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    XVII COBREAPCONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA DEAVALIAES E PERCIASIBAPE/SC - 2013

    NATUREZA DO TRABALHO: PERCIAS

    PERCIAS RELACIONADAS A INCNDIOS

    ResumoTrata-se da anlise e constatao, por meio de diversos casos, de problemas nas edificaes

    oriundos de incndios. A anlise pericial abrange o estudo e impacto das chamas na estrutura e a

    verificao das patologias que aparecem nessas situaes. Sero apresentados alguns casos queservem como parmetro para estudo, com demonstrao das patologias identificadas.

    PALA VRAS CHAVE: Incndio Concreto Danos Estrutura is

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    INTRODUO

    O objetivo do presente trabalho apresentar um roteiro de atividades e

    observaes que devem ser desenvolvidas na anlise de uma edificao que sofreuum incndio, para verificar sua situao de estabilidade e identificar os impactos queo incndio ocorrido possam ter provocado na sua estrutura, eventualmente afetandosua estabilidade, ainda que de forma localizada, e propor as providncias de cartertcnico necessrias para resolver a situao da edificao.

    Essa preocupao na anlise do impacto do incndio na edificao nasceu devrios casos ocorridos nos quais houve necessidade de vistorias apuradas paraverificao da extenso dos danos ocorridos. Muitas dessas situaes levam aprocessos judiciais para determinao dos fatos e responsabilidades.

    DA ANLISE TCNICA

    Quando ocorre um incndio numa edificao a preocupao principal com amesma a garantia de que sua estabilidade esteja preservada. Nesses casos, sabe-se que a temperatura interna depende da durao do incndio. Assim, importantese obter a informao de quando iniciou a ignio e quando houve a extino dofogo em cada um dos locais onde ele ocorreu, pois o fogo se alastra, e seu combateno necessariamente simultneo, o que faz com que partes da estrutura fiquemexpostas a altas temperaturas por perodos diferentes de outras, funo de seutempo efetivo de exposio ao fogo.

    Assim, as informaes iniciais ao se fazer a anlise so: Tempo de durao do fogo a que ficou submetida cada uma das partes da

    estrutura. Se havia revestimento (argamassa ou outro tipo de acabamento ou forro)

    protegendo a estrutura.

    Na anlise de casos de incndio importante ter o conhecimento de que omesmo s ocorre por meio da combinao de trs fatores distintos: combustvelmais comburente e fonte de calor, que deflagram todo o processo.

    Verificando-se o tempo de incndio e da exposio s chamas, pode-seconsiderar a que temperaturas a edificao fica submetida e assim realizar umaanlise mais apurada pelo grfico das curvas de temperatura x tempo.

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    Figura 1: Curvas temperatura-tempo padronizadas pelas principais normas internacionais

    DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO

    Sabe-se que as estruturas de concreto so bastante resistentes ao fogo tendo

    em vista as caractersticas trmicas do material, que tem baixa condutividadetrmica e praticamente incombustvel, no exalando gases txicos ao seraquecido.

    No entanto, o aumento da temperatura nos elementos de concreto causareduo de sua resistncia e de seu mdulo de elasticidade, levando a uma reduoda rigidez da estrutura.

    Outro ponto importante a ser observado que o concreto composto de britae areia (materiais inertes), colados por uma pasta base de cimento, que oaglutinante. O concreto armado tem tambm, ferragem adicionada ao conjunto, queparticipa dos elementos resistentes aos esforos oriundos dos carregamentos.

    A heterogeneidade dos materiais constituintes do concreto armado (pasta,

    agregados e ao) quando submetida a altas temperaturas, leva a uma degradaoprogressiva do material, que pode, em alguns casos, levar a estrutura runa.A desagregao do concreto pode ser antecipada dependendo das

    caractersticas da prpria pasta, como o teor de umidade e as adies para melhorara resistncia. Outro fato importante de se observar que a utilizao de concretoscom resistncias cada vez maiores (mais modernamente) conduz adimensionamentos de peas estruturais cada vez mais esbeltas.

