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19-01-2016
Revista de Imprensa19-01-2016
1. (PT) - Jornal de Notícias, 19/01/2016, Governo repõe incentivos a bombeiros 1
2. (PT) - Correio da Manhã, 19/01/2016, Alerta para vigiar tosse convulsa 3
3. (PT) - Correio da Manhã, 19/01/2016, Mantêm orçamento 4
4. (PT) - Correio do Minho, 19/01/2016, Alojamento gratuito para médicos em Rio Caldo 5
5. (PT) - Destak, 19/01/2016, Portugal tem poucas camas e poucos apoios nos paliativos 7
6. (PT) - Público, 19/01/2016, Portugueses são dos que mais pagam do seu bolso por cuidados continuados 9
7. (PT) - Diário de Notícias, 19/01/2016, Combate às drogas. Antídoto para a overdose tem de chegar a maispaíses
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8. (PT) - i, 19/01/2016, Único doente curado do VIH vem a Lisboa 11
9. (PT) - Destak, 19/01/2016, Alerta para salvar mais bebés 12
10. (PT) - Destak, 19/01/2016, Carteira Profissional vai facilitar trabalho na UE 14
11. (PT) - Público, 19/01/2016, Esgotados e pouco realizados: mais trabalhadores com sintomas de burnout 16
12. (PT) - Negócios, 19/01/2016, Líder do "cluster" da saúde admite que caso Bial afecta reputação do sector- entrevista a Joaquim Cunha
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13. (PT) - Diário de Notícias, 19/01/2016, Bial é que devia dar o alerta, diz laboratório francês 21
14. (PT) - Público, 19/01/2016, Ensaios da Bial continuam apesar de morte em França 22
15. (PT) - Público, 19/01/2016, Português criou um Google Maps para o cérebro 24
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Tiragem: 74126
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
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Voluntários terão apoio para equipamentos de proteção e meios operacionais
Voluntários Secretário de Estado anunciou que, além da reposição de benefícios,
vão ser criados novos. Isenção de taxas moderadoras pode ser hoje anunciada
Governo vai repor incentivos retirados aos bombeiros Joaquim Gomes sociedade@in pt
► O secretário de Estado da Admi-nistração Interna. Jorge Gomes, anunciou que vai ser reforçado "o voluntariado entre os bombeiros, repondo alguns incentivos que lhes foram retirados, e criando outros que sejam um estimulo e o reco-nhecimento da sua atividade". Jor-ge Gomes não quis adiantar quais os incentivos e benefícios a repor e a criar, até por estar agendada para hoje, em Lisboa, uma reunião com a Liga dos Bombeiros Portugueses, mas o IN sabe que, em cima da mesa, está o eventual regresso da isenção das taxas moderadoras do Serviço Nacional de Saúde, tanto nos hospitais como nos centros de saúde.
A contagem do tempo de servi-ço como bombeiros para efeitos de reforma. podendo voltar aos 25% e não os atuais 15%, é outra das hipó-teses. Mas Jorge Gomes não adian-tou quais serão as•primeiras medi-das. "Não quero concretizar, para já. nenhum desses incentivos. porque carecem de algum estudo e de al-gum cuidado, para não nos precipi-tarmos, nem criar falsas expectati-vas', diz. No entanto, adianta que "é ponto assente" que será reforçado "o voluntariado com esse tipo de medidas que apoiem e criem con-dições para que os bombeiros vo-luntários se vejam reconhecidos por toda a sociedade que servem".
Por outro lado, haverá a aposta -na formação continua dos bom-beiros, porque os incêndios são
uma tarefa ínfima a que são chama-dos a atuar, havendo ações como a sinistralidade rodoviária e as inun-dações', esclareceu Jorge Gomes. que falou ao IN durante a sua pri-meira visita, desde que tomou pose, a uma corporação de bombeiros, a dos Voluntários de Vila Verde.
'Os bombeiros são a primeira linha e a principal força da prote-ção civil, a nossa maior arma para o socorro e a assistência", desta-cou Jorge Gomes, explicando que o objetivo é "a dignificação da pró-pria imagem dos bombeiros, que
Contagem do tempo de bombeiro para reforma pode mudar
passará pela formação continua". O governante salientou que os
equipamentos de proteção indivi-dual serão 'um principio básico na atuação dos bombeiros' e que há disponibilidade para apoiar tam-bém na "aquisição de meios opera-cionais e na reformulação das ins-talações".
O Governo apoiará, se for esse o propósito de algumas corporações de bombeiros, agrupamentos ope-racionais entre os seus elementos, o que 'criaria dimensão e sinergias, bem como mais recursos e mais poupanças, em que todos sairiam a ganhar".
Jorge Gomes anunciou, ainda, que já reuniu com o seu colega dos Assuntos Fiscais, para tentar isen-tar de imposto de circulação as via-turas que fazem transporte de doentes. •
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Tiragem: 74126
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
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Tiragem: 142529
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Âmbito: Informação Geral
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114 CASOS
Vacinação previne doença
Alerta para vigiar tosse convulsa e Os 114 casos de tosse con-vulsa, confirmados labora-torialmente entre 2010 e 2014, levaram o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricar-do Jorge a alertar para a ne-cessidade de "monitorização constante" da doença, con-siderando que continua "um problema de saúde pública". A tendência crescente de
casos, refere o relatório, "foi igualmente observada atra-vés do sistema de Doenças de Declaração Obrigatória da Direção-Geral da Saúde".
Em Portugal, 108 dos 114 casos foram registados em bebés até 6 meses, quatro entre 1 e 2 anos e dois acima dos 13 anos. A tosse convulsa é uma das principais causas de morte no mundo, no âm-bito das doenças evitáveis pela vacinação. *AR
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Tiragem: 142529
País: Portugal
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Âmbito: Informação Geral
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HOSPITAIS MANTÉM ORÇASIENTO O orçamento para os hospi-tais deverá manter-se igual ao do ano passado. A propos-ta foi enviada aos administra-dores hospitalares. Ministro Adalberto Campos Feman-des não comentou a notícia.
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Tiragem: 12000
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Âmbito: Regional
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TERRAS DE BOURO| Redacção/Lusa |
Os médicos da extensão de saú-de de Rio Caldo, em Terras deBouro, dispõem de alojamentogratuito na freguesia, uma medi-da que visa contrariar as “enor-mes dificuldades” em encontrarinteressados em trabalhar empleno Parque Nacional da Pene-da-Gerês.
O presidente da Junta de RioCaldo, Serafim Alves, disse on-tem que, para já, o alojamentopara os médicos está disponívelnas instalações de que a Irman-dade de S. Bento da Porta Aber-ta dispõe, junto à basílica.
“Temos um médico do Portoque vem cá quatro vezes por se-mana e que já está a utilizar es-sas instalações”, acrescentou.
Sublinhou que, de outra forma,o médico teria de fazer, todos osdias, “uns 200 quilómetros” decarro, muitos deles por estradasde montanha, o que “é tudo me-nos apetecível” e acaba por setornar “extremamente desgas-tante”.
“É claro que ou se criam fortesincentivos ou os médicos optampor outros destinos, que fiquemmais perto e tenham melhoresacessos”, admitiu.
Foi nesse sentido que a Juntade Rio Caldo concertou com aIrmandade de S. Bento da PortaAberta uma solução “provisó-ria” para alojamento gratuito dosmédicos.
Entretanto, a Junta está a estu-
dar uma solução definitiva dealojamento, no rés-do-chão doposto médico da freguesia, queem breve deverá ficar devoluto.
Ali será criado um “apartamen-to” que os médicos poderão uti-lizar sempre que optarem porpernoitar na freguesia.
“Pode ser que funcione, masnão podemos desistir de criar ascondições necessárias para que apopulação da freguesia tenha as-sistência médica de qualidade eem tempo útil”, disse ainda Se-rafim Alves.
A extensão de saúde de RioCaldo tem 3.200 utentes inscri-tos, contando com uma médica“do quadro” e, desde há menosde um mês, com um outro médi-co que ali vai quatro dias por se-mana, em regime de prestaçãode serviços.
“Em finais de 2015, o médicoque cá tínhamos pediu paratransferência e foi para os Aço-res. A atual médica também jápediu transferência mas aindanão lhe foi concedida. Temos dearranjar maneira de os ‘prender’aqui”, rematou Serafim Alves.
