MINISTÉRIO PÚBLICO JUNTO AO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO MARÇO 2012.
14 Março - Público
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Troika aceita mudanças nas leis laboraisTroika aceitou rever proposta de cortes nas indemnizações por despedimento. Vítor Gaspar apresenta amanhã resultados da sétima avaliação Portugal, 10/11
DYLAN MARTINEZ/REUTERS
Infarmed colocou no seu site uma série de esclarecimentos sobre artigos oferecidos à classe médica, mas retirou-os ontem p22
Companhia e Governo discutem solução que reduza impacto dos cortes salariais, para evitar greve de 21 a 23 de Março p14
Médicos têm de declarar até o lápis dado por laboratórios
Governo e TAP negoceiam solução para evitar greve
HOJE Chanson Française
Charles Trénet (Vol. 8) Por + 6,95€
FRANCISCO O PAPA DO SUL PARA O MUNDODestaque, 2 a 9 e Editorial
Málaga dá a volta e elimina FC Porto da Liga dos Campeões p46/47QUI 14 MAR 2013EDIÇÃO LISBOA
Ano XXIV | n.º 8373 | 1,10€ | Directora: Bárbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Manuel Carvalho, Miguel Gaspar | Directora executiva Online: Simone Duarte | Directora de Arte: Sónia Matos
CONFERÊNCIANO SÉCULO EM QUE ELEFANTES CAMINHAVAM POR LISBOACiência, 32/33
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2 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013
NOVO PAPA
Francisco veio da Argentina e Roma aplaudiu
O fumo branco chegou
mais cedo do que muitos
tinham imaginado. O Papa
demorou um pouco mais a
vir à varanda do Vaticano,
mas ninguém se importou.
“Parece que os meus irmãos cardeais
foram buscar-me quase até ao fi m do
mundo. Mas aqui estamos.”
Jorge Bergoglio, Francisco, o
primeiro Papa latino-americano, o
primeiro Papa jesuíta, não veio do
fi m do mundo, mas veio de outro
mundo — e demorou oito anos a
chegar a Roma.
Conclavistas quer dizer
“fechados à chave”. O arcebispo
de Buenos Aires foi eleito por ter
reunido os votos de pelo menos 77
dos 115 cardeais eleitores, isso não
é segredo, é uma regra escrita.
Mas o que é que se passou entre
a quarta votação, a primeira da
tarde de ontem, dia 13 de Março
de 2013, e a quinta, a que permitiu
que o fumo fosse branco e que
os sinos tocassem e depois fosse
pronunciada a frase “Habemus
Papam” (“Temos Papa”, em
latim)?
Só quem tenha estado na
Capela Sistina o poderá saber. Na
verdade, nem é certo que todos
os que lá estavam saibam explicar
como é que Bergoglio acabou por
ser o eleito. O segredo é mesmo
secreto, mas não há segredo sem
indiscrições. “Parece que no
último conclave, o de 2005 que
elegeu Ratzinger, possa ter sido
o colapso emotivo do argentino
Bergoglio a acelerar a eleição do
Papa alemão: qualquer coisa de
semelhante ao que imagina o fi lme
de [Nani] Moretti Habemus Papam.
Durante a pausa do almoço, o
argentino, que tinha recebido
— parece — 40 votos no terceiro
sufrágio, disse aos apoiantes que
era uma loucura votarem nele
em vez de votarem em Ratzinger
e uma parte decidiu-se por
Ratzinger na quarta votação.”
As inconfi dências de 2005,
quando Bento XVI foi eleito,
ao segundo dia de conclave,
como em 2013, mas ao quarto
escrutínio e não ao quinto,
como o argentino, permitiram
a Luigi Accattoli escrever estas
palavras no diário La Repubblica
de domingo dia 24 de Fevereiro,
quatro dias antes de Ratzinger
se despedir do Pontifi cado e do
Vaticano ter entrado em período
de sede vacante.
O fumo tornado branco pelos
químicos saiu da chaminé às
19h06 (menos uma hora em
Portugal). Em 2005, houve fumo
branco pelas 17h50. Ontem, os
sinos da Basílica de S. Pedro
começaram a tocar às 19h10, entre
aplausos e gritos de “Viva ao Papa,
viva ao Papa” e muitos “ohhh”,
agora de festa e não de desilusão,
como as exclamações da manhã e
as da noite anterior.
Os primeiros aplausos
sucederam-se entre correrias e
gotas da chuva e escorregadelas
e muitos sorrisos. Depois, a
chuva amainou enquanto os fi éis
agitavam bandeiras dos seus
países e olhavam para a varanda,
contentes por já não estarem a
olhar para a chaminé nem para
nenhum dos quatro ecrãs gigantes
instalados desde a renúncia de
Ratzinger.
A banda pontifícia entrou e
marchou, escadas a cima, seguida
de perto pelos guardas suíços,
em parada. A banda continuou
a tocar: às 19h43 soou o hino da
Itália e foi como se toda a praça
tivesse desatado a cantar. Elena
esteve calada até ouvir o hino.
Encostada a uma das colunas
laterais, muito lá à frente, a ver a
banda e as escadas mesmo diante
dos seus olhos, segurava um
capacete na mão e sorria. Só o
hino a fez cantar, ainda a sorrir.
Vai ser uma surpresa“É muito emocionante. Quando
vi o fumo chorei, não consegui
controlar as lágrimas. Já tinha
visto na televisão, mas aqui, com
estas pessoas todas que ululam, é
muito diferente”, diz a milanesa
de 40 anos, que há oito veio
para Roma e agora trabalha a
cinco minutos do Vaticano, num
dos balcões do Monte Paschi de
Siena, o banco há mais tempo em
funcionamento do mundo.
“Este bairro esteve agitado nas
últimas semanas. Estou a falar das
“Podes imaginar o que é que estou a sentir?”, perguntou a argentina Susana. “Agora, posso acreditar que Deus existe e que a justiça existe”, disse a colombiana Maria Cecília
ReportagemSofia Lorena, Roma
pessoas normais, simples. Eu sou
de Milão, mas os romanos sentem
muito tudo o que acontece aqui,
no Vaticano”, explica Elena. “Não
sou de vir aqui ao domingo, mas
todas as manhãs faço a Via della
Conciliazione [que desemboca na
Praça de S. Pedro] e sentia-se um
certo vazio.”
Foi em 2005 que esta milanesa
chegou a Roma, três meses depois
da eleição de Bento XVI. Pouco
antes, calhou estar na capital
durante o funeral de Wojtyla.
“Estava tão triste Roma. Chovia
como hoje.” Elena conta que
teve alguma difi culdade em
compreender o anúncio do Papa
alemão. “As pessoas normais
não sabem que um Papa se pode
demitir. Eu não sabia, achava
que um Papa só podia morrer,
que quando o faziam Papa era
Papa toda a vida”, diz. Tudo
bem. “Espero que o próximo
seja um bom Papa, que saiba
conversar com as pessoas,
abraçá-las sempre. Gostava de
um Papa simples, próximo das
pessoas normais, das pessoas que
trabalham.”
PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | DESTAQUE | 3
As luzes por trás das portadas
da varanda central da Basílica
acenderam-se às 20h05. Ao lado
de Elena, um padre peruano cruza
os dedos e diz “Scola, Scola”. À
entrada para o conclave Angelo
Scola, arcebispo de Milão, era o
grande favorito. “Eu não quero
um italiano”, diz Elena. “Apesar
das listas todas, só consigo pensar
‘quem será?’. Seja quem for, vai
ser uma surpresa.”
“Que emoção, por Deus”Eram 20h12 quando a porta da
varanda se abriu para a Praça
de S. Pedro ver o novo Papa:
Jorge Bergoglio, a partir de agora
Francisco. 20h13 quando se
ouviu “Habemus Papam”, antes
que o arcebispo de Buenos Aires
começasse a falar aos peregrinos.
“Rezem por mim para que seja
abençoado”, pediu, lá de cima.
Cá em baixo, algumas dezenas
de argentinos e muitos outros
latino-americanos nem sabiam
como reagir. Na dúvida, saltavam,
gritavam, riam, abraçavam-se e
choravam. “É impressionante”,
dizia a colombiana Maria Cecília.
“Deus, Deus, Deus. Que emoção,
por Deus, é argentino”, exclamou
a argentina Susana, aos abraços
à colombiana. “Podes imaginar o
que é que estou a sentir? O que é
que signifi ca para mim o Papa ser
argentino?”, perguntou Susana,
sem conseguir parar quieta um
segundo. “Não”, respondemos
com sinceridade. “Pues, jo si!”
E ainda: “Não posso acreditar!
Depois de Bento XVI, com a
situação da Igreja assim… É o
primeiro Papa latino-americano.
E é um santo, muito boa pessoa”.
A primeira oração de Francisco
foi em homenagem a Bento XVI
e isso valeu-lhe um enorme
aplauso. “Quero rezar pelo
nosso Papa emérito.” Pai-nosso,
Ave-maria, e depois: “Peço-
vos um favor, rezem por mim”.
Eram 20h28 e a Praça calou-se
toda, mas mesmo toda, antes
de Francisco voltar a erguer a
cabeça e receber a pequena capa
de ombros, debaixo de aplausos.
“Boa noite e bom descanso”“Vemo-nos em breve: boa noite e
bom descanso.”
ALESSANDRO BIANCHI/REUTERS
“Estamos todos muito felizes,
tão felizes. Até agora, aqui dentro
havia uma espécie de ditadura.
Agora, tantas pessoas que
faziam o mal estão seguramente
a chorar. As pessoas dignas,
que nunca deixaram de fazer
o bem, essas estão felizes”, diz
um italiano, sorriso de orelha a
orelha.
Como a colombiana Maria
Cecília, guia no Museu do
Vaticano, este italiano trabalha na
Santa Sé. Foi deste lado da Praça
que os funcionários se juntaram
à espera de ver chegar o Papa
e saber o seu nome. Vieram às
dezenas e fi caram até os sinos se
voltarem a ouvir. Depois, como
tinham chegado, desapareceram
em bando, de regresso aos
subterrâneos da Basílica.
“Com este Papa, vai-se embora
[Tarcisio] Bertone e todos os
que colaboram com ele”, afi rma
ainda o italiano. Bertone foi o
secretário de Estado de Bento
XVI. Raztinger, congratula-se este
funcionário da Igreja, “trabalhou
bem”. “Digo tudo isto do coração.
Queria tanto que não fosse o
Scola. Quando percebemos que
iam precisar da quinta votação
começámos a acreditar. A
emoção é tão grande”, afi rma
ainda, de olhos a brilhar. “O
sentimento de justiça é enorme.”
Maria Cecília é colombiana mas
vive há dois anos em Roma. “Vivi
este conclave muito de perto
e tinha todas as esperanças…
Agora, posso acreditar que Deus
existe e que a justiça existe.
Porque havia muitas coisas
que não estavam bem, eu sei,
eu trabalho ali dentro”, diz a
jovem de 35 anos, à espera que
Francisco traga para Roma “esta
felicidade contagiosa” da religião
vivida na América Latina.
“Com este Papa as minhas
esperanças de mudança podem
tornar-se reais”, diz ainda. “A
justiça existe e acredito que
hoje tenha começado uma
mudança importante para toda a
humanidade.”
Os títulos das edições online dos jornais argentinos não variavam muito ao fim do dia de ontem.
Era difícil dizê-lo por outras palavras: “O argentino Jorge Bergoglio é o novo Papa.” Por trás dos textos que traçavam o perfil do arcebispo de Buenos Aires, o conservador La Nación lembrava Bergoglio como o “acérrimo opositor do casamento igualitário e do aborto” e o homem que passou “de rival a sucessor de Bento XVI”. Mais tarde, começavam a surgir os primeiros relatos da forma como os católicos argentinos receberam a notícia de que a cadeira de Pedro iria ser ocupada por um dos seus compatriotas. O mexicano El Universal antecipava-se, mas a suposta alegria e cor nas ruas da Argentina não passavam do título: “A Argentina explode em júbilo com a eleição do seu primeiro Papa.”
Com edições online a abarrotar de textos com reacções nas redes sociais, era difícil encontrar palavras que descrevessem o que se passava nas ruas. O diário argentino Clarín guardava um pequeno espaço para os festejos na Catedral de Buenos Aires, e ainda assim citando a agência AFP. “A designação do argentino Jorge Bergoglio como novo Papa foi recebida com uma prolongada ovação e aplausos por centenas de fiéis que se encontravam a rezar missa na Catedral de Buenos Aires, constatou a agência de notícias AFP”, noticiava o jornal. No momento em que o novo Papa se revelou ao mundo a partir do balcão da Basílica de S. Pedro, a Argentina trabalhava — eram aproximadamente 16h15. A explosão de júbilo em Buenos Aires teria de esperar até às 19h (22h em Lisboa). A missa na Catedral foi adiada um hora e então, sim, houve festa dentro e fora de portas para festejar a eleição do Papa argentino. Alexandre Martins
Uma explosão de júbilo ao retardador
MultimédiaVeja as fotogalerias do novo Papa e das reacções nas ruas emwww.publico.pt/multimedia
Papa Francisco ontem na varanda da Basílica de S. Pedro depois de ter sido eleito
4 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013
NOVO PAPA
JOHANNES EISELE/AFP
A festa na Praça de S. Pedro, em Roma, depois de conhecido o nome do novo Papa
Em 1910 viviam na Europa
65% dos católicos de
todo o mundo. Hoje
são apenas 24%. O
catolicismo europeu
resiste mal à secularização
das sociedades e à crescente
indiferença religiosa. É nas
Américas, na África e na Ásia
que mostra maior pujança. Este
é o pano de fundo da eleição do
primeiro Papa não europeu. A
escolha de um latino-americano
signifi ca uma transição do
Norte para o Sul, que esteve
para acontecer no conclave
de 2005, que elegeu o cardeal
Josef Ratzinger em detrimento
de Jorge Bergoglio, agora Papa
Francisco. O coração do programa
de Ratzinger era precisamente
a reevangelização da Europa
e do Ocidente em geral. Mais
do que procurar contrastes ou
continuidades doutrinárias entre
os dois papas, importa ter em
conta este ponto.
“A crise da Igreja na Europa
pode incitar o conclave a passar
o papado para fora do Velho
Continente: marcaria uma
mudança de era semelhante à que
o conclave de 1978 impôs com a
eleição de um cardeal polaco”,
escreveu há dias o analista
italiano Luigi Accattoli. Mas é
ainda uma transição doce. “Um
salto para a América constituiria
uma passagem indolor, dada
a continuidade cultural entre
o velho e o novo mundo. Mais
árduo é imaginar a eleição de
um papa africano ou asiático.”
Assim aconteceu. Foi, de certo
modo, uma opção estratégica. A
Europa continua a ser a principal
preocupação da Igreja “romana”,
mas deixou de ser o centro de
gravidade.
“Des-ocidentalização”?Logo a seguir à renúncia de Bento
XVI, Soledad Loaeza, historiadora
e politóloga mexicana,
equacionou o problema: “A
eleição de um papa não europeu
modifi caria a perspectiva da
política vaticana. Orientaria talvez
os seus recursos para regiões não
europeias onde as perspectivas de
crescimento ou de consolidação
são mais prometedoras.” O Brasil
tem mais de 128 milhões de
baptizados. Apenas três outros
quatro países têm mais de 50
milhões de católicos: o México, os
Estados Unidos e as Filipinas. O
anglo-americano Philip Jenkins,
historiador das religiões, chama
a atenção dos europeus para que
“dentro de 20 anos a África terá
mais católicos do que a Europa e
que, em 2030, três quartos dos
católicos estarão na América
Latina, na África e na Ásia” (The
New Republic, 13 de Fevereiro).
Desde Paulo VI que a Igreja
procedeu a uma lenta e relativa
“reestruturação geográfi ca”,
escreve Pasquale Ferrara, do
Instituto Aspenia, mudança
intensifi cada por João Paulo
II e Bento XVI. Mas a cúria
romana controla rigorosamente
esta “internacionalização”. A
composição deste conclave é
elucidativa: a Europa representa
24% dos católicos e tem 53%
dos cardeais eleitores. “A
preponderância dos cardeais
europeus é certamente uma
herança histórica, mas não
corresponde ao desenvolvimento
extra-europeu da Igreja. Bento
XVI teve perfeita consciência
desta distorção.”
O desafi o hoje é mais dramático,
prossegue Ferrara. “Consiste,
por assim dizer, numa des-
ocidentalização do mundo
católico para recuperar a sua
antiga vocação universalista. (...)
Esta posição não é partilhada
por todos, nem no Vaticano nem
fora dele, porque se arrisca a
entrar em colisão com a visão
eurocêntrica e com a narrativa
de uma religião ‘judaico-cristã’
que bebeu também nas fontes
da cultura greco-romana.”
Com a argumentação que, por
excelência, foi a de Ratzinger.
Se a Igreja é universal por
essência, e por origem, e está em
clara expansão, não poderão ser
os pastores europeus a guiar a
grande migração da mensagem
cristã para outras paragens.
Para um leigo é difícil calcular
os efeitos desta “migração” na
estrutura e na governação da
Igreja. A mudança não será apenas
organizativa e não se resume ao
peso demográfi co. O “catolicismo
do Sul”, pela sua juventude e
“autenticidade”, não segue os
padrões do “catolicismo liberal do
Norte”.
A Igreja europeiaO catolicismo é diferente das
outras religiões, explicou o
medievalista Jacques Le Goff a
propósito da renúncia de Bento
XVI. Por duas razões. “A primeira
é que o cristianismo distingue
o que pertence a Deus e o que
pertence a César e não confunde
religião e política. A segunda é
que, não obstante os atrasos e a
lentidão, não obstante as crises que
fustigam as religiões, sobreviveu
perfeitamente porque sempre
soube adaptar-se às mutações
profundas deste mundo. E creio
que estamos a assistir a um desses
acontecimentos plurisseculares
característicos do cristianismo.”
Bento XVI perdeu a batalha da
“recristianização” da Europa. Foi
uma das suas mais duradouras
obsessões. Profetizou o jovem
Ratzinger em 1969: “Da crise
moderna emergirá uma Igreja
que terá perdido muito. Tornar-
se-á pequena e deverá recomeçar
quase do início. Não terá
meios para habitar os edifícios
que construiu nos tempos da
prosperidade. Com a diminuição
dos fi éis, perderá grande parte
dos privilégios sociais. Será uma
Igreja mais espiritual que não se
arrogará um mandato político,
namorando a esquerda e a direita.
Será mais pobre e voltará a ser
a Igreja dos indigentes. Será um
processo longo, mas, quando o
trabalho estiver feito, emergirá um
grande poder de uma Igreja mais
espiritual e simples.”
O Papa Francisco — que
representa outro continente
e outras preocupações — não
discordará muito desta profecia.
E, num ponto crucial, acentua a
continuidade com o antecessor.
Declarou há meses numa
entrevista: “Bento XVI insiste
em indicar como prioritária a
renovação da fé e apresenta a fé
como uma oferta a transmitir,
um dom a partilhar, um acto de
gratuidade. Não é uma posse, é
uma missão.”
Para Philip Jenkins, estamos
a assistir, de facto, “ao fi m da
época do cristianismo ocidental
e à alba do cristianismo do Sul do
mundo”. Mas isto não signifi ca o
fi m do cristianismo europeu. A
Igreja Católica europeia passou
por piores momentos. Resume:
“Morte e ressurreição não são
apenas a doutrina fundamental
da cristandade, representam um
modelo histórico da estrutura
religiosa.”
O papado desloca-se para o Sul
AnáliseJorge Almeida Fernandes
“Assistimos ao fim da época do cristianismo ocidental e à alba do cristianismo do Sul do mundo” dizPhilip Jenkins
6 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013
NOVO PAPA
Plácido perante uma
multidão em êxtase,
o cardeal Jorge Mario
Bergoglio, desde ontem
Papa Francisco I,
levantou a mão direita e
cumprimentou: “Irmãos e irmãs,
boa noite.” Nada na postura
tranquila e contida do argentino de
76 anos denunciava a surpresa que
o anúncio da sua eleição causou,
em Roma e no mundo, depois de
proferido o seu nome: o primeiro
Papa jesuíta, o primeiro Papa
latino-americano, o primeiro Papa
a chamar-se Francisco.
No seu primeiro acto como bispo
de Roma, Sumo Pontífi ce da Igreja
Católica, foram evidentes as suas
Honesto, rigoroso, frugal, conservador, mas moderado
Papa Francisco I O cardeal argentino de 76 anos vive sozinho, cozinha as suas próprias refeições, viaja de transportes colectivos, responde à mão a todas as cartas, vibra com o tango e o futebol e emociona-se com a literatura de Borges
PerfilRita Siza
tendências pastorais de sacerdote
jesuíta. Com simplicidade,
Francisco I rezou com os fi éis;
pediu-lhes que rezassem por ele
e pela bênção de Deus. Depois
despediu-se dos milhares que o
saudavam na varanda da basílica
de São Pedro com um singelo
“Desejo-vos uma boa noite e que
repousem bem”.
Houve surpresa e novidade na
escolha, e desassombro e graça no
seu comportamento, mas, com a
sua eleição, o Vaticano também
manteve uma certa ordem e
tradição: Francisco I é considerado
conservador na sua teologia e fi el
à doutrina, um homem honesto e
frugal, um evangelizador.
Ao contrário de outros cardeais
latino-americanos, afastou-se da
Teologia da Libertação e outras
correntes progressistas — é,
pelo contrário, um simpatizante
do movimento Comunhão e
Libertação, acarinhado por
João Paulo II e Bento XVI, mas
associado a alguns escândalos
políticos em Itália. Respeita as
tradições centenárias da Igreja e
opõs-se às tentativas recentes de
“liberalização” e “inovação” dos
jesuítas. Na comparação com o
seu antecessor, é descrito como
moderado e elogiado pela “forte
consciência social”, crítica dos
efeitos nefastos da globalização
e defesa do “mundo em
desenvolvimento”. É um acérrimo
opositor do aborto sem qualquer
excepção (incluindo em caso de
violação) e do casamento gay —
“Não sejamos ingénuos: não se
trata de uma simples luta política,
é uma pretensão destrutiva do
plano de Deus”, escreveu Bergoglio
em 2010, quando os legisladores
argentinos discutiam a lei que
legalizou o casamento de pessoas
do mesmo sexo.
Francesca Ambrogetti, que
converteu três anos de entrevistas
com Bergoglio numa biografi a
do cardeal, explicava ontem à
Reuters que o novo Papa “partilha
a visão de que a Igreja deve ter um
papel missionário, que deve ir ao
encontro das pessoas e ser activa,
não tanto para regular a fé, mas
para promover e facilitar a fé”.
“Ele é uma força de equilíbrio: é
absolutamente a pessoa indicada
para encetar a renovação
necessária sem grandes saltos no
desconhecido”, considerou.
Foi aos 21 anos que Jorge
Mario Bergoglio, nascido a 17 de
Dezembro de 1936 numa família
de imigrantes italianos radicados
em Buenos Aires, respondeu à
vocação da fé. Nessa altura tinha
já concluído os seus estudos
e recebido o título de técnico
químico — mas resolveu desistir
de uma carreira profi ssional e
entregar-se à ordem religiosa
fundada por Santo Inácio de
Loyola no século XVI e conhecida
pela sua austeridade, ingressando
no seminário de Villa Devoto.
Passado polémicoFoi ordenado sacerdote em
1969 e dedicou-se aos estudos
teológicos. Pouco antes fi cara
seriamente doente com problemas
respiratórios. Foi operado e perdeu
um pulmão, uma experiência
que o levou a reforçar o rigor e
disciplina da sua vida (apesar da
idade, o seu actual estado de saúde
é descrito como excelente).
Bergoglio, ainda cardeal, com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e durante uma missa em Buenos Aires
MARIANO SANCHEZ/AFPAFP
PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | DESTAQUE | 7
CLAUDIA CONTERIS/AFP
Vivemos numa das mais desiguais regiões do mundo [América Latina], a que mais cresceu e menos reduziu a miséria. A distribuição injusta de bens persiste, criando uma situação de pecado social que envergonha os Céus
Temos de evitar a pobreza espiritual da Igreja. Entre uma Igreja que sofre acidentes na rua e uma Igreja que fica doente porque se tornou auto-reverente, não tenho dúvidas que prefiro a primeira
O aborto nunca é a solução. Estamos a falar de duas vidas e ambas devem ser preservadas e respeitadas, pois a vida é um valor absoluto
Bergoglio foi consagrado bispo
titular em 1992, exercendo como
um dos quatro bispos auxiliares da
capital argentina. Seis anos depois
assumiu o cargo de arcebispo de
Buenos Aires e no Consistório de
Fevereiro de 2001 foi nomeado
cardeal do título San Roberto
Belarmino pelo Papa João Paulo II.
Segundo confessou a um repórter
do La Nación, ao chegar ao
Vaticano só pensava nas palavras
do seu pai: “Quando estiveres a
subir, cumprimenta toda a gente.
São os mesmos que vais encontrar
quando estiveres a descer.”
A sua carreira foi quase toda
feita na Argentina — como
sacerdote, professor de Teologia e
Literatura, Psicologia e Filosofi a,
bispo e presidente da Conferência
Episcopal Argentina. Os
vaticanistas assinalam que o novo
Papa não é um insider da Santa Sé.
Ainda assim, “a voz de Bergoglio
tinha peso dentro da estrutura do
Vaticano”, notou o embaixador da
Argentina em Roma, Juan Pablo
Cafi ero, antes da eleição.
Apesar da distância de Roma, o
seu nome tinha sido um dos mais
mencionados durante o processo
de sucessão após a morte de João
Paulo II. Sabia-se que era a segunda
escolha a seguir a Joseph Ratzinger,
o alemão que foi eleito Papa em
2005 e em Fevereiro tomou a
inédita decisão (em mais de 600
anos) de renunciar ao cargo. O
Papa emérito mereceu a primeira
referência de Francisco I.
A sua vida quotidiana é marcada
pela simplicidade e discrição que
a sua ordem religiosa privilegia.
Em Buenos Aires, o arcebispo
vive sozinho, num pequeno
apartamento no segundo andar
do edifício da Cúria, contíguo à
catedral. Na Argentina, desloca-
se de autocarro e metro; quando
viaja para Roma, insiste na classe
económica. Costuma comer
sozinho e raramente aceita
convites para almoços e jantares —
quando quebra o hábito, prefere
os comedores. A sua disciplina de
trabalho é apontada por todos
com quem colabora. É sempre
claro e conclusivo nas reuniões
que preenchem a sua agenda.
Nunca deixa uma mensagem sem
resposta. As paixões do novo
Papa incluem a música clássica,
a literatura (os seus escritores
favoritos são Jorge Luis Borges e
Dostoievski), o clube de futebol
San Lorenzo de Almagro e o tango
argentino.
Entre 1973 e 1979, Bergoglio foi
o superior provincial dos jesuítas
com a difícil missão de orientar a
Companhia de Jesus no arranque
conturbado da ditadura militar,
responsável pela perseguição,
tortura e morte de 30 mil pessoas.
As ordens para os seus irmãos
foram claras: as suas actividades
seriam estritamente religiosas.
O seu relacionamento com as
autoridades políticas dessa época
é motivo de alguma polémica
na Argentina, especialmente
depois da publicação, em 2005,
do livro O Silêncio, do jornalista
Horacio Verbitsky. O autor alegou
que Bergoglio contribuiu para a
detenção, pelas Forças Armadas,
de dois sacerdotes, Francisco
Jalics e Orlando Yorio, em 1976,
ao transmitir as suas “suspeitas
de contacto com guerrilheiros”
e denunciar “confl itos de
obediência”. Verbitsky citou
documentos guardados no
Ministério das Relações Exteriores
e Culto da Argentina que apontam
para esses “comentários orais”;
Bergoglio negou ter colaborado
com a ditadura e argumentou
que falara dos dois sacerdotes
ao Governo para tentar resgatá-
los da Escola de Mecânica da
Armada, onde o regime mantinha
os prisioneiros que depois
desapareciam. O capítulo do livro
que refere esse episódio tem por
título As duas faces do cardeal.
Nos anos mais recentes, travou-
se de razões — publicamente — com
vários Governos. Em 2002, durante
a cerimónia da Revolução de Maio,
disse que a Argentina estava à
beira da “dissolução nacional” e
criticou com violência o pedido
de resgate fi nanceiro negociado
pelo Presidente Eduardo Duhalde,
alegando que não permitiria
resolver os problemas do país.
O arcebispo pediu mesmo aos
argentinos para deixarem de “rezar
ao FMI”, dizendo: “Não vamos
a lugar nenhum, só nos vamos
endividar ainda mais”.
O cardeal também enfrentou
Nestor Kirchner — que chegou
a chamar-lhe o “verdadeiro
representante da oposição”
— e a sua mulher e actual
Presidente, Cristina Kirchner.
O “exibicionismo” e “anúncios
estridentes” que são a imagem de
marca dos Kirchner foram muitas
vezes criticados por Bergoglio,
geralmente nas suas homilias,
onde também evoca a pobreza do
país e o aparente desinteresse em
combater a corrupção.
Jorge Mario Bergoglio numa foto não datada, durante as celebrações de San Cayetano, em Buenos Aires
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8 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013
NOVO PAPA
Jorge Mario Bergoglio, Papa
Franscico, suscita a esperan-
ça de reformas e a surpre-
sa do nome que escolheu.
Entre as reacções recolhidas
pelo PÚBLICO, religiosos e
leigos destacam sobretudo esses si-
nais, que começam pelo facto de
ser não-europeu, oriundo de uma
região onde o catolicismo cresce,
e que poderá quebrar tradições.
Para já, Bergoglio pôs o mundo a
conjecturar sobre qual Francisco
quis honrar.
“Pode trazer mudança”
O Papa Francisco é “uma escolha
que pode trazer mudança, na ma-
neira de ser e das tradições da Igre-
ja”, antevê ao PÚBLICO o bispo de
Lamego, D. António Couto. Para
além de ser o primeiro sul-ameri-
cano, primeiro jesuíta e primeiro
Francisco, o novo Papa surpreen-
deu, às primeiras palavras, ao pedir
a bênção do povo e baixar a cabeça
para a receber. D. António Couto,
que antes do conclave manifestara o
desejo de que o novo líder da Igreja
Católica viesse da América Latina,
confessa-se “muito feliz” por isso e
pela “ideia de missão, muito forte”
que acredita que vai trazer. Ao mes-
mo tempo, mostra-se curioso por
saber “qual Francisco” Bergoglio
quis honrar, se o italiano de Assis,
se o jesuíta Xavier. Provavelmente os
dois, por uma comum “forte ideia
de missão”.
Francisco de Assis, fundador
da ordem dos Franciscanos, diz,
“mudou o mundo, era próximo
das pessoas e dirigia-se-lhes com
carinho”. Francisco Xavier, jesuíta
que partiu de Lisboa para a Índia,
foi o “apóstolo dos tempos moder-
nos, o seu maior missionário, viveu
com simplicidade, no Oriente, onde
morreu”.
Por seguir o percurso de Bergo-
glio, especialmente desde que esteve
no conclave que nomeou Bento XVI,
o bispo de Lamego sublinha que o
novo Papa é um homem “habituado
a estar muito perto das pessoas e
gosta de estar no meio delas”, está
convicto de que “vai quebrar a dis-
tância, a barreira de segurança que
o separa das pessoas”. “Veremos se
a Igreja conseguirá manter todos os
seus protocolos.”
D. António Couto, que é também
um dos grandes biblistas portugue-
ses, sublinha ainda que a América
Latina é uma das zonas do globo
onde a Igreja “está pujante e cheia
de vida, onde fi cam os dois maiores
países católicos do mundo, o Brasil
e o México”. A vizinha Argentina,
sobretudo depois dos últimos 25
anos, período durante o qual o ca-
tolicismo cresceu, “foi buscar muita
força à ideia de missão”. A mesma
que acredita que vai agora fazer a
diferença, a partir de Roma.
“Um reformador da Cúria”
O padre e teólogo Anselmo Borges
não fi cou surpreendido com a es-
colha do argentino Jorge Bergoglio.
“Era uma das fi guras que tinha em
mente. Já recebeu muitos votos
em 2005 quando foi eleito o Papa
Bento XVI”, disse ao PÚBLICO. “A
escolha foi muito rápida porque
foi preciso encontrar uma terceira
fi gura que fosse aceite pelas duas
correntes do conclave”. Sobre o fac-
to de os cardeais terem escolhido
um argentino, disse que “é um Papa
de fora da Europa, mas tem uma
formação e referências europeias”.
Borges sublinha o despojamento
do arcebispo de Buenos Aires e diz
Sermão de S. Francisco de Assis aos Pássaros, de Giotto (séc.XIV)
DR
Francisco, o Papa que suscita a visão de reforma e a surpresa do nome
A ideia de missão, de mudança, de abertura a uma Igreja jovem e viva, de um optimismo que se opõe ao cansaço europeu dominam as reacções à escolha de Jorge Mario Bergoglio
que a escolha do nome tanto pode
estar relacionada com Francisco
Assis como do jesuíta São Francis-
co Xavier. “É um homem jesuíta,
culto, simples, impoluto. Andava
de transportes públicos em Buenos
Aires. A escolha do nome pode ser
uma referência a São Francisco
Xavier, no sentido da abertura ao
mundo, da continuação do diálogo
inter-religioso, ou São Francisco de
Assis, no sentido da fraternidade e
da alegria, de que temos que voltar
ao Evangelho sem glosa. Com ele,
a constituição da igreja é o Evan-
gelho e não o código de direito ca-
nónico.”
O professor de fi losofi a acredita
que Francisco vai ser um reforma-
dor e que irá tocar em questões co-
mo a do celibato. “Vai ser um papa
reformador da Cúria e vai ter um
papel importante para combater a
pedofi lia entre o clero. Vai integrar
os leigos, tornar o celibato opcional
e ordenar padres casados, e não per-
mitirá que as mulheres continuem a
ser discriminadas, dando-lhes aces-
so ao sacerdócio”.
“Uma igreja global”
O padre Manuel Morujão, jesuíta e
porta-voz da Conferência Episco-
pal Portuguesa, fala em “eleição
surpreendente”, mostrando-se es-
perançado em que seja “uma boa
surpresa”.
“É uma abertura da Igreja, verda-
deiramente católica, ou seja, global.
Vem agora um Papa da América La-
tina e esperamos que traga, para a
igreja universal, a experiência de
uma igreja próxima dos pobres,
jovem e viva, como é a igreja da
América Latina”. Morujão também
refl ecte sobre a escolha do nome.
“O Papa terá como missão reavivar a
O nome de um defensor dos pobres e de um miss
Quando foi eleito cardeal e alguns argentinos queriam viajar para Roma para celebrar, Bergoglio
convenceu-os a dar aos pobres o dinheiro que gastariam na viagem. O episódio é narrado pelo jornal inglês The Guardian, que descreve o novo Papa como tendo uma “abordagem prática” à questão da pobreza. Bergoglio escolheu o nome Francisco, partilhado por dois conhecidos santos da igreja católica — um pela devoção aos pobres, o outro pelo papel de evangelização no Oriente.
S. Francisco de Assis é um santo italiano, que nasceu perto do final do século XII, filho de
um comerciante rico. Perdeu o interesse pela vida de jovem abastado, decidindo viver a ajudar os pobres. Acabou por fundar a ordem religiosa dos franciscanos. É um dos dois santos padroeiros da Itália. Na semana passada, o jornal italiano Il Fatto Quotidiano publicou um artigo com o título “A hora impossível do Papa Francisco I”. O texto elaborava sobre o facto de a vida de Francisco de Assis não se ajustar à vida actual do líder da igreja católica. “O primeiro sinal de mudança na Igreja poderia ser o nome do sucessor de Ratzinger. Da varanda, nunca ninguém anunciou ‘aqui Francisco’”,
PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | DESTAQUE | 9
O Milagre de São Francisco Xavier, por Rubens (1577-1640)
DRIgreja, começando pela Cúria roma-
na. Penso que evoca vários S. Fran-
cisco da Igreja Católica. São Fran-
cisco de Assis, grande reformador
da igreja, e S. Francisco Xavier, um
dos fundadores da Companhia de
Jesus, à qual o novo Papa pertence.
Naturalmente por ser o primeiro je-
suíta, fi ca na história.”
“Acerta a Igreja com o mundo”
O bispo do Porto, D. Manuel Cle-
mente, considera que a eleição
“é um sinal bonito, importante e
coincidente” da transferência da
Igreja Católica para o hemisfério
sul. D. Clemente considera, à Lu-
sa, que “esta saída do papado da
Europa para a América Latina (…)
acerta o ritmo da Igreja com o rit-
mo do mundo”. O prelado desta-
ca que o facto de o novo Papa ser
da Argentina revela o que se tem
vindo a acentuar “e que é óbvio:
a deseuropeização da Igreja”, ex-
pressando a convicção de que “esta
transferência” será também “em
benefício da Europa”. Manuel Cle-
mente salientou o trabalho de Ber-
goglio “na província eclesiástica a
que presidia até agora em Buenos
Aires”, considerando-a “inovadora
na pastoral, com a religiosidade po-
pular e com este ambiente de novos
movimentos religiosos”.
“Um novo ânimo”
O bispo de Leiria-Fátima, António
Marto, disse à Lusa que, “natural-
mente”, a Igreja Católica Portugue-
sa quer a presença do novo Papa
nas cerimónias do Centenário das
Aparições de Fátima em 2017. Para
o prelado, o facto de Bergoglio ter
sido eleito foi “uma boa escolha”,
vai dar “uma nova respiração, um
novo ânimo à evangelização, porque
traz um optimismo que se opõe a
este cansaço espiritual e moral que
se experimenta na Europa e que
contagia a própria Igreja.”
O bispo acredita que Francisco
“traz a experiência dos problemas
da pobreza e injustiça que se no-
tam nos países da América Latina”
e “um pensamento social para fa-
zer face a este modelo económico
esgotado”.
Marto conhece pessoalmente o
novo papa, “desde o Sínodo dos Bis-
pos em 2005”, e destaca a sua “sim-
plicidade encantadora”, embora ad-
mita que não seja “muito efusivo”. O
bispo sublinha que a Igreja Católica
“deixou de ser eurocêntrica”.
“Não esperava que fosse Francisco”
O xeque Munir, líder da comunida-
de islâmica, declarou que os muçul-
manos “desejam muitas felicidades
e que o diálogo inter-religioso seja
mais permanente”: “Desejamos
uma vida abençoada para toda a
humanidade. [Em relação à escolha
do nome] “não esperava que fosse
Francisco”.
“Que seja bom”
Eliezer Shaidi Martino, Rabino da
Sinagoga de Lisboa, disse esperar
“que continue a relação positiva dos
últimos papas com a comunidade
judaica. Do ponto de vista humano,
que resolva os problemas internos
que afectaram a igreja. E que seja
bom, não só para a comunidade ca-
tólica, dada a infl uência da Igreja e
do Vaticano, mas para o mundo em
geral”.
“Motivo de alegria”
“Esta eleição é um motivo de alegria
para toda a igreja”, disse o porta-voz
do Opus Dei em Portugal, Pedro Gil.
“A simplicidade e a alegria do papa
conquistaram os corações de cren-
tes e não crentes.”
“É altura de meditar”
Dharmesh Pravinkanit, da Comuni-
dade Hindu, disse esperar que “este
Papa venha a transmitir uma mensa-
gem que eleve o moral dos jovens.
É uma altura de meditar, refl ectir,
olhar para o passado e encarar o
futuro com esperança, coragem e
confi ança.”
Homossexuais “desalentados”
A Associação Rumos Novos - Homos-
sexuais Católicos manifestou o seu
“profundo desalento” pela escolha
de Bergoglio, pelas suas posições
contra a homossexualidade e o ca-
samento entre pessoas do mesmo
sexo.
“Neste momento de alegria para
todos nós católicos, não podemos
deixar de partilhar o nosso profun-
do desalento pela escolha do carde-
al argentino para Papa. Enquanto
homossexuais católicos, não nos
podemos esquecer das inúmeras
posições públicas do cardeal Ber-
goglio”. André de Jesus, Luciano Alvarez, Lurdes Ferreira, Miguel Gaspar e LUSA
sionário jesuíta
escreveu o veterano jornalista Maurizio Chierici. “Ele morreu há quase oito séculos, mas ninguém se sentiu na disposição de abraçar a espiritualidade e dedicação absoluta para a vida dos outros.” O artigo citava o parlamentar italiano Raniero La Valle, um dos representantes da esquerda cristã: “Francisco é um nome impossível para a carga de poder com que durante séculos foi construída a infalibilidade do papado, a soberania, o controle formal de cada serviço, a autoridade sobre milhões de fiéis.”
A escolha do nome é uma indicação de como um Papa quer ser visto e do que se
propõe fazer. A prática nem sempre foi seguida, mas tem sido a norma nos últimos cinco séculos. A escolha feita por Bergoglio remete também para S. Francisco Xavier, nascido no início do século XVI, em território que hoje é Espanha. Foi um dos fundadores da Companhia de Jesus, a congregação religiosa de que o novo Papa faz parte: Bergoglio é o primeiro pontífice jesuíta. Francisco Xavier é conhecido pelas missões de evangelização no Oriente. Partiu de Lisboa em 1541, passou por Moçambique e seguiu para a Índia. Esteve também na Malásia e no Japão. Morreu na China. João Pedro Pereira
“Não me surpreende nada
que o novo papa não se-
ja dos Estados Unidos”,
disse ao PÚBLICO Paul
Lakeland, professor de
estudos religiosos na
Fairfi eld University, no Connecticut,
momentos após o anúncio de que o
argentino Jorge Mario Bergoglio seria
o primeiro Papa da América Latina.
“Há uns dias, quando perguntaram a
um cardeal se o novo Papa podia ser
um norte-americano, ele respondeu:
“Não se esqueçam que quem esco-
lhe o papa são os cardeais e não os
jornalistas.”
“Estou certo de que os católicos
americanos gostariam que um car-
deal dos EUA tivesse sido escolhido
para Papa, mas isso não era muito
provável”, diz Mike Allison, um pro-
fessor da Universidade de Scranton,
na Pensilvânia, especializado em po-
lítica da América Central.
O que quer dizer, então, para os
EUA, que o novo Papa seja latino-
americano? “Cerca de 50 milhões
de pessoas que vivem nos EUA têm
origens latino-americanas. Tenho a
certeza de que estão orgulhosos pelo
facto de a região do mundo com mais
católicos ter sido reconhecida pelos
líderes da igreja por ter produzido al-
guém sufi cientemente meritório para
ser nomeado Papa”, diz Allison.
“É extremamente importante pa-
ra a igreja católica norte-americana
que este homem [Bergoglio] seja da
América Latina porque o futuro da
igreja católica norte-americana são
falantes de espanhol e não de inglês”,
nota Lakeland. Os hispânicos são a
razão porque os católicos continuam
a representar um quarto da popula-
ção dos EUA, apesar do declínio da
religião entre os católicos tradicio-
nais, de ascendência europeia. Um
em três católicos norte-americanos
é hispânico.
Lakeland também acredita que o
Papa Francisco tentará lidar de for-
ma assertiva com o problema da pe-
dofília na Igreja “É provável que ele
venha a pedir contas aos bispos que
fi zeram menos do que um trabalho
perfeito ao lidar com os escândalos
de abusos sexuais”, diz.
Boa notícia para os EUA
Kathleen Gomes, Washington
10 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013
Mesmo deputados da maioria questionaram Passos Coelho sobre a conclu
Troika aceita mudanças nas indemnizações por despedimento
Ao fi m de 17 dias de negociações,
troika e Governo chegaram a acor-
do nos temas mais difíceis da sétima
avaliação ao programa português.
Os resultados serão apresentados
amanhã de manhã por Vítor Gaspar
e incluem a aceitação por parte da
troika de mudanças na proposta
de cortes nas indemnizações por
despedimento.
Este foi, durante os trabalhos da
avaliação realizada pelos respon-
sáveis da Comissão Europeia, FMI
e BCE presentes em Lisboa, um
dos temas mais difíceis de gerir. A
troika queria um corte do valor da
indemnização equivalente a 12 dias
de salário por cada ano trabalhado.
E o Governo, apesar de ter entregue
no Parlamento uma proposta que
vai nesse sentido, tentava introdu-
zir alterações para evitar o descon-
tentamento da UGT e um colapso
do acordo tripartido assinado na
concertação social.
Só ontem este dossier fi cou com-
pletamente fechado e, no fi nal, a
troika aceitou rever o regime das
indemnizações por despedimento.
O PÚBLICO apurou que a proposta
fi nal não corresponde totalmente às
pretensões da UGT, mas está garan-
tida a existência de dois escalões.
Praticamente dado como certo, o
primeiro escalão terá como base
de cálculo um valor superior aos 12
dias, o que permitirá diferenciar os
contratos a prazo.
João Proença, líder da UGT, sem-
pre se opôs à solução encontrada
pelo Governo, por considerar que
a média europeia é superior aos 12
dias que fi guram na proposta de lei
que já está na Assembleia da Repú-
blica desde o início do ano. A cen-
tral sindical defende que quando o
despedimento ocorre nos primeiros
anos de contrato, a média europeia
“é muito superior aos 20 dias que
estão agora em vigor em Portugal,
quanto mais em relação aos 12”.
Por isso, propôs a existência de
dois escalões: nos primeiros três
anos, a indemnização correspon-
Resultados da sétima avaliação da troika são apresentados amanhã pelo ministro das Finanças, Vítor Gaspar. Indemnizações e cortes de 4000 milhões de euros foram discutidos entre a troika e o Governo até ao último momento
de a 18 dias e daí para diante a 12.
O recuo obrigará o Governo a re-
formular o diploma que já está na
Assembleia da República. Na maio-
ria, há deputados que defendem
que Álvaro Santos Pereira, ministro
da Economia, deverá retirar a pro-
posta e apresentar uma nova, em
vez de serem os deputados a alterar
a proposta do Governo durante a
discussão na especialidade.
Porém, esta segunda hipótese
evitaria ao Governo ter que nego-
ciar com os patrões uma forma de
compensar este recuo nas indemni-
zações. De resto, as confederações
da Indústria e do Comércio e Ser-
viços já tinham deixado claro que
não aceitariam um aumento dos 12
dias “sem que as empresas tenham
contrapartidas na política fi scal e
no acesso ao fi nanciamento”.
O outro tema quente das nego-
ciações foi o corte permanente na
despesa pública de 4000 milhões
de euros prometido pelo Governo
à troika durante a avaliação ante-
rior. O executivo tentou conven-
cer as instituições internacionais
a dilatar o prazo de aplicação dos
cortes, dando como argumento a
deterioração das condições econó-
micas. A troika insistiu na neces-
sidade das autoridades portugue-
sas cumprirem aquilo que tinham
prometido.
Amanhã, Vítor Gaspar revelará
qual foi o resultado fi nal deste con-
fronto, dando pistas aos portugue-
ses sobre qual o tipo de nova auste-
ridade que irão ter de enfrentar nos
próximos anos. A transformação de
temporárias em permanentes, de
algumas medidas de cortes nas pen-
Crise do euroRaquel Martins, Sofia Rodrigues e Sérgio Aníbal
sões e nos salários dos funcionários
públicos são algumas das possibili-
dades. No entanto, alguns detalhes
poderão fi car reservados para mais
tarde, até porque o executivo ainda
espera a decisão do Tribunal Cons-
titucional sobre cortes na despesa
realizados no OE de 2013.
Um dos resultados da sétima ava-
liação que já está confi rmado é o
adiamento por um ano do objecti-
vo de colocação do défi ce público
nominal em 3% do PIB.
Ontem, no debate parlamentar
de preparação do Conselho Eu-
ropeu, o primeiro-ministro evi-
tou o tema da sétima avaliação. À
pergunta que todos os deputados
faziam – mesmo na bancada da
maioria – sobre a conclusão das
negociações com a troika, Passos
Coelho não quis responder, disse
apenas que “grande parte do tra-
balho estava concluído”, mas que
“alguns documentos não estavam
fechados”. Repetiu apenas a ideia
de fl exibilização do programa. “Faz
todo o sentido que coloquemos em
discussão, como aconteceu na 5.ª
avaliação, a necessidade de fazer-
mos o ajustamento em matéria de
fl exibilização do cumprimento do
nosso programa”, afi rmou.
O PS e toda a oposição insistiram
em saber se o Governo mantém a
intenção de cortar os 4 mil milhões
de euros, mas o primeiro-ministro
não respondeu. António José Se-
guro, secretário-geral socialista,
confrontou Passos Coelho com a
viragem do discurso para o cres-
cimento. E contestou “os bons re-
sultados” que o primeiro-ministro
disse anteriormente ter nas mãos
para mostrar em Bruxelas.
O CDS sugeriu que colocasse em
cima da mesa o desemprego como
um “problema não só económico
como social e político”. Na respos-
ta, Passos Coelho reconheceu que
é preciso “dar mais atenção aos fac-
tores de equidade”, que “não têm
tido em Portugal uma resposta sa-
tisfatória de há muitos anos a esta
parte”. Foi precisamente a falta de
equidade o argumento utilizado
pelo Tribunal Constitucional para
chumbar normas do Orçamento do
Estado de 2012.
