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    1Sabedoria deSri Aurobindo(Seleo de seus escritos)ndice ndice ___________________________________________________________________1Resumo Da Vida De Sri Aurobindo ___________________________________________2O Ensinamento de Sri Aurobindo_____________________________________________4Nosso Objetivo ____________________________________________________________

    5A Lei do Caminho _________________________________________________________6Toda Vida Yoga__________________________________________________________7Certezas _________________________________________________________________7Os Auxlios e o Objetivo ____________________________________________________8O Guru do Yoga Integral____________________________________________________9

    Os Smbolos Exteriores _____________________________________________________9Forma__________________________________________________________________10Por que a Orao?________________________________________________________10O Mestre do Mundo_______________________________________________________11O Shastra do Yoga Integral_________________________________________________12O Senhor dos Trabalhos ___________________________________________________

    13A Vontade Suprema_______________________________________________________14O Homem, Um Ser Transicional ____________________________________________15A Alma e o Ser Psquico ___________________________________________________18

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    O Ser Psquico e o Psquico ________________________________________________19O Ser Psquico e o Eu (Esprito). ____________________________________________19Renascimento____________________________________________________________

    20O Objetivo do Nascimento, Renascimento e Boas e Ms Aes ____________________21 Isto o Fim? ____________________________________________________________21A Real Dificuldade________________________________________________________22O Entrave _______________________________________________________________23 a Existncia uma Iluso? ________________________________________________23A Presso do Esprito Escondido ____________________________________________242

    O Eu Aparente e o Eu Real _________________________________________________25Os Grilhes _____________________________________________________________26A Verdade Secreta ________________________________________________________27Destino e Livre Arbtrio____________________________________________________28Psicologia_______________________________________________________________

    29Conscincia _____________________________________________________________30Foras e Poderes Ocultos __________________________________________________31O Eterno, O Infinito, O nico ______________________________________________32Trabalhos Divinos ________________________________________________________33A Graa Divina __________________________________________________________33

    O Divino - Uma Certeza Concreta ___________________________________________34A Hora de Deus __________________________________________________________35Pensamentos e Vislumbres _________________________________________________36Glossrio _______________________________________________________________36

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    Resumo Da Vida De Sri AurobindoSri Aurobindo nasceu em Calcut, ndia, a 15 de agosto de 1872. Aos sete anos foi levado paraestudar na Inglaterra. Durante uma brilhante carreira acadmica em St. Paul's, Londres, e noKing'sCollege, estudou literatura inglesa, literatura francesa, aprendeu e dominou o grego e o latim. Almdessas

    lnguas, o alemo, o italiano e o espanhol tambm lhe eram familiares e podia ler facilmenteGoethe, Dantee Caldern em seus originais. Estudou durante catorze anos na Inglaterra, onde adquiriu umprofundoconhecimento da cultura europia antiga, medieval e moderna.Voltou ndia em 1893 e passou treze anos em Baroda, a servio administrativo e educacional doestado. Na Inglaterra havia recebido, de acordo com as instrues expressas de seu pai, umaeducaointeiramente ocidental, sem nenhum contato com a cultura da ndia e do Oriente. Em Baroda, eleprocuroucompensar essa deficincia estudando snscrito e vrias lnguas indianas modernas, paraassimilar oesprito da civilizao indiana em todos os seus aspectos. Foram anos de aprendizado cultural e

    criaoliterria, porm grande parte desse perodo passou-os em atividade poltica silenciosa.Em 1906, Sri Aurobindo foi para Bengala para juntar-se abertamente ao movimento de libertaodandia, que durante anos havia organizado em silncio. Seu jornal "Bande Mataram" rapidamentetornou-se avoz mais poderosa do Movimento NacionaIista Indiano. Trs vezes processado por suasatividades, todasas vezes foi libertado por falta de provas. Finalmente, em 1908, o Governo Ingls conseguiuimplic-lo noCaso da Conspirao de Alipore e mant-lo no crcere por um ano, entre 1908 e 1909.Esse ano de deteno, Sri Aurobindo passou-os na prtica de Yoga. Foi o tempo em que umasriede experincias espirituais decisivas mudou o curso de sua vida futura. Ele ainda participou domovimentorevolucionrio at 1910 quando, em resposta a um chamado interior, retirou-se das atividadespolticas erecolheu-se em Pondicherry para dedicar-se exclusivamente sua vida espiritual.Depois de quatro anos de recolhimento, em 1914, ele comeou a editar, em colaborao com suadiscpula, Mirra Alfassa, que mais tarde se tornou conhecida como A Me, um jornal filosficochamado"rya". Os mais importantes trabalhos seus - The Life Divine, The Synthesis of Yoja, Essays on theGita eThe ldeal of Human Unity apareceram pela primeira vez. Esses trabalhos compreendiam muito dosconhecimentos interiores adquiridos em sua prtica de Yoga. Tendo reunido todas as verdadesessenciaisde experincias espirituais passadas, ele trabalhou por um mtodo mais completo de Yoga, que

    pudessetransformar a natureza humana e divinizar a vida.3

    Sri Aurobindo era um poeta prolfico em ingls e sua poesia abrangia poemas lricos, sonetos,longospoemas narrativos, poemas dramticos. Porm seu trabalho supremo espiritual o pico Savitri.Sri Aurobindo anteviu a possibilidade de uma vida divina na terra e lutou para realiz-la. Durante osquarenta anos passados em Pondicherry, permaneceu completamente absorvido em seu trabalhoespiritual, mas conservou-se a par de tudo o que se passava no mundo. Quando necessriointerferia, mas

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    apenas com sua fora espiritual e ao silenciosa.Ele faleceu em 1950, aos 78 anos, contudo sua viso e ideais continuaram a atrair a ateno domundo inteiro. Seu trabalho tornou-se conhecido como "O Yoga Integral de Sri Aurobindo", porque,comoele dizia "Toda vida Yoga". - "Este Yoga significa no somente a realizao de Deus, mas umacompletaconsagrao e mudana das vidas interiores e exteriores, at que a natureza humanatransformada possamanifestar uma conscincia divina e tornar-se parte do Trabalho Divino"....Levanta teus olhos em direo ao Sol.Ele Est l nesse maravilhoso corao de vida e luz e esplendor.Observa noite as inmeras constelaes cintilando como outras tantas fogueiras solenes doEterno no silncio ilimitado, que no nenhum vazio mas pulsa com a presena de uma nicaexistncia calma e tremenda.Olha l Orion com sua espada e cinto brilhando como brilhou aos antepassados Arianos h dez milanos atrs, no comeo da era Ariana, Sirius no seu esplendor, Lyra percorrendo bilhes de milhasno oceano do espao.Lembra-te que estes mundos inumerveis, a maior parte deles mais poderosos que o nossoprprio,esto girando com velocidade indescritvel ao aceno desse Ancio dos Dias, a quem ningum,

    exceto Ele, conhece, e contudo so milhes de vezes mais antigos que teu Himalaia, mais firmeque as razes de tuas colinas e assim permanecero at que Ele, sua merc, sacuda-os comofolhas murchas da eterna rvore do Universo.Imagina a perpetuidade do Tempo, considera a incomensurabilidade do Espao; e ento lembra-teque, quando estes mundos ainda no existiam, Ele era ainda o Mesmo.Observa que alm de Lyra Ele est, e no longnquo Espao onde as estrelas do Cruzeiro do Sulno podem ser vistas, ainda assim Ele l est.E ento volta terra e considera quem este Ele.Ele est bem perto de ti.Repara naquele homem idoso que passa perto de ti, abatido e curvado, apoiado em seu basto?Imaginas tu que Deus quem est passando?H uma criana rindo e correndo ao sol.Podes tu ouvi-lo nesse riso?

    No, Ele est ainda mais prximo de ti.Ele est em ti, Ele tu mesmo.s tu quem ardes l longe, h milhares de milhas de distncia, nas infinitas extenses do Espao,s tu que caminhas com passos confiantes sobre os turbulentos vagalhes do mar etrico.s tu quem colocaste as estrelas em seus lugares e teceste o colar de sis, no com mos, maspor este Yoga, esta Vontade silenciosa, impessoal e inativa, que te colocou hoje aqui, ouvindo a timesmo em mim.Olha para cima, oh filho do Yoga antigo e no sejas mais medroso e cptico; no temas, noduvides, no lamentes, porque em teu aparente corpo est Aquele que pode criar e destruirmundos com um sopro.(Unanishads)4

    Se no Vazio sem significado a criao surgiu,Se de uma fora inconsciente a Matria nasceu,Se a Vida pode se erguer na arvore inconsciente,E o encanto verde penetrar nas folhas esmeraldinas,E seu sorriso de beleza desabrochar na flor,E a sensao pode despertar no tecido, no nervo e na clula,E o Pensamento apossar-se da matria cinzenta do crebro,E a alma espiar de seu esconderijo atravs da carne,Como no poder a luz ignota se lanar sobre o homem,E poderes desconhecidos emergirem do sono da Natureza?Mesmo agora insinuaes de uma Verdade luminosa como estrelas,

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    excedendo sua humanidade ainda animal, florescer em uma raa mais divina. A disciplinapsicolgica doYoga pode ser usada para este fim, pela abertura de todas as partes do ser a uma converso outransformao, atravs da descida e trabalho do mais alto princpio supramental ainda veIado.5

    Isso, contudo, no pode ser feito de uma vez ou em pouco tempo ou por qualquer transformaorpida ou miraculosa. Muitos passos devem ser dados por aquele que busca, antes que a descidasupramental seja possvel. O homem vive a maior parte do tempo em sua mente, vida e corpo desuperfcie,mas existe um ser interior dentro dele com maiores possibilidades, para o qual ele tem quedespertar -porque apenas uma influncia muito restrita deste ser interior que ele recebe agora e ela que oimpele auma constante busca de beleza, poder e conhecimento. O primeiro processo do Yoga , portanto,abrir asdimenses deste ser interior e viver de l para fora, governando sua vida exterior por uma luz eforainteriores. Assim fazendo, ele descobre em si sua verdadeira alma, que no esta mistura exteriordeelementos mentais, vitais e fsicos, mas algo da Realidade por trs deles, uma fasca do nico

    Fogo Divino.Ele tem que aprender a viver em sua alma e purificar e orientar, por seu impulso em direo Verdade, oresto da natureza. Pode-se seguir posteriormente uma abertura para cima e uma descida doprincpio maisalto do Ser. Mas mesmo ento, no imediatamente a plena Luz e Fora supramentais. Pois hvriasgradaes de conscincia entre a mente humana comum e a Verdade-Conscincia supramental.Estasgradaes interferentes tm que ser abertas e seu poder trazido para baixo, para dentro da mente,vida ecorpo. Somente depois que o pleno poder da Verdade-Conscincia pode trabalhar na natureza.O

    processo desta auto-disciplina ou Sadhana portanto longo e difcil, mas mesmo um pouco dissosignificaganhar muito, porque torna mais possvel a libertao e perfeio ltimas.H muitas coisas pertencentes a sistemas mais antigos que so necessrias no caminho: umaabertura da mente para uma ampliao maior e em direo ao sentido do Eu e do Infinito, umaemergnciapara dentro do que foi chamado a conscincia csmica, domnio dos desejos e paixes. Umascetismoexterior no essencial, mas a conquista do desejo, apego e um controle sobre o corpo e suasnecessidades, ambies e instintos so indispensveis. H uma combinao dos princpios deantigossistemas: o caminho do conhecimento atravs do discernimento entre a Realidade e a aparncia, ocaminho da devoo, amor e entrega e o caminho dos trabalhos, desviando a vontade de motivosdeinteresse prprio, voltando-se para a Verdade e o servio de uma Realidade maior que o ego. Poiso serinteiro tem que ser treinado para que possa responder e ser transformado quando a estas Luz eForamaiores for possvel trabalhar na natureza.Nesta disciplina, a inspirao do Mestre, e nos estgios difceis, seu controle e sua presena, soindispensveis - pois, de outro modo, seria impossvel atravess-la sem muito tropeo e erro, queimpediriam toda chance de sucesso. O Mestre aquele que se elevou a uma conscincia e sermais altos e

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    freqentemente considerado como sua manifestao ou representante. Ele no apenas ajuda porseuensinamento e, mais ainda, por sua influncia e exemplo, como tambm por um poder decomunicar suaprpria experincia aos outros.Este o ensinamento e mtodo de prtica de Sri Aurobindo. No seu objetivo desenvolvernenhuma religio ou amalgamar religies mais antigas ou fundar alguma nova religio - poisqualquerdestas coisas desviariam de seu propsito central. O nico objetivo do seu Yoga umautodesenvolvimentointerior pelo qual cada um que o seguir possa, com o tempo, descobrir o nico Eu em tudo eevolver umaconscincia mais alta que a mental, uma conscincia espiritual e supramental, que transformar edivinizara natureza humana.

