16 - Enoxaparina Versus Dalteparina
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Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do Sistema Unimed
1
ENOXAPARINA VERSUS DALTEPARINA
Parecer dezembro/2009
Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do Sistema Unimed
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I – Elaboração Final: Dezembro/2009.
II – Origem: CT de MBE da Unimed Federação-SC.
• Responsáveis Técnicos pela Avaliação: Drs. Álvaro Koenig e Carlos Augusto Cardim
de Oliveira.
• Revisão: CT Nacional de MBE, Unimed do Brasil. Responsáveis Técnicos: Luiz
Henrique P. Furlan, Carlos Augusto Cardim de Oliveira, Alexandre Pagnoncelli,
Silvana M Bruschi Kelles, Claudia Regina de O. Cantanheda e Jurimar Alonso.
III – Tema: Profilaxia e tratamento de tromboembolismo com diferentes heparinas de
baixo peso molecular.
IV – Especialidades Envolvidas: Clínica médica, clínicas cirúrgicas, medicina intensiva,
auditoria médica e de enfermagem
V – Questão Clínica:
• Parte 1: A dalteparina é efetiva na profilaxia e tratamento de tromboembolismo
em pacientes clínicos e cirúrgicos?
• Parte 2: A dalteparina apresenta perfil de segurança adequado?
• Parte 3: Em comparação com a enoxaparina a dalteparina apresenta as mesmas
efetividade antitrombótica e segurança ?
VI – Enfoque; Prevenção e tratamento:
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1. Resumo
Introdução –
Heparinas de baixo peso molecular (HBPM) são derivadas da heparina não fracionada
através de processo de despolimerização química ou enzimática, resultando em
fragmentos com peso molecular entre 3000 a 6500 daltons. Todas HBPM possuem
atividade mais pronunciada sobre o fator Xa que sobre a trombina e são
preferencialmente excretadas por via renal. Os principais representantes das
heparinas de baixo peso molecular são a enoxaparina, dalteparina, certoparina,
nadroparina e tinzaparina.
Objetivos –
O objetivo da revisão é comparar a efetividade e segurança da dalteparina em relação
à enoxaparina para poder proporcionar ao prescritor e às comissões de padronização
de medicamentos dos hospitais do sistema Unimed informações pertinentes que os
auxiliem na escolha racional entre as heparinas de baixo peso molecular.
Métodos –
Busca em bases de dados para ensaios controlados e revisões sistemáticas. Ensaios
clínicos não-randomizados e estudos de coorte foram permitidos na análise de
segurança.
Resultados –
Não foram encontradas diferenças significativas entre a enoxaparina e a dalteparina
quanto a efetividade na tromboprofilaxia e nem quanto à segurança. Os estudos sobre
a segurança da dalteparina mostram que ela apresenta o mesmo perfil de segurança
das heparinas de baixo peso molecular como grupo. Os estudos da dalteparina na
tromboprofilaxia em pacientes com síndrome coronariana aguda mostram resultados
conflitantes, gerando incertezas quanto à sua indicação nesta situação clínica.
Recomendação
A dalteparina é efetiva e segura na tromboprofilaxia em pacientes cirúrgicos e
clínicos. (Recomendação de Grau A)
Na profilaxia de tromboembolismo em pacientes com síndrome coronariana
aguda a dalteparina mostra efeitos contraditórios e não deve ser usada.
(Recomendação grau A)
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VII - Introdução:
Cenário clínico:
Heparinas de baixo peso molecular (HBPM) são derivadas da heparina não
fracionada através de processo de despolimerização química ou enzimática, resultando
em fragmentos com peso molecular entre 3000 a 6500 daltons.
Os diferentes métodos de despolimerização são responsáveis pelas diferenças
em suas propriedades farmacocinéticas e farmacodinâmicas. Todas HBPM possuem
atividade mais pronunciada sobre o fator Xa que sobre a trombina e são
preferencialmente excretadas por via renal. Os principais representantes das
heparinas de baixo peso molecular são a enoxaparina, dalteparina, certoparina,
nadroparina e tinzaparina.
