14 Março - Público

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cc942328-80b6-411b-8d1e-a8c92f9f4b83 Troika aceita mudanças nas leis laborais Troika aceitou rever proposta de cortes nas indemnizações por despedimento. Vítor Gaspar apresenta amanhã resultados da sétima avaliação Portugal, 10/11 DYLAN MARTINEZ/REUTERS Infarmed colocou no seu site uma série de esclarecimentos sobre artigos oferecidos à classe médica, mas retirou-os ontem p22 Companhia e Governo discutem solução que reduza impacto dos cortes salariais, para evitar greve de 21 a 23 de Março p14 Médicos têm de declarar até o lápis dado por laboratórios Governo e TAP negoceiam solução para evitar greve HOJE Chanson Française Charles Trénet (Vol. 8) Por + 6,95€ FRANCISCO O PAPA DO SUL PARA O MUNDO Destaque, 2 a 9 e Editorial Málaga dá a volta e elimina FC Porto da Liga dos Campeões p46/47 QUI 14 MAR 2013 EDIÇÃO LISBOA Ano XXIV | n.º 8373 | 1,10€ | Directora: Bárbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Manuel Carvalho, Miguel Gaspar | Directora executiva Online: Simone Duarte | Directora de Arte: Sónia Matos CONFERÊNCIA NO SÉCULO EM QUE ELEFANTES CAMINHAVAM POR LISBOA Ciência, 32/33 nçai s se e e

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cc942328-80b6-411b-8d1e-a8c92f9f4b83

Troika aceita mudanças nas leis laboraisTroika aceitou rever proposta de cortes nas indemnizações por despedimento. Vítor Gaspar apresenta amanhã resultados da sétima avaliação Portugal, 10/11

DYLAN MARTINEZ/REUTERS

Infarmed colocou no seu site uma série de esclarecimentos sobre artigos oferecidos à classe médica, mas retirou-os ontem p22

Companhia e Governo discutem solução que reduza impacto dos cortes salariais, para evitar greve de 21 a 23 de Março p14

Médicos têm de declarar até o lápis dado por laboratórios

Governo e TAP negoceiam solução para evitar greve

HOJE Chanson Française

Charles Trénet (Vol. 8) Por + 6,95€

FRANCISCO O PAPA DO SUL PARA O MUNDODestaque, 2 a 9 e Editorial

Málaga dá a volta e elimina FC Porto da Liga dos Campeões p46/47QUI 14 MAR 2013EDIÇÃO LISBOA

Ano XXIV | n.º 8373 | 1,10€ | Directora: Bárbara Reis | Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Manuel Carvalho, Miguel Gaspar | Directora executiva Online: Simone Duarte | Directora de Arte: Sónia Matos

CONFERÊNCIANO SÉCULO EM QUE ELEFANTES CAMINHAVAM POR LISBOACiência, 32/33

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NOVO PAPA

Francisco veio da Argentina e Roma aplaudiu

O fumo branco chegou

mais cedo do que muitos

tinham imaginado. O Papa

demorou um pouco mais a

vir à varanda do Vaticano,

mas ninguém se importou.

“Parece que os meus irmãos cardeais

foram buscar-me quase até ao fi m do

mundo. Mas aqui estamos.”

Jorge Bergoglio, Francisco, o

primeiro Papa latino-americano, o

primeiro Papa jesuíta, não veio do

fi m do mundo, mas veio de outro

mundo — e demorou oito anos a

chegar a Roma.

Conclavistas quer dizer

“fechados à chave”. O arcebispo

de Buenos Aires foi eleito por ter

reunido os votos de pelo menos 77

dos 115 cardeais eleitores, isso não

é segredo, é uma regra escrita.

Mas o que é que se passou entre

a quarta votação, a primeira da

tarde de ontem, dia 13 de Março

de 2013, e a quinta, a que permitiu

que o fumo fosse branco e que

os sinos tocassem e depois fosse

pronunciada a frase “Habemus

Papam” (“Temos Papa”, em

latim)?

Só quem tenha estado na

Capela Sistina o poderá saber. Na

verdade, nem é certo que todos

os que lá estavam saibam explicar

como é que Bergoglio acabou por

ser o eleito. O segredo é mesmo

secreto, mas não há segredo sem

indiscrições. “Parece que no

último conclave, o de 2005 que

elegeu Ratzinger, possa ter sido

o colapso emotivo do argentino

Bergoglio a acelerar a eleição do

Papa alemão: qualquer coisa de

semelhante ao que imagina o fi lme

de [Nani] Moretti Habemus Papam.

Durante a pausa do almoço, o

argentino, que tinha recebido

— parece — 40 votos no terceiro

sufrágio, disse aos apoiantes que

era uma loucura votarem nele

em vez de votarem em Ratzinger

e uma parte decidiu-se por

Ratzinger na quarta votação.”

As inconfi dências de 2005,

quando Bento XVI foi eleito,

ao segundo dia de conclave,

como em 2013, mas ao quarto

escrutínio e não ao quinto,

como o argentino, permitiram

a Luigi Accattoli escrever estas

palavras no diário La Repubblica

de domingo dia 24 de Fevereiro,

quatro dias antes de Ratzinger

se despedir do Pontifi cado e do

Vaticano ter entrado em período

de sede vacante.

O fumo tornado branco pelos

químicos saiu da chaminé às

19h06 (menos uma hora em

Portugal). Em 2005, houve fumo

branco pelas 17h50. Ontem, os

sinos da Basílica de S. Pedro

começaram a tocar às 19h10, entre

aplausos e gritos de “Viva ao Papa,

viva ao Papa” e muitos “ohhh”,

agora de festa e não de desilusão,

como as exclamações da manhã e

as da noite anterior.

Os primeiros aplausos

sucederam-se entre correrias e

gotas da chuva e escorregadelas

e muitos sorrisos. Depois, a

chuva amainou enquanto os fi éis

agitavam bandeiras dos seus

países e olhavam para a varanda,

contentes por já não estarem a

olhar para a chaminé nem para

nenhum dos quatro ecrãs gigantes

instalados desde a renúncia de

Ratzinger.

A banda pontifícia entrou e

marchou, escadas a cima, seguida

de perto pelos guardas suíços,

em parada. A banda continuou

a tocar: às 19h43 soou o hino da

Itália e foi como se toda a praça

tivesse desatado a cantar. Elena

esteve calada até ouvir o hino.

Encostada a uma das colunas

laterais, muito lá à frente, a ver a

banda e as escadas mesmo diante

dos seus olhos, segurava um

capacete na mão e sorria. Só o

hino a fez cantar, ainda a sorrir.

Vai ser uma surpresa“É muito emocionante. Quando

vi o fumo chorei, não consegui

controlar as lágrimas. Já tinha

visto na televisão, mas aqui, com

estas pessoas todas que ululam, é

muito diferente”, diz a milanesa

de 40 anos, que há oito veio

para Roma e agora trabalha a

cinco minutos do Vaticano, num

dos balcões do Monte Paschi de

Siena, o banco há mais tempo em

funcionamento do mundo.

“Este bairro esteve agitado nas

últimas semanas. Estou a falar das

“Podes imaginar o que é que estou a sentir?”, perguntou a argentina Susana. “Agora, posso acreditar que Deus existe e que a justiça existe”, disse a colombiana Maria Cecília

ReportagemSofia Lorena, Roma

pessoas normais, simples. Eu sou

de Milão, mas os romanos sentem

muito tudo o que acontece aqui,

no Vaticano”, explica Elena. “Não

sou de vir aqui ao domingo, mas

todas as manhãs faço a Via della

Conciliazione [que desemboca na

Praça de S. Pedro] e sentia-se um

certo vazio.”

Foi em 2005 que esta milanesa

chegou a Roma, três meses depois

da eleição de Bento XVI. Pouco

antes, calhou estar na capital

durante o funeral de Wojtyla.

“Estava tão triste Roma. Chovia

como hoje.” Elena conta que

teve alguma difi culdade em

compreender o anúncio do Papa

alemão. “As pessoas normais

não sabem que um Papa se pode

demitir. Eu não sabia, achava

que um Papa só podia morrer,

que quando o faziam Papa era

Papa toda a vida”, diz. Tudo

bem. “Espero que o próximo

seja um bom Papa, que saiba

conversar com as pessoas,

abraçá-las sempre. Gostava de

um Papa simples, próximo das

pessoas normais, das pessoas que

trabalham.”

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PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | DESTAQUE | 3

As luzes por trás das portadas

da varanda central da Basílica

acenderam-se às 20h05. Ao lado

de Elena, um padre peruano cruza

os dedos e diz “Scola, Scola”. À

entrada para o conclave Angelo

Scola, arcebispo de Milão, era o

grande favorito. “Eu não quero

um italiano”, diz Elena. “Apesar

das listas todas, só consigo pensar

‘quem será?’. Seja quem for, vai

ser uma surpresa.”

“Que emoção, por Deus”Eram 20h12 quando a porta da

varanda se abriu para a Praça

de S. Pedro ver o novo Papa:

Jorge Bergoglio, a partir de agora

Francisco. 20h13 quando se

ouviu “Habemus Papam”, antes

que o arcebispo de Buenos Aires

começasse a falar aos peregrinos.

“Rezem por mim para que seja

abençoado”, pediu, lá de cima.

Cá em baixo, algumas dezenas

de argentinos e muitos outros

latino-americanos nem sabiam

como reagir. Na dúvida, saltavam,

gritavam, riam, abraçavam-se e

choravam. “É impressionante”,

dizia a colombiana Maria Cecília.

“Deus, Deus, Deus. Que emoção,

por Deus, é argentino”, exclamou

a argentina Susana, aos abraços

à colombiana. “Podes imaginar o

que é que estou a sentir? O que é

que signifi ca para mim o Papa ser

argentino?”, perguntou Susana,

sem conseguir parar quieta um

segundo. “Não”, respondemos

com sinceridade. “Pues, jo si!”

E ainda: “Não posso acreditar!

Depois de Bento XVI, com a

situação da Igreja assim… É o

primeiro Papa latino-americano.

E é um santo, muito boa pessoa”.

A primeira oração de Francisco

foi em homenagem a Bento XVI

e isso valeu-lhe um enorme

aplauso. “Quero rezar pelo

nosso Papa emérito.” Pai-nosso,

Ave-maria, e depois: “Peço-

vos um favor, rezem por mim”.

Eram 20h28 e a Praça calou-se

toda, mas mesmo toda, antes

de Francisco voltar a erguer a

cabeça e receber a pequena capa

de ombros, debaixo de aplausos.

“Boa noite e bom descanso”“Vemo-nos em breve: boa noite e

bom descanso.”

ALESSANDRO BIANCHI/REUTERS

“Estamos todos muito felizes,

tão felizes. Até agora, aqui dentro

havia uma espécie de ditadura.

Agora, tantas pessoas que

faziam o mal estão seguramente

a chorar. As pessoas dignas,

que nunca deixaram de fazer

o bem, essas estão felizes”, diz

um italiano, sorriso de orelha a

orelha.

Como a colombiana Maria

Cecília, guia no Museu do

Vaticano, este italiano trabalha na

Santa Sé. Foi deste lado da Praça

que os funcionários se juntaram

à espera de ver chegar o Papa

e saber o seu nome. Vieram às

dezenas e fi caram até os sinos se

voltarem a ouvir. Depois, como

tinham chegado, desapareceram

em bando, de regresso aos

subterrâneos da Basílica.

“Com este Papa, vai-se embora

[Tarcisio] Bertone e todos os

que colaboram com ele”, afi rma

ainda o italiano. Bertone foi o

secretário de Estado de Bento

XVI. Raztinger, congratula-se este

funcionário da Igreja, “trabalhou

bem”. “Digo tudo isto do coração.

Queria tanto que não fosse o

Scola. Quando percebemos que

iam precisar da quinta votação

começámos a acreditar. A

emoção é tão grande”, afi rma

ainda, de olhos a brilhar. “O

sentimento de justiça é enorme.”

Maria Cecília é colombiana mas

vive há dois anos em Roma. “Vivi

este conclave muito de perto

e tinha todas as esperanças…

Agora, posso acreditar que Deus

existe e que a justiça existe.

Porque havia muitas coisas

que não estavam bem, eu sei,

eu trabalho ali dentro”, diz a

jovem de 35 anos, à espera que

Francisco traga para Roma “esta

felicidade contagiosa” da religião

vivida na América Latina.

“Com este Papa as minhas

esperanças de mudança podem

tornar-se reais”, diz ainda. “A

justiça existe e acredito que

hoje tenha começado uma

mudança importante para toda a

humanidade.”

Os títulos das edições online dos jornais argentinos não variavam muito ao fim do dia de ontem.

Era difícil dizê-lo por outras palavras: “O argentino Jorge Bergoglio é o novo Papa.” Por trás dos textos que traçavam o perfil do arcebispo de Buenos Aires, o conservador La Nación lembrava Bergoglio como o “acérrimo opositor do casamento igualitário e do aborto” e o homem que passou “de rival a sucessor de Bento XVI”. Mais tarde, começavam a surgir os primeiros relatos da forma como os católicos argentinos receberam a notícia de que a cadeira de Pedro iria ser ocupada por um dos seus compatriotas. O mexicano El Universal antecipava-se, mas a suposta alegria e cor nas ruas da Argentina não passavam do título: “A Argentina explode em júbilo com a eleição do seu primeiro Papa.”

Com edições online a abarrotar de textos com reacções nas redes sociais, era difícil encontrar palavras que descrevessem o que se passava nas ruas. O diário argentino Clarín guardava um pequeno espaço para os festejos na Catedral de Buenos Aires, e ainda assim citando a agência AFP. “A designação do argentino Jorge Bergoglio como novo Papa foi recebida com uma prolongada ovação e aplausos por centenas de fiéis que se encontravam a rezar missa na Catedral de Buenos Aires, constatou a agência de notícias AFP”, noticiava o jornal. No momento em que o novo Papa se revelou ao mundo a partir do balcão da Basílica de S. Pedro, a Argentina trabalhava — eram aproximadamente 16h15. A explosão de júbilo em Buenos Aires teria de esperar até às 19h (22h em Lisboa). A missa na Catedral foi adiada um hora e então, sim, houve festa dentro e fora de portas para festejar a eleição do Papa argentino. Alexandre Martins

Uma explosão de júbilo ao retardador

MultimédiaVeja as fotogalerias do novo Papa e das reacções nas ruas emwww.publico.pt/multimedia

Papa Francisco ontem na varanda da Basílica de S. Pedro depois de ter sido eleito

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NOVO PAPA

JOHANNES EISELE/AFP

A festa na Praça de S. Pedro, em Roma, depois de conhecido o nome do novo Papa

Em 1910 viviam na Europa

65% dos católicos de

todo o mundo. Hoje

são apenas 24%. O

catolicismo europeu

resiste mal à secularização

das sociedades e à crescente

indiferença religiosa. É nas

Américas, na África e na Ásia

que mostra maior pujança. Este

é o pano de fundo da eleição do

primeiro Papa não europeu. A

escolha de um latino-americano

signifi ca uma transição do

Norte para o Sul, que esteve

para acontecer no conclave

de 2005, que elegeu o cardeal

Josef Ratzinger em detrimento

de Jorge Bergoglio, agora Papa

Francisco. O coração do programa

de Ratzinger era precisamente

a reevangelização da Europa

e do Ocidente em geral. Mais

do que procurar contrastes ou

continuidades doutrinárias entre

os dois papas, importa ter em

conta este ponto.

“A crise da Igreja na Europa

pode incitar o conclave a passar

o papado para fora do Velho

Continente: marcaria uma

mudança de era semelhante à que

o conclave de 1978 impôs com a

eleição de um cardeal polaco”,

escreveu há dias o analista

italiano Luigi Accattoli. Mas é

ainda uma transição doce. “Um

salto para a América constituiria

uma passagem indolor, dada

a continuidade cultural entre

o velho e o novo mundo. Mais

árduo é imaginar a eleição de

um papa africano ou asiático.”

Assim aconteceu. Foi, de certo

modo, uma opção estratégica. A

Europa continua a ser a principal

preocupação da Igreja “romana”,

mas deixou de ser o centro de

gravidade.

“Des-ocidentalização”?Logo a seguir à renúncia de Bento

XVI, Soledad Loaeza, historiadora

e politóloga mexicana,

equacionou o problema: “A

eleição de um papa não europeu

modifi caria a perspectiva da

política vaticana. Orientaria talvez

os seus recursos para regiões não

europeias onde as perspectivas de

crescimento ou de consolidação

são mais prometedoras.” O Brasil

tem mais de 128 milhões de

baptizados. Apenas três outros

quatro países têm mais de 50

milhões de católicos: o México, os

Estados Unidos e as Filipinas. O

anglo-americano Philip Jenkins,

historiador das religiões, chama

a atenção dos europeus para que

“dentro de 20 anos a África terá

mais católicos do que a Europa e

que, em 2030, três quartos dos

católicos estarão na América

Latina, na África e na Ásia” (The

New Republic, 13 de Fevereiro).

Desde Paulo VI que a Igreja

procedeu a uma lenta e relativa

“reestruturação geográfi ca”,

escreve Pasquale Ferrara, do

Instituto Aspenia, mudança

intensifi cada por João Paulo

II e Bento XVI. Mas a cúria

romana controla rigorosamente

esta “internacionalização”. A

composição deste conclave é

elucidativa: a Europa representa

24% dos católicos e tem 53%

dos cardeais eleitores. “A

preponderância dos cardeais

europeus é certamente uma

herança histórica, mas não

corresponde ao desenvolvimento

extra-europeu da Igreja. Bento

XVI teve perfeita consciência

desta distorção.”

O desafi o hoje é mais dramático,

prossegue Ferrara. “Consiste,

por assim dizer, numa des-

ocidentalização do mundo

católico para recuperar a sua

antiga vocação universalista. (...)

Esta posição não é partilhada

por todos, nem no Vaticano nem

fora dele, porque se arrisca a

entrar em colisão com a visão

eurocêntrica e com a narrativa

de uma religião ‘judaico-cristã’

que bebeu também nas fontes

da cultura greco-romana.”

Com a argumentação que, por

excelência, foi a de Ratzinger.

Se a Igreja é universal por

essência, e por origem, e está em

clara expansão, não poderão ser

os pastores europeus a guiar a

grande migração da mensagem

cristã para outras paragens.

Para um leigo é difícil calcular

os efeitos desta “migração” na

estrutura e na governação da

Igreja. A mudança não será apenas

organizativa e não se resume ao

peso demográfi co. O “catolicismo

do Sul”, pela sua juventude e

“autenticidade”, não segue os

padrões do “catolicismo liberal do

Norte”.

A Igreja europeiaO catolicismo é diferente das

outras religiões, explicou o

medievalista Jacques Le Goff a

propósito da renúncia de Bento

XVI. Por duas razões. “A primeira

é que o cristianismo distingue

o que pertence a Deus e o que

pertence a César e não confunde

religião e política. A segunda é

que, não obstante os atrasos e a

lentidão, não obstante as crises que

fustigam as religiões, sobreviveu

perfeitamente porque sempre

soube adaptar-se às mutações

profundas deste mundo. E creio

que estamos a assistir a um desses

acontecimentos plurisseculares

característicos do cristianismo.”

Bento XVI perdeu a batalha da

“recristianização” da Europa. Foi

uma das suas mais duradouras

obsessões. Profetizou o jovem

Ratzinger em 1969: “Da crise

moderna emergirá uma Igreja

que terá perdido muito. Tornar-

se-á pequena e deverá recomeçar

quase do início. Não terá

meios para habitar os edifícios

que construiu nos tempos da

prosperidade. Com a diminuição

dos fi éis, perderá grande parte

dos privilégios sociais. Será uma

Igreja mais espiritual que não se

arrogará um mandato político,

namorando a esquerda e a direita.

Será mais pobre e voltará a ser

a Igreja dos indigentes. Será um

processo longo, mas, quando o

trabalho estiver feito, emergirá um

grande poder de uma Igreja mais

espiritual e simples.”

O Papa Francisco — que

representa outro continente

e outras preocupações — não

discordará muito desta profecia.

E, num ponto crucial, acentua a

continuidade com o antecessor.

Declarou há meses numa

entrevista: “Bento XVI insiste

em indicar como prioritária a

renovação da fé e apresenta a fé

como uma oferta a transmitir,

um dom a partilhar, um acto de

gratuidade. Não é uma posse, é

uma missão.”

Para Philip Jenkins, estamos

a assistir, de facto, “ao fi m da

época do cristianismo ocidental

e à alba do cristianismo do Sul do

mundo”. Mas isto não signifi ca o

fi m do cristianismo europeu. A

Igreja Católica europeia passou

por piores momentos. Resume:

“Morte e ressurreição não são

apenas a doutrina fundamental

da cristandade, representam um

modelo histórico da estrutura

religiosa.”

O papado desloca-se para o Sul

AnáliseJorge Almeida Fernandes

“Assistimos ao fim da época do cristianismo ocidental e à alba do cristianismo do Sul do mundo” dizPhilip Jenkins

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6 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013

NOVO PAPA

Plácido perante uma

multidão em êxtase,

o cardeal Jorge Mario

Bergoglio, desde ontem

Papa Francisco I,

levantou a mão direita e

cumprimentou: “Irmãos e irmãs,

boa noite.” Nada na postura

tranquila e contida do argentino de

76 anos denunciava a surpresa que

o anúncio da sua eleição causou,

em Roma e no mundo, depois de

proferido o seu nome: o primeiro

Papa jesuíta, o primeiro Papa

latino-americano, o primeiro Papa

a chamar-se Francisco.

No seu primeiro acto como bispo

de Roma, Sumo Pontífi ce da Igreja

Católica, foram evidentes as suas

Honesto, rigoroso, frugal, conservador, mas moderado

Papa Francisco I O cardeal argentino de 76 anos vive sozinho, cozinha as suas próprias refeições, viaja de transportes colectivos, responde à mão a todas as cartas, vibra com o tango e o futebol e emociona-se com a literatura de Borges

PerfilRita Siza

tendências pastorais de sacerdote

jesuíta. Com simplicidade,

Francisco I rezou com os fi éis;

pediu-lhes que rezassem por ele

e pela bênção de Deus. Depois

despediu-se dos milhares que o

saudavam na varanda da basílica

de São Pedro com um singelo

“Desejo-vos uma boa noite e que

repousem bem”.

Houve surpresa e novidade na

escolha, e desassombro e graça no

seu comportamento, mas, com a

sua eleição, o Vaticano também

manteve uma certa ordem e

tradição: Francisco I é considerado

conservador na sua teologia e fi el

à doutrina, um homem honesto e

frugal, um evangelizador.

Ao contrário de outros cardeais

latino-americanos, afastou-se da

Teologia da Libertação e outras

correntes progressistas — é,

pelo contrário, um simpatizante

do movimento Comunhão e

Libertação, acarinhado por

João Paulo II e Bento XVI, mas

associado a alguns escândalos

políticos em Itália. Respeita as

tradições centenárias da Igreja e

opõs-se às tentativas recentes de

“liberalização” e “inovação” dos

jesuítas. Na comparação com o

seu antecessor, é descrito como

moderado e elogiado pela “forte

consciência social”, crítica dos

efeitos nefastos da globalização

e defesa do “mundo em

desenvolvimento”. É um acérrimo

opositor do aborto sem qualquer

excepção (incluindo em caso de

violação) e do casamento gay —

“Não sejamos ingénuos: não se

trata de uma simples luta política,

é uma pretensão destrutiva do

plano de Deus”, escreveu Bergoglio

em 2010, quando os legisladores

argentinos discutiam a lei que

legalizou o casamento de pessoas

do mesmo sexo.

