4 poemas de holderlin
-
Upload
avirtual-editora -
Category
Documents
-
view
245 -
download
3
description
Transcript of 4 poemas de holderlin
1
2
3
poemas de
HÖLDERLIN4 Edição Bilíngue
Tradução Luiz Carlos MesquitaJayro Schmidt ..
4
“Todos os dias saio para uma nova busca”.
Hölderlin
5
HÄLFTE DES LEBENS
Mit gelben Birnen hänget
Und voll mit wilden Rosen
Das Land in den See,
Ihr holden Schwäne,
Und trunken von Küssen
Tunkt ihr das Haupt
Ins heilignüchterne Wasser.
Weh mir, wo nehm ich, wenn
Es Winter ist, die Blumen, und wo
Den Sonnenschein,
Und Schatten der Erde?
Die Mauern stehn
Sprachlos und kalt, im Winde
Klirren die Fahnen.
METADE DA VIDA
Com peras amarelas
e plena de rosas silvestres
debruça-se a terra no lago,
vós, cisnes graciosos
e inebriados de beijos
mergulhando a cabeça
na água serena e sagrada.
Ai de mim, onde colher
no inverno as flores,
o brilho do sol
e as sombras da terra?
Os muros se erguem
mudos e frios, aos ventos
ressoam as bandeiras.
6
DER FRÜHLING
Die Sonne glänzt, es blühen die Gefilde,
Die Tage kommen blütenreich und milde,
Der Abend blüht hinzu, und helle Tage gehen
Vom Himmel abwärts, wo die Tag entstehen.
Das Jahr erscheint mit seinen Zeiten
Wie eine Pracht, wo Feste sich verbreiten,
Der Menschen Tätigkeit beginnt mit neuem Ziele,
So sind die Zeichen in der Welt, der Wunder viele.
A PRIMAVERA
Resplandece o sol no brotar dos campos,
plenos de flores os dias vêm amenos,
assim floresce a tarde, dias que brilham
e descendem dos céus, de onde se originam.
O ano se revela com suas estações,
com esplendente beleza, de onde emanam celebrações,
e refaz a humana lida das tarefas.
Assim são os sinais no mundo de tantas maravilhas.
7
DIE ENTSCHLAFENEN
Einen vergänglichen Tag lebt ich und wuchs mit den Meinen,
Eins ums andere schon schläft mir und fliehet dahin.
Doch ihr Schlafenden wacht am Herzen mir, in verwandter
Seele ruhet von euch mir das entfliehende Bild.
Und lebendiger lebt ihr dort, wo des göttlichen Geistes
Freude die Alternden all, alle die Toten verjüngt.
OS MORTOS
Um dia transitório vivi e cresci junto aos meus,
um após o outro que em sono vão e ao longe somem.
Embora adormecidos, em meu coração estão despertos, em alma
aparentada em mim repousa de vós a imagem fugidia.
E ainda mais vivos aí viveis, onde o animar
do espírito divino a todos que envelhecem,
e a todos os mortos rejuvenesce.
8
NOCH EINS IST ABER ZU SAGEN...
Noch eins ist aber Zu sagen. Denn es wäre
Mir fast zu plötzlich
Das Glück gekommen,
Das Einsame, daβ ich unverständig
Im Eigentum
Mich an die Schatten gewandt,
Denn weil du gabst
Den Sterblichen
Versuchend Göttergestalt,
Wofür ein Wort? Und es hätte die Schwermut
Mir von den Lippen
Den Gesang genommen. Zwar
Vor Alters deuteten
Die Dichter, von selbst, wie sie
Die Kraft der Götter hinweggenommen.
Wir aber zwingen
Dem Unglück ab und hängen die Fahnen
Dem Siegsgott, dem befreienden, auf. Darum auch
AINDA HÁ ALGO A SER DITO…
Ainda há algo
a ser dito. Viera
quase por demais repentina
a felicidade,
a solitária, que sem saber
possuída
me levara às sombras.
Isso porque destes
aos mortais
a tentadora aparência de deuses
– com que propósito de uma palavra?
E a melancolia dos lábios
me tirara o canto. Mesmo
em tempos idos mostravam
os poetas, por eles próprios, como
lidavam com a potência dos deuses.
