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20 MAR | 2015 O CAVALO DO PORTUGUÊS Nestes dias, é frequente ouvir responsáveis por instituições de ensino superior afirmarem que pior do que os violentos cortes orçamentais dos últimos anos são os atentados à autonomia representados pelas burocracias e restrições inomináveis, impostas pelo Ministério das Finanças, como se as Universidades e Politécnicos não passassem de indiferenciadas repartições do Estado. A recente proposta de orçamento do Técnico para 2015 é eloquente na denúncia destas malfeitorias que tolhem uma gestão que se quer racional e eficaz. Lê-se e não se acredita como foi possível chegar-se ao que se chegou. Estando de acordo com a rejeição deste tipo de tratamento que urge conseguir reverter e que é prejudicial às próprias finanças do Estado, ao obrigar ao desperdício e ao prejudicar gravemente a capacidade para angariação de recursos alternativos aos do OE, não iria tão longe no que se refere a desvalorizar, por pouco que seja, os cortes orçamentais. Se somarmos cortes orçamentais directos com verbas que deixam de estar disponíveis para o funcionamento das instituições, como é o caso das contribuições obrigatórias das instituições para a CGA e para a SS, que passaram em poucos anos de 0 a 23,75% da massa salarial, então podemos concluir que as instituições perderam cerca de 50% de financiamento, com graves consequências para a qualidade das suas missões, renovação do corpo docente, etc.. Para 2015, o corte que CRUP e CCISP relutantemente aceitaram é de 1,5%, mas como ainda não foi feito o reforço para levar em conta as repercussões para 2015 do diferencial entre os cortes salariais de 2011, reduzidos de 20%, e os aprovados no OE de 2014, declarados inconstitucionais, as instituições entram no ano de 2015, de novo, numa situação de instabilidade orçamental. É que todas as oportunidades têm sido boas para cortar nas transferências do Estado. Anteriormente também houve cortes, mas pelo menos as instituições sabiam com o que contavam para cada ano. Agora, nem isso, devido às novas oportunidades criadas pela necessidade de corrigir as decisões inconstitucionais tomadas por este Governo a meio do ano e devido aos ajustes orçamentais resultantes de medidas aprovadas com influência directa nos salários.

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20MAR | 2015

O CAVALO DOPORTUGUÊS

Nestes dias, é frequente ouvir responsáveis por instituições de ensino superior afirmarem que pior do que os violentos cortes orçamentais dos últimos anos são os atentados à autonomia representados pelas burocracias e restrições inomináveis, impostas pelo Ministério das Finanças, como se as Universidades e Politécnicos não passassem de indiferenciadas repartições do Estado. A recente proposta de orçamento do Técnico para 2015 é eloquente na denúncia destas malfeitorias que tolhem uma gestão que se quer racional e eficaz. Lê-se e não se acredita como foi possível chegar-se ao que se chegou.

Estando de acordo com a rejeição deste tipo de tratamento que urge conseguir reverter e que é prejudicial às próprias finanças do Estado, ao obrigar ao desperdício e ao prejudicar gravemente a capacidade para angariação de recursos alternativos aos do OE, não iria tão longe no que se refere a desvalorizar, por pouco que seja, os cortes orçamentais.

Se somarmos cortes orçamentais directos com verbas que deixam de estar disponíveis para o funcionamento das instituições, como é o caso das contribuições obrigatórias

das instituições para a CGA e para a SS, que passaram em poucos anos de 0 a 23,75% da massa salarial, então podemos concluir que as instituições perderam cerca de 50% de financiamento, com graves consequências para a qualidade das suas missões, renovação do corpo docente, etc..

Para 2015, o corte que CRUP e CCISP relutantemente aceitaram é de 1,5%, mas como ainda não foi feito o reforço para levar em conta as repercussões para 2015 do diferencial entre os cortes salariais de 2011, reduzidos de 20%, e os aprovados no OE de 2014, declarados inconstitucionais, as instituições entram no ano de 2015, de novo, numa situação de instabilidade orçamental.

É que todas as oportunidades têm sido boas para cortar nas transferências do Estado. Anteriormente também houve cortes, mas pelo menos as instituições sabiam com o que contavam para cada ano. Agora, nem isso, devido às novas oportunidades criadas pela necessidade de corrigir as decisões inconstitucionais tomadas por este Governo a meio do ano e devido aos ajustes orçamentais resultantes de medidas aprovadas com influência directa nos salários.