Passos Coelho reconheceu ontem que os “factores de equidade não têm tido em Portugal uma resposta satisfatória de há muitos anos a esta parte”
PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | PORTUGAL | 11
usão das negociações com a troika
MIGUEL MANSO
[A média europeia] “é muito superior aos 20 dias que estão agora em vigor em Portugal, quanto mais em relação aos 12”João ProençaLíder da UGT
União Europeia começa a virar discurso de austeridade mas mantém as políticas
Depois de mais de três anos de uma
dura cura de austeridade imposta
aos países do Sul da União Europeia
(UE) num contexto de recessão eco-
nómica e desemprego galopante,
os responsáveis europeus começam
a reconhecer que precisam de esti-
mular o crescimento e o emprego,
embora sem conseguirem avançar
soluções credíveis.
Este dilema entre austeridade e
crescimento que separa os países do
Norte e do Sul da Europa vai estar
no centro dos debates dos líderes da
UE durante uma cimeira que decor-
re hoje e amanhã em Bruxelas. Sem
surpresas, no entanto, os debates
tenderão a ser dominados pela visão
dos países do Norte, cujas econo-
mias, apesar de um relativo arre-
fecimento no fi m do ano passado,
continuam a fazer a inveja aos países
do Sul – Portugal, Espanha, Grécia
e Itália – todos enterrados numa se-
vera recessão económica.
Para complicar as coisas, o debate
tenderá a ser mais desequilibrado
do que o costume porque um dos
países centrais na defesa do estímu-
lo ao crescimento e ao emprego, a
Itália, chegará à cimeira sem um Go-
verno formado depois das eleições
legislativas de Fevereiro. O que fará
com que Mario Monti, o primeiro-
ministro ainda em funções mas que
foi fortemente penalizado nas urnas
por causa da sua política de auste-
ridade, participe na cimeira numa
posição fragilizada.
De acordo com um diplomata eu-
ropeu, também não se espera um
grande combate antiausteridade
de François Hollande, o Presidente
francês, que procura obter sobre-
tudo a simpatia dos parceiros para
a obtenção de mais um ano face ao
compromisso que assumiu há me-
nos de um ano de reduzir o défi ce
Isabel Arriaga e Cunha, Bruxelas
Desemprego preocupa Durão
Europeu, que os comparou com os
montantes astronómicos disponibi-
lizados pelos 27 para salvar os seus
bancos da falência.
“Se usámos 700 mil milhões de
euros para estabilizar o sistema
bancário, temos de ter pelo menos
o mesmo dinheiro para estabilizar
a geração mais jovem” nos países
mais afectados, afi rmou.
Outras pistas avançadas por Durão
Barroso para estimular a economia
retomam velhas receitas destinadas
a colmatar as lacunas que subsistem
no mercado interno europeu que se
repetem há mais de 20 anos, sem
grande sucesso.
Apesar do discurso, Barroso teve
o cuidado de sublinhar que os estí-
mulos ao crescimento e ao empre-
go não deverão levar os Governos
a “repetir os erros do passado, acu-
mulando novas dívidas e deixando
as reformas estruturais para a com-
petitividade para depois”. Para Bar-
roso, “não deverá haver qualquer
contradição entre a agenda social e
a agenda da competitividade”.
Durão Barroso considera que os números do desemprego são simplesmente inaceitáveis e não têm precedentes
Zona euro espera ultimar amanhã programa de ajuda a Chipre
Negociações arrastam-se desde Junho do ano passado
Os termos do programa de ajuda a Chipre vai estar hoje em discussão entre os líderes da zona euro que se
reunirão depois do primeiro dia de trabalhos da cimeira dos 27 e que será seguida amanhã de um encontro dos ministros das Finanças do euro a partir das 17 horas. Apesar do seu reduzido tamanho, o programa cipriota está a revelar-se particularmente complicado, estando, aliás, as negociações a arrastar-se desde Junho passado. O problema está no montante necessário – cerca de 17,5 mil milhões de euros – que corresponde a quase 100% do PIB. Cerca de 10 mil milhões são necessários para os bancos sobredimensionados num país regularmente acusado de proceder a branqueamento de
capitais, sobretudo da Rússia.O FMI, que participa em
todos os programas de ajuda da zona euro, recusa entrar num programa desta dimensão, alegando que vai agravar a dívida pública cipriota para um nível insustentável de 150% do PIB. Para participar, o FMI quer reduzir a ajuda para 10 mil milhões de euros, devendo os restantes 7,5 mil milhões ser encontrados através de privatizações e, possivelmente, de perdas impostas aos accionistas e aos maiores depositantes dos bancos.
A dificuldade do debate é que os 17 garantem de pé firme há mais de um ano que a Grécia – que foi objecto de uma reestruturação da dívida pública detida por privados – é, e será,
o único caso de participação do sector privado num programa de resgate. Se esta excepção for quebrada para Chipre, criará novo um precedente que abrirá a porta a uma eventual reestruturação da dívida de outros países ajudados, a começar por Portugal.
Sem a participação dos privados, se os 17 do euro não encontrarem outra forma de conseguir as poupanças necessárias, o FMI retira-se do programa abrindo outro precedente relativamente a futuros programas de ajuda, o que para a Alemanha está fora de questão. Segundo um diplomata europeu, “são dois precedentes muito perigosos, o que prova até que ponto Chipre é um problema sistémico”. I.A.C.
orçamental para menos de 3% do
PIB em 2013.
Durão Barroso, presidente da Co-
missão Europeia, procurou fazer a
ponte entre as duas visões sobre a
saída da crise durante um debate
ontem realizado no Parlamento
Europeu (PE) de preparação da ci-
meira de líderes. Isto, apesar de o
seu discurso ter mantido a sua linha
tradicional de defesa da consolida-
ção orçamental e de realização de
reformas estruturais para reforçar
a competitividade das economias e
permitir o regresso do crescimento
e do emprego.
“Há uma desilusão justifi cada com
a lenta retoma da economia real”,
afirmou Barroso, considerando
que “os números do desemprego
não têm precedentes e são simples-
mente inaceitáveis”. “Precisamos de
medidas de curto prazo para refor-
çar as perspectivas do crescimento”
económico, defendeu.
As receitas preconizadas por Bru-
xelas para enfrentar estes proble-
mas são, no entanto, diminutas. O
projecto de conclusões da cimeira
não vai muito além da confi rmação
da criação de um novo programa
dotado de seis mil milhões de eu-
ros para combater o desemprego
jovem, até 2020, nos países mais
afectados.
Este valor, uma gota no oceano
face aos 27 milhões de desemprega-
dos da UE — 11% da população activa
— foi aliás ridicularizado por Martin
Schulz, presidente do Parlamento
12 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013
RUI GAUDÊNCIO
RTP quer aumentar taxa audiovisual em 2014 e cortar 21 milhões no pessoal
Os números disponíveis não são mui-
tos e o ministro da tutela, ontem,
no Parlamento, também não trouxe
grandes esclarecimentos. Depois dos
42 milhões de euros disponíveis para
a reestruturação — 30 dos quais para
as rescisões amigáveis —, sabe-se ago-
ra que a intenção da RTP é cortar 21
milhões de euros, já em 2014, à fac-
tura dos gastos com pessoal, que este
ano se cifra nos 76,3 milhões.
A parcela dos custos com pessoal
representa hoje 37% das despesas
e tem que ser encolhida para 28%.
A partir do próximo ano, já sem a
indemnização compensatória que
lhe chega até agora do Orçamento
do Estado, a RTP terá que aprender
a viver com 180 milhões de euros:
140 previsíveis da Contribuição para
o Audiovisual, e o resto de receitas
próprias (publicidade, arquivo e dis-
tribuição dos canais).
Para isso, vai abrir já amanhã as
rescisões amigáveis, cuja primeira
fase se estende até 15 de Maio. Em
seguida, e analisadas as poupanças
alcançadas, se se mantiver o peso dos
custos com pessoal, a equipa lidera-
da por Alberto da Ponte avisa que
“será equacionada como hipótese
última o despedimento colectivo”. A
que se soma a hipótese de um plano
de “mobilidade interna e de outplace-
ment”, desenhado área a área.
No Parlamento, o ministro foi on-
tem questionado pelos deputados da
oposição sobre se estariam em causa
400 postos de trabalho. Miguel Rel-
vas recusou-se a falar sobre o número
de trabalhadores que é preciso redu-
zir aos actuais 2027 dos quadros do
operador público, alegando que isso
depende do processo de rescisões
amigáveis. Falou em cortar 28% dos
custos, mas também em “28% dos
recursos humanos”. Uma confusão
que, embora questionado, não ex-
plicou — e isso corresponderia a 567
trabalhadores.
De acordo com a versão fi nal do
Plano de Desenvolvimento e Redi-
mensionamento da RTP a que o PÚ-
BLICO teve acesso, a administração
tenciona fazer este ano um “estudo
do consumidor-cidadão” para perce-
ber se é possível propor o aumento
da taxa audiovisual já em 2014, de
forma a compensar, em parte, o fi m
tendo em conta que a administração
criticou o facto de a CT ter partilhado
com os deputados um documento
confi dencial e lhe deixou implícita
uma ameaça de sanção disciplinar,
Alberto da Ponte será hoje questiona-
do sobre o mesmo gesto do ministro.
O conteúdo do plano continua a
ser marcado por muitas generalida-
des e uma fi losofi a marcadamente
assente no marketing empresarial. A
CT mantém as queixas de que o do-
cumento não exprime uma estratégia
concertada para a empresa de rádio
e televisão e de que a administração
não partilha informação crucial pa-
ra o processo de negociação. Além
disso, os representantes dos traba-
lhadores defendem que ainda não
se esgotou o prazo de dez dias para
dar o seu parecer obrigatório pela lei
laboral, pelo que o plano, aprovado
anteontem pela administração e “va-
lidado sem alterações e caucionado
politicamente” pelo ministro, é ile-
gal. A CT só recebeu a versão fi nal do
documento na passada sexta-feira e a
equipa de Alberto da Ponte exigiu-lhe
o parecer em três dias. Desde então
têm esgrimido argumentos por carta.
Na senda da redução de custos, “se-
ria criminoso” que a RTP não apro-
fundasse parcerias com a Lusa, disse
Relvas, que admitiu mais partilhas de
meios no estrangeiro mas também
em Portugal — e também reconheceu
a “precarização” do quadro de cola-
boradores da agência. Sobre a Lusa,
o ministro anunciou que voltará a re-
cusar a distribuição de dividendos
do exercício de 2012. Argumentando
ser “moralmente inaceitável” depois
dos constrangimentos orçamentais
que impôs à agência, Relvas espera
que os accionistas privados votem
esta proposta do Estado na assem-
bleia (são precisos 3/4 dos votos).
O secretário de Estado Feliciano
Barreiras Duarte aproveitou para
anunciar que concluiu um “pacote
político-legislativo” sobre o sector da
comunicação social que inclui 25 di-
plomas, alguns dos quais novos. Sem
pormenorizar, disse apenas que vão
de “matérias de regulação, deonto-
logia e acesso à profi ssão até vários
planos de formação para o sector,
empregabilidade e publicidade do
Estado”. Enfi m, matérias que nos
últimos anos têm sido apontadas
como necessitando de uma “avalia-
ção rigorosa”, salientou o secretário
de Estado.
da indemnização compensatória. Po-
rém, o quadro das projecções fi nan-
ceiras só indica um aumento de 2%
da receita da taxa em 2016.
Mas há outro dado a reter destas
projecções: a RTP conta aumentar as
receitas comerciais (de 40 milhões
este ano) em 13% ao ano em 2104 e
2015. Um valor irrealista se se tiver
em conta que a larga fatia dessas re-
ceitas é publicidade. “A publicidade
na TV caiu 18% em 2012, continua
fortemente negativa este ano e não
há previsões de melhoria”, afi rmou
ao PÚBLICO Manuel Falcão, da agên-
cia Nova Expressão, que só vê duas
possibilidades: ou a RTP vai aumen-
tar o número de minutos/hora ou
aumentar as tabelas de preços. Ora,
nem isso vem no plano nem as que-
bras brutais de audiências permitem
subir preços. Acrescente-se que a ad-
ministração estabeleceu como meta
os 22% de audiência para o total da
RTP1 e RTP2 e de 9% para as três rá-
dios, no fi nal de 2014.
A base do documento de 36 pá-
ginas que o ministro deixou ontem
ao presidente da comissão de Ética
e a quem pediu reserva de confi den-
cialidade é o rascunho entregue pela
administração à Comissão de Traba-
lhadores (CT) a 18 de Janeiro. Ora,
Ministro entregou o plano que aprovou à Comissão de Ética, salvaguardando que é confidencial
Ministro limitou-se a anunciar generalidades e remeteu pormenores para a audição de hoje do presidente da RTP. Plano de reestruturação, que trabalhadores dizem ser ilegal, faz previsões de receitas pouco realistas
Comunicação socialMaria Lopes
Antenas internacionais pagas por quem?
Oposição quer Estado a financiar RTP África e Internacional, que custam quase 20 milhões
Miguel Relvas quer fazer dos canais internacionais da RTP “instrumentos estratégicos” no mundo
lusófono. Num artigo publicado ontem em vários jornais dos PALOP, o governante opina sobre áreas editoriais (fora da sua alçada): diz que a RTP África deve privilegiar a “permuta de conteúdos” e a RTP Internacional precisa de “melhor programação”. No Parlamento, defendeu que a RTP deve fazer uma aposta estratégica nestas antenas, mas, questionado pela deputada do BE Cecília Honório sobre de onde sairá a verba para as financiar quando o orçamento da RTP for de 180 milhões, o ministro respondeu que sairá precisamente desse valor.
Ora, em 2011, de acordo com o relatório sobre o cumprimento da missão de
serviço público, os dois canais internacionais custaram, em conjunto, praticamente 20 milhões de euros (10,9 milhões a Internacional, 8,9 milhões a África). Descontando as receitas próprias, esse custo líquido cifrou-se em pouco mais de 13 milhões de euros.
Os deputados da oposição defenderam, tal como a Comissão de Trabalhadores da RTP fizera, que estes canais devem ser financiados pelo Orçamento do Estado, uma vez que é ao Estado que compete financiar o serviço público de rádio e televisão, como determina a Constituição, e porque não deve ser a taxa do audiovisual, cobrada aos lares e empresas nacionais, a pagar conteúdos destinados às emissões de televisão para outros países. M.L.
14 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013
Impacto do projecto de prevenção do suicídio na Amadora
Fontes: OSPI-Europe; INE
Mortalidade por suicídio provávelPor cada 100 mil habitantes em 2010*
Tentativas de suicídioPor 100 mil habitantes
Evolução do suicídio declarado em comparação com óbitos por acidentes de transporte
ChipreItáliaEspanhaMaltaHolandaReino UnidoBulgáriaAlemanhaRoméniaLuxemburgoDinamarcaÁustriaPortugalSuéciaFrançaRep. ChecaIrlandaEslováquiaBélgicaEU 27EslovéniaFinlândiaPolóniaEstóniaLetóniaHungriaLituânia 40,8
*o suicídio provável é calculado juntando as mortes por suicídio registado como tal com as mortes violentas por causas indeterminadas. Estima-se que mais de 75% destas últimas sejam suicídios
4,7
23,327,7
24,721,8
19,919,819,11918,7
1615,915,515,515,314,3
13,312,912,311,711,6
8,88,78,3
6,55,5
Amadora Concelho onde foiaplicado o projecto
AlmadaConcelho de controlo(onde não foi aplicadoo projecto)
Abril 2009 aMarço 2010
150 115
122 138
Abril 2011 aMarço 2012
0
500
1000
1500
2000
2500
3000Acidentes
Suicídios
2010 201120052000199519901985
958
1012
Doenças mentais afectam mais de dois milhões de portugueses por ano – 23% da população adulta
2 milhõesAnualmente, 400 mil portugueses sofrem de depressão – 7,9% da população adulta
400 milSuicídios estimados em Portugal, por ano. Apenas cerca de 1000 são registados como tal
2000
Prevenção reduziu taxa de tentativas de suicídio na Amadora em 23%
São os primeiros resultados, em Por-
tugal, de um programa de preven-
ção de suicídio desenvolvido a nível
internacional, com fi nanciamento
da Comissão Europeia. Depois de,
ao longo de 18 meses, ter sido posta
em prática uma série de medidas, o
concelho da Amadora registou uma
redução de 23,3% na taxa de tenta-
tivas de suicídio, revela o coordena-
dor português da Aliança Europeia
contra a Depressão, o psiquiatra
Ricardo Gusmão. O plano envolveu
centenas de profi ssionais de diferen-
tes sectores — da saúde às forças de
segurança. E hoje será apresentada
a metodologia desenvolvida.
O projecto chama-se OSPI-Europe
(“Optimização de Programas de Pre-
venção do Suicídio e sua Implemen-
tação na Europa”). Está a ser apli-
cado em quatro países — Portugal,
Alemanha, Hungria e Irlanda, tendo
em vista a sua validação científi ca
— e tem como objectivo “fornecer
recomendações aos decisores polí-
ticos de saúde dos Estados-membros
da União Europeia que permitam
adoptar intervenções de prevenção
do suicídio baseadas na evidência
científi ca, em materiais concretos e
instrumentos” específi cos.
Em cada um dos quatro países fo-
ram escolhidas duas regiões: uma
para aplicar o modelo desenvolvido
pela Aliança Europeia contra a De-
pressão, outra onde nenhuma medi-
da foi adoptada e que servia apenas
como “região de controlo”.
Em Portugal, explica Ricardo
Gusmão, onde de há 15 anos a esta
parte se regista uma “tendência pa-
ra o aumento do suicídio”, algo que
só acontece em mais três países da
União Europeia, a “região caso” foi
o concelho da Amadora (cerca de 176
mil habitantes) e a “região controlo”,
Almada (166 mil).
Em 2009, antes de a estratégia de
prevenção, a taxa de suicídio prová-
vel na Amadora era de 10,5 óbitos
para cada cem mil habitantes e, em
Almada, de 17,5 para cada cem mil
habitantes. O conceito de “suicídio
Projecto está a ser testado em quatro países. Coordenador fala em resultados “signifi cativos”. Dados são hoje apresentados. Ansiolíticos foram usados em três quartos das tentativas de suicídio
provável” é, sublinha o relatório que
hoje será apresentado na Amadora,
uma forma de ultrapassar a impreci-
são do registo de suicídio. Alguns da-
dos apresentados pelo investigador
da Faculdade de Ciências Médicas
da Universidade Nova de Lisboa: em
Portugal, são contabilizados cerca de
mil suicídios por ano, menos de três
por dia. A estes somam-se cerca de
mil mortes anuais por “morte vio-
lenta indeterminada”.
O psiquiatra explica que se estima
que 75% destas mortes indetermi-
nadas sejam “suicídios escondidos”
que, por várias razões (a pressão das
famílias para que algo que ainda é
estigmatizante não seja divulgado é
um dos factores que costumam ser
apontados), não aparecem nos cer-
tifi cados de óbito.
É com base neste indicador — “sui-
cídio provável” — que o investigador
diz que “a taxa anual de suicídio pro-
vável em Portugal pode atingir os 15
por cem mil habitantes”. Seja como
for, “corresponderá a um número
superior a 12 por cem mil, ou seja,
superior ao ofi cial, de 7,22 por cem
mil”. Os cálculos são feitos com base
em dados de 2010. Mas não são con-
sensuais (ver caixa).
Ansiolíticos e suicídioO relatório mostra o que foi feito na
Amadora. Receberam formação 110
profi ssionais de saúde (80% dos en-
fermeiros, 50% dos médicos e todos
os psicólogos e assistentes sociais do
Agrupamento de Centros de Saúde
do concelho) e 423 polícias, padres,
farmacêuticos, professores e ou-
tros.
Centenas de cartões com o con-
tacto de uma linha telefónica, a Voz
de Apoio, foram disponibilizados,
destinados às pessoas que deram
entrada na urgência do Hospital
Professor Fernando Fonseca na se-
quência de “actos auto-agressivos”.
Neste hospital, 1113 profi ssionais as-
sistiram a sessões de sensibilização
e formação.
Constituíram-se os primeiros gru-
pos de auto-ajuda para doentes com
depressão. E 130 mil panfl etos foram
deixados em domicílios e em mais de
cem instituições públicas e privadas.
Houve posters e mupis nas ruas, du-
rante 235 dias, ao longo de 18 meses.
A mensagem foi esta: “A depressão
tem tratamento”, “a depressão é uma
doença real”, e “pode atingir qual-
quer pessoa em qualquer momento”.
Mais: há quem possa ajudar.
Ao longo do período da experiên-
cia, as tentativas de suicídio na Ama-
dora desceram e em Almada (onde a
estratégia não foi aplicada) subiram.
O indicador mais ilustrativo, segun-
do Ricardo Gusmão, é o que mede
o número de tentativas por cem mil
habitantes: a redução na Amadora
foi de 23,3% e a subida em Almada
foi 13,1%. Dados sobre suicídios con-
sumados não existem ainda, diz-se,
mas os efeitos só deverão fazer sentir-
se dentro de três a cinco anos.
Nos dois concelhos analisados, a
maioria (53%) das pessoas que tenta-
ram suicídio apresentava “um diag-
nóstico de perturbação do humor
SaúdeAndreia Sanches
Efeito de imitação
Media não cumprem orientações da OMS
Pais que se suicidam, mas que antes matam os filhos. Empresários com dívidas que se matam também. As
notícias têm sido frequentes, mas Ricardo Gusmão diz que o país não está a assistir a um boom de casos. “Não houve, desde 2007, um aumento que não fosse previsível”, tendo em conta aquela que era a evolução dos suicídios desde os anos 1990. Agora, podemos estar assistir a algo que não é inédito: uma concentração no tempo de um certo tipo de episódios. “E sei que o que irei
encontrar, se fizer esse estudo, é sempre o mesmo: uma grande divulgação por parte da imprensa.” Os casos recentes de pais (sobretudo mães) que levam consigo os filhos, obedecerão a esse padrão, tal como há alguns anos houve um número anormal de suicídios de agentes de segurança, em poucos dias, à medida que as notícias iam saindo: “Os media divulgam identidades, falam dos métodos, dos vizinhos. O efeito mimético é conhecido. Ninguém está a cumprir as orientações da Organização Mundial da Saúde.”
PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | PORTUGAL | 15
com síndrome depressivo associa-
do”, independentemente de sofre-
rem de outras patologias. “A esqui-
zofrenia estava presente em menos
de 5% dos casos. As patologias da
adição (à excepção do álcool) esta-
vam presentes em 5,7% dos casos e o
alcoolismo estava presente em 10,4%
dos casos.”
Em relação aos métodos, em quase
três quartos dos casos contabilizados
em ambos os concelhos, isoladamen-
te ou em associação a outros méto-
dos, os ansiolíticos do tipo benzodia-
zepinas estiveram presentes. O álco-
ol, isoladamente ou em associação a
outros métodos, estava presente em
16,5% de casos.
O investigador faz questão de
sublinhar que o resultado obtido é
“estatisticamente signifi cativo” e que
existe uma “relação clara de causa-
lidade” entre a redução do suicídio
tentado e o OSPI. “Em números ab-
solutos de tentativas de suicídio, foi
observada uma redução de 18,05%
na Amadora em relação a Almada.”
Mais: houve melhorias ao nível dos
conhecimentos, atitudes e compe-
tências observadas entre os médi-
cos sobre a depressão e os compor-
tamentos suicidários. E a formação
teve ainda impacto noutros grupos
profi ssionais.
Um censo telefónico realizado à
população — mil inquéritos antes da
campanha e outros mil depois — tam-
bém revelou melhorias ao nível dos
conhecimentos e dos “índices de es-
tigma” associados à depressão.
O suicídio, nota Gusmão, “é uma
complicação médica das doenças
mentais, em particular da depres-
são” — doença que afecta 400 mil
portugueses/ano. O relatório que
hoje é apresentado contém dezenas
de recomendações para o prevenir
(ver texto nestas páginas).
DANIEL ROCHA
Estudo estima que pode haver 2000 suicídios por ano em Portugal
Dúvidas
Álvaro de Carvalho contesta números
O director do Programa Nacional de Saúde Mental, e coordenador da Comissão de Peritos para
o Plano Nacional de Prevenção do Suicídio, contesta alguns dados usados no relatório que sintetiza o projecto OSPI-Europe, que hoje será divulgado. Desde logo, Álvaro de Carvalho, que participará na apresentação pública do documento, duvida do número referido de que, em Portugal, em cada ano, morrem cerca de 2000 pessoas por suicídio.
“Há muito que se diz e escreve que o número efectivo de suicídios é bem maior do que o que consta das estatísticas”, disse ao PÚBLICO Álvaro de Carvalho. Mas não há nenhuma metodologia “internacionalmente validada” nem estudos nacionais que permitam dizer com segurança que é correcto fazer o que faz o psiquiatra Ricardo Gusmão, nesse estudo: juntar mortes violentas e suicídios para chegar à taxa de “suicídio provável”. Carvalho admite, contudo, que esta metodologia tem conquistado terreno no estrangeiro, apesar de organismos como o instituto de estatística da Escócia afirmarem que tal resulta numa sobrestimação do número de suicídios.
Carvalho nota ainda que publicações da Aliança Europeia contra a Depressão referem que metodologias como a usada na Amadora têm impacto positivo nas tentativas de suicídio – mas que este não é equivalente nos suicídios consumados. E questiona se serão comparáveis dois concelhos, Amadora e Almada, tão diferentes. Aguarda, contudo, mais dados. E espera que todos participem no debate em torno do plano que a comissão que coordena, e à qual chegou a pertencer Ricardo Gusmão, entregará ao Ministério da Saúde até ao fim de Março. A.S.
Há poucos estudos internacionais
que contabilizem o impacto econó-
mico do suicídio. Mas essa é uma
das preocupações do projecto OS-
PI-Europe. Ao mesmo tempo que se
quer desenvolver uma metodologia
científi ca de prevenção do suicídio,
pretende-se saber quanto podem os
países poupar se o prevenirem. Em
Portugal, os custos económicos, di-
rectos e indirectos, de cada suicídio
ascendem aos 300 mil euros.
O valor foi calculado para Portu-
gal, no âmbito do projecto OSPI, por
David McDaid, especialista da Lon-
don School of Economics (LSE), que
faz parte do consórcio OSPI — onde
estão investigadores e médicos de
instituições de 10 países.
Num artigo publicado pela LSE,
em 2010, McDaid defende a impor-
tância destes números: serão cal-
culados porque poderão constituir
“uma motivação adicional para que
se faça um esforço de prevenção des-
tas tragédias”.
Dentro dos custos económicos,
distinguem-se os directos (que in-
cluem as despesas dos serviços de
saúde e de emergência, ou os fune-
rais, por exemplo), e os indirectos
(associados à perda de riqueza – “o
suicídio signifi ca que os indivíduos
perdem a oportunidade de con-
tribuir para a economia”, escreve
McDaid).
Mas há ainda os “custos humanos
intangíveis” – estima-se que corres-
pondam a 85% do total (incluem, por
exemplo, o sofrimento vivido pelos
familiares de quem se suicida). Resu-
mindo: 300 mil euros é apenas uma
pequena parte do impacto destas
mortes, a parte que corresponde ao
que é “tangível”, nota o coordenador
português da Aliança Europeia con-
tra a Depressão, Ricardo Gusmão.
No âmbito do projecto serão tam-
bém calculados os custos das ten-
tativas de suicídio – que resultam
muitas vezes em danos graves para
o próprio.
O documento que sintetiza os re-
sultados enumera um conjunto de
ideias que devem, na opinião de Ri-
cardo Gusmão, fazer parte da estra-
tégia nacional de prevenção do sui-
cídio. A meta, diz, deve ser reduzir a
Estudo contabiliza custos directos e indirectos de cada suicídio: 300 mil euros
taxa de suicídio em 15%, até 2017. E a
“visão”, continua, deve ser esta: “O
suicídio é o resultado da interacção
de factores biopsicossociais num mo-
mento de crise e no contexto de uma
doença mental; é uma complicação
médica; a prevenção da depressão e
dos comportamentos suicidiários é
essencial e é uma responsabilidade
partilhada.”
Devem ser defi nidos grupos prio-
ritários: pessoas com perturbação
mental e deprimidas são de “eleva-
do risco”; idosos, desempregados,
doentes crónicos, por exemplo, são
grupos de risco. Mas a prevenção
deve ser feita junto de toda a po-
pulação.
O documento deixa várias reco-
mendações, que passam por melho-
rar o acesso aos cuidados de saúde,
o diagnóstico e a prescrição, “tendo
a depressão como farol” – uma das
expectativas de Ricardo Gusmão é
que na Amadora tenha havido uma
redução da prescrição, por parte dos
médicos, de ansiolíticos do tipo ben-
zodiazepinas, quando é sabido que
Portugal apresenta consumos destes
fármacos bem acima da média.
É ainda preciso organizar os servi-
ços para que haja monitorização das
pessoas que dão entrada nas urgên-
cias pós-actos auto-agressivos; pôr
em prática um plano de formação
de médicos de família, bem como
de “formadores, dirigido a outros
profi ssionais líderes nas suas comu-
nidades” e promover a criação de
grupos de auto-ajuda.
Essencial, sublinha Ricardo Gus-
mão, “é que o plano nacional de
prevenção do suicídio tenha uma
equipa coesa, capaz e competente
e recursos que possa fazer o acom-
panhamento do plano” e que haja
“prestação de contas”. Para que não
seja apenas “um conjunto de medi-
das bonitas no papel”.
“Alcoolismo esteve presente em 10,4% das tentativas de suicídio”Ricardo GusmãoPsiquiatra
David McDaid calculou os custos do suicídio. Diz que devem ser uma “motivação adicional” para agir
16 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013
RUI GAUDÊNCIO
O parlamento regional debate hoje a terceira moção em três dias
Em apenas uma semana, a Assem-
bleia Legislativa da Madeira agendou
a discussão de três moções sobre a
acção do governo, uma de confi an-
ça pedida pelo Alberto João Jardim
e duas de censura apresentadas pelo
PS e pelo PTP. Estas iniciativas são a
tradução parlamentar da crescen-
te contestação popular às políticas
seguidas pelo executivo regional e
particularmente às consequências
sociais das medidas de austeridade
agravadas impostas pelo seu plano
de resgate.
O ambiente de crispação social tem
sido marcado por protestos contra o
maior agravamento fi scal de sempre,
a recessão sem precedentes, as taxas
recordes de desemprego e de falên-
cias de empresas que, de forma iné-
dita, exigem publicamente os seus
créditos ao governo, acusado de ser
responsável pelos despedimentos e
salários em atraso.
Politicamente, acentua-se tam-
bém a bipolarização regional entre
oposição e PSD que, a nível inter-
no, se confronta com clivagens e
Moções de censuraa Jardim traduzem crescente contestação
disputas, até agora nunca tornadas
públicas, bem patentes nas eleições
internas que mostraram um partido
dividido entre Jardim (51% da vota-
ção) e Miguel Albuquerque (49%),
na expulsão de militantes críticos
e nos confrontos entre dirigentes,
com queixas ao conselho jurisdicio-
nal e ao Ministério Público, como os
dirimidos entre o secretário-geral
Jaime Ramos e o vice-presidente
Miguel de Sousa.
As três moções foram apresenta-
das na sequência de notícias segundo
as quais o Departamento Central de
Investigação e Acção Penal, DCIAP,
estaria prestes a deduzir a acusação à
totalidade dos membros do governo
madeirense pelo crime de prevarica-
ção, como conclusão do inquérito
aberto em Setembro de 2011 à ocul-
tação de dívida pública regional. Nas
nove anteriores legislaturas foram
apresentadas quatro moções de cen-
sura, tantas quantas as apresentadas
desde Maio de 2012, altura em que
o PS retirou a sua proposta devido à
ausência de Jardim. A discussão da
primeira moção, apresentada pela
UDP em 1982, foi inviabilizada pela
ausência do governo e por falta de
quórum provocada pela maioria so-
cial-democrata, que chumbou idênti-
cas iniciativas do PCP em 2008, 2009
e 2011.
Antecipando-se às duas moções
de censura agora apresentadas pelo
PS e PTP, Jardim obteve terça-feira os
votos da maioria social-democrata ao
pedido de confi ança no seu governo,
também ultimamente alvo de protes-
tos populares em actos ofi ciais e à
porta da Quinta Vigia, sua residência
ofi cial. Com dispositivo de segurança
reforçado, o governante foi recebido
com manifestações contra e a favor à
entrada do parlamento, de onde saiu
pela porta traseira para os protestos,
sobretudo de sindicalistas que canta-
ram Grândola, vila morena.
Após ter transformado a moção
de confi ança ao seu governo numa
censura ao executivo da República
e à oposição regional, Jardim faltou
ontem ao debate da iniciativa do PTP,
chumbada pelo PSD. “O regime jar-
dinista usou o dinheiro de forma
fraudulenta em obras desnecessá-
rias [e] entregou a autonomia a Lis-
boa [que usa como] bode expiatório
[e] para desculpar os erros da sua a
governação e o dinheiro mal gasto”,
acusou.
“Que escândalo nacional não have-
ria, se o primeiro-ministro faltasse à
discussão de uma moção de censura
ao Governo na Assembleia da Repú-
blica”, comentou Edgar Silva, do PCP,
que em vão requereu a suspensão do
plenário até que o presidente do go-
verno comparecesse na assembleia.
Ontem, o PS solicitou uma audiência
urgente com o representante da Re-
pública para assegurar a presença
do presidente do governo no debate
da sua moção de censura, agendado
para esta manhã. Mas Ireneu Barreto
não se mostrou disponível.
AutonomiasTolentino de Nóbrega
Presidente do Governo Regional da Madeira volta a faltar hoje ao debate de mais uma moção, a 8.ª em 37 anos de autonomia
Elísio Summavielle já tinha sido apre-
sentado como a escolha do PS para
a Câmara Municipal de Mafra nas
próximas eleições autárquicas. O que
até ontem não se sabia era do con-
vite endereçado pelo ex-secretário
de Estado da Cultura e ex-director
do Instituto de Gestão do Patrimó-
nio Arquitectónico e Arqueológico
(Igespar) à escritora Alice Vieira para
cabeça de lista à Assembleia Munici-
pal de Mafra.
E a reacção a esta candidatura sur-
giu de imediato do partido do qual a
escritora é militante há mais de três
décadas. Ao PÚBLICO Antónia Di-
mas, do PCP, confi rmou que a escri-
tora não “informou previamente” o
partido da sua intenção de se candi-
datar pelo PS, situação que merece,
por isso, ser “discutida internamen-
te” com Alice Vieira.
O PCP considera que o facto de
Alice Vieira alinhar numa lista do PS
não pode deixar de ser entendido co-
mo uma “quebra de compromisso”,
sem, no entanto, clarifi car se poderá
estar na calha a saída da militante do
PCP. Antónia Dimas diz ainda que os
comunistas têm uma análise feita à
situação do país, na qual o PS tem
responsabilidades. Em comunicado,
o PCP insiste que tal opção constitui
em si mesma “uma quebra dos com-
promissos e deveres inerentes a um
membro do PCP”.
Contactada também pelo PÚBLI-
CO, Alice Vieira esclarece que se
considera “uma anónima militante
do PCP” e que olha para as eleições
autárquicas com um grau de especi-
fi cidade maior, em que “as pessoas
e os projectos” contam mais. Será
este o caso de Elísio Summavielle pa-
ra Mafra. “Eu não faço espectáculo
destas coisas, se me expulsarem do
PCP, estão no seu pleno direito, isso
não mudará o meu voto, se entender
votar comunista”, afi rmou.
A candidatura de Alice Vieira é jus-
tifi cada como um “acto de plena ci-
dadania”, antecedida de uma “acção
cívica de décadas, desde os tempos
difíceis da resistência ao salazarismo
e à ditadura até à democracia, com
uma participação viva em todos os
ciclos de mudança”.
PCP chama Alice Vieira por “quebra” de deveres
AutárquicasRita Brandão Guerra
Militante comunista vai ser candidata pelo PS à Assembleia Municipal de Mafra. Escritora não teme expulsão
Breves
Autárquicas
Justiça
Macário afasta-se da recandidatura a Faro pressionado pelo PSD
TC remete para Tribunal de Oeiras prisão de Isaltino
Macário Correia, após ter esgotado todos os recursos para travar a perda de mandato, decidiu não se recandidatar à presidência da Câmara de Faro. A decisão foi divulgada ontem, em comunicado de imprensa assinado pelo vice-presidente do PSD, Jorge Moreira da Silva, após reunião realizada em Lisboa, em que estiveram presentes os deputados eleitos pelo Algarve e dirigentes regionais do partido. A saída de Macário da corrida autárquica, diz o comunicado, foi a pedido do próprio, e deve-se “ao facto de não estar ainda concluído o seu processo judicial e de não querer prejudicar o calendário e a estratégia eleitoral do PSD”. O Tribunal Constitucional já disse que estavam esgotados os apelos.
O Tribunal Constitucional (TC)recusou o recurso de Isaltino Morais, o que deixa agora ao Tribunal de Oeiras a decisão de ordenar o cumprimento da pena de dois anos de prisão efectiva, aplicada ao autarca.Fonte do TC disse ontem à agência Lusa que o recurso de Isaltino, apresentado no dia 4, “foi objecto de decisão sumária de não conhecimento”, o que significa que nem sequer mereceu a apreciação dos conselheiros. O TC revelou ainda que, após notificar o MP e Isaltino, a pena de prisão “transita em julgado”, o que significa que a pena poderá vir a ser cumprida. O Tribunal de Oeiras será agora informado desta diligência, após a qual deverá decidir, nos próximos dias, sobre o cumprimento da prisão do autarca.
PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | PORTUGAL | 17
Infarmed acha que médicos devem declarar lápis dados por laboratórios
Esclarecimentos da Autoridade Nacional do Medicamento sobre os artigos oferecidos por delegados de informação médica e farmacêuticas desapareceram ontem do site do organismo para “reformulação”
NELSON GARRIDO
Apenas uma minoria dos médicos tem declarado aquilo que recebe da indústria farmacêutica
Os profi ssionais de saúde são obriga-
dos a declarar publicamente todas as
canetas, lápis e artigos semelhantes
recebidos dos delegados de informa-
ção médica, tal como devem divulgar
os almoços que lhes são oferecidos
pela indústria farmacêutica, escla-
receu a Autoridade Nacional do Me-
dicamento (Infarmed) numa lista de
perguntas e respostas que esteve dis-
ponível para consulta na sua página
electrónica até terça-feira. Ontem,
porém, os esclarecimentos desapa-
receram misteriosamente do site do
Infarmed. Contactado o organismo, a
resposta foi lacónica: as perguntas e
respostas foram “momentaneamen-
te retiradas para reformulação e ac-
tualização”.
Mas a primeira versão do docu-
mento é muito clara: os médicos,
enfermeiros, farmacêuticos devem
declarar ao Infarmed bens como
canetas, lápis, cadernos. “São bens
avaliáveis em dinheiro, pelo que os
mesmos deverão ser declarados”,
justifi ca o organismo. Também a ins-
crição num congresso e as refeições
pagas pelas empresas farmacêuticas
são obrigatoriamente comunicadas,
porque a inscrição “constitui um pa-
trocínio” e a refeição “um bem ava-
liável em dinheiro”.
“É uma vergonha. Isto signifi ca
que temos que declarar esferográ-
fi cas e cafés... Acho muito bem que
haja transparência, mas as declara-
ções de confl ito de interesses deviam
ser feitas quando está em causa o
patrocínio de acções de formação
e o pagamento de palestras”, reage
o presidente da Secção Regional do
Norte da Ordem dos Médicos (OM),
Miguel Guimarães.
Os esclarecimentos entretanto de-
saparecidos foram disponibilizados
pelo Infarmed na sequência da pu-
blicação do artigo 159 do Decreto-Lei
n.º 20/2013 de 14 de Fevereiro (sobre
transparência e publicidade) que dá
aos profi ssionais de saúde, aos labora-
tórios farmacêuticos e às associações
de doentes o prazo de 30 dias para
declarar o recebimento e a oferta de
subsídios, patrocínios, subvenções e
bens avaliáveis em dinheiro.
A Ordem dos Médicos anunciou
na semana passada que vai pedir ao
provedor de Justiça que suscite a in-
constitucionalidade desta legislação,
alegando que poderá estar em causa
o princípio da igualdade (porque o
mesmo tipo de exigência não é feito
a profi ssionais de outras áreas). Num
parecer do respectivo departamento
jurídico, a OM aconselhou, mesmo as-
sim, por cautela, que todos os apoios
acima de 102 euros sejam declarados,
enquanto a situação não se esclarece.
Entretanto, aumenta a um ritmo
lento o número de comunicações re-
gistadas na plataforma electrónica
criada pelo Infarmed para divulgar
os apoios recebidos e concedidos.
Até ontem, só dois laboratórios, di-
vulgavam contribuições. A Pfi zer
declarava, por exemplo, ter dado
um patrocínio de 37 mil euros ao
Fórum Hematológico do Norte, de
14 mil euros à Sociedade Portugue-
sa de Cardiologia e de 2500 euros
à Associação Nacional dos Doentes
com Artrite Reumatóide. Na lista de
“aceitações declaradas” são cada vez
mais os médicos e farmacêuticos que
divulgam patrocínios e bens que re-
cebem da indústria farmacêutica e
alguns referem bens de valores irri-
sórios, como 10 e 50 cêntimos. Mas
ainda são uma ínfi ma minoria, se
pensarmos no total de profi ssionais
de saúde que existem no país.
SaúdeAlexandra Campos
18 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013
Breves
Justiça
Ministério Público
Exames
Havia mais 1537 presos em 2012 do que a lotação máxima
Colocação de Cândida Almeida decidida terça-feira
Novas regras para alunos daltónicos, cegos e baixa visão
O número de reclusos nas cadeias portuguesas no final do ano passado era de 13.614, ultrapassando em 1537 lugares a lotação máxima, segundo estatísticas da Direcção-Geral de Reinserção e Serviço Prisionais. Já os suicídios nas cadeias duplicaram em 2012 em relação a 2011, tendo-se suicidado 16 reclusos. Em 2012, por causas várias, morreram nas cadeias 66 presos.
A colocação da procuradora-geral adjunta Cândida Almeida, ex-directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), será decidida na próxima reunião do Conselho Superior do Ministério Público, programada para terça-feira.Cândida Almeida exerceu, até 8 de Março, as funções de directora do DCIAP, tendo sido substituída no cargo pelo procurador-geral adjunto Amadeu Guerra.
Os enunciados das provas finais de ciclo e exames nacionais com cor vão incluir este ano o código internacional para daltónicos (ColorADD), podendo ser realizadas “indistintamente por alunos normovisuais e daltónicos”. Serão também disponibilizados enunciados específicos para alunos cegos, alunos com baixa visão e alunos com limitações motoras severas.
O abandono escolar no ensino bási-
co em Portugal está actualmente nos
1,7%, indica um estudo apresentado
ontem por David Justino, ex-minis-
tro da Educação e Investigador da
Universidade Nova de Lisboa, du-
rante a 3.ª Conferência da EPIS —
Empresários pela Inclusão Social.
“Isto corresponde a um grupo
de 11.500 miúdos e, embora sejam
números residuais, não devem ser
esquecidos”, salientou David Jus-
tino na apresentação do Atlas do Abandono e do Insucesso Escolar em Portugal, na Fundação Calouste
Gulbenkian, em Lisboa.
O estudo, centrado nas crianças
dos dez aos 15 anos que deixaram
a escola sem o 3.º ciclo do ensino
básico completo, incluindo os que
nunca o frequentaram, faz uma
análise comparativa dos números
do abandono escolar em Portugal
entre 1991 e 2011, quando a escola-
ridade obrigatória ia até ao 9.º ano
(agora está no 12.º). Há 20 anos, es-
sa taxa era de 12,6%. Actualmente
encontra-se nos 1,7%.
“Houve uma redução quantita-
tiva e uma alteração na natureza
do abandono”, explicou. Em 1991,
“o grande pólo geográfi co ligado
ao abandono” estava localizado
no Litoral Norte do país. Com ba-
se nos censos de 2011 verifi cou-se
que “houve uma deslocação para os
distritos do interior”. Embora ainda
não se saibam os motivos desta al-
teração, David Justino avançou que
esta não será “independente da rota
de circulação de algumas minorias
étnicas, que se fi xaram no interior
do país”.
Paços de Ferreira, Lousada e Fel-
gueiras estão entre os municípios
com maior redução da taxa de aban-
dono escolar no período abrangido
pelo estudo.
Quanto ao abandono escolar nos
jovens entre os 18 e os 24 anos que
saíram da escola sem o secundário
completo, incluindo os que nunca o
frequentaram, a taxa caiu de 63,7%,
em 1991, para 27,1%, em 2011.
O estudo indica ainda que, em 20
anos, a escolarização média aumen-
tou de 4,6 anos, em 1991, para 7,4
anos, em 2011. Pampilhosa da Serra
(4,58), Penamacor (4,75) e Idanha-a-
Nova (4,77) fazem parte dos 25 con-
celhos abaixo da média. Em contra-
partida, Oeiras (10,00), Lisboa (9,59)
e Cascais (9,50) situavam-se acima
da média de escolarização.
Abandono escolar caiu para níveis residuais
EducaçãoRita da Nova
NELSON GARRIDO
Mercado do cannabis valeu na UE entre 7 a 10 mil milhões de euros
Há cada vez mais jovens a dedica-
rem-se à venda ou ao cultivo de
droga para ganhar dinheiro, reve-
la um estudo divulgado ontem pela
Comissão Europeia. Em causa está
sobretudo a plantação doméstica de
cannabis.
O impacto da crise económica no
mercado de estupefacientes é um
assunto que preocupa os especialis-
tas, e são poucos os que entendem
que a falta de dinheiro vai levar os
consumidores a abandonar os seus
hábitos. “É expectável que as difi -
culdades económicas façam aumen-
tar os problemas relacionados com
drogas e álcool”, refere um deles no
estudo em causa, desenvolvido pe-
los institutos de pesquisa Trimbus e
Rand Europe. “Se mais gente perder
o emprego e passar a viver abaixo
do limiar da pobreza, aumentarão
as possibilidades de algumas dessas
pessoas usarem substâncias ilícitas
para se evadirem da realidade.” E
por muito que o consumo das drogas
mais caras, como a cocaína, possa
decrescer, o cenário torna-se cada
vez mais propício à expansão do
mercado das substâncias sintéticas,
bem menos dispendiosas e vendidas
em larga escala pela Internet. O rit-
mo de surgimento de novas drogas
tem sido acelerado: nos últimos dois
anos verifi cou-se que todas as sema-
nas surgiu uma nova substância.
Em 2011, foram detectadas pela
primeira vez, através do sistema de
alerta rápido da União Europeia, 49
novas substâncias psicoativas. Este
valor representa o maior número
de substâncias comunicadas num
só ano, tendo sido comunicadas 41
substâncias em 2010 e 24 em 2009.
Dados preliminares relativos a 2012
não revelam uma diminuição, tendo
já sido detectadas mais de 50 subs-
tâncias, refere um comunicado da
da Representação da Comissão Eu-
ropeia em Portugal.
Já o consumo de drogas tradicio-
nais, como a cocaína ou a heroína
estabilizou.
“Gente desempregada e margi-
nalizada pode vir a envolver-se não
apenas no consumo, mas também
no tráfi co”, referem os especialistas.
Há cada vez mais jovens a vender ou cultivar droga por causa da crise económica
“deverá igualmente provocar uma
redução dos fundos consagrados às
políticas de luta contra a droga, em
especial no que respeita aos trata-
mentos e às medidas de redução dos
seus efeitos nocivos”. Os elevados
custos dos programas de substitui-
ção baseados na metadona levaram
alguns Estados-membros da União
Europeia a substituí-los por progra-
mas de abstinência. “Na prática, isto
pode fazer com que os dependentes
acabem por não ter qualquer tipo de
tratamento”, observa outro especia-
lista entrevistado para este estudo.
Isso levará, quase inevitavelmente,
ao aumento dos crimes relacionados
com a obtenção de dinheiro para a
droga. Por outro lado, os fundos de-
dicados às operações policiais de in-
vestigação de redes de narcotráfi co
podem vir a decrescer.
Ninguém sabe bem quais serão as
soluções para evitar que o cenário
piore. Numa tentativa de minorar
o problema, a comissária da União
Europeia responsável pela Justiça,
Viviane Reding, anunciou que pre-
tende propor até ao fi nal do ano le-
gislação mais severa sobre as novas
substâncias psicoactivas e o tráfi co
ilícito. “Temos de actuar a nível da
União Europeia e proteger os nossos
fi lhos”, declarou. Já vários dos es-
pecialistas ouvidos no âmbito deste
estudo falaram das políticas de des-
criminalização, solução adoptada
em Portugal (ver caixa), mas tam-
bém da necessidade de enveredar
por políticas sociais de combate ao
desemprego e à exclusão social.
