21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

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MICHELI SOARES ALVES PLANEJAMENTO DA IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE: um enfoque na construção civil Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do grau de mestre. Área de concentração: Engenharia Civil Orientador: Prof. CARLOS ALBERTO PEREIRA SOARES, D. Sc. Niterói 2003

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MICHELI SOARES ALVES

PLANEJAMENTO DA IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE: um enfoque na construção civil

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do grau de mestre. Área de concentração: Engenharia Civil

Orientador: Prof. CARLOS ALBERTO PEREIRA SOARES, D. Sc.

Niterói 2003

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MICHELI SOARES ALVES

PLANEJAMENTO DA IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE: um enfoque na construção civil

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do grau de mestre. Área de concentração: Engenharia Civil

APROVADA EM DEZEMBRO DE 2003

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________________

Prof. Carlos Alberto Pereira Soares, D.Sc. (orientador) Universidade Federal Fluminense

____________________________________________________________ Prof. Mara Telles Salles, D.Sc.

Universidade Federal Fluminense

______________________________________________________________ Prof. Assed Naked Haddad, D.Sc.

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Niterói 2003

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Este trabalho é dedicado aos meus pais, Mary e Geraldo, pelo

amor incondicional e apoio a todas minhas decisões ainda que,

por vezes, não as compreendessem por completo ou não

concordassem com meus argumentos. Ainda assim, sempre se

empenharam em proporcionar as melhores condições possíveis

para que mais este sonho, a conclusão do curso de mestrado, se

tornasse realidade, graças ao Senhor Deus.

Dedico a eles não só este trabalho, mas também minha vida e

meus objetivos.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao Senhor Deus, em sua Santíssima Trindade, que me deu

inspiração no momento em que mais precisei, mostrando o caminho a percorrer, e

provendo toda a força que eu não possuía.

Ao meu orientador, Professor Carlos Alberto, que muito mais que mestre foi

amigo, e me ensinou muito sobre como trilhar os caminhos da vida, seja acadêmica,

profissional, ou pessoal.

Aos meus irmãos, pelo amor não declarado em palavras, mas expresso em

gestos e atitudes que fazem toda a diferença quando se precisa de apoio.

Aos meus amigos e colegas de Minas Gerais e do Rio de Janeiro, pela

admiração e estímulo. Em especial ao casal de Professores Mara Salles e José

Rodrigues, pela compreensão e apoio, à família Granato Lopes, pela acolhida, e a

Leandro Soares, pela amizade e ajuda.

Às Religiosas de Maria Imaculada e colegas residentes do Centro Social

Vicenta Maria, pelo convívio.

Enfim, a todos os que contribuíram para mais esta vitória, minha eterna

gratidão.

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"Não basta ensinar ao homem uma especialidade, porque se

tornará assim uma máquina utilizável e não uma personalidade. É

necessário que adquira um sentimento, um senso prático daquilo

que vale a pena ser empreendido, daquilo que é belo, do que é

moralmente correto"

(Albert Einstein)

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RESUMO

Este trabalho propõe a adoção da sistemática de gerenciamento de projetos sugerida pelo PMBOK, ao planejamento do projeto para implantação do sistema de gestão da qualidade em organizações construtoras, baseado nos itens e requisitos da NBR ISO 9001:2000, adaptados ao caso da construção civil brasileira pelo PBQP-H no SiQ-Construtoras. Destacam-se os processos essenciais de planejamento, suas entradas, ferramentas e técnicas utilizadas no processamento e saídas.

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ABSTRACT

This work proposes adoption of project management systematics proposed by the PMBOK, for the planning of the project to establish the quality management system in constructions organizations, based in itens and requirements of NBR ISO 9001:2000, adapt to civil construction brazilian case by PBQP-H in SiQ-Construtoras. Enphasize the planning essentials process, and the entrances, tools and techniques to processing and results.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 2.1 Modelo de um processo baseado no sistema de gestão da qualidade, p. 22

Figura 2.2 Modelo de Excelência do PNQ, p. 33

Figura 2.3 Diagrama de Gestão do PNQ, p. 34

Quadro 2.1 Itens e Requisitos do SiQ-Construtoras do PBQP-H, p. 37

Figura 3.1 Ciclo de Vida do Projeto, p. 42

Figura 3.2 Áreas de Conhecimento em Gerência de Projetos, p. 46

Quadro 3.1 Mapeamento dos Processos de Gerência de Projetos em Grupos de Processos e Áreas de Conhecimento, p. 47

Figura 3.3 Processos de Iniciação e Planejamento, p. 49

Figura 4.1 Macrofluxo dos Processos Principais de Planejamento, p.55

Figura 4.2 Fluxo dos Processos de Iniciação e Planejamento do Escopo, p. 60

Figura 4.3 Subprojetos da Implantação dos Itens e Requisitos do SiQ, p. 62

Figura 4.4 Estrutura Analítica do Subprojeto Implantação do Nível D, p. 65

Figura 4.5 Fluxo dos Processos de Planejamento do Prazo, p. 67

Quadro 4.1 Lista de Atividades para Implantação dos Requisitos 4.2.2 e 4.2.3 do SiQ, p. 69

Figura 4.6 Método do Diagrama de Precedência – PDM, p. 71

Figura 4.7 Método do Diagrama de Flecha – ADM, p. 71

Figura 4.8 Diagrama de Rede, p. 73

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Quadro 4.2 Quadro de Recursos, p. 77

Figura 4.9 Calendários, p. 78

Figura 4.10 Método do Caminho Crítico - CPM, p. 79

Figura 4.11 Cálculo das Durações das Atividades, p. 80

Figura 4.12 Quadro de Recursos Sinalizado pela Superalocação, p. 82

Figura 4.13 Cronograma do Subprojeto do Nível D, p. 83

Figura 4.14 Fluxo dos Processos de Planejamento de Custo, p. 84

Figura 4.15 Atribuição de Recursos, p. 86

Figura 4.16 Linha de Base de Custo, p. 89

Figura 4.17 Processo Essencial de Planejamento de Risco, p. 90

Figura 4.18 Processo de Integração do Planejamento, p. 91

Figura 4.19 Simulação de Monte Carlo, p. 94

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SUMÁRIO

SUMÁRIO, p. 5

LISTA DE ILUSTRAÇÕES, p. 7

RESUMO, p. 9

ABSTRACT, p. 10

1 INTRODUÇÃO, p. 11

1.1 APRESENTAÇÃO, p. 11

1.2 OBJETIVOS, p. 14

1.2.1 Objetivo geral, p.14

1.2.2 Objetivos específicos, p. 14

1.3 RELEVÂNCIA DO TEMA, p. 15

1.4 METODOLOGIA, p. 15

1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO, p. 16

2 SISTEMAS DE GESTÃO, p. 18

2.1 A FAMÍLIA DE NORMAS NBR ISO 9000, p. 18

2.1.1 A norma NBR ISO 9000, p. 19

2.1.2 A norma NBR ISO 9001, p. 25

2.1.3 A norma NBR ISO 9004, p. 26

2.1.4 A norma NBR ISO 19011, p. 27

2.2 A FAMÍLIA DE NORMAS NBR ISO 14000, p. 28

2.2.1 A norma NBR ISO 14001, p. 28

2.2.2 A norma NBR ISO 14004, p. 29

2.2.3 A norma NBR ISO 14015, p. 29

2.3 AS NORMAS DE SGSSO: BS 8800 E OHSAS 18000, p. 30

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2.4 OS PRÊMIOS DA QUALIDADE, p. 31

2.4.1 O Prêmio Nacional da Qualidade, p. 31

2.5 OS PROGRAMAS DE QUALIFICAÇÃO EVOLUTIVA, p. 34

2.5.1 O PBQP-H, p. 35

3 CONTEXTO DA GERÊNCIA DE PROJETOS, p. 39

3.1 A GERÊNCIA DE PROJETOS E SEU CONTEXTO, p. 40

3.2 OS PROCESSOS DA GERÊNCIA DE PROJETOS, p. 45

3.3 AS ÁREAS DE CONHECIMENTO DA GERÊNCIA DE PROJETOS, p. 50

3.3.1 Escopo, p. 50

3.3.2 Prazo, p. 50

3.3.3 Custo, p. 51

3.3.4 Riscos, p. 51

3.3.5 Integração, p. 52

3.4 OS SOFTWARES DE GERÊNCIA DE PROJETOS, p. 53

4 PLANEJAMENTO DA IMPLANTAÇÃO DE SISTEMAS DE GESTÃO DA QUALIDADE, p. 54

4.1 INICIAÇÃO DO PROJETO, p. 55

4.2 PLANEJAMENTO DO PROJETO, p. 59

4.2.1 Planejamento do escopo da implantação, p. 59

4.2.2 Planejamento do prazo da implantação, p. 66

4.2.3 Planejamento do custo da implantação, p. 84

4.2.4 Planejamento do risco da implantação, p. 89

4.2.5 A integração do planejamento da implantação, p. 91

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS, p. 95

5.1 CONCLUSÕES, p. 95

5.2 RECOMENDAÇÕES, p. 100

6 OBRAS CITADAS, p. 102

7 OBRAS CONSULTADAS, p. 104

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1 INTRODUÇÃO

1.1 APRESENTAÇÃO

A globalização do mercado é um dos motivos pelos quais os clientes se

tornam cada vez mais exigentes em relação aos produtos e serviços que adquirem.

A sobrevivência das organizações no mercado depende muito de sua adequação a

este novo paradigma competitivo. Em resposta às necessidades do mercado, muitas

organizações buscam a excelência em servir, viabilizada através da melhoria

contínua dos processos e produtos.

Neste contexto se insere a gestão pela qualidade total. Muitas organizações

investem na gestão com base em fundamentos preconizados pelos prêmios da

qualidade e pelas normas de sistemas de gestão, como as da ISO (International

Organization for Standardization). Para obtenção de certificados de conformidade

com as normas e participação em prêmios, as organizações devem possuir sistemas

de gestão estruturados para a qualidade.

No Brasil, existem programas de qualificação setoriais, adequados a

construção civil. O PBQP-H, Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade no

Habitat, é o programa de qualificação de caráter nacional.

A qualidade evoluiu, historicamente, de acordo com a evolução da

humanidade, passando por três fases: qualidade intrínseca, estruturada e

extrínseca. Na terceira fase, a qualidade extrínseca, a partir da Gestão Integrada da

Qualidade Total, surgiram as idéias e princípios considerados atualmente. Esse

modelo de gestão evoluiu para a chamada Gestão Estratégica da Qualidade Total,

na qual a qualidade é feita para o mercado consumidor.

A qualidade segundo alguns dicionários é a “propriedade, atributo ou

condição das coisas ou das pessoas capaz de distingui-las das outras e lhes

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determinar a natureza. Numa escala de valores, qualidade que permite avaliar e,

conseqüentemente, aprovar, aceitar ou recusar qualquer coisa”. Outro significado é

“o ponto em que um produto ou serviço alcança ou excede exigências e expectativas

de um cliente”. (apud SALLES, 2002)

Os chamados mestres ou gurus da qualidade têm diferentes significados para

qualidade, de acordo com o contexto da gestão. Cada um deles tem seus próprios

passos ou fundamentos da qualidade, sendo os precursores dos sistemas que

conhecemos hoje. Todos concordam que o cliente é o foco dos negócios da

organização.

Os prêmios da qualidade surgiram como forma de estimular as organizações

a implantar e manter um sistema estruturado de acordo com os critérios de

excelência. O primeiro deles surgiu no Japão em 1953, o Deming Prize. Em 1988

surgiu nos EUA o Malcoln Baldrige, e em 1992 surgiram na Europa o The European

Quality Award e no Brasil o PNQ, que é o Prêmio Nacional da Qualidade. Todos os

prêmios possuem fundamentos bastante semelhantes, inclusive semelhantes aos

das normas NBR ISO, com poucas adaptações, necessárias para adequação ao

contexto no qual se inserem.

Os programas de qualificação evolutiva, voltados para o setor da construção

civil brasileira, foram criados para suprir a necessidade de qualificação dos

fornecedores de serviços para órgão públicos. O nome qualificação evolutiva deve-

se ao fato de que a certificação se dá por etapas. Nestes programas, são

estabelecidos critérios adequados ao setor, para certificação de conformidade.

Segundo a NBR ISO 9001:2000, a adoção de um sistema de gestão da

qualidade deve ser uma decisão estratégica de uma organização, influenciada por

necessidades diversas. Atendendo-se aos requisitos normativos, garante-se a

satisfação do cliente, pois há uma abordagem de processo no desenvolvimento,

implementação e na melhoria da eficácia do sistema. A todos os processos é

aplicada a metodologia conhecida como PDCA (Plan-do-check-act), ou seja,

planejar, executar, avaliar os resultados e agir sobre eles, corrigindo problemas ou

mesmo otimizando processos, num ciclo contínuo. (NBR ISO 9001:2000)

Um sistema da qualidade é composto por estrutura organizacional,

responsabilidades e autoridades, procedimentos, processos produtivos e

administrativos, e recursos, os quais interagem e são complementares.

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Um dos principais objetivos de uma organização é obter um produto ou

serviço competitivo, baseado no equilíbrio entre qualidade e fatores de custo. Os

custos totais da qualidade podem ser classificados em custos de prevenção, de

avaliação, de falhas internas e de falhas externas. Outro modelo de custo de

processo racionaliza os custos da qualidade, dividindo-os em custos de

conformidade e os custos de não-conformidade. Os custos da não-qualidade

normalmente superam os investimentos de implantação de um sistema de gestão.

Os motivos que justificam a implantação de um sistema de qualidade são os custos

de erros, defeitos, desperdícios, reclamações, vendas perdidas, e outros, que são

reduzidos através da melhoria contínua dos processos e produtos, pelo controle e

garantia da qualidade.

O controle da qualidade é o conjunto de atividades e técnicas empregadas

para obtenção e manutenção da qualidade de produtos, processos ou serviços.

Objetiva a identificação e eliminação das causas de problemas, para que os

requisitos do cliente sejam continuamente atendidos.

A garantia da qualidade objetiva a prevenção de problemas por meio de

atividades planejadas e sistemáticas, que devem incluir o estabelecimento de um

sistema adequado de gerenciamento, a avaliação de sua adequação, a auditoria da

operação do sistema e sua revisão.

Os processos de planejamento, implantação e manutenção do sistema de

gestão da qualidade podem ser baseados no Ciclo de Deming, ou Ciclo PDCA, que

é a distribuição das etapas em PLAN (planejamento), DO (executar – operar),

CHECK (verificar), e ACT (agir sobre os resultados). Essa metodologia é adotada

objetivando-se a melhoria contínua, obtida com o giro do ciclo, que utiliza os

resultados alcançados para o replanejamento constante, aumentando

continuamente a eficácia e eficiência das operações da organização.

A implantação do sistema da qualidade inicia-se com a fase de planejamento,

pois nesta são garantidos viabilidade e recursos necessários, além da atribuição de

responsabilidades para implantação. Nesta fase, são abordados objetivos, políticas,

estratégias de implantação, cronogramas, orçamento e recursos disponíveis,

procedimentos operacionais, e organização dos responsáveis pela realização das

atividades.

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Este trabalho apresenta o planejamento da implantação do sistema de gestão

da qualidade, através da visão sistemática de gerenciamento de projetos, proposta

pelo Project Management Body of Knowledge (PMBOK), que no Brasil pode ser

chamado de Universo de Conhecimento em Gerência de Projetos. No PMBOK, o

projeto é considerado um empreendimento temporário com o objetivo de criar um

produto ou serviço único. (PMBOK, 2000)

A implantação de um sistema de gestão da qualidade pode ser considerada

um projeto, pois tem início e fim. O marco de início é quando a organização inicia a

implementação de mudanças para adequação aos requisitos normativos. O fim é

marcado pela certificação de conformidade com a NBR ISO 9001:2000, quando os

requisitos estão satisfeitos plenamente. Além disso, o produto do projeto é único,

visto que é o novo sistema que será criado na organização.

Segundo Oakland (1994), as inovações mais importantes de produtos e

serviços são orientadas pelo mercado. A abordagem da inovação, para ser

considerada como estado-da-arte, deve ser baseada no balanço estratégico entre o

velho e o novo, e no compromisso da Alta Direção da organização com o projeto.

A implantação do sistema de gestão da qualidade pode ser considerada

mudança organizacional abrangente, visto que envolve toda a organização e, de

acordo com o nível de excelência em gestão no qual a organização se encontra,

pode ocasionar mudanças profundas nas práticas e padrões da organização.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo geral

Desenvolver estudos sobre os processos de planejamento de sistemas de

gestão da qualidade, baseados nas normas NBR ISO 9000 e SiQ-Construtoras, sob

a ótica do PMBOK.

1.2.2 Objetivos específicos

• Aplicar os conceitos e práticas de gestão de projetos ao planejamento da

implantação de sistemas de gestão da qualidade.

• Descrever o fluxo de documentos e informações entre os processos de

planejamento.

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15

1.3 RELEVÂNCIA

A qualidade é, atualmente, um requisito indispensável à competitividade das

organizações no mercado consumidor, pois pode ser definida como: “Ponto em que

um produto satisfaz às necessidades do cliente”. Em conseqüência disto, as

organizações estão em processo migratório da produção em massa para processos

com melhoria contínua e customização. As organizações brasileiras inseridas neste

contexto necessitam da implementação de sistemas de gestão da qualidade, para

garantir que seus produtos atendam às necessidades e expectativas de seus

clientes.

A competitividade das organizações depende das características do produto

que oferecem, mas também de seu custo. Os custos da não-qualidade normalmente

superam os necessários para a implantação de um sistema de gestão da qualidade,

visto que os custos iniciais logo são pagos pela economia gerada quando se

controla o processo, diminuindo-se perdas, reclamações, assistência pós-entrega, e

tantos outros custos indiretos oriundos da não-conformidade do produto em relação

aos requisitos do cliente.

A gerência de projetos pode ser considerada uma área da administração

relativamente nova, que auxilia as organizações a obterem sucesso em seus

projetos. O PMBOK propõe a sistemática que é aplicável à maioria dos projetos, a

qual é utilizada neste trabalho para o gerenciamento de todos os fatores que

definem o sucesso da implantação do sistema.

1.4 METODOLOGIA

Inicialmente foi efetuada pesquisa bibliográfica destinada a contextualização

do tema, que pautou-se, principalmente, na consulta a normas, resoluções, teses,

dissertações, periódicos e livros, do acervo de diversas fontes públicas e privadas,

além da consulta a “sites” da Internet.

Ao longo da pesquisa bibliográfica foram efetuados estudos sobre gestão da

qualidade visando o aprofundamento nos conceitos, princípios, metodologias e

práticas usualmente adotadas; sobre a normalização existente para certificação de

empresas construtoras; e sobre o contexto da gerência de projetos e as

metodologias e sistemáticas normalmente utilizadas.

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Em seguida, foi efetuado estudo detalhado sobre a sistemática (conceitos e

práticas) da gestão da qualidade e da gerência de projetos, presentes no Programa

Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat - PBQP-H - no SiQ-Construtoras

e no Project Management Body of Knowledge – PMBOK 2000.

Por fim, ao longo da dissertação, foi desenvolvida uma sistemática de

planejamento de sistemas de gestão da qualidade que possibilita o gerenciamento

adequado dos principais fatores de sucesso do projeto.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

Visando atingir os objetivos propostos, foi adotada a seguinte estruturação:

No Capítulo 1, Introdução, é apresentado o contexto de origem deste

trabalho. Discorre-se sobre a importância dos sistemas de gestão da qualidade,

baseados em requisitos normativos, para a satisfação do cliente, e conseqüente

aumento de competitividade, como estratégia de sobrevivência de organizações.

Para viabilizar a implantação do sistema, é sugerido o tratamento proposto pelo

PMBOK ao projeto do sistema, para seu correto gerenciamento.

São apresentados, ainda no capítulo 1, o objetivo do trabalho, a relevância do

tema abordado e a metodologia adotada na elaboração do trabalho.

O Capítulo 2, Sistemas de Gestão, apresenta as normas de sistemas de

gestão da qualidade, meio ambiente, e segurança e saúde ocupacional, comumente

utilizadas no Brasil, além dos prêmios da qualidade existentes no mundo, e os

programas de qualificação evolutiva voltados para o setor da construção civil

brasileira.

O Capítulo 3, Contexto da Gerência de Projetos, apresenta o contexto no qual

a gerência de projetos está inserida, e o PMBOK como sistemática a ser adotada

para o gerenciamento do projeto da qualidade.

No Capítulo 4, Planejamento da Implantação do Sistema de Gestão da

Qualidade, é caracterizado o planejamento da implantação do sistema de gestão da

qualidade, através da execução dos processos propostos de iniciação e

planejamento do PMBOK, para obtenção do Plano do Projeto de Implantação, que é

o documento que servirá de base para a implantação do sistema.

O Capítulo 5, Considerações Finais, conclui o trabalho com a discussão da

validade dos resultados obtidos com a aplicação da sistemática de gerenciamento

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de projetos ao planejamento da implantação, e sugestões para estudos que dêem

continuidade ao trabalho.

Por fim, os Capítulos 6 e 7 apresentam as fontes de dados utilizadas na

pesquisa.

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2 SISTEMAS DE GESTÃO

Existe hoje uma vasta gama de normas para certificação de produtos,

processos e sistemas. As mais comumente utilizadas no Brasil são a NBR ISO

9001:2000, a qual apresenta os requisitos de Sistemas de Gestão da Qualidade

(SGQ), a NBR ISO 14001:1996, referente aos requisitos de Sistema de Gestão do

Meio Ambiente (SGMA), e a OHSAS 18001:1999, referente a Sistemas de Gestão

de Segurança e Saúde Ocupacional (SGSSO). Além desta última, também tem sido

utilizada para implantação de SGSSO a BS 8800:1996, a qual possui estrutura

alinhada com a NBR ISO 14001:1996.

Os requisitos de Sistemas de Gestão da Qualidade também podem ser

encontrados em normas específicas elaboradas para alguns setores produtivos.

Para a construção civil brasileira foi instituído o PBQP-H, Programa Brasileiro de

Qualidade e Produtividade do Habitat, o qual possui uma série de requisitos

específicos para cada tipo de organização ligada à construção civil, como o SiQ-

Construtoras (Sistemas da Qualificação de Empresas de Serviços e Obras - SiQ).

