2007 Leonardo Campos

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Universidade Federal de Santa Catarina Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil ANÁLISE EXPERIMENTAL DE BLOCO DE FUNDAÇÃO SOBRE DUAS ESTACAS, SOB CARGA CENTRADA, PARA ESTRUTURA PRÉ-FABRICADA. Dissertação submetida à Universidade Federal de Santa Catarina como requisito exigido pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil – PPGEC, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Mestre em Engenharia Civil. LEONARDO ALVES DE CAMPOS Florianópolis, dezembro de 2007.

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ANÁLISE EXPERIMENTAL DE BLOCO DE FUNDAÇÃO SOBRE DUAS ESTACAS, SOB CARGA CENTRADA, PARA ESTRUTURA PRÉ-FABRICADA.

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  • Universidade Federal de Santa Catarina

    Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil

    ANLISE EXPERIMENTAL DE BLOCO DE FUNDAO SOBRE

    DUAS ESTACAS, SOB CARGA CENTRADA, PARA

    ESTRUTURA PR-FABRICADA.

    Dissertao submetida Universidade Federal de Santa Catarina como requisito exigido pelo Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil PPGEC, como parte dos requisitos para obteno do Ttulo de Mestre em Engenharia Civil.

    LLEEOONNAARRDDOO AALLVVEESS DDEE CCAAMMPPOOSS

    Florianpolis, dezembro de 2007.

  • ANLISE EXPERIMENTAL DE BLOCO DE FUNDAO SOBRE DUAS ESTACAS, SOB CARGA CENTRADA, PARA ESTRUTURA PR-

    FABRICADA.

    LEONARDO ALVES DE CAMPOS

    Dissertao julgada adequada para a obteno do Ttulo de MESTRE em Engenharia Civil e aprovada em sua forma final pelo Programa de Ps-Graduao em Engenharia Civil PPGEC, da Universidade Federal de Santa Catarina UFSC.

    ______________________________________________________

    Prof. Glicrio Trichs, Dr. Coordenador do PPGEC

    ______________________________________________________

    Prof. Narbal Ataliba Marcellino, Dr. Orientador

    COMISSO EXAMINADORA:

    ______________________________________________________

    Prof. Dr. Daniel Domingues Loriggio ECV/UFSC

    ______________________________________________________

    Prof. PhD. Henriette Lebre La Rovere ECV/UFSC

    ______________________________________________________

    Prof. Dr. Jos Samuel Giongo EESC/USP

  • Dedico este trabalho aos meus pais Mario e Marialice

    e a minha irm Letcia.

    Diante do esforo que fizeram por mim, sacrificando por muitas vezes

    seus momentos de lazer para contribuir com a minha educao; a nica

    palavra que cabe gratido.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo a Deus por tudo.

    Aos meus pais Mario Luiz Moraes de Campos e Marialice Alves de

    Campos, pelo amor que sempre me dedicaram e pela educao dada.

    A minha irm Letcia Arajo e ao meu cunhado Edvar Arajo, pelo

    amor e incentivo.

    Aos meus avs Nilo e Loiva Campos pelas constantes mensagens e

    oraes ao meu favor.

    A minha namorada Suelen, obrigado pelo amor, incentivo e

    compreenso nos momentos difceis, pois sem o teu apoio tudo seria mais

    difcil.

    Aos meus amigos e irmos Cristiano, Igon, Luciano e Waldi, obrigado

    pelo apoio e incentivo dado sempre que eu voltava pra casa.

    Em especial ao professor Narbal Ataliba Marcelino, obrigado pela

    orientao, dedicao, confiana e amizade.

    Aos professores Daniel Loriggio e Henriette Lebre La Rovere pelas

    sugestes e contribuies dadas no exame de qualificao

    s amizades que conquistei em Florianpolis, Marcos Souza Amaral

    (Marquito), Mrcio Wrague Moura, Rodrigo Carvalho da Mata, Fbio Asceno

    (Fabo), David Pedrozo, Francisco Dornelles (Chico), valeu pelo grande apoio

    durante a realizao dos ensaios e pelos momentos de descontrao.

    Aos demais professores da ps-graduao que transmitiram seus

    conhecimentos nas disciplinas nas quais participei.

  • SUMRIO

    LISTA DE FIGURAS ......................................................... I

    LISTA DE TABELAS.........................................................V

    RESUMO ..................................................................... VI

    ABSTRACT.................................................................. VII

    CAPTULO 1 - II NNTTRROODDUUOO ................................................ 1

    1.1 CONSIDERAES INICIAIS:.......................................................................................1 1.1.1 FUNDAES - PR-FABRICADOS: ...................................................................................2 1.1.2 FUNDAES CONCEITOS: ...........................................................................................3 1.1.3 BLOCOS SOBRE ESTACAS:.............................................................................................4 1.2 JUSTIFICATIVA E RELEVNCIA DO TRABALHO: .............................................................9 1.3 OBJETIVO: ......................................................................................................... 10 1.3.1 OBJETIVO GERAL: .....................................................................................................10 1.3.2 OBJETIVOS ESPECFICOS:...........................................................................................10 1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAO: ............................................................................... 11

    CAPTULO 2 RREEVV II SSOO BB IIBBLLOOGGRRFF II CCAA .............................. 12

    2.1 CONSIDERAES INICIAIS:..................................................................................... 12 2.2 MODELO DE BIELAS E TIRANTES: ............................................................................ 12 2.2.1 HISTRICO: ..............................................................................................................12 2.2.2 FUNDAMENTOS DO MODELO: ......................................................................................14 2.2.2.1 Definio Geomtrica: ................................................................................................15 2.2.2.2 Definio das Regies B e D: .....................................................................................17

  • 2.2.2.3 Anlise Estrutural: .....................................................................................................18 2.2.2.4 Processo do Caminho de Carga (blocos sobre estacas): ............................................19 2.2.2.5 Otimizao do Modelo (blocos sobre estacas): ...........................................................21 2.2.2.6 Dimensionamento das Bielas: ...................................................................................23 2.2.2.7 Dimensionamento dos Tirantes: ................................................................................27 2.2.2.8 Dimensionamento dos Ns:........................................................................................28 2.3 DIMENSIONAMENTO DE BLOCOS SOBRE DUAS ESTACAS: .............................................. 39 2.3.1 PROJETO E DIMENSIONAMENTO: ..................................................................................40 2.3.2 LIGAO PILAR X FUNDAO POR MEIO DE CLICE DE FUNDAO:....................................42 2.3.3 MODELO E RECOMENDAES DE PROJETO DA EMPRESA MUNTE (MELO, 2004): ...............44 2.3.3.1 Dimensionamento do Colarinho: ................................................................................45 2.3.3.2 Dimensionamento da Base do Bloco:.........................................................................50 2.4 ANLISE EXPERIMENTAL DE BLOCOS SOBRE ESTACAS:................................................ 53 2.4.1 ENSAIOS DE BLVOT E FRMY (1967): .....................................................................53 2.4.2 ENSAIOS DE MAUTONI (1972):..................................................................................57 2.4.3 ENSAIOS DE TAYLOR E CLARKE (1976):....................................................................59 2.4.4 ENSAIOS DE ADEBAR, KUCHMA E COLLINS (1990):..................................................61 2.4.5 ENSAIOS DE MIGUEL (2000): ....................................................................................66 2.4.6 ENSAIOS DE DELALIBERA (2006): ............................................................................68

    CAPTULO 3 II NNVVEESSTT II GGAAOO EEXXPPEERR IIMMEENNTTAALL ...................... 74

    3.1 CONSIDERAES INICIAIS:..................................................................................... 74 3.2 PROPRIEDADES GEOMTRICAS DOS MODELOS INVESTIGADOS: ...................................... 76 3.3 CARACTERIZAO DOS MATERIAIS E ENSAIOS DE RESISTNCIA DO CONCRETO: ................ 77 3.3.1 ARMADURAS: ............................................................................................................77 3.3.2 CONCRETO:..............................................................................................................77 3.4 DIMENSIONAMENTO DOS MODELOS ENSAIADOS: ......................................................... 81 3.4.1 DIMENSIONAMENTO DOS PILARES: ...............................................................................82 3.4.2 DIMENSIONAMENTO DO COLARINHO: ............................................................................85 3.4.3 DIMENSIONAMENTO DA BASE DO BLOCO: ......................................................................86 3.4.3.1 Consideraes Iniciais: ..............................................................................................86 3.4.3.2 Modelo de Bielas e Tirantes:.....................................................................................87 3.4.3.3 Dimensionamento: .....................................................................................................89 3.4.3.4 Detalhamento dos Blocos:..........................................................................................94 3.5 INSTRUMENTAO DOS MODELOS ENSAIADOS:......................................................... 101 3.5.1 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NOS ENSAIOS: .................................................................101 3.5.2 POSICIONAMENTO DOS EXTENSMETROS ELTRICOS: ...................................................103 3.5.3 POSICIONAMENTO DOS TRANSDUTORES DE DESLOCAMENTO:..........................................105

  • 3.6 CONFECO DOS MODELOS ENSAIADOS:................................................................. 107

    CAPTULO 4 AAPPRREESSEENNTTAAOO EE AANNLL II SSEE DDOOSS RREESSUULLTTAADDOOSS 111

    4.1 CONSIDERAES INICIAIS:................................................................................... 111 4.2 COMPORTAMENTO GERAL DOS MODELOS:............................................................... 111 4.3 ABERTURA DAS FISSURAS:................................................................................... 114 4.4 REAES NAS ESTACAS: ..................................................................................... 120 4.5 DESLOCAMENTOS HORIZONTAIS E VERTICAIS: ......................................................... 121 4.6 DEFORMAES NAS ARMADURAS: ......................................................................... 123 4.6.1 DEFORMAES DA ARMADURA PRINCIPAL DE TRAO: ..................................................123 4.6.2 DEFORMAES DA ARMADURA PRINCIPAL DO PILAR: .....................................................128 4.7 ANLISE DOS RESULTADOS: ................................................................................. 131 4.7.1 COMPORTAMENTO GERAL DOS MODELOS: ...................................................................131 4.7.2 ABERTURA DE FISSURAS NAS FACES:..........................................................................131 4.7.3 DISTRIBUIO DA FORA NAS ESTACAS:......................................................................132 4.7.4 INFLUNCIA DO COMPRIMENTO DE EMBUTIMEMTO NA RIGIDEZ DOS BLOCOS: ...................133 4.7.5 TENSES NA ZONA NODAL INFERIOR:..........................................................................134 4.7.6 DEFORMAO NAS ARMADURAS PRINCIPAIS DE TRAO E DO PILAR (CORRELAO):...........135 4.7.7 MODOS DE RUNA: ..................................................................................................139