O estudo estima que na União Eu-
ropeia o mercado de cannabis, a dro-
ga mais consumida pelos europeus,
tenha atingido em 2010 um valor de
mercado de sete a dez mil milhões
de euros.
“O uso de drogas causado pelo de-
semprego e pela exclusão social tam-
bém pode ser visto como uma força
de automedicação”. A pressão dos
consumidores para obterem produ-
tos mais baratos conduzirá os trafi -
cantes a reduzir a qualidade, recor-
rendo a produtos farmacêuticos e
até de uso veterinário. O impacto do
aumento dos chamados “produtos
de corte”, que reduzem a pureza das
substâncias ilícitas, poderá fazer-se
sentir no recurso a hospitais e cen-
tros de saúde.
Mas estas não serão as únicas con-
sequências da crise económica, que
União EuropeiaAna Henriques
Especialistas temem que desempregados passem a usar substâncias ilícitas como forma de escape à realidade
Embora a descriminalização da droga feita em Portugal há uma década não tenha tido os efeitos
contraproducentes que se temia, a medida foi confundida por muita gente com uma pura despenalização do uso de substâncias ilícitas, refere o estudo. Não é assim: embora já não possa ser detido, quem for apanhado com pequenas quantidades de droga para uso pessoal sujeita-se a uma multa. Os autores do estudo sugerem que seja lançada uma campanha pelo Governo para desfazer os equívocos. Por outro lado, são cada vez mais os jovens dependentes de cannabis, pelo que os centros de tratamento não podem dedicar-se apenas aos consumidores de drogas duras.
Caso português em análise
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í
20 | LOCAL | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013
Estudo de Mega Ferreira está pronto mas Câmara de Lisboa não o divulga
O escritor, cuja contratação por 19 mil euros gerou polémica, concluiu a sua proposta para os museusem Outubro de 2012. A vereadora da Cultura diz que se está a trabalhar na versão fi nal do documento
JONATAS LUZIA
O Museu da Cidade, no Campo Grande, é um daqueles sobre o qual incide o trabalho de Mega Ferreira
O estudo elaborado por António
Mega Ferreira sobre os museus da
capital foi concluído e entregue à
Câmara Municipal de Lisboa em Ou-
tubro de 2012, mas a vereadora da
Cultura recusa-se a divulgar o seu
conteúdo, com o argumento de que
se trata de “um instrumento de tra-
balho e de apoio à decisão”.
A contratação do escritor e ex-
presidente do Centro Cultural de
Belém, por cerca de 19 mil euros,
foi aprovada pelo executivo cama-
rário em Junho de 2012, com a abs-
tenção dos vereadores dos Cidadãos
por Lisboa (eleitos pelo PS) e do PCP
e com os votos contra do PSD e CDS.
Na altura a oposição contestou es-
sencialmente o carácter “despesis-
ta” desta medida e o facto de não se
ter recorrido a técnicos do municí-
pio para fazer o estudo.
Já a vereadora da Cultura negou
estar a “desvalorizar” os técnicos
da Câmara de Lisboa, alegando que
“uma visão exterior” poderia ser
“vantajosa”. “Mega Ferreira conhe-
ce muito bem a cidade e é um gestor
cultural de grande competência”,
que possui uma “visão estratégica
para Lisboa e para os seus museus”,
afi rmou então Catarina Vaz Pinto.
A encomenda ao escritor tinha
um prazo de execução de quatro
meses, mas desde Junho que nada
se sabe sobre os resultados do tra-
balho contratado. Numa última reu-
nião pública da autarquia, realizada
no fi m de Fevereiro, o social-demo-
crata Victor Gonçalves e o centrista
António Carlos Monteiro pediram
esclarecimentos sobre o assunto. A
resposta de Catarina Vaz Pinto foi
lacónica: “Temos estado em diálogo
permanente com Mega Ferreira. Es-
tamos a ultimar a versão fi nal, para
discussão dentro do executivo”.
Esta resposta não satisfaz o ve-
reador do CDS, que adianta que já
dirigiu vários pedidos de informa-
ção à vereadora da Cultura, a quem
solicitou também uma cópia do es-
tudo elaborado por Mega Ferreira.
“Porque é que não nos facultam o
estudo e estão a escondê-lo? É in-
compreensível, porque o contrato
de prestação de serviços já termi-
nou”, diz António Carlos Monteiro,
que promete insistir no assunto até
que o documento lhe seja fornecido.
O PÚBLICO perguntou a Catarina
Vaz Pinto quando é que o escritor
terminou o seu trabalho, quais fo-
ram as suas principais conclusões
e quando é que se prevê que a cha-
mada “versão fi nal” do documento
esteja pronta e possa ser posta em
prática. “O estudo da autoria de
António Mega Ferreira é um instru-
mento de trabalho e de apoio à de-
cisão, que visa ajudar a defi nir uma
estratégia para os museus da cidade
e, em particular, para o Museu da
Cidade de Lisboa. O documento tem
as suas conclusões praticamente fi -
nalizadas, pelo que oportunamente
serão divulgados os seus contribu-
tos”, limitou-se a responder anteon-
tem a vereadora da Cultura.
Já António Mega Ferreira disse
ao PÚBLICO que entregou a 30 de
Outubro de 2012, “tal como estava
no contrato”, o estudo que lhe tinha
sido encomendado pela Câmara de
Lisboa. O escritor garante que de lá
para cá houve “algumas reuniões
para debater a proposta”.
Mega Ferreira também não quer
revelar quais foram as suas suges-
tões para os museus da capital, por
considerar que essa divulgação cabe
à autarquia, mas adianta que “glo-
balmente foram aceites”.
“Temos estado a trabalhar no seu
aperfeiçoamento, na adequação às
condições que existem”, acrescenta.
“O resto são decisões que a câmara
tem de tomar e nas quais não tenho
de interferir”, conclui o escritor.
Ontem, na reunião da Câmara de
Lisboa, que se realizou à porta fe-
chada e no fi m da qual não foram
feitas declarações aos jornalistas,
Catarina Vaz Pinto fez uma apresen-
tação da política cultural de Lisboa,
mas o trabalho de Mega Ferreira não
terá sido abordado.
MuseusInês Boaventura
Exigidas garantias a fundação
Concessão do Pavilhão Carlos Lopes adiada
A Câmara de Lisboa devia ter votado ontem uma proposta que previa a entrega à Fundação de
Solidariedade Social Aragão Pinto, cujo conselho de administração é presidido pelo candidato à presidência do Sporting Bruno de Carvalho, da reabilitação e exploração do Pavilhão Carlos Lopes. Mas a proposta acabou por ser adiada. A autarquia vai exigir à fundação, que foi a única concorrente ao concurso público lançado em 2012, que apresente uma garantia
bancária e esclareça quais as formas de financiamento de que dispõe. A reabilitação do pavilhão está orçada em cerca de sete milhões de euros, prevendo-se que este equipamento mantenha a sua valência desportiva, permitindo também o desenvolvimento de actividades como conferências. Os vereadores do CDS e do PSD criticaram, soube o PÚBLICO, a extemporaneidade da apresentação desta proposta, por considerarem que poderia interferir com a campanha eleitoral em curso no Sporting.
PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | LOCAL | 21
Isaura Morais preside à Câmara de Rio Maior desde 2009
A Câmara Municipal de Rio Maior
celebrou dois contratos por ajuste
directo com uma sociedade de advo-
gados da qual faz parte o vice-presi-
dente da comissão política distrital
do PSD Santarém, liderada pela pre-
sidente daquele município.
Os contratos de consultoria jurí-
dica e patrocínio judicial adjudica-
dos à Matos, Mata, Tomé, Baptista,
Simões e Associados datam de Julho
de 2010 e Agosto de 2012 e corres-
pondem, respectivamente, aos valo-
res de 72 mil e 66.480 euros, perfa-
zendo um total de 138.480 euros. O
montante máximo permitido por lei
para que este tipo de contratos pos-
sa ser adjudicado através de ajuste
directo é de 75.000 euros.
Um dos cinco sócios do escritório
de advocacia escolhido pelo municí-
pio é Ramiro Matos, vice-presidente
da comissão política distrital do PSD
de Santarém, orgão que é presidido
por Isaura Morais, também presi-
dente da Câmara de Rio Maior.
De acordo com o portal electróni-
co onde constam obrigatoriamente
todos os contratos públicos (www.
base.gov.pt), para a adjudicação
efectuada em Julho de 2010 — que
vigorou até Julho de 2012 — não foi
apresentada qualquer fundamenta-
ção para a necessidade de recurso
ao ajuste directo. No contrato de
Agosto de 2012, que vigorará até
2014, essa fundamentação já está
inscrita no portal: “ausência de re-
cursos próprios” [no município].
Carla Rodrigues, deputada na
Assembleia Municipal de Rio Maior
eleita pelo grupo Projecto de Cida-
dania — apoiado pelo Bloco de Es-
querda — , enviou no dia 7 de Março
um requerimento à presidente da
Câmara que tinha como objectivo
perceber “quais os critérios pelos
quais a Câmara se guiou” para a aju-
dicação desses contratos à referida
sociedade, alegando que há na aui-
tarquia “um gabinete jurídico com
cinco licenciados em direito”.
Em resposta, enviada na terça-
feira, a presidente da Câmara in-
forma que o gabinete tem quatro
licenciados em direito, “mas que
não podem assegurar o patrocínio
Câmara de Rio Maior contrata sociedade de advogados de dirigente do PSD
do município nas acções judiciais.”
Isaura Morais diz também que a Câ-
mara reduziu os custos dos serviços
jurídicos face ao mandato anterior.
“No ano de 2008 [mandato PS] o
Município de Rio Maior despendeu
a quantia de €141.919,73 em serviços
jurídicos” e, no presente mandato,
“apenas o valor pago à Sociedade de
Advogados em questão, de €36.000
anuais no âmbito do contrato que
vigorou entre 2010 e 2012, e €33.240
a partir deste último ano.”
Quanto à escolha da sociedade de
Ramiro Matos, a autarca justifi ca-a
com a “confi ança pessoal dos mem-
bros do executivo na sociedade” e
diz que desconhecia a fi liação par-
tidária do advogado “no momento
da celebração do contrato”.
Além das actuais funções na dis-
trital do partido, Ramiro Matos foi
também vice-presidente da Câmara
de Santarém entre 2005 e 2008 (no
primeiro mandato de Moita Flores),
bem como presidente da concelhia
do PSD de Santarém (2002 a 2008) e
da assembleia do mesmo órgão.
Por seu turno, a sociedade Ma-
tos, Mata, Tomé, Baptista, Simões
e Associados endereçou na segun-
da-feira uma carta à presidente da
Câmara onde afi rma que a maioria
dos contratos celebrados entre mu-
nicípios e escritórios de advogados
se processa através do recurso ao
ajuste directo. Na mesma carta lê-se
ainda que a sociedade “não está dis-
ponível para entrar no jogo político-
partidário” e acrescenta que até ao
momento recebeu “a quantia total
do primeiro contrato (72 mil euros)
e apenas 16.620€ do segundo.”
Nem Isaura Morais nem Ramiro
Matos aceitaram prestar declarações
ao PÚBLICO sobre o assunto.
Ajustes directosJoão Pedro Pincha
Presidente da Câmara, que lidera também a distrital do PSD, diz que desconhecia a filiação partidária do advogado que é seu vice
“Os Verdes” querem esclarecimen-
tos do Ministério da Economia e do
Emprego sobre o anúncio feito pelas
transportadoras Vimeca e Scotturb
de que a partir de dia 1 de Abril dei-
xarão de aceitar os passes intermo-
dais a bordo dos seus autocarros.
O partido denuncia as “consequên-
cias claramente devastadoras” que
esta medida terá para os utentes e
pergunta se o abandono do chama-
do passe social poderá levar à res-
cisão dos contratos de concessão
estabelecidos com as operadoras.
“Os Verdes” querem respostas do ministério sobre abandono do passe social pela Vimeca
coligação “Mais Sintra” à presidên-
cia do concelho, o social-democra-
ta Pedro Pinto, esteve reunido com
o secretário de Estado dos Trans-
portes, de quem terá recebido a ga-
rantia de que mesmo que a Vimeca
abandone o passe social o Governo
encontrará alternativas para que
não haja aumentos de preços para
quem viaja na transportadora.
O PÚBLICO reiterou o pedido de
esclarecimentos sobre esta matéria
feito na semana passada ao gabine-
te do secretário de Estado Sérgio
Monteiro, mas mais uma vez não
obteve qualquer resposta. Recen-
temente os municípios de Ama-
dora, Cascais, Odivelas, Oeiras e
Sintra emitiram um comunicado
onde dizem estar “totalmente con-
tra” a decisão da Vimeca, por esta
“acarretar um prejuízo incomen-
surável para os milhares de utentes
do transporte público regular de
passageiros”.
“Esta situação agrava, claramen-
te, os custos de utilização dos trans-
portes, de mobilidade geográfi ca,
de garantia do cidadão ao direito a
um transporte público condigno e
à sua mobilidade, fi cando expostos
a possíveis operações concertadas
de práticas de tarifas, horários e
percursos socialmente injustos, de
medidas economicistas, com ris-
co elevado de penalização para os
utentes e para os trabalhadores”,
dizem “Os Verdes” no documento
entregue ontem na Assembleia da
República.
O deputado José Luís Ferrei-
ra pergunta “que medidas estão
pensadas pelo Governo com vista
à resolução desta situação” e se as
transportadoras, que pertencem ao
mesmo grupo económico, têm ou
não a receber “pagamentos indem-
nizatórios e compensatórios pela
utilização dos passes sociais”.
Também ontem, o candidato da
TransportesInês Boaventura
O partido quer saber se a decisão desta operadora e da Scotturb poderá levar à rescisão dos contratos de concessão em vigor
Número Nacional/Chamada Local
22 | ECONOMIA | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013
RAQUEL ESPERANÇA
TAP discute com Governo solução para atenuar cortes e evitar greve
Greve está convocada para 21, 22 e 23 de Março, mas já está a causar fortes impactos na operação da TAP
A administração da TAP está a articu-
lar-se com o Governo para encontrar
uma solução que diminua os impac-
tos da aplicação dos cortes salariais
impostos pelo Orçamento do Estado
para 2013. E, com isso, travar a greve
de três dias convocada pelos sindi-
catos da empresa. Fernando Pinto,
presidente da companhia de aviação,
esteve reunido com três secretários
de Estado esta semana e terá agora de
apresentar propostas para solucionar
este caso.
A reunião decorreu no Ministério
das Finanças, na passada terça-feira.
Do lado da TAP, estiveram presentes
Fernando Pinto e Rocha Pimentel, ex-
director de recursos humanos e actu-
al responsável pela área de relações
laborais. Do lado do Governo, o en-
contro contou com Sérgio Monteiro
(secretário de Estado dos Transpor-
tes), Maria Luís Albuquerque (secre-
tário de Estado do Tesouro) e Hélder
Rosalino (secretário de Estado da Ad-
ministração Pública).
O presidente da transportadora aé-
rea foi convocado para debater as for-
mas de aplicação dos cortes salariais
impostos no Orçamento do Estado
(OE) para 2013, que eliminou a possi-
bilidade de haver regimes de adapta-
ção, como aconteceu em 2011 e 2012.
Este estatuto, concedido à TAP, CGD
e SATA, permitiu encontrar alternati-
vas às reduções efectuadas nos venci-
mentos dos trabalhadores do Estado,
que variaram entre 3,5 e 10%.
Perante as reivindicações da em-
presa, que enviou no início deste ano
um pedido ao Governo para repetir
as adaptações, e dos sindicatos, que
convocaram três dias de greve em
protesto contra os cortes, o Gover-
no decidiu tentar um entendimento.
A ideia é encontrar formas de aplicar
as reduções salariais, sem que isso
resulte em instabilidade laboral.
O caso da CGD, que também pe-
diu para manter a adaptação mas foi
obrigada a cumprir os cortes, está a
servir de base a uma eventual solução
para a transportadora. Isto porque
o banco público encontrou uma for-
ma de não penalizar duplamente os
trabalhadores. Apesar de efectuar as
reduções, vai repor as remunerações
retiradas nos últimos dois anos.
No entanto, o caso da companhia
liderada por Fernando Pinto é dife-
rente e mais difícil de solucionar, por-
que a adaptação a que procedeu em
2011 e 2012 não incidiu tanto sobre os
vencimentos dos trabalhadores.
Uma das componentes mais im-
portantes do regime negociado em
2012, por exemplo, foi a retirada de
um tripulante a bordo dos aviões –
medida que a administração estima
ter permitido poupar 14 milhões de
euros. Ou seja, a situação da TAP não
é tão simples de resolver, porque a
empresa não tem como repor direc-
tamente aos trabalhadores cortes que
fez nos custos operacionais.
Na reunião de terça-feira, fi cou de-
cidido que terá de ser a administra-
ção da companhia a apresentar uma
solução ao Governo, com base na pre-
missa de que terá de criar um equi-
líbrio entre o que devolverá e o que
retirará aos trabalhadores. Fernando
Pinto foi mandatado para realizar es-
te trabalho, a apresentar aos secretá-
rios de Estado em breve. Só depois
de haver um acordo entre as partes
é que os sindicatos serão convocados
para uma reunião formal.
O tempo urge. Além de faltar ape-
nas uma semana para o início da gre-
ve, que está agendada para 21, 22 e
23 de Março, os impactos já estão a
fazer-se sentir. Ontem, a TAP avan-
çou que já foram canceladas 21 mil
reservas desde que os trabalhadores
anunciaram os protestos. A reunião
do tribunal arbitral para defi nir ser-
viços mínimos ocorrerá hoje.
O PÚBLICO questionou os minis-
térios das Finanças e da Economia
sobre a articulação com a TAP e as
probabilidades de entendimento,
mas não obteve resposta. Ainda é ce-
do para saber se a tentativa será bem
sucedida, tal como aconteceu com a
Iberia. A companhia espanhola, que
se fundiu com a British Airways, con-
seguiu escapar à greve de cinco dias
que começaria na segunda-feira. O
protesto foi desconvocado ontem pe-
los sindicatos depois de um mediador
escolhido pelo executivo ter conse-
guido um acordo entre as partes.
Fernando Pinto, presidente da companhia, esteve reunido com três secretários de Estado para discutir as formas de aplicação das reduções salariais exigidas este ano. Administração terá agora de propor soluções
Empresas públicasRaquel Almeida Correia
Bruxelas quer reduzir compensações a passageiros
Cortes nas indemnizações e limites ao apoio prestado pelas companhias
Bruxelas propôs que os passageiros que viajam de avião só possam pedir indemnizações às
companhias se os voos se atrasarem mais de cinco horas. De acordo com a proposta, conhecida ontem, só haverá lugar a indemnização em três situações: atrasos de mais de cinco horas para voos dentro da União Europeia (UE) e internacionais de pequeno curso (menos de 3500 quilómetros de distância), atrasos de mais de nove horas para voos de menos de 6000 quilómetros e atrasos de 12 horas para voos com mais de 6000 quilómetros.
Neste momento, basta um voo atrasar-se três horas para que os passageiros tenham direito a pedir uma compensação. A Comissão Europeia afirma
que este intervalo de tempo se mostrou “demasiado curto” e que a alteração tem o objectivo de “conceder às transportadoras aéreas um prazo razoável para solucionarem o problema e incentivá-las a operar o voo, não se limitando a cancelá-lo”. Quando as companhias não conseguirem, num prazo de 12 horas, retomar a ligação, passarão a ser obrigadas a reencaminhar os passageiros para as alternativas possíveis: empresas concorrentes ou outros meios de transporte.
Os direitos dos passageiros também deverão ser mais limitados no que diz respeito à assistência que as companhias têm de prestar quando há cancelamentos. O apoio aos clientes não tinha nenhum limite de tempo, mas a Comissão
Europeia quer agora confiná-lo a apenas três dias para não pôr em causa a “sobrevivência financeira” das transportadoras.
Há outras mudanças importantes na proposta, como a obrigatoriedade de as companhias darem rapidamente informação aos passageiros quando surge algum imprevisto. Bruxelas quer fixar em 30 minutos o limite para que informem os clientes, contando a partir da hora em que o voo deveria ter partido. Haverá ainda uma maior clarificação no que toca à invocação de circunstância extraordinárias para alterações nos voos – um direito que é concedido às transportadoras aéreas quando acontece uma catástrofe natural, por exemplo, e que as desobriga de pagar indemnizações.
39milhões de euros foi a poupança proposta pela TAP quando pediu a adaptação no início deste ano
PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | ECONOMIA | 23
Breves
Crise
Financiamento
Construção perdeu mais 20 mil empregos em Janeiro
QREN apoia 44 projectos com 16,6 milhões de euros
O desemprego no sector da construção aumentou em 20.090 pessoas em Janeiro quando comparado com o mesmo mês de 2012, anunciou ontem a Fepicop na análise de conjuntura mensal. A Federação Portuguesa da Indústria de Construção refere que houve “um aumento histórico do desemprego”, situando-se nos 110.522 trabalhadores do sector. Segundo a federação, “o ritmo da crise agravou-se em 2012 e não dá mostras de abrandar com a entrada num novo ano”, uma vez que o relatório que analisa as expectativas dos empresários indica que os indicadores “registam quebras brutais e insustentáveis, muitas delas históricas, como é o caso do emprego e do licenciamento de fogos novos”.
O Ministério da Economia anunciou ontem a atribuição de 16,6 milhões de euros a 44 projectos na área de tecnologias de informação e comunicação. O financiamento surge, diz o ministério, no âmbito da primeira fase do concurso dos sistemas de incentivos do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN). Os projectos aprovados, diz ainda o ministério, “são promovidos por consórcios constituídos entre empresas e entidades do sistema científico e tecnológico, centros tecnológicos, laboratórios do Estado e associados e outras instituições” privadas e sem fins lucrativos, “com o objectivo partilhado de desenvolverem novos produtos e serviços”.
Paulo Azevedo quer aumentar quota nos mercados em que opera
A Sonae elege como primeiro ob-
jectivo para 2013 a redução do en-
dividamento, em parte devido aos
elevados custos fi nanceiros/spreads
praticados pela banca e que Paulo
Azevedo, presidente executivo do
grupo, considera que “não se jus-
tifi cam actualmente”. O grupo está
também apostado em reforçar a in-
ternacionalização, assente em novos
modelos de negócio, que limitem as
exigências de capital.
Este conceito assenta em duas pre-
missas novas na história do grupo,
uma delas quase revolucionária e que
consiste numa maior disponibilidade
para entrar em negócios de parceria,
ou seja, em que a Sonae não detém
o controlo maioritário do negócio.
Mas o conceito de novo modelo de
negócio vai mais longe, e passa pelo
crescimento através de franquias,
prática já testada nas lojas de roupa
infantil Zippy, e pela aposta crescen-
te na prestação de serviços.
Na sessão de apresentação de con-
tas anuais, ontem no Porto, Paulo
Azevedo reconheceu que os números
dos novos negócios ainda têm pou-
ca relevância nos resultados globais,
mas mostrou confi ança no futuro:
“As novas e promissoras avenidas de
crescimento internacional que temos
descoberto vão mexer nos grandes
números do grupo”, afi rmou.
Num ano em que “não espera me-
Sonae aposta em novos modelos de negócio
lhorias signifi cativas nas economias
dos países do Sul da Europa”, Paulo
Azevedo quer continuar a aumentar
a quota de mercado em Portugal e
rentabilizar a operação de retalho
em Espanha.
Ainda no capítulo da internacio-
nalização, o presidente da Sonae
SGPS, Paulo Azevedo, demonstrou
cautela no ritmo de concretização
dos investimentos em Angola, em
parceria com a empresária Isabel
dos Santos. O CEO da Sonae admi-
tiu que os primeiros hipermercados
Continente poderão abrir em 2014,
mas não excluiu a hipótese de isso
acontecer só em 2015. “É um inves-
timento muito importante” onde o
grupo não quer “arriscar” muito. O
projecto em Angola “está numa fase
em que estamos a aprender a traba-
lhar juntos e a discutir os modelos
operacionais”, afi rmou.
No último exercício, o volume de
negócios totalizou 5379 milhões de
euros, menos 3% do que no ano an-
terior. O EBITDA atingiu 600 milhões
de euros, sem variação face a 2011,
e os lucros caíram 69%, para os 33
milhões, especialmente devido à
redução da dívida líquida e aos pre-
juízos da Sonae Sierra (42 milhões).
O endividamento fi cou nos 1816 mi-
lhões de euros — uma queda de 147
milhões face a 2011.
Apesar da queda de resultados,
a Sonae vai pagar um dividendo de
3,31 cêntimos por acção, referente ao
exercício de 2012, o mesmo valor do
ano passado. No total, serão pagos 66
milhões de euros aos accionistas, o
que representa o dobro do resultado
líquido apurado. Ângelo Paupério,
administrador da Sonae (grupo dono
do PÚBLICO), justifi cou a dimensão
do montante alocado para dividen-
dos com o bom desempenho do cash-
fl ow gerado pelo grupo.
FERNANDO VELUDO/NFACTOS
EmpresasJosé Manuel Rocha e Rosa Soares Custos financeiros contribuíram para forte redução dos lucros e levam grupo a reforçar desalavancagem
Manuel Sebastião está de saída da AdC
As provas recolhidas nas buscas a
15 bancos que, alegadamente, terão
combinado a fi xação de spreads, de
comissões e de serviços no crédito à
habitação e consumo estão nas mãos
do Ministério Público. Manuel Se-
bastião, presidente da Autoridade
da Concorrência (AdC), foi ontem
ouvido na Comissão de Orçamento,
Finanças e Administração Pública,
e adiantou que o caso terá de estar
concluído no espaço de dois anos.
“Um processo destes tem de ser
bem investigado e a investigação
não se faz de um dia para o outro.
Neste momento não temos sequer
as provas que foram recolhidas. Es-
tão em análise técnica no Ministério
Público”, disse, questionado pelos
jornalistas à saída da audiência. Os
documentos serão, depois, enviados
à Autoridade da Concorrência, que
“só aí começará a investigar”.
O regulador decidiu abrir o pro-
cesso de violação de regras de con-
corrência na banca no fi nal do ano
passado. “Não foi na véspera de
acabar o meu mandato”, afi rmou
Manuel Sebastião aos deputados. O
presidente da AdC, que termina a
25 de Março um mandato de cinco
anos à frente do organismo, justifi -
cou que a demora se prendeu com
“todo o processo de buscas que é de-
senvolvido com o Ministério Público
Caso do alegado cartel da banca pode durar dois anos a ser investigado e decidido
e o Departamento de Investigação e
Acção Penal”.
Ontem, o PÚBLICO noticiou que
os responsáveis do Barclays em Por-
tugal tiveram conhecimento de que a
denúncia deste caso partira da sede
do banco britânico em Londres, com
acordo de clemência, depois das
buscas. Manuel Sebastião recusou
explicar como é que a AdC obteve os
“fortes indícios” de cartel na banca
e voltou a frisar que em causa está
“uma troca de informação comercial
sensível entre concorrência, e é isso
que vai ser investigado”.
Apesar da investigação em cur-
so, Manuel Sebastião garante que a
banca portuguesa é credível. “De-
vo dizer que o sector (do qual sou
oriundo e ao qual espero regressar)
é muito dinâmico e concorrencial,
em que os consumidores podem ter
confi ança”, sublinhou. Contudo, “se
há alguma violação de regras de con-
corrência tem de ser investigada e é
isso que estamos a fazer”.
Além disso, esta operação prova
que a nova lei da concorrência fun-
ciona, disse. “Se estava confi ante na
nova lei, fi quei ainda mais com esta
operação”, afi rmou. Para o presiden-
te da AdC, independentemente do
resultado, este caso já teve a vanta-
gem de promover uma refl exão no
sector bancário e nas 15 empresas
envolvidas e do sector bancário “so-
bre o tipo de informação que trocam
com as empresas concorrentes”.
Fazendo um balanço dos cinco
anos de presidência da AdC, Manuel
Sebastião refutou as acusações sobre
a falta de actuação do regulador, di-
zendo aos deputados que a “ideia de
que a AdC em matérias de práticas
proibidas não actuou não tem qual-
quer fundamento”. O número de
processos abertos por infracção às
regras de concorrência chegou aos
93 entre 2003 e 2007, mas desceu
para 61 entre 2008 e 2012. Contu-
do, destacou que foram fechados 101
processos neste período, em compa-
ração com os 34 de 2003-2007.
Manuel Sebastião termina o man-
dato a 25 de Março e já confi rmou
que não vai ser reconduzido. O ad-
vogado e ex-secretário de Estado do
Emprego Luís Pais Antunes é dado
como sucessor, mas ao PÚBLICO
preferiu não fazer comentários so-
bre o tema.
Até à entrada em vigor da nova Lei
Quadro das Entidades Reguladoras,
o nome do novo presidente da AdC
não terá obrigatoriamente de passar
pelo crivo da Comissão de Recruta-
mento e Selecção da Administração
Pública. com Raquel Martins
ConcorrênciaAna Rute Silva
Manuel Sebastião, da Autoridade da Concorrência, diz que as provas estão ainda no Ministério Público
24 | ECONOMIA | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013
DANIEL ROCHA
Taxas do crédito ao consumo ultrapassaram os 37% no final de 2012
O Conselho de Ministros deu ontem
luz verde a um conjunto de medidas
de apoio aos consumidores com pro-
blemas fi nanceiros, atacando uma
das fontes de endividamento das
famílias — a dos créditos ao consu-
mo, com taxas elevadas, ou mesmo
“usurárias”, nas palavras do secretá-
rio de Estado adjunto da Economia,
Almeida Henriques.
Através de uma alteração legisla-
tiva (ao Decreto-Lei n.º 133/2009),
que regula e disciplina a defi nição
das taxas de cartões de crédito e cré-
ditos pessoais, o Governo determina
que, a partir de 1 de Julho, a Taxa
Anual de Encargos Global (TAEG)
passe a ter uma nova fórmula de
cálculo e também um tecto máxi-
mo de 27,5% nos cartões de crédito
e descobertos de conta à ordem. A
taxa será de 19,5% para outros cré-
ditos pessoais (lar e sem fi nalidade
específi ca).
Almeida Henriques explicou que
as medidas agora tomadas preten-
dem ser um travão a uma escalada
das taxas de juro no mercado portu-
guês para níveis excessivos, como os
que se atingiram em fi nais de 2012 —
37,4%, com tendência para subir.
A instituição de um tecto máxi-
mo resulta da transposição da Di-
rectiva da Comissão Europeia n.º
2011/90/UE.
Comissões limitadasA partir de agora, os bancos fi cam
ainda obrigados a enviar um extrac-
to periódico aos clientes com crédi-
tos de consumo, à semelhança do
que sucede com o crédito à habita-
ção. Esta informação periódica con-
tribuirá, no entender do Governo,
para uma melhor gestão deste cré-
dito, ajudando a prevenir o endivi-
damento dos consumidores.
O Conselho de Ministros aprovou
ainda um novo regime para os ju-
ros de mora (referentes a atrasos
no pagamento das prestações dos
empréstimos). O anterior regime
datava de 1978 e encontrava-se ma-
nifestamente desajustado da reali-
dade actual, onde têm prevalecido
práticas arbitrárias em relação a ju-
ros e a aplicação de comissões muito
Governo limita taxas de juro do crédito ao consumo e penalizações por incumprimento
penalizadoras para as famílias e as
empresas que se encontram em si-
tuação de incumprimento.
O novo regime, entre outros as-
pectos, limita fortemente a cobran-
ça de comissões bancárias por in-
cumprimento. Admite-se apenas a
cobrança de uma única comissão
bancária por cada prestação ven-
cida e não paga, em vez das actuais
comissões sucessivas (que muito
pesavam sobre os incumpridores,
chegando a ultrapassar muitas vezes
o valor da prestação mensal).
As comissões bancárias passam
a estar limitadas a 4% do valor da
prestação mensal, anteriormente
objecto de práticas discricionárias,
estando ainda balizadas a um valor
mínimo de 12 euros e a um máximo
de 150 euros.
O limite máximo da taxa anual
de juros moratórios é revisto, para
particulares e empresas, passando a
ser fi xado para todas as instituições
de crédito nos 3%, por oposição às
actuais práticas arbitrárias, que tra-
duziam taxas muito variáveis.
Este pacote do Governo surge na
sequência de outras medidas toma-
das em 2012, com destaque para a
criação de mecanismos legais obri-
gatórios de protecção dos clientes
endividados, a revisão e operacio-
nalização do regime dos serviços
mínimos bancários (a 5 euros por
ano), entre outras.
BancaRosa Soares
Conselho de Ministros transpõe directiva europeia que limita os juros que estavam a asfixiar muitas famílias endividadas
Agências privadas de emprego
Governo simplifica criação e reforça coimas
A criação de agências privadas de colocação e emprego será mais fácil e passará a depender apenas
de uma comunicação prévia, deixando de ser necessário passar por um processo de licenciamento. Ao mesmo tempo, serão reforçadas as coimas aplicáveis por incumprimento da lei e será consagrado um tipo de crime para os casos de colocação de trabalhadores no estrangeiro em que a agência não promova o repatriamento.
A proposta de lei aprovada ontem em Conselho de Ministros (CM) “vem confirmar o regime referido com os princípios e regras transpostos de uma directiva comunitária, relativa aos serviços no mercado interna”, respondendo assim a uma exigência da troika que exige a eliminação de um conjunto de barreiras à concorrência em diversos sectores. A ideia é reduzir a carga burocrática associada
à criação destas empresas e aumentar a responsabilização e as coimas, o que implica ter uma inspecção mais actuante. Questionado, o Ministério da Economia e do Emprego garante que “a ACT, no âmbito das suas competências, exercerá a devida fiscalização”.
A proposta revoga ainda a comunicação anual de comprovação de requisitos, que apenas tem de ser apresentada no momento da comunicação prévia aos serviços do ministério, e elimina a obrigação de constituição de caução para garantia de repatriamento de trabalhadores, “que passa a ser facultativa”, frisa o comunicado.
Em Portugal, a existência de agências privadas de emprego tem sido nos últimos anos incipiente e a sua actividade — a promoção da formação e colocação de desempregados — tem-se confundido com a das empresas de trabalho temporário que são em muito maior número. Raquel Martins
O banco BPI voltou ontem a redu-
zir a sua dívida ao Estado, de 1200
milhões para mil milhões de euros,
depois de ter recomprado 200 mi-
lhões de euros de obrigações subor-
dinadas de conversão contingente
(CoCo). A intenção tinha sido anun-
ciada pelo presidente executivo do
banco, Fernando Ulrich, aquando a
apresentação das contas de 2012.
Em Junho do ano passado, o Esta-
do emprestou ao BPI um total de 1,5
mil milhões de euros através de Co-
Co bonds para ajudar a instituição a
reforçar os rácios de capital para os
limites impostos pelas autoridades.
O banco devolveu cem milhões no
fi nal de 2012, após ter pago outros
200 milhões, na sequência de um
aumento de capital.
Em comunicado, o BPI anunciou
ontem que recomprou ao Estado
português “200 milhões de euros
de obrigações subordinadas de con-
versão contingente (CoCo), depois
de obtida a autorização do Banco de
Portugal”, pelo que “o montante de
obrigações (...) que se encontram na
titularidade do Estado Português foi
reduzido de 1200 milhões de euros
para mil milhões de euros”.
O banco acrescenta que o valor
actual “do investimento público no
BPI, no valor de mil milhões de eu-
ros, corresponde a um ganho anual
para o Estado Português de cerca de
52 milhões de euros”, se ele não for
amortizado.
O grupo presidido por Fernando
Ulrich sublinha que “as necessida-
des de capital” do BPI resultaram
“essencialmente do buff er tempo-
rário de capital para exposições a
dívida soberana europeia, após a
recomendação, emitida em 2011,
pela Autoridade Bancária Europeia
(EBA)”.
O BCP (três mil milhões), o BPI
(1,5 mil milhões) e o Banif (1,3 mil
milhões) pediram empréstimos da
linha de recapitalização pública dis-
ponibilizada pela troika. Já o Estado
investiu ainda 1650 milhões de eu-
ros na CGD, neste caso directamente
por ser o seu único accionista e por-
que a instituição está impedida de
usar o mecanismo internacional.
BPI devolve mais 200 milhões ao Estado
BancaCristina Ferreira
Banco liderado por Fernando Ulrich reduziu ontem o nível de financiamento público para mil milhões de euros
PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | ECONOMIA | 25
Bolsas
PSI-20 Última Sessão Performance (%)Nome da Empresa Var% Fecho Volume Abertura Máximo Mínimo 5 dias 2013
PSI-20 INDEX 0,04 6066,660 55667715 6062,530 6071,810 6026,860 0,61 7,28ALTRI SGPS SA 1,54 1,914 455864 1,875 1,918 1,875 1,34 20,53BANIF SA 0 0,132 119612 0,132 0,133 0,132 -1,49 -9,59BPI -0,94 1,159 1494613 1,170 1,176 1,154 -1,27 22,91BCP -0,91 0,109 26548363 0,109 0,110 0,109 0 45,33BES 0,1 0,966 10838970 0,963 0,972 0,956 4,32 7,93COFINA SGPS 0,18 0,543 9118 0,548 0,548 0,542 2,26 -7,81EDP 0,21 2,360 6255661 2,357 2,360 2,325 1,51 3,06EDP RENOVÁVEIS 0,74 3,947 860959 3,913 3,947 3,880 -0,15 -1,18ES FINANCIAL 0,08 5,259 21818 5,200 5,259 5,171 -0,47 -0,40GALP ENERGIA -0,46 11,995 1092132 12,070 12,080 11,930 1,99 2,00J MARTINS SGPS 0,29 15,495 428708 15,405 15,550 15,325 -0,9 6,13MOTA ENGIL -1,1 1,884 282025 1,890 1,896 1,867 -4,32 20,23PT -0,42 4,008 2856836 4,026 4,045 3,999 2,31 6,91PORTUCEL 0,96 2,740 83766 2,711 2,743 2,711 -2,02 20,18REN -1,02 2,227 312605 2,251 2,252 2,116 -3,31 8,37SEMAPA 0,32 6,799 12826 6,784 6,799 6,750 -1,07 19,49SONAECOM SGPS 0,64 1,578 310390 1,574 1,578 1,560 2,48 6,55SONAE INDÚSTRIA -0,17 0,596 93590 0,600 0,601 0,591 0,84 21,88SONAE 1,9 0,698 3450086 0,680 0,698 0,680 -0,44 1,60ZON MULTIMÉDIA -0,03 3,381 139773 3,382 3,384 3,350 -3,23 13,84
O DIA NOS MERCADOS
Acções
Divisas Valor por euro
Diário de bolsa
Dinheiro, activos e dívida
Preço do barril de petróleo e da onça, em dólares
MercadoriasPetróleoOuro
ObrigaçõesOT 2 anosOT 10 anos
Taxas de juro Euribor 3 mesesEuribor 6 meses
Euribor 6 meses
Portugal PSI20
Últimos 3 meses
Últimos 3 meses
Obrigações 10 anos
Mais Transaccionadas Volume
Variação
Variação
Melhores
Piores
Últimos 3 meses
Últimos 3 meses
Europa Euro Stoxx 50
BCP 26.548.363BES 10.838.970EDP 6.255.661Sonae 3.450.086PT 2.856.836
Sonae 1,9%Altri 1,54%Portucel 0,96%
Mota Engil -1,1%REN -1,02%BPI -0,94%
Euro/DólarEuro/LibraEuro/IeneEuro/RealEuro/Franco Suíço
5,75
6,25
6,75
7,25
7,75
1,29560,8682124,37
2,5541,2343
0,203%0,325%
108,661589,2
2,999%5,921%
PSI20Euro Stoxx 50Dow Jones
Variação dos índices face à sessão anterior
2550
2600
2650
2700
2750
5300
5550
5800
6050
6300
0,300
0,325
0,350
0,375
0,43
0,04%-0,26%
0,55%
PETER MUHLY/AFP
Banca esteve na base dos problemas financeiros da Irlanda
Michael Noonan, ministro das Fi-
nanças irlandês, não poupou nas
palavras para descrever a emissão
de dívida pública que o país tinha
acabado de concluir: “Foi um resul-
tado extraordinário”, afi rmou en-
tusiasmado, garantindo que o país
está a um passo de conseguir obter
um acesso total aos mercados.
O “resultado extraordinário” de
que Noonan fala foi a colocação, a
uma taxa apenas ligeiramente acima
dos 4%, de 5000 milhões de euros de
títulos de dívida a 10 anos, o prazo
visto como principal referência nas
emissões soberanas a longo prazo.
Como ponto de partida, as autori-
dades irlandesas estavam a apontar
para colocar apenas um valor entre
2000 e 3000 milhões de euros, mas
a procura total da emissão sindicada
fi cou, segundo operadores de mer-
cado citados pela agência Reuters,
acima dos 12.000 milhões, dando a
oportunidade ao Tesouro de elevar
o valor da emissão.
O sucesso numa emissão de dívida
a 10 anos era um dos passos mais
importantes que faltava à Irlanda
para provar que já consegue ter um
acesso efectivo ao mercado e que
pode candidatar-se ao programa de
compras de obrigações do BCE.
O outro país que está a tentar
provar o mesmo é Portugal. E o
próximo passo planeado é preci-
samente o de realizar uma emissão
de dívida pública a 10 anos. No iní-
cio deste ano, Portugal conseguiu,
com sucesso, colocar obrigações
de tesouro com um prazo de cinco
anos. E os responsáveis do Ministé-
rio das Finanças já deixaram claro
que pretendem avançar para uma
emissão a 10 anos assim que surja
uma boa oportunidade. A dúvida
reside em saber quando é que isso
acontecerá.
A Irlanda avançou para a opera-
ção de ontem aproveitando a desci-
da de taxas de juro provocada pela
decisão da UE de alargar os prazos
de amortização de dívida da Irlan-
da e de Portugal, sem se preocupar
com factores de instabilidade como
a incerteza política em Itália (que
também ontem prejudicou duas
Irlanda já faz emissões a 10 anos. E Portugal, quando tentará o mesmo?
emissões de dívida realizadas pe-
la Itália). É possível que o tesouro
português, embalado pelo sucesso
irlandês, tente fazer o mesmo bre-
vemente.
No entanto, é necessário levar em
conta algumas diferenças: as taxas
de juro irlandesas no mercado se-
cundário já se encontram claramen-
te abaixo dos 4% e dos níveis con-
seguidos, por exemplo, pela Itália.
Em Portugal, apesar da tendência
descendente, as taxas das OT a 10
anos estão próximas de 6%.
Além disso, no objectivo de garan-
tir, nos próximos dois anos, o fi nan-
ciamento necessário sem a ajuda da
troika, a Irlanda está numa situação
mais folgada do que Portugal. On-
tem, Michael Noonan calculava que,
com a emissão agora realizada, a Ir-
landa tinha fi cado a 1500 milhões de
euros de assegurar o fi nanciamento
necessário em 2014.
Em termos económicos, também,
a situação irlandesa é mais favorável
do que a portuguesa. É verdade que
muitos problemas ainda persistem,
como um desemprego recorde na
casa dos 14% ou um sistema bancá-
rio muito pouco saudável, mas já se
espera para este ano uma taxa de
crescimento do PIB mais positiva,
ainda que de forma moderada.
Portugal, devido aos emprésti-
mos que ainda está a receber da
troika, não tem a necessidade ab-
soluta de realizar qualquer emissão
de dívida no decorrer deste ano.
Ainda assim, aproveitando este am-
biente favorável aos países perifé-
ricos que se vive actualmente nos
mercados, pode sentir-se tentado
a imitar a Irlanda muito brevemen-
te. Em relação à emissão de cinco
anos, Portugal agiu cinco meses
depois da Irlanda. Quanto tempo
demorará agora?
Crise da dívidaSérgio Aníbal
Irlanda aproveitou, com sucesso, efeito positivo nas taxas da decisão da UE de alargar prazo de amortização de dívida
Em percentagem
Taxas de juro das OT a 10 anos
Fonte: Reuters
0
5
10
15
20
Portugal
Irlanda
Itália
04-01-2011 13-03-2013
3,649
4,667
5,923
26 | MUNDO | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013
Chama-se Marxia Rosales. “Sim,
Marxia de Karl Marx.” O irmão
chama-se Marxel. Ideia do pai,
Jose António, um marxista
convicto nos seus 70 anos. Faz
parte de um conselho comunal —
“instância de participação para
o exercício directo da soberania
popular” — Bloco 1, El Silêncio,
Caracas.
Hugo Chávez elegeu o
poder popular como um dos
maiores desafi os do período
2013-2019. O objectivo era, no
fi nal do mandato, ter sete em
cada dez venezuelanos a viver
numa comuna. Até criara o
Ministério do Poder Popular
para as Comunas. “Onde está?
Não funcionou”, reclamou
em Outubro. “As bases estão
lançadas, mas não avançámos
muito na construção do poder
popular.”
Marxia mora na Plaza de
O’Leary, onde tantas vezes se
concentrava quem ia manifestar o
seu apoio a Chávez ao Palácio de
Mirafl ores. Ali, como em grande
parte da cidade, cartazes ou
desenhos mantêm-no presente:
“Chávez vive, a luta segue”; “Até
à vitória sempre, comandante
Chávez; Amamos-te”.
Apesar do seu corpo estar em
câmara ardente, Chávez domina
a campanha para a Presidência.
O rosto de Nicolás Maduro, o
homem que indicou, não se
vê ou vê-se associado ao seu.
“Maduro, desde o meu coração”;
Chávez, juro, o meu voto vai para
Maduro”; “Com Chávez e Maduro,
o meu voto está seguro”.
Para Marxia, “a revolução
está mais forte do que nunca”.
Há uma semana, esteve em Los
Próceres e deparou-se com as
extensas fi las que se formavam
para vê-lo na capela da Academia
Militar — uns com guarda-sol para
armar nas horas de calor, uns
com banquinhos de campismo
para dar algum descanso às
pernas; ora a chorar, ora a rir, ora
a contar histórias, ora a cantar
canções revolucionárias, ora a
gritar palavras de ordem, sempre
acossados por vendedores
ambulantes, uns com comida
rápida, outros com bebida gelada,
outros com as mais variadas
formas de recordações de Chávez.
Acabou por regressar a casa sem
vê-lo. “Tenho um bebé.”
Democracia é envolver-sePara ela, democracia implica
envolvimento. Consoante
os projectos, o Estado pode
transferir verbas, fornecer
meios de produção, dar
acompanhamento técnico
ou formação às organizações
de base. Nenhum dinheiro
chegou ao Bloco 1, El Silêncio,
Caracas. “Os recursos vão para
comunidades mais necessitadas.”
Atrás do seu prédio, de
arquitectura colonial, está o
maior feito do conselho comunal
de que Marxia faz parte.
Mandaram consertar o portão
do parque de estacionamento,
através do qual o conselho
comunal angaria fundos para
pagar a um vigilante e resolver
alguns problemas de quem vive
no quarteirão.
Arranjaram o campo
desportivo, onde crianças e
jovens se divertem; reclamaram
iluminação pública, angariaram
fundos para o parque infantil,
outrora despido, agora completo
— apresentaram o projecto de
recuperação do parque infantil e
receberam os equipamentos para
instalar.
Publicita-se a comuna como
algo autêntico, não como cópia
dos modelos testados na União
Soviética, na Jugoslávia, na China
ou em Cuba. “No início, era uma
experiência”, diz o pai, sentando-
se na mesa da sala. “Depois,
tomou-se consciência de que
esta devia ser a organização dos
grupos sociais”.
O modelo constava na alteração
constitucional rejeitada, por
referendo, em 2007. Dois
anos depois, a lei orgânica dos
conselhos comunais foi aprovada
pelo Parlamento. E essa defi ne-os
como “instâncias de participação,
articulação e integração entre
os cidadãos e as diferentes
organizações comunitárias,
movimentos sociais e populares
que permitem ao povo organizado
exercer o governo comunitário e
fazer a gestão directa das políticas
públicas e projectos orientados às
necessidades”.
Em cada conselho comunal,
há uma assembleia formada
por todos os habitantes da
comunidade, máxima instância
de deliberação, e várias unidades,
cada qual com as suas funções
específi cas. Jose Manuel integra
a unidade de fi nanças, que
gere os recursos fi nanceiros do
conselho comunal, e Marxia a
unidade eleitoral, incumbida de
organizar e conduzir as consultas
populares.
Falta harmonizar o quadro
jurídico para tudo o que a
lei prevê que seja exequível,
comenta o pai. “Este Governo
tem ideias maravilhosas, lança as
coisas com entusiasmo, começa
a dar dinheiro às bases e há gente
que agarra o dinheiro e não
faz o que era suposto e aí eles
começam a exigir mais”, achega
Nancy, a mãe, saindo da cozinha
com a neta ao colo.
As propostas, agora, têm de
estar mais fundamentadas. Os
conselhos comunais, agora, têm
de dar mais garantias.