    Nosso Objetivo6

    Se estas coisas no me satisfazem, que procuro eu? Procuro uma luz que seja nova, muitoembora

    antiga, na realidade, a mais antiga de todas as luzes. Procuro uma autoridade que aceitando,iluminando eharmonizando toda verdade humana, ainda assim rejeite e livre-se de todo erro humano,explicando-o.Procuro um texto e um shastra que no estejam sujeitos interpolao, modificao e substituio,que amariposa e o trmita no possam destruir, que a terra no possa sepultar, nem o Tempo mutilar.Procuroum ascetismo que me d pureza e que me liberte do egosmo e da ignorncia, sem anular Deus eSeuuniverso. Procuro um ceticismo que duvide de tudo, mas que tenha a pacincia de no negar nadaquetenha possibilidade de ser verdade. Procuro um racionalismo que no provenha da suposioinsustentvelde que todos os sculos da histria do homem tenham sido sculos de loucura e de superstio,exceto odcimo nono, mas que se incline para descobrir a verdade, em vez de limitar a investigao por umnovodogmatismo, obscurantismo e furiosa intolerncia que escolha de chamar senso comum eiluminao.Procuro um materialismo que reconhea a matria e a use, sem se tornar seu escravo. Procuro umocultismo que apresente todos seus processos luz do dia, sem mistrio, sem prestidigitao, semaestpida chamada humanidade "Seja cego, homem, e - veja !" Resumindo, no procuro cincia,nemreligio, nem Teosofia, porm Veda - a verdade sobre Brahma, no apenas sobre suaessencialidade, mas

    sobre Sua manifestao, no uma lmpada no caminho para a floresta, mas uma luz e guia paraterregozijo e ao no mundo, a verdade que est alm da opinio, o conhecimento que todopensamentopersegue - yasmin vjjte sarvam vijtan. Acredito que o Veda seja a base do sanatam dharma;acreditoque seja a divindade oculta dentro do Hindusmo - porm, um vu tem que ser posto de lado, umacortinatem que ser levantada. Acredito que isso possa ser conhecido e descoberto. Acredito que o futuroda ndia

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    e do mundo dependam dessa descoberta e da sua aplicao, no para a renncia da vida, maspara - viverno mundo e entre os homens.

    A Lei do CaminhoPrimeiro esteja certo do chamado e da resposta de tua alma. Se o chamado no for verdadeiro,no

    for o toque dos poderes de Deus, ou a voz de seus mensageiros, mas a iluso de teu ego, o fim deteusesforos ser um pobre fiasco espiritual ou at mesmo um desastre mais profundo.E se no for o fervor da alma, mas apenas o consentimento ou o interesse da mente que respondesintimaes divinas, ou somente o desejo da vida inferior que se agarra a algum aspecto da atraodosfrutos do Poder do Yoga ou do prazer do Yoga, ou apenas uma emoo transitria, que salta comoumachama insegura, movida pela intensidade da Voz ou sua doura ou grandeza, ento, tambm,pode haverpouca certeza para ti no difcil caminho do Yoga.Os instrumentos exteriores do homem mortal no tm fora para o levar atravs dos ardores

    severosdesta jornada espiritual e da titnica batalha interior, ou para enfrentar suas provaes terrveis eobstinadas, ou encoraj-lo a vencer seus perigos sutis e tremendos. Somente a vontade firme evenerveldo esprito e o fogo insacivel do ardor invencvel de tua alma que so suficientes para estatransformao difcil e este empreendimento elevado e improvvel.No imagines que o caminho seja fcil; a senda longa, rdua, perigosa e difcil. A cada passoexisteuma emboscada, em cada curva uma cilada. Milhares de inimigos, vistos e no vistos, lanar-se-ocontrati, terrveis em sua sutileza contra tua ignorncia, tremendos no poder contra tua fraqueza. Equando comdor conseguires destru-los, outros milhares lanar-se-o para tomar seu lugar. O Inferno vomitarsuashordas para opor e cercear e ferir e ameaar; os Cus enfrentar-te-o com seus testes impiedosose suasnegaes luminosas e frias.Encontrar-te-s sozinho em tua angstia, os demnios furiosos em teu caminho, os Deusesrelutantes acima de ti. Antigos e poderosos, cruis, inconquistveis e prximos e inumerveis soosPoderes terrveis e escuros que lucram com o reino da Noite e da Ignorncia, que no queremmudana eso hostis. Longnquos, lentos em chegar, distantes e poucos e breves em suas visitas, so osLuminososque querem e so permitidos dar socorro. Cada passo para a frente uma batalha. H descidasprecipitadas, h ascenses infindveis e sempre picos e picos mais elevados para conquistar.Cada

    planalto escalado apenas um estgio no caminho e revela, alm, alturas sem fim. Em cada vitriaque tupensas ser a ltima luta triunfante, evidencia-se somente o preldio de batalhas perigosas ecentenas devezes mais ferozes.7

    Mas tu no disseste que a mo de Deus estar comigo e a Divina Me perto com seu graciososorriso de socorro? E no sabes tu que a Graa de Deus mais difcil de ter e de conservar que onctar

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    dos Imortais ou os tesouros inestimveis de Kuvera? Pergunta a teus escolhidos e eles dir-te-oquantasvezes o Eterno escondeu deles Sua face, quo freqentemente Ele se retirou para trs de seu vumisterioso e eles se encontraram sozinhos nas garras do Inferno, solitrios no horror da escurido,expostos e sem defesa na agonia da batalha. E se sua presena for sentida por trs do vu,todavia comoo sol de inverno por trs das nuvens e no salva da chuva e da neve e da tempestade calamitosa edovento spero e do frio cortante e da atmosfera de um cinzento doloroso e da monotonia parda eenfadonha.Sem dvida o auxlio existe, mesmo quando parece ter se retirado, mas ainda h a aparncia danoite total,sem um sol para chegar, e sem a estrela da esperana para dar prazer na escurido.Bela a face da Divina Me, mas ela tambm pode ser dura e terrvel. Mas , ento, aimortalidadeum brinquedo para ser dado levianamente a uma criana, ou a vida divina um prmio sem esforoou acoroa para um fraco? Esfora-te corretamente e conseguirs; confia e tua confiana acabar

    justificada;mas a Lei terrvel do Caminho existe e ningum pode derrog-la.

    Toda Vida YogaNa viso certa, tanto da vida como do Yoga, toda vida consciente ou sub-conscientemente umYoga. Com este termo queremos dizer um esforo metodizado em direo auto-perfeio,atravs daexpresso das potencialidades latentes no ser, e uma unio do humano individual com aExistnciauniversal e transcendente, que vemos parcialmente expressa no homem e no Cosmos. Mas todavida,quando olhamos por trs de suas aparncias, um vasto Yoga da Natureza, tentando realizar suaperfeio numa expresso sempre crescente de suas potencialidades, para unir-se com suaprpriarealidade divina. No homem, seu pensador, pela primeira vez sobre esta terra, ela planeja meiosautoconscientes e sistemas voluntrios de atividade, atravs dos quais este grande propsito podeserobtido mais rpida e poderosamente. O Yoga, como Swami Vivekananda disse, pode serconsiderado comoum meio de comprimir a nossa evoluo em uma vida nica, ou em poucos anos, ou mesmo empoucosmeses de existncia corporal.Um dado sistema de Yoga, ento, no nada mais do que uma seleo ou uma compresso deformas de intensidade mais estreitas, mas mais enrgicas, dos mtodos gerais que j esto sendousadosdispersa e amplamente em um movimento vagaroso, com uma perda de material e energia maisprofusa eaparente; mas com uma combinao mais completa pela grande Me, no seu vasto trabalho paracima.

    somente esta viso do Yoga que pode formar as bases de uma sntese racional e segura para osmtodos de Yoga. Pois ento o Yoga deixa de parecer algo mstico e anormal, que no temrelao com osprocessos ordinrios do Mundo-Energia ou com a finalidade que ele mantm em vista, nos seusdoisgrandes movimentos de auto-realizao subjetiva e objetiva; revela-se, melhor, como um uso depoderesintensos e excepcionais que ele j manifestou ou est organizando progressivamente em suasoperaes

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    quais podemos chegar percepo que necessria. difcil depois porque a f, a entrega, acoragemque necessria neste caminho no fcil para a alma nublada pelo ego.Porm, conquanto seja difcil para o homem acreditar em alguma coisa que no seja vista dentrodesi, fcil para ele acreditar em algo que ele pode considerar adicional para si mesmo. O progressoespiritual da maior parte dos seres exige um suporte suplementar, um objeto de f fora de ns. Elenecessita uma imagem externa de Deus, ou precisa de um representante humano, - umaEncarnao, umProfeta ou Guru; ou exige ambos e os aceita. Porque, de acordo com a necessidade da almahumana, oDivino se manifesta como deidade, como divino-humano ou na humanidade simples - usando estedisfarcegrosseiro, que com tanto sucesso esconde a Divindade, para um meio de transmisso de suadireo.A disciplina Hindu de espiritualidade prov esta necessidade da alma com a concepo do lshtaDevata, do Avatar e do Guru. Ishta Devata, a divindade escolhida, significa - no algum Poderinferior, masum nome e forma da Divindade transcendente e universal. Quase todas as religies tm em suabase ou

    fazem uso de algum desses nomes e formas do Divino. Sua necessidade para a alma humana evidente.Deus o Tudo e mais que o Tudo. Mas isso que mais que o Tudo, como vai o homem conceb-lo? Emesmo o Todo a princpio muito difcil para ele, porque ele prprio, em sua conscincia ativa umaformao limitada e seletiva, que pode se abrir apenas quilo que est em harmonia com sualimitadanatureza. H coisas no Todo que so muito difceis para sua compreenso ou parecem muitoterrveis parasuas emoes sensveis e sensaes covardes. Ou, simplesmente, ele no pode conceber oDivino, nopode se aproximar ou no pode reconhecer algo que esteja muito fora do crculo de suas

    concepesignorantes e parciais. necessrio que ele conceba Deus sua prpria imagem ou em algumaforma queesteja alm dele, porm consoante com suas tendncias mais elevadas e captvel por seussentimentos ousua inteligncia...Mesmo sua natureza clama por um intermedirio humano para que possa sentir o Divino emalgumacoisa completamente prxima sua prpria humanidade e que seja sensvel a uma influncia eexemploshumanos. Esse apelo satisfeito pela manifestao Divina em uma aparncia humana, aEncarnao, oAvatar - Krishna, Cristo, Buda. Ou se isso for muito difcil para ele conceber, o Divino se representa

    atravsde um menos maravilhoso intermedirio - o Profeta ou Instrutor. Muitos no podem conceber ouno estodesejosos de aceitar o Homem Divino, mas esto prontos para abrir-se ao homem supremo,chamando-ono de encarnao, mas de instrutor do mundo ou representao divina.9