DR
Freguesia do Gerês, em Rio Caldo, disponibiliza aos médicos alojamento gratuito para conseguir atendimento às populações
Freguesia no Gerês dá alojamento gratuito amédicos que lá trabalhamA FREGUESIA DO GERÊS disponibiliza aos médicos alojamento gratuitopara trabalharem lá no atendimento às populações.
“Pode ser que funcione,mas não podemos desistirde criar as condiçõesnecessárias para que apopulação da freguesiatenha assistência médica dequalidade e em tempo útil”.“Temos um médico do Portoque vem cá quatro vezespor semana e que já está autilizar essas instalaçõesdiponibilizadas”.
Serafim Alves,presidente da Junta
de Freguesia de Rio Caldo
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Tiragem: 12000
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Âmbito: Regional
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Corte: 2 de 2ID: 62739042 19-01-2016TERRAS DE BOURO
ALOJAMENTO GRATUITOPARA MÉDICOS EM RIO CALDO Pág. 12
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Tiragem: 70083
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
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Corte: 1 de 2ID: 62736703 19-01-2016
Um País quasesem paliativosEstudo nacional confirmaque há poucas camas, hápoucos apoios e muitossem formação a prestareste tipo de cuidados.
Portugaltemamaiortaxadecui-dados continuados e paliativos
prestadosporpessoassempreparaçãonem qualificação, e uma das mais bai-xas taxas de cobertura de cuidadosprestadosporprofissionaisnaEuropa,revelaumestudodaEntidadeRegula-doradaSaúde (ERS).
Mashámais.Omesmorelatóriocon-firmaqueadespesapúblicaempercen-tagemdoPIBrelativaaoscuidadoscon-tinuadosemPortugalencontra-seabai-xo da média dos países europeus, em-boratenham vindo acrescer. Isso nãoimpede, no entanto, que na Organiza-çãodeCooperaçãoeDesenvolvimentoEconómico,Portugalsejaopaíscomamaiorparceladegastossuportadosdi-retamente pelos utentes (45%).
REDAÇÃ[email protected]
De acordo com aERS, mais de 90%dapopulação tem baixo acesso às uni-dades de internamento da rede nacio-nal de cuidados continuados integra-dos.Quantoaonúmerodecamasparasatisfazerasnecessidadesdecuidadoscontinuados e paliativos, este deveriaser de 14.640, mas nem metade destametafoiatingida.
Número de camas deveria ser de16.640, mas não chega a metade
CARLOS BARROSO/CM
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Tiragem: 70083
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 1
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Corte: 2 de 2ID: 62736703 19-01-2016
Portugal tempoucas camase poucos apoiosnos paliativos
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Tiragem: 32431
País: Portugal
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Âmbito: Informação Geral
Pág: 13
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Corte: 1 de 1ID: 62737154 19-01-2016
Portugal tem a maior taxa de cuida-
dos continuados e paliativos presta-
dos por pessoas sem preparação nem
qualifi cação para tal — normalmente
familiares ou amigos que tratam das
pessoas em situação de dependência
sem remuneração — e uma das mais
baixas taxas de cobertura de cuida-
dos a cargo de profi ssionais, em toda
a Europa, revela um estudo elabo-
rado pela Entidade Reguladora da
Saúde (ERS). Intitulado Acesso, Qua-
lidade e Concorrência nos Cuidados
Continuados e Paliativos, o estudo
indica ainda que Portugal é, num
conjunto de países da OCDE, aque-
le cujos cidadãos mais pagam do seu
bolso este tipo de cuidados.
Outro indicador que deixa Portu-
gal mal posicionado prende-se com a
cobertura de cuidados não domicili-
ários. “Portugal tem a maior taxa de
cuidados domiciliários informais da
Europa, a menor taxa de prestação
de cuidados não domiciliários e uma
das menores taxas de cobertura de
cuidados formais, principalmente
em função da escassez de trabalha-
dores formais, que, segundo o In-
ternational Labour Offi ce, confi gura
uma limitação ao acesso a cuidados
continuados de qualidade”, conclui
a ERS.
Os cuidados informais são pres-
tados por alguém que reside com o
doente em situação de dependência,
normalmente um familiar ou uma
pessoa amiga, que faz esse trabalho
por altruísmo, sem remuneração.
Por outro lado, “tendo em consi-
deração um conjunto de países da
OCDE [Organização de Cooperação
e Desenvolvimento Económico],
Portugal é o país com a maior par-
cela de fi nanciamento out-of-pocket
[gastos suportados directamente pe-
los utentes nos casos em que nem o
serviço público nem o seguro priva-
do cobrem a totalidade] de cuidados
continuados (45%), sendo certo que
a maior parte do fi nanciamento total
resulta de contribuições da Seguran-
ça Social (51%)”.
Apesar de as estruturas de siste-
mas de cobertura universal de cui-
dados continuados terem começado
a ser promovidas em alguns países
europeus desde os anos 1940, em
Portugueses são dos que mais pagam do seu bolso por cuidados continuados
meados da década de 1990 a infra-
estrutura de cuidados continuados
em Portugal ainda era escassa, com
a maior parte dos cuidados a serem
domiciliários e informais, prestados
por um residente na mesma habita-
ção, sublinha a ERS.
O estudo revela também que a des-
pesa pública em percentagem do PIB
relativa aos cuidados continuados
em Portugal está abaixo da média
dos países europeus. No entanto, as
despesas públicas nesses cuidados
têm vindo a crescer a uma taxa supe-
rior à das despesas públicas totais em
saúde, acrescenta o regulador.
Das projecções realizadas acerca
da evolução da população idosa,
perspectiva-se que a procura por
cuidados continuados e paliativos
aumente nos próximos anos em
todos os países europeus, mas es-
pecialmente em Portugal, porque
a população idosa deverá crescer a
uma taxa mais elevada do que a do
total da União Europeia, devendo a
proporção de idosos chegar perto de
25%, até 2025, em Portugal.
O estudo permite ainda perceber
que mais de 90% da população por-
tuguesa tem um acesso reduzido às
unidades de internamento da rede
nacional de cuidados continuados
e as situações mais graves estão no
Norte e na Grande Lisboa. O número
de camas para satisfazer as necessi-
dades de cuidados continuados e pa-
liativos deveria ser de 14.640, mas
nem metade desta meta foi atingida,
sendo o caso dos cuidados de conva-
lescença o mais gritante, com 95%
dos portugueses a terem difi culdade
de acesso.
A investigação identifi cou “um
acesso baixo”, de 93% da população,
a todas as unidades de internamento
da rede. São consideradas as unida-
des de cuidados paliativos, de baixo
acesso para 81% dos portugueses,
as de convalescença, praticamente
inacessíveis para 95%, além das de
média duração e de longa duração.
Ainda assim, a ERS destaca que, em
2015, se verifi cou um aumento de
19% no número de unidades de in-
ternamento, por comparação com
2013. Nessa altura, o regulador iden-
tifi cou maior insufi ciência nos cuida-
dos paliativos. PÚBLICO/Lusa
Relatório
Cuidados continuados e paliativos ficam a cargo sobretudo de familiares e amigos, que fazem esse trabalho por altruísmo
Envelhecimento da população, sobretudo em Portugal, reforça importância dos cuidados continuados
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Tiragem: 26084
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 21
Cores: Preto e Branco
Área: 25,50 x 30,00 cm²
Corte: 1 de 1ID: 62736945 19-01-2016
Número de mortes está a aumentar entre jovens brancos americanos
Adrenalina salva Uma Thurman em Pulp Fiction CINEMA A viotóncia é o mote para o popular filma de droga acaba por se cruzar na narrativa. Numa das Quentin Tarantino, Pulp Ration, dele«. Retratando cenas, Mia (Uma Thurman) contunde heroína com co-as histórias de dois assassinos profissionais, o chefe caína e decide Inalá-la, tendo urna overdose. Vincará gcmgster, um pugilista pago para perder um comba- (Joim Tramita) e Lance (Eric Stoltz) acabam por sabá-ta a um casal assaltado num restaurante, o mundo da -Ia injetando-lhe adrenalina no coração.