Francesca Ambrogetti, que

converteu três anos de entrevistas

com Bergoglio numa biografi a

do cardeal, explicava ontem à

Reuters que o novo Papa “partilha

a visão de que a Igreja deve ter um

papel missionário, que deve ir ao

encontro das pessoas e ser activa,

não tanto para regular a fé, mas

para promover e facilitar a fé”.

“Ele é uma força de equilíbrio: é

absolutamente a pessoa indicada

para encetar a renovação

necessária sem grandes saltos no

desconhecido”, considerou.

Foi aos 21 anos que Jorge

Mario Bergoglio, nascido a 17 de

Dezembro de 1936 numa família

de imigrantes italianos radicados

em Buenos Aires, respondeu à

vocação da fé. Nessa altura tinha

já concluído os seus estudos

e recebido o título de técnico

químico — mas resolveu desistir

de uma carreira profi ssional e

entregar-se à ordem religiosa

fundada por Santo Inácio de

Loyola no século XVI e conhecida

pela sua austeridade, ingressando

no seminário de Villa Devoto.

Passado polémicoFoi ordenado sacerdote em

1969 e dedicou-se aos estudos

teológicos. Pouco antes fi cara

seriamente doente com problemas

respiratórios. Foi operado e perdeu

um pulmão, uma experiência

que o levou a reforçar o rigor e

disciplina da sua vida (apesar da

idade, o seu actual estado de saúde

é descrito como excelente).

Bergoglio, ainda cardeal, com a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e durante uma missa em Buenos Aires

MARIANO SANCHEZ/AFPAFP

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PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | DESTAQUE | 7

CLAUDIA CONTERIS/AFP

Vivemos numa das mais desiguais regiões do mundo [América Latina], a que mais cresceu e menos reduziu a miséria. A distribuição injusta de bens persiste, criando uma situação de pecado social que envergonha os Céus

Temos de evitar a pobreza espiritual da Igreja. Entre uma Igreja que sofre acidentes na rua e uma Igreja que fica doente porque se tornou auto-reverente, não tenho dúvidas que prefiro a primeira

O aborto nunca é a solução. Estamos a falar de duas vidas e ambas devem ser preservadas e respeitadas, pois a vida é um valor absoluto

Bergoglio foi consagrado bispo

titular em 1992, exercendo como

um dos quatro bispos auxiliares da

capital argentina. Seis anos depois

assumiu o cargo de arcebispo de

Buenos Aires e no Consistório de

Fevereiro de 2001 foi nomeado

cardeal do título San Roberto

Belarmino pelo Papa João Paulo II.

Segundo confessou a um repórter

do La Nación, ao chegar ao

Vaticano só pensava nas palavras

do seu pai: “Quando estiveres a

subir, cumprimenta toda a gente.

São os mesmos que vais encontrar

quando estiveres a descer.”

A sua carreira foi quase toda

feita na Argentina — como

sacerdote, professor de Teologia e

Literatura, Psicologia e Filosofi a,

bispo e presidente da Conferência

Episcopal Argentina. Os

vaticanistas assinalam que o novo

Papa não é um insider da Santa Sé.

Ainda assim, “a voz de Bergoglio

tinha peso dentro da estrutura do

Vaticano”, notou o embaixador da

Argentina em Roma, Juan Pablo

Cafi ero, antes da eleição.

Apesar da distância de Roma, o

seu nome tinha sido um dos mais

mencionados durante o processo

de sucessão após a morte de João

Paulo II. Sabia-se que era a segunda

escolha a seguir a Joseph Ratzinger,

o alemão que foi eleito Papa em

2005 e em Fevereiro tomou a

inédita decisão (em mais de 600

anos) de renunciar ao cargo. O

Papa emérito mereceu a primeira

referência de Francisco I.

A sua vida quotidiana é marcada

pela simplicidade e discrição que

a sua ordem religiosa privilegia.

Em Buenos Aires, o arcebispo

vive sozinho, num pequeno

apartamento no segundo andar

do edifício da Cúria, contíguo à

catedral. Na Argentina, desloca-

se de autocarro e metro; quando

viaja para Roma, insiste na classe

económica. Costuma comer

sozinho e raramente aceita

convites para almoços e jantares —

quando quebra o hábito, prefere

os comedores. A sua disciplina de

trabalho é apontada por todos

com quem colabora. É sempre

claro e conclusivo nas reuniões

que preenchem a sua agenda.

Nunca deixa uma mensagem sem

resposta. As paixões do novo

Papa incluem a música clássica,

a literatura (os seus escritores

favoritos são Jorge Luis Borges e

Dostoievski), o clube de futebol

San Lorenzo de Almagro e o tango

argentino.

Entre 1973 e 1979, Bergoglio foi

o superior provincial dos jesuítas

com a difícil missão de orientar a

Companhia de Jesus no arranque

conturbado da ditadura militar,

responsável pela perseguição,

tortura e morte de 30 mil pessoas.

As ordens para os seus irmãos

foram claras: as suas actividades

seriam estritamente religiosas.

O seu relacionamento com as

autoridades políticas dessa época

é motivo de alguma polémica

na Argentina, especialmente

depois da publicação, em 2005,

do livro O Silêncio, do jornalista

Horacio Verbitsky. O autor alegou

que Bergoglio contribuiu para a

detenção, pelas Forças Armadas,

de dois sacerdotes, Francisco

Jalics e Orlando Yorio, em 1976,

ao transmitir as suas “suspeitas

de contacto com guerrilheiros”

e denunciar “confl itos de

obediência”. Verbitsky citou

documentos guardados no

Ministério das Relações Exteriores

e Culto da Argentina que apontam

para esses “comentários orais”;

Bergoglio negou ter colaborado

com a ditadura e argumentou

que falara dos dois sacerdotes

ao Governo para tentar resgatá-

los da Escola de Mecânica da

Armada, onde o regime mantinha

os prisioneiros que depois

desapareciam. O capítulo do livro

que refere esse episódio tem por

título As duas faces do cardeal.

Nos anos mais recentes, travou-

se de razões — publicamente — com

vários Governos. Em 2002, durante

a cerimónia da Revolução de Maio,

disse que a Argentina estava à

beira da “dissolução nacional” e

criticou com violência o pedido

de resgate fi nanceiro negociado

pelo Presidente Eduardo Duhalde,

alegando que não permitiria

resolver os problemas do país.

O arcebispo pediu mesmo aos

argentinos para deixarem de “rezar

ao FMI”, dizendo: “Não vamos

a lugar nenhum, só nos vamos

endividar ainda mais”.

O cardeal também enfrentou

Nestor Kirchner — que chegou

a chamar-lhe o “verdadeiro

representante da oposição”

— e a sua mulher e actual

Presidente, Cristina Kirchner.

O “exibicionismo” e “anúncios

estridentes” que são a imagem de

marca dos Kirchner foram muitas

vezes criticados por Bergoglio,

geralmente nas suas homilias,

onde também evoca a pobreza do

país e o aparente desinteresse em

combater a corrupção.

Jorge Mario Bergoglio numa foto não datada, durante as celebrações de San Cayetano, em Buenos Aires

MultimédiaVeja os vídeos e a coberturaem directo emwww.publico.pt

Page 8: 14 Março - Público

8 | DESTAQUE | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013

NOVO PAPA

Jorge Mario Bergoglio, Papa

Franscico, suscita a esperan-

ça de reformas e a surpre-

sa do nome que escolheu.

Entre as reacções recolhidas

pelo PÚBLICO, religiosos e

leigos destacam sobretudo esses si-

nais, que começam pelo facto de

ser não-europeu, oriundo de uma

região onde o catolicismo cresce,

e que poderá quebrar tradições.

Para já, Bergoglio pôs o mundo a

conjecturar sobre qual Francisco

quis honrar.

“Pode trazer mudança”

O Papa Francisco é “uma escolha

que pode trazer mudança, na ma-

neira de ser e das tradições da Igre-

ja”, antevê ao PÚBLICO o bispo de

Lamego, D. António Couto. Para

além de ser o primeiro sul-ameri-

cano, primeiro jesuíta e primeiro

Francisco, o novo Papa surpreen-

deu, às primeiras palavras, ao pedir

a bênção do povo e baixar a cabeça

para a receber. D. António Couto,

que antes do conclave manifestara o

desejo de que o novo líder da Igreja

Católica viesse da América Latina,

confessa-se “muito feliz” por isso e

pela “ideia de missão, muito forte”

que acredita que vai trazer. Ao mes-

mo tempo, mostra-se curioso por

saber “qual Francisco” Bergoglio

quis honrar, se o italiano de Assis,

se o jesuíta Xavier. Provavelmente os

dois, por uma comum “forte ideia

de missão”.

Francisco de Assis, fundador

da ordem dos Franciscanos, diz,

“mudou o mundo, era próximo

das pessoas e dirigia-se-lhes com

carinho”. Francisco Xavier, jesuíta

que partiu de Lisboa para a Índia,

foi o “apóstolo dos tempos moder-

nos, o seu maior missionário, viveu

com simplicidade, no Oriente, onde

morreu”.

Por seguir o percurso de Bergo-

glio, especialmente desde que esteve

no conclave que nomeou Bento XVI,

o bispo de Lamego sublinha que o

novo Papa é um homem “habituado

a estar muito perto das pessoas e

gosta de estar no meio delas”, está

convicto de que “vai quebrar a dis-

tância, a barreira de segurança que

o separa das pessoas”. “Veremos se

a Igreja conseguirá manter todos os

seus protocolos.”

D. António Couto, que é também

um dos grandes biblistas portugue-

ses, sublinha ainda que a América

Latina é uma das zonas do globo

onde a Igreja “está pujante e cheia

de vida, onde fi cam os dois maiores

países católicos do mundo, o Brasil

e o México”. A vizinha Argentina,

sobretudo depois dos últimos 25

anos, período durante o qual o ca-

tolicismo cresceu, “foi buscar muita

força à ideia de missão”. A mesma

que acredita que vai agora fazer a

diferença, a partir de Roma.

“Um reformador da Cúria”

O padre e teólogo Anselmo Borges

não fi cou surpreendido com a es-

colha do argentino Jorge Bergoglio.

“Era uma das fi guras que tinha em

mente. Já recebeu muitos votos

em 2005 quando foi eleito o Papa

Bento XVI”, disse ao PÚBLICO. “A

escolha foi muito rápida porque

foi preciso encontrar uma terceira

fi gura que fosse aceite pelas duas

correntes do conclave”. Sobre o fac-

to de os cardeais terem escolhido

um argentino, disse que “é um Papa

de fora da Europa, mas tem uma

formação e referências europeias”.

Borges sublinha o despojamento

do arcebispo de Buenos Aires e diz

Sermão de S. Francisco de Assis aos Pássaros, de Giotto (séc.XIV)

DR

Francisco, o Papa que suscita a visão de reforma e a surpresa do nome

A ideia de missão, de mudança, de abertura a uma Igreja jovem e viva, de um optimismo que se opõe ao cansaço europeu dominam as reacções à escolha de Jorge Mario Bergoglio

que a escolha do nome tanto pode

estar relacionada com Francisco

Assis como do jesuíta São Francis-

co Xavier. “É um homem jesuíta,

culto, simples, impoluto. Andava

de transportes públicos em Buenos

Aires. A escolha do nome pode ser

uma referência a São Francisco

Xavier, no sentido da abertura ao

mundo, da continuação do diálogo

inter-religioso, ou São Francisco de

Assis, no sentido da fraternidade e

da alegria, de que temos que voltar

ao Evangelho sem glosa. Com ele,

a constituição da igreja é o Evan-

gelho e não o código de direito ca-

nónico.”

O professor de fi losofi a acredita

que Francisco vai ser um reforma-

dor e que irá tocar em questões co-

mo a do celibato. “Vai ser um papa

reformador da Cúria e vai ter um

papel importante para combater a

pedofi lia entre o clero. Vai integrar

os leigos, tornar o celibato opcional

e ordenar padres casados, e não per-

mitirá que as mulheres continuem a

ser discriminadas, dando-lhes aces-

so ao sacerdócio”.

“Uma igreja global”

O padre Manuel Morujão, jesuíta e

porta-voz da Conferência Episco-

pal Portuguesa, fala em “eleição

surpreendente”, mostrando-se es-

perançado em que seja “uma boa

surpresa”.

“É uma abertura da Igreja, verda-

deiramente católica, ou seja, global.

Vem agora um Papa da América La-

tina e esperamos que traga, para a

igreja universal, a experiência de

uma igreja próxima dos pobres,

jovem e viva, como é a igreja da

América Latina”. Morujão também

refl ecte sobre a escolha do nome.

“O Papa terá como missão reavivar a

O nome de um defensor dos pobres e de um miss

Quando foi eleito cardeal e alguns argentinos queriam viajar para Roma para celebrar, Bergoglio

convenceu-os a dar aos pobres o dinheiro que gastariam na viagem. O episódio é narrado pelo jornal inglês The Guardian, que descreve o novo Papa como tendo uma “abordagem prática” à questão da pobreza. Bergoglio escolheu o nome Francisco, partilhado por dois conhecidos santos da igreja católica — um pela devoção aos pobres, o outro pelo papel de evangelização no Oriente.

S. Francisco de Assis é um santo italiano, que nasceu perto do final do século XII, filho de

um comerciante rico. Perdeu o interesse pela vida de jovem abastado, decidindo viver a ajudar os pobres. Acabou por fundar a ordem religiosa dos franciscanos. É um dos dois santos padroeiros da Itália. Na semana passada, o jornal italiano Il Fatto Quotidiano publicou um artigo com o título “A hora impossível do Papa Francisco I”. O texto elaborava sobre o facto de a vida de Francisco de Assis não se ajustar à vida actual do líder da igreja católica. “O primeiro sinal de mudança na Igreja poderia ser o nome do sucessor de Ratzinger. Da varanda, nunca ninguém anunciou ‘aqui Francisco’”,

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PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | DESTAQUE | 9

O Milagre de São Francisco Xavier, por Rubens (1577-1640)

DRIgreja, começando pela Cúria roma-

na. Penso que evoca vários S. Fran-

cisco da Igreja Católica. São Fran-

cisco de Assis, grande reformador

da igreja, e S. Francisco Xavier, um

dos fundadores da Companhia de

Jesus, à qual o novo Papa pertence.

Naturalmente por ser o primeiro je-

suíta, fi ca na história.”

“Acerta a Igreja com o mundo”

O bispo do Porto, D. Manuel Cle-

mente, considera que a eleição

“é um sinal bonito, importante e

coincidente” da transferência da

Igreja Católica para o hemisfério

sul. D. Clemente considera, à Lu-

sa, que “esta saída do papado da

Europa para a América Latina (…)

acerta o ritmo da Igreja com o rit-

mo do mundo”. O prelado desta-

ca que o facto de o novo Papa ser

da Argentina revela o que se tem

vindo a acentuar “e que é óbvio:

a deseuropeização da Igreja”, ex-

pressando a convicção de que “esta

transferência” será também “em

benefício da Europa”. Manuel Cle-

mente salientou o trabalho de Ber-

goglio “na província eclesiástica a

que presidia até agora em Buenos

Aires”, considerando-a “inovadora

na pastoral, com a religiosidade po-

pular e com este ambiente de novos

movimentos religiosos”.

“Um novo ânimo”

O bispo de Leiria-Fátima, António

Marto, disse à Lusa que, “natural-

mente”, a Igreja Católica Portugue-

sa quer a presença do novo Papa

nas cerimónias do Centenário das

Aparições de Fátima em 2017. Para

o prelado, o facto de Bergoglio ter

sido eleito foi “uma boa escolha”,

vai dar “uma nova respiração, um

novo ânimo à evangelização, porque

traz um optimismo que se opõe a

este cansaço espiritual e moral que

se experimenta na Europa e que

contagia a própria Igreja.”

O bispo acredita que Francisco

“traz a experiência dos problemas

da pobreza e injustiça que se no-

tam nos países da América Latina”

e “um pensamento social para fa-

zer face a este modelo económico

esgotado”.

Marto conhece pessoalmente o

novo papa, “desde o Sínodo dos Bis-

pos em 2005”, e destaca a sua “sim-

plicidade encantadora”, embora ad-

mita que não seja “muito efusivo”. O

bispo sublinha que a Igreja Católica

“deixou de ser eurocêntrica”.

“Não esperava que fosse Francisco”

O xeque Munir, líder da comunida-

de islâmica, declarou que os muçul-

manos “desejam muitas felicidades

e que o diálogo inter-religioso seja

mais permanente”: “Desejamos

uma vida abençoada para toda a

humanidade. [Em relação à escolha

do nome] “não esperava que fosse

Francisco”.

“Que seja bom”

Eliezer Shaidi Martino, Rabino da

Sinagoga de Lisboa, disse esperar

“que continue a relação positiva dos

últimos papas com a comunidade

judaica. Do ponto de vista humano,

que resolva os problemas internos

que afectaram a igreja. E que seja

bom, não só para a comunidade ca-

tólica, dada a infl uência da Igreja e

do Vaticano, mas para o mundo em

geral”.

“Motivo de alegria”

“Esta eleição é um motivo de alegria

para toda a igreja”, disse o porta-voz

do Opus Dei em Portugal, Pedro Gil.

“A simplicidade e a alegria do papa

conquistaram os corações de cren-

tes e não crentes.”

“É altura de meditar”

Dharmesh Pravinkanit, da Comuni-

dade Hindu, disse esperar que “este

Papa venha a transmitir uma mensa-

gem que eleve o moral dos jovens.

É uma altura de meditar, refl ectir,

olhar para o passado e encarar o

futuro com esperança, coragem e

confi ança.”

Homossexuais “desalentados”

A Associação Rumos Novos - Homos-

sexuais Católicos manifestou o seu

“profundo desalento” pela escolha

de Bergoglio, pelas suas posições

contra a homossexualidade e o ca-

samento entre pessoas do mesmo

sexo.

“Neste momento de alegria para

todos nós católicos, não podemos

deixar de partilhar o nosso profun-

do desalento pela escolha do carde-

al argentino para Papa. Enquanto

homossexuais católicos, não nos

podemos esquecer das inúmeras

posições públicas do cardeal Ber-

goglio”. André de Jesus, Luciano Alvarez, Lurdes Ferreira, Miguel Gaspar e LUSA

sionário jesuíta

escreveu o veterano jornalista Maurizio Chierici. “Ele morreu há quase oito séculos, mas ninguém se sentiu na disposição de abraçar a espiritualidade e dedicação absoluta para a vida dos outros.” O artigo citava o parlamentar italiano Raniero La Valle, um dos representantes da esquerda cristã: “Francisco é um nome impossível para a carga de poder com que durante séculos foi construída a infalibilidade do papado, a soberania, o controle formal de cada serviço, a autoridade sobre milhões de fiéis.”

A escolha do nome é uma indicação de como um Papa quer ser visto e do que se

propõe fazer. A prática nem sempre foi seguida, mas tem sido a norma nos últimos cinco séculos. A escolha feita por Bergoglio remete também para S. Francisco Xavier, nascido no início do século XVI, em território que hoje é Espanha. Foi um dos fundadores da Companhia de Jesus, a congregação religiosa de que o novo Papa faz parte: Bergoglio é o primeiro pontífice jesuíta. Francisco Xavier é conhecido pelas missões de evangelização no Oriente. Partiu de Lisboa em 1541, passou por Moçambique e seguiu para a Índia. Esteve também na Malásia e no Japão. Morreu na China. João Pedro Pereira

“Não me surpreende nada

que o novo papa não se-

ja dos Estados Unidos”,

disse ao PÚBLICO Paul

Lakeland, professor de

estudos religiosos na

Fairfi eld University, no Connecticut,

momentos após o anúncio de que o

argentino Jorge Mario Bergoglio seria

o primeiro Papa da América Latina.

“Há uns dias, quando perguntaram a

um cardeal se o novo Papa podia ser

um norte-americano, ele respondeu:

“Não se esqueçam que quem esco-

lhe o papa são os cardeais e não os

jornalistas.”

“Estou certo de que os católicos

americanos gostariam que um car-

deal dos EUA tivesse sido escolhido

para Papa, mas isso não era muito

provável”, diz Mike Allison, um pro-

fessor da Universidade de Scranton,

na Pensilvânia, especializado em po-

lítica da América Central.

O que quer dizer, então, para os

EUA, que o novo Papa seja latino-

americano? “Cerca de 50 milhões

de pessoas que vivem nos EUA têm

origens latino-americanas. Tenho a

certeza de que estão orgulhosos pelo

facto de a região do mundo com mais

católicos ter sido reconhecida pelos

líderes da igreja por ter produzido al-

guém sufi cientemente meritório para

ser nomeado Papa”, diz Allison.

“É extremamente importante pa-

ra a igreja católica norte-americana

que este homem [Bergoglio] seja da

América Latina porque o futuro da

igreja católica norte-americana são

falantes de espanhol e não de inglês”,

nota Lakeland. Os hispânicos são a

razão porque os católicos continuam

a representar um quarto da popula-

ção dos EUA, apesar do declínio da

religião entre os católicos tradicio-

nais, de ascendência europeia. Um

em três católicos norte-americanos

é hispânico.

Lakeland também acredita que o

Papa Francisco tentará lidar de for-

ma assertiva com o problema da pe-

dofília na Igreja “É provável que ele

venha a pedir contas aos bispos que

fi zeram menos do que um trabalho

perfeito ao lidar com os escândalos

de abusos sexuais”, diz.

Boa notícia para os EUA

Kathleen Gomes, Washington

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10 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013

Mesmo deputados da maioria questionaram Passos Coelho sobre a conclu

Troika aceita mudanças nas indemnizações por despedimento

Ao fi m de 17 dias de negociações,

troika e Governo chegaram a acor-

do nos temas mais difíceis da sétima

avaliação ao programa português.

Os resultados serão apresentados

amanhã de manhã por Vítor Gaspar

e incluem a aceitação por parte da

troika de mudanças na proposta

de cortes nas indemnizações por

despedimento.

Este foi, durante os trabalhos da

avaliação realizada pelos respon-

sáveis da Comissão Europeia, FMI

e BCE presentes em Lisboa, um

dos temas mais difíceis de gerir. A

troika queria um corte do valor da

indemnização equivalente a 12 dias

de salário por cada ano trabalhado.

E o Governo, apesar de ter entregue

no Parlamento uma proposta que

vai nesse sentido, tentava introdu-

zir alterações para evitar o descon-

tentamento da UGT e um colapso

do acordo tripartido assinado na

concertação social.

Só ontem este dossier fi cou com-

pletamente fechado e, no fi nal, a

troika aceitou rever o regime das

indemnizações por despedimento.

O PÚBLICO apurou que a proposta

fi nal não corresponde totalmente às

pretensões da UGT, mas está garan-

tida a existência de dois escalões.

Praticamente dado como certo, o

primeiro escalão terá como base

de cálculo um valor superior aos 12

dias, o que permitirá diferenciar os

contratos a prazo.

João Proença, líder da UGT, sem-

pre se opôs à solução encontrada

pelo Governo, por considerar que

a média europeia é superior aos 12

dias que fi guram na proposta de lei

que já está na Assembleia da Repú-

blica desde o início do ano. A cen-

tral sindical defende que quando o

despedimento ocorre nos primeiros

anos de contrato, a média europeia

“é muito superior aos 20 dias que

estão agora em vigor em Portugal,

quanto mais em relação aos 12”.

Por isso, propôs a existência de

dois escalões: nos primeiros três

anos, a indemnização correspon-

Resultados da sétima avaliação da troika são apresentados amanhã pelo ministro das Finanças, Vítor Gaspar. Indemnizações e cortes de 4000 milhões de euros foram discutidos entre a troika e o Governo até ao último momento

de a 18 dias e daí para diante a 12.

O recuo obrigará o Governo a re-

formular o diploma que já está na

Assembleia da República. Na maio-

ria, há deputados que defendem

que Álvaro Santos Pereira, ministro

da Economia, deverá retirar a pro-

posta e apresentar uma nova, em

vez de serem os deputados a alterar

a proposta do Governo durante a

discussão na especialidade.