    A reao usual do concreto exposto a altas temperaturas o pipocamento(pop out) e o lascamento (spalling), levando posteriormente expulso docobrimento por dilatao trmica do ao, expondo as armaduras ao direta dofogo. Isto pode ser extremamente nocivo ao funcionamento estrutural.

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    O EFEITO DA TEMPERATURA SOBRE O CONCRETO

    Para um entendimento mais simples dos fenmenos que ocorrem em

    situaes de incndio, preciso entender que (para no especialistas), o concreto um conjunto de materiais inertes (brita e areia) ligados por um aglutinante, que ocimento (que cola esses materiais inertes), transformando o conjunto num materialmonoltico.

    Isto se d quando a gua, que o catalisador da reao de aglutinamento,entra na mistura dos materiais.

    Com a exposio do concreto a temperaturas acima dos 100 C, a gua livreevapora.

    Esta evaporao se d tanto com a gua existente nos poros quanto com agua associada ao prprio silicato de clcio, que se desprende.

    Inicialmente, o aumento da temperatura provoca o cozimento superficial do

    concreto, alterando sua colorao.Com a porosidade do concreto no permitindo a liberao dos vapores

    criados, criam-se pequenas bolsas de presso, que provocam um aumento dapresso interna no concreto, que tendem a explodir. A este fenmeno d-se onome de lascamento (spalling).

    Nos concretos antigos, o teor de umidade mais baixo.

    Fotos PONTOS COM LASCAMENTO (spalling)

    Outro efeito nocivo ao concreto, que por sua baixa condutividade trmica,criam-se no seu interior camadas com temperaturas diferenciadas, principalmente

    em relao camada superficial, em contato direto com o fogo. Entre essascamadas surgem tenses trmicas, que podem, em alguns casos, ser superiores tenso de trao da matriz cimentcia, provocando fissurao e, isto provoca oaparecimento de camadas independentes no interior do concreto, comprometendosua monoliticidade.

    Quando isto se torna intenso e a durao do fogo longa (algumas horas),isto pode provocar o desprendimento de camadas (normalmente as superficiais) doconcreto, sem estilhaamento de grande magnitude, mas ocorrem nos primeirosmomentos de um incndio, expondo as armaduras ao direta do fogo(sloughing).

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    Fotos - alguns dos locais onde houve aparente sloughing

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    O concreto que ultrapassa a fase do spalling, no incio do aumento datemperatura, sofre uma retrao volumtrica pela perda de umidade contida.

    Simultaneamente os agregados e a ferragem sofrem expanso volumtrica devidoao aumento da temperatura.

    Isto comea a acontecer quando a temperatura ultrapassa os 300C. Quandoela chega aos 400C, inicia-se a decomposio dos hidrxidos de clcio, resultandoem xido de clcio puro e gua (que vaporiza).

    Quando a temperatura chega a cerca de 550C a desidratao dos hidrxidosde clcio, responsveis pela passivao das armaduras, completa.

    De modo geral, 2/3 do volume dos concretos composto por agregados. NoRio de Janeiro muitos dos agregados usados so ricos em slica.

    Este tipo de agregado, quando submetido a aumentos significativos detemperatura, provoca no concreto um fenmeno chamado de pipocamento (pop

    out), que nada mais do que um spalling localizado, e ocorre quando atemperatura aproxima-se de 600C. Isto consequncia do aquecimento dosagregados que chegam a ter aumento de volume de cerca de 1%.

    Foto - alguns dos locais onde houve aparente pipocamento (popouts)

    ALTERAO DA CORO concreto dependendo da natureza dos agregados pode mudar de cor em

    funo da temperatura. Pequenas quantidades de xido de ferro, hidrxidos ouxidos de ferro hidratados so responsveis por essas alteraes na coloraoprincipalmente dos agregados oriundos de rochas sedimentares, metamrficas e

    gneas. Quando a mudana de cor ocorre, se d devido, principalmente presenade rochas calcrias, que normalmente apresentam uma colorao rsea entre 230

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    C e 300 C. A tonalidade vai escurecendo gradualmente com a elevao datemperatura, quando a mesma chega prximo aos 600 C os agregados podem setornar vermelhos amarronzados. Em temperaturas prximas aos 900C, a colorao

    se torna cinza e por ltimo, amarelo-claro.