    CAPTULO 5 - CCOONNCCLLUUSSOO ............................................ 141

    5.1 CONSIDERAES INICIAIS:................................................................................... 141 5.2 COMPORTAMENTO GERAL:................................................................................... 141 5.3 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS:................................................................ 142

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .................................. 144

  • Lista de Figuras . i

    LISTA DE FIGURAS

    FIGURA 1.1 BLOCO DE FUNDAO PR-FABRICADO SOBRE DUAS ESTACAS A ESPERA DO PILAR......... 2 FIGURA 1.2 BLOCOS DE FUNDAO UTILIZADOS EM ESTRUTURAS PR-FABRICADAS. .....................4 FIGURA 2.1 EXEMPLOS DE APLICAES DE MODELOS DE BIELAS E TIRANTES. ........................... 15 FIGURA 2.2 DEFINIO GEOMTRICA DO MODELO (SILVA E GIONGO, 2000).......................... 16 FIGURA 2.3 EXEMPLOS DE REGIES D E SEUS CONTORNOS (ADAPTADO DE SILVA E GIONGO,

    2000)................................................................................................................. 18 FIGURA 2.4 APLICAO DO CAMINHO DAS CARGAS BLOCO SOBRE DUAS ESTACAS ..................... 21 (ADAPTADO DE MUNHOZ, 2004). .................................................................................... 21 FIGURA 2.5 - MODELO DE BIELAS E TIRANTES TRIDIMENSIONAL PARA BLOCOS SOBRE QUATRO ESTACAS

    (ADAPTADO DE ADEBAR ET AL., 1990) ...................................................................... 22 FIGURA 2.6 CONFIGURAES TPICAS DE CAMPOS DE TENSO DE COMPRESSO (ADAPTADO DE TJHIN

    E KUCHMA, 2002). .............................................................................................. 23 FIGURA 2.7 EXEMPLO DE RESISTNCIA REDUZIDA FCD2 (CM CEB-FIP,1990 - ADAPTADA DE SILVA E

    GIONGO, 2000). ................................................................................................. 25 FIGURA 2.8 CLASSIFICAO DAS REGIES NODAIS CONFORME O ACI-318 (2002)...................... 30 FIGURA 2.9 NS SOMENTE COM FORAS DE COMPRESSO (CM CEB-FIP,1990)....................... 32 FIGURA 2.10 NS COM ANCORAGEM SOMENTE DE BARRAS PARALELAS (CM CEB-FIP,1990). ...... 32 FIGURA 2.11 N TIPO1 (SCHLAICH E SCHAFER, 1991). ................................................. 35 FIGURA 2.12 N TIPO2 (SCHLAICH E SCHAFER, 1991). ................................................. 36 FIGURA 2.13 N TIPO3 (SCHLAICH E SCHAFER, 1991). ................................................. 36 FIGURA 2.14 N TIPO4 (SCHLAICH E SCHAFER, 1991). ................................................. 36 FIGURA 2.15 N TIPO5 (SCHLAICH E SCHAFER, 1991). ................................................. 37 FIGURA 2.16 N TIPO6 (SCHLAICH E SCHAFER, 1991). ................................................. 37 FIGURA 2.17 N TIPO7 (SCHLAICH E SCHAFER, 1991). ................................................. 38 FIGURA 2.18 N TIPO8 (SCHLAICH E SCHAFER, 1991). ................................................. 38 FIGURA 2.19 N TIPO9 (SCHLAICH E SCHAFER, 1991). ................................................. 39 FIGURA 2.20 MODELO CLSSICO DE CLCULO BLOCO SOBRE DUAS ESTACAS. ......................... 40 FIGURA 2.21 CLICES DE FUNDAO. ............................................................................ 43 FIGURA 2.22 MODELO TERICO DA EMPRESA MUNTE PARA CLICE COM INTERFACE RUGOSA.

    (ADAPTADO DE MELO, 2004)................................................................................... 45 FIGURA 2.23 DIMENSIONAMENTO DA ARMADURA AS,HFT NO TOPO DA PAREDE TRANSVERSAL 1

    (ADAPTADO DE MELO, 2004)................................................................................... 47

  • Lista de Figuras . ii

    FIGURA 2.24 INDICAES PARA VERIFICAO DA PAREDE COMO CONSOLO CURTO (ADAPTADO DE EL DEBS, 2000). ..................................................................................................... 48

    FIGURA 2.25 TRANSMISSO DAS FORAS DE ATRITO FAT,SUP,D E FAT,INF,D PARA O CENTRO DAS PAREDES 1 E 2 DO COLARINHO. (ADAPTADO DE MELO, 2004). ........................................................ 49

    FIGURA 2.26 ARRANJO DE ARMADURA DO CLICE (ADAPTADO DE EL DEBS, 2000). .................. 49 FIGURA 2.27 NGULO DA BIELA DE ENTRADA DA CARGA (ADAPTADO DE MELO, 2004). .............. 51 FIGURA 2.28 MODELOS DE BIELAS E TIRANTES COM SUPERFCIE RUGOSA E LISA (LEONHARDT E

    MNNING,1977) (ADAPTADO DE CANHA, 2004). ....................................................... 52 FIGURA 2.29 MODELOS DE BLOCOS SOBRE DUAS ESTACAS (BLVOT E FRMY, 1967)............. 53 FIGURA 2.30 ARRANJOS DE ARMADURAS PARA BLOCOS SOBRE TRS ESTACAS (BLVOT E FRMY,

    1967)................................................................................................................. 54 FIGURA 2.31 ARRANJOS DE ARMADURAS PARA BLOCOS SOBRE QUATRO ESTACAS....................... 56 (BLVOT E FRMY, 1967)........................................................................................... 56 FIGURA 2.32 MODELOS DE BLOCOS SOBRE DUAS ESTACAS ENSAIADOS POR MAUTONI (1972)..... 58 FIGURA 2.33 ESQUEMA DE ENSAIO E PANORAMA DE FISSURAO NO BLOCO ENSAIADO POR

    MAUTONI (1972) (FONTE SOUZA, 2004). .............................................................. 58 FIGURA 2.34 TIPOS DE ARMADURA E ANCORAGEM UTILIZADAS NOS BLOCOS ............................. 60 (TAYLOR E CLARKE 1976)...........................................................................................60 FIGURA 2.35 TIPOS DE RUPTURA POR CISALHAMENTO (TAYLOR E CLARKE, 1976). ................. 60 FIGURA 2.36 BLOCOS ENSAIADOS POR ADEBAR ET AL. (1990). ........................................... 62 FIGURA 2.37 TRAJETRIAS DE TENSES ELSTICO-LINEARES E MODELO REFINADO DE BIELAS E

    TIRANTES SUGERIDOS POR ADEBAR ET AL. (1990) ....................................................... 65 FIGURA 2.38 ARRANJOS DE ARMADURAS PARA BLOCOS SOBRE TRS ESTACAS (MIGUEL, 2000). .. 66 FIGURA 2.39 ESQUEMA DE ENSAIO (MIGUEL, 2000). ....................................................... 67 FIGURA 2.40 BLOCOS DA SRIE B45P25 E B45P50 (DELALIBERA,2006)............................ 70 FIGURA 2.41 ESQUEMAS DE ENSAIO (DELALIBERA, 2006)................................................ 71 FIGURA 3.1 ESQUEMA DE ENSAIO DOS MODELOS ENSAIADOS. ............................................... 75 FIGURA 3.2 DIMENSES DAS CHAVES DE CISALHAMENTO..................................................... 77 FIGURA 3.3 CONSISTNCIA DO CONCRETO UTILIZADO NOS MODELOS ENSAIADOS........................ 79 FIGURA 3.4 EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA RETIFICAO E ENSAIO DOS CORPOS-DE-PROVA. ........ 80 FIGURA 3.5 DETALHE DA ARMADURA DE FRETAGEM. .......................................................... 83 FIGURA 3.6 DETALHAMENTO DO PILAR. ........................................................................... 84 FIGURA 3.7 MODELO DE BIELAS E TIRANTES MODELO C1. ................................................. 88 FIGURA 3.8 MODELO DE BIELAS E TIRANTES MODELO C2. ................................................. 89 FIGURA 3.9 MODELO DE BIELAS E TIRANTES MODELO C3. ................................................. 89 FIGURA 3.10 PLANTA DE FRMAS MODELO C1. .............................................................. 95 FIGURA 3.11 ARMADURA DO BLOCO MODELO C1............................................................ 96 FIGURA 3.12 PLANTA DE FRMAS MODELO C2. .............................................................. 97 FIGURA 3.13 ARMADURA DO BLOCO MODELO C2............................................................ 98 FIGURA 3.14 PLANTA DE FRMAS MODELO C3. .............................................................. 99

