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Corpos estranhos na face Passo Fundo, v. 9, n. 1, p. 12-15, jan./jun. 2004 Foreign bodies in the face Introdução Corpo estranho é todo e qual- quer objeto ou estrutura que, de alguma forma, esteja fora de seu local de costume. A presença de corpos estra- nhos em determinada região do corpo pode ser conseqüência de trauma ou, até mesmo, a sua in- serção pode ter sido feita com al- guma finalidade útil. Há uma ínti- ma relação entre o agente trauma- tizante e a área receptara, poden- do ocorrer ou não alterações nos tecidos de natureza tão delicada que mal causam modificaçõesana- tômicas nas partes consideradas. São alterações que nem sempre estarão visíveis ao exame clínico, havendo, em sua maioria, a neces- sidade de solicitação de exame radiográfico para a sua localização e confirmação; porém, em muitos casos, só são descobertos aciden- talmente durante a realização de um exame radiográfico de rotina. Em virtude da alta incidência dessas alterações nos dias de hoje, causadas pelos mais variados trau- matismos e tratamentos odontoló- gicos que utilizam substâncias di- versas, justifica-se esta pesquisa, Aline Rose Cantarelli Morosolli 1 Luiz César de Moraes] Edmundo Mediei Fiiho' Mari Eli Leonelli de Morees' Márcia Rejane Brücker' cujo objetivo é aprofundar os co- nhecimentos sobre corpos estra- nhos nos maxilares e tecidos mo- les da face. Revisão da literatura Corpos estranhos nos tecidos moles da face e nos ossos maxila- res são freqüentemente encontra- dos em exames radiográficos de rotina, pois, na sua maioria, não apresentam sintomatologia. Pro- vavelmente, os tecidos moles da face contêm mais corpos estranhos do que os tecidos de outras partes docorpopor estarem expostos, não sendo cobertos por vestimenta que constitua uma forma de proteção à pele(STAFNEe GIBILISCO,1986; GANDRA,1988).Corposestranhos comumente encontrados dentro dos maxilares são amálgama de prata, guta-percha, cimento, ins- trumentos dentários fraturados, tais comomandris, curetas, brocas e agulhas. Nos tecidos moles são mais frequentemente encontradas agulhas hipodérmicas, alfinetes, agulhas de costura, projéteis de ar- mas de fogo,munição de armas de caça e de pequeno calibre e uma I Aluna-do curso de pós-graduação em Biopatologia Bucal, área de concentração Radiologia Odontológica/ Faculdade de Odontologia de São José dos Campos - Unesp. 2 Professor Titular da disciplina de Radiologia! Faculdade de Odontologia de São José dos Campos - Unesp. 3 Professor Titular da disciplina de Radiologia! Faculdade de Odontologia de São José dos Campos - Unesp. 4 Professora Doutora da disciplina de Radiologia! Faculdade de Odontologia de São José dos Campos - Unesp. 5 Professora Doutora Titular das disciplinas de Radiologia! Faculdade de Odontologia da PUCRS. Recebido em: 01-04-2003 / aceito em: 21-10-03 47

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Corpos estranhos na face

Passo Fundo, v. 9, n. 1, p. 12-15, jan./jun. 2004

Foreign bodies in the face

IntroduçãoCorpo estranho é todo e qual-

quer objeto ou estrutura que, dealguma forma, esteja fora de seulocal de costume.

A presença de corpos estra-nhos em determinada região docorpo pode ser conseqüência detrauma ou, até mesmo, a sua in-serção pode ter sido feita com al-guma finalidade útil. Há uma ínti-ma relação entre o agente trauma-tizante e a área receptara, poden-do ocorrer ou não alterações nostecidos de natureza tão delicadaque mal causam modificaçõesana-tômicas nas partes consideradas.São alterações que nem sempreestarão visíveis ao exame clínico,havendo, em sua maioria, a neces-sidade de solicitação de exameradiográfico para a sua localizaçãoe confirmação; porém, em muitoscasos, só são descobertos aciden-talmente durante a realização deum exame radiográfico de rotina.