Combate às drogas. Antídoto para a overdose tem de chegar a mais países Relatório. Substância tem sido usada apenas em experiências-piloto, mas observatório europeu da toxicodependência defende uso alargado
EUA Análise feita pelo jornal NewYork Times mostra cres-cimento das taxas de morta-lidade. Pobreza pode ser uma das causas
O número de mortes de jovens brancos norte-americanos provo-
1
cadas por overdoses está a aumen- tar. No sentido contrário, ataxa de mortalidade para jovens negros está a cair, indica uma análise feita pelo jornal NewYork Times a mais de 60 milhões de certidões de óbi-to registadas entre 1990 e 2014, nos EUA. Os dados mostram que esta geração de jovens adultos brancos entre os 24 e os 34 anos é a primei-ra desde a guerra do Vietname a ter taxas de mortalidade mais elevadas do que a geração anterior.
Entre 2009 e 2014, as taxas de mortalidade cresceram sempre, na população branca mais jovem. Com o crescimento aser bem mais acentuado - 23% - entre os menos qualificados do que entre os que têm ensino superior (onde a subi-da foi de 4%).
Os números referem-se a over-doses provocadas por drogas legais (medicamentos) e ilegais. Em 2014, a taxa de mortes entre os 25 e os 34 anos cresceu cinco vezes em relação a 1999, e triplicou entre os 35 e os 44
anos. Isto é surpreendente", disse, ao NewYork Times, Wilson Comp-ton, vice-diretordo Instituto Nacio-nal de Abusos de Drogas. "São au-mentos tremendos."
O aumento de suicídios e de overdoses por consumo de drogas parecem ter anulado os avanços da medicina para a maioria dos grupos etários entre a população branca. Com estas mortes a aproximarem--se das provocadas por doenças crónicas como doença cardíaca, sublinhou o epidenliologista lan Rockett. E não é só entre a geração mais jovem de caucasianos que a mortalidade está aumentar. O fenó-meno é transversal até aos 65 anos, e especialmente entre as mulheres.
As causas para este fenómeno são variadas. Do lado dos suicídios com drogas legais, as diferenças es-tão ligadas à menor prescrição de analgésicos à população negra por receio de que se tomem viciados ou os vendam. "Um preconceito que está a proteger estes pacientes", apontaAndrewKolodny, perito em abuso de drogas. O aumento do consumo de drogas na população branca parece dever-se à pobreza e exclusão social que afetam os me-nos qualificados. "Há pessoas cujas vidas são tão duras, que elas que-bram", resume Eileen Crimmins, professora de gerontologia.
ANABELA FERREIRA
Darás populações de risco um an-tídoto que pode salvar vidas em caso de overdose por drogas como a heroína é uma medida defendida pelo Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (EMCDDA). Desta forma, preten-de-se evitar 6 a 8 mil mortes por ano na Europa. O antídoto cha-ma-se naloxona e já é distribuído em alguns países, mas apenas em experiências-piloto. Em Portugal, onde anualmente morrem 14 pes-soas por overdose, apenas as equi-pas de emergência médica têm acesso a esta substância.
No relatório Prevençclodemortes por overdose de opiáceos com nalo-xona para utilização no domicilio, o Observatório Europeu analisa a necessidade de haver maior dispo-nibilidade desta droga junto das populações de risco, bem como as vantagens de treinar essa popula-ção para administrar o medica-mento. Outro problema que tem impedido a maior disponibilidade desta droga "é a validade das am-polas, que é bastante curta", acres-centa João Goulão, presidente do
Serviço de Intervenção nos Com-portamentos Aditivos e nas De-pendências (SICAD).
Até agora, a Europa tem aposta-do numa distribuição da naloxona a nível experimental em algumas cidades da Dinamarca. Alemanha, Estónia, Irlanda, Itália, Inglaterra e Noruega e a nível regional em Es-panha (Catalunha) e no Reino Unido (Es- cócia e País de Gales). O antídoto, que rever-te a paragem respira-tória, é administrado a quem sofre uma overdose por pessoas que assistem ao epi-sódio (familiares ou outros consumidores de droga), sem necessidade de aguardar pelas equipas de socorro.
Um dos entraves ao alargamen-to desta resposta de emergência é precisamente a capacidade que as testemunhas de overdose têm para administrar a naloxona, uma vez que esta apenas está disponível na versão injetável. Porém, vai come-çar a ser testada nos EUA uma ver:. são inalávelque promete facilitar a administração e melhorar a segu-rança de todos os envolvidos.
Ainda assim, o Observatório chama a atenção para a necessida-de de retirar os entraves legais que podem impedir esta ajuda. No-meadamente a despenalização cri-minal para os consumidores que ajudem uma vítima de overdose. "Cada vida perdida por dia na Eu-ropa devido a uma overdose de
opiáceos vale todas os esforços para melho-rar a prevenção e a resposta", defende o diretor do EMCDDA Alexis Goosdeel, lem-brando que "capaci-tar quem assiste para responder com uma intervenção que salva
vidas é um passo importante para diversificar e equilibrar a resposta europeia às drogas". O Observató-rio sublinha ainda a necessidade de alargara sua distribuição, já que atualmente chega a menos de um terço dos 28 Estados membros.
Em Portugal, João Goulão refere que o problema não é dramático, mas admite a possibilidade de tor-nar a naloxona acessível à popula-ção de risco, uma vez que "se há uma solução para salvar vidas é sempre positivo urilizá-la".
Em Portugal, morrem, por ano,
14 pessoas por overdose
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Tiragem: 16000
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 13
Cores: Cor
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Corte: 1 de 1ID: 62737451 19-01-2016
Único doente curado do VIH vem a Lisboa
LISBOA O único doente curado da infeção por VIII foi convida-do a participar nas Jornadas de Atualização em Doenças Infe-ciosas. Timothy Ray Brow foi o único doente curado da infe-ção por VIH e estará presente na 10.8 edição das Jornadas de Atualização em Doenças Infe-ciosas do Hospital Curry Cabral, nos próximos dias 28 e 29 de janeiro.
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Tiragem: 70083
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 6
Cores: Cor
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Corte: 1 de 2ID: 62736713 19-01-2016
SAÚDE
Mortes que sepodem evitar
Têm sido muitos os avanços nesta matéria, mas não os suficientes
NOGWATER
Porcadamilpartosrealizados,porcá,em2014,3,7bebésnas-
ceram sem vida ou morreram naprimeirasemana.Foiassimhádoisanos,masnãoeraassimhá26,quan-do,noPaís,ataxaerade12,4.Ouan-tes ainda, em 1975 – os númerosapontampara31,8.Osdadosnãodei-xam dúvidas que muito mudou. Eparamelhor.Massegundoosespe-cialistasdabritânicaLondonSchoolofHygiene&TropicalMedicine,pu-blicadosnarevistaTheLancet,hou-veumaquebraglobalnestaredução,um problema que não é exclusivodos países menos desenvolvidos.
Em 2015, cercade 2,6 milhões debebés nasceram sem vida em todoomundo,qualquercoisacomo7.200pordia.Destes,ocorridosnoúltimotrimestredegravidezouapós28se-manasdegestação,metadetiveramlugar no parto. E embora 98% dassituaçõessejamlocalizadasnospaí-ses com menores rendimentos, asnações mais ricas não escapam.
CARLA MARINA [email protected]
Mortalidade perinatalnão está a diminuir aoritmo que devia, alertaestudo. É já problemade saúde pública.
Entre 2000 e 2015, revela o estu-doaqueoDestakteveacesso,amé-dia global de nados-mortos caiu de24,7 por mil nascimentos para18,4,oqueequivaleaumareduçãode2%.Apesardoprogresso,«estareduçãotem sido mais lenta do que paraamortalidadematerna(3%),neona-tal (3,1%) e de crianças menores decincoanos(4,5%)»,lê-senotrabalho.
Mas há outras novidades. Dadosde18paísessugeremqueosproble-mascongénitoscorrespondemape-nasaumamedianade7,4%dospar-tosdebebésemvida,oquedeitaporterraomitodequeestasmortessãoinevitáveis. Muitos dos problemasque a ela são associados, revela oestudo, podemser modificados.
Problema de saúde públicaOs investigadores não têm dúvidasque este tipo de mortalidade «é umimportante problema de saúde pú-blicanospaísescommaioresrendi-mentos», até porque «as reduçõesnestastaxasnãotêmacompanhadoasdamortalidadeneonatal».EPor-tugalédissoexemplo.Osdadosdis-poníveispara2014dãocontadeumataxademortalidadeperinatalde3,7por cadamil nascimentos, enquan-to a neonatal não vai além dos 2,1.Por isso, reforçam os especialistas,há forma de as baixar ainda mais.E muito trabalho afazer.
