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SATURNINO APARECIDO RAMALHO Cirurgião-Dentista
A
A IMPORTANCIA PERICIAL DO ESTUDO ' /
COMPARATIVO IDSTOMORFOLOgiCO DO. ft SSO HUMANO E DE OUTROS GENEROs/
Tese apresentada à Faculdade de Odontologia de Piracicaba da Universidade Estadual de Campinas, para obtenção do grau de Doutor em Odontologia Legal e Deontologia.
PIRACICABA- SP -2000-
TP
SATURNINO APARECIDO RAMALHO Cirurgião-Dentista
A
A IMPORTANCIA PERICIAL DO ESTUDO COMPARATIVO IDSTOMORFOLÓGICO DO OSSO
A
HUMANO E DE OUTROS GENEROS
Tese apresentada à Faculdade Odontologia de Piracicaba Universidade Estadual Campinas, para obtenção grau de Doutor Odontologia Legal e Deontologia.
de da de do em
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Daruge
Banca examinadora: Prof". DI". Cláudia M.• de A. Sampaio Prof. Dr. Eduardo Daruge Prof. Dr. Eduardo Daruge Jr. Prof. Dr. Nelson Massini Prof. Dr. Roberto José Gonçalves
PIRACICABA- SP - 2000 -
Rl41i
Ficha Catalográfica
Ramalho, Saturnino Aparecido. A importância pericial do estudo comparativo histomorfológico
do osso humano e de outros gêneros. I Saturnino Aparecido Ramalho.-- Piracicaba, SP: [s.n.], 2000.
200p. : il.
Orientador : Pro f. Dr. Eduardo Daruge. Tese (Doutorado) - Universidade Estadual de Campinas,
F acuidade de Odontologia de Piracicaba.
I. Ossos - Histologia I. Daruge, Eduardo. !I. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Odontologia de Piracicaba. III. Título.
Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Marilene Girello CRB I 8-6159, da Biblioteca da Faculdade de Odontologia de Piracicaba I UNICAMP.
~'-. ~.,
UNICAMP
FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
A Comissão Julgadora dos trabalhos de Defesa de Tese de DOUTORADO, em
sessão pública realizada em 23 de Fevere~ de 2000, considerou o I \
candidato SATURNINO APARECIDO RAMALHO aprova~o. \
\ \ \
/"-
2. Prof. Dr. :z~/
/ I .··· NELSON MASSIN~~~
'-~
5. Prof. Dr. EDUARDO DARUGE JUNIOR __ ~--+--------------------------1
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________ S,attnninoA.Ramalho• _______ _
DEDICATÓRIAS
___________ SaturninoA. Ramalho __________ _
AOS MEUS PAIS APP ARECIDA EUNICE E W ALDO MIRO,
por terem me dado a vida, pelo carinho, pelo amor e pela dedicação constante. Tenho acima de tudo a honra de ser filho de vocês.
_____________ ,SaturninoA. Ramalho'-------------
À MINHA ESPOSA MARGARETH,
que suporta as minhas discussões sem nunca esmorecer. Pelo seu carinho e incentivo neste trabalho e em minha vida. Com todo o meu amor.
________ SaturninoA.RamaJho, ______ _
AGRADECIMENTOS
____________ ,SaturninoA. Ramalho ___________ _
Em especial, ao meu Mestre e Orientador,
Prof. Dr. EDUARDO DARUGE,
pela prova de humildade, conhecimento e sabedoria irradiantes e por ter despertado em mim o amor pela Odontologia Legal.
___________ SaturninoA. Ramalho __________ _
Ao Prof. Dr. NELSON MASSINI,
meu primeiro mestre em Odontologia Legal, ainda na graduação, pelo exemplo de luta e determinação.
___________ SaturninoA. Ramalho. __________ _
Aos Profs. Dr. ROBERTO JOSÉ GONÇALVES e
Dr. EDUARDO DARUGE JR.,
pela contribuição e apoio inconteste em todo transcorrer do curso.
____________ SaturnínoA. Ramalho. __________ _
À Prof". Dr3• HELOÍSA AMÉLIA DE LIMA CASTRO,
pela cessão do laboratório de Histologia do Departamento de Morfologia da FOPUNICAMP, para a realização das fotomicrografias.
À Prof". Dr. ELIENE APARECIDA ORSINE NARV AIS ROMANI,
pois sem sua incansável colaboração e dedicação a microscopia deste trabalho não seria possível.
___________ SatuminoA. Ramalho __________ _
Ao amigo PAULO DO AMARAL, Técnico em Histologia,
pela colaboração na parte histológica deste estudo.
Ao fotógrafo e amigo, PEDRO SÉRGIO JUSTINO,
pelo empenho na realização do trabalho fotográfico deste estudo, sem nunca ter medido esforços.
___________ SaturninoA. Ramalho. __________ _
À caríssima Bibliotecária da Faculdade de Odontologia da Pontificia Universidade Católica de Campinas, ANA LAURA MACHADO PESSA,
pelo auxílio na busca e montagem das referências bibliográficas.
À Bibliotecária da Faculdade de Odontologia de Piracicaba - UNICAMP, HELOÍSA MARIA CECCOTTI,
pela colaboração na diagramação e montagem deste trabalho.
À Auxiliar de Bibliotecária da Faculdade de Odontologia de PiracicabaUNICAMP, DORALICE NASCIMENTO LEAL ROMANO,
pela colaboração na pesqmsa das referências bibliográficas.
À Prof". Dra. MARIA BEATRIZ GOBBY BANDINI,
meu agradecimento na leitura e correção deste manuscrito.
________________________ SattrrnmoA.Rrunallio ______________________ _
Ao colega LillZ FRANCESQUINI JR.,
pela atenção, amizade e apoio que sempre estiveram presentes em nosso convívio.
Às funcionários do Departamento de Odontologia Social e Preventiva,
Sra. DINOLY ALBUQUERQUE LIMA e
Sra. CÉLIA REGINA MANESCO,
pelo auxílio constante e prestativo em todos os momentos.
À todos aqueles que, embora não citados aqui, contribuíram para que este trabalho fosse concluído.
__________ SaturninoA. Ramalho, _________ _
SUMÁRIO
______________ SaturninoA. Ramalho, _____________ _
SUMÁRIO
Resumo ••••••••..••.••••••..•.•••.•.....•••.••••.•..•••••..•.•..•.•.•..••••.••••.....•••.•...•....••..•.••••• 19
Abstract .••••..••.•.••••.•.••.•••..•.••••••••••••..•.•••.•••.••.•••.••.•.••.•••......••..•.•••.••.....•.•..•. 23
1 - Introdução ..••.•..•.............•............••.................••.................................. 27
2 - Revisão da literatura •••.••••••••••••••.••..•.•....•.••..•.••••..•.•..•••.••••••.•.••..•....•• 35
2.1 -Proposição ...................•....••..................•...................................... 77
3 - Material e Métodos •••.••..•••••••••••••••..•.•...••....•••••••••..•..••••••••••••.•••.••••.•• 79
3.1 - Material ••••..•..••.•••••••••••••••.••..••.••..•.....•••••.•••••.•.••....•.••.•••..••.•........ 81
3.2 -Métodos ••••••••..•..••.••.•••••••.•.•••.•••••.••........••••••••••••..••.••.•••.••..••••••.•.• 83
4 - Resultados •.••••..••••••.••••••.•••.••••••.•••••........••••.•••.•.•.•.•...•••.•••.•...•..•.••••.•. 87
4.1- Análise e interpretação das fotomicrografias .......................... 89
4.1.1 -Homem .••.............•.••............•........................•..................... 90
4.1.2 -Anta ••••...•.•••••.••••••••••••••.•••••••••••....•••••••••..••••••••••..••...•.•.•...... 94
4.1.3 - Aracambé .............................•............................................. 98
4.1.4 - Boi ..•••..••.••...•.••••••••••.•••.••..••.•..••.••.•.••••••.•••..••..•..••.••••.••.•••.••• 102
4.1.5 -Cabra ..................................................................•..•..•......... 106
4.1.6 -Cachorro-do-mato ...............................••............................ 110
4.1. 7 -Cão ...••...........................•...•.............................................•... 114
4.1.8 -Capivara .••.•.•..•.....••...•.••..•..••.......••.••....•....••.••.•..........•....... 118
____________________________ .SanwnmoA.Rrunallio __________________________ _
4.1.9 -Carneiro............................................................................. 122
4.1.10 - Cateto .•.••...•.••••••••••..••••....•••.•.••••.•.•••.•..•.•••..•.•..••••.•••..•.•.•..• 126
4.1.11 - Cavalo ...••.•.••••••••••••...•••••...•.••••••.•••••••••.•.••••.•.•.••••.•.••••.••..••. 130
4.1.12 - Coelho •.•.•••••••••..•••.•..•.....•••.••••••.••.••.••••••••••.••.•.•...•••..•.••.••.•. 134
4.1.13 - Cutia •.•.•••.••••••.••••••••••••..•...••••••••••••••••....••.•••.•......••••.••••...•••• 138
4.1.14 - Gato ••••••...••••••••••••••.••••••.•••.•••.••••.•.••....•..•••••.•.•.•..•.•••••...•••.•. 142
4.1.15 - Macaco-prego ••.•••••.••••...••••••••••.••••••••••••..••••..•••••••.•..•.•••..•• 146
4.1.16 - Onça ••••••••..•••.•.•••••.•••..••••...••••••.••••••••••...•.•...•.•.••••...••••••.••••. 150
4.1.17 - Ouriço ••••••••••.•••••••••••...•••..••••••••••••••••••••••••••••.••••••••.•••.•••.•••• 154
4.1.18 - Porco •.••••••••.•••.•.••.••••.•••••••..••••••••••.•••••.••••••.•.••••..••••..••..•••... 158
4.1.19 -Tamanduá-bandeira •••••...••••••••••••.•••.....••••.••...•••.•••.••••.•.••• 162
4.1.20 -Veado-cervo •.•••••.••••••••....••••••••.•••••.••••••••••••••••••.••••.•.••.••..••. 166
4.2 - Quadro resumido das análises e interpretações dos caracteres histomorfológicos •.•.•..••.•••••••.•••.....•.••••.•.•....•••.••.•.••.... 170
4.3 - Síntese dos resultados •..•••••••.••••..••••••.•.••••.••••..••••.•.•••...••••••.••••••. 173
5 - Discussão •.••.••••••.•••.••.••••••.••..•••..••.•••..•••••••••.•.•.••..•..•••.••••.•..••••••..••••..• 177
6 - Conclusão .••••••••••••••.••••••••••••.•.•••....•....••.••••••.•••••.....•••..••••....••.••..••••••• 183
Referências Bibliográficas •••••••••.•••...•••••..••.••••••.•••..••..•••••.••••••••••.••••.••••••• 189
Apêndice ..•.......•.•...•••••.••.••••.•..•..•••..•......•....•.•••..•..•........•••..••••.....•.••...•••..•• 197
__________ Saturnino A Ramalho. ________ _
RESUMO
____________ Saturnino A Ramalho, ___________ _
RESUMO
É fato notório que a identificação do osso ou fragmento deste
contribui sobremaneira no esclarecimento de questões jurídicas. Quando não
dispomos do esqueleto completo ou de ossos integros, a análise de
características histomorfológicas ósseas tomam-se fator decisivo para a
elucidação de certos casos de identificação. O propósito do presente estudo foi
ampliar ou buscar novas possibilidades na identificação de fragmentos ósseos
de seres humanos e de outros 19 mamíferos de maior proximidade com o
homem. Assim analisamos os sistemas de Havers, os canais de Havers, os
osteócitos e os canalículos dos osteócitos, do homem, da anta, do aracambé,
do boi, da cabra, do cachorro-do-mato, do cão, da capivara, do carneiro, do
cateto, do cavalo, do coelho, da cutia, do gato, do macaco-prego, da onça, do
ouriço, do porco, do tamanduá-bandeira e do veado-cervo. Realizamos cortes
histológicos por desgaste no tecido ósseo de cada mamífero estudado, no
sentido longitudinal e transversal, e analisamos em microscopia de luz. Os
resultados demonstram com clareza e precisão que a análise histomorfológica
das estruturas citadas possibilitam a identificação e diferenciação dos gêneros
estudados, ou então, excluem a possibilidade do fragmento ósseo examinado
pertencer ao gênero HOMO.
21
____________ SaturninoA Ramalho ___________ _
Palavras-chaves: histomorfologia óssea comparada
22
__________ SatuminoA. Ramalho. ________ _
ABSTRACT
____________ SaturninoA. Ramalho. ___________ _
ABSTRACT
It is very well known that the identification o f the bone or a bone
fragment means an extremely valuable contribution when the clarification of
juridical issues is being performed. When the complete skeleton or whole
bones are not available, the analysis of the osseous histomorphologic
characteristics becomes a decisive factor for the elucidation o f certain cases of
identification. This present study has been conducted aiming at enlarging or
searching for new possibilities for identizying osseous fragments of human
beings or of some nineteen (19) mammals with characteristics closest to those
of the human beings. Thus, the systems and the canais o f Harvers as well as
the osteocytes and the canaliculi o f the osteocytes of the human beings, the
anta, the aracambé, the ox, the goat, the grison, the dog, the capivara, the
sheep, the cateto, the horse, the rabbit, the agouti, the cat, the capuchin
monkey, the puma, the hedgehog, the pig, the tamanduá-bandeira (the great
anteater), and the veado-cervo (any deer) have been analyzed. The osseous
tissue of the mammals have been histologically cut by abrasion - in the
longitudinal and transversal way- and analyzed under light microscopy. The
results have clearly and accurately shown that the histomorphologic analysis
of the above mentioned structures makes it possible either to identizy and
25
________________________ S,arurnmoA.~mallio• ______________________ _
differentiate the genders studied or to exclude the possibility that the osseous
fragment may belong to the gender HOMO.
Key words: compared osseus hitomorphology
26
_________ .SaturninoA. Ramalho. ________ _
1- INTRODUÇÃO
____________ SaturninoA. Ramalho. ___________ _
1 - INTRODUÇÃO
Conjuntamente com a evolução de todas as ciências, a Odontologia
Legal também experimentou significativos avanços e aprimoramentos nas
últimas décadas. Isto possibilitou que seus estudiosos pudessem dar à
sociedade auxílio incomensurável no que tange a identificação humana,
solucionando deste modo graves problemas judiciais e sociais.
Tarefa árdua a do perito odontolegista, visto que, além de
conhecimentos puramente técnico-odontológicos, de acordo com ARBENZ
(1962), necessita embasamento de outras áreas, como a do Direito, da
Antropologia, da Matemática, da Química, da Física, da Medicina, e de outras,
para que possa no amalgamar dessas ciências subsidiar posições de interesses
judiciais.
Conforme citação de LEITE (1962) "os conhecimentos puramente
odontológicos não dariam fmalidade jurídica a Odontologia, do mesmo modo
que só a contribuição do Direito não bastaria para constituir a Odontologia
Legal". Depreende-se daí quão vasto tem que ser os conhecimentos do perito
odontolegista para que possa agir com fidelidade nas suas afirmações.
29
--------------'SaturninoA. Ramalho. ___________ _
Mesmo não sendo de ocorrência rotineira, os peritos, por vezes, são
incumbidos de investigar e identificar a natureza de remanescentes
mineralizados, que podem ser de osso humano ou de outros animais, ou até
mesmo de fragmentos dentários humano ou não. Tais investigações visam
fornecer subsídios para o esclarecimento de fatos de interesses jurídicos.
Esta análise embora possa parecer de relativa facilidade, pode se
apresentar de formas diversas e sob inúmeras condições, de acordo com a
natureza com que o "material" periciado se apresenta, o que a toma bastante
complexa.
Quando a peça óssea a ser avaliada se acha íntegra, mesmo que
isolada, sua identificação de plano é conseguida, considerando-se as
características morfológicas e anatômicas que os ossos apresentam nos
diversos gêneros animais. Portanto, o perito terá subsídios para afirmar com
precisão que o osso examinado é pertencente ao gênero humano ou não.
Em determinadas situações, o material entregue para o exame
pericial não é íntegro, e sim muito fragmentado ou destruído total ou
parcialmente por agentes físicos, como o fogo, ou químicos, como ácidos ou
bases fortes. Em circunstâncias tais far-se-à mister a realização de avaliações
30
____________ Saturnino A. Ramalho ___________ _
histológicas, por meiO de microscopia, para que se analise caracteres
histomorfológicos diferenciais entre cada gênero animal.
Essa avaliação deverá estar alicerçada em padrões de características
histomorfológicas do tecido ósseo de alguns gêneros animais que tenham uma
relação de proximidade ou convivência com o homem.
Na busca de trabalhos relativos ao tópico em questão,
surpreendemo-nos ao encontrar referências extremamente limitadas em alguns
livros de Odontologia Legal, Medicina Legal, bem como poucos trabalhos
direcionados a este assunto. Isto nos mostrou cientificamente a necessidade da
realização de um estudo mais amplo e mais profundo sobre a análise
comparativa histomorfológica dos tecidos ósseos do homem e dos animais
estudados.
Podemos evidenciar a importância deste estudo pelos trabalhos de
ARBENZ (1988), FÁVERO (1993), FRANÇA (1995) e CALABUIG (1998),
que estudaram as características diferenciais do tecido ósseo humano e de
outros animais, tendo caracterizado dessa forma a sua importância em
investigações periciais.