    Isto tambm no bastante; uma influncia viva, um exemplo vivo, uma instruo presente necessria. Porque apenas alguns podem fazer do Instrutor passado e seus ensinamentos, daEncarnao

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    passada e seu exemplo e influncia, uma fora viva em suas vidas. Essa necessidade tambm providapela disciplina Hindu na relao do Guru e o discpulo...O Sadhaka do Yoga integral far uso de todos esses auxlios de acordo com sua natureza, mas necessrio que ele evite suas limitaes e lance fora esta tendncia exclusiva da mente egostaque grita:"Meu Deus, minha encarnao, meu Profeta, Meu Guru" e coloca oposio a todas outrasrealizaes numesprito sectrio e fantico. Todo sectarismo, todo fanatismo deve ser evitado porque inconsistente com aintegridade da realizao divina...Nem deveria ele esquecer o objetivo desses auxlios externos, que despertar sua alma para oDivino dentro de si. Nada ser finalmente realizado se isso no for alcanado. No suficienteadorarKrishna, Cristo ou Buda exteriormente, se no existir a revelao e a formao de Buda, de CristoouKrishna em ns mesmos. E qualquer outro auxlio tambm no tem nenhum propsito; cada um umaponte entre o estado no convertido do homem e a revelao do Divino dentro dele.

    O Guru do Yoga IntegralO Mestre do Yoga Integral seguir tanto quanto possvel o mtodo do Mestre dentro de ns. Eleguiar o discpulo atravs da natureza do discpulo. Ensino, exemplo, influncia - estes so os trsinstrumentos do Guru. Mas o Mestre sbio no procurar se impor ou impingir suas opinies passivaaceitao da mente receptiva; ele lanar dentro apenas o que seja produtivo e seguro, como umasementeque germinar sob a proteo divina de dentro. Ele procurar muito mais despertar do que instruir;visar ocrescimento das faculdades, como um plano utilizvel, no como uma frmula ou uma rotina fixa. Eeletomar cuidado para evitar qualquer mudana dos meios em limitao na mecanizao doprocesso. Todoseu mister despertar a divina luz e colocar em atividade a fora divina, da qual ele prprio apenas ummeio e um auxlio, uma parte ou um canal.O exemplo mais poderoso que a instruo; mas no o exemplo dos atos exteriores ou docarterpessoal que de maior importncia. Estes tm seu lugar e utilidade; mas o que estimular aaspirao emoutros o fato central da realizao divina dentro dele, que governa sua vida toda, e seu estadointerior etodas suas atividades. Este o elemento universal e essencial; o resto pertence pessoa e peculiaridadeindividual. esta realizao que o Sadhaka deve sentir e reproduzir em si de acordo com suaprprianatureza; ele no precisa se esforar por uma imitao exterior que pode muito bem ser mais

    esterilizantedo que produtora de frutos concretos e naturais.A influncia mais importante do que o exemplo. Influncia no a autoridade exterior do Mestresobre o discpulo, mas o poder de seu contato, da sua presena, da proximidade de sua alma coma almado outro, infundindo nela, mesmo em silncio, aquilo que ele prprio e possui. Este o supremosinal doMestre. Porque o grande Mestre muito menos um Instrutor do que uma Presena que extravasaa

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    conscincia divina e sua luz e poder e pureza e ventura representativas sobre todos os que sejamreceptivos sua volta. ser tambm um sinal do Mestre do Yoga Integral se ele no se arrogar o ttulo de Guru, numesprito exaltado de vaidade humana. Seu trabalho, se o tiver, uma confiana do alto, sendo eleprprioum canal, um receptculo ou um representante. Ele um homem ajudando seus irmos, umacrianaguiando crianas, uma luz acendendo outras luzes, uma alma desperta despertando outras almas,nomximo um Poder ou uma Presena do Divino chamando para si outros poderes do Divino.

    Os Smbolos Exteriores10

    Em qualquer culto, smbolo, o ritual significativo, ou a forma expressiva, no apenas um elementoesttico que comove e enriquece, mas um meio fsico pelo qual o ser humano comea a tornardefinidaexteriormente a emoo e a aspirao de seu corao, a confirm-la e dinamiz-la. Porque, se aadoraosem uma aspirao espiritual inexpressiva e v, a aspirao tambm sem o ato e a forma umpoder

    sem corpo e imperfeitamente efetivo para a vida. Infelizmente, o destino de todas as formas devidahumana tornarem-se cristalizadas, puramente formais e portanto estreis, e embora a forma e ocultopreservem sempre seu poder para o homem que pode ainda entrar em seu significado, a maioriachega ausar a cerimnia como um ritual mecnico e o smbolo como um sinal sem vida e, porque issomata a almada religio, o culto e a forma tm que ser mudados ou postos de lado completamente. H ataqueles paraquem todo o culto e forma so, por essa razo, suspeitos e ofensivos; mas poucos podemdispensar osuporte de smbolos exteriores, e mesmo um certo elemento divino na natureza humana pedesempre poreles para completar sua satisfao espiritual. O smbolo sempre legtimo enquanto forverdadeiro, belo eencantador, e mesmo pode-se dizer que uma conscincia espiritual sem nenhum contedo estticoouemocional no totalmente ou de alguma forma integralmente espiritual. Na vida espiritual, sendoa basedo ato uma conscincia espiritual perene e renovadora, acionada para expressar-seconstantemente emnovas formas ou capaz de renovar a verdade de uma forma, sempre pelo fluxo do esprito, e tornarcadaao um smbolo vivo de alguma verdade da alma, esta a verdadeira natureza de sua viso eimpulsocriativos. assim que aquele que busca deve lidar com a vida e transmutar sua forma e a glorificar

    suaessncia.

    FormaOh adorador do Infinito sem forma,No rejeites a forma, EIe quem vive nela.Cada finito essa InfinitudeSua velada alma depuro deleite entesourada.A Forma, em seu corao ale recndito silncioEsconde o significado de Seu mistrio,

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    A Forma a morada assombrosa da eternidade,Uma caverna do imortal EremitaH uma beleza nas profundezas ale Deus,H um milagre do MaravilhosoQue constri o universo para sua habitao.O Uno, em Sua glria inumervelExplodindo em forma e cor como uma rosa,Compele as grandes ptalas do mundo a se abrirem.

    Por que a Orao?A vida do homem uma vida de carncias e necessidades, e portanto de desejos, no apenas emseu fsico e vital, mas em seu ser mental e espiritual. Quando ele se torna consciente de umgrande Poderque governa o mundo, aproxima-se dele atravs da orao, para a satisfao de suasnecessidades, paraauxlio em sua spera jornada, para proteo e ajuda em sua luta. Sejam quais forem asimperfeies quepossam existir na aproximao comum religiosa de Deus pela prece, e h muitas, especialmenteessaatitude que imagina que o Divino seja capaz de ser propiciado, subornado, lisonjeado para a

    aquiescnciaou indulgncia pelo louvor, splica e ddivas e pouco considera o esprito com o qual se aproximadele,contudo este modo de voltar-se para o Divino um movimento essencial de nosso ser religioso erepousanuma verdade universal.11

    Duvida-se freqentemente da eficcia da orao e a prpria orao supe-se uma coisa irracional,necessariamente suprflua e ineficaz. verdade que a vontade universal executar sempre seusobjetivose no pode ser desviada por propiciao e splica egosticas, verdade do Transcendente que seexpressaa si mesmo na ordem universal que, sendo onisciente, seu conhecimento mais amplo deve prevera coisa aser feita e no necessita de direo ou estmulo do pensamento humano e que os desejosindividuais noso e nem podem ser, em nenhuma ordem do mundo, o verdadeiro fator determinante. Porm,nem essaordem ou a execuo da vontade universal em conjunto efetuada pela Lei mecnica, mas porpoderes eforas dos quais, pelo menos para a vida humana, no esto entre os menos importantes, avontadehumana, a aspirao e a f. A prece apenas uma forma determinada dada a essa vontade, aessaaspirao e f. Suas formas so muitas vezes cruas e no somente infantis, o que no umdefeito em simesmo, mas criancice; contudo ela tem um poder e significado reais. Seu poder e sentido so

    colocar avontade, a aspirao e a f do homem em contato com a Vontade divina, como a de um Serconscientecom quem podemos entrar em relaes conscientes e vivas.A orao ajuda a preparar esta relao para nos, primeiro no plano interior, mesmo quando aindaexista l compatibilidade com o que mero egosmo e iluso de si; mas depois podemos avanaremdireo vontade espiritual que est por trs. No portanto a concesso da coisa pedida queimporta,mas a relao em si, o contato da vida do homem com Deus, a permuta consciente. Em assuntos

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    espirituais e na procura de aquisies espirituais, esta relao consciente um grande poder; umpodermuito maior que nossa prpria luta e esforo inteiramente autoconfiantes e proporciona umcrescimento e experincia espirituais mais plenos. Inevitavelmente, no fim, a orao ou extingue-senacoisa maior para a qual nos preparou, - de fato, a forma a que chamamos de orao no em simesmaessencial, contanto que a f, a vontade e a aspirao estejam l, - ou permanece apenas para aalegria dorelacionamento. Tambm seus objetivos, o artha ou interesse que procura realizar, torna-se cadavez maisalto at que alcanamos a devoo, sem motivo, mais elevada, que essa do amor divino puro esimples,sem qualquer exigncia ou anseio.