“Coisa de chavistas”Nas favelas, mobilizam-se mais
pessoas. “Esta comunidade é
um pouco apática”, queixa-
se a rapariga, de 26 anos,
administrativa numa escola,
estudante de Comunicação Social.
“As pessoas não entendem que
é para ajudar a comunidade”,
esclarece a mãe. “Vêem isto como
uma coisa de chavistas.”
A oposição rejeita os conselhos
Vão ganhando forma os conselhos comunais, organizações comunitárias que inspiram os chavistas e assustam os seus opositores. O sonho é o Estado comunal
“Não pode haver um Estado onde todos somos chefes?”
“Primeiro, desaparecerão os conselhos municipais, depois as câmaras, os governos regionais. No fi m, governará o conselho da comuna. A pólis”, diz o professor de História Jose Jimenez: “É um processo de décadas, talvez séculos, já não o verei”
ReportagemAna Cristina Pereira, em Caracas
PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | MUNDO | 27
comunais. Líderes como Ramón
Guillermo Aveledo, secretário-
executivo da Mesa da Unidade
Democrática, encaram-nos como
uma tentativa de “desmontar o
Estado federal e descentralizado
que está previsto na Constituição
e [de] instaurar um Estado
comunal, que, com a aparência
de aumento de participação dos
cidadãos, o que faz é fortalecer o
poder do Estado central”.
Tenta perceber-se o Estado
comunal junto do sector
intelectual do Partido Socialista
Unido da Venezuela. Está no
programa que Chávez levou
a votos a 7 de Outubro e que
Maduro recuperou para as
eleições marcadas para 14 de
Abril.
Muito perto da casa de Marxia,
está Jose Jimenez, professor
de História na Universidade
Central da Venezuela, sentado
no seu lugar de director da
Biblioteca Municipal de Caracas.
Os conselhos comunais unir-se-ão
para formar comunas, explica.
“Primeiro, desaparecerão os
conselhos municipais, depois
as câmaras, depois os governos
regionais. No fi nal, o conselho da
comuna governará. É isso o que
se quer. A pólis.” Jose Jimenez
fala sem hesitação: “Isto é um
processo de anos, de décadas,
talvez de séculos, já não verei,
talvez o meu fi lho, que está para
nascer.”
Estamos sonhandoEntusiasma-se, como se falasse
para uma plateia: “Não pode
haver um Estado onde todos
somos chefes? É uma utopia?
Estamos sonhando, estamos a
construir um país diferente”, diz
Jose Jimenez.
“O que está provado? Quando
uma pessoa chega a chefe de
Estado, fi ca ambiciosa, começa
a fazer negócios, torna-se
milionária, já não se importa
com o povo. Nós queremos
responsabilidade de governo e a
responsabilidade de governo não
vem só dos políticos, que dizem
às pessoas o que elas querem
ouvir, também vem da gente que
participa na resolução dos seus
próprios problemas.”
Parece-lhe evidente que
“Chávez marcou a história da
Venezuela”, que nada será igual
depois dele.
“Aqui, não há nada oculto.
Aqui, não há campos de
concentração, nem armas de
destruição maciça. Aqui, há um
povo com consciência. A única
coisa que temos a pedir a todo o
mundo, que pode vir cá quando
quiser, é respeito. Queremos que
o mundo respeite o nosso direito
a determinar o nosso destino.”
As pessoas continuam a
chegar de todos os cantos do
país para vê-lo, a Hugo Chávez.
Mesmo quem não quer passar
por lá sente efeitos na avenida
Intercomunal de El Valle, na
auto-estrada El Valle-Coche e em
Santa Mónica. Pode demorar-se
duas horas para cruzar a Avenida
Intercomunal.
As reportagens na Venezuela sãofinanciadasno âmbitodo projecto Público Mais publico.pt/publicomais
Os restos mortais do escritor chi-
leno Pablo Neruda (1904-1973) vão
ser exumados no dia 8 de Abril. O
objectivo é a realização de testes
científi cos que determinem se foi
envenenado — a mando de Augusto
Pinochet —, conforme revelou recen-
temente o motorista do poeta.
Na exumação, explica a AFP, vai
participar uma equipa multidiscipli-
nar e composta por especialistas de
diversos países: elementos do servi-
ço chileno de medicina legal, uma
equipa forense argentina, especia-
listas espanhóis e observadores da
Cruz Vermelha Internacional.
Neruda morreu 12 dias depois do
golpe de Estado de Pinochet que
derrubou o Presidente Salvador
Allende. A versão ofi cial diz que o
escritor-poeta e diplomata morreu
de cancro na próstata, doença que
segundo o relatório médico, se agra-
vou subitamente, matando-o.
A exumação foi ordenada pelo
juiz Mario Carroza, que é o respon-
sável pelo processo aberto depois da
denúncia de homicídio apresentado
pelo Partido Comunista do Chile, a
que Neruda, que ganhou um Pré-
mio Nobel da Literatura, pertencia.
O motorista deste, Manuel Araya,
disse, em 2011, que Neruda rece-
beu uma injecção letal no hospital
onde estava internado para realizar
tratamentos para o cancro. O seu
testemunho diz que a ditadura de
Pinochet assassinou o poeta antes
de este ter possibilidade de partir
para o exílio, tornando-se uma voz
de peso da oposição.
A revelação do motorista deu for-
ça à tese do PC chileno, que também
considerava que Neruda tinha sido
assassinado. O partido apresentou,
no fi nal do ano passado, uma queixa
junto dos tribunais e a Justiça abriu
um inquérito para apurar a verda-
de. Para isso os investigadores terão
que encontrar tecidos que revelem a
presença ou a ausência de vestígios
do composto dessa injecção.
Uma investigação paralela vai apu-
rar as circunstâncias da morte de
outro opositor, o antigo Presidente
Eduardo Frei (chefe de Estado entre
1964 e 1970), que morreu em 1982
durante uma cirurgia de rotina.
Corpode Neruda exumadoa 8 de Abril
Chile
Justiça chilena investiga hipótese de assassínio depois de motorista revelar que o poeta levou uma injecção letal no hospitalBerlusconi pode ver-se afastado do processo pós-eleitoral
Para 67% eleitores dos italianos,
sobretudo os de centro-esquerda
e aqueles que votaram em Mario
Monti, o melhor seria que os políti-
cos italianos conseguissem resolver
o nó cego que resultou das eleições
legislativas de 24 e 25 de Fevereiro e
conseguissem formar governo, seja
com que coligação for. Os que pre-
feriam ir de novo às urnas em Junho
são apenas 28%, e são quase todos
eleitores de Berlusconi, revela uma
sondagem publicada ontem pelo jor-
nal La Repubblica.
A embrulhada política italiana tem-
se complicado cada vez mais. Beppe
Grilo, o líder do Movimento 5 Estrelas
(M5S), que concentrou o voto de pro-
testo, permanece intransigente na
recusa de uma aliança com o Partido
Democrático (PD, centro-esquerda)
de Pier-Luigi Bersani. Este ganhou as
eleições mas tem um maioria escas-
sa no Senado, que não lhe assegura
condições para governar — esperava
ter o apoio dos senadores M5S, mas
até agora não conseguiu nada.
Já o Povo da Liberdade (PDL), o
partido de centro-direita do ex-pri-
meiro-ministro Silvio Berlusconi tem
andado arredado das negociações,
embora tenha fi cado em segundo,
porque nenhum dos outros parti-
dos quer coligar-se com ele. Mas a
calendarização para esta altura de
uma série de processos judiciais em
Italianos querem governo e não novas eleições
que Berlusconi está envolvido levou-
o a clamar de novo contra o encar-
niçamento, por “motivos políticos”,
da “perseguição” que diz sofrer por
parte dos juízes.
Berlusconi apresentou um atesta-
do médico e internou-se no hospital
devido a uma infl amação nos olhos
para não ir às alegações fi nais do jul-
gamento em que é acusado de pagar
por sexo com uma prostituta menor,
na sexta-feira passada, mas foi obri-
gado a apresentar-se aos juízes na
segunda-feira. Nomes grados do seu
partido manifestaram-se à porta e
dentro do tribunal, falando de “uma
emergência democrática”.
Entretanto, o Ministério Público de
Nápoles avançou com um pedido de
julgamento imediato de Berlusconi
por corrupção, devido à acusação
de um ex-senador, Sergio De Grego-
rio, que diz que o milionário políti-
co lhe comprou a lealdade em 2008,
para ajudar a fazer cair o governo de
Romano Prodi. Os políticos do PD e
M5S têm-se multiplicado em declara-
ções de que votariam para autorizar
a prisão de Berlusconi — o que não
foi pedido.
O PDL foi pedir ajuda ao Presiden-
te Giorgio Napolitano — “um interlo-
cutor em quem confi amos”, disse
Angelino Alfano, secretário-geral do
partido de Berlusconi.
Napolitano, fi gura muito respei-
tada, não desiludiu o PDL, mas dei-
xou consternada a esquerda, porque
depois de receber o presidente do
Conselho Superior de Magistratura,
apelou a que se evitassem “tensões
desestabilizantes.” É compreensível,
disse, “a preocupação em garantir
que o seu líder [do PDL] possa par-
ticipar nesta complexa fase político-
institucional”. “Pobre país”, criticou
Beppe Grillo no seu blogue.
ANDREAS SOLARO/AFP
NegociaçõesClara Barata
Enquanto os partidos não se entendem para formar coligações, o Presidente da República acaba por ter de defender Berlusconi
JORGE SILVA/REUTERS
28 | MUNDO | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013
Crianças armadas na cidade de Zayta, ainda leal a Assad
Os colegas e amigos lembram-no
como um homem corajoso e altru-
ísta, uma voz pacifi sta que tentava
fazer-se ouvir no meio do caos e da
violência da guerra. Funcionário
da delegação da União Europeia
na Síria desde 2007, o sírio Ahmad
Shihadeh foi morto na segunda-fei-
ra, num ataque com um rocket em
Daraa, a menos de 100 quilómetros
de Damasco.
A notícia chegou apenas ontem,
acompanhada por um lamento da
alta-representante da União Euro-
peia para os Negócios Estrangeiros
e Política de Segurança, Catherine
Ashton: “Envio as minhas sinceras
condolências à família, aos amigos
e aos seus colegas na delegação. Ah-
mad morreu enquanto distribuía
ajuda humanitária na comunidade
de Deraa. Ahmad era conhecido pela
sua coragem e pelo seu altruísmo”,
lê-se no comunicado assinado pela
também vice-presidente da Comis-
são Europeia.
A declaração ofi cial da União Eu-
ropeia (UE) não faz qualquer refe-
rência à responsabilidade pelo ata-
que. As únicas indicações surgiram
de organizações ligadas à oposição a
Bashar al-Assad. Segundo a BBC, res-
ponsáveis da plataforma das Comis-
sões de Coordenação Local da Síria
avançam que Deraa foi atacada com
dois mísseis e que as forças governa-
Funcionárioda União Europeia morto em ataqueàs portas de Damasco
mentais reforçaram a sua presença
militar na base aérea de Mezzeh, nas
proximidades de Deraa. Também
o Observatório Sírio para os Direi-
tos Humanos, com sede no Reino
Unido, garante que o ataque que vi-
timou o funcionário da delegação
da União Europeia foi lançado por
forças do regime de Bashar al-Assad,
sem avançar pormenores.
A delegação da UE na Síria foi
encerrada temporariamente em
Dezembro, por falta de seguran-
ça, mas Ahmad Shihadeh — um dos
conselheiros para assuntos políti-
cos e económicos — prosseguiu o seu
trabalho humanitário no terreno.
Numa mensagem publicada na pá-
gina no Facebook do Serviço Euro-
peu para a Acção Externa, também
coordenado por Catherine Ashton,
lê-se que o activista sírio “dedicou
as suas energias a causas humani-
tárias e pacifi stas”. “Desde o início
da violência na Síria, foi preso duas
vezes e esteve sete meses detido sem
acusação. Ahmad desenvolveu uma
reputação pelo seu activismo duran-
te uma guerra cada vez mais cruel
na Síria”, lê-se na mensagem.
“Infância debaixo de fogo”Para marcar os dois anos de guerra
na Síria — que começou a 15 de Mar-
ço de 2011 —, várias organizações es-
tão a divulgar esta semana relatórios
sobre a catástrofe humanitária no
país, com especial atenção para a
situação das crianças.
É uma guerra “em que as mulhe-
res e as crianças são as maiores bai-
xas”, sublinhou o director executivo
da organização não-governamental
Save the Children em entrevista à
agência Reuters.
O relatório Infância Debaixo de
Fogo: O impacto de dois anos de con-
fl ito na Síria estima que mais de dois
milhões de crianças necessitam de
assistência e revelam testemunhos
de algumas das “vítimas esquecidas
da guerra horrenda na Síria”, como
Ibrahim, de nove anos: “Tenho sau-
dades dos dias em que a minha mãe
me levava a brincar no parque. A
minha mãe morreu e os meus dois
irmãos mais velhos também. Morre-
ram quando a nossa casa foi bom-
bardeada. Nadeem era meu irmão
e o meu melhor amigo. Gostava de
voltar a brincar e ir para a escola
com ele outra vez”.
Segundo um estudo da Universi-
dade Bahcesehir, em Istambul, cita-
do no relatório, três em cada quatro
crianças sírias entrevistadas perde-
ram pelo menos um dos seus fami-
liares desde o início da guerra.
Síria Alexandre Martins
Trabalhava na delegação da Síria desde 2007 e foi o primeiro elemento da UE a morrer em dois anos de guerra no país
Cerca de 6000 porcos mortos foram
retirados nos últimos dias do rio
Huangpu, a principal fonte de água
da metrópole chinesa de Xangai,
com mais de 20 milhões de habitan-
tes. Mas, até ontem, ninguém sabia
explicar ao certo de onde vinham e
por que tinham morrido.
A principal origem suspeita é o
município vizinho de Jiaxing, on-
de há cerca de 100.000 suinicul-
turas, com 4,5 milhões de porcos
criados por ano, segundo números
avançados pela comunicação social
chinesa.
Os animais mortos começaram a
ser encontrados em grande quan-
tidade já na semana passada, em
cursos de água entre Jiaxing e Xan-
gai, sobretudo no rio Huangpu. Até
anteontem, tinham sido removidas
5916 carcaças.
A população está preocupada com
o impacto sobre a qualidade da água
para consumo humano, que é capta-
da no Huangpu. As autoridades re-
forçaram a frequência de análises à
água da torneira e têm dito que, até
agora, não foi detectado qualquer
problema de poluição.
Ironicamente, medidas de contro-
lo sanitário do comércio da carne de
porco podem ser a explicação para
os animais estarem a ser deitados
ao rio. Com tantas suiniculturas na
região, a carne dos animais velhos
ou doentes tem vindo a alimentar
redes ilegais de comércio, contra
as quais as autoridades de Jiaxing
investiram fi rmemente. Em Novem-
bro, 17 pessoas foram presas, acu-
sadas de vender ilegalmente mais
de mil toneladas de carne obtida de
80.000 porcos mortos por doença
na região, ao longo de três anos.
Três dos acusados foram condena-
dos a prisão perpétua. Ontem, mais
46 pessoas foram condenadas, com
penas de seis meses a seis anos e
meio de prisão, pelo mesmo moti-
vo, segundo a agência de notícias
chinesa Xinhua.
Com a válvula de escape do co-
mércio ilegal fechada, os suinicul-
tores poderão estar a desfazer-se
dos animais mortos simplesmente
deitando-os para o rio.
Milhares de porcos retirados de rio de Xangai
ChinaRicardo Garcia
Cerca de 6000 animais mortos já foram retirados do rio Huangpu, a principal fonte de água da maior metrópole chinesa
O rei Abdullah assinou o decreto autorizando as execuções
A Arábia Saudita executou, por pe-
lotão de fuzilamento, sete homens
condenados à morte por roubo. Riad
ignorou os apelos à clemência feitos
por grupos de defesa dos direitos hu-
manos, que denunciaram um pro-
cesso injusto, em que os arguidos,
alguns ainda menores à data dos cri-
mes, foram sujeitos a tortura e não
tiveram direito a defesa.
“Os sete homens, considerados
culpados de vários assaltos à mão ar-
mada, foram executados quarta-feira
em Abha”, noticiou a agência estatal,
referindo-se a uma das principais ci-
dades no empobrecido Sul do prós-
pero reino saudita. O despacho fala
numa execução pública para que os
condenados “sirvam de exemplo” e
uma testemunha contou à AFP que
os homens, com idades entre os 20
e os 24 anos, “foram fuzilados numa
praça pública da cidade, na presença
de sauditas e estrangeiros reunidos
para a ocasião”.
Os sete sauditas faziam parte de
um grupo de 23 homens presos em
2006 por roubos a joalharias. A
Amnistia Internacional avisou que
os detidos “foram torturados para
confessarem”. “Seria chocante que
as autoridades sauditas realizassem
estas execuções”, acrescentou a Hu-
man Rights Watch (HRW), pedindo
“o fi m da execução de pessoas que
cometeram crimes quando eram
menores”.
Riad ignora apelos e executa sete homens por roubo
Denúncias feitas na primeira pes-
soa por um dos arguidos que, na
semana passada, falou com um jor-
nalista da AP através de um telemó-
vel enviado clandestinamente para
a prisão. “Eu não matei ninguém.
Não tinha sequer arma quando rou-
bámos a loja, mas a polícia torturou-
me, bateu-me e ameaçou espancar a
minha mãe para me obrigar a confes-
sar que tinha uma arma”, disse Nas-
ser al-Qahtani. “Eu só tinha 15 anos.
Não mereço morrer”, lamentou-se,
dizendo que a maioria dos membros
do gang era, como ele, menor.
Ainda na terça-feira, três investiga-
dores de Direitos Humanos da ONU
pediram a Riade que adiasse a execu-
ção, considerando que o julgamento
violou as mais básicas normas inter-
nacionais de justiça. Qahtani contou
à AP que, em seis anos, foi levado
três vezes a tribunal e que em ne-
nhuma delas o juiz lhe atribuiu um
advogado ou deu ouvidos às suas
queixas: “Mostrámos-lhe as marcas
de tortura e de espancamento, mas
ele não nos ouviu.”
Mas o ultraconservador reino sau-
dita, onde a pena de morte é aplicada
para crimes de assalto à mão arma-
da, violação, homicídio, apostasia ou
tráfi co de drogas, ignorou os apelos.
Só que, ao contrário do previsto, os
sete homens não foram decapitados
– uma prática que a Arábia Saudita
anunciou nesta semana que preten-
de abandonar, não por a considerar
desumana, mas devido à “penúria
de carrascos capazes de manejar o
sabre”, escreveu a AFP.
O recurso a pelotões de execução
está ainda a ser analisado pelo Go-
verno, mas os governadores foram já
informados de que este método “não
é contrário à sharia”. Em 2012, 76
pessoas foram decapitadas no país.
AHMED ABDELRAHMAN/AFP
Direitos HumanosAna Fonseca Pereira
Organizações de direitos humanos denunciam tortura e classificam como iníquo o processo judicial
www.publico.pt
Chile, 1978. Um homem sonha que é Tony Manero, o rei do disco sound e da “Febre de Sábado à Noite”,
no país feio, porco e mau de Pinochet. Quando a TV estatal anuncia um concurso de sósias
de Tony Manero, ele não olhará a meios para se transformar no seu ídolo. Um filme
do chileno Pablo Larraín, premiado em Turim (Melhor Filme 2008)
e em Roterdão (KNF 2009).
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l.Tony,o meu nome
é Tony Manero.Sexta, 15 de Março, 2.º DVD,
“Tony Manero”, de Pablo Larraín
30 | CIÊNCIA | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013
Encosta acima, a bombear oxigénio até ao radiotelescópio ALMA
Duas horas é o tempo máximo
que os visitantes podem fi car
no planalto, cinco mil metros
acima do mar, na companhia
das 57 antenas já instaladas do
radiotelescópio ALMA, grandes
pratos que reluzem ao sol
enquanto escutam as profundezas
do Universo. Ouve-se o aviso dos
paramédicos: “Geralmente, vão ter
dores de cabeça, náuseas e pensam
lentamente, porque não estão
habituados.” Depois, é a partida de
autocarro do Centro de Operações
do ALMA, a 2900 metros, com
uma ambulância atrás.
San Pedro de Atacama, uma
vila no Norte do Chile, de casas de
tijolos de barro e palha, ruas de
terra batida e pouca iluminação,
muito procurada pelos turistas,
fi ca mais abaixo, a 2300 metros de
altitude, num planalto a perder de
vista matizado de cores de terra.
Vegetação quase não há, afi nal aqui
é o deserto de Atacama, um dos
locais mais secos do planeta.
Só quem “passou” no exame
médico é que pode subir até as
antenas do ALMA, o que signifi ca
uma pressão arterial abaixo
dos 9-16, para lá disso a viagem
fi ca completamente interdita.
Quem “passou”, mas à conta,
recebe atenções redobradas dos
paramédicos que seguem no
autocarro, que vão distribuindo
por todos latas de oxigénio e
medindo os seus níveis no sangue
com um aparelho posto num dedo.
Abaixo dos 75% de oxigénio, há
que recorrer às latas de spray, para
que o coração não bata cada vez
mais depressa. Discretamente,
aconselham ainda uma mezinha
menos convencional, para relaxar
e ter energia: folhas de coca.
E é assim a bombear oxigénio e,
nalguns casos, a mascar folhas de
coca que os visitantes seguem até
ao ALMA, o maior radiotelescópio
da Terra, inaugurado ontem. Os
ouvidos dão sinais da altitude,
o ar nem sempre chega para
os pulmões e há prenúncios
de tonturas. Vagarosamente, o
autocarro vence a encosta despida
de vegetação e deixa um rasto
de pó. Este não é um deserto de
areia, é de terra. Plantas, resistem
algumas, ainda que rasteiras, e a
certa altura os cactos destacam-se
na paisagem. Um burro perdido
também. De resto, tirando alguns
homens a manobrar máquinas
para infra-estruturas do telescópio,
não há vivalma. Ao longe, curva
sim, curva não, vê-se a capa branca
no topo do vulcão Licancabur, a
6700 metros de altura.
Quarenta minutos depois, o
planalto de Chajnantor aparece
por fi m no horizonte. Está-se nas
alturas e sob o sol forte do fi nal
da manhã, o brilho das antenas
contrasta com o encarniçado do
terreno. Como orelhas gigantes,
as antenas escutam o Universo,
mais especifi camente a radiação
milimétrica e submilimétrica,
situada entre as ondas rádio e o
infravermelho. O vapor de água na
atmosfera absorve-a e distorce-a,
daí a ideia de pôr o radiotelescópio
o mais alto que se pôde.
Através dessa radiação, cuja
distância de uma crista da onda a
outra é de milímetros ou menos,
o ALMA – um projecto de mil
milhões de euros dos Estados
Unidos, do Canadá, da Europa (via
Observatório Europeu do Sul), do
Japão e Taiwan, com colaboração
do Chile – será usado para olhar
o Universo enquanto jovem. As
primeiras galáxias e estrelas estão
entre os seus alvos. Pretende-se
também olhar para dentro das
nuvens escuras, carregadas de
gases e poeiras, onde nascem as
estrelas e os planetas. É difícil
descortinar o que se passa
dentro das poeiras, mas deixam
passar a radiação milimétrica
e submilimétrica. O ALMA –
Atacama Large Array Millimiter/
submillimiter – é o primeiro
supertelescópio a explorar esta
radiação. Outro grande objectivo
é a procura no espaço interestelar
de moléculas complexas, que são
Como orelhas gigantes, as antenas do radiotelescópio inaugurado ontem escutam o Universo
Para o dia da inauguração do supertelescópio guardou-se uma novidade científi ca: a explosão no nascimento de estrelas deu-se mais cedo na história do Universo
Dança no arranque oficial
E as antenas apontaram-se à Via Láctea
A banda sonora do filme Cinema Paraíso predispôs todos os que estavam na tenda da cerimónia, vindos
de muitas partes do mundo, para a beleza do momento que se seguia: o arranque oficial do radiotelescópio ALMA, ontem, no planalto de Chajnantor, que na língua dos povos indígenas significa “o ponto de partida, de observação”. Sincronizados, os pratos de mais de 50 antenas giraram em comunhão com a música, e a plateia aplaudiu.Segundos antes, o Presidente do Chile, Sebastian Pinera, na tenda no Centro de Operações do ALMA, a 2900 metros de altitude, comunicava com um
astrónomo chileno no planalto de Chajnantor. “António, preciso que ponhas em marcha esta grande aventura da humanidade chamada ALMA.” Dali, via rádio, o astrónomo falou com o Centro de Operações: “Atenção, sala de controlo: apontar o ALMA ao centro galáctico.” E ele, que resulta da junção de 18 países, ficou a escutar o centro da nossa galáxia, a Via Láctea. Na cerimónia, Pinera dirigiu-se aos “amigos e amigas da ciência, da astronomia, do progresso” e prometeu “fazer do Chile a capital mundial da astronomia. O Chile vai concentrar 60% da capacidade de observação do Universo”.
ReportagemTeresa Firmino, em San Pedro de Atacama
ingredientes da vida.
Para a inauguração guardou-
se, aliás, a revelação das últimas
descobertas do ALMA desde que
começou a funcionar em Setembro
de 2011, mesmo sem estar
concluído. Os nascimentos mais
vigorosos de estrelas aconteceram
mais cedo na história de 13.700
milhões de anos do Universo:
foram há cerca de 12.000 milhões
de anos, o que é mil milhões antes
do que se pensava, diz a equipa
de Joaquin Vieira, do Instituto de
Tecnologia da Califórnia, na revista
Nature desta semana, que estudou
26 galáxias cheias de reservatórios
de gases e poeiras.
Mas o que estarão agora a escu-
tar as 57 (serão 66 até ao fi nal do
ano) antenas do ALMA? Cada uma
é um monstro com mais de cem
toneladas. Aproximamo-nos, a pé.
O vento é forte, as mãos gelam,
respirar tornou-se mais difícil. Os
visitantes, jornalistas de vários
países, andam lentamente e quase
PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | CIÊNCIA | 31
MARTIN BERNETTI/AFP
cambaleiam. Movimentos bruscos
implicam tonturas maiores.
A astrofísica chilena Laura
Ventura, do Observatório Europeu
do Sul, organização europeia de
14 países, incluindo Portugal,
faz de guia. Via rádio, comunica
com o Centro de Operações
a 2900 metros, o cérebro do
radiotelescópio: “Avisa o operador
da sala de controlo para mover as
antenas. Câmbio.” E elas movem-
se graciosamente como bailarinas,
levantando-se e rodopiando. Lars-
Ake Nyman, chefe de operações
científi cas, diz que o ambiente é
difícil para as pessoas e também
para as antenas, que têm de
aguentar temperaturas negativas.
“Nós não pensamos bem, temos
de usar ckeck lists. Acontece
ligarmos cabos ao lado errado ou
esquecermo-nos de certas coisas.”
Antes da descida até ao Centro
de Operações, visita-se o edifício
que alberga o supercomputador
mais rápido do mundo, como os
responsáveis do ALMA gostam de
dizer, e é aqui que a imensidão
de informações das antenas é
processada e enviada para um
arquivo. Quem trabalha cá em
cima não fi ca mais de oito horas.
O monstro informático – com uma
potência equivalente a três milhões
de notebooks – espalha-se por
várias fi las de “armários”, luzinhas
verdes piscam a toda a hora. Nada
é armazenado aqui: a atmosfera é
tão fi na que isso não é bom para
as hard-drives. O que estará a ver
o ALMA? A que distância? Haverá
alguém noutro lado do Universo
a procurar o mesmo? “O ALMA
é muito sensível para olhar para
galáxias até com 500 milhões de
anos. Mas para isso é preciso que
tenha a sensibilidade total”, diz
Lars-Ake Nyman.
Agora que estamos numa sala,
no edifício do supercomputador,
onde há oxigénio como se
estivéssemos a 3000 metros de
altitude, com vista panorâmica
para as antenas que dançam
novamente, a sonolência e a
moleza atacam. Nas mãos, corre
um formigueiro, a cabeça lateja, há
quem se queixe de náuseas, a pele
ressente-se do sol.
Estes engenheiros põem antenas
a ouvir o Universo e a captar coisas
tão pequenas como moléculas,
identifi cando-as, e até lidam com o
supercomputador mais rápido do
mundo. É de supor que resolvam
problemas num banal computador
de um visitante. Se há sítio no
mundo para recuperar informação
que tanto se quer e que fi cou presa
dentro de um, este deve ser um
deles. Mas nem aqui, como se
descobre no regresso ao Centro de
Operações do ALMA, as máquinas
obedecem. As altitudes elevadas
do deserto de Atacama podem
ter consequências irreversíveis
nos computadores. Lá se vai a
sonolência do excesso de oxigénio,
lá se vai o efeito das folhas de coca.
À cabeça vem o que está escrito na
cabine do telefone de emergência
lá em cima, no planalto, à entrada
do edifício do supercomputador.
“Alma SOS.” Não foi preciso usá-lo,
mas vontade não faltou.
Próximo telescópio depende do Brasil
Portugal não revela se avança
Onome diz tudo, ou quase: Telescópio Europeu Extremamente Grande, ou European Extremely
Large Telescope (E-ELT). A sua construção está aprovada, desde Dezembro de 2012, pelo Observatório Europeu do Sul (ESO), com sede na Alemanha e telescópios no Chile. Falta só garantir o dinheiro e é aqui que o Brasil é uma peça-chave.
O E-ELT será o maior telescópio óptico e infravermelho alguma vez construído. Como o ALMA, este projecto custará cerca de mil milhões de euros. A sua construção – no Monte Armazones, a três mil metros de altitude no deserto de Atacama, no Chile – implica que as quotas anuais dos países aumentem 2% ao ano, de forma cumulativa durante dez anos (a quota de Portugal, indexada ao produto interno bruto, deverá ser 1,8 milhões em 2013, que representa cerca de 1% do orçamento do ESO). Também implica que o Brasil entre para o clube europeu de astronomia.
O número mínimo de países – onde não se inclui Portugal – aprovou a construção do projecto, com início previsto para 2014 e conclusão em 2023. “O Brasil vai pôr 30% do dinheiro. O E-ELT não arrancará sem 90% do dinheiro garantido”, explica André Moitinho de Almeida, presidente da Sociedade Portuguesa de Astronomia. “A questão do orçamento não está definida antes da decisão do Brasil. O caminho e os timings são diferentes se o Brasil entrar ou não”, diz Teresa Lago, representante portuguesa no Conselho do ESO. E Portugal vai participar? “Portugal anunciará a sua participação e condições em momento oportuno”, responde, por escrito, o Ministério da Educação e Ciência. T.F.
Gás obtido a partir de hidratos de metano, em Chikyu
Cientistas e técnicos japoneses de-
ram esta semana mais um passo
rumo à possível utilização de uma
nova e abundante fonte de gás natu-
ral — os hidratos de metano. Mas o
caminho ainda é longo e está cheio
de obstáculos.
Os hidratos de metano são com-
postos com o gás aprisionado numa
“gaiola” de moléculas de água con-
gelada — daí a alcunha de “o gelo que
arde”. São encontrados em grande
quantidade no fundo dos oceanos
ou nos solos congelados do Árctico,
o permafrost.
Têm sido alvo de interesse, como
possível fonte alternativa de energia.
E esta semana, pela primeira vez,
conseguiu-se extrair gás de reservas
do fundo do mar.
A experiência está a ser conduzida
pela empresa semipública japonesa
de exploração mineira — a Japan Oil,
Gas and Metal Corporation — ao largo
da península de Astumi, a cerca de
80 quilómetros da costa Centro-Sul
do país. “Queremos dar fi abilidade
às tecnologias, com o objectivo de
se chegar a uma exploração comer-
cial”, disse o ministro da Indústria,
Toshimitsu Motegi, numa conferên-
cia de imprensa.
As reservas existentes nesta região
seriam teoricamente sufi cientes pa-
ra 11 anos de consumo de gás natural
no país. É um dado relevante, não
Japão dá mais um passo rumo ao uso do “gelo que arde”
só pela dependência energética do
Japão, como pela crise gerada com o
acidente nuclear de Fukushima, há
dois anos. Desde então, quase todos
os 50 reactores do país foram encer-
rados para testes de segurança. No
ano passado, o país importou cerca
de 87 milhões de toneladas de gás
natural.
Mas chegar à produção comercial
em massa não será fácil. A tecnolo-
gia ainda está em desenvolvimento,
alimentando projectos científi cos
em alguns países. No ano passado,
o Departamento de Energia do go-
verno norte-americano aprovou o
fi nanciamento de 14 grandes pro-
jectos de investigação sobre o tema,
em várias universidades. A decisão
seguiu-se ao sucesso, em Maio de
2012, de uma experiência em peque-
na escala para testar um método de
extracção de gás de hidratos de me-
tano do permafrost no Alasca.
Antes, em 2002, a Japan Oil, Gas
and Metal Corporation tinha já testa-
do uma tecnologia de extracção ba-
seada na circulação de água quente.
Seis anos mais tarde, teve sucesso
com outro método, de despressuri-
zação, conseguindo extrair metano
de reservas de camadas profundas
do permafrost no Canadá.
Agora, aplicou a mesma tecnolo-
gia no fundo do mar, em reservas
que podem vir a ser exploradas co-
mercialmente.
A abundância de gás natural e a
exploração crescente de gás de xis-
to nos Estados Unidos, no entanto,
podem comprometer, pelo preço, a
viabilidade da utilização dos hidra-
tos de metano. Outra preocupação
quanto à sua exploração está na li-
bertação acidental de metano para
a atmosfera, contribuindo para o
aquecimento global.
REUTERS
EnergiaRicardo Garcia
Gás de hidratos de metano foi extraído pela primeira vez do fundo do mar. Mas ainda falta muito para tornar o seu uso viável
As reportagens no Chile sãofinanciadasno âmbitodo projecto Público Mais publico.pt/publicomais
32 | CIÊNCIA | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013
No século em que elefantes caminhavam por LisboaEntre 1500 e 1580, Portugal vivia um apogeu devido às Descobertas. Lisboa era o centro, recebia toda a espécie de objectos preciosos e todo o tipo de animais exóticos transportados pelos navegadores: macacos, papagaios, araras, rinocerontes, gatos-almiscarados e, sim, elefantes. Um deles fez uma viagem até Viena. A sua história só acabou no século passado, em forma de sapatos
Annemarie Jordan
fala-nos da “quinta
avenida” do sécu-
lo XVI, a Rua Nova
dos Mercadores.
Ficava em Lisboa,
atrás do que ho-
je é o Terreiro do
Paço, entre o início
da Rua do Ouro e
da dos Fanqueiros. Lá era possível
comprar tudo o que vinha das Ásias,
Áfricas, Américas. Ourivesaria in-
diana, porcelana chinesa, araras do
Brasil, escravos: a capital portugue-
sa era o vértice das rotas comerciais,
que vinham dos outros continentes,
e entravam na Europa.
Lisboa competia com Veneza e a
população acostumou-se a ver naus
chegarem com maravilhas, mas tal-
vez não adivinhasse que, dentro dos
palácios da corte, cresciam jardins
cada vez mais extravagantes com fau-
na e fl ora exótica que causavam a in-
veja das outras cortes europeias. Mas
estas menageries espalharam-se pelo
continente, graças a Lisboa. É isso
que Annemarie Jordan veio contar,
na conferência marcada para ontem
com o título Os Paquidermes do Rei
D. Manuel I. Elefantes e outra exótica
na menagerie da corte portuguesa, na
Fundação Calouste Gulbenkian.
A conferência da investigadora
e historiadora norte-americana faz
parte do ciclo de conversas que vai
decorrer até 15 de Maio no contexto
da exposição sobre ciência patente
no museu da Gulbenkian 360º Ciên-
cia Descoberta, que mostra como por-
tugueses e espanhóis deram novos
mundos à Europa.
A nova natureza revelada em cada
terra foi parte desse novo conheci-
mento, mas antes de tudo causou
espanto e admiração quando che-
gou. Os monarcas aproveitaram-se
imediatamente disso. “Os reis adora-
vam estes animais exóticos nas suas
colecções reais e fi zeram jardins zoo-
lógicos ao lado dos palácios reais [as
chamadas menageries] para mantê-
los”, explica Annemarie Jordan.
A investigadora licenciada em
História de Arte passou as últimas
décadas a investigar arquivos histó-
ricos, primeiro portugueses e depois
europeus. “Queria estudar a corte
portuguesa e cheguei a Lisboa em
1982 com uma bolsa Fulbright. Fiquei
apaixonada pela história portuguesa.
Fiz uma tese sobre as colecções reais.
O que me interessa não é a história
de arte pura, mas a história da cultu-
ra material. Como os reis viveram, o
que eles comeram, os animais que ti-
nham e como decoraram os palácios,
os recheios, o coleccionismo”, diz.
Entre mestrado e doutoramento e
anos de arquivos europeus, a norte-
americana encontrou uma série de
documentação sobre a rainha Cata-
rina de Áustria – mulher de D. João
III, o sucessor de D. Manuel I – uma
apaixonada pelo coleccionismo, que
controlava a partir de Lisboa a im-
portação de animais exóticos e ob-
jectos de luxo por todo o império e
depois distribuía-os pela sua família
da casa de Habsburgo. “Catarina de
Nicolau Ferreira
O elefante Salomão foi representado diversas vezes na arte do século XVI, como nesta estatueta
PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | CIÊNCIA | 33
Áustria tinha uma família muito alar-
gada, especialmente na Áustria e na
Flandres e toda a gente lhe enviava
listas a pedir animais: papagaios, chi-
tas. Ela enviou dois elefantes para a
Europa central”, refere a investigado-
ra. Estas histórias estão contadas no
livro que publicou em 2010 na Suíça
The Story of Süleyman: Celebrity ele-
phants and other exotica in renaissan-
ce Portugal.
No livro, a história do bestiário do
século XVI português arranca em
1515, quando D. Manuel I recebe de
um sultão do Noroeste da Índia um
rinoceronte-indiano, que acabou por
ser desenhado em Portugal e redese-
nhado pelo pintor alemão Albrecht
Dürer (1471-1528), que o transformou
numa imagem icónica europeia. Há
documentação que mostra que nesse
século chegaram a Lisboa 13 elefan-
tes acompanhados pelos tratadores
indianos. Muitas vezes estes elefantes
partiam da ilha de Ceilão, o actual
Sri Lanka, com poucos anos de vi-
da. Eram necessários quilos de arroz
para uma viagem de pelo menos seis
meses e manteiga de coco para espa-
lhar e proteger a pele dos elefantes
das condições do mar alto.
Na Lisboa de D. Manuel I, estes pa-
quidermes fi cavam confi nados nos
jardins do Palácio de Estaus, um edi-
fício que não sobreviveu ao terramo-
to de 1755, situado onde hoje está o
Teatro D. Maria II. O rei costumava
fazer procissões que vinham do pa-
lácio real até à Sé, em ritmo lento,
com cinco elefantes e uma chita em
cima de um cavalo, que deixava os
transeuntes boquiabertos.
“Era pura propaganda”, explica
Annemarie Jordan. “O rei D. Manuel I
fez um marketing fantástico perante
todas as cortes europeias, especial-
mente com o Vaticano, para mostrar
que ele era o dominus mundi, o ho-
mem global. Falamos de globalidade
hoje em dia, Portugal naquela épo-
ca não era menos global. Imagine-se
ter um rinoceronte enviado por um
sultão e poder-se enviar esse rinoce-
ronte ao Papa, em Roma. Esta é uma
sociedade em que a imagem é muito
importante, não é muito diferente da
de hoje”, defende.
Era uma demonstração de poder,
era a capacidade de ter num mes-
mo aviário papagaios de África e fal-
cões de caça holandeses, reunindo o
velho e o novo mundo num jardim
português. A propaganda deu re-
sultado, fez com que monarcas da
Europa quisessem ter menageries se-
melhantes, causou inveja. Francisco I
da França enviou um agente a Lisboa
para adquirir animais.
Mas como seriam estas menageries
portuguesas? “Não encontrei nenhu-
ma informação sobre isso”, diz a in-
vestigadora. “Posso imaginar que
eram jardins como as quintas antigas
do século XVII e XVIII, com fontes,
aves, plantas exóticas e domésticas.
Uma espécie de pequeno paraíso.”
No Paço da Ribeira, o palácio re-
al que envolvia o actual Terreiro do
Paço, havia um jardim junto do tor-
reão que estava do lado do Cais do
Sodré. “Há uma iluminura do século
XVI que mostra esta vista de Lisboa e
mostra um jardim bastante grande”,
diz Annemarie Jordan, que explica
ter encontrado documentação onde
estava referido a existência de um
jardim baixo e de um jardim alto com
laranjeiras, limoeiros, plantas do
tabaco e “talvez tivesse animais pe-
quenos” como os gatos-almiscarados
africanos, parentes das ginetas que
produzem uma secreção muito apre-
ciada para o boticário da altura.
A rainha Catarina de Áustria teria
ainda nos aposentos femininos do
palácio muitos animais. “A rainha es-
tava louca pelos papagaios [que fala-
vam], as araras grandes, e arranjou
gaiolas com decorações”, descreve
a historiadora. “Era divertido ter pa-
pagaios numa corte com estruturas
muito rígidas, com etiqueta e ceri-
monial, ou ter um macaco que podia
fazer truques e ser maroto.”
Apesar da população lisboeta ter
visto animais a serem vendidos na
rua, estes jardins paradisíacos com
espécies exóticas, provavelmente
só seriam visitados por “diploma-
tas, pessoas de alto estatuto”, diz-
nos a investigadora. Não há sequer
documentação sobre o número de
animais que terão chegado a Lisboa
nesse século dourado. Essa contabi-
lização terá sido perdida durante a
catástrofe de 1755. Mas é neste con-
texto que surge o elefante-indiano
hoje chamado Salomão, que é tam-
bém o protagonista do livro de José
Saramago A Viagem do Elefante.
“Ele fez uma longa viagem. Veio
do Ceilão como presente para D.
Catarina, com quatro ou cinco
anos. Chegou a Lisboa em 1542”,
conta a investigadora, que foi re-
colhendo informação sobre esta
história ao longo dos anos. D. Ca-
tarina oferece depois o elefante
ao neto D. Carlos, que vivia em
Espanha, em 1549. Salomão faz o
trajecto a pé até perto de Burgos.
Mas o paquiderme revelou-se um
verdadeiro fardo naquele clima
frio. O arquiduque Maximiliano
II de Habsburgo, sobrinho de Ca-
tarina de Áustria e futuro rei da
Boémia, vivia naquela altura em
Espanha com Maria de Áustria e
afeiçoou-se ao elefante e acabou
por tornar-se no seu novo dono.
Em 1552, quando o arquiduque e
a sua corte voltaram para Viena,
Salomão faz também a viagem.
“O coitado do elefante vai a pé de
Toledo a Barcelona. Em Barcelona,
mete-se num navio e é quase rapta-
do por piratas franceses. Vai para
Génova, e atravessa a pé os Alpes
no Inverno. Depois é metido num
barco para fazer a sua entrada real
em Viena. Calculei que o elefante,
contando com a viagem da Índia,
fez 15.000 quilómetros”, conta a
historiadora.
Um ano depois, a 18 de Dezem-
bro de 1553, o elefante morreu. A
sua viagem poderia terminar ali,
mas o rei Maximiliano II manda
empalhar Salomão. Décadas mais
tarde, oferece-o ao duque Alberto
V da Baviera. O animal, empalhado,
fi cará em Munique até à II Guer-
ra Mundial. Aí, conta Annemarie
Jordan, é guardado num armazém
a salvo das bombas, a pele ganha
mofo e num paradoxo histórico in-
crível, a pele é utilizada para fazer
solas de sapato no pós-guerra. “It’s
fun history”, considera a investiga-
dora, saltando do português para
o inglês. É história divertida, que
parece ultrapassar a fi cção. Mas é
também um refl exo, o fruto de uma
época de novidade, exotismo e es-
panto que passa desde o primeiro
momento por Portugal.
MIGUEL MANSOAnnemarie Jordan visitou Portugal pela primeira vez em 1982 para estudar a corte portuguesa
34 | CULTURA | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013
A cura pelo prote
No ano em que Lola Arias nasceu,
1976, um golpe militar rebentou nas
mãos da Argentina — era business as
usual na grande noite latino-ame-
ricana, mas não na vida da mãe de
Lola, que ali fi cou para sempre par-
tida ao meio. Lola só viu o depois:
depois do golpe, depois do parto,
depois do sangue nos lençóis, no
chão do hospital e na roupa das en-
fermeiras. O que quer que tivesse
havido antes — qualquer coisa do
género de uma mãe normal, no lu-
gar daquela mãe que num dia tinha
de tomar comprimidos para conse-
guir sair da cama e no dia seguinte
andava eufórica pela cidade a di-
zer o que ninguém tinha coragem
de dizer, “como a rádio de um país
sem censura” — já não estava vivo,
conta-nos logo na primeira cena de
Melancolía y Manifestaciones, o es-
pectáculo com que hoje, amanhã e
depois (21h30) estará na Culturgest,
em Lisboa. Mudamos de posição na
cadeira porque isto que podia pare-
cer um álbum de família é afi nal um
diário clínico: “Um dia depois de
eu nascer a minha mãe fi cou muito
triste. Os médicos disseram-lhe que
essa tristeza se chamava depressão
e que tinha de tomar umas pastilhas
para se curar.”
De microfone na mão, Lola fala
em cima das imagens que se vão
sucedendo no ecrã ao fundo do
palco. Fala connosco, mas tam-
bém fala com a mãe, que a deixou
gravar e reproduzir as entrevistas
em que explica assim a sua doença
maníaco-depressiva: “A toda a hora
achas que vais morrer, mas não sa-
bes o que é que te vai atacar, nem
de onde virá.” Aponta para Elvira,
a actriz que faz de mãe no vídeo,
e depois no palco (em playback,
porque a voz, gravada, é da pró-
pria mãe de Lola): “Ela e os seus
alunos vão ajudar-me a reconstituir
esta história.”
É a sua própria história, diz-nos
Lola — actriz, encenadora, drama-
turga, escritora, e ainda há mais —
na tarde em que nos atende o tele-
fone em Buenos Aires. “Há muitos
anos que trabalho sobre biografi as
alheias, trazendo para as minhas
peças pessoas que em palco recons-
troem a história das suas famílias.
Interessa-me esse trabalho de re-
construção do passado, é um po-
der que o teatro tem. Mas depois
de tanto tempo a tratar da vida dos
outros, achei que tinha de tratar da
minha vida”, explica, recordando
as experiências do díptico Mi Vida
Después e El Año en que Nací, em
que dois grupos de jovens, respec-
tivamente argentinos e chilenos,
tentavam perceber se os seus pais
fi cavam bem ou mal nas sinistras
fotografi as dos golpes militares de
1973 e 1976.
Crise, modo de usarJá era uma imagem recorrente nal-
guns dos seus textos, uma mãe dei-
tada numa cama (“A cama é o lugar
favorito da minha mãe. Tenho mui-
tas imagens mentais dela na cama”);
em Melancolía y Manifestaciones, es-
sa imagem tornou-se o centro de um
trabalho dramatúrgico tão individu-
al como colectivo. “Tive de repente a
sensação de que essa experiência de
ter uma mãe doente, que me vinha
trabalhando por dentro há muitos
anos, podia transformar-se numa
obra. Apetecia-me ir atrás do que
é viver debaixo desta sombra que
afecta tudo: o modo como trabalhas,
como amas, como cuidas dos fi lhos.
Sendo um fenómeno muito pessoal,
a depressão está no ar do tempo —
a crise na Europa não pára de pro-
duzir deprimidos”, argumenta. A
mãe esteve com ela nalgumas fases
do processo — mas nunca em cena,
como Lola originalmente pretendia:
“Tinha essa fantasia de que a peça
pudesse ter um efeito directo. Não
tem, infelizmente: não cura, nem
salva, nenhuma de nós as duas. Es-
tarmos juntas na gravação das en-
trevistas foi muito especial. Mas,
depois, o teatro torna-se teatro: é
como assistir a uma fi cção. A minha
mãe viu a peça, gostou, interessou-
se, mas é sempre estranho ser outra
pessoa a contar a tua vida.”
Melancolía y Manifestaciones nun-
ca foi, de resto, para ela. Lola Arias
Lola Arias reconstruiu a história da sua família em palco
Melancolía y Manifestaciones, da argentina Lola Arias, parte de um diário clínico para fazer o elogio da política de rua. Na Culturgest, em Lisboa, de hoje a sábado
TeatroInês Nadais
DR
A mãe esteve com ela nalgumas fases do processo mas não em cena
não imaginou esta peça “como uma
forma de homenagear” a mãe, ima-
ginou-a como uma forma de tornar
visível “um segredo comum a muita
gente”. E, também, de testar a hipó-
tese que explica a segunda parte do
título, aquela em que a melancolia
se torna política. Enquanto fazia
pesquisa para esta peça, Lola encon-
trou entre os papéis da mãe um tex-
to em que ela descrevia que estava
na cama a chorar e lá fora o ruído
de uma manifestação a impedia de
continuar. Não resistiu a essa ideia
de que a cura para a doença poderia
estar nas manifestações diárias da
Plaza de Mayo: “É uma fantasia um
pouco delirante: talvez a força de
fazer parte da massa te possa tirar
PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | CULTURA | 35
esto
do isolamento. O que fazes quando
há uma crise, pessoal ou política:
fechas-te na tua dor ou sais para a
rua em combate?”