31
___________ SatuminoA. Ramalho. __________ _
Conseguimos somente um trabalho de OWSLEY et al. (1985), sobre
uma investigação pericial com finalidade de diferenciação entre osso humano
e de veado, isto corrobora diretamente com a proposição deste trabalho.
No aspecto de subsidiar esta pesquisa, quanto as características
histomorfológicas do tecido ósseo humano e de outros animais, encontramos
trabalhos realizados por: GETTY (1981), DYCE et al. (1990), JUNQUEIRA
& CARNEIRO (1990), HALL (1991), ERIKSEN et al. (1994), STEVENS et
al.(1995), e QIN et al. (1999).
Em um estudo realizado por RAMALHO & DARUGE (1994),
sobre a caracterização das diferenças histomorfológicas dos tecidos dentários
mineralizados com fins periciais, temos uma similar e estreita linha de
trabalho com a que agora realizamos.
Trabalhos como os de : ECKERT et al. (1988), NELSON (1992),
HOLDEN et al. (1995), GRÉVIN et al. (1998), sobre as alterações do padrão
histomorfológico do tecido ósseo humano produzida pelo calor, também
consubstanciam este estudo, pois são voltadas ao campo pericial.
32
____________ .SatuminoA.Ramalho. ___________ _
Alguns trabalhos acerca de identificação analisando o trabeculado
ósseo por meios radiográficos realizados por V AN DER STEL T et ai. (1986),
OWSLEY et al. (1993) e KAHANA et al. (1998), mesmo sem relação
intrínseca com este estudo, são de grande valor no que tange às perícias de
identificação.
Segundo DARUGE e MASSINI (1978) "o perito precisa
ser minucioso no seu exame, atilado na sua observação,
prudente e preciso na sua conclusão. E tudo tendo visto,
indagado, analisado, deve ainda o perito, com serena
imparcialidade, firmar o fato, negar o fato ou confessar
honestamente a insuficiência ou a incapacidade da perícia
para chegar a qualquer conclusão."
Assim sendo, se por meio dos caracteres histomorfológicos não se
for possível a identificação precisa, far-se-á a exclusão da espécie em questão.
33
________ ,SatuminoA.Ramalho. ______ _
2- REVISÃO DA LITERATURA
____________ SatuminoA.Ramalho. ___________ _
2- REVISÃO DA LITERATURA
Para realização da análise comparativa histomorfológica dos
sistemas de Havers, canais de Havers, osteócitos e seus canalículos, com a
finalidade de se conseguir características diferenciais em cada gênero
estudado, consultamos as seguintes literaturas científicas, como descrito a
segurr.
SNOW & LUKE (1970) relataram a identificação positiva de duas
memnas desaparecidas em Oklahoma City. Os remanescentes ósseos
encontrados estavam bem preservados, o que permitiu a identificação dos
corpos pelas características morfológicas dos ossos.
HANCOX (1972) descreveu que existem duas grandes diferenças
entre o tecido ósseo lamelar e o não lamelar. A primeira consiste na
organização das fibras colágenas. A segunda deriva do arranjo das lacunas dos
osteócitos, que no osso lamelar dispõem-se em modelos regulares e
ordenados, dos quais irradiam canalículos que se intercomunicam com os
prolongamentos irradiados de outras lacunas.
37
____________ .SatuminoA.Ramalho, ___________ _
Muitos autores evidenciaram essa lacunas nas junturas lamelares, e
que podem ser vistas, quando o preparo for adequado, com maior freqüência
no interior delas.
O autor relata também que o número e diâmetros dos sistemas
haversianos variam nos ossos de um mesmo indivíduo por exercerem
atividades diferentes. Por exemplo, o osso fibular tem poucos e amplos
ósteons, o que indicaria o aumento da taxa de "turnover" ósseo, enquanto que
o femural apresenta ósteons pequenos e numerosos.
SOPHER (1972) relatou sucintamente as várias formas de
identificação de restos humanos: impressões digitais, análise dentária,
reconhecimento visual, de objetos pessoais, identificação pela análise do
esqueleto, por exame médico (autópsia e achados radiográficos), achados
soro lógicos, tricológicos e a identificação por exclusão.
STEVENS (1972) relatou que a identificação de um cadáver,
especialmente quando houve considerável mutilação não é tarefa fácil e
agradável, mas tem grande importância do ponto de vista legal e sociológico.
Nos casos de desastres em massa, como acidentes aeronáuticos, a
identificação individual dos corpos baseada em evidências médicas e
38
----------------------~SarurnmoA.Ramallio ______________________ _
patológicas é praticamente impossível, a menos que a identidade individual
das vítimas seja conhecida.
A identificação de um corpo pode ser analisada sob quatro aspectos:
primeiro, no caso da justiça suspeitar da morte não ser rotineira ou súbita;
segundo, se o corpo ou corpos forem encontrados escondidos em lugar remoto
já em estado de decomposição ou mutilados, circunstâncias estas que sugerem
a possibilidade de um crime; terceiro, um desastre em massa, como incêndio
em edificio, quando o número e a identidades das pessoas envolvidas não são
conhecidos; quarto, no caso de desastres aéreos, quando nenhuma pessoa em
terra foi envolvida, sendo então sabido com razoável certeza que as vítimas
são de um grupo limitado de pessoas, ou seja, fazem parte do acidente
somente os passageiros e os tripulantes, cujas identificações podem ser
conseguidas junto às companhias aéreas, sem dificuldades, na maioria das
vezes.
Segundo THOMPSON (1978), o método para dedução de idade que
combina o estudo de variáveis histológicas com o das peças macroscópicas
oferece três vantagens sobre outros métodos histológicos. A primeira requer
pequena quantidade de cortical óssea; a segunda possibilita comparações
39
____________ saturninoA. Ramalho. ___________ _
diretas entre os grupos; a terceira permite que as extremidades superiores
possam ser usadas para se obter a idade dos esqueletos.
BASS (1979) apresentou uma revisão de publicações ao longo de
dez anos (1969-1978) sobre os métodos utilizados no campo da antropologia
fisica para determinação de idade, sexo, raça e altura obtidos a partir de
esqueletos humanos. São feitas comparações com trabalhos publicados entre
1958-1968 em seis categorias: 1- Exame visual dos ossos; 2 - Medições
antropométricas de osso; 3 - Medições antropométricas com subseqüente uso
de estatística; 4 - Tempo e seqüência de erupção dos dentes; 5 - Exames
radiológicos de estruturas ósseas internas; 6 - Exame microscópico da
estrutura interna do osso. Utilizando microscopia realiza-se a contagem dos
osteócitos de fragmentos ósseos para a determinação da idade.
Os resultados indicaram que menores índices de erros, ou de
variação da idade quando comparada com a real, foram para o remur (6,5
anos). A tíbia e o úmero tiveram variações de até 7,5anos, e a ulna teve
variações de até 9 anos.
KIESER-NIELSON (1980) dividiu o processo de identificação de
pessoas em quatro etapas :
40
____________ SaturninoA. Ramalho. ___________ _
1. coleta e registro de dados pós-morten;
2. coleta e registro de dados ante-morten;
3. comparação dos dois anteriores;
4. realização de um relatório sobre os resultados da comparação.
Com esta seqüência o autor relatou que consegue ter nenhuma ou
pouca perda de evidências, que embasarão as afirmações de sua perícia.
GETTY (1981) afirmou que os ossos longos dos animais são
tipicamente cilíndricos e alongados com extremidade alargadas. Aparecem
nos membros onde atuam como colunas de suporte e como alavancas. A parte
cilíndrica, designada diáfise ou corpo, é tubular e limitada à cavidade medular,
que contém a medula óssea.
Relatou também que a arquitetura óssea pode ser melhor estudada,
em cortes longitudinais e transversais do tecido ósseo. Estes cortes mostram
que o osso consiste de uma camada externa de substância compacta densa, na
qual está a substância esponjosa frouxamente arranjada. O osso compacto é
composto de substância íntersticial e matriz óssea depositada em camadas
chamadas lamelas. Uniformemente espalhadas em todas as partes da
substância intersticial do osso, há cavidades, chamadas lacunas, onde se
alojam os osteócitos (célula óssea). Dessas lacunas irradiam-se
41
_____________ SaturninoA. Ramalho:__ __________ _
prolongamentos em todas as direções, chamados canalículos, que se
anastomosam com os de outras lacunas, para assim nutrirem a célula óssea. A
maior parte das lamelas de osso compacto é arranjada concentricamente em
torno dos canais vasculares longitudinais. Estas unidades cilíndricas são
chamadas de sistema de Havers ou osteônio. Variam de tamanho e em cortes
transversos sistemas haversianos aparecem como anéis concêntricos em torno
de uma abertura circular. Os canais longitudinais, no centro dos sistemas da
Havers, são chamados canais haversianos ou canais nutrícios; contém um ou
dois vasos sangüineos e são unidos a outros, comunicando-se com a cavidade
medular e com a superficie através de canais transversos, chamados canais de
Volkman.
BASS & DRISCOLL (1983) realizaram um estudo sobre
identificação de esqueletos ósseos encontrados no Tennessee, no período de
setembro de 1971 a setembro de 1981, totalizando 111 casos. Em 30% dos
casos onde não existia nenhum tipo de identificação foi possível fazer-se uma
identificação positiva; em outros 11%, uma identificação provável. O crânio
ou apenas ossos do crânio foram os elementos mais encontrados, seguidos do
remur, mandíbula e osso ilíaco. Concluiu-se que, dos 111 casos relatados, 20
42
____________ SaturninoA. Ramalho. ___________ _
ou 22% tratava-se de ossos de animais , enquanto que 80 a 89% tratava-se de
ossos humanos.
BUCHNER (1985) relatou que, na sociedade moderna, a
identificação de restos humanos é necessária tanto no aspecto legal como no
social. Há vários métodos, mas todos eles remetem a um processo básico: a
comparação. Além disso, a identificação depende de registros feitos antes da
. morte da pessoa, assim como da quantidade e grau de preservação dos restos.
O método mais simples e mais usado é a identificação por parentes e
anugos, o que tem levado a inúmeros erros. O reconhecimento por meio
roupas e pertences pessoais também é largamente utilizado. Assim como o
anterior, leva a muitos erros, uma vez que podem ter sido perdidos ou
trocados. Os métodos mais confiáveis de identificação são aqueles inerentes
ao próprio corpo. A checagem das impressões digitais é o método mais
preciso. Se não puder ser utilizado, o método dental passa a ser o de maior
importância. Em casos de mutilação, decomposição, queima ou fragmentação
de corpos, outros métodos como o radiológico, médico, esquelético,
sorológico e capilar devem ser empregados. O exame do esqueleto pode levar
à determinação da idade, sexo, raça e estatura do indivíduo. Do nascimento à
adolescência, a idade precisa pode ser obtida pelo desenvolvimento dental, e
43
-------------'SaturninoA. Ramalho ___________ _
em adultos pelo exame da sínfise púbica. Os dados advindos desses métodos,
quando reunidos, fornecem comparações suficientes para que se estabeleça
identificação conclusiva.
OWSLEY et al. (1985), em um caso recente de antropologia forense
em Louisiana, realizaram a distinção entre espécies de seis pequenos
fragmentos ósseos. O objetivo principal era saber se eles faziam parte de um
úmero fraturado de uma mulher morta a tiros e jogada no rio Mississippi.
Esses fragmentos foram recuperados pela força policial dentro de um jeep em
um posto de gasolina onde o veículo havia sido limpo. O suspeito alegou à
polícia que esses fragmentos eram de um veado que ele havia abatido
recentemente. O pequeno tamanho dos pedaços impossibilitou que fosse feito
o reconhecimento dos ossos baseado na anatomia e espessura da cortical. O
exame microscópico foi possível. Esta análise envolveu comparação entre
ossos de veados e da própria vítima, que teve coletados os ossos durante a
autópsia.
As seções de osso de veado consistiam príncipalmente de osso
plexiforme, um tecido de osso primário no qual os planos regulares
longitudinal, radial, e os canais primários circunferenciais formam uma rede
de osso simétrica. Onde ósteons foram observados, eles eram primários (o que
44
_____________ SaturninoA. Ramalho• ___________ _
significa que não havia ocorrido remodelação). Estes ósteons primários eram
uniformes em tamanho e forma e eram agrupados, tendo muito pouco osso
intersticial entre ósteons.
No material da autópsia, havia presença de ósteons secundários (que
são produtos da remodelação interna de osso compacto primário). Tais ósteons
secundários eram variáveis em tamanho e forma, e seus canais eram menos
uniformes em tamanho que os dos ósteons primários.
O exame dos fragmentos encontrados no veículo não revelaram osso
plexiforme, mas sim ósteons secundários e variação em tamanho e forma de
ósteons e canais de Havers. Além disso, fragmentos de ósteons estavam
presentes como esperado no osso secundário remodelado, mas não em tecido
primário. A média de números de ósteons por mm2 nos fragmentos de veado
eram similares à da autópsia humana. Geralmente a contagem era maior para o
veado. O diâmetro dos canais Havers também provaram a diferença. Os da
autópsia eram maiores (esses cálculos incluíram ósteons em processo de
remodelação). Os fragmentos não identificados foram comparados com os
valores da autópsia. Assim, em muitos pontos, a estrutura histológica dos
fragmentos do veículo do posto de gasolina pareciam-se com o do úmero da
autópsia e não com os cortes do veado.
45
____________ .SatuminoA.Ramalho. ___________ _
Estudos comparativos de tecidos ósseos de vários animais levaram a
caracteres que permitem a identificação entre espécies. Em geral, é dificil
identificar osso humano com certeza em todos os casos porque alguns
mamíferos têm características estruturais que lembram a microanatom.ía do
osso humano (por exemplo, outros primatas, ursos e gatos). A presença ou
ausência de osso plexiforme, por exemplo é útil para propósitos de
identificação. Este tipo de osso aparece em alguns carnívoros e não
freqüentemente em primatas, incluindo macacos jovens e crianças muito
jovens. É o principal tecido ósseo em bovinos, suínos e em cervos, o que
inclui o veado.
KROGMAN & ISCAN (1986) relataram que entre os fatores que
influenciam negativamente para a identificação do indivíduo estão
remanescentes ósseos isolados ou fragmentados.
VAN DER STELT et al. (1986) relataram que a identificação de
uma pessoa por meio de um fragmento ósseo da mandíbula é um problema
forense comum, do qual podem advir significativas conseqüências.
Métodos convencionais requerem que grande parte da dentição
esteja presente para que possa prover um padrão dentário específico, para que
46
________________________ .SarurnmoA.Rrunafuo. ______________________ _
se correlacione com outros padrões ou registros radiográficos. Infelizmente ,
mudanças inadvertidas em geometria de projeção impedem o uso rotineiro da
radiografia odontológica para se estabelecer a identidade pelo padrão do
trabeculado ósseo intrínseco do osso esponjoso. Esta investigação explora a
viabilidade do uso de uma técnica computadorizada para obtenção sistemática
de radiografias e posterior comparação com radiografias periapicais já
existentes.
Neste estudo, os autores conseguiram com imagens radiográficas
digitalizadas por computador, em uma investigação com 16 indivíduos,
identificar com precisão a fonte correta de todo fragmento ósseo estudado.
MURAD & BODDY (1987) investigaram os restos de um esqueleto
humano encontrado perto de uma estrada, em 1985. Inicialmente descobriram
que o indivíduo havia sofrido uma cirurgia na cabeça e havia sido
parcialmente comido por um carnívoro grande, provavelmente um urso.
A caveira estava representada por um calvário bem preservado com
falta da maior parte da face e da porção basilar. Alguns dentes superiores
perdidos com alguns fragmentos de maxila e a mandíbula completa foram as
únicas porções faciais recuperadas. A mandíbula e o calvário foram limpos de
tecidos remanescentes e amostras de cabelo foram colhidas e preservadas.
47
----------------------~SattmrnnoA.Ramafuo ______________________ __
Havia um buraco no parietal esquerdo do indivíduo, o que foi mais
tarde esclarecido, pois o mesmo havia sofrido um acidente de carro e passado
por uma cirurgia na cabeça.
Foram achados também pedaços de remur, tíbia e úmero, asstm
como do rádio direito. Depois disso, uma porção do osso ilíaco foi encontrada,
e havia evidências de que o osso havia sido roído por um carnívoro grande.
Uma série de métodos foram utilizados, incluindo a observação do
tamanho do mastóide e costelas; além disso, uma ligeira robustez da área da
nuca sugeriram tratar-se de um homem. Isto foi em parte suportado por outras
duas análises: uma de função mandibular e outra pela medição da
circunferência femural.
Devido ao tamanho dos ossos, ao estágio de desenvolvimento
dental, às evidências de união das falanges, e à reabsorção havia pouca dúvida
de que os remanescentes eram de um adulto. Entretanto, regiões do esqueleto
fundamentais para a determinação da idade, estavam faltando. Por isso, a
idade foi estimada com base na atrição dental e endocranial, assim como no
fechamento das suturas do crânio. Chegou-se à conclusão de que ele tinha
entre 45 e 55 anos. Quando a identificação foi feita, descobriu-se que ele tinha
46 anos.
