arteaga, alejandro; Bustamante, Lucas & guayasamin, juan m. 2013. the Amphibians and Reptiles of Mindo. Life in the cloudforest. Universidad tecnolgica idoamrica, Quito. 258 pp. iSBn 9789942134967.

As facilidades atuais, como o acesso informao, trocas de material e contatos interpessoais, expandiram as fronteiras de atuao dos trabalhos acadmicos dos herpetlogos brasileiros. Atualmente, dados da herpetofauna dos nossos vizinhos sul--americanos tornaram-se imprescindveis no desenvolvimento de grandes revises taxonmicas e estudos de padres naturais em escala continental. Assim sendo, a herpetofauna da regio do Mindo, no Equador uma significativa fonte de informao no livro Amphibians and Reptiles of Mindo, de Alejandro Arteaga e colaboradores.

O primeiro autor, Alejandro Arteaga, fotgrafo da nature-za e estudante de biologia da Venezuela. Seu trabalho apoiado pelo Museu de Zoologia da Universidade Catlica do Equador, Cordillera Tropical Fundation e Zoolgico Amaru. O segundo autor, Lucas Bustamante, fotgrafo e estudante de biologia no Equador. A grande experincia amealhada em sadas de campo, oficinas e na elaborao de artigos cientficos tem con-tribudo para o profundo conhecimento destes herpetgos so-bre a ecologia tropical e herpetologia (veja o site). Finalmente, o terceiro autor Juan M. Guayasamin, herpetlogo, natural de Quito, capital do Equador. Seu doutoramento na University of Kansas (grande centro formador de herpetlogos nos Esta-dos Unidos) e inmeras publicaes em peridicos internacio-nais sobre especiao e relaes evolutivas dos anfbios anuros (principalmente Centrolendeos) credenciam-no como grande especialista nesta fauna to ricamente representada em sua terra natal. Atualmente trabalha como professor na Universi-dad Tecnolgica Indoamrica, no Equador.

Amphibians and Reptiles of Mindo trata da Herpetofauna da regio turstica de Mindo, com 268 km2 de Floresta Ombrfila das encostas cis-andinas da Provncia de Pichincha, noroeste do Equador. Ao longo da transio de 960 para 3.440m de al-titude, trs rios chamados Mindo, Saloya e Cinto irrigam di-ferenciados habitats de diversas reas protegidas. Nesse livro relatado um total de 101 espcies de rpteis e anfbios: trs espcies de ceclias (Gymnophiona) e 53 espcies de sapos, rs e pererecas (Anura), alm de 16 lagartos e 28 serpentes (Squa-mata). Ao final das descries, somos ainda surpreendidos com a descrio de uma espcie indita, Pristimantis mindo.

A organizao da lista de espcies segue dois grandes gru-pos (anfbios e rpteis), passando pelas famlias e seus respec-tivos gneros, at as espcies, sempre em ordem alfabtica. Na taxonomia podemos notar que os autores foram cuidadosos na atualizao dos nomes, que seguem as propostas nomenclatu-rais baseadas em estudos filogenticos atuais. Embora com vis tcnico, segundo os autores, o nvel das informaes foi plane-jado para atender todos os nveis de interessados no assunto: turistas, naturalistas, estudantes e cientistas.

O presente guia segue uma organizao tradicional, ini-ciando com uma breve introduo sobre a importncia da her-petofauna no Equador, seguida pelos tpicos que explicam o funcionamento do livro e seus objetos de estudo. No entanto,

informaes bsicas e gerais sobre os anfbios no so aqui apresentadas, o que seria esperado em um texto para todos os pblicos, incluindo leigos. Destacam-se os diagramas organiza-dos sobre os organismos e seus microhabitats, alm de tcni-cas de observao de rpteis e anfbios. Ateno dada sobre no perturbar os animais, falar sobre o estudo da herpetologia com o povo local e cuidados durante as atividades de campo. Os caracteres usados na diagnose de espcimes da regio (e.g., padres de colorido e folidose) so ilustrados de forma simples e didtica. Aps a introduo, a seo de Planejamento do Li-vro mostra como os autores organizaram o uso das informa-es. A nomenclatura, os caracteres de reconhecimento, a his-tria natural, a distribuio e a conservao so abordados com informaes categorizadas em itens bastante funcionais, com informaes simples e eficientes. Segue-se ento para o item sobre a rea de estudo, com mapas e informaes sobre topo-logia, hidrografia, rodovias, vilarejos e pontos de amostragem, alm de precipitao sazonal.