MAR | 2015

Assim, quando se trata de retirar verbas de cortes salariais, o Governo rapa até ao último cêntimo. Entra pelas receitas próprias destinadas a remunerações e chega ao ponto de cometer “erros” grosseiros, subtraindo o dobro do justificado por essa razão. Mas quando tem de reforçar os orçamentos devido a salários indevidamente confiscados, devolve bastante menos do que o devido.

Com transferências do OE que apenas permitem pagar cerca de 80% das despesas com pessoal e com recursos próprios que mal dão para manter as escolas a funcionar, percebe-se bem que o corte de financiamento operado pela FCT a quase metade das unidades de investigação, deixará muitas instituições sem recursos para esta importante actividade que é uma obrigação dos docentes e que é elemento distintivo de uma instituição do ensino superior.O Técnico, embora, felizmente, seja pouco afectado por esta “poda” nos centros, tem sido muito fustigado pela drástica redução de bolseiros e de investigadores contratados.

O IST, como anunciado pelo seu Presidente, foi reconhecido em dois rankings internacionais como estando entre as 20 melhores escolas da Europa e as 100 melhores do mundo. Isto, mesmo quando o orçamento do IST é cerca de 5 a 8 vezes menor do que o das escolas de dimensão idêntica, com as quais se compara a nível europeu, já para não falar no caso do MIT, cujo orçamento é cerca de 20 vezes superior.A pergunta que deve ser feita é se com esta política restritiva para o Ensino Superior e a Ciência estes resultados serão sustentáveis. Tudo indica que não, ou então estaríamos perante o reverso da história do Cavalo do Inglês que passaria a engordar ao mesmo tempo que se alimentaria cada vez menos.

Seria a invenção da história do Cavalo do Português!

NOTÍCIAS

João Cunha SerraPresidente da Assembleia de Escola do IST

Prof. António RodriguesCoordenador de Mobilidade do DEEC

PRESIDENTE DO DEPARTAMENTO & COMISSÃO EXECUTIVA – BIÉNIO 2015-2016

A Prof. Isabel Maria Martins Trancoso foi eleita presidente do DEEC para o mandato 2015-2016, cargo para o qual tomou posse no passado dia 5 de Janeiro.

No decurso do processo eleitoral para os órgãos de gestão do DEEC para o biénio 2015-2016, foram ratificados pelo Conselho do Departamento os nomes do vice-Presidente da I&D e Ligação ao Exterior, Prof. José Fernando Alves da Silva e o vice-Presidente de Ensino e Formação, Prof. Paulo Sérgio de Brito André.

Integram também a Comissão Executiva do DEEC para este biénio o Prof. Alexandre José Malheiro Bernardino, Vogal para as Finanças e Pessoal não Docente, a Prof. Maria Beatriz Mendes Batalha Vieira Borges, Vogal do Pessoal Docente e o Prof. João Pedro Gomes, Vogal para a Comunicação e Imagem.

PROGRAMAS DE MOBILIDADEDO DEEC

O DEEC participa em vários programas de intercâmbio de estudantes, tanto a nível nacional como internacional. A nível nacional participa no programa Almeida Garrett no âmbito do qual os alunos podem fazer um semestre em mobilidade noutra universidade portuguesa, sendo o programa aberto a alunos do 3º ano do 1º ciclo, bem como a alunos do 2º ciclo.

A nível Internacional, o DEEC participa em diversos programas: Erasmus, Smile, Cooperação com a Austrália, o Brasil, o Canadá, a China, a Índia, o

Japão e a Rússia. No âmbito destes programas os alunos podem fazer um semestre ou um ano em mobilidade. O DEEC está também envolvido nos duplos Diplomas com universidades do CLUSTER, TIME, Brasil, CMU Portugal, KIC Innoenergy, IST-EPFL, MIT-Portugal, Erasmus Mundus e UT Austin Portugal. O interesse pela participação nestes programas de intercâmbio tem sido elevado. Nos anos lectivos de 2013/14 e 2014/15, nos programas de mobilidade relativos aos cursos em que o DEEC intervém participaram 81 estudantes portugueses (outgoing) e 83 estudantes portugueses (ingoing).

Informação adicional sobre estes programas pode ser obtida emhttp://ai.tecnico.ulisboa.pt/programas-de-estudo/.

HOMENAGEM AO PROF. ABREU FARO, NA ACADEMIA DAS CIÊNCIAS DE LISBOA

No dia 19 de Fevereiro de 2015 realizou-se, na Academia das Ciências de Lisboa, uma Sessão Académica de Elogio Histórico ao Prof. Abreu Faro. O orador foi o Prof. Carlos Salema, com saudação pelo Prof. Eduardo Arantes e Oliveira.

