-ca, por isso o nome da minha coleção de livros infantisse chama O Som das Letras – cantando e contando fábulaspara qualquer idade”
Adélia Danielli Martins deSouza, nasceu a 18 de Janeiro de1980 em Currais Novos, mas moraem Natal desde criança. faz parteda nova geração de poetas seri-dosenses, que mistura temas ser-
tanejos em temas urbanos.
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e107
Paulistana de nascimento,mas de origem nordestina, AraceliSobreira cresceu rodeada de son-hos e livros. Freqüentadora assíduada Biblioteca Monteiro Lobato, emSão Paulo, dedicava-se à leitura .Morou no Ceará em em Natal. Em Parnamirm, onde viveatualmente, leciona Língua Portuguesa e Literaturapara alunos da Universidade do Estado do Rio Grandedo Norte. Hoje, Araceli é Doutora em Educação e estudaa importância da prática da leitura na formação de pro-fessores, entretanto, sua paixão mesmo é ler bastante,contar histórias, escrever poesias e mexer com plantas.Cercada pelos três filhos e pelo marido sente que podepassar um pouquinho de sua paixão para as crianças epara os jovens de hoje
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e108
Marcilio Dias Oliveira, nasceuem Natal no ano de 1951 sob o signode Aires. “Sou formado emOdontologia e professor do Curso deOdontologia da UFRN. Comecei a e-screver em 1978 e continuo desdesempre. Leio muito e, quanto a poe-sias, me identifico com CarlosDrummond de Andrade, Manuel
Bandeira, Orides Fontela, Paulo Leminski, dentre outros,talvez minhas influências. Nunca havia divulgado ou publi -cado qualquer das minhas poesias, até o momento.Escrever, para mim, é muito inconstante e intuitivo. A in-spiração ocorre inesperada quanto ao tempo e escrevo-as, quase sempre, de chofre. Pretendo continuar escreven-do e, quem sabe algum dia, publicá-las”.
Itamir Vieira é do município deGov. Dix-sept Rosado, tendo nascidono dia 25 de fevereiro de 1984 nacidade de Mossoró, onde morou por3 anos (entre 2005 e 2008) e teve aoportunidade de trabalhar como
consultor de leitura em livrarias da cidade, organizandotambém eventos literários. Suas principais influênciassão Clarice Lispector, Ferreira Gullar, Machado de Assisalém das interações e diálogos com poetas mossoroensese leitores dos mais diversos estilos. Atualmente trabalhacom assessoria em serviço público “Não tenho livro publi -cado mas estou trabalhando numa obra ainda sem títuloe sem maiores definições”
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e109
Adriano Gray Caldas nasceuem Natal, em 15 Novembro de1971. Atua como escritor, tradutore artista gráfico. Tem especializa-ção e mestrado na área de CiênciasSociais (UFRN), e interesses especí-ficos nos campos das Artes Plásticas, Poesia, Línguas eDesign. Em 2003 foi premiado com o segundo lugar noConcurso de Poesia Luis Carlos Guimarães, realizadopela Fundação José Augusto. Obteve ainda menção hon-rosa nas edições de 2006 e 2008 do Concurso de PoesiaZila Mamede, organizado pelo Jornal Potiguar Notícias.
Adriano publicou suas poesias e contos em jornais,revistas e sites dedicados à cultura e literatura comoo Galo (FJA), Revista do Conselho de Cultura RN,Substantivo Plural, O Teorema da Feira e Estand’arte.Como tradutor fez a tradução do livro A Sombra dosEsquecidos, do poeta francês Mathieu Dovignaud e par-ticipou da Primeira Antologia de Poetas Potiguares, or-ganizado pelo escritor Nelson Patriota.
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e110
Anne Guimarãesnasceu em julho de 1981 em Natal ereside emParnamirim desde criança,onde tem militância cultural. Define-se como “Mãe e estudante deComunicação social na UFRN (Habi -litação Rádio e TV)”. Suas referências
são Cecília Meireles e Adélia Prado.
Drica Duarte nasceu em Cur -rais Novos. É licenciada em Letras.“Tenho algumas poesias reunidas nu-ma coletânea intitulada "Tambo -rete",produzida por um grupo deamigos e editado aqui em Currais
Novos. Fui premiada em dois concursos de poesia na UFRN,Campus Currais Novos. Também escrevo contos e ultima-mente estou trabalhando em uma história infantil, queinscrevi no Projeto BNB de Cultura 2010. Tenho um blogcom algumas poesias: www.silencio da bo ca.blogs -pot.com. Nasci no dia 7 de outubro de 1977 e minhas in-fluências/preferências literárias são Mário Quin tana,Cecília Meireles, Drummond, Fernando Pessoa, ClariceLispector e ainda acrescento André Gide, Simone deBeauvoir e Anais Nin. No entanto a música, a melodia, ascomposições, as letras, enfim, influenciam-me sobre-maneira. Ah, o livro infantil de nome "A Janelinha", inscritono BNB de Cultura/2010 é projeto para publicação”.
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e111
José de Sousa Xavier, médico– cirurgião geral, formado tambémem Letras pela Universidade Nortedo Paraná, casado, brasileiro,nasceu em Macau em 04/08/1963e reside em Natal desde 1980.Neste mesmo ano, antes dos 17 anos, começou a sededicar à literatura, sendo classificado em dois concur-sos de contos (2º colocado e menção honrosa) na ETFRN(atual IFRN), mas, por infelicidade e por um longo tempoafastado da literatura, perdeu todos os seus arquivosde poesias e contos. Só na metade de 2003 voltou a e-screver. Nesse curto espaço, dividido entre a profissãoe a literatura, tem participado de concursos literárioslocais, nacionais e internacionais, conseguindo resul-tados expressivos. Tem trabalhos publicados em váriasantologias nacionais. Muitos deles estão presentes nosprimeiro, segundo, terceiro e quarto livros solos de poe-sias: “Assim é o cotidiano”,“Facetando a ausência” ,“A Anatomia passa, A Poesia Traspassa” e “Acme”. Émembro da Sociedade dos Poetas Vivos e Afins do RN.
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e113
Instituições que apoiaram o 4º Concursode Poesia Zila Mamede
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4º Concurso de PoesiaZ i l a M a m e d e114
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