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Tiragem: 70083
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
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Corte: 2 de 2ID: 62736713 19-01-2016
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Alertapara salvarmais bebésTaxa global demortalidade à nascença
continua alta, revela estudo. Especialistasfalam emproblema de saúde pública.
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Tiragem: 70083
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
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Área: 16,14 x 17,18 cm²
Corte: 1 de 2ID: 62736682 19-01-2016
É mais fáciltrabalhar na UE
Não é um cartão de plástico nemocupaespaçonacarteira,maspro-
mete facilitar a vida aos enfermeirosresponsáveis por cuidados gerais, far-macêuticos,fisioterapeutas,guiasmon-tanhistasemediadoresimobiliáriosquequeiram exercer a sua profissão nou-tros países da União Europeia (UE).É que apartirde agoraestádisponívelaCarteiraProfissionalEuropeia(EPC),cortesia de um mercado que quer sercadavez mais único.
Trata-se de um certificado eletróni-co que reconhece as qualificações des-tesprofissionaisnoutrospaíses,tornan-do mais fácil a vida de quem queira irtrabalharparafora,sejadeformatem-porária ou permanente. Ao mesmotempo, salvaguarda os abusos, já queum mecanismo de alerta garante queos pacientes e os consumidores daUEsão protegidos adequadamente.
Para já, são apenas estas as profis-sõesquepodembeneficiardaCarteira.
CARLA MARINA [email protected]
Carteira ProfissionalEuropeia reconheceas qualificações dosprofissionais de váriasáreas sem burocracia.
MasaComissãoEuropeiagaranteque,em breve, a lista será ampliada, tendoemcontaosresultadosdestaprimeiraexperiência.
No entanto, sejam eles quais forem,a introdução da EPC e do mecanismode alerta são já um dos maiores feitosno que diz respeito àmodernização daDiretivadasQualificaçõesProfissionais,eliminando obstáculos aos princípiossubjacentes ao Mercado Único.
MAIOR RAPIDEZ
OS PRAZOS, no que respeitaao processamento daCarteira Profissional Euro-peia, variam consoante setrate de uma deslocaçãotemporária ou definitiva.No entanto, a promessa éque, depois de submetidostodos os documentos e deavaliadas as qualificações,a Carteira seja emitidano prazomáximo de trêsmeses, o que tornamaisrápido o processo.
NUNO ANDRÉ FERREIRA/CM
Página 14
Tiragem: 70083
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 1
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Corte: 2 de 2ID: 62736682 19-01-2016
ATUALIDADE • 05
CarteiraProfissionalvai facilitartrabalho na UE
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Tiragem: 32431
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 15
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Corte: 1 de 2ID: 62737215 19-01-2016
MIGUEL MADEIRA
Mais de 87% dos inquiridos não se sentem recompensados
Sentir pouca realização pessoal no
que se faz e um “cansaço extremo”.
Experimentar um “aumento do ci-
nismo” na relação com os colegas,
uma espécie de desligamento “afec-
tivo-emocional em relação às tarefas
e ao trabalho”. Acumular stress há
muito tempo. Tudo isto caracteriza
o burnout — expressão usada pelos
especialistas para falar de “esgota-
mento”. E o número de trabalha-
dores que apresentam sintomas de
“esgotamento”, tal como ele aqui é
defi nido, subiu em 2014/2015 para
17,3%, segundo um estudo.
Mas são muito mais os que estão
em risco. Quase metade de quase
5000 trabalhadores inquiridos (48%)
“estão submetidos a situações com
elevado potencial de desenvolver
burnout”, diz João Paulo Pereira,
presidente da direcção da Associa-
ção Portuguesa de Psicologia da Saú-
de Ocupacional.
Em 2014, o coordenador do Baró-
metro de Riscos Psicossociais, “que
Esgotados e pouco realizados: mais trabalhadores com sintomas de burnout
Cerca de 45% das entrevistas fo-
ram feitas na rua e 55% em insti-
tuições que foram contactadas ou
que solicitaram a avaliação, explica
o também consultor da Mastering
Jobs & People, grupo “especializado
em Comportamento Humano e Or-
ganizacional”, detentor dos direitos
do barómetro.
Os resultados “mostram uma evo-
lução negativa na exposição aos fac-
tores de risco” — factores estes que
vão da percepção do reconhecimen-
to fi nanceiro e social pelo trabalho,
à sobrecarga de tarefas, para dar
dois exemplos. Alguns dados: há
mais situações de stress. Em 2013,
eram relatadas por 62% dos inquiri-
dos. “Neste momento temos 86,1%”,
continua.
O sentimento de não reconheci-
mento também ganhou espaço. Em
2013, aproximadamente 73% dos in-
quiridos não se sentiam recompen-
sados, “agora estamos nos 87,41%”.
Esta área, do reconhecimento fi -
nanceiro e social que se recebe pela
contribuição que se tem no trabalho,
“comporta a remuneração propria-
mente dita, os prémios de produti-
vidade, o reconhecimento de perfor-
mance por parte das chefi as, colegas
e outros que sejam importantes na
vida do trabalhador”, explica João
Paulo Pereira. Que nota que “um sis-
tema de remuneração signifi cativo,
e que cumpra de forma integrativa
visa fazer o reconhecimento sobre
a evolução dos riscos psicológicos,
físicos e de efi ciência das organiza-
ções”, levou o seu primeiro Relatório
de Avaliação de Perfi l de Risco Psicos-
social — A Gestão de Pessoas e Organi-
zações Saudáveis a várias comissões
parlamentares. Para explicar aos
deputados que se estava a observar
uma degradação “assustadora” dos
indicadores de bem-estar no mundo
laboral.
Esse estudo, então noticiado,
baseava-se em inquéritos a 38.719
trabalhadores portugueses, feitos
entre 2008 e 2013, e mostrava, por
exemplo, que a percentagem dos
que se encontravam num estado de
burnout/esgotamento passara de 9%,
em 2008, para 15%, em 2013.
Agora, a taxa superou os 17%. Até
que ponto é grave? “A distribuição
tida como normal” seria 7% a 9% de
trabalhadores naquela situação, diz
ao PÚBLICO, por escrito, o coorde-
nador.
Stress e reconhecimentoEntre 2014 e 2015, foram inquiridas
4729 pessoas, tendo em considera-
ção três áreas: Saúde, Educação e
Serviços, com percentagens de in-
quiridos idênticas, 33,3%, para cada
área, tanto no sector público como
no privado. Menos pessoas do que
no estudo anterior, mas perguntas
idênticas.
EstudoAndreia Sanches
Inquérito a 5000 trabalhadores: há mais a relatarem stress e a sentirem que não são devidamente compensados
e abrangente o que foi enumerado,
contribui para o desempenho e pro-
porciona indicações claras de quais
são os valores da organização”.
Os autores avaliaram mais as-
pectos: qual “a capacidade do tra-
balhador de se sentir envolvido na
instituição e com as tarefas que nela
desenvolve”? Com que “energia” ca-
da colaborador se sente “para conse-
guir ter ‘disponibilidade’ e força pa-
ra o desempenho das tarefas”? Há,
aos olhos do trabalhador, justiça na
sua empresa? — “A justiça comunica
respeito para com os membros de
organização”. Partilha ele dos va-
lores da organização? — “Sendo os
valores um aspecto importante para
o sucesso organizacional e dos seus
membros, urge que se descubram as
congruências entre eles, de forma a
que o sentimento de identifi cação
das pessoas com as organizações, e
o consequente desenvolvimento de
engagement, satisfação e redução de
riscos, possam ser uma realidade.”
Apostar na prevençãoPorque piorou o bem-estar dos tra-
balhadores? Por um lado, a realida-
de sócio-económica das pessoas e
famílias portuguesas não sofreu
“melhorias consideradas por elas
como signifi cativas”, diz. Depois,
“a realidade do mercado de traba-
lho, seja no sector público, seja no
sector privado, não teve, de forma
clara, um processo que fosse visto
como algo que pudesse sustentar
uma evolução positiva no futuro”.