    O Mestre do MundoComo o supremo Shastra do Yoga integral o eterno Veda secreto no corao de cada homem,assim seu supremo Guia e Mestre o Guia interno, o Mestre do Mundo, o jagad-guru secretodentro dens. ele quem destri nossa escurido pela luz resplendente de seu conhecimento; essa luz

    torna-se emns a glria crescente de sua prpria natureza de liberdade, ventura, amor, poder de ser imortal.Ele colocaacima de ns seu divino exemplo como nosso ideal e transforma a existncia inferior em umreflexo daquiloque contempla. Pelo influxo de sua prpria influncia e presena em ns, ele possibilita ao serindividualalcanar a identidade com o universal e transcendente.Qual seu mtodo e sistema? Ele no tem mtodo e tem todos os sistemas. Consiste numaorganizao natural dos processos e movimentos mais elevados de que a natureza capaz.Aplicando-osmesmo aos mais mesquinhos detalhes e s aes mais insignificantes em sua aparncia, comtodo ocuidado e inteireza como faz com os grandes, eles no fim erguem tudo em direo Luz etransformamtudo. Porque neste Yoga no h nada muito pequeno para ser usado, nem nada muito grande quenopossa ser tentado. Como o servo e discpulo do Mestre no considera o orgulho ou egosmoporque tudo feito por Ele, de cima, assim tambm no tem o direito de desanimar por causa de suasdeficinciaspessoais ou pelos tropeos de sua natureza. Porque a Fora que trabalha nele impessoal ousuperpessoal - infinita.O completo reconhecimento deste Guia interior, Mestre do Yoga, senhor, luz, desfrutador e alvo detodo sacrifcio e esforo, da mais alta importncia no caminho da perfeio integral. imaterial seele primeiro visto como Sabedoria, Amor e Poder impessoais por trs de todas as coisas, ou como o

    Absolutomanifestando-se no relativo e atraindo-o, como o prprio Eu supremo e o mais elevado Eu detodas ascoisas, como uma Pessoa Divina dentro de ns e no mundo, em um de seus nomes ou suasnumerosasformas ou como o ideal que a mente pode conceber. No fim, percebemos que ele tudo isso emais todasestas coisas juntas. A porta de entrada da mente para conceb-Lo deve, necessariamente, variarde acordo

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    com a evoluo passada e a presente natureza.12

    Este Guia interno freqentemente velado a princpio, pela prpria intensidade de nosso esforopessoal e pela preocupao do ego consigo mesmo e seus objetivos. Conforme progredimos emclareza eo turbilho dos esforos egosticos cedem lugar a um auto-conhecimento mais calmo,reconhecemos afonte da crescente luz dentro de ns. Reconhecemo-la retrospectivamente quandocompreendemos quetodos os nossos movimentos obscuros e conflitantes conduziram resolutamente a um fim queapenas agoracomeamos a perceber, do mesmo modo que antes de nossa entrada para o caminho do Yoga aevoluode nossa vida levou, intencionalmente, em direo a seu ponto crtico. Porque agora comeamos acompreender o sentido de nossas lutas e esforos, sucessos e fracassos. Por fim, somos capazesdeapreender o significado do sentido de nossas provaes e sofrimentos e podemos apreciar oauxlio quenos foi dado por tudo que feriu e resistiu e a utilidade de nossas prprias quedas e tropeos.Reconhecemos esta direo divina depois, no retrospectivamente, mas imediatamente, na

    moldagem denossos pensamentos por um Vidente transcendente, de nossa vontade e aes por um Podertodoenvolvente,de nossa vida emocional por uma Ventura e Amor que tudo atrai e tudo assimila.Reconhecmo-la tambm numa relao mais pessoal, que a princpio tocou-nos, ou no fim,captou-nos;sentimos a eterna presena de um Senhor supremo, um Amigo, Amante, Mestre. Reconhecmo-lanaessncia de nosso ser enquanto se desenvolve na semelhana e unidade de uma existncia maiore maisvasta, porque percebemos que este desenvolvimento milagroso no o resultado de nossosprpriosesforos. Uma eterna Perfeio est nos moldando sua prpria imagem. Aquele que o Senhor,

    oulshwara da filosofia Yguica, o Guia no seu consciente (cartya guru ou antaryamim), o Absoluto doPensador, o Desconhecido do Agnstico, a Fora universal do materialista, a Alma suprema e asupremaShakti, Aquele que chamado e imaginado por diferentes nomes pelas religies, o Mestre donosso Yoga.Ver, conhecer, tornar-se e realizar este Uno em nosso ser interior e em toda nossa naturezaexterior,sempre foi o objetivo secreto e torna-se o propsito consciente de nossa existncia corprea. Serconsciente Dele em todas as partes de nosso ser e igualmente em tudo que nossa mente divisriapercebecomo exterior ao nosso ser, a culminncia da conscincia individual. Ser possudo por Ele epossu-Lo emns e em todas as coisas o termo de todo poder supremo e domnio. Desfrut-Lo em todaexperincia depassividade e atividade, de paz e de poder, de unidade e de diferena, a felicidade que o Jiva, aalmaindividual manifestada no mundo, est obscuramente procurando. Esta a definio completa doobjetivodo Yoga integral; a interpretao em experincia pessoal da verdade que a Natureza universalescondeuem si mesma e que ela labora para descobrir. a converso da alma humana em alma divina e devida

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    natural em vida divina.

    O Shastra do Yoga IntegralO supremo Shastra do Yoga Integral o segredo eterno do Veda no corao de cada ser vivo epensante. O ltus do conhecimento eterno e da eterna perfeio um boto fechado e envoltodentro dens. Ele se abre rapidamente, ptala por ptala, atravs de realizaes sucessivas, quando a

    mente dohomem comea a se virar para o Eterno, quando seu corao no mais comprimido e confinadopelo apegos aparncias finitas, se torna enamorado, em qualquer grau, do Infinito. Toda vida, todopensamento, todaenergizao de faculdades, todas as experincias passivas ou ativas tornam-se, da em diante,choquesque desintegram os revestimentos da alma e removem os obstculos que impedem a eflorescnciainevitvel. Aquele que escolheu o Infinito, foi escolhido pelo Infinito. Ele recebeu o toque divino semo qualno h nenhum despertar, nem abertura do esprito; mas uma vez recebido, a realizao certa,quer sejaconquistada rapidamente no decurso de uma nica vida humana ou perseguida pacientemente

    atravs demuitas estadias do ciclo de existncia no universo manifestado.Nada pode ser ensinado mente que j no esteja encoberto como conhecimento potencial naalmaem desdobramento da criatura. Assim tambm, toda perfeio da qual o homem exterior capaz, apenasuma realizao da eterna perfeio do Esprito dentro dele. Conhecemos o Divino e tornamo-nos oDivino,porque j somos Isso em nossa natureza secreta. Todo ensinamento uma revelao, todo tornar-se umdesabrochar; auto-realizao o segredo, auto-conhecimento e uma crescente conscincia so osmeios eo processo.13

    O meio usual desta revelao a Palavra, a coisa ouvida (sruta). A Palavra pode chegar a nsvindade dentro; pode chegar a ns de fora. Mas, em qualquer caso, apenas um agente que coloca oconhecimento escondido em ao. A palavra dentro pode ser a expresso vocal da alma em ns,que estsempre aberta ao Divino, ou pode ser a palavra do Mestre secreto e universal que se encontra noscoraes de todos. Existem raros casos quando nada mais necessrio, porque todo o resto doYoga umdesdobramento sob aquele constante toque e direo; o ltus do conhecimento abre-se de dentropelopoder da irradiante efulgncia que procede do habitante no ltus do corao. Grandes de fato, maspoucos,so aqueles para quem o auto-conhecimento de dentro suficiente e que no necessitam passar

    pelainfluncia dominante de um livro escrito ou de um mestre vivo.Comumente, a Palavra de fora que representa o Divino necessria como um auxlio no trabalhodeauto-desenvolvimento; e pode ser uma palavra do passado ou a palavra mais poderosa do Guruvivo. Emalguns casos, esta palavra representativa apenas usada como uma espcie de escusa do poderinteriorpara acordar e manifestar; , por assim dizer, uma concesso do onipotente e onisciente Divino

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    generalidade de uma lei que governa a Natureza. Assim dito no Upanishad que Krishna, filho deDevaki,recebeu uma palavra do Rishi Ghora e obteve o conhecimento, Assim, Ramakrishna, tendoconseguido porseu prprio esforo interno e iluminao central, aceitou vrios mestres nos diferentes caminhos doYoga,mas sempre mostrou no modo e rapidez de sua realizao que esta aceitao era uma concesso regrageral, pela qual o conhecimento efetivo deve ser recebido do Guru pelo discpulo.Mas, geralmente, a influncia representativa ocupa um lugar muito mais vasto na vida do Sadhaka.Se o Yoga for guiado por um Shastra escrito que tenha sido recebido - alguma Palavra do passadoqueincorpore a experincia dos Yogues antigos ela pode ser praticada pelo esforo pessoal apenas,ou com aajuda de um Guru. O conhecimento espiritual ento adquirido atravs da meditao sobre asverdadesespirituais que so ensinadas e que se tornam vivas e conscientes por sua realizao naexperinciapessoal. O Yoga procede dos resultados de mtodos prescritos ensinados nas Escrituras ou natradio e

    reforado e iluminado pelas instrues do Mestre. Esta uma prtica mais restrita, porm segura eefetivadentro de seus limites, porque seque uma trilha bem conhecida em direo a um longo objetivofamiliar.Para o Sadhaka do Yoga Integral necessrio lembrar que nenhum Shastra escrito, mesmo quesuaautoridade seja grande ou amplo seu esprito, no pode ser mais do que uma expresso parcial doeternoConhecimento. Ele us-lo-, mas nunca se prender a ele, mesmo maior das Escrituras.Se a Escritura for profunda, vasta e universal, poder exercer sobre ele uma influncia para o bemmais elevado e ser de incalculvel importncia. Pode ser associada s suas experincias dodespertar deverdades culminantes e sua realizao de experincias elevadas. Seu Yoga pode ser governado

    por umlongo tempo por uma escritura ou por vrias sucessivamente se estiver na linha da grandetradio Hindu,pelo Gita, por exemplo, os Upanishads, o Veda. Ou uma boa parte do seu desenvolvimento poderincluirno seu material uma experincia variada e rica das verdades das muitas Escrituras, para tornar ofuturoopulento de tudo que existiu de melhor no passado. Mas, no fim, ele deve tomar sua posio, oumelhorainda, se puder, sempre e desde o princpio, ele deve viver em sua prpria alma, alm da Verdadeescrita -sabdabrahmativartate - alm de tudo que tenha ouvido e de tudo que ainda venha a ouvir -srotavyasya

    srutasyaca. Porque ele no o Sadhaka de um livro ou de muitos livros; ele um Sadhaka doInfinito.