Além das normas, existem os prêmios da qualidade, no âmbito nacional e

internacional. No Brasil, o Prêmio Nacional da Qualidade (PNQ) apresenta os

critérios de excelência que as organizações devem observar, a fim de que possam

concorrer ao prêmio.

2.1 A FAMÍLIA DE NORMAS NBR ISO 9000.

A família de normas NBR ISO 9000 é composta por quatro normas, as quais,

segundo a NBR ISO 9000:2000, servem para apoiar organizações, de todos os tipos

e tamanhos, na implementação e operação de sistemas eficazes de gestão da

qualidade. Juntas, as normas formam um conjunto coerente, que possibilita um

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entendimento único de seus termos e requisitos no âmbito nacional e internacional.

São elas:

• NBR ISO 9000:2000: Sistemas de gestão da qualidade – Fundamentos e

vocabulário.

• NBR ISO 9001:2000: Sistemas de gestão da qualidade – Requisitos.

• NBR ISO 9004:2000: Sistemas de gestão da qualidade – Diretrizes para

melhorias de desempenho.

• NBR ISO 19011:2002: Diretrizes para auditorias de sistema de gestão da

qualidade e/ou ambiental.

Nota-se que esta última faz parte tanto da família de normas de gestão da

qualidade quanto da família relativa à gestão ambiental.

2.1.1 A norma NBR ISO 9000

A NBR ISO 9000 descreve os doze fundamentos de sistemas de gestão da

qualidade e estabelece a terminologia para estes sistemas, apresentando a

definição dos termos utilizados nas normas, sendo estes utilizados neste trabalho.

Em seu texto introdutório, a norma lista os oito princípios de gestão da

qualidade, que formam a base para a família NBR ISO 9000. Estes princípios

viabilizam a melhoria do desempenho das organizações, da seguinte forma:

• Foco no cliente: A satisfação das necessidades e expectativas dos clientes

é fator importante para a sobrevivência das organizações. Com o atendimento dos

requisitos do cliente, gera-se fidelidade e confiança, que leva à estabilidade no

relacionamento cliente – organização. A insatisfação do cliente em relação aos

produtos adquiridos pode levar as organizações ao colapso, pois o cliente

insatisfeito pode trocar de fornecedor com facilidade, simplesmente abandonando

aqueles que não atendem tais necessidades e expectativas.

• Liderança: São os líderes que mobilizam todos os envolvidos nos

processos organizacionais, como funcionários (colaboradores), fornecedores,

acionistas e parceiros, para seguirem o propósito de atingir as metas da

organização. Através do próprio exemplo, as lideranças obtêm comprometimento e

envolvimento, estabelecendo o rumo no qual toda a organização deve seguir.

• Envolvimento das pessoas: Através dos esforços das pessoas, que são a

essência das organizações, os objetivos podem ser alcançados. É importante,

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20

portanto, que os envolvidos tenham consciência de seu papel dentro do sistema

organizacional, e se empenhem para cumpri-lo, para que as metas da organização

possam ser atingidas.

• Abordagem de processo: A produção de produtos e serviços demanda

processos que se inter-relacionam, formando uma cadeia onde a saída de um

processo é a entrada do posterior. A abordagem de processo possibilita o alcance

de metas de maneira mais eficiente, pois as atividades e os recursos a elas alocados

são gerenciados como um todo, ou seja, a qualidade do produto é planejada e

executada em todas as fases da produção, processo a processo, desde sua

concepção até a assistência técnica pós-entrega.

• Abordagem sistêmica para a gestão: A identificação, o entendimento e o

gerenciamento dos processos e suas interfaces, no contexto organizacional,

contribui para que a organização alcance seus objetivos de forma mais eficiente e

eficaz, pois todos os processos, sejam produtivos ou gerenciais, são planejados para

se complementarem e formarem uma infraestrutura única para a qualidade, desde a

Alta Direção até os níveis operacionais.

• Melhoria contínua: Mudanças na conjuntura econômica, tecnológica,

cultural e social, ocorrem a todo momento e com grande intensidade, gerando

instabilidades no mercado. Neste contexto, somente as organizações pró-ativas são

capazes de minimizar os riscos e aproveitar as oportunidades, através de um

processo de aperfeiçoamento contínuo que possibilite oferecer produtos cada vez

melhores, a preços competitivos, viabilizados pela otimização dos processos e

adequação dos requisitos do produto às expectativas e necessidades dos clientes.

• Abordagem factual para a tomada de decisão: Segundo esta abordagem,

as decisões são tomadas com base em informações coletadas de fontes confiáveis,

que garantam sua veracidade, e na constatação de fatos.Dessa forma, faz-se

necessário o conhecimento de técnicas de coleta de dados, devido à necessidade

de informações fiéis à realidade, que reduzam o risco da obtenção de resultados

equivocados.

• Benefícios mútuos nas relações com os fornecedores: A consciência da

interdependência entre organização e fornecedor é estimulada, a fim de estabelecer

relações de benefício mútuo pela colaboração, agregando valor às duas

organizações.

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Segundo a NBR ISO 9000:2000, seu objetivo é estabelecer um senso comum

sobre os fundamentos de toda sua família de normas e o significado dos termos

utilizados em seu contexto. Ela é aplicável às organizações que buscam vantagens

com o estabelecimento do sistema de gestão da qualidade baseado nos requisitos

da NBR ISO 9001 e na relação de confiança com fornecedores. Além disso, é

aplicável a usuários dos produtos, e outros envolvidos com sistemas de gestão da

qualidade como: fornecedores, clientes, órgãos reguladores, auditores, organismos

de certificação, assessoria e treinamento, e pessoas que elaboram normas

correlatas.

Os fundamentos de sistemas de gestão da qualidade apresentados pela NBR

ISO 9000: 2000 são os seguintes:

• Justificativas para sistemas de gestão da qualidade: O sistema de gestão

da qualidade, implantado segundo os requisitos da norma NBR ISO 9001, deve

satisfazer os requisitos normativos, os quais garantem que os processos produtivos

são mantidos sob controle e buscam a melhoria contínua da eficácia e eficiência, e

que os requisitos do produto são revistos, avaliados e adequados para satisfação do

cliente.

• Requisitos para sistemas de gestão da qualidade e requisitos para

produtos: A família NBR ISO 9000 distingue requisitos de produtos dos de sistemas.

Os requisitos da NBR ISO 9001:2000 visam a eficácia do sistema de gestão da

qualidade, sendo estruturados de acordo com os oito princípios de gestão. Os

requisitos de produto são aqueles expressos por normas regulamentadoras,

contratos, especificações, ou identificados pela organização, não sendo expressos

na Norma, que enfatiza a necessidade da identificação, análise e ação sobre os

requisitos do produto, para o atendimento das necessidades e expectativas dos

clientes, porém não especifica qualquer que seja.

• Abordagem de sistemas de gestão da qualidade: Esta abordagem

considera que para a qualidade ser alcançada, é necessário o envolvimento de toda

a organização, funcionando como um sistema, onde todos os processos se

relacionam, e todos as pessoas, de todos os níveis organizacionais, entendam e

praticam a qualidade, de acordo com a política da organização. Há uma série de

etapas que formam a abordagem de sistemas da qualidade, na qual é baseado este

trabalho. As organizações que a adotam geram confiança na capacidade de seus

processos e na qualidade de seus produtos, visando a satisfação de clientes

Page 23: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

22

externos e internos (funcionários, acionistas, parceiros e outros) pela garantia da

qualidade.

• Abordagem de processo: Consiste da identificação sistemática e do

gerenciamento dos processos e suas interfaces, além de considerar os recursos

envolvidos nestes processos. Os processos existentes no sistema de gestão da

qualidade, de forma geral, podem ser organizados num ciclo inspirado no PDCA

(Ciclo de Deming), onde as etapas formam uma corrente: Responsabilidade da

Direção; Gestão de recursos; Realização do produto; Medição, análise e melhoria, e

retornando ao início em Responsabilidade da Direção.

A Norma estabelece o modelo de sistema de gestão da qualidade baseado no

processo, que pode ser resumido na Figura 2.1:

Figura 2.1 – Modelo de um processo baseado no sistema de gestão da qualidade.

Fonte: NBR ISO 9000:2000

• Política da qualidade e objetivos da qualidade: A política da qualidade e os

objetivos formarão uma base que levará a organização rumo à melhoria contínua de

seu desempenho. A política mostra este rumo, e é a base para o estabelecimento

dos objetivos. Os resultados são medidos para mostrar a evolução da organização

Page 24: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

23

em direção às metas estabelecidas para os objetivos, levando a um

comprometimento dos envolvidos nos processos organizacionais com o sistema.

• Função da Alta Direção no sistema de gestão da qualidade: A eficácia do

sistema de gestão da qualidade está diretamente associada ao envolvimento e

comprometimento das pessoas que nele atuam. Nesse sentido, a Alta Direção

desempenha papel fundamental. Ela deve garantir um ambiente adequado ao

funcionamento do sistema de gestão da qualidade. Também é a Alta Direção quem

deve estabelecer a política e os objetivos, promove-los por toda a organização,

assegurar o foco no cliente, assegurar processos apropriados que garantam a

satisfação dos requisitos de todas as partes interessadas e que os objetivos sejam

alcançados, garantir a implementação do sistema de gestão, disponibilizar os

recursos necessários, analisar criticamente o sistema, decidir sobre ações relativas à

política, objetivos e melhoria do sistema de gestão da qualidade.

• Documentação: A documentação do sistema é definida pela organização

tendo em vista suas atividades, sendo necessária para garantir o adequado

funcionamento dos processos. Ela possibilita o consenso sobre os padrões e

práticas adotados, fundamenta a análise e melhoria contínua dos processos e

mostra como a organização entende os requisitos normativos e os cumpre. A

documentação deve agregar valor ao sistema, não sendo um fim em si mesma.

• Avaliação de sistemas de gestão da qualidade: A avaliação do sistema

consiste em auditorias e análise crítica de dados coletados para controle e auto-

avaliação, que levarão a organização a uma melhoria contínua, pela correção de

problemas e falhas existentes, e prevenção de problemas potenciais apontados nas

análises.

• Melhoria contínua: A melhoria contínua busca aumentar cada vez mais a

satisfação dos envolvidos (clientes internos e externos). Sua base é o aprendizado

com os resultados obtidos e ação sobre eles, sejam elas corretivas, preventivas ou

de melhoria.

• Função das técnicas estatísticas: As técnicas estatísticas são importantes

para o entendimento da variabilidade dos processos, de forma que as organizações

possam avaliar seu grau de eficácia e eficiência. Para isso, existe a norma ABNT

ISO/TR 10017, que apresenta diretrizes sobre técnicas estatísticas.

Page 25: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

24

• Sistemas de gestão da qualidade e outros enfoques de sistema de gestão:

O sistema de gestão da qualidade pode ser implantado concomitantemente com

outros sistemas de gestão. Por exemplo, os requisitos da norma NBR ISO 14001

são compatíveis com os requisitos da NBR ISO 9001, o que viabiliza a implantação

concomitante das normas. Também outros sistemas podem ser implantados, sem

prejuízo em caso de auditorias para certificação de parte do sistema ou como um

todo, formando um sistema de gestão integrado.

• Relação entre sistemas de gestão da qualidade e modelos de excelência:

Os requisitos normativos para sistemas de gestão da qualidade são elaborados com

base nos mesmos princípios dos modelos de excelência. Os modelos permitem que

as organizações comparem seu desempenho em relação ao desempenho de

organizações consideradas modelos de excelência. Os requisitos normativos levam

a uma melhoria de desempenho da organização baseado no próprio desempenho.

Ambas abordagens permitem que as organizações encontrem pontos fracos e fortes

do sistema, e oportunidades de melhoria, além de fornecerem uma base para a

melhoria contínua, e preverem disposições para avaliação com base em modelos

genéricos e para o reconhecimento externo.

O vocabulário da norma foi elaborado de acordo com a metodologia que é

apresentada como anexo na mesma. Além disso, o anexo apresenta também a

bibliografia e o índice alfabético. Entre os termos e definições apresentados pela

norma, e que serão utilizados ao longo deste trabalho, destacam-se:

• “Qualidade: grau no qual um conjunto de características inerentes satisfaz a requisitos; • Satisfação do cliente: percepção do cliente do grau no qual seus requisitos foram atendidos; • Controle da qualidade: parte da gestão da qualidade focada no atendimento dos requisitos da qualidade; • Garantia da qualidade: parte da gestão da qualidade focada em prover confiança de que os requisitos da qualidade serão atendidos; • Eficácia: extensão na qual as atividades planejadas são realizadas e os resultados planejados alcançados; • Eficiência: relação entre o resultado alcançado e os recursos usados; • Evidência objetiva: dados que apóiam a existência ou a veracidade de alguma coisa; • Validação: comprovação, através do fornecimento de evidência objetiva de que os requisitos para uma aplicação ou uso específicos pretendidos foram atendidos; • Competência: capacidade demonstrada para aplicar conhecimentos e habilidades”. (NBR ISO 9000:2000)

Page 26: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

25

Considera-se que uma organização que deseja implementar um sistema de

gestão da qualidade deva entender os princípios e fundamentos deste sistema para

que tenha uma visão clara da razão da existência de todos os requisitos, e da

interação entre eles para alcançar a excelência em gestão.

2.1.2 A norma NBR ISO 9001

O objetivo da NBR ISO 9001 é especificar requisitos para organizações que

necessitam demonstrar capacidade para fornecer produtos que atendam aos

requisitos regulamentares e do cliente de forma coerente, e para aquelas

organizações que pretendem aumentar a satisfação do cliente por meio da efetiva

aplicação do sistema, incluindo processos para melhoria contínua e a garantia da

conformidade com requisitos do cliente e requisitos regulamentares aplicáveis.

Segundo a NBR ISO 9001:2000 a adoção de um sistema de gestão da

qualidade deve ser uma decisão estratégica da organização, em função de suas

necessidades. Atendendo-se aos requisitos normativos, garante-se a satisfação do

cliente, pois há uma abordagem de processo no desenvolvimento, implementação e

na melhoria da eficácia do sistema.

A NBR ISO 9001 pode ser usada por partes internas e externas à

organização, incluindo organismos de certificação, para avaliar a capacidade da

organização de atender aos requisitos do cliente, os regulamentares e os da própria

organização.

A NBR ISO 9004 foi elaborada de forma que pudesse formar um par coerente

com a NBR ISO 9001. Estas normas são complementares. A NBR ISO 9004 é uma

norma guia que sugere ações para que as organizações melhorem seu desempenho

global.

A norma NBR ISO 14001 é alinhada à NBR ISO 9001, a fim de compatibilizar

os requisitos para um sistema único de gestão. A NBR ISO 9001 não apresenta

requisitos específicos de outros sistemas de gestão, mas não impede que outras

normas sejam adotadas para a formação de um sistema de gestão integrada.

A NBR ISO 9001 é aplicável a todo tipo de organização independente do

ramo de negócios ou porte. Todos os requisitos apresentados são necessários para

a certificação, sendo aceitas exclusões somente de alguns itens referentes à

realização do produto, desde que não afetem a capacidade ou responsabilidade da

organização de fornecer produtos que atendam aos requisitos.

Page 27: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

26

As seções 4 a 8 da norma apresentam os requisitos, desdobrando-os em

todos os detalhes necessários para implementação do sistema. São eles:

4- Sistema de gestão da qualidade;

5- Responsabilidade da Direção;

6- Gestão de recursos;

7- Realização do produto;

8- Medição, análise e melhoria.

Todos estes requisitos interagem mutuamente, formando uma seqüência que

leva a melhoria do sistema, de acordo com o modelo da abordagem de processo,

baseado no ciclo PDCA.

A Norma possui anexos informativos, que mostram a correspondência entre a

NBR ISO 9001:2000 e as normas NBR ISO 14001:1996, e NBR ISO 9001:1994.

2.1.3 A norma NBR ISO 9004

As organizações buscam a identificação e entendimento dos requisitos de

seus clientes a fim de obter vantagem competitiva. Para que esses objetivos sejam

alcançados com eficácia e eficiência, a norma NBR ISO 9004 considera questões

sobre gestão de benefícios, custos e riscos que não são abordadas pela NBR ISO

9001.

Assim como a NBR ISO 9001, esta Norma também se baseia nos oito

princípios de gestão da qualidade e na abordagem de processo, e é compatível com

outros sistemas de gestão como os de Sistemas de Gestão Ambiental e Sistemas de

Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional.

A NBR ISO 9004 não intenciona impor uniformidade na estrutura de sistemas

de gestão da qualidade ou uniformidade de documentação. Seu objetivo é fornecer

diretrizes que vão além dos requisitos da norma NBR ISO 9001, para considerar

tanto a eficácia quanto a eficiência do sistema de gestão da qualidade e, por

conseqüência, o potencial para melhoria do desempenho da organização. Os

objetivos de satisfação do cliente e qualidade do produto são estendidos,

considerando a satisfação das partes interessadas e o desempenho da organização.

Não existe certificação para sistemas de gestão baseados nesta norma. Esta

é somente uma guia para as organizações melhorarem o desempenho após a

implantação do sistema baseado na NBR ISO 9001. Não é seu objetivo servir de

Page 28: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

27

guia de implementação dos requisitos para certificação apresentados pela NBR ISO

9001.

Seu texto é organizado em capítulos de forma semelhante à NBR ISO 9001,

sendo porém desdobrados em mais itens, cuja implantação agrega valor para a

organização.

A Norma também possui anexos com diretrizes para auto-avaliação da

organização e considerações sobre o processo de melhoria contínua.

2.1.4 A norma NBR ISO 19011

A NBR ISO 19011 apresenta diretrizes para auditorias de sistemas de gestão,

tanto da qualidade, quanto ambiental. Sua existência se deve à importância das

auditorias, enfatizada pelas normas NBR ISO 9000 e NBR ISO 14000, como

ferramenta de gestão para a verificação da eficácia da implementação da política da

organização e monitoramento do sistema de gestão.

Além disso, as auditorias são essenciais para fins de certificação e avaliação

da conformidade.

As diretrizes apresentadas pela Norma podem, e devem, ser adequadas ao

tamanho, tipo e porte da organização auditada, havendo em seu texto exemplos que

auxiliam a prática em pequenas organizações. Além disso, pode servir de apoio para

auditorias de outros tipos de sistemas.

Esta Norma tem como referência a NBR ISO 9000:2000 e a ISO 14050:1998

– Environmental management - Vocabulary. Ainda assim, possui um item com

alguns termos e definições aplicáveis.

Os itens 4 a 7 tratam das diretrizes, sendo estas apresentadas da seguinte

forma:

4- Princípios de auditoria;

5- Gerenciando um programa de auditoria;

6- Atividades de auditoria;

7- Competência e avaliação de auditores.

Estas diretrizes auxiliam na melhoria contínua dos processos de auditoria,

pois foram organizadas de acordo com a metodologia do ciclo PDCA. As diretrizes

pretendem que o processo seja eficiente e eficaz, através do correto planejamento e

implantação e controle do processo de auditoria, enfatizando a importância do

auditor para seu êxito.

Page 29: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

28

2.2 A FAMÍLIA DE NORMAS NBR ISO 14000.

Observa-se uma evolução da legislação e das políticas de incentivo de

proteção ao meio ambiente, a fim de satisfazer as necessidades de várias partes

interessadas nos negócios das organizações, que buscam, cada vez mais, atingir e

demonstrar o desempenho ambiental correto, através do controle do impacto de

suas atividades e produtos ou serviços no meio ambiente.

Nesse contexto, de forma semelhante às normas de gestão da qualidade, foi

criada a família de normas NBR ISO 14000 relativas à gestão ambiental, das quais

destacam-se as seguintes:

• NBR ISO 14001:1996: Sistemas de gestão ambiental – Especificação e

diretrizes para uso.

• NBR ISO 14004:1996: Sistemas de gestão ambiental – Diretrizes gerais

sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio.

• NBR ISO 14015:2002: Sistemas de gestão ambiental – Avaliação

ambiental de locais e organizações.

• NBR ISO 19011: Diretrizes para auditorias de sistema de gestão da

qualidade e/ou ambiental.

2.2.1 A norma NBR ISO 14001

A NBR ISO 14001 apresenta os requisitos de sistemas de gestão ambiental.

Possui uma visão sistêmica da gestão ambiental, abordando questões como

políticas e objetivos ambientais, além de comprometimento de todos os níveis e

funções, entre outros. Ela é aplicável a organizações que desejam implementar,

manter e aprimorar um sistema de gestão ambiental; assegurar conformidade com

sua política ambiental definida; demonstrar tal conformidade a terceiros; buscar

certificação/registro do sistema por organização externa; realizar auto-avaliação e

emitir auto-declaração de conformidade com esta Norma (NBR ISO 14001:1996).

Para organizações que desejam ir além desses requisitos auditáveis, é

recomendada a NBR ISO 14004.

Não são abordados requisitos específicos de gestão de qualidade, ou de

gestão da segurança e saúde ocupacional, porém, é possível implementar sistemas

desta natureza concomitantemente com o proposto por esta Norma.

Page 30: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

29

Esta Norma, assim como a NBR ISO 9001 pode ser considerada modelada

no ciclo PDCA de melhoria contínua, de acordo com seus itens.

A Norma apresenta, uma série de definições de termos técnicos importantes

utilizados em seu texto, e por fim, o capítulo 4 – Requisitos do sistema de gestão

ambiental.

O capítulo 4 é desdobrado em requisitos, que são:

4.1- Requisitos Gerais

4.2- Política Ambiental

4.3- Planejamento

4.4- Implementação e Operação

4.5- Verificação e Ação Corretiva

4.6- Análise Crítica pela Administração

Existe também o Anexo A – Diretrizes para uso da especificação, Anexo B –

Correspondência entre a NBR ISO 14001:1996 e NBR ISO 9001:1994, e o Anexo C

– Bibliografia.

2.2.2 A norma NBR ISO 14004

Esta Norma possui estrutura semelhante à NBR ISO 14001, porém os

requisitos são desdobrados em itens que não são abordados na NBR ISO 14001.