48
____________ Saturnino A. Ramalho, ___________ _
Revelou-se também que o indivíduo era caucasóide pela análise de
seu cabelo.
A estatura foi calculada pelo método de Steele, que calcula o
máximo tamanho de um osso pelos fragmentos do mesmo. Como os
fragmentos remanescentes eram incompletos, para todos os cálculos
necessários usaram-se também as fórmulas de Trotter e Gleser. Chegou-se à
variação entre 1,71m e 1,89m. O indivíduo tinha 1,83m.
ARBENZ (1988) relatou que o osso, do ponto de vista legal, se
submetido à descalcificação por ácidos, perde toda a sua parte mineral,
enquanto que, sob ação do fogo, somente a substância orgânica é destruída.
Em vítimas de incêndio, os remanescentes ósseos tomam-se porosos e
friáveis.
Nos ossos longos típicos, como o !emur e o úmero, a diáfise é
formada por osso compacto e as epífises de osso esponjoso, envolto por uma
fina camada de osso compacto.
O autor citou que com conhecimento das características histológicas
do tecido ósseo toma-se fácil o diagnóstico, mas deve-se levar em
consideração os seguintes aspectos:
49
_________________________ .SarurnmoA.Ramallio, ______________________ _
1 - Nos ossos compactos, a substância fundamental é constituída de
lamelas dispostas, algumas, sob a forma concêntrica ao redor dos canais de
Havers, que contêm vasos sangüíneos e que se ramificam e se anastomosam.
O conjunto formado por canais e !ameias recebe o nome de sistema de Havers.
Dependendo da orientação do corte, os canais apresentam-se arredondados ou
alongados.
2 - Entre os sistemas, também chamados haversianos, a substância
fundamentallamelar forma os sistemas intermediários ou inter-haversianos.
3 - Nos ossos longos há, ainda, um sistema lamelar que limita a
medula óssea; é o sistema lamelar interno. Na superficie, abaixo do periósteo,
encontram-se o sistema fundamental externo.
4 - O osso esponjoso também é formado por !ameias ósseas, porém
não há sistema de Havers. Estes são substituídos por tubos de tamanhos
diferentes, que se comunicam entre si.
5 - Na matriz óssea verifica-se a presença de osteoplastos com seus
prolongamentos (canalículos ósseos) delgados, anastomosados entre si e
também com os dos sistemas vizinhos. Na periferia exibem trajeto recorrente.
Os osteoplastos são cavidades nas quais se alojam os osteócitos. Os
prolongamentos destes se localizam nos canalículos. Os osteócitos são visíveis
50
____________ SaturninoA. Ramalho. ___________ _
nos cortes de osso fixado , descalcificado e corado. No osso seco, desgastado,
os osteoplastos apresentam-se escuros à observação microscópica, uma vez
que estão cheios de ar.
6 - Finalmente, em alguns ossos percebe-se a existência de fibras
colágenas, que penetram no tecido ósseo, vindas do periósteo; são as fibras de
Sharpey.
Segundo VEIGA DE CARVALHO, citado por ARBENZ (1988), a
forma dos osteoplastos no boi, porco e rato é oval; no macaco, galo e coelho é
espinhosa; no tatu é estrelada; na cobaia é piramidal; no gambá é
arredondada; e, no homem e preguiça é fusiforme.
As dimensões destas células oscilam da seguinte forma : 1 O p,m no
boi, porco e coelho; 15p,m na cobaia, galo, macaco, rato, preguiça e tatu; e ,
20 p,m no gambá, ouriço e homem.
Os canalículos têm características diferenciais: entrelaçados em teia
de aranha, no boi; ramificados, irradiados, no porco; em tufos, arborescentes,
no rato; tortuosos, formando tramas, no ouriço; irregulares, irradiados,
grossos, no macaco; ramificados, arborescentes, fmos, no galo; parcos, pouco
ramificados, finos, no coelho; muito ramificados, formando tramas, grossos,
no tatu; parcos, grossos, curtos, ramificados em plateau, na cobaia; grossos,
51
_____________ Saturnino A. Ramalho. ___________ _
ramificados, em tufos, dicotomisados, anastomosados, grosseiros, no gambá;
ramificados, com pequenos nódulos, arborescentes, anastomoses raras, curtos,
grossos, na preguiça; e, retilíneos, regulares, anastomoses freqüentes, longos,
fmos, no homem.
Verificou-se também que no homem há mator quantidade de
osteoplastos nas lamelas, quando se compara a outras espécies.
AZNAR, GOLDBACH e HINÜBER, citados por ARBENZ (1988),
encontraratn em suas pesquisas formas, diâmetros, direções e números de
canais de Havers com as seguíntes características: no homem as formas
predominantes são de canais irregulares, de secção elíptica; nos animais, ao
contrário, predomínatn as formas circulares. O diâmetro destas células no
homem é três vezes maior que em outras espécies. A direção dos osteoplastos
no homem é sempre paralela ao grande eixo do osso longo, e apresentam-se
em menor número, comparado ao osso animal, talvez por causa da maior
dimensão destas células no homem. Verificou-se também que o número de
osteoplastos nas lamelas é maior no homem, e a distância entre eles também é
superior , fato que se explica pelo maior desenvolvimento do sistema lamelar
nesta espécie.
52
____________ SaturninoA. Ramalho. ___________ _
ECKERT et al. (1988) afirmaram que entre os casos de mais dificil
solução para a força policial e os investigadores médico-legais estão aqueles
nos quais as vítimas foram deliberadamente queimadas para encobrir um
crime, ou aqueles em que a cremação foi resultado de um acidente ou suicídio.
A dificuldade se deve ao fato de que os corpos podem ser destruídos ou
fragmentados. A primeira tarefa é identificar o corpo usando todos os meios
possíveis, inclusive a ajuda de "experts" como patologistas forenses,
antropologistas forenses, dentistas, toxicologistas e sorologistas, assim como
investigadores de incêndios que podem contribuir com a investigação
providenciando informação sobre a causa do fogo.
Abaixo segue uma lista geral dos procedimentos necessários em
casos de cremação ou vítimas severamente queimadas:
1 - Sobrepor a futilidade e a falta de confiança sentidas por aqueles
que conduzem um exame desse tipo.
2 - Desenvolver uma aproximação para determinar a causa e
maneira da morte.
3 -Determinar quais áreas esqueléticas estão faltando.
4 - Determinar a presença de objetos estranhos pelo exame
radiográfico.
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____________ SaturninoA. Ramalho. ___________ _
5 - Determinar sexo, raça, idade, estatura, evidência de doença
prévia, trauma ou gravidez da vítima.
6 - Determinar variações em traumas térmicos bem como trauma
mecânico recente.
7 - Determinar a presença de evidência dental; examiná-Ia
radiograficamente e documentá-la fotograficamente.
8 -Determinar evidência toxicológica e sorológica.
É preciso enfatizar que tais casos são de dificil solução e requerem
uma investigação completa e minuciosa , usando o talento de "experts" em
antropologia, odontologia, patologia forense, criminologia, investigação da
cena do crime, toxicologia, sorologia, investigação do incêndio e investigação
criminal.
A evidência da presença de arma de fogo é suportada por monóxido
de carbono no sangue da vítima, indicando que foi assassinada e a morte foi
encoberta pelo fogo. Pode ocorrer fratura de crânio com o fogo, mas também
pode ser o resultado de um trauma interno pelo cano do revólver ou batida por
outro instrumento (sem corte). Numa explosão o corpo é fragmentado e
freqüentemente queimado. Neste caso pode não haver evidência de monóxido
de carbono nos tecidos.
54
_____________ .SatmninoA. Ramalho. ___________ _
A destruição completa dos corpos ocorre apenas após longa queima
ou em pilhas de madeiras, como vistas na cremação indiana ou japonesa, o
que raramente ocorre.
A queima de um corpo depois de um homicídio, suicídio ou num
acidente de aeronave, carro ou qualquer outro resulta numa cremação parcial.
Este pode ser o principal resultado se o corpo for exposto a fogo ou calor que
primeiramente afeta a pele. O exame inicial deve incluir uma investigação
cuidadosa sobre a presença de um acelerante como gasolina ou outro líquido
orgânico.
Observou-se que, após a cremação, a posição dos ossos é mantida,
em especial os ossos da cabeça. Num exame inicial, deve-se observar se
alguma região do corpo não foi queimada, o que informaria imediatamente a
cor da pele. Além disso a palidez ou vermelhidão podem indicar presença ou
não de monóxido de carbono no sangue, o que pode indicar que a vítima
estava viva antes de exposta às chamas. Órgãos que não foram queimados
podem ser meio para coletar fluidos corporais como sangue e urina na bexiga
e bile - que pode ser usada para identificação de CO, S02, N02, cianeto,
formaldeído e outros gases tóxicos podem ser detectados nesses fluidos.
55
____________ SaturninoA. Ramalho. ___________ _
WHITTAKER & MACDONALD (1989) afirmaram que pequenos
fragmentos de ossos ou dentes detêm características suficientes para
possibilitar a determinação da espécie, o sexo e o grupo sangüíneo do
fragmento em análises laboratoriais. Segundo os autores, alguns estudiosos
sugeriram que a estrutura do osso em diferentes animais varia tanto que, a
determinação da espécie pode ser detectada em exames por desgaste ou por
desmineralização do tecido ósseo.
Afirmaram também que se pode detectar diferenças no tamanho e
distribuição dos canais de Havers no osso compacto de diferentes tipos de
animais. Como regra geral, os canais de Havers são maiores em tamanho,
porém se apresentam em menor número no osso humano, comparado ao osso
de cão ou gato.
DYCE et al. (1990) concluíram, em um estudo de cortes
longitudinais de ossos longos, que a forma do osso é determinada por uma
camada ou córtex de substância compacta , composta de finas !ameias
arranjadas principalmente em séries de tubos concêntricos ao redor de
pequenos canais centrais. Cada um destes sistemas é conhecido como
osteônio.
56
_____________ Saturnino A. Ramalho. ___________ _
JUNQUEIRA & CARNEIRO (1990) relataram que o tecido ósseo
secundário, geralmente encontrado no adulto, é constituído por fibras
colágenas organizadas em lamelas de 3 a 7 ~tm de espessura, que ficam
paralelas entre si, ou se dispõem em camadas concêntricas em torno dos
canais com vasos, formando os sistemas de Havers.
As lacunas com osteócitos situam-se entre as lamelas ósseas.
Nas diáfises dos ossos, as lamelas ósseas se organizam num arranjo
típico, formando os sistemas de Havers, os circunferenciais interno e externo e
os intermediários.
Cada sistema de Havers ou ósteon é formado por um cilindro longo,
por vezes bifurcado, paralelo à diáfise e formada por quatro a vinte lamelas
ósseas concêntricas. No centro desse cilindro ósseo há um canal revestido pelo
endósteo, o canal de Havers, que contém vasos e nervos. Os canais de Havers
comunicam-se entre si com a cavidade medular e com a superficie externa do
osso por me10 de canais transversais ou oblíquos, chamados canais de
Volkman.
Em exames com luz polarizada, cada sistema de Havers mostra
alternância de lâminas claras e escuras; isto se deve às fibras colágenas, pela
incidência de luz e o ângulo formado. As lamelas escuras são devido às
57
____________ SaturninoA. Ramalho. ___________ _
fibrilas terem sido cortadas transversalmente e as que se mostram claras
representam um corte oblíquo das fibrilas.
O sistema circunferencial externo situa-se próximo ao periósteo,
enquanto o interno localiza-se em volta do canal medular.
O sistema intermediário, geralmente de forma triangular, situa-se
entre os sistemas circunferenciais.
Algumas fibras colágenas do tecido ósseo são contínuas com as
fibras do periósteo e são denominadas fibras de Sharpey. Essas fibras unem
firmemente o periósteo ao tecido ósseo.
COMA (1991) ressaltou que a análise dos restos ósseos é uma das
finalidades básicas da Antropologia e constitui um passo muito importante
para se chegar à identificação de um indivíduo.
HALL (1991) relatou que os ossos estão presentes, se não em todos
os vertebrados, na maioria de suas classes e de suas linhagens, apresentando
características estáveis.
Devido a estas caracteristicas, o tecido ósseo pode ser dividido em
dois grandes grupos, o lamelar e o não lamelar, sendo o primeiro ainda
subdividido em osso compacto e esponjoso.
58
_____________ SaturninoA. Ramalho. ___________ _
Todos estes grupos e subgrupos, apresentam modelos de
vascularização, distribuição celular, mineralização e habilidade de
remodelação diferentes.
De acordo com seus estudos, generalizações sobre uma modalidade
óssea especial, que possa agir como marca registrada de determinada classe ou
linhagem de animais vertebrados, não são óbvia.
A segregação das várias modalidades de tecido ósseo nos
vertebrados estudados por eles, tanto vivos quanto em fósseis, parecem estar
mais associadas com as peculiaridades funcionais locais que cada um exerce
do que com aspectos filogenéticos ou taxonômicos.
Dessa forma, o autor acredita e comprova que todos os vertebrados
relatados em seus estudos apresentam os mesmos componentes e
compartilham similares especializações que levam à semelhança na disposição
das suas estruturas.
Entretanto, estas estruturas arranjam-se de tal forma, que expressam
as adaptações das linhagens dos vertebrados ao meio em que vivem e à função
que realizam, refletindo, consequentemente, um estágio evolutivo de cada
espécime.
59
_____________ SaturninoA. Ramalho. ___________ _
HALL (1991) relatou que as estruturas do tecido ósseo podem
dispor-se de diferentes formas entre espécies diferentes, ou mesmo na mesma
espécie, a depender das circunstâncias locais que induziram o seu crescimento.
O autor descreve várias espécies, e classes de vertebrados, sendo as
características mais marcantes, de cada uma , resumidas abaixo :
Nos répteis modernos, o osso compacto é encontrado, geralmente,
no modelo lamelar, com pouca vascularização, e com evidências distintas de
linhas de crescimento cíclico na matriz. Os canalículos podem ser muito bem
desenvolvidos, o que talvez supra a falta de vascularização.
Alguns vertebrados aquáticos, como as baleias, mostram adaptações
envolvendo uma redução da massa esquelética, e pouco contraste entre o osso
esponjoso e o medular quando vistos em microscopia óptica. As reconstruções
haversianas, podem ser extensas, e os tecidos periósticos bem vascularizados.
Nos fósseis de dinossauros, o osso mostra um modelo lamelar, com
alta vascularização, no qual numerosos e densos ósteons dispõem-se na matriz
fibrosa que é envolta por periósteo. Entretanto, marcas de crescimento não
foram reconhecidas nos ossos de alguns desses fósseis.
As aves têm características bem marcantes no seu osso compacto. A
matriz é composta por tecido lamelar periostal primário, em que se encontram
60
_____________ Saturnino A. Ramalho, ___________ _
vários modelos delimitados internamente por uma fma camada de endósteo.
Os numerosos ósteons primários formam uma rede densa e irregular, sempre
orientada diagonalmente. Em outras espécies, os ósteons primários podem
estar orientados mais ou menos longitudinalmente. Esses ósteons primários,
são convertidos em osso haversiano em alguns locais.
Pequenos pássaros podem ter seu osso compacto estreito,
apresentando apenas alguns canais vasculares em seu interior.
Os mamíferos têm muitas características ósseas histológicas
diferentes, tendo em comum tecido lamelar primário com ósteons
longitudinais, substituídos por uma intensa reconstrução haversiana. Dentre
eles, pequenas espécies de marsupiais apresentam osso compacto com
numerosos ósteons longitudinais primários, grande quantidade de periósteo e
pouca vascularização. Nas grandes espécies, os ósteons primários têm
pequeno diâmetro, sendo posteriormente substituídos por modelos
haversianos.
Já nos primatas, o osso compacto é pouco vascularizado. O osso
primário é quase totalmente substituído pelo modelo haversiano nas espécies
maiores, que geralmente mostram as linhas de crescimento no osso primário
bem evidenciadas.
61
_____________ Saturnino A. Ramalho, ___________ _
Os carnívoros adultos, por sua vez, apresentam, na periferia do seu
tecido ósseo, uma fina capa de tecido lamelar, pouco vascularizado, e bem
desenvolvido, que é separado do osso por uma lamela circunferencial externa.
Os ósteons desse tecido são geralmente extensos, vascularizados e bem
organizados microscopicamente.
NELSON (1992) concluiu que o exame da microestrutura óssea é
importante para se estimar a idade com que a pessoa faleceu. Esta técnica tem
sido testada e é bem aceita; entretanto algumas amostras de osso queimado
podem complicar a análise devido a possíveis alterações que podem ocorrer na
microestrutura óssea durante o processo de queima. Numa comparação entre
osso fresco e queimado, retirados do remur de oito cadáveres de idade e sexo
conhecidos, este estudo notou significante diminuição de elementos
microestruturais nos ossos queimados. Estes resultados são comparados com
estudos anteriores sobre o mesmo tema, que encontraram um aumento no
número de microestruturas devido ao processo de queima.