    O Senhor dos TrabalhosO Senhor e Impulsionador de nossos trabalhos o Uno, o Universal e Supremo, o Eterno e oInfinito. Ele o transcendente ignoto, ou o AbsoIuto incognoscvel, o Inefvel inexpresso e imanifesto acima dens; masele tambm o Eu de todos os seres, o Senhor de todos os mundos, o que transcende todos osmundos, a

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    Luz e o Guia, o Todo-Maravilhoso e o Todo Bem-Aventurana, o Amado e o Amante. Ele oEspritoCsmico e toda esta Energia criativa nossa volta; ele o Imanente dentro de ns. Tudo que , ele, e ele mais que tudo isso, e ns mesmos, embora no saibamos, somos ser de seu ser, fora de suafora,conscientes com uma conscincia derivada da sua; mesmo a nossa substncia mortal feita desuasubstncia e h um imortal dentro de ns que uma fasca da Luz e Ventura que existe parasempre. Noimporta se por conhecimento, trabalho, amor ou qualquer outro meio, o objetivo de todo Yoga tornar seconsciente dessa verdade de nosso ser, realiz-la, faz-la efetiva aqui ou em qualquer lugar.14

    Mas a passagem longa e o labor rduo antes que o possamos olhar com olhos que vem deverdade, e mais longo e rduo deve ser nosso esforo se quisermos reconstruir-nos suaverdadeiraimagem. O Senhor dos trabalhos no se revela de repente quele que busca. sempre seu Poderque agepor trs do vu, porm ele manifesto apenas quando ns renunciamos ao egosmo do

    trabalhador, e seumovimento direto aumenta na proporo em que a renncia se torna cada vez mais concreta.Apenasquando nossa entrega sua Shakti divina absoluta, teremos ns o direito de viver em suapresenaabsoluta. E s ento podemos ver nosso trabalho projetar-se naturalmente, completa esimplesmente nosmoldes da Vontade Divina.Devem existir, portanto, estgios e gradaes em nossa aproximao dessa perfeio, assim comoh progresso em direo a toda outra perfeio, em qualquer plano da Natureza. A viso da glriaplenapode chegar-nos antes, subitamente ou devagar, de vez ou freqentemente, mas at que a baseesteja

    completa, um resumo ou condensao, no uma experincia durvel e toda abrangente, noumapresena duradoura. As amplitudes, os contedos da Revelao Divina vm depois e desenrolam,gradualmente, seu poder e seu significado. Ou, mesmo, a viso firme pode estar nas culminnciasde nossanatureza, mas a resposta perfeita de nossos membros interiores vem apenas por etapas. Em todososYogas, os primeiros requisitos so f e pacincia. Os ardores do corao e a violncia da vontadeansiosaque procuram tomar o reino dos cus pela tempestade podem ter reaes miserveis, se elesdesdenharem apoiar sua veemncia nestes auxiliares mais humildes e mais tranqilos. E no longoe difcilYoga Integral deve haver uma f integral e uma pacincia inabalvel. difcil adquirir ou praticar esta f e firmeza no caminho spero e estreito do Yoga por causa daimpacincia do corao e da mente, e a f ansiosa, porm vacilante, de nossa natureza rajsica. Anaturezavital do homem sempre tem fome dos frutos de seu labor e, se os frutos lhe parecem negados oudemorama vir, ele perde a f no ideal e na orientao. Porque sua mente julga sempre pela aparncia dascoisas, jque este o primeiro hbito inerente razo intelectual, na qual ele to excessivamente confia.Nada mais

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    fcil para ns do que acusar Deus, em nossos coraes, quando sofremos longamente outropeamos naescurido, ou abjurar do ideal que colocamos diante de ns. Pois dizemos: "Confiei no Altssimo efuiabandonada no sofrimento e pecado e erro". Ou ento, "Empenhei toda minha vida numa idia quecontrariada e desencorajada pelos fatos inflexveis da experincia. Teria sido melhor ser comooutroshomens, que aceitam suas limitaes e andam no cho firme da experincia normal". Em taismomentos - eeles so, s vezes, freqentes e longos - toda experincia mais elevada esquecida e o coraoconcentra-se em sua prpria amargura. So nessas passagens sombrias que possvel cair parasempreou se voltar contra o trabalho divino.Se algum j tiver andado por muito tempo e de modo firme no caminho, a f do coraopermanecer sob a presso mais feroz e adversa; mesmo que esteja escondida ou aparentementedestruda, ela aproveitar a primeira oportunidade para reaparecer. Porque alguma coisa maiselevada queo corao ou mesmo o intelecto a sustenta, a despeito dos piores tropeos e atravs do maisprolongado

    malogro. Mas, mesmo para o Sadhaka experimentado, essas vacilaes ou obscurecimentosprovocam umretardamento em seu progresso e eles so extremamente perigosos para o novio. , portanto,necessrio,desde o princpio, compreender e aceitar as dificuldades rduas do caminho e sentir a necessidadede umaf que, para o intelecto pode parecer cega, contudo, mais sbia do que nossa intelignciaracional.Porque esta f um suporte de cima; a brilhante sombra projetada por uma luz secreta queexcede ointelecto e suas premissas; o corao de um conhecimento escondido que no est merc dasaparncias imediatas. Nossa f, quando perseverante, ser justificada em seus trabalhos eelevada e

    transfigurada finalmente na auto-revelao de um conhecimento divino. Devemos sempre aderir injunodo Gita -"O Yoga deve ser, continuamente, colocado em prtica com um corao livre dadepressoacabrunhadora". Sempre devemos repetir ao intelecto vacilante a promessa do Senhor: "Livrar-te-eicertamente de todo pecado e mal; no te lamentes". No fim, as hesitaes da f cessaro, porqueveremosSua face e sentiremos sempre a Presena Divina.

    A Vontade Suprema15

    luz dessa progressiva manifestao do Esprito, a princpio aparentemente engolfada naIgnorncia, depois livre no poder e sabedoria do Infinito, podemos melhor compreender a grande e

    culminante injuno do Gita ao Karmayogi: "Abandona todos os Dharmas, todos os princpios e leiseregras de conduta, refugia-te em Mim somente". Todos os padres e regras so construestemporrias,fundadas nas necessidades do ego em sua transio da Matria para o Esprito. Estes expedientestmuma relativa imposio enquanto ficamos satisfeitos nos estgios de transio, contentes com avida fsicae vital, apegados ao movimento mental, ou mesmo fixos nas esferas do plano mental tocadas pelobrilho

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    espiritual. Porm, alm est a vastido sem barreiras da conscincia supramental infinita, ondecessamtodas as estruturas temporais. No possvel entrar inteiramente na verdade espiritual do Eterno edoInfinito se no tivermos a f e a coragem de nos confiarmos nas mos do Senhor de todas ascoisas eAmigo de todas as criaturas, e deixarmos para trs, completamente, nossos limites e medidasmentais. Emum dado momento, devemos mergulhar, sem hesitao, reserva ou medo ou escrpulo dentro dooceanodo livre, do infinito, do Absoluto. Depois da Lei, a Liberdade, depois dos padres do pessoal, dogeral, douniversal, existe ainda algo maior, a plasticidade impessoal, a liberdade divina, a foratranscendente e oimpulso superno. Depois do caminho estreito da ascenso, o vasto planalto do pice.H trs estgios da ascenso - no fundo, a vida corprea escravizada presso da necessidade edodesejo; no meio, a regra do mental, do emocional mais elevado e do psquico, que procura maioresinteresses, aspiraes, experincias e idias, e no cume, primeiro um psquico e um estadoespiritual mais

    profundos e depois a conscincia supramental eterna, na qual toda nossa aspirao e buscasdescobremseu prprio significado ntimo. Na vida corprea, primeiro o desejo e a necessidade, depois o bemrealizveldo indivduo e da sociedade so o motivo imperante, a fora dominante. Na vida mental, so asidias e asregras ideais, idias que so meia-luzes usando a vestimenta da Verdade, idias formadas pelamentecomo um resultado de uma crescente intuio e experincia, embora ainda imperfeitas. Sempreque a vidamental prevalece e a corprea diminui sua brutal insistncia, o homem, o ser mental, sente-seempurradopela presso da Natureza mental para moldar a vida do indivduo no sentido da idia ou do ideal, e

    no fim,mesmo a vida mais complexa e mais vaga da sociedade forada a se submeter a este sutilprocesso. Navida espiritual, ou quando um poder mais alto que a Mente tiver se manifestado e possudo anatureza,estas foras-motivo limitadas retrocedem, definham, tendem a desaparecer. O Eu espiritual ousupramental,o Ser Divino, a Realidade suprema e imanente, deve ser unicamente o Senhor dentro de ns edeve moldarlivremente nosso desenvolvimento final, de acordo com a mais elevada, a mais vasta, a maisintegralexpresso possvel da lei de nossa natureza. No fim, essa natureza age na Verdade perfeita e naliberdade

    espontnea, porque ela obedece apenas ao poder luminoso do Eterno. O indivduo no tem nadamais aganhar, nenhum desejo para realizar; ele tornou-se uma poro da impersonalidade oupersonalidadeuniversal do Eterno. Nenhum outro objetivo que a manifestao e jogo do Esprito na vida e amanuteno econduta do mundo em sua marcha para o objetivo final divino pode obrig-lo ao. Idias,opinies econstrues mentais no so mais suas, porque sua mente entrou em silncio, ela apenas umcanal para

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    a Luz e a Verdade do conhecimento divino. Ideais so muito estreitos para a vastido de seuesprito; ooceano do Infinito que flui atravs dele e o move para sempre.

    O Homem, Um Ser TransicionalO homem um ser transicional, no final. Porque no homem e acima, alm dele, elevam-sedegraus radiantes que conduzem divina superhumanidade. L se encontra nosso destino e a

    chaveliberadora de nossa existncia mundana aspirante, mas perturbada e limitada.Por homem queremos dizer a mente aprisionada em um corpo vivo. Mas a mente no o mais altopoder possvel de conscincia, pois a mente no est na posse da Verdade, mas apenas suainvestigadora ignorante. Alm da mente, encontra-se um poder supramental e gnstico deconscincia queest na posse eterna da Verdade. Esta supermente , ao mesmo tempo e natureza, em sua fonte,aconscincia e sabedoria dinmicas e a vontade infinita do Conhecedor e Criador divinos. Asupermente osuperhomem; uma humanidade gnstica o prximo passo evolucionrio distinto e triunfante a seralcanado pela natureza terrena.O passo entre o homem e o superhomem a prxima aquisio na evoluo da terra. inevitvel

    porque , ao mesmo tempo, a inteno do Esprito interior e a lgica do processo da Natureza.16O aparecimento de uma possibilidade humana no mundo material e animal foi o primeiro raio deluzde alguma Luz divina prxima, a primeira promessa longnqua de uma divinidade a nascer daMatria. Oaparecimento de um superhomem no mundo humano ser a realizao desta divina promessa. Daconscincia material na qual nossa mente trabalha como um escravo acorrentado, est emergindoo discode um sol secreto de Poder e Alegria e Conhecimento. A supermente ser o corpo formado destaradianteefulgncia.A superhumanidade no o homem que escalou at seu prprio znite natural, no um degrausuperior da grandeza humana de conhecimento, de poder, de inteligncia, de vontade, de carter,de gnio,de fora dinmica, de santidade, de amor, de pureza ou perfeio. A Superhumanidade algo queestalm do homem mental e seus limites; uma conscincia maior que a conscincia mais elevada,prpria danatureza humana.O homem um ser mental cuja mentalidade trabalha aqui envolvida, obscura e degradada em umcrebro fsico. Mesmo no mais elevado de sua espcie, por essa dependncia est frustrada desuapossibilidade de fora e liberdade supremas, separada mesmo de seus prprios poderes divinos,impotentepara mudar nossa vida, alm de certos limites estreitos e precrios; uma fora aprisionada ecerceada

    mais freqentemente, apenas um servidor ou fornecedor de interesses ou um abastecedor dedivertimentospara a vida e o corpo. Mas o divino superhomem ser um esprito gnstico. A supermente nele seencarregar dos instrumentos mentais e fsicos, permanecendo acima e, contudo, penetrandonossaspartes inferiores j manifestadas, transformar a mente, vida e corpo.A mente a fora mais elevada no homem. Mas a mente no homem um poder ignorante,nublado eque se debate. E mesmo quando mais luminoso, possudo apenas por uma luz plida e refletidae fraca.