Em virtude da alta incidênciadessas alterações nos dias de hoje,causadas pelosmais variados trau-matismos e tratamentos odontoló-gicos que utilizam substâncias di-versas, justifica-se esta pesquisa,

Aline Rose Cantarelli Morosolli1

Luiz César de Moraes]Edmundo Mediei Fiiho'

Mari Eli Leonelli de Morees'Márcia Rejane Brücker'

cujo objetivo é aprofundar os co-nhecimentos sobre corpos estra-nhos nos maxilares e tecidos mo-les da face.

Revisão daliteratura

Corpos estranhos nos tecidosmoles da face e nos ossos maxila-res são freqüentemente encontra-dos em exames radiográficos derotina, pois, na sua maioria, nãoapresentam sintomatologia. Pro-vavelmente, os tecidos moles daface contêm mais corpos estranhosdo que os tecidos de outras partesdocorpopor estarem expostos, nãosendo cobertos por vestimenta queconstitua uma forma de proteção àpele (STAFNEe GIBILISCO,1986;GANDRA,1988).Corposestranhoscomumente encontrados dentrodos maxilares são amálgama deprata, guta-percha, cimento, ins-trumentos dentários fraturados,tais comomandris, curetas, brocase agulhas. Nos tecidos moles sãomais frequentemente encontradasagulhas hipodérmicas, alfinetes,agulhas de costura, projéteis de ar-mas de fogo,munição de armas decaça e de pequeno calibre e uma

I Aluna-do curso de pós-graduação em Biopatologia Bucal, área de concentração Radiologia Odontológica/Faculdade de Odontologia de São José dos Campos - Unesp.

2 Professor Titular da disciplina de Radiologia! Faculdade de Odontologia de São José dos Campos - Unesp.3 Professor Titular da disciplina de Radiologia! Faculdade de Odontologia de São José dos Campos - Unesp.4 Professora Doutora da disciplina de Radiologia! Faculdade de Odontologia de São José dos Campos -

Unesp.5 Professora Doutora Titular das disciplinas de Radiologia! Faculdade de Odontologia da PUCRS.

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variedade de fragmentos metálicosou estilhaços de vidro, muitos dosquais em decorrência de acidentesde trânsito. Em alguns casos, dis-positivos dentários encontrados nointerior ou à volta dos maxilaresforam colocados originalmente naboca com alguma finalidade e tor-naram-se corpos estranhos em de-corrência de traumas na face(STAFNE e GIBILISCO,1986).

Corpos estranhos são bastan-te freqüentes na clínica odontope-diátrica, principalmente na faixaetária entre dois a quatro anos deidade, em razão dohábito das crian-ças de colocar objetos na boca ouno nariz. Esses objetos incluem cas-cas, grãos, nozes, lápis, parafusos,pregos, madeira, botões e papel.Tem sido relatado, de forma idên-tica, em crianças com fendas la-biopalatais (FAGANe MATHEW-SON, 1990; RANALLI et aI., 1990;WAHBEH et aI., 2002). Existem,ainda, determinadas crenças reli-giosas que levam os indivíduos ausar adornos em algumas regiõesda face (LOH,1989). Relatos evi-denciam a presença de corpos es-tranhos aspirados ou deglutidosacidentalmente, tais como próte-ses removíveis, dentes e raízesavulsionadas e, até mesmo, restau-rações dentárias (NIMMO et al.,1988).

A exemplo de uma massifi-cada e repetida difusão por meiodos instrumentos de comunicação,como rádio e televisão, modas co-mo piercing são também absorvi-das pelos adolescentes; o piercingde língua e o de lábio constituemformas de arte concentradas naregião bucal em grande parte domundo. Sabe-se que opiercing bu-cal pode causar conseqüências co-mo dor, edema, aumento de saliva-ção, abrasão dental, formação deabcesso, dificuldade na fonação ena mastigação, septicemia, infec-ção disseminada pelos tecidos (an-gina de Ludwig), danos a estrutu-ras profundas (como veias e ner-vos), fraturas dentárias, recessãogengivallocalizada, risco potencialde aspiração das partes que com-põem o adereço, além da possibili-dade cancerígena atribuída ao trau-ma local ( BOTCHWAY e KUC,1988; PERKINS et aI., 1997;BETHKE e REICHART, 1999;

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LIMA, 2000; CANTO et al., 2002;HORLE e KUBA, 2002).