Foram estudados segmentos de remur de oito cadáveres, de idade e
sexo conhecidos, e foram limpos de seus tecidos moles. Pequenos cortes
foram feitos usando-se uma serra de secção rotativa Isomet, foram banhados
em acetona e montados com epóxi em lâminas de vidro. Foram então cortados
62
________________________ s.arummoA.Ramruho ______________________ _
entre aproximadamente 25 e 301-lm e polidos numa lixa de esmeril com
granulação de 600. Os quatro segmentos de !emur medindo entre 3,5 e 7cm de
comprimento foram queimados entre 1 OOO"F e 1500°F numa fornalha
abastecida por propano durante 30 minutos e deixadas para resfriar na própria
fornalha. Os segmentos queimados foram estabilizados em resina de acetato
polivinil e incluídos em blocos de resina Evercoat™. Os cortes são, então,
feitos de 1 a 2 em do local onde se colheu a amostra "fresca", pois acredita-se
que assim evitam-se os danos que podem ocorrer durante a queima do osso. A
luz pode passar pelo material com uma espessura de menos de 25f..Lm.
Dezesseis lâminas foram então examinados sob um microscópio de
luz convencional. As medições foram feitas em 102 osteócitos completos, em
duas direções perpendiculares. Osteócitos completos foram definidos como
aqueles em que o canal é claramente visível e que não faziam limites com
áreas remodeladoras.
O diâmetro do osteócito cam 16,7% nas amostras queimadas;
entretanto, o diâmetro do canal aumentou 1 0,5%. O aumento do diâmetro do
canal em relação à diminuição do diâmetro do osteócito foi de 29 a 39%.
63
____________ S,aturnino A. Ramalho. ___________ _
F Á VERO (1993) citou que a identificação da espécie animal pode
ser feita pelo estudo dos ossos, dos dentes, dos pêlos, do sangue e de outros
tecidos orgânicos que podem caracterizar ou excluir a identidade.
O autor citou que, se apresentado um esqueleto inteiro, mesmo que
despido de suas partes moles, a diagnose da espécie animal far-se-á sem
dificuldades, ou, pelo menos, a exclusão de que se trata de indivíduos da
espécie humana será possível. Porém, se o osso se apresenta isolado, com
partes moles ou não, a dificuldade para sua identificação será maior.
O estudo microscópico da forma, dimensão e características pode
ser peculiar ao osso e à espécie animal. Neste estudo, o mais importante são as
revelações obtidas sobre os canais de Havers.
KENYERS e HEGYI e depois FANA, citados por FÁVERO
(1993), observaram notáveis diferenças entre osso humano e de animais,
principalmente no que se refere aos canais de Havers, sendo estes menos
numerosos e mais largos no homem, e nos animais percorrem uma direção
horizontal e são quase paralelos entre si - o que não é observado em ossos
humanos.
VEIGA DE CARVALHO, citado por FÁVERO (1993), relatou um
estudo realizado no Instituto Oscar Freire sobre as características dos
64
____________________________ SanrrnmoA.Rrunallio __________________________ _
osteoplastos em diferentes animais comparadas às da espécie humana, sendo
este reproduzido abaixo :
Espécie Forma de osteoplasto Canalículos
Boi Oval Entrelaçados em teia de aranha.
Porco Oval Rarnificados, irradiados.
Rato Oval Em tufos, arborescentes.
Ouriço Oval Tortuosos, formando tramas.
Macaco Espinhosa Irregulares, irradiados, grossos.
Galo Espinhosa Ramificados, arborescentes , finos.
Coelho Espinhosa Parcos, pouco ramificados, finos.
Tatu Estrelada Muito ramificados, formando tramas, grossos.
Cobaia Piramidal Parcos, grossos, curtos, ramificados em plateau.
Gambá Arredondada Grossos, rarnificados, em tufos, dicotomos, anastomosados, grosseiros.
Ramificados, com pequenos nódulos, arborescentes, anastornosados, raros, Preguiça Fusiforme
curtos, grossos.
Homem Fusiforme Retilíneos, regulares, anastornosados, freqüentes, longos, finos.
OWSLEY et al. (1993) realizaram investigações sobre uma série de
homicídios de homens jovens, as quats, levaram a uma sistemática
investigação de dois acres de uma propriedade semi-rural em Bath
Thownship, Ohio. A investigação revelou um esqueleto fragmentado de um
homem adulto jovem, assim como ossos de várias espécies de animais.
Através de análises arqueobiológicas, os ossos animais foram identificados e
65
________________________ .SarurnmoA.Ramruno. ______________________ __
documentados. Os ossos humanos estavam secos. Muitos estavam desgastados
por roedores, indicando que eles haviam ficado expostos por muitos anos.
Eles apresentavam grau acentuado de fraturas, envergamento e
dobras. O único osso relativamente completo era uma vértebra cervical.
Mesmo assim, foi possível realizar-se uma identificação positiva, baseando-se
primeiramente em comparações de características osteológicas evidentes nas
radiografias da vértebra cervical pré e pós-mortem.
ERJKSEN et al. (1994) relataram que o tecido ósseo, quando
examinado em luz polarizada, pode se apresentar de duas formas distintas, o
lamelar e o não lamelar.
O lamelar caracteriza-se por apresentar um claro modelo, que é
causado pela birrefringência do arranjo alternado entre a orientação das fibras
colágenas. Este arranjo é muito parecido àquele observado nas estruturas da
madeira, tendo, desse modo, a mesma função, ou seja, aumentar a força de
resistência do osso. Esse tipo de tecido organizado, pode ser observado em
todos os ossos do homem, quando em condições de normalidade, na infância,
na adolescência, na maturidade e na velhice.
O não lamelar, por sua vez, caracteriza-se pela ausência do modelo,
as fibras colágenas encontram-se desorganizadas, fazendo com que as
66
_____________ S.atumínoA. Ramalho. ___________ _
propriedades mecânicas do osso fiquem prejudicadas. Esse tecido pode ser
encontrado durante a formação óssea primária, em estágios de elevado
"turnover", ou mesmo devido a tratamentos prolongados com flúor na fase em
que está ocorrendo a formação óssea, comprometendo a habilidade das células
de garantirem um alinhamento !ame lar próprio.
Deste modo, para o autor, o esqueleto formado, consiste em dois
diferentes tipos macroscópicos; o cortical, predominante nos ossos longos e
compondo 80% da massa esquelética, e o esponjoso, que compõe apenas 20%,
mas que, por ser metabolicamente mais ativo que o anterior, respondem por
50% do metabolismo esquelético.
Os ossos compactos são extremamente densos, pouco porosos
(menos do que 5%), compostos por uma unidade estrutural, !ameias arranjadas
concentricamente em tomo de um canal vascular central, que se denominam
sistemas de Havers.
RAMALHO & DARUGE (1994) realizaram uma análise
comparativa histomorfológica dos tecidos dentários mineralizados do homem
e de outros 14 mamíferos (boi, cabra, cachorro-do-mato, cão, capivara,
carneiro, cavalo, coelho, gato, lontra, macaco-prego, onça, porco, rato). Foram
feitos cortes histológicos por desgaste no sentido longitudinal dos dentes, na
67
____________ SaturninoA. Ramalho. ___________ _
direção vestíbulo-lingual ou palatina , sempre na porção mais mediana do
dente. A lâminas foram montadas utilizando-se bálsamo do Canadá e
analisadas em fotomicroscópio de luz.
Os autores verificaram a existência de significativas diferenças
histomorfológicas entre o esmalte, o cemento e a dentina de humanos e de
outros animais estudados. Afirmaram também que, se não for possível
identificar a que gênero animal pertence o dente ou o fragmento dentário
analisado, é perfeitamente possível excluir a possibilidade do material
pertencer ao gênero HOMO.
FRANÇA (1995) relatou que no processo de identificação não são
suficientes os conhecimentos e técnicas médico-legais, mas também o
entendimento de suas ciências acessórias.
O autor relatou que, quando se encontra um animal vivo ou morto,
com configuração normal, a identificação é fácil. Contudo, se encontrados
fragmentos ósseos , a identificação entre restos animais ou humanos é bastante
complexa.
Segundo o autor, essa distinção se faz de inicio pela morfologia.
Não sendo possível a identificação por este método, segue-se a análise
microscópica, onde serão observados a disposição e o tamanho dos canais de
68
_________________________ S,arummoA.Rmn~lo _______________________ __
Havers, sendo que no homem são em menor número e rna1s largos; e nos
animais são mais estreitos, redondos e numerosos.
O autor apresenta um quadro com dados comparativos entre
características dos cartais de Havers presentes nos ossos humanos e nos ossos
animais, como se segue:
Canais de Havers
Caracteristicas Homem Animal
Forma Elíptica ou irregular Circular
Diâmetro Superior a 3 um Inferior a 25 um
8 a 10pormm2 Muito superior ao homem, chegando a
Número 40pormm2
Ainda assim, não sendo possível a distinção, o autor recomenda a
utilização de reações biológicas, como anafilaxia, fixação do complemento e
soro-precipitação, na tentativa de identificação do fragmento ósseo,
distinguindo-o entre pertencente à espécie humana ou à animal.
HOLDEN et al. (1995) estudaram fragmentos de ossos de remur,
fraturados nas direções longitudinais e transversais, de uma vítima de incêndio
de carro através de microscópio de luz Olympus SZH-ILLK. Essas
observações foram depois comparadas com alterações induzidas por calor em
ossos humanos feitas em laboratório. Os fragmentos incinerados apresentavam
69
__________________________ .SattrrnmoA.Rrunallio. ______________________ ___
uma gama de cores que incluíam preto, cinza e branca, concomitantemente a
alterações na ultra e microestrutura do tecido ósseo. A cor do tecido ósseo
incinerado, a forma e tamanho do cristal, associados com cada região de cor,
indicaram uma diminuição na temperatura do osso como uma ftmção da
distância radial à superficie cortical. Uma temperatura máxima entre 1000 e
1200°C foi constatada nas regiões de cortical óssea externa que ficaram
brancas. Uma temperatura minima de 300°C foi obtida na região de cortical
óssea interna que estavam pretas. Constatou-se que o período de tempo em
que o fogo alcançou sua temperatura máxima não foi grande o suficiente para
que o tecido ósseo alcançasse o equilíbrio com o meio ambiente, já que o fogo
originou-se de uma ignição repentina. Entretanto, a menor temperatura
registrada foi conseguida por um período maior de tempo, já que o conteúdo
orgânico dos canais de Havers e a cavidade medular foram completamente
queimados. Através do exame dos cristais esféricos nas regiões cinzas do osso
cortical, a disposição dos cristais hexagonais nas regiões de osso que ficaram
brancas e da orientação das fibras colágenas mineralizadas nos canais
haversianos situadas nas regiões pretas de osso cortical, foi sugerido que a
pessoa morta era um adulto com idade provável entre vinte e quarenta anos.
70
_____________ SaturninoA. Ramalho ___________ _
Os pequenos fragmentos de osso incinerado variavam suas cores,
em sua maioria, de cinza claro a branco, enquanto grandes fragmentos
apresentavam variações de cor do preto a sombras de cinza a branco. Nos
maiores fragmentos de osso, a cor das regiões externas de osso cortical era
branca e mudava para cinza na porção cortical média, enquanto que na porção
cortical interna adjacente a cavidade medular a cor era preta. Não foi
encontrado tecido mole na cavidade medular. A superfície externa da cortical
óssea exibia fraturas e pequeno grau de distorção comparado com osso não
aquecido.
Essa investigação mostrou que as características ultraestruturais de
ossos humanos incinerados lembram aquelas produzidas experimentalmente
por calor em uma fornalha. Portanto, a partir do exame da cor do osso
incinerado e das suas características micro e ultraestruturais, é possível
estimar-se a idade da vítima e a temperatura e duração do fogo.
STEVENS et al. (1995), usando microscopia de luz e microscopia
eletrônica, mostraram que no osso cortical há uma rede de canais centrais,
também chamados de canais do ósteon ou haversianos, que correm
verticalmente e que são interligados por canais perfurantes transversos,
também chamados de canais de Volkman. Cada canal de Havers é circundado
71
____________ SaturninoA. Ramalho. ___________ _
por camadas concêntricas de osso lamelar. Estas camadas contém anéis
concêntricos de osteócitos, cada um situado no interior de sua pequena lacuna
e se comunicando com os osteócitos em sua própria camada e nas camadas
adjacentes por meio de processos citoplasmáticos, que se localizam em
estreitos canalículos citoplasmáticos.
O canal de Havers com seu osso concêntrico e o sistema de
osteócitos é denominado de sistema haversiano ou ósteon.
No córtex, há também !ameias ósseas intersticiais irregularmente
organizadas que atuam como material de preenchimento entre os canais.
CALABUIG (1998) ressaltou que a identificação de ossos não
oferece dificuldade quando o esqueleto está completo, pelo estudo dos
caracteres anatômicos de cada espécie animal. O maior problema são as
perícias de fragmentos ósseos, em que a diferenciação é realizada com base no
índice medular (menor que 0.50 nos seres humanos e maior que 0.50 nos
outros animais). O autor recomenda ainda o estudo dos condutos de Havers de
acordo com os estudos de MURCIA (1963) e aconselha o estudo radiográfico
dos trabeculados ósseos e métodos imunológicos.
72
____________ .Saturnino A. Ramalho ___________ _
GRÉVIN et al. (1998) relataram que o objetivo de qualquer
inquérito forense por cremação acidental ou criminal é identificar as vítimas.
Essa identificação depende de algo essencial: uma coleta cuidadosa e limpeza
ultra-sônica dos fragmentos e lascas dos ossos queimados e reconstrução -
quando possível - dos ossos, o que necessita que os antropólogos forenses
estejam bem preparados quando se depararem com ossos queimados.
Os ossos devem ser limpos com aparelho ultrasônico. Depois,
imersos num recipiente contendo H20 desmineralizada e detergente {Teepol) a
2 ou 3%. Isto é importante para remover, por exemplo, pó, areia e gordura,
que podem ter entrado em contato com o osso e até terem produzido
microinfiltração. Ao término desta etapa, os ossos são secos numa estufa a
70°C. Esta limpeza permite que as partes fragmentadas se encaixem
corretamente. Para que isto ocorra, aplica-se cola de celulose fluida o
suficiente para que haja contato entre as superficies. Pode-se desfazê-lo se
necessário para por exemplo colar outro fragmento achado ou por colagem
imperfeita usando-se um solvente.
É dificil identificar pessoas pelos seus ossos queimados, por isso o
antropólogo tem que ter um conhecimento vasto. A coleta minuciosa de
elementos é etapa fundamental para o sucesso da identificação. Os fragmentos
73
____________ ,SatuminoA. Ramalho ___________ _
da arcada dentária e dentes são os principais meios de informação quando
comparados com a ficha odontológica do mesmo.
K.AHANA et a!. (1998) demonstraram que a arquitetura trabecular é
única a cada indivíduo e estável o suficiente para ser usada para a
identificação de restos humanos. A arquitetura do osso trabeculado retratada
nas radiografias é freqüentemente usada como uma característica pessoal
individualizadora de restos humanos.
O objetivo deste trabalho foi verificar se a análise do padrão
trabeculado é mesmo uma maneira segura de realizar a identificação de um
cadáver. O padrão trabeculado é em potencial o melhor marcador radiográfico
forense porque não depende da existência de patologia prévia ou de trauma.
Uma amostra de 305 radiografias do punho esquerdo de 103
mulheres que já haviam passado pela menopausa foram estudadas usando-se
um analisador de imagem. A imparidade e estabilidade da arquitetura
trabecular ao tempo foram examinados criando-se "densitografias" do ponto
ultradistal do rádio de cada Roentgenograma.
Calculou-se, então, o coeficiente da correlação de Pearson's para
todas as combinações possíveis de pares de radiografias. No mesmo indivíduo,
a correlação foi sempre superior a O, 72, enquanto que em indivíduos
74
____________ .SatuminoA. Ramalho ___________ _
diferentes foi sempre inferior a 0,62. Correlação pequena significa que a
forma das linhas no mapa são bastante diferentes, e o valor negativo que as
linhas estão em direções opostas.
Notou-se, então, que, se tivermos uma radiografia tomada antes da
morte do paciente e uma tomada depois de sua morte e cremação, quando
encontrarmos um valor superior a O, 72 poderemos afirmar que elas pertencem
a mesma pessoa.
QIN et al. (1999), em um estudo histomorfológico do padrão de
movimento de fluído no osso cortical de cabras, descreveram o osso cortical
maduro deste animal como sendo estruturalmente organizado em ósteons,
sendo cada ósteon cilindrico em sua forma , com !ameias concêntricas ao
redor do canal de Havers (que contém estruturas vasculares). Entre as !ameias
existem lacunas elipsoidais onde estão localizados os osteócitos. O osso
cortical possui uma rede hierárquica de canais de fluxo transversal de
Volkman até os pequenos canalículos-lacunares ao redor das células ósseas e
microporosidade da matriz óssea de colágeno e hidroxiapatita.
Como resultado da análise da distribuição geral dos sistemas de
Havers, obtiveram que os ósteons não estavam distribuídos homogeneamente
nas seções transversais da diáfise tibial nos espécimes observados. Os
75
_________________________ S.arurnmoA.Ramallio~----------------------
sistemas haversianos estavam em sua maioria localizados nos setores anterior,
ântero-lateral e mediai da diáfise tibial, enquanto que o osso lamelar ocupava
predominantemente o setor posterior.