  • Lista de Figuras . iii

    FIGURA 3.15 ARMADURA DO BLOCO MODELO C3.......................................................... 100 FIGURA 3.16 CLULAS DE CARGA UTILIZADAS NOS ENSAIOS. .............................................. 101 FIGURA 3.17 TRANSDUTORES DE DESLOCAMENTO UTILIZADOS NOS ENSAIOS. ......................... 102 FIGURA 3.18 SISTEMA DE AQUISIO DE DADOS UTILIZADO NOS ENSAIOS. ............................. 102 FIGURA 3.19 PRENSA HIDRULICA UTILIZADA NOS ENSAIOS. ............................................... 103 FIGURA 3.20 - POSICIONAMENTO DOS EXTENSMETROS ELTRICOS. ...................................... 104 FIGURA 3.21 - EXTENSMETROS INSTALADOS NA ARMADURA PRINCIPAL DE TRAO.................... 105 FIGURA 3.22 EXTENSMETROS INSTALADOS NA ARMADURA DO PILAR.................................... 105 FIGURA 3.23 DETALHE DA ARMADURA PRINCIPAL DE TRAO.............................................. 105 FIGURA 3.24 PILAR PRONTO PARA SER CONCRETADO. ....................................................... 105 FIGURA 3.25 - POSICIONAMENTO DOS TRANSDUTORES DE DESLOCAMENTO (LVDTS). ................. 106 FIGURA 3.26 LVDT MEDIDAS VERTICAIS. .................................................................... 106 FIGURA 3.27 LVDT MEDIDAS HORIZONTAIS. ................................................................ 106 FIGURA 3.28 MODELO ESQUEMTICO DAS FRMAS UTILIZADAS. .......................................... 107 FIGURA 3.29 ARMADURAS E FRMAS DO BLOCO E DO PILAR. .............................................. 108 FIGURA 3.30 - ETAPAS DE CONFECO E MONTAGEM DOS MODELOS. ..................................... 109 FIGURA 3.31 COLOCAO DO BLOCO SOBRE AS ESTACAS METLICAS.................................... 110 FIGURA 4.1 CARACTERIZAO DAS FISSURAS SURGIDAS NOS MODELOS. ................................ 112 FIGURA 4.2 RUNA DO COBRIMENTO DO PILAR (MODELO C3). ............................................. 114 FIGURA 4.3 FISSURAS MONITORADAS NO MODELO C1. ..................................................... 115 FIGURA 4.4 FISSURAS MONITORADAS NO MODELO C2. ..................................................... 116 FIGURA 4.5 FISSURAS MONITORADAS NO MODELO C3. ..................................................... 117 FIGURA 4.6 FISSURAS APRESENTADAS NO MODELO C1. .................................................... 119 FIGURA 4.7 FISSURAS APRESENTADAS NO MODELO C2. .................................................... 119 FIGURA 4.8 FISSURAS APRESENTADAS NO MODELO C3. .................................................... 119 FIGURA 4.8 - CURVA CARGA X DESLOCAMENTO MODELO C1............................................. 121 FIGURA 4.9 - CURVA CARGA X DESLOCAMENTO MODELO C2............................................. 121 FIGURA 4.10 - CURVA CARGA X DESLOCAMENTO MODELO C3............................................ 122 FIGURA 4.11 - CURVA CARGA X DESLOCAMENTO TRANSDUTOR T1...................................... 122 FIGURA 4.12 - CURVA CARGA X DESLOCAMENTO TRANSDUTOR T2...................................... 122 FIGURA 4.13 - CURVA CARGA X DESLOCAMENTO TRANSDUTOR T3 ..................................... 122 FIGURA 4.14 - CURVA CARGA X DEFORMAO EXTENSMETROS NA BARRA 3 - MODELO C1 ..... 124 FIGURA 4.15 - CURVA CARGA X DEFORMAO EXTENSMETROS NA BARRA 3 - MODELO C2 ..... 124 FIGURA 4.16 - CURVA CARGA X DEFORMAO EXTENSMETROS NA BARRA 3 - MODELO C3 ..... 125 FIGURA 4.17 - CURVA CARGA X DEFORMAO EXTENSMETROS NA BARRA 4 - MODELO C1 ..... 125 FIGURA 4.18 - CURVA CARGA X DEFORMAO EXTENSMETROS NA BARRA 4 - MODELO C2 ..... 125 FIGURA 4.19 - CURVA CARGA X DEFORMAO EXTENSMETROS NA BARRA 4 - MODELO C3 ..... 125 FIGURA 4.20 - CURVA CARGA X DEFORMAO EXTENSMETROS NA BARRA 5 - MODELO C1 ..... 125 FIGURA 4.21 - CURVA CARGA X DEFORMAO EXTENSMETROS NA BARRA 5 - MODELO C2 ..... 125 FIGURA 4.22 - CURVA CARGA X DEFORMAO EXTENSMETROS NA BARRA 5 - MODELO C3 ..... 126

  • Lista de Figuras . iv

    FIGURA 4.23 - CURVA CARGA X DEFORMAO VALORES MDIOS - MODELO C1 ..................... 126 FIGURA 4.24 - CURVA CARGA X DEFORMAO VALORES MDIOS - MODELO C2...................... 126 FIGURA 4.25 - CURVA CARGA X DEFORMAO VALORES MDIOS - MODELO C3...................... 126 FIGURA 4.26 EVOLUO DAS DEFORMAES MDIAS NOS BLOCOS ENSAIADOS. ...................... 127 FIGURA 4.27 - CURVA CARGA X DEFORMAO PILAR MODELO C1. .................................. 129 FIGURA 4.28 - CURVA CARGA X DEFORMAO PILAR MODELO C2. .................................. 129 FIGURA 4.29 - CURVA CARGA X DEFORMAO PILAR MODELO C3. .................................. 129 FIGURA 4.30 - CURVA CARGA X DEFORMAO PILAR MDIA POSIO 5 CM. ...................... 129 FIGURA 4.31 - CURVA CARGA X DEFORMAO PILAR MDIA POSIO 24 CM. .................... 129 FIGURA 4.32 EVOLUO DAS DEFORMAES MDIAS NOS PILARES ENSAIADOS. ...................... 130 FIGURA 4.33 - CURVA CARGA X CARGA TOTAL MODELO C1. ............................................. 132 FIGURA 4.34 - CURVA CARGA X CARGA TOTAL MODELO C2. ............................................. 132 FIGURA 4.35 - CURVA CARGA X CARGA TOTAL MODELO C3. ............................................. 132 FIGURA 4.36 - CURVA CARGA X DESLOCAMENTOS VALORES MDIOS T1-T1......................... 133 FIGURA 4.37 - CURVA CARGA X EMB. DO PILAR X ARMADURA NO TIRANTE.............................. 133 FIGURA 4.38 - CURVA CARGA X FORA NO TIRANTE MODELO C1. ...................................... 136 FIGURA 4.39 - CURVA CARGA X FORA NO TIRANTE MODELO C2. ...................................... 136 FIGURA 4.40 - CURVA CARGA X FORA NO TIRANTE MODELO C3. ...................................... 137 FIGURA 4.41 - CURVA CARGA X FORA NO PILAR POSIO 5 CM......................................... 138 FIGURA 4.42 - CURVA CARGA X FORA NO PILAR POSIO 24 CM....................................... 138 FIGURA 4.43 - CURVA FORA NO PILAR POSIO 5 CM X FORA NO TIRANTE SEO DO MEIO DO

    VO.................................................................................................................. 139 FIGURA 4.44 - CURVA FORA NO PILAR POSIO 24 CM X FORA NO TIRANTE SEO DO MEIO DO

    VO.................................................................................................................. 139 FIGURA 4.45 - CURVA FORA NO PILAR POSIO 5 CM X FORA NO TIRANTE SEO DO MEIO DA

    ESTACA. ............................................................................................................ 139 FIGURA 4.46 - CURVA FORA NO PILAR POSIO 24 CM X FORA NO TIRANTE SEO DO MEIO DA

    ESTACA. ............................................................................................................ 139

  • Lista de Tabelas .v

    LISTA DE TABELAS

    TABELA 2.1 PARMETROS DE RESISTNCIA DAS BIELAS: FCD1 PARA ZONAS NO FISSURADAS E FCD2 PARA

    ZONAS FISSURADAS (CM CEB-FIP, 1990 - ADAPTADA DE SILVA E GIONGO, 2000)............. 26 TABELA 2.2 PARMETROS DE RESISTNCIA DAS BIELAS (FUSCO, 1994 - ADAPTADA DE SILVA E

    GIONGO, 2000). ................................................................................................. 26 TABELA 2.3 LIMITES DE VARIAO DO NGULO ENTRE ESCORAS E TIRANTES (SOUZA, 2004). ..... 29 TABELA 2.4 VALORES MNIMOS DO COMPRIMENTO DE EMBUTIMENTO DO PILAR (EMB) SEGUNDO MELO

    (2004) E A NBR 9062 (1985). ................................................................................. 45 TABELA 2.5 COMPRIMENTOS MNIMOS PARA ANCORAGEM DAS BARRAS (MELO, 2004). ............... 52 TABELA 2.6 GRUPOS DE MODELOS DE ENSAIO (MIGUEL, 2000)........................................... 66 TABELA 2.7 - PROPRIEDADES GEOMTRICAS DOS MODELOS ANALISADOS EXPERIMENTALMENTE

    (DELALIBERA, 2006)...........................................................................................70 TABELA 3.1 - PROPRIEDADES GEOMTRICAS DOS MODELOS ANALISADOS EXPERIMENTALMENTE. ...... 76 TABELA 3.2 DOSAGEM UTILIZADA EM OUTROS TRABALHOS EXECUTADOS NO LEE. ..................... 78 TABELA 3.3 DOSAGEM UTILIZADA NOS MODELOS ENSAIADOS. ............................................... 79 TABELA 3.4 RESISTNCIA A COMPRESSO OBTIDA NOS ENSAIOS. ........................................... 81 TABELA 3.5 FORAS ATUANTES NO COLARINHO SEGUNDO MELO (2004)................................. 85 TABELA 3.6 VERIFICAO DAS PAREDES COMO CONSOLO CURTO. .......................................... 86 TABELA 3.7 ARMADURAS COMPLEMENTARES DO CLICE. ..................................................... 86 TABELA 3.8 VERIFICAO DA TENSO NA REGIO NODAL INFERIOR. ........................................ 91 TABELA 3.9 ARMADURA PRINCIPAL DE TRAO. ................................................................. 92 TABELA 3.9 VERIFICAO DA ANCORAGEM. ...................................................................... 93 TABELA 4.1 VALORES DAS FORAS OBTIDAS NOS ENSAIOS. ................................................ 113 TABELA 4.2 EVOLUO DAS FISSURAS NO MODELO C1 (FIGURA4.3). ................................... 118 TABELA 4.3 EVOLUO DAS FISSURAS NO MODELO C2 (FIGURA4.4). ................................... 118 TABELA 4.4 EVOLUO DAS FISSURAS NO MODELO C3 (FIGURA4.5). ................................... 118 TABELA 4.5 EXCENTRICIDADES APRESENTADAS NOS MODELOS............................................ 120 TABELA 4.6 DESLOCAMENTOS REGISTRADOS PELOS TRANSDUTORES T1, T1 E T2. .................. 121 TABELA 4.7 DEFORMAES NA ARMADURA PRINCIPAL DE TRAO. ....................................... 124 TABELA 4.8 DEFORMAES NA ARMADURA PRINCIPAL DOS PILARES. ..................................... 128 TABELA 4.9 TENSES EFETIVAS NA REGIO NODAL INFERIOR. ............................................. 134 TABELA 4.10 FORAS DE TRAO NO TIRANTE. ............................................................... 136 TABELA 4.11 FORAS DE INTERNAS NO PILAR. ................................................................ 138

  • Resumo . vi

    RESUMO

    Este trabalho analisa e discute o comportamento de blocos de

    fundao para estruturas pr-fabricadas de concreto sobre duas estacas

    submetidos ao de fora centrada. Como ligao pilar-fundao utilizou-

    se o clice de fundao com interface rugosa. O Modelo de Bielas e Tirantes

    utilizado para modelar a transmisso de esforos do pilar para as estacas e

    a avaliao experimental verifica a validade desses modelos. A investigao

    experimental dos blocos teve como objetivo observar a colaborao do

    comprimento de embutimento do pilar para o dimensionamento da base do

    bloco e as diferenas na formao dos campos e trajetrias de tenses.