    NORMA BRASILEIRANBR 15.200 de 2004

    A Norma Brasileira que trata do assunto, a NBR 15.200/2004 Projeto deestruturas de concreto em situao de incndioprev uma srie de situaes paraas estruturas em caso de incndio, com objetivo de limitar riscos, principalmente daedificao exposta ao fogo, com as seguintes funes estabelecidas no item 4.3, aseguir apresentado.

    4.3 Considera-se que os objetivos estabelecidos em 4.2 so atingidos se fordemonstrado que a estrutura mantm as seguintes funes:

    funo corta-fogoa estrutura no permite que o fogo a ultrapasse ou queo calor a atravesse em quantidade suficiente para gerar combusto no lado opostoao incndio inicial. A funo corta-fogo compreende o isolamento trmico e aestanqueidade passagem de chamas

    funo de suporte a estrutura mantm sua capacidade de suporte daconstruo como um todo ou de cada uma de suas partes, evitando o colapso globalou o colapso local progressivo;

    Dentro dos objetivos da Norma, constam: reduzir o risco de casos deincndio, que so medidas passivas, a seguir apresentadas e quando no forpossvel, controlar o fogo nos estgios iniciais, criando rotas de fugas e facilitando aoperao de combate a incndio.

    No item 5 da referida Norma, h todo um estudo sobre a alterao daspropriedades dos materiais, incluindo o estudo da resistncia e rigidez do concretoquando submetido altas temperaturas. O item 5.1.2 prescreve que o concreto temuma diminuio progressiva de sua resistncia em funo da temperatura a que submetido (diminuio percentual).

    5.1.2 Resistncia compresso do concreto na temperatura

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    Figura 2 Fator de reduo da resistncia do concreto emfuno da temperatura fonte NBR 15.200No mesmo item tratada a perda de resistncia da ferragem quando

    submetida a aumentos significativos de temperatura.

    CORROSOOs metais quando submetidos ao do fogo podem sofrer corroso. Esse

    material raramente encontrado no estado puro, possui uma combinao de um oumais elementos no-metlicos, tais como minrios, que de modo geral possuemformas oxidadas do metal.

    A corroso um processo de deteriorao de propriedades que ocorre

    quando um material reage ao ambiente. Grande parte das ocorrncias de corrosoenvolvem reaes eletroqumicas

    A ao do combate ao incndio pode ser to destrutiva ao concreto quanto prpria ao do fogo. Os resfriamentos e contraes abruptas provocam gretas(CNOVAS (1988)). Em uma estrutura de concreto aquecida prximo a 500 C, aao da gua produz uma grande elevao de temperatura em virtude da reao dereidratao do xido de clcio livre no concreto. O aumento da temperatura incide anovas expanses trmicas, gerando fissuras.

    MEDIDAS DE PROTEO

    PASSIVASMedidas que devem ser tomadas na elaborao de projetos, visandoevitar a ocorrncia de um foco de incndio, e prevendo a reduo de seus efeitos

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    em casos de ocorrncia. Algumas medidas que podem ser observadas so: escolhado material de revestimento e acabamento, instalao de escadas de fuga, muitasvezes so inseridas na fachada da edificao, controle da fumaa e segurana

    estruturalUm projeto completo preventivo contra incndio, compreende:- Extintores;- Preventivo hidrulico;- Instalaes de gs combustvel;- Sadas de emergncia com escadas de escape.- Proteo contra descargas atmosfricas;- Iluminao de emergncia;- Sistema de alarme e deteco.

    ATIVAS Medidas a serem tomadas no caso em que o fogo ocorra, tambm

    conhecidas como medidas de combate, tais como a existncia de sistemas dedeteco e alarme, sistema de sinalizao e iluminao de emergncia, sistema dehidrantes e chuveiros automticos (sprinklers).

    CASO ESPECFICO 1: INCNDIO EM CLNICA DE OLHOS EM EDIFICAOCOMERCIAL NA ZONA SUL DO RIO DE JANEIRO.