76
_________________________ .SarurnmoA.Ramallio ______________________ __
2.1 -PROPOSIÇÃO
Este trabalho objetivou ampliar ou buscar novas possibilidades na
identificação de fragmentos ósseos que pertençam a seres humanos e outros
mamíferos que mostram uma relação de maior proximidade com o homem.
Desta forma, analisamos as características histomorfológicas do tecido
ósseo, como os sistemas de Havers, os canais de Havers, os osteócitos e seus
canalículos, com a intenção de identificarmos evidências deste tecido em cada
mamífero estudado, que nos subsidiassem na identificação ou diferenciação
entre remanescentes ósseos humanos e de outros gêneros estudados.
A importância pericial deste estudo se evidencia quando, por vezes,
encontram-se fragmentos mineralizados que podem ser de tecidos ósseos ou
dentários, como por exemplo, nos casos de grandes tragédias, como desastres
de aeronaves, incêndio em grandes edificios, no qual existam uma grande
concentração de pessoas não identificadas, em massacres e chacinas, que nos
últimos tempos têm ocorrido com muita freqüência, e também em situações
em que os restos mineralizados apresentados para exame estejam
carbonizados e calcinados, e talvez sejam os únicos indícios restantes para
77
_____________ SaturninoA. Ramalho. ___________ _
identificação de uma ou mais pessoas, ou até para se excluir a possibilidade de
se tratar de fragmentos ósseos humanos.
78
________ SaturninoA. Ramalho• ______ _
3- MATERIAL E MÉTODOS
___________________________ SattrrnmoA.Ramruho. ________________________ __
3.1 -MATERIAL
Para a realização deste estudo utilizamos além do homem, três
animais de cada gênero, nos quais investigamos um osso longo (tíbia, fibula,
úmero ou rádio) em cada um deles. Os mamíferos estudados foram os
seguintes:
1. Homem Homo sapiens
2. Anta Tapirus americanus
3. Aracambé Grisson Vittatus brasilienses
4. Boi Bos taurus
5. Cabra Capra hircus
6. Cachorro-do-mato Cerdocyon thous
7. Cão Canis familiaris
8. Capivara Hydrochoerus hidrochaeris
9. Carneiro Ovis aries
10. Cateto Tayassu tajacu
11. Cavalo Equus caballus
12. Coelho Oryctolagus cuniculus
13. Cutia Dasiprocta acuti
81
_____________ Saturnino A. Ramalho ___________ _
14. Gato
15. Macaco-prego
16. Onça
17. Ouriço
18. Porco
19. Tamanduá-bandeira
20. Veado cervo
Felis cattus
Cebus apella
Felis uncia
Chaetomys gray
Sus domesticus
Myrmecophaga tridactyla
Blastocerus dichotomus
Os ossos humanos foram obtidos no Departamento de Morfologia
da Faculdade de Odontologia da Pontifícia Universidade Católica de
Campinas, todos de indivíduos adultos e leucodermas. Os demais ossos foram
conseguidos de animais mortos, alguns em processo de putrefação, outros já
esqueletizados, ou ainda, logo após o abate dos animais, sendo todos eles
animais adultos.
82
____________ ,SaturninoA. Ramalho. ___________ _
3.2 -MÉTODOS
Após a obtenção, os ossos foram lavados em água corrente e
imersos em solução de hipoclorito de sódio a 0,5% por dez minutos, a fim de
se remover partículas de tecidos moles aderentes aos mesmos. Em seguida, os
ossos foram retirados desta solução e lavados novamente em água corrente,
com o objetivo de se remover resquícios desta solução.
De cada osso foram obtidas duas lâminas histológicas por desgaste,
que do ponto de vista pericial é menos complexa, muito mais rápida de ser
preparada e se necessário esta lâmina pode ser desmontada e usada em outros
exames, como a descalcificação, por exemplo.
Os cortes histológicos foram feitos no sentido longitudinal e
transversal de cada osso, e sempre na porção da diáfise do osso longo.
Para executarmos os cortes ósseos, levamos em consideração quatro
etapas, seguindo-se a técnica preconizada por RAMALHO & DARUGE
(1994), com algumas adaptações, que nos permitiram a obtenção de lâminas
com grande nitidez.
83
____________ .SatuminoA. Ramalho. ___________ _
As etapas seguidas foram : a de corte, a de desgaste, a de polimento
e a de montagem.
No inicio do corte do osso utilizamos um disco diamantado de 7/8
de polegadas, montado em mandril e acionado por motor odontológico.
Cortamos fatias ósseas com aproximadamente 1 mm de espessura. Para tal
procedimento havia sempre um jato de água que umedecia o osso, para que o
calor gerado no corte não detenninasse possíveis fraturas microscópicas ou
queimaduras no osso.
No desgaste das fatias usamos lixas de esmeril de números: 80, 100,
240, 400, 500, 600 e 1200, sempre lixando ambos os lados das fatias para
mantermos a unifonnidade das mesmas e também umedecendo-as com água,
obtendo-se assim fatias com aproximadamente 1 O a 12 rnicra de espessura.
O polimento das fatias ósseas foi feito com pedra de Arkansas e
branco de Espanha, sempre umedecendo-as com água.
Sucessivamente, após cada passo, essas fatias eram observadas ao
microscópio de luz, para verificação de possíveis falhas ou fraturas.
84
____________ SatuminoA. Ramalho, ___________ _
Precedendo as montagens nas lâminas histológicas, as fatias foram
lavadas com água de detergente (Alquil benzeno sulfonato de sódio) a 0,5%
por 20 minutos. Em seguida, as fatias foram secadas passando-se à
desidratação das peças com álcool absoluto por 30 minutos. Após nova
secagem. desta vez em estufa, a 37°C, por 24 horas, cada peça foi banhada em
xilol por 1 O minutos para diafanizar.
Dessa forma, iniciamos a montagem, propriamente dita, de cada
fatia óssea, usando-se neste procedimento lâmina de vidro, lamínula e resina
epóxi com polimercaptanas (Araldite ®). Cada fatia óssea foi colocada sobre
uma lâmina, apondo-se nessas fatias um gota de Araldite ®. A seguir,
cobrimos a fatia com uma larnínula, fazendo-se uma leve pressão sobre ela,
para que não aprisionasse bolhas de ar.
Em seguida, as lâminas foram para a estufa, a 37°C, por 24 horas,
para que houvesse a presa do Araldite ®.
É importante salientar que para montagem das lâminas, usamos o
Araldite ®, devido este possuir alta densidade. Consequentemente, as
cavidades e canalículos ósseos se mantiveram cheios de ar e pudemos
dispensar as colorações. Por terem indice de refração diferente do Araldite® e
85
____________ ,SaturninoA. Ramalho. ___________ _
do vidro, as citadas formações se mostraram em negro, conseguindo-se
lâminas com grande nitidez.
As lâminas histológicas foram observadas através de um
fotomicroscópio Zeiss, modelo MC 80 DX , com filtro verde e objetivas de
10, 40 e 100 (imersão) vezes, a fim de se conseguir contraste das
características histomorfológicas dos tecidos ósseos. Dessa forma, foram
obtidas as fotomicrografias com filme branco e preto ILFORD- 50 ISO, cujos
aumentos foram de aproximadamente 70,280 e 700 vezes.
Dos 60 ossos analisados, pertencentes ao ser humano e aos demais
19 animais, foram obtidas o total de 120 lâminas histológicas. De tais lâminas,
foram selecionados e fotomicrografados apenas os melhores campos, que
apresentavam as estruturas ósseas analisadas com maior nitidez, obtendo-se
assim 03 fotomicrografias de cada corte histológico (longitudinal e
transversal), perfazendo um total de 120 fotomicrografias, numeradas de 01 a
60A.
86
________ SatuminoA.Ramalho· _______ _
4 -RESULTADOS
____________ SaturninoA. Ramalho. ___________ _
4.1- ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DAS FOTOMICROGRAFIAS
No sentido de proporcionarmos maior facilidade para a realização
dos exames histológicos periciais, foram realizadas tornadas fotomicrográficas
dos ossos estudados em cortes longitudinais e transversais e em 03 aumentos
de aproximadamente 70, 280 e 700 vezes em cada corte. Assim, obtivemos 06
fotomicrografias de cada osso, visando analisar e interpretar as observações
das características histomorfológicas nas condições estudadas, como descrito a
segmr.
89
____________ Saturnino A. Ramalho, ___________ _
4.1.1- HOMEM
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso
humano, em corte longitudinal, notamos, com evidência, que há uma grande
quantidade de osteócitos, ligeiramente alongados, com muitas ramificações
( canalículos ). A distribuição dos osteócitos na matriz óssea é regular,
conforme fotomicrografia O 1, com aumento de aproximadamente 70 vezes.
Em aumento de aproximadamente 280 e 700 vezes, conforme
fotomicrografias 02 e 03, observamos, com evidência, que os osteócitos
apresentam-se com forma fusiforme, canalículos numerosos, longos,
retilíneos, finos, regulares e com anastomoses freqüentes. A disposição dos
osteócitos é feita lado a lado, num arranjo que lembra um epitélio simples,
como se formassem verdadeiras camadas superpostas, no sentido da espessura
do osso.
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso
humano, em corte transversal, verificamos que em aumento de
aproximadamente 70 vezes, conforme fotomicrografia 01 A, os osteócitos
estão distribuídos em grande número nas camadas (lamelas) concêntricas em
tomo de um canal medular, com variações de diâmetros, formando os
90
_____________ Saturnino A. Ramalho. ___________ _
verdadeiros sistemas de Havers, sendo estes distribuídos de forma homogênea
por toda matriz óssea e com predomínio da forma elíptica. Os canais de
Havers têm diâmetros amplos e são pouco numerosos. Notamos com clareza,
na fotomicrografia 02 A, com aumento de aproximadamente 280 vezes, que os
prolongamentos se anastomosam entre os osteócitos de forma
predominantemente retilínea.
A fotomicrografia 03 A, com aumento de aproximadamente 700
vezes, demonstra com nitidez a forma e características dos osteócitos e seus
canalículos, como já citados.
91
92
Fotomicrografia OI Corte longitudinal do Homem. Aumento= 70 X
F otomicrografia 02 Corte longitudinal do Homem. Aumento;; 280 X
Fotomicrografia 03 Corte longitudinal do Homem. Aumento ;; 700 X
93
Fotomicrografia OIA Corte transversal do Homem. Aumento;; 70 X
Fotomicrografia 02A Corte tmnsversal do 1-Iomcm. Aumento= 280 X
Fotomicrografia 03A Corte transversa! do Homem. Aumento : 700 X
____________ SaturninoA. Ramalho. ___________ _
4.1.2 -ANTA
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso da
anta em corte longitudinal, notamos, com clareza, osteócitos alongados em
menor quantidade que no homem, com disposição irregular, alguns
apresentando pequenos prolongamentos, conforme fotomicrografia 04, com
aumento de aproximadamente 70 vezes.
Entretanto, quando se observa a fotomicrografia 05, com 280 vezes
de aumento aproximadamente, verificamos que os osteócitos são mais
numerosos do que no homem, dispõem-se em verdadeiras camadas, com
formas fusiformes, com curtos prolongamentos que pouco se anastomosam.
Pela observação da fotomicrografia 06, com aumento de 700 vezes
aproximadamente, verificamos que os osteócitos têm poucos canalículos,
sendo estes grossos, tortuosos, chegando às vezes a se entrelaçarem em
anastomoses.
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso da
anta, em corte transversal, notamos que os osteócitos se dispõem de forma
circular em tomo de um canal medular, porém de maneira desorganizada,
94
____________ SatuminoA. Ramalho. ___________ _
formando os sistemas de Havers totalmente irregulares e com distribuição não
homogênea, conforme fotomicrografia 04 A, aumentada em 70 vezes
aproximadamente.
Pela análise das fotomicrografias 05 A e 06 A, com 280 e 700 vezes
de aumento aproximada e respectivamente, observamos com precisão que os
osteócitos se apresentam fusiformes, dispostos em menor número nas lamelas
se comparado ao ser humano, e com prolongamentos curtos.
95
96
Fotomicrografia 04 Corte longitudinal da Anta. Aumento::::: 70 X
Fotomicrografia 05 Corte longitudinal da Anta. Aumento = 280 X
Fotomicrografia 06 Corte longitudinal da Anta. Aumento := 700 X
97
Fotomicrografia 04A Corte transversal da Anta. Aumento = 70 X
Fotomicrografia OSA Corte transversal da Anta. Aumento::: 280 X
Fotomicrografia 06A Corte transversa! da Anta. Aumento:::: 700 X
________________________ .SarurnmoA.Ramallio ______________________ _
4.1.3 - ARACAMBÉ
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso do
aracambé, em corte longitudinal, vemos que os osteócitos se apresentam em
menor número que no homem. Sua distribuição não é homogênea, com
formatos irregulares, sendo alguns alongados e outros triangulares, isolados,
sem apresentar prolongamentos com grande evidência, de acordo com
fotomicrografia 07, com aumento de aproximadamente 70 vezes.
Por outro lado, as fotomicrografias 08 e 09, com 280 e 700 vezes de
aumento aproximada e respectivamente, demonstram osteócitos com
disposição irregular, alguns alongados, outros ovalados, espaçados entre si,
sendo que apenas os mais alongados se apresentam com maior número de
prolongamentos. Tais prolongamentos são finos, curtos, com poucas
ramificações e anastomoses.
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso do
aracambé, em corte transversal, notamos que apenas em determinados locais
formam-se sistemas de Havers irregulares. Os osteócitos se distribuem em
pequeno número e de forma irregular pelas lamelas. Não há aquela
98
____________ SaturninoA. Ramalho ___________ _
distribuição característica encontrada no osso humano, de acordo com
fotomicrografia 07 A, com aumento de aproximadamente 70 vezes.
Nos aumentos de 280 e 700 vezes aproximadamente,
fotomicrografias 08 A e 09 A respectivamente, verificamos com maior
evidência a irregularidade na distribuição dos osteócitos na formação dos
sistemas de Havers, sendo que estes também demonstram forma irregular, por
vezes arredondados.
99
100
F otomicrografia 07 Corte longitudinal do Aracambé. Aumento= 70 X
F otomicrografia 08 Corte longitudinal do Aracambé. Aumento;;; 280 X
Fotomicrografia 09 Corte longitudinal do Aracambé. Aumento =: 700 X
101
Fotomicrografia 07 A Corte transversal do Aracambé. Aumento= 70 X
Fotomicrografia 08A Corte transversal do Aracambé. Aumento;::; 280 X
Fotomicrografia 09A Corte transversal do Aracambé. Aumento= 700 X
_________________________ .SarummoA.Ramallio. ______________________ __
4.1.4 -BOI
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso do
boi, em corte longitudinal, vemos que os osteócitos se apresentam em menor
número que no homem, com forma oval, poucos canalículos e espaçados entre
si. Diferenciam-se profundamente daqueles observados no ser humano,
conforme fotomicrografia 10, com aumento de aproximadamente 70 vezes.
Nas fotomicrografias 11 e 12, com 280 e 700 vezes de aumento
aproximada e respectivamente, notamos claramente que os osteócitos se
dispõem de forma não homogênea, sendo muito espaçados, com pouquíssimos
canalículos, de forma predominantemente ovalada. Apenas na fotomicrografia
12, na qual focalizamos 2 osteócitos, verificamos a presença de vários
canalículos com aspecto de "teias de aranha", com extensão limitada e poucas
anastomoses, comprovando assim o grande espaçamento existente entre os
osteócitos e a diferença com a espécie humana.
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso do
boi, em corte transversal, observamos grande quantidade de osteócitos
formando os sistemas de Havers. Entretanto, tais sistemas não se distribuem
harmoniosamente como no osso humano. As camadas mais externas dos
102
____________ SaturninoA. Ramalho ___________ _
sistemas de Havers se entrecruzam com os outros , formando urna estrutura
irregular, diferente da espécie humana, como pode ser observado na
fotomicrografia I O A, com aumento de aproximadamente 70 vezes.
Nas fotomicrografias 11 A e 12 A , com 280 e 700 vezes de
aumento aproximada e respectivamente, verificamos que os osteócitos estão
presentes em menor número nas lamelas e são bem menores quando
comparados ao osso humano, apresentando vários prolongamentos que se
entrelaçam entre si, formando uma espécie de "teia de aranha". Há que se
ressaltar que o canal medular destes sistemas de Havers e o próprios sistemas
de Havers são bem menores quando comparados com o osso da espécie
humana.
103
104
Fotomicrografia 10 Corte longitudinal do Boi. Aumento= 70 X
Fotomicrografia 1 J Corte longitudinal do Boi. Aumento= 280 X
Fotomicrografia 12 Corte longitudinal do Boi. Aumento = 700 X
105
Fotomicrografia IOA Corte transversal do Boi. Aumento = 70 X
Fotomicrografia I lA Corte transversal do Boi. Aumento=- 280 X
Fotomicrog.-afia 12A Corte transversal do Boi. Aumento"' 700 X
____________ SaturninoA. Ramalho. ___________ _
4.1.5 - CABRA
Pela análise e interpretação das fotornicrografias obtidas do osso da
cabra, em corte longitudinal, denotamos que os osteócitos se apresentam em
menor quantidade que no homem, não homogeneamente distribuídos, com
disposição irregular na matriz óssea, às vezes, ligeiramente arredondados ou
alongados, com pequenos canalículos, conforme fotomicrografia 13, com
aumento de aproximadamente 70 vezes.