Nota-se que estas duas normas são complementares, de forma semelhante às de

gestão da qualidade (NBR ISO 9001 e NBR ISO 9004).

O objetivo geral desta Norma é fornecer assistência a organizações na

implementação ou o aprimoramento de um SGA. Ela é coerente com o conceito de

desenvolvimento sustentável e compatível com estruturas culturais, sociais e

organizacionais diversas (NBR ISO 14004:1996).

Além disso, a Norma possui uma discussão sobre os benefícios de um

sistema de SGA, e ainda mais, da importância de sua eficácia.

A estrutura de tópicos desta Norma é semelhante a NBR ISO 14001.

2.2.3 A norma NBR ISO 14015

Além da Norma NBR ISO 19011, faz-se necessária, no contexto da gestão

ambiental, a Norma NBR ISO 14015 que trata da avaliação ambiental. O processo

Page 31: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

30

de avaliação difere do processo de auditoria, e é comumente aplicado, o que justifica

a existência da norma específica.

A Norma apresenta orientações de como conduzir uma Avaliação de Locais e

Organizações, através de um processo sistemático de identificação de aspectos e

questões ambientais, e determinar suas conseqüências nos negócios. Inclui as

funções e responsabilidades das partes envolvidas na avaliação e os estágios do

processo da avaliação.

Seu corpo é dividido da seguinte forma:

1- Escopo

2- Termos e definições

3- Funções e responsabilidades

4- Processo da avaliação

5- Relatório

6- Bibliografia

2.3 AS NORMAS DE SGSSO: BS 8800 E OHSAS 18000

As normas de segurança e saúde ocupacional são pouco difundidas

atualmente, em relação às normas de Sistemas de Gestão da Qualidade e Sistemas

de Gestão Ambiental. Ainda assim, verificam-se organizações conscientes da

importância da satisfação das necessidades e expectativas de todas as partes

interessadas em seus negócios, e para isso estão implementando Sistemas de

Gestão de Segurança e Saúde Ocupacional, que visam a melhoria da qualidade de

vida do trabalhador.

A Norma OHSAS 18001 de 1999 possui requisitos para certificação, de forma

semelhante à NBR ISO 9001:2000, porém, seu formato original não foi desenhado

de acordo com as normas ISO.

A norma guia BS 8800 de 1996, está alinhada com a norma NBR ISO

14001:1996. Possui a mesma estrutura de tópicos, adaptando os itens relativos a

gestão ambiental, para gestão da segurança e saúde ocupacional. Isto facilita sua

implantação concomitantemente com outros sistemas de gestão, formando uma

gestão integrada, porém, ela não é uma norma para certificação.

Page 32: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

31

2.4 OS PRÊMIOS DA QUALIDADE

Os prêmios da qualidade surgiram como forma de estimular as organizações

a implantar e manter um sistema estruturado de acordo com os critérios de

excelência, os quais se baseiam no estado da arte da gestão organizacional.

O primeiro prêmio surgiu no Japão em 1953, o Deming Prize, cujo título é

uma homenagem ao Dr. Deming, pioneiro na implantação das idéias e princípios da

gestão pela qualidade total em organizações japonesas. Os critérios do prêmio

enfatizam a normalização, a estatística como ferramenta de controle, e planos

futuros das organizações.

Em 1988, nos Estados Unidos, surge o Malcolm Baldrige National Quality

Award, enfatizando em seus critérios o foco no cliente e os resultados do negócio.

Em 1992, na Europa, surge o The European Quality Award, com algumas

inovações nos critérios, que passaram a considerar, por exemplo, os resultados do

negócio, inclusive financeiro, e o impacto da organização na sociedade.

Em outubro de 1991 foi instituída, no Brasil, a Fundação para o Prêmio

Nacional da Qualidade – FPNQ, fundada por organizações privadas e públicas, para

administrar o Prêmio Nacional da Qualidade – PNQ.

Ao longo dos anos, a FPNQ estimulou e participou da criação de diversas

premiações setoriais, estaduais e regionais, como o Prêmio Qualidade Rio – PQRio,

no estado do Rio de Janeiro, que como vários outros, utiliza os critérios da

publicação “Primeiros Passos para a Excelência” da FPNQ, para a avaliação e

premiação no âmbito estadual.

2.4.1 O Prêmio Nacional da Qualidade

O Prêmio Nacional da Qualidade estimula a melhoria da qualidade da gestão

das organizações brasileiras, reconhecendo anualmente aquelas que atingiram o

nível de desempenho da “Classe Mundial”.

O primeiro ciclo de premiações ocorreu em 1992, quando foram adotados

integralmente os critérios do prêmio americano Malcolm Baldrige. Esta decisão foi

tomada devido ao fato do prêmio americano possuir critérios de avaliação, mas não

prescrever metodologias e ferramentas de gestão.

Com o passar do tempo, tendo sofrido várias revisões e modificações, os

Critérios para 2003 foram atualizados de acordo com as seguintes premissas:

Page 33: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

32

“Os Critérios de Excelência devem, permanentemente, espelhar o Estado da Arte da Gestão; e os Critérios de Excelência devem ser claros e de fácil entendimento, com o objetivo de serem utilizados por qualquer tipo de organização, independentemente do porte, do segmento de atuação e de serem públicas ou privadas”. (FPNQ, 2003)

O Prêmio Nacional da Qualidade busca promover o amplo entendimento dos

requisitos para alcançar a excelência do desempenho e, portanto, a melhoria da

competitividade, além da ampla troca de informações sobre métodos e sistemas de

gestão que alcançaram sucesso, e sobre os benefícios decorrentes da utilização

dessas estratégias. Utilizando os Critérios de Excelência como referência, uma

organização pode modelar seu sistema de gestão, realizar uma auto-avaliação ou se

candidatar ao Prêmio Nacional da Qualidade. Todas as organizações participantes

recebem um Relatório de Avaliação, relacionando os pontos fortes e diagnosticando

as oportunidades de melhoria.

O Prêmio é dividido em categorias, as quais são: Grandes Empresas; Médias

Empresas; Pequenas e Micro-Empresas; Órgãos da Administração Pública Federal

e Estadual; Organizações de Direito Privado sem fins lucrativos.

Para fins de candidatura, as organizações devem fornecer informações sobre

os enfoques aplicados em seu sistema de gestão e sobre os resultados alcançados,

de acordo com o que é solicitado pelos Critérios de Excelência. Estas informações

são divididas em Elegibilidade, Inscrição para a Candidatura e Relatório de Gestão,

sendo que este último é composto pelo Perfil da Organização, a Descrição da

Gestão e dos Resultados, e o Glossário de termos utilizados.

A FPNQ possui 12 Fundamentos da Excelência, sendo eles:

• Liderança e constância de propósitos;

• Visão de futuro;

• Foco no cliente e no mercado;

• Responsabilidade social e ética;

• Decisões baseadas em fatos;

• Valorização das pessoas;

• Abordagem por processos;

• Foco nos resultados;

• Inovação;

• Agilidade;

Page 34: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

33

• Aprendizado organizacional;

• Visão sistêmica.

Com o trabalho de pesquisa de muitas organizações e especialistas, somado

à experiência e ao conhecimento, foi estruturado o Modelo de Excelência do PNQ.

Este modelo é útil para avaliação, diagnóstico e orientação de qualquer tipo de

organização, em função de sua flexibilidade, da simplicidade da linguagem utilizada,

e principalmente, por não prescrever ferramentas e práticas de gestão específicas.

Figura 2.2: Modelo de Excelência do PNQ Fonte: Critérios de Excelência 2003. FPNQ

Estes oito Critérios se subdividem em vinte e sete Itens de Enfoque e

Aplicação, sendo que cada um dos itens solicita, de forma específica, requisitos

relacionados à gestão da organização. Estes itens foram estruturados em tópicos, de

forma que, ao serem respondidos, demonstram a definição, execução e controle das

práticas de gestão, além do aprendizado que a organização obtém quando os

implementa. De acordo com o ciclo PDCA, foi estruturado o diagrama de gestão,

Page 35: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

34

mostrado na Figura 2.3, que é aplicado a cada item, sendo que as fases que estão

na parte superior à linha tracejada (a) são as correspondentes à definição, execução

e controle, e as fases inferiores (b) são correspondentes ao aprendizado. Cada item

possui cinco tópicos, sendo os três primeiros referentes à definição e à execução, o

quarto ao controle, e o quinto ao aprendizado.

Figura 2.3: Diagrama de Gestão do PNQ Fonte: Critérios de Excelência 2003. FPNQ

As organizações são avaliadas, recebendo notas que variam de acordo com o

grau em que satisfazem os critérios. Dessa forma, essas organizações são

classificadas, dentro do total de 1000 pontos distribuídos, destacando-se as

primeiras colocadas para a premiação.

2.5 OS PROGRAMAS DE QUALIFICAÇÃO EVOLUTIVA

O primeiro programa de qualificação evolutiva foi o QUALIHAB, instituído pelo

Decreto no 41.337, de 25/11/1996, coordenado e implementado pela Cia de

Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo – CDHU. O

programa exige, desde 01/01/2000, o Nível A de qualificação. Em sua origem, visava

a certificação de construtoras, organizações especializadas em engenharia de

fundações e gerenciadoras, que prestavam serviço para o governo do estado.

Page 36: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

35

A partir de então, surgiram outros programas de qualificação evolutiva, como

o PBQP-H, no âmbito federal, e os programas estaduais, como em Minas Gerais o

PMQP-H, no Rio de Janeiro o QUALIPAV, entre outros.

2.5.1 O PBQP-H

O PBQP-H, Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade na Construção

Habitacional, foi instituído em 18 de dezembro de 1998, pela portaria no 134, do

então Ministério do Planejamento e Orçamento.

Este programa busca a melhoria contínua do habitat e a modernização

produtiva, com a organização do setor da construção civil. Seu objetivo de longo

prazo é:

“(...) criar um ambiente de isonomia competitiva que propicie soluções mais baratas e de melhor qualidade para a redução do déficit habitacional no país e, em especial, o atendimento das famílias consideradas de interesse social. Não é um programa que se pretende impor, mas sim que vai sendo construído sobre consensos e em resposta a um diagnóstico sobre os problemas existentes, estabelecidos conjuntamente pelas entidades participantes”. (PBQP-H, 2003)

No ano de 2000 foi feita uma ampliação do escopo do Programa, que passou

a integrar o Plano Plurianual “Avança Brasil”, englobando também as áreas de

Saneamento, Infra-estrutura e Transportes Urbanos. Assim, o “H” do Programa

passou de “Habitação” para “Habitat”, conceito mais amplo, refletindo sua maior área

de atuação. A sigla PBQP-H significa, a partir de então, Programa Brasileiro da

Qualidade e Produtividade do Habitat.

O objetivo geral do PBQP-H é:

“Apoiar o esforço brasileiro de modernidade pela promoção da qualidade e produtividade do setor da construção habitacional, com vistas a aumentar a competitividade de bens e serviços por ele produzidos, estimulando projetos que melhorem a qualidade do setor”. (PBQP-H, 2003)

A adesão ao programa é voluntária, conforme definição da portaria de

criação, sendo formalizada quando se tratam de agentes da cadeia produtiva, do

setor público, financiadores e de fomento, e fiscalizadores e de direito econômico.

Entre as organizações aderidas ao programa, encontram-se a Caixa Econômica

Page 37: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

36

Federal, o BNDES, a FINEP, o Banco da Amazônia – BASA, a ABNT, bancos

privados, e muitos outros.

O Programa envolve várias ações em busca da qualidade e produtividade,

entre as quais se destacam as seguintes: qualificação de construtoras e de

projetistas, melhoria da qualidade de materiais, formação e requalificação de mão de

obra, normalização técnica, capacitação de laboratórios, aprovação técnica de

tecnologias inovadoras, e comunicação e troca de informações. Nesse sentido, foi

instituído em novembro de 2000 o Sistema de Qualificação de Empresas de

Serviços e Obras (SiQ) do PBQP-H. Seu regimento tratava, além dos princípios e

objetivos do SiQ, da estrutura do sistema, da documentação de referência, e do

processo de qualificação.

Em dezembro de 2002, nova versão do SiQ foi publicada, tendo em vista a

revisão das normas NBR ISO 9000:2000, visto que os Itens e Requisitos para

qualificação são baseados nesta família de normas. O regimento do SiQ passou a

tratar dos princípios e objetivos, das definições, da estrutura do sistema, da

documentação de referência, dos procedimentos e obrigações dos organismos de

certificação credenciados, e do sistema de retroauditorias.

A versão 2002 dos Itens e Requisitos do SiQ-Construtoras possui a mesma

estrutura de requisitos da versão 2000 da norma NBR ISO 9001, sendo que os

requisitos são distribuídos em quatro níveis de qualificação, ao longo dos quais as

organizações vão evoluindo, com a melhoria contínua, partindo do nível D, onde são

dados os primeiros passos em direção à excelência da qualidade, até o nível A,

quando a organização já possui um sistema maduro.

A cada nível implantado, a organização é auditada e certificada, estando apta

a receber concomitantemente a certificação pela norma NBR ISO 9001:2000, ao

receber a certificação do nível A do SiQ do PBQP-H.

Os itens e requisitos do SiQ-Construtoras do PBQP-H – versão 2002, bem

como sua distribuição ao longo dos níveis de qualificação, podem ser observados no

Qaudro 2.1.

As indicações de “II” ou “III” significam que o requisito exige o

desenvolvimento de novos pontos do sistema de gestão da qualidade entre

diferentes níveis de qualificação. Além disso, todos os requisitos, inclusive os

indicados em todos os níveis com “I”, devem ter suas exigências atendidas em todas

Page 38: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

37

as áreas aplicáveis, a cada nível de qualificação do sistema de gestão da empresa,

ou seja, são cumulativos, permanecendo no sistema.

O nível mais avançado inclui as exigências de todos os níveis anteriores.

SiQ-Construtoras – versão 2000 Níveis de qualificação

ITEM REQUISITO D C B A4.1 Requisitos Gerais I I I I

4.2.1 Generalidades I I I I 4.2.2 Manual da Qualidade I I II II4.2.3 Controle de documentos I I II II

4. Sistemas de Gestão da Qualidade 4.2 Requisitos de documentação

4.2.4 Controle de registros I I I

5.1 Comprometimento da Direção da empresa I I II III

5.2 Foco no cliente I II5.3 Política da qualidade I I I II

5.4.1 Objetivos da qualidade I II III5.4 Planejamento 5.4.2 Planejamento do Sistema de

Gestão da Qualidade I I I I

5.5.1 Responsabilidade e autoridade I I I I

5.5.2 Representante da Direção da empresa I I I II

5.5 Responsabilidade, autoridade e comunicação

5.5.3 Comunicação interna I 5.6.1 Generalidades I I I I 5.6.2 Entradas para a análise crítica I

5. Responsa-bilidade da Direção da Empresa

5.6 Análise crítica pela Direção

5.6.3 Saídas da análise crítica I

6.1 Provisão de recursos I I I II6.2.1 Designação de pessoal I I I I

6.2 Recursos Humanos 6.2.2 Treinamento, conscientização e competência I I I

6.3 Infra-estrutura I

6 Gestão de recursos

6.4 Ambiente de trabalho I

7.1.1 Plano da Qualidade da Obra I I 7.1 Planejamento da obra 7.1.2 Planejamento da execução

da obra I

7.2.1 Identificação de requisitos relacionados à obra I I

7.2.2 Análise crítica dos requisitos relacionados à obra I I

7 Execução da obra

7.2 Processos relacionados ao cliente

7.2.3 Comunicação com o cliente I

Quadro 2.1: Itens e Requisitos do SiQ-Construtoras do PBQP-H Fonte: PBQP-H, 2002

Page 39: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

38

SiQ-Construtoras – versão 2000 (Continuação) Níveis de qualificação

ITEM REQUISITO D C B A7.3.1 Planejamento da elaboração do projeto I

7.3.2 Entradas de projeto I 7.3.3 Saídas de projeto I 7.3.4 Análise crítica de projeto I 7.3.5 Verificação de projeto I 7.3.6 Validação de projeto I 7.3.7 Controle de alterações de projeto I

7.3 Projeto

7.3.8 Análise crítica de projetos fornecidos pelo cliente I

7.4.1 Processo de aquisição I II II7.4.2 Informações para aquisição I II III7.4 Aquisição 7.4.3 Verificação do produto adquirido I I I

7.5.1 Controle de operações I II III7.5.2 Validação de processos I 7.5.3 Identificação e rastreabilidade I II II

7.5.4 Propriedade do cliente I

7.5 Operações de produção e fornecimento de serviço

7.5.5 Preservação de produto I II II

7 Execução da obra

7.6 Controle de dispositivos de medição e monitoramento I I

8.1 Generalidades I I I 8.2.1 Satisfação do cliente I 8.2.2 Auditoria interna I 8.2.3 Medição e monitoramento de processos I 8.2 Medição e monitoramento

8.2.4 Inspeção e monitoramento de materiais e serviços de execução controlados e da obra

I I II

8.3 Controle de materiais e de serviços de execução controlados e da obra não-conformes

I I

8.4 Análise de dados I 8.5.1 Melhoria contínua I 8.5.2 Ação corretiva I I

8 Medição, análise e melhoria

8.5 Melhoria

8.5.3 Ação preventiva I

Quadro 2.1 (Continuação): Itens e Requisitos do SiQ-Construtoras do PBQP-H Fonte: PBQP-H, 2002

Page 40: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

3 CONTEXTO DA GERÊNCIA DE PROJETOS

O Project Management Body of Knowledge (PMBOK), que no Brasil pode ser

chamado de Universo de Conhecimento em Gerência de Projetos, é a denominação

que representa o somatório de conhecimentos sobre gerenciamento de projetos. No

PMBOK, o projeto é considerado um empreendimento temporário com o objetivo de

criar um produto ou serviço único. (PMBOK, 2000)

A implantação de um sistema de gestão da qualidade pode ser considerada

um projeto, pois tem início no momento em que a Alta Direção inicia as mudanças

para a implantação, e término quando os requisitos da NBR ISO 9001 são satisfeitos

plenamente. Além disso, o produto do projeto é único, visto que é o novo sistema

que será criado na organização.

Após a implantação, é necessário promover a melhoria contínua do sistema,

através do controle e tomada de ações sistemáticas, os quais podem ser

considerados serviços continuados. Os projetos e serviços continuados são

executados por pessoas, restringidos por recursos limitados e planejados,

executados e controlados. A grande diferença entre os projetos e os serviços

continuados é, principalmente, que os primeiros têm características de temporários e

únicos, enquanto os serviços continuados são contínuos e repetitivos.

O PMBOK 2000 cita a implementação de mudanças organizacionais ao nível

de estrutura, pessoas ou estilo gerencial como exemplo de projeto. A implantação do

sistema de gestão da qualidade pode ser considerada mudança abrangente, visto

que envolve toda a organização e, de acordo com o nível de excelência em gestão

no qual a organização se encontra, pode ocasionar mudanças profundas em

práticas e padrões organizacionais.

Existem várias metodologias de gerenciamento de projetos, e alguns

estudiosos notáveis, como Kerzner (2002) que propõe metodologia abrangente,

Page 41: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

40

baseada nas melhores práticas, para o gerenciamento de projetos de qualquer

organização. A ISO (International Organization for Standardization) possui uma

norma que trata da gestão da qualidade no gerenciamento de projetos, que é a NBR

ISO 10006: Gestão da Qualidade – Diretrizes para a qualidade no gerenciamento de

projetos. Esta norma define projeto como: “Processo único, consistindo de um grupo

de atividades coordenadas e controladas com datas para início e término,

empreendido para alcance de um objetivo conforme requisitos específicos, incluindo

limitações de prazo, custo e recursos.” (NBR ISO 10006:2000)

3.1 A GERÊNCIA DE PROJETOS E SEU CONTEXTO

Segundo o PMBOK, a gerência de projetos é a aplicação de conhecimentos,

habilidades e técnicas para projetar atividades que visem atingir os requerimentos do

projeto. No trabalho do projeto, a equipe gerencia demandas concorrentes de prazo,

escopo, risco e qualidade, além de diferentes expectativas das partes envolvidas.

O objetivo da gerência de projetos é o sucesso do projeto. Podemos

considerar que um projeto bem sucedido é aquele que foi concluído conforme o

período de tempo previsto e o custo orçado, no nível adequado de performance ou

especificação, com aceitação dos resultados pelo cliente, com alterações mínimas

de escopo, sem alterar o desenvolvimento normal dos trabalhos da organização e

sem alterar a cultura corporativa. (CARNEIRO, 2002)

Os principais obstáculos ao sucesso dos projetos são, entre outros,

complexidade, requisitos especiais do cliente, dificuldades organizacionais, riscos,

mudanças tecnológicas, dificuldade de estimar prazos e custos, além da

necessidade de balancear demandas conflitantes (trade-off).

A implantação do sistema pode ser considerada um projeto complexo, visto

que atingirá toda estrutura organizacional, com a necessidade de revisão e

adequação de todas as práticas e padrões adotados. Porém, pelo fato dos requisitos

do produto (o sistema) serem provenientes da norma NBR ISO 9001, a qual é

amplamente difundida, e ainda mais, pela existência do SiQ, que foi elaborado a

partir de estudos que visam eficácia e eficiência na implantação do sistema em

organizações construtoras, o projeto torna-se bastante simplificado, pois é

semelhante a outros anteriormente implementados, possuindo baixo risco, escopo

do produto definido, cronograma já estimado, além de muitas outras características

facilitadoras.

Page 42: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

41

Alguns fatores podem ser considerados críticos para o sucesso do projeto,

entre eles, definição clara e completa do escopo, forte senso de trabalho em equipe,

motivação através da participação em decisões, claro e completo entendimento de

papéis e responsabilidades, comprometimento da organização, comunicação

eficiente e orçamento compatível. A falha desses fatores pode causar o fracasso do

projeto. Além desses, o uso de habilidades inadequadas de gestão de projeto, a

liderança ineficaz, o planejamento inadequado e os objetivos confusos são

considerados fatores de fracasso de projetos. (HERSZON FILHO, 2003)

Muitos conhecimentos necessários ao gerenciamento de projetos são

específicos, como a análise de caminho crítico e a estrutura de divisão de trabalho.