A enoxaparina é a HBPM com mais vasta experiência de uso em nosso meio.
O objetivo da revisão é comparar a efetividade e segurança da dalteparina em
relação à enoxaparina para poder proporcionar ao prescritor e às comissões de
padronização de medicamentos dos hospitais do sistema Unimed informações
pertinentes que os auxiliem na escolha racional entre as heparinas de baixo peso
molecular.
Descrição da tecnologia a ser avaliada:
• Dalteparina:
Fragmin® (dalteparina sódica) contém dalteparina sódica, uma heparina de
baixo peso molecular, com propriedades antitrombóticas, que possui peso molecular
médio de 5000 daltons. O efeito antitrombótico da dalteparina sódica é devido à sua
capacidade de potencializar a inibição do Fator Xa e da trombina. A dalteparina sódica
de modo geral, possui uma capacidade relativamente maior de potencializar a inibição
do fator Xa que de prolongar o tempo de coagulação plasmática (TTPA). A dalteparina
sódica possui um efeito relativamente menor na função plaquetária e adesão
plaquetária do que a heparina não-fracionada e, desse modo, exerce um efeito
pequeno na hemostasia primária. Pensa-se que algumas das propriedades
antitrombóticas da dalteparina sódica sejam mediadas pelo efeito na parede vascular
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ou sistema fibrinolítico. O Fragmin® (dalteparina sódica) é indicado na
tromboprofilaxia em cirurgias1.
• Enoxaparina:
Clexane® (enoxaparina sódica) é uma solução aquosa estéril contendo sódio
enoxaparina, uma heparina de baixo peso molecular. O pH da injeção é de 5,5 a 7,5.
Enoxaparina sódica é obtida pela despolimerização alcalina de benzilo heparina
derivados de mucosa intestinal suína2. Está indicado nas seguintes condições:
- tratamento da trombose venosa profunda já estabelecida com ou sem embolia
pulmonar;
- profilaxia do tromboembolismo venoso e recidivas associadas à cirurgia ortopédica
ou à cirurgia geral;
- profilaxia do tromboembolismo venoso e recidivas em pacientes acamados, devido a
doenças agudas incluindo insuficiência cardíaca, insuficiência respiratória, infecções
graves e doenças reumáticas;
- prevenção da coagulação do circuito de circulação extracorpórea durante a
hemodiálise;
- tratamento da angina instável e infarto do miocárdio sem onda Q, administrado
concomitantemente ao ácido acetilsalicílico3.
VIII - Metodologia:
• Pergunta Estruturada – PICO
População: Pacientes de qualquer idade com fatores de risco para
tromboembolismo venoso ou com trombose venosa já instalada.
Intervenção: dalteparina
Comparação: enoxaparina ou heparina não-fracionada
Desfecho: Tratamento de trombose venosa ou prevenção de TVP em cirurgia geral,
cirurgia ortopédica, pacientes clínicos graves e pacientes com síndrome
coronariana aguda.
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• Palavras-chaves: Dalteparin; enoxaparin; low molecular weight heparin, deep vein
thrombosis, pulmonary thromboembolism.
• Fontes: Foram pesquisadas fontes primárias (PubMed, Lilacs) e fontes secundárias
(Uptodate, biblioteca Cochrane, centros ATS, Tripdatabase) no período de 1990 a
setembro 2009
• Critérios de inclusão: Para a avaliação de eficácia foram incluídos apenas
metanálises e ensaios clínicos randomizados e comparativos. Ensaios clínicos não-
randomizados e estudos de coorte foram permitidos na análise de segurança.
• População Incluída: adultos de qualquer idade e sexo
O grau de recomendação tem como objetivos dar transparência às
informações, estimular a busca de evidência científica de maior força e auxiliar a
avaliação crítica do leitor, o responsável na tomada de decisão junto ao paciente.