Para além disso, pouco foi feito ao
nível da “prevenção e minimização
destes riscos”, ao contrário do que
tinha sido recomendado no estudo
de 2014 — e o consultor faz questão
de sublinhar que, havendo “vontade
das empresas e do regulador”, uma
intervenção junto dos trabalhadores
tem resultados.
É também preciso “que a lei se
cumpra”, nota, para “assim preve-
nir a exposição dos trabalhadores
àqueles que são considerados os fac-
tores de potencial desenvolvimento
de risco”. E as organizações devem
ter planos de acção e desenvolver
“acções formativas e de interven-
ção nas áreas da Saúde Segurança
e Higiene no trabalho, na vertente
comportamental e na de desenvolvi-
mento de competências específi cas
à função”.
Para já, os dados apurados dizem
isto: 72% do total dos funcionários
públicos e 69% dos do sector privado
apresentam uma exposição elevada
aos factores de risco considerados
neste barómetro. Página 16
Tiragem: 32431
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
Pág: 48
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Número dos que apresentam sintomas de “esgotamento” subiu para 17,3% p15
Pouco realizados e esgotados: há mais trabalhadores assim
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Tiragem: 12402
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Economia, Negócios e.
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Corte: 1 de 3ID: 62736810 19-01-2016
JOAQUIM CUNHA DIRECTOR DO HEALTH CLUSTER PORTUGAL
"(,,questão reputacional para Portugal fica amplificada" O director executivo do Health Cluster Portugal, que é presidido pelo "chairman" da Bial, admite que as ondas de choque que chegam de França criem prejuízo reputacional para o sector nacional da saúde.
Correio da Manha
RUI NEVES
ruineves(
Opólo português de competitividade da saúde, que duplicou as exportações nos últi-
mos seis anos, teme agora que o sec-tor seja contaminado pelo risco re-putacional da Bial, na sequência dos problemas da maior farmacêutica nacional com os ensaios clínicos em França. Entrevista com Joaquim Cunha, director executivo do Health Cluster Portugal, organização que é presidida por Luís Portela, presiden-te da Bial.
Como vê o que está a acontecer
com os ensaios clínicos da Bial
em França?
Naturalmente com preocupa-ção, mas penso que todas as autori-dades que têm vindo a intervir no as-sunto estão a dar os sinais adequa-dos - quer o ministro português da Saúde, quer a ministra francesa da Saúde. De facto, é algo que é preocu-pante - tanto quanto sei, as entida-des de ambos os países, a empresa e o laboratório envolvidos estão a pro-curar encontrar as cansas. Mas isto não pode pôr em causa toda esta ac-tividade.
A Bial é uma espécie de porta--aviões do Health Cluster Portu-
gal, que é presidido pelo "chair-
man" da maior farmacêutica
nacional. Reconhece que o im-pacto deste acontecimento no
sector português da saúde po-
derá ser avassalador?
Eu não diria avassalador. Estas
coisas têm sempre impacto, mas penso que ainda é cedo para poder-mos tirar alguma conclusão nesse sentido. Mas todos preferiríamos
que estas coisas não tivessem acon-tecido, desde logo a empresa em questão. Penso que temos de ter aqui uma visão de contenção dos danos, se é que é possível ter.
Mas sabe-se que este tipo de si-
tuações costuma ter graves efei-
tos reputacionais...
Neste momento não consigo an-tever qual pode ser esse impacto. Es-
tou agradado com a forma como os diferentes responsáveis, quer do lado português quer do lado francês, têm vindo a reagir a este processo -com preocupação, com responsabi-lidade, com a noção de que é preciso perceber° que é que aconteceu, que
é preciso encontrar as causas. Mas sem alaridos, sem alarmes excessi-vos, e isso parece-me que é uni bom sinal. De facto, nesta área da saúde a questão reputacional é essencial - e, se calhar, para um país mais peque-no como Portugal, ainda fica ampli-ficada.
Uma das missões do Health
Cluster é promover a imagem
do sector português da saúde a
nível internacional. O que é que
pode fazer para conter os efei-
tos nefastos deste caso?
A questão da melhoria da ima-gem do sector português da saúde nos mercado externos é, de facto,
um dos principais focos do Health Cluster, mas temos de falar em abordagens integradas e globais. No caso concreto, muito pouco
pode fazer, além da solidariedade que obviamente está presente pe-rante esta situação. Mas não vejo como o Health Cluster possa aju-
"Temos de ter aqui uma visão de contenção dos danos, se é que é possível ter."
"Para um país mais pequeno como Portugal, a questão reputacional fica amplificada."
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Tiragem: 12402
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Economia, Negócios e.
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Sergio Azenha/Sábado
O trágico acidente da portuguesa Bial que correu mundo
RAPO-X
Exporta o dobro de há seis anos
A crise económica e as medidas de austeridade aplicadas em Por-tugal obrigaram as empresas na-
cionais do sector da saúde a vira-rem-se para o exterior. Resulta-
do: as exportações de produtos relacionados com a saúde deve-rão ter batido um novo máximo em 2015: mais de 1.2 mil milhões
de euros, cerca do dobro do valor registado há seis anos. De acordo com a análise do Health Cluster Portugal (HCP), a maioria dessas exportações refere-se a medica-mentos, mas também incluem dispositivos médicos ou cirúrgi-cos e produtos químico-farma-cêuticos. O HCP reúne cerca de
160 associados. incluindo institui-ções de I&D, universidades, hos-
pitais, organizações da socieda-de civil, e empresas das áreas far-macêutica, biotecnologia, tecno-logias médicas e serviços.
dar numa situação como esta.
Mas reconhece que o proble-ma reputacional poderá alar-gar-se a todo o sector portu-guês da saúde... Não sei... À primeira vista, sim.
Tendo em conta a forma como o assunto tem vindo a ser tratado, aos mais diferentes níveis, quer da parte francesa quer da portugue-sa, penso que pode haver aqui al-guma contenção, que seria obvia-mente benéfica para todo o sector português. Porque a questão repu-tacional é isto mesmo: é a imagem que temos independentemente do que lhe está subjacente.
Qual é o grau de importância da Bial no Health Cluster Por-tugal? Mais do que no Health Clus-
ter, a sua importância [é] em toda a cadeia de valor da saúde. Usou a expressão de "porta-aviões", que é uma expressão feliz - é inques-tionavelmente uma das empresas de referência. que tem vindo a crescer de forma sustentada, nos
mercados externos, e sobretudo porque catalisa a boa relação en-tre a academia e a indústria. É. por excelência, um caso muito interes-sante de valorização do conhec mento, que no nosso país é forte nesta áreadas ciências da saúde. É claro que quando somos confron-tados com uma situação destas... Estas coisas são terríveis...
Quanto é que o sector da saú- de exportou no ano passado? Ainda não temos os números
fechados relativamente a 2015. mas as exportações deverão ter ul-trapassado os 1,2 mil milhões de euros, o que representa um cres-cimento na casa dos 6% em rela-ção ao ano anterior. E a nossa meta é chegar aos 2 mil milhões no final da década, para uma facturação global da ordem dos 3 mil milhões de euros.
Mesmo a acontecer casos como o que envolve a Bial em França? Se os deuses estiverem do nos-
so lado! Se não houver muitos casos como este. Sem qualquerdesrespei-to por essa situação, estou conven-cido de que isto tenderá a ser absor-vido pela dinâmica que o sector está a ter, a não ter um efeito negativo na sua evolução positiva.
Já falou com Luís Portela [pre-sidente do Health Cluster Por-tugal)? Ainda não. SI
A notícia correu mundo tanto em publ icações especializadas em medicamentoscomo nos princi-pais títulos internacionais, do Guardian ao New York Times, passando pela imprensa france-sa, país onde decorreram os tes-tes clínicos de uma molécula em estudo pela farmacêutica portu-guesa Bial, que resultaram na morte de um paciente e possíveis danos cerebraiS irreversíveis noutros quatro.
Ajustificar a atenção interna-cional está a gravidade das conse-quèncias do teste conduzido pela
empresa francesa Biotrial, mas também o facto de em testes des-ta natureza serem raros os aci-dentes tão graves, dizem especia-listas ouvidos por várias publica-ções.