A comissão organizadora do ano Abreu Faro no IST associou-se ao evento, divulgando nessa ocasião o trabalho vencedor da 1ª edição do “Prémio Professor Abreu Faro”, apoiado pela ANACOM, e inaugurando uma exposição virtual sobre a vida e obra do Prof. Abreu Faro. A cerimónia foi transmitida em directo pela web.

MAR | 2015

Sérgio, em que área desenvolves a tua actividade profissional?Trabalho em planeamento e optimização de redes de telecomunicações rádio na Nokia, que é uma multi nacional que trabalha com operadoras de todo o mundo. Mais objectivamente, investigo problemas e recomendo soluções para melhorar as condições rádio existentes nas redes dos nossos clientes.

Que influência teve a tua passagem pelo Técnico no teu percurso profissional?Para mim o IST é a melhor escola de engenharia do país. Não pretendo com isto desprestigiar outras excelentes escolas de engenheria do país mas digo isto porque considero que a minha passagem pelo Técnico foi fundamental para me preparar para os desafios que tenho de enfrentar no dia a dia e por isso só posso estar grato pelos anos que frequentei a universidade. Quando ingressei no Técnico não estava preparado para o desafio que tinha escolhido e tanto desejava, tive de reinventar métodos de estudo e com muita dedicação, consegui cumprir o que me era exigido.

No exercício da tua actividade profissional, sentiste necessidade de adquirir alguma competência que o DEEC não te proporcionou?Esta é uma questão complexa. Sinto que

o DEEC me forneceu as competências necessárias para enfrentar qualquer projecto em que me vi envolvido, no entanto quem escolhe esta área e pretende construir uma carreira sólida tem de compreender que é necessário ter formação contínua, não só com o intuito de acompanhar os desenvolvimentos na área das telecomunicações, como para melhorar os próprios conhecimentos. Dito isto, creio que não seria possível o DEEC proporcionar-me todo o tipo de conhecimentos necessários para a minha vida profissional, no entanto transmitiu-me que o sucesso provem do trabalho e como tal temos de investir em nós.

Sentes que tua formação no DEEC tem sido reconhecida no mundo empresarial?Definitivamente! Primeiro que tudo ensinou-me a ter tranquilidade em momentos de grande pressão, segundo que nenhum problema é impossível de resolver por mais complexo que o mesmo seja. Outra das mais valias que quero salientar é o saber trabalhar em equipa e quando necessário saber liderá-la tornando-a objectiva e eficiente. Tenho liberdade e flexibilidade para gerir o tempo da maneira mais eficiente, no entanto sei que isto é fruto do

reconhecimento do trabalho que tenho vindo a desenvolver ao longo dos anos em que colaboro com a empresa.

Como se desenrola o teu dia a dia de trabalho?Grande parte do meu trabalho é remoto, com isto digo que não há necessidade de estar fisicamente nas instalações do cliente para realizar o meu trabalho, ainda assim, por vezes torna-se estritamente necessário estar junto do cliente. Tenho tido o privilégio de viajar um pouco por todo o mundo, trabalhar com pessoas de culturas diferentes com diversos métodos de trabalho ajudou-me a crescer tanto profissionalmente como pessoalmente. No que diz respeito ao trabalho remoto, posso realizá-lo tanto das instalações da minha empresa ou até mesmo de casa (teletrabalho), a verdade é que desde que tenha uma boa ligação à internet posso desenvolver o meu trabalho sem qualquer problema, o importante é haver seriedade e profissionalismo. Hoje em dia o teletrabalho é cada vez mais comum neste sector, pois não só permite uma maior flexibilidade ao colaborador no uso do horário do trabalho o que muitas vezes se traduz em melhor desempenho como também permite às empresas uma maior redução de custos.

Fala-nos um pouco dos teus hobbies.O meu grande hobby é a natação, desde que me recordo de fazer actividade física que nado e como tal tem sido o meu equilíbrio ao longo dos anos permitindo-me ter momentos onde estou apenas eu e os meus pensamentos. No entanto sempre que posso gosto de correr com amigos, sem nunca esquecer as insquecíveis viagens para fazer snowboard. Sempre fui um apaixonado por viagens mas para mim todas elas têm de ter um tónico de aventura, preparo-as minimamente mas deixo sempre margem para poder ser surpreendido com as diferentes culturas e usufruir das paisagens únicas que cada sítio tem para oferecer. A viagem que mais me marcou foi a Ushuaia na Patagónia por ter sido a que deu início à maior aventura da minha vida.