Nível de Evidência Científica por Tipo de Estudo - “Oxford Centre for
Evidence-based Medicine” - última atualização maio de 200117
Grau de
Recomendaçã
o
Nível de
Evidência
Tratamento/
Prevenção – Etiologia
Diagnóstico
A
1A
Revisão Sistemática (com
homogeneidade)
de Ensaios Clínicos Controlados e
Randomizados
Revisão Sistemática (com
homogeneidade)
de Estudos Diagnósticos nível 1
Critério
1B Ensaio Clínico Controlado e
Randomizado com Intervalo de
Confiança Estreito
Coorte validada, com bom padrão de
referência Critério Diagnóstico
testado em um único centro clínico
1C Resultados Terapêuticos do tipo
“tudo ou nada”
Sensibilidade e Especificidade
próximas de 100%
B 2A Revisão Sistemática (com
homogeneidade)
Revisão Sistemática (com
homogeneidade)
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2B
Estudo de Coorte (incluindo
Ensaio Clínico
Randomizado de Menor
Coorte Exploratória com bom padrão
de
Referência Critério Diagnóstico
2C
Observação de Resultados
Terapêuticos
(outcomes research)
3A Revisão Sistemática (com
homogeneidade)
Revisão Sistemática (com
homogeneidade)
3B Estudo Caso-Controle
Seleção não consecutiva de casos, ou
padrão de referência aplicado de
forma
pouco consistente
C 4
Relato de Casos (incluindo Coorte
ou
Caso-Controle de menor
qualidade)
Estudo caso-controle; ou padrão de
referência pobre ou não
independente
D 5 Opinião desprovida de avaliação crítica ou baseada em matérias
básicas (estudo fisiológico ou estudo com animais)
IX – Principais estudos encontrados
9.1. Dalteparina na profilaxia de TVP em cirurgia abdominal:
Heerey A, Suri S. Cost effectiveness of dalteparin for preventing venous
thromboembolism in abdominal surgery. Pharmacoeconomics 2005; 23(9):927-9445.
Estudo de custo-utilidade comparando dalteparina com heparina não-
fracionada na prevenção de TVP em pacientes idosos submetidos à cirurgia abdominal
de grande porte. A simulação foi realizada através do modelo de Markov e a
perspectiva foi a do sistema de saúde americano. Os dados de efetividade foram
sintetizados a partir de ensaios clínicos publicados. Foram considerados apenas os
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custos diretos. Os resultados de efetividade para dalteparina 5000U, 2500U e HNF
foram semelhantes entre os grupos:
Taxa de TVP proximal: 1,2%; 1,7% e 1,7%.
Taxa de TVP distal: 4,9%; 8,2% e 4,8%.
Taxa de TEP: 0,4%; 0,4% e 1,0%.
Taxa de mortalidade por TVP nos primeiros 30 dias: 0,1%; 0,1% e 0,2%.
O custo incremental por QALY foi de $9,310 com dalteparina 2,500 U versus
HNF, $21,779 com dalteparina 5,000 U versus HNF e $23,799 com dalteparina 5,000 U
versus dalteparina 2,500 U.
Observação dos revisores:
Estudo com boa qualidade metodológica.
Dalteparina mostra maior custo que heparina não fracionada e a efetividade foi
semelhante.
Rasmussen MS, Jorgensen LN, Wille-Jørgensen P, Nielsen J D, Horn A, Mohn AC,
Sømod L, Olsen B on behalf of the FAME Investigators. Prolonged prophylaxis with
dalteparin to prevent late thromboembolic complications in patients undergoing
major abdominal surgery: a multicenter randomized open-label study. J Thromb
Haemost 2006; 4: 2384–906.
Ensaio clínico randomizado comparou a tromboprofilaxia prolongada (7 a 28
dias) com dalteparina versus placebo no pós-operatório de cirurgias abdominais de
grande porte. Foram incluídos 427 pacientes dos quais 343 conseguiram ter venografia
realizada no 28º dia de pós-operatório. Nos primeiros sete dias de pós-operatório
todos os pacientes receberam dalteparina 5000U/dia quando, então, foram
randomizados para continuação com dalteparina ou placebo até 28 dias.