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    Uma supermente livre, senhora de si, que expresse as glrias divinas, ser o instrumento centraldosuperhomem. Seus movimentos desembaraados de conhecimento autoexistentes, de poderespontneo edeleite no misturado, imprimiro a harmonia da vida dos deuses na existncia terrena.O homem em si pouco mais que algo ambicioso. Ele uma insignificncia que alcana umavastido e uma grandeza que est alm dele, um ano enamorado das alturas. Sua mente umraio escuronos esplendores da Mente universal. Sua vida uma agitada paixo ansiosa, abatida pela tristeza,esforando-se, exultando, sofrendo, ou um movimento mesquinho da Vida universal, estpido eirracionalmente inquieto. Seu corpo uma poeira elaborada e perecvel na matria universal. Esteno podeser o fim da misteriosa onda ascendente da Natureza. Existe algo alm, algo que a humanidadeser e que visto agora apenas em vislumbres partidos, atravs de fissuras, na grande parede de limitaesque negasua possibilidade e existncia. Uma alma imortal est em algum lugar dentro dele e emite algumascentelhas de sua presena; acima, um esprito eterno protege-o e sustenta a continuidade da almade suanatureza: Mas este esprito maior est impedido de descer pela cobertura dura de sua

    personalidadeconstruda; e esta alma luminosa interna est envolvida, sufocada, oprimida em densas camadas.De todos,s em alguns a alma est ativa, na maioria, dificilmente perceptiva. A alma e o esprito no homemparecemmais existir acima e por trs de sua natureza, do que ser uma parte de sua realidade externa evisvel. Elesesto mais para nascer, do que nascidos da Matria; melhor, so mais possibilidades para aconscinciahumana, do que coisas realizadas e presentes.A grandeza do homem no est no que ele , mas no que ele torna possvel. Sua glria a de serum lugar fechado e a oficina secreta de um labor vivo, nos quais a superhumanidade est sendopreparada

    por um divino Arteso. Mas ele tambm convidado a participar de uma grandeza ainda maior e isso que,levando em conta ser diferente de uma criao inferior, ele , em parte, um arteso desta divinamudana;seu consentimento consciente, sua vontade e participao consagradas so necessrias para queem seucorpo possa descer a glria que o substituir. Sua aspirao o chamado da terra ao criadorsupramental.Se a terra chama e o Supremo responde, a hora para essa imensa e gloriosa transformao podeseragora mesmo.Mas qual a vantagem a ser ganha, pela conscincia da Terra que incorporamos, por esta ascensosem precedente da mente para supermente, e qual a redeno da mudana supramental? Para

    que fimdeixaria o homem seus limites humanos seguros por esta aventura arriscada?17

    Primeiro, considere qual foi o proveito quando a Natureza passou da bruta inconscincia e inrcia,doque parecia a Matria inanimada, para o vibrante despertar de sensibilidade da ordem da planta. AVida foiganha; o ganho foi o princpio de um bulo tateante e envolvido, alcanando uma conscincia quese

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    esfora silenciosamente para crescer em direo ao sentido de vibrao, para uma preparao deanseios,uma alegria e beleza vivas. A planta alcanou a primeira forma de vida, mas no a pode possuirporqueesta primeira conscincia-vida organizada tinha sentimento e busca, mas era cega, muda, surda,acorrentada ao solo e, envolvida em seu prprio nervo e tecido, no podia escapar deles, nopodia ficarpor trs de seu eunervo, como faz a mente do animal; menos ainda podia se curvar de cima sobresimesma, para conhecer e realizar e controlar suas prprias moes, como faz a mente pensante eobservadora no homem.Esta foi uma aquisio aprisionada, porque havia ainda uma grossa opresso da primeiraInconscincia que tinha encoberto, com o bruto fenmeno da Matria e de Energia da Matria,todos ossinais do Esprito. A Natureza no podia, de modo algum, parar a, porque ela continha muito em siqueainda estava oculto, em potencial, inexpresso, desorganizado, latente; a evoluo tinhaforosamente queavanar. O animal devia substituir a planta no cume e no topo da Natureza.E o que foi ento adquirido quando a Natureza passou da obscuridade do reino vegetal para o

    sentido desperto, o desejo e a emoo e a mobilidade da vida animal? O proveito foi o sentidoliberado e asensao e o desejo e a coragem e a esperteza e o dispositivo dos objetos de desejo, a paixo, aao, atome, a batalha, a conquista, o apelo sexual, o drama, o prazer e toda a alegria e dor da criaturavivaconsciente. No apenas a vida do corpo que o animal tem em comum com a planta, mas a mente-vida queapareceu pela primeira vez na histria da terra e cresceu de forma para formas mais organizadasatalcanar, no seu melhor, o limite de sua prpria frmula.O animal alcanou uma primeira forma da mente, mas no a pde possuir porque esta primeiraconscincia-mente organizada estava escravizada a um escopo, amarrada ao completo

    funcionamento docorpo e crebro e nervos fsicos, atada para servir vida fsica e seus desejos e necessidades epaixes,limitada aos usos insistentes do mpeto vital, nsia e sentimento e ao materiais, atada suainstrumentao prpria inferior, suas combinaes espontneas de associao e memria einstinto. Elano podia se livrar delas, no podia se voltar de cima como faz a razo humana e a vontade paracontrolar,ampliar, reordenar, exceder, sublimar.A cada passo importante da ascenso da Natureza, h uma reverso de conscincia no espritoevolvente. Como quando um alpinista chega ao cume que almejava alcanar, e olha para baixocom umpoder de viso exaltado e mais vasto para tudo que estava uma vez acima ou no mesmo nvel que

    ele, masagora est abaixo de seus ps, o ser evolucionrio no apenas transcende seu eu passado, seustatusanterior ultrapassado, mas comanda de um grau mais elevado de auto-experincia e viso, agoracom umsentimento perceptivo ou uma nova viso compreensiva e realizadora num sistema de valoresmaior, tudoque havia sido sua prpria conscincia, mas que est agora abaixo dele e pertence uma criaoinferior.Este reverso o sinal de uma vitria decisiva e o selo de um progresso radical na Natureza.

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    A nova conscincia alcanada na evoluo do esprito sempre mais elevada em grau e poder,sempre mais ampla, mais rica e refinada em faculdades, mais complexa, mais orgnica edominadora que aconscincia que era uma vez a nossa prpria e que foi deixada para trs. H maior amplido eespao,alturas antes intransponveis, profundidades e intimidades inesperadas. H uma expansoluminosa que overdadeiro sinal manual do Supremo sobre o seu trabalho.Observe que cada grande passo radical para frente j tomado pela Natureza foi infinitamente maiorem suas alteraes, incalculavelmente mais amplo em suas conseqncias do que seuinsignificantepredecessor. Existe uma abertura miraculosa para uma expanso sempre mais rica e mais vasta,h umanova iluminao da criao e um enaltecimento dinmico de seus significados. No existe, nestemundo emque vivemos, nenhuma igualdade no plano horizontal, mas uma hierarquia de superioridadesapressadassempre crescentes, empurrando seus ombros gigantescos para cima em direo ao Supremo.Porque sendo o homem um ser mental, ele naturalmente imagina que a mente o grande e nicolder e ator e criador ou o agente indispensvel no universo. Mas isso um erro; mesmo em

    relao aoconhecimento, a mente no o nico instrumento, maior ou possvel, o nico aspirante edescobridor. Amente um interldio canestro entre a ao precisa e vasta do subconsciente da Natureza e aenormidadeinfalvel da ao superconsciente da Divindade.18

    No h nada que a mente possa fazer que no possa ser feito melhor na imobilidade da mente enaquietude do livre pensamento.Quando a mente fica tranqila, ento a Verdade aproveita-se da oportunidade para ser ouvida napureza do silncio.A Verdade no pode ser conseguida atravs do pensamento da Mente, mas apenas por identidade

    epela viso silenciosa. A Verdade vive na calma da Luz muda dos espaos eternos; eIa no semanifesta norudo e no palrar do debate lgico.O pensamento na mente pode, no mximo, ser a vestimenta brilhante e transparente da Verdade;no nem mesmo seu corpo. Olhe atravs da veste e no para ela e voc poder ver algumainsinuaode sua forma. Pode ser um corpo-pensamento da Verdade, mas o Pensamento e a Palavraespontneassupramentais que, completamente formados, ressaltam da Luz, no alguma imitao e miscelneamentaise difceis. O Pensamento supramental no um meio para chegar Verdade, mas um modo de aexpressar, pois a Verdade na Supramente auto-criada ou auto-existente. uma seta da Luz, noumaponte para a alcanar.Cale interiormente o pensamento e a palavra, fique imvel dentro, olhe em direo luz acima eparafora, em direo vasta conscincia csmica que est sua volta.Seja uno cada vez mais com a luminosidade e a vastido. Ento, a Verdade raiar de cima sobrevoc e derramar-se- em voc de tudo sua volta.Mas s se a mente no for menos intensa em sua pureza do que seu silncio. Por que numamente

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    impura o silncio ser logo preenchido por luzes enganadoras e vozes falsas, o eco e a sublimaode seusprprios conceitos e opinies enfatuados ou a resposta a seu orgulho secreto, vaidade, ambio,lascvia,cobia ou desejo. Os Tits e os Demnios falaro a ele mais rapidamente do que as Vozes divinas.O Silncio indispensvel, mas tambm h necessidade de amplido. Se a mente no estiversilenciosa, ela no pode receber as luzes e vozes da Verdade superna ou as recebe misturadas ssuasprprias lnguas trmulas e ao balbucio pretensioso e cego. Ativa, arrogante, barulhenta, eladistorce edesfigura o que recebe. Se no for vasta, no pode abrigar o poder efetivo e a fora criativa daVerdade.Alguma luz pode adejar l, mas torna-se estreita, confinada e estril: a Fora que desce ficaaprisionada efrustrada e se retira outra vez deste plano rebelde e estranho para suas vastas alturas. Ou mesmose algodesce e permanece uma prola no lodaal, porque nenhuma mudana acontece na natureza, ouento,se forma apenas uma fraca intensidade que aponta acanhadamente para as culminncias, maspouco pode

    guardar e difundir no mundo sua volta.A Alma e o Ser PsquicoQuando a alma ou "centelha do Fogo Divino" comea a desenvolver uma individualidade psquica,essa individualidade psquica chamada de ser psquico.A alma ou centelha existe antes do desenvolvimento de uma mente e um vital organizados. A almaalguma coisa do Divino que desce dentro da evoluo, como um Princpio divino no interior dela,para servirde suporte para a evoluo do indivduo, da Ignorncia para a Luz. Ela desenvolve no decurso daevoluoum indivduo psquico ou individualidade-alma que cresce de vida para vida, usando a mente, ovital e ocorpo evolventes como seus instrumentos. a alma que imortal, enquanto o resto se desintegra,elapassa de vida para vida, carregando sua experincia em essncia e a continuidade da evoluo doindivduo. a conscincia toda, mental, vital e fsica, tambm, que tem que se elevar para se unir a umaconscincia mais alta e uma vez realizada essa unio, a conscincia mais alta tem que descerdentro delas.O psquico est por trs de tudo isso como base de apoio.19

    Uma distino tem que ser feita entre a alma em sua essncia e o ser psquico. Por trs de cadaume de tudo est a alma que a centelha do Divino - nada poderia existir sem ela. Porm, perfeitamentepossvel existir um ser vital e fsico sem um ser psquico claramente evolvido por trs dele.