Porém, nota-se que há uma superposição de parte destes conhecimentos com

aqueles da gerência geral e específicos das áreas de aplicação. Na administração

geral, trata-se do planejamento, da organização, da alocação de pessoas, da

execução e controle de atividades, além de disciplinas de suporte como leis,

planejamento estratégico, logística e gerenciamento de recursos humanos. As áreas

de aplicação são consideradas em termos de departamentos funcionais, como

produção, pessoal, logística, elementos técnicos e gerência especializada. Percebe-

se que há uma intercessão entre os conhecimentos, que não se restringem a um só

universo de conhecimento, além da interação entre tais universos.

A implantação do sistema de gestão da qualidade pode estar relacionada a

outros projetos dentro de programas de desenvolvimento das organizações,

previstos em seus planejamentos estratégicos, que incluam, por exemplo, a

implantação de sistemas de gestão ambiental e de segurança e saúde ocupacional,

e de mudanças organizacionais, por uso de ferramentas de gestão como

benchmarking, empowerment, reengenharia, entre outros. Um programa pode incluir

vários projetos e serviços continuados.

Um projeto pode ser desdobrado em subprojetos, com componentes mais

gerenciáveis, ou seja, mais detalhados. Em virtude da divisão dos níveis de

qualificação do SiQ-Construtoras, podemos considerar o projeto de implantação do

sistema dividido em 4 subprojetos, os quais visam a certificação em cada nível.

Dessa forma, os subprojetos terão atividades que se repetem a cada passagem de

nível, como o diagnóstico do sistema e as auditorias.

O projeto de implantação, assim como qualquer outro, é composto por

processos, os quais podem ser agrupados, genericamente, nas fases de iniciação,

Page 43: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

42

planejamento, execução, controle e encerramento. A divisão em fases visa um

melhor controle gerencial tendo em vista a incerteza associada ao caráter único dos

projetos.

Figura 3.1 – Ciclo de Vida do Projeto

Fonte: Notas de Aula do Professor Rodrigo Barbosa Neves, 2003.

Na fase inicial, são feitos os primeiros estudos de viabilidade do projeto, até a

sua aprovação final, quando então se inicia a fase de planejamento, na qual o

projeto deverá ser planejado no nível e abrangência necessários às fases

subseqüentes. As duas fases subseqüentes se sobrepõem, e podem ser

consideradas como a implementação, quando as atividades são executadas e

controladas. Quando as atividades do projeto são finalizadas, há o encerramento do

projeto, com a aceitação dos resultados pelo cliente, avaliação do projeto e

desmobilização dos meios e recursos. (HERSZON FILHO, 2003)

Cada fase do projeto é marcada pela conclusão de um ou mais produtos da

fase (deliverables). Nos finais de fase, normalmente é feita a revisão dos principais

subprodutos da fase em relação às especificações do produto, além da avaliação do

desempenho do projeto, tendo em vista a necessidade de se detectar e corrigir

erros, executar mudanças no planejamento, além de determinar se o projeto deve ou

não passar para a próxima fase. Estas finalizações de fase são chamadas de saídas

de fase (phase exits), passagens de estágio (stage gates) ou pontos de término (kill

Page 44: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

43

points). Quando os riscos são considerados aceitáveis, é possível que haja uma

superposição de fases, chamada de fast-tracking, na qual uma fase tem início antes

do término da fase seguinte.

Estas fases podem ser adaptadas, ou renomeadas, de acordo com as fases

do projeto específico, como por exemplo, elaboração da documentação, execução

dos procedimentos, controle e registros, auditorias e certificação. Além disso, os

ciclos de vida geralmente definem quem deverá estar envolvido e qual trabalho

técnico deverá ser realizado, em cada fase.

Os ciclos de vida podem ser descritos genericamente, ou possuir alto nível de

detalhamento, possuindo formulários, diagramas e check-lists para prover estrutura

e consistência. Estas abordagens detalhadas são chamadas de metodologias de

gerenciamento de projetos, que são práticas adequadas a cada organização, de

acordo com seus padrões de trabalho e políticas organizacionais.

Existem características que são comumente encontradas na maioria das

descrições dos ciclos de vida de projetos. O custo e a quantidade de pessoas são

baixos no início do projeto, aumentando com o tempo e reduzindo drasticamente

quando se aproxima a finalização. O risco e a incerteza são altos no início, e vão

diminuindo de acordo com a evolução do projeto, pois a probabilidade de sucesso

aumenta quando o projeto é executado de acordo com o planejado. A influência das

partes vai diminuindo com o tempo, visto que o custo de mudanças e correção de

erros aumenta com a proporção do projeto que já foi executada.

Os ciclos de vida de projetos normalmente são ímpares, ou seja, ainda que

muitos possuam nomes de fases similares e mesmo número de fases, poucos são

idênticos, ainda que estejam na mesma área de aplicação. Além disso, os

subprojetos podem possuir ciclos de vida separados, possuindo suas próprias fases.

É importante ressaltar que o ciclo de vida do projeto distingue-se do ciclo de

vida do produto. Os projetos normalmente são apenas uma fase do ciclo de vida dos

produtos.

Um aspecto importante a ser considerado no projeto é o estabelecimento das

partes envolvidas no projeto de implantação, ou seja, aqueles indivíduos ou

organizações diretamente envolvidos no projeto.

O primeiro envolvido no projeto é o gerente do projeto, ou organização de

gerência de projetos, que usualmente são profissionais de organizações consultoras

que já possuem experiência e metodologia consagradas de implantação.

Page 45: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

44

Outra parte importante é a organização alvo da implantação do sistema, a

qual é o cliente do projeto, podendo seus interesses englobar os da Alta Direção

e/ou acionistas, e dos funcionários de todos os níveis organizacionais. As pessoas

que compõem a equipe do projeto de implantação possuem grande envolvimento,

principalmente aquelas que compõem o Comitê da Qualidade da Organização.

Também são impactadas as organizações fornecedoras de serviços e

produtos para a organização alvo, pois também deverão satisfazer requisitos

normativos. Pode-se citar organizações que fornecem insumos da construção civil e

também serviços especializados, como instalações, impermeabilização e outros, que

deverão ser adequados ao nível de qualidade exigido.

Outro aspecto a ser analisado é a influência que a organização terá sobre o

projeto. O estágio de maturidade do sistema da organização em relação à gerência

de projetos e o nível de excelência em gestão vão determinar a facilidade com que o

projeto será executado, pois quanto mais avançadas são as organizações, menor o

espaço a ser preenchido entre as práticas organizacionais e as necessárias para

satisfazer os requisitos do sistema. Também o estilo, a cultura e a estrutura

organizacionais terão influência, pois uma abordagem não usual e inovadora será

mais facilmente aceita por uma organização empreendedora, e um projeto

participativo será melhor aceito em organizações com hierarquia pouco rígida.

Existem habilidades da gerência geral que tendem a influenciar a maioria dos

projetos, seja porque serão utilizadas em um dado projeto, seja porque são

fundamentos de algumas habilidades da gerência de projeto. O PMBOK cita a

liderança como uma das principais habilidades, e sua importância foi discutida

anteriormente, por se tratar de um fundamento da qualidade. Também foi enfatizada

anteriormente, como fundamento da qualidade, a importância da comunicação na

organização. Ressalta-se que a gerência de comunicação enquanto área de

conhecimento do PMBOK é semelhante a esta habilidade da gerência geral, mas

possui características que a distingue. A habilidade de negociação será utilizada

durante o projeto para negociar objetivos de escopo, custo, cronograma, além de

mudanças destes, de termos e condições contratuais e de designações e recursos.

Também são utilizados métodos de solução de problemas, que são uma

combinação entre definição do problema e tomada de decisão. Por fim, o PMBOK

cita a influência pessoal na organização, que exige entendimento das estruturas

formais e informais de todas as organizações envolvidas, para promover a execução

Page 46: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

45

do projeto conforme planejado, sendo importante, para isso, o conhecimento dos

mecanismos de política e poder dessas organizações.

Também se inserem no contexto da gerência de projetos, as influências

sócio-econômicas e ambientais. Os regulamentos e padrões, quando são bem

conhecidos, podem ter seus efeitos refletidos nos planos de projeto, caso contrário,

ou seja, se a influência é incerta e desconhecida, deve ser considerada na gerência

de risco do projeto.

A internacionalização é fator que influencia projetos que ultrapassam

fronteiras, devendo-se considerar, entre outros fatores, as diferenças de fuso

horário, logísticas de interconferência, e inconstantes diferenças políticas.

Influências culturais podem ser decisivas para o sucesso do projeto, o qual

deverá ser feito dentro dos padrões de costumes, crenças, práticas políticas,

econômicas, éticas, e outros.

A sustentabilidade social econômica e ambiental é considerada relevante a

partir do momento em que as organizações aumentam a responsabilidade sobre os

impactos resultantes do projeto, sejam no meio ambiente, na sociedade e na

economia.

3.2 OS PROCESSOS DA GERÊNCIA DE PROJETOS

Os projetos são gerenciados por processos, que podem ser entendidos como

uma série de ações que geram resultados. Normalmente, os processos se

enquadram em duas categorias: processos da gerência de projetos; e processos

orientados ao produto. Estes processos, de produtos e de projetos, se sobrepõem

em alguns momentos, como na definição do escopo do projeto, quando há a

necessidade de se conhecer basicamente como o produto deve ser criado.

Os processos de gerenciamento de projetos são agrupados de acordo com as

fases do projeto já mencionadas anteriormente. Os grupos de processo não são

separados ou descontínuos, ao contrário disso, possuem atividades que se

sobrepõem e se repetem durante as fases. A organização dos processos pode ser

baseada no ciclo PDCA. Na fase plan, planejar e replanejar o projeto; em do,

executar; em check, medir e comparar com o Plano; em act, tomar ações corretivas;

em seguida, voltar ao plan para o replanejamento.

Num grupo de processos, os processos individuais são unidos por suas

entradas e saídas. Considerando-se estas uniões, podemos descrever cada

Page 47: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

46

processo em termos de suas entradas, ferramentas e técnicas utilizadas em seus

processos, e saídas. As entradas são documentos ou itens documentáveis que

influenciarão o processo. As ferramentas e técnicas são mecanismos aplicados às

entradas para criar as saídas. Por sua vez, as saídas são documentos ou itens

documentáveis resultantes do processo.

O PMBOK identifica nove áreas de conhecimento a serem gerenciadas em

um projeto. São elas as gerências de: Escopo; Prazo; Custo; Qualidade; Recursos

Humanos; Comunicação; Riscos; Suprimentos; e Integração. Esta última combina os

conhecimentos das demais áreas em seus processos.

A interação destas áreas de conhecimento no projeto pode ser

esquematizada como na figura 3.2.

Figura 3.2 – Áreas de Conhecimento em Gerência de Projetos

Fonte: Da autora

Segundo o PMBOK, a gerência de projetos é um esforço interativo, ou seja,

uma ação, ou a falta de uma ação, em uma determinada área, usualmente afeta

também outras áreas. As interações podem ser diretas e claras, ou podem ser

incertas e sutis. Esta é a razão da avaliação das demandas concorrentes para o

balanceamento de performance, para que todas as áreas possam ter seus objetivos

atendidos satisfatoriamente. Alguns profissionais utilizam um triângulo, onde cada

lado representa três restrições para a avaliação, que objetiva atender os objetivos do

projeto. Estas restrições são: orçamento, cronograma e escopo.

Os processos de projeto podem ser mapeados em relação às fases, assim

como em relação às áreas de conhecimento na qual se inserem. Dessa forma, é

Page 48: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

47

possível organizá-los em um tabela, como a Quadro 3.1, que indica onde geralmente

o processo se encaixa nestes contextos.

MAPEAMENTO DOS PROCESSOS DE GERÊNCIA DE PROJETOS

Grupos de Processos

Áreas de Conhecimento

Iniciação Planejamento Execução Controle Encerramento

Gerência de Integração do Projeto

Desenvolvimento do Plano do

Projeto

Execução do Plano

de Projeto

Controle

Integrado de

Mudanças

Gerência de Escopo do Projeto

Iniciação Planejamento do Escopo

Detalhamento do Escopo

Verificação do

Escopo

Controle de

Mudança de

Escopo

Gerência de Prazo do Projeto

Definição das Atividades

Sequenciamento das Atividades

Estimativa de Duração das

Atividades

Desenvolvimento do Cronograma

Controle do

Cronograma

Gerência de Custo do Projeto

Planejamento dos Recursos

Estimativa dos Custos

Orçamento dos Custos

Controle de

Custo

Gerência de Qualidade do Projeto

Planejamento da Qualidade Garantia da

Qualidade

Controle da

Qualidade

Gerência de Recursos Humanos do Projeto

Planejamento Organizacional

Montagem da Equipe

Desenvolvimento

da Equipe

Gerência de Comunicação do Projeto

Planejamento das Comunicações Distribuição das

Informações

Relato de

Desempenho

Encerramento

Administrativo

Gerência de Risco do Projeto

Planejamento da Gerência de Risco

Identificação dos Riscos

Análise Qualitativa dos Riscos

Análise Quantitativa dos Riscos

Planejamento de Respostas a

Riscos

Controle e

Monitoração dos

Riscos

Gerência de Aquisição do Projeto

Planejamento das Aquisições

Preparação das Aquisições

Pedido de

Propostas

Seleção de

Fornecedores

Administração de

Contratos

Encerramento

dos Contratos

Quadro 3.1 – Mapeamento dos Processos de Gerência de Projeto em Grupos de Processos e Áreas

de Conhecimento. Fonte: PMBOK 2000

No grupo de processos de iniciação existe somente um processo, o

“Iniciação”, componente da gerência de escopo, cuja finalidade é obter o

comprometimento da organização para o início do planejamento do projeto. Neste

Page 49: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

48

processo é definida a necessidade da organização, conforme a estratégia de

negócio. Neste momento, são feitas a descrição do produto ou serviço a ser

produzido, a documentação dos objetivos principais e do escopo, a formação da

equipe de projeto, e a designação do gerente de projetos, além da definição das

suas responsabilidade e limites de autoridades.

No grupo de planejamento está a maior parte dos processos de gerência de

projetos. Este fato é justificado pela importância do planejamento em um projeto,

visto que a sua execução criará um produto novo, que não foi feito anteriormente,

logo, não existe experiência daquela produção. Além disso, planejar é um esforço

contínuo, durante toda a vida do projeto, visto que as informações coletadas durante

o controle servirão para replanejar, adequando sempre o projeto ao que está sendo

executado.

Os brasileiros são conhecidos internacionalmente pela característica de

executarem muitas obras. Normalmente, dedica-se pouco (ou nenhum) tempo para

planejar. Leon Herszon Filho, em suas aulas sobre gerência de projetos, questiona o

porquê de nunca termos tempo para planejar e sempre encontrarmos tempo para

refazer o que não está de acordo. (HERSZON FILHO, 2003). Os japoneses passam

a maior parte do tempo de um projeto planejando, e gastam um curto prazo para a

execução, a qual foi minuciosamente planejada, e possui risco menor de ter que ser

replanejada ou que haja retrabalho das atividades.

Uma característica relevante do planejamento é que este não é uma ciência

exata, ou seja, duas equipes distintas podem elaborar planos muito diferentes para o

mesmo projeto.

Os processos de planejamento são divididos pelo PMBOK em essenciais e

facilitadores. Os essenciais são processos que possuem dependências bem

definidas, devendo ser executados essencialmente na mesma ordem, na maioria

dos projetos. Tais processos podem interagir várias vezes durante um projeto. Os

facilitadores são processos que possuem interações que dependem mais da

natureza do projeto, e sua realização é intermitente ao longo do planejamento,

porém, não são opcionais, ou seja, sua execução deverá ocorrer em algum

momento do planejamento.

Os processos de iniciação e planejamento, em sua totalidade, podem ser

observados na Figura 3.3. As setas indicam as interações de tais processos ao

longo da execução do projeto.

Page 50: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

49

Figura 3.3 – Processos de Iniciação e Planejamento

Fonte: PMBOK 2000

De forma semelhante ao planejamento, os processos de execução são

divididos em essenciais e facilitadores. A execução consiste em administrar pessoas

e outros recursos para realizar o plano. É nesta fase que é consumida maior

quantidade de recursos e, conseqüentemente, gerado o maior custo ao longo do

projeto.

Os processos de controle têm como função básica promover a análise dos

desvios ou variações em relação ao plano, identificados na medição e

monitoramento do projeto. Desvios que possam significar risco aos objetivos do

projeto são considerados para replanejar o projeto, adequando-o a realidade. No

controle também são tomadas ações corretivas para solucionar e prevenir

problemas. Nesta fase são gerados relatórios de performance do progresso do

projeto. Seus processos também são divididos em essenciais e facilitadores, como

os processos das fases anteriores.

A fase de encerramento é a aceitação formal do projeto, é o momento em que

o cliente recebe o produto ou serviço, concordando que este satisfaz os requisitos.

Nesta fase são registradas as lições aprendidas em um banco de dados de

conhecimento. É o momento em que a equipe do projeto é dissolvida.

Os processos e interações apresentados anteriormente são aplicáveis à

maioria dos projetos. Entretanto, é possível que haja adaptações para projetos

específicos. Como exemplo, citam-se grandes projetos que necessitam de um nível

Page 51: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

50

maior de detalhamento, pode haver, em alguns casos, a necessidade de identificar

riscos separadamente em cada área, ou seja, riscos técnicos e de custo, prazo, e

qualidade.

3.3 AS ÁREAS DE CONHECIMENTO DA GERÊNCIA DE PROJETOS

Este trabalho trata dos processos essenciais de planejamento. Portanto,

serão consideradas as áreas de gerência de escopo, prazo, custo, risco e

integração.

3.3.1 Escopo

A gerência de escopo abrange os processos requeridos para assegurar que o

projeto inclua todo e somente o trabalho necessário para completá-lo de forma bem

sucedida. A preocupação fundamental compreende a definição e o controle do que

está, ou não, incluído no projeto, determinando abrangência, objetivos, justificativa,

definição e entregas do projeto. A gerência de escopo inclui o primeiro processo da

gerência de projetos, sendo base para o planejamento das outras áreas.

A gerência de escopo do produto trata dos aspectos e funções que

caracterizam um produto ou serviço. Os processos, ferramentas e técnicas de

gerência de escopo do produto variam conforme a área de aplicação e são

usualmente definidos como parte do ciclo de vida do projeto, não são, portanto, foco

de discussão do PMBOK. O escopo do produto é mensurado contra os requisitos do

produto, e seu desempenho é usualmente chamado de “Qualidade do Projeto”. A

gerência de escopo do projeto trata do trabalho que deve ser feito, com a finalidade

de fornecer um produto de acordo com os aspectos e as funções especificados. Os

processos e ferramentas e técnicas usados para gerenciar o escopo do projeto são

foco do PMBOK. O escopo do projeto é mensurado contra o plano do projeto, e seu

desempenho é usualmente chamado de “Performance do Projeto”. (PMBOK, 2000)

3.3.2 Prazo

A gerência de prazo inclui os processos necessários para assegurar que o

projeto seja concluído no prazo previsto. É praticamente obrigatória, sendo a área

mais percebida da gerência de projetos. É a área que mais sofre influência de outras

e seu gerenciamento isolado não garante o controle do prazo do projeto. Em alguns

Page 52: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

51

projetos, em especial os de pequeno porte, o sequenciamento das atividades, as

estimativas de durações e o desenvolvimento do cronograma possuem vínculos tão

fortes, que podem ser tratados como um único processo. Estes três processos são

tratados distintamente pelo PMBOK por possuírem ferramentas e técnicas

diferentes.

3.3.3 Custo

A gerência de custo inclui os processos necessários para assegurar que o

projeto será concluído dentro do orçamento aprovado. Trata fundamentalmente do

custo da utilização dos recursos nas atividades do projeto, porém, considera

também os efeitos das decisões do projeto no custo de utilização do produto, que

pode ser chamada de custo do ciclo de vida. As técnicas de custo de ciclo de vida e

engenharia de valor são algumas das utilizadas nestes processos.

Podem ser adicionados aos processos da gerência de custo, processos de

diversas áreas técnicas da administração geral, como Análise de Retorno e Fluxo de

Caixa, quando forem necessárias previsões e análises dentro do contexto do

projeto. Normalmente estes processos são feitos fora do ambiente do projeto.

Os custos do projeto podem ser analisados de maneira distinta e em

diferentes momentos pelos interessados no projeto. Portanto, considera-se a

necessidade de informações das partes envolvidas no projeto.

Em pequenos projetos a estimativa de custos e a orçamentação podem ser

associadas ao processo de planejamento dos recursos, como um só processo. Estes

três são tratados separadamente pelo PMBOK por possuírem diferentes técnicas e

ferramentas, de forma semelhante aos processos da gerência de prazo.

A capacidade de influência nos custos é maior nos estágios iniciais do projeto,

e é por essa razão que uma definição antecipada do escopo é importante, assim

como completa identificação de requisitos e execução de um plano consistente.

3.3.4 Riscos

O gerenciamento dos riscos é um processo sistemático de identificar, analisar

e responder aos riscos que incidem sobre o projeto. Consiste basicamente em se

precaver de ocorrências indesejáveis que possam ocorrer durante a execução do

projeto, e que não estão cobertas pelo planejamento.

Page 53: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

52

Risco do projeto é um evento ou condição incerta cuja ocorrência terá efeitos

positivos ou negativos no objetivo do projeto. Portanto, riscos podem significar

ameaças aos objetivos do projeto, como também oportunidades de aprimorá-los.

Isso se deve a incerteza presente nos projetos.

Riscos conhecidos são aqueles identificados, analisados e passíveis de

planejamento. Riscos desconhecidos são aqueles que não podem ser gerenciados,

porém, podem ser considerados através da aplicação de uma contingência genérica

baseada em experiências anteriores.

Os riscos devem ser gerenciados não só para contingência de seus efeitos,

mas também para obtenção de ganhos com a tomada de risco, como por exemplo,

quando se faz um fast-tracking para alcançar o término antes da data prevista. Uma

boa prática que pode ser adotada pelas organizações é a coleta e armazenamento

de informações de qualidade sobre riscos de projetos que implementa.

