[2ºAno] Sociologia Brasileira

39
Interpretes do Brasil (Cap. 20) Colégio Andrews 2º Ano EM Luis Felipe Carvalho (adaptado de Roberto Mosca Junior e Everaldo Lorensetti)

Transcript of [2ºAno] Sociologia Brasileira

O que h de VERDE e AMARELO na SOCIOLOGIA?

Interpretes do Brasil (Cap. 20)Colgio Andrews2 Ano EMLuis Felipe Carvalho

(adaptado de Roberto Mosca Junior e Everaldo Lorensetti) A PRODUO SOCIOLGICA BRASILEIRAPara pensar:O ideal em sociologia no termos posturas doutrinrias quanto teoria que mais gostamos, como se fosse uma espcie de verdade absoluta, no aceitando, portanto, a contribuio que outras teorias que podem nos ajudar no trabalho de reflexo sobre a sociedade.Sociologia BrasileiraA Sociologia brasileira institucionalizada comea a partir da dcada de 1930, vindo a se fortalecer nas dcadas seguintes.Produes literrias que surgem a partir dessa dcada (1930) comeam a demonstrar um interesse na compreenso da sociedade brasileira quanto sua formao e estrutura.Porm a toda uma produo do pensamento social brasileiro importante para o acumulo do que vir a ser a sociologia brasileira.Primeiros trabalhos sobre o BrasilNo entanto, na maioria destes trabalhos, os autores apresentavam a tendncia de escrever sobre raa, civilizao e cultura, mas no tentavam explicar a formao e a estrutura da sociedade brasileira. Oliveira ViannaPositivismoRaa, meio natural e comportamento humanoTese do embranquecimentoPrimeiras reflexesA partir de 30 esse carter mais investigativo e explicativo foi impulsionado pelos muitos movimentos que estimularam uma postura mais crtica sobre o que acontecia na sociedade brasileira. Dentre alguns destes movimentos esto o Modernismo, a formao de partidos (sobretudo o partido comunista) e os movimentos armados de 1935. (Coluna Prestes e o Tenentismo).Movimento Modernista Lutava para que as regras vigentes sobre a arte e a literatura deixassem de engessar a produo brasileira. A inteno do movimento era que os moldes internacionais no sufocassem o que viesse a ser arte com um jeito nacional. A Semana de Arte Moderna de 1922, em SP, foi uma espcie de marco da independncia da arte brasileira.Partido ComunistaFundado em 25 de Maro de 1922, tinha o iderio de criar uma cultura socialista no Brasil. Com base em tericos como o alemo Karl Marx, inauguraram uma maneira de se fazer poltica voltada aos interesses do proletariado.Fases da sua implantaoDividindo os acontecimentos da implantao da Sociologia no Brasil como cincia, em fases, ou em gerao de autores, de acordo com o socilogo brasileiro Otvio Ianni (1926-2003), destacamos aqui trs delas, as quais se complementam:A fase A da implantao da Sociologia no Brasil:Autores que se preocuparam em fazer estudos histricos sobre a nossa realidade, com um carter mais voltado Literatura do que para a Sociologia. Euclides da Cunha (1866-1909) Desta gerao de autores, queremos destacar Euclides da Cunha (1866-1909) maior contribuio Sociologia brasileira: o livro Os Sertes.Tambm faz a descrio dos homens que ali viviam, ou seja, os sertanejos, nos quais percebe que, ao contrrio do que pensava antes de conhec-los, eram fortes e valentes, ainda que a aparncia dos mesmos no demonstrasse isso.Como foi que o governo da poca conseguiu acabar com o que considerava ser uma revoluo que reivindicava a volta do sistema monrquico no Brasil.