Porém, esta segunda hipótese

evitaria ao Governo ter que nego-

ciar com os patrões uma forma de

compensar este recuo nas indemni-

zações. De resto, as confederações

da Indústria e do Comércio e Ser-

viços já tinham deixado claro que

não aceitariam um aumento dos 12

dias “sem que as empresas tenham

contrapartidas na política fi scal e

no acesso ao fi nanciamento”.

O outro tema quente das nego-

ciações foi o corte permanente na

despesa pública de 4000 milhões

de euros prometido pelo Governo

à troika durante a avaliação ante-

rior. O executivo tentou conven-

cer as instituições internacionais

a dilatar o prazo de aplicação dos

cortes, dando como argumento a

deterioração das condições econó-

micas. A troika insistiu na neces-

sidade das autoridades portugue-

sas cumprirem aquilo que tinham

prometido.

Amanhã, Vítor Gaspar revelará

qual foi o resultado fi nal deste con-

fronto, dando pistas aos portugue-

ses sobre qual o tipo de nova auste-

ridade que irão ter de enfrentar nos

próximos anos. A transformação de

temporárias em permanentes, de

algumas medidas de cortes nas pen-

Crise do euroRaquel Martins, Sofia Rodrigues e Sérgio Aníbal

sões e nos salários dos funcionários

públicos são algumas das possibili-

dades. No entanto, alguns detalhes

poderão fi car reservados para mais

tarde, até porque o executivo ainda

espera a decisão do Tribunal Cons-

titucional sobre cortes na despesa

realizados no OE de 2013.

Um dos resultados da sétima ava-

liação que já está confi rmado é o

adiamento por um ano do objecti-

vo de colocação do défi ce público

nominal em 3% do PIB.

Ontem, no debate parlamentar

de preparação do Conselho Eu-

ropeu, o primeiro-ministro evi-

tou o tema da sétima avaliação. À

pergunta que todos os deputados

faziam – mesmo na bancada da

maioria – sobre a conclusão das

negociações com a troika, Passos

Coelho não quis responder, disse

apenas que “grande parte do tra-

balho estava concluído”, mas que

“alguns documentos não estavam

fechados”. Repetiu apenas a ideia

de fl exibilização do programa. “Faz

todo o sentido que coloquemos em

discussão, como aconteceu na 5.ª

avaliação, a necessidade de fazer-

mos o ajustamento em matéria de

fl exibilização do cumprimento do

nosso programa”, afi rmou.

O PS e toda a oposição insistiram

em saber se o Governo mantém a

intenção de cortar os 4 mil milhões

de euros, mas o primeiro-ministro

não respondeu. António José Se-

guro, secretário-geral socialista,

confrontou Passos Coelho com a

viragem do discurso para o cres-

cimento. E contestou “os bons re-

sultados” que o primeiro-ministro

disse anteriormente ter nas mãos

para mostrar em Bruxelas.

O CDS sugeriu que colocasse em

cima da mesa o desemprego como

um “problema não só económico

como social e político”. Na respos-

ta, Passos Coelho reconheceu que

é preciso “dar mais atenção aos fac-

tores de equidade”, que “não têm

tido em Portugal uma resposta sa-

tisfatória de há muitos anos a esta

parte”. Foi precisamente a falta de

equidade o argumento utilizado

pelo Tribunal Constitucional para

chumbar normas do Orçamento do

Estado de 2012.

Passos Coelho reconheceu ontem que os “factores de equidade não têm tido em Portugal uma resposta satisfatória de há muitos anos a esta parte”

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PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | PORTUGAL | 11

usão das negociações com a troika

MIGUEL MANSO

[A média europeia] “é muito superior aos 20 dias que estão agora em vigor em Portugal, quanto mais em relação aos 12”João ProençaLíder da UGT

União Europeia começa a virar discurso de austeridade mas mantém as políticas

Depois de mais de três anos de uma

dura cura de austeridade imposta

aos países do Sul da União Europeia

(UE) num contexto de recessão eco-

nómica e desemprego galopante,

os responsáveis europeus começam

a reconhecer que precisam de esti-

mular o crescimento e o emprego,

embora sem conseguirem avançar

soluções credíveis.

Este dilema entre austeridade e

crescimento que separa os países do

Norte e do Sul da Europa vai estar

no centro dos debates dos líderes da

UE durante uma cimeira que decor-

re hoje e amanhã em Bruxelas. Sem

surpresas, no entanto, os debates

tenderão a ser dominados pela visão

dos países do Norte, cujas econo-

mias, apesar de um relativo arre-

fecimento no fi m do ano passado,

continuam a fazer a inveja aos países

do Sul – Portugal, Espanha, Grécia

e Itália – todos enterrados numa se-

vera recessão económica.

Para complicar as coisas, o debate

tenderá a ser mais desequilibrado

do que o costume porque um dos

países centrais na defesa do estímu-

lo ao crescimento e ao emprego, a

Itália, chegará à cimeira sem um Go-

verno formado depois das eleições

legislativas de Fevereiro. O que fará

com que Mario Monti, o primeiro-

ministro ainda em funções mas que

foi fortemente penalizado nas urnas

por causa da sua política de auste-

ridade, participe na cimeira numa

posição fragilizada.

De acordo com um diplomata eu-

ropeu, também não se espera um

grande combate antiausteridade

de François Hollande, o Presidente

francês, que procura obter sobre-

tudo a simpatia dos parceiros para

a obtenção de mais um ano face ao

compromisso que assumiu há me-

nos de um ano de reduzir o défi ce

Isabel Arriaga e Cunha, Bruxelas

Desemprego preocupa Durão

Europeu, que os comparou com os

montantes astronómicos disponibi-

lizados pelos 27 para salvar os seus

bancos da falência.

“Se usámos 700 mil milhões de

euros para estabilizar o sistema

bancário, temos de ter pelo menos

o mesmo dinheiro para estabilizar

a geração mais jovem” nos países

mais afectados, afi rmou.

Outras pistas avançadas por Durão

Barroso para estimular a economia

retomam velhas receitas destinadas

a colmatar as lacunas que subsistem

no mercado interno europeu que se

repetem há mais de 20 anos, sem

grande sucesso.

Apesar do discurso, Barroso teve

o cuidado de sublinhar que os estí-

mulos ao crescimento e ao empre-

go não deverão levar os Governos

a “repetir os erros do passado, acu-

mulando novas dívidas e deixando

as reformas estruturais para a com-

petitividade para depois”. Para Bar-

roso, “não deverá haver qualquer

contradição entre a agenda social e

a agenda da competitividade”.

Durão Barroso considera que os números do desemprego são simplesmente inaceitáveis e não têm precedentes

Zona euro espera ultimar amanhã programa de ajuda a Chipre

Negociações arrastam-se desde Junho do ano passado

Os termos do programa de ajuda a Chipre vai estar hoje em discussão entre os líderes da zona euro que se

reunirão depois do primeiro dia de trabalhos da cimeira dos 27 e que será seguida amanhã de um encontro dos ministros das Finanças do euro a partir das 17 horas. Apesar do seu reduzido tamanho, o programa cipriota está a revelar-se particularmente complicado, estando, aliás, as negociações a arrastar-se desde Junho passado. O problema está no montante necessário – cerca de 17,5 mil milhões de euros – que corresponde a quase 100% do PIB. Cerca de 10 mil milhões são necessários para os bancos sobredimensionados num país regularmente acusado de proceder a branqueamento de

capitais, sobretudo da Rússia.O FMI, que participa em

todos os programas de ajuda da zona euro, recusa entrar num programa desta dimensão, alegando que vai agravar a dívida pública cipriota para um nível insustentável de 150% do PIB. Para participar, o FMI quer reduzir a ajuda para 10 mil milhões de euros, devendo os restantes 7,5 mil milhões ser encontrados através de privatizações e, possivelmente, de perdas impostas aos accionistas e aos maiores depositantes dos bancos.

A dificuldade do debate é que os 17 garantem de pé firme há mais de um ano que a Grécia – que foi objecto de uma reestruturação da dívida pública detida por privados – é, e será,

o único caso de participação do sector privado num programa de resgate. Se esta excepção for quebrada para Chipre, criará novo um precedente que abrirá a porta a uma eventual reestruturação da dívida de outros países ajudados, a começar por Portugal.

Sem a participação dos privados, se os 17 do euro não encontrarem outra forma de conseguir as poupanças necessárias, o FMI retira-se do programa abrindo outro precedente relativamente a futuros programas de ajuda, o que para a Alemanha está fora de questão. Segundo um diplomata europeu, “são dois precedentes muito perigosos, o que prova até que ponto Chipre é um problema sistémico”. I.A.C.

orçamental para menos de 3% do

PIB em 2013.

Durão Barroso, presidente da Co-

missão Europeia, procurou fazer a

ponte entre as duas visões sobre a

saída da crise durante um debate

ontem realizado no Parlamento

Europeu (PE) de preparação da ci-

meira de líderes. Isto, apesar de o

seu discurso ter mantido a sua linha

tradicional de defesa da consolida-

ção orçamental e de realização de

reformas estruturais para reforçar

a competitividade das economias e

permitir o regresso do crescimento

e do emprego.

“Há uma desilusão justifi cada com

a lenta retoma da economia real”,

afirmou Barroso, considerando

que “os números do desemprego

não têm precedentes e são simples-

mente inaceitáveis”. “Precisamos de

medidas de curto prazo para refor-

çar as perspectivas do crescimento”

económico, defendeu.

As receitas preconizadas por Bru-

xelas para enfrentar estes proble-

mas são, no entanto, diminutas. O

projecto de conclusões da cimeira

não vai muito além da confi rmação

da criação de um novo programa

dotado de seis mil milhões de eu-

ros para combater o desemprego

jovem, até 2020, nos países mais

afectados.

Este valor, uma gota no oceano

face aos 27 milhões de desemprega-

dos da UE — 11% da população activa

— foi aliás ridicularizado por Martin

Schulz, presidente do Parlamento

Page 12: 14 Março - Público

12 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013

RUI GAUDÊNCIO

RTP quer aumentar taxa audiovisual em 2014 e cortar 21 milhões no pessoal

Os números disponíveis não são mui-

tos e o ministro da tutela, ontem,

no Parlamento, também não trouxe

grandes esclarecimentos. Depois dos

42 milhões de euros disponíveis para

a reestruturação — 30 dos quais para

as rescisões amigáveis —, sabe-se ago-

ra que a intenção da RTP é cortar 21

milhões de euros, já em 2014, à fac-

tura dos gastos com pessoal, que este

ano se cifra nos 76,3 milhões.

A parcela dos custos com pessoal

representa hoje 37% das despesas

e tem que ser encolhida para 28%.

A partir do próximo ano, já sem a

indemnização compensatória que

lhe chega até agora do Orçamento

do Estado, a RTP terá que aprender

a viver com 180 milhões de euros:

140 previsíveis da Contribuição para

o Audiovisual, e o resto de receitas

próprias (publicidade, arquivo e dis-

tribuição dos canais).

Para isso, vai abrir já amanhã as

rescisões amigáveis, cuja primeira

fase se estende até 15 de Maio. Em

seguida, e analisadas as poupanças

alcançadas, se se mantiver o peso dos

custos com pessoal, a equipa lidera-

da por Alberto da Ponte avisa que

“será equacionada como hipótese

última o despedimento colectivo”. A

que se soma a hipótese de um plano

de “mobilidade interna e de outplace-

ment”, desenhado área a área.

No Parlamento, o ministro foi on-

tem questionado pelos deputados da

oposição sobre se estariam em causa

400 postos de trabalho. Miguel Rel-

vas recusou-se a falar sobre o número

de trabalhadores que é preciso redu-

zir aos actuais 2027 dos quadros do

operador público, alegando que isso

depende do processo de rescisões

amigáveis. Falou em cortar 28% dos

custos, mas também em “28% dos

recursos humanos”. Uma confusão

que, embora questionado, não ex-

plicou — e isso corresponderia a 567

trabalhadores.

De acordo com a versão fi nal do

Plano de Desenvolvimento e Redi-

mensionamento da RTP a que o PÚ-

BLICO teve acesso, a administração

tenciona fazer este ano um “estudo

do consumidor-cidadão” para perce-

ber se é possível propor o aumento

da taxa audiovisual já em 2014, de

forma a compensar, em parte, o fi m

tendo em conta que a administração

criticou o facto de a CT ter partilhado

com os deputados um documento

confi dencial e lhe deixou implícita

uma ameaça de sanção disciplinar,

Alberto da Ponte será hoje questiona-

do sobre o mesmo gesto do ministro.

O conteúdo do plano continua a

ser marcado por muitas generalida-

des e uma fi losofi a marcadamente

assente no marketing empresarial. A

CT mantém as queixas de que o do-

cumento não exprime uma estratégia

concertada para a empresa de rádio

e televisão e de que a administração

não partilha informação crucial pa-

ra o processo de negociação. Além

disso, os representantes dos traba-

lhadores defendem que ainda não

se esgotou o prazo de dez dias para

dar o seu parecer obrigatório pela lei

laboral, pelo que o plano, aprovado

anteontem pela administração e “va-

lidado sem alterações e caucionado

politicamente” pelo ministro, é ile-

gal. A CT só recebeu a versão fi nal do

documento na passada sexta-feira e a

equipa de Alberto da Ponte exigiu-lhe

o parecer em três dias. Desde então

têm esgrimido argumentos por carta.

Na senda da redução de custos, “se-

ria criminoso” que a RTP não apro-

fundasse parcerias com a Lusa, disse

Relvas, que admitiu mais partilhas de

meios no estrangeiro mas também

em Portugal — e também reconheceu

a “precarização” do quadro de cola-

boradores da agência. Sobre a Lusa,

o ministro anunciou que voltará a re-

cusar a distribuição de dividendos

do exercício de 2012. Argumentando

ser “moralmente inaceitável” depois

dos constrangimentos orçamentais

que impôs à agência, Relvas espera

que os accionistas privados votem

esta proposta do Estado na assem-

bleia (são precisos 3/4 dos votos).

O secretário de Estado Feliciano

Barreiras Duarte aproveitou para

anunciar que concluiu um “pacote

político-legislativo” sobre o sector da

comunicação social que inclui 25 di-

plomas, alguns dos quais novos. Sem

pormenorizar, disse apenas que vão

de “matérias de regulação, deonto-

logia e acesso à profi ssão até vários

planos de formação para o sector,

empregabilidade e publicidade do

Estado”. Enfi m, matérias que nos

últimos anos têm sido apontadas

como necessitando de uma “avalia-

ção rigorosa”, salientou o secretário

de Estado.

da indemnização compensatória. Po-

rém, o quadro das projecções fi nan-

ceiras só indica um aumento de 2%

da receita da taxa em 2016.

Mas há outro dado a reter destas

projecções: a RTP conta aumentar as

receitas comerciais (de 40 milhões

este ano) em 13% ao ano em 2104 e

2015. Um valor irrealista se se tiver

em conta que a larga fatia dessas re-

ceitas é publicidade. “A publicidade

na TV caiu 18% em 2012, continua

fortemente negativa este ano e não

há previsões de melhoria”, afi rmou

ao PÚBLICO Manuel Falcão, da agên-

cia Nova Expressão, que só vê duas

possibilidades: ou a RTP vai aumen-

tar o número de minutos/hora ou

aumentar as tabelas de preços. Ora,

nem isso vem no plano nem as que-

bras brutais de audiências permitem

subir preços. Acrescente-se que a ad-

ministração estabeleceu como meta

os 22% de audiência para o total da

RTP1 e RTP2 e de 9% para as três rá-

dios, no fi nal de 2014.

A base do documento de 36 pá-

ginas que o ministro deixou ontem

ao presidente da comissão de Ética

e a quem pediu reserva de confi den-

cialidade é o rascunho entregue pela

administração à Comissão de Traba-

lhadores (CT) a 18 de Janeiro. Ora,

Ministro entregou o plano que aprovou à Comissão de Ética, salvaguardando que é confidencial

Ministro limitou-se a anunciar generalidades e remeteu pormenores para a audição de hoje do presidente da RTP. Plano de reestruturação, que trabalhadores dizem ser ilegal, faz previsões de receitas pouco realistas

Comunicação socialMaria Lopes

Antenas internacionais pagas por quem?

Oposição quer Estado a financiar RTP África e Internacional, que custam quase 20 milhões

Miguel Relvas quer fazer dos canais internacionais da RTP “instrumentos estratégicos” no mundo

lusófono. Num artigo publicado ontem em vários jornais dos PALOP, o governante opina sobre áreas editoriais (fora da sua alçada): diz que a RTP África deve privilegiar a “permuta de conteúdos” e a RTP Internacional precisa de “melhor programação”. No Parlamento, defendeu que a RTP deve fazer uma aposta estratégica nestas antenas, mas, questionado pela deputada do BE Cecília Honório sobre de onde sairá a verba para as financiar quando o orçamento da RTP for de 180 milhões, o ministro respondeu que sairá precisamente desse valor.

Ora, em 2011, de acordo com o relatório sobre o cumprimento da missão de

serviço público, os dois canais internacionais custaram, em conjunto, praticamente 20 milhões de euros (10,9 milhões a Internacional, 8,9 milhões a África). Descontando as receitas próprias, esse custo líquido cifrou-se em pouco mais de 13 milhões de euros.

Os deputados da oposição defenderam, tal como a Comissão de Trabalhadores da RTP fizera, que estes canais devem ser financiados pelo Orçamento do Estado, uma vez que é ao Estado que compete financiar o serviço público de rádio e televisão, como determina a Constituição, e porque não deve ser a taxa do audiovisual, cobrada aos lares e empresas nacionais, a pagar conteúdos destinados às emissões de televisão para outros países. M.L.

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14 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013

Impacto do projecto de prevenção do suicídio na Amadora

Fontes: OSPI-Europe; INE

Mortalidade por suicídio provávelPor cada 100 mil habitantes em 2010*

Tentativas de suicídioPor 100 mil habitantes

Evolução do suicídio declarado em comparação com óbitos por acidentes de transporte

ChipreItáliaEspanhaMaltaHolandaReino UnidoBulgáriaAlemanhaRoméniaLuxemburgoDinamarcaÁustriaPortugalSuéciaFrançaRep. ChecaIrlandaEslováquiaBélgicaEU 27EslovéniaFinlândiaPolóniaEstóniaLetóniaHungriaLituânia 40,8

*o suicídio provável é calculado juntando as mortes por suicídio registado como tal com as mortes violentas por causas indeterminadas. Estima-se que mais de 75% destas últimas sejam suicídios

4,7

23,327,7

24,721,8

19,919,819,11918,7

1615,915,515,515,314,3

13,312,912,311,711,6

8,88,78,3

6,55,5

Amadora Concelho onde foiaplicado o projecto

AlmadaConcelho de controlo(onde não foi aplicadoo projecto)

Abril 2009 aMarço 2010

150 115

122 138

Abril 2011 aMarço 2012

0

500

1000

1500

2000

2500

3000Acidentes

Suicídios

2010 201120052000199519901985

958

1012

Doenças mentais afectam mais de dois milhões de portugueses por ano – 23% da população adulta

2 milhõesAnualmente, 400 mil portugueses sofrem de depressão – 7,9% da população adulta

400 milSuicídios estimados em Portugal, por ano. Apenas cerca de 1000 são registados como tal

2000

Prevenção reduziu taxa de tentativas de suicídio na Amadora em 23%

São os primeiros resultados, em Por-

tugal, de um programa de preven-

ção de suicídio desenvolvido a nível

internacional, com fi nanciamento

da Comissão Europeia. Depois de,

ao longo de 18 meses, ter sido posta

em prática uma série de medidas, o

concelho da Amadora registou uma

redução de 23,3% na taxa de tenta-

tivas de suicídio, revela o coordena-

dor português da Aliança Europeia

contra a Depressão, o psiquiatra

Ricardo Gusmão. O plano envolveu

centenas de profi ssionais de diferen-

tes sectores — da saúde às forças de

segurança. E hoje será apresentada

a metodologia desenvolvida.

O projecto chama-se OSPI-Europe

(“Optimização de Programas de Pre-

venção do Suicídio e sua Implemen-

tação na Europa”). Está a ser apli-

cado em quatro países — Portugal,

Alemanha, Hungria e Irlanda, tendo

em vista a sua validação científi ca

— e tem como objectivo “fornecer

recomendações aos decisores polí-

ticos de saúde dos Estados-membros

da União Europeia que permitam

adoptar intervenções de prevenção

do suicídio baseadas na evidência

científi ca, em materiais concretos e

instrumentos” específi cos.

Em cada um dos quatro países fo-

ram escolhidas duas regiões: uma

para aplicar o modelo desenvolvido

pela Aliança Europeia contra a De-

pressão, outra onde nenhuma medi-

da foi adoptada e que servia apenas

como “região de controlo”.

Em Portugal, explica Ricardo

Gusmão, onde de há 15 anos a esta

parte se regista uma “tendência pa-

ra o aumento do suicídio”, algo que

só acontece em mais três países da

União Europeia, a “região caso” foi

o concelho da Amadora (cerca de 176

mil habitantes) e a “região controlo”,

Almada (166 mil).

Em 2009, antes de a estratégia de

prevenção, a taxa de suicídio prová-

vel na Amadora era de 10,5 óbitos

para cada cem mil habitantes e, em

Almada, de 17,5 para cada cem mil

habitantes. O conceito de “suicídio

Projecto está a ser testado em quatro países. Coordenador fala em resultados “signifi cativos”. Dados são hoje apresentados. Ansiolíticos foram usados em três quartos das tentativas de suicídio

provável” é, sublinha o relatório que

hoje será apresentado na Amadora,

uma forma de ultrapassar a impreci-

são do registo de suicídio. Alguns da-

dos apresentados pelo investigador

da Faculdade de Ciências Médicas

da Universidade Nova de Lisboa: em

Portugal, são contabilizados cerca de

mil suicídios por ano, menos de três

por dia. A estes somam-se cerca de

mil mortes anuais por “morte vio-

lenta indeterminada”.

O psiquiatra explica que se estima

que 75% destas mortes indetermi-

nadas sejam “suicídios escondidos”

que, por várias razões (a pressão das

famílias para que algo que ainda é

estigmatizante não seja divulgado é

um dos factores que costumam ser

apontados), não aparecem nos cer-

tifi cados de óbito.

É com base neste indicador — “sui-

cídio provável” — que o investigador

diz que “a taxa anual de suicídio pro-

vável em Portugal pode atingir os 15

por cem mil habitantes”. Seja como

for, “corresponderá a um número

superior a 12 por cem mil, ou seja,

superior ao ofi cial, de 7,22 por cem

mil”. Os cálculos são feitos com base

em dados de 2010. Mas não são con-

sensuais (ver caixa).

Ansiolíticos e suicídioO relatório mostra o que foi feito na

Amadora. Receberam formação 110

profi ssionais de saúde (80% dos en-

fermeiros, 50% dos médicos e todos

os psicólogos e assistentes sociais do

Agrupamento de Centros de Saúde

do concelho) e 423 polícias, padres,

farmacêuticos, professores e ou-

tros.

Centenas de cartões com o con-

tacto de uma linha telefónica, a Voz

de Apoio, foram disponibilizados,

destinados às pessoas que deram

entrada na urgência do Hospital

Professor Fernando Fonseca na se-

quência de “actos auto-agressivos”.

Neste hospital, 1113 profi ssionais as-

sistiram a sessões de sensibilização

e formação.

Constituíram-se os primeiros gru-

pos de auto-ajuda para doentes com

depressão. E 130 mil panfl etos foram

deixados em domicílios e em mais de

cem instituições públicas e privadas.

Houve posters e mupis nas ruas, du-

rante 235 dias, ao longo de 18 meses.