    DESCRIO DA EDIFICAO

    O imvel em anlise localiza-se na Rua Visconde de Piraj 623, Ipanema, VIRegio Administrativa do Municpio do Rio de Janeiro

    ]

    Trata-se de uma edificao comercial, PhDs Ipanema Center, colada nasdivisas, com dois subsolos, loja no pavimento trreo e 9 pavimentos tiposubdivididos em salas. No trreo encontram-se o hall social e o acesso aospavimentos garagem.

    No 8 e 9 pavimentos da edificao encontra-se instalada uma clnica mdicaoftalmolgica, em espao integrado, possuindo recepo, sala de estar, depsito esalas de consulta no 8 pavimento, e centro cirrgico no 9 pavimento.

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    Foto: Vista geral da edificao

    Foi realizada a vistoria logo aps o incndio e pode-se verificar que o focoocorreu no depsito localizado na sala do 8 andar, visto ser um ambiente fechado,com muito material inflamvel estocado. Por posicionamento inadequado de materialinflamvel, este ficou prximo e exposto ao calor de uma luminria e o incndio seiniciou. Este compartimento foi o mais afetado.

    Os danos identificados na vistoria foram:No depsito, o rebaixo em gesso estava totalmente danificado assim como o

    sistema de ar condicionado central. As esquadrias estavam danificadas e com vidrosquebrados. Algumas paredes, principalmente a de divisa com a sala contguaapresentava fissuras capilares oriundas do gradiente trmico. A pintura estava

    danificada em diversos compartimentos e instalaes necessitando de reparos. Noteto do depsito havia um ponto com armadura aparente.Na sala vizinha do lado interno verificou-se uma fissura inclinada, percorrendo

    toda a parede de divisa com a sala onde houve o incndio.

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    Foto Vista de parte da sala onde ocorreu o incndio,instalaes danificadas.

    Fotos Banheiro, rebaixo em gesso do teto e instalaesdanificadas.

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    Foto Compartimento com sinais do incndio.

    Fotos Vista da parede de divisa entre as salas

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    Fotos Vista da parede de divisa d as salas, pelo lado interno dasala foco do incndio. Fissuras na alvenaria e pintura totalmente

    danificada.

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    Fotos Teto da sala, rebaixo de gesso danificado e instalaesafetadas.

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    No pavimento imediatamente acima da sala onde se iniciou o incndio,

    verificaram-se fissuras horizontais nas paredes e o desprendimento do pisocermico em porcelanato. As esquadrias tiveram os vidros quebrados e suaestrutura em alumnio anodizado necessitou substituio de algumas peasdanificadas.

    Foto - Esquadria danificada e retorcida.

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    Fotos Esquadria danificada, com vidros quebrados.necessitando substituio de algumas peas.

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    CONSIDERAES TCNICAS

    Segundo publicado nos jornais, suspeita-se que o incndio foi oriundode um curto circuito no compartimento utilizado como depsito, tal como a seguirtranscrito da reportagem no Jornal O Globo

    Bombeiros suspeitam de curto - c i r c u i t o e m s a l a

    Papis, produtos qumicos e mater iais usados em cirurgiasfaci l i taram a propagao do fogo. Os bombeiros disseram suspeitarque um curto-circuito numa sala que guardava remdios tenhaprovocado o incndio.

    Foto do incndio - fonte: O Globo.

    A anlise dos danos edilcios inicia-se pela verificao das peas estruturais.Uma vez que as peas so revestidas de argamassa e existia, em boa parte

    do imvel, forro falso, o concreto da estrutura no sofreu agresso que modificassede maneira significativa suas caractersticas, principalmente sua resistncia.

    O fogo durou cerca de 20 min, isto elevou a temperatura interna noslocais atingidos a cerca de 800C em seu pice, mas o tempo de atuao foi muitopequeno, no se apresentando nenhuma das caractersticas que indicariam a perdade resistncia ou a modificao significativa em seu mdulo de elasticidade, como oesfarelamento da superfcie sob a ao direta do fogo, que calcinaria o concreto, ouo lascamento (spalling), que ocorre quando o concreto (no caso a laje) ficasubmetido exposio do gradiente trmico de forma contnua, como japresentado. No foram observados nem o esfarinhamento da superfcie doconcreto, nem sua laminao progressiva. Outra ocorrncia comum nas situaesde incndio a temperaturas altas o chamado lascamento explosivo, que tambmno foi observado em nenhum dos pontos vistoriados.