A parte da apresentao das espcies est muito bem orga-nizada. Nesta seo so encontrados textos simples e bem ex-plicativos, embora essencialmente cientficos, sobre os anuros e as ceclias e, subsequentemente, os lagartos e as serpentes. Embora o texto seja pouco fluente, os autores cumprem seu objetivo de prestar informaes que podem ser compreendidas

(Fonte: www.tropicalherping.com).

Herpetologia Brasileira - Volume 3 - Nmero 1 - Maro de 2014

Resenhas10

por um pblico heterogneo. O notvel aqui a correspondn-cia cuidadosa de cada informao com sua respectiva biblio-grafia. Todas as espcies so apresentadas aos leitores pela sua taxonomia, fotos e mapas de distribuio. As informaes se-guem a mesma ordem dos subitens detalhados nas explicaes da introduo: reconhecimento, histria natural, distribuio, estado de conservao, etimologia, notas, revisores e contri-buies e, finalmente, referncias. As informaes e ilustraes so impecveis. A forma didtica como o contedo apresen-tado mostra um grande esmero na organizao das informa-es consideradas essenciais. Um glossrio apresentado antes da bibliografia citada auxilia na compreenso de alguns termos utilizados no texto. No h chave-dicotmica para identificao das espcies.

Abrindo um parntese, os estudos dos anfbios de Mindo podem ser complementados pela biblioteca sonora presente no CD Frogs of Mindo, de Morley Read, disponvel para venda por contato direto com o autor (craspedopus@yahoo.com).

O Equador um pas de dimenso territorial relativamente pequena, mas apresenta uma das maiores riquezas de espcies de anfbios e rpteis do mundo. Um exemplo disto o surpre-endente nmero de 544 espcies de anfbios reconhecidos em seu territrio (veja o site). Terceiro pas em diversidade de esp-cies de anfbios, o Equador perde em nmeros absolutos apenas para o Brasil, primeiro lugar com 946 espcies (Segalla et al., 2012), e a Colmbia, segundo lugar com 781 espcies (Acos-ta-Galvis, 2013). O soerguimento da cadeia andina, com sua complexa histria de formao geolgica e diferentes extratos atitudinais, bem como a presena de diversas fisionomias ve-getais, explica a grande riqueza da biodiversidade nestas reas (Hoorn, 2010).

As espcies animais no reconhecem nossas barreiras pol-ticas, mas certamente os Andes apresentam um desafio dis-perso de uma fauna vicariante de seus irmos trans-andinos ou amaznicos. Tratada em bibliografias dispersas, uma par-cela importante da herpetofauna cis-andina possui a partir de agora um pictrico catlogo de campo que rene informaes cientficas didaticamente organizadas em Amphibians and Rep-tiles of Mindo. Os herpetlogos em geral ou to somente curio-sos sobre a fauna que ocorre do outro lado dos Andes aprecia-ro este livro.

refernciaS

acosta-galvis, a. r. 2013. Lista de los anfibios de Colombia. V.02.2013.0. Acessible at www.batrachia.com. Captured on 03 february 2014.

Hoorn, c.; Wesselingh, f. p.; ter Steege, H.; Bermudez, m. a.; mora, a.; Sevink, j.; Sanmartn, i.; Sanchez-meseguer, a.; anderson, c. L.; figueiredo, j. p.; jaramillo, c.; riff, d.; negri, f. r.; Hooghiemstra, H.; Lundberg, j.; Stadler, t.; Srkinen, t.; antonelli, a. 2010. Ama-zonia Through Time: Andean Uplift, Climate Change, Landscape Evolu-tion, and Biodiversity. Science, 330: 927931.

Segalla, m. v.; caramaschi, U.; cruz, c. a. g.; garcia, p. c. a.; grant, t.; Haddad, c. f. B.; Langone, j. 2012. Brazilian amphibians List of species. Accessible at www.sbherpetologia.org.br. Sociedade Brasileira de Herpeto-logia. Captured on 03 february 2014.

ivan nunesUniversidade Federal do Rio de Janeiro, Museu NacionalDepartamento de Vertebrados, Setor de HerpetologiaQuinta da Boa Vista, So CristvoCEP20940-040, Rio de Janeiro, RJ, BrasilE-mail: ivan.nunes@yahoo.com.br

Gonatodes humeralis, Teotnio, rio Madeira, Porto Velho RO. Foto: R. S. Brnils.

Herpetologia Brasileira - Volume 3 - Nmero 1 - Maro de 2014

Resenhas 11