    Foram ensaiados trs blocos em escala 1:2 sendo trs alturas de colarinho

    diferentes. Para a instrumentao utilizou-se extensmetros eltricos

    posicionados nas armaduras principais de trao no bloco e na armadura

    principal do pilar e transdutores de deslocamento posicionados nas faces do

    bloco. Para o dimensionamento dos modelos foram seguidas as

    recomendaes sugeridas por MELO (2004) assim como as indicaes

    contidas na NBR 6118 (2003) e NBR 9062 (1985).

    Em funo dos resultados obtidos por meio da anlise experimental

    fica claro que no necessrio se considerar a altura de 2/3 do

    comprimento de embutimento do pilar para a transferncia das foras por

    atrito, no caso especfico de ao de fora centrada, limite esse indicado por

    MELLO (2004). A partir dessas concluses se torna possvel desenvolver

    modelos de bielas e tirantes mais apropriados a esse tipo de bloco sobre

    duas estacas.

    Palavras-Chave: blocos sobre estacas; fundaes; concreto pr-fabricado;

    investigao experimental.

  • Abstract . vii

    ABSTRACT

    This work analyses and discusses the pile caps behavior for concrete

    precast structures on two piles submitted to the action of centered force. As

    column-foundation connection, rough interface foundation socket was used.

    The strut-and-tie model is used to shape the effort transmission from the

    column to the pile-caps, confirmed by the experimental analyses. This

    investigation observed the cooperation of the column embendding for the pile

    caps basis design and the differences in the formation of regions and

    trajectories of stress. In the procedure, there were three 1:2 scale pile caps,

    in three different heights of pedestal walls. For the instrumentalization were

    used strain gages positioned on the principal stress reinforcement, on the

    pile caps and on the principal reinforcement column. LVDTs were positioned

    on the surface of the pile caps, also. For the models design were followed the

    indications from MELO (2004) as well as the indications from the rules NBR

    6118 (2003) and NBR 9062 (1985).

    The obtained results from the experimental analyses show that it is

    not necessary to consider the 2/3 embendding length height of the pile caps

    for the friction forces transference, in case of load centered action, indicated

    by MELO (2004). As a conclusion, it is possible to develop strut-and-tie

    models appropriated to two pile caps.

    Keywords: pile caps; foundations; precast concrete; experimental analysis.

  • CAPTULO 1 - Introduo - 1

    1 Captulo 1

    IINNTTRROODDUUOO

    11..11 CCOONNSSIIDDEERRAAEESS IINNIICCIIAAIISS::

    O uso de concreto pr-moldado em edificaes est amplamente

    relacionado a uma forma de construir econmica, durvel, estruturalmente

    segura e com versatilidade arquitetnica. A indstria de pr-fabricados est

    continuamente inovando para atender as demandas da sociedade, como por

    exemplo: economia, eficincia, desempenho tcnico, segurana, condies

    favorveis de trabalho e de sustentabilidade.

    A pr-fabricao das estruturas de concreto um processo

    industrializado com grande potencial para o futuro. Todavia, geralmente a

    pr-fabricao ainda vista por projetistas inexperientes como se fosse

    apenas uma variante tcnica das construes de concreto moldadas no local.

    Nesse caso, a pr-fabricao significa apenas que partes da edificao so

    pr-moldadas em usinas fora do canteiro, para serem montadas depois na

    obra, como se o conceito inicial de uma estrutura moldada no local fosse

    obtido novamente. Esse ponto de vista completamente equivocado. Todo

    sistema construtivo tem suas prprias condies, as quais contribuem de

    forma relevante para uma maior ou menor influncia na definio da

    estrutura tais como, largura do vo, sistemas de estabilidade, etc. Para

    conseguir melhores resultados o projeto deveria, desde o incio, respeitar as

    demandas especficas e particulares estruturais dos sistemas construtivos

    pr-moldados.

  • CAPTULO 1 - Introduo - 2

    Na busca de mercado cada vez maior para o concreto pr-moldado, os

    engenheiros tm-se motivado a procurar solues mais econmicas sem

    afetar a segurana estrutural. Baseado nisso, uma das principais alavancas

    para a otimizao do clculo estrutural e o desenvolvimento de inovaes

    tecnolgicas no campo das estruturas de concreto pr-moldado so as

    atividades de pesquisa, nas quais merece destaque o estudo das ligaes

    entre peas e o desenvolvimento de elementos de fundao especiais para a

    utilizao em estruturas pr-fabricadas.

    11..11..11 FFuunnddaaeess -- PPrr--ffaabbrriiccaaddooss::

    As obras em pr-fabricados normalmente so contratadas de modo

    que toda a estrutura fique a cargo de uma nica empresa. Neste caso, as

    indstrias fornecedoras de elementos pr-fabricados acabam assumindo

    tambm a construo das fundaes, seja quando o terreno exige fundaes

    profundas ou sapatas.

    As usinas de pr-fabricados, normalmente, tm um departamento ou

    empresas associadas que executam no local as fundaes profundas. O

    projeto realizado sob orientao do engenheiro consultor de solos, que

    verifica no local, por meio de sondagens, as propriedades peculiares do

    terreno, definindo, assim, o tipo de fundao e o tipo de ligao pilar-

    fundao. A ligao pilar-bloco utilizada neste trabalho consiste em encaixar

    o pilar em um nicho (colarinho) cujas paredes so dotadas de rugosidades

    objetivando melhor solidarizao entre as peas.

    Figura 1.1 Bloco de fundao pr-fabricado sobre duas estacas a espera do pilar.

  • CAPTULO 1 - Introduo - 3

    Por condies de mercado, quando o transporte assume papel

    importante na planilha de custos, pode-se optar por realizar e concretar os

    blocos moldados no local, muitas vezes usando como frma o prprio terreno

    escavado, diminuindo a quantidade e a complexidade das frmas de madeira

    a serem utilizadas.

    necessrio um cuidado especial ao orar os custos dos blocos de

    fundao verificando qual a melhor opo, se pr-fabricados ou moldados

    no local, a fim de manter o custo global competitivo. O objetivo que o

    conjunto formado pela estrutura, fundaes profundas e blocos tenha o

    menor custo, o que se torna, muitas vezes, fator determinante na definio

    final de um projeto.

    11..11..22 FFuunnddaaeess CCoonncceeiittooss::

    O estudo das fundaes uma das etapas de maior complexidade

    dentro do projeto de um edifcio. A escolha do tipo adequado de fundao

    envolve estudos relativos s propriedades do solo, tais como sua

    deformabilidade e resistncia. Alm disso, essa escolha deve ser compatvel

    com as condies estruturais da superestrutura.

    De um modo geral, uma boa fundao deve satisfazer aos seguintes

    requisitos:

    Deve-se situar a uma profundidade adequada, para evitar danos causados por escavaes ou por futuras construes nas suas

    vizinhanas;

    Deve ser segura quanto possibilidades de deslizamentos; Deve oferecer condies de evitar a ruptura do solo; Seus recalques devem ser compatveis com a capacidade de

    acomodao da estrutura, especialmente os recalques diferenciais.

  • CAPTULO 1 - Introduo - 4

    A anlise desses requisitos objetivo de estudos da Geotecnia que usa

    conhecimentos de Geologia e Mecnica dos Solos, devendo-se recorrer

    bibliografia especializada.

    Com o conhecimento dos parmetros do solo, da intensidade das

    aes, das posies das edificaes limtrofes e dos tipos de fundaes

    disponveis no mercado do local da obra, o projetista deve escolher qual a

    melhor alternativa para satisfazer tcnica e economicamente o caso em

    questo.

    11..11..33 BBllooccooss ssoobbrree EEssttaaccaass::

    Os blocos sobre estacas so elementos estruturais de fundao cuja

    finalidade transmitir s estacas as aes oriundas da superestrutura como

    mostra a Figura 1.1. O uso deste tipo de fundao se justifica quando no se

    encontram camadas superficiais de solo resistentes, sendo necessrio atingir

    camadas mais profundas que serviro de apoio fundao.

    Figura 1.2 Blocos de fundao utilizados em estruturas pr-fabricadas.

  • CAPTULO 1 - Introduo - 5

    Os blocos sobre estacas so estruturas tridimensionais, ou seja, todas

    as dimenses tm a mesma ordem de grandeza, tornando seu

    funcionamento complexo.

    O comportamento mecnico do conjunto ao/concreto, a determinao

    de vinculaes e a existncia da interao solo/estrutura so problemas que

    agravam o grau de complexidade.

    Esses elementos estruturais, apesar de serem fundamentais para a

    segurana da superestrutura, geralmente, no permitem inspeo visual

    quando em servio, sendo assim, importante o conhecimento de seu real

    comportamento.

    Os mtodos para dimensionamento destes elementos utilizados at os

    dias atuais tratam-os de modo simplificado, alm disso, h diferentes

    parmetros adotados pelas normas e processos. A norma brasileira NBR

    6118 (2003) considera os blocos sobre estacas como elementos estruturais

    especiais, que no respeitam a hiptese de sees planas, por no serem

    suficientemente longos para que se dissipem as perturbaes localizadas.

    Classifica o comportamento estrutural de blocos em rgidos ou flexveis. No

    caso de blocos rgidos o modelo estrutural adotado para clculo e

    dimensionamento deve ser tridimensional, linear ou no, e modelos de biela-

    tirante tridimensionais, sendo esses ltimos os preferidos por definir melhor

    a distribuio de foras nas bielas e tirantes. A NBR-6118 (2003) no fornece

    em seu texto um roteiro e informaes suficientes para que se faam

    verificaes e o prprio dimensionamento destes elementos.

    O cdigo americano ACI-318 (1994) adota hipteses bem simplificadas

    para o dimensionamento de blocos. Recomenda o uso da teoria da flexo e a

    verificao da altura mnima do bloco para resistir fora cortante. Define

    como bloco rgido aquele em que a transferncia de foras se d por meio do

    modelo de bielas e tirantes.

  • CAPTULO 1 - Introduo - 6

    Os mtodos usuais empregados para o projeto de blocos sobre estacas

    utilizados pelo meio tcnico no Brasil so os Mtodos do CEB-FIP (1970) e o

    das Bielas.

    O Mtodo das Bielas, que foi desenvolvido considerando anlise de

    resultados experimentais de modelos ensaiados por BLVOT (1967),

    considera no interior do bloco uma trelia composta por barras tracionadas e

    barras comprimidas. As foras de trao que atuam nas barras horizontais

    da trelia so resistidas pela armadura enquanto que as de compresso nas

    bielas so resistidas pelo concreto. Consiste no clculo da fora de trao e

    na verificao da tenso de compresso nas bielas. recomendado para

    aes centradas, mas pode ser empregado no caso de aes excntricas,

    desde que se admita que todas as estacas estejam submetidas maior fora

    transferida.