    Considerando-se que o tempo efetivo de exposio ao fogo direto sobre oconcreto no provocou nenhuma das situaes clssicas de incio de deteriorao,

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    considerando-se que, para o sinistro ocorrido, indcios iniciais de lascamentoprogressivo ou explosivo seriam identificados, caso, efetivamente, tivessem causadodanos srios s caractersticas e resistncia do concreto, e considerando-se que o

    no desprendimento do cobrimento das peas estruturais, o que induz certeza depreservao das caractersticas fsicas das armaduras, pode-se afirmar que noocorreram danos estruturais importantes.

    As alvenarias existentes no pavimento, imediatamente acima do trecho demaior incidncia de fogo, sofreram os efeitos de carga trmica intensa eapresentaram fraturas em sua face superior e vertical junto fachada.

    A esquadria de fachada, em alumnio anodizado bronze, foi parcialmenteatingida pelas labaredas e apresenta danos irreversveis em alguns perfis, quedevero ser substitudos. Os vidros deste trecho da fachada, que apresentemtrincas, tambm devero ser substitudos. Dever ser feita uma reviso de vedaese caixilharia em todo o trecho da fachada que sofreu incidncia do fogo.

    Os demais danos construtivos verificados se constituem de desprendimentode revestimento cermico e destruio parcial de forros nos tetos. A instalaoeltrica, devido variao de temperatura ocorrida, ficou danificada e necessitou serintegralmente revista e substituda.

    CASO ESPECFICO 2: INCNDIO NO ESCRITRIO EM EDIFICAOCOMERCIAL NO CENTRO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO.

    Neste caso especfico, pelas informaes obtidas nas notcias veiculadas

    sobre o assunto, o tempo de incndio foi de algumas horas. Assim, a estrutura emquesto teto do 15 pavimento, que serve de piso ao 16, esteve submetida atemperaturas de at 1.000 C. Isto explica a colorao avermelhada do concreto,que pode ter sofrido reduo sensvel de resistncia.

    Notcias veiculadas no dia do incndio comprovam que o fogo teve duraovariando entre 2 e 3 horas, no mnimo.

    10/06 s 09h35 - Atual izada em 10/06 s 09h41Incndio em prdio da Av. Rio Branco j est quase controladoJornal do Brasi l

    Vrias equipes do Corpo de Bombeiros permanecem naAvenida Rio Branco, 99, no Centro do Rio, onde um prdio comerc ia lpegou fogo por vol ta das 7h deste domingo. As chamas j estomenores.

    Segundo a Rdio CBN, o incndio comeou em um escritrio de advocaciaque funciona no 15 andar. As chamas se espalharam para os 13, 14 e 16andares, que estava vazio.

    Um dos scios do escritrio, que no quis se identificar, disse que no 15pavimento estavam todos os arquivos.

    A escada magirus dos bombeiros no conseguiu alcanar esse andar. Por

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    isso, o combate ao incndio foi feito por dentro do edifcio.

    10/06/2012 09h02 - Atual izado em 10/06/2012 10h26Incndio em prdio interdi ta trecho da Av. Rio Branco, d izprefei tura

    Trnsito desviado pela Avenida Passos, segundo Centro deOperaes.Bombeiros combatem fogo em edif c io na Av. Rio Branco 99.

    Do G1 Rio

    A Avenida Rio Branco, no Centro do Rio, est interdi tada entrea Avenida Presidente Vargas e a Rua do Rosrio, devido a umincndio em prdio comercia l no imvel de nmero 99 que acontecena manh deste domingo (10). O trnsi to est sendo desviado pelaAvenida Passos, segundo informou o Centro de Operaes daPrefei tura.

    Bombeiros do Quartel Central combatem o incndio no prdiodesde as 6h45 deste domingo (10), com seis v iaturas, segundo aassessoria do Corpo de Bombeiros.