A profilaxia prolongada, em comparação com a profilaxia curta de apenas uma
semana, reduziu significativamente o risco de TVP (7,3% x 16,3 – p=0,013) sem
aumentar o risco de hemorragias.
Observação dos revisores:
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ECR de boa qualidade metodológica. As perdas foram adequadamente
descritas e comparadas entre os grupos.
O estudo foi financiado pelo fabricante
Nível de evidência 1B.
9.2. Dalteparina na profilaxia TVP em cirurgia ortopédica:
Lapidus LJ et al. Prolonged thromboprophylaxis with dalteparin during
immobilization after ankle fracture surgery. Acta Orthop 2007;78(4):528-357.
O estudo randomizado e aberto de Lapidus (2007) comparou a eficácia de
dalteparina em relação ao placebo na prevenção de trombose venosa profunda tardia
em pacientes em pós-operatório de correção cirúrgica de fratura de tornozelo. Foram
incluídos 136 pacientes em cada grupo. Nos primeiros seis dias de pós-operatório
todos os pacientes receberam dalteparina 5000U SC em dose única diária. A partir do
sétimo dia até o quadragésimo quinto dia, os pacientes foram randomizados para
dalteparina 5000U ou placebo. Diagnóstico de TVP foi feito por venografia. Os
desfechos foram avaliados em apenas 197 pacientes (101 e 97). Os autores declararam
ter usado análise por intenção de tratar. Após seguimento de seis semanas, o risco de
TVP foi semelhante em ambos os grupos indicando a ausência de benefício da
dalteparina para profilaxia de TVP tardia nestes pacientes.
Observação dos revisores: Não parece haver benefício com a profilaxia prolongada de
trombose em cirurgias ortopédicas de menor porte. Estes achados devem ser
avaliados com cautela em função das falhas metodológicas do estudo. Nível de
evidência 1C
Lassen MR et al. Efficacy and safety of prolonged thromboprophylaxis with a low
molecular weight heparin (dalteparin) after total hip arthroplasty-the Danish
Prolonged Prophylaxis (DaPP) Study. Thromb Res. 1998 Mar 15;89(6):281-78.
Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do Sistema Unimed
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Ensaio clínico randomizado duplo-cego comparou a eficácia e segurança da
dalteparina com placebo na prevenção de TVP em pacientes submetidos à artroplastia
total de quadril. O estudo foi executado em duas fases. Na primeira fase, aberta, todos
os pacientes receberam dalteparina 5000UI, em dose única diária, durante os
primeiros 7 dias de pós-operatório. Na segunda fase, os pacientes foram randomizados
para receber dalteparina ou placebo durante 4 semanas. Os desfechos avaliados foram
TVP proximal ou distal confirmada por venografia. O diagnóstico de imagem foi
realizado por três radiologistas cegados para a intervenção. Após 35 dias de pós-
operatório o grupo da dalteparina apresentou risco significativamente menor de TVP
em comparação com placebo (4,4% x 11,8%; p = 0,03). O risco de hemorragias foi
semelhante entre os grupos
Observação dos revisores: Os detalhes não descritos sobre a alocação dos pacientes e
as perdas > 20% enfraquecem a validade interna deste estudo. Nível de evidência 1B
9.3. Dalteparina na profilaxia TVP em pacientes clínicos
Leizorovicz A et al for the PREVENT Medical Thromboprophylaxis Study Group.
Randomized, placebo-controlled trial of dalteparin for the prevention of venous
thromboembolism in acutely ill medical patients. Circulation 2004; 110:874-99.