3.3.5 Integração

O gerenciamento da integração do projeto inclui os processos requeridos para

assegurar que os diversos elementos do projeto estão adequadamente

coordenados. Esta área envolve praticamente todas as outras áreas da gerência de

projetos, e inclui as compensações entre objetivos e alternativas eventualmente

concorrentes de cada área para a satisfação dos objetivos globais do projeto.

Além da integração entre os processos da gerência de projetos, que são o

foco do PMBOK, existe a integração entre outras áreas de gerência, como a

integração do trabalho do projeto com as operações continuadas da organização, e

a integração entre escopo do produto e escopo do projeto. Uma técnica utilizada

para integrar os processos, que também é utilizada para medir o desempenho do

projeto desde a iniciação até a conclusão é a gerência do valor agregado, ou Earned

Value Management – EVM.

Durante a fase de planejamento, os processos das áreas de conhecimento

interagem entre si, e algumas interações podem ser consideradas mais relevantes.

A gerência de escopo interage com as gerências de prazo, custo e risco. Com

a gerência de prazo, a interação acontece porque o início do desenvolvimento do

cronograma está atrelado à definição das atividades. A interação com a gerência de

custo se deve ao fato de que a EAP é entrada de todos os processos da gerência de

custo, influenciando a orçamentação e alocação de recursos. Com risco, a influência

Page 54: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

53

ocorre pois a definição do escopo serve de base para identificação dos riscos do

projeto.

A gerência de prazo interage com a gerência de custo, visto que este limita as

opções de planejamento. Usualmente, o gerenciamento destas duas áreas ocorre

em conjunto. Historicamente, sabe-se que os custos influenciam o prazo a ponto de

inviabilizar projetos. Com a gerência de risco, o prazo também interage pois o risco é

o parâmetro de decisão no fechamento das áreas no planejamento e, além disso,

depende do histórico para ser feita com maior precisão.

A gerência de integração considera as demais áreas de conhecimento pois o

Plano do Projeto é o documento que finaliza e compila o planejamento de todas as

áreas. A integração tem a função de coordenar e balancear a influência entre as

áreas, buscando a relação ideal entre elas para o fechamento do planejamento.

3.4 OS SOFTWARES DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS

Existem no mercado softwares de gerenciamento de projetos, desenvolvidos

para uma vasta gama de usuários, desde organizações de gerência de projetos, até

soluções para usuários isolados.

Os principais softwares encontrados no mercado atualmente são: Primavera

Project Planer (P3) / Sure Track; Ártemis; Microsoft Project; Superproject; e Oracle

Projects.

O software escolhido para ser utilizado neste trabalho foi o Microsoft Project,

que apresenta atualmente a versão MSP 2002. Seu market share é superior a 90%,

e suas principais características são preço e linguagem acessíveis a usuários

individualizados, além da customização do produto às necessidades de diferentes

tipos de clientes, que vão desde organizações especializadas em consultoria em

gerência de projetos, até usuários individualizados.

Page 55: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

4 PLANEJAMENTO DA IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE

O planejamento sistemático é uma prática fundamental da gestão pela

qualidade total. A implantação do sistema de gestão da qualidade deve ser

planejada, a fim de que sejam garantidos sua viabilidade, recursos necessários,

além da atribuição de responsabilidades para que o projeto possa ser executado.

O desenvolvimento e a implementação de um sistema da qualidade, que

viabilize a realização dos objetivos da organização, são estimulados pela

necessidade do gerenciamento de fatores humanos, administrativos e técnicos que

afetam a qualidade do produto. O sistema de gestão da organização deve ser

adequado ao produto ou serviço desta, isto é, adequado à sua atividade-fim, que no

caso é a construção civil. Esta adequação justifica a atenção especial dada ao

planejamento do sistema.

São considerados, neste trabalho, os processos essenciais de planejamento

do projeto. Porém, a fase de iniciação do projeto antecede à fase de planejamento,

sendo importante sua consideração, visto que suas saídas são entradas para

processos da fase de planejamento.

Neste trabalho, consideram-se os processos agrupados por áreas de

conhecimento porém, a seqüência na qual os processos ocorrem pode não ser igual

a apresentada neste trabalho, pois alguns processos de áreas diferentes podem ser

realizados simultaneamente, ou em outras ordens cronológicas, pois as entradas de

alguns processos são saídas de processos de outras áreas, como ocorre com o

desenvolvimento do cronograma, que possui como entradas as saídas de prazo,

custo e risco.

A Figura 4.1 apresenta a seqüência dos principais processos de planejamento

e as saídas que são entradas para processos subseqüentes.

Page 56: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

55

Figura 4.1 – Macrofluxo dos Processos Principais de Planejamento

Fonte: Da autora

4.1 INICIAÇÃO DO PROJETO

A implantação do sistema tem início quando a Alta Direção da organização,

conscientizada sobre a necessidade de aumentar a satisfação dos clientes,

viabilizada pela implantação do sistema baseado nos requisitos normativos da NBR

ISO 9001, inicia a mudança organizacional que levará a sua implantação. O

atendimento aos requisitos da norma gera vantagens que justificam o projeto, como

vantagens competitivas, viabilizadas pela garantia da qualidade do produto, que

gera confiança do cliente. Existem também vantagens internas, de melhorias como a

redução de custos e de retrabalho, a análise e otimização dos processos, a

participação do corpo de trabalhadores, entre tantos outros benefícios do sistema.

Mais especificamente, no caso de organizações construtoras, os sistemas são

comumente baseados nos itens e requisitos do SiQ-Construtoras do PBQP-H, visto

que apresentam metodologia de implantação apropriada para este tipo de

organização, que traduz os requisitos normativos da NBR ISO 9001 para a realidade

da construção civil brasileira.

Page 57: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

56

A etapa de iniciação do projeto de implantação é composta por um único

processo, Iniciação, o qual é o primeiro da gerência de escopo. Este processo visa a

autorização do projeto ou fase.

A iniciação é o processo de reconhecimento formal da existência de um novo

projeto. Uma característica fundamental deste processo é que ele pode necessitar

de pré-requisitos, como estudo de viabilidade, plano preliminar, ou qualquer tipo de

análise anterior. Alguns projetos são iniciados informalmente, para gerar alguma

informação inicial e somente após a análise destas informações são formalmente

iniciados.

A análise preliminar ao projeto de implantação pode considerar os objetivos

da organização, sua política e diretrizes gerais, e suas estratégias para

implementação das diretrizes. Além disso, podem ser considerados a estrutura

organizacional, e os recursos disponíveis para a implantação do sistema. A análise

preliminar mostra os pontos fortes e fracos da organização, para adequação ou

criação do sistema de gestão.

A autorização de um projeto ocorre devido a algumas situações, como

demanda de mercado, necessidade do negócio, pedido de cliente, avanço

tecnológico, exigência legal, ou mesmo uma necessidade social. Estas situações

são estímulos, problemas, oportunidades ou requisitos do negócio, às quais a

organização precisa atender. O projeto de implantação do sistema se enquadra em

quase todos os casos acima, pois a qualificação é uma demanda de mercado, ou

seja, requisito de clientes, como os bancos que fornecem financiamento à

construção civil. Os requisitos normativos são analisados e desenvolvidos tendo em

vista a evolução das tecnologias de produção, sistemas de comunicação, níveis de

excelência em gestão, enfim, tudo aquilo que representa o “estado da arte” para as

organizações construtoras, em busca da satisfação do cliente externo e interno, e

naturalmente, apresentando uma série de vantagens para a organização, com a

aplicação da abordagem de processos, e a busca pela melhoria contínua.

O processo de iniciação possui entradas, que são processadas com a ajuda

de ferramentas e técnicas, para geração de saídas, as quais serão entradas para

processos subseqüentes.

A primeira entrada da iniciação é a descrição do produto. Esta documenta as

características do produto ou serviço que o projeto está incumbido de criar, podendo

ser desenvolvida pelo cliente. Usualmente, não é totalmente concluída antes do

Page 58: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

57

planejamento, e sofre alterações com o desenvolvimento do planejamento, ou seja,

é elaborada progressivamente. A descrição também pode documentar a relação

entre o produto ou serviço e o estímulo que originou o projeto. A descrição do

produto incorpora requisitos que refletem as necessidades dos clientes e o desenho

do produto que suporta os seus requisitos. No caso de organizações construtoras, o

produto é um sistema de gestão da qualidade certificado, que satisfaça os requisitos

normativos, adequado às necessidades da organização, levando em consideração

seu porte, forma de atuação, ramo de negócios, atividade-fim, e tantas outras

características peculiares. Também deve ser considerado o escopo de certificação,

que pode ser toda a organização, ou parte dela, como também somente um

processo produtivo.

A segunda entrada para o projeto é o plano estratégico da organização.

Todos os projetos devem ser apoio para os objetivos estratégicos das organizações.

Segundo a própria norma NBR ISO 9001:2000, a implantação de um sistema de

gestão da qualidade deve ser uma decisão estratégica da organização.

Normalmente, o planejamento estratégico da organização apresenta as ações de

resposta da organização às necessidades do mercado, sendo uma destas ações a

implantação do sistema da qualidade, compatível com outras ações previstas no

plano estratégico.

A terceira entrada são os critérios de seleção do projeto. Estes critérios são

definidos em termos dos méritos do produto do projeto e podem cobrir uma ampla

faixa de possíveis preocupações gerenciais, como retorno financeiro, fatia de

mercado, percepções publicas, e outros, dentro de avaliações de impacto

econômico-financeiro, ambiental, e social. Os custos da não-qualidade normalmente

superam os custos da qualidade, quando há perdas e desperdício, seja na linha de

produção, seja na perda de vendas e conseqüente diminuição da fatia de mercado.

O investimento na qualificação possui retorno em médio prazo, quando o sistema

está implementado. Além da melhoria contínua dos processos, a organização possui

certificado de reconhecimento formal, o qual proporciona diferenciação da

organização em relação às organizações concorrentes. A certificação é

indispensável às organizações construtoras que pretendem atuar em obras públicas

e receber financiamentos da Caixa Econômica Federal ou de bancos privados, que

tenham aderido ao PBQP-H.

Page 59: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

58

A quarta entrada são as informações históricas, oriundas de resultados das

tomadas de decisões sobre seleção de projetos anteriores, quanto ao desempenho

de projetos. Estas informações são consideradas conforme estejam disponíveis. A

organização construtora que investe nesse projeto, normalmente não experimentou

anteriormente mudança organizacional tão abrangente, mas a organização

consultora, na maioria das vezes, já possui prática em projetos semelhantes de

implantação, possuindo um histórico de projetos anteriores bem e mal sucedidos.

As ferramentas e técnicas utilizadas na iniciação são duas: métodos de

seleção do projeto, os quais envolvem a medição do seu valor ou da sua atratividade

para o dono do projeto, utilizando modelos de decisão como a mensuração de

benefícios, otimização, e árvore de decisão; e avaliação especializada, a qual

necessita de habilidades que podem ser providas por um grupo ou indivíduo com

conhecimento ou treinamento especializado, estando tais habilidades disponíveis em

consultores, partes envolvidas, associações profissionais e técnicas e grupos

industriais.

Considera-se neste trabalho que o projeto de implantação do sistema foi

eleito, entre outros, como a melhor alternativa, para resposta aos fatores

considerados nos critérios de seleção de projetos.

As saídas do processo de iniciação são o Project Charter, a identificação e

designação do gerente do projeto, as restrições e as premissas.

O Project Charter é um documento que autoriza formalmente o projeto. Este

contém, ou faz referência a documentos que contenham, as necessidades do

negócio que o projeto está incumbido de tratar e a descrição do produto. É emitido

por um gerente externo ao projeto. Este documento fornece autoridade para o

gerente do projeto utilizar recursos da organização no projeto. Em projetos feitos por

organizações contratadas, o contrato assinado é o Project Charter. No contrato entre

construtora e consultora são descritos o escopo do sistema e a abrangência de sua

implantação, de acordo com as características da organização. O sistema pode ser

abrangente, incluindo toda a organização, ou pode excluir alguns processos ou

departamentos. Além disso, estabelece direitos e deveres de ambas as partes para

o sucesso do projeto, incluindo informações como pessoas designadas pela

organização construtora para compor a equipe do projeto de implantação,

comprometimento da Direção com o sistema, incluindo o atendimento às

necessidades de recursos, entre outras informações.

Page 60: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

59

O gerente do projeto é designado antes do início da execução do plano do

projeto e, preferencialmente, antes que o planejamento do projeto seja feito. O

gerente é um profissional designado pela consultora, com habilidades específicas de

gerência de projetos e de gerência geral, e conhecimentos sobre a aplicação e

desdobramentos dos requisitos normativos para as organizações construtoras.

As restrições são fatores que limitarão as opções da equipe de gerência do

projeto. No caso da implantação pode haver restrições de custos, definidos pela

Direção da organização, ou de prazos, como o cronograma da Caixa Econômica

Federal para certificação das construtoras que utilizam financiamentos. Além disso,

a organização pode estabelecer, segundo interesses próprios, marcos como as

certificações de nível em datas específicas.

As premissas são suposições que, para efeito de planejamento, são

consideradas verdadeiras. São exemplos de premissas relevantes os princípios e

fundamentos da qualidade preconizados pela norma e pelos gurus da qualidade

para o sucesso da implantação do sistema da qualidade, e as idéias fundamentais

da gestão pela qualidade total, que vêm sendo utilizadas ao longo da história da

qualidade, entre outros.

As saídas do processo de iniciação são entradas para a próxima etapa do

projeto, o planejamento, que é a fase do projeto que contém a maioria dos

processos da gerência de projetos, devido à importância desta etapa para o sucesso

do projeto.

4.2 PLANEJAMENTO DO PROJETO

4.2.1 Planejamento do escopo da implantação

O planejamento do escopo é desdobrado pelo PMBOK em dois processos,

que são o planejamento e o detalhamento do escopo.

A Figura 4.2 mostra o fluxo dos processos de iniciação e planejamento de

escopo, com todas as entradas, ferramentas e técnicas utilizadas e saídas.

O processo de planejamento do escopo é a elaboração e documentação

progressiva do trabalho necessário para produzir o produto do projeto, ou seja,

traduzir em atividades práticas os passos para a completa adequação do sistema

existente na organização aos requisitos normativos, ou a criação do sistema.

Page 61: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

60

Figura 4.2 – Fluxo dos Processos de Iniciação e Planejamento do Escopo

Fonte: Da autora

As entradas do planejamento do escopo são saídas da iniciação, ou seja, o

Project Charter e as definições das restrições e das premissas. Além destas, a

descrição do produto, que é entrada para a iniciação, também é utilizada no

planejamento do escopo.

Quatro ferramentas e técnicas são utilizadas durante o processo de

planejamento do escopo: análise de produto, análise de custo/benefício,

identificação de alternativas, e avaliação especializada.

A análise do produto promove melhor entendimento do produto do projeto,

incluindo técnicas de desenvolvimento de produto, como desdobramento da função

qualidade, métodos de Taguchi, engenharia de sistemas, análise de confiabilidade,

análise de valor, entre outros. Um diagnóstico da situação atual do sistema já

existente na organização, em relação aos requisitos normativos do SiQ, pode

apresentar como resultado as deficiências do sistema que deverão ser eliminadas, a

fim de satisfazer plenamente os requisitos, o que é a necessidade básica da

construtora, que deve ser atendida pelo projeto.

A análise de custo/benefício visa a estimativa de custos tangíveis e

intangíveis (gastos) e receitas, das alternativas de projeto e produto, a fim de

possibilitar medidas financeiras, tais como retorno de investimento ou período de

reembolso, para avaliar a qualidade do projeto. Para isto são utilizados métodos de

pay-back, ROI, fluxo de caixa e outros.

A identificação de alternativas é feita através de técnicas como brainstorming

e lateral thinking para encontrar diferentes abordagens do projeto. As alternativas

encontradas são julgadas segundo alguns parâmetros, como qualidade, prazo, custo

Page 62: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

61

e risco, para a eleição daquela que melhor satisfaz a todas essas. A alternativa

utilizada em organizações construtoras é a metodologia de implantação já

consagrada pelo PBQP-H no SiQ-Construtoras.

A última ferramenta é a avaliação especializada, que é a mesma utilizada no

processo de iniciação.

O processamento das entradas, através das técnicas descritas acima, gera as

saídas do planejamento, que são a declaração do escopo, os detalhes de suporte, e

o plano de gerenciamento do escopo.

A declaração do escopo é composta pela documentação que servirá de base

para tomadas de decisões futuras no projeto e para confirmar ou desenvolver um

entendimento comum do escopo entre as partes envolvidas. Esta declaração

contém, ou faz referência a documentos que contenham:

• Justificativa do projeto, de acordo com a estratégia da empresa, que é

atender à necessidade do mercado, o qual exige a qualidade dos produtos, e cada

vez mais, sua garantia através de certificados de conformidade;

• Breve sumário da descrição do produto do projeto, ou seja, criação do

sistema de gestão da qualidade, adequado às características da organização, que

satisfaz aos itens e requisitos do SiQ, e sua certificação;

• Subprodutos do projeto, ou entregas (deliverables), que são o

detalhamento dos subprodutos que deverão ser entregues satisfatoriamente para

que o projeto possa ser considerado terminado, incluindo, por exemplo, o certificado

de conformidade com a norma NBR ISO 9001; e

• Os objetivos do projeto, que deverão ser mensuráveis, para fornecer

dados para o acompanhamento da evolução do projeto através da análise dos

resultados dos indicadores. Nota-se que objetivos não quantificáveis possuem alto

risco para o término do projeto, pois não possuem indicadores numéricos, que são a

forma mais sucinta e clara de avaliar a evolução do objetivo em direção à sua meta.

O principal objetivo do projeto pode ser considerado a certificação do sistema.

Para a definição dos subprodutos do projeto, é levada em conta a

metodologia do SiQ para a implantação do sistema. Dessa forma, o projeto pode ser

dividido em quatro subprojetos, que são a certificação em cada nível, pois muitas

atividades se repetem, seguindo uma seqüência:

Page 63: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

62

• Para cada requisito, de acordo com o diagnóstico elaborado na iniciação,

realizam-se as atividades para sua satisfação. Alguns requisitos podem ser

implantados simultaneamente, outros, precisam seguir uma seqüência lógica, como

a elaboração do procedimento de controle de documentos, antes da criação dos

demais documentos, e ainda, em alguns casos, necessitam ser implantados

simultaneamente, pois os requisitos, de maneira geral, são fortemente integrados, e

a realização das atividades precisam ocorrer ao mesmo tempo;

• Quando todos os requisitos relativos ao nível de qualificação estão

implementados, ou seja, foram implantados e estão sendo executados

satisfatoriamente, a consultora realiza pré-auditorias para garantir a conformidade

com os requisitos, a fim de encontrar e sanar quaisquer problemas e falhas, antes da

auditoria oficial de certificação;

• Ao final do nível, realiza-se a auditoria de certificação, e execução de

qualquer adaptação sugerida pela organização certificadora. Somente com a

certificação da conformidade no nível, o projeto de implantação segue para o

próximo nível de qualificação, repetindo toda a seqüência descrita. Caso contrário, a

organização deverá sanar as não conformidades, para realizar outra auditoria de

certificação, até que seja constatada a conformidade de todos os requisitos do nível.

Os subprodutos de cada subprojetos podem ser, portanto, a satisfação de

cada requisito, e a certificação no nível.

Figura 4.3 – Subprojetos da Implantação dos Itens e Requisitos do SiQ.

Fonte: Da autora

Os objetivos do projeto não são, necessariamente, os mesmos objetivos do

sistema, considerados nos requisitos normativos. Os objetivos do sistema são

otimização de processos, com melhoria de produtividade, redução de perdas e

desperdícios, aumento da satisfação dos clientes internos, entre outros, pois, o

sistema de gestão da qualidade, deve agregar valor à organização, não sendo,

Page 64: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

63

portanto, apenas uma estrutura para a certificação, e sim, mudança organizacional

que levará à melhoria contínua da organização. Os objetivos do projeto, são

relativos ao produto do projeto, que é a implantação do sistema para certificação,

logo, servirão de parâmetro para controle do progresso do projeto. Podem ser

considerados objetivos do projeto a satisfação de cada requisito normativo.

Os detalhes de suporte são documentos organizados de forma a facilitar seu

uso por outros processos de gerenciamento. Incluem a documentação de todas as

premissas e restrições identificadas na iniciação, como as normas NBR ISO 9000 e

9001 e os Itens e Requisitos do SiQ.

O plano de gerenciamento do escopo descreve como este é gerenciado. Este

plano contém a declaração do escopo, os procedimentos para mudança deste, e a

freqüência com que será avaliado. Além disso, o Project Charter também faz parte

do plano de gerenciamento.

O plano de gerenciamento do escopo, que é um componente do plano geral

do projeto, pode ser formal ou informal, detalhado ou amplo, de acordo com a

necessidade do projeto. Com a evolução da implementação das práticas e padrões

organizacionais, pode-se chegar à conclusão que algum departamento ou processo

deve ser excluído do escopo de certificação, e conseqüentemente da implantação,

gerando-se, desta forma, modificações no escopo. Após a certificação do primeiro

nível de qualificação do PBQP-H, normalmente, o escopo de certificação não sofre

modificações. Tais mudanças ocorrem, geralmente, no início do projeto.

As saídas do planejamento do escopo são utilizadas para o próximo processo

que é o detalhamento do escopo.

O detalhamento do escopo representa a subdivisão dos principais

subprodutos do projeto em componentes menores, mais detalhados, que

proporcionam condições de melhoria na precisão das estimativas de custo, prazo e

recursos, além de definir uma linha de base para medição e controle do

desempenho, e facilitar a atribuição de responsabilidades para a implantação do

sistema.

A principal saída do detalhamento, a Estrutura Analítica do Projeto – EAP, ou

WBS - Work Breakdown Structure, é crítica para a qualidade do planejamento e

acompanhamento, e para o sucesso do próprio projeto, pois é a base de todo

planejamento subseqüente de outras áreas de conhecimento.

Page 65: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

64

As entradas do detalhamento do escopo são a declaração do escopo e as

restrições e premissas, que foram descritas anteriormente, além de saídas do

planejamento das outras áreas de gerência, as quais devem ser avaliadas quanto a

possíveis impactos no detalhamento do escopo. Também devem ser consideradas

as informações históricas de projetos anteriores.