Os velhos que se manifestam na
segunda parte da peça estão decidi-
damente na rua. Outra fantasia “um
pouco delirante” de Lola Arias: “Pa-
rece que o protesto está sempre liga-
do a uma ideia de juventude — pro-
testa-se por uma ideia de futuro…
Em Buenos Aires há manifestações
todos os dias — de camionistas, de
artistas, de professores, às vezes de
reformados. É uma imagem muito
forte, a de alguém com mais de 70
anos que ainda tem energia para se
pôr a caminhar com um cartaz.”
Como é muito forte a imagem de
DR
alguém com mais de 70 anos que
ainda tem energia para se atirar
para cima de um palco — um lugar
“ao mesmo tempo de fragilidade e
de potência”, onde a encenadora
de Melancolía y Manifestaciones dá
a ver os seus velhos actores como
são, “não exactamente bonitos nem
habilidosos”.
Fantasiemos com ela e imagine-
mos estes velhos, e também a mãe
de Lola Arias, numa dessas próxi-
mas manifestações de desemprega-
dos, reformados e precários que an-
dam na rua. Quando começa, perto
da Plaza de Mayo, talvez não — mas
quando acaba Melancolía y Manifes-
taciones é o nosso próprio álbum de
família, no ano do golpe de 2013.
Breves
Literatura
Óbito
Língua
Homenagem a Natália Correia na Casa Fernando Pessoa
Morreu Peter Banks, guitarrista britânico fundador dos Yes
Agualusa diz que acordo ortográfico beneficia Portugal
Uma maratona de leitura de poemas de Natália Correia realiza-se hoje na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, entre as 12h e as 18h. Hélia Correia, Fernando Dacosta, Jaime Rocha, Fernando Pinto do Amaral, Patrícia Reis, Leonor Xavier e Maria Manuel Viana estão entre os que vão ler, na biblioteca da Casa Fernando Pessoa, poemas de Natália Correia, que morreu há 20 anos, no dia 16 de Março de 1993.
Peter Banks, fundador do grupo rock progressivo Yes, morreu na quinta-feira em Londres, aos 65 anos, com um ataque cardíaco. O músico foi encontrado sem vida em casa, depois de ter faltado a uma sessão de gravação. Apesar de ter participado apenas na gravação dos dois primeiros álbuns, Yes (1969) e Time and a Word (1970), era considerado uma das peças fundamentais da complexa sonoridade da banda.
José Eduardo Agualusa defendeu ontem que Portugal tem mais a beneficiar com o acordo ortográfico do que o Brasil: as editoras portuguesas é que estão interessadas em entrar no mercado brasileiro. “Portanto, o acordo ortográfico, desse ponto de vista, é sobretudo benéfico para as editoras portuguesas, não para as brasileiras, e se alguém fosse beneficiar seria Portugal”, disse o escritor.
Michelle Obama a anunciar Argo co-
mo Melhor Filme na última cerimónia
dos Óscares terá sido, para as autori-
dades iranianas, a gota de água. An-
teontem, fi cámos a saber que o Irão
tenciona processar Hollywood, que
acusa de distorcer de forma discri-
minatória a imagem do país e seus
habitantes. E, num desenvolvimen-
to com o seu quê de hollywoodesco,
o processo foi entregue a Isabelle
Countant-Peyre, advogada francesa
casada desde 2001 com Ilich Ramirez
Sánchez, que o mundo conhece co-
mo Carlos, “o Chacal”, desde 1975 a
cumprir pena perpétua em França.
“Irei defender o Irão contra fi lmes
que têm sido feitos por Hollywood pa-
ra distorcer a imagem do país, como
Argo”, afi rmou a advogada, citada pe-
la agência noticiosa iraniana Isna.
Iabelle Countant-Peyre falava du-
rante uma conferência realizada
em Teerão, na segunda-feira, sob o
título O Embuste de Hollywood. “Ar-
go foi feito por três produtores de
Hollywood e a República Islâmica
do Irão vai processar todos os que
estejam activos no exercício anti-
Irão, incluindo realizadores e pro-
dutores”, afi rmou o secretário-geral
da conferência, Mohammad Lesani,
citado pelo agência iraniana Mehr. A
CNN citava anteontem as objecções
das autoridades de Teerão ao fi lme
de Ben Affl eck que romanceia a mis-
são de uma equipa da CIA durante a
crise dos reféns de 1979, em Teerão:
Irão processa Hollywood: Argo foi a gota de água
“O fi lme ‘iranófobo’ americano ten-
ta descrever os iranianos como des-
controlados, irracionais, dementes e
diabólicos, enquanto, por outro lado,
os agentes da CIA são representados
como heroicamente patriotas”.
Hollywood já estava há muito na
mira do Governo de Mahmoud Ah-
madinejad. Em 2009, o regime exor-
tou um grupo de realizadores e ac-
tores americanos de visita a Teerão
a pedir desculpa por fi lmes alegada-
mente insultuosos como 300, que
narra a batalha, em 480 AC, entre
espartanos e persas e que, pela for-
ma como estes são retratados, é visto
como um insulto à memória histórica
da nação. Para além dele, também
O Wrestler, com Mickey Rourke, é
considerado uma afronta, neste ca-
so pela presença de um lutador cha-
mado “O Aiatola”. Recuando mais no
tempo, encontramos ainda Rapto em
Teerão.“O fi lme retrata um casal que
vive feliz nos Estados Unidos, mas,
assim que viaja para o Irão, o marido
transforma-se: de um homem bem
formado e culto num animal rústico
que força a mulher a fi car no país”,
lia-se terça-feira no site da Press TV,
canal noticioso de língua inglesa, de-
tido pelo Estado.
Para Isabelle Coutant-Pierre, citada
pela agência noticiosa Fars, “interpor
um processo judicial é importante,
porque pode fomentar o interesse e
a discussão entre os povos do mun-
do, até que possam distinguir entre o
que é verdade e o que são mentiras.
O diálogo criado por Hollywood não
pode ter apenas um sentido”.
O Irão já está a preparar uma res-
posta. The General Staff contará a his-
tória de 20 reféns americanos entre-
gues aos EUA pelos revolucionários
iranianos, em 1979. Será fi nanciado
pelo Estado iraniano e realizado por
Ataollah Salmanian. Entrará na fase
de produção em 2014.
CinemaMário Lopes
O filme de Ben Affleck é acusado pelo regime iraniano de distorcer a realidade. Responde com um processo. E outro filme
MCT
Ben Affleck, em pé, numa das cenas de Argo
36 | CULTURA | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013
O ambiente é fantasmagórico: ruas
desertas, nevoeiro cerrado e uma
luz irreal sobre as ruas de granito.
É assim a Guimarães que Bruno de
Almeida fi lma em A Palestra, a curta-
metragem para a Capital Europeia
da Cultura (CEC) que foi apresen-
tada recentemente. O realizador
encontrou um ambiente gótico na
traça medieval do centro histórico
da cidade e isso levou-o a evocar o
universo de Edgar Alan Poe.
“Foi a cidade que me infl uenciou
para esse lado gótico”, confessa o
realizador. A ideia original era fazer
um fi lme em torno da praça do Tou-
ral renovada para a Guimarães 2012,
mas na primeira visita, Almeida en-
controu “a cidade ideal de percur-
sos nocturnos”. O ambiente som-
brio recordou-o das obras de Edgar
Alan Poe, um escritor de quem diz
“gostar muito”.
Esse “ambiente muito particular”
da obra de Poe é ainda agudizado
pela relação de estranheza do per-
sonagem principal de A Palestra:
William Carson, um académico nas-
cido no Bronx, em Nova Iorque, que
Há uma Guimarães gótica dentro do novo filme de Bruno de Almeida
percorre o mundo em conferências
sobre a obra do escritor do século
XIX. O especialista confessa a dada
altura que tem “duas obsessões”,
Poe e a sua mãe. É nesse eixo entre
o universo gótico de Poe e a doença
da mãe que está nos Estados Unidos,
que se joga o “delírio” de William
Carson que é o motor narrativo do
fi lme.
O personagem central embarca
depois numa jornada pelas ruas de
Guimarães. Carson está “semilou-
co”, descreve Bruno de Almeida: “A
dada altura não se percebe se acor-
da ou se fi ca dentro do sonho.” Esse
jogo entre o que é ou não real é tam-
bém uma referência motivada por
Guimarães, confessa o realizador,
que também assina o argumento.
A cidade é “irreal” pela sua preser-
vação e limpeza, como “um castelo
de Lego”, ilustra Almeida, ainda que
a sua arquitectura seja medieval e
remeta para um ambiente bem me-
nos asseado.
O resultado fi nal agradou de tal
forma a Bruno de Almeida que a
curta-metragem de meia hora vai
agora dar origem a um fi lme de uma
hora e meia. O realizador vai rodar
mais duas partes de A Palestra, com
William Carson e o universo de Poe
como elemento comum. Até ao fi nal
do ano, o académico norte-america-
no regressa a Portugal para se cru-
zar com o romantismo de Sintra e
com um “ritual de fi lme de terror”
que acentuará ainda mais o seu re-
ceio da loucura.
A terceira parte do fi lme terá lu-
gar em Nova Iorque, no momento
em que Carson regressa a casa e se
confronta com as respostas às dú-
vidas que Guimarães e Sintra lhe
provocam. Os três fi lmes poderão
ser vistos de forma independente
e serão apresentados como curtas-
metragens no circuito de festivais,
mas funcionarão em conjunto como
uma única longa, que Bruno de Al-
meida garante vir a ter distribuição
comercial em sala.
O académico William Carson, pro-
tagonista do fi lme, é interpretado
por John Frey, habitual colaborador
de Bruno de Almeida. A ele juntam-
se Marcello Urgeghe e Ana Padrão,
que também já tinham participado
em fi lmes anteriores do realizador
(The Lovebirds, de 2007, e Operação
Outono, no ano passado). Mas tam-
bém há actores não profi ssionais no
elenco do fi lme feito para Guimarães
2012, como também vem sendo ha-
bitual nas obras de Almeida. Desta
feita encontramos Dario Oliveira,
director do festival Curtas de Vila do
Conde, e Eduardo Brito, fotógrafo e
coordenador da série de exposições
Reimaginar Guimarães.
O novo fi lme de Bruno de Almeida
encerra o ciclo Histórias de Guima-
rães, uma das séries da produção
de cinema da CEC composta por
dez curtas-metragens de realizado-
res portugueses. Mas não termina
ainda a apresentação da produção
cinematográfi ca do evento — falta
conhecer, desde logo, as curtas em
3D de Jean-Luc Godard, Peter Gre-
enaway e Edgar Pêra.
Guimarães 2012Samuel Silva
O cineasta gostou tanto do resultado de A Palestra, encomenda da Capital Europeia da Cultura, que vai torná-la uma longa-metragem
DR
O actor John Frey numa das cenas de A Palestra
ipsilon.publico.ptDísponível em formato digitalpublico.pt/digital/
Sexta
Deolindadeixa o bairro e faz-se ao mundo
João Rui Guerra
da Mata e João Pedro
Rodrigues
“H.G. Wells era um homem cheio de
contradições e falhas de carácter”
David Lodge viveu dois anos com o autor de A Guerra dos Mundos até começar a escrever Um Homem de Partes, um H.G. Wells íntimo (e fi ccional), confrontado com as suas controvérsias e com a sua sexualidade
Macau mutante
37PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 CLASSIFICADOSEdif. Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte,1350-352 [email protected]
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EDITAL N.º 8/2013
ALTERAÇÃO PARCIAL AO REGULAMENTO DO PDM ATUALIZAÇÃO DE PARÂMETROS ESPECÍFICOS
PARA ADAPTAÇÃO À REALIDADE SÓCIOECONÓMICA DO CONCELHO
GUILHERME MANUEL LOPES PINTO, Presidente da Câma-ra Municipal de Matosinhos, torna público, que a Câmara Mu-nicipal na sua reunião ordinária pública de 26 de fevereiro de 2013, deliberou mandar elaborar a alteração do regulamento do PDM ao abrigo do n.º 1 e na alínea a) do n.º 2 do artigo 93.º do Decreto-Lei 380/99 de 22 de setembro, com as alterações posteriormente publicadas, e nos termos do n.º 1 do artigo 74.º do mesmo diploma, com os fundamentos e proposta apresentada pelos serviços, sem prejuízo de outros aspetos que venham a revelar-se necessário reponderar.Nos termos do n.º 2 do artigo 77.º do Decreto-Lei 46/2009 de 20 de fevereiro, decorrerá um período de 15 dias úteis, a con-tar da data desta publicação no Diário da Republica, um pro-cesso de audição ao público durante o qual os interessados poderão formular sugestões e apresentar informações sobre quaisquer questões que possam ser consideradas no âmbito do procedimento da Alteração Parcial ao Regulamento do Pla-no Diretor Municipal.
Matosinhos e Paços do Concelho, 05 de março de 2013,
O Presidente da Câmara,
(Dr. Guilherme Pinto)
CONVOCATÓRIANos termos dos Estatutos da Associação, convoco a Assembleia-Geral da SOL - Associação de Apoio às Crianças VIH/SIDA para reunir em sessão ordinária no próximo dia 03 de Abril de 2013, pelas 19.00 horas, na sede da Associação, sita na Rua Pedro Calmon, 29, em Lisboa, com a seguinte ordem de trabalhos:
1.º Apreciação e votação do relatório e contas da gerência do ano de 2012;2.º Apreciação e votação do relatório de atividades do ano de 2012;3.º Apreciação e votação do parecer do Conselho Fiscal.
A Assembleia reunirá à hora marcada se estiverem presentes mais de metade dos Associados com direito a voto, ou meia hora depois com qualquer número de presentes.
Lisboa, 11 de março de 2013
Dr. Matos dos SantosPresidente da Assembleia-Geral
CONVOCATÓRIANos termos dos Estatutos da Associação, convoco a Assembleia-Geral da SOL - Associação de Apoio às Crianças VIH/SIDA para reunir em sessão ordinária no próximo dia 03 de Abril de 2013, pelas 18.00 horas, na sede da Associação, sita na Rua Pedro Calmon, 29, em Lisboa, com a seguinte ordem de trabalhos:
1.º Exclusão de Sócios;2.º Participação da SOL - Associação de Apoio às Crianças VIH/SIDA, no acto de Constituição da Federação das Instituições de Solidariedade Social de Saúde (FISS SAÚDE).
A Assembleia reunirá à hora marcada se estiverem presentes mais de metade dos Associados com direito a voto, ou meia hora depois com qualquer número de presentes.
Lisboa, 11 de março de 2013
Dr. Matos dos SantosPresidente da Assembleia-Geral
ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA CONVOCATÓRIA
Em cumprimento das disposições Estatutárias, convoco todos os Associados no pleno uso dos seus direitos, ao abrigo do seu Art.º 32.º, do Capítulo 2, a reunir em Assembleia-Geral, no próximo dia 26 de março (Terça-feira), pelas 20.30 horas, na sua Sede (Auditório), situada na Praceta Calouste Gulbenkian, n.º 6, com a seguinte:
ORDEM DE TRABALHOS 1. Discussão e Votação do Relatório e Contas da Direção e
Parecer do Conselho Fiscal, exercício de 2012; 2. Discussão e Votação do Orçamento e Plano de Ativida-
des para o ano de 2013; 3. Apresentação e votação de uma proposta do Conselho
Geral para agraciar três Sócios que completaram 75 anos de fi liação;
4. Distribuição de Emblemas de “Dedicação” aos Sócios que completaram 25, 50 e 75 anos de Associado;
5. Eleição dos Corpos Sociais Gestores para o triénio de 2013/2016;
6. Outros assuntos de interesse para Associação.
Não havendo número sufi ciente de sócios, desde já se avisa que a Assembleia-Geral funcionará com qualquer número meia hora depois, art.º 34.º, n.º 2 dos Estatutos.
Torres Vedras, 4 de março de 2013
O Presidente da Assembleia-GeralFrancisco Manuel Fernandes
Anúncio - Consulta PúblicaAvaliação de Impacte Ambiental
Projecto: Campo de Golfe da Herdade da AbrunheiraProponente: Herdade da Abrunheira - Projectos Desenvolvimento
Turístico Imobiliário, Lda.Licenciador: Câmara Municipal de PortalegreO projecto acima mencionado está sujeito a um procedimento de Avaliação de Impacte Ambiental, conforme estabelecido na alínea f) do n.° 12 do Anexo II do Decreto-Lei n.º 69/2000, de 3 de Maio, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 197/2005, de 8 de Novembro.Este projecto localiza-se na freguesia de Urra, pertencente ao concelho de Portalegre.Nos termos e para efeitos do preceituado nos n.ºs 1 e 2 do art.° 14.º e nos art.ºs 22.º, 23.º, 24.º, 25.° e 26.° do Decreto-Lei n.º 69/2000, de 3 de Maio, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.° 197/2005, de 8 de Novembro, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo, enquanto Autoridade de Avaliação de Impacte Ambiental, informa que o Estudo de Impacte Ambiental, incluindo o Resumo Não Técnico, se encontra disponível para Consulta Pública, durante 20 dias úteis, de 14 de Março a 11 de Abril de 2013, nos seguintes locais:
Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do AlentejoAv. Eng.º Arantes e Oliveira, n.º 193 - 7004-514 ÉvoraAgência Portuguesa do AmbienteRua da Murgueira, 9/9-A - Zambujal - 2611-865 AmadoraCâmara Municipal de PortalegreRua Guilherme Gomes Fernandes, 28, 7300-186 Portalegre
O Resumo Não Técnico pode ainda ser consultado na Junta de Freguesia da Urra, Concelho de Portalegre e no Serviço Sub-Regional de Portalegre da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo, encontrando-se também disponível na Internet (www.ccdr-a.gov.pt).No âmbito do processo de Consulta Pública, serão consideradas e apreciadas todas as opiniões e sugestões apresentadas por escrito, desde que relacionadas especifi camente com o projecto em avaliação. Essas exposições deverão ser dirigidas ao Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo até à data do termo da Consulta Pública.O licenciamento do projecto só poderá ser concedido após Declaração de Impacte Ambiental Favorável ou Condicionalmente Favorável, emitida pelo Senhor Secretário de Estado do Ambiente e do Ordenamento do Território, ou decorrido o prazo para a sua emissão.A Declaração de Impacte Ambiental deverá ser emitida até 15/07/2013.Évora, 7 de Março de 2013
O Presidente - António Costa Dieb
MINISTÉRIO DA AGRICULTURA,DO MAR, DO AMBIENTEE DO ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO
FREGUESIA DE LOUSADOConcelho de Vila Nova de Famalicão
Para efeitos do disposto no n.º 1 do artigo 43.º da Portaria n.º 145-A/2011, de 6 de abril, torna-se público que foi publicado em Diá-rio da República, 2.ª Série, de 11 de março de 2013, o aviso 3572/2013, respeitante ao procedimento concursal comum para preen-chimento de 3 postos de trabalho: (1 posto de trabalho: carreira/categoria de assistente técnico, área administrativa; 2 postos de tra-balho: carreira/categoria de assistente ope-racional - cantoneiro de limpeza /auxiliar dos serviços gerais), na modalidade de contrato de trabalho em funções públicas por tempo indeterminado.As condições de admissibilidade ao concurso, conteúdo funcional e remunerações podem ser consultadas no referido aviso, na bolsa de emprego público: www.bep.gov.pt e no site da Junta de Freguesia: www.freg-lousado.pt.
Lousado, 2013.03.13
O Presidente da Junta,Manuel Martins da Costa
ANÚNCIO
Processo: 287/12.6TBSSBExecução ComumExequente: BARCLAYS BANK PLCExecutado: ROSENDO MANUEL SILVA DAVIDPublicita-se que nos autos acima identifi cados, e no decorrer dos trâmites processuais da venda por negociação particular, foi oferecido para compra da frac-ção abaixo identifi cada o valor de 92.900,00 €, pelo que convida-se todos os potenciais interessados a apresentarem as suas melho-res propostas acima deste valor até ao dia 25.03.2013.As propostas deverão ser reme-tidas por escrito para a Rua do Conde de Redondo, 61, 1.º C, 1150-102 Lisboa, fax 213570184 ou endereço de e-mail: [email protected] de bem: ImóvelDescrição: Fracção autónoma designada pela letra B que corresponde ao r/c e 1.º andar, composto de sótão esquerdo, destinado a habitação, do pré-dio urbano sito na Rua Nossa Senhora do Cabo, lote 590, Boa Água 1, freguesia da Quinta do Conde, concelho de Sesimbra, inscrito na matriz sob o art.º urbano 12491 com o valor pa-trimonial de 118.764,39 euros e descrito na Conservatória do Re-gisto Predial de Sesimbra sob n.º 7368, da mencionada freguesia, penhorada em 06/07/2012.
O Agente de ExecuçãoManuel Vaz de São Payo
Rua Bernardim Ribeiro, n.º 20 - 2.º 1150-071 Lisboa.Tlfs. 21 314 03 63. Fax: 21 357 01 [email protected]úblico, 14/03/2013 - 1.ª Pub.
Manuel Vaz de São PayoAgente de Execução
Cédula 3611
TRIBUNAL JUDICIAL DE SESIMBRASecção Única
EDITAL N.º 100/2013MARIA DA LUZ GAMEIRO BEJA FERREIRA ROSINHA, PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICI-PAL DE VILA FRANCA DE XIRAFAZ SABER que, por despacho de 2013/02/08, do Vice-Presidente Sr. Alberto Mesquita, proferido ao abrigo do despacho n.º 2/2011, de 10 de janeiro, que remete para o despacho n.º 32/2009, de 4 de novembro, de delegação de competências da signatária: 1. Fica notifi cado o administrador da empresa Granvia Imobiliária, SA, com sede na Estrada Nacional n.º 115/5, lote n.º 7, Bloco B, Armazém 5, em Vialonga, do ofício n.º 5434, de 2012/11/02:“Assunto: PEDIDO DE MUDANÇA DE FINALIDADE (DE ARMAZÉM PARA INDÚSTRIA) -
BLOCO B - ARMAZÉM 5- ZONA INDUSTRIAL DA GRANJA, LOTE 7 - VIALONGARefi ro o requerimento acima mencionado para, na sequência da receção que teve lugar em 2012/10/16, entre o Sr. Bruno Sobrado (representante dessa fi rma) e a técnica desta Câmara e, em cumprimento do despacho exarado em 2012/10/17, pela signatária, informar de acordo com o seguinte:Trata-se de um pedido de informação sobre a viabilidade de mudança de fi nalidade de armazém para indústria do Armazém 5, Bloco B, sito no Lote 7 da Zona Industrial da Granja - Estrada Nacional, n.º 115-5, na Freguesia de Vialonga.Para a construção em causa foi emitido o alvará de autorização de utilização n.º 331/04, de 13/10, que prevê um “edifício c/2 pavilhões constituído pelo Bloco A e B, com 8 frações, discriminado de acordo com o auto de vistoria n.º 877/2004, de 08/10”.O referido Auto faz a seguinte descrição: “Pavilhão B: Armazém B-5, de dois pisos, é composto por Piso 0 destinado a armazenamento com instalações sanitárias e Piso 1 (mezzanine) reservado a escritórios com instalações sanitárias, perfazendo uma ocupação total com área bruta de 653,45m2”.De acordo com a Planta de Ordenamento do Plano Diretor Municipal em vigor, publicado em Diário da República, 2.ª Série - N.º 224 - 18 de novembro de 2009, objeto da Decla-ração de Retifi cação da 1.ª Revisão ao Plano Diretor Municipal, publicado na 2.ª Série do Diário da República, - N.º 155 - 11 de agosto de 2010, encontra-se inserido em Solos Urbanizados - Espaços de Multiusos, cuja admissibilidade está prevista nos artigos 53.º e 54.º do Regulamento do PDM - Plano Diretor Municipal.Considerando que subsistem dúvidas quanto à natureza das obras levadas a efeito, deverá V.Ex.ª aguardar pela realização de vistoria para que o processo possa prosseguir.Em fase subsequente deverá entregar para correta instrução da pretensão os seguintes elementos:• A procuração que confere representação ao Sr. Jorge Manuel Fernandes Domingues, não
se destina aos nossos serviços, pelo que deverá ser substituída;• Termo de responsabilidade do autor do Projeto de Arquitetura, retifi cado, devendo men-
cionar o Decreto-Lei n.º 26/10 de 30 de março;• Avaliação Acústica, de acordo com a alínea j) do n.º 1 do art.º 15.º da Portaria n.º
232/2008 de 11 de março.Com os melhores cumprimentos.Por delegação do Diretor do Departamento, A Chefe de Divisão de Gestão Urbanística, em regime de substituição, Teresa Laranjeira, Arqt.ª”.2. Procede-se à notifi cação por edital nos termos da alínea d), do n.º 1, do artigo 70.º do CPA - Código do Procedimento Administrativo, depois de se ter frustrado a tentativa para efetuar a notifi cação postal ao interessado.3. A este assunto corresponde o processo camarário n.º 35/11 ONEREDALV.Para constar se publica o presente edital e outros de igual teor vão ser afi xados nos locais do costume, na morada a que o mesmo alude e publicado em dois jornais mais lidos na localidade da residência ou sede dos notifi candos.E eu, Fernando Paulo Serra Barreiros, Chefe da Divisão de Assuntos Jurídicos, em substitui-ção da Diretora do Departamento de Administração Geral, o subscrevi.
Paços do Município de Vila Franca de Xira, 19 de fevereiro de 2013
A Presidente da Câmara Municipal,Maria da Luz Rosinha
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EDITALFAZ-SE SABER que nos autos acima identifi cados, encontra-se designado o dia 18 de Abril de 2013, pelas 9.30 horas, no 2.º Juízo do Tribunal Judicial de Albufeira, para a abertura de propostas, que sejam entretanto entregues até esse momento, na secretaria do Tribunal, pelos interessados na compra do seguinte bem:
BEMFracção autónoma designada pelas letras AO, composta por um apartamento habitacional tipo T0, destinada a habitação, sita no 1.º andar - apartamento n.º 106, Edifício Cerro Mar - Colina, sito no Cerro do Malpique, freguesia e con-celho de Albufeira, inscrita na matriz urbana sob o artigo 6.173, e descrito na Conservatória do Registo Predial de Albufeira sob o n.º 11.289/19990714-AO.O bem pertence ao executado: JOAQUIM INÁCIO CABRITA DAS NEVES, resi-dente na Rua das Caravelas, 38 - 7.º A em Armação de Pêra.MODALIDADE DA VENDA: propostas em carta fechada.Será aceite a proposta de melhor preço acima do valor de € 28.000,00 (vinte e oito mil euros) correspondente a 70% do valor indicado para a venda de 40.000,00 euros. Os proponentes devem juntar como caução, um cheque visado à ordem do agente de execução no valor de 5% do valor anunciado para a venda.É fi el depositário do imóvel e que o deve mostrar a pedido, a signatária, nos contactos mencionados em rodapé, mediante marcação prévia.Albufeira, 29 de Janeiro de 2013
A Agente de Execução - Ana Paula CabritaPraceta Bartolomeu Dias - Lote 7 - Esq.º, 2.º A - 8200-077 AlbufeiraTel. 289 513 896 - Fax 289 572 888 - [email protected]úblico, 14/03/2013 - 2.ª Pub.
TRIBUNAL JUDICIAL DE ALBUFEIRA3.º Juízo
ANA PAULA VITÓRIA CABRITAAgente de Execução
Cédula 1502
Acção executiva sob a formade processo comum
Processo: 529/09.5TBABF
ANÚNCIOVenda mediante Propostas em carta fechada
Nos autos acima identifi cados, encontra-se designado o dia 04 de Abril de 2013, pelas 09.00 horas, neste Tribunal para a abertura de propostas, que até esse momento sejam entregues no referido 2.º Juí-zo, do Tribunal Judicial de Benaven-te, pelos interessados na compra dos seguintes bens imóveis:Verba 1 constante do auto de pe-nhora elaborado em 16/07/2008: Prédio urbano composto por edifi cio de cave, rés-do-chão e primeiro an-dar, destinado a habitação, sito em urbanização Quinta de São José, lote n.º 27, freguesia e concelho de Benavente, descrito na Conservató-ria do Registo Predial de Benavente, sob a fi cha 2975/19980625, da fre-guesia de Benavente, e inscrito na respectiva matriz predial urbana sob o art.º 5623.O bem será adjudicado a quem me-
lhor preço oferecer, acima de 70% do valor-base de 175.000,00 euros (cento e setenta e cinco mil euros), ou seja, 122.500,00 euros (cento e vinte e dois mil e quinhentos euros).São fi éis depositários os executados José Manuel Cabrita Azevedo e Ana Maria Pinto da Silva, que a pedido o devem mostrar.O(s) proponente(s) deve(m) juntar à sua proposta, como caução, che-que visado, à ordem do Agente de Execução, no montante correspon-dente a 5% do valor anunciado para a venda.
O Agente de ExecuçãoJosé Maria Soares
Rua Alberto Serpa, 19-A2855-126 St.ª Marta do PinhalTel.: 212532702 Fax.: 212552353E-mail: [email protected]úblico, 14/03/2013 - 1.ª Pub.
JOSÉ MARIA SOARESAgente de Execução
Cédula 2616
TRIBUNAL JUDICIAL DE BENAVENTE2.º Juízo
Processo: 1928/07.2TBBNVExequente: Caixa Geral de Depósitos, S.A.Executados: José Manuel Cabrita Azevedo
e Ana Maria Pinto da Silva
TRIBUNAL DE FAMÍLIA E MENORES E DE
COMARCA DO SEIXAL2.º Juízo Cível
Processo n.º 1303/13.0TBSXL
ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério PúblicoRequerido: Paulo Alexandre Silva FigueiredoFaz-se saber que foi distribuí-da neste tribunal, a ação de In-terdição/Inabilitação em que é requerido Paulo Alexandre Sil-va Figueiredo, com residência em domicílio: Rua B, Lote 273, Quinta da Aniza, Caixa 2016 - Corroios, 2855-000 Corroios, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.N/Referência: 10144412Seixal, 07-03-2013
O Juiz de DireitoDr.ª José Maria de Almeida
GonçalvesA Ofi cial de Justiça
Irma FontePúblico, 14/03/2013
TRIBUNAL DOTRABALHO DE LISBOA
1.º Juízo - 1.ª SecçãoProcesso: 1686/12.9TTLSB
ANÚNCIOAção de Processo ComumAutor: Quintino MendesRéu: José António Lopes Rodri-guesNos autos acima identifi cados, correm éditos de 30 dias, conta-dos da data da segunda e última publicação do anúncio, citando o Réu José António Lopes Rodri-gues, domicílio: Estrada Nacional, N.º 8-6, N.º 97, Pedra Redonda, 2475-037 Benedita, com última residência conhecida na morada indicada para no prazo de 10 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, a ação, que lhe move Quintino Mendes, com domicílio na travessa da Madale-na, n.º 16 - 1.º Dt.º, 1100-327 Lis-boa, e que em substância o pedido consiste no pagamento ao Autor da quantia global de € 3.561,25 e os respectivos juros de mora à taxa legal, no montante de € 70,25 em 19-04-2012, tudo como melhor consta do duplicado da petição ini-cial que se encontra nesta Secreta-ria, à disposição do citando.Deve, com a contestação, juntar os documentos, apresentar o rol de testemunhas e requerer quaisquer outras provas.Fica advertido de que é obrigató-ria a constituição de mandatário judicial.N/ Referência: 5018160Lisboa, 12-03-2013.
O Juiz de DireitoDr. António Marques Ribeiro
O Ofi cial de JustiçaNuno Miguel Castro
Público, 14/03/2013 - 1.ª Pub.
TRIBUNAL DO TRABALHO DE CALDAS DA RAINHA
Secção ÚnicaProcesso n.º 415/12.1TTCLD
ANÚNCIOAção de Processo ComumAutor: Steve Roger Assuntiana WisletRé: Maria José Faria Félix Ti-móteoNos autos acima identifi cados, correm éditos de 30 dias, con-tados da data da segunda e última publicação do anúncio, citando a Ré: Maria José Faria Félix Timóteo, NIF - 165796901, com domicílio profi ssional na Rua Eng.º Pedro, n.º 35, Boa-vista, 2540-574 ROLIÇA BBR, com última residência conheci-da na morada indicada, para no prazo de 10 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, a ação, tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.Deve, com a contestação, jun-tar os documentos, apresentar o rol de testemunhas e requerer quaisquer outras provas.Fica advertido de que é obriga-tória a constituição de manda-tário judicial.N/Referência: 540037Caldas da Rainha, 05-03-2013
A Juíza de DireitoDr.ª Maria Clara Lourenço
dos SantosA Ofi cial de Justiça
Ana Bela Leite S. O. CordeiroPúblico, 14/03/2013 - 1.ª Pub.
TRIBUNAL DOTRABALHO DE LISBOA
1.º Juízo - 2.ª SecçãoProcesso n.º 131/13.7TTLSB
ANÚNCIOAção de Processo ComumAutor: Paulo Nuno de Ramos FernandesRéu: Upl - Padarias de Lisboa, Lda.Nos autos acima identifi cados, correm éditos de 30 dias, contados da data da segunda e última publicação do anún-cio, citando o Réu: Upl - Padarias de Lisboa, Lda, domicílio: Rua Sebastião Saraiva Lima, n.º 5 A, 1170-343 Lisboa, com última residência conhecida na mo-rada indicada, para no prazo de 10 dias, decorrido que seja o dos éditos, contes-tar, querendo, a ação, com a cominação de que a falta de contestação importa a confi ssão dos factos articulados pelo autor sendo logo proferida sentença a julgar a causa conforme for de direito e que em substância o pedido consis-te, ser declarada lícita a rescisão do contrato e consequentemente ser a ré condenada a pagar indemnização que se contabiliza na quantia de € 9.475,00; no pagamento da quantia de € 4.396,88 conforme ao art.º 15.º da PI; Juros de mora à taxa legal, conforme art.º 16.º da PI no montante de € 57,82 tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.Deve, com a contestação, juntar os documentos, apresentar o rol de tes-temunhas e requerer quaisquer outras provas.Fica advertido de que é obrigatória a constituição de mandatário judicial.N/Referência: 5017293Lisboa, 12-03-2013
O Juiz de DireitoDr. António Vieira da Silva Parreira
Cabral Infante de La CerdaA Ofi cial de Justiça
Ana Ornelas
Público, 14/03/2013 - 1.ª Pub.
TRIBUNAL JUDICIALDE BENAVENTE
1.º JuízoProcesso: 252/13.6TBBNV
Interdição / Inabilitação
ANÚNCIORequerente: Ministério PúblicoRequerida: Lorena-Minerva Moldovan e outros.Faz saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de In-terdição / Inabilitação em que é requerida Lorena-Minerva Moldovan, com residência em domicílio: Rua Alagoua, n.º 6, 1.º, 2680-070 Almeirim, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíqui-ca e incapacidade de reger a sua pessoa e os seus bens.Passei o presente e outro de igual teor para serem afi xados.N/Referência: 3069609Benavente, 06/03/2013
A Juíza de DireitoDr.ª Ana Luísa Cavaco Dias
de CastroO Ofi cial de JustiçaNorberto Nicolau
Público, 14/03/2013
ZULMIRA PIRES DE LIMA DE CASTILHO
(MARTA DE LIMA)
MISSA DE 7.º DIA
Seus fi lhos, PAULO GUILHERME PIRES DE LIMA DE CASTILHO e sua mulher, DUARTE MANUEL PIRES DE LIMA DE CASTILHO e sua mulher, e sua neta SARA PEREIRA COUTINHO DE CASTILHO, participam que será celebrada Missa de 7.º Dia, amanhã, dia 15, às 19.00 horas na Capela de Nossa Senhora das Necessidades (Largo das Necessidades).
P.N. A.M.
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TRIBUNAL DOTRABALHO DE SETÚBAL
Secção ÚnicaProcesso: 469/11.8TTSTB
ANÚNCIOAcidente de Trabalho (F. Conten-ciosa/Petição)Sinistrado: Renam Pereira AlvesEntidade responsável: Compa-nhia de Seguros Tranquilidade, S.A. e outro(s)...Nos autos acima identifi cados, correm éditos de 30 dias, conta-dos da data da segunda e última publicação do anúncio, citando o(a) ré(u) Entidade Patronal: Francilio António Campos Escu-malha, NIF - 159403243, domicí-lio: Prct. Fernando Pessoa, N.º 8, R/c Esq.º, 2900-364 SETÚBAL, com última residência conhecida na morada indicada para, no pra-zo de 15 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, queren-do, a acção, com a cominação de que a falta de contestação importa a confi ssão dos factos articulados pelo(s) autor(es) e que em substância o pedido con-siste, tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.Deve, com a contestação, juntar os documentos e requerer quais-quer outras provas.Fica advertido de que Não é obri-gatória a constituição de manda-tário judicial.N/ Referência: 875918Setúbal, 06-03-2013.
A Juíza de DireitoDr.ª Patrícia Alves
A Ofi cial de JustiçaAna Paula Castelo
Público, 14/03/2013 - 1.ª Pub.
TRIBUNAL DE FAMÍLIA E MENORES E DE
COMARCA DE LOURES1.ª Vara de Competência Mista
Processo: 25770/11.7T2SNT
ANÚNCIOAção Ordinária - Paternidade/Ma-ternidadeAutor: Ministério PúblicoRéu: Jorge Miguel Agostinho PereiraNos autos acima identifi cados, correm éditos de 30 dias, contados da data da segunda e última publicação do anúncio, citando o Réu: Jorge Miguel Agostinho Pereira, fi lho de Joaquim Jorge Marques Pereira e de Maria de Lurdes Agostinho Pereira, nascido em 23-05-1991, BI - 13953978, com última residência conhecida na Av.ª José Afonso, 10 - 2 B - Quinta Fonte, Apelação, 2680-274 Loures, para no prazo de 30 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, a ação, com a cominação de que a falta de contestação não importa a confi ssão dos factos articulados pelo autor e que em substância o pedido consiste na declaração de que Diego dos Santos Fernandes é fi lho do Réu Jorge Miguel Agostinho Pereira e que se ordene os correspondentes aver-bamentos no registo de nascimento da menção relativa à sua paternidade e respectiva avoenga paterna, tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.O prazo é continuo suspendendo-se, no entanto, nas férias judiciais.Fica advertido de que é obrigatória a constituição de mandatário judicial.N/ Referência: 16289236Loures, 06-03-2013.
O Juiz de DireitoDr. António Pedro Ferreira da Hora
A Escrivã AdjuntaSónia Mascarenhas
Público, 14/03/2013 - 1.ª Pub.
COMARCA DA GRANDE LISBOA - NOROESTE
Amadora - Juízo de Família e Menores - 2.ª Secção
Processo: 972/12.2T2AMD
ANÚNCIODivórcio Sem Consentimento do Outro CônjugeAutora: Maria de Fátima Baptis-ta Clemente Pinto MonteiroRéu: Daniel Jacinto MonteiroNos autos acima identifi cados. correm éditos de 30 dias, con-tados da data da segunda e última publicação do anúncio, citando o(a) ré(u) Daniel Jacinto Monteiro, com última residência conhecida em domicílio: Rua Elias Garcia, 317, 5.º Dt.º, Ama-dora, 2700-323 Amadora, para no prazo de 30 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, a presente acção, com a indicação de que a falta de contestação não importa a confi ssão dos factos articula-dos pelo(s) autor(es) e que em substância o pedido consiste, tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.Fica advertido de que Não é obrigatória a constituição de mandatário judicial.N/ Referência: 21030170Amadora, 07-03-2013.
O Juiz de DireitoDr. Helder Francisco Saramago
O Ofi cial de JustiçaAntónio Leitão
Público, 14/03/2013 - 1.ª Pub.
ENG.º ALBERTOSARAIVA E SOUSA
1912 2013
Seus Filhos e demais Família participam que o funeral realiza-se hoje, dia 14, a partir das 11.00 horas, da Igreja de Santo António do Estoril para Jazigo de Família no Cemitério de Trancoso. Às 10.00 horas será celebrada Missa de Corpo Presente na Igreja de Santo António do Estoril.
Agência Funerária Magno - CascaisServilusa - Número Verde Grátis 800 204 222
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Missa de 7.º Dia e Agradecimento
MANUEL KRUS ABECASSIS
Sua mulher, fi lha, genro, netos e cunhadas, participam que Deus o chamou.Será rezada Missa de 7.º Dia, sexta-feira, dia 15 de Março, pelas 18h30 na Basílica dos Mártires.
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Delegação Centro: Rua Marechal António Spínola, Loja 26 (Galerias do Intermarché) - Pombal,3100-389 Pombal - Tel.: 236 219 469 - E-mail: [email protected]
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publicado no DR – Série II, n.º 49, 11/03/2013
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Processo n.º 241/13.0T2AMD
ANÚNCIOInterdiçãoRequerente: Carlos Manuel Lopes PedroRequerido: Francisco Patrício PedroFaz-se saber que foi distribu-ída neste tribunal, a ação de Interdição em que é requerido Francisco Patrício Pedro, com residência em domicílio: Praça da Igreja n.º 5, cv Esq., 2700-001 AMADORA, para efeito de ser decretada a sua interdição por incapacidade de governar a sua pessoa e bens.N/Referência: 21026296Amadora, 07-03-2013
O Juiz de DireitoDr. Fernando Vitalino Marques
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Nelson Alexandre JoaquimPúblico, 14/03/2013
CÂMARA MUNICIPAL DE MOURADEPARTAMENTO ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO
ANÚNCIOInformam-se todos os interessados que, pelo prazo de 10 dias úteis, a contar de 12 de março de 2013, se encontram abertos procedimentos concursais comuns, na modalidade de relação jurídica de emprego público por tempo indeterminado, de en-tre trabalhadores com relação jurídica de emprego público por tempo indeterminado previamente estabelecida:Ref. A - 1 posto de trabalho de Encarregado Operacional (Divi-são de Obras Municipais e Conservação);Ref. B - 1 posto de trabalho de Coordenador Técnico (Secção de Contratação Pública e Aprovisionamento).Remunerações: A posição remuneratória dos trabalhadores re-crutados obedecerá ao disposto no n.º 3 do artigo 38.º da Lei n.º 66-B/2012, de 31/1.Para mais informações ou esclarecimentos, os interessados de-vem dirigir-se ao Gabinete de Atendimento ao Munícipe que funciona no edifício sede da Câmara Municipal de Moura, sita na Praça Sacadura Cabral, ou consultar o aviso publicado na página eletrónica da Câmara Municipal em www.cm.moura.ptPodem ainda consultar o aviso publicado no Diário da República n.º 49, II Série do dia 11 de março de 2013 e a Oferta Pública de Emprego, com o Código de Oferta:Ref. A - OE201303/0112Ref. B - OE201303/0113
Município de Moura, 12 de março de 2013
O Diretor do Departamento Administrativo e FinanceiroRafael Rodrigues
EDITALMARIA DAS DORES MARQUES BANHEIRO MEIRA, PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DO CONCELHO DE SETÚBAL:FAZ PÚBLICO QUE o Município de Setúbal levará a efeito, no dia 08 de abril de 2013, pelas 10:00 horas, na sala de sessões do edifício dos Paços do Concelho, sita na Praça de Bocage, em Setúbal, perante a Comissão designada para o efeito, a hasta pública para concessão do direito de ocupação de terrenos do domínio público municipal para a instalação e exploração de um posto de abastecimento com loja de conveniência, composto por quatro pontos de abastecimento de combustível, pelo período de 20 anos, improrrogáveis, cuja proposta foi aprovada em reunião da Câmara Municipal de Setúbal de 06 de março de 2013.O Posto de abastecimento localiza-se no Parque Industrial da Mitrena, freguesia do Sado, concelho de Setúbal.O processo da hasta pública, constituído pelo Edital, pelo Programa e Caderno de Encargos, que serão publicados no site da Internet www.mun-setubal.pt, encontra-se disponível para consulta no Departamento de Administração Geral e Finanças (DAF), na Divisão de Gestão Financeira (DIGEF), na Secção de Contratação Pública e Património (SECPP), sito no edifício dos Paços do Concelho, Praça de Bocage, em Setúbal, nos dias úteis das 09:30 às 12:00 horas e das 14:30 às 15:30 horas, desde a data da publicação do Edital de abertura até às 17:00 horas, do dia 05/04/2013.As propostas deverão ser remetidas pelo correio em envelope opaco e fechado, sob registo e com aviso de receção ou entregues por mão própria pelos candidatos ou seus representantes, contra recibo, devendo as mesmas, em qualquer dos casos, dar entrada no Departamento de Administração Geral e Finanças (DAF), na Divisão de Gestão Financeira (DIGEF), na Secção de Contratação Pública e Património (SECPP), sito no edifício dos Paços do Concelho, em Setúbal, até às 17:00 horas, do dia 05/04/2013.Os esclarecimentos sobre as peças patenteadas deverão ser requeridos, por escrito, à Comissão da Hasta Pública, instalada no Departamento de Administração Geral e Finanças (DAF), sito no edifício dos Paços do Concelho, Praça de Bocage, em Setúbal.A Comissão encarregue de promover a presente hasta pública seja composta pelos seguintes elementos:PRESIDENTE: Maria do Carmo Tiago – Diretora do DURBVOGAIS: Pedro Manuel Ribeiro Coimbra – Diretor do DAF Nuno Viterbo – Chefe de Divisão da DIMIU;SUPLENTES: Dora Angelino – Jurista afeta ao Gabinete de
Apoio ao Vereador André Martins; Maria João Henriques – Coordenadora Técnica
da SECPP;E para constar, se mandou lavrar o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afi xados nos lugares públicos do costume e publicitados num jornal nacional e num jornal local.
A PRESIDENTE DA CÂMARAMaria das Dores Meira
EDITAL N.º 21/2013CARLOS RABAÇAL, VEREADOR DA CÂMARA MUNICIPAL DO CONCELHO DE SETÚBAL:FAZ PUBLICO QUE, no uso de competência delegada pela Presidente da Câmara, desconhecendo-se o paradeiro do Sr. Armelindo Varela e nos termos do art.º 70.º do CPA, procede-se à notifi cação edital, nos seguintes termos:O Município de Setúbal, vem comunicar a V.ª Ex.ª a resolu-ção do contrato de arrendamento da habitação social sita na Alameda das Palmeiras, 18, r/c dt.º, em Setúbal, por não uso do locado e abandono da habitação, contrariando o disposto na cláusula V, n.º 4 do contrato de arrendamento, in fi ne, nos termos do n.º 2 alínea a) e d) do art.º 1083.º do Código Civil.Mais se informa que nos termos do art.º 101.º do Código do Procedimento Administrativo concede-se um prazo de 10 dias (úteis) para se pronunciar, querendo, ao abrigo da au-diência prévia. Findo o prazo e caso não haja uma resposta da parte de V.ª Ex.ª, considera-se que nada tem a opor.Para constar se lavrou o presente edital e outros de idêntico teor que vão ser afi xados nos lugares públicos do costume e na última morada do mesmo, sita na Alameda das Palmei-ras, 18, r/c dt.º, em Setúbal.
O VEREADORCarlos Alberto Mendonça Rabaçal
TRIBUNAL ADMINISTRATIVO E FISCAL DE ALMADAANÚNCIO
Faz-se saber que neste Tribunal corre a acção administrativa es-pecial n.º 1121/12.2BEALM, em que são autores os Municípios de Palmela, Sesimbra e Setúbal e réus o Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território, a Agência Portuguesa do Ambiente, I.P., o Ministério da Economia e do Emprego e, como contra-interessada, a SECIL - Companhia Geral de Cal e Cimento, S.A., em que se pede a anulação dos seguintes actos relacionados com a co-incineração de produtos industriais perigosos na fábrica de cimento da Secil, S.A., sita no Outão, concelho de Setúbal:“a) 2.º Aditamento de 19.06.2009 à Licença Ambiental n.º 37/2006 de 20.10.2006, denominado 1.º aditamento à licença n.º 37A. 1/2006 de 30.05.2008, da autoria da Sub-Directora do ora Instituto Público Agência Portuguesa do Ambiente I.P., Fernanda Santiago;b) 2.º Averbamento de 1.07.2009 à licença de exploração n.º 10/2006/INR de 27.10.2006 (...) da autoria da Sub-Directora do ora Instituto Público Agência Portuguesa do Ambiente I.P., Luísa Pinheiro;c) 3.º Averbamento de 3.02.2010 à Licença de Exploração n.º 10/2006/INR de 27.10.2006 da autoria da Sub-Directora do ora Insti-tuto Público Agência Portuguesa do Ambiente I.P., Luísa Pinheiro;d) Licença de Instalação n.º 2/201 1/DOGR de 26.10.2011 da auto-ria da Sub-Directora do ora Instituto Público Agência Portuguesa do Ambiente l.P., Luísa Pinheiro;e) Licença de Exploração n.º 4/201 1/DOOR de 26.10.2011 da auto-ria da Sub-Directora do ora Instituto Público Agência Portuguesa do Ambiente I.P., Luísa Pinheiro;f) 1.º Averbamento de 27.03.2012 à Licença de Exploração n.º 4/201 1/DOGR da autoria da Sub- Directora do ora Instituto Público Agên-cia Portuguesa do Ambiente I.P., Inês Diogo”.Através do presente anúncio e em cumprimento do disposto no art.º 15.º da Lei n.º 83/95, de 31 de Agosto, que regula o regime do di-reito de acção popular, fi cam CITADOS todos os titulares dos direitos à saúde pública, ao ambiente e à qualidade de vida que se sintam lesados, para, querendo e no prazo de dez dias a contar da publicação do presente anúncio, intervirem, a título principal, na referida acção e para declararem se aceitam ou não ser representa-dos pelos autores ou se, pelo contrário, se excluem dessa represen-tação, valendo a sua passividade como aceitação dessa representa-ção, conforme previsto no mencionado art.º 15.º.Devem deduzir, de forma articulada, toda a matéria relativa à defesa e juntar os documentos destinados a demonstrar os factos cuja pro-va se propõem fazer.É obrigatória a constituição de Advogado - art.º 11.º, n.º 1 do CPTA.O prazo acima indicado é contínuo e, terminando em dia em que os Tribunais estejam encerrados, o seu termo transfere-se para o primeiro dia útil seguinte.