O estudo PREVENT comparou dalteparina 5000UI em dose única diária contra
placebo na prevenção de trombose venosa profunda e mortalidade em pacientes
clínicos agudamente doentes. A dalteparina foi administrada por via subcutânea em
dose única diária por 14 dias. Os desfechos foram medidos após 21 e 90 dias. Foram
incluídos 3706 pacientes adultos dos quais 3198 foram analisados. A dalteparina
reduziu significativamente a incidência de trombose venosa profunda nas primeiras
três semanas RR 0,49 (IC 95 0,32-0,74) RAR= 2,15 NNT= 47. Este benefício não foi
mantido após 90 dias. A profilaxia com dalteparina não teve efeito sobre a mortalidade
e nem sobre a taxa de embolia pulmonar. O risco de hemorragia significativa foi 0,49%
x 0,16% - NNH:300.
Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do Sistema Unimed
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Observação dos revisores: Ensaio clínico randomizado com boa qualidade
metodológica. Financiado pelo fabricante. Nível de evidência 1B
9.4. Dalteparina na profilaxia TVP em pacientes com síndrome coronariana aguda:
Klein W et al. Comparison of Low-Molecular-Weight Heparin With Unfractionated
Heparin Acutely and With Placebo for 6 Weeks in the Management of Unstable
Coronary Artery Disease: Fragmin in Unstable Coronary Artery Disease
Study(FRIC).Circulation 1997; 96(1): 61-6810.
Neste ensaio clínico randomizado multicêntrico a dalteparina foi comparada à
heparina não fracionada na fase aguda da angina instável (até 6 dias) e com placebo
entre 7 e 45 dias. A comparação com a heparina não fracionada foi aberta (n= 731 x
751) enquanto a segunda fase do estudo foi duplo-cega (n= 567 x 565). A análise foi
feita por intenção de tratar. Os desfechos analisados foram morte, IAM e angina
recorrente. Na comparação com heparina não-fracionada, o grupo da dalteparina
apresentou maior mortalidade (RR 3,37 IC95% 1,01-11,24; p=0,05) e taxas
semelhantes de IAM e angina. Na comparação com placebo, durante o tratamento de
manutenção até 45 dias não houve diferença nos desfechos entre os grupos.
Observação dos revisores:
ECR com qualidade metodológica adequada. Financiado pelo fabricante. Nível
de evidência 1B.
Fragmin and fast revascularization during instability in coronary artery disease
(FRISC II) Investigators. Long-tem low-molecular mass heparin in unstable coronary-
artery disease: The FRISC II prospective, randomized, multicentre study. Lancet 1999;
354:701-711.
No estudo FRISC II, randomizado, duplo-cego e multicêntrico foram
comparadas dalteparina e heparina não fracionada na prevenção de morte e IAM em
Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do Sistema Unimed
1
pacientes com doença coronariana instável. Foram incluídos 2105 pacientes com
tratamento não invasivo, os quais foram seguidos por 3 e 6 meses para desfechos de
morte, IAM e revascularização. Após um mês, o desfecho de morte + IAM, apresentou
redução absoluta de risco de 2,8% NNT:36 -p=0,002). Este benefício não foi mantido
nas avaliações de seguimento aos 3 e 6 meses. O aumento no risco de hemorragias
graves foi de 1,8% (NNH=56).
Observação dos revisores: Estudo de boa qualidade metodológica. Nível de evidência
1B
9.5. Estudos comparativos enoxaparina x dalteparina
Chiou-Tan FY, Garza H, Chan KT, Parsons KC, Donovan WH, Robertson CS, Holmes SA,
Graves DE, Rintala DH: Comparison of dalteparin and enoxaparin for deep venous
thrombosis prophylaxis in patients with spinal cord injury. Am J Phys Med Rehabil
2003;82:678–68512.
Ensaio clínico randomizado aberto comparando a eficácia, segurança e
tolerabilidade da enoxaparina e dalteparina em pacientes com trauma raquimedular.