A mensagem foi esta: “A depressão

tem tratamento”, “a depressão é uma

doença real”, e “pode atingir qual-

quer pessoa em qualquer momento”.

Mais: há quem possa ajudar.

Ao longo do período da experiên-

cia, as tentativas de suicídio na Ama-

dora desceram e em Almada (onde a

estratégia não foi aplicada) subiram.

O indicador mais ilustrativo, segun-

do Ricardo Gusmão, é o que mede

o número de tentativas por cem mil

habitantes: a redução na Amadora

foi de 23,3% e a subida em Almada

foi 13,1%. Dados sobre suicídios con-

sumados não existem ainda, diz-se,

mas os efeitos só deverão fazer sentir-

se dentro de três a cinco anos.

Nos dois concelhos analisados, a

maioria (53%) das pessoas que tenta-

ram suicídio apresentava “um diag-

nóstico de perturbação do humor

SaúdeAndreia Sanches

Efeito de imitação

Media não cumprem orientações da OMS

Pais que se suicidam, mas que antes matam os filhos. Empresários com dívidas que se matam também. As

notícias têm sido frequentes, mas Ricardo Gusmão diz que o país não está a assistir a um boom de casos. “Não houve, desde 2007, um aumento que não fosse previsível”, tendo em conta aquela que era a evolução dos suicídios desde os anos 1990. Agora, podemos estar assistir a algo que não é inédito: uma concentração no tempo de um certo tipo de episódios. “E sei que o que irei

encontrar, se fizer esse estudo, é sempre o mesmo: uma grande divulgação por parte da imprensa.” Os casos recentes de pais (sobretudo mães) que levam consigo os filhos, obedecerão a esse padrão, tal como há alguns anos houve um número anormal de suicídios de agentes de segurança, em poucos dias, à medida que as notícias iam saindo: “Os media divulgam identidades, falam dos métodos, dos vizinhos. O efeito mimético é conhecido. Ninguém está a cumprir as orientações da Organização Mundial da Saúde.”

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PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | PORTUGAL | 15

com síndrome depressivo associa-

do”, independentemente de sofre-

rem de outras patologias. “A esqui-

zofrenia estava presente em menos

de 5% dos casos. As patologias da

adição (à excepção do álcool) esta-

vam presentes em 5,7% dos casos e o

alcoolismo estava presente em 10,4%

dos casos.”

Em relação aos métodos, em quase

três quartos dos casos contabilizados

em ambos os concelhos, isoladamen-

te ou em associação a outros méto-

dos, os ansiolíticos do tipo benzodia-

zepinas estiveram presentes. O álco-

ol, isoladamente ou em associação a

outros métodos, estava presente em

16,5% de casos.

O investigador faz questão de

sublinhar que o resultado obtido é

“estatisticamente signifi cativo” e que

existe uma “relação clara de causa-

lidade” entre a redução do suicídio

tentado e o OSPI. “Em números ab-

solutos de tentativas de suicídio, foi

observada uma redução de 18,05%

na Amadora em relação a Almada.”

Mais: houve melhorias ao nível dos

conhecimentos, atitudes e compe-

tências observadas entre os médi-

cos sobre a depressão e os compor-

tamentos suicidários. E a formação

teve ainda impacto noutros grupos

profi ssionais.

Um censo telefónico realizado à

população — mil inquéritos antes da

campanha e outros mil depois — tam-

bém revelou melhorias ao nível dos

conhecimentos e dos “índices de es-

tigma” associados à depressão.

O suicídio, nota Gusmão, “é uma

complicação médica das doenças

mentais, em particular da depres-

são” — doença que afecta 400 mil

portugueses/ano. O relatório que

hoje é apresentado contém dezenas

de recomendações para o prevenir

(ver texto nestas páginas).

DANIEL ROCHA

Estudo estima que pode haver 2000 suicídios por ano em Portugal

Dúvidas

Álvaro de Carvalho contesta números

O director do Programa Nacional de Saúde Mental, e coordenador da Comissão de Peritos para

o Plano Nacional de Prevenção do Suicídio, contesta alguns dados usados no relatório que sintetiza o projecto OSPI-Europe, que hoje será divulgado. Desde logo, Álvaro de Carvalho, que participará na apresentação pública do documento, duvida do número referido de que, em Portugal, em cada ano, morrem cerca de 2000 pessoas por suicídio.

“Há muito que se diz e escreve que o número efectivo de suicídios é bem maior do que o que consta das estatísticas”, disse ao PÚBLICO Álvaro de Carvalho. Mas não há nenhuma metodologia “internacionalmente validada” nem estudos nacionais que permitam dizer com segurança que é correcto fazer o que faz o psiquiatra Ricardo Gusmão, nesse estudo: juntar mortes violentas e suicídios para chegar à taxa de “suicídio provável”. Carvalho admite, contudo, que esta metodologia tem conquistado terreno no estrangeiro, apesar de organismos como o instituto de estatística da Escócia afirmarem que tal resulta numa sobrestimação do número de suicídios.

Carvalho nota ainda que publicações da Aliança Europeia contra a Depressão referem que metodologias como a usada na Amadora têm impacto positivo nas tentativas de suicídio – mas que este não é equivalente nos suicídios consumados. E questiona se serão comparáveis dois concelhos, Amadora e Almada, tão diferentes. Aguarda, contudo, mais dados. E espera que todos participem no debate em torno do plano que a comissão que coordena, e à qual chegou a pertencer Ricardo Gusmão, entregará ao Ministério da Saúde até ao fim de Março. A.S.

Há poucos estudos internacionais

que contabilizem o impacto econó-

mico do suicídio. Mas essa é uma

das preocupações do projecto OS-

PI-Europe. Ao mesmo tempo que se

quer desenvolver uma metodologia

científi ca de prevenção do suicídio,

pretende-se saber quanto podem os

países poupar se o prevenirem. Em

Portugal, os custos económicos, di-

rectos e indirectos, de cada suicídio

ascendem aos 300 mil euros.

O valor foi calculado para Portu-

gal, no âmbito do projecto OSPI, por

David McDaid, especialista da Lon-

don School of Economics (LSE), que

faz parte do consórcio OSPI — onde

estão investigadores e médicos de

instituições de 10 países.

Num artigo publicado pela LSE,

em 2010, McDaid defende a impor-

tância destes números: serão cal-

culados porque poderão constituir

“uma motivação adicional para que

se faça um esforço de prevenção des-

tas tragédias”.

Dentro dos custos económicos,

distinguem-se os directos (que in-

cluem as despesas dos serviços de

saúde e de emergência, ou os fune-

rais, por exemplo), e os indirectos

(associados à perda de riqueza – “o

suicídio signifi ca que os indivíduos

perdem a oportunidade de con-

tribuir para a economia”, escreve

McDaid).

Mas há ainda os “custos humanos

intangíveis” – estima-se que corres-

pondam a 85% do total (incluem, por

exemplo, o sofrimento vivido pelos

familiares de quem se suicida). Resu-

mindo: 300 mil euros é apenas uma

pequena parte do impacto destas

mortes, a parte que corresponde ao

que é “tangível”, nota o coordenador

português da Aliança Europeia con-

tra a Depressão, Ricardo Gusmão.

No âmbito do projecto serão tam-

bém calculados os custos das ten-

tativas de suicídio – que resultam

muitas vezes em danos graves para

o próprio.

O documento que sintetiza os re-

sultados enumera um conjunto de

ideias que devem, na opinião de Ri-

cardo Gusmão, fazer parte da estra-

tégia nacional de prevenção do sui-

cídio. A meta, diz, deve ser reduzir a

Estudo contabiliza custos directos e indirectos de cada suicídio: 300 mil euros

taxa de suicídio em 15%, até 2017. E a

“visão”, continua, deve ser esta: “O

suicídio é o resultado da interacção

de factores biopsicossociais num mo-

mento de crise e no contexto de uma

doença mental; é uma complicação

médica; a prevenção da depressão e

dos comportamentos suicidiários é

essencial e é uma responsabilidade

partilhada.”

Devem ser defi nidos grupos prio-

ritários: pessoas com perturbação

mental e deprimidas são de “eleva-

do risco”; idosos, desempregados,

doentes crónicos, por exemplo, são

grupos de risco. Mas a prevenção

deve ser feita junto de toda a po-

pulação.

O documento deixa várias reco-

mendações, que passam por melho-

rar o acesso aos cuidados de saúde,

o diagnóstico e a prescrição, “tendo

a depressão como farol” – uma das

expectativas de Ricardo Gusmão é

que na Amadora tenha havido uma

redução da prescrição, por parte dos

médicos, de ansiolíticos do tipo ben-

zodiazepinas, quando é sabido que

Portugal apresenta consumos destes

fármacos bem acima da média.

É ainda preciso organizar os servi-

ços para que haja monitorização das

pessoas que dão entrada nas urgên-

cias pós-actos auto-agressivos; pôr

em prática um plano de formação

de médicos de família, bem como

de “formadores, dirigido a outros

profi ssionais líderes nas suas comu-

nidades” e promover a criação de

grupos de auto-ajuda.

Essencial, sublinha Ricardo Gus-

mão, “é que o plano nacional de

prevenção do suicídio tenha uma

equipa coesa, capaz e competente

e recursos que possa fazer o acom-

panhamento do plano” e que haja

“prestação de contas”. Para que não

seja apenas “um conjunto de medi-

das bonitas no papel”.

“Alcoolismo esteve presente em 10,4% das tentativas de suicídio”Ricardo GusmãoPsiquiatra

David McDaid calculou os custos do suicídio. Diz que devem ser uma “motivação adicional” para agir

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16 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013

RUI GAUDÊNCIO

O parlamento regional debate hoje a terceira moção em três dias

Em apenas uma semana, a Assem-

bleia Legislativa da Madeira agendou

a discussão de três moções sobre a

acção do governo, uma de confi an-

ça pedida pelo Alberto João Jardim

e duas de censura apresentadas pelo

PS e pelo PTP. Estas iniciativas são a

tradução parlamentar da crescen-

te contestação popular às políticas

seguidas pelo executivo regional e

particularmente às consequências

sociais das medidas de austeridade

agravadas impostas pelo seu plano

de resgate.

O ambiente de crispação social tem

sido marcado por protestos contra o

maior agravamento fi scal de sempre,

a recessão sem precedentes, as taxas

recordes de desemprego e de falên-

cias de empresas que, de forma iné-

dita, exigem publicamente os seus

créditos ao governo, acusado de ser

responsável pelos despedimentos e

salários em atraso.

Politicamente, acentua-se tam-

bém a bipolarização regional entre

oposição e PSD que, a nível inter-

no, se confronta com clivagens e

Moções de censuraa Jardim traduzem crescente contestação

disputas, até agora nunca tornadas

públicas, bem patentes nas eleições

internas que mostraram um partido

dividido entre Jardim (51% da vota-

ção) e Miguel Albuquerque (49%),

na expulsão de militantes críticos

e nos confrontos entre dirigentes,

com queixas ao conselho jurisdicio-

nal e ao Ministério Público, como os

dirimidos entre o secretário-geral

Jaime Ramos e o vice-presidente

Miguel de Sousa.

As três moções foram apresenta-

das na sequência de notícias segundo

as quais o Departamento Central de

Investigação e Acção Penal, DCIAP,

estaria prestes a deduzir a acusação à

totalidade dos membros do governo

madeirense pelo crime de prevarica-

ção, como conclusão do inquérito

aberto em Setembro de 2011 à ocul-

tação de dívida pública regional. Nas

nove anteriores legislaturas foram

apresentadas quatro moções de cen-

sura, tantas quantas as apresentadas

desde Maio de 2012, altura em que

o PS retirou a sua proposta devido à

ausência de Jardim. A discussão da

primeira moção, apresentada pela

UDP em 1982, foi inviabilizada pela

ausência do governo e por falta de

quórum provocada pela maioria so-

cial-democrata, que chumbou idênti-

cas iniciativas do PCP em 2008, 2009

e 2011.

Antecipando-se às duas moções

de censura agora apresentadas pelo

PS e PTP, Jardim obteve terça-feira os

votos da maioria social-democrata ao

pedido de confi ança no seu governo,

também ultimamente alvo de protes-

tos populares em actos ofi ciais e à

porta da Quinta Vigia, sua residência

ofi cial. Com dispositivo de segurança

reforçado, o governante foi recebido

com manifestações contra e a favor à

entrada do parlamento, de onde saiu

pela porta traseira para os protestos,

sobretudo de sindicalistas que canta-

ram Grândola, vila morena.

Após ter transformado a moção

de confi ança ao seu governo numa

censura ao executivo da República

e à oposição regional, Jardim faltou

ontem ao debate da iniciativa do PTP,

chumbada pelo PSD. “O regime jar-

dinista usou o dinheiro de forma

fraudulenta em obras desnecessá-

rias [e] entregou a autonomia a Lis-

boa [que usa como] bode expiatório

[e] para desculpar os erros da sua a

governação e o dinheiro mal gasto”,

acusou.

“Que escândalo nacional não have-

ria, se o primeiro-ministro faltasse à

discussão de uma moção de censura

ao Governo na Assembleia da Repú-

blica”, comentou Edgar Silva, do PCP,

que em vão requereu a suspensão do

plenário até que o presidente do go-

verno comparecesse na assembleia.

Ontem, o PS solicitou uma audiência

urgente com o representante da Re-

pública para assegurar a presença

do presidente do governo no debate

da sua moção de censura, agendado

para esta manhã. Mas Ireneu Barreto

não se mostrou disponível.

AutonomiasTolentino de Nóbrega

Presidente do Governo Regional da Madeira volta a faltar hoje ao debate de mais uma moção, a 8.ª em 37 anos de autonomia

Elísio Summavielle já tinha sido apre-

sentado como a escolha do PS para

a Câmara Municipal de Mafra nas

próximas eleições autárquicas. O que

até ontem não se sabia era do con-

vite endereçado pelo ex-secretário

de Estado da Cultura e ex-director

do Instituto de Gestão do Patrimó-

nio Arquitectónico e Arqueológico

(Igespar) à escritora Alice Vieira para

cabeça de lista à Assembleia Munici-

pal de Mafra.

E a reacção a esta candidatura sur-

giu de imediato do partido do qual a

escritora é militante há mais de três

décadas. Ao PÚBLICO Antónia Di-

mas, do PCP, confi rmou que a escri-

tora não “informou previamente” o

partido da sua intenção de se candi-

datar pelo PS, situação que merece,

por isso, ser “discutida internamen-

te” com Alice Vieira.

O PCP considera que o facto de

Alice Vieira alinhar numa lista do PS

não pode deixar de ser entendido co-

mo uma “quebra de compromisso”,

sem, no entanto, clarifi car se poderá

estar na calha a saída da militante do

PCP. Antónia Dimas diz ainda que os

comunistas têm uma análise feita à

situação do país, na qual o PS tem

responsabilidades. Em comunicado,

o PCP insiste que tal opção constitui

em si mesma “uma quebra dos com-

promissos e deveres inerentes a um

membro do PCP”.

Contactada também pelo PÚBLI-

CO, Alice Vieira esclarece que se

considera “uma anónima militante

do PCP” e que olha para as eleições

autárquicas com um grau de especi-

fi cidade maior, em que “as pessoas

e os projectos” contam mais. Será

este o caso de Elísio Summavielle pa-

ra Mafra. “Eu não faço espectáculo

destas coisas, se me expulsarem do

PCP, estão no seu pleno direito, isso

não mudará o meu voto, se entender

votar comunista”, afi rmou.

A candidatura de Alice Vieira é jus-

tifi cada como um “acto de plena ci-

dadania”, antecedida de uma “acção

cívica de décadas, desde os tempos

difíceis da resistência ao salazarismo

e à ditadura até à democracia, com

uma participação viva em todos os

ciclos de mudança”.

PCP chama Alice Vieira por “quebra” de deveres

AutárquicasRita Brandão Guerra

Militante comunista vai ser candidata pelo PS à Assembleia Municipal de Mafra. Escritora não teme expulsão

Breves

Autárquicas

Justiça

Macário afasta-se da recandidatura a Faro pressionado pelo PSD

TC remete para Tribunal de Oeiras prisão de Isaltino

Macário Correia, após ter esgotado todos os recursos para travar a perda de mandato, decidiu não se recandidatar à presidência da Câmara de Faro. A decisão foi divulgada ontem, em comunicado de imprensa assinado pelo vice-presidente do PSD, Jorge Moreira da Silva, após reunião realizada em Lisboa, em que estiveram presentes os deputados eleitos pelo Algarve e dirigentes regionais do partido. A saída de Macário da corrida autárquica, diz o comunicado, foi a pedido do próprio, e deve-se “ao facto de não estar ainda concluído o seu processo judicial e de não querer prejudicar o calendário e a estratégia eleitoral do PSD”. O Tribunal Constitucional já disse que estavam esgotados os apelos.

O Tribunal Constitucional (TC)recusou o recurso de Isaltino Morais, o que deixa agora ao Tribunal de Oeiras a decisão de ordenar o cumprimento da pena de dois anos de prisão efectiva, aplicada ao autarca.Fonte do TC disse ontem à agência Lusa que o recurso de Isaltino, apresentado no dia 4, “foi objecto de decisão sumária de não conhecimento”, o que significa que nem sequer mereceu a apreciação dos conselheiros. O TC revelou ainda que, após notificar o MP e Isaltino, a pena de prisão “transita em julgado”, o que significa que a pena poderá vir a ser cumprida. O Tribunal de Oeiras será agora informado desta diligência, após a qual deverá decidir, nos próximos dias, sobre o cumprimento da prisão do autarca.

Page 17: 14 Março - Público

PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | PORTUGAL | 17

Infarmed acha que médicos devem declarar lápis dados por laboratórios

Esclarecimentos da Autoridade Nacional do Medicamento sobre os artigos oferecidos por delegados de informação médica e farmacêuticas desapareceram ontem do site do organismo para “reformulação”

NELSON GARRIDO

Apenas uma minoria dos médicos tem declarado aquilo que recebe da indústria farmacêutica

Os profi ssionais de saúde são obriga-

dos a declarar publicamente todas as

canetas, lápis e artigos semelhantes

recebidos dos delegados de informa-

ção médica, tal como devem divulgar

os almoços que lhes são oferecidos

pela indústria farmacêutica, escla-

receu a Autoridade Nacional do Me-

dicamento (Infarmed) numa lista de

perguntas e respostas que esteve dis-

ponível para consulta na sua página

electrónica até terça-feira. Ontem,

porém, os esclarecimentos desapa-

receram misteriosamente do site do

Infarmed. Contactado o organismo, a

resposta foi lacónica: as perguntas e

respostas foram “momentaneamen-

te retiradas para reformulação e ac-

tualização”.

Mas a primeira versão do docu-

mento é muito clara: os médicos,

enfermeiros, farmacêuticos devem

declarar ao Infarmed bens como

canetas, lápis, cadernos. “São bens

avaliáveis em dinheiro, pelo que os

mesmos deverão ser declarados”,

justifi ca o organismo. Também a ins-

crição num congresso e as refeições

pagas pelas empresas farmacêuticas

são obrigatoriamente comunicadas,

porque a inscrição “constitui um pa-

trocínio” e a refeição “um bem ava-

liável em dinheiro”.

“É uma vergonha. Isto signifi ca

que temos que declarar esferográ-

fi cas e cafés... Acho muito bem que

haja transparência, mas as declara-

ções de confl ito de interesses deviam

ser feitas quando está em causa o

patrocínio de acções de formação

e o pagamento de palestras”, reage

o presidente da Secção Regional do

Norte da Ordem dos Médicos (OM),

Miguel Guimarães.

Os esclarecimentos entretanto de-

saparecidos foram disponibilizados

pelo Infarmed na sequência da pu-

blicação do artigo 159 do Decreto-Lei

n.º 20/2013 de 14 de Fevereiro (sobre

transparência e publicidade) que dá

aos profi ssionais de saúde, aos labora-

tórios farmacêuticos e às associações

de doentes o prazo de 30 dias para

declarar o recebimento e a oferta de

subsídios, patrocínios, subvenções e

bens avaliáveis em dinheiro.

A Ordem dos Médicos anunciou

na semana passada que vai pedir ao

provedor de Justiça que suscite a in-

constitucionalidade desta legislação,

alegando que poderá estar em causa

o princípio da igualdade (porque o

mesmo tipo de exigência não é feito

a profi ssionais de outras áreas). Num

parecer do respectivo departamento

jurídico, a OM aconselhou, mesmo as-

sim, por cautela, que todos os apoios

acima de 102 euros sejam declarados,

enquanto a situação não se esclarece.

Entretanto, aumenta a um ritmo

lento o número de comunicações re-

gistadas na plataforma electrónica

criada pelo Infarmed para divulgar

os apoios recebidos e concedidos.

Até ontem, só dois laboratórios, di-

vulgavam contribuições. A Pfi zer

declarava, por exemplo, ter dado

um patrocínio de 37 mil euros ao

Fórum Hematológico do Norte, de

14 mil euros à Sociedade Portugue-

sa de Cardiologia e de 2500 euros

à Associação Nacional dos Doentes

com Artrite Reumatóide. Na lista de

“aceitações declaradas” são cada vez

mais os médicos e farmacêuticos que

divulgam patrocínios e bens que re-

cebem da indústria farmacêutica e

alguns referem bens de valores irri-

sórios, como 10 e 50 cêntimos. Mas

ainda são uma ínfi ma minoria, se

pensarmos no total de profi ssionais

de saúde que existem no país.

SaúdeAlexandra Campos

Page 18: 14 Março - Público

18 | PORTUGAL | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013

Breves

Justiça

Ministério Público

Exames

Havia mais 1537 presos em 2012 do que a lotação máxima

Colocação de Cândida Almeida decidida terça-feira

Novas regras para alunos daltónicos, cegos e baixa visão

O número de reclusos nas cadeias portuguesas no final do ano passado era de 13.614, ultrapassando em 1537 lugares a lotação máxima, segundo estatísticas da Direcção-Geral de Reinserção e Serviço Prisionais. Já os suicídios nas cadeias duplicaram em 2012 em relação a 2011, tendo-se suicidado 16 reclusos. Em 2012, por causas várias, morreram nas cadeias 66 presos.

A colocação da procuradora-geral adjunta Cândida Almeida, ex-directora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), será decidida na próxima reunião do Conselho Superior do Ministério Público, programada para terça-feira.Cândida Almeida exerceu, até 8 de Março, as funções de directora do DCIAP, tendo sido substituída no cargo pelo procurador-geral adjunto Amadeu Guerra.

Os enunciados das provas finais de ciclo e exames nacionais com cor vão incluir este ano o código internacional para daltónicos (ColorADD), podendo ser realizadas “indistintamente por alunos normovisuais e daltónicos”. Serão também disponibilizados enunciados específicos para alunos cegos, alunos com baixa visão e alunos com limitações motoras severas.

O abandono escolar no ensino bási-

co em Portugal está actualmente nos

1,7%, indica um estudo apresentado

ontem por David Justino, ex-minis-

tro da Educação e Investigador da

Universidade Nova de Lisboa, du-

rante a 3.ª Conferência da EPIS —

Empresários pela Inclusão Social.

“Isto corresponde a um grupo

de 11.500 miúdos e, embora sejam

números residuais, não devem ser

esquecidos”, salientou David Jus-

tino na apresentação do Atlas do Abandono e do Insucesso Escolar em Portugal, na Fundação Calouste

Gulbenkian, em Lisboa.

O estudo, centrado nas crianças

dos dez aos 15 anos que deixaram

a escola sem o 3.º ciclo do ensino

básico completo, incluindo os que

nunca o frequentaram, faz uma

análise comparativa dos números

do abandono escolar em Portugal

entre 1991 e 2011, quando a escola-

ridade obrigatória ia até ao 9.º ano

(agora está no 12.º). Há 20 anos, es-

sa taxa era de 12,6%. Actualmente

encontra-se nos 1,7%.