    O Mtodo do CEB-FIP (1970) aplicvel a blocos cuja distncia entre a

    face do pilar at o eixo da estaca mais afastada varia entre um tero e a

    metade da altura do bloco. O mtodo sugere um clculo flexo

    considerando uma seo de referncia interna em relao face do pilar e

    distante desta 0,15 da dimenso do pilar na direo considerada. Para

    verificaes da capacidade resistente fora cortante, define-se uma seo

    de referncia externa distante da face do pilar de um comprimento igual

    metade da altura do bloco, e no caso de blocos sobre estacas vizinhas ao

    pilar a seo considerada na prpria face do pilar.

    Uma anlise criteriosa para definir o comportamento estrutural de

    blocos sobre estacas a que considera o modelo de bielas e tirantes, afinal,

    trata-se de regies descontnuas onde no so vlidas as hipteses de

    Bernoulli. No modelo de bielas e tirantes as verificaes de compresso nas

    bielas podem ser feitas com as consideraes do Cdigo Modelo do CEB-FIP

    (1990), pois as regies nodais tm geometria diferente das sugeridas por

    BLVOT (1967). O modelo de bielas e tirantes pode ser adotado

    considerando o fluxo de tenses na estrutura, utilizando o processo do

  • CAPTULO 1 - Introduo - 7

    caminho das cargas. Essas tenses podem ser obtidas por meio de uma

    anlise elstico-linear, utilizando mtodos numricos, como por exemplo, o

    mtodo dos elementos finitos.

    O comportamento de blocos de concreto armado sobre duas estacas

    tem sido estudado experimentalmente por poucos pesquisadores. HOBBS e

    STEIN (1957) desenvolveram um modo de soluo pela teoria da elasticidade

    bidimensional e ensaiaram setenta modelos, com armaduras compostas por

    barras retas e curvas nas extremidades. Eles concluram que os blocos com

    barras curvas foram mais eficientes que aqueles com barras retas. MAUTONI

    (1972), estudando a resistncia dos blocos sobre duas estacas em relao

    fora cortante, formulou um critrio para o clculo da fora de runa e para a

    determinao da porcentagem de armadura crtica, a qual determina a forma

    de runa.

    BLVOT e FRMY (1967) realizaram ensaios em cem blocos sobre

    estacas com a finalidade de estudar a influncia de diferentes arranjos de

    armadura. Em blocos sobre quatro estacas eles constataram que,

    distribuindo a armadura uniformemente, a fora ltima reduzida de 20%

    em comparao com blocos com a mesma taxa de armadura, porm,

    dispostas sobre as estacas. Em blocos sobre trs estacas essa reduo foi de

    50%.

    CLARKE (1973) ensaiou quinze blocos (escala 1:2) sobre quatro

    estacas para estudar a influncia da disposio da armadura e a ancoragem

    das barras. Distribuindo a armadura uniformemente encontrou uma reduo da fora de runa de 14% e, para os blocos com armadura

    concentrada sobre estacas, observou que a ancoragem das barras foi

    influenciada pela ao confinante das bielas de compresso.

    ADEBAR, KUCHMA e COLLINS (1990) conduziram ensaios em seis

    modelos de blocos sobre quatro estacas, para examinar a viabilidade do

    modelo tridimensional de bielas e tirantes em projetos de blocos sobre

  • CAPTULO 1 - Introduo - 8

    estacas. Eles concluram que o modelo de bielas e tirantes pode estimar, com

    exatido, o comportamento e a fora de runa dos blocos sobre estacas.

    IYER e SAM (1991) estudaram o comportamento de blocos sobre trs

    estacas por meio de uma anlise elstico-linear tridimensional (mtodo dos

    elementos finitos) e concluram que a analogia de trelia, aplicada a blocos

    sobre estacas utilizada por BLVOT e FRMY (1967) no satisfatria, pois

    esta no fornece as localizaes e magnitudes de tenses mximas com

    preciso. Os mesmos autores, em 1995, estudaram o comportamento de

    blocos sobre duas e quatro estacas por meio de uma anlise tridimensional

    no-linear, tambm utilizando o mtodo dos elementos finitos, e

    contriburam, em 1996, com uma anlise tridimensional fotoelstica para o

    estudo desses elementos estruturais.

    MIGUEL (2000) estudou o comportamento de blocos rgidos sobre trs

    estacas. Ensaiou modelos conservando a armadura principal e variando as

    armaduras secundrias com o objetivo de estudar o desenvolvimento de

    fissuras e o modo de runa dos mesmos. A partir dos ensaios realizados, a

    autora concluiu que o mtodo das bielas desenvolvido por BLVOT (1967)

    mostra-se conservador, indicando margem de segurana mnima de 12%.

    Segundo TJHIN e KUCHMA (2002) a orientao mais adequada para

    seleo de modelos apropriados de bielas e tirantes pode ser verificada em

    SCHLAICH et al. (1987), que propem arranjar os elementos da trelia do

    modelo utilizando as trajetrias de tenses principais obtidas de uma

    soluo elstico-linear. Essas aproximaes permitem verificar os estados

    limites ltimos e de servio.

    MUNHOZ (2004) estudou o comportamento de blocos rgidos de

    concreto armado sobre uma, duas, trs, quatro e cinco estacas, submetidos

    ao de fora centrada. A partir de anlises numricas, utilizando-se

    programa baseado no Mtodo dos Elementos Finitos, concluiu que o modelo

    de trelia utilizado em projetos simplificado e foram feitas algumas

  • CAPTULO 1 - Introduo - 9

    sugestes para a utilizao de um modelo de bielas e tirantes mais refinado.

    A autora estudou tambm a influncia da variao da geometria de estacas e

    de pilares no projeto de blocos sobre estacas.

    Recentemente DELALIBERA (2006) apresentou um estudo completo

    sobre o comportamento de blocos de concreto armado sobre duas estacas

    submetidos ao de fora centrada e excntrica. Desenvolveu uma anlise

    numrica tridimensional no-linear levando em considerao a fissurao do

    concreto e a influncia das armaduras no comportamento estrutural dos

    blocos. Realizou, tambm, uma investigao experimental com o intuito

    principal de observar, de modo mais abrangente, a geometria das bielas de

    compresso e determinar com maior exatido a distribuio do fluxo das

    tenses principais de compresso. Constatou, assim, que a geometria

    observada nos modelos numricos analisados difere da usualmente sugerida

    por vrios autores e que somente parte da estaca solicitada de maneira

    mais intensa, ou seja, considerar que a estaca esteja submetida em toda sua

    seo transversal pela mesma tenso de compresso no correto. Tambm

    analisou a eficincia dos ganchos das barras de ao que compem os

    tirantes, verificando que os ganchos podem ser omitidos sem prejuzo da

    segurana estrutural dos blocos. Com base nos resultados obtidos,

    DELALIBERA (2006) sugeriu dois mtodos de dimensionamento para blocos

    sobre estacas, fundamentados na analogia de bielas e tirante.

    11..22 JJUUSSTTIIFFIICCAATTIIVVAA EE RREELLEEVVNNCCIIAA DDOO TTRRAABBAALLHHOO::

    A evoluo dos sistemas construtivos, associados a grande utilizao

    de peas pr-moldadas, torna necessrio, cada vez mais, estudos

    aprofundados no sentido de oferecer mtodos e modelos de projeto que

    descrevam de maneira mais real o comportamento estrutural de

    determinadas peas, entre elas os blocos de fundao.

    Nos trabalhos revisados observou-se que existem timos trabalhos

    cientficos que contemplam o estudo de blocos de fundao convencionais,

  • CAPTULO 1 - Introduo - 10

    entre eles os de DELALIBERA (2006) e de MUNHOZ (2000), entretanto,

    contatou-se a inexistncia de trabalhos experimentais com blocos de

    fundao usados especialmente em estruturas pr-fabricadas. Em virtude

    disso, espera-se com esse estudo avaliar se modelos analticos e numricos

    utilizados no dimensionamento de blocos de fundao usuais (pea

    monoltica: pilar-bloco-estacas) oferecem um dimensionamento

    estruturalmente seguro em blocos de fundao usados em estruturas pr-

    moldadas.

    11..33 OOBBJJEETTIIVVOO::

    11..33..11 OObbjjeettiivvoo GGeerraall::

    O objetivo geral avaliar o comportamento estrutural do bloco de

    fundao para estruturas pr-fabricadas sobre duas estacas visando definir

    suas diretrizes e propriedades para que se possa fazer, de forma racional e

    segura, seu dimensionamento e detalhamento.

    11..33..22 OObbjjeettiivvooss EEssppeeccffiiccooss::

    Levantar o estado da arte para o bloco sobre duas estacas utilizados

    em estruturas pr-fabricadas e as recomendaes dos cdigos normativos

    vigentes;

    Avaliar e comprovar experimentalmente a eficincia e a contribuio

    da ligao pilar-colarinho no dimensionamento da base do bloco verificando

    a influncia da altura do bloco e o ngulo formado entre a horizontal assim

    como analisar o modo de runa deste tipo de bloco de fundao;

    Comprovar experimentalmente o comportamento e a pertinncia do

    processo de dimensionamento adotado no trabalho.

  • CAPTULO 1 - Introduo - 11

    11..44 EESSTTRRUUTTUURRAA DDAA DDIISSSSEERRTTAAOO::

    Captulo 1 Introduo: este captulo faz um breve histrico e descreve a evoluo nos estudos tanto para blocos sobre estacas

    quanto para o Mtodo das Bielas e Tirantes. A seguir mostra as

    justificativas do trabalho e os principais objetivos.

    Captulo 2 Reviso Bibliogrfica: este captulo faz uma reviso bibliogrfica dos principais ensaios realizados com blocos sobre

    estacas e suas respectivas concluses. feita, tambm, uma reviso

    dos princpios conceituais do Mtodo das Bielas e Tirantes.

    Captulo 3 Investigao Experimental: este captulo traz o projeto dos modelos experimentais submetidos aos ensaios em laboratrio,

    assim como o modo construtivo, os materiais empregados, controle

    desses materiais, a instrumentao e a metodologia utilizada nos

    ensaios.

    Captulo 4 Apresentao e Anlise dos Resultados: este captulo traz os resultados dos ensaios e a anlise dos mesmos assim como

    crticas com relao a alguns resultados.

    Captulo 5 Concluso: este captulo traz as concluses obtidas no trabalho e algumas sugestes para pesquisas futuras que envolvem o

    tema. Finalmente, seguem as Referncias Bibliogrficas.