Enoxaparina 30mg SC 2 x por dia (n=45) ou Dalteparina 5000u SC 1x ao dia (n=50) TRM
total – profilaxia por 3 meses e TRM parcial – profilaxia por 2 meses. Não houve
diferença significativa na taxa de trombose venosa profunda (6% vs 4%) e na de
sangramentos (2% vs 4%).
Observação dos revisores:
Estudo de baixa qualidade metodológica. Financiado pelo fabricante da
dalteparina. Nível de evidência 2B
Shafiq N, Malhotra S, Pandhi P, Sharma N, Bhalla A, Grover A . A Randomized
Controlled Clinical Trial to Evaluate the Efficacy, Safety, Cost-Effectiveness and Effect
on PAI-1 Levels of the Three Low-Molecular-Weight Heparins – Enoxaparin,
Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do Sistema Unimed
1
Nadroparin and Dalteparin. The ESCAPe-END Study. Pharmacology 2006;78:136–
14313.
Neste ECR com avaliação cegada dos desfechos, análise por intenção de tratar e
seguimento de 30 dias foram comparadas a eficácia, segurança e custo-efetividade da
enoxaparina x nadroparina x dalteparina no tratamento de pacientes com angina
instável. Os desfechos avaliados após 30 dias de seguimento foram: morte de causa
cardiovascular, IAM, angina recorrente, necessidade de intervenção, ocorrência de
hemorragias maiores e menores e avaliação de custo-efetividade. Foram incluídos 50
pacientes adultos em cada grupo. Após 30 dias não foram observadas diferenças entre
as diferentes HBPM nos desfechos de eficácia e segurança.
Observação dos revisores:
Estudo com boa qualidade metodológica. A relação de custo-efetividade
entre as diferentes HBPM é de difícil transposição para o nosso meio.
Nível de evidência 1B.
Özdemir M, Erdem G, Türkoglu S, Cemri M, Timurkaynak T et al. Head-to-Head
Comparison of Two Different Low-Molecular-Weight Heparins in Acute Coronary
Syndrome.A Single Center Experience. Jpn Heart J 2002; 43: 433-44214
.
Ensaio clínico randomizado comparou eficácia antitrombótica e a segurança da
enoxaparina x dalteparina na fase precoce (primeiros cinco dias) da síndrome
coronariana aguda – angina instável e infarto sem onda Q. Foram avaliados 142
pacientes para os desfechos: Morte, IAM ou angina recorrente. As intervenções foram:
Dalteparina 120U/kg SC 2xdia durante 5 dias
Enoxaparina 1mg/kg SC 2xdia durante 5 dias.
Após 5 dias não houve diferença no risco de morte, IAM ou angina recorrente
entre os 2 grupos. O risco de hemorragia grave também foi semelhante.
Observação dos revisores:
Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do Sistema Unimed
1
Randomização e alocação não descritas. Sem cálculo amostral. Seguimento
curto.
Financiado pelo fabricante. - Nível de evidência 2B
Janni W, Bergauer F, Rjosk D, Lohscheidt K, Hagena FW. Prospective randomized
study comparing the effectiveness and tolerance of various low-molecular-weight
heparins in high risk patients. Zentralbl Chir. 2001 Jan;126(1):32-815.
Ensaio clínico randomizado com 188 pacientes submetidos à artroplastia de
joelho ou quadril ou a cirurgia de coluna vertebral. Foram comparadas a eficácia e
segurança da certoparina, dalteparina e enoxaparina. Os desfechos avaliados foram as
incidências de trombose venosa profunda e de hemorragias no pós-operatório intra-
hospitalar. Não houve diferença nas taxas de TVP e de hemorragias entre as diferentes
heparinas de baixo peso molecular.
Observação dos revisores:
Apenas o resumo foi avaliado, a íntegra do artigo está em língua alemã.
Sem descrição da randomização, alocação, cálculo de amostra e análise por
intenção de tratar.