Pelo exame das fotornicrografias 14 e 15, com 280 e 700 vezes de
aumento aproximada e respectivamente, notamos que alguns osteócitos se
apresentam com formas predominantemente elípticas, bastante espaçados
entre si, com prolongamentos curtos, fmos e rarnificados.
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso da
cabra, em corte transversal, observamos distribuição não homogênea dos
sistemas de Havers. Há uma forma e distribuição muito irregular dos
osteócitos, sem a formação nítida dos sistemas de Havers, como acontece no
osso humano, conforme fotornicrografia 13 A, com aumento de
aproximadamente 70 vezes.
106
____________ SaturninoA. Ramalhoc..__ __________ _
Nas fotomicrografias 14 A e 15 A, com 280 e 700 vezes de aumento
aproximada e respectivamente, notamos a irregularidade da distribuição e o
menor número dos osteócitos nas lamelas, com canalículos curtos e finos.
Observamos apenas o entrelaçamento dos canalículos entre os osteócitos mais
próximos entre si.
107
108
Fotomicrografia 13 Corte longitudinal da Cabra Aumento= 70 X
Fotomicrografia 14 Corte longitudinal da Cabra Aumento::::::: 280 X
Fotomicrografia 15 Corte longitudinal da Cabra Aumento= 700 X
109
Fotomicrografia 13A Corte transversal da Cabra Aumento= 70 X
Fotomicrografia 14A Corte transversal da Cabra Aumento= 280 X
Fotomicrografia 15A Corte transversal da Cabra Aumento= 700 X
_________________________ S.arurnmoA.Ramallio. ______________________ __
4.1.6- CACHORRO-DO-MATO
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso do
cachorro-do-mato, em corte longitudinal, vemos que os osteócitos se
apresentam muito numerosos , de forma ligeiramente alongada e distribuídos
de forma irregular, conforme fotomicrografia 16, com aumento de
aproximadamente 70 vezes.
Analisando as fotomicrografias 17 e 18, com aumentos aproximados
de 280 e 700 vezes respectivamente, notamos que os osteócitos são ovalados
em sua grande maioria, e, quando analisamos a fotomicrografia 18, com
aumento de 700 vezes aproximadamente, notamos que os osteócitos têm
poucos canalículos, sendo estes curtos, fmos, ramificados e com poucas
anastomoses.
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso do
cachorro-do-mato, em corte transversal, notamos que os canais de Havers e os
sistemas de Havers têm diâmetros menores que o do homem e são numerosos,
com disposição homogênea e formas irregulares, como pode ser observado na
fotomicrografia 16 A, com aumento de aproximadamente 70 vezes.
110
____________ .SatuminoA. Ramalho ___________ _
Ao observarmos um sistema de Havers em um aumento de 280
vezes aproximadamente, de acordo com fotomicrografia 17 A, notamos que os
osteócitos são menores em relação ao homem, dispostos irregularmente e
menos numerosos nas lamelas, quando novamente comparados ao homem.
A fotomicrografia 18 A, com aumento de 700 vezes
aproximadamente, confirma essas características estruturais.
111
112
Fotomicrografia 16 Corte longitudinal do Cachorro-do-mato. Aumento ::;::: 70 X
Fotomicrografia 17 Corte longitudinal do Cachorro-do-mato. Aumento= 280 X
Fotomícrografia 18 Corte longitudinal do Cachorro-do-mato. Aumento= 700 X
113
Fotomicrografia 16A Corte transversal do Cachorrowdo-mato . Aumento= 70 X
Fotomicrografia 17A Corte transversal do Cachorro-do-mato. Aumento= 280 X
Fotomicrografia 18A Corte transversal do Cachorrowdo-mato. Aumento :: 700 X
____________ S,aturnino A. Ramalho, ___________ _
4.1.7 -CÃO
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso do
cão, em corte longitudinal, evidenciamos grande quantidade de osteócitos de
formas irregulares e distribuídos de maneira menos homogênea que no
homem. Seus canalículos são mais curtos quando comparados com os
humanos, conforme fotomicrografia 19, com aumento de aproximadamente 70
vezes.
A fotomicrografia 20, com aumento de aproximadamente 280 vezes,
mostra os osteócitos dispostos de forma enfileirada, em camadas,
proporcionalmente menores que os do homem. Seus canalículos mostram-se
irregulares, com anastomoses, e mais fmos comparados ao humano.
Na fotomicrografia 21, com aumento de aproximadamente 700
vezes, é nitidamente possível de se caracterizar a forma dos osteócitos de uma
maneira ovalada, com tamanho menor que o do homem, e com canalículos
curtos, ramificados e mais irregulares que no homem.
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso do
cão, em corte transversal, observamos que os sistemas e os canais de Havers
114
____________ ,SaturninoA. Ramalho ___________ _
são proporcionalmente menores que os do homem. embora uniformemente
distribuídos pela matriz óssea, conforme fotomicrografia 19 A, com
aproximadamente 70 vezes de aumento.
Na fotomicrografias 20 A, com aproximadamente 280 vezes de
aumento, é nítido que o diâmetro do canal de Havers é menor se comparado
ao do homem. Seus osteócitos também se mostram menores que os do
homem. Seus canalículos são menos numerosos, mais finos e mais irregulares
que os do homem. As anastomoses mostram-se pouco freqüentes.
A fotomicrografia 21 A, com aproximadamente 700 vezes de
aumento, corrobora as afirmações quanto à forma e às características dos
osteócitos e seus canalículos supramencionadas.
115
116
Fotomicrografia 19 Corte longitudinal do Cão. Aumento= 70 X
Fotomicrografia 20 Corte longitudinal do Cão. Aumento= 280 X
Fotomicrografia 21 Corte longitudinal do Cão. Aumento;:; 700 X
117
Fotomicrografia 19A Corte transversal do Cão. Aumento= 70 X
Fotomicrografla 20A Corte transversal do Cão. Aumento= 280 X
Fotomicrografia 21A Corte transversal do Cão. Aumento:::: 700 X
____________ SaturninoA. Ramalho, ___________ _
4.1.8- CAPIVARA
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso da
capivara, em corte longitudinal, verificamos que os osteócitos são distribuídos
de maneira não homogênea, com formatos irregulares, apresentando-se em
grande quantidade e dispostos com irregularidade, conforme fotomicrografia
22, com aumento de aproximadamente 70 vezes.
Na fotomicrografia 23, com aumento de aproximadamente 280
vezes, notamos que os osteócitos têm distribuição esparsa, com formatos
irregulares; contudo, há predomínio pelas formas arredondadas. Seus
canalículos são pouco freqüentes, curtos, fmos e irregulares.
Pela fotomicrografia 24, com aumento de aproximadamente 700
vezes, confirmamos o predominio de formas arredondadas dos osteócitos.
Seus canalículos têm trajetos sinuosos, irregulares e mostram menos
anastomoses que os do homem.
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso da
capivara, em corte transversal, notamos uma distribuição dos sistemas de
Havers menos regular que no homem, com formatos achatados e com
118
____________ SaturninoA. Ramalho, ___________ _
diâmetros menores que no homem. Os canais de Havers são irregulares, mais
numerosos e menores que na espécie humana, de acordo com a
fotomicrografia 22 A, com aumento de aproximadamente 70 vezes.
Nas fotomicrografias 23 A e 24 A, com aumentos de
aproximadamente 280 e 700 vezes respectivamente, vemos as formas
arredondadas dos osteócitos, com distribuição heterogênea nas lamelas e em
menor número que nos humanos. Os canalículos são parcos, irregulares e com
poucas anastomoses.
119
120
Fotomicrografia 22 Corte longitudinal da Capivara. Aumento= 70 X
Fotomicrografia 23 Corte longitudinal da Capivara. Aumento;; 280 X
Fotomicrografia 24 Corte longitudinal da Capivara. Aumento;; 700 X
121
Fotomicrografia 22A Corte transversal da Capivara, Aumento:: 70 X
Fotomicrografia 23A Corte transversal da Capivara. Aumento:::; 280 X
Fotomicrografia 24 A Corte transversal da Capivara. Aumento= 700 X
____________ .SaturninoA. Ramalho. ___________ _
4.1.9- CARNEIRO
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso do
carneiro, em corte longitudinal, notamos que a quantidade de osteócitos é
semelhante à do homem; porém, sua distribuição é mais uniforme, em
camadas lineares que se superpõem, conforme fotomicrografia 25, com
aumento de aproximadamente 70 vezes.
Na avaliação das fotomicrografias 26 e 27, com aumentos de
aproximadamente 280 e 700 vezes respectivamente, vemos a distribuição
muito regular dos osteócitos com predomínio das formas elípticas, com
poucos canalículos, sendo estes muito irregulares, curtos, com aspecto
arborescente e poucos anastomosados.
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso do
carneiro, em corte transversal, observamos que a distribuição dos sistemas de
Havers é homogênea na matriz óssea; contudo, o diâmetro dos sistemas de
Havers e dos canais de Havers são menores que os do homem e com formas
irregulares, conforme fotomicrografia 25 A, com aumento de
aproximadamente 70 vezes.
122
____________ ,SaturninoA. Ramalho'------------
Na fotomicrografias 26 A, com aumento de aproximadamente 280
vezes e na fotomicrografia 27 A, com aumento de aproximadamente 700
vezes, verificamos poucas lamelas, e nelas pequeno número de osteócitos
distribuídos concentricamente aos canais de Havers. O tamanho dos osteócitos
são proporcionalmente menores que o do homem. Seus canalículos mostram
se em menor número, mais finos e mais curtos que no gênero humano.
123
124
F otomicrografia 25 Corte longitudinal do Carneiro. Aumento:= 70 X
F otomicrografia 2(; Corte Jongitudin:, Carneiro. Aumento.;;; 280 X
Fotomicrografia 27 Corte longitudinal do Carneiro. Aumento = 700 X
125
Fotomicrografia 25A Corte transversal do Carneiro. Aumento=::: 70 X
Fotomicrografia 26A Corte transversal do Carneiro. Aumento= 280 X
Fotomicrografia 27A Corte transversal do Carneiro. Aumento:::: 700 X
____________ Satwnino A. Ramalho ___________ _
4.1.10- CATETO
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso do
cateto, em corte longitudinal, vemos que os osteócitos apresentam-se como
verdadeiros fragmentos teciduais com distribuição heterogênea, em menor
quantidade que no homem, concentrados em algumas regiões e espaçados em
outras, conforme fotomicrografia 28, com aumento de aproximadamente 70
vezes.
As fotomicrografias 29 e 30, com 280 e 700 vezes de aumento
aproximada e respectivamente, demonstram que estes osteócitos são
totalmente irregulares, mas com predominio das formas ovaladas, espaçados e
somente alguns deles demonstram a presença de canalículos finos, ramificados
e com poucas anastomoses.
Na fotomicrografia 30, com aumento de 700 vezes
aproximadamente, verificamos a presença de 2 osteócitos alongados, com
vários prolongamentos entrelaçados.
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso do
cateto, em corte transversal, notamos que os sistemas de Havers se apresentam
126
________________________ .SarurnmoA.Ramafuo. ______________________ _
muito prejudicados, dispostos com irregularidade, sem mostrar a forma
harmônica do osso humano. O diâmetro dos canais de Havers mostram-se
menores que no homem, segundo fotomicrografia 28 A, com aumento de 70
vezes aproximadamente.
Em aumentos de 280 vezes e 700 vezes aproximadamente,
conforme fotomicrografias 29 A e 30 A respectivamente, comprovamos a
irregularidade da distribuição e o menor número de osteócitos nas lamelas.
127
128
-------,
Fotomicrografia 28 Corte longitudinal do Cateto. Aumento = 70 X
Fotomicrografia 29 Corte longitudinal do Cateto. Aumento= 280 X
Fotomicrografia 30 Corte longitudinal do Cateto. Aumento = 700 X
129
F otomicrografia 28A Corte transversal do Cateto. Aumento=: 70 X
Fotomicrografia 29A Corte transversal do Cateto. Aumento;;, 280 X
Fotomicrografia 30A Corte transversal do Cateto. Aumento;;, 700 X
________________________ .SarurnmoA.Ramallio• ______________________ _
4.1.11-CAVALO
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso do
cavalo, em corte longitudinal, observamos que a quantidade de osteócitos é
pequena quando comparado ao homem, com distribuição não homogênea, de
formas irregulares. Seus canalículos são pouco freqüentes, conforme
fotomicrografia 31 com aumento de aproximadamente 70 vezes.
Nas fotomicrografias 32 e 33 com aumentos de aproximadamente
280 e 700 vezes respectivamente, observamos que os osteócitos são menores
que os do homem, têm disposição irregular pela matriz óssea e possuem forma
predominantemente espinhosa. Seus canalículos apresentam-se em pequena
quantidade, curtos, irregulares, ramificados e com trajeto muito sinuoso.
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso do
cavalo, em corte transversal, notamos que a distribuição dos sistemas de
Havers não é homogênea, tendo estes formatos irregulares e achatados. Os
diâmetros dos canais de Havers são menores que no homem, as !ameias de
distribuição dos osteócitos são poucas, irregulares e com pouca quantidade de
osteócitos, conforme fotomicrografia 31A, com aumento de aproximadamente
70 vezes.
130
____________ S.atuminoA. Ramalho. ___________ _
Nas fotomicrografias 32 A, com aumento de aproximadamente 280
vezes e na 33 A, com aumento de aproximadamente 700 vezes, vemos que os
osteócitos são menores que no gênero humano, sendo também irregulares. Os
canalículos são finos, pouco numerosos e anastomosados freqüentemente.
131
132
I I
IJ
Fotomicrografia 31 Corte longitudinal do Cavalo. Aumento;;;; 70 X
Fotomicrografia 32 Corte longitudinal do Cavalo. Aumento= 280 X
Fotomicrografia 33 Corte longitudinal do Cavalo. Aumento= 700 X
133
Fotomicrografia 31A Corte transversal do Cavalo. Aumento:: 70 X
F otomicrografia 32A Corte transversal do Cavalo. Aumento;;: 280 X
F otomicrografia 33A Corte transversal do Cavalo. Aumento :: 700 X
____________ ,SaturninoA. Ramalho. ___________ _
4.1.12- COELHO
Pela análise e interpretação das fotornicrografias obtidas do osso do
coelho, em corte longitudinal, vemos que a quantidade de osteócitos é
semelhante à do homem. Sua distribuição é homogênea, também como no
homem; porém, sua forma é diferente e seu tamanho proporcionalmente
menor que no osso humano, com disposição assimétrica. Seus canalículos não
são freqüentes, conforme fotomicrografia 34, com aumento de 70 vezes
aproximadamente.
Nas fotornicrografias 35 e 36, com aumentos aproximados de 280 e
700 vezes respectivamente, verificamos que os osteócitos têm forma
espinhosa, com canalículos parcos, fmos, pouco ramificados, com poucas
anastomoses e que a disposição dos osteócitos é irregular, não obedecendo a
um padrão, como no homem.
Pela análise e interpretação das fotornicrografias obtidas do osso do
coelho, em corte transversal, observamos que os sistemas de Havers são
irregulares, de formas pouco defmidas e distribuição não homogênea,
conforme fotomicrografia 34 A, aproximadamente, aumentada em 70 vezes.
134
_____________ SaturninoA. Ramalho, ___________ _
Nas fotomicrografias 35 A, com 280 vezes de aumento
aproximadamente, e na 36 A com 700 vezes de aumento aproximadamente,
os canais de Havers têm pequeno diâmetro e os osteócitos se distribuem em
camadas irregulares. É nítida a forma espinhosa dos osteócitos, e seu tamanho
é menor que no homem. Sua distribuição ao redor dos canais de Havers é
irregular e em menor número que no homem. Quanto aos canalículos,
confirma-se o que foi dito anteriormente.
135
136
Fotomicrografia 34 Corte longitudinal do Coelho. Aumento" 70 X
Fotomicrografia 35 Corte longitudinal do Coelho. Aumento= 280 X
Fotomicrografia 36 Corte longitudinal do Coelho. Aumento= 700 X
137
Fotomicrografia 34A Corte transversal do Coelho. Aumento;::;;; 70 X
Fotomicrografia 35A Corte transversal do Coelho. Aumento;::;;; 280 X
Fotomicrografia 36A Corte transversal do Coelho. Aumento;::;;; 700 X
_________________________ .SarummoA.Ramallio. ______________________ __
4.1.13- CUTIA
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso da
cutia, em corte longitudinal, notamos que a quantidade de osteócitos é maior
que no homem e que sua distribuição na matriz óssea é mais homogênea
comparado ao ser humano. Sua forma, contudo, é bastante diversa do homem
e seus canalículos são pouco evidentes, conforme fotomicrografia 37, com
aproximadamente 70 vezes de aumento.
Pela análise das fotomicrografias 38 e 39, com aproximadamente
280 e 700 vezes de aumento respectivamente, os osteócitos apresentam forma
espinhosa, com disposição irregular e tamanho menor do que o encontrado no
homem. Os canalículos se apresentam em pequena quantidade, curtos,
sinuosos, fmos e pouco anastomosados.