    Referncias Bibliogrficas: traz os livros, normas e artigos citados nesta dissertao.

  • CAPTULO 2 - Reviso Bibliogrfica - 12

    2 Captulo 2

    RREEVVIISSOO BBIIBBLLIIOOGGRRFFIICCAA

    22..11 CCOONNSSIIDDEERRAAEESS IINNIICCIIAAIISS::

    Neste captulo apresenta-se um apanhado geral das pesquisas

    desenvolvidas com blocos sobre estacas englobando, principalmente, a linha

    de anlise que considera a runa do bloco, ou seja, o Modelo de Bielas e

    Tirantes.

    O captulo tambm descreve os principais ensaios experimentais

    realizados em blocos sobre estacas encontrados na literatura tcnica

    nacional e internacional e uma reviso sobre os critrios utilizados no

    Modelo de Bielas e Tirantes.

    22..22 MMOODDEELLOO DDEE BBIIEELLAASS EE TTIIRRAANNTTEESS::

    22..22..11 HHiissttrriiccoo::

    A utilizao de modelos de trelia associados aos modelos de vigas de concreto armado para o dimensionamento das armaduras remonta ao incio

    do sculo XX, quando RITTER e MRSCH introduziram a clssica Analogia

    de Trelia. Aps vrias dcadas de estudo, numerosos pesquisadores

    sugeriram modificaes no modelo original no sentido de aperfeio-lo e

    adequ-lo aos resultados experimentais.

  • CAPTULO 2 - Reviso Bibliogrfica - 13

    Elementos estruturais de concreto armado como os consolos e apoios

    em dentes so, ainda hoje, dimensionados utilizando-se as idias bsicas do

    modelo de trelia. Podemos citar tambm o caso das sapatas isoladas e dos

    blocos sobre estacas, cujo dimensionamento das armaduras e a verificao

    de possvel ruptura compresso do concreto so feitos por meio do mtodo

    das bielas comprimidas.

    No modelo de bielas e tirantes os elementos comprimidos, ou bielas,

    representam campos de tenso de compresso no concreto e os elementos

    tracionados, ou tirantes, representam campos de tenso de trao que so

    usualmente absorvidos pelas barras da armadura. Eventualmente, essas

    tenses de trao podem ser absorvidas pelo concreto desde que respeitadas

    as condies de segurana.

    A analogia da trelia clssica, idealizada por RITTER e MRSCH e

    analisada experimentalmente pelo segundo no incio do sculo XX, foi uma

    das concepes mais duradouras da histria do concreto armado. Aps

    dcadas, as pesquisas sugeriram apenas modificaes e aperfeioamentos na

    teoria inicial, mantendo, no entanto, sua idia bsica que a analogia entre

    uma trelia e uma viga de concreto armado.

    Os resultados de ensaios sugeriram a adoo de uma trelia chamada

    Trelia de Mrsch Generalizada, cuja inclinao das bielas comprimidas

    com o eixo da viga passou a ser adotada de forma compatvel com o

    comportamento observado nos ensaios.

    Na dcada de 80, SCHLAICH e SCHAFER (1987), pesquisadores de

    Stuttgart, Alemanha, sugeriram a utilizao de modelos de bielas e tirante de

    modo generalizado para o dimensionamento de outros elementos estruturais,

    tais como: vigas-parede, apoios em dentes e aberturas em vigas, consolos,

    ligaes viga-pilar, sapatas e blocos sobre estacas.

  • CAPTULO 2 - Reviso Bibliogrfica - 14

    MARTI (1985), utilizando a teoria da plasticidade, props a aplicao

    dos modelos ao dimensionamento das armaduras longitudinais e

    transversais de uma viga. Um conjunto de critrios bsicos, utilizando os

    conceitos de bielas, tirantes, ns, leque e arcos, tornou possvel o

    desenvolvimento de modelos adequados.

    Por meio da comparao com resultados de ensaios, COOK e

    MITCHELL (1988) confirmaram a adequao dos modelos ao projeto de

    vigas-parede, apoios em dentes e consolos.

    22..22..22 FFuunnddaammeennttooss ddoo MMooddeelloo::

    Os modelos de bielas e tirantes so representaes discretas dos

    campos de tenso nos elementos estruturais de concreto armado. As bielas

    so idealizaes dos campos de tenso de compresso no concreto e os

    tirantes so os campos de tenso de trao que normalmente so absorvidos

    por uma ou mais camadas de armadura; em alguns casos podem ser

    absorvidos pelo concreto, em locais onde no se posicionam barras de

    armadura, so supostos tirantes de concreto. O modelo idealizado, que

    uma estrutura de barras, concentra todas as tenses em barras

    comprimidas e tracionadas, ligando-as por meio de ns.

    Os ns so anlogos s articulaes de uma trelia; so regies onde

    so transferidas foras entre bielas e tirantes. Como resultado, estas regies

    esto sujeitas a um estado de tenso multidirecional. Os ns so

    classificados conforme os tipos de fora que recebem.

    Conhecendo-se um modelo adequado para uma determinada regio de

    uma estrutura, as foras nas bielas e tirantes sero automaticamente

    calculadas por meio do equilbrio entre foras internas e externas.

    Na Figura 2.1 pode-se observar alguns exemplos de regies modeladas

    com bielas e tirantes.

  • CAPTULO 2 - Reviso Bibliogrfica - 15

    bielastirantesns

    Figura 2.1 Exemplos de aplicaes de modelos de bielas e tirantes.

    SILVA e GIONGO (2000), assim como outros autores, descrevem que

    os modelos de bielas e tirantes podem ser projetados considerando o fluxo de

    tenses na estrutura, usando o processo do caminho de carga. Dispondo-se

    das tenses elsticas e suas direes principais, obtidas por meio de uma

    anlise elstico-linear, o desenvolvimento do modelo imediato. Tal anlise

    pode ser feita utilizando mtodos numricos, como por exemplo, o mtodo

    dos elementos finitos.

    TJHIN e KUCHMA (2002) concluram que as trajetrias de tenses

    principais obtidas de uma soluo elstico-linear satisfazem aos estados

    limites de servio e ltimos, mas advertem que se trata de uma aproximao.

    2.2.2.1 Definio Geomtrica:

    Segundo SILVA e GIONGO (2000), a geometria do modelo pode ser

    obtida analisando os seguintes aspectos:

    Tipos de aes atuantes;

  • CAPTULO 2 - Reviso Bibliogrfica - 16

    ngulos entre bielas e tirantes; rea de aplicao das aes e reaes; Nmero de camadas de armadura; Cobrimento da armadura.

    Os ngulos entre as bielas e os tirantes so determinados por meio de

    distribuio de tenses elsticas produzidas pelas aes atuantes. As

    dimenses das bielas e regies nodais dependem da rea de aplicao das

    aes e reaes, do nmero de camadas e do cobrimento da armadura. A

    Figura 2.2a apresenta o modelo para uma viga-parede simplesmente

    apoiada, submetida a uma fora concentrada no meio do vo. As reas

    escuras representam as regies nodais. As bielas e os tirantes so dispostos

    de tal maneira que os centros de gravidade de cada membro da trelia e as

    linhas de ao de todas as aes externamente aplicadas coincidam em cada

    n, como mostra a Figura 2.2a. Esta exigncia pode limitar as dimenses

    das bielas. A regio nodal do apoio ilustrada na Figura 2.2a redesenhada

    com a armadura distribuda em camadas na Figura 2.2b e com um

    cobrimento maior na Figura 2.2c. De forma simples, o modelo pode ser

    representado como mostra a Figura 2.2d, sendo que as bielas de compresso

    so substitudas por linhas tracejadas e os tirantes, por linhas contnuas.

    a)

    d)

    b) c)

    Figura 2.2 Definio geomtrica do modelo (SILVA e GIONGO, 2000).

  • CAPTULO 2 - Reviso Bibliogrfica - 17

    2.2.2.2 Definio das Regies B e D:

    Para efeito de aplicao do modelo de bielas e tirantes na concepo de

    um projeto estrutural em concreto armado, apropriado classificar regies

    da estrutura em regies contnuas e descontnuas. Segundo SCHLAICH et al.

    (1987) as regies contnuas, denominadas regies B, so aquelas em que as hipteses de Bernoulli, ou seja, que apresentam distribuio linear de deformaes ao longo da seo transversal, so vlidas. As regies

    descontnuas, regies D, so regies onde a distribuio de tenses no-linear, ou seja, h uma variao complexa de tenso. Essas regies podem

    ser produzidas por descontinuidades estticas (aes concentradas e

    reaes) e geomtricas (aberturas em vigas, ns em prtico e mudanas

    abruptas na geometria).

    Segundo SILVA e GIONGO (2000) a subdiviso da estrutura em regies

    B e D pode ser feita considerando-se as trajetrias de tenses nas

    proximidades das regies descontnuas. Conforme o Princpio de Saint-

    Venant, h uma regio definida por dimenses da mesma ordem de grandeza

    da seo transversal do elemento carregado, na qual se processa a

    regularizao das tenses. Partindo deste princpio, pode-se delimitar as

    regies D considerando-se, a partir das descontinuidades, geomtricas ou

    estticas, distncias iguais altura das regies B adjacentes. A Figura 2.3

    apresenta alguns exemplos de regies D e seus limites.

  • CAPTULO 2 - Reviso Bibliogrfica - 18

    h

    h

    h1 h2

    h2h1

    h h

    h2

    h2h1

    h2

    h1 h1

    h1

    Regies D

    h h1

    h1

    h1

    h1

    h1

    Regies B

    Figura 2.3 Exemplos de regies D e seus contornos (adaptado de SILVA e GIONGO, 2000).

    TJHIN e KUCHMA (2002) relatam que a maioria dos problemas em

    estruturas de concreto se d em regies D. Esses problemas so motivados

    por, ainda hoje, os tipos mais familiares de regies D, como por exemplo,

    vigas paredes, consolos, ns de prticos e blocos sobre estacas serem

    projetados por meio de aproximaes com base em anlise experimental ou

    em consideraes consagradas pela prtica da engenharia. Para maior parte

    de outros tipos de regies D, as normas fornecem pequenas orientaes para

    projetos.

    2.2.2.3 Anlise Estrutural:

    Para a maioria dos projetos, torna-se bastante trabalhosa a

    modelagem da estrutura inteira usando modelos de bielas e tirantes. Por

    isso, torna-se conveniente efetuar uma anlise estrutural e dividir a

    estrutura em regies B e D.