Nível de evidência 2B
9.6. Segurança da dalteparina
Douketis J, et al for the canadian critical care trials groups. Prophylaxis against deep
vein thrombosis in critically iII patients with severe renal insufficiency with the low-
molecular-weight heparin dalteparin. An assessment of safety and
pharmacodynamics: The DIRECT study. Arch Int Med 2008;168(16):1805-12 16.
O estudo DIRECT17, não randomizado e não comparativo avaliou desfechos
farmacodinâmicos e de segurança da dalteparina em pacientes com insuficiência renal
Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do Sistema Unimed
1
internados em unidades de terapia intensiva. Foram excluídos pacientes com cirurgias
grandes há menos de 3 meses, gestantes e plaquetopênicos. A dalteparina foi
administrada por via subcutânea, em dose única diária de 5000UI. Foram avaliados:
níveis séricos de anti-Xa, incidência de TVP diagnosticada por ultrasson e
sangramentos durante a permanência na UTI. As taxas de trombose venosa profunda e
de sangramento foram similares ao de estudos anteriores. Os parâmetros
farmacodinâmicos mostraram não haver acúmulo de anti-Xa com o uso de dalteparina
em pacientes críticos com clearance creatinina < 30,0 ml/min.
Observação dos revisores: Ensaio clínico não comparativo – nível de evidência 4
Lim W, Cook DJ, Crowther MA. Safety and efficacy of low molecular weight heparins
for hemodialysis in patients with end-stage renal failure: a meta- analysis of
randomized trials. J Am Soc Nephrol 2004;15(12):3192-20617.
Em metanálise, Lim W. e cols. avaliaram a segurança das heparinas de baixo
peso molecular em comparação com a heparina não fracionada em pacientes
dialisados.
A maioria dos estudos incluídos apresentava baixa qualidade metodológica
além de significativa heterogeneidade de resultados.
A taxa de hemorragias leves e graves foi semelhante com a heparina não
fracionada e as de baixo peso molecular. Não foi possível avaliar as diferentes
heparinas de baixo peso entre si.
Observação dos revisores: Metanálise de estudos com baixa qualidade metodológica-
Nível de evidência 1C.
Lim W, Dentali F, Eikelboom JW, Crowther MA. Meta-Analysis: Low- Molecular-
Weight Heparin and Bleeding in Patients with Severe Renal Insufficiency. Ann Intern
Med. 2006;144:673-68418.
Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do Sistema Unimed
1
Metanálise com 18 estudos, incluindo ensaios clínicos randomizados e estudos
observacionais que avaliou a segurança das HBPM em pacientes com diferentes graus
de insuficiência renal (clearance creatinina> ou ≤ 30 mL/min). Em 12 estudos
envolvendo 4971 pacientes, as HBPM estiveram associadas a um aumento significativo
no risco de hemorragias, que foram maiores em pacientes com clearance creatinina ≤
30 mL/min comparado com os pacientes com clearance creatinina >30 mL/min (5,0%
vs. 2,4%; OR 2,25 [IC95% 1,19 a 4,27]; P 0,013). Em análise individualizada de cada
HBPM, o risco de sangramentos maiores foi aumentado quando foi usada dose
terapêutica de enoxaparina (8,3% vs. 2,4%; OR 3,88 [IC95% 1,78 – 8,45). Quando
houve ajuste empírico da dose de enoxaparina este aumento de risco não foi mais
observado (0,9% vs. 1,9%; OR 0,58 [IC95% 0,09 – 3,78]; P = 0,23 para
heterogeneidade). Apenas um estudo sobre a dalteparina foi incluído na metanálise.
Observação dos revisores: Metanálise com boa qualidade metodológica – Nível de
evidência 1A.
9.7. Recomendações de centros de ATS internacionais
Midlands Therapeutics Review and advisory committee. Dalteparin for the
prevention and treatment of thromboembolism. Disponível em: www.mtrac.co.uk19.
Em avaliação de tecnologia sanitária inglesa (MTRAC) a dalteparina é descrita como
tendo evidência clara de eficácia na prevenção e tratamento de TVP e é
recomendada para tal uso.