Mas nós apenas forçamos
a desventura, e os pendões alçamos
9
Hast du Rätsel gesendet. Heilig sind sie, Die Glänzenden, wenn aber alltäglich
Die Himmlischen und gemein
Das Wunderscheinen will, wenn nämlich
Wie Raub Titanenfürsten die Gaben
Der Mutter greifen, hilft ein Höherer ihr.
sobre o deus da vitória, o redentor.
Por isso também enviastes enigmas. Sagrados são eles, os reluzentes, mesmo que profano
o celestial e comum
o prodígio quer ser, e se
roubo é a dádiva que os Titãs
da origem se apoderam, alguém
mais elevado vem ajudá-la.
10
Depois que Walter Benjamin esclareceu de uma vez por todas que traduzir é tarefa de transcriação, o dito tão comum traduzir é trair tornou-se uma rima inofensiva. Todo poema é igual a si mesmo como já dizia Leminski, o que pressupõe encontrar em outra língua esse mesmo que se oferece como possibilidade. Muitas são as formas de traduzir, mas uma delas rege as demais: sacrifica-se a referência em favor do sentido. Esse é o fascínio da tradução desde que seja visado o ganho do que se perde na passagem de uma língua para outra. O sentido poético precisa apenas de sua linguagem que, em qualquer língua, depende de quem a emite. Nesse caso, o tradutor precisa conhecer a fundo a língua que traduz, e mais ainda a sua própria língua. Traduzir, então, é dar sentido ao sentido, o que implica diminuir a distância entre as dicções, a de partida e a de chegada, que têm procedências específicas. Para diminuir esta distância, a tradução dos poemas de Hölderlin fundamentou-se nas nomeações singulares do poeta, por assim dizer fazendo-as entrar em ressonância com a língua de recepção. Uma densa matéria verbal sob expectativas, que, após constatações semânticas de ambas as línguas, procuraram refinar-se
no que Hölderlin pudesse dizer por meio de sua lírica, que pode ser interpretada de tantas maneiras, embora nenhuma delas possa escusar-se do que o caracteriza: o poeta da secreta alma das palavras.
Jayro Schmidt
Alma das palavras
Imag
em d
ivul
gaçã
o
11
Johann Christian Friedrich Hölderlin nasceu em Lauffen-am-Neckar, Alemanha, em 1770. Fez os primeiros estudos na Escola Latina em Nürtingen, e, por influência familiar, ingressou na carreira eclesiástica. Hölderlin, aos 14 anos, começou a escrever poemas, o que se intensificou posteriormente, sobretudo depois que conheceu as obras de Ossian, Klopstock e Schiller, poetas lidos com devoção na Alemanha. O mesmo não aconteceu com ele desde as primeiras publicações em 1791. Apesar de ter obtido o diploma de professor de filosofia, Hölderlin não lecionou em nenhuma escola, mantendo-se como preceptor, tendo uma vida instável, errante. Influenciado pelo espírito neoclássico, que predominava na Alemanha, Hölderlin rendeu verdadeiro culto ao idealismo platônico. As leituras de Fedro e Banquete reafirmaram a transcendência de sua poesia, e transcendência da sensibilidade. A cultura grega, em sentido mais amplo, regeu a obra de Hölderlin, chegando a escrever um drama sobre Empédocles e traduzir Sófocles. A tradução, em forma avançada para seu tempo, foi ridicularizada por Goethe e Schiller, que a consideraram fruto de
uma mente transtornada. A melancolia de Hölderlin agravou-se com as sucessivas decepções amorosas, sendo internado em função de seu psiquismo sujeito à ira e ao êxtase. A família, entretanto, concluiu que o melhor seria confiá-lo ao pensionato de Zimmer, um marceneiro, em 1807, em Tübingen. Lá o poeta viveu isolado durante 36 anos, falecendo em 1843. Muitos escritos daquela época são esotéricos, exprimindo, desta maneira, as potências enigmáticas do romantismo alemão. Tanto é que foram assinados com o pseudônimo Scardanelli. O isolamento do poeta provocou sua fama, que deveria ver o mundo como via o rio Neckar do alto de sua habitação, que ficou célebre com o epíteto Torre de Hölderlin.
Perfil Biográfico
Imag
em d
ivul
gaçã
o
12
AVIRTUAL, 2015 Imagem capa, Lucas Bernardi Editores, Jayro Schmidt, Lucas Bernardi
Projeto gráfico, Lucas Bernardi
Fonte, Arial/ Times New Roman contato, [email protected]
13
AVIRTUAL