As ferramentas e técnicas utilizadas no detalhamento são modelos de EAP e

decomposição.

São modelos de EAP aquelas desenvolvidas em projetos anteriores, que

podem ser utilizadas como referência em um novo projeto. Apesar dos projetos

serem únicos, as EAP podem ser semelhantes, e em algumas áreas de aplicação

podem, inclusive, existir EAP padrões.

A decomposição é a subdivisão dos principais subprodutos do projeto em

componentes mais detalhados, até que os subprodutos estejam definidos em

detalhes suficientes para o desenvolvimento das atividades do projeto. A

decomposição inclui:

• Identificação dos principais subprodutos do projeto, levando-se em conta

como o projeto será efetivamente gerenciado;

• Decisão quanto ao estabelecimento adequado das estimativas de prazo e

custo de cada subproduto;

• Identificação dos elementos constituintes dos subprodutos, os quais são

descritos em termos de resultados tangíveis e verificáveis, sendo conformes ou não-

conformes os requisitos;

• Verificação da exatidão da decomposição, ou seja, a verificação dos itens

de níveis mais baixos de detalhamento, a fim de concluir se são necessários e

suficientes para a conclusão do item decomposto, se cada item está definido com

clareza, e se possuem cronograma, orçamento e designações adequados.

As saídas do detalhamento do escopo são a EAP e atualizações na

declaração do escopo, que podem ser necessárias com o desenvolvimento da EAP,

como alteração das entregas definidas anteriormente, ou até o produto final ou

objetivo do projeto.

A EAP pode ser definida como um agrupamento de componentes de projeto,

orientado para a elaboração de subprodutos, que organiza e define o escopo total do

projeto. (PMBOK, 2000)

Page 66: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

65

As características principais da EAP são a definição da hierarquia das

entregas, o estabelecimento do trabalho total requerido para produzir o produto final

ou uma entrega, e o provimento da visão do escopo total do projeto e de todas as

entregas, através do ciclo de vida do projeto. Além disso, a EAP é a base para

gerenciamento conjunto de prazo e custo, e facilita a designação de

responsabilidades, a geração de relatórios de performance e a análise do status do

projeto através do ciclo de vida, entregas e pacotes de trabalho. (NEVES, 2003)

Segundo Practice Standarts for WBS – PMI Standarts (apud NEVES, 2003), a

preparação da WBS pode ser feita em 4 etapas:

• Identificar o produto final do projeto, ou seja, o que deve ser entregue para

garantir o sucesso do projeto. Revisar os documentos que definem o mais alto nível

do escopo, ou seja, o Project Charter e a declaração do escopo;

• Definir as mais importantes entregas do produto;

• Decompor as entregas maiores em um nível de detalhe apropriado para o

planejamento e controle; e

• Revisar a EAP até que os envolvidos aprovem o plano do projeto,

adequado para atingir os objetivos do projeto.

A Figura 4.4 mostra a EAP do subprojeto de implantação do nível D de

qualificação.

Figura 4.4 – Estrutura Analítica do Subprojeto Implantação do Nível D

Fonte: Da autora

Page 67: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

66

O projeto completo de implantação envolve um número grande de atividades.

Neste trabalho, considera-se apenas uma parte do projeto, que servirá de exemplo

nos processos subseqüentes.

Durante a elaboração da EAP são encontrados desafios como o

balanceamento do detalhamento e dos requerimentos do projeto com a coleta de

informações e necessidade de relatórios. Além disso, um elemento da EAP

representa o conjunto de todos elementos de EAP subordinados a este, e as

entregas devem ser claras o suficiente para eliminar duplicidade de esforço entre

elementos de EAP, organizações e indivíduos.

4.2.2 Planejamento do prazo da implantação

O PMBOK considera cinco processos na gerência de prazo de projetos.

Destes, quatro são realizados na fase de planejamento. O primeiro processo é a

definição das atividades. Em seguida, são realizados o sequenciamento e a

estimativa da duração das atividades, os quais possuem como entrada uma saída da

definição das atividades, e podem ser realizados simultaneamente, não possuindo

relação de dependência entre si. O último processo do planejamento de prazo, o

desenvolvimento do cronograma, necessita de saídas dos dois processos anteriores,

além de saídas de processos de custo e risco.

A Figura 4.5 mostra o fluxo dos processos de planejamento de prazo, com

todas as entradas, ferramentas e técnicas utilizadas e saídas.

Uma falha que ocorre em alguns planejamentos de projetos é a execução dos

demais processos de planejamento, sem a prévia e correta definição do escopo na

EAP, que é considerada a base para todo o planejamento do projeto. No

planejamento de prazo, é a principal entrada do primeiro processo, influenciando

todos os processos subseqüentes, que utilizam suas saídas.

O processo de definição das atividades, o primeiro do planejamento do prazo,

especifica as atividades necessárias para a execução dos subprodutos definidos na

EAP, focadas para a realização dos objetivos do projeto. A realização das atividades

é a execução física do projeto, quando acontecem atrasos ou antecipações, e são

tomadas ações gerenciais de acompanhamento e controle do projeto, as quais

devem ser previstas no planejamento.

Page 68: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

67

Figura 4.5 – Fluxo dos Processos de Planejamento do Prazo

Fonte: Da autora

A definição das atividades possui como entrada principal a EAP. Além desta,

são necessários: a declaração do escopo, que fornece informações fundamentais ao

gerenciamento de prazo, como a descrição do produto do projeto, e a justificativa e

os objetivos do projeto, que traduzem o foco do projeto e o prazo limite para sua

realização; as informações históricas, como atividades requeridas em projetos

Page 69: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

68

semelhantes; as restrições, que são fatores limitantes como datas de algumas

entregas em cronogramas, que podem ser prazos limites para as certificações de

níveis; e as premissas e a avaliação especializada, já discutidas anteriormente.

Duas ferramentas e técnicas são utilizadas na definição das atividades: a

decomposição e os modelos.

A decomposição é a mesma técnica utilizada no detalhamento do escopo,

porém, existe uma diferença fundamental em sua execução em cada processo. No

detalhamento do escopo, a decomposição originava produtos, que são os

subprodutos da EAP. Na definição de atividades, a decomposição origina atividades,

ou seja, as ações para a realização dos produtos. Em algumas áreas de aplicação, a

EAP e a lista de atividades podem ser desenvolvidas paralelamente.

Os modelos são lista de atividades de projetos anteriores, que servem de

referência para elaboração. Estas listas modelo podem conter informações

descritivas como recursos, riscos e resultados esperados de cada atividade.

A saída principal do processo de definição das atividades é a lista de

atividades. Além desta, são saídas deste processo atualizações na EAP e detalhes

de suporte.

A lista de atividades pode ser considerada uma extensão da EAP, que a

completa e define a abrangência do escopo, excluindo qualquer atividade que não

seja parte do escopo do projeto. Assim como a EAP, a lista inclui descrições de cada

atividade, que garantem o entendimento do trabalho a ser executado.

Os detalhes de suporte incluem quaisquer aspectos importantes a serem

registrados, como restrições e premissas. Pode incluir relações de dependência,

como por exemplo, a necessidade do requisito de controle de documentos (requisito

4.2.3) estar implantado para que a atividade de documentação do Manual da

Qualidade (requisito 4.2.2) possa ser realizada.

As atualizações na EAP são ajustes cuja necessidade foi levantada durante a

decomposição. Os subprodutos podem ser alterados, ou descrições equivocadas

corrigidas. Estes ajustes são comumente chamados de refinamentos, e devem ser

refletidos em toda documentação respectiva a EAP.

Os processos subseqüentes ao detalhamento das atividades são o

sequenciamento e a estimativa de duração das atividades.

Como exemplo de lista de atividades, a Quadro 4.1 apresenta as atividades

necessárias à satisfação dos requisitos 4.2.2 e 4.2.3, para o nível D de qualificação.

Page 70: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

69

LISTA DE ATIVIDADES Requisitos 4.2.2 Manual da Qualidade e 4.2.3 Controle de Documentos

Elaboração do Manual

Elaborar o Manual da Qualidade da organização, que inclua os subsetores e tipos de obras abrangidos pelo sistema, os detalhes e justificativas para quaisquer exclusões de requisitos normativos, os procedimentos documentados instituídos para o sistema, ou referência a eles, e a descrição da seqüência e interação entre os processos de sistema.

Documentação do Manual

Executar o procedimento de controle instituído para o item 4.2.3 Controle de documentos, a fim de estabelecer o Manual como um documento do sistema.

Implementação do Manual

Treinar pessoal pertinente no Manual da Qualidade, difundindo sua importância e utilidade, e executar as ações descritas para a implementação do sistema.

Manutenção do Manual

Analisar criticamente e atualizar o Manual sempre que necessário, a fim de garantir sua pertinência, e implementação adequada ao longo do tempo.

Elaboração do Procedimento

Elaborar o procedimento que define os controles necessários para: aprovar documentos quanto à sua adequação, antes de sua emissão; analisar criticamente, atualizar, e reprovar documentos; assegurar que alterações e a situação da revisão atual dos documentos sejam identificadas; assegurar que as versões pertinentes de documentos aplicáveis estejam disponíveis em todos os locais onde são executadas as operações; assegurar que os documentos permaneçam legíveis e prontamente identificáveis; prevenir o uso não intencional de obsoletos e aplicar identificação adequada aos retidos.

Documentação do Procedimento Executar o procedimento de controle para o próprio documento.

Implementação do Procedimento Controlar os documentos requeridos pelo sistema, conforme o nível D.

Manutenção do Procedimento Idem manutenção do Manual.

Quadro 4.1 – Lista de Atividades para implantação dos requisitos 4.2.2 e 4.2.3 do SiQ.

Fonte: Da autora

O sequenciamento das atividades é a identificação e documentação das

relações de dependência entre as atividades. Este processo estabelece uma

seqüência lógica para a execução das atividades, que facilite o desenvolvimento de

um cronograma que reflita a realidade. Neste processo, são utilizadas técnicas

manuais, como também técnicas informatizadas, pelo uso de softwares

especializados.

As entradas para o sequenciamento são: a lista de atividade, apoiada pela

descrição do produto, a fim de garantir que todos os efeitos das características do

produto sejam consideradas; os marcos, que são eventos considerados importantes

Page 71: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

70

para o planejamento do atendimento de alguns requisitos; e as dependências

mandatórias, arbitradas e externas.

As dependências mandatórias são inerentes à natureza do trabalho a ser

feito. Muitas vezes, envolve limitações físicas, e são comumente chamadas de hard

logic. Como exemplo, pode-se citar a dependência de que o procedimento de

controle de documentos esteja instituído para que o Manual da Qualidade possa ser

documentado.

As dependências arbitradas são definidas pela equipe de gerência do projeto.

São baseadas em experiências da equipe, ou seja, nas “melhores práticas” dentro

de uma área de aplicação particular, ou em algum aspecto particular do projeto onde

uma seqüência específica é desejada, embora existam outras seqüências aceitáveis.

É importante dedicar atenção e critério na definição das dependências arbitradas,

que são conhecidas também como lógica fina ou soft logic. Por exemplo, a

implementação das atividades relativas aos requisitos do nível B do SiQ, só devem

ter início após a certificação do nível C.

As dependências externas são oriundas de tarefas de outros projetos, como a

necessidade de atender as normas regulamentadoras e requisitos legais para a

satisfação do requisito 7.2.1 - Determinação dos requisitos relacionados à obra.

Os marcos podem ser entendidos como tarefas sem duração, recursos ou

custo, com a função de refletir uma data importante no cronograma. Os usos mais

comuns dos marcos são para representar as entregas parciais do projeto, como

fechamento de pacotes de trabalho, e as datas importantes no cronograma, como o

recebimento de recursos externos. Além disso, são marcos as datas de início e fim

do projeto.

As ferramentas e técnicas utilizadas no sequenciamento das atividades são

vários métodos de diagramas de sequenciamento das atividades.

O método do diagrama de precedência – PDM é um diagrama de rede que

representa as atividades por caixas (nós) e as interdependências por setas, sendo

chamado de atividade em nó (AON - Activity-on-node). É bastante popular e utilizado

pela maioria dos softwares de gerenciamento de projetos, mas pode, também, ser

feito manualmente.

Existem quatro tipos de relacionamento de dependência ou precedência,

término-início, início-início, término-término, e início-término. O mais utilizado é o

primeiro deles, e o último é raramente utilizado.

Page 72: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

71

O diagrama de precedência pode ser exemplificado pela figura 4.6.

Figura 4.6 – Método do Diagrama de Precedência – PDM

Fonte: Da autora

O método do diagrama de flecha – ADM representa as atividades pelas setas

e as dependências pelos nós. Nos nós estão as datas de início e término. Este

método, que também é utilizado por softwares, só possui ligações término-início, a

às vezes requer a utilização de atividades fantasmas (dummy), para representar as

dependências. O uso deste método é menos difundido que o PDM, e também pode

ser usado em escala de tempo.

Um exemplo de ADM pode ser visto na Figura 4.7.

Figura 4.7 – Método do Diagrama de Flecha – ADM

Fonte: Da autora

O método do diagrama condicional – CDM é utilizado para representar

atividades não-sequenciais (loops) ou que requerem condições (if). Estas atividades

não podem ser representadas por ADM ou PDM. As técnicas de diagramação como

Page 73: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

72

GERT (Graphical Evaluation and Review Technique) e modelos de Sistemas

Dinâmicos (Dynamics System) permitem estes tipos especiais de sequenciamento,

permitindo que sejam produzidos múltiplos resultados finais para a programação dos

projetos.

Os modelos de rede são redes padronizadas de todo um projeto ou de partes

deste (subnets ou fragments), que são úteis quando o projeto inclui várias

características idênticas ou bastante similares.

As saídas do sequenciamento das atividades são o diagrama de rede do

projeto e as atualizações da lista de atividades.

O diagrama de rede do projeto é o esquema de representação das tarefas e

seus relacionamentos lógicos. Pode ser bastante detalhado ou apresentar as

atividades sumariamente, e incluir a descrição da abordagem básica do

sequenciamento. Os diagramas de rede costumam ser chamados de Rede PERT. O

PERT (Program Evaluation and Review Technique) é um tipo específico de

diagrama de rede.

O diagrama de rede das atividades do exemplo pode ser visto na Figura 4.8.

As atualizações da lista de atividades podem ser necessárias durante a

execução do diagrama de rede. Esta necessidade pode ser divisão ou redefinição de

uma atividade.

O processo de estimativa de duração das atividades consiste na avaliação e

estimativa da quantidade de períodos de trabalho que provavelmente será

necessária para completar cada atividade definida na rede de precedência.

Normalmente, este trabalho é realizado pelos componentes da equipe que possuem

maior familiaridade com as atividades do projeto. A qualidade da saída deste

processo depende da qualidade das informações de entrada. Algumas falhas neste

processo são as desconsiderações do tempo de espera entre uma atividade e outra,

dos feriados, dos dias úteis, e da quantidade de horas reais trabalhadas por dia. A

estimativa cuidadosa das durações pode minimizar muitos problemas futuros do

projeto. A utilização de softwares pode reduzir estes erros, pois os períodos de

trabalho são definidos no início do projeto, entre outras considerações.

A lista de atividades, as restrições, as premissas e as informações históricas

são entradas para este processo. Além destas, são consideradas a necessidade de

recursos, e a produtividade destes.

Page 74: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

73

Figura 4.8 – Diagrama de Rede

Fonte: Da autora

Page 75: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

74

A necessidade de recursos, expressa pelos volumes de produção ou

quantidades, é a saída do planejamento dos recursos. A duração da maioria das

atividades está diretamente relacionada às quantidades de recursos a elas alocadas.

Isto se aplica a recursos alocados em função do tempo, normalmente mão-de-obra e

equipamentos.

A produtividade dos recursos influencia diretamente a duração da tarefa.

Alguns recursos podem possuir produtividade maior que outros semelhantes. No

caso da implantação da qualidade, o comprometimento, o nível de conhecimento

sobre qualidade, entre outros, vão influenciar a execução das atividades e sua

duração.

Existem algumas fontes de informações históricas sobre a duração de

atividades, que são: arquivos de projeto semelhantes realizados anteriormente pela

consultora; bases de dados comerciais de diversas áreas disponíveis no mercado,

como as publicações de revistas especializadas; conhecimento empírico, ou seja,

experiência de profissionais em tarefas semelhantes.

São ferramentas e técnicas utilizadas para estimativa de duração das

atividades a avaliação especializada, as estimativas por analogia, as durações

estimadas quantitativamente e o tempo de reserva ou contingência.

A avaliação especializada é baseada na experiência empírica. Se um

conhecimento especializado não está disponível, as estimativas são incertas e

arriscadas, visto que as durações são difíceis de ser estimadas, devido ao número

de fatores que podem influenciá-las.

As estimativas por analogia utilizam a duração real das atividades em projetos

anteriores para estimar sua duração no projeto atual. Também chamada de “top-

down” esta técnica é utilizada quando as atividades de um projeto são similares de

fato e realizadas por uma equipe que possua conhecimento especializado

necessário sendo, portanto, um tipo de avaliação especializada. Normalmente, é

utilizada quando há poucas informações detalhadas do projeto. Este método é

freqüentemente utilizado no projeto de implantação, como na estimativa dos

períodos de maturação dos procedimentos criados, que são estimados por analogia

a casos anteriores.

As durações também podem ser estimadas em função dos volumes de

produção, obtidos a partir da multiplicação dos quantitativos de cada um dos itens de

Page 76: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

75

projeto pelos coeficientes unitários de insumos das composições de custo

correspondentes.

O tempo de reserva é a adição de uma porção de tempo, além do necessário

para a execução da tarefa, que pode ser chamada de contingência. Este tempo

pode ser adicionado a cada atividade ou pontos do cronograma, como reserva de

risco. O tempo de reserva é documentado junto com os demais dados e premissas.

O processo de estimativa da duração das atividades vai produzir como saídas

as estimativas de duração das atividades, as bases para a estimativa e atualizações

da lista de atividades.

As estimativas de duração das atividades são avaliações quantitativas da

mais provável quantidade de períodos de trabalho que será requerida para se

completar uma atividade. Incluem as indicações da faixa de variação dos possíveis

resultados. Considerando-se que sejam alocadas 2 horas de trabalho por dia para

as atividades de implantação, estima-se as seguintes durações: 20 +/- 4 horas para

a elaboração do manual da qualidade; 4 +/- 1 hora para a documentação do manual;

10 +/- 2 horas para a elaboração do procedimento de controle de documentos; 2 +/-

0,5 horas para a documentação do procedimento.

Os tempos estimados para implementação e manutenção dos documentos

são o período de tempo necessário para que os procedimentos sejam praticados, de

forma a identificar possíveis falhas e realizar as adequações necessárias à eficácia e

eficiência dos processos. Os prazos são portanto, tempos estipulados para a

maturação das mudanças, e são arbitrados. Depois deste prazo, a constante

implementação e manutenção continuam, como serviços continuados, porém, no

projeto, considera-se somente o período necessário para ajustes, como um teste. No

exemplo, estimou-se cerca de 60 +/- 10 dias úteis para implementação e

manutenção do manual; e 30 +/- 5 dias para implementação e manutenção do

procedimento. O tempo do manual é maior, pois este inclui ou faz referência aos

procedimentos da qualidade, sofrendo constantes modificações ao longo da

documentação do sistema.

As bases para a estimativa são as premissas levadas em conta para a

elaboração das estimativas, as quais são documentadas. Vários fatores influenciarão

o prazo para execução da implantação, como o porte da organização, qualificação e

comprometimento do pessoal, visto que o nível de documentação está diretamente

relacionado com estes fatores. Ainda assim, a implantação de cada nível do SiQ

Page 77: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

76

normalmente dura seis meses, totalizando 2 anos para implantação do sistema.

Porém, este prazo é apenas uma aproximação elaborada a partir de informações

históricas.

O processo de desenvolvimento do cronograma consiste basicamente em

determinar as datas de início e término do projeto e de cada atividade, inserindo a

rede de precedência na linha do tempo. O cronograma depende diretamente dos

recursos alocados e sua disponibilidade, e caso os prazos não sejam realistas, o

projeto corre risco de não acabar como planejado. O desenvolvimento do

cronograma é um processo interativo, pois depende constantemente da análise de

estimativas de prazo, custos e recursos. O cronograma é materializado no plano de

prazo do projeto.

O desenvolvimento do cronograma é feito automaticamente pelos softwares

de gerenciamento de projetos. Normalmente, planeja-se partindo do princípio que

não há restrições, para posterior adequação do cronograma “ideal” às restrições

existentes. As simulações resultam em “cenários” adequados às restrições, como a

adequação do cronograma à disponibilidade de recursos.

O processo de desenvolvimento do cronograma do projeto é um dos

processos de gerência de projetos que necessita de maior número de entradas para

sua execução. Algumas destas entradas são saídas de outros processos, como os

diagramas de rede do projeto, as estimativas de duração das atividades, a

necessidade de recursos e o plano de gerenciamento de risco. Outras entradas

consideradas são descrição do quadro de recursos, calendários, restrições,

premissas, adiantamentos e atrasos, e atributos da atividade.

A descrição do quadro de recursos é importante para o conhecimento dos

recursos necessários para a execução das atividades, de sua disponibilidade, e da

possibilidade de serem compartilhados. A quantidade de detalhes e o nível de

especialização variam por projetos. Para as atividades exemplo, temos o quadro de

recursos - Quadro 4.2.

Os calendários de projetos e recursos identificam seus períodos de trabalho.

Os de projeto impactam todos os recursos, como dias e horários comerciais, e os de

recurso impactam somente o recurso referido, como períodos de férias de recursos

humanos, ou período parcial de dedicação, como no exemplo da Figura 4.9, em que

o tempo de dedicação dos funcionários que não se dedicam exclusivamente ao

projeto de implantação da qualidade é de 8:00 às 10:00 horas.