Amada do twinkle, a exemplodos dentes confeccionados emouro, os quais eram sinônimos deriqueza e vaidade, apresenta-secomouma forma alternativa e con-servadora, preservando a saúdedos tecidos bucais, uma vez quesua aplicação é feita por dentistas,utilizando a técnica de colagem,como a utilizada na colocação debraquetes ortodônticos. O fato deser uma técnica reversível e de nãocausar danos ao dente torna essemétodo alternativo uma boa opçãopara a clínica (CANTOet al., 2002).

As radiografias são muitoúteis na localização de corpos es-tranhos; as características dasimagens radiográficas variam deacordo com a natureza do objeto,porém imagens nem sempre estãopresentes. Objetos radiolúcidos,tais como lascas de madeira e fiosde sutura de seda, não podem servistos radiograficamente. Lembra-se que objetos radiolúcidos, comoo vidro, não são necessariamenteradiolúcidos comoos vitrais e frag-mentos de vidro de pára-brisa deautomóveis (FAGAN e MATHEW-SON,1990;GASPARINIet al.,2002).

A área craniofacial é freqüen-temente exposta a risco de injúriascausadas por acidentes automobi-lísticos, de trabalho e esportivos;no caso de objetos radiopacos loca-lizados na orofaringe, podem serdetectados radiograficamente parase determinar se foram deglutidosou aspirados (WUEHRMANN eMANSON-HING,1977).

Corpos estranhos radiopacospodem ser introduzidos comomeiode contraste auxiliares de diagnós-tico, como o lipiodol, injetado nointerior do seio maxilar, ou meioterapêutica, como fios metálicosutilizados em procedimentos cirúr-gicos na redução de fraturas naface; ou, ainda, com algum propó-sito útil, como a cartilagem ousilicone, que são implantados nasuperfície anterior da mandíbulapor razões estéticas (LOH, 1989).

Em geral, objetos estranhosque tenham sido ingeridos podempassar imperceptíveis através dosistema gastrointestinal; se estive-rem alojados no esôfago , a en-doscopia é geralmente solicitada

(ZIKK, 1991).Por exemplo, a inges-tão de uma prótese dental pode seruma experiência dolorosa para opaciente em razão das seqüelas,uma vez que pode resultar em per-furação de estruturas internas e,concomitantemente, em infecção(TRESKA e SMITH, 1991).

Geralmente, nos casos de fra-turas dentárias, pode ocorrer a in-trodução de fragmentos nos tecidosmoles dos lábios e bochechas, emrazão de acidentes com esportes ebrincadeiras, como patins, bicicle-ta e skate; nesses casos, as radio-grafias são essenciais para a loca-lização do objeto sem evidência clí-nica. Freqüentemente, pode ocor-rer inalação ou aspiração de raízespelo paciente durante o ato cirúr-gico, ou aspiração de dente decíduopor estar levemente preso à gen-giva (KURATAe OHMORI, 1992).

De acordo com Langland eLanglais (1989), os objetos localiza-dos nos tecidos moles, quando su-perpostos a estruturas ósseas, pa-recerão estar introduzidos no osso.Por isso, para localizar um corpoestranho são necessárias, no míni-mo, duas radiografias. O ideal éque sejam feitas três incidênciasradiográficas, uma em direção acada plano facial de referência (pla-nos frontal, sagital e horizontal).

Sinais clínicos, comorinorréiacrônica, odor nasal, halitose, cefa-léia, espirros e epistaxes, podemser indícios da presença de corpoestranho, trazendo como possívelconseqüência a formação de abs-cesso com lise óssea (KITTLE,1991). Tendo em vista que a pre-sença de corpo estranho, em suamaior parte, é assintomática, seuachado pode ser acidental quandodo exame clínico e/ou exame radio-gráfico de rotina (NIMMO et al.,1988; RANALLI et al., 1990).