“Houve uma redução quantita-

tiva e uma alteração na natureza

do abandono”, explicou. Em 1991,

“o grande pólo geográfi co ligado

ao abandono” estava localizado

no Litoral Norte do país. Com ba-

se nos censos de 2011 verifi cou-se

que “houve uma deslocação para os

distritos do interior”. Embora ainda

não se saibam os motivos desta al-

teração, David Justino avançou que

esta não será “independente da rota

de circulação de algumas minorias

étnicas, que se fi xaram no interior

do país”.

Paços de Ferreira, Lousada e Fel-

gueiras estão entre os municípios

com maior redução da taxa de aban-

dono escolar no período abrangido

pelo estudo.

Quanto ao abandono escolar nos

jovens entre os 18 e os 24 anos que

saíram da escola sem o secundário

completo, incluindo os que nunca o

frequentaram, a taxa caiu de 63,7%,

em 1991, para 27,1%, em 2011.

O estudo indica ainda que, em 20

anos, a escolarização média aumen-

tou de 4,6 anos, em 1991, para 7,4

anos, em 2011. Pampilhosa da Serra

(4,58), Penamacor (4,75) e Idanha-a-

Nova (4,77) fazem parte dos 25 con-

celhos abaixo da média. Em contra-

partida, Oeiras (10,00), Lisboa (9,59)

e Cascais (9,50) situavam-se acima

da média de escolarização.

Abandono escolar caiu para níveis residuais

EducaçãoRita da Nova

NELSON GARRIDO

Mercado do cannabis valeu na UE entre 7 a 10 mil milhões de euros

Há cada vez mais jovens a dedica-

rem-se à venda ou ao cultivo de

droga para ganhar dinheiro, reve-

la um estudo divulgado ontem pela

Comissão Europeia. Em causa está

sobretudo a plantação doméstica de

cannabis.

O impacto da crise económica no

mercado de estupefacientes é um

assunto que preocupa os especialis-

tas, e são poucos os que entendem

que a falta de dinheiro vai levar os

consumidores a abandonar os seus

hábitos. “É expectável que as difi -

culdades económicas façam aumen-

tar os problemas relacionados com

drogas e álcool”, refere um deles no

estudo em causa, desenvolvido pe-

los institutos de pesquisa Trimbus e

Rand Europe. “Se mais gente perder

o emprego e passar a viver abaixo

do limiar da pobreza, aumentarão

as possibilidades de algumas dessas

pessoas usarem substâncias ilícitas

para se evadirem da realidade.” E

por muito que o consumo das drogas

mais caras, como a cocaína, possa

decrescer, o cenário torna-se cada

vez mais propício à expansão do

mercado das substâncias sintéticas,

bem menos dispendiosas e vendidas

em larga escala pela Internet. O rit-

mo de surgimento de novas drogas

tem sido acelerado: nos últimos dois

anos verifi cou-se que todas as sema-

nas surgiu uma nova substância.

Em 2011, foram detectadas pela

primeira vez, através do sistema de

alerta rápido da União Europeia, 49

novas substâncias psicoativas. Este

valor representa o maior número

de substâncias comunicadas num

só ano, tendo sido comunicadas 41

substâncias em 2010 e 24 em 2009.

Dados preliminares relativos a 2012

não revelam uma diminuição, tendo

já sido detectadas mais de 50 subs-

tâncias, refere um comunicado da

da Representação da Comissão Eu-

ropeia em Portugal.

Já o consumo de drogas tradicio-

nais, como a cocaína ou a heroína

estabilizou.

“Gente desempregada e margi-

nalizada pode vir a envolver-se não

apenas no consumo, mas também

no tráfi co”, referem os especialistas.

Há cada vez mais jovens a vender ou cultivar droga por causa da crise económica

“deverá igualmente provocar uma

redução dos fundos consagrados às

políticas de luta contra a droga, em

especial no que respeita aos trata-

mentos e às medidas de redução dos

seus efeitos nocivos”. Os elevados

custos dos programas de substitui-

ção baseados na metadona levaram

alguns Estados-membros da União

Europeia a substituí-los por progra-

mas de abstinência. “Na prática, isto

pode fazer com que os dependentes

acabem por não ter qualquer tipo de

tratamento”, observa outro especia-

lista entrevistado para este estudo.

Isso levará, quase inevitavelmente,

ao aumento dos crimes relacionados

com a obtenção de dinheiro para a

droga. Por outro lado, os fundos de-

dicados às operações policiais de in-

vestigação de redes de narcotráfi co

podem vir a decrescer.

Ninguém sabe bem quais serão as

soluções para evitar que o cenário

piore. Numa tentativa de minorar

o problema, a comissária da União

Europeia responsável pela Justiça,

Viviane Reding, anunciou que pre-

tende propor até ao fi nal do ano le-

gislação mais severa sobre as novas

substâncias psicoactivas e o tráfi co

ilícito. “Temos de actuar a nível da

União Europeia e proteger os nossos

fi lhos”, declarou. Já vários dos es-

pecialistas ouvidos no âmbito deste

estudo falaram das políticas de des-

criminalização, solução adoptada

em Portugal (ver caixa), mas tam-

bém da necessidade de enveredar

por políticas sociais de combate ao

desemprego e à exclusão social.

O estudo estima que na União Eu-

ropeia o mercado de cannabis, a dro-

ga mais consumida pelos europeus,

tenha atingido em 2010 um valor de

mercado de sete a dez mil milhões

de euros.

“O uso de drogas causado pelo de-

semprego e pela exclusão social tam-

bém pode ser visto como uma força

de automedicação”. A pressão dos

consumidores para obterem produ-

tos mais baratos conduzirá os trafi -

cantes a reduzir a qualidade, recor-

rendo a produtos farmacêuticos e

até de uso veterinário. O impacto do

aumento dos chamados “produtos

de corte”, que reduzem a pureza das

substâncias ilícitas, poderá fazer-se

sentir no recurso a hospitais e cen-

tros de saúde.

Mas estas não serão as únicas con-

sequências da crise económica, que

União EuropeiaAna Henriques

Especialistas temem que desempregados passem a usar substâncias ilícitas como forma de escape à realidade

Embora a descriminalização da droga feita em Portugal há uma década não tenha tido os efeitos

contraproducentes que se temia, a medida foi confundida por muita gente com uma pura despenalização do uso de substâncias ilícitas, refere o estudo. Não é assim: embora já não possa ser detido, quem for apanhado com pequenas quantidades de droga para uso pessoal sujeita-se a uma multa. Os autores do estudo sugerem que seja lançada uma campanha pelo Governo para desfazer os equívocos. Por outro lado, são cada vez mais os jovens dependentes de cannabis, pelo que os centros de tratamento não podem dedicar-se apenas aos consumidores de drogas duras.

Caso português em análise

Page 19: 14 Março - Público

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Page 20: 14 Março - Público

20 | LOCAL | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013

Estudo de Mega Ferreira está pronto mas Câmara de Lisboa não o divulga

O escritor, cuja contratação por 19 mil euros gerou polémica, concluiu a sua proposta para os museusem Outubro de 2012. A vereadora da Cultura diz que se está a trabalhar na versão fi nal do documento

JONATAS LUZIA

O Museu da Cidade, no Campo Grande, é um daqueles sobre o qual incide o trabalho de Mega Ferreira

O estudo elaborado por António

Mega Ferreira sobre os museus da

capital foi concluído e entregue à

Câmara Municipal de Lisboa em Ou-

tubro de 2012, mas a vereadora da

Cultura recusa-se a divulgar o seu

conteúdo, com o argumento de que

se trata de “um instrumento de tra-

balho e de apoio à decisão”.

A contratação do escritor e ex-

presidente do Centro Cultural de

Belém, por cerca de 19 mil euros,

foi aprovada pelo executivo cama-

rário em Junho de 2012, com a abs-

tenção dos vereadores dos Cidadãos

por Lisboa (eleitos pelo PS) e do PCP

e com os votos contra do PSD e CDS.

Na altura a oposição contestou es-

sencialmente o carácter “despesis-

ta” desta medida e o facto de não se

ter recorrido a técnicos do municí-

pio para fazer o estudo.

Já a vereadora da Cultura negou

estar a “desvalorizar” os técnicos

da Câmara de Lisboa, alegando que

“uma visão exterior” poderia ser

“vantajosa”. “Mega Ferreira conhe-

ce muito bem a cidade e é um gestor

cultural de grande competência”,

que possui uma “visão estratégica

para Lisboa e para os seus museus”,

afi rmou então Catarina Vaz Pinto.

A encomenda ao escritor tinha

um prazo de execução de quatro

meses, mas desde Junho que nada

se sabe sobre os resultados do tra-

balho contratado. Numa última reu-

nião pública da autarquia, realizada

no fi m de Fevereiro, o social-demo-

crata Victor Gonçalves e o centrista

António Carlos Monteiro pediram

esclarecimentos sobre o assunto. A

resposta de Catarina Vaz Pinto foi

lacónica: “Temos estado em diálogo

permanente com Mega Ferreira. Es-

tamos a ultimar a versão fi nal, para

discussão dentro do executivo”.

Esta resposta não satisfaz o ve-

reador do CDS, que adianta que já

dirigiu vários pedidos de informa-

ção à vereadora da Cultura, a quem

solicitou também uma cópia do es-

tudo elaborado por Mega Ferreira.

“Porque é que não nos facultam o

estudo e estão a escondê-lo? É in-

compreensível, porque o contrato

de prestação de serviços já termi-

nou”, diz António Carlos Monteiro,

que promete insistir no assunto até

que o documento lhe seja fornecido.

O PÚBLICO perguntou a Catarina

Vaz Pinto quando é que o escritor

terminou o seu trabalho, quais fo-

ram as suas principais conclusões

e quando é que se prevê que a cha-

mada “versão fi nal” do documento

esteja pronta e possa ser posta em

prática. “O estudo da autoria de

António Mega Ferreira é um instru-

mento de trabalho e de apoio à de-

cisão, que visa ajudar a defi nir uma

estratégia para os museus da cidade

e, em particular, para o Museu da

Cidade de Lisboa. O documento tem

as suas conclusões praticamente fi -

nalizadas, pelo que oportunamente

serão divulgados os seus contribu-

tos”, limitou-se a responder anteon-

tem a vereadora da Cultura.

Já António Mega Ferreira disse

ao PÚBLICO que entregou a 30 de

Outubro de 2012, “tal como estava

no contrato”, o estudo que lhe tinha

sido encomendado pela Câmara de

Lisboa. O escritor garante que de lá

para cá houve “algumas reuniões

para debater a proposta”.

Mega Ferreira também não quer

revelar quais foram as suas suges-

tões para os museus da capital, por

considerar que essa divulgação cabe

à autarquia, mas adianta que “glo-

balmente foram aceites”.

“Temos estado a trabalhar no seu

aperfeiçoamento, na adequação às

condições que existem”, acrescenta.

“O resto são decisões que a câmara

tem de tomar e nas quais não tenho

de interferir”, conclui o escritor.

Ontem, na reunião da Câmara de

Lisboa, que se realizou à porta fe-

chada e no fi m da qual não foram

feitas declarações aos jornalistas,

Catarina Vaz Pinto fez uma apresen-

tação da política cultural de Lisboa,

mas o trabalho de Mega Ferreira não

terá sido abordado.

MuseusInês Boaventura

Exigidas garantias a fundação

Concessão do Pavilhão Carlos Lopes adiada

A Câmara de Lisboa devia ter votado ontem uma proposta que previa a entrega à Fundação de

Solidariedade Social Aragão Pinto, cujo conselho de administração é presidido pelo candidato à presidência do Sporting Bruno de Carvalho, da reabilitação e exploração do Pavilhão Carlos Lopes. Mas a proposta acabou por ser adiada. A autarquia vai exigir à fundação, que foi a única concorrente ao concurso público lançado em 2012, que apresente uma garantia

bancária e esclareça quais as formas de financiamento de que dispõe. A reabilitação do pavilhão está orçada em cerca de sete milhões de euros, prevendo-se que este equipamento mantenha a sua valência desportiva, permitindo também o desenvolvimento de actividades como conferências. Os vereadores do CDS e do PSD criticaram, soube o PÚBLICO, a extemporaneidade da apresentação desta proposta, por considerarem que poderia interferir com a campanha eleitoral em curso no Sporting.

Page 21: 14 Março - Público

PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | LOCAL | 21

Isaura Morais preside à Câmara de Rio Maior desde 2009

A Câmara Municipal de Rio Maior

celebrou dois contratos por ajuste

directo com uma sociedade de advo-

gados da qual faz parte o vice-presi-

dente da comissão política distrital

do PSD Santarém, liderada pela pre-

sidente daquele município.

Os contratos de consultoria jurí-

dica e patrocínio judicial adjudica-

dos à Matos, Mata, Tomé, Baptista,

Simões e Associados datam de Julho

de 2010 e Agosto de 2012 e corres-

pondem, respectivamente, aos valo-

res de 72 mil e 66.480 euros, perfa-

zendo um total de 138.480 euros. O

montante máximo permitido por lei

para que este tipo de contratos pos-

sa ser adjudicado através de ajuste

directo é de 75.000 euros.

Um dos cinco sócios do escritório

de advocacia escolhido pelo municí-

pio é Ramiro Matos, vice-presidente

da comissão política distrital do PSD

de Santarém, orgão que é presidido

por Isaura Morais, também presi-

dente da Câmara de Rio Maior.

De acordo com o portal electróni-

co onde constam obrigatoriamente

todos os contratos públicos (www.

base.gov.pt), para a adjudicação

efectuada em Julho de 2010 — que

vigorou até Julho de 2012 — não foi

apresentada qualquer fundamenta-

ção para a necessidade de recurso

ao ajuste directo. No contrato de

Agosto de 2012, que vigorará até

2014, essa fundamentação já está

inscrita no portal: “ausência de re-

cursos próprios” [no município].

Carla Rodrigues, deputada na

Assembleia Municipal de Rio Maior

eleita pelo grupo Projecto de Cida-

dania — apoiado pelo Bloco de Es-

querda — , enviou no dia 7 de Março

um requerimento à presidente da

Câmara que tinha como objectivo

perceber “quais os critérios pelos

quais a Câmara se guiou” para a aju-

dicação desses contratos à referida

sociedade, alegando que há na aui-

tarquia “um gabinete jurídico com

cinco licenciados em direito”.

Em resposta, enviada na terça-

feira, a presidente da Câmara in-

forma que o gabinete tem quatro

licenciados em direito, “mas que

não podem assegurar o patrocínio

Câmara de Rio Maior contrata sociedade de advogados de dirigente do PSD

do município nas acções judiciais.”

Isaura Morais diz também que a Câ-

mara reduziu os custos dos serviços

jurídicos face ao mandato anterior.

“No ano de 2008 [mandato PS] o

Município de Rio Maior despendeu

a quantia de €141.919,73 em serviços

jurídicos” e, no presente mandato,

“apenas o valor pago à Sociedade de

Advogados em questão, de €36.000

anuais no âmbito do contrato que

vigorou entre 2010 e 2012, e €33.240

a partir deste último ano.”

Quanto à escolha da sociedade de

Ramiro Matos, a autarca justifi ca-a

com a “confi ança pessoal dos mem-

bros do executivo na sociedade” e

diz que desconhecia a fi liação par-

tidária do advogado “no momento

da celebração do contrato”.

Além das actuais funções na dis-

trital do partido, Ramiro Matos foi

também vice-presidente da Câmara

de Santarém entre 2005 e 2008 (no

primeiro mandato de Moita Flores),

bem como presidente da concelhia

do PSD de Santarém (2002 a 2008) e

da assembleia do mesmo órgão.

Por seu turno, a sociedade Ma-

tos, Mata, Tomé, Baptista, Simões

e Associados endereçou na segun-

da-feira uma carta à presidente da

Câmara onde afi rma que a maioria

dos contratos celebrados entre mu-

nicípios e escritórios de advogados

se processa através do recurso ao

ajuste directo. Na mesma carta lê-se

ainda que a sociedade “não está dis-

ponível para entrar no jogo político-

partidário” e acrescenta que até ao

momento recebeu “a quantia total

do primeiro contrato (72 mil euros)

e apenas 16.620€ do segundo.”

Nem Isaura Morais nem Ramiro

Matos aceitaram prestar declarações

ao PÚBLICO sobre o assunto.

Ajustes directosJoão Pedro Pincha

Presidente da Câmara, que lidera também a distrital do PSD, diz que desconhecia a filiação partidária do advogado que é seu vice

“Os Verdes” querem esclarecimen-

tos do Ministério da Economia e do

Emprego sobre o anúncio feito pelas

transportadoras Vimeca e Scotturb

de que a partir de dia 1 de Abril dei-

xarão de aceitar os passes intermo-

dais a bordo dos seus autocarros.

O partido denuncia as “consequên-

cias claramente devastadoras” que

esta medida terá para os utentes e

pergunta se o abandono do chama-

do passe social poderá levar à res-

cisão dos contratos de concessão

estabelecidos com as operadoras.

“Os Verdes” querem respostas do ministério sobre abandono do passe social pela Vimeca

coligação “Mais Sintra” à presidên-

cia do concelho, o social-democra-

ta Pedro Pinto, esteve reunido com

o secretário de Estado dos Trans-

portes, de quem terá recebido a ga-

rantia de que mesmo que a Vimeca

abandone o passe social o Governo

encontrará alternativas para que

não haja aumentos de preços para

quem viaja na transportadora.

O PÚBLICO reiterou o pedido de

esclarecimentos sobre esta matéria

feito na semana passada ao gabine-

te do secretário de Estado Sérgio

Monteiro, mas mais uma vez não

obteve qualquer resposta. Recen-

temente os municípios de Ama-

dora, Cascais, Odivelas, Oeiras e

Sintra emitiram um comunicado

onde dizem estar “totalmente con-

tra” a decisão da Vimeca, por esta

“acarretar um prejuízo incomen-

surável para os milhares de utentes

do transporte público regular de

passageiros”.

“Esta situação agrava, claramen-

te, os custos de utilização dos trans-

portes, de mobilidade geográfi ca,

de garantia do cidadão ao direito a

um transporte público condigno e

à sua mobilidade, fi cando expostos

a possíveis operações concertadas

de práticas de tarifas, horários e

percursos socialmente injustos, de

medidas economicistas, com ris-

co elevado de penalização para os

utentes e para os trabalhadores”,

dizem “Os Verdes” no documento

entregue ontem na Assembleia da

República.

O deputado José Luís Ferrei-

ra pergunta “que medidas estão

pensadas pelo Governo com vista

à resolução desta situação” e se as

transportadoras, que pertencem ao

mesmo grupo económico, têm ou

não a receber “pagamentos indem-

nizatórios e compensatórios pela

utilização dos passes sociais”.

Também ontem, o candidato da

TransportesInês Boaventura

O partido quer saber se a decisão desta operadora e da Scotturb poderá levar à rescisão dos contratos de concessão em vigor

Número Nacional/Chamada Local

Page 22: 14 Março - Público

22 | ECONOMIA | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013

RAQUEL ESPERANÇA

TAP discute com Governo solução para atenuar cortes e evitar greve

Greve está convocada para 21, 22 e 23 de Março, mas já está a causar fortes impactos na operação da TAP

A administração da TAP está a articu-

lar-se com o Governo para encontrar

uma solução que diminua os impac-

tos da aplicação dos cortes salariais

impostos pelo Orçamento do Estado

para 2013. E, com isso, travar a greve

de três dias convocada pelos sindi-

catos da empresa. Fernando Pinto,

presidente da companhia de aviação,

esteve reunido com três secretários

de Estado esta semana e terá agora de

apresentar propostas para solucionar

este caso.

A reunião decorreu no Ministério

das Finanças, na passada terça-feira.

Do lado da TAP, estiveram presentes

Fernando Pinto e Rocha Pimentel, ex-

director de recursos humanos e actu-

al responsável pela área de relações

laborais. Do lado do Governo, o en-

contro contou com Sérgio Monteiro

(secretário de Estado dos Transpor-

tes), Maria Luís Albuquerque (secre-

tário de Estado do Tesouro) e Hélder

Rosalino (secretário de Estado da Ad-

ministração Pública).

O presidente da transportadora aé-

rea foi convocado para debater as for-

mas de aplicação dos cortes salariais

impostos no Orçamento do Estado

(OE) para 2013, que eliminou a possi-

bilidade de haver regimes de adapta-

ção, como aconteceu em 2011 e 2012.

Este estatuto, concedido à TAP, CGD

e SATA, permitiu encontrar alternati-

vas às reduções efectuadas nos venci-

mentos dos trabalhadores do Estado,

que variaram entre 3,5 e 10%.

Perante as reivindicações da em-

presa, que enviou no início deste ano

um pedido ao Governo para repetir

as adaptações, e dos sindicatos, que

convocaram três dias de greve em

protesto contra os cortes, o Gover-

no decidiu tentar um entendimento.

A ideia é encontrar formas de aplicar

as reduções salariais, sem que isso

resulte em instabilidade laboral.

O caso da CGD, que também pe-

diu para manter a adaptação mas foi

obrigada a cumprir os cortes, está a

servir de base a uma eventual solução

para a transportadora. Isto porque

o banco público encontrou uma for-

ma de não penalizar duplamente os

trabalhadores. Apesar de efectuar as

reduções, vai repor as remunerações

retiradas nos últimos dois anos.

No entanto, o caso da companhia

liderada por Fernando Pinto é dife-

rente e mais difícil de solucionar, por-

que a adaptação a que procedeu em

2011 e 2012 não incidiu tanto sobre os

vencimentos dos trabalhadores.

Uma das componentes mais im-

portantes do regime negociado em

2012, por exemplo, foi a retirada de

um tripulante a bordo dos aviões –

medida que a administração estima

ter permitido poupar 14 milhões de

euros. Ou seja, a situação da TAP não

é tão simples de resolver, porque a

empresa não tem como repor direc-

tamente aos trabalhadores cortes que

fez nos custos operacionais.

Na reunião de terça-feira, fi cou de-

cidido que terá de ser a administra-

ção da companhia a apresentar uma

solução ao Governo, com base na pre-

missa de que terá de criar um equi-

líbrio entre o que devolverá e o que

retirará aos trabalhadores. Fernando

Pinto foi mandatado para realizar es-

te trabalho, a apresentar aos secretá-

rios de Estado em breve. Só depois

de haver um acordo entre as partes

é que os sindicatos serão convocados

para uma reunião formal.

O tempo urge. Além de faltar ape-

nas uma semana para o início da gre-

ve, que está agendada para 21, 22 e

23 de Março, os impactos já estão a

fazer-se sentir. Ontem, a TAP avan-

çou que já foram canceladas 21 mil

reservas desde que os trabalhadores

anunciaram os protestos. A reunião

do tribunal arbitral para defi nir ser-

viços mínimos ocorrerá hoje.

O PÚBLICO questionou os minis-

térios das Finanças e da Economia

sobre a articulação com a TAP e as

probabilidades de entendimento,

mas não obteve resposta. Ainda é ce-

do para saber se a tentativa será bem

sucedida, tal como aconteceu com a

Iberia. A companhia espanhola, que

se fundiu com a British Airways, con-

seguiu escapar à greve de cinco dias

que começaria na segunda-feira. O

protesto foi desconvocado ontem pe-

los sindicatos depois de um mediador

escolhido pelo executivo ter conse-

guido um acordo entre as partes.