Almada, 18 de Fevereiro de 2013
O Juiz de Direito - Jorge PelicanoA Escrivã Adjunta - Teresa Cristina Campos
Público, 14/03/2013
AVISO CONVOCATÓRIONos termos do n.º 1 do art.º 31.º e do n.º 1 do art.º 32.º dos Estatutos do Grupo Desportivo Estoril Praia, convoco a Assembleia Geral Ordinária, conforme o n.º 1 do art.º 51.º, para o dia 22 de Março de 2013, no Auditório da Associação dos Antigos Alunos Salesianos do Estoril, sito na Av. D. Bosco, pelas 21h00, com a seguinte ordem de trabalhos:Ponto Um: Apreciação e votação da proposta de orçamento de receitas e despesas, acompanhada do parecer do Conselho Fiscal e Disciplinar, para o período de 1 de Julho de 2012 a 30 de Junho de 2013.Ponto Dois: Discussão e votação do relatório de gestão e as contas do exercício de 2012, e respetivo relatório e parecer do Conselho Fiscal e Disciplinar.Ponto Três: Outros AssuntosNão estando presente a maioria absoluta dos sócios com direito a voto à hora marcada, a Assembleia Geral funcionará, ao abrigo do n.º 2 do art.º 51.º dos Estatutos, às 21h30, com qualquer número de sócios.
Estoril, 13 de Março de 2013
O Presidente da Mesa da Assembleia GeralDr. Filipe Soares Franco
40 | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013
SAIR
CINEMALisboaCinemaCity Campo PequenoCentro Lazer Campo Pequeno. T. 217981420Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 1 - 13h45, 18h35 (2D), 15h55, 21h35, 24h (3D); Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 1 - 21h45, 00h25 (3D); Vigarista à Vista M12. Sala 2 - 13h35, 15h50, 17h50, 19h50, 21h50, 23h50; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. Sala 3 - 13h30, 15h30, 17h30, 19h30 (V.Port.); Sininho O Segredo das Fadas M4. VIP 4 - 13h50 (V.P.); Aguenta-te aos 40 M12. VIP 4 - 00h10; Oz: O Grande e Poderoso M12. VIP 4 - 13h20, 15h35, 18h50, 21h30; Argo M12. Sala 5 - 13h10; Django Libertado M16. Sala 5 - 15h30, 18h45, 22h; Quarta Divisão M16. Sala 6 - 18h55; Lincoln M12. Sala 6 - 15h45, 21h20; Força Anti-Crime M16. Sala 6 - 00h20; Mamã M16. Sala 6 - 13h25; Hitchcock M12. Sala 7 - 20h, ; Mamã M16. Sala 7 - 16h, 18h, 22h05, 00h05; Guia para um Final Feliz M12. Sala 8 - 17h30; Criaturas Maravilhosas M12. Sala 8 - 19h50; Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. Sala 8 - 22h10; Zambézia M6. Sala 8 - 15h40 (V.P.); Comédia Explícita - Movie 43 M16. Sala 8 - 00h15; Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 8 - 13h10 CinemaCity Classic AlvaladeAvª de Roma, nº 100, Lisboa . T. 218413045MONSTRA 2013 - Festival de Animação de Lisboa - Vários horários; Robot e Frank Sala 1 - 13h35, 15h35, 17h25, 19h15, 21h35; Seis Sessões M16. Sala 2 - 13h30; Seis Sessões M16. Sala 2 - 13h30; Quarta Divisão M16. Sala 3 - 13h10; Argo M12. Sala 4 - 18h40; A Vida de Pi M12. Sala 4 - 15h45; Guia para um Final Feliz M12. Sala 4 - 13h25; Django Libertado M16. Sala 4 - 21h10 Cinemateca PortuguesaR. Barata Salgueiro, 39 . T. 213596200O Homem que Matou Liberty Valance M12. Sala Félix Ribeiro - 21h30; Grizzly Man M12. Sala Félix Ribeiro - 15h30; Um Barco e Nove Destinos Sala Luís de Pina - 22h; O Espantalho Sala Luís de Pina - 19h30 Medeia Fonte NovaEst. Benfica, 503. T. 217145088Ferrugem e Osso M12. Sala 1 - 14h10, 16h30, 19h, 21h30; Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 2 - 16h45, 21h45; E Se Vivêssemos Todos Juntos? Sala 2 - 14h20, 19h15; Argo M12. Sala 3 - 14h30, 17h; Mamã M16. Sala 3 - 19h30, 22h Medeia KingAvenida Frei Miguel Contreiras, 52A. T. 218480808A Última Vez Que Vi Macau + Alvorada Vermelha M12. Sala 1 - 14h40, 16h40, 19h15, 21h45; Ferrugem e Osso M12. Sala 2 - 14h15, 16h30, 19h, 21h30; Barbara M12. Sala 3 - 14h30, 16h50, 22h; Laurence Para Sempre M12. Sala 3 - 18h50 Medeia MonumentalAv. Praia da Vitória, 72. T. 213142223Ferrugem e Osso M12. Sala 4 - Cine Teatro - 14h30, 17h, 19h30, 22h, 00h30; Efeitos Secundários M12. Sala 1 - 13h20, 15h25, 17h30, 19h40, 21h45, 00h15; Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 2 - 16h30, 21h30, 24h; E Se Vivêssemos Todos Juntos? Sala 2 - 13h10, 15h15, 17h20, 19h20, 21h30; E Se Vivêssemos Todos Juntos? Sala 2 - 14h, 19h; A Última Vez Que Vi Macau + Alvorada Vermelha M12. Sala 3 - 13h10, 15h15, 17h20, 19h20, 21h30; Branca de Neve M12. Sala 3 - 24h NimasAv. 5 Outubro, 42B. T. 213574362A Nossa Forma de Vida Sala 1 - 21h30
UCI Cinemas - El Corte InglésAv. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 707232221Amor M12. Sala 1 - 14h05; Notas de Amor M12. Sala 1 - 19h15; Força Anti-Crime M16. Sala 1 - 16h45, 21h45, 00h15; Guia para um Final Feliz M12. Sala 2 - 14h05, 19h30; O Mentor M16. Sala 2 - 16h40, 22h; 00:30 Hora Negra M16. Sala 3 - 17h30; Django Libertado M16. Sala 3 - 14h15, 21h, 00h10; Mamã M16. Sala 4 - 00h25; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. Sala 4 - 14h, 16h, 18h, 20h (V.P.); Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 5 - 14h10, 19h10, 00h10 (2D), 16h40, 21h40 (3D); Efeitos Secundários M12. Sala 6 - 14h05, 16h40, 19h10, 21h35, 00h10; Psycho M12. Sala 7 - 19h20; Criaturas Maravilhosas M12. Sala 7 - 14h, 16h40; Branca de Neve M12. Sala 7 - 21h45, 00h10; Quarta Divisão M16. Sala 8 - 19h; Cidade Dividida M16. Sala 8 - 14h15, 16h35, 21h35, 00h05; Vigarista à Vista M12. Sala 9 - 14h10, 16h35, 19h05, 21h40, 24h; Ferrugem e Osso M12. Sala 10 - 14h05, 16h45, 19h15, 21h55, 00h25; A Vida de Pi M12. Sala 11 - 15h; Lincoln M12. Sala 11 - 18h10, 21h20, 00h20; Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 12 - 14h, 19h15, 00h30 (2D), 16h35, 21h50 (3D); Argo M12. Sala 13 - 14h10, 16h40, 19h10, 21h45, 00h20; A Caça M16. Sala 14 - 14h10, 16h35, 19h05, 22h, 00h30 Universidade de LisboaAv. Professor Gama Pinto, Alameda da Universidade. T. 217932579Os Cavalos Também se Abatem Reitoria - 18h ZON Lusomundo AlvaláxiaEstádio José Alvalade, Cpo Grande. T. 16996As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 15h30, 17h40, 19h50 (V.P.); Tudo por um bebé M12. 22h; Oz: O Grande e Poderoso M12. 16h, 18h50, 21h40; Django Libertado M16. 16h50, 20h45; O Impossível M12. 16h15, 18h55, 21h35; Vigarista à Vista M12. 15h50, 18h25, 21h20; Jack, o Caçador de Gigantes M12. 16h20, 18h55, 21h30; A Vida de Pi M12. 21h; Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. 16h40, 19h, 21h45; Mamã M16. 16h30, 18h50, 21h10; Força Anti-Crime M16. 16h10, 18h45, 21h25; Zarafa M6. 15h40, 18h (V.Port.); O Homem das Sombras M16. 16h45, 19h10, 21h50 ZON Lusomundo AmoreirasAvenida Engenheiro Duarte Pacheco. T. 16996Lincoln M12. 14h, 17h30, 20h50, 24h; Oz: O Grande e Poderoso M12. 13h, 15h40, 18h50, 21h30, 00h20 (3D); Efeitos Secundários M12. 13h20, 16h, 18h30, 21h10, 23h40; Robot e Frank 12h50, 15h, 17h, 19h10, 21h20, 23h30; Notas de Amor M12. 13h10, 15h50, 18h20 ; Ferrugem e Osso M12. 13h30, 16h10, 19h, 21h40, 00h30; Força Anti-Crime M16. 21h, 23h50; A Arte de Amar M6. 13h50, 16h30, 22h, 00h10; Branca de Neve M12. 18h40 ZON Lusomundo ColomboAv. Lusíada. T. 16996A Bicharada Contra-Ataca M6. 13h10, 15h25 (V.P.); Aguenta-te aos 40 M12. 12h40, 15h30, 18h25, 21h25, 00h20; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 13h15, 15h55, 18h10 (V.P.); Tudo por um bebé M12. 21h05, 23h45; Vigarista à Vista M12. 13h05, 15h50, 18h20, 21h20, 24h; Jack, o Caçador de Gigantes M12. 12h50, 15h40, 18h35 (2D), 21h30, 00h25 (3D); Argo M12. 17h50, 21h, 23h50; Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. 13h25, 16h10, 18h50, 21h40, 00h10; Oz: O Grande e Poderoso M12. 12h55, 15h45 (2D), 18h40, 21h35, 00h30 (3D); Mamã M16. 13h20, 16h05, 18h30, 21h10, 23h40; Snitch - Infiltrado 13h, 16h, 18h45, 21h45, 00h35; Zarafa M6. 13h30, 15h35 (V.P.) ZON Lusomundo Vasco da GamaParque das Nações. T. 16996
A Última Vez Que Vi Macau + Alvorada VermelhaDe João Pedro Rodrigues, João Rui Guerra da Mata. Com João Pedro Rodrigues, João Rui Guerra da Mata, Lydie Barbara. POR/FRA. 2012. 85m. Documentário. M12. Um homem viaja de Lisboa
a Macau, uma das mais
multiculturais e labirínticas
cidades do mundo, a pedido de
uma amiga de longa data, que lhe
diz estar a viver coisas estranhas
e assustadoras. Ele, que vivera
em Macau há muitos anos e ali
passara os melhores tempos da
sua vida, encara a viagem como
um regresso às suas origens e às
suas memórias mais felizes.
Medeia King e Monumental
As Fantásticas Aventuras de TadDe Enrique Gato. Com Meritxell Ané (voz), Óscar Barberán (voz), Carles Canut (voz). ESP. 2012. 90m. Animação. M6. Quando era pequenino, o
sonho de Tad Jones era ser
arqueólogo. Mas, apesar de
nunca ter abandonado as suas
ambições, tornou-se um simples
trabalhador da construção civil.
Até ao dia em que, por um acaso
do destino, é confundido com
um arqueólogo e enviado para
uma perigosa expedição ao Peru.
E é assim que, com alguns novos
amigos, Tad vai viver a grande
aventura da sua vida ao tentar
salvar Paititi, a lendária cidade
perdida dos Incas.
Ferrugem e OssoDe Jacques Audiard. Com Marion Cotillard, Matthias Schonaerts, Armand Verdure. FRA. 2012. 120m. Drama, Romance. M12. Alain é um homem solitário que
se depara com a necessidade de
cuidar sozinho do seu fi lho de
cinco anos. Sem emprego, decide
mudar-se para casa da irmã,
no Sul de França. Aí, consegue
trabalho como segurança
numa discoteca onde conhece
Stéphanie, uma bela treinadora
de orcas cuja vida parece saída de
um conto de fadas. Algum tempo
depois ela liga-lhe: um acidente
deixou-a paraplégica. Ele vai
ajudá-la e, entre ambos, acaba
por nascer um amor profundo e
redentor.
Jack, o Caçador de GigantesDe Bryan Singer. Com Nicholas Hoult, Stanley Tucci, Ewan McGregor. EUA. 2013. 89m. Drama, Aventura. M12. Jack é um jovem agricultor que
abre acidentalmente um portal
entre o mundo dos humanos
e o dos gigantes. E, quando as
terríveis e enormes criaturas
se apercebem da oportunidade
de se vingarem da raça humana
e recuperarem a terra que
perderam, nada parece fazê-las
parar. Assim, forçado a lutar
contra seres que julgava existirem
apenas na imaginação, Jack acaba
por se tornar no mais improvável
dos heróis.
O Homem das SombrasDe Pascal Laugier. Com Jessica Biel, Jodelle Ferland, William B. Davis. CAN/EUA/FRA. 2012. 106m. Drama, Thriller. M16. Julia é uma jovem viúva que vive
com David, o seu fi lho pequeno,
na pequena cidade de Cold Rock.
A população, extremamente
pobre, vive atormentada por
uma série de raptos de crianças
atribuídos a uma fi gura a que
chamam de Homem das Sombras.
Certo dia, o pequeno David torna-
se numa das vítimas de rapto
e o mundo de Julia colapsa. E
depressa se apercebe que toda a
cidade se virou contra si.
Robot e FrankDe Jake Schreier. Com Frank Langella, Susan Sarandon, Peter Sarsgaard (Voz), Liv Tyler. EUA. 2012. m. Comédia, Ficção. Frank é um ladrão de jóias
de memória fraca que,
aos 70 anos, apenas quer
aproveitar a reforma. Certo
dia, considerando a sua
idade avançada e perda
de capacidades, o fi lho
decide levar-lhe um
robô que, para além
de ajudar nas tarefas
do dia-a-dia, está
programado para
promover o bem-
estar geral do seu
proprietário. Indignado
com aquela máquina que
parece querer manipular
toda a sua vida, Frank tenta,
a custo, ver-se livre dela. Até se
aperceber que ali pode estar a
resposta que necessitava para
reviver os velhos tempos...
Snitch - InfiltradoDe Ric Roman Waugh. Com Dwayne Johnson, Susan Sarandon, Jon Bernthal. EUA. 2013. 112m. Thriller, Acção. Dwayne Johnson é John
Matthews, um pai cujo fi lho
adolescente é injustamente
acusado de tráfi co de drogas e
que se depara com uma pena
mínima de dez anos de prisão.
Determinado a resgatar o fi lho a
todo custo, John faz um acordo
com o advogado de acusação
para se infi ltrar no mais perigoso
cartel de drogas da cidade e
descobrir quem incriminou o
rapaz. Porém, está consciente
que, ao tentar evitar aquela
prisão, está a arriscar não só a
sua própria vida, mas também a
de toda a sua família.
Vigarista à VistaDe Seth Gordon. Com Jason Bateman, Melissa McCarthy, John Cho. EUA. 2013. 111m. Comédia. M12. Sandy Patterson recebe um
telefonema de uma mulher que o
avisa que alguém tentou roubar
a sua identidade. O que ele não
imagina é que, enquanto está
a fornecer os seus dados, a sua
identidade está a ser roubada.
A partir desse momento, Diana
começa uma vida extravagante
em Miami, gastando todo o
dinheiro de Sandy. Até ao dia em
que, notifi cado pela polícia por
extorsão de identidade e pelas
dívidas astronómicas, decide
procurar a causadora do seu
infortúnio.
o de jóias
a que,
nas quer
rma. Certo
o a sua
perda
o fi lho
um
ém
efas
a
-
u
ignado
uina que
anipular
Frank tenta,
re dela. Até se
i pode estar a
essitava para
tempos...
O Homem das Sombras
PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | 41
AS ESTRELAS DO PÚBLICO
JorgeMourinha
Luís M. Oliveira
Vasco Câmara
a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente
A Última Vez que Vi Macau mmmmm mmmmm mmmmm
Alvorada Vermelha mmmmm mmmmm mmmmm
Branca de Neve mmmmm mmmmm –A Caça mmmmm mmmmm mmmmm
Efeitos Secundários mmmmm mmmmm mmmmm
Ferrugem e Osso mmmmm mmmmm mmmmm
Laurence para Sempre mmmmm mmmmm mmmmm
Oz, o Grande e Poderoso mmmmm mmmmm –O Último Desafio – mmmmm mmmmm
Robô & Frank mmmmm – –
Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. 16h10, 18h50, 21h40, 24h; Aguenta-te aos 40 M12. 21h30, 00h20; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 13h, 15h15, 17h20, 19h25 (V.P.); Oz: O Grande e Poderoso M12. 12h40, 15h30, 18h20, 21h20, 00h10; Vigarista à Vista M12. 13h10, 15h50, 18h30, 21h50, 00h30; Jack, o Caçador de Gigantes M12. 12h50, 15h20, 18h10, 21h10, 23h50 (3D); Zarafa M6. 13h20 (V.P.); Efeitos Secundários M12. 13h30, 16h, 18h40, 21h, 23h40
Almada ZON Lusomundo Almada FórumEstr. Caminho Municipal, 1011 - Vale de Mourelos. T. 16996Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. 13h10, 15h40, 18h05, 21h05, 23h30; Vigarista à Vista M12. 13h10, 15h50, 18h35, 21h15, 23h55; Jack, o Caçador de Gigantes M12. 13h15, 16h, 18h45, 21h30, 00h15; Oz: O Grande e Poderoso M12. 12h35, 15h30, 18h25, 21h20, 00h20; Efeitos Secundários M12. 12h50, 15h30, 18h15, 21h20, 23h50; Cidade Dividida M16. 21h15, 23h50; Zarafa M6. 13h30, 16h05, 18h10 (V.Port.); Tudo por um bebé M12. 12h45, 15h10, 17h45, 21h50, 00h10; O Homem das Sombras M16. 13h15, 15h45, 18h30, 21h10, 23h40; Criaturas Maravilhosas M12. 21h10, 24h; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 13h25, 15h55, 18h30 (V.Port.); A Bicharada Contra-Ataca M6. 13h20, 15h45, 18h40 (V.Port.); O Impossível M12. 21h25, 00h15; Mamã M16. 13h05, 15h35, 18h05, 21h40, 00h10; Argo M12. 19h; Força Anti-Crime M16. 13h, 15h30, 18h30, 21h20, 00h05; Snitch - Infiltrado 12h55, 15h35, 18h25, 21h30, 00h10; Ferrugem e Osso M12. 12h40, 15h25, 18h15, 21h10, 24h
Amadora CinemaCity Alegro AlfragideC.C. Alegro Alfragide. T. 214221030Hitchcock M12. Cinemax - 13h50; Oz: O Grande e Poderoso M12. Cinemax - 15h50, 18h30, 21h30, 00h10; Vigarista à Vista M12. VIP Light - 19h30, 21h0, 23h50; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. VIP 1 - 13h30, 15h30, 17h30 (V.Port.); Hansel e Gretel: Caçadores de Bruxas Sala 3 - 23h55; Quarta Divisão M16. Sala 3 - 19h; Lincoln M12. Sala 3 - 15h45; Criaturas Maravilhosas M12. Sala 3 - 13h20, 21h25; Sininho O Segredo das Fadas M4. Sala 4 - 13h40 (V.P.); Aguenta-te aos 40 M12. Sala 4 - 15h25, 21h40; Cidade Dividida M16. Sala 4 - 19h20, 00h20; Mamã M16. Sala 5 - 13h55, 15h55, 17h55, 19h55, 22h05, 00h15; Guia para um Final Feliz M12. Sala 6 - 17h30; Django Libertado M16. Sala 6 - 22h; Zambézia M6. Sala 6 - 13h45, 15h40 (V.P.); As Fantásticas Aventuras de Tad M6. Sala 6 - 19h50 (V.P.); Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 7 - 13h35, 18h35 (2D), 15h45, 21h35, 24h (3D); Argo M12. Sala 8 - 19h35; Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. Sala 8 - 21h55, 00h05; Vigarista à Vista M12. Sala 8 - 13h35, 15h35, 17h35; Força Anti-Crime M16. Sala 9 - 00h25; Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 9 - 13h30 (2D), 16h10, 18h50, 21h45 (3D); Hotel Transilvânia M6. Sala 10 - 15h50 (V.P.); A Vida de Pi M12. Sala 10 - 18h40 (3D); O Impossível M12. Sala 10 - 21h20; O Último Desafio M16. Sala 10 - 13h40, 23h45 UCI Dolce Vita TejoC.C. da Amadora, Estrada Nacional 249/1, Venteira. T. 707232221Django Libertado M16. Sala 1 - 17h45; Zambézia M6. Sala 1 - 13h50 (V.P./2D),
15h50 (V.P./3D); Cidade Dividida M16. Sala 1 - 21h25; Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 2 - 13h50, 19h10 (2D), 16h30, 21h50 (3D); As Fantásticas Aventuras de Tad M6. Sala 3 - 13h50, 15h50, 17h50, 19h50 (V.P.); O Último Desafio M16. Sala 3 - 21h50; Mamã M16. Sala 4 - 13h50, 16h10, 18h55, 21h35; Ferrugem e Osso M12. Sala 5 - 14h15, 16h40, 19h15, 21h40; A Vida de Pi M12. Sala 6 - 14h, 16h35 (3D); O Impossível M12. Sala 6 - 19h05, 21h45; Quarta Divisão M16. Sala 7 - 19h; Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. Sala 7 - 14h10, 16h20, 21h35; Criaturas Maravilhosas M12. Sala 8 - 13h50, 16h25; Aguenta-te aos 40 M12. Sala 8 - 19h, 21h45; Vigarista à Vista M12. Sala 9 - 14h05, 16h30, 19h10, 21h30; Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 10 - 13h55, 19h05 (2D), 16h20, 21h30 (3D); Efeitos Secundários M12. Sala 11 - 14h15, 16h40, 19h15, 21h50
Barreiro Castello Lopes - Fórum BarreiroCampo das Cordoarias. T. 760789789Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 2 - 15h30 (2D), 18h20, 21h10 (3D); Parker M12. Sala 3 - 15h20, 18h10, 21h40; Guia para um Final Feliz M12. Sala 4 - 15h40, 18h30, 21h20
Cascais ZON Lusomundo CascaiShoppingCascaiShopping-EN 9, Alcabideche. T. 16996Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. 13h15, 15h50, 18h20, 21h20, 23h40; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 13h30, 15h40, 17h50, 19h55 (V.Port.); Tudo por um bebé M12. 22h, 00h25; Força Anti-Crime M16. 13h, 15h30, 18h, 21h10, 23h30; Mamã M16. 12h40, 15h05, 17h40, 21h50, 24h; Vigarista à Vista M12. 13h05, 15h40, 18h20, 21h40, 00h20; Jack, o Caçador de Gigantes M12. 12h50, 16h, 18h40 (2D), 21h30, 00h10 (3D)
Caldas da Rainha Vivacine - Caldas da RainhaC.C. Vivaci. T. 262840197Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 1 - 15h30, 18h10, 21h30; Aguenta-te aos 40 M12. Sala 2 - 15h35, 18h35, 21h20; Vigarista à Vista M12. Sala 3 - 15h45, 18h25, 21h25; Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 4 - 15h40, 18h30, 21h20; Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. Sala 5 - 15h40, 18h15, 21h40
Carcavelos Atlântida-CineR. Dr. Manuel Arriaga, C. Com. Carcavelos (Junto à Estação de CP). T. 214565653Ferrugem e Osso M12. Sala 1 - 15h30, 21h30; Efeitos Secundários M12. Sala 2 - 15h45, 21h45
Sintra CinemaCity Beloura ShoppingEst. Nac. nº 9 - Quinta Beloura. T. 219247643Vigarista à Vista M12. Cinemax - 15h35, 17h35, 19h35, 21h35; Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 1 - 18h35 (2D), 15h40, 21h45 (3D); Argo M12. Sala 2 - 21h40; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. Sala 2 - 15h30, 17h30, 19h30 (V.P.); Quarta Divisão M16. Sala 3 - 17h10; Guia para um Final Feliz M12. Sala 3 - 19h30; Django Libertado M16. Sala 3 - 21h50; Zambézia M6. Sala 3 - 15h20 (V.P.); Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 4 - 15h45, 16h05, 18h45, 21h25; Criaturas Maravilhosas M12. Sala
5 - 18h30; Aguenta-te aos 40 M12. Sala 5 - 21h30; A Vida de Pi M12. Sala 6 - 15h55, 18h40 (3D); Lincoln M12. Sala 6 - 21h20; Força Anti-Crime M16. Sala 7 - 19h50; Mamã M16. Sala 7 - 15h50, 17h50, 22h Castello Lopes - Fórum SintraLoja 2.21 - Alto do Forte. T. 760789789Lincoln M12. Sala 1 - 14h40, 18h, 21h40; Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 2 - 15h30, 21h30 (3D), 18h10 (2D); Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 3 - 15h50 (2D), 18h40, 21h50 (3D); Vigarista à Vista M12. Sala 4 - 15h50, 18h20, 21h20; A Bicharada Contra-Ataca M6. Sala 5 - 15h10, 18h50 (V. Port.); Aguenta-te aos 40 M12. Sala 5 - 21h; Mamã M16. Sala 6 - 16h10, 19h, 22h; Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. Sala 7 - 16h, 18h30, 21h10
Leiria CinemaCity LeiriaRua Dr. Virgílio Vieira Cunha. T. 244845071Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 1 - 15h55, 21h35 (3D), 18h30 (2D); Argo M12. Sala 2 - 19h10; Aguenta-te aos 40 M12. Sala 2 - 21h30; Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 2 - 16h (3D), 15h45, 18h25, 21h45 (2D); Vigarista à Vista M12. Sala 3 - 15h30, 17h40, 19h40, 21h40; Criaturas Maravilhosas M12. Sala 5 - 19h35; Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. Sala 5 - 15h40, 17h35, 21h55; Mamã M16. Sala 5 - 15h35, 19h50, 21h50; O Último Desafio M16. Sala 5 - 17h45; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. Sala 7 - 15h30, 17h30, 19h30, 21h30 (V.P.)
Montijo ZON Lusomundo Fórum MontijoC. C. Fórum Montijo. T. 16996Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. 13h10, 15h55, 18h10, 21h20, 23h40; Aguenta-te aos 40 M12. 21h, 23h50; Mamã M16. 13h, 15h50, 18h05, 21h40, 24h; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 13h20, 16h10, 18h20 (V.P.); Vigarista à Vista M12. 13h15, 15h45, 18h15, 21h30, 00h05; Jack, o Caçador de Gigantes M12. 13h30, 16h, 18h30 (2D), 21h15, 23h45 (3D); Oz: O Grande e Poderoso M12. 12h55, 15h40, 21h10, 23h55 (2D), 18h25 (3D)
Odivelas ZON Lusomundo Odivelas ParqueC. C. Odivelasparque. T. 16996
Mamã M16. 21h; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 16h, 18h15 (V.P.); Vigarista à Vista M12. 15h30, 18h10, 21h20; Jack, o Caçador de Gigantes M12. 15h50, 18h20, 21h30; Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. 15h20, 18h, 21h10; Oz: O Grande e Poderoso M12. 15h40, 18h30, 21h15
Oeiras ZON Lusomundo Oeiras ParqueC. C. Oeirashopping. T. 16996Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. 18h, 21h45, 00h05; Zarafa M6. 13h15, 15h25 (V.Port.); Aguenta-te aos 40 M12. 13h30, 17h15, 21h20, 00h15; Vigarista à Vista M12. 13h20, 15h50, 18h30, 21h30, 00h10; Efeitos Secundários M12. 13h10, 15h45, 18h20, 21h, 23h50; Força Anti-Crime M16. 21h50, 00h20; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 13h, 15h15, 17h30, 19h40 (V.Port.); Jack, o Caçador de Gigantes M12. 12h50, 15h30, 18h10 (2D), 21h10, 23h55 (2D); Oz: O Grande e Poderoso M12. 12h50, 15h40, 18:40, 21h40, 00h30 (3D)
Miraflores ZON Lusomundo Dolce Vita MirafloresCentro Comercial Dolce Vita - Avenida Túlipas. T. 707 CINEMALincoln M12. 21h20; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 15h10, 17h20, 19h20 (V.P.); Vigarista à Vista M12. 15h30, 18h30, 21h40; Zarafa M6. 15h, 17h, 19h (V.P.); Oz: O Grande e Poderoso M12. 15h20, 18h20, 21h30
Torres Novas Castello Lopes - TorreShoppingBairro Nicho - Ponte Nova. T. 707220220Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 1 - 12h50, 18h20 (2D), 15h20, 21h30 (3D); Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. Sala 2 - 13h10, 15h40, 18h10, 21h40; Vigarista à Vista M12. Sala 3 - 13h, 15h30, 18h30, 21h20
Torres Vedras ZON Lusomundo Torres VedrasC.C. Arena Shopping. T. 16996Aguenta-te aos 40 M12. 15h40, 18h30, 21h20; Mamã M16. 21h50; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 16h30, 19h (V.P.); Vigarista à Vista M12. 16h15, 18h50,
21h45; Oz: O Grande e Poderoso M12. 15h30, 18h15, 21h; Jack, o Caçador de Gigantes M12. 16h, 18h40 (2D), 21h30 (3D)
Santarém Castello Lopes - SantarémLargo Cândido dos Reis. T. 760789789Django Libertado M16. Sala 1 - 15h50, 21h; O Impossível M12. Sala 2 - 15h20, 18h20, 21h10; Vigarista à Vista M12. Sala 3 - 15h40, 18h30, 21h30; Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 4 - 15h30 (2D), 18h40, 21h20 (3D); A Descida - Parte 2 M16. Sala 5 - 16h10, 18h50, 21h50; Cidade Dividida M16. Sala 6 - 16h, 19h, 21h40
Setúbal Auditório CharlotAv. Dr. Ant. Manuel Gamito, 11. T. 265522446Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 1 - 21h30 Castello Lopes - SetúbalC. Comercial Jumbo, Loja 50. T. 707220220Vigarista à Vista M12. Sala 1 - 13h20, 15h50, 18h30, 21h30; Sangue Quente M12. Sala 2 - 13h30, 15h40, 18h10, 21h10; Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 3 - 13h, 15h30 (2D), 18h20, 21h20 (3D); O Impossível M12. Sala 4 - 13h10, 15h20, 18h, 21h
Faro SBC-International CinemasC. C. Fórum Algarve. T. 289887212Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 1 - 13h, 15h45, 18h30, 21h20; Guia para um Final Feliz M12. Sala 2 - 19h05; Força Anti-Crime M16. Sala 2 - 14h05, 16h35, 21h40; Vigarista à Vista M12. Sala 3 - 13h45, 16h10, 18h35, 21h; Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 4 - 15h40, 18h25, 21h10; Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 5 - 14h (2D), 16h30, 19h, 21h30 (3D); Mamã M16. Sala 6 - 14h05, 16h40, 19h15, 21h50; Snitch - Infiltrado Sala 7 - 16h55, 19h20, 21h45; Argo M12. Sala 8 - 19h25; Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. Sala 8 - 14h55, 17h10, 22h; A Vida de Pi M12. Sala 9 - 13h35, 16h20; Lincoln M12. Sala 9 - 19h05; O Último Desafio M16. Sala 9 - 22h10
Olhão Algarcine - Cinemas de OlhãoC.C. Ria Shopping. T. 289703332Força Anti-Crime M16. Sala 1 - 15h30, 18h30, 21h30; Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 2 - 15h20, 18h20, 21h30; A Maldição do Vale M18. Sala 3 - 15h15, 18h15, 21h15
Portimão Algarcine - Cinemas de PortimãoAv. Miguel Bombarda. T. 282411888Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 1 - 15h30, 18h, 21h30; Comédia Explícita - Movie 43 M16. Sala 2 - 20h, 21h45
Tavira Cine-Teatro António PinheiroR. D. Marcelino Franco, 10 . T. 281324880Aguirre, o Aventureiro Sala 1 - 21h30 Zon Lusomundo TaviraC.C. Gran-Plaza. T. 16996Aguenta-te aos 40 M12. 12h40, 15h30, 18h20, 21h10; Mamã M16. 21h40; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 13h05, 15h15, 17h25, 19h30 (V.Port.); Vigarista à Vista M12. 13h15, 15h45, 18h15, 21h20; Jack, o Caçador de Gigantes M12. 13h20, 16h, 18h30 (2D), 21h10 (3D); Oz: O Grande e Poderoso M12. 12h50, 15h35, 18h20, 21h05
Integrada nas comemorações do Ano de Portugal no Brasil, a exposição Vieira da Silva, Agora, recém-chegada do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, reúne obras de Maria Helena Vieira da Silva provenientes de colecções privadas e institucionais, peças normalmente ausentes do circuito expositivo museológico. Inaugura hoje às 18h30 na Fundação Arpad Szenes, em Lisboa, e pode ser vista de quarta a domingo, das 10h às 18h. O bilhete custa 4€ (grátis ao domingo entre as 10h e as 14h).
Vieira da Silva, Agora
42 | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013
SAIR
TEATROLisboaChapitôR. Costa do Castelo, 1/7. T. 218855550 Macbeth Companhia Chapitô. Enc. John Mowat. De 24/1 a 17/3. 5ª a Dom às 22h M/12. CulturgestRua Arco do Cego - CGD. T. 217905155 Melancolia e Manifestações Enc. Lola Arias. De 14/3 a 16/3. 5ª a Sáb às 21h30. M/12. Estrela HallRua da Estrela, 10. T. 213961946 The Hostage Enc. Jonathan Weightman. De 7/3 a 23/3. 5ª a Sáb às 21h. Dom às 17h. Gota TeatroOficinaCalçada do Correio Velho, 14-16. Título... Qual Título? Enc. João Barros. De 7/2 a 6/4. 5ª a Sáb às 21h15. M/12. Teatro AbertoPraça de Espanha. T. 213880089 Há Muitas Razões Para Uma Pessoa Querer Ser Bonita Enc. João Lourenço. De 21/12 a 31/3. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h. M/16. Teatro da ComunaPraça de Espanha. T. 217221770 A Culpa Enc. Peter Pina. De 14/3 a 31/3. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h. M/16. Teatro da PolitécnicaRua da Escola Politécnica, 56. T. 961960281 Por Tudo e Por Nada Enc. Jorge Silva Melo. De 13/3 a 27/4. 3ª e 4ª às 19h. 5ª e 6ª às 21h. Sáb às 16h e 21h. M/12. Teatro Maria VitóriaAv. Liberdade (Parque Mayer). T. 213461740 Humor com Humor se Paga Enc. Mário Rainho. A partir de 1/11. 5ª e 6ª às 21h30. Sáb às 16h30 e 21h30. Dom às 16h30. M/12. Teatro Municipal de S. LuizR. António Maria Cardoso, 38. T. 213257650 A Visita da Velha Senhora Enc. Nuno Cardoso. De 7/3 a 27/3. 4ª a Sáb às 21h. Dom às 17h30. Teatro RápidoRua Serpa Pinto, 14. T. 213479138 Europa, Ich Liebe Dich De 1/3 a 1/4. 2ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom às 18h20 , 18h50, 19h20, 19h50 e 20h25. Exorcismo: Uma História de Amor Enc. Eric L da Silva. De 1/3 a 1/4. 2ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom às 18h05, 18h35, 19h05, 19h35
faca do não De Rui Chafes. De 14/3 a 25/5. 3ª a Sáb das 10h às 20h. Inaugura às 21h30. MNAC - Museu do ChiadoRua Serpa Pinto, 4. T. 213432148 Are you still awake? De João Pedro Vale, Hugo Canoilas, João Tabarra, Alexandre Estrela, Julião Sarmento, Ana Hatherly, Mauro Cerqueira, entre outros. De 13/12 a 28/4. 3ª a Dom das 10h às 18h. Arte Portuguesa 1850-1975 De João Cristino da Silva, Columbano Bordalo Pinheiro, João Marques de Oliveira, António Carneiro, Amadeo de Souza-Cardoso, Eduardo Viana, Mário Eloy, entre outros. De 20/2 a 31/12. 3ª a Dom das 10h às 18h. Projecto Bidonville De Maria Lusitano. De 21/2 a 7/4. 3ª a Dom das 10h às 18h (última admissão às 17h45). Museu Colecção BerardoPraça do Império, CCB. T. 213612878 Angela Detanico, Rafael Lain. Amplitude De 20/2 a 28/4. Todos os dias das 10h às 19h (últ. admissão às 18h30). Da Solidão do Lugar a um Horizonte de Fugas De Douglas Gordon, Ângela Ferreira, Miguel Palma, Eugenio Dittborn, Caetano Dias, João Tabarra, Augusto Alves da Silva, Justine Triet, Jimmie Durham. De 19/12 a 28/4. Todos os dias das 10h às 19h (últ. admissão às 18h30). Exposição Permanente do Museu Colecção Berardo (1960-2010) De Vito Acconci, Carl Andre, Alan Charlton, Louise Bourgeois, José Pedro Croft, Antony Gormley, Jeff Koons, Allan McCollum, Gerhard Richter, Cindy Sherman, William Wegman, entre outros. A partir de 9/11. Todos os dias das 10h às 19h (últ. admissão às 18h30). No Fly Zone. Unlimited Mileage De Paulo Kapela, Yonamine, Kiluanji Kia Henda, Edson Chagas, Binelde Hyrcam, Nástio Mosquito. De 30/1 a 31/3. Todos os dias das 10h às 19h (últ. admissão às 18h30). Museu Nacional de Arte AntigaRua das Janelas Verdes, 1249. T. 213912800
A Arquitectura Imaginária. Pintura, Escultura, Artes Decorativas De 1/12 a 30/3. 3ª das 14h às 18h. 4ª a Dom das 10h às 18h. Deambulações. Desenhadores Franceses em Portugal nos séculos XVIII e XIX De 28/2 a 5/5. 3ª das 14h às 18h. 4ª a Dom das 10h às 18h. Ilusionismos - Os Tectos Pintados do Palácio Alvor De 8/3 a 26/5. 3ª das 14h às 17h30. 4ª a Dom das 10h às 17h30. Obra Convidada: Lucas Cranach, o Velho. Judite com a cabeça de Holofernes De 24/1 a 28/4. 3ª das 14h às 18h. 4ª a Dom das 10h às 18h. Pintura e Artes Decorativas do Século XII ao XIX A partir de 16/12. 3ª das 14h às 18h. 4ª a Dom das 10h às 18h.
MÚSICALisboaEspaço Brasil (Lx Factory)Rua Rodrigues de Faria, 103. T. 213143399 Alessandra Maestrini Dia 14/3 às 22h30. Fundação e Museu Calouste GulbenkianAvenida de Berna, 45A. T. 217823000 Coro e Orquestra Gulbenkian De 14/3 a 15/3. 5ª às 21h. 6ª às 19h. Hot Clube de PortugalPraça da Alegria, 48. T. 213619740 Tahina Rahary Malagasy Roots De 14/3 a 15/3. 5ª e 6ª às 22h30. Igreja de Nossa Senhora de FátimaAv. Marquês de Tomar. António Esteireiro Dia 14/3 às 21h30.LoungeR. Moeda, 1. T. 213953204 Umberto Dia 14/3 às 23h.Lux FrágilAv. Infante D. Henrique. T. 218820890 The Hacker + Maelstrom + Gunrose + Zé Pedro Moura Dia 14/3 às 23h. Palácio FozPç. dos Restauradores. T. 213221200 Solistas da Metropolitana Dia 14/3 às 13h.
SinesCentro de Artes de SinesR. Cândido dos Reis. T. 269860080 Jahcoustix Dia 14/3 às 22h.
SAIRe 20h05. Folhas, e não Credos Enc. Miguel Ponte, Marcantonio Del Carlo. De 1/3 a 1/4. 2ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom às 18h, 18h30, 19h, 19h30 e 20h. Submersas De Catarina Aidos. De 1/3 a 1/4. 2ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom às 18h15, 18h45, 19h15, 19h45 e 20h15. M/12. 15m. Teatro TabordaRua da Costa do Castelo, 75. T. 218854190 Finge Enc. Carlos J. Pessoa. De 14/3 a 27/3. 3ª a Dom às 21h30.Teatro Tivoli BBVAAvenida da Liberdade, 182. T. 213572025 TOC TOC Enc. António Pires. A partir de 13/3. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h. M/16. Teatro VillaretAv. Fontes Pereira Melo, 30A. T. 213538586 Casa de Campo Enc. Frederico Corado. De 31/1 a 30/3. 5ª a Sáb às 19h30. Isto É Que Me Dói! Enc. Francisco Nicholson. De 2/1 a 31/3. 4ª, 5ª e 6ª às 21h30. Sáb às 16h e 21h30. Dom às 16h. M/12.
AlmadaTeatro Municipal Joaquim BeniteAvenida Professor Egas Moniz. T. 212739360 Gil Vicente na Horta Enc. João Mota. De 14/3 a 17/3. 5ª às 10h30 e 15h. 6ª às 15h e 21h30. Sáb às 21h30. Dom às 16h. M/12. Duração: 100m.
CascaisTeatro Municipal Mirita CasimiroAvenida Fausto Figueiredo. T. 214670320 Conversas Depois de um Enterro Enc. Renato Godinho. Até 17/3. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h.
OeirasAuditório Municipal Eunice MuñozRua Mestre de Aviz. T. 214408411 Esperando Diana Enc. Celso Cleto. De 1/3 a 14/4. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h. M/16.
EXPOSIÇÕESLisboaArquivo FotográficoRua da Palma, 246. T. 218844060
Imagem entre Imagens De Alberto Carlos Lima, António Júlio Duarte, Daniel Antunes Pinheiro, Daniel Blaufuks, entre outros. De 14/3 a 11/5. 2ª a Sáb das 10h às 19h. Inaugura às 19h. Séma Chéein De Bruno Dias Vieira. De 7/3 a 26/4. 2ª a 6ª das 09h30 às 17h.Cristina Guerra - Contemporary ArtR. Santo António à Estrela, 33. T. 213959559 La Grande Avventura Dello Spazio De Rui Toscano. De 14/3 a 13/4. 3ª a 6ª das 12h às 20h. Sáb das 15h às 20h.CulturgestR. Arco do Cego. T. 217905155 Esculturas Sonoras 1994-2013 De Rui Toscano. De 8/2 a 19/5. 2ª, 4ª, 5ª e 6ª das 11h às 19h. Sáb, Dom e feriados das 14h às 20h . Retrato de Michel Auder De Michel Auder. De 8/2 a 19/5. 2ª, 4ª, 5ª e 6ª das 11h às 19h. Sáb, Dom e feriados das 14h às 20h. Espaço Cultural da AXAAv. do Mediterrâneo. T. 213506207 Cinema Transcendental De Cecília Corujo. De 14/3 a 3/5. 2ª a 6ª das 12h às 17h.Espaço Round The Corner - Porta 9F/9GR. Nova da Trindade. T. 213420000 Black Frames De Daniel González Coves. De 1/3 a 29/3. 2ª a 6ª das 13h às 19h. Pintura. Fundação Arpad Szenes - Vieira da SilvaPraça das Amoreiras, 56. T. 213880044 Os Desastres da Guerra De Graça Morais. De 31/1 a 14/4. 4ª a Dom das 10h às 18h. Vieira da Silva, Agora De 14/3 a 16/6. 4ª a Dom das 10h às 18h (grátis ao Dom das 10h às 14h). Pintura. Inaugura às 18h30. Fundação e Museu Calouste GulbenkianAvenida de Berna, 45A. T. 217823000 360º Ciência Descoberta De 2/3 a 2/6. 3ª a Dom das 10h às 18h. Ciência, Documental.Galeria Filomena SoaresRua da Manutenção, 80. T. 218624122 The Sorrows of Electricity De António Olaio. De 14/3 a 25/5. 3ª a Sáb das 10h às 20h. Inaugura às 21h30. Tranquila ferida do sim,
Melancolia e Manifestações, de Lola Aria
FARMÁCIAS
LisboaServiço PermanenteImperial (Praça de Londres) - Av. Guerra Junqueiro, 30 - B - Tel. 218486860 Leonel Pinheiro (Entre C.G.D. e Casa) - Rua D. Filipa de Vilhena, 9 - C - Tel. 217970324 Lisbonense (Santo Amaro - Calvário) - Rua Leão de Oliveira, 2 - B - Tel. 213637020 Onilda (João XXI) - Av. João Xxi, 13 - A - Tel. 218486848 S. Bartolomeu (Galinheiras) - Vila Paulo Jorge, 1 - Tel. 217560166 dos Navegantes (Santa Maria dos Olivais) - Av. D. João II, Lote 1.03.2.1 C - Tel. 218945574
Outras LocalidadesServiço PermanenteAbrantes - Duarte Ferreira (Rossio ao Sul do Tejo) Alandroal - Santiago Maior, Alandroalense Albufeira - Alves de Sousa Alcácer do Sal - Misericórdia Alcanena - Ramalho Alcobaça - Epifânio, Alves (Benedita), Nova (Benedita) Alcochete - Nunes, Póvoas (Samouco) Alenquer - Nobre Brito, Higiene (Carregado) Aljustrel - Dias Almada - Silva Junior, Central - Palhais (Charneca de Caparica),
Almeida Araújo (Laranjeiro), Nova (Monte da Caparica) Almeirim - Central Almodôvar - Aurea Alpiarça - Gameiro Alter do Chão - Alter, Portugal (Chança) Alvaiázere - Ferreira da Gama, Castro Machado (Alvorge), Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D. Maria) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Brito, Lemos, São Damião Ansião - Teixeira Botelho, Medeiros (Avelar), Rego (Chão de Couce), Pires (Santiago da Guarda) Arraiolos - Vieira Arronches - Batista, Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Central, Miranda Barrancos - Barranquense Barreiro - Do Forum Batalha - Moreira Padrão, Silva Fernandes (Golpilheira) Beja - Santos Belmonte - Costa, Central (Caria) Benavente - Batista, Central (Samora Correia) Bombarral - Hipodermia Borba - Central Cadaval - Central, Figueiros (Figueiros Cadaval (Jan,Mar,Maio)), Luso (Fev,Abr,Jun) (Vilar Cadaval (Fev,Abr,Jun)) Caldas da Rainha - Rainha Campo Maior - Central Cartaxo - Pereira Suc. Cascais - Marginal, das Areias
(Estoril), Aisir (Parede) Castanheira de Pera - Dinis Carvalho (Castanheira) Castelo Branco - Ferrer Castelo de Vide - Roque Castro Verde - Alentejana Chamusca - Moura (Vale de Cavalos) Constância - Baptista Covilhã - Parente Crato - Saramago Pais Cuba - Da Misericórdia Elvas - Rosado e Silva Entroncamento - Carlos Pereira Lucas Estremoz - Godinho Évora - Infante de Sagres Faro - Helena Ferreira do Alentejo - Fialho Ferreira do Zêzere - Soeiro Figueiró dos Vinhos - Campos (Aguda), Correia Suc. Fronteira - Costa Coelho Fundão - Sena Padez (Fatela) Gavião - Gavionense, Pimentel Golegã - Oliveira Freire Grândola - Moderna Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova), Serrasqueiro Cabral (Ladoeiro), Freitas (Zebreira) Lagoa - Lagoa Lagos - Neves Leiria - Higiene Loulé - Miguel Calçada, Nobre Passos (Almancil), Chagas Loures - Paula Costa, Rocha Santos, Nova do Infantado, Varela (S. Cosme) Lourinhã - Marteleirense, Pacheco (Ribamar) Mação - Saldanha Mafra - Barros (Igreja Nova), Oceano (Santo Izidoro / Mafra) Marinha
Grande - Guardiano Marvão - Roque Pinto Mértola - Nova de Mértola Moita - Aliança (Baixa da Banheira) Monchique - Higya Monforte - Jardim Montemor-o-Novo - Novalentejo Montijo - São Pedro Mora - Canelas Pais (Cabeção), Falcão, Central (Pavia) Moura - Rodrigues Mourão - Central Nazaré - Silvério, Maria Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - Seabra Odemira - Confiança Odivelas - Do Casal Novo, Moserrate (Espinho) Oeiras - Combatentes, Lealdade, Godinho Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros), Garcia Guerra, Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão - da Ria Ourém - Fonseca (Atouguia), Moderna Ourique - Nova (Garvão), Ouriquense Palmela - Ideal (Águas de Moura) Pedrógão Grande - Baeta Rebelo Penamacor - Cunha Gil Peniche - Central Pombal - Paiva Ponte de Sor - Matos Fernandes Portalegre - Chambel Suc. Portel - Misericordia Portimão - G. F. Dias Porto de Mós - Lopes Proença-a-Nova - Roda, Daniel de Matos (Sobreira Formosa) Redondo - Casa do Povo de Redondo Reguengos de Monsaraz - Martins Rio
Maior - Ferraria Paulino Salvaterra de Magos - Carvalho Santarém - São Nicolau Santiago do Cacém - Barradas Sardoal - Passarinho Seixal - Lusitana (Arrentela) Serpa - Central Sertã - Patricio, Farinha (Cernache do Bonjardim), Confiança (Pedrogão Pequeno) Sesimbra - da Cotovia, Rodrigues Pata, Lopes Setúbal - Marques, Monte Belo Silves - Cruz de Portugal, Dias Neves Sines - Monteiro Telhada (Porto Covo), Central Sintra - De Fitares, Quinta das Flores, Rico (Agualva), Claro Russo (Merces), da Praia das Maçãs (Praia das Maçãs), André (Queluz) Sobral Monte Agraço - Moderna Sousel - Mendes Dordio (Cano), Andrade Tavira - Félix Franco Tomar - Central Torres Novas - Lima Torres Vedras - Santa Cruz Vendas Novas - Nova Viana do Alentejo - Viana Vidigueira - Costa Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de Xira - Azevedo, Botto e Sousa, Simões Dias (Bom Sucesso), César Vila Nova da Barquinha - Tente (Atalaia) Vila Real de Santo António - Pombalina Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Duarte
PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | 43
FICAROs mais vistos da TVTerça-feira, 12
FONTE: CAEM
SICTVISICSICTVI
16,215,014,213,512,8
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31,329,827,029,124,4
RTP1
2:
SICTVI
Cabo
12,6%%
2,222,9
23,8
27,9
Dancin' DaysDestinos CruzadosJornal da NoiteFina EstampaJornal das 8
CINEMABem-vindo ao Sul [Benvenuti al Sud]RTP2, 22h04Alberto Colombo (Claudio Bisio),
director de uma estação de
correios de Brianza, Itália, está
disposto a tudo para satisfazer
Sílvia (Angela Finocchiaro), a sua
sempre insatisfeita mulher. Para
o provar, pede transferência para
Milão, alegando uma suposta
defi ciência física. Quando a fraude
é descoberta, Alberto é punido
com uma transferência, por um
período de dois longos anos, para
uma cidadezinha a sul de Nápoles,
a mais de 800 quilómetros de
casa. Remake do fi lme francês
Bem-vindo ao Norte, de Dany
Boon, numa versão italiana de
Luca Miniero.