Objetos metálicos no interiordos tecidos moles localizados na re-gião mandibular são facilmenteidentificados quando visualizadosem radiografia panorâmica. Mui-tos dos corpos estranhos são mate-riais e instrumentais dentários; omais comum é o amálgama de pra-ta que freqüentemente cai no al-véolo durante a extração de umdente logo após uma restauração,por exemplo. As radiografias pós-operatórias revelarão a presença

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deles, que, então, podem ser remo-vidos com facilidade antes da cica-trização do alvéolo (STAFNE eGIBILISCO, 1986).Os autores afir-mam ainda que a presença de mu-nição de arma de caça e projéteisde pequeno calibre não é um acha-do incomum. No caso de muniçãode arma de caça, a configuração dogrão de chumbo, fornece um indí-cio quanto a sua localização. Se ogrão de chumbo não for alterado,provavelmente estará situado notecido mole da face. Com uma pe-netração profunda e o impacto so-bre o osso, a forma do grão dechumbo é alterada e fragmenta-se.

No entanto, não se pode terapenas comobase o local de entra-da do projétil, mas, sim, seu tama-nho, seu desvio, sua fragmentaçãoe sua localização real. Tomandopor base o local de entrada, a dis-tância do disparo e sinais e sinto-mas, como hematomas, edemas,limitações funcionais, entre ou-tros, pode-se sugerir sua localiza-ção. Contudo, sem dúvida alguma,a medida mais acertada será, alémdesses critérios, que sempre de-vem ser adotados, a de se obteruma imagem radiográfica o maisfiel possível para que se possa loca-lizar oprojétil comomínimode erro.

A imagem do projétil em suaparte principal e de seus fragmen-tos, na maior parte das vezes, po-derá apresentar distorções na ima-gem radiográfica, decorrentes desua localização em relação ao fei-xe central dos raios X (Fig.1, 2 e 3).Portanto, uma vez localizado oprojétil pelas radiografias básicas,devem-se realizar outras, de ma-neira a obter uma noção mais exa-ta do tamanho, da forma e situaçãodo corpo estranho. Para isso, utili-zam-se técnicas especiais, taiscomo dissociação com deslocamen-to horizontal (Clark), axiais, late-rais oblíquas, panorâmicas, xeror-radiografias e tomografias (GAN-DRA,1988).

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Figuras 7, 2, 3: A seqüência de radiografias lateral de cabeça cefalométrica, frontal e panorâ-mica mostra possíveis localizações dos projéteis em região de tecido mole eparede posterior do seio maxilar, lado esquerdo

Fig. 1- Radiografia lateral de cabeça Fig. 2 - Radiografia frontal

Fig. 3 - Radiografia panorâmica

Na literatura concernente, hárelatos de corpos estranhos locali-zados no interior do seio maxilar,tais como raízes residuais, mate-riais de impressão, agulhas de su-tura e outros objetos, que foramforçados, acidentalmente, paradentro do seio maxilar (Fig. 4, 5 e6). Alguns desses relatos indicama remoção desses objetos; outros,a expulsão espontânea do interiordo seio maxilar, através do óstium(BARCLAY,1987;WESTERMARK,1989).

Para localizar corpos estra-nhos 110 interior do seio maxilar, oexame ideal é a tomografia compu-tadorizada. Porém, as técnicas in-trabucais periapical e oclusal e,principalmente, as extrabucaispóstero-anterior para seiomaxilar

e lateral de cabeça são de grandevalia (NICODEMO e MÉDICI-FI-LHO, 2000).Uma desvantagem datomografia computadorizada é aimpossibilidade de identificação deartefatos quando uma variedade decorpos estranhos metálicos tenhapenetrado na face (GASPARINI etal., 2002; WAHBEH et aL, 2002).Os mesmos autores consideramque a tomografia computadorizadatridimensional mostra corpos es-tranhos de uma estrutura tridi-mensional, como ferimentos naregião de órbita, e que a ressonân-cia magnética, quando comparadacom a tomografia computadoriza-da, permite melhor avaliação dostecidos moles, de tal modo que ob-jetos com menor densidade pode-rão ser observados.