Fernando Pinto, presidente da companhia, esteve reunido com três secretários de Estado para discutir as formas de aplicação das reduções salariais exigidas este ano. Administração terá agora de propor soluções

Empresas públicasRaquel Almeida Correia

Bruxelas quer reduzir compensações a passageiros

Cortes nas indemnizações e limites ao apoio prestado pelas companhias

Bruxelas propôs que os passageiros que viajam de avião só possam pedir indemnizações às

companhias se os voos se atrasarem mais de cinco horas. De acordo com a proposta, conhecida ontem, só haverá lugar a indemnização em três situações: atrasos de mais de cinco horas para voos dentro da União Europeia (UE) e internacionais de pequeno curso (menos de 3500 quilómetros de distância), atrasos de mais de nove horas para voos de menos de 6000 quilómetros e atrasos de 12 horas para voos com mais de 6000 quilómetros.

Neste momento, basta um voo atrasar-se três horas para que os passageiros tenham direito a pedir uma compensação. A Comissão Europeia afirma

que este intervalo de tempo se mostrou “demasiado curto” e que a alteração tem o objectivo de “conceder às transportadoras aéreas um prazo razoável para solucionarem o problema e incentivá-las a operar o voo, não se limitando a cancelá-lo”. Quando as companhias não conseguirem, num prazo de 12 horas, retomar a ligação, passarão a ser obrigadas a reencaminhar os passageiros para as alternativas possíveis: empresas concorrentes ou outros meios de transporte.

Os direitos dos passageiros também deverão ser mais limitados no que diz respeito à assistência que as companhias têm de prestar quando há cancelamentos. O apoio aos clientes não tinha nenhum limite de tempo, mas a Comissão

Europeia quer agora confiná-lo a apenas três dias para não pôr em causa a “sobrevivência financeira” das transportadoras.

Há outras mudanças importantes na proposta, como a obrigatoriedade de as companhias darem rapidamente informação aos passageiros quando surge algum imprevisto. Bruxelas quer fixar em 30 minutos o limite para que informem os clientes, contando a partir da hora em que o voo deveria ter partido. Haverá ainda uma maior clarificação no que toca à invocação de circunstância extraordinárias para alterações nos voos – um direito que é concedido às transportadoras aéreas quando acontece uma catástrofe natural, por exemplo, e que as desobriga de pagar indemnizações.

39milhões de euros foi a poupança proposta pela TAP quando pediu a adaptação no início deste ano

Page 23: 14 Março - Público

PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | ECONOMIA | 23

Breves

Crise

Financiamento

Construção perdeu mais 20 mil empregos em Janeiro

QREN apoia 44 projectos com 16,6 milhões de euros

O desemprego no sector da construção aumentou em 20.090 pessoas em Janeiro quando comparado com o mesmo mês de 2012, anunciou ontem a Fepicop na análise de conjuntura mensal. A Federação Portuguesa da Indústria de Construção refere que houve “um aumento histórico do desemprego”, situando-se nos 110.522 trabalhadores do sector. Segundo a federação, “o ritmo da crise agravou-se em 2012 e não dá mostras de abrandar com a entrada num novo ano”, uma vez que o relatório que analisa as expectativas dos empresários indica que os indicadores “registam quebras brutais e insustentáveis, muitas delas históricas, como é o caso do emprego e do licenciamento de fogos novos”.

O Ministério da Economia anunciou ontem a atribuição de 16,6 milhões de euros a 44 projectos na área de tecnologias de informação e comunicação. O financiamento surge, diz o ministério, no âmbito da primeira fase do concurso dos sistemas de incentivos do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN). Os projectos aprovados, diz ainda o ministério, “são promovidos por consórcios constituídos entre empresas e entidades do sistema científico e tecnológico, centros tecnológicos, laboratórios do Estado e associados e outras instituições” privadas e sem fins lucrativos, “com o objectivo partilhado de desenvolverem novos produtos e serviços”.

Paulo Azevedo quer aumentar quota nos mercados em que opera

A Sonae elege como primeiro ob-

jectivo para 2013 a redução do en-

dividamento, em parte devido aos

elevados custos fi nanceiros/spreads

praticados pela banca e que Paulo

Azevedo, presidente executivo do

grupo, considera que “não se jus-

tifi cam actualmente”. O grupo está

também apostado em reforçar a in-

ternacionalização, assente em novos

modelos de negócio, que limitem as

exigências de capital.

Este conceito assenta em duas pre-

missas novas na história do grupo,

uma delas quase revolucionária e que

consiste numa maior disponibilidade

para entrar em negócios de parceria,

ou seja, em que a Sonae não detém

o controlo maioritário do negócio.

Mas o conceito de novo modelo de

negócio vai mais longe, e passa pelo

crescimento através de franquias,

prática já testada nas lojas de roupa

infantil Zippy, e pela aposta crescen-

te na prestação de serviços.

Na sessão de apresentação de con-

tas anuais, ontem no Porto, Paulo

Azevedo reconheceu que os números

dos novos negócios ainda têm pou-

ca relevância nos resultados globais,

mas mostrou confi ança no futuro:

“As novas e promissoras avenidas de

crescimento internacional que temos

descoberto vão mexer nos grandes

números do grupo”, afi rmou.

Num ano em que “não espera me-

Sonae aposta em novos modelos de negócio

lhorias signifi cativas nas economias

dos países do Sul da Europa”, Paulo

Azevedo quer continuar a aumentar

a quota de mercado em Portugal e

rentabilizar a operação de retalho

em Espanha.

Ainda no capítulo da internacio-

nalização, o presidente da Sonae

SGPS, Paulo Azevedo, demonstrou

cautela no ritmo de concretização

dos investimentos em Angola, em

parceria com a empresária Isabel

dos Santos. O CEO da Sonae admi-

tiu que os primeiros hipermercados

Continente poderão abrir em 2014,

mas não excluiu a hipótese de isso

acontecer só em 2015. “É um inves-

timento muito importante” onde o

grupo não quer “arriscar” muito. O

projecto em Angola “está numa fase

em que estamos a aprender a traba-

lhar juntos e a discutir os modelos

operacionais”, afi rmou.

No último exercício, o volume de

negócios totalizou 5379 milhões de

euros, menos 3% do que no ano an-

terior. O EBITDA atingiu 600 milhões

de euros, sem variação face a 2011,

e os lucros caíram 69%, para os 33

milhões, especialmente devido à

redução da dívida líquida e aos pre-

juízos da Sonae Sierra (42 milhões).

O endividamento fi cou nos 1816 mi-

lhões de euros — uma queda de 147

milhões face a 2011.

Apesar da queda de resultados,

a Sonae vai pagar um dividendo de

3,31 cêntimos por acção, referente ao

exercício de 2012, o mesmo valor do

ano passado. No total, serão pagos 66

milhões de euros aos accionistas, o

que representa o dobro do resultado

líquido apurado. Ângelo Paupério,

administrador da Sonae (grupo dono

do PÚBLICO), justifi cou a dimensão

do montante alocado para dividen-

dos com o bom desempenho do cash-

fl ow gerado pelo grupo.

FERNANDO VELUDO/NFACTOS

EmpresasJosé Manuel Rocha e Rosa Soares Custos financeiros contribuíram para forte redução dos lucros e levam grupo a reforçar desalavancagem

Manuel Sebastião está de saída da AdC

As provas recolhidas nas buscas a

15 bancos que, alegadamente, terão

combinado a fi xação de spreads, de

comissões e de serviços no crédito à

habitação e consumo estão nas mãos

do Ministério Público. Manuel Se-

bastião, presidente da Autoridade

da Concorrência (AdC), foi ontem

ouvido na Comissão de Orçamento,

Finanças e Administração Pública,

e adiantou que o caso terá de estar

concluído no espaço de dois anos.

“Um processo destes tem de ser

bem investigado e a investigação

não se faz de um dia para o outro.

Neste momento não temos sequer

as provas que foram recolhidas. Es-

tão em análise técnica no Ministério

Público”, disse, questionado pelos

jornalistas à saída da audiência. Os

documentos serão, depois, enviados

à Autoridade da Concorrência, que

“só aí começará a investigar”.

O regulador decidiu abrir o pro-

cesso de violação de regras de con-

corrência na banca no fi nal do ano

passado. “Não foi na véspera de

acabar o meu mandato”, afi rmou

Manuel Sebastião aos deputados. O

presidente da AdC, que termina a

25 de Março um mandato de cinco

anos à frente do organismo, justifi -

cou que a demora se prendeu com

“todo o processo de buscas que é de-

senvolvido com o Ministério Público

Caso do alegado cartel da banca pode durar dois anos a ser investigado e decidido

e o Departamento de Investigação e

Acção Penal”.

Ontem, o PÚBLICO noticiou que

os responsáveis do Barclays em Por-

tugal tiveram conhecimento de que a

denúncia deste caso partira da sede

do banco britânico em Londres, com

acordo de clemência, depois das

buscas. Manuel Sebastião recusou

explicar como é que a AdC obteve os

“fortes indícios” de cartel na banca

e voltou a frisar que em causa está

“uma troca de informação comercial

sensível entre concorrência, e é isso

que vai ser investigado”.

Apesar da investigação em cur-

so, Manuel Sebastião garante que a

banca portuguesa é credível. “De-

vo dizer que o sector (do qual sou

oriundo e ao qual espero regressar)

é muito dinâmico e concorrencial,

em que os consumidores podem ter

confi ança”, sublinhou. Contudo, “se

há alguma violação de regras de con-

corrência tem de ser investigada e é

isso que estamos a fazer”.

Além disso, esta operação prova

que a nova lei da concorrência fun-

ciona, disse. “Se estava confi ante na

nova lei, fi quei ainda mais com esta

operação”, afi rmou. Para o presiden-

te da AdC, independentemente do

resultado, este caso já teve a vanta-

gem de promover uma refl exão no

sector bancário e nas 15 empresas

envolvidas e do sector bancário “so-

bre o tipo de informação que trocam

com as empresas concorrentes”.

Fazendo um balanço dos cinco

anos de presidência da AdC, Manuel

Sebastião refutou as acusações sobre

a falta de actuação do regulador, di-

zendo aos deputados que a “ideia de

que a AdC em matérias de práticas

proibidas não actuou não tem qual-

quer fundamento”. O número de

processos abertos por infracção às

regras de concorrência chegou aos

93 entre 2003 e 2007, mas desceu

para 61 entre 2008 e 2012. Contu-

do, destacou que foram fechados 101

processos neste período, em compa-

ração com os 34 de 2003-2007.

Manuel Sebastião termina o man-

dato a 25 de Março e já confi rmou

que não vai ser reconduzido. O ad-

vogado e ex-secretário de Estado do

Emprego Luís Pais Antunes é dado

como sucessor, mas ao PÚBLICO

preferiu não fazer comentários so-

bre o tema.

Até à entrada em vigor da nova Lei

Quadro das Entidades Reguladoras,

o nome do novo presidente da AdC

não terá obrigatoriamente de passar

pelo crivo da Comissão de Recruta-

mento e Selecção da Administração

Pública. com Raquel Martins

ConcorrênciaAna Rute Silva

Manuel Sebastião, da Autoridade da Concorrência, diz que as provas estão ainda no Ministério Público

Page 24: 14 Março - Público

24 | ECONOMIA | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013

DANIEL ROCHA

Taxas do crédito ao consumo ultrapassaram os 37% no final de 2012

O Conselho de Ministros deu ontem

luz verde a um conjunto de medidas

de apoio aos consumidores com pro-

blemas fi nanceiros, atacando uma

das fontes de endividamento das

famílias — a dos créditos ao consu-

mo, com taxas elevadas, ou mesmo

“usurárias”, nas palavras do secretá-

rio de Estado adjunto da Economia,

Almeida Henriques.

Através de uma alteração legisla-

tiva (ao Decreto-Lei n.º 133/2009),

que regula e disciplina a defi nição

das taxas de cartões de crédito e cré-

ditos pessoais, o Governo determina

que, a partir de 1 de Julho, a Taxa

Anual de Encargos Global (TAEG)

passe a ter uma nova fórmula de

cálculo e também um tecto máxi-

mo de 27,5% nos cartões de crédito

e descobertos de conta à ordem. A

taxa será de 19,5% para outros cré-

ditos pessoais (lar e sem fi nalidade

específi ca).

Almeida Henriques explicou que

as medidas agora tomadas preten-

dem ser um travão a uma escalada

das taxas de juro no mercado portu-

guês para níveis excessivos, como os

que se atingiram em fi nais de 2012 —

37,4%, com tendência para subir.

A instituição de um tecto máxi-

mo resulta da transposição da Di-

rectiva da Comissão Europeia n.º

2011/90/UE.

Comissões limitadasA partir de agora, os bancos fi cam

ainda obrigados a enviar um extrac-

to periódico aos clientes com crédi-

tos de consumo, à semelhança do

que sucede com o crédito à habita-

ção. Esta informação periódica con-

tribuirá, no entender do Governo,

para uma melhor gestão deste cré-

dito, ajudando a prevenir o endivi-

damento dos consumidores.

O Conselho de Ministros aprovou

ainda um novo regime para os ju-

ros de mora (referentes a atrasos

no pagamento das prestações dos

empréstimos). O anterior regime

datava de 1978 e encontrava-se ma-

nifestamente desajustado da reali-

dade actual, onde têm prevalecido

práticas arbitrárias em relação a ju-

ros e a aplicação de comissões muito

Governo limita taxas de juro do crédito ao consumo e penalizações por incumprimento

penalizadoras para as famílias e as

empresas que se encontram em si-

tuação de incumprimento.

O novo regime, entre outros as-

pectos, limita fortemente a cobran-

ça de comissões bancárias por in-

cumprimento. Admite-se apenas a

cobrança de uma única comissão

bancária por cada prestação ven-

cida e não paga, em vez das actuais

comissões sucessivas (que muito

pesavam sobre os incumpridores,

chegando a ultrapassar muitas vezes

o valor da prestação mensal).

As comissões bancárias passam

a estar limitadas a 4% do valor da

prestação mensal, anteriormente

objecto de práticas discricionárias,

estando ainda balizadas a um valor

mínimo de 12 euros e a um máximo

de 150 euros.

O limite máximo da taxa anual

de juros moratórios é revisto, para

particulares e empresas, passando a

ser fi xado para todas as instituições

de crédito nos 3%, por oposição às

actuais práticas arbitrárias, que tra-

duziam taxas muito variáveis.

Este pacote do Governo surge na

sequência de outras medidas toma-

das em 2012, com destaque para a

criação de mecanismos legais obri-

gatórios de protecção dos clientes

endividados, a revisão e operacio-

nalização do regime dos serviços

mínimos bancários (a 5 euros por

ano), entre outras.

BancaRosa Soares

Conselho de Ministros transpõe directiva europeia que limita os juros que estavam a asfixiar muitas famílias endividadas

Agências privadas de emprego

Governo simplifica criação e reforça coimas

A criação de agências privadas de colocação e emprego será mais fácil e passará a depender apenas

de uma comunicação prévia, deixando de ser necessário passar por um processo de licenciamento. Ao mesmo tempo, serão reforçadas as coimas aplicáveis por incumprimento da lei e será consagrado um tipo de crime para os casos de colocação de trabalhadores no estrangeiro em que a agência não promova o repatriamento.

A proposta de lei aprovada ontem em Conselho de Ministros (CM) “vem confirmar o regime referido com os princípios e regras transpostos de uma directiva comunitária, relativa aos serviços no mercado interna”, respondendo assim a uma exigência da troika que exige a eliminação de um conjunto de barreiras à concorrência em diversos sectores. A ideia é reduzir a carga burocrática associada

à criação destas empresas e aumentar a responsabilização e as coimas, o que implica ter uma inspecção mais actuante. Questionado, o Ministério da Economia e do Emprego garante que “a ACT, no âmbito das suas competências, exercerá a devida fiscalização”.

A proposta revoga ainda a comunicação anual de comprovação de requisitos, que apenas tem de ser apresentada no momento da comunicação prévia aos serviços do ministério, e elimina a obrigação de constituição de caução para garantia de repatriamento de trabalhadores, “que passa a ser facultativa”, frisa o comunicado.

Em Portugal, a existência de agências privadas de emprego tem sido nos últimos anos incipiente e a sua actividade — a promoção da formação e colocação de desempregados — tem-se confundido com a das empresas de trabalho temporário que são em muito maior número. Raquel Martins

O banco BPI voltou ontem a redu-

zir a sua dívida ao Estado, de 1200

milhões para mil milhões de euros,

depois de ter recomprado 200 mi-

lhões de euros de obrigações subor-

dinadas de conversão contingente

(CoCo). A intenção tinha sido anun-

ciada pelo presidente executivo do

banco, Fernando Ulrich, aquando a

apresentação das contas de 2012.

Em Junho do ano passado, o Esta-

do emprestou ao BPI um total de 1,5

mil milhões de euros através de Co-

Co bonds para ajudar a instituição a

reforçar os rácios de capital para os

limites impostos pelas autoridades.

O banco devolveu cem milhões no

fi nal de 2012, após ter pago outros

200 milhões, na sequência de um

aumento de capital.

Em comunicado, o BPI anunciou

ontem que recomprou ao Estado

português “200 milhões de euros

de obrigações subordinadas de con-

versão contingente (CoCo), depois

de obtida a autorização do Banco de

Portugal”, pelo que “o montante de

obrigações (...) que se encontram na

titularidade do Estado Português foi

reduzido de 1200 milhões de euros

para mil milhões de euros”.

O banco acrescenta que o valor

actual “do investimento público no

BPI, no valor de mil milhões de eu-

ros, corresponde a um ganho anual

para o Estado Português de cerca de

52 milhões de euros”, se ele não for

amortizado.

O grupo presidido por Fernando

Ulrich sublinha que “as necessida-

des de capital” do BPI resultaram

“essencialmente do buff er tempo-

rário de capital para exposições a

dívida soberana europeia, após a

recomendação, emitida em 2011,

pela Autoridade Bancária Europeia

(EBA)”.

O BCP (três mil milhões), o BPI

(1,5 mil milhões) e o Banif (1,3 mil

milhões) pediram empréstimos da

linha de recapitalização pública dis-

ponibilizada pela troika. Já o Estado

investiu ainda 1650 milhões de eu-

ros na CGD, neste caso directamente

por ser o seu único accionista e por-

que a instituição está impedida de

usar o mecanismo internacional.

BPI devolve mais 200 milhões ao Estado

BancaCristina Ferreira

Banco liderado por Fernando Ulrich reduziu ontem o nível de financiamento público para mil milhões de euros

Page 25: 14 Março - Público

PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | ECONOMIA | 25

Bolsas

PSI-20 Última Sessão Performance (%)Nome da Empresa Var% Fecho Volume Abertura Máximo Mínimo 5 dias 2013

PSI-20 INDEX 0,04 6066,660 55667715 6062,530 6071,810 6026,860 0,61 7,28ALTRI SGPS SA 1,54 1,914 455864 1,875 1,918 1,875 1,34 20,53BANIF SA 0 0,132 119612 0,132 0,133 0,132 -1,49 -9,59BPI -0,94 1,159 1494613 1,170 1,176 1,154 -1,27 22,91BCP -0,91 0,109 26548363 0,109 0,110 0,109 0 45,33BES 0,1 0,966 10838970 0,963 0,972 0,956 4,32 7,93COFINA SGPS 0,18 0,543 9118 0,548 0,548 0,542 2,26 -7,81EDP 0,21 2,360 6255661 2,357 2,360 2,325 1,51 3,06EDP RENOVÁVEIS 0,74 3,947 860959 3,913 3,947 3,880 -0,15 -1,18ES FINANCIAL 0,08 5,259 21818 5,200 5,259 5,171 -0,47 -0,40GALP ENERGIA -0,46 11,995 1092132 12,070 12,080 11,930 1,99 2,00J MARTINS SGPS 0,29 15,495 428708 15,405 15,550 15,325 -0,9 6,13MOTA ENGIL -1,1 1,884 282025 1,890 1,896 1,867 -4,32 20,23PT -0,42 4,008 2856836 4,026 4,045 3,999 2,31 6,91PORTUCEL 0,96 2,740 83766 2,711 2,743 2,711 -2,02 20,18REN -1,02 2,227 312605 2,251 2,252 2,116 -3,31 8,37SEMAPA 0,32 6,799 12826 6,784 6,799 6,750 -1,07 19,49SONAECOM SGPS 0,64 1,578 310390 1,574 1,578 1,560 2,48 6,55SONAE INDÚSTRIA -0,17 0,596 93590 0,600 0,601 0,591 0,84 21,88SONAE 1,9 0,698 3450086 0,680 0,698 0,680 -0,44 1,60ZON MULTIMÉDIA -0,03 3,381 139773 3,382 3,384 3,350 -3,23 13,84

O DIA NOS MERCADOS

Acções

Divisas Valor por euro

Diário de bolsa

Dinheiro, activos e dívida

Preço do barril de petróleo e da onça, em dólares

MercadoriasPetróleoOuro

ObrigaçõesOT 2 anosOT 10 anos

Taxas de juro Euribor 3 mesesEuribor 6 meses

Euribor 6 meses

Portugal PSI20

Últimos 3 meses

Últimos 3 meses

Obrigações 10 anos

Mais Transaccionadas Volume

Variação

Variação

Melhores

Piores

Últimos 3 meses

Últimos 3 meses

Europa Euro Stoxx 50

BCP 26.548.363BES 10.838.970EDP 6.255.661Sonae 3.450.086PT 2.856.836

Sonae 1,9%Altri 1,54%Portucel 0,96%

Mota Engil -1,1%REN -1,02%BPI -0,94%

Euro/DólarEuro/LibraEuro/IeneEuro/RealEuro/Franco Suíço

5,75

6,25

6,75

7,25

7,75

1,29560,8682124,37

2,5541,2343

0,203%0,325%

108,661589,2

2,999%5,921%

PSI20Euro Stoxx 50Dow Jones

Variação dos índices face à sessão anterior

2550

2600

2650

2700

2750

5300

5550

5800

6050

6300

0,300

0,325

0,350

0,375

0,43

0,04%-0,26%

0,55%

PETER MUHLY/AFP

Banca esteve na base dos problemas financeiros da Irlanda

Michael Noonan, ministro das Fi-

nanças irlandês, não poupou nas

palavras para descrever a emissão

de dívida pública que o país tinha

acabado de concluir: “Foi um resul-

tado extraordinário”, afi rmou en-

tusiasmado, garantindo que o país

está a um passo de conseguir obter

um acesso total aos mercados.

O “resultado extraordinário” de

que Noonan fala foi a colocação, a

uma taxa apenas ligeiramente acima

dos 4%, de 5000 milhões de euros de

títulos de dívida a 10 anos, o prazo

visto como principal referência nas

emissões soberanas a longo prazo.

Como ponto de partida, as autori-

dades irlandesas estavam a apontar

para colocar apenas um valor entre

2000 e 3000 milhões de euros, mas

a procura total da emissão sindicada

fi cou, segundo operadores de mer-

cado citados pela agência Reuters,

acima dos 12.000 milhões, dando a

oportunidade ao Tesouro de elevar

o valor da emissão.

O sucesso numa emissão de dívida

a 10 anos era um dos passos mais

importantes que faltava à Irlanda

para provar que já consegue ter um

acesso efectivo ao mercado e que

pode candidatar-se ao programa de

compras de obrigações do BCE.

O outro país que está a tentar

provar o mesmo é Portugal. E o

próximo passo planeado é preci-

samente o de realizar uma emissão

de dívida pública a 10 anos. No iní-

cio deste ano, Portugal conseguiu,

com sucesso, colocar obrigações

de tesouro com um prazo de cinco

anos. E os responsáveis do Ministé-

rio das Finanças já deixaram claro

que pretendem avançar para uma

emissão a 10 anos assim que surja

uma boa oportunidade. A dúvida

reside em saber quando é que isso

acontecerá.

A Irlanda avançou para a opera-

ção de ontem aproveitando a desci-

da de taxas de juro provocada pela

decisão da UE de alargar os prazos

de amortização de dívida da Irlan-

da e de Portugal, sem se preocupar

com factores de instabilidade como

a incerteza política em Itália (que

também ontem prejudicou duas

Irlanda já faz emissões a 10 anos. E Portugal, quando tentará o mesmo?

emissões de dívida realizadas pe-

la Itália). É possível que o tesouro

português, embalado pelo sucesso

irlandês, tente fazer o mesmo bre-

vemente.