    Contudo, no sepode fazer afirmaes generalizadas de que nenhum aborgene possua uma alma ou que no hajanenhuma manifestao da alma em qualquer parte.O ser interior composto do mental interior, do vital interior, do fsico interior - porm isso no oserpsquico. O psquico o ser mais profundo e completamente distinto deles. A palavra "psquico" realmente usada em ingls para indicar alguma coisa diferente ou mais profunda que a mente, vidae corpoexternos, alguma coisa oculta ou suprafsica, porm esse um uso que traz confuso e erro e nso

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    descartamos inteiramente quando falamos ou escrevemos sobre Yoga. Em linguagem comum,podemosusar algumas vezes a palavra "psquico" no sentido popular mais livre, ou na poesia, quando noestiverpresa exatido intelectual, podemos s vezes falar da alma no sentido comum e mais exterior, ounosentido do verdadeiro psquico.O ser psquico est velado pelos movimentos superficiais e se expressa o melhor que pode atravsdesses instrumentos exteriores, que so governados mais pelas foras externas do que pelasinflunciasinternas do psquico. Porm, isso no significa que eles estejam isolados inteiramente da alma. Aalma estno corpo do mesmo modo que a mente ou o vital - porm o corpo que ela ocupa no apenasesse corpogrosseiro fsico, mas o corpo sutil tambm. Quando o revestimento grosseiro se dissolve, osrevestimentosvital e mental do corpo ainda permanecem como veculos da alma, at que eles tambm sedissolvam.A alma de uma planta ou de um animal no est inteiramente adormecida - apenas seus meios deexpresso so menos desenvolvidos do que os do ser humano. H muito na planta que psquico,

    muitoque psquico no animal. A planta evolveu apenas o fsico-vital em sua forma, assim ela no podeseexpressar; o animal tem uma mente vital e a pode expressar, mas sua conscincia limitada esuasexperincias so limitadas, de modo que a essncia psquica tem uma conscincia e umaexperinciamenos desenvolvidas do que aquelas presentes no homem, ou pelo menos, que lhe possvel.Contudo, osanimais tm uma alma que pode corresponder bem aproximadamente ao psquico no homem. claro que o "fantasma" no a alma. Ele ou o homem que aparece em seu corpo vital ou umfragmento de seu vital que foi agarrado por algum ser ou fora vital. A parte vital em ns persistenormalmente por algum tempo aps a dissoluo do corpo, e passa para o plano vital, onde

    permanece atque o revestimento vital se dissolva. Depois ele passa, se for desenvolvido mentalmente, para orevestimento mental e para algum mundo mental e, finalmente, o psquico deixa tambm o seurevestimento mental e vai para seu lugar de descanso. Se o mental for extremamentedesenvolvido, ento aparte mental em ns pode permanecer; do mesmo modo pode o vital, desde que eles sejamorganizados ereunidos volta do verdadeiro ser psquico - ento eles podem compartilhar da imortalidade dopsquico.Caso contrrio, o psquico atrai a mente e a vida para dentro de si mesmo e penetra numaquietudeinternatal.

    O Ser Psquico e o PsquicoO ser psquico a centelha do Divino envolvida aqui na existncia individual. Ela cresce e evolvenaforma do ser psquico.A nossa parte psquica algo que vem diretamente do Divino e est em contato com a Divino. Emsua origem, o ncleo prenhe de possibilidades divinas que suporta esta manifestao tripla maisinferiorda mente, vida e corpo. Este elemento divino existe em todos os seres vivos, porm permaneceescondido

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    por trs da conscincia ordinria; no a princpio desenvolvido e, mesmo quando desenvolvido,no estsempre ou freqentemente frente; e se expressa, tanto quanto a imperfeio do instrumentopermite, porseus meios e sob suas limitaes. Ele cresce na conscincia pelas experincias dirigidas a Deus,ganhandofora cada vez que h um movimento elevado em nos e, finalmente, pela acumulao destesmovimentosmais profundos e mais elevados, desenvolve uma individualidade psquica - o que chamamosusualmentede ser psquico.

    O Ser Psquico e o Eu (Esprito).20

    O psquico a alma que se desenvolve na evoluo - o esprito o Eu que no afetado pelaevoluo; ele est acima dela - apenas est encoberto pela atividade da mente, vida e do corpo. necessrio compreender claramente a diferena entre a alma evolvente (ser psquico) e o puroAtman, Eu ou Esprito. O puro Eu no nasce, no passa atravs da morte ou nascimento, independentedo nascimento ou do corpo, mente ou vida, ou desta Natureza manifestada. No est preso a estas

    coisas,no limitado nem afetado, apesar de assumi-Ias e suport-las. A alma ao contrrio, algo quedescedentro do nascimento e atravs da morte (embora ela prpria no morra, porque imortal), passade umestado para o outro, do plano da terra para outros planos e volta outra vez existncia na terra.Elacontinua com esta progresso, de vida em vida, atravs de uma evoluo que a leva at o estadohumano eevolve, por meio de tudo isso, um ser de si prpria, que chamamos de ser psquico, que suporta aevoluoe desenvolve uma conscincia mental, vital e fsica como seus instrumentos de experincia domundo e deuma auto-expresso disfarada, imperfeita, porm crescente.

    RenascimentoVoc deve evitar um erro popular comum sobre a reencarnao. A idia popular que Titus Balbusrenasce novamente como John Smith, um homem com a mesma personalidade, carter,realizaes, quetinha em sua vida anterior, com a nica diferena que usa palet e cala em vez de toga, e falaingls"cockney" em vez de latim popular. No este o caso. Qual seria a utilidade terrena de repetir amesmapersonalidade e carter um milho de vezes, do comeo do tempo at seu fim? A alma vem existnciapara experincia, crescimento, evoluo, at que possa trazer o Divino para dentro da Matria. oser

    central que se encarna, no a personalidade exterior - a personalidade apenas um molde que elecriapara suas formas de experincias naquela vida. Em um outro nascimento, criar para si uma vida ecarreiradiferentes. Supondo que Virglio nasa outra vez, ele pode seguir a poesia em uma ou duas outrasvidas,porm certamente no escrever uma poesia pica, mas antes, talvez, belos versos lricos, leves eelegantes, como quis escrever em Poma, mas no conseguiu. Noutro nascimento, provavelmente,no ser

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    nenhum poeta, porm um filsofo e um yogue procurando alcanar e expressar a verdade maisalta -porque isto tambm foi uma tendncia irrealizada de sua conscincia naquela vida. Talvez antes,ele tenhasido um guerreiro ou regente praticando feitos, como Enas ou Augusto, antes de cant-los. E,assim pordiante, - deste ou daquele modo, o ser central desenvolve um novo carter, uma novapersonalidade,cresce, desenvolve-se, passa por toda espcie de experincias terrestres.Enquanto o ser evolutivo desenvolve-se cada vez mais e torna-se rico e complexo, ele acumulasuaspersonalidades, por assim dizer. Algumas vezes elas permanecem por trs dos elementos ativos,lanandoalguma cor, algum trao, alguma capacidade aqui e ali, - ou permanecem frente, e h ento umapersonalidade mltipla, um carter de muitas facetas ou uma capacidade multilateral, que separecealgumas vezes com uma capacidade universal. Mas se uma personalidade anterior, umacapacidadeanterior trazida frente integralmente, no ser para repetir o que j foi feito, mas para projetar amesma

    capacidade em novas formas e contornos e fundi-Ia numa nova harmonia do ser, que no ser areproduo do que foi antes. Assim, voc no deve esperar ser o que o guerreiro e o poeta foram.Algo dascaractersticas exteriores poder reaparecer, mas muito mudadas e remodeladas numa novacombinao. numa nova direo que as energias sero guiadas para fazer o que no foi feito antes.Outra coisa. No a personalidade nem o carter, que so de primeira importncia norenascimento- o ser psquico que permanece por trs da evoluo da natureza e evolui com ela. Quando opsquicodeixa o corpo espalhando o mental e o vital para seu lugar de repouso, carrega consigo o magode suasexperincias, - no os acontecimentos fsicos, no os movimentos vitais, no as construes

    mentais, noas capacidades ou caracteres, mas alguma coisa essencial que colheu deles, que pode serchamada deelemento divino, pelo bem do qual o resto existiu. Isto a adio permanente, isto que ajuda acrescer emdireo ao Divino. por essa razo que, usualmente, no h memria dos acontecimentos ecircunstnciasexteriores de vidas passadas - para esta memria, deve haver um forte desenvolvimento emdireo continuidade ininterrupta da mente, do vital, at mesmo do fsico sutil; pois embora ela permaneanumaforma de semente-memria, raramente emerge. O que foi o elemento divino na magnanimidade doguerreiro, que se expressou na sua lealdade, nobreza, grande coragem, o que foi o elemento

    divino por trsda mentalidade harmoniosa e da vitalidade generosa do poeta e se expressou neles, istopermanece enuma nova harmonia de carter pode encontrar uma nova expresso, ou, se a vida estiver voltadapara oDivino, ser usado como foras para a realizao ou para o trabalho que tem de ser feito peloDivino.21

    O Objetivo do Nascimento, Renascimento e Boas e Ms Aes

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    O ser psquico na hora da morte no escolhe nem planeja a prxima formao da personalidade,elea fixa. Quando entra no mundo psquico, ele comea a assimilar a essncia de suas experincias,e atravsdessa assimilao formada a futura personalidade psquica, de acordo com a fixao j feita.Quandoesta assimilao termina, ele est pronto para um novo nascimento. Mas os seres menosdesenvolvidosno planejam a coisa totalmente por si mesmos. H seres e foras do mundo superior que fazemessetrabalho. Tambm, quando ele nasce, existe a possibilidade de que as foras do mundo fsico seatravessem no planejamento daquilo que ele queria - sua prpria instrumentao nova talvez nosejasuficientemente forte para esse propsito; porque h a interao de suas prprias energias e dasforascsmicas aqui. Pode haver frustrao, desvio, um planejamento parcial - muita coisa podeacontecer.Tudo isso no uma engrenagem rgida, um planejamento de foras complexas. Pode-seacrescentar, entretanto, que um ser psquico desenvolvido muito mais consciente nesta transioe

    planeja muito disso por si mesmo. O tempo depende tambm do desenvolvimento e de um certoritmo doser - para alguns, h praticamente um renascimento imediato, para outros demora mais, e paraoutros aindapode levar sculos. Mas aqui, novamente, desde que o ser psquico seja suficientementedesenvolvido, ele livre para escolher seu prprio ritmo e seu prprio intervalo. As teorias comuns so muitomecnicas (eesse o caso tambm dessa idia de punya e ppa e seus resultados na vida seguinte).Certamente hresultados de energias colocadas em movimento na vida anterior, mas no nesse princpio algoinfantil. Osofrimento de um bom homem nesta vida seria a prova, de acordo com a teoria ortodoxa, de que

    ele teriasido um grande vilo na vida passada. O prosperar de um homem mau seria a prova de que eleteria sidomuito bondoso na sua ltima visita terra e espalhado uma grande semeadura de virtudes e aesmeritrias, para colher esta plantao trasbordante de boa fortuna. Muito simtrico para serverdadeiro.Sendo o objetivo do nascimento o progresso atravs de experincias, quaisquer reaes quevenham deaes passadas devem ocorrer para que o ser aprenda e cresa, no como pirulitos para os bonsmeninosda classe (no passado) e castigo para os maus. A sano real para o bem e o mal no a boasorte paraum e a m sorte para o outro, mas sim que o bem nos leva em direo a uma natureza superior,

    que eventualmente elevada acima do sofrimento, e o mal nos puxa em direo a uma natureza inferior,quesempre permanece no crculo do sofrimento e do mal.