Com pouca informação ain-da disponível, a revista Forbes tenta explicar o desastre. A Bial, liderada por António Portela es-tava a testar um produto quevisa reduzir a ansiedade e dores ac-tuando sobre receptores neuro-nais (os mesmo que são activados pela canábis, por exemplo), co-nhecidos como inibidores da hi-drol:ise de amida de ácido gordo. A descrição partilhada com os pa-cientes que participaram no es-tudo é a de que o medicamento
rvi para "o tratamento de vá- rias condições médicas da ansie-dade à doença de Parkinson. mas também para o tratamento de
dor crónica de esclerose, cancro,
hipertensão ou tratamento de obesidade".
Na escala de testes clínicos, os testes clínicos de "Fase 1" são os priineiros que envolvem huma-nos - acontecem já depois de os produtos terem sido experimen-tados em animais - e visam tes-tar não a eficácia, mas a seguran-ça do medicamento através de doses crescentes (seguem-se três outras fases que analisam eficá-cia e alargam população visada). Os pacientes deste teste recebe-ram L900 euros para participa-rem, relata a Bioworld.
Os testes começaram em Ju-lho, contando com 90 vol untá-rios. O acidente ocorreu com seis dos pacientes que aceitaram par-ticiparem doses crescentes a par-tirde 7de Janeiro. A l0 de Janei-ro surgiram os primeiros proble-mas num dos pacientes, segui-ram-se os outms• e a Ilde Janei-ro o teste foi suspenso. Os testes terminariam a I de Fevereiro.
Na revista Bioworld, um títu-lo da especialidade", escreve-se que "qualquer que seja o resulta-do da investigação, é claro neste momento que os testes pré-clíni-cos de toxicidade conduzidos pela Bial foram tragicamente inade-quados. Os modelos em animais foram incapazes de prever os efeitos desastrosos que os volun-tários experimentaram." ■
RUI PERIM JORGE
TOME NOTA
Autoridades investigam testes da Bial
Ensaio com tármaco feito no labo-ratório Biotrial em França, e que vitimou um dos voluntários, está a ser alvo de três investigações. Ministra francesa da Saúde espe-ra conclusões até ao fim do mês.
PACIENTES AFECTADOS SÃO TODOS HOMENS Os doentes são homens entre os 28 e os 49 anos. Participavam na fase
1 do estudo, que contou com um to-tal de 109 voluntários, 90 dos quais receberam o composto experimen-tal. Os restantes tomaram um pla-
cebo. Os internados terão sido o grupo que recebeu a dose mais ele-vada. Para este voluntariado, uma
semana completa de teste era re-munerada com um pouco mais de
mil euros, segundo a Lusa.
ESTADO DOS CINCO INTERNADOS MELHORA O estado dos cinco voluntários ain-da hospitalizados na sequência do ensaio clínico melhorou, segundo um comunicado do hospital de Ren-nes. No fim-de-semana outros 18 voluntários foram examinados, sem que tenham sido detectados pro-blemas, segundo a mesma fonte.
MINISTRA DIZ QUE TESTES PROSSEGUEM
A ministra francesa da Saúde, Mari-sol Touraine, afirmou esta segunda-feira não haver razões para parar os ensaios clínicos da Bial em França. "Precisamos de saber o que aconte-ceu, mas não há nenhuma razão para se interromperem os ensaios clíni-cos". Entretanto, decorrem três in-vestigações, uma das quais judicial, sobre o incidente. A ministra quer conclusões "até ao final do mês".
PRESIDENTE DA BIAL ASSUME-SE "CHOCADO" Afirmando estar "profundamente chocado" com a morte do voluntá-rio que participava nos testes, o presidente executivo da Bial, Antó-nio Portela, adiantou que ainda há muitas dúvidas sobre o sucedido. E que as equipas da farmacêutica em Portugal e França estão a "traba-lhar incansavelmente" para perce-ber o que correu mal.
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Tiragem: 12402
País: Portugal
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Líder do "cluster" da saúde admite que caso Bial afecta reputação do sector
EMPRESAS 8 e9
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Tiragem: 26084
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Âmbito: Informação Geral
Pág: 20
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Corte: 1 de 1ID: 62736905 19-01-2016
PEDRO SOUSA TAVARES, JOANA CAPUCHO e DIANA MENDES
A ministra da Saúde francesa, Ma-risol Touraine, admitiu que "teria sido apreciado" um "alerta mais rá-pido" sobre o acidente nos ensaios clínicos de um produto da portu-guesa Bial, do qual resultou um morto, com cinco homens ainda hospitalizados. O recado, deixado numa entrevista à estação de rádio da rede RTL, foi entendido pela im-prensa francesa como sendo diri-gido à Biotrial, cujos laboratórios conduziram os ensaios. Mas o dire-tor desta, mesmo desd ra matiza n -do a questão, acabou por transferir eventuais responsabilidades para a farmacêutica Portuguesa.
"A regulamentação diz que cabe ao promotor [dos ensaios' Bial a responsabilidade de prevenir as autoridades de saúde", disse Fran-çois Peaucelle à imprensa local, acrescentando depois que da par-
te da Biotrial "tudo foi feito confor-me as regras" e que os contactos com a Agence Nationale de Sécu-ri té du Médicament et des Produits de Santé -a autoridade farmacêu-tica do país-foram iniciados "sem demoras, na quarta-feira à tarde".
Seis dos 198 participantes do en-saio clínico em causa foram hospita-lizados no início da semana passada. Um dos doentes acabou por morrer no domingo, enquanto os restantes já apresentavam ontem melhorias, de acordo com o hospital de Rennes, onde foram internados. A ministra francesa só terá sido informada do sucedido na quinta- -feira. E, à FUT, disseque as primeiras informações recebidas da Biotrial eram inconclu-sivas, deixando em aberto a hipóte-se de o homem que inspirava mais cuidados ter sido vítima de um aci-dente vascular cerebral, e não asso- • dando imediatamente o seu caso à tomado medicamenta
A este respeito, François Peau - celle defendeu que as informações
MARISOL TOURAINE
"Um problema inédito em França" >A ministrada Saúde francesa, Marlsol Touraine, admitiu ontem que o sucedido no en-saio clínico de uma molécula experimental desenvolvida pela Bial foi "um problema maior, maciço e inédito em França". Ainda assim, em en-trevista à rádio RTL, afastou o cenário de suspender preven-tivamente todos os testes de medicamentos experimen-tais que estão a decorrer em França. "Devemos com-preender o que se passou mas nada justifica que se inter-rompa a realização desses en-saios", disse. lá em relação ao sucedido, está a ainda a decorrer um Inquérito.
disponibilizadas pela Biotrial "com-pletavam evidentemente aquela que relevava nos termos regula-mentares do promotor do ensaio, o laboratório Bial", sem esclarecer se a empresa portuguesa disponibili-zou essas informações.
O DN contactou a Biotrial, ten-do ficado a aguardar um telefone-ma de resposta do departamento de comunicação da empresa que não aconteceu até ao fecho desta edição. Nem a assessora de comu-nicação da Bial nem o presidente da empresa, Amónio Portela, aten-deram ontem os telefonemas do DN. Na semana passada, a Biotrial tinha descrito a Bial como um "la-boratório sério, reconhecido", com o presidente da farmacêutica por-tuguesa. António Câmara, a mani-festar-se "profundamente choca-do" com a morte de um voluntário.
4021 menores em ensaios Dos 27 166 ensaios clínicos que de- correm atualmente na União Eu-
ropeia (UE), perto de 15% - 4021 correspondentes a 4075- envol-vem menores de 18 anos.
Tal como o DN noticiou neste domingo, a Comissão de Ética para a Investigação Clínica (CEIC), o or-ganismo que controla em Portugal a segurança dos participantes em ensaios clínicos, aprovou no final do ano passado um documento no qual estabelece que as crianças com mais de 5 anos passem a ser ouvidas e até a ter de concordar com a realização de testes a novos medicamentos pediátricos.
As recomendações surgiram depois de as farmacêuticas terem passado a ser obrigadas a apre-sentar um Plano de Investigação Pediátrico (PI P) para os medica-mentos que querem introduzir no mercado, em 2008, o que fez au-mentar substancialmente os tes-tes de fármacos em crianças. Atualmente, decorrem 4021 na União Europeia. Só no ano passa-do, o Comité Pediátrico da Agên-cia Europeia do Medicamento aprovou 70.