    Notc ias veiculadas pelo Jornal do Brasi l e pelo G1

    http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2012/06/bombeiros-combatem-incendio-na-avenida-rio-branco-no-centro.htmlhttp://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2012/06/bombeiros-combatem-incendio-na-avenida-rio-branco-no-centro.htmlhttp://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2012/06/bombeiros-combatem-incendio-na-avenida-rio-branco-no-centro.htmlhttp://g1.globo.com/rio-de-janeiro/noticia/2012/06/bombeiros-combatem-incendio-na-avenida-rio-branco-no-centro.html
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    No presente caso, as peas estruturais tem dimenses maioresque as atuais, em funo dos cr i tr ios de dimensionamento adotados poca da construo, o que traz benefc io em relao ao caso em

    epgrafe.Um ponto adic ional favorvel ao edif c io em anl ise o fato deque no devem terem sido usados adit ivos que permitem a reduodo fator gua/c imento, promovendo concretos mais compactos emenos permeveis (o que aumenta a durabi l idade do materia l atemperatura ambiente), mas que em si tuaes de incndio antecipama degradao do materia l .

    Como o concreto, no presente caso, ant igo, o teor deumidade mais baixo, no tendo s ido observados muitos lo cais ondetenha ocorr ido lascamento (spal l ing), porm existem alguns pontosonde o fenmeno parece ter acontecido.

    Em vista do que se encontrou ao longo das v istor ias efetuadas,e funo das recomendaes tcnicas sobre o assunto, tanto asnacionais como as internacionais, aval iou-se o dano estruturalocorr ido para se estabelecer o melhor procedimento de reforo.

    A anl ise dos eventuais danos estr utura is f icou ci rcunscri ta aoocorr ido no 15 pavimento.

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    Foto - Incndio controlado

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    Croqui indicativo dos danos estruturais mais relevantes no 15 pavimento

    laje

    LEGENDAFissura ou dano

    pilar

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    Fotos - Pavimento aps o incndio

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    Fotos 15 pavimentoCerca de 30 dias aps o incndio

    Neste caso logo aps o incndio fo i adotada a soluo de

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    reforo estrutural por meio de estrutura metl ica de sustentao dalaje de teto, na regio efet ivamente at ingida por a l tas temperaturas.Alm de se reforarem todas as la jes com uma sobrecapa de

    ferragem e concreto, executou-se uma malha de v igas metl icas degrande porte, em todo o pavimento.

    Foto: Pilar encamisado e vigamento de reforo

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    Fotos: Reforo nas peas estruturais

    DANOS ADICIONAIS

    Em funo do aumento de temperatura por perodo razovel, a lajeimediatamente acima do incndio sofreu dilatao no sentido horizontal,escorando-se no conjunto de grande inrcia (escada/elevadores, empurrando

    os pilares da fachada frontal provocando uma ruptura parcial na ligao viga Xpilar em diversos pilares de fachada, que para serem restaurados passarampor procedimento de justaposio de fibras de carbono.

    Fotos: Ruptura parcial de ligao

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    Foto: Procedimento de justaposio por fibras de carbono

    CONSIDERAES TCNICAS

    Em vista do que se encontrou ao longo da vistoria efetuada e dasprovidncias que foram tomadas, pode-se afirmar que os eventuais riscos estruturaisestavam afastados.

    CASO ESPECFICO 3: INCNDIO EM GALPO NA ZONA OESTE DO RIO DEJANEIRO.

    Esse caso especf ico refere-se a um galpo ocupado por umaEmpresa de Combustveis e Lubri f icantes, s i tuado na Estrada Padre

    Gui lherme Decaminada, 2.700 Santa Cruz, s margens da Av.Brasi l Rio de Janeiro. O incndio destruiu prat icamente todo ogalpo.

    Foto: Vista area do local.

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    Localizao do Galpo

    FotosIncndio.

    Av

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    FotosIncndio.

    FotoVista do depsito, tanques verticais e terreno aps o incndio.

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    Anexo emobras

    Porto automtico

    FotosVistas do depsito aps

    o incndio.

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    FotosVistas internas do

    depsito aps o incndio.

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    FotosEmpilhadeira.

    Cilindro de gs da

    empilhadeira

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    FotosInstalaes eltricas aps incndio.

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    FotoExtintores de incndio encontrados no galpo.

    FotoTubulao, aparentemente de combate a incndio.