    Isto o Fim? isto o fim de tudo que fomos, tudo que fizemos ou sonhamos?Um nome no lembrado e uma forma desfeita, isto o fim?

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    Um corpo apodrecendo sob a lage de pedraOu transformado em cinzas pelo fogo,Uma mente dissolvida, perdidos seus esquecidos pensamentos, isto o fim?Nossas poucas horas que foram e no mais so,Nossas paixes outrora to elevadas,Sendo zombadas pela terra tranqila e a calma luz do sol, isto o fim?Nossos anseios de elevao humana em direo a DeusPassando para outros coraesIludidos, enquanto o mundo sorri para a morte e o inferno,22

    isto o fim?Cada est a harpa, ela jaz despedaada e muda;Est morto o invisvel tocador?Porque a rvore tombou onde o pssaro cantava,Deve o canto tambm emudecer?Aquele que na mente planejou e desejou e pensou,Trabalhou para reformar o destino da terra,Aquele que no corao amou e suspirou e esperou,

    Tambm chega ele ao fim?O imortal no mortaI o seu Nome;Aqui uma Divindade artistaEm formas mais divinas, sempre se remodela,Sem vontade de cessarAt que tudo seja feito, para o que as estrelas foram criadas,At que o corao descubra DeusE a alma se conhea. E mesmo ento No h nenhum fim.

    A Real DificuldadeA real dificuldade est sempre em ns mesmos, no nossa vota. H trs coisas necessrias parafazer o homem invencvel: Vontade, Desinteresse e F. Podemos ter uma vontade para nosemancipar,mas F suficiente pode estar faltando. Podemos ter uma f em nossa liberao final, mas avontade de usaros meios necessrios pode estar faltando. E mesmo que haja vontade e f, podemos as usar comumapego violento aos frutos de nosso trabalho ou com paixes de dio, excitamento cego ouapressadaviolncia, que podem produzir reaes prejudiciais. Por esta razo necessrio, nesse trabalho detalmagnitude, procurar refgio num Poder mais elevado que o da mente e do corpo, a fim de vencerobstculos sem precedentes. Esta a necessidade de fazer Sadhana.Deus est dentro de ns, um Poder Onipotente, Onipresente, Onisciente; ns e Ele somos de umamesma natureza e, se entrarmos em contato com Ele e colocarmo-nos em Suas mos, Elederramar emns Sua prpria Fora e descobriremos que nos, tambm, temos o nosso quinho de divindade,

    nossaporo de onipotncia, onipresena e oniscincia. O caminho longo, mas a entrega torna-o curto;a senda difcil, mas perfeita confiana torna-a fcil.A Vontade onipotente, mas deve ser vontade divina, desprendida, tranqila, sem cuidados sobreosresultados. "Se voc tivesse f, mesmo do tamanho de um gro de mostarda" disse Jesus, "vocdiriaquela montanha: Venha e ela viria at voc." O que significava a palavra F era realmenteVontade,

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    acompanhada de perfeita Sraddha. Sraddha no raciocina, ela sabe: pois ela comanda a viso ev o queDeus quer, e ela sabe que, o que for da Vontade de Deus, acontecer. Sraddha sem ser cega, masusandoa viso espiritual, pode tornar-se onisciente.A Vontade tambm onipotente. Pode lanar-se dentro de tudo com o qual entra em contato econferir-lhe uma poro de seu poder, seus pensamentos, seus entusiasmos, temporria oupermanentemente. O pensamento de um homem solitrio pode tornar-se, pelo exerccio davontadedesinteressada e confiante, o pensamento de uma nao. A vontade de um nico heri podeimpregnar decoragem os coraes de milhares de covardes.23

    Este o Sadhana que devemos empreender. Esta a condio de nossa libertao. Temos usadouma vontade imperfeita com uma f imperfeita e um imperfeito desprendimento. No entanto, atarefa diantede nos menos difcil do que mover uma montanha.A fora que pode fazer isto existe. Mas est escondida numa cmara secreta dentro de ns e,destacmara, Deus guarda a chave.

    Vamos ach-Lo e reclam-la.O EntraveQuando tivermos passado alm dos conhecimentos, ento teremos o Conhecimento; a Razo foi oauxlio, a Razo o entrave.Quando tivermos passado alm do querer, ento teremos o Poder; o Esforo foi o auxlio, oEsforo o entrave.Quando tivermos passado alm dos prazeres, ento teremos a felicidade; o Desejo foi o auxlio, oDesejo o entrave.Quando tivermos passado alm da individualizao, ento seremos as Pessoas reais; o Ego foi oauxlio, o Ego o entrave.Quando tivermos passado alm da humanidade, ento seremos o Homem; o Animal foi o auxlio, oAnimal o entrave.Transforma tua razo em uma intuio ordenada; que tudo em ti seja luz. Este teu alvo.Transforma teu esforo em um conhecimento igual e soberano da fora da alma; que tudo em tisejafora consciente, Este teu alvo.Transforma teu prazer em um xtase igual e sem objetivo; que tudo em ti seja felicidade. Este teualvo.Transforma o indivduo dividido na personalidade universal; que tudo em ti seja divino. Este teualvo.Transforma o animal no Pastor dos rebanhos; que tudo em ti seja Krishna. Este teu alvo.

    a Existncia uma Iluso?Nossa vida no nem acidente, nem mecanismo; no o capricho de algum Acaso auto-organizado

    e amplamente espalhado, nem o resultado de uma Necessidade material cega e incalculvel.O que chamamos Acaso um jogo de possibilidades do Infinito; o que chamamos Necessidade uma verdade de coisas se evidenciando em uma seqncia de Tempo do Infinito.Nossa vida parece, de fato, nascer de uma Inconscincia csmica que, empurrada, de algummodo,em direo construo do mundo, faz o que pode ou o que deve, mas em nenhum caso temconhecimento de si prpria ou de sua ao. Contudo, existe um significado nestes trabalhos, umaintenoconsciente; nossa vida guiada pela vontade de algum Ser secreto, secreto talvez dentro de seuprprio

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    fenmeno, em direo soluo deste Mistrio csmico acondicionado, o desenrolar de umEnigmadecidido e poderoso.24

    O que vemos em ns e nossa volta um jogo de Deus, uma Lila. uma cena arranjada, umdramarepresentado por uma nica Pessoa, com suas prprias personalidades mltiplas em sua prpriaexistnciaimpessoal - um jogo, um plano desempenhado na substncia plstica e vasta de seu prprio ser-mundo.Ele joga com os poderes e foras de sua Natureza um jogo de emergncia do Eu inconsciente, deondetudo aqui se originou, atravs da conscincia mista e imperfeita, que tudo o que conseguimosalcanar,em direo a uma suprema conscincia, uma natureza divina.Isto no podemos saber agora; nossos olhos esto fixos numa manifestao exterior parcial, quevemos e chamamos de universo - apesar de mesmo agora vermos e sabermos muito pouco deleou sobreele, conhecermos talvez um pouco de seus processos, mas nada fundamental, nada de suarealidade, - e

    uma manifestao interior parcial que no vemos, mas experimentamos e sentimos e chamamosde nsmesmos. Nossa mente est confinada numa ranhura entre dois fragmentos e tende a consider-lacomo ototal das coisas e a nica existncia tangvel e real. assim que o sapo se considera e a seu poo. Mas temos que crescer alm desta conscincia desapo e exceder os limites deste poo. No fim, chegaremos a perceber que temos um ser divinomaisverdadeiro, do qual nossa mesquinha personalidade apenas uma superfcie e um produtocorrompido,uma Conscincia mais verdadeira e divina na qual devemos nos tornar auto-conscientes econscientes domundo, descartando nossa viso presente fragmentada, atada ao eu e s coisas.

    O termo de nosso destino j nos conhecido; temos que nos elevar daquilo que somos agora parauma existncia mais luminosa, do prazer e dor para uma ventura mais vasta e profunda, de nossoconhecimento e ignorncia conflitantes para uma luz de conscincia ilimitada e espontnea, denossa forae fraqueza desajeitadas para um Poder seguro e todo compreensivo, da diviso e do ego para auniversalidade e unidade. H uma evoluo e temos que a completar; uma animalidade humana ouumahumanidade animal no bastante. Devemos passar da figura inadequada da humanidade parauma figurada Divindade, da mente para a supermente, da conscincia do finito para a conscincia do Infinito,daNatureza para a Supernatureza.

    A Presso do Esprito EscondidoO mundo um grande jogo de esconde-esconde, no qual o real se esconde por trs do aparente, oesprito por trs da matria. O aparente mascara-se como real, o real visto vagamente como sefosse umasombra sem substncia. A grandeza do universo visvel e de suas leis escraviza a imaginao dohomem."Isso uma mquina poderosa", exclamamos, mas ela se move por sua prpria fora e nonecessita deguia ou produtor, porque sua moo eterna". Cegos por uma meia-verdade, falhamos em verque, em vez

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    de uma mquina sem produtor, h realmente apenas uma existncia e nenhuma mquina. Oshindus tmmuitas imagens pelas quais procuram transmitir seu conhecimento da relao entre Deus e omundo,mas a idia da mquina no muito espalhada entre eles. uma aranha e sua teia, o fogo commuitas fascas, um lago de gua salgada no qual cada partcula est saturada de sal. O mundo um sonhodesperto, uma viso corporificada, uma massa de conhecimento organizada em aparnciascorpreasexpressando vrias idias, cada uma sendo apenas uma parte da nica verdade imutvel. Tudo colocadopara fora em estado latente, nada produz existncia. Apenas aquilo que era, pode ser, no aquiloque noera. E aquilo que , no perece, pode somente se perder. Tudo eterno no eterno Esprito.O que era antigamente? O Esprito. O que sozinho? O Esprito. O que ser para sempre? OEsprito. Tudo que existe no Espao e no Tempo Ele; e o que quer que exista alm do Espao edoTempo, isso tambm Ele. Por que deveramos pensar assim? Por causa da unidade eterna einvarivelque d permanncia s variabilidades dos muitos. A soma da Matria nunca muda por acrscimo

    oudiminuio, embora suas partes componentes estejam continuamente se deslocando, e assimtambmacontece com a soma da energia no mundo, assim tambm com o Esprito. Matria apenas amesmacoisa que Esprito, manifestando a moo que chamamos de energia. Esprito Fora, Esprito Existncia, - matria e energia so unicamente moes no Esprito. Fora e Existncia reunidosemVentura, saccidnanda, isto , a eterna realidade das coisas. Mas essa Fora no moo, Conhecimento ou Idia. Conhecimento a fonte da moo, no a moo do Conhecimento. OEspritoportanto tudo. nico. Idia ou Fora, Existncia, V