Em 2015, o comité aceitou, ain-da, 48 pedidos de isenção de en-saios em pediatria, que tem como base critérios de eficácia, seguran-ça, aplicabilidade. Isto quer dizer que se a doença não ocorrer em crianças, se não estiverem garanti-das as questões de segurança ou já existir resposta adequada no mer-cado, por exemplo, será dada essa isenção. No entanto, três destes pedidos foram reprovados, o que obriga as farmacêuticas a realizar os testes na área pediátrica.
Bial é que devia dar o alerta, diz laboratório francês Ensaios clínicos. Ministra da Saúde francesa disse que teria apreciado aviso mais rápido sobre acidente que fez um morto. Empresa diz que cabia à farmacêutica portuguesa fazê-lo
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Tiragem: 32431
País: Portugal
Period.: Diária
Âmbito: Informação Geral
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Corte: 1 de 2ID: 62737144 19-01-2016
DAMIEN MEYER/AFP
Ensaios clínicos da Bial continuam depois de morte de participante
Centro Hospitalar de Rennes confirmou melhoria do estado de saúde dos cinco participantes
Apesar da morte de um dos partici-
pantes, a ministra da Saúde francesa,
Marisol Touraine, considerou não ha-
ver razão para parar os ensaios clíni-
cos de uma nova molécula da farma-
cêutica portuguesa Bial em França.
“Precisamos de saber o que aconte-
ceu, mas não há nenhuma razão para
se interromperem os ensaios clíni-
cos”, disse ontem numa entrevista à
rádio RTL, depois de na véspera ter
sido declarado o óbito do voluntá-
rio dos ensaios que estava em morte
cerebral desde a semana passada.
A ministra descreveu uma situa-
ção “inédita em França” e sugeriu
ter sido tardiamente informada. “Um
alerta mais rápido teria sido aprecia-
do”, disse Marisol Touraine, avisada
para a situação na quinta-feira, que
envolveu também riscos noutros
cinco voluntários hospitalizados na
semana passada.” Perante um acon-
tecimento tão grave, esperávamos do
laboratório que se manifestasse mais
rapidamente junto das autoridades
de saúde.”
José Cunha e Vaz, professor emé-
rito de Oftalmologia da Universidade
de Coimbra, entende a decisão da
ministra de não interromper os en-
saios, porque atribui o acidente a um
erro, e não ao ensaio em si. O facto de
esta ser uma área muito regulada e
de nada ter acontecido aos 108 volun-
tários envolvidos nestes testes inicia-
dos em Junho é uma das razões que
levam o académico a acreditar nisso.
“Nem compreendo que seja ou-
tra coisa”, disse ao PÚBLICO. “Esta
é uma das áreas mais reguladas no
mundo. É uma área que tem de ga-
rantir, acima de tudo, a salvaguarda
do paciente e do voluntário”, acres-
centou o académico e presidente do
conselho de administração da Aibili,
uma instituição de investigação clíni-
ca ligada aos Hospitais Universitários
de Coimbra e à Fundação Champalli-
maud em Lisboa, com uma longa ex-
periência em ensaios clínicos das fa-
ses II, III e IV, que envolvem doentes.
A Fase I envolve voluntários saudá-
veis. “É de longe a mais arriscada”,
explica. Era nesta fase de ensaio clíni-
co para a Bial, que testava uma nova
molécula com actuação no sistema
nervoso central, que participavam
os seis voluntários, entre os 28 e os
49 anos, que foram hospitalizados
na semana passada.
É a fase de verifi cação de toxicida-
de, que se segue à fase pré-clínica, e
que apenas avança “depois de várias
experiências em animais e só depois
de haver provas de que não é tóxico”,
explica José Cunha e Vaz.
“Se os 108 voluntários já foram
expostos a este medicamento e não
tiveram nada que os obrigasse a pa-
rar, não compreendo que possa ter
acontecido outra coisa a não ser uma
falha humana”, comenta. E é nesse
contexto, acrescenta o médico, que o
anúncio da ministra francesa Marisol
Touraine, de não interromper os en-
saios clínicos, deve ser entendido.
O estado de saúde dos outros cinco
participantes entretanto melhorou e
um deles já está em condições de vol-
tar para casa, anunciou também on-
tem Gilles Brassier, presidente da Co-
missão Médica do Centro Hospitalar
Universitário (CHU) de Rennes. Três
deles vão passar a ser seguidos em
serviços de neurologia de unidades
de saúde próximas dos seus domicí-
lios, acrescentou Gilles Brasier, cita-
do pelo jornal Ouest France. “O seu
acompanhamento médico será orga-
nizado pelo serviço de neurologia do
CHU. O último paciente continua em
observação” neste serviço, lê-se na
nota com o terceiro balanço clínico
efectuado pela unidade de saúde.
“Desde que soubemos do efeito
adverso verifi cado, a toma da me-
dicação foi de imediato suspensa”,
garante a Bial, em resposta ao PÚ-
BLICO. E esclarece: “Num ensaio,
a responsabilidade de notifi cação
dos efeitos adversos às autoridades
é do promotor do ensaio [Bial], mas
pode ser delegada à unidade de en-
saios contratada [a empresa Biotrial,
que conduziu os ensaios a pedido da
Bial]. As duas entidades acordaram
tempos de comunicação às autorida-
des, dentro do prazo legal.”
A equipa da Bial actualmente em
Rennes está “a revezar-se entre téc-
nicos da área da investigação, repre-
sentantes do departamento legal e
um administrador”, acrescenta a far-
macêutica. Enquanto isso, decorrem
os três inquéritos em França: um está
a ser conduzido pelo Ministério Pú-
blico; outro pela Inspecção-Geral dos
Assuntos Sociais, sob a tutela do Mi-
nistério da Saúde; e um terceiro pela
agência francesa do medicamento.
Melhorou o estado de saúde das outras cinco pessoas que participam nos ensaios de uma nova molécula que actua sobre o sistema nervoso central da farmacêutica portuguesa Bial
SaúdeAna Dias Cordeiro e Alexandra Campos
As fases de um ensaio clínico
Fonte: PÚBLICO
*Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (no caso francês é a ANSM - Agence Nationale de Sécurité du Médicament et des Produits de Santé)
FASE I
20 a 80voluntários(saudáveis)
Primeiros testes em pessoas saudáveis. Observação e avaliação dos efeitos tóxicos a curto prazo
Segurança-tolerânciaFASE II
100 a 300voluntários(doentes)
Determinar a dose mínima eficaz (a dose adequada) da substância
Estudo-pilotoFASE III
De várias centenas a vários milhares de voluntários (doentes)
Avaliar a substância em comparação com um placebo(etapa final antes da autorização de entrada no mercado)
Depois da comercialização do medicamento, monitorização a longo prazo dos efeitos secundários ou complicações
Prova de eficáciaFASE IVFarmacovigilância
Após testes em animaisLaboratório
farmacêuticoCentro de
investigaçãoInfarmed*Vigilância
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A ministra da Saúde francesa considerou não haver razões para parar os ensaios clínicos p12
Ensaios da Bial continuam apesar de morte em França
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Português criou um Google Maps para o cérebroUm novo software permite transformar imagens de ressonâncias magnéticas em modelos 3D do cérebro humano, com o objectivo de melhorar o diagnóstico de várias doenças neurológicas. A inovação está a ser utilizada em centros de investigação científi ca em Espanha e nos Estados Unidos
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E se a identifi cação de
uma lesão cerebral ti-
vesse coordenadas tão
exactas quanto as que
podemos inserir num
aparelho de GPS? Isso
permitiria aos médicos
fazer diagnósticos mais
rigorosos, criando con-
dições para terapias
mais efi cazes. É a isso que abre a
porta um software desenvolvido por
Paulo Rodrigues, um informático
português de 34 anos. Esta espécie
de “Google Maps do cérebro”, como
lhe chama o investigador radicado
em Barcelona, gera um mapa 3D do
cérebro humano a partir das ima-
sistema (drag and drop) muito pró-
ximo daquele que é usado para fer-
ramentas de partilha de fi cheiros
como o Drop Box, por exemplo.
A ideia era que fosse possível fazer
o tratamento das imagens “só com
um clique”, explica Paulo Rodrigues.
Na prática, são três os passos neces-
sários: depois de feito o upload dos
fi cheiros, o clínico ou investigador
selecciona aquilo que quer saber a
partir das imagens digitalizadas que
foram carregadas e, passados uns
minutos, recebe um relatório com
a descrição do cérebro do doente.