No entanto, é necessário levar em

conta algumas diferenças: as taxas

de juro irlandesas no mercado se-

cundário já se encontram claramen-

te abaixo dos 4% e dos níveis con-

seguidos, por exemplo, pela Itália.

Em Portugal, apesar da tendência

descendente, as taxas das OT a 10

anos estão próximas de 6%.

Além disso, no objectivo de garan-

tir, nos próximos dois anos, o fi nan-

ciamento necessário sem a ajuda da

troika, a Irlanda está numa situação

mais folgada do que Portugal. On-

tem, Michael Noonan calculava que,

com a emissão agora realizada, a Ir-

landa tinha fi cado a 1500 milhões de

euros de assegurar o fi nanciamento

necessário em 2014.

Em termos económicos, também,

a situação irlandesa é mais favorável

do que a portuguesa. É verdade que

muitos problemas ainda persistem,

como um desemprego recorde na

casa dos 14% ou um sistema bancá-

rio muito pouco saudável, mas já se

espera para este ano uma taxa de

crescimento do PIB mais positiva,

ainda que de forma moderada.

Portugal, devido aos emprésti-

mos que ainda está a receber da

troika, não tem a necessidade ab-

soluta de realizar qualquer emissão

de dívida no decorrer deste ano.

Ainda assim, aproveitando este am-

biente favorável aos países perifé-

ricos que se vive actualmente nos

mercados, pode sentir-se tentado

a imitar a Irlanda muito brevemen-

te. Em relação à emissão de cinco

anos, Portugal agiu cinco meses

depois da Irlanda. Quanto tempo

demorará agora?

Crise da dívidaSérgio Aníbal

Irlanda aproveitou, com sucesso, efeito positivo nas taxas da decisão da UE de alargar prazo de amortização de dívida

Em percentagem

Taxas de juro das OT a 10 anos

Fonte: Reuters

0

5

10

15

20

Portugal

Irlanda

Itália

04-01-2011 13-03-2013

3,649

4,667

5,923

Page 26: 14 Março - Público

26 | MUNDO | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013

Chama-se Marxia Rosales. “Sim,

Marxia de Karl Marx.” O irmão

chama-se Marxel. Ideia do pai,

Jose António, um marxista

convicto nos seus 70 anos. Faz

parte de um conselho comunal —

“instância de participação para

o exercício directo da soberania

popular” — Bloco 1, El Silêncio,

Caracas.

Hugo Chávez elegeu o

poder popular como um dos

maiores desafi os do período

2013-2019. O objectivo era, no

fi nal do mandato, ter sete em

cada dez venezuelanos a viver

numa comuna. Até criara o

Ministério do Poder Popular

para as Comunas. “Onde está?

Não funcionou”, reclamou

em Outubro. “As bases estão

lançadas, mas não avançámos

muito na construção do poder

popular.”

Marxia mora na Plaza de

O’Leary, onde tantas vezes se

concentrava quem ia manifestar o

seu apoio a Chávez ao Palácio de

Mirafl ores. Ali, como em grande

parte da cidade, cartazes ou

desenhos mantêm-no presente:

“Chávez vive, a luta segue”; “Até

à vitória sempre, comandante

Chávez; Amamos-te”.

Apesar do seu corpo estar em

câmara ardente, Chávez domina

a campanha para a Presidência.

O rosto de Nicolás Maduro, o

homem que indicou, não se

vê ou vê-se associado ao seu.

“Maduro, desde o meu coração”;

Chávez, juro, o meu voto vai para

Maduro”; “Com Chávez e Maduro,

o meu voto está seguro”.

Para Marxia, “a revolução

está mais forte do que nunca”.

Há uma semana, esteve em Los

Próceres e deparou-se com as

extensas fi las que se formavam

para vê-lo na capela da Academia

Militar — uns com guarda-sol para

armar nas horas de calor, uns

com banquinhos de campismo

para dar algum descanso às

pernas; ora a chorar, ora a rir, ora

a contar histórias, ora a cantar

canções revolucionárias, ora a

gritar palavras de ordem, sempre

acossados por vendedores

ambulantes, uns com comida

rápida, outros com bebida gelada,

outros com as mais variadas

formas de recordações de Chávez.

Acabou por regressar a casa sem

vê-lo. “Tenho um bebé.”

Democracia é envolver-sePara ela, democracia implica

envolvimento. Consoante

os projectos, o Estado pode

transferir verbas, fornecer

meios de produção, dar

acompanhamento técnico

ou formação às organizações

de base. Nenhum dinheiro

chegou ao Bloco 1, El Silêncio,

Caracas. “Os recursos vão para

comunidades mais necessitadas.”

Atrás do seu prédio, de

arquitectura colonial, está o

maior feito do conselho comunal

de que Marxia faz parte.

Mandaram consertar o portão

do parque de estacionamento,

através do qual o conselho

comunal angaria fundos para

pagar a um vigilante e resolver

alguns problemas de quem vive

no quarteirão.

Arranjaram o campo

desportivo, onde crianças e

jovens se divertem; reclamaram

iluminação pública, angariaram

fundos para o parque infantil,

outrora despido, agora completo

— apresentaram o projecto de

recuperação do parque infantil e

receberam os equipamentos para

instalar.

Publicita-se a comuna como

algo autêntico, não como cópia

dos modelos testados na União

Soviética, na Jugoslávia, na China

ou em Cuba. “No início, era uma

experiência”, diz o pai, sentando-

se na mesa da sala. “Depois,

tomou-se consciência de que

esta devia ser a organização dos

grupos sociais”.

O modelo constava na alteração

constitucional rejeitada, por

referendo, em 2007. Dois

anos depois, a lei orgânica dos

conselhos comunais foi aprovada

pelo Parlamento. E essa defi ne-os

como “instâncias de participação,

articulação e integração entre

os cidadãos e as diferentes

organizações comunitárias,

movimentos sociais e populares

que permitem ao povo organizado

exercer o governo comunitário e

fazer a gestão directa das políticas

públicas e projectos orientados às

necessidades”.

Em cada conselho comunal,

há uma assembleia formada

por todos os habitantes da

comunidade, máxima instância

de deliberação, e várias unidades,

cada qual com as suas funções

específi cas. Jose Manuel integra

a unidade de fi nanças, que

gere os recursos fi nanceiros do

conselho comunal, e Marxia a

unidade eleitoral, incumbida de

organizar e conduzir as consultas

populares.

Falta harmonizar o quadro

jurídico para tudo o que a

lei prevê que seja exequível,

comenta o pai. “Este Governo

tem ideias maravilhosas, lança as

coisas com entusiasmo, começa

a dar dinheiro às bases e há gente

que agarra o dinheiro e não

faz o que era suposto e aí eles

começam a exigir mais”, achega

Nancy, a mãe, saindo da cozinha

com a neta ao colo.

As propostas, agora, têm de

estar mais fundamentadas. Os

conselhos comunais, agora, têm

de dar mais garantias.

“Coisa de chavistas”Nas favelas, mobilizam-se mais

pessoas. “Esta comunidade é

um pouco apática”, queixa-

se a rapariga, de 26 anos,

administrativa numa escola,

estudante de Comunicação Social.

“As pessoas não entendem que

é para ajudar a comunidade”,

esclarece a mãe. “Vêem isto como

uma coisa de chavistas.”

A oposição rejeita os conselhos

Vão ganhando forma os conselhos comunais, organizações comunitárias que inspiram os chavistas e assustam os seus opositores. O sonho é o Estado comunal

“Não pode haver um Estado onde todos somos chefes?”

“Primeiro, desaparecerão os conselhos municipais, depois as câmaras, os governos regionais. No fi m, governará o conselho da comuna. A pólis”, diz o professor de História Jose Jimenez: “É um processo de décadas, talvez séculos, já não o verei”

ReportagemAna Cristina Pereira, em Caracas

Page 27: 14 Março - Público

PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | MUNDO | 27

comunais. Líderes como Ramón

Guillermo Aveledo, secretário-

executivo da Mesa da Unidade

Democrática, encaram-nos como

uma tentativa de “desmontar o

Estado federal e descentralizado

que está previsto na Constituição

e [de] instaurar um Estado

comunal, que, com a aparência

de aumento de participação dos

cidadãos, o que faz é fortalecer o

poder do Estado central”.

Tenta perceber-se o Estado

comunal junto do sector

intelectual do Partido Socialista

Unido da Venezuela. Está no

programa que Chávez levou

a votos a 7 de Outubro e que

Maduro recuperou para as

eleições marcadas para 14 de

Abril.

Muito perto da casa de Marxia,

está Jose Jimenez, professor

de História na Universidade

Central da Venezuela, sentado

no seu lugar de director da

Biblioteca Municipal de Caracas.

Os conselhos comunais unir-se-ão

para formar comunas, explica.

“Primeiro, desaparecerão os

conselhos municipais, depois

as câmaras, depois os governos

regionais. No fi nal, o conselho da

comuna governará. É isso o que

se quer. A pólis.” Jose Jimenez

fala sem hesitação: “Isto é um

processo de anos, de décadas,

talvez de séculos, já não verei,

talvez o meu fi lho, que está para

nascer.”

Estamos sonhandoEntusiasma-se, como se falasse

para uma plateia: “Não pode

haver um Estado onde todos

somos chefes? É uma utopia?

Estamos sonhando, estamos a

construir um país diferente”, diz

Jose Jimenez.

“O que está provado? Quando

uma pessoa chega a chefe de

Estado, fi ca ambiciosa, começa

a fazer negócios, torna-se

milionária, já não se importa

com o povo. Nós queremos

responsabilidade de governo e a

responsabilidade de governo não

vem só dos políticos, que dizem

às pessoas o que elas querem

ouvir, também vem da gente que

participa na resolução dos seus

próprios problemas.”

Parece-lhe evidente que

“Chávez marcou a história da

Venezuela”, que nada será igual

depois dele.

“Aqui, não há nada oculto.

Aqui, não há campos de

concentração, nem armas de

destruição maciça. Aqui, há um

povo com consciência. A única

coisa que temos a pedir a todo o

mundo, que pode vir cá quando

quiser, é respeito. Queremos que

o mundo respeite o nosso direito

a determinar o nosso destino.”

As pessoas continuam a

chegar de todos os cantos do

país para vê-lo, a Hugo Chávez.

Mesmo quem não quer passar

por lá sente efeitos na avenida

Intercomunal de El Valle, na

auto-estrada El Valle-Coche e em

Santa Mónica. Pode demorar-se

duas horas para cruzar a Avenida

Intercomunal.

As reportagens na Venezuela sãofinanciadasno âmbitodo projecto Público Mais publico.pt/publicomais

Os restos mortais do escritor chi-

leno Pablo Neruda (1904-1973) vão

ser exumados no dia 8 de Abril. O

objectivo é a realização de testes

científi cos que determinem se foi

envenenado — a mando de Augusto

Pinochet —, conforme revelou recen-

temente o motorista do poeta.

Na exumação, explica a AFP, vai

participar uma equipa multidiscipli-

nar e composta por especialistas de

diversos países: elementos do servi-

ço chileno de medicina legal, uma

equipa forense argentina, especia-

listas espanhóis e observadores da

Cruz Vermelha Internacional.

Neruda morreu 12 dias depois do

golpe de Estado de Pinochet que

derrubou o Presidente Salvador

Allende. A versão ofi cial diz que o

escritor-poeta e diplomata morreu

de cancro na próstata, doença que

segundo o relatório médico, se agra-

vou subitamente, matando-o.

A exumação foi ordenada pelo

juiz Mario Carroza, que é o respon-

sável pelo processo aberto depois da

denúncia de homicídio apresentado

pelo Partido Comunista do Chile, a

que Neruda, que ganhou um Pré-

mio Nobel da Literatura, pertencia.

O motorista deste, Manuel Araya,

disse, em 2011, que Neruda rece-

beu uma injecção letal no hospital

onde estava internado para realizar

tratamentos para o cancro. O seu

testemunho diz que a ditadura de

Pinochet assassinou o poeta antes

de este ter possibilidade de partir

para o exílio, tornando-se uma voz

de peso da oposição.

A revelação do motorista deu for-

ça à tese do PC chileno, que também

considerava que Neruda tinha sido

assassinado. O partido apresentou,

no fi nal do ano passado, uma queixa

junto dos tribunais e a Justiça abriu

um inquérito para apurar a verda-

de. Para isso os investigadores terão

que encontrar tecidos que revelem a

presença ou a ausência de vestígios

do composto dessa injecção.

Uma investigação paralela vai apu-

rar as circunstâncias da morte de

outro opositor, o antigo Presidente

Eduardo Frei (chefe de Estado entre

1964 e 1970), que morreu em 1982

durante uma cirurgia de rotina.

Corpode Neruda exumadoa 8 de Abril

Chile

Justiça chilena investiga hipótese de assassínio depois de motorista revelar que o poeta levou uma injecção letal no hospitalBerlusconi pode ver-se afastado do processo pós-eleitoral

Para 67% eleitores dos italianos,

sobretudo os de centro-esquerda

e aqueles que votaram em Mario

Monti, o melhor seria que os políti-

cos italianos conseguissem resolver

o nó cego que resultou das eleições

legislativas de 24 e 25 de Fevereiro e

conseguissem formar governo, seja

com que coligação for. Os que pre-

feriam ir de novo às urnas em Junho

são apenas 28%, e são quase todos

eleitores de Berlusconi, revela uma

sondagem publicada ontem pelo jor-

nal La Repubblica.

A embrulhada política italiana tem-

se complicado cada vez mais. Beppe

Grilo, o líder do Movimento 5 Estrelas

(M5S), que concentrou o voto de pro-

testo, permanece intransigente na

recusa de uma aliança com o Partido

Democrático (PD, centro-esquerda)

de Pier-Luigi Bersani. Este ganhou as

eleições mas tem um maioria escas-

sa no Senado, que não lhe assegura

condições para governar — esperava

ter o apoio dos senadores M5S, mas

até agora não conseguiu nada.

Já o Povo da Liberdade (PDL), o

partido de centro-direita do ex-pri-

meiro-ministro Silvio Berlusconi tem

andado arredado das negociações,

embora tenha fi cado em segundo,

porque nenhum dos outros parti-

dos quer coligar-se com ele. Mas a

calendarização para esta altura de

uma série de processos judiciais em

Italianos querem governo e não novas eleições

que Berlusconi está envolvido levou-

o a clamar de novo contra o encar-

niçamento, por “motivos políticos”,

da “perseguição” que diz sofrer por

parte dos juízes.

Berlusconi apresentou um atesta-

do médico e internou-se no hospital

devido a uma infl amação nos olhos

para não ir às alegações fi nais do jul-

gamento em que é acusado de pagar

por sexo com uma prostituta menor,

na sexta-feira passada, mas foi obri-

gado a apresentar-se aos juízes na

segunda-feira. Nomes grados do seu

partido manifestaram-se à porta e

dentro do tribunal, falando de “uma

emergência democrática”.

Entretanto, o Ministério Público de

Nápoles avançou com um pedido de

julgamento imediato de Berlusconi

por corrupção, devido à acusação

de um ex-senador, Sergio De Grego-

rio, que diz que o milionário políti-

co lhe comprou a lealdade em 2008,

para ajudar a fazer cair o governo de

Romano Prodi. Os políticos do PD e

M5S têm-se multiplicado em declara-

ções de que votariam para autorizar

a prisão de Berlusconi — o que não

foi pedido.

O PDL foi pedir ajuda ao Presiden-

te Giorgio Napolitano — “um interlo-

cutor em quem confi amos”, disse

Angelino Alfano, secretário-geral do

partido de Berlusconi.

Napolitano, fi gura muito respei-

tada, não desiludiu o PDL, mas dei-

xou consternada a esquerda, porque

depois de receber o presidente do

Conselho Superior de Magistratura,

apelou a que se evitassem “tensões

desestabilizantes.” É compreensível,

disse, “a preocupação em garantir

que o seu líder [do PDL] possa par-

ticipar nesta complexa fase político-

institucional”. “Pobre país”, criticou

Beppe Grillo no seu blogue.

ANDREAS SOLARO/AFP

NegociaçõesClara Barata

Enquanto os partidos não se entendem para formar coligações, o Presidente da República acaba por ter de defender Berlusconi

JORGE SILVA/REUTERS

Page 28: 14 Março - Público

28 | MUNDO | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013

Crianças armadas na cidade de Zayta, ainda leal a Assad

Os colegas e amigos lembram-no

como um homem corajoso e altru-

ísta, uma voz pacifi sta que tentava

fazer-se ouvir no meio do caos e da

violência da guerra. Funcionário

da delegação da União Europeia

na Síria desde 2007, o sírio Ahmad

Shihadeh foi morto na segunda-fei-

ra, num ataque com um rocket em

Daraa, a menos de 100 quilómetros

de Damasco.

A notícia chegou apenas ontem,

acompanhada por um lamento da

alta-representante da União Euro-

peia para os Negócios Estrangeiros

e Política de Segurança, Catherine

Ashton: “Envio as minhas sinceras

condolências à família, aos amigos

e aos seus colegas na delegação. Ah-

mad morreu enquanto distribuía

ajuda humanitária na comunidade

de Deraa. Ahmad era conhecido pela

sua coragem e pelo seu altruísmo”,

lê-se no comunicado assinado pela

também vice-presidente da Comis-

são Europeia.

A declaração ofi cial da União Eu-

ropeia (UE) não faz qualquer refe-

rência à responsabilidade pelo ata-

que. As únicas indicações surgiram

de organizações ligadas à oposição a

Bashar al-Assad. Segundo a BBC, res-

ponsáveis da plataforma das Comis-

sões de Coordenação Local da Síria

avançam que Deraa foi atacada com

dois mísseis e que as forças governa-

Funcionárioda União Europeia morto em ataqueàs portas de Damasco

mentais reforçaram a sua presença

militar na base aérea de Mezzeh, nas

proximidades de Deraa. Também

o Observatório Sírio para os Direi-

tos Humanos, com sede no Reino

Unido, garante que o ataque que vi-

timou o funcionário da delegação

da União Europeia foi lançado por

forças do regime de Bashar al-Assad,

sem avançar pormenores.

A delegação da UE na Síria foi

encerrada temporariamente em

Dezembro, por falta de seguran-

ça, mas Ahmad Shihadeh — um dos

conselheiros para assuntos políti-

cos e económicos — prosseguiu o seu

trabalho humanitário no terreno.

Numa mensagem publicada na pá-

gina no Facebook do Serviço Euro-

peu para a Acção Externa, também

coordenado por Catherine Ashton,

lê-se que o activista sírio “dedicou

as suas energias a causas humani-

tárias e pacifi stas”. “Desde o início

da violência na Síria, foi preso duas

vezes e esteve sete meses detido sem

acusação. Ahmad desenvolveu uma

reputação pelo seu activismo duran-

te uma guerra cada vez mais cruel

na Síria”, lê-se na mensagem.

“Infância debaixo de fogo”Para marcar os dois anos de guerra

na Síria — que começou a 15 de Mar-

ço de 2011 —, várias organizações es-

tão a divulgar esta semana relatórios

sobre a catástrofe humanitária no

país, com especial atenção para a

situação das crianças.

É uma guerra “em que as mulhe-

res e as crianças são as maiores bai-

xas”, sublinhou o director executivo

da organização não-governamental

Save the Children em entrevista à

agência Reuters.

O relatório Infância Debaixo de

Fogo: O impacto de dois anos de con-

fl ito na Síria estima que mais de dois

milhões de crianças necessitam de

assistência e revelam testemunhos

de algumas das “vítimas esquecidas

da guerra horrenda na Síria”, como

Ibrahim, de nove anos: “Tenho sau-

dades dos dias em que a minha mãe

me levava a brincar no parque. A

minha mãe morreu e os meus dois

irmãos mais velhos também. Morre-

ram quando a nossa casa foi bom-

bardeada. Nadeem era meu irmão

e o meu melhor amigo. Gostava de

voltar a brincar e ir para a escola

com ele outra vez”.

Segundo um estudo da Universi-

dade Bahcesehir, em Istambul, cita-

do no relatório, três em cada quatro

crianças sírias entrevistadas perde-

ram pelo menos um dos seus fami-

liares desde o início da guerra.

Síria Alexandre Martins

Trabalhava na delegação da Síria desde 2007 e foi o primeiro elemento da UE a morrer em dois anos de guerra no país

Cerca de 6000 porcos mortos foram

retirados nos últimos dias do rio

Huangpu, a principal fonte de água

da metrópole chinesa de Xangai,

com mais de 20 milhões de habitan-

tes. Mas, até ontem, ninguém sabia

explicar ao certo de onde vinham e

por que tinham morrido.

A principal origem suspeita é o

município vizinho de Jiaxing, on-

de há cerca de 100.000 suinicul-

turas, com 4,5 milhões de porcos

criados por ano, segundo números

avançados pela comunicação social

chinesa.

Os animais mortos começaram a

ser encontrados em grande quan-

tidade já na semana passada, em

cursos de água entre Jiaxing e Xan-

gai, sobretudo no rio Huangpu. Até

anteontem, tinham sido removidas

5916 carcaças.

A população está preocupada com

o impacto sobre a qualidade da água

para consumo humano, que é capta-

da no Huangpu. As autoridades re-

forçaram a frequência de análises à

água da torneira e têm dito que, até

agora, não foi detectado qualquer

problema de poluição.

Ironicamente, medidas de contro-

lo sanitário do comércio da carne de

porco podem ser a explicação para

os animais estarem a ser deitados

ao rio. Com tantas suiniculturas na

região, a carne dos animais velhos

ou doentes tem vindo a alimentar

redes ilegais de comércio, contra

as quais as autoridades de Jiaxing

investiram fi rmemente. Em Novem-

bro, 17 pessoas foram presas, acu-

sadas de vender ilegalmente mais

de mil toneladas de carne obtida de

80.000 porcos mortos por doença

na região, ao longo de três anos.

Três dos acusados foram condena-

dos a prisão perpétua. Ontem, mais

46 pessoas foram condenadas, com

penas de seis meses a seis anos e

meio de prisão, pelo mesmo moti-

vo, segundo a agência de notícias

chinesa Xinhua.

Com a válvula de escape do co-

mércio ilegal fechada, os suinicul-

tores poderão estar a desfazer-se

dos animais mortos simplesmente

deitando-os para o rio.

Milhares de porcos retirados de rio de Xangai

ChinaRicardo Garcia

Cerca de 6000 animais mortos já foram retirados do rio Huangpu, a principal fonte de água da maior metrópole chinesa

O rei Abdullah assinou o decreto autorizando as execuções

A Arábia Saudita executou, por pe-

lotão de fuzilamento, sete homens

condenados à morte por roubo. Riad

ignorou os apelos à clemência feitos

por grupos de defesa dos direitos hu-

manos, que denunciaram um pro-

cesso injusto, em que os arguidos,

alguns ainda menores à data dos cri-

mes, foram sujeitos a tortura e não

tiveram direito a defesa.

“Os sete homens, considerados

culpados de vários assaltos à mão ar-

mada, foram executados quarta-feira

em Abha”, noticiou a agência estatal,

referindo-se a uma das principais ci-

dades no empobrecido Sul do prós-

pero reino saudita. O despacho fala

numa execução pública para que os

condenados “sirvam de exemplo” e

uma testemunha contou à AFP que

os homens, com idades entre os 20

e os 24 anos, “foram fuzilados numa

praça pública da cidade, na presença

de sauditas e estrangeiros reunidos

para a ocasião”.