Euclides da Cunha (1866-1909) A observao de Euclides da Cunha e as revelaes que faz quanto sociedade brasileira em Os Sertes, transforma esta obra em um dos referenciais de incio do pensamento sociolgico no Brasil.A fase B da implantao da Sociologia no Brasil:Numa segunda fase de gerao de autores, ensastas com a preocupao em desenhar um retrato do Brasil.Gilberto Freyre, Caio Prado Jnior, Srgio Buarque de Holanda, Fernando de Azevedo, Nelson Wernek Sodr, Raymundo Faoro, etc.Principais autoresGilberto Freyre e Caio Prado Jnior.Gilberto Freyre foi o autor de Casa Grande & Senzala (1933), livro no qual demonstrou as caractersticas da colonizao portuguesa, a formao da sociedade agrria, o uso do trabalho escravo e, ainda, de como a mistura das raas ajudou a compor a sociedade brasileira. democracia racialQuando escreveu Casa Grande & Senzala tinha 33 anos e, anti-racista que era, inaugurou uma teoria que combatia a viso elitista existente na poca, importada da Europa, a qual privilegiava a cor branca. Segundo tal viso racista, a mistura de raas seria a causa de uma formao defeituosa da sociedade brasileira, e um atraso para o desenvolvimento da nao.Viso positiva da miscigenaoEm Casa Grande & Senzala ele comea justamente valorizando as caractersticas do negro, do ndio e do mestio acrescentando, ainda, a idia de que a mistura dessas raas seria a fora, o ponto positivo, da nossa cultura.uma nova maneira de ver a constituio da nacionalidade brasileira, isto , o Brasil feito por uma harmoniosa unio entre o branco (de origem europia), o negro (de origem africana), o ndio (de origem americana) e o mestio, ressaltando que essa mistura contribuiu, em termos de ricos valores, para a formao da nossa cultura.Casa Grande e SenzalaUm trao importante de infiltrao de cultura negra na economia e na vida domstica do brasileiro resta-nos acentuar: a culinria (FREYRE, 2002)Foi ainda o negro quem animou a vida domstica do brasileiro de sua maior alegria.(FREYRE, 2002)Nos engenhos, tanto nas plantaes como dentro de casa, nos tanques de bater roupa... carregando sacos de acar... os negros trabalha- vam sempre cantando. (FREYRE, 2002).Brasil de Harmonioso No entanto, vale ressaltar aqui que Gilberto Freyre tinha um olhar aristocrtico e conservador sobre a sociedade brasileira, pois alm de justificar as elites no governo, sua descrio do tempo da escravido em Casa Grande & Senzala adquire uma conotao harmoniosa, ele no via conflitos nessa estrutura.Caio Prado Jnior. 1907-1990 Este autor vai nos fornecer uma viso muito mais crtica sobre a formao da nossa sociedade. Veja por qu.Caio Prado recorria viso marxista, isto , partindo do ponto de vista material e econmico para o entendimento da nossa formao.Formao do Brasil contemporneo (Colnia)Polmica sobre a interpretao do Brasil.Caio Prado tambm era uma espcie de contra-mo do Partido Comunista Brasileiro no seu tempo, pois um dos militantes daquele partido, Octvio Brando (1896-1980), havia escrito um livro na dcada de 1920, chamado Agrarismo e Industrialismo no qual apresentava a tese de que o atraso do Brasil, em termos econmicos, estava no fato dele ter tido um passado feudal. E esta tese continuou a ser defendida pelo PCB com o historiador Nelson Wernek Sodr (1911-1999), que interpretava o escravismo, no Brasil Colonial, como uma caracterstica do feudalismo.Polmica sobre a interpretao do Brasil. por essa razo que Caio Prado era contrrio ao Partido Comunista, pois a idia de que no passado o Brasil havia sido feudal era im- portada do marxismo oficial, da Europa, e que na sua opinio, no funcionava aqui. E, para Caio Prado, a prova disso estaria no fato de que no sistema feudal o servo no era considerado uma mercadoria, coisa que ocorria aqui com os escravos, o que denota uma caracterstica do sistema capitalista (e no feudal) no que tange anlise da mo-de-obra.Formao do Brasil ContemporneoNo seu livro Formao do Brasil Contemporneo, publicado em 1942, Caio Prado apresenta a tese de que a origem do atraso da nao brasileira estaria vinculada ao tipo de colonizao a que o Brasil foi subme- tido por Portugal, isto , uma colonizao perifrica e exploratria.Capitalismo primrio e exportadorTraduzindo para melhor compreendermos... Caio Prado explica que Portugal teve grande contribuio no nosso atraso como nao, pois o centro do capitalismo, na poca do descobrimento do Brasil, estava na Europa, o que fazia com que as riquezas daqui fossem leva- das para l. Este tipo de organizao econmica foi denominado de primria e exportadora, pois os produtos extrados das monoculturas brasileiras, nos latifndios, eram exportados para os pases que estavam em processo de industrializao.Formao do Brasil contemporneo...um territrio primitivo habitado por rala populao indgena incapaz de fornecer qualquer coisa de realmente aproveitvel. Para os fins mercantis que se tinham em vista, a ocupao no se podia fazer como nas simples feitorias comerciais, com um reduzido pessoal incumbido apenas do negcio, sua administrao e defesa armada; era preciso ampliar estas bases, criar um povoamento capaz de abastecer e manter as feitorias que se fundassem e organizar a produo dos gneros que interessassem ao seu co- mrcio. A idia de povoar surge da, e s da. (PRADO JNIOR, 1942: 24).Crtica de Caio Prado Gilberto FreyreAssim sendo, segundo a viso de Caio Prado, Gilberto Freyre, em Casa Grande e Senzala, pode ser considerado conservador. Veja porque:a) seus escritos nos levam a pensar que a miscigenao acontecia sempre de maneira harmoniosa. Mas e a relao entre os senhores brancos e suas escravas negras, por exemplo? Se verificarmos relatos da histria veremos que as negras eram foradas a terem relaes sexuais com eles, o que bem diferente de harmonia.b) sobre os problemas sociais da poca, Freyre no apresenta nenhuma proposta para a soluo dos mesmos, ou para a transformao da sociedade.E a fase C da implantao da Sociologia no Brasil:(1930-1940)Esta terceira gerao formada por socilogos que vieram de diferentes instituies universitrias, fundadas a partir de 1930 e inauguram estilos mais ou menos independentes de fazer Sociologia.Dessa forma, e progressivamente, a intelectualidade sociolgica no Brasil comea a ganhar corpo. Tambm comeam a surgir estilos ou tendncias, o que fez com que surgissem diferentes escolas de Sociologia em So Paulo, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte e em outros lugares.Florestan FernandesDos autores que fazem parte dessa terceira gerao, podemos citar Oliveira Vianna, Florestan Fernandes, Guerreiro Ramos, dentre vrios outros.Florestan Fernandes (1920-1995), importante nome da Sociologia crtica no Brasil.Florestan Fernandes Florestan Fernandes foi um socilogo que fez um contnuo questionamento sobre a realidade social e das teorias que tentavam explicar essa realidade. O objetivo deste autor foi de, numa intensa busca investigativa e crtica, ir alm das reflexes j existentes.Florestan tambm mantinha contnuo dilogo com o pensamento crtico brasileiroFlorestan Fernandes Autores como Euclides da Cunha e Caio Prado Jnior, os quais vimos anteriormente, fazem parte de sua lista de interlocutores. Um outro aspecto de sua maneira crtica de fazer Sociologia foi a sua afinidade com o pensamento marxista, principalmente sobre o modo de analisar a sociedade, o que se constituiu numa espcie de norte crtico orientador de seu pensamento.

