15/03/2014 O Dia
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15/03/2014 00:03:20
PALOMA SAVEDRA
Rio - Com um spray na mão, a grafiteira Panmela Castro, 32 anos, usa a arte para informar e
transformar vidas. Em uma ação pioneira, a ativista que encontrou no grafite um instrumento
contra a violência doméstica, leva o tema a escolas públicas, promovendo debates e
incentivando a criatividade dos alunos. “Os elementos pintados por eles dialogam com o assunto
que envolve a Lei Maria da Penha”, explica ela, famosa mundialmente entre artistas e conhecida
como Anarkia Boladona.
O grafite na defesa da mulher
Projeto social conscientiza meninos e meninas sobre aviolência doméstica, através de oficinas
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Panmela promoveu ontem uma oficina para 60 crianças do Projeto Uerê, uma escola modelo,
que tem uma proposta de inserção social, localizada na Maré.
E é só o começo. A artista fechou parceria com as secretarias municipal e estadual de
Educação. Em dois meses serão 20 oficinas do projeto ‘Graffiti pelo Fim da Violência Doméstica’.
A meta, segundo ela, é dobrar o número de escolas até o fim do ano. “Já fizemos oficinas em
seis escolas estaduais e temos o apoio da equipe especializada do município. Chegaremos a
mais escolas”, comenta.
O tema da violência doméstica é debatido pela grafiteira antes das oficinas, com a ajuda de
assistentes sociais e psicólogos, entre outros profissionais do município.
Depois do bate-papo, ela ensina sua arte para as crianças: “A mensagem chega de forma
pedagógica. Muitos escrevem frases. Outros desenham. Cada um com sua arte”. <Segundo ela,
é muito gratificante ver que os meninos também ficam sensibilizados com a questão.
Assim como outras mulheres que foram vítimas de agressão, Panmela tem sua própria história:
“Casei, fui vítima de violência doméstica e entrei em depressão. Com o grafite, retomei minha
vida e também me tornei feminista. Achei que com a credibilidade que tinha com minha arte,
poderia lutar, evitando que outras se tornem vítimas”.
Ação já chegou a 4 mil pessoas
Mestre em Artes pela Uerj, Panmela Castro ensina o grafite para mais de 200 mulheres através
da Rede Nami, um projeto de ação social criado por ela em 2010. Vítima de violência psicológica
durante o casamento, ela só se deu conta do que passava quando o então marido a agrediu
fisicamente. Foi quando se separou, em 2004: “Na época, não existia a Lei Maria da Penha, que
é de 2006. E estes casos eram vistos como crime de menor potencial ofensivo. É importante
Panmela, ao lado de um grafite de sua autoria: a dignidade da mulher é o tema central dos trabalhos
Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia
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divulgar a lei para todos desde cedo”.
Segundo Panmela, já foram realizadas oficinas em mais de 50 locais, envolvendo 4 mil pessoas.
São cerca de 3 mil metros de grafite pelos muros do Rio.
O projeto ‘Graffiti pelo Fim da Violência Doméstica” conta conta com investimento de R$ 500 mil
do Instituto Avon, que mantém iniciativas sobre o tema, como a ação ‘Fale Sem Medo — Não à
Violência Doméstica’. Orçada em R$ 7 milhões, esta iniciativa existe desde 2008, com pesquisas,
oficinas e fóruns com a temática.
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Tags: Grafite , Mulher , Uerj
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