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso da
cutia, em corte transversal, observamos que a distribuição dos sistemas de
Havers é homogênea na matriz óssea, com formas circulares e diâmetros
pequenos, conforme fotomicrografia 37 A, com aumento de 70 vezes
aproximadamente.
138
____________ ,SaturninoA. Ramalho ___________ _
Nas fotomicrografia 38 A e 39 A, com 280 e 700 vezes de aumento
aproximada e respectivamente, notamos uma grande quantidade de canais de
Havers, com diâmetros proporcionalmente menores do que no homem. A
distribuição dos osteócitos ao redor dos canais de Havers não segue um padrão
uniforme como no homem, e estes se apresentam em menor número nas
lamelas. Os osteócitos têm forma espinhosa, com canalículos fmos, em
pequeno número e com poucas anastomoses.
139
140
Fotomicrografia 37 Corte longitudinal da Cu tia. Aumento= 70 X
Fotomicrografia 38 Corte longitudinal da Cutia. Aumento.:.::: 280 X
Fotomicrografia 39 Corte longitudinal da Cutia. Aumento;; 700 X
141
Fotomicrografia 37A Corte tmnsversal da Cutia. Aumento::.; 70 X
F otomicrografia 38A Corte transversal da Cutia. Aumento:.: 280 X
Fotomicrografia 39A Corte transversal da Cutia. Aumento= 700 X
____________ SaturninoA. Ramalho, ___________ _
4.1.14 -GATO
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso do
gato, em corte longitudinal, verificamos que a quantidade de osteócitos
presentes na matriz óssea está em menor número que no homem, e sua
distribuição é homogênea, conforme fotomicrografia 40, com aumento de
aproximadamente 70 vezes.
Nas fotomicrografias 41 e 42, respectivamente com aumentos
aproximados de 280 e 700 vezes, vemos os osteócitos com forma
predominantemente ovalada, com disposição assimétrica. Seus canalículos são
menos freqüentes que no homem, curtos, irregulares, sinuosos, ramificados e
apresentam poucas anastomoses.
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso do
gatos em corte transversal, notamos que a distribuição dos sistemas de Havers
é heterogênea pela matriz óssea. A forma dos sistemas de Havers é de
predomínio circular. O diâmetro dos canais de Havers são menores que em
humanos, conforme fotomicrografia 40 A, com 70 vezes de aumento
aproximadamente.
142
____________ SaturninoA. Ramalho. ___________ _
Observando-se as fotomicrografias 41A e 42 A , respectivamente
com aumentos aproximados de 280 e 700 vezes, observamos que a
distribuição dos osteócitos nas camadas circundantes aos canais de Havers é
irregular e em menor número quando comparado ao homem. Notamos
também o menor diâmetro dos sistemas de Havers e a forma ovalada dos
osteócitos se evidencia. Os canalículos mostram-se em pequeno número, finos
e com poucas anastomoses.
143
144
Fotomicrografia 40 Corte longitudinal do Gato. Aumento = 70 X
F otomicrografia 41 Corte longitudinal do Gato. Aumento= 280 X
F otomicrografia 42 Corte longitudinal do Gato. Aumento= 700 X
145
Fotomicrografia 40A Corte transversal do Gato. Aumento :::::. 70 X
Fotomicrografia 4JA Corte transversal do Gato. Aumento o; 280 X
Fotomicrografia 42A Corte transversal do Gato. Aumento:;: 700 X
____________ SatuminoA. Ramalho. ___________ _
4.1.15 -MACACO-PREGO
Pela análise e interpretação das fotornicrografias obtidas do osso do
macaco-prego, em corte longitudinal, observamos que a quantidade e
distribuição dos osteócitos na matriz óssea é semelhante ao humano; porém,
seus canalículos mostram-se menos freqüentes que no homem, conforme
fotomicrografia 43, com aproximadamente 70 vezes de aumento.
Quando se observa as fotomicrografias 44 e 45, com aumentos
aproximados de 280 e 700 vezes respectivamente, notamos que a forma dos
osteócitos é, em sua maioria, espinhosa. Sua disposição se faz em camadas
superpostas como no homem. Os canalículos são retilíneos e grossos, mas
mostram menos anastomoses que no homem.
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso do
macaco-prego, em corte transversal, vemos que a distribuição dos sistemas de
Havers é homogênea, com formas circulares e o diâmetro dos canais de
Havers é próximo ao encontrado no homem, de acordo com fotomicrografia
43 A, com aumento de 70 vezes aproximadamente.
146
____________ SatuminoA. Ramalho ___________ _
As fotomicrografias 44 A e 45 A, com aumentos aproximados de
280 e 700 vezes respectivamente, apresentam osteócitos dispostos
circunferencialmente aos canais de Havers como no homem, porém em menor
número e, portanto, mais espaçados entre si nas lamelas. A forma dos
osteócitos é evidentemente espinhosa, e seus canalículos retilíneos, pouco
numerosos e pouco anastomosados.
147
148
Fotomicrografia 43 Corte longitudinal do Macaco-prego. Aumento= 70 X
Fotomicrografia 44 Corte longitudinal do Macaco-prego. Aumento= 280 X
Fotomicrografia 45 Corte longitudinal do Macaco-prego. Aumento"' 700 X
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149
Fotomicrografia 43A Corte transversal do Macaco~ prego . Aumento:.: 70 X
Fotomicrografia 44A Corte transversal do Macaco-prego. Aumentos: 280 X
Fotomicrografia 45A Corte transversal do Macaco-prego. Aumento= 700 X
_______________________ s,arurnmoA.Ramruho ______________________ _
4.1.16 -ONÇA
Pela análise .e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso da
onça, em corte longitudinal, observamos que a quantidade de osteócitos é
pequena e sua distribuição heterogênea. Quanto aos canalículos, são pouco
freqüentes, conforme fotomicrografia 46, com 70 vezes de aumento
aproximadamente.
Analisando as fotomicrografias 47 e 48 , respectivamente com
aumentos aproximados de 280 e 700 vezes, vemos que os osteócitos têm
forma predominantemente fusiforme, sendo sua disposição irregular e seu
tamanho proporcionalmente menor que no homem. Apresenta ainda poucos
canalículos, sendo estes grossos, sinuosos, longos e pouco anastomosados.
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso da
onça, em corte transversal, a distribuição dos sistemas de Havers mostra-se
heterogênea, com formas irregulares. Vemos também que o diâmetro dos
canais de Havers é pequeno, de acordo com fotomicrografia 46 A, com
aproximadamente 70 vezes de aumento.
150
____________ SaturninoA. Ramalho. ___________ _
Observando-se e analisando as fotomicrografias 4 7 A e 48 A,
respectivamente com aumentos aproximados de 280 e 700 vezes, vemos que
os osteócitos se distribuem de forma irregular e em pequeno número ao redor
dos canais de Havers. Os osteócitos são fusiformes, seus canalículos são
menos numerosos que no homem e caracterizam as citações anteriores.
151
152
Fotomicrografia 46 Corte longitudinal da Onça. Aumento::: 70 X
Fotomicrografia 47 Corte longitudinal da Onça Aumento= 280 X
Fotomicrografia 48 Corte longitudinal da Onça Aumento= 700 X
153
F otomicrografia 46A Corte transversal da Onça. Aumento ;o 70 X
Fotomicrografia 47A Corte transversal da Onça Aumento:: 280 X
F otomicrografia 48A Corte transversal da Onça Aumentos 700 X
________________________ S,arurnmoA.Ramafuo, ______________________ _
4.1.17 -OURIÇO
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso do
ounço, em corte longitudinal, observamos grande quantidade de osteócitos
semelhantes ao homem, com distribuição homogênea, com parcos canalículos,
conforme fotomicrografia 49, com aumento de 70 vezes aproximadamente.
As fotomicrografias 50 e 51, com aumento de 280 e 700 vezes
aproximadamente, evidenciam os osteócitos com formas ovaladas, dispostos
irregularmente, com poucos canalículos, sendo estes curtos, sinuosos e com
poucas anastomoses.
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso do
ouriço, em corte transversal, notamos que a distribuição dos sistemas de
Havers é muito homogênea, havendo a predominância de formas circulares
nestes sistemas e diâmetros pequenos. Os canais de Havers são numerosos, e
também têm diâmetros menores que no homem, conforme fotomicrografia 49
A, com aumento de aproximadamente 70 vezes.
Nas fotomicrografias 50 A e 51 A, com aproximadamente 280 e 700
vezes de aumento respectivamente, a distribuição dos osteócitos aparece em
154
_________________________ S,arurnmoA.Ramruho ______________________ ___
!ameias regulares, concêntricas ao canal de Havers, e com menos osteócitos
que no ser humano. Há evidência clara das características dos osteócitos e
seus prolongamentos, como já citados.
155
156
Fotomicrografia 49 Corte longitudinal do Ouriço. Aumento ;::;: 70 X
Fotomicrografia 50 Corte longitudinal do Ouriço. Aumento;::;: 280 X
Fotomicrografia 51 Corte longitudinal do Ouriço. Aumento::: 700 X
157
Fotomicrografia 49A Corte transversal do Ouriço. Aumento= 70 X
Fotornicrografia SOA Corte transversal do Ouriço. Aumento=: 280 X
Fotomicrografia 51 A Corte transversal do Ouriço. Aumento;::::: 700 X
____________ SaturninoA. Ramalho. ___________ _
4.1.18 -PORCO
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso do
porco, em corte longitudinal, vemos que os osteócitos se apresentam em
grande número e com distribuição homogênea, mas sem um padrão defmido
de disposição, de acordo com fotomicrografia 52, com aumento de
aproximadamente 70 vezes.
Em análise das fotomicrografias 53 e 54, com 280 e 700 vezes de
aumento aproximada e respectivamente, notamos que predominam as formas
ovaladas nos osteócitos, com canalículos ramificados, irradiados e curtos.
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso do
porco, em corte transversal, observamos que os sistemas de Havers se
apresentam em formas circulares e homogeneamente distribuídos na matriz
óssea. Seus diâmetros são menores que no homem. Os canais de Havers têm
diâmetros menores e são mais numerosos que nos humanos, conforme
fotomicrografia 52 A, com aumento de aproximadamente 70 vezes.
As fotomicrografias 53 A e 54 A, com 280 e 700 vezes de aumento
aproximada e respectivamente, evidenciam os osteócitos dispostos em lamelas
158
____________ SaturninoA. Ramalho, ___________ _
concêntricas aos canais de Havers, em menor número que os encontrados no
homem e obedecendo a um padrão de regularidade em sua distribuição, com
formas ovaladas e canalículos numerosos, com muitas anastomoses.
159
160
Fotomicrografia 52 Corte longitudinal do Porco. Aumento;:-:: 70 X
Fotomicrografia 53 Corte longitudinal do Porco. Aumento = 280 X
Fotomicrografia 54 Corte longitudinal do Porco. Aumento: 700 X
161
Fotomicrografia 52A Corte transversal do Porco. Aumentos; 70 X
Fotomicrografia 53A Corte transversal do Porco. Aumento::::: 280 X
Fotomicrognfia 54A Corte transversa! do Porco. Aumento 20 700 X
____________ SaturninoA. Ramalho, ___________ _
4.1.19- TAMANDUÁ-BANDEIRA
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso do
tamanduá-bandeira, em corte longitudinal, os osteócitos presentes na matriz
óssea são menos numerosos que no homem, distribuem-se de forma irregular e
com parcos canalículos, conforme fotomicrografia 55, com aumento de
aproximadamente 70 vezes.
Nas fotomicrografias 56 e 57, com 280 e 700 vezes de aumento
aproximada e respectivamente, observamos que os osteócitos se dispõem na
matriz óssea sem um padrão definido, têm forma fusiforme, seus canalículos
são pouco numerosos, grossos, retilíneos, não irradiados e com poucas
anastomoses.
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso do
tamanduá-bandeira, em corte transversal, os sistemas de Havers se distribuem
de maneira não homogênea, com formas irregulares. Os canais de Havers
apresentam diâmetros menores que em humanos, conforme fotomicrografia 55
A, com aumento de aproximadamente 70 vezes.
162
____________ ,SaturninoA. Ramalho, ___________ _
Nas fotomicrografias 56 A e 57 A, com 280 e 700 vezes de aumento
aproximada e respectivamente, notamos os osteócitos em número semelhante
ao homem, dispostos de forma regular e concêntrica aos canais de Havers e
confirmamos a forma e características dos osteócitos e seus canalículos.
163
'' '·~
164
Fotomicrografia 55 Corte longitudinal do Tamanduá~bandeira
Aumento =: 70 X
Fotomicrografia 56 Corte longitudinal do Tamanduá-bandeira Aumento= 280 X
Fotomicrografia 57 Corte longitudinal do Tamanduá-bandeira Aumento= 700 X
165
... . t
Fotomicrografia SSA Corte transversal do Tamanduá-bandeira Aumento;;::: 70 X
Fotomicrografia 56A Corte transversal do Tamanduá-bandeira Aumento;; 280 X
Fotomicrografia 57 A Corte transversal do Tamanduá-bandeira Aumento:::: 700 X
___________ _,SaturninoA. Ramalho ___________ _
4. 1.20- VEADO-CERVO
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso do
veado-cervo, em corte longitudinal, notamos que a quantidade de osteócitos na
matriz óssea é menor se comparada ao homem; porém, sua distribuição é
homogênea, e sua disposição forma linhas circulares, conforme
fotomicrografia 58, com aumento de aproximadamente 70 vezes.
Nas fotomicrografias 59 e 60, com 280 e 700 vezes de aumento
aproximada e respectivamente, vemos que os osteócitos têm forma ovalada,
mantendo grande distância entre si, com canalículos escassos, finos, curtos,
irradiados, e pouco anastomosados.
Pela análise e interpretação das fotomicrografias obtidas do osso do
veado-cervo, em corte transversal, observamos que os sistemas de Havers são
numerosos, com distribuição homogênea e dispostos irregularmente, de
acordo com fotomicrografia 58 A, com aumento de aproximadamente 70
vezes.
Nos aumentos de 280 e 700 vezes aproximadamente, conforme
fotomicrografias 59 A e 60 A respectivamente, notamos que os osteócitos com
166
____________ .SaturninoA. Ramalho. ___________ _
formas ovaladas dispõem-se em camadas concêntricas aos canais de Havers
com menor regularidade e em menor número que no homem. Apresentam
canalículos com as características anteriormente citadas. Os canais de Havers
são menores que no ser humano.
167
168
Fotomicrografia 58 Corte longitudinal do Veado-cervo. Aumento:= 70 X
Fotomicrografia 59 Corte longitudinal do Veado-cervo. Aumento ;; 280 X
Fotomicrografia 60 Corte longitudinal do Veado-cervo. Aumento:= 700 X
~----___j
169
Fotomicrografia 58A Corte transversal do Veado~cervo.