Florestan FernandesAs transformaes sociais que ocorreram a partir de 1930 no Brasil foram, tambm, uma espcie de motor para os trabalhos de Florestan.Mas no apenas para ele, pois como j mencionamos, essas transformaes serviram de impulso para os trabalhos sociolgicos no Brasil como um todo. E isso se deu principalmente a partir de 1940, pois essas transformaes se intensificaram muito por causa do aumento da industrializao e da urbanizao.Anlise sobre o desenvolvimento capitalista no Brasil.Algumas das conseqncias da urbanizao, inclusive gerada pela migrao de pessoas que, vindas do campo, procuravam trabalho nas indstrias das grandes cidades, foram o surgimento de problemas de falta de moradia, desemprego e criminalidade. Essas situaes emergentes, logicamente, tornavam-se temas para a anlise sociolgica.A integrao do negro na sociedade de classesUma de suas pesquisas, sobre os negros em So Paulo, demonstrada no livro A integrao do negro na sociedade de classes, de 1978, vai auxiliar nossa explicao. Nesse trabalho, Florestan analisa como os negros foram sempre situados margem na nossa sociedade.A sociedade brasileiraa) O interesse em explicar fatos relativos aos setores populares da sociedade, neste caso, os negros. Florestan queria saber como se deu o processo que colocou esse grupo margem na sociedade brasileira. E, mais, queria uma interpretao diferente daquelas que as elites da sociedade forneciam a este respeito.Sociedade brasileirab) Ele se filia ao pensamento crtico brasileiro ao afirmar que o negro no era um problema para a nao. Inclusive desenvolve a idia de que os negros sempre foram agentes participantes das transformaes sociais do pas, ainda que de maneira menos privilegiada que os brancos.Sociedade brasileirac) Faz uma crtica sociedade capitalista que no absorveu os negros, que, segundo as elites da sociedade, encontravam-se em iguais condies em relao aos brancos e, inclusive, em relao aos inmeros estrangeiros que chegavam ao Brasil para viverem e trabalhar.A integrao do negro na sociedade de classesOs negros tentaram, mas ...viram-se repudiados, na medida em que pretenderam assumir os papis de homem livre com demasiada latitude de ingenuidade, num ambiente em que tais pretenses chocavam-se com generalizada falta de tolerncia, de simpatia militante e de solidariedade. (FERNANDES, 1978: 30-31).A integrao do negro na sociedade de classescomo no se manifestou nenhuma impulso coletiva que induzisse os brancos a discernir a necessidade, a legitimidade e a urgncia de reparaes sociais para proteger o negro (como pessoa e como grupo) nessa fase de transio, viver na cidade pressupunha, para ele, condenar-se a uma existncia ambga e marginal. (FERNANDES, 1978: 20).A integrao do negro na sociedade de classesvedado o caminho da classificao econmica e social pela proletarizao, restava-lhes aceitar a incorporao gradual escria do operariado urbano em crescimento ou abater-se penosamente, procurando no cio dissimulado, na vagabundagem sistemtica ou na criminalidade fortuita meios para salvar as aparncias e a dignidade de homem livre. (FERNANDES, 1978:20).O Homem cordial (Srgio Buarque de Holanda)Cordial provm da palavra cordialis relativo a corao. SBH usa este termo para mostrar como o brasileiro avesso a impessoalidade e as relaes passam por critrios de pessoalidade. Vale mais as relaes de pessoalidade do que a cidadania.A sociologia no BrasilA dcada de 1950.O golpe de 1964.As Cincias Sociais ps- 1964. (Cebrap).