    Segundo SILVA e GIONGO (2000), o projeto das regies B pode ser

    efetuado aplicando-se os modelos de trelia. Para projetar as regies D, deve-

    se conhecer os esforos solicitantes no contorno dessas regies. Esses

  • CAPTULO 2 - Reviso Bibliogrfica - 19

    esforos so obtidos atravs da anlise estrutural e do projeto das regies B

    adjacentes.

    Para estruturas que consistem unicamente em regies D, como as

    vigas-paredes e blocos sobre estacas, as foras no contorno so as aes

    aplicadas e as reaes de apoio. SILVA e GIONGO (2000) do destaque para

    a importncia da diviso correta das regies B e D e a definio dos esforos

    no contorno, possibilitando, assim, delinear o caminho das tenses no

    interior da estrutura.

    O modelo adotado para a estrutura funo da geometria e das aes

    atuantes em seu contorno. Estruturas de mesma geometria e aes

    diferentes so modeladas de maneiras diferentes. Sendo assim, fica claro que

    parmetros geomtricos no so suficientes, assim como o uso de relaes

    como /h, usualmente adotadas na classificao de elementos como

    consolos e vigas-parede podem ser insuficientes.

    Estruturas tridimensionais podem ser subdivididas em planos

    individuais e tratadas separadamente com o objetivo de facilitar a obteno

    dos modelos. Mesmo que em geral apenas modelos bidimensionais sejam

    considerados, a interao de modelos em planos diferentes deve ser levada

    em considerao por meio de condies de contorno apropriadas.

    2.2.2.4 Processo do Caminho de Carga (blocos sobre estacas):

    Sendo feita a verificao do equilbrio externo e determinao de todos

    os esforos atuantes no contorno, os modelos de bielas e tirantes podem ser

    sistematicamente desenvolvidos por meio do fluxo de tenses dentro da

    estrutura pelo processo do caminho de carga. O caminho das foras no

    interior da estrutura ocorre por meio de campos de tenses de trao e

    compresso que sero representados no modelo por tirantes e bielas,

    respectivamente.

  • CAPTULO 2 - Reviso Bibliogrfica - 20

    O processo do caminho das cargas deve ser executado a partir dos

    seguintes critrios:

    Nas regies onde houver aes uniformemente distribudas no contorno, estas devem ser substitudas por foras concentradas

    equivalentes, de forma que as aes de um lado da estrutura, depois

    de percorrerem um determinado caminho de carga, sejam equilibradas

    por aes do outro lado da estrutura;

    Duas aes opostas devem ser interligadas por caminhos de carga os mais curtos possveis.

    Todos os caminhos de carga devem ser desenhados de tal forma que fiquem alinhados e no cruzem um pelo outro.

    No caso de ser possvel a utilizao de mais de um modelo de bielas e tirantes para a estrutura, utilizar, sempre, o que possuir o caminho de

    carga mais curto.

    Havendo necessidade acrescentam-se bielas e tirantes para obter equilbrio nos ns.

    Segundo o Cdigo Modelo CEB-FIP (1990), a orientao feita pelas

    trajetrias de tenses elsticas mais importante para as bielas do que para

    os tirantes, podendo estes serem dispostos paralelamente s extremidades

    do elemento, seguindo consideraes prticas de arranjo das armaduras.

    A Figura 2.4 apresenta um exemplo simples de aplicao do processo

    do caminho de carga para um bloco sobre duas estacas.

  • CAPTULO 2 - Reviso Bibliogrfica - 21

    F

    F/2 F/2F/2 F/2

    F/2 F/2

    compresso

    trao

    F/2 F/2

    F/2 F/2

    RcbRcb

    Rst

    Figura 2.4 Aplicao do caminho das cargas bloco sobre duas estacas (adaptado de MUNHOZ, 2004).

    2.2.2.5 Otimizao do Modelo (blocos sobre estacas):

    A obteno de modelos otimizados uma tarefa difcil e que exige

    bastante experincia j que o projeto de uma estrutura ou determinada

    regio da mesma, utilizando o modelo de bielas e tirantes, pode oferecer

    mais do que uma trelia possvel para cada caso de fora.

    Entretanto, segundo TJHIN e KUCHMA (2002) h um nmero pequeno

    de solues viveis para cada regio de projeto em virtude da ductilidade

    limitada no concreto estrutural.

    Dentre os critrios mais utilizados para se obter solues seguras e

    mais econmicas esto os fornecidos por SCHLAICH et al. (1987), que diz:

    percebe-se que as aes tentam utilizar o caminho de mnimas foras e

    deformaes. Como os tirantes, normalmente formados por barras de

    armadura, so muito mais deformveis que as bielas de concreto e

    baseando-se no caminho das mnimas foras ou deformaes, fica evidente

    que o melhor modelo aquele que apresenta uma trelia na qual os

    comprimentos dos tirantes sejam os mais curtos. Esse critrio pode ser

    formulado matematicamente da seguinte forma:

  • CAPTULO 2 - Reviso Bibliogrfica - 22

    = mnimo..F miii [2.1]

    Onde:

    iF fora; i comprimento; mi deformao especfica mdia; i refere-se ao nmero da biela ou tirante;

    Esta equao baseada no Princpio da Energia de Deformao

    Mnima para comportamento elstico-linear de bielas e tirantes aps a

    fissurao. A contribuio das bielas pode, usualmente, ser omitida porque

    suas deformaes so geralmente muito menores do que aquelas dos

    tirantes.

    A Figura 2.5 apresenta um modelo de bielas e tirantes tridimensional

    para blocos sobre quatro estacas sugerido por ADEBAR et al. (1990).

    F

    R

    R R

    Figura 2.5 - Modelo de bielas e tirantes tridimensional para blocos sobre quatro estacas (adaptado de ADEBAR et al., 1990)

  • CAPTULO 2 - Reviso Bibliogrfica - 23

    2.2.2.6 Dimensionamento das Bielas:

    As bielas apresentam-se, no modelo, como representaes discretas de

    campos de tenso de compresso no concreto. Dependendo da forma de

    como as tenses de compresso se distribuem atravs da estrutura, tm-se

    campos de tenso de compresso diferentes, sendo que, para cobrir todos os

    tipos, pode-se enumerar trs configuraes tpicas como mostra a Figura

    2.6.

    Figura 2.6 Configuraes tpicas de campos de tenso de compresso (adaptado de TJHIN e KUCHMA, 2002).

    a) Distribuio paralela de tenses: ocorre quando as tenses se distribuem uniformemente sem perturbao. Este campo tpico de regies

    B e evidentemente no desenvolve tenses de trao transversais.

    b) Distribuio de tenses em linhas curvilneas com afunilamento da seo: ocorre quando foras concentradas so introduzidas e propagadas por meio de curvaturas acentuadas. A difuso

    dessas tenses provoca compresso biaxial ou triaxial abaixo da fora e

    tenses de trao transversais considerveis, que combinadas com a

    compresso longitudinal podem provocar fissuras longitudinais ocasionando

    uma ruptura prematura. Como a resistncia do concreto trao muito

    pequena, normalmente se dispem barras de ao na direo transversal.

    c) Distribuio radial de tenses: a representao de um campo de tenso com curvatura desprezvel. Normalmente encontrada nas regies

    c)

  • CAPTULO 2 - Reviso Bibliogrfica - 24

    D, esse tipo de distribuio de tenses propaga de maneira suave as foras

    concentradas que so introduzidas. Na distribuio radial de tenses no se

    desenvolvem tenses de trao transversais.

    SILVA e GIONGO (2000) destacam que a resistncia de um elemento

    estrutural ou de um n, depende, substancialmente, do seu estado

    multiaxial de tenses e das perturbaes causadas pelas fissuras e

    armaduras. Por esse motivo a compresso transversal, principalmente se

    ocorre em ambas as direes transversais, favorvel.

    Quando um tirante cruza uma biela de compresso, a deformao

    produzida (efeitos de trao) pode reduzir a sua capacidade de resistir s

    foras de compresso. Por isso, a resistncia compresso das bielas acaba

    sendo menor que a dos banzos comprimidos. Em blocos sobre estacas este

    cruzamento ocorre apenas sobre as estacas.

    SCHAFER e SCHLAICH (1988) propem os seguintes valores de

    resistncia para as bielas de compresso:

    0,85. cdf para um estado de tenso uniaxial e sem perturbao; 0,68. cdf para campos de compresso com fissuras paralelas s

    tenses de compresso;

    0,51. cdf para campos de compresso com fissuras inclinadas.

    Em outro trabalho, SCHLAICH e SCHAFER (1991) propem que os

    valores limites de resistncia para as bielas de compresso sejam:

    1,0. cdf para um estado de tenso uniaxial e sem perturbao; 0,8. cdf para campos de compresso com fissuras paralelas s

    tenses de compresso;

    0,6. cdf para campos de compresso com fissuras inclinadas.

  • CAPTULO 2 - Reviso Bibliogrfica - 25

    O FIB (1999) mantm os mesmos valores sugeridos pelo Cdigo Modelo

    CEB-FIP (1990), ou seja, a resistncia de projeto de uma regio sob

    compresso uniaxial pode ser determinada por meio de um diagrama

    simplificado de tenses uniformes para o concreto, ao longo de toda altura,

    de bielas a banzos comprimidos. A tenso mdia nas bielas, para valores de

    ckf em MPa, pode ser calculada pela expresso:

    f.250f1.85,0f cdck1cd

    = para zonas no fissuradas [2.2]

    f.250f1.60,0f cdck2cd

    = para zonas fissuradas [2.3]

    Em zonas fissuradas a resistncia do concreto compresso pode ser

    reduzida pelo efeito de trao transversal da armadura e pela necessidade de

    transmitir foras por meio das fissuras como mostra a Figura 2.7.

    Os valores de tenso sugeridos so vlidos, desde que a deformao de

    compresso mxima no concreto, para valores de ckf em MPa, seja igual a:

    100f.002,0004,0 ckcu = [2.4]

    Figura 2.7 Exemplo de resistncia reduzida fcd2 (CM CEB-FIP,1990 - adaptada de SILVA e GIONGO, 2000).

  • CAPTULO 2 - Reviso Bibliogrfica - 26

    A Tabela 2.1 mostra os valores dos parmetros de resistncia das

    bielas para diversas classes de resistncia do concreto.

    Tabela 2.1 Parmetros de resistncia das bielas: fcd1 para zonas no fissuradas e fcd2 para zonas fissuradas (CM CEB-FIP, 1990 - adaptada de SILVA e GIONGO, 2000).

    Concreto fcd1 fcd2

    C20 0,782.fcd 0,552. fcd

    C25 0,765.fcd 0,540. fcd

    C30 0,748.fcd 0,528. fcd

    C35 0,731.fcd 0,516.fcd

    C40 0,714.fcd 0,504.fcd.