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Figuras 4, 5 e 6: Caso clínico de introdução acidental do terceiro molar superior no seio maxi-lar esquerdo

Fig. 4 - Radiografia panorâmica inicial

Fig. 5 - Radiografia panorâmica pós-operatória

Fig. 6 - Radiografia póstero-anterior para seios maxilares (Waters)

Corpos estranhos em glându-las salivares são de ocorrênciarara; geralmente, quando presen-tes, localizam-se no dueto deWharton. Os corpos estranhos re-latados incluem lascas de madeira,fragmentos de dentes, folha de gra-

ma, casca de cereais e outros(KURATA e ORMORI, 1992;NIMMO et al., 1988; RASPALL eGONZALEZ, 1990). Os mesmosautores relatam que corpos estra-nhos no dueto induzirão à forma-ção de cálculos salivares ou à ocor-rência de sialoadenites comforma-

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ção de fístula e edema. Entretan-to, é válido lembrar que cálculossalivares podem ser confundidoscom corpos estranhos; por isso, nomínimo duas projeções radiográ-ficas são essenciais para o diagnós-tico diferencial também com le-sões, como odontomas, lesões api-cais ou até flebólitos relacionadoscom hemangiomas cavernosos(RASPALL e GONZALEZ, 1990).

Considerações finaisA solicitação de radiografias

para determinado caso é feita par-tindo-se de um diagnóstico clínicopreestabelecido. Os exames radio-gráficos mais adequados auxiliarãona confirmação do diagnóstico,bem comona documentação do ca-so, e fornecerão informações adi-cionais a respeito do mesmo.

Há necessidade de o radiolo-gista possuir conhecimentos deanatomia normal, de suas varian-tes e de patologia geral e bucal. Éválido considerar que radiografiassão imagens bidimensionais de es-truturas tridimensionais e que, porisso, apresentam muitas superpo-sições, que mostram tonalidadesdo branco ao preto, passando porvariados graus intermediários decinza. Dessa forma, quanto melhorfor a qualidade das imagens a se-rem avaliadas, maior fidelidadeterá a hipótese de diagnóstico.

Quando solicitados, os exa-mes radiográficos deverão semprese complementar, formando ângu-los retos entre si, para que se pos-sa ter uma idéia da real localizaçãodos objetos a serem investigados.Sempre que necessário, deve-selançar mão de meios auxiliares dediagnóstico mais avançados paraesclarecer as dúvidas que as ra-diografias obtidas pelo métodoconvencional não lograram identi-ficar.

Na maior parte dos casos, osexames radiográficos confirmam oexame clínico e a anamnese, masnuma parte significativa desses éo exame radiográfico de rotina quedescobre os corpos estranhos quenão apresentam sintomatologia.Por isso, rotineiramente, deve-se

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incluir no exame clínico o exameradiográfico e sobretudo aopacien-te da clínica odontopediátrica, pois,conforme as referências descritasnesta pesquisa, há grande incidên-cia da presença de corpos estra-nhos na região orofacial, a fim deprevenir complicações futuras.

AbstractThe aim of this study is to

make a literature review aboutforeign bodies present in maxillarybones and soft tissues of the face,showing how they appear and theirconsequences. The radiographicaspects and the main incidencesfor their localization is the focus ofour discussion. The conclusionshowed radiographs must be donein such a way they complementeach other and form right angles,so that we may have an idea on thereallocalization ofthe investigatedobjects. In most cases, the radio-graphic image confirms the clinicalexamination, but in a great num-ber of cases the dental radiogra-phic routine examination is theone that discovers the foreign bo-dies that don't have any symptoms.

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Key words: foreign bodies, radio-graph.

Passo Fundo, v. 9, n. 1, p. 47-51, jan./jun. 2004

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Endereço para correspondência

.AlineRoseCantareiliMorosolliRuaAfonsoCésarde Siqueira,212/53VilaAdyannaCEP12243-710- SãoJosédos Campos- SPFone:(12)39237217E-mail:[email protected]

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