Sérgio Elias *

* 3G Technical Lead at MEO Portugal, Expert Network Planning and Optimisation Engineer at Nokia’s Networks business

MAR | 2015

Um artigo do Presidente da Assembleia de Escola do IST, Professor João Cunha Serra, abre este primeiro número de 2015 da Newsletter do DEEC. O tema de fundo do artigo é o financiamento do IST. O Professor João Serra destaca e detalha os cortes orçamentais dos últimos anos mas também as dificuldades de angariação de receitas alternativas que advêm da diminuição de autonomia das Universidades.

Nesta edição entrevistamos Sérgio Elias, alumnus do DEEC, que desenvolve a maior parte da sua actividade por via remota. Além de nos relatar a sua experiência em relação ao teletrabalho, mostra-nos como a sua passagem pelo DEEC marcou a sua forma de estar e agir no mundo profissional.

Algumas notícias de acontecimentos recentes são ainda destacadas, como a actividade do clube de robótica Rob-9-16, a homenagem ao Professor Abreu Faro e a eleição da comissão executiva do DEEC para o biénio 2015-2016. Finalmente, um pequeno artigo elenca a participação do DEEC em programas de mobilidade.

Duas despedidas neste número da Newsletter. O Pedro Aguiar despede-se da equipa editorial da Newsletter do DEEC. E o designer Duarte Lázaro que assegurou, desde o seu início, a design gráfico. Um agradecimento especial a ambos.

António Topa, Pedro M. Q. Aguiar e Duarte de Mesquita e Sousa

Editores: António Topa, Pedro M. Q. Aguiar, Duarte de Mesquita e Sousa | Design Editorial: Duarte LázaroDepartamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores; Instituto Superior Técnico | Av. Rovisco Pais - 1. 1049-001 Lisboa; Portugal | Local: Torre Norte; Piso 5, Gabinete 5.07 | Ph: (+351) 218 417 292 | Fax: (+351) 218 417 190 | Email: [email protected]

ROB 9-16 CLUBE DE ROBÓTICA

No sábado 17/1 decorreu, no IST campus Taguspark, uma aula aberta do clube de robótica Rob-9-16 criado pelo IST para desenvolver as capacidades intelectuais dos jovens entre os 9 e os 16 anos de idade e despertar o gosto pela engenharia. As aulas do clube irão decorrer entre fevereiro e junho de 2015 e serão asseguradas por alunos do campus.

“O objetivo principal do Rob-9-16 é utilizar a robótica como instrumento para fomentar nos jovens o gosto por diversas disciplinas de engenharia despertar nos jovens o interesse pelas áreas de robótica, programação e eletrónica – áreas de engenharia onde o IST e o campus Taguspark se destacam. Independentemente do que queiram ser quando forem grandes, vão tirar partido do que levam daqui: uma maior capacidade para fazer perguntas e para resolver problemas, especialmente em equipa. O trabalho em equipa e a gestão de emoções são também um dos principais focos do clube” declarou Paulo Carreira, docente responsável pelo projeto.

Durante 3 horas, mais de 40 jovens, dos 9 aos 16 anos, construíram um robot e programaram-no para percorrer um circuito pré-definido, sendo que foram

criadas equipas com base na idade dos participantes. Após uma breve explicação de como realizar o desafio proposto, as várias equipas esforçaram-se para serem as primeiras a concluir a atividade, onde houve prémios para a equipa que tivesse o robô que mais rapidamente efetuasse uma volta ao circuito.

No final, os participantes estavam visivelmente satisfeitos com o que tinham aprendido, tendo já assegurado as vagas disponíveis para o clube e aguardam com entusiasmo o

arranque do clube que acontecerá no dia 7 de fevereiro. Os pais que estiveram presentes na atividade elogiaram também o trabalho feito pela equipa do Rob-9-16, estando bastante agradados com o trabalho desenvolvido e com o contentamento dos filhos. “Parabéns e obrigado pela iniciativa, acho que correu muito bem.” declarou Pedro

Frazão, um dos pais dos participantes.

As sessões do clube Rob-9-16 decorrem no campus do Taguspark, quinzenalmente, entre as 15h e as 18h e são asseguradas pelo Núcleo de Apoio ao Estudante – Campus Taguspark, em colaboração com alunos de Engenharia Eletrónica e Engenharia de Telecomunicações e Informática.