Tudo funciona através de com-
putação em nuvem. As imagens das
ressonâncias magnéticas carregadas
pelos médicos dos centros de investi-
gação parceiros da empresa são guar-
dadas em servidores da Google, com
quem a Mint Labs tem um acordo
para o armazenamento. Até ao mo-
mento, são cerca de 30.000 imagens
digitalizadas, que correspondem a
4000 pessoas que se encontram nes-
tes arquivos. O objectivo, ambiciona
Paulo Rodrigues, é criar na Internet
“a maior base de dados do mundo
de imagens cerebrais”.
Com essa informação na mão,
será possível desenvolver com um
grau de exactidão cada vez maior um
modelo em 3D do cérebro saudável,
bem como estabelecer comparações
mente de país, para fazer o pós-
doutoramento na Universidade
de Barcelona — com um trabalho
sobre neuroimagens em ambiente
de realidade virtual. Foi então que
se abriu a possibilidade de lançar a
Mint Labs, que foi aceite na acelera-
dora de empresas Wayra (ligada ao
grupo espanhol Telefónica), dando
as condições para que a fi rma ar-
rancasse na capital da Catalunha.
Desde então, a Mint Labs tem
conseguido um conjunto de pré-
mios em iniciativas destinadas a
start-ups e empresas tecnológicas,
o que tem ajudado a aumentar a
sua visibilidade. Isso é, segundo
Paulo Rodrigues, “essencial” para
conseguir captar investidores que
apoiem esta fase de consolidação
da empresa.
Entre o capital angariado está o
da primeira aceleradora de “start-
ups” em neurociências, Neuro-
launch (com sede em Atlanta, nos
Estados Unidos), ou do projecto
Grants4Apps, da alemã Bayer. Des-
de Novembro passado, a empresa
passou também a contar com um
apoio que tem ajudado a abrir mui-
tas portas: Walter Gilbert, prémio
Nobel da Química de 1980 e co-
fundador da empresa farmacêuti-
ca Biogen. Walter Gilbert tornou-se
um dos investidores da empresa e
passou também a ter um lugar co-
mo conselheiro da administração
liderada por Paulo Rodrigues.
Por mais que a prioridade seja
actualmente a colaboração com
centros de investigação, a Mint La-
bs — que tem neste momento dez
trabalhadores, mas planeia dupli-
car a sua dimensão ao longo deste
ano — é um negócio, cujo modelo
de desenvolvimento está assente
em dois tipos de clientes. O primei-
ro é o que se chama software as a
service, em que a empresa cobra
pelo armazenamento e tratamento
das imagens. Mas o grande objec-
tivo é passar a ter como cliente a
indústria farmacêutica, sobretudo
no apoio a ensaios clínicos.
O grau de precisão com que o
mapa 3D dos cérebros gerado pe-
lo software da Mint Labs permite
conhecer aquele órgão humano
pode ser útil na caracterização dos
doentes para ensaios clínicos, per-
mitindo uma categorização mais
afi nada dos participantes. Por ou-
tro lado, tornará possível avaliações
mais objectivas das mudanças que
os ensaios clínicos provocam. Usan-
do o software de Paulo Rodrigues,
será possível “quantifi car se há mu-
danças no cérebro, se o número de
lesões diminuiu, se a matéria cin-
zenta aumentou ou não, se houve
degeneração ou se existem ou não
novas conexões”, antevê Paulo Ro-
drigues. É com esta ferramenta, que
acredita que permitirá perceber
melhor se um ensaio clínico está
a ter o efeito pretendido, que o in-
formático e investigador português
espera agora convencer a indústria.
FOTOS: MINT LABS
Samuel Silva
gens produzidas durante exames de
ressonância magnética.
Apesar de todos os avanços que a
tecnologia sofreu nos últimos anos,
os médicos ainda não têm capacida-
de de analisar muita da informação
gerada numa ressonância magnéti-
ca. As imagens obtidas são planas,
a duas dimensões. Quando chegam
às mãos do neurologista, será possí-
vel dizer que “há uma lesão nesta ou
naquela parte do cérebro”, mas não
há uma capacidade de identifi cação
exaustiva do problema. Este é um
órgão “muito mais complexo do que
isso, com centenas de milhares de
ligações”, explica Paulo Rodrigues.
Tendo isto em consideração, o
que o seu software faz é, a partir das
várias imagens obtidas por resso-
nância magnética, gerar um mapa a
três dimensões de todas as ligações
nervosas do cérebro. Este modelo
em 3D do cérebro torna-o “mais tan-
gível”. Em vez de uma identifi cação
genérica da área cerebral em que é
detectada uma lesão, o médico pode
receber um diagnóstico mais preci-
so: “Há uma lesão com estas coorde-
nadas, com aquele tamanho e deter-
minado volume. Essa lesão faz parte
da conexão do circuito motor, que
está afectado a 10%”, exemplifi ca o
engenheiro e investigador. Ou seja,
com esta inovação é possível locali-
zar e quantifi car com exactidão as
propriedades do que está errado no
cérebro de cada pessoa.
Foi com neste software que Pau-
lo Rodrigues criou, em Abril de
2013, uma empresa — a Mint Labs
(abreviatura de Medical Inovation
and Technology Laboratories), que
funciona em Barcelona, para onde
se tinha mudado para fazer o pós-
doutoramento. Apesar de encarar o
serviço prestado como um negócio,
o informático português diz, todavia,
que, nesta fase, “não está preocupa-
do em gerar receitas”. A prioridade
é pôr este Google Maps do cérebro
ao serviço da ciência.
Para isso, a empresa está a cola-
borar com vários hospitais em Es-
panha e nos Estados Unidos que fa-
zem investigação clínica, como são
exemplos os hospitais universitários
Clínic e Bellvitge, na cidade catalã,
ou a Universidade da Califórnia São
Francisco, nos EUA. “O que nos in-
teressa é tentar ajudar os clínicos a
descobrir o que se passa com o cé-
rebro quando tem doenças como a
esclerose múltipla, a Parkinson ou a
Alzheimer”, afi ança Rodrigues.
Para poder ser usada facilmente
por médicos e investigadores, a pla-
taforma informática da Mint Labs
funciona de forma relativamente
simples. Desde logo, não precisa
da instalação de qualquer progra-
ma informático para que se torne
acessível, servindo-se do browser
de acesso à Internet como interfa-
ce. Para efectuar o carregamento
das imagens, bastará aos utiliza-
dores arrastar os fi cheiros respec-
tivos para o local indicado, num
tendo em conta as alterações que
este órgão sofre quando é afectado
por uma determinada doença. A
detecção das doenças neurológicas
baseia-se hoje sobretudo em sinto-
mas que muitas vezes se manifes-
tam num estádio já adiantado da
patologia. Este conhecimento mais
rigoroso de todas as ligações que se
estabelecem no cérebro permitirão,
por isso, um diagnóstico mais pre-
ciso, mas abre também caminho a
diagnósticos mais precoces. “Com
isso podem começar-se novos trata-
mentos que podem atrasar ou dimi-
nuir o avanço da doença e eventual-
mente tentar preveni-la”, acredita.
Convencer a indústriaPaulo Rodrigues nasceu em Viana do
Castelo e fez a licenciatura em Enge-
nharia de Sistemas e Informática na
Universidade do Minho, em Braga.
Quando terminou o curso, começou
a trabalhar como engenheiro de sof-
tware na MobiComp, a empresa que
Carlos Oliveira, que foi secretário de
Estado do Empreendedorismo no
Governo anterior, vendeu à Micro-
soft em 2008. Antes disso, já tinha
saído para retomar os estudos: foi
para a Universidade Técnica de Ein-
dhoven, na Holanda, fazer o doutora-
mento em visualização e tratamento
de imagens médicas. Foi aí que co-
nheceu a macedónia Vesna Prchko-
vska, que estava a fazer investigação
na mesma área, e que viria a tornar-
se a co-fundadora da Mint Labs.
O projecto só arrancaria defi ni-
tivamente em 2013, quando Paulo
Rodrigues já tinha mudado nova-
O informático Paulo Rodrigues; e duas imagens das ligações nervosas do cérebro de um doente com esclerose múltipla (os cubos vermelhos assinalam lesões nessas ligações)
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