Page 78: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

77

RECURSOS HUMANOS

FUNÇÃO DISPONIBILIDADE

Diretor operacional 2 horas por dia

Diretor financeiro 2 horas por dia

Gerente geral 2 horas por dia

Gerente da qualidade 8 horas por dia

Gerente de planejamento 2 horas por dia

Gerente de projetos 2 horas por dia

Consultoria 2 horas por semana

DEMAIS RECURSOS

Computador do departamento de qualidade 8 horas por dia

Sala de reuniões 6 horas por dia

Quadro 4.2 – Quadro de Recursos

Fonte: Da autora

Considerando-se o projeto de implantação iniciando em março de 2004,

temos o exemplo de calendário mostrado na Figura 4.9, que é utilizado pelo software

MS Project.

O calendário “Tempo para Qualidade” apresenta a dedicação dos recursos

humanos que acumulam as atividades de implantação da qualidade com as outras

obrigações diárias. O calendário “Standard” apresenta a dedicação dos recursos

alocados somente para as atividades da qualidade, ou seja, no período normal de

8:00 às 17:00 horas. Neste exemplo, o dia 18 possui horário especial de trabalho e o

dia 19 é recesso da organização.

As restrições são fatores que limitarão as opções de criação de cronograma,

como restrições de datas impostas pelo cliente, que restringem a “movimentação” de

atividades. Marcos de projeto podem ser considerados como restrições. Podem-se

criar restrições, como o agendamento antecipado de todas as auditorias de

certificação.

Os adiantamentos (Fast Tracking) e atrasos podem ser especificados para

definir precisamente um relacionamento entre tarefas. Podem ser considerados no

cronograma como restrições.

Page 79: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

78

Figura 4.9 – Calendários

Fonte: Da autora

O plano de gerenciamento de riscos é considerado para a definição do nível

de risco que o cronograma deverá assumir.

Os atributos das atividades são outras informações importantes para

agrupamento e classificação de tarefas, como responsabilidade, tipo de atividade,

área geográfica, além da classificação da EAP.

As ferramentas e técnicas utilizadas no desenvolvimento do cronograma são

análise matemática, compressão da duração, simulações, heurística de nivelamento

dos recursos, softwares de gerência de projeto, e estruturas de codificação.

A análise matemática consiste no cálculo das datas de início e término para

todas as atividades do projeto, não considerando restrições proveniente de outras

áreas, como limitações de recursos. Esta programação inicial é ajustada então aos

Page 80: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

79

limites de escopo, recursos, custo, risco, e outros, resultando no cronograma final.

As técnicas mais conhecidas são: Método de Caminho Crítico (CPM – Critical Path

Method); Programa de Avaliação e Revisão Técnica (PERT – Program Evaluation

and Review Technique); e Avaliação Gráfica e Revisão Técnica (GERT – Graphical

Evaluation and Review Technique).

O Método do Caminho Crítico utiliza o diagrama de rede, e uma única

duração estimada (mais provável), estabelecidos nos processos anteriores. Calcula,

de forma determinística, uma única data mais cedo e mais tarde, e uma única data

de início e término (usa o “mais cedo possível” – menor risco inicial). Tem enfoque

no calculo de folgas, buscando a menor delas para calcular a duração do projeto. É

o método de cálculo mais popular.

Figura 4.10 – Método do Caminho Crítico - CPM

Fonte: Notas de Aula do Professor Rodrigo Barbosa Neves, 2003.

O caminho crítico pode ser definido como a seqüência de atividades de maior

duração de tempo e com menor folga, que normalmente é zero. O caminho crítico

determina a duração do projeto, por possuir a maior duração, e qualquer atraso nas

suas atividades atinge diretamente o projeto. O MS Project calcula automaticamente

o caminho crítico do projeto, definindo por ele a duração do projeto.

A Figura 4.11 mostra os diferentes valores considerados para o cálculo das

durações das atividades pelo CPM e pelo PERT.

O PERT utiliza a lógica de rede seqüencial e a média ponderada de três

estimativas de prazo para o cálculo das durações das atividades. O PERT

propriamente dito é pouco utilizado atualmente, embora estimativas similares sejam

freqüentemente utilizadas nos cálculos de CPM. Estes diferem entre si, pois o PERT

Page 81: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

80

usa distribuição de médias (valor esperado), enquanto o CPM usa a estimativa mais

provável. Esta diferença resulta em um maior grau de certeza pelo método CPM.

Figura 4.11 – Cálculo das Durações das Atividades

Fonte: Notas de Aula do Professor Rodrigo Barbosa Neves, 2003.

O GERT utiliza a rede lógica do projeto e médias ponderadas de duração das

atividades para calcular a duração do projeto através de análise probabilística.

A compressão da duração é um tipo de análise matemática que busca a

redução da duração do projeto mantendo o escopo. Utiliza duas técnicas de redução

da duração: a colisão e o caminho rápido.

A colisão, ou crashing, faz um balanço entre prazo e custo, para a maior

compressão possível, associada ao aumento mínimo de custo. Nem sempre as

soluções são viáveis por representarem grande aumento de custo.

A técnica do caminho rápido, ou fast tracking, consiste na realização de

atividades em paralelo, que normalmente seriam realizadas seqüencialmente.

Freqüentemente, esta técnica gera retrabalho e aumento no risco, além da

concentração de recursos e custos.

A simulação trata o cronograma como um “cenário” que é recalculado,

levando-se em conta a ação de diversos grupos de premissas que o influenciam,

como escopo, prazo, recursos, custos, e risco. A mais comum é a Simulação de

Monte Carlo.

A heurística de nivelamento de recursos é a adequação do cronograma às

limitações de recursos, que podem ser extrapolados em certos períodos de tempo,

Page 82: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

81

devido a superalocação. Também chamado de método baseado em recursos

(resource-based method), este método procura alocar os recursos primeiramente em

atividades críticas e, normalmente, resulta no aumento do prazo do projeto.

Em suas aulas sobre Planejamento, Programação e Controle em Projetos,

Rodrigo Neves propõe uma sistemática para o nivelamento de recursos, adequando

o cronograma às limitações de recursos extrapolados em certos períodos. Primeiro,

define-se o problema, com a resposta às seguintes perguntas:

• Quais recursos estão superalocados?

• Quanto a mais precisamos em relação ao que temos?

• Quando está ocorrendo a superalocação?

• Quais atividades estão causando a superalocação?

Em seguida, são propostas as soluções para o problema de superalocação,

utilizando-se preferencialmente:

• 1 - Nivelamento dos recursos;

• 2 - Substituição de recursos;

• 3 - Banco de horas; e

• 4 - Hora extra (NEVES, 2003)

Os softwares de gerência de projetos auxiliam a gerência de projetos nas

fases de planejamento e controle. São muito utilizados para os cálculos das análises

matemáticas e de nivelamento de recursos, permitindo uma rápida avaliação das

alternativas de cronograma. Podem ser utilizados conjuntamente com outros

softwares de gerenciamento, para suprir todas as necessidades de gerência.

Para a obtenção do cronograma das atividades do exemplo dos requisitos

4.2.2 e 4.2.3, foi criado um projeto no software MS Project, nomeado de “Subprojeto

de Implantação do Nível D”. O software possui entradas semelhantes às necessárias

ao processo de desenvolvimento do cronograma, sendo que algumas são

calculadas pelo software a partir de outras entradas.

Tendo-se criado o arquivo, são definidos os calendários nos campos

apropriados, como aqueles mostrados na Figura 4.9. Em seguida, são inseridos as

tarefas, definidas no planejamento de prazo, e os marcos. Após, é criada a estrutura

de divisão do trabalho.

A partir disto, são inseridas as durações, estimadas anteriormente, e a

dependência entre as tarefas, oriunda do sequenciamento das atividades.

Page 83: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

82

A seguir, é criado o quadro de recursos, e são atribuídos recursos a cada

atividade. Ao final da atribuição dos recursos, o software calcula automaticamente os

recursos superalocados, e mostra quais recursos precisam ser nivelados. A Figura

4.12 mostra um exemplo de quadro de recursos sinalizado.

Figura 4.12 – Quadro de Recursos Sinalizado pela Superalocação

Fonte: Da autora

No exemplo das atividades para os requisitos 4.2.2 e 4.2.3 não houve

superalocação de recursos por serem considerados isolados dos demais requisitos,

porém, num projeto de implantação completo, provavelmente haverá a necessidade

de nivelamento de recursos superalocados.

Continuando a criação do cronograma pelo software, é identificado o caminho

crítico, são definidos os volumes de produção. Logo após são gerenciados os

conflitos de prazos, recursos e custos, para enfim salvar a linha de base do projeto.

A estrutura de codificação auxilia o agrupamento das atividades, utilizando

classificações criadas em atributos das atividades, como a numeração da EAP.

O cronograma do projeto é a principal saída do processo de desenvolvimento

do cronograma. Apresenta as datas de início e término para as atividades e o

projeto, sendo considerado preliminar até que todos os recursos sejam confirmados

pelo plano de projeto, sendo aprovado juntamente com ele.

O cronograma pode ser representado em detalhes ou sumariamente, e utiliza

alguma das técnicas de representação: gráfico de barras (Gantt), mostra as datas de

início e fim das atividades, bom como as durações esperadas, embora normalmente

Page 84: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

83

não mostre as dependências; diagrama de rede em escala de tempo, mistura de

diagrama de rede com gráfico de barras, apresentando a lógica do projeto, duração

das atividades e informações de cronograma; diagrama de rede com datas, mostra

tanto a lógica quanto o caminho crítico das atividades; gráfico de marcos,

semelhante ao gráfico de barras, porém identificando o início do cronograma ou a

conclusão dos principais subprodutos e pontos de interface externa. Os softwares,

normalmente, apresentam o cronograma por gráfico de barras, diagrama de rede e

EAP.

O cronograma resultante para as tarefas exemplo, obtido pelo MS Project, e

representado pelo gráfico de Gantt, pode ser observado na Figura 4.13. As

atividades com as barras vermelhas formam o caminho crítico do projeto.

Figura 4.13 – Cronograma do Subprojeto do Nível D

Fonte: Da autora

Além do cronograma, são saídas do processo de desenvolvimento do

cronograma os detalhes de suporte, o plano de gerência do cronograma e a

atualização das necessidades de recursos.

O plano de gerência de cronograma define como as mudanças no

cronograma serão gerenciadas. Apresenta todas as informações necessárias para a

execução e controle do prazo. Normalmente, contém o cronograma aprovado do

projeto (linha de base de tempo), detalhes de suporte, interfaces com as outras

Page 85: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

84

áreas e procedimentos de atualização, controle e mudança no plano, entre outros. É

um elemento auxiliar no plano geral do projeto. Os softwares também auxiliam no

controle de cronogramas.

4.2.3 Planejamento do custo da implantação

O gerenciamento dos custos congrega os processos necessários para

assegurar que o projeto será concluído dentro do orçamento aprovado. Considera o

custo dos recursos necessários à implementação das atividades, além de avaliar os

impactos dos investimentos no projeto, ao longo da vida útil do produto.

A Figura 4.14 mostra o fluxo dos processos de planejamento de custo, com

todas as entradas, ferramentas e técnicas utilizadas e saídas.

Figura 4.14 – Fluxo dos Processos de Planejamento do Custo

Fonte: Da autora

O primeiro processo do planejamento de custos é o planejamento de

recursos. Este determina quais os recursos físicos, como pessoas, equipamentos,

materiais e instalações, serão utilizados na realização das atividades, quais as

quantidades de cada um e em qual momento serão utilizados. Este processo está

fortemente ligado ao subseqüente, que é a estimativa dos custos.

Assim como no gerenciamento de prazo, a base para todo o planejamento

dos custos é a EAP. Além desta, são entradas para o planejamento dos recursos as

informações históricas, a declaração do escopo, a descrição do quadro de recursos,

as políticas organizacionais e as estimativas de duração.

Page 86: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

85

As políticas da organização, consideradas neste processo, são aquelas

relativas ao tratamento de recursos humanos, suprimentos e equipamentos. Por

exemplo, a política de contratação dos funcionários gera custos diferentes. Quando

feita segundo a CLT, gera custos de encargos sociais, que não existem no caso de

prestação de serviço. Estes fatores vão impactar diretamente nos custos do projeto,

portanto, são considerados no planejamento. No exemplo das atividades dos

requisitos 4.2.2 e 4.2.3, considera-se custos de homem/hora diretos, sem considerar

custos indiretos como encargos sociais, transporte, e outros.

São utilizadas neste processo ferramentas e técnicas já mencionadas

anteriormente, as quais são a avaliação especializada, a identificação de alternativas

utilizada na gerência de escopo, e os softwares de gerenciamento de projetos.

Os softwares de gerenciamento de projetos auxiliam na organização do

quadro de recursos e podem, dependendo do nível de sofisticação, trabalhar com

disponibilidades, taxas e calendários de recursos. A Figura 4.12 é um quadro de

recursos organizado pelo MS Project.

O processo de planejamento dos recursos possui uma única saída, que é a

necessidade de recursos. Esta saída descreve quais os recursos são necessários e

em que quantidade, para execução de cada elemento, no nível mais baixo da EAP,

ou seja, as atividades executivas.

No MS Project os recursos necessários são atribuídos às atividades através

de uma janela com o resumo do quadro de recursos já inserido no software, onde há

a seleção dos recursos e as quantidades necessárias para realização da tarefa,

como mostrado na Figura 4.15. Os recursos alocados a cada tarefa podem ser

mostrados no próprio gráfico de Gantt, ou na tabela de uso do recurso.

O gerenciamento dos recursos requer uma das habilidades básicas do

gerente de projeto que é a negociação. A alocação de recursos depende de fatores

como o tipo de organização, disponibilidade, custo versus benefício de sua utilização

e fatores inesperados, que são determinados na gerência de riscos.

O segundo processo da gerência de custo é a estimativa dos custos. As

estimativas são avaliações quantitativas dos prováveis custos dos recursos

necessários à implementação das atividades do projeto. Normalmente, os custos

são representados em unidades monetárias. Neste processo, são considerados os

custos dos insumos e não os preços.

Page 87: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

86

Figura 4.15 – Atribuição de Recursos

Fonte: Da autora

São consideradas como entradas para a estimativa de custos a EAP,

necessidade de recursos, taxas de recursos, estimativa de duração das atividades,

publicação de estimativas, informações históricas, plano de contas e riscos.

As taxas de recursos são custos unitários dos recursos, como valor de

hora/homem. Caso não sejam conhecidas as taxas reais, estas são estimadas.

As estimativas de duração das atividades afetarão as estimativas de custos

de projetos que utilizam custos de financiamento, como taxas de juros.

Publicações de estimativas são dados de custos estimados disponibilizadas

comercialmente, em revistas especializadas, sites da Internet e bancos de dados

técnicos.

As informações de custos estão disponíveis, freqüentemente, em arquivos de

projetos, base de dados comerciais, e conhecimento da equipe do projeto.

O plano de contas descreve a estrutura de codificação utilizada pela

organização para reportar as informações financeiras para o seu sistema contábil,

para que as estimativas possam ser alocadas na categoria contábil correta.

Os riscos são considerados pela equipe do projeto no momento da estimativa

dos custos, pois estes podem impactar significativamente os custos, sejam tais

Page 88: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

87

riscos ameaças ou oportunidades. A equipe do projeto considera os reflexos dos

efeitos do risco quando incluindo as estimativas de custo para cada atividade.

As ferramentas e técnicas utilizadas nas estimativas são analogia, estimativas

de baixo para cima, modelagem paramétrica, ferramentas computadorizadas e

outros métodos.

As estimativas por analogia, também conhecidas como top-down, utilizam

custos reais de projetos semelhantes como base para o custo do projeto. São

indicadas para o caso em que existem poucas informações disponíveis. É uma

solução rápida, porém menos precisa. É mais confiável quando o projeto anterior

possui grande semelhança e os executores do processo possuem habilidade

adequada.

As estimativas de baixo para cima, bottom-up, estimam o custo individual dos

itens de trabalho no seu mais baixo nível, para em seguida, agregar todos para

obtenção da estimativa total. Quanto maior o detalhamento das atividades, maior é o

custo da estimativa, e a precisão do processo.

As estimativas paramétricas utilizam a unidade básica de trabalho como

multiplicador para o valor total, como exemplo, o valor de um metro quadrado de

edificações da construção civil, multiplicado pela área total do imóvel, gerando seu

valor total.

As ferramentas computadorizadas são os softwares de gerenciamento de

projetos e planilhas, que auxiliam o uso das ferramentas descritas anteriormente. A

Figura 4.12 mostra o quadro de recursos, onde são encontradas as taxas unitárias

utilizadas no cálculo dos custos totais.

Os outros métodos de estimativas de custos são os métodos alternativos

como, por exemplo, análise de propostas de vendedores.

A saída principal do processo é a estimativa de custo. Esta pode ser

apresentada de forma detalhada ou sumarizada, e considera todos os recursos que

serão contabilizados no projeto, como recursos físicos e categorias especiais, tais

como efeitos inflacionários ou reserva de custo. Podem ser utilizadas, além das

unidades monetárias, outras unidades de medida, tais como homens-hora ou

homens-dia. Considera-se ainda que podem ser levados em conta, no momento da

estimativa, aspectos tais como planos de contingência. A estimativa de custo pode

ser aprimorada através de refinamentos ocorridos durante o curso do projeto.

Page 89: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

88

Além da estimativa de custo, os detalhes de suporte e o plano de

gerenciamento de custos são saídas do processo.

Os detalhes de suporte, referentes a estimativa de custos, incluem a

descrição do escopo do trabalho estimado, provido através de referência à EAP; a

documentação das bases da estimativa, ou seja, como foi desenvolvida; a

documentação de qualquer premissa adotada; e a indicação da variação do intervalo

de resultados possíveis, por exemplo R$ 10.000,00 +/- R$ 1.000,00.

O plano de gerenciamento de custo descreve como as variações no custo

serão gerenciadas, por exemplo dar respostas diferentes para problemas maiores ou

menores. É um elemento componente do plano do projeto.

Na realização das estimativas são comuns erros como estimativa de custos

sem especificação completa, consideração do preço da mão-de-obra sem os

encargos, desconsideração da equipe do projeto e grandes aumentos na estimativa

de prazo e custos que podem inviabilizar o projeto.

O último processo do planejamento dos custos é a orçamentação. Neste

processo são alocados os custos globais às atividades individuais dos pacotes de

trabalho, com a finalidade de estabelecer uma linha de base de custo para medir o

desempenho do projeto. Neste processo é definido o fluxo de caixa do projeto.

As entradas para o processo de orçamentação são saídas de processos de

planejamento de escopo, prazo, custo e risco, que são, respectivamente: EAP, que

identifica os elementos do projeto para os quais o custo está alocado; o cronograma

do projeto, para alocação dos custos no tempo em que irão ocorrer as atividades

correspondentes; as estimativas de custo, que são a saída do processo anterior; e o

plano de gerenciamento de riscos, que freqüentemente, inclui a contingência de

custos, determinada a partir da precisão esperada da estimativa.

As ferramentas e técnicas utilizadas para orçamentação de custos são as

mesmas descritas anteriormente para o desenvolvimento das estimativas de custo.

A linha de base de custo é a única saída do processo de orçamentação. É o

orçamento referencial (time-phased), que será utilizado para medir e monitorar o

desempenho dos custos do projeto. Ele é desenvolvido totalizando-se as estimativas

de custo por período e, usualmente, é apresentado na forma de Curva-S.

As principais causas de problemas no gerenciamento de custos são a

realização de estimativas pobres, resultando em orçamentos irreais, a inexistência

de gerenciamento dos processos, como política de geração de relatórios para

Page 90: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

89

acompanhamento; a má definição das atividades, prazos e custos sem margem de

tolerância; uso inadequado das técnicas de estimativa; falha na identificação de

riscos; e a subestimação da duração das atividades.

Figura 4.16 – Linha de Base de Custo

Fonte: Notas de Aula do Professor Rodrigo Barbosa Neves, 2003.

4.2.4 Planejamento do risco da implantação

Durante o planejamento do projeto, somente um processo da gerência de

risco é considerado essencial, que é o planejamento da gerência de risco. Neste

processo define-se como é abordada e planejada a gerência de risco no projeto. É

importante para dar continuidade aos próximos processos da gerência de risco, para

garantir o nível, tipo, e visibilidade da gerência de risco, de acordo com a importância

do projeto para a organização.

A Figura 4.17 mostra o processo essencial de planejamento de risco, com

todas as entradas, ferramentas e técnicas utilizadas e saídas.

O planejamento da gerência de risco considera como entradas: Project

Charter, definido na iniciação do projeto; as políticas de gerenciamento de riscos da

organização, que definem a abordagem de análise e resposta aos riscos, que

deverá ser adequada ao projeto; as funções e responsabilidades definidas, pois os

níveis de autoridade para tomada de decisão influem nos riscos; a tolerância a riscos

pelas partes envolvidas, que são reveladas em ações ou declaradas em políticas;

padrões para planejamento do gerenciamento de risco da organização, os quais

Page 91: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

90

podem ter sido desenvolvidos pela equipe de projeto; e EAP, considerada base de

todo planejamento.

Figura 4.17 –Processo Essencial do Planejamento de Risco

Fonte: Da autora

Entre as restrições que geram riscos, pode estar a decisão da organização

quanto ao prazo da implantação. Algumas optam por um calendário rígido, outras

preferem controlar conforme o executado, alocando mais ou menos recursos

conforme o desenvolvimento do projeto, para mitigar efeitos como atraso no

cronograma, ou simplesmente deixar o projeto se estender no tempo, não firmando

uma data para sua finalização, restringindo-se ao fluxo de caixa disponível na

organização para a realização das atividades da qualidade.

A técnica utilizada para o planejamento da gerência de riscos são reuniões de

planejamento, onde a equipe desenvolve o plano de gerência de risco, utilizando os

padrões de gerenciamento de riscos e outros insumos. Os participantes podem

incluir qualquer membro da organização com responsabilidade no planejamento e

execução e qualquer parte envolvida.

A saída deste processo é o plano de gerência de risco, o qual descreve como

são estruturados e realizados, durante o ciclo de vida do projeto, a identificação, a

análise qualitativa e quantitativa, o planejamento de respostas, a monitoração, e o

controle dos riscos. Ele inclui a metodologia de tratamento dos riscos, funções e

responsabilidades para isto, orçamento, sincronismo com os outros processos do

projeto, pontuação e interpretação adequadas ao tipo de tratamento, tolerância aos

Page 92: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

91

riscos, relatos formatados do plano de resposta aos riscos e monitoração dos riscos

durante o projeto.