O Grande Milagre [Big Miracle]TVC1HD, 21h30Adam Carlson ( John Krasinski)
é um jornalista de uma pequena
cidade do Alasca que anseia partir
em busca da grande história que
lançará a sua carreira. Contra
todas as probabilidades, a história
surge ali mesmo, quando uma
família de baleias-cinzentas
acaba presa devido a um súbito
congelamento no Círculo Árctico.
Quando a sua comovente
reportagem sobre as baleias faz
o mundo tomar conhecimento
sobre o assunto, Rachel Kramer
(Drew Barrymore), voluntária da
Greenpeace e sua ex-namorada,
acaba por seguir caminho até lá.
E é assim que, juntos, vão mover
montanhas com vista ao resgate
dos animais. De Ken Kwapis.
Seis Dias, Sete Noites [Six Days, Seven Nights]Fox Movies, 22h00Harrison Ford é um piloto de
carga, temperamental, que faz
viagens nas ilhas do Pacífi co para
esquecer um desgosto amoroso.
Anne Heche é uma nova-iorquina
que não consegue virar costas à
editora da revista de moda onde
trabalha, nem quando o noivo
a pede em casamento. Quando
é obrigada a voar para o Taiti
para uma sessão fotográfi ca,
recorre aos serviços do irascível
piloto. Tudo corre mal e as duas
últimas pessoas que quereriam
fi car juntas numa ilha tropical
desabitada acabam por se
despenhar. De Ivan Reitman.
MAGAZINESDangerous GroundsTravel, 19h00O magnata do café e aventureiro
Todd Carmichael é o Indiana
Jones da geração Java, procurando
variedades raras de café nos
locais mais fascinantes e inóspitos
do mundo. O seu negócio
depende em grande medida
do fornecimento de café com
características tão extraordinárias
que é cobiçado pelos chefs
mais famosos do planeta. Neste
episódio, Carmichael vai ao Haiti
em busca de um raro grão, a
typica, da qual apenas existem
rumores que remontam ao
passado colonial.
O Amigo de John Ford - Luís de PinaRTP2, 16h01Documentário biográfi co sobre
Luís Estêvão de Andrade de
Pina, mais conhecido por Luís de
Pina, cinéfi lo, crítico de cinema e
poeta, impulsionador do cinema
português e amante da obra do
cineasta John Ford.
SÉRIES
Anatomia de GreyFox Life, 21h25Estreiam novos episódios da 9.ª
temporada de Anatomia de Grey.
Depois de um violento acidente
de aviação, que resultou na
morte de Mark Sloan e de Lexie
Grey e noutras graves sequelas, a
companhia de seguros encontra
um detalhe que põe em causa
o pagamento da indemnização
que terá de ser assegurada pelo
hospital. Mas isso implica o
encerramento de Seatle Grace.
GirlsTV Series, 23h00Estreia a 2.ª temporada. Depois
de arrecadar dois Globos de
Ouro, a comédia Girls chega no
rescaldo da discussão acesa entre
Hannah (Lena Dunham) e Marnie
(Allison Williams) e do aparatoso
acidente de Adam (Adam
Driver). Mas tudo está diferente:
Hannah está decidida a ser uma
escritora reconhecida e tem um
novo interesse amoroso, Sandy
(Donald Glover). Já Marnie, Jessa
e Shoshanna registam algumas
mudanças nos campos do amor,
trabalho e amizade.
RTP16.04 Nós 6.30 Bom Dia Portugal 10.00 Praça da Alegria 13.00 Jornal da Tarde 14.15 Éramos Seis 15.14 Portugal no Coração 18.00 Portugal em Directo 19.08 O Preço Certo 20.00 Telejornal - Inclui 360º 21.00 Linha da Frente - Sob o Mesmo Tecto 21.36 AntiCrise 21.58 Sinais de Vida 22.51 Maria de Lourdes Modesto 23.50 5 Para a Meia-Noite - Directo. Pedro Fernandes convida Joaquim Nicolau + Cristina Massena 1.02 Ossos - 7.ª série 1.50 Perseguição - 1.ª série 2.34 O Direito de Nascer
RTP27.00 Zig Zag 13.07 National Geographic: Continente Perdido do Pacífico 14.00 Sociedade Civil - Famílias em crise 15.32 Eurodeputados 16.01 RTP Premium - O Amigo de John Ford - Luís de Pina 17.02 Zig Zag 18.00 A Fé dos Homens 18.34 Conta-me História 19.16 Iniciativa 19.48 Zig Zag 21.06 National Geographic: Teste o seu Cérebro 21.59 24 Horas - Sumário 22.04 Cinco Noites, Cinco Filmes - Bem-Vindo ao Sul + Os Milionários 0.00 24 Horas 1.05 Portugal Selvagem 1.33 Olhar o Mundo 2.01 Euronews
SIC7.00 Edição da Manhã 8.40 A Vida nas Cartas - O Dilema 10.15 Querida Júlia 13.00 Primeiro Jornal 14.40 Vingança 15.45 Boa Tarde 18.15 Fina Estampa 18.45 Cheias de Charme 19.15 Jornal da Noite 20.00 Futebol: Bordéus x Benfica - 2.ª mão dos oitavos-de-final da Liga Europa 22.25 Dancin´ Days 22.55 Avenida Brasil 23.50 Páginas da Vida 0.35 Mentes Criminosas - 7.ª série 1.35 Futebol: Liga Europa - Resumos 2.00 Cartaz Cultural 2.50 O Encantador de Cães 3.15 Podia Acabar o Mundo
TVI 6.30 Diário da Manhã 10.10 Você na TV! 13.00 Jornal da Uma 14.43 Ninguém Como Tu 15.17 Tempo de Viver 16.00 A Tarde é Sua - Directo 18.11 Doce Fugitiva 19.10 Doida Por Ti 20.00 Jornal das 8 21.57 Destinos Cruzados 23.10 Louco Amor 0.00 Equador 1.45 Autores 2.41 Apanha-me Se Puderes 3.25 Amanhecer 5.00 É a Vida Alvim!
TVC1 11.55 A Esperança Está Onde Menos Se Espera 13.55 Batman: Ano Um (V.O.) 15.00 Super-Quê? 16.35 Na
Tempestade 18.10 McKenna Rumo ao Estrelato 19.40 A Viagem 21.30 O Grande Milagre 23.15 Gone - 12 Horas Para Viver 0.50 Batman: Ano Um (V.O.) 1.35 Na Tempestade
FOX MOVIES11.08 Giras e Terríveis 12.43 Serenity 14.44 Top Gun - Ases Indomáveis 16.31 Spawn - O Justiceiro das Trevas 18.07 Kundun 20.17 A Onda dos Sonhos 22.00 6 Dias 7 Noites 23.40 O Rochedo 1.52 Maverick
HOLLYWOOD11.40 Mr. Deeds 13.15 Action Zone 13.45 O Lado Selvagem 16.10 Quem está Morto sempre Aparece 17.55 Conspiração.com 19.50 Chefe de Estado 21.30 Um Golpe em Itália 23.25 Gritos 1.20 Desafio Total
AXN14.46 Mentes Criminosas 15.36 Investigação Criminal 16.26 Investigação Criminal 17.16 A Firma 18.06 A Firma 18.56 Mentes Criminosas 19.46 C.S.I. Miami 20.36 Investigação Criminal 21.30 O Mentalista 22.26 The Mob Doctor 23.20 Mentes Criminosas 0.15 Perseguição 1.10 Alerta Cobra
AXN BLACK14.14 Filme: Guerreiros do Céu e da Terra 16.12 Sobrenatural 16.58 Boardwalk Empire 18.00 Inadaptados 18.52 Chuck 19.39 Boardwalk Empire 20.31 The Killing: Crónica de um Assassinato 21.35 Chuck 22.23 Filme: O Esconderijo 0.11 Chuck 0.59 Inadaptados
AXN WHITE14.06 Pequenas Mentirosas 14.51 Las Vegas 15.36 Filme: O Falcão Ataca de Novo 17.14 Póquer de Rainhas 17.39 A Vida Secreta de uma Teenager Americana 18.28 Pequenas Mentirosas 19.17 Póquer de Rainhas 20.11 Las Vegas 21.00 Gossip Girl 21.50 Filme: Sensibilidade e Bom Senso 0.05 Gossip Girl 0.51 Era Uma Vez
FOX 14.54 Casos Arquivados 15.44 Ossos 17.19 Lei & Ordem: Unidade Especial 18.52 Family Guy 19.43 American Dad 20.08 Os Simpson 20.56 Foi Assim Que Aconteceu 21.26 Casos
Arquivados 22.22 Investigação Criminal: Los Angeles 23.17 Hawai Força Especial 1.05 Californication
FOX LIFE 14.56 Parenthood 15.40 Anatomia de Grey 16.26 Ben & Kate 16.48 No Meio do Nada 17.10 Uma Família Muito Moderna 17.32 Parenthood 18.17 90210 19.01 Agente Dupla 19.50 Scandal 20.38 Anatomia de Grey 22.15 The Voice 23.10 No Meio do Nada 23.35 Uma Família Muito Moderna 0.00 Anatomia de Grey
DISNEY15.20 Casper – O Fantasminha 15.45 Rekkit Rabbit 16.10 Timon e Pumba 17.00 Phineas e Ferb 17.50 Monster High 17.53 Shake It Up 18.15 A.N.T. Farm - Escola de Talentos 18.40 Professor Young 19.05 Wasabi Warriors 19.30 Boa Sorte, Charlie! 19.55 Shake It Up 20.20 Jessie 20.45 Phineas e Ferb 21.00 Hannah Montana 21.25 Os Feiticeiros de Waverly Place
DISCOVERY18.20 A Pesca do Gladiador: Sobrecarregado e Debaixo de Tempestade 19.10 O Segredo das Coisas 20.05 Sobrevivência: Best of 21.00 Negócio Fechado 22.00 Caçadores de Leilões 22.55 Sucateiros 23.45 Armas do Futuro: Armas Inteligentes 0.35 Top Gear USA
HISTÓRIA 17.00 Monstros Lendários: Crocodilos Assassinos 17.50 Alienígenas: Armas Fatais 18.40 Os Maus da História: Atila 19.30 Alienígenas: A Criação do Homem 20.15 Eurásia: Jerusalém 1227, A Paz Excomungada 21.05 Eurásia: O conquistador mongol 22.00 Caçadores do Pântano: Lua cheia 22.45 Caçadores do Pântano: Isto é Pessoal 23.35 Restauradores: Pela Route 66
ODISSEIA17.00 Mundos de Água: Sob o Mar 17.30 Mundos de Água: Costa à Vista 18.00 A História da Vida: A Evolução das Penas 19.00 Rotas Míticas IV: Trans-Lapónia 20.00 Vítimas do Facebook 21.00 Dentro do Corpo Humano: Como sobreviver 22.00 Combates Corpo a Corpo: Mercenários 22.30 Combates Corpo a Corpo: Protecção Pessoal 23.00 Gastronomia Global: O Gelado 0.00 Homo Technologicus
AXN, 22h25 The Mob Doctor
ATD
44 | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013
JOGOSCRUZADAS 8373
BRIDGE SUDOKU
TEMPO PARA HOJE
A M A N H Ã
Açores
Madeira
Lua
NascentePoente
Marés
Preia-mar
Leixões Cascais Faro
Baixa-mar
Fonte: www.AccuWeather.com
PontaDelgada
Funchal
Sol
Viana do Castelo
Braga1º-2 13º
Porto2º 13º
Vila Real-1º 12º
2º 13º
Bragança3 10º
Guarda-2º 8º
Penhas Douradas-5º 4º
Viseu-1º 10º
Aveiro4º 14º
Coimbra1º 13º
Leiria2º 14º
Santarém4º 15º
Portalegre1º 11º
Lisboa6º 15º
Setúbal4º 16º Évora
1º 13º
Beja1º 13º
Castelo Branco0º 14º
Sines5º 14º
Sagres6º 15º
Faro5º 16º
Corvo
Graciosa
FaialPico
S. Jorge
S. Miguel
Porto Santo
Sta Maria
13º 16º
13º 17º
Flores
Terceira12º 17º
13º 18º
16º 17º
13º 17º
15º
14º
6h50
Crescente
18h43
17h2719 Mar.
1-1,5m
4m
16º
3m
16º1-1,5m
16º2,5-3m
04h16 3,516h33 3,3
10h20 0,522h37 0,6
03h52 3,516h09 3,4
09h54 0,722h10 0,7
03h59 3,416h14 3,3
09h48 0,522h03 0,6
1,5-2m
1,5-2m
5-6m
13º
14º
15º
Horizontais: 1. Planta gramínea. Sufoca. 2. Fábrica de óleos. Opinião política (fig.). 3. Princípio activo contido na bile. Promessa. 4. Fileira. Cosmético em for-ma de um pequeno cilindro usado pa-ra pintar ou proteger os lábios. 5. Altar. Actor de farsa satírica. 6. Elas. Rompe com violência. 7. Ladrar. Encolerizar. 8. Frontaria de um templo antigo. Seis mais um. 9. Peixe de água doce. Transpira. 10. Grande desordem. Produto da oxi-dação do álcool do vinho. 11. Espécie de sapo da região do Amazonas (Bras.). Maquinar (fig.).
Verticais: 1. Truão. Metal branco em-pregado na fabricação de talheres e de objectos de adorno. 2. Naquele lu-gar. Guarnecer de asas. Atmosfera. 3. Adoçar com mel. Tirou sons de. 4. Dançarinas profissionais. 5. Caixa em que se recolhem os votos nas elei-ções. Lavrar. 6. Caminhava para lá. Abreviatura de manuscrito. Dar upas (o cavalo) (Bras.). 7. Autores (abrev.). Peixe acantopterígio, de corpo raiado. Mau cheiro (Bras.). 8. Em tempo algum. Preposição que indica lugar. 9. Agudo. Sobra. 10. Jurisdição. Fazer tatuagem em. 11. Fio metálico. Que não é imagi-nário.
Depois do problema resolvido encon-tre o título de um filme com Gérard Depardieu (2 palavras).
Solução do problema anterior:Horizontais: 1. Rubo. Elevo. 2. Eremita. IRS. 3. Iriar. Imane. 4. SA. Lasso. Al. 5. Regra. Rara. 6. Si. Mera. 7. Untar. Gero. 8. Sua. Ovém. Pl. 9. Nitrir. Aio. 10. Ocar. Piorar. 11. Cariz. Astro.Verticais: 1. REIS. Pus. Oc. 2. Urrar. NUNCA. 3. Bei. Estaiar. 4. Omalgia. Tri. 5. Irar. Ror. 6. ET. Sam. VIP. 7. Lais. Egéria. 8. MORREM. OS. 9. Via. Aar. Art. 10. Ornar. Opiar. 11. Selar. Loro.Provérbio: Os reis nunca morrem.
Oeste Norte Este Sul 1STpasso 3ST Todos passam
Leilão: Qualquer forma de Bridge.
Carteio: Saída: K♠. Qual o seu plano de jogo?
Solução: Se pensa que os problemas de jornal nunca ocorrem na vida real, atente no jogo de hoje, oriundo de uma meia-final de equipas recente.Nas quatro mesas, dessa meia-final, o contrato e a saída foram precisamente os mesmos. Na primeira mesa, o decla-rante decidiu entrar com o Ás de espa-das somente na terceira volta, ao mes-mo tempo que Este baldou um ouro. De seguida bateu o Ás de paus da mão. Assim que Este mostrou ter a Dama de paus singleton, este declarante teve de se render por um cabide.Na segunda mesa, o declarante fez me-lhor. Depois de recuar o Ás de espadas duas vezes, foi ao morto num ouro e jogou um pau. Quando a Dama apare-ceu em Este, o declarante deixou fazer, garantindo o seu contrato, com vaza a mais.Na terceira mesa, também o Ás de es-
Dador: SulVul: NS
Problema 4734 Dificuldade: fácil
Problema 4735 Dificuldade: difícil
Solução do problema 4732
Solução do problema 4733
NORTE♠ 943♥ A52♦ AQJ♣ 8732
SUL♠ A105♥ K6♦ K53♣ AK1065
OESTE♠ KQJ82♥ J43♦ 76♣ J94
ESTE♠ 76♥ Q10987♦ 109842♣ Q
João Fanha/Luís A.Teixeira ([email protected]) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com
padas ficou para trás nas duas primeiras voltas de espadas. Mas, na terceira volta de espadas, Este produziu a balda mortí-fera da Dama de paus! Um cabide. Por último, na quarta mesa, o declaran-te decidiu entrar com o Ás de espadas na segunda volta de espadas. Seguiu com o Ás de paus. Assim que a Dama caiu da mão de Este, o declarante deci-diu testar primeiro os restantes naipes, antes de tomar uma decisão quanto ao naipe de paus. Três voltas de ouros pri-meiro, no qual Oeste baldou uma copa. Seguiu agora com o Ás e o Rei de copas. Quando o Valete de copas tombou da mão de Oeste, decidiu jogar…uma es-pada! Oeste ficou em mão na espada, ti-rou ainda mais duas vazas no naipe mas, no fim, foi obrigado a jogar paus debai-xo dos seus J9 para K10 do declarante. Muito bem jogado.
Oeste Norte Este Sul 2♥*?*- Fraco, seis cartas e 5 a 10 pontos
O que marca com a seguinte mão?♠KJ98 ♥K932 ♦A ♣Q972
Resposta: Com um singleton a ouros, é precipitado dobrar com esta mão, pois o que faria sobre uma voz de 3 (ou 4 ou 5) ouros do parceiro? Se o parceiro não puder reabrir este leilão então, pode-mos, com alguma tranquilidade, afirmar que não há uma partida do nosso lado. Se o parceiro reabrir, seja em dobre ou em naipe, avançaremos para partida. A boa voz: passe.
MeteorologiaVer mais emwww.publico.pt
PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | 45
PESSOAS
David Bowie, segunda parte, ainda por AngieA entrevista de Angie Bowie ao Sun é tão rica que, depois das revelações sobre os gostos sexuais de David Bowie, decidimos manter o tema. Além de falar do filho que têm em comum (Duncan Haywood Zowie Jones), que Angie não vê desde os seus 14 anos — “decidiu que não me queria ver mais. Já é adulto e se quiser pode encontrar-me” —, diz ter ajudado David a libertar-se do lado paranóico que criou com a dependência das drogas. “Uma vez estava em Londres e ele telefonou-me de Los Angeles a dizer que tinha sido raptado por um bruxo e duas bruxas e que tinha inseminado as bruxas para que tivessem a semente de Satanás. No dia seguinte viajei para LA. Ele escapou, mas não antes do bruxo, que na verdade era um dealer, lhe ter dado mais cocaína para continuar pedrado.” Diz também que a única coisa que recebeu no divórcio foram 750 mil dólares pagos ao longo de dez anos — “não pude sequer comprar uma casa”. Muito pouco para quem, garante, ajudou Bowie a tornar-se uma estrela. Angie não deixa de fora o novo álbum de David, The Next Day, editado após uma ausência de dez anos. “Ouvi a primeira canção (Where Are We Now?) e era horrível. A segunda ainda era pior que isso. É isto o maior regresso do século? É chato. Todos os álbuns editados depois dos primeiros oito são lixo para mim”. Diz ainda estar convicta de que a personagem interpretada pela actriz Tilda Swinton no vídeo de (The Stars) Are Out Tonight baseia-se nela e que o enredo sobre o mundo bizarro da fama se inspira no relacionamento entre ambos. “Vi 30 segundos e não consegui ver mais. O tema é demasiado retrospectivo.” Toda a entrevista cheira a ressentimento...
HOJE FAZEM ANOS
Dina Aguiar, jornalista, 60; Fernando Pereira, entertainer, 54; Quincy Jones, músico, 80; Billy Crystal, actor, 65; Michael Caine, actor, 80; Frank Borman, antigo astronauta, 85; Alberto Grimaldi, príncipe do Mónaco, 55; Nicolas Anelka, futebolista, 34; Ferran Adria, chef do elBuli, 50
DR
A extravagância dourada de Lady Gaga
Taylor Swift não ficou bem na fotografia
Os artistas são muito imaginativos
quanto a exigências, mas Lady
Gaga elevou a fasquia. Então não
é que a cantora, acabadinha de
ser operada à anca, desloca-se
numa cadeira de rodas de ouro de
24 quilates e que mais parece um
trono? A cadeira foi desenhada
por Ken Borochov, que apenas
teve uma semana para a conceber.
Tem uma capota de couro preto,
amovível, material que é também
utilizado no assento. “Era suposto
fazer algo extraordinário que
servisse para uma rainha, o que
Gaga é”, justifi cou Borochov.
Ninguém sabe explicar, mas a
descoberta junto a uma escola de
Nashville de centenas de cartas
dirigidas a Taylor Swift e ainda por
abrir não dignifi ca a cantora, que
tem uma legião enorme de fãs (só
no Twitter são quase 25 milhões).
Uma sua assessora diz que Taylor
recebe milhares de cartas por dia,
as quais são recicladas depois de
abertas e lidas por elementos da sua
equipa de apoio. “Provavelmente,
um pequeno lote de correio que
era suposto ser entregue a Taylor
foi acidentalmente enviado para o
centro de reciclagem”. Seja como
for, aconteceu.
Life&StyleVer mais emlifestyle.publico.pt/pessoas
46 | DESPORTO | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013
Jackson Martínez foi impotente frente a uma aguerrida defesa do Málaga e ficou em branco na Andaluzia
MARCELO DEL POZO/REUTERS
O estreante Málaga foi mais maduro do que o FC Porto
Era suposto o FC Porto ser a equipa
mais experiente, mas foi o Málaga
que aproveitou os erros do adver-
sário — alguns deles infantis, como
a expulsão de Steven Defour — para
seguir em frente para os quartos-de-
fi nal da Liga dos Campeões, fase da
qual o clube português está ausente
desde 2008-09. A formação espa-
nhola ganhou 2-0 em casa, recupe-
rando a desvantagem de um golo da
primeira mão, e continua a fazer his-
tória na sua estreia na competição,
desta vez à custa de um FC Porto
que desperdiçou uma boa entrada
na partida.
O Málaga anulou a desvantagem
no fi nal da primeira metade e depois
fi cou com a eliminatória bem mais
facilitada com o segundo amarelo a
Defour (49’), que deixou o FC Porto
a jogar quase toda a segunda parte
em inferioridade numérica.
Até ao encontro do La Rosaleda,
o FC Porto tinha séries assinaláveis
contra equipas espanhola: seis eli-
minatórias seguidas de sucesso e
oito jogos sem perder. Mas foi o no-
tável saldo do Málaga que ganhou
ainda mais destaque no fi nal: em
26 jogos europeus, os boquerones
só perderam dois (curiosamente,
ambos no Porto e por 1-0, com FC
Porto e Boavista).
Ontem, também houve um Fran-
cisco muito falado no mundo do fu-
tebol. Conhecido por Isco, o médio
ofensivo, que em Dezembro foi con-
siderado o Golden Boy 2012, prémio
que o jornal italiano Tuttosport atribui
ao melhor futebolista sub-21 da Euro-
pa, ajudou a desequilibrar a balança
a favor do Málaga. O jogador de 20
anos inaugurou o marcador com um
bom remate de fora da área e mar-
cou o canto que Roque Santa Cruz
transformou no segundo golo (77’).
Antes, porém, foi o FC Porto que
mandou mais. Os “dragões” entra-
ram a pressionar muito e consegui-
ram, na primeira meia hora, níveis
de posse de bola idênticos aos do
Dragão. Mas, com o seu Golden Boy
James no banco, sem efeitos práticos.
Nesta altura percebeu-se que o
árbitro Nicola Rizzoli não tinha difi -
culdade em tirar o cartão amarelo do
bolso — e o FC Porto foi o que menos
soube jogar com isso.
As diagonais de Joaquín e os pas-
ses errados e precipitações dos por-
tistas na frente ajudaram o Málaga
a entrar no jogo. Antes de marca-
rem, os espanhóis viram ainda um
golo do ex-benfi quista Saviola ser
mal anulado (Baptista não fez falta
sobre Helton).
O erro do guardião brasileiro na-
quele lance foi um prenúncio do
que Defour cometeria, ao fazer uma
falta imprudente sobre Joaquín, re-
cebendo o segundo amarelo. Com
menos um e esgotado fi sicamente,
o FC Porto quis, mas não pôde — Ja-
ckson, após um livre de James, teve
talvez a melhor oportunidade, mas
a bola saiu ao lado.
Crónica de jogoManuel Assunção
“Dragões” foram afastados da Liga dos Campeões com derrota em Espanha. Os portistas entraram bem, mas deitaram tudo a perder no fi m da primeira parte e com a expulsão de Defour no início da segunda
Málaga 2Isco 43’, Roque Santa Cruz 77’
FC Porto 0
Positivo/Negativo
Estádio La Rosaleda, em Málaga Assistência Cerca de 35 mil espectadores
Málaga Willy Caballero, Jesus Gámez a33’, Demichelis a28’, Weligton, Antunes, Toulalan a64’, Iturra, Joaquín (Camacho, 88’), Isco, Júlio Baptista (Roque Santa Cruz, 74’), Saviola (Lucas Piazón, 78’). Treinador Manuel Pellegrini
FC Porto Helton, Danilo, Otamendi a17’, Mangala a83’, Alex Sandro a30’ (Atsu, 70’), Fernando, João Moutinho (James Rodríguez, 46’), Defour a24’ a49’ a49’, Lucho González, Varela (Maicon, 58’), Jackson. Treinador Vítor Pereira
Árbitro Nicola Rizzoli (Itália)
Joaquín e IscoO primeiro foi o melhor — e o mais problemático para o FC Porto — no momento em que o Málaga começou a virar o jogo. Com apenas 20 anos, o segundo, ao contrário do que sucedeu no Dragão, confirmou o potencial que lhe é apontado: um golo e uma assistência.
Centrais do Málaga Para o FC Porto era essencial marcar, mas Demichelis e Weligton raramente falharam.
FernandoRoubou muitas bolas e também perdeu algumas, mas não lhe faltaram esforço e vontade para passar aos “quartos”.
FC PortoPagou caro os muitos erros depois de ter ganho o controlo inicial do jogo: destacaram-se os passes errados, o desastre defensivo dos últimos dez minutos da 1.ª parte e a imprudência de Defour.
REACÇÕES
Estivemos muito condicionados pela arbitragem, em termosde amostragem de cartões amarelos. Desde muito cedo ficámos com meia equipa ‘amarelada’,o que não nos permitiuser agressivos nas transições ofensivas, como gostamosde ser
Vítor PereiraFC Porto
PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | 47
O Arsenal derrotou o Bayern, em
Munique, por 2-0, mas está fora dos
quartos-de-fi nal da Liga dos Campe-
ões. Apesar de sofrerem um golo de
Giroud logo aos 3’, os alemães tive-
ram quase sempre o jogo controlado,
mas os gunners fi caram perto da sur-
presa após Koscielny, aos 85’, fazer
o segundo dos ingleses. No entan-
to, a vantagem de 3-1, alcançada na
primeira mão, foi sufi ciente para o
Bayern conseguir o apuramento.
Após o resultado no Emirates Sta-
dium, poucos arriscariam um cênti-
mo no Arsenal, mas Arsène Wenger
defi niu a missão dos londrinos como
“difícil, mas não impossível”. Com
dois jogadores lesionados (Wilshe-
re e Podolski) e um “mentalmente
fatigado” (o guarda-redes Szcesny),
o treinador apostou na experiência
de Rosicky e entregou as tarefas ofen-
sivas a Walcott, Cazorla e Giroud. E
para quem necessitava de (quase)
um milagre para seguir em frente,
o início de jogo foi perfeito: aos 3’,
Walcott cruzou e Giroud, na peque-
na área, empurrou para o fundo da
baliza. O Arsenal ainda necessitava
de dois golos, mas a luz ao fundo do
túnel fi cava mais forte.
Jupp Heynckes, treinador do
Bayern, tinha garantido que os seus
jogadores não iam dar atenção “à eu-
foria que se vive em redor da equipa”.
E os bávaros reagiram à desvantagem
como o treinador pediu. “Calmos e
Arsenal ficou perto do milagre mas Bayern segue em frente
com os pés assentes no chão”, sinte-
tizou. Com o título alemão na mão,
o Bayern apenas um vez, em 22 eli-
minatórias, tinha deixado fugir uma
qualifi cação após vencer o primeiro
jogo e demorou pouco a mostrar que
o golo sofrido tinha sido apenas um
percalço.
Mesmo sem carregar no acelera-
dor, os alemães assumiram o contro-
lo e o jogo passou a ser de sentido
único: a baliza de Lukasz Fabianski.
Com 57% de posse de bola no pri-
meiro tempo, os bávaros tiveram
boas oportunidades para empatar
por Kroos (5’), Gustavo (10’), Robben
(28’) e Müller (30’), mas o intervalo
chegou com o Arsenal na frente. A
estatística, contudo, era clara em
relação à tendência do jogo: oito re-
mates para os alemães, um para os
ingleses.
No segundo tempo pouco mudou.
Aparentemente sem argumentos pa-
ra contrariar o poderio do Bayern, o
Arsenal ripostava através de contra-
ataques, mas o jogo era alemão. Aos
64’, um remate de Luiz Gustavo pas-
sou ligeiramente ao lado do poste,
aos 68’ Fabianski impediu o golo a
Robben. O jogo arrastava-se e parecia
óbvio que o Bayern seguiria em fren-
te. Até que, aos 85’, Kolscielny fez o
2-0 e a Allianz Arena tremeu.
Com apenas um golo a segurar o
apuramento, os alemães souberam
manter a bola longe da sua área e,
apesar do tudo ou nada inglês, o Ar-
senal regressa a Londres apenas com
uma vitória prestigiante.
David Andrade
ODD ANDERSEN/AFP
Valeu ao Bayern o resultado obtido em Londres
Breves
Liga dos Campeões
Futebol feminino
Apanhados a escavar túnel para ver treino do Galatasaray
EUA vencem Mundialito e Portugal evita último lugar
Um grupo de adeptos turcos do Galatasaray foi apanhado a tentar abrir um buraco para entrar no perímetro da Veltins Arena, estádio do Schalke, na noite anterior ao jogo entre o clube turco e o emblema germânico da Liga dos Campeões, de anteontem. Tudo para assistir ao treino da equipa de Istambul. Seguranças privados do estádio descobriram os adeptos a tentar criar uma passagem subterrânea, sob a cerca, usando apenas as mãos – como o chão estava congelado, não foram muito longe. “Os nossos amigos turcos foram apanhados a escavar uma passagem para o estádio no chão congelado, depois do final da sessão de treino”, disse o director desportivo do Schalke, Horst Heldt, citado pelo jornal britânico Daily Telegraph.
A selecção feminina dos Estados Unidos, campeã olímpica e primeira classificada no ranking da FIFA, conquistou ontem pela nona vez o Mundialito de futebol feminino, disputado no Algarve, ao derrotar na final a campeã em título, a Alemanha, com dois golos de Alex Morgan, a terceira melhor jogadora do mundo em 2012. No terceiro lugar ficou a Noruega, após o 2-2 que se registou no final do tempo regulamentar e do prolongamento. Nos penáltis, as norueguesas baterem a Suécia por 3-2. Portugal garantiu o 11.º lugar ao vencer o País de Gales, no desempate na marca de grandes penalidades, por 3-1, após empate (1-1) no período regular.
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LOJAS PÚBLICO:
48 | DESPORTO | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013
Benfi ca nunca perdeu esta época sem Luisão e Garay
JOSEP LAGO/AFP
Garay está lesionado e não vai jogar em Bordéus, uma ausência com que Jorge Jesus não contava
A ausência de Luisão no reencon-
tro do Benfi ca com o Bordéus, na
segunda mão dos oitavos-de-fi nal
da Liga Europa, era uma certeza.
Já a indisponibilidade de Garay (so-
freu um traumatismo no ombro es-
querdo) apanhou toda a gente des-
prevenida — incluindo o treinador
Jorge Jesus. O técnico admitiu que
foi surpreendido, mas garantiu que
confi a em todos os jogadores. Esta
contrariedade vai obrigar Jesus a
improvisar uma dupla de centrais.
Jardel, a primeira opção na ausência
de um dos dois habituais titulares,
tem lugar garantido frente aos gi-
rondinos. Falta saber quem será o
seu parceiro no centro da defesa:
as opções são Roderick Miranda ou
Miguel Vítor.
Em parte, esta nem é uma situa-
ção nova para o treinador do Ben-
fi ca. No início da temporada, e du-
rante dois meses, Jorge Jesus esteve
impedido de utilizar Luisão, castiga-
do por ter dado um encontrão ao
árbitro, durante um jogo particular
com o Fortuna Düsseldorf. Durante
esse período, o técnico recorreu a
Jardel para fazer dupla com Garay.
Mas também já aconteceu não
jogar Luisão nem Garay. Em três
partidas na presente temporada, o
centro da defesa “encarnada” esteve
entregue a outros jogadores. Jardel e
Sidnei fi zeram dupla no jogo da Taça
de Portugal frente ao Freamunde (4-
0) e contra o Olhanense (2-1), para
a Taça da Liga. Na mesma competi-
ção, Jorge Jesus utilizou Jardel e Ro-
derick Miranda, frente à Académica
(3-2). O saldo é positivo: três vitórias,
com três golos sofridos.
“A equipa está na minha cabeça,
excepto quem jogará no lugar dele
[Garay]. A minha dúvida está entre
Roderick e Miguel Vítor. Ainda vou
analisar os prós e os contras, em
função das características de cada
um, para decidir”, disse ontem Jorge
Jesus. Roderick parte em vantagem,
porque tem sido opção desde que
regressou do empréstimo ao Depor-
tivo da Corunha. Fez dois jogos na
Taça da Liga e também cumpriu os
90’ contra o Bordéus, tendo sido
testado num lugar do meio-campo.
Por seu lado, no que diz respeito à
equipa principal do Benfi ca, Miguel
Vítor foi apenas suplente utilizado
na nona jornada da I Liga. Tanto Ro-
derick Miranda como Miguel Vítor
fi zeram alguns jogos pela equipa B
dos “encarnados”.
Seja qual for a opção de Jorge Je-
sus, o técnico pede ambição: “Va-
mos encarar esta partida como se
fosse o primeiro jogo da eliminató-
ria. É uma pequena vantagem ter-
mos ganho 1-0. Mas o Benfi ca joga
sempre com uma ideia de vitória e
não é por termos a vantagem de um
golo que vamos mudar a nossa ideia
de jogo”, vincou, acrescentando:
“Não vai ser um Benfi ca a defender
a maior parte do tempo, a não ser
que o Bordéus nos obrigue a isso.”
Francis Gillot, treinador do Bor-
déus, está cauteloso. “É preciso ter
cuidado com esta equipa [do Benfi -
ca], que se sente muito confortável
a jogar fora. Ganharam em Leverku-
sen (0-1) e empataram na visita ao
Barça (0-0)”, avisou. O Bordéus não
sofreu golos nos últimos quatro jo-
gos em casa, para a Liga Europa.
Ausência dos dois habituais titulares no centro da defesa obriga o treinador Jorge Jesus a utilizar soluções de recurso esta noite, na visita a Bordéus, onde os “encarnados” jogam o futuro na Liga Europa
FutebolTiago Pimentel
Bordéus 4-5-1
Benfica 4-1-3-2
Estádio Chaban-Delmas,Bordéus
Árbitro: Ovidiu A. Hategan Roménia
20h05SIC
TrémoulinasSanéHenrique
Mariano
Carrasso
Artur
C. Martins
MaticA. Almeida
JardelRoderickMelgarejo
Rodrigo Cardozo
Diabaté
Poko
SaivetObraniakPlasil
Maurice-Belay
Gaitán Ola John
OITAVOS-DE-FINALRubin Kazan-Levante (0-0) 17h, SP-TV3Zenit-Basileia (0-2) 17h, SP-TV2Inter-Tottenham (0-3) 18h, SP-TV1Chelsea-Steaua (0-1) 20h05, SP-TV1Fenerbahçe-Plzen (1-0) 20h05, SP-TV4Bordéus-Benfica (0-1) 20h05, SICNewcastle-Anzhi (0-0) 20h05, SP-TV3Lazio-Estugarda (2-0) 20h05, SP-TV2
Resultados da primeira mão
PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | DESPORTO | 49
Depois de uma paragem de quatro
semanas, Ricardo Santos regressa
à competição por ocasião do Avan-
tha Masters, em Nova Deli, onde é o
jogador mais cotado na Corrida ao
Dubai (ordem de mérito do Europe-
an Tour) — 16.º classifi cado — entre
os 156 participantes. A posição que
ocupa nesta tabela refl ecte o forte
início de época do português, com
quatro top 10 nos seis torneios que
jogou em Janeiro e Fevereiro e um
pecúlio de 284 mil euros de prémios
acumulados.
“Foi o momento mais alto da mi-
nha carreira, em termos de consis-
tência”, diz o algarvio, de 30 anos,
aludindo ao seu arranque de tem-
porada, em que jogou um total 24
voltas (19 das quais abaixo do par)
em seis semanas consecutivas, no
Médio Oriente e África do Sul, o que
lhe permitiu atingir, antes da para-
gem, o 14.º lugar na Corrida ao Du-
bai. Como destaque, o terceiro lugar
no Africa Open e o quarto em Abu
Dhabi, numa prova que contou com
Tiger Woods e Rory McIlroy.
“Os meus objectivos eram ambi-
ciosos, mas não tanto”, reconhece.
“Queria um top 10, consegui qua-
tro; queria chegar aos 150 primeiros
do ranking mundial em três meses,
consegui-o em mês e meio (actual-
mente, é 137.º). E, depois, é muito
bom ter garantido tão cedo o cartão
do circuito para 2014, porque me
permite focar noutros objectivos.”
No fi nal da época, os 118 primeiros
da Corrida ao Dubai mantêm-se co-
mo membros efectivos do principal
circuito europeu de profi ssionais.
Santos tem boas memórias do
Avantha Masters, já que na edição
passada foi lá que obteve um dos
seus dois top 10 de 2012 (foi déci-
mo) — o outro foi a vitória no Open
da Madeira, fundamental para que
tivesse sido eleito o melhor “caloiro”
do circuito. “Fiz a volta de reconhe-
cimento com o Álvaro Quiros, que
regressa depois da lesão no pulso.
O campo está em muito boas condi-
ções, exigente dos tees. Se os shots
de saída estiverem afi nados, oferece
algumas oportunidades de birdie”,
considerou.
Santos volta à competição na Índia e como favorito
GolfeRodrigo Cordoeiro
O português procura dar continuidade, em Nova Deli, ao excelente início de temporada que já lhe rendeu 284 mil euros
O norte-americano Sam Querrey foi o último tenista a bater Djokovic
Novak Djokovic continua determi-
nado a repetir a excelente época de
2011 em que ganhou os 41 primeiros
encontros. Ontem, o número um do
ranking somou a 15.ª vitória da épo-
ca, ao eliminar do BNP Paribas Open
o búlgaro Grigor Dimitrov, por 7-6
(7/4), 6-1. Nos quartos-de-fi nal, Djoko-
vic vai defrontar Sam Querrey, o úl-
timo jogador a derrotá-lo, em Outu-
bro último, na segunda ronda do ATP
Masters 1000 de Paris.
“Sim, ele ganhou o último encon-
tro, em court coberto, mas são cir-
cunstâncias e condições diferentes.
Iremos jogar diante do seu público
e ele tem um grande serviço e um
grande jogo e pode fazer bons pon-
tos quando precisa. E também gosta
de jogar nos grandes palcos”, frisou
o sérvio.
O embate com o norte-americano,
que ocupa o 23.º posto na tabela
ATP, será o primeiro encontro noc-
turno de Djokovic neste torneio, o
que pode abrandar as condições de
jogo. “Vou ter certamente que come-
çar melhor do que hoje e entrar um
pouco mais no court. Para os meus
parâmetros, ainda não trouxe o meu
jogo para o nível que queria”, adian-
tou Djokovic.
Querrey somou a 12.ª vitória em 17
encontros este ano, batendo o austra-
liano Marinko Matosevic, num con-
fronto em que ganhou apenas mais
três pontos que o adversário: 7-6
Novak Djokovic e Sam Querrey têm Paris na memória
(7/5), 6-7 (7/9) e 7-5. Amanhã, Quer-
rey quer igualmente ganhar alguns
pontos importantes. “Vou apenas
esperar jogar bem, agressivo, em
especial nos break-points, nas van-
tagens nulas, esperar que algumas
bolas saiam como eu quero”, disse
o norte-americano. Está consciente
das difi culdades que vai encontrar:
“Ele faz tudo bem. Talvez tenha que
sair da minha zona de conforto e fa-
zer coisas que não gosto de fazer e
talvez seja recompensado.”
No torneio feminino, Maria Sha-
rapova começou mal frente à espa-
nhola de 20 anos, Lara Arruabarre-
na-Vecino (87.ª), mas fechou com os
parciais de 7-5, 6-0, após um segundo
set concluído em 22 minutos. “Talvez
tenha procurado as linhas um pouco
mais do que era preciso, em especial
nos primeiros jogos quando não se
conhece muito bem a adversária”,
disse a russa que, nos quartos-de-
fi nal, vai reeditar a fi nal do último
Roland Garros, com a italiana Sara
Errani, vencedora da francesa Ma-
rion Bartoli, por 6-3, 6-2.
Victoria Azarenka, que procura
tornar-se na primeira mulher a re-
validar o título em Indian Wells des-
de Martina Navratilova (1991), admi-
tiu estar lesionada num tornozelo,
mas isso não a impediu de eliminar
Urszula Radwanska, por 6-3, 6-1.
Menos sorte teve a irmã de Urszu-
la, Agnieszka. A número quatro do
ranking foi afastada pela russa Maria
Kirilenko (115.ª): 6-1, 4-6 e 7-5.
Outros resultados: Masculinos A.
Murray-L. Yen-Hsun, 6-3, 6-2; J. Del
Potro-B. Phau, 6-2, 7-5; T. Haas-N.
Almagro, 6-3, 6-7 (2/7) e 7-6 (7/2); J.
Tsonga-M. Fish, 7-6 (7/4), 7-6 (7/0);
M. Raonic-M. Cilic, 3-6, 6-4 e 6-3. Fe-mininos S. Stosur-M. Barthel, 4-6,
6-2 e 6-3; P. Kvitova-K. Zakopalova,
6-2, 6-3.
MATTHEW STOCKMAN/AFP
TénisPedro Keul
Agnieszka Radwanska foi impedida por Maria Kirilenko de chegar aos quartos-de-final do BNP Paribas Open
Breves
Atletismo
Futebol
Basquetebol
Meia-Maratona de Lisboa “esgotada” 11 dias antes do arranque
Millwall surpreende e está nas “meias” da Taça de Inglaterra
Almada pronta para receber campo de treinos da NBA
A Meia-Maratona de Lisboa, que se realiza a 24 de Março, já encerrou as inscrições para a prova, tendo-se atingido os 37 mil registos. “A novidade não está no número de inscritos, mas na antecedência com que esse número foi atingido [11 dias]”, disse ontem Carlos Móia, da organização. Entre os atletas de elite inscritos está o etíope Ibrahim Jeilan, de 23 anos, surpreendente vencedor dos 10.000 metros no Mundial de 2011.
O Millwall, do terceiro escalão do futebol inglês, afastou ontem o Blackburn nos “quartos” da Taça de Inglaterra, ao vencer por 1-0. Em Blackburn, a equipa da II Divisão permitiu que o Millwall passasse às meias-finais da prova mais antiga do mundo, com um golo do nigeriano Shittu, aos 46 minutos. Nuno Gomes jogou a segunda parte pelo Blackburn Rovers. Nas meias-finais, a 13 de Abril, o Millwall vai defrontar o Wigan.
Almada vai receber, em Agosto, o Basketball Without Borders — Europe, o campo de treinos promovido pela Liga Norte-americana de Basquetebol profissional (NBA) e que reunirá os 40 melhores jogadores sub-19 da Europa com figuras da NBA. Desde 2001, data do primeiro BWB, passaram por esses campos nomes como Patrick Ewing, Alonzo Morning ou Pau Gasol.
A Volta ao Alentejo retoma o fi gu-
rino com cinco dias de competição
e cinco etapas, num total de 802,4
quilómetros discutidos entre Castelo
de Vide e Santiago do Cacém de 20 a
24 de Março.
A corrida volta a passar por Mar-
vão, onde termina a primeira eta-
pa, local onde em 2005 o espanhol
Xavier Tondo venceu a prova e deu
início a um brilhante percurso, com
vitória na Volta a Portugal, tendo
morrido o ano passado, vítima de um
acidente em sua casa, quando o por-
tão da garagem lhe caiu em cima.
A “Alentejana” — como é conhe-
cida — é a única prova internacional
portuguesa que em 2013 tem mais
um dia de competição, passando pa-
ra cinco dias, em contraciclo com a
Volta ao Algarve, que passou de cin-
co para quatro dias.
Esta prova tem também a curiosida-
de de ser a única corrida internacio-
nal do mundo em que, em 30 edições,
não houve um vencedor que tivesse
ganho por mais do que uma edição.
Sérgio Ribeiro (Louletano/Dunas Dou-
radas), é o único ciclista português
que pode quebrar esse registo, após
ter ganho a corrida em 2006.