Aumento = 70 X
Fotomicrografia 59 A Corte transversal do Veado-cervo. Aumento= 280 X
Fotomicrografia 60A Corte transversal do Veado-cervo. Aumento ;; 700 X
~
2l
4.2- QUADRO RESUMIDO DAS ANÁLISES E INTERPRETAÇÕES DOS CARACTERES HISTOMORFOLÓGICOS
SISTEMAS DE HA VERS CANAIS DE HA VERS OSTEOCITOS CANAL! CU LOS
Distribuição regular Numerosos
Distribuição homogênea Diâmetros amplos Grande quantidade Longos
!.HOMEM Formas elípticas Pouco numerosos Formas fusiformes Retilíneos Finos Diâmetros amplos Dispostos em camadas Regulares Em grande número nas lamelas Muitas anastomoses
Distribuição irregular Não numerosos Distribuição não homogênea
Diâmetros pequenos Pequena quantidade Grossos
2.ANTA Formas irregulares Formas fusiformes Curtos Diâmetros pequenos Pouco numerosos Dispostos em camada-; Sinuosos
Em pequeno número de !ameias Poucas anastomoses Distribuição irregular Finos
Distribuição não homogênea Diâmetros pequenos Pequena quantidade Curtos 3.ARACAMBÉ Formas irregulares Irregulares Formas irregulares Pouco numerosos Dispostos irregularmente Poucas ramificações
Em pequeno número nas lamelas Poucas anastomoses Distribuição iiTegular
Não numerosos Distribuição não homogênea Diâmetros pequenos
Pequena quantidade Curtos 4. BOI Formas iiTegulares Formas ovaladas
Diâmetros irregulares Pouco numerosos
Dispostos irregularmente Ramificados em "teia de aranha"
Em pequeno número nas !ameias Poucas anastomoses
Distribuição irregular Não numerosos
Distribuição não homogênea Diâmetros pequenos Pequena quantidade Curtos S. CABRA Formas elipticas Finos formas irregulares Pouco numerosos Dispostos irregularmente Ramificados
Em pequeno número nas !ameias Poucas anastomoses Distribuição irregular Numerosos
6. CACHORRO-DO-Distribuição homogênea
Diâmetros pequenos Grande quantidade Curtos
Formas irregulares Formas ovaladas Finos MATO Diâmetros pequenos Pouco numerosos Dispostos irregularmente Ramificados
Em pequeno número nas lamelas Poucas anastomoscs
r o ?>
~ ~
SISTEMAS DE HA VERS CANAIS DE HA VERS
7.CÃO Distribuição homogênea Diâmetros pequenos Diâmetros pequenos Numerosos
Distribuição não homogênea Diâmetros pequenos S. CAPIVARA Formas achatadas
Diâmetros pequenos Numerosos
Distribuição homogênea Diâmetros muito pequenos 9.CARNEIRO Formas irregulares Diâmetros pequenos Muito numerosos
~ .._. ~
Distribuição não homogênea lO. CATETO Formas irregulares Diâmetros pequenos
Distribuição não homogênea Diâmetros muito pequenos 11. CAVALO Formas irregulares e achatadas Numerosos Diâmetros pequenos
Distribuição não homogênea l2.COELHO Formas irregulares
Diâmetros pequenos
Distribuição homogênea Diâmetros pequenos 13. CUTIA Formas circulares Diâmetros pequenos Numerosos
OSTEÓCITOS
Distribuição irregular Grande quantidade Dispostos em camadas e enfileirados Formas ovaladas
Distribuição irregular Grande quantidade Formas arredondadas Dispostos irregularmente Em pequeno número nas lamelas
Distribuição regular Grande quantidade Formas elipticas Dispostos linearmente em camadas Em pequeno número nas !ameias
Distribuição irregular Pequena quantidade Formas ovaladas Dispostos irregularmente Em pequeno número nas lamelas
Distribuição irregular Pequena quantidade Formas espinhosas Dispostos irregularmente Em pequeno número nas !ameias
Distribuição regular Grande quantidade Formas espinhosas Dispostos irregularmente Em oeuueno número nas !ameias Distribuição regular Quantidade maior que no homem Formas espirihosas Dispostos irregularmente --~!P _ _p~q~~-!lg_t1f!!P~.fQ_t1ªª)ª!P~Jªª-
CANALICULOS Não numerosos Finos Curtos Ramiiicados Poucas anastomoses Não numerosos Curtos Finos Sinuosos Poucas anastomoses Não numerosos Curtos Finos Irregulares Aspecto arborescentes Poucas anastomoses
Finos Sinuosos Ramificados Poucas anastomoses
Não numerosos Curtos Irregulares Ramificados Sinuosos Finos Poucas anastomoses
Não numerosos Finos Pouco ramificados Poucas anastomoses
Não numerosos Finos Curtos Sinuosos Poucas anastomoses
"' r. o ?>
~ ~
SISTEMAS DE HA VERS CANAIS DE HA VERS
Distribuição não homogênea 14.GATO Formas circulares Diâmetros pequenos
Diâmetros pequenos
!-----
15. MACACO- Distribuição homogênea
PREGO Formas circulares Diâmetros amplos
Distribuição não homogênea 16.0NÇA Formas irregulares Diâmetros pequenos
Distribuição muito homogênea Diâmetros pequenos 17. OURIÇO Formas circulares
Diâmetros pequenos Muito numerosos
~
;j Distribuição homogênea Diâmetros pequenos
18.PORCO Formas circulares Numerosos Diâmetros pequenos
19. TAMANDUÁ- Distribuição homogênea BANDEIRA Formas irregulares
Diâmetros pequenos
Distribuição homogênea 20. VEADO-CERVO Diâmetros pequenos
Formas irregulares
OSTEOCITOS Distribuição regular Pequena quantidade Formas ovaladas Dispostos irregularmente Em pequeno número nas !ameias Distribuição semelhante ao homem Grande quantidade Formas espinhosas Dispostos em camadas superpostas Em pequeno número nas lamelas Distribuição não regular Pequena quantidade Formas fusiformes Dispostos irregularmente Em pequeno número nas lamelas Distribuição regular Grande quantidade Formas ovaladas Dispostos irregularmente Em peQueno número nas !ameias Distribuição regular Grande quantidade Formas ovaladas Dispostos irregularmente Em pequeno número nas lamelas. Distribuição irregular Pequena quantidade Formas fusiformes Dispostos irregularmente Em grande número nas !ameias Distribuição regular Pequena quantidade Formas ovaladas Dispostos em linhas circulares Em pequeno número nas !ameias
CANALICULOS Não numerosos Curtos Sinuosos Ramificados Poucas anastomoses
Não numerosos Retilíneos Grossos Poucas anastomoses
Não numerosos Grossos Sinuosos Longos Poucas anastomoses
Não numerosos Curtos Sinuosos Poucas anastomoses
Numerosos Curtos Ramificados Irradiados Muitas anastomoses Não numerosos Grossos Retilíneos Não irradiados Poucos anastomoses Não numerosos Finos Curtos Irradiados Poucas anastomoscs
f o ?>
~ ~
________________________ .SarummoA.Ramallio ______________________ _
4.3- SÍNTESE DOS RESULTADOS
Após a análise e interpretação das características histomorfológicas
supracitadas, alcançamos os seguintes resultados:
4.3.1 - A distribuição dos sistemas de Havers na matriz óssea é
homogênea no homem, cachorro-do-mato, cão, carneiro, cutia, macaco-prego,
porco, tamanduá-bandeira, veado-cervo e ouriço (neste muito homogênea). Na
anta, aracambé, cabra, capivara, cateto, cavalo, coelho, gato e onça a
distribuição se dá de forma irregular e específica.
4.3.2 -A forma dos sistemas de Havers é elíptica no homem e só a
encontramos nele. Verificamos os sistemas de Havers com formas irregulares
na anta, aracambé, boi, cabra, cachorro-do-mato, carneiro, onça, tamanduá
bandeira e veado cervo; formas achatadas na capivara e no cavalo; e formas
circulares na cutia, gato, macaco-prego, ouriço e porco.
4.3.3- Os diâmetros dos sistemas de Havers são proporcionalmente
muito mais amplos no homem que nos demais gêneros estudados. Com
exceção do boi, no qual observamos diâmetros irregulares, todos os demais
animais mostraram diâmetros pequenos.
173
_________________________ s,arurnmoA.Ramallio ______________________ __
4.3.4- Os diâmetros dos canais de Havers no homem e no macaco
prego são amplos, enquanto que em todos os demais gêneros estudados
notamos que são pequenos; no carneiro e no cavalo apresentam-se
extremamente menores que nos demais.
4.3.5- Quanto à quantidade de canais de Havers, notamos que são
pouco numerosos no homem, anta, aracambé, boi, cabra, cachorro-do-mato,
enquanto que no cão, capivara, cavalo e cutia são mais numerosos. Já no
carneiro e no ouriço é evidente um número extremamente grande de canais de
Havers.
4.3.6- Pelo exame dos osteócitos notamos uma distribuição regular
na matriz óssea no homem, carneiro, coelho, cutia, gato, macaco-prego (neste
bastante semelhante à do homem), ouriço, porco e veado-cervo. Nos demais
gêneros a sua distribuição é irregular.
4.3.7 -No que tange a quantidade de osteócitos, notamos que no
homem, cachorro-do-mato, cão, capivara, carneiro, coelho, macaco-prego,
ouriço e porco estão presentes em grande quantidade na matriz óssea; a cutia
apresenta uma quantidade extremamente superior a todos os gêneros
estudados e nos demais a quantidade é bem reduzida.
174
____________ SaturninoA. Ramalho. ___________ _
4.3.8 - Pela análise das formas dos osteócitos observamos formas
fusiformes no homem, anta, onça e tamanduá-bandeira; formas ovaladas no
boi, cachorro-do-mato, cão, cateto, gato, ouriço, porco e veado-cervo; formas
elípticas na cabra e carneiro; e formas espinhosas no cavalo, cutia e macaco
prego. As formas arredondadas foram vistas somente na capivara e as
irregulares somente no aracambé.
4.3.9- A disposição dos osteócitos no homem ocorre em camadas
superpostas, lembrando um epitélio simples. Na anta, cão, carneiro e macaco
prego ocorre em camadas lineares. Já uma disposição irregular é encontrada
no aracambé, boi, cabra, cachorro-do-mato, capivara, cateto, cavalo, coelho,
cutia, gato, onça, ouriço, porco e tamanduá-bandeira; uma disposição em
linhas circulares só é vista no veado-cervo.
4.3.10 - Pelo estudo realizado, verificamos que a distribuição dos
osteócitos nas lamelas ósseas se dá em grande número apenas no homem e no
tamanduá-bandeira. Nos demais gêneros estudados se apresentam em
pequenas quantidades.
4.3.11 - Pela análise das características dos canalículos dos
osteócitos, verificamos que:
175
__________________________ S.anunmoA.Rrunallio~------------------------
são numerosos no homem, cachorro-do-mato e porco;
são pouco numerosos em todos os demais gêneros estudados;
são longos no homem e na onça;
são curtos na anta, aracambé, boi, cabra, cachorro-do-mato, cão,
capivara, carneiro, cavalo, cutia, gato, ouriço, porco e veado-
cervo;
são fmos no homem, aracambé, cabra, cachorro-do-mato, cão,
capivara, carneiro, cateto, cavalo, coelho, cutia e veado-cervo;
são grossos na anta, macaco-prego, onça e tamanduá-bandeira;
são retilíneos no homem, macaco-prego e tamanduá-bandeira;
são sinuosos na anta, capivara, cateto, cavalo, cutia, gato, onça e
ounço;
são rarnificados no aracambé, boi, cabra, cachorro-do-mato, cão,
carneiro, cateto, cavalo, coelho, gato, porco e veado-cervo;
são muito anastomosados no homem e no porco;
são pouco anastomosados em todos os demais gêneros
estudados.
176
_________ Saturnino A. Ramalho. ________ _
5 -DISCUSSÃO
____________ SatuminoA. Ramalho ___________ _
5- DISCUSSÃO
Parte considerável da literatura científica consultada para a
realização deste trabalho aborda estudos de caracteres histomorfológicos de
ossos humanos, como os sistemas de Havers, os canais de Havers, os
osteócitos e seus canalículos. Dentre estes autores estão DYCE et al.(1990),
JUNQUEIRA & CARNEIRO (1990) e STEVENS et al.(1995).
Ressaltamos que nossos achados, no que se refere ao ser humano,
corroboram as afirmações dos autores citados, quanto às características
histomorfológicas das estruturas analisadas.
Vale destacar que estudos como os de ARBENZ (1988),
WHITTAKER & MACDONALD (1989), FÁVERO (1993), FRANÇA (1995)
e CALABUIG (1998) ofereceram-nos subsídios na histomorfologia do tecido
ósseo com fmalidade pericial, que puderam ser comparados com os resultados
alcançados neste trabalho, pois a metodologia empregada por eles, consiste em
técnicas extremamente semelhantes às utilizadas no presente estudo.
Em nossas amostras confirmamos as pesquisas dos autores citados
no que tange às formas dos sistemas de Havers, aos diâmetros dos canais de
Havers, à forma, distribuição e disposição dos osteócitos e às características
179
____________ SaturninoA. Ramalho, ___________ _
de distribuição, forma, número e quantidade de anastomoses dos canalículos
presentes nos osteócitos.
A técnica de preparação e análise microscópica utilizada neste
trabalho foi a preconizada por RAMALHO & DARUGE (1994), em toda a
sua seqüência, com exceção do material utilizado na montagem das lâminas
histológicas, pois, em vez do Bálsamo do Canadá, utilizamos Araldite®, que
também permitiu, para este experimento, a grande nitidez na microscopia,
preconizada pelos autores acima.
OWSLEY et al. (1985) relataram um caso de perícia envolvendo
diferenciação de fragmentos ósseos de ser humano e de veado, valendo-se
para a conclusão positiva do caso das mesmas premissas por nós utilizadas,
isto é, as características histomorfológicas do tecido ósseo.
VAN DER STELT et al. (1986) e KAHANA et al. (1998), em
análises radiográficas, embora não relacionadas a esta linha de estudo,
mostraram que o trabeculado ósseo é um meio fidedigno para identificação
pericial.
180
____________ Satumino A. Ramalho, ___________ _
Embora o nosso estudo seJa direcionado para a identificação,
ressaltamos o trabalho de HOLDEN et al. (1995), que estudaram fragmentos
ósseos incinerados, e mostraram que as características micro e ultraestruturais
do tecido ósseo podem ser usadas com fmalidades periciais para se estimar a
idade da vítima.
HALL (1991) citou que generalizações sobre uma modalidade óssea
especial, que possa agir como marca registrada de determinada classe ou
linhagem de vertebrados não são óbvias. O autor comprovou que os
vertebrados estudados apresentam os mesmos componentes, com semelhanças
na disposição de suas estruturas. No entanto, as diferenças destas estruturas se
devem ao meio em que vivem e à função que realizam, e não aos aspectos
filogenéticos e taxonômicos. Entretanto, o presente estudo revelou que
animais que têm padrões de crescimento e função semelhantes, apresentam
características histomorfológicas distintas e vice-versa, o que segundo HALL
(1991) não deveria ocorrer.
Neste estudo, através da microscopia de luz, identificamos as
características histomorfológicas dos sistemas de Havers, dos canais de
Havers, dos osteócitos e seus canalículos de ossos humanos e de outros 19
181
____________ SatuminoA.Ramalho ___________ _
gêneros, que apresentam maior proximidade com os seres humanos. Assim,
foi possível estabelecer um padrão das diferenças ósseas histomorfológicas de
cada gênero, e entre estes e o gênero HOMO.
Os resultados alcançados são de extrema valia para a identificação e
diferenciação entre os gêneros estudados, e destes com o homem, podendo ser
utilizados em institutos e serviços de antropologia odonto-legais e médico
legais, por valer-se de uma técnica simples, de fácil execução, exigindo apenas
equipamentos básicos e de baixo custo, como o microscópio de luz.
182
_________ SatwninoA. Ramalho. ________ _
6- CONCLUSÃO
________________________ S.ammmoA.Rrunruho. ______________________ _
6- CONCLUSÃO
Pelo estudo histomorfológico do tecido ósseo do homem e dos
demais gêneros estudados, alcançamos as conclusões que se seguem.
6.1 - A distribuição dos sistemas de Havers na matriz óssea é um
aspecto que leva à diferenciação dos gêneros estudados.
6.2 - As características dos sistemas de Havers, que somente no
homem apresenta forma elíptica, permite identificá-lo com precisão dentre
todos os outros mamíferos analisados. Esta característica é muito valiosa para
a diferenciação dos demais gêneros estudados.
6.3 - O estudo dos diâmetros dos sistemas de Havers, que no
homem é amplo e contrasta com a maioria dos animais, possibilita-nos afirmar
que este é um diferencial importante para a identificação do gênero.
6.4 - A análise dos diâmetros dos canais de Havers evidencia
características que auxiliam a diferenciação ou identificação do gênero.
185
________________________ .SarurnmoA.Ramallio ______________________ _
6.5 A quantidade dos cana1s de Havers, por campo
fotomicrográfico, também caracteriza a identificação entre os gêneros em
estudo.
6.6 - Pelo estudo da distribuição dos osteócitos na matriz óssea,
podemos afirmar que existem características próprias de cada gênero
estudado.
6.7- Na avaliação da quantidade de osteócitos na matriz óssea, que
se apresenta grande no homem e pequena na maioria dos demais gêneros,
encontramos subsídios de grande valia nas identificações em perícias odonto
legais e médico-legais.
6.8 - As formas dos osteócitos, propicia-nos uma enorme gama de
caracteres próprios e singulares a cada gênero, tomando-se uma característica
fundamental quando das perícias de identificação.
6.9 - Quanto à disposição dos osteócitos na matriz óssea, podemos
afirmar que no homem se dá em camadas superpostas, lembrando um epitélio
simples, o que o leva a distinguir-se dos demais gêneros analisados. A
186
_________________________ SarummoA.Ramallio. ______________________ __
distinção ocorre também entre os demais gêneros, devido às peculiaridades
encontradas em cada um deles.
6.1 O - A análise mmuc10sa das características histomorfológicas
quanto à distribuição, forma, número e anastomoses dos canalículos presentes
nos osteócitos possibilita-nos a identificação e diferenciação do osso ou
fragmentos ósseos dos gêneros estudados, mostrando-se de fundamental
importância em investigações periciais.
6.11- Verificamos também, neste estudo, que, se não conseguirmos
identificar o gênero animal a que pertence o osso ou fragmento ósseo
submetido a exame pericial, é perfeitamente possível excluir a possibilidade
do material pertencer ao gênero HOMO, visto que, deve ser feito um
cruzamento de todas as características histomorfológicas das estruturas
estudadas.
187
_______ SatuminoA.Ramalho ______ _
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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196
_________ ,SaturninoA. Ramalho ________ _
APÊNDICE
él~. ~ . ., UNICAMP FACULDADE DE ODONTOLOGIA DE PIRACICABA •
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
DECLARAÇÃO
Declaro para os devidos fins que o Projeto "A importância pericial do estudo comparativo histomorfológico entre tecido ósseo humano c de outros animais", de Saturuiuo Aparecido Ramalho, tendo como orientador o Pro f. Dr. Eduardo Da ruge. teve seu início em 03/03/1996 e término em 03/09/1997, antes da instalação do Comitê de Ética em Pesquisa, 19/09/96, Portaria do Diretor 09/97, razão pela qual não foi submetido ao referido Comitê.
Piracicaba, 13 de outubro de 1999
Prof. Dr. Antoni Wilson Sallum DIR • OR
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