Douketis J, Geerts B, Kahn S. The Thrombosis Interest Group of Canada. Prevention of
Deep Vein Thrombosis in medical patients. Disponível em:
www.tigc.org/eguidelines/DeepVeinThrombosis.htm 20.
Nesta recomendação canadense as opções farmacológicas para a profilaxia de
trombose venosa profunda incluem a heparina não fracionada , as heparinas de baixo
peso molecular enoxaparina, dalteparina e tinzaparina e o fondaparinoux. Todos os
Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do Sistema Unimed
1
anticoagulantes citados são considerados de eficácia semelhante para a profilaxia de
TVP em pacientes clínicos de risco.
9.8. Indicações de uso por bula
A dalteparina e a enoxaparina são indicadas para a profilaxia de trombose
venosa profunda (TVP ) nos pacientes submetidos à cirurgia de substituição do quadril,
nos pacientes submetidos a cirurgia abdominal e nos pacientes com risco de
complicações tromboembólicas devidas a restrição expressiva de mobilidade durante a
doença aguda2,4.
Além disto a enoxaparina está indicada para a profilaxia de complicações
isquêmicas de angina instável e sem onda Q no infarto do miocárdio; no tratamento da
elevação da onda ST no infarto agudo do miocárdio; no tratamento subseqüente de
intervenção percutânea coronariana; no tratamento hospitalar da trombose venosa
aguda, com ou sem embolia pulmonar e no tratamento ambulatorial da TVP aguda
sem embolia pulmonar2.
A dalteparina também está indicada na profilaxia de complicações isquêmicas
de angina instável e sem onda Q no infarto do miocárdio, porém quando administrado
concomitantemente à terapia com aspirina4.
X. Conclusões:
Os estudos comparativos da dalteparina com enoxaparina foram conduzidos
para diferentes cenários clínicos. Os estudos encontrados apresentam grande
heterogeneidade na qualidade metodológica.
Não foram encontradas diferenças significativas entre a enoxaparina e a
dalteparina quanto a efetividade na tromboprofilaxia e nem quanto à segurança. Os
estudos sobre a segurança da dalteparina mostram que ela apresenta o mesmo perfil
de segurança das heparinas de baixo peso molecular como grupo. A maior segurança
da dalteparina em pacientes com insuficiência renal não consegue ser comprovada
com os estudos disponíveis.
Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do Sistema Unimed
1
A dalteparina constitui uma opção de agente antitrombótico em diversos países
como Reino Unido e Canadá. No Brasil ela está registrada na ANVISA e indicada para
tromboprofilaxia em cirurgias.
XI. Recomendações:
• Dalteparina é efetiva na tromboprofilaxia em cirurgias abdominais de grande
porte.
• Dalteparina é efetiva na redução de eventos tromboembólicos em pacientes
submetidos a cirurgias ortopédicas de grande porte.
• A dalteparina mostrou-se efetiva na redução do risco de tromboembolismo venoso
em pacientes clínicos com doença aguda grave e com fatores de risco para TVP.
• Os estudos da dalteparina na tromboprofilaxia em pacientes com síndrome
coronariana aguda mostram resultados conflitantes, gerando incertezas quanto à
sua indicação nesta situação clínica.
• Os estudos disponíveis mostram equivalência terapêutica entre dalteparina e
enoxaparina
• A dalteparina apresenta perfil de segurança igual às outras heparinas de baixo peso
molecular.
XII. Recomendação final:
A dalteparina é efetiva e segura na tromboprofilaxia em pacientes cirúrgicos e
clínicos. (Recomendação de Grau A)
Na profilaxia de tromboembolismo em pacientes com síndrome coronariana
aguda a dalteparina mostra efeitos contraditórios e não deve ser usada.
(Recomendação grau A)
XIII - Referências bibliográficas:
Recomendações da Câmara Técnica Nacional de Medicina Baseada em Evidências do Sistema Unimed
1
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Contatos com:
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