4.2.5 A integração do planejamento da implantação

O último processo de planejamento do projeto é o desenvolvimento do plano

do projeto, que integra as saídas dos demais processos num documento consistente

e coerente, utilizado durante a execução e o controle do projeto. O plano do projeto

guia a execução do projeto, documenta suas premissas e as decisões de

planejamento, de acordo com as alternativas escolhidas, define as revisões chaves

de gerenciamento, com relação ao conteúdo, âmbito e prazos, e estabelece uma

linha de base para medida de progresso e controle do projeto.

A Figura 4.18 mostra o processo de integração do planejamento, com todas

as entradas, ferramentas e técnicas utilizadas e saídas.

Figura 4.18 – Processo de Integração do Planejamento

Fonte: Da autora

São consideradas para o desenvolvimento do plano do projeto todas as

outras saídas de planejamento, informações históricas utilizadas nos outros

processos para sua verificação, as políticas organizacionais, as restrições, e as

premissas.

São consideradas nas políticas organizacionais, entre outras: a gerência da

qualidade, que pode implicar em auditorias de processo e metas de melhoria

Page 93: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

92

contínua; a administração de pessoal, como procedimentos de admissão e

demissão, e avaliações de desempenho de funcionários; e os controles financeiros,

como emissão de relatórios de prazos, revisões programadas de despesas e

desembolso, plano de contas, e provisões contratuais padrões.

As ferramentas e técnicas utilizadas para o desenvolvimento do plano do

projeto são metodologias de planejamento de projetos, habilidade e conhecimentos

das partes envolvidas, sistema de informação de gerenciamento de projetos, e

gerenciamento do valor agregado.

A metodologia de planejamento de projetos é a abordagem estruturada

utilizada pela equipe do projeto como guia durante o desenvolvimento do plano,

podendo ser simples ou complexa, conforme estipulada pela equipe. Faz uso de

uma combinação de ferramentas “hard” como software de gerência de projetos, e

outras “soft” como reuniões facilitadoras de início de projeto.

As habilidades e conhecimentos dos envolvidos podem ser úteis no

desenvolvimento do plano do projeto. Para que isto aconteça, é necessário um

ambiente adequado para participações coerentes.

O sistema de informação de gerenciamento de projetos (PMIS) consiste de

ferramentas e técnicas usadas para reunir, integrar, e disseminar as saídas dos

outros processos de gerência de projetos, a fim de suportar todos os aspectos,

desde a iniciação até o encerramento do projeto, e pode incluir sistemas manuais e

automatizados.

A gerência de valor agragado, ou Earned Value Management – EVM, é a

técnica usada para integrar o escopo, cronograma e recursos do projeto para medir

e reportar o desempenho do projeto do início ao encerramento.

O plano do projeto é a principal saída de seu desenvolvimento. É um

documento aprovado formalmente, usado para gerenciar e controlar a execução do

projeto. De uma maneira geral, ele inclui os seguintes itens:

• Project Charter;

• Descrição da abordagem ou estratégia da gerência de projetos;

• Declarações de escopo que incluem os objetivos e os subprodutos do

projeto;

• A EAP até o nível onde o controle deve ser exercido, como um documento

de base do escopo;

Page 94: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

93

• Estimativas de custos, datas programadas para início e fim das atividades

e atribuições de responsabilidade para cada subproduto do EAP no nível para o qual

o controle pode ser exercido;

• Documentos base de medição de desempenho para escopo técnico,

cronograma e custo, linha de base do escopo (cronograma do projeto) e linha de

base de custo (orçamento do projeto);

• Principais marcos e suas datas previstas;

• Mão de obra chave ou necessária e sua expectativa de custo e/ou esforço;

• Plano de gerência do risco, incluindo: principais riscos, como restrições e

premissas, e as respostas planejadas para cada um deles, quando apropriado;

• Planos auxiliares de gerenciamento (Escopo, Prazo, Custo, Qualidade,

RH, Comunicação, Risco, Contratação). Cada um desses planos pode ser incluído,

se necessário, e com o detalhamento requerido para cada projeto específico;

• Questões por resolver e decisões pendentes.

Outras saídas do planejamento do projeto devem ser incluídas no plano

formal, de acordo com as necessidades do projeto específico. Como diz o próprio

nome, a integração é a organização dos documentos já citados anteriormente para

formar um único pacote de documentos que serão o fundamento de toda a execução

do projeto.

Além do plano do projeto, seu desenvolvimento gera como saída os detalhes

de suporte que incluem: saídas dos outros processos de planejamento não incluídas

no plano do projeto; informação ou documentação adicional gerada durante o

desenvolvimento do plano do projeto, como restrições e premissas que não eram

conhecidas previamente; documentação técnica, como históricos de todos os

requisitos, especificações e desenhos conceituais; documentação sobre padrões

relevantes; e especificações do início do planejamento do desenvolvimento do

projeto. Este material deve ser organizado de maneira a facilitar o seu uso durante a

execução do plano do projeto.

As áreas do gerenciamento de projetos são fortemente interligadas, e para

finalização do planejamento, é avaliado um coeficiente ideal entre estas, que pode

ser encontrado através de simulações. Estas tratam o projeto atual como um

“cenário”, e o recalcula levando em conta a ação de diversos fatores que o

influenciam, tais como:

Page 95: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

94

• Escopo: limites de prazo e custo do objetivo (adequação ao escopo);

• Recursos: limitação de recursos (nivelamento de recursos);

• Risco: nível de risco a ser assumido (Simulação de Monte Carlo).

É feito um planejamento inicial, sem considerar as restrições de prazo, custo,

recursos, e outros, para depois ajustá-lo a todas as restrições ao mesmo tempo.

Dessa forma, é encontrado o coeficiente ideal entre as áreas para fechar o

planejamento.

Figura 4.19 – Simulação de Monte Carlo

Fonte: Notas de Aula do Professor Rodrigo Barbosa Neves, 2003.

A simulação de Monte Carlo utiliza as interações para calcular diversas datas

para o projeto, e também distribuições probabilísticas pré-definidas para as

durações, como triângulo, normal, e outros. Ela necessita de histórico para maior

precisão. É recomendado o uso de softwares, como o @Risk e o Risk+, adequados

ao MS Project.

Após a aprovação do projeto, o planejamento passa a ser a linha de base

para o acompanhamento da execução das atividades.

Page 96: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

5.1 CONCLUSÕES

Um sistema de gestão da qualidade pode ser baseado em requisitos

normativos, como os da NBR ISO 9001, ou ser baseado em critérios de prêmios da

qualidade, ou ainda, ser desenvolvido pela própria organização que o implanta, em

função das melhores práticas disponíveis. O importante é que as organizações

implementem sistemas organizados, para alcançarem a melhoria contínua dos

produtos e processos, gerando vantagens competitivas. Observando-se as

tendências de mercado acredita-se que as certificações de conformidade de

sistemas da qualidade serão, em breve, imprescindíveis à sobrevivência das

organizações.

As organizações devem planejar estratégias para o aumento da

competitividade, sendo a implantação de sistemas da qualidade uma opção que se

destaca entre outras soluções de mudança organizacional, devido a sua maior

facilidade de implantação, pois as melhores práticas no mundo são estudadas para

a elaboração dos requisitos normativos.

O SiQ-Construtoras do PBQP-H facilita a implantação de sistemas da

qualidade em organizações construtoras, pois é elaborado por profissionais e

estudiosos da qualidade que atuam no âmbito da construção civil, e conhecem as

necessidades e peculiaridades das organizações deste setor, propondo, dessa

forma, a solução que melhor se aplica. Os itens e requisitos do SiQ são a tradução

prática dos requisitos da NBR ISO 9001, o que simplifica o planejamento do projeto

da implantação da qualidade.

As organizações que decidem implantar sistemas da qualidade, normalmente

contratam serviços especializados de consultoria, que possuem experiência

Page 97: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

96

comprovada na realização de projetos de mudança organizacional, e conhecimentos

específicos sobre normalização. Apesar disso, a organização pode optar por

implantar sistemas da qualidade utilizando seu quadro de funcionários, desde que

estes sejam qualificados, ou seja, possuam conhecimentos sobre os fundamentos

da qualidade, os quais julgam-se imprescindíveis para o entendimento das práticas

de gestão, políticas, e tantos outros fatores envolvidos em mudança organizacional

tão abrangente que é a implantação de sistemas de gestão da qualidade. Dessa

forma, qualquer que seja a forma de implantação, os fundamentos da qualidade

precisam ser entendidos e incorporados à cultura organizacional da organização,

para que os objetivos da qualidade sejam alcançados, como a melhoria contínua e a

satisfação dos clientes.

Somado ao conhecimento específico sobre qualidade, torna-se necessário

para a implantação o conhecimento de conceitos e práticas de gerência de projetos.

A adoção da sistemática de gerenciamento proposta pelo PMBOK ao

planejamento da implantação do sistema de gestão da qualidade agrega valor ao

projeto, pois garante que fatores importantes para o sucesso da implantação sejam

considerados.

O gerenciamento de projetos está inserido num contexto que engloba várias

demandas conflitantes, principalmente de escopo, prazo, custo e risco, que deverão

ser balanceadas para uma performance adequada do projeto, considerando-se as

interligações entre os processos, visto que o sequenciamento destes permite que

saídas de alguns sejam entradas de subseqüentes, como uma cadeia de interações.

Os processos são, portanto, fortemente interligados, e a metodologia garante que

estas interligações sejam gerenciadas para a melhor solução final do projeto.

O planejamento da implantação do sistema da qualidade difere do

planejamento do sistema de gestão da qualidade, considerado nos requisitos

normativos. O planejamento do sistema é parte do projeto de implantação, visto que

é um requisito que será atendido, como todos os outros da norma.

Os objetivos do sistema de gestão da qualidade não são os mesmos do

projeto de implantação. Os objetivos do projeto são derivados do objetivo principal

que é a certificação de conformidade da organização com a norma NBR ISO 9001 e

com os Itens e Requisitos do SiQ-Construtoras. Os objetivos da qualidade são a

melhoria contínua dos processos, aumento da satisfação do cliente, entre outros.

Page 98: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

97

Entre as vantagens encontradas no gerenciamento da implantação está a

abordagem de integração que resume todas as saídas das várias áreas do

planejamento, criando o plano do projeto, que contém todas as informações

necessárias à execução e controle do projeto.

A fase de iniciação garante que fatores essenciais para o sucesso do projeto

sejam considerados. Um dos principais fatores é o comprometimento da Direção,

que é garantido através do Project Charter, que documenta os direitos e deveres da

contratante e da contratada. A definição e documentação destes fatores de sucesso

do projeto aumentam a possibilidade dos objetivos serem alcançados

satisfatoriamente. Além disso, a iniciação formal do projeto inibe desistências ou

abandonos do projeto, como ocorre em muitos casos, quando algum obstáculo é

encontrado durante a execução.

As premissas são importantes para a disseminação da cultura da qualidade,

ou seja, os fundamentos e princípios da gestão pela qualidade total devem ser

entendidos, no grau adequado, por todos os envolvidos no projeto. O entendimento

da essência da qualidade, ajuda na obtenção do comprometimento com o projeto da

qualidade, que é considerado fundamental para seu sucesso.

Os processo de planejamento de escopo são bastante simplificados pelos

requisitos normativos, refletindo nos demais processos de planejamento, tendo em

vista a importância da EAP, que é a base de todo planejamento. O escopo do

projeto é bem definido, ou seja, são os requisitos normativos e a certificação. Com

isso, o planejamento adequado proporcionará facilidade para a execução e controle,

gerando grande possibilidade de sucesso do projeto. O que pode mudar é o escopo

do produto, ou seja, a implantação ocorrer em toda a organização, ou somente em

um departamento ou processo. O escopo do projeto é sempre a satisfação dos

requisitos, que somente mudará com a opção de implantar ou não os requisitos de

projeto da obra (Item 7.3).

O prazo é a área de gerenciamento que pode ser melhor programada, apesar

de muitas vezes necessitar de entradas baseadas em informações históricas e

premissas. O prazo da implantação pode ser muito bem planejado, estabelecendo-

se previamente os marcos e entregas, que são as certificações de nível, ou pode ser

programado de acordo com o resultado encontrado através do balanceamento das

outras demandas, como custo.

Page 99: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

98

A definição das atividades também é simplificada pelos requisitos normativos,

que propõem as ações que devem ser tomadas pela organização em relação aos

requisitos. Porém, são necessários conhecimento e estudo das práticas e padrões

organizacionais para garantir que o requisito será totalmente satisfeito. As atividades

são basicamente as descrições dos requisitos. Porém, em alguns casos, como o

requisito 5.2 – Foco no cliente, em que o requisito propõe que a construtora deve

assegurar que os requisitos do cliente são determinados, porém não especifica

como fazê-lo. Para a resposta a este requisito, são necessários criatividade e

experiência para determinar as ações adequadas.

O sequenciamento das atividades da implantação pode ser dificultado pela

forte ligação entre os requisitos, que muitas vezes são complementares, o que exige,

muitas vezes, que as atividades sejam executadas simultaneamente, outras vezes,

em seqüência, e isto ocorre com muitos requisitos ao mesmo tempo.

As estimativas de duração também podem ser dificultadas porque o projeto

de implantação necessita, basicamente, de recursos humanos. Diferentemente de

outros tipos de atividades, que podem ser baseadas em taxas de produtividade, as

atividades de implantação são, na maioria das vezes, produção intelectual dos

envolvidos, que vão analisar processos, criar procedimentos, e criar soluções e

ações para satisfação dos requisitos normativos. A produtividade, portanto, depende

de muitos fatores subjetivos, como o comprometimento com o projeto, o grau de

entendimento sobre gestão organizacional, entre outros. Também o nível de

excelência da organização, e políticas de participação de funcionários,

empowerment, entre outros, vão influenciar a duração das atividades. Além disso, os

prazos necessários para implementação das ações, ou seja, para maturação, dos

procedimentos, práticas implantados, são estimados a partir de conhecimento

empírico da equipe do projeto, e possuem um grande grau de incerteza. Este tempo

pode ser estendido quando o prazo estimado termina, mas ainda existem outras

atividades a serem executadas e a auditoria não será feita imediatamente após. As

últimas atividades realizadas antes da auditoria são as que possuem maior

possibilidade de não possuírem prazo suficiente. Estas estimativas são muito

incertas, e podem gerar riscos para o cronograma do projeto.

O desenvolvimento do cronograma é o processo de planejamento que

congrega grande parte dos resultados de processos anteriores para a elaboração do

cronograma do projeto, que por isso sofre grande influência destes, ou seja, a

Page 100: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

99

qualidade das saídas dos processos anteriores impacta diretamente na qualidade do

planejamento do projeto na linha do tempo.

Os softwares de gerenciamento de projeto auxiliam na geração do

cronograma, pois calcula muitas entradas automaticamente, e realiza os cálculos

matemáticos automaticamente, como o caminho crítico. O trabalho manual de

elaboração de cronograma exige muitos cálculos, considerando-se prazo, custo, e

principalmente, o balanceamento de demandas conflitantes. Através dos softwares,

o planejamento dos recursos é feito automaticamente, quando os recursos são

atribuídos, e o nivelamento de recursos é bastante simplificado.

As estimativas de custo da implantação podem ser consideradas simples

pois, com a estimativa de duração das atividades, o cálculo dos custos de cada

atividade é feito pela multiplicação do tempo total pelo custo unitário da hora técnica

dos recursos humanos envolvidos, que são a maior parte dos custos.

Na elaboração do orçamento, as vantagens são as mesmas da estimativa de

custo, porém, há uma dificuldade que está atrelada às saídas do processo de

estimativa de duração das atividades. O comprometimento da equipe da qualidade e

do corpo de funcionários da organização afeta o desempenho do projeto, pois a

implantação é feita por pessoas. Os outros recursos necessários à implantação

podem ser considerados irrelevantes, como equipamentos, sendo o custo composto

basicamente do serviço de consultoria, o serviço de auditoria e certificação da OCC

e as horas alocadas dos funcionários da organização alocados ao projeto da

qualidade. Dessa forma, a estimativa de duração das atividades pode ser imprecisa,

pois as taxas de produtividade são incertas. Portanto, o custo da qualidade pode ser

visto pela empresa como a soma de todos os fatores acima, ou pode ser

considerado somente dos serviços externos, considerando as horas internas como

parte das atividades correntes da organização.

Os riscos do projeto da implantação são reduzidos dependendo da política

que a organização adotar. Mais uma vez, o grau de comprometimento influencia

diretamente, pois, há casos em que as organizações fixam metas que devem ser

atingidas dentro do programado, e a equipe é “pressionada” para concordar com os

prazos. Em outros casos, a organização aloca recursos para o caso de detectar a

necessidade durante a evolução do projeto.

Quando se considera a metodologia de implantação e a prática da

organização consultora, o risco do projeto pode ser considerado pequeno, pois a

Page 101: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

100

metodologia é consagrada. O fator primordial para o aumento dos riscos é, de fato, o

comprometimento, e seu impacto sobre as durações das atividades.

Não é foco deste trabalho a discussão sobre os impactos dos fatores

humanos sobre os projetos, mas sabe-se que este é um fator decisivo para o

sucesso e, no caso do projeto da implantação, será o foco principal como fator que

atribui risco ao projeto.

Ao final do planejamento de escopo, prazo, custo e risco, é feita a integração

que é um processo que organiza todas as informações obtidas ao longo do

planejamento, resultando um documento adequado para a execução e controle do

projeto. A integração aumenta o entendimento sobre o projeto, e garante que as

informações corretas estejam disponíveis adequadamente, de forma prática.

Os softwares de gerenciamento de projeto são ferramentas que permitem que

projetos sejam criados e planejados em poucas horas, o que levaria muito mais

tempo se fosse realizado sem tal tecnologia. São úteis principalmente para a solução

de problemas e balanceamento de demandas conflitantes, e utilizam as melhores

práticas de gerenciamento, com o uso de técnicas como o método do caminho

crítico e diagrama de rede. Além disso, os softwares emitem relatórios finais, com

resultados de cada área, como a tabelas de recursos e custos, além do cronograma

em gráfico de Gantt e a rede.

5.2 RECOMENDAÇÕES

Este trabalho possui uma visão generalista da aplicação da sistemática

proposta pelo PMBOK ao planejamento da implantação de sistemas de gestão da

qualidade em organizações construtoras. Seguindo esta linha de pesquisa, vários

trabalhos podem ser elaborados, a partir desta primeira proposta.

Cada área da gerência de projetos, ou mesmo alguns processos principais,

podem ser estudados isoladamente, com maior nível de detalhamento, incluindo

estudos de casos reais sobre sua aplicação.

Devido ao fato dos recursos humanos terem forte influência no sucesso do

projeto da implantação de sistemas de gestão da qualidade, este pode ser o foco de

estudos mais aprofundados, e também estudos sobre a influência dos recursos

humanos nos riscos deste projeto.

Por não serem parte do escopo deste trabalho, os processos facilitadores

podem ser estudados isoladamente ou em conjunto com os já analisados.

Page 102: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

101

Em continuidade aos processos de iniciação e planejamento, podem ser

estudados os processos de execução, controle e finalização do projeto, das diversas

formas sugeridas para o estudo do planejamento.

Também pode ser aplicada a sistemática proposta a outros tipos de sistemas,

baseados em outras normas, e que possuam outras peculiaridades que influenciarão

os processos da gerência de projetos.

Page 103: 21-Planejamento Da Implantação de Sistemas de Gestão Da Qualidade

6 OBRAS CITADAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 9000:2000: Sistemas

de gestão da qualidade – Fundamentos e Vocabulário. Rio de Janeiro, 2000.

______. NBR ISO 9001:2000: Sistemas de gestão da qualidade – Requisitos. Rio de

Janeiro, 2000.

______. NBR ISO 9004:2000: Sistemas de gestão da qualidade – Diretrizes para

melhorias de desempenho. Rio de Janeiro, 2000

______. NBR ISO 19011:2002: Diretrizes para auditorias de sistema de gestão da

qualidade e/ou ambiental. Rio de Janeiro, 2002.

______. NBR ISO 14001:1996: Sistemas de gestão ambiental – Especificação e

diretrizes para uso. Rio de Janeiro, 1996.

______. NBR ISO 14004:1996: Sistemas de gestão ambiental – Diretrizes gerais sobre

princípios, sistemas e técnicas de apoio. Rio de Janeiro, 1996.

______. NBR ISO 14015:2002: Sistemas de gestão ambiental – Avaliação ambiental de

locais e organizações. Rio de Janeiro, 2002.

CARNEIRO, Paulo César da Costa. Notas de Aula do Módulo de Contexto do

Gerenciamento de Projetos. Rio de Janeiro: Curso de Fundamentos de Gerenciamento

de Projetos da Universidade Veiga de Almeida, 2002.

FPNQ: Ver Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade.

FUNDAÇÃO PARA O PRÊMIO NACIONAL DA QUALIDADE. Critérios de Excelência: O

estado da arte da gestão para a excelência do desempenho e o aumento da

competitividade. Rio de Janeiro, 2003.

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HERSZON FILHO, Leon. Notas de Aula da Disciplina de Introdução ao Gerenciamento

de Projetos. Niterói: Curso de Especialização em Gerenciamento de Projetos da

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KERZNER, Harold. Gestão de Projetos: As melhores práticas. Tradução: Marco Antônio

V. Borges, Marcelo Klippel e Gustavo S. de Borba. Porto Alegre: Bookman, 2002.

LANDIM, Pedro Sérgio. Notas de Aula do Módulo de Gerenciamento de Escopo e

Integração de Projetos. Rio de Janeiro: Curso de Fundamentos de Gerenciamento de

Projetos da Universidade Veiga de Almeida, 2002.

NEVES, Rodrigo Barbosa. Notas de Aula da Disciplina de Planejamento, Programação

e Controle em Projetos. Niterói: Curso de Especialização em Gerenciamento de

Projetos da Engenharia de Produção da UFF, 2003.

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desempenho. Tradução: Adalberto G. Pereira, São Paulo: Ed. Nobel, 1994.

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PROGRAMA BRASILEIRO DA QUALIDADE E PRODUTIVIDADE DO HABITAT:

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