A primeira etapa, dia 20, liga Cas-
telo de Vide a Marvão (167km). A
segunda, dia 21, liga Sousel a Portel
(172,1km). A terceira disputa-se entre
Vidigueira e Mértola (174,6km), no dia
22. No dia 23, corre-se a quarta tirada
entre Ourique e Odemira (153,3km).
A última etapa liga Santo André e
Santiago do Cacém (135,4km). Há
prémios de montanha na primeira,
segunda e última etapa.
Na Volta ao Alentejo, participam
19 equipas, entre as quais estão dez
formações portuguesas, num total
de 152 corredores.
“Alentejana” ganha mais um dia de competição
CiclismoMiguel Andrade
Ao contrário da Volta ao Algarve, a prova alentejana vai ter mais uma etapa e recupera a chegada a Marvão
5A Volta ao Alentejo é a única corrida portuguesa de 2013 a ver aumentado o número de dias de competição, passando de quatro para cinco
PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | 51
ESPAÇOPÚBLICO
EDITORIAL
O significado de um gesto
AIgreja Católica rumou ao Sul. É o
primeiro signifi cado da escolha
pelos cardeais de Jorge Bergoglio,
o arcebispo de Buenos Aires que
ontem saudou os fi éis na praça de
S. Pedro, pedindo-lhes a bênção antes de,
cumprindo a tradição, os abençoar. Não
se tratou de uma surpresa. Bergoglio fora
o mais votado a seguir a Josef Ratzinger,
em 2005. E havia um clamor para que
o conclave rompesse com uma tradição
de mais de um milénio e não escolhesse
um papa europeu. Nesse caso, a América
Latina era a escolha mais óbvia. Com a
eleição de Francisco, a Igreja responde a
um dos temas obrigatórios da agenda do
novo papa: a globalização. O catolicismo
está a crescer em todos os continentes
excepto no europeu e, com Bergoglio,
Jorge Bergoglio iniciou o seu papado com um gesto. É o sinal de um homem que veio para agir
opera-se uma descentralização que
acompanha a mudança que está a
acontecer no mundo secular. Não é apenas
ao crescimento da fé fora do continente
europeu que a Igreja tem de responder,
mas à transformação dos problemas do
mundo em questões globais. À cabeça
destes estão as questões sociais, que
encontrarão um papa atento em Bergoglio,
que sempre teve palavras duras contra
a pobreza e a corrupção na Argentina.
Também o tema do diálogo inter-religioso,
a que Bento XVI deu grande atenção,
deverá continuar a ser uma prioridade.
O Papa que se curvou perante os fi éis e
escolheu ser Francisco deu um sinal de
humildade para estes trabalhos. Ouvir e
receber foram o gesto fundador do papado
de Jorge Bergoglio, um jesuíta que quis
chamar a si o legado e o despojamento
de Francisco de Assis. Mas há mais
esperanças que estão depositadas no
novo Papa. Nomeadamente quanto à
sua capacidade de mudar a Igreja e de a
abrir por dentro, em questões que vão da
reforma da Cúria ao celibato dos padres
ou a ordenação das mulheres ou ao
omnipresente escândalo da pedofi lia.
Mas Bergoglio tem a reputação de
um conservador em matéria teológica,
embora não esteja conotado com os
sectores mais ortodoxos da Igreja. É
descrito também como um pragmático
que não tem medo de enfrentar interesses
poderosos. Mas é um outsider, que nem
sequer gosta de Roma, o que poderá
difi cultar a tarefa de reformar uma Igreja
em crise profunda e cuja hierarquia está
minada por escândalos de corrupção.
São sobretudo as acusações de
envolvimento com a ditadura argentina
e a oposição ao casamento gay que
valerão mais críticas a Bergoglio neste
início de papado. Francisco negou as
ligações com os generais e há testemunhos
que defendem que ele ajudou muitos
dissidentes. E é um conservador em termos
doutrinários, o que obriga a temperar
as expectativas sobre a sua capacidade
reformadora em questões morais.
Apesar da idade avançada, terá espaço e
tempo para transformar. O Papa que chega
do Sul tem um mandato para reposicionar
a Igreja. Apresentou-se pedindo que o
abençoassem; é o sinal de um homem de
diálogo, mas que veio para agir.
Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores
CARTAS À DIRECTORA
A visita de Viviane
Luís Torgal pode ter alguma razão
na sua crítica à UE em 04/03. Mas
a democracia não cai do céu, deve
ser conquistada a cada dia e cabe a
nós, cidadãos, externar insatisfação
ou indignação, e sobretudo
sugestões. Ao contrário de muitos
ministérios em Portugal e Espanha,
que não respondem ao cidadão,
os governos norte-europeus,
respondem; a UE também.
Viviane Reding veio a Portugal e
Coimbra para ouvir. É impossível
ouvir 200 pessoas em três horas;
desabafos ajudam o indignado,
mas não a melhorar sistemas. É
evidente que um evento destes
deve ocorrer num ambiente digno
e, penso, a universidade foi bem
escolhida. Se esta Europa já não é
a Europa dos cidadãos, é em parte
por nossa culpa. Menos da metade
votou nas eleições europeias.
Se o futebol deixou de ser um
As cartas destinadas a esta secção
devem indicar o nome e a morada
do autor, bem como um número
telefónico de contacto. O PÚBLICO
reserva-se o direito de seleccionar
e eventualmente reduzir os textos
não solicitados e não prestará
informação postal sobre eles.
Email: [email protected]
Contactos do provedor do Leitor
Email: [email protected]
Telefone: 210 111 000
desporto de todos para ser um
espetáculo televisivo é também
por culpa dos adeptos, dos clubes
que têm ganância por € mais do
que pelo bem-estar do seu sócio; e
ainda dos governos que permitiram
a profi ssionalização descontrolada.
Torgal tem razão num item: as
perguntas deveriam ser por escrito,
mesmo recebidas no evento, e os
autores deveriam apenas lê-las. Isto
possibilitaria à jornalista agrupá-las
e garantir que os principais temas
seriam abordados.
Penso que o Debate (D
maiúsculo) que Torgal requer
pode ser iniciado com esta troca
de sugestões. Desafi o o PÚBLICO
a “dar voz aos sem-voz”, como
eu disse numa das intervenções
no Prós e Contras. Ofereça duas
páginas à Carta do Leitor, mais
espaço para outros que professores
universitários, e estará a contribuir
para a real Democracia.
Jack Soifer, www.jacksoifer.org
A soberania da dívida“O grande objectivo do Governo
é desendividar o país”, disse,
em 6/3/2013, na Assembleia da
República, o senhor primeiro-
ministro. Porém, como já está a
ser habitual, o Governo não faz
aquilo que diz. As políticas que tem
seguido, em vez de diminuírem
a dívida do “país”, cada vez a
aumentam mais.
A dívida, em grande parte, é
dívida criada pelos bancos que
os governos e o poder fi nanceiro
transformaram em dívida
das pessoas, neste caso dos
portugueses. Sob a mistifi cação
de ser dívida do “país”, dívida
“soberana”. E, contudo,
paradoxalmente (ou talvez não…),
(mais) este falhanço de “grandes
objectivos” do Governo força-me
a reconhecer que a (dita) dívida,
não sendo dos portugueses e
nem sequer do “país”, é mesmo
… “soberana”. Já não obedece ao
Governo. Enfi m, este Governo,
com as políticas que teima em
prosseguir, sobrecarregou-nos cada
vez mais com uma (dita) “dívida
soberana”. Para além disso (...),
por incompetência, “perigosa
auto-sufi ciência” e subserviência à
prepotência do poder fi nanceiro,
está-nos a subjugar cada vez mais à
soberania da (dita) dívida.
João Fraga de Oliveira, St. Cruz da Trapa
O PÚBLICO ERROUAo contrário do que indicava
a infografi a associada ao texto
“Plano do Governo para os portos
nacionais avança sob um mar de
críticas”, publicado a 10 de Março,
as mercadorias movimentadas pelo
porto de Sines aumentaram 10,6%
em 2012, de acordo com dados do
INE, tendo passado de 24,8 para
27,4 milhões de toneladas.
52 | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013
De acordo em acordo até ao desacordo final?
O Acordo Ortográfi co foi um
processo infeliz, tratado nas
costas da população dos
países lusófonos, como se
a língua fosse propriedade
de um grupo de linguistas
e os Governos tivessem
legitimidade para mudar por
decreto uma língua que não é
propriedade sua, mas do país
e dos cidadãos.
O percurso errático do Acordo
Ortográfi co arrasta-se há 23 anos (ou
melhor, há 38, porque começou a ser
pensado em 1975) e ainda não está
legalmente em vigor, porque as populações
dos vários países lhe resistem e porque,
quando se tentou impô-lo pela força de um
decreto, o resultado foi o caos.
O que faltará acontecer para que os
sucessivos Governos reconheçam que
pretendem a quadratura do círculo e que
estas tentativas pura e simplesmente não
funcionam?
Recentemente a Presidente Dilma adiou
para 2016 a entrada em vigor do Acordo
Ortográfi co no Brasil, e, a acreditar nos
jornais, tomou essa decisão unilateralmente,
sem consultar os seus parceiros.
Pretende-se vender-nos a ideia patética
de que o português de grafi a uniformizada
(vulgo, o “acordês”) é a língua do poder e
dos negócios. Seguindo o “acordês” todos
seríamos, a reboque do Brasil, grandes
potências emergentes, a caminho de um
mundo magnífi co de poder e riqueza,
partilhado por 240 milhões de falantes.
Será que não percebemos a irracionalidade
desta ideia?
A verdade é que o Brasil — ele sim — é
uma grande potência emergente, o que
nos alegra porque também nós o amamos.
Mas Portugal, e outros pequenos países
lusófonos, jamais serão grandes potências
ou terão o peso do Brasil. Esse peso não é
partilhável, a nível nenhum.
Manter em cada país a sua variante da
língua é uma marca de identidade e um
património, que está acima do poder de
qualquer Governo. Porque os Governos
passam e mudam, mas as línguas não
podem passar nem mudar como se fossem
Governos.
É natural que o Brasil pretenda maior
protagonismo liderando estas alterações
linguísticas. Mas os restantes países
lusófonos não têm nada a lucrar com isso,
só têm a perder. E o Brasil, como grande
potência emergente que já é, não precisa
de nós, a não ser a nível simbólico. Porque,
com Acordo Ortográfi co ou sem Acordo
Ortográfi co, o Brasil vai sempre cuidar dos
seus negócios e dos seus interesses, e só
deles, o que é normal e legítimo: os países
cuidam de si próprios, e tomáramos nós ter
em Portugal quem defendesse os nossos
interesses como Dilma defende os do Brasil.
Os laços e afectos só existem a nível das
pessoas. A nível dos países, há apenas
interesses. Não sentimos isso na pele, aqui
na Europa? Estas mudanças linguísticas são
apenas uma jogada política. Em todos os
outros aspectos, são incongruentes:
Só dois exemplos: se o Acordo
Ortográfi co é fundamental para que nos
entendamos, então por que razão no Brasil
os livros portugueses, escritos segundo
o “acordês”, são
traduzidos para o
português do Brasil
como se estivessem
escritos numa
língua estrangeira?
Por que razão “mesa
de cabeceira” passa
a “criado mudo”,
“fi cou pasmado”
a “fi cou pasmo”,
”foi apanhado pela
polícia” a “foi pego
pela polícia” etc.
etc.?
Por que razão
a nós nunca nos
passou pela cabeça
traduzir para o
português europeu
Guimarães Rosa,
João Ubaldo Ribeiro,
Ruben Fonseca
ou qualquer outro
autor?
Por que razão
as livrarias
portuguesas têm
bancas de livros
brasileiros e a literatura do Brasil nos é tão
familiar, quando o inverso não se verifi ca?
Por que razão há cada vez MENOS
estudos de literatura portuguesa nas
universidades brasileiras, e cada vez
MAIS estudos de literatura brasileira nas
universidades portuguesas?
A resposta é simples: porque Portugal
se abriu há muitas décadas ao Brasil, cujos
autores circulam livremente entre nós,
porque os sentimos como se também
fossem “nossos”, enquanto o Brasil
sempre levantou barreiras alfandegárias
intransponíveis aos livros portugueses, que
lá chegam a preços proibitivos, e na maior
parte dos casos nunca chegam.
A solução não está em “acordizar”,
mas em ter um intercâmbio maior e mais
simétrico, em conhecer-nos melhor,
valorizando as nossas diferenças.
Quanto ao “acordês” ser a língua dos
negócios, “acção” e “facto”, por exemplo,
são mais compreensíveis para qualquer
estrangeiro do que “ação” e “fato” (porque
mais próximas de “action” e “fact” em
inglês, língua de recurso que é, e continuará
a ser, a língua franca dos negócios
internacionais).
No ponto em que estamos, temos dois
caminhos:
O do senso comum, que é reconhecer
que a língua portuguesa admite variantes,
nos diferentes países onde é usada, o que
só a enriquece. Não pode haver qualquer
hierarquia entre os países lusófonos,
nem entre as suas variantes linguísticas:
Nenhum país é dono da língua, e nenhum
é inquilino. Vamos deixar a língua evoluir
naturalmente, a partir de dentro e não
por decretos, porque ela é um organismo
vivo, e cada país a usa a seu modo, como
bem entende e quer, porque ela é sua e lhe
Manter em cada país a sua variante da língua é uma marca de identidade e um património, que está acima do poder de qualquer Governo
Por impossibilidade do autor, a crónica de Francisco Assis não se publica hoje
pertence por direito próprio. Nenhum país
tem o direito de policiar ou fi scalizar o uso
da língua em qualquer outro país lusófono.
O português não é uniformizável, qualquer
acordo é um contra-senso. Mesmo que
fosse possível “acordar” e “simplifi car”,
o resultado seria imensamente
empobrecedor.
Ou entendemos isto e desistimos de
acordos, ou vamos persistir por muitas
décadas neste processo delirante de acordos
impossíveis — um acordo ortográfi co
falhado atrás de outro, seguido de um já
anunciado acordo de vocabulário que irá
ser igualmente falhado, e depois um acordo
de sintaxe falhado, etc. etc. — … até bater na
parede de um imenso Desacordo fi nal, que
deixará profundo desgaste e feridas a todos
os níveis, entre países que sempre souberam
entender-se e conviver, respeitando e
valorizando as suas diferenças.
Deixo ainda uma breve nota de carácter
prático: certamente que é útil a existência
de Vocabulários e Dicionários que abranjam
as variantes usadas nos diversos países. Mas
apenas como instrumentos de informação
e de consulta, onde se encontrem respostas
a perguntas como: em que variantes da
língua se escreve húmido ou úmido, ou
o que signifi cam palavras como xiluva,
caxinde, imbandas, quizumba, tambarina,
cachupa, kebur, ipê etc. Mas considero que
os Vocabulários e os Dicionários só fazem
sentido sem qualquer valor normativo, cada
país tendo direito exclusivo à sua variante
da língua, sem imposições ou interferências
de outro país.
Escritora
NUNO FERREIRA SANTOS
Debate Acordo OrtográficoTeolinda Gersão
PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | 53
O legado de Chávez
O chavismo, projeto político
que se sustentou inicialmente
no carisma e na capacidade
de mobilização social de
Hugo Chávez, não pôs fi m a
uma clássica ditadura latino-
americana, mas a um regime
liberal esgotado. É por isso,
diz a britânica D.L. Raby (uma
das pioneiras do estudo da
resistência contra Salazar) em Democracy
and Revolution. Latin America and Socialism
Today (2006), que o caso venezuelano é tão
interessante. Confrontado com uma crise
fi nanceira, um governo democrata-cristão
opta pela costumeira receita de austeridade,
já então prescrita pelo FMI, que estilhaçou
o consenso sociopolítico conseguido em 20
anos de crescimento económico baseado
na subida do preço do petróleo. Em 1983, a
descida deste, que trouxera uma prosperidade
que se esfumara em acumulação oligárquica
e em corrupção generalizada, forçara o
Governo do 5.º produtor de petróleo do
mundo a pedir um empréstimo ao FMI, a que
correspondeu a nossa tão bem conhecida
austeridade neoliberal. Seguiu-se o inevitável
empobrecimento da população para níveis
desconhecidos desde os anos 1930. Uma classe
média, constituída sobretudo por imigrantes
europeus (muitos deles portugueses) de
primeira e segunda geração, que emergira com
o boom petrolífero, via agora o seu nível de
vida deteriorar-se e a sua segurança degradar-
se face ao desespero dos milhões de pobres,
mais empobrecidos ainda, que povoam os
cerros à volta de Caracas. Quando, em 1989, o
social-democrata Carlos Andrés Pérez traiu as
esperanças dos venezuelanos e não cumpriu
promessas eleitorais de reverter os cortes na
despesa social do Estado, desencadearam-
se manifestações que derivaram em motins;
a repressão policial e militar provocou,
segundo fontes independentes, milhares
de mortos. Estava criado o ambiente para
um pronunciamento militar na tradição
latino-americana de uma frente civil-militar,
neste caso progressista, presente em
contextos históricos nos quais os sistemas de
representação política, como o bipartidarismo
venezuelano da época, não sabem (ou não
querem) dar resposta aos mais pobres e,
deixando de ser capazes de manipular a
opinião pública, entram em rutura. Chávez,
jovem ofi cial de 37 anos, organiza em 1992
um primeiro golpe que, fracassando, o leva
à prisão, de onde assiste à demissão por
corrupção do Presidente que tentara derrubar.
Em 1998, apresenta-se às presidenciais e ganha
o seu primeiro triunfo eleitoral.
O legado de Chávez em matéria social
é incomparável ao de qualquer outro
caso latino-americano – e ao de Lula e dos
Governos do PT no Brasil em particular.
Desde 1998, a proporção de venezuelanos
pobres desceu de 43% para 26%, e a das
vítimas de pobreza extrema desceu de
17% para 7%; há quase cinco vezes mais
venezuelanos com direito a uma pensão de
reforma (El País, 9.3.2013), triplicou o gasto
social público por habitante, o horário de
trabalho semanal desceu para 40 horas,
a licença de maternidade subiu para 26
semanas, restabeleceram-se as indemnizações
por despedimento, suprimidas em 1997
pelos Governos da austeridade. Setenta por
cento da economia continua privada, mas
o Estado colocou a riqueza petrolífera ao
serviço das políticas sociais, expropriou e
distribuiu terras e nacionalizou vários bancos
e empresas de distribuição alimentar, o que
permitiu, por exemplo, vender alimentos
nos bairros pobres a preços 42% inferiores
aos do mercado e acabar com as crises de
abastecimento que ocorriam em períodos
eleitorais para provocar o descrédito do
Governo de Chávez (Le Monde Diplomatique,
ago. 2007, nov. 2011 e set. 2012). Em 2010,
a UNESCO confi rmava que na Venezuela se
tinha conseguido alfabetizar em dez anos
95% da população que não tinha instrução
alguma, declarando-a um “território livre de
analfabetismo”. Caso praticamente único nas
Américas, a Constituição de 1999 proclamou
ser a Venezuela um “Estado multiétnico,
pluricultural e multilingue”, resgatando a
dignidade das populações ameríndias e afro,
como o próprio Chávez, a quem as elites
políticas e económicas de origem europeia
haviam tratado, como sempre ocorre por toda
a América, com um desprezo sem fi m.
O mesmo desprezo que contamina muito
do discurso sobranceiro com que os media
europeus e americanos trataram Chávez
(e Evo Morales da Bolívia, e Rafael Correa
do Equador, e o
Lula-operário dos
primeiros anos). Dele
se disse e escreveu
quase tudo; contra o
seu Governo, sempre
ratifi cado nas urnas,
lançaram os patrões
uma campanha
de lock-out que
procurou paralisar a
economia no fi m de
2001 e que está na
origem do golpe de
Estado (abertamente
apoiado por Bush
e Aznar e pelos
media privados
venezuelanos), em
2002, cujo fracasso,
depois de dois dias
de contestação
popular, trouxe uma legitimidade nova a
Chávez e renovou à esquerda o seu projeto.
As semelhanças com as vicissitudes do
processo revolucionário português de 1974-
75, sobretudo o paralelo com o papel do MFA
nele, parecem-me evidentes. Reconhecer o
legado do chavismo nada tem de prescrição
do seu modelo para Portugal. Não confundo
contextos tão diferentes. Mas há lições a
aprender com a demonstração que as troikices
a que nos sujeitam na Europa não só estão
longe de ser universais: foram revertidas numa
nova América Latina inspirada por Chávez.
Historiador. Escreve quinzenalmente à quinta-feira
Reconhecer o legado do chavismo nada tem de prescrição do seu modelo para Portugalg
Manuel Loff Pelo contrário
Para ser feliz
Assim como ainda impera,
quando se fala de um fi lme, o
who’s in it?, sendo os actores
mais conhecidos do que os
realizadores e os realizadores,
estúpida e tragicamente cada
vez mais desconhecidos,
sempre mais conhecidos
do que os pobres dos
argumentistas, o defeito maior
do século XXI, quanto à música e às letras
das canções do século XX, é nada saber dos
seus grandes compositores e letristas.
A ignorância é considerada uma sorte por
quem sabe: quem me dera, por exemplo,
desconhecer o génio de Harold Arlen, pelo
prazer de poder conhecer as canções dele,
com as letras dos letristas geniais com quem
escreveu, comparando as várias ou muitas
interpretações delas para descobrir quem
mais bem mostrou o que ele queria que se
ouvisse. Um dos trabalhos mais trabalhosos
da minha vida, animado por João Bénard
da Costa, amigo de tanta gente com essa
sorte, foi compilar, com a ajuda da minha
amada mãe, os compositores e letristas dos
fi lmes musicais que a Fundação Gulbenkian
reuniu e projectou.
Nesta depressão em que vivemos, sugiro
um exercício feliz. Descubra todas as
canções que puder de Irving Berlin, Cole
Porter, Frank Loesser e Stephen Sondheim.
São os únicos que escrevem tanto as
músicas como as letras.
Para ser feliz, procure Rodgers, Ellington,
Berlin, Porter, Kern, Gershwin, Carmichael,
Weill e Bacharach.
E ouça, pelo menos, três versões, vocais e
instrumentais, de cada canção. Antes de se
começar a entrar por ela, através do jazz.
Miguel Esteves CardosoAinda ontem
BARTOON LUÍS AFONSO
54 | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013
A capitulação dos intelectuais?
Francisco Assis (PÚBLICO de
7 de Março) aborda o tema
da crise do actual sistema
democrático. Postula a existência
de uma actual desconfi ança,
em vários países ”o princípio da
desconfi ança”. Para exemplifi car
as difi culdades que têm os
políticos, na actualidade, em
impor reformas profundas, pelo
facto dos cidadãos “desconfi arem” dá-nos
o exemplo do general De Gaulle, que em
1958, através do seu empenho pessoal,
convenceu os franceses a aceitarem
medidas altamente impopulares.
FA esqueceu-se de lembrar, mesmo
brevemente, por que é que os franceses
confi avam no general. Perante uma França
militarmente ocupada, e desmoralizada
a ponto de antigos “heróis ” da primeira
guerra mundial, como o marechal Pétain,
terem optado pelo colaboracionismo,
assumiu, com o célebre discurso de
Londres, a liderança da resistência aos
ocupantes alemães. Os franceses, em 1958,
sabiam bem quem era o general.
Outro grande líder prometeu aos ingleses
“sangue, suor e lágrimas”! Os ingleses
também sabiam de que matéria era feita
Churchill. Previra a virulência do nazismo e
lutara, quase sozinho, no Parlamento, pelo
rearmamento da Inglaterra.
Depois da grande depressão de 1929,
os americanos aprenderam a admirar o
protagonista do “New Deal”. Aceitaram sem
grandes difi culdades a decisão de Roosevelt
de entrar na segunda guerra mundial.
São tudo exemplos excessivamente
conhecidos. Os cidadãos aceitam fazer
grandes sacrifícios se lhe são pedidos por
líderes corajosos, prestigiados e criativos.
Onde estão, hoje, os nossos?
Em Vítor Gaspar, que se engana em todas
as previsões?
Em António José Seguro, que foi várias
vezes ministro, deputado nacional e
deputado europeu e que anda pelo menos
há 25 anos na vida política e até ser líder do
PS, pelas boas graças do aparelho, ninguém
deu conta da sua existência?
F. Assis, homem culto e inteligente,
esqueceu o mais importante: a crise da
democracia representativa, há décadas
“representada” por gente sem grandeza, ou
criatividade, campeando por todo o lado
o amiguismo, o compadrio, transformou
a grandeza altruísta do serviço público
de fazer política, na medíocre defesa de
interesses, negócios, paredes-meias com a
corrupção. Por que havíamos de “confi ar”?
Os regimes políticos vão-se
paulatinamente esgotando. É o modelo
da actual democracia representativa que
está em causa, assim como a forma de
seleccionar os dirigentes políticos.
A democracia representativa produziu
no passado políticos respeitados na sua
heterogeneidade de opiniões.
Lembram-se de Álvaro Cunhal, Sá
Carneiro, Mário Soares, general Eanes,
Pinto Balsemão, Salgado Zenha, Lourdes
Pintasilgo, Adriano Moreira, Miller Guerra,
Henrique de Barros, Jorge Sampaio,
Ribeiro Teles, Medina Carreira, Álvaro
Barreto, Adelino Amaro da Costa, Almeida
Santos, Mota Pinto, Mota Amaral, Tito de
Morais, Barbosa de Melo, António Vitorino,
Manuela Ferreira Leite, Manuel Alegre, João
Cravinho, Lucas Pires, Medeiros Ferreira,
Helena Roseta, Maria José Nogueira Pinto,
Fernando Condesso, António Barreto, Jaime
Gama, Roberto Carneiro, Mariano Gago,
Leonor Beleza, Pacheco Pereira, Bagão
Félix?… Já estou perto dos quarenta! “E
esqueci”, certamente, uma dúzia!
O que aconteceu é que desde meados da
década de noventa os partidos deixaram de
produzir quadros
com relevância
política, no governo
e no aparelho dos
partidos.
No PS a vitória
do aparelho deu-
se com a vitória
de António
Guterres sobre
Jorge Sampaio.
Perante a pobreza
dos quadros que o
apoiaram descobriu
os “Estados
Gerais”. AJS com
o seu folclórico
“laboratório” repete
o embuste.
Quando Francisco
Assis afi rma: “Exige-
se hoje ao PS que seja algo mais que uma
mera alternativa de poder. Pede-se-lhe que
consubstancie com rigor e com coragem
um projecto sério de governação do nosso
país”, tudo não passam de palavras…
Exige-se, sim, uma revolução na
democracia, com mais democracia
participativa: democratizar a democracia.
Única forma de recuperar alguma confi ança
no regime. Se ainda formos a tempo!
Vivemos numa época em que a
criatividade dos intelectuais é de novo
indispensável.
Mas onde estão António Correia de
Campos, Luís Amado, António Costa,
Francisco Assis, Manuel Maria Carrilho,
António Vitorino, José Vieira da Silva?
O que temem? Perder um congresso?
O que está em causa é demasiado sério
para não se compadecer com pequenas
fragilidades narcísicas ou mesquinhas
jogadas pessoais.
Prof. catedrático jubilado
Os partidos deixaram de produzir quadros com relevância política
Debate Sistema democráticoEurico Figueiredo
Os filhos da “praga cinzenta”
“Quiseram que o país os conhecesse; hão-de
ser satisfeitos”
Alexandre Herculano, 1810-1877
Sem generalizar a toda uma
juventude (seria injustiça de
bradar aos céus!), não posso
deixar de me associar a um
veemente protesto público
que a minha condição de
octogenário, reformado aos 70
anos de idade e 42 de serviço,
consente, e justifi ca. Mais do
que isso, impõe.
Refi ro-me ao repúdio generalizado em
diversos blogues da expressão utilizada
recentemente por um deputado do PSD,
Carlos Peixoto, em ardor de juventude
(36 risonhas primaveras) e arroubo
tribunício, para a carga pesada que diz
representar para a geração de jovens de
hoje as reformas e aposentadorias actuais e
futuras, havida como “praga cinzenta”.
Ou seja, em antítese com o conselheiro
de Estado Bagão Félix quando escreve: “O
Estado social discute-se porque é a parte do
Estado que tem mais a ver com as pessoas
velhas, reformadas, desempregadas, estão
doentes, estão sós, têm incapacidades,
pessoas que não têm voz, não têm lobbies,
não abrem telejornais, não têm escritórios
de advogados, não têm banqueiros”(Jornal
de Negócios, 30/11/2012).
Acresce que as deduções para efeitos de
IRS, plasmadas na Proposta de Orçamento
de Estado/2013, expressam a situação
de um país em evidente descalabro
económico e social onde boa parte da
factura está a recair sobre os reformados,
achacados pela velhice e pela doença, a
ela associada. Assumindo o ónus da prova,
detenho-me nas deduções com despesas
de saúde em vigor até 2011, último ano
em que os portugueses podiam deduzir
sem limite 30% das despesas com a saúde
no respectivo IRS. Porém, com o actual
Orçamento de Estado, os doentes, em
alguns escalões de uma moribunda classe
média, apenas poderão deduzir 10% destas
despesas, até um valor de 838,44 euros. Ou
seja, em Portugal, a condição de velho e
doente crónico, com “pesares que os ralam
na aridez e na secura da sua desconsolada
velhice” (Almeida Garrett), em vez de ser
havida como uma desgraça, passa a ser
taxada como um luxo.
Não posso deixar de cotejar esta situação
nacional com um texto que corria, tempos
atrás, na Net reportando-se à vizinha
Espanha em que o respectivo 1.º ministro,
em declarações à TVE, sobre a apresentação
do OE-2012, declarou: “A primeira
prioridade é tratar os pensionistas da
melhor maneira possível. A minha primeira
instrução ao ministro das Finanças é de que
as pessoas que não se devem prejudicar são
os pensionistas. No Orçamento de Estado
deste ano só há dois sectores que sobem:
os juros da dívida e as pensões. Não tenho
nenhum interesse e se há algo em que não
tocarei são as pensões, o pensionista é a
pessoa mais indefesa, que tem a situação
mais difícil, porque não pode ir procurar
outro posto de trabalho aos 75 ou 80 anos,
tendo uma situação muito mais difícil…”
Em Portugal, os velhos reformados
da chamada classe média viram as
suas reformas serem substancialmente
reduzidas este ano. A exemplo de uma
personagem de Arnaldo Gama, é natural
que se interroguem:
“Para isto é que eu
vivi!? Malditos anos!
Maldita velhice!”.
Ou seja, idosos que
sofrem de carências
económicas e/ou de
achaques próprios
da sua idade, sendo,
não poucas vezes,
obrigados a desistir
da compra de
medicamentos com
risco da própria
sobrevivência.
Não se desse o
caso de não ter
tido conhecimento
de qualquer
contraditório por
parte da bancada
do partido político
do deputado
Carlos Peixoto, não
mereceria esta sua
boutade que com
ela gastasse uma
simples linha do latim por mim aprendido
nos bancos do liceu. Mas trata-se de uma
questão de concórdia social. Segundo o
professor de Ética e Filosofi a Política da
Universidade de São Paulo, Renato Janine
Ribeiro, “o interesse nacional não exige
a mesma paz que o interesse individual”.
Portanto, em nome deste salutar princípio,
não é de excluir a opinião sobre esta
temática daqueles que, mandatados pelo
povo que os elegeu, são responsáveis pelo
destino de Portugal e da sua gente?
Professor aposentado
Os velhos reformados da chamada classe média viram as suas reformas serem substan-cialmente reduzidas este ano
PEDRO CUNHA/ARQUIVO
Debate Os reformados e a criseRui Baptista
PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | 55
Para que servem as Forças Armadas e sua sustentabilidade
O Conceito Estratégico de Defesa
Nacional (CEDN) — estruturante
da Política de Defesa Nacional
(PDN) — devia clarifi car o
que se pretende das Forças
Armadas (FA), como instituição
mais reformadora desde há
trinta anos.
Contudo, o anúncio de
estudos para corte de efectivos
— com demagogia da “refundação” (?)
do Estado —, pode condicionar o ciclo de
planeamento estratégico iniciado com a
revisão do CEDN.
O CEDN, instrumento de orientação
político-estratégico, tem de ser consequente
sem contradições dos pressupostos da
revisão. E, só depois da intervenção dos
órgãos defi nidos na lei, será possível
concluir — ponderando entre as exigências
e as possibilidades — os objectivos, os meios
necessários e os recursos para os assegurar e
manter, que melhor sirvam os portugueses.
A divulgação desses estudos suscitam
especulações — antes da aprovação do
CEDN e do Conceito Estratégico Militar
(CEM) — e não refl ectem os riscos e as
melhores opções que decorrem das missões
específi cas, capacidades militares do sistema
de forças (SF) e dispositivo com os efectivos
necessários.
As FA estão conscientes das difi culdades
que o país enfrenta e, por isso, têm
participado no esforço nacional com redução
da despesa desde 2010 (10,3%). Mas os “cortes
cegos” já efectuados e os previsíveis — além
do imposto pela troika — podem afectar a
gestão operacional, condições de segurança
do pessoal e prontidão das FA.
É inaceitável admitir imposições externas
que comprometam a Segurança Nacional.
Contrariando o que se pretende fazer crer, a
defesa tem um peso de apenas 1,1% no PIB,
(1,7% é a média da UE e 3% da NATO). Inferior
aos dados e indicadores do Eurostat.
O CEMGFA referiu que, para lá de certo
limite, as FA não funcionam. O orçamento de
funcionamento já reduziu 23%, sem alteração
das missões! E é falacioso dizer que se vai
“fazer mais com menos custos”, com a falta
de equipamentos, progressiva degradação
de meios e condições de vida dos militares.
Afectando a condição militar, essência da
organização, existe o risco de as FA fi carem
descaracterizadas e desarticuladas sem
capacidade para cumprir as missões.
O MDN critica, com raciocínios discutíveis,
o rácio entre pessoal e operações/
manutenção — confundindo o contribuinte
sobre os efectivos —, cuja distorção resulta
do desinvestimento nas FA, adiamentos da
Lei de Programação Militar (LPM) e despesas
da participação em forças multinacionais,
que são excluídas das operações! Os efectivos
das FA reduziram 58,2%, em vinte anos. E,
desde 2009, estão em curso medidas para a
optimização do produto operacional.
As alterações dos últimos anos das FA
permitiram priorizar capacidades para
as missões nacionais e integração em
forças multinacionais — com limitações de
equipamento emprestado por outros países
—, cumprindo com competência. O seu
prestígio contribui
para a credibilidade
externa de Portugal,
mas não é explicitado
aos cidadãos para
combater o discurso
de “inutilidade” das
FA.
Todavia,
recorrentemente
é colocada a
questão: que FA
se pretendem? E
nem sempre os
cidadãos entendem
a necessidade da sua
existência, sendo
especulada a sua
sustentabilidade.
Os governos,
ao assumirem
funções — no quadro
de difi culdades
fi nanceiras —, como
não sabem bem para
que querem as FA,
fazem “cortes cegos”
com o argumento
da optimização de
recursos. Isto acontece porque ainda não
houve a assunção plena da importância e dos
custos da função de soberania.
A Constituição e a lei não deixam dúvidas
quanto à indispensabilidade das FA e suas
missões. Ao nível político, a responsabilidade
primária pelo tipo de resposta que pretende
das FA devia ser do primeiro-ministro — não
do ministro da Defesa —, pois é o responsável
pela concepção da política geral do Estado da
qual faz parte a PDN.
A sustentabilidade das FA não deve ser
discutida numa perspectiva meramente
contabilística, porque é redutora da
Segurança Nacional. Os portugueses não
querem que a crise fi nanceira, económica e
social se transforme também numa crise de
segurança. O que se deve discutir é o modelo
de FA com avaliação de custos do SF, tendo
em conta o nível de ambição, assumido sem
sofi sma, em função dos recursos disponíveis
e dos interesses de Portugal. Um SF com as
capacidades necessárias — a manter e edifi car
pela LPM — para o cumprimento das missões.
O modelo das FA decorre das opções
assumidas no CEDN e do CEM dele
resultante, devendo ser mais valorizado
o seu carácter conjunto e capacidades
(modeláveis e projectáveis). Urge reavaliar
o modelo de serviço militar — a despesa da
profi ssionalização nunca foi assumida —, que
assegure o nível de efectivos com menores
custos e reforce a componente cívica e
coesão nacional.
A situação geoestratégica, resultante
da posição geográfi ca, dimensão (espaços
marítimos com 20 vezes o território
terrestre) e confi guração arquipelágica,
bem como a falta de multiplicadores,
como sofi sticação dos equipamentos e
tecnologia, terão necessariamente refl exos no
dimensionamento das FA.
O país necessita de FA polivalentes — duplo
emprego — para actuar na defesa militar e
no apoio à diplomacia (operações de paz
e humanitárias), e também no plano não
militar, centrado nas missões de interesse
público e cooperação civil-militar. Forças bem
treinadas de grande mobilidade, fl exibilidade
e interoperabilidade, com melhor integração
das informações militares.
As FA devem ainda assegurar o apoio à
segurança interna na prevenção ao combate
às novas ameaças — terrorismo e crime
organizado transnacional —, através do
enquadramento legislativo que assegure a
subsidiariedade e a complementaridade da
sua intervenção.
Um aspecto importante na confi guração
do SF é a exigência do quadro estratégico
internacional. Portugal faz parte de uma
região com instabilidade latente em que a
UE terá de assumir maior esforço na defesa,
face à alteração estratégica da NATO e EUA.
A imprevisibilidade e tipo das ameaças, as
missões e os requisitos de defesa exigem
elevados níveis de prontidão das FA.
A sua actuação depende, especialmente,
da capacidade de defesa territorial, vigilância
e fi scalização dos espaços de soberania e
jurisdição nacional, intervenção autónoma
no exterior (protecção e retirada de cidadãos
nacionais e segurança cooperativa),
potenciando a capacidade de operações
especiais conjunta. A condenação do Estado
em tribunal por ausência de fi scalização na
Zona Económica (ZE) deve ser ponderada.
Estes factores podem levar os decisores
políticos a concluir que têm de orientar mais
e melhores meios para as FA, com um SF
mais efi caz e exigente.
Concluindo, seria desejável que o
novo CEDN tivesse um papel decisivo no
redimensionamento e apetrechamento das
FA. Mas integrado, com as outras políticas
sectoriais, numa Estratégia Nacional que
enquadre as reformas estruturantes do
Estado, incluindo as das FA. Como importante
instrumento da identidade, coesão e
soberania nacionais é responsabilidade
política conferir estabilidade e dignidade às
FA em que o país se reveja com orgulho.
Capitão-de-fragata SEF (Res)
NUNO FERREIRA SANTOS
Efectivos, orçamento e missões das FA
Conforme se pode constatar, as FA têm feito
um esforço signifi cativo. Eventualmente
é a instituição que mais se tem reforma-
do nos últimos 30 anos.
Efectivos: desde 1993 reduziram de
80.000 para 33.395 (existências em 2013),
mais de metade. Em 1993 cerca de 20.000 do
quadro permanente passou a 18.308 em 2013,
redução de mais de 8%; 23.600 contratados/
voluntários passou a 17.710 em 2013, redução
de 25%. Em 2012, a redução foi de 12% (além
dos 10% impostos pela troika) e com os 8000
(serão mais 22%). Curiosamente, em 2010 o
MDN defi nia que o objectivo dos efectivos pa-
ra as FA era de 40.000 militares.
Orçamento: em 2010, o MDN anunciou
uma poupança de 90M€ com a redução de
efectivos. O esforço das FA na redução de
despesa do Estado desde 2010 corresponde
a 10,3%. Em 2012 houve uma redução no
orçamento da defesa de 8% e o orçamento
de funcionamento das FA já reduziu 29%.
Em 2014-2015, no âmbito do corte de mais
218M€ (mais 10%) está previsto 40M€ já em
2013. O CEMGFA referiu que, para lá de certo
limite, as FA não funcionam.
O Exército apoia com pessoal e meios a Pro-
tecção Civil e câmaras municipais ou outras
entidades (recentemente a EDP) com equipa-
mento de engenharia; a Marinha, em média,
executa, por ano, cerca de 18 mil vistorias a
embarcações, 30 acções de combate à polui-
ção e em conjunto com a Força Aérea mais de
1500 salvamentos de vidas humanas.
O CEDN de 2003 refl ecte a importância da
participação de Portugal no quadro das inter-
venções multinacionais, considerando-as uma
opção consolidada que prestigia o país. Nas
últimas décadas cerca de 37 mil militares (taxa
de esforço superior à da Espanha e Alemanha
— por isso é que não se deve comparar o que
não é comparável!) participaram isoladamen-
te ou em unidades constituídas em missões no
exterior do território nacional, distribuídas
por 18 Teatros de Operações na Europa, Áfri-
ca, Médio Oriente, Ásia e no Pacífi co.
Debate Defesa NacionalJosé Manuel Neto Simões
Os governos, ao assumirem funções, como não sabem bem para que querem as FA fazem ‘cortes cegos’ com o argumento da optimização de recursos
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ESCRITO NA PEDRA
“Deus disse: Eu era um tesouro que ninguém conhecia, e quis tornar-me conhecido. Então criei o homem” Hugo von Hofmannsthal (1874-1929), escritor austríaco
I S S N : 0 8 7 2 - 1 5 4 8
QUI 14 MAR 2013
Contribuinte n.º 502265094 | Depósito legal n.º 45458/91 | Registo ERC n.º 114410 | Conselho de Administração - Presidente: Ângelo Paupério Vogais: António Lobo Xavier, Cláudia Azevedo, Cristina Soares, Miguel Almeida, Pedro Nunes Pedro E-mail [email protected] Lisboa Edifício Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte, 1350-352 Lisboa; Telef.:210111000 (PPCA); Fax: Dir. Empresa 210111015; Dir. Editorial 210111006; Agenda 210111007; Redacção 210111008; Publicidade 210111013/210111014 Porto Praça do Coronel Pacheco, nº 2, 4050-453 Porto; Telef: 226151000 (PPCA) / 226103214; Fax: Redacção 226151099 / 226102213; Publicidade, Distribuição 226151011 Madeira Telef.: 934250100; Fax: 707100049 Proprietário PÚBLICO, Comunicação Social, SA. Sede: Lugar do Espido, Via Norte, Maia. Capital Social €50.000,00. Detentor de mais de 10% do capital: Sonae Telecom, BV Impressão Unipress, Travessa de Anselmo Braancamp, 220, 4410-350 Arcozelo, Valadares; Telef.: 227537030; Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas, SA, Estrada Consiglieri Pedroso, 90, Queluz de Baixo, 2730-053 Barcarena. Telf.: 214345400 Distribuição Logista Portugal – Distribuição de Publicações, SA; Lisboa: Telef.: 219267800, Fax: 219267866; Porto: Telef.: 227169600/1; Fax: 227162123; Algarve: Telef.: 289363380; Fax: 289363388; Coimbra: Telef.: 239980350; Fax: 239983605. Assinaturas 808200095 Tiragem média total de Fevereiro 40.323 exemplares Membro da APCT – Associação Portuguesa do Controlo de Tiragem
Miguel Relvas foi à AR dar conta do plano de reestruturação da RTP p12
A redução foi de 23%. Projecto está a ser testado em quatro países p14/15
Na Venezuela ganham forma organizações comunitárias que inspiram chavistas p26/27
RTP quer subir taxa audiovisual e cortar 21 mihões no pessoal
Prevenção reduziu taxa de tentativas de suícidio na Amadora
“Não pode haver um Estado onde todos somos chefes?”
Totoloto
10 21 40 44 47 4
3.200.000€1.º Prémio
SOBE E DESCE
Infarmed
A promiscuidade entre médicos e a indústria farmacêutica é um
problema que se arrasta há décadas. Faz, por isso, todo sentido que haja da parte dos médicos declarações de interesses. Mas quem obriga os clínicos a fazê-las devia ter o bom senso de encontrar a medida certa. Exigir aos médicos que declarem as canetas e os lápis que recebem dos delegados de informação médica só contribui para o desprestígio e desvalorização da lei. E dos próprios profissionais da saúde. (Pág. 17)
Mahmoud Ahmadinejad
O Irão de Ahmadinejad resolveu processar Hollywood por causa
do filme Argo, de Ben Affleck, a pretexto de que ele apresenta uma imagem distorcida do país.
Não é a primeira vez, aliás, que o regime iraniano confunde realidade e ficção: já tinha embirrado com 300, por causa
da represemtação fílmica dos persas, e com Wrestler, por ter um lutador de nome Aiatola. Não poderão explicar a Teerão que filmes são filmes? (Pág. 35)
Rei Abdullah
Desprezando todos os pedidos de clemência de instituições e grupos
de direitos humanos, o regime saudita do Rei Abdullah mandou executar, por fuzilamento, os sete jovens que se encontravam detidos há anos acusados de roubos a joalharias. E foram fuzilados em público, para que a sua morte servisse “de exemplo” (a intenção inicial era decapitá-los e crucificar um deles, depois, para... servir de “exemplo”). O regime de Riad continua, em matéria de direitos humanos, a ser inominável. (Pág. 28)
Vítor Pereira
Depois de perder terreno para o Benfica no campeonato, o FC
Porto foi ontem eliminado da Liga dos Campeões, onde a sua experiência de pouco serviu frente ao estreante Málaga. Foi fraca a exibição de uma equipa que pouco perigo criou. Com este resultado, o FC Porto entrou em zona de grande pressão para o resto da época. Será que Vítor Pereira conseguirá segurar o barco? (Pág. 46)
ASSUNTOS TEMPORÁRIOS
Uma História por contar
A história aparece em parte
contada no mais recente
livro de João César das
Neves As Dez Questões
da Recuperação (Dom
Quixote). Estou a pensar em
dois quadros esclarecedores sobre
a evolução do crédito bancário
em Portugal a partir de 2008,
para os quais oportunamente me
chamaram a atenção. Dizem muito
sobre o que nos aconteceu.
Quando procuramos culpados
para a crise, costumamos
apontar (depois, é claro, da crise
do euro) a cupidez dos bancos
que fi nanciaram maus negócios
públicos, fi ntaram os reguladores
(como o BPN) e se fi zeram pagar de
uma forma absurda e improdutiva.
A banca está no banco dos réus,
aqui e em todo o lado. Salvem
as pessoas, não os bancos, é o
que se ouve. Não quero passar
atestados de inocência a alguns
dos bancos portugueses que
abusaram do crédito bancário em
operações duvidosas e tiveram o
risco garantido pelo Estado. Temos
tantos exemplos disso. Mas o que
aconteceu ao crédito bancário,
analisado no livro de César das
Neves, não permite apenas atirar
responsabilidades para cima dos
Pedro Lomba
bancos. Permite-nos perceber que
foi o próprio Estado, a partir de
certa altura, a levar o pandemónio
para a actividade bancária.
César das Neves apresenta-nos
dois factos sólidos desta “história
impressionante”. A primeira é
que até 2008-2009 os bancos
portugueses actuaram como
instituições fi nanceiras normais e
prudentes na concessão de crédito.
Dirigiram o crédito bancário
sobretudo para as empresas
e particulares em montantes
razoáveis. A partir de 2008 a crise
internacional produziu, como
seria de esperar, a redução do
acesso ao crédito. No entanto,
se compararmos o crédito aos
particulares com o crédito total
que na mesma altura começa
a ser concedido pelos bancos
descobrimos uma signifi cativa
variação. Na segunda metade
de 2009 o valor do crédito total
dispara. Ficamos portanto com
este cenário anormal: o crédito às
empresas e pessoas em descida,
mas o crédito total bancário a
subir furiosamente num contexto
económico adverso. Dois anos
antes do resgate.
Não é difícil, seguindo César das
Neves, imaginar o que se passou.
Os nossos bancos transferiram o
crédito às empresas para crédito
ao Estado. O Estado vira-se em
desespero para os bancos. As
tendências de crescimento do
crédito ao Estado atingem os
60% em 2009 e mais de 100%
em Março de 2010. É assim que
o Estado se aguenta, à deriva,
apenas porque não dispunha de
alternativa.
Este ponto é sufi cientemente
importante para percebermos
que não foi em 2011 que os
mercados internacionais
fecharam as torneiras para
Portugal. Isso já tinha acontecido,
demonstra César das Neves, dois
anos antes. Apesar da perpétua
negação da realidade. O Estado
desestabilizou em absoluto o
crédito bancário e afastou-o das
empresas e da economia. Só
quando os empréstimos da troika
nos chegam em meados de 2011, e
por pressão dos mesmos bancos,
é que a situação é normalizada.
Fica explicado porque é que
o poder político entendeu que
era vital para os seus interesses
dominar a actividade do crédito
de instituições privadas. Mas
não fi ca explicado porque é
que os bancos aquiesceram.
Daí que César das Neves
coloque a pergunta do milhão
de dólares: que misteriosas
razões, e de qualquer maneira
irracionais, levaram as
instituições fi nanceiras a aceitar
tão mansamente este papel,
vampirizadas pelos pedidos
de crédito do sector público?
Chantagem política? Vantagens
do negócio? Foram e temos sido
nós, contribuintes, a pagar esta
aventura. Uma aventura que
merecia ser contada por inteiro.
Jurista
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