    C50 0,680.fcd 0,480.fcd

    A Tabela 2.2 apresenta os valores de cd propostos por FUSCO (1994) para o dimensionamento das bielas.

    Tabela 2.2 Parmetros de resistncia das bielas (FUSCO, 1994 - adaptada de SILVA e GIONGO, 2000).

    Tipo da biela fck 40MPa fck > 40MPa

    Confinada em estado plano de tenses fcd 0,90. fcd

    No confinada 0,85. fcd 0,80. fcd

    No confinada e fissurada 0,60. fcd 0,50. fcd

    O Apndice A do ACI-318 (2002) apresenta os seguintes critrios de

    resistncia para as bielas:

    uns FF. [2.5] Ccuns A.fF = [2.6]

    'CScu f..85,0f = [2.7]

    Sendo:

    'Cf resistncia caracterstica do concreto (para o quantil de 1%); = 0,85

    E S poder ter os seguintes valores conforme a influncia da fissurao e a possvel presena de armadura transversal.

  • CAPTULO 2 - Reviso Bibliogrfica - 27

    S = 1,0 , para bielas de seo constante; S = 0,75, para bielas do tipo garrafa com armadura que satisfaa o

    item A.3.3 do Apndice A do ACI-318 (2002);

    S = 0,40, para bielas que atravessam zonas fissuradas; S = 0,60, para bielas do tipo garrafa com armadura que no satisfaa

    o item A.3.3 do Apndice A do ACI-318 (2002);

    S = 0,60, para todos os demais casos.

    2.2.2.7 Dimensionamento dos Tirantes:

    Usualmente, as foras nos tirantes so absorvidas pela armadura e o

    eixo que contm o centro de gravidade das barras de armadura deve

    coincidir com o eixo do tirante no modelo adotado. A rea de armadura

    necessria obtida diretamente por meio da fora no tirante e da resistncia

    de escoamento de clculo do ao considerando o Estado Limite ltimo dada

    por:

    yd

    stfs f

    R.A

    = [2.8]

    Segundo SILVA e GIONGO (2000), deve-se dar ateno especial

    ancoragem das barras de armadura nas extremidades das regies nodais.

    Uma ancoragem adequada e a utilizao de bitolas menores com um maior

    nmero de camadas contribuem na definio da geometria e,

    conseqentemente, na resistncia das bielas e regies nodais.

    Em alguns casos h o surgimento de tirantes de concreto, pois, o

    equilbrio em alguns modelos s pode ser obtido se foras de trao forem

    consideradas em locais onde, por razes prticas, no se pode colocar

    armadura. Nestes casos deve ser verificada a resistncia trao do

    concreto. Apesar da dificuldade de se obter um critrio de projeto adequado

  • CAPTULO 2 - Reviso Bibliogrfica - 28

    nestes casos, pode-se considerar, de forma simplificada, a resistncia

    trao do concreto para equilbrio das foras, apenas quando se espera

    ruptura frgil ou zonas de ruptura local. Nesse caso, mesmo no concreto no

    fissurado, solicitaes causadas por deformaes impostas e microfissuras

    devem ser consideradas.

    2.2.2.8 Dimensionamento dos Ns:

    Uma regio nodal, por definio, pode ser tida como um volume de

    concreto que envolve as interseces das bielas comprimidas, em

    combinao com foras de ancoragem e/ou foras de compresso externas

    (aes concentradas ou reaes de apoio). No modelo de bielas e tirantes os

    ns so anlogos s articulaes de uma trelia, e onde ocorrem mudanas

    bruscas na direo das foras e transferncia das mesmas entre bielas e

    tirantes. Os ns podem ser considerados uma idealizao simplificada da

    realidade levando em conta que as mudanas bruscas de direo nos

    elementos estruturais reais ocorrem com certas dimenses, ou seja,

    comprimento e largura, ao contrrio do que ocorre nos modelos de bielas e

    tirantes (trelia).

    Os ns necessitam de cuidado bastante especial, de maneira a

    possibilitar a transferncia adequada de foras entre as bielas e os tirantes.

    Entre esses cuidados podemos citar, em particular, a escolha do

    ngulo existente entre uma biela e um tirante que chegam a um n, tendo

    certeza de que esse ngulo no seja muito pequeno. Isso se deve ao fato de

    que conforme se tem menores valores do ngulo , formado entre o eixo da

    biela e o eixo do tirante, menor ser a resistncia compresso de uma biela

    inclinada.

    A Tabela 2.3 apresentada por SOUZA (2004) traz limites de variao

    recomendados para o ngulo de inclinao entre bielas e tirantes,

  • CAPTULO 2 - Reviso Bibliogrfica - 29

    propostos por diversos pesquisadores e por alguns cdigos normativos

    bastante influentes no cenrio mundial.

    Tabela 2.3 Limites de variao do ngulo entre escoras e tirantes (SOUZA, 2004).

    Norma ou Pesquisador ngulo de Variao

    CSA (1984) apud Campos (1995) 15 75

    Schfer; Schlaich (1988, 1991) 45 60

    EUROCODE 2 (1989) 31 59

    CEB-FIP Model Code 1990 (1993) 18,4 45

    Fusco (1994) 26 63

    Projeto de Reviso do EUROCODE 2 (1999) 21 45

    Cdigo Suo (Swiss Code) apud Fu (2001) 26 64

    ACI-318 (2002) 25 65

    NBR 6118 (2003) 30 45

    Normalmente os ns podem ser dimensionados de tal modo que todas

    as foras sejam ancoradas e equilibradas de maneira segura. Segundo o

    Cdigo Modelo CEB-FIP (1990), em geral, as tenses de compresso nos ns

    precisam ser verificadas somente onde foras concentradas so aplicadas

    superfcie do elemento estrutural. Uma verificao das tenses nos ns

    internos da estrutura torna-se necessria no caso de descontinuidades

    geomtricas. Um dos fatores que afetam a resistncia das regies nodais a

    existncia de armadura tracionada e o modo como so distribudas e

    ancoradas, assim como, o modo de confinamento existente.

    Assim como para verificao das bielas, existem vrios cdigos

    normativos e pesquisadores que recomendam parmetros para a resistncia

    efetiva das regies nodais e suas formas geomtricas.

    O ACI-318 (2002) traz a classificao das regies nodais conforme

    descrio a seguir:

    CCC - uma regio nodal circundada apenas por bielas; CCT - uma regio nodal circundada por bielas e por um nico

    tirante;

  • CAPTULO 2 - Reviso Bibliogrfica - 30

    CTT - uma regio nodal circundada por uma biela e por tirantes em uma ou mais direes;

    TTT - uma regio nodal circundada por trs ou mais tirantes.

    C

    C

    C

    T

    C

    C

    T

    CT

    T

    T

    T

    N CCC N CCT N CTT N TTT

    Figura 2.8 Classificao das regies nodais conforme o ACI-318 (2002).

    Os parmetros de resistncia mdia das regies nodais de acordo com

    o apndice A do ACI-318 (2002) so descritos a seguir:

    unn FF. [2.9] ncunn A.fF = [2.10] cncu 'f..85,0f = [2.11]

    Sendo que se pode adotar os seguintes valores de n conforme as propriedades da regio nodal:

    0,1n = , para regies nodais circundadas por escoras ou placas de apoio, ou ambas (ns CCC)

    8,0n = , para regies nodais ancorando um nico tirante (ns CCT); 6,0n = , para regies nodais ancorando dois ou mais tirantes (ns

    CTT ou TTT).

    Sendo que nA um dos seguintes valores:

    rea da face da regio nodal tomada perpendicularmente linha de ao da fora no n;

  • CAPTULO 2 - Reviso Bibliogrfica - 31

    rea da seo tomada perpendicularmente linha de ao da fora resultante na regio nodal.

    O Cdigo Modelo CEB-FIP (1990) apresenta quatro exemplos tpicos de

    regies nodais:

    Ns somente com foras de compresso; Ns com ancoragem somente de barras paralelas; Ns com barras dobradas; Ns com tirantes em direes ortogonais.

    Sero apresentados apenas os dois primeiros tipos de regies nodais,

    os quais sero de maior importncia para a anlise da segurana de blocos

    sobre estacas.

    Ns somente com foras de compresso: Conforme o Cdigo Modelo CEB-FIP (1990), tais ns ocorrem sob

    foras concentradas (Figura 2.9a), acima de apoios intermedirios de vigas

    contnuas (Figura 2.9b), em apoios com cabos protendidos ancorados e em

    vrtices reentrantes comprimidos. A regio do n pode ser suposta limitada

    por um polgono no necessariamente com ngulos retos, e as tenses ao

    longo da superfcie do n podem ser consideradas uniformemente

    distribudas.

    a1

    C1

    C2 C3RC3 RC2

    RC1

    C5 C2

    C3

    RC2

    RC3

    RC1

    RC4

    RC5

    C0 C4

    a1

    a)

    a0

    a0 C1

    b)

  • CAPTULO 2 - Reviso Bibliogrfica - 32

    Figura 2.9 Ns somente com foras de compresso (CM CEB-FIP,1990).

    Para as regies nodais das Figuras 2.9a e 2.9b suficiente verificar

    somente a tenso 1C . Essa verificao feita da seguinte forma:

    b.a

    R1

    1C1C = [2.12]

    Sendo que b a largura da pea.

    Entretanto, se a altura 0a dos ns for limitada por uma fissura ou pela

    largura das bielas 2CR e 5CR , como no caso de banzos comprimidos de vigas

    ilustrado na Figura 2.9b, a tenso 0C na direo ortogonal placa de apoio tambm deve ser verificada.

    Ns com ancoragem somente de barras paralelas: Os ns com ancoragem somente de barras paralelas ocorrem quando

    um tirante encontra duas ou mais bielas. Alguns exemplos desse tipo de

    regio nodal so os apoios extremos de vigas-parede e abaixo de foras

    concentradas que so aplicadas a consolos. A idealizao tpica desse n

    ilustrada na Figura 2.10.

    RC1

    RC2 C2

    hdist

    a1lb

    C1

    a2

    Rst

    Figura 2.10 Ns com ancoragem somente de barras paralelas (CM CEB-FIP,1990).

    SCHLAICH e SCHAFER (1991) apresentam algumas expresses para

    verificao das tenses neste tipo de regio nodal:

  • CAPTULO 2 - Reviso Bibliogrfica - 33

    b.a

    R1

    1C1C = e sen.b.a

    Rb.a

    R2

    1C

    2

    2C2C == [2.13 e 2.14]

    Sendo a largura 2a calculada da seguinte forma:

    ( ) sen