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    FotosTambores de leo

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    FotoEstrutura deteriorada pelo calor.

    CONSIDERAES TCNICAS

    Tendo em vista o estado de destruio, a intensidade do fogo e a duraodo incndio (foram necessrias mais de quatro horas para a extino inicial do fogo),

    os indcios que poderiam conduzir a uma concluso sobre as possveis causas parao ocorrido no esto disponveis.Desta forma, inconclusiva a origem do fogo, o que est corroborado

    pela Certido de Ocorrncia emitida pelo Corpo de Bombeiros Militar do Estado doRio de Janeiro13 GBM Campo Grande.

    A durao do incndio e a temperatura alcanada so fundamentais parase determinar a capacidade da estrutura de permanecer em condies deestabilidade.

    Os danos estruturais oriundos de um incndio so determinados porexpresses que relacionam o crescimento da temperatura dos gases quentes docompartimento, com o tempo de durao do incndio. A curva-padro de materiais

    celulsicos (ISO 834 e ASTM E 119) mundialmente difundida por meio de cdigosnormativos.

    Os compartimentos com predominncia de materiais inflamveis soavaliados adotando curvas padronizadas para materiais hidrocarbonetos tais comoUL 1709 (E.U.A.), H hydrocarbon curve (Unio Europeia), RWS (Pases Baixos) eRABT (Alemanha e Japo).

    A relao temperatura X tempo de durao pode ser inferida, paraincndios como o ocorrido tanto na fase de aquecimento, como na fase doresfriamento, com ventilao limitada e sem dispositivos de combate automtico aofogo, pela Norma ASTM E119-00a, indicando que a temperatura no local chegou acerca de 1.100 C. Esta temperatura atuando pelo tempo de durao do incndio

    leva a resistncia do concreto a ficar desprezvel.

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    Em decorrncia da intensidade do fogo e da durao do incndio (osbombeiros levaram mais de quatro horas para conter as chamas), a estrutura dogalpo ficou totalmente comprometida, irrecupervel, com risco de colapso dos

    pilares e vigas remanescentes, razo pela qual ter que ser integralmentereconstruda, conforme se observa das fotos a seguir:

    Foto Vista interna do galpo aps incndio com as peas estruturaisdanificadas.

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    FotosDeteriorao de um dos pilares e do funcionamento estrutural comperda da ligao viga x pilar

    CONCLUSES E RECOMENDAES

    Em casos de incndio recomenda-se a verificao do tempo de exposio eda temperatura, visto que at 100 C o concreto armado mantm suascaractersticas. Entre 300 e 400 C as fissuras superficiais tornam-se visveis, porminternamente a integridade fica mantida.

    Acima dos 600 C h perda total de resistncia do concreto, perdendo suaatividade estrutural.

    Aquecimentos de longa durao podem comprometer permanentemente asarmaduras, principalmente em temperaturas acima de 500 C.

    Recomenda-se que medidas de proteo sejam adotadas, tanto passivasquanto ativas, com estudo da preveno de casos de incndio desde o projeto at aexecuo e principalmente na manuteno das edificaes.

    BIBLIOGRAFIA

    ALMEIDA, Dirceu Francisco de. As Estruturas de Concreto Armado e o Fogo- Comportamento - Consequncias - Restaurao. EPUSP. So Paulo, 1984.[Dissertao de Mestrado em EngenhariaPCC-EPUSP]

    BAUER, Luiz Alfredo Falco. Materiais de Construo Civil 1. Vol. 1. 5 Ed.Livros Tcnicos e Cientficos Editora Ltda. So Paulo, 1994.

    Moreira de Souza, Vicente C. & Ripper, ThomazPatologia, Recuperao eReforo de Estruturas de ConcretoPini - 1998.

    NBR 15200 2004 - Projeto de estruturas de concreto em situao deincndio

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    Couri, Gilberto AdibPatologia das Edificaes Apostila Ps Graduaoem Engenharia CivilUniversidade Federal Fluminense - 2006

    Veroza, nio JosPatologia das EdificaesEditora Sabra, 1991 CNOVAS, Manuel Fernndez. Patologia e Terapia do Concreto Armado. Ed.

    PINI. So Paulo, 1988