Os sete sauditas faziam parte de

um grupo de 23 homens presos em

2006 por roubos a joalharias. A

Amnistia Internacional avisou que

os detidos “foram torturados para

confessarem”. “Seria chocante que

as autoridades sauditas realizassem

estas execuções”, acrescentou a Hu-

man Rights Watch (HRW), pedindo

“o fi m da execução de pessoas que

cometeram crimes quando eram

menores”.

Riad ignora apelos e executa sete homens por roubo

Denúncias feitas na primeira pes-

soa por um dos arguidos que, na

semana passada, falou com um jor-

nalista da AP através de um telemó-

vel enviado clandestinamente para

a prisão. “Eu não matei ninguém.

Não tinha sequer arma quando rou-

bámos a loja, mas a polícia torturou-

me, bateu-me e ameaçou espancar a

minha mãe para me obrigar a confes-

sar que tinha uma arma”, disse Nas-

ser al-Qahtani. “Eu só tinha 15 anos.

Não mereço morrer”, lamentou-se,

dizendo que a maioria dos membros

do gang era, como ele, menor.

Ainda na terça-feira, três investiga-

dores de Direitos Humanos da ONU

pediram a Riade que adiasse a execu-

ção, considerando que o julgamento

violou as mais básicas normas inter-

nacionais de justiça. Qahtani contou

à AP que, em seis anos, foi levado

três vezes a tribunal e que em ne-

nhuma delas o juiz lhe atribuiu um

advogado ou deu ouvidos às suas

queixas: “Mostrámos-lhe as marcas

de tortura e de espancamento, mas

ele não nos ouviu.”

Mas o ultraconservador reino sau-

dita, onde a pena de morte é aplicada

para crimes de assalto à mão arma-

da, violação, homicídio, apostasia ou

tráfi co de drogas, ignorou os apelos.

Só que, ao contrário do previsto, os

sete homens não foram decapitados

– uma prática que a Arábia Saudita

anunciou nesta semana que preten-

de abandonar, não por a considerar

desumana, mas devido à “penúria

de carrascos capazes de manejar o

sabre”, escreveu a AFP.

O recurso a pelotões de execução

está ainda a ser analisado pelo Go-

verno, mas os governadores foram já

informados de que este método “não

é contrário à sharia”. Em 2012, 76

pessoas foram decapitadas no país.

AHMED ABDELRAHMAN/AFP

Direitos HumanosAna Fonseca Pereira

Organizações de direitos humanos denunciam tortura e classificam como iníquo o processo judicial

Page 29: 14 Março - Público

www.publico.pt

Chile, 1978. Um homem sonha que é Tony Manero, o rei do disco sound e da “Febre de Sábado à Noite”,

no país feio, porco e mau de Pinochet. Quando a TV estatal anuncia um concurso de sósias

de Tony Manero, ele não olhará a meios para se transformar no seu ídolo. Um filme

do chileno Pablo Larraín, premiado em Turim (Melhor Filme 2008)

e em Roterdão (KNF 2009).

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l.Tony,o meu nome

é Tony Manero.Sexta, 15 de Março, 2.º DVD,

“Tony Manero”, de Pablo Larraín

Page 30: 14 Março - Público

30 | CIÊNCIA | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013

Encosta acima, a bombear oxigénio até ao radiotelescópio ALMA

Duas horas é o tempo máximo

que os visitantes podem fi car

no planalto, cinco mil metros

acima do mar, na companhia

das 57 antenas já instaladas do

radiotelescópio ALMA, grandes

pratos que reluzem ao sol

enquanto escutam as profundezas

do Universo. Ouve-se o aviso dos

paramédicos: “Geralmente, vão ter

dores de cabeça, náuseas e pensam

lentamente, porque não estão

habituados.” Depois, é a partida de

autocarro do Centro de Operações

do ALMA, a 2900 metros, com

uma ambulância atrás.

San Pedro de Atacama, uma

vila no Norte do Chile, de casas de

tijolos de barro e palha, ruas de

terra batida e pouca iluminação,

muito procurada pelos turistas,

fi ca mais abaixo, a 2300 metros de

altitude, num planalto a perder de

vista matizado de cores de terra.

Vegetação quase não há, afi nal aqui

é o deserto de Atacama, um dos

locais mais secos do planeta.

Só quem “passou” no exame

médico é que pode subir até as

antenas do ALMA, o que signifi ca

uma pressão arterial abaixo

dos 9-16, para lá disso a viagem

fi ca completamente interdita.

Quem “passou”, mas à conta,

recebe atenções redobradas dos

paramédicos que seguem no

autocarro, que vão distribuindo

por todos latas de oxigénio e

medindo os seus níveis no sangue

com um aparelho posto num dedo.

Abaixo dos 75% de oxigénio, há

que recorrer às latas de spray, para

que o coração não bata cada vez

mais depressa. Discretamente,

aconselham ainda uma mezinha

menos convencional, para relaxar

e ter energia: folhas de coca.

E é assim a bombear oxigénio e,

nalguns casos, a mascar folhas de

coca que os visitantes seguem até

ao ALMA, o maior radiotelescópio

da Terra, inaugurado ontem. Os

ouvidos dão sinais da altitude,

o ar nem sempre chega para

os pulmões e há prenúncios

de tonturas. Vagarosamente, o

autocarro vence a encosta despida

de vegetação e deixa um rasto

de pó. Este não é um deserto de

areia, é de terra. Plantas, resistem

algumas, ainda que rasteiras, e a

certa altura os cactos destacam-se

na paisagem. Um burro perdido

também. De resto, tirando alguns

homens a manobrar máquinas

para infra-estruturas do telescópio,

não há vivalma. Ao longe, curva

sim, curva não, vê-se a capa branca

no topo do vulcão Licancabur, a

6700 metros de altura.

Quarenta minutos depois, o

planalto de Chajnantor aparece

por fi m no horizonte. Está-se nas

alturas e sob o sol forte do fi nal

da manhã, o brilho das antenas

contrasta com o encarniçado do

terreno. Como orelhas gigantes,

as antenas escutam o Universo,

mais especifi camente a radiação

milimétrica e submilimétrica,

situada entre as ondas rádio e o

infravermelho. O vapor de água na

atmosfera absorve-a e distorce-a,

daí a ideia de pôr o radiotelescópio

o mais alto que se pôde.

Através dessa radiação, cuja

distância de uma crista da onda a

outra é de milímetros ou menos,

o ALMA – um projecto de mil

milhões de euros dos Estados

Unidos, do Canadá, da Europa (via

Observatório Europeu do Sul), do

Japão e Taiwan, com colaboração

do Chile – será usado para olhar

o Universo enquanto jovem. As

primeiras galáxias e estrelas estão

entre os seus alvos. Pretende-se

também olhar para dentro das

nuvens escuras, carregadas de

gases e poeiras, onde nascem as

estrelas e os planetas. É difícil

descortinar o que se passa

dentro das poeiras, mas deixam

passar a radiação milimétrica

e submilimétrica. O ALMA –

Atacama Large Array Millimiter/

submillimiter – é o primeiro

supertelescópio a explorar esta

radiação. Outro grande objectivo

é a procura no espaço interestelar

de moléculas complexas, que são

Como orelhas gigantes, as antenas do radiotelescópio inaugurado ontem escutam o Universo

Para o dia da inauguração do supertelescópio guardou-se uma novidade científi ca: a explosão no nascimento de estrelas deu-se mais cedo na história do Universo

Dança no arranque oficial

E as antenas apontaram-se à Via Láctea

A banda sonora do filme Cinema Paraíso predispôs todos os que estavam na tenda da cerimónia, vindos

de muitas partes do mundo, para a beleza do momento que se seguia: o arranque oficial do radiotelescópio ALMA, ontem, no planalto de Chajnantor, que na língua dos povos indígenas significa “o ponto de partida, de observação”. Sincronizados, os pratos de mais de 50 antenas giraram em comunhão com a música, e a plateia aplaudiu.Segundos antes, o Presidente do Chile, Sebastian Pinera, na tenda no Centro de Operações do ALMA, a 2900 metros de altitude, comunicava com um

astrónomo chileno no planalto de Chajnantor. “António, preciso que ponhas em marcha esta grande aventura da humanidade chamada ALMA.” Dali, via rádio, o astrónomo falou com o Centro de Operações: “Atenção, sala de controlo: apontar o ALMA ao centro galáctico.” E ele, que resulta da junção de 18 países, ficou a escutar o centro da nossa galáxia, a Via Láctea. Na cerimónia, Pinera dirigiu-se aos “amigos e amigas da ciência, da astronomia, do progresso” e prometeu “fazer do Chile a capital mundial da astronomia. O Chile vai concentrar 60% da capacidade de observação do Universo”.

ReportagemTeresa Firmino, em San Pedro de Atacama

ingredientes da vida.

Para a inauguração guardou-

se, aliás, a revelação das últimas

descobertas do ALMA desde que

começou a funcionar em Setembro

de 2011, mesmo sem estar

concluído. Os nascimentos mais

vigorosos de estrelas aconteceram

mais cedo na história de 13.700

milhões de anos do Universo:

foram há cerca de 12.000 milhões

de anos, o que é mil milhões antes

do que se pensava, diz a equipa

de Joaquin Vieira, do Instituto de

Tecnologia da Califórnia, na revista

Nature desta semana, que estudou

26 galáxias cheias de reservatórios

de gases e poeiras.

Mas o que estarão agora a escu-

tar as 57 (serão 66 até ao fi nal do

ano) antenas do ALMA? Cada uma

é um monstro com mais de cem

toneladas. Aproximamo-nos, a pé.

O vento é forte, as mãos gelam,

respirar tornou-se mais difícil. Os

visitantes, jornalistas de vários

países, andam lentamente e quase

Page 31: 14 Março - Público

PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | CIÊNCIA | 31

MARTIN BERNETTI/AFP

cambaleiam. Movimentos bruscos

implicam tonturas maiores.

A astrofísica chilena Laura

Ventura, do Observatório Europeu

do Sul, organização europeia de

14 países, incluindo Portugal,

faz de guia. Via rádio, comunica

com o Centro de Operações

a 2900 metros, o cérebro do

radiotelescópio: “Avisa o operador

da sala de controlo para mover as

antenas. Câmbio.” E elas movem-

se graciosamente como bailarinas,

levantando-se e rodopiando. Lars-

Ake Nyman, chefe de operações

científi cas, diz que o ambiente é

difícil para as pessoas e também

para as antenas, que têm de

aguentar temperaturas negativas.

“Nós não pensamos bem, temos

de usar ckeck lists. Acontece

ligarmos cabos ao lado errado ou

esquecermo-nos de certas coisas.”

Antes da descida até ao Centro

de Operações, visita-se o edifício

que alberga o supercomputador

mais rápido do mundo, como os

responsáveis do ALMA gostam de

dizer, e é aqui que a imensidão

de informações das antenas é

processada e enviada para um

arquivo. Quem trabalha cá em

cima não fi ca mais de oito horas.

O monstro informático – com uma

potência equivalente a três milhões

de notebooks – espalha-se por

várias fi las de “armários”, luzinhas

verdes piscam a toda a hora. Nada

é armazenado aqui: a atmosfera é

tão fi na que isso não é bom para

as hard-drives. O que estará a ver

o ALMA? A que distância? Haverá

alguém noutro lado do Universo

a procurar o mesmo? “O ALMA

é muito sensível para olhar para

galáxias até com 500 milhões de

anos. Mas para isso é preciso que

tenha a sensibilidade total”, diz

Lars-Ake Nyman.

Agora que estamos numa sala,

no edifício do supercomputador,

onde há oxigénio como se

estivéssemos a 3000 metros de

altitude, com vista panorâmica

para as antenas que dançam

novamente, a sonolência e a

moleza atacam. Nas mãos, corre

um formigueiro, a cabeça lateja, há

quem se queixe de náuseas, a pele

ressente-se do sol.

Estes engenheiros põem antenas

a ouvir o Universo e a captar coisas

tão pequenas como moléculas,

identifi cando-as, e até lidam com o

supercomputador mais rápido do

mundo. É de supor que resolvam

problemas num banal computador

de um visitante. Se há sítio no

mundo para recuperar informação

que tanto se quer e que fi cou presa

dentro de um, este deve ser um

deles. Mas nem aqui, como se

descobre no regresso ao Centro de

Operações do ALMA, as máquinas

obedecem. As altitudes elevadas

do deserto de Atacama podem

ter consequências irreversíveis

nos computadores. Lá se vai a

sonolência do excesso de oxigénio,

lá se vai o efeito das folhas de coca.

À cabeça vem o que está escrito na

cabine do telefone de emergência

lá em cima, no planalto, à entrada

do edifício do supercomputador.

“Alma SOS.” Não foi preciso usá-lo,

mas vontade não faltou.

Próximo telescópio depende do Brasil

Portugal não revela se avança

Onome diz tudo, ou quase: Telescópio Europeu Extremamente Grande, ou European Extremely

Large Telescope (E-ELT). A sua construção está aprovada, desde Dezembro de 2012, pelo Observatório Europeu do Sul (ESO), com sede na Alemanha e telescópios no Chile. Falta só garantir o dinheiro e é aqui que o Brasil é uma peça-chave.

O E-ELT será o maior telescópio óptico e infravermelho alguma vez construído. Como o ALMA, este projecto custará cerca de mil milhões de euros. A sua construção – no Monte Armazones, a três mil metros de altitude no deserto de Atacama, no Chile – implica que as quotas anuais dos países aumentem 2% ao ano, de forma cumulativa durante dez anos (a quota de Portugal, indexada ao produto interno bruto, deverá ser 1,8 milhões em 2013, que representa cerca de 1% do orçamento do ESO). Também implica que o Brasil entre para o clube europeu de astronomia.

O número mínimo de países – onde não se inclui Portugal – aprovou a construção do projecto, com início previsto para 2014 e conclusão em 2023. “O Brasil vai pôr 30% do dinheiro. O E-ELT não arrancará sem 90% do dinheiro garantido”, explica André Moitinho de Almeida, presidente da Sociedade Portuguesa de Astronomia. “A questão do orçamento não está definida antes da decisão do Brasil. O caminho e os timings são diferentes se o Brasil entrar ou não”, diz Teresa Lago, representante portuguesa no Conselho do ESO. E Portugal vai participar? “Portugal anunciará a sua participação e condições em momento oportuno”, responde, por escrito, o Ministério da Educação e Ciência. T.F.

Gás obtido a partir de hidratos de metano, em Chikyu

Cientistas e técnicos japoneses de-

ram esta semana mais um passo

rumo à possível utilização de uma

nova e abundante fonte de gás natu-

ral — os hidratos de metano. Mas o

caminho ainda é longo e está cheio

de obstáculos.

Os hidratos de metano são com-

postos com o gás aprisionado numa

“gaiola” de moléculas de água con-

gelada — daí a alcunha de “o gelo que

arde”. São encontrados em grande

quantidade no fundo dos oceanos

ou nos solos congelados do Árctico,

o permafrost.

Têm sido alvo de interesse, como

possível fonte alternativa de energia.

E esta semana, pela primeira vez,

conseguiu-se extrair gás de reservas

do fundo do mar.

A experiência está a ser conduzida

pela empresa semipública japonesa

de exploração mineira — a Japan Oil,

Gas and Metal Corporation — ao largo

da península de Astumi, a cerca de

80 quilómetros da costa Centro-Sul

do país. “Queremos dar fi abilidade

às tecnologias, com o objectivo de

se chegar a uma exploração comer-

cial”, disse o ministro da Indústria,

Toshimitsu Motegi, numa conferên-

cia de imprensa.

As reservas existentes nesta região

seriam teoricamente sufi cientes pa-

ra 11 anos de consumo de gás natural

no país. É um dado relevante, não

Japão dá mais um passo rumo ao uso do “gelo que arde”

só pela dependência energética do

Japão, como pela crise gerada com o

acidente nuclear de Fukushima, há

dois anos. Desde então, quase todos

os 50 reactores do país foram encer-

rados para testes de segurança. No

ano passado, o país importou cerca

de 87 milhões de toneladas de gás

natural.

Mas chegar à produção comercial

em massa não será fácil. A tecnolo-

gia ainda está em desenvolvimento,

alimentando projectos científi cos

em alguns países. No ano passado,

o Departamento de Energia do go-

verno norte-americano aprovou o

fi nanciamento de 14 grandes pro-

jectos de investigação sobre o tema,

em várias universidades. A decisão

seguiu-se ao sucesso, em Maio de

2012, de uma experiência em peque-

na escala para testar um método de

extracção de gás de hidratos de me-

tano do permafrost no Alasca.

Antes, em 2002, a Japan Oil, Gas

and Metal Corporation tinha já testa-

do uma tecnologia de extracção ba-

seada na circulação de água quente.

Seis anos mais tarde, teve sucesso

com outro método, de despressuri-

zação, conseguindo extrair metano

de reservas de camadas profundas

do permafrost no Canadá.

Agora, aplicou a mesma tecnolo-

gia no fundo do mar, em reservas

que podem vir a ser exploradas co-

mercialmente.

A abundância de gás natural e a

exploração crescente de gás de xis-

to nos Estados Unidos, no entanto,

podem comprometer, pelo preço, a

viabilidade da utilização dos hidra-

tos de metano. Outra preocupação

quanto à sua exploração está na li-

bertação acidental de metano para

a atmosfera, contribuindo para o

aquecimento global.

REUTERS

EnergiaRicardo Garcia

Gás de hidratos de metano foi extraído pela primeira vez do fundo do mar. Mas ainda falta muito para tornar o seu uso viável

As reportagens no Chile sãofinanciadasno âmbitodo projecto Público Mais publico.pt/publicomais

Page 32: 14 Março - Público

32 | CIÊNCIA | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013

No século em que elefantes caminhavam por LisboaEntre 1500 e 1580, Portugal vivia um apogeu devido às Descobertas. Lisboa era o centro, recebia toda a espécie de objectos preciosos e todo o tipo de animais exóticos transportados pelos navegadores: macacos, papagaios, araras, rinocerontes, gatos-almiscarados e, sim, elefantes. Um deles fez uma viagem até Viena. A sua história só acabou no século passado, em forma de sapatos

Annemarie Jordan

fala-nos da “quinta

avenida” do sécu-

lo XVI, a Rua Nova

dos Mercadores.

Ficava em Lisboa,

atrás do que ho-

je é o Terreiro do

Paço, entre o início

da Rua do Ouro e

da dos Fanqueiros. Lá era possível

comprar tudo o que vinha das Ásias,

Áfricas, Américas. Ourivesaria in-

diana, porcelana chinesa, araras do

Brasil, escravos: a capital portugue-

sa era o vértice das rotas comerciais,

que vinham dos outros continentes,

e entravam na Europa.

Lisboa competia com Veneza e a

população acostumou-se a ver naus

chegarem com maravilhas, mas tal-

vez não adivinhasse que, dentro dos

palácios da corte, cresciam jardins

cada vez mais extravagantes com fau-

na e fl ora exótica que causavam a in-

veja das outras cortes europeias. Mas

estas menageries espalharam-se pelo

continente, graças a Lisboa. É isso

que Annemarie Jordan veio contar,

na conferência marcada para ontem

com o título Os Paquidermes do Rei

D. Manuel I. Elefantes e outra exótica

na menagerie da corte portuguesa, na

Fundação Calouste Gulbenkian.

A conferência da investigadora

e historiadora norte-americana faz

parte do ciclo de conversas que vai

decorrer até 15 de Maio no contexto

da exposição sobre ciência patente

no museu da Gulbenkian 360º Ciên-

cia Descoberta, que mostra como por-

tugueses e espanhóis deram novos

mundos à Europa.

A nova natureza revelada em cada

terra foi parte desse novo conheci-

mento, mas antes de tudo causou

espanto e admiração quando che-

gou. Os monarcas aproveitaram-se

imediatamente disso. “Os reis adora-

vam estes animais exóticos nas suas

colecções reais e fi zeram jardins zoo-

lógicos ao lado dos palácios reais [as

chamadas menageries] para mantê-

los”, explica Annemarie Jordan.

A investigadora licenciada em

História de Arte passou as últimas

décadas a investigar arquivos histó-

ricos, primeiro portugueses e depois

europeus. “Queria estudar a corte

portuguesa e cheguei a Lisboa em

1982 com uma bolsa Fulbright. Fiquei

apaixonada pela história portuguesa.

Fiz uma tese sobre as colecções reais.

O que me interessa não é a história

de arte pura, mas a história da cultu-

ra material. Como os reis viveram, o

que eles comeram, os animais que ti-

nham e como decoraram os palácios,

os recheios, o coleccionismo”, diz.

Entre mestrado e doutoramento e

anos de arquivos europeus, a norte-

americana encontrou uma série de

documentação sobre a rainha Cata-

rina de Áustria – mulher de D. João

III, o sucessor de D. Manuel I – uma

apaixonada pelo coleccionismo, que

controlava a partir de Lisboa a im-

portação de animais exóticos e ob-

jectos de luxo por todo o império e

depois distribuía-os pela sua família

da casa de Habsburgo. “Catarina de

Nicolau Ferreira

O elefante Salomão foi representado diversas vezes na arte do século XVI, como nesta estatueta

Page 33: 14 Março - Público

PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | CIÊNCIA | 33

Áustria tinha uma família muito alar-

gada, especialmente na Áustria e na

Flandres e toda a gente lhe enviava

listas a pedir animais: papagaios, chi-

tas. Ela enviou dois elefantes para a

Europa central”, refere a investigado-

ra. Estas histórias estão contadas no

livro que publicou em 2010 na Suíça

The Story of Süleyman: Celebrity ele-

phants and other exotica in renaissan-

ce Portugal.

No livro, a história do bestiário do

século XVI português arranca em

1515, quando D. Manuel I recebe de

um sultão do Noroeste da Índia um

rinoceronte-indiano, que acabou por

ser desenhado em Portugal e redese-

nhado pelo pintor alemão Albrecht

Dürer (1471-1528), que o transformou

numa imagem icónica europeia. Há

documentação que mostra que nesse

século chegaram a Lisboa 13 elefan-

tes acompanhados pelos tratadores

indianos. Muitas vezes estes elefantes

partiam da ilha de Ceilão, o actual

Sri Lanka, com poucos anos de vi-

da. Eram necessários quilos de arroz

para uma viagem de pelo menos seis

meses e manteiga de coco para espa-

lhar e proteger a pele dos elefantes

das condições do mar alto.

Na Lisboa de D. Manuel I, estes pa-

quidermes fi cavam confi nados nos

jardins do Palácio de Estaus, um edi-

fício que não sobreviveu ao terramo-

to de 1755, situado onde hoje está o

Teatro D. Maria II. O rei costumava

fazer procissões que vinham do pa-

lácio real até à Sé, em ritmo lento,

com cinco elefantes e uma chita em

cima de um cavalo, que deixava os

transeuntes boquiabertos.

“Era pura propaganda”, explica

Annemarie Jordan. “O rei D. Manuel I

fez um marketing fantástico perante

todas as cortes europeias, especial-

mente com o Vaticano, para mostrar

que ele era o dominus mundi, o ho-

mem global. Falamos de globalidade

hoje em dia, Portugal naquela épo-

ca não era menos global. Imagine-se

ter um rinoceronte enviado por um

sultão e poder-se enviar esse rinoce-

ronte ao Papa, em Roma. Esta é uma

sociedade em que a imagem é muito

importante, não é muito diferente da

de hoje”, defende.

Era uma demonstração de poder,

era a capacidade de ter num mes-

mo aviário papagaios de África e fal-

cões de caça holandeses, reunindo o

velho e o novo mundo num jardim

português. A propaganda deu re-

sultado, fez com que monarcas da

Europa quisessem ter menageries se-

melhantes, causou inveja. Francisco I

da França enviou um agente a Lisboa

para adquirir animais.

Mas como seriam estas menageries

portuguesas? “Não encontrei nenhu-

ma informação sobre isso”, diz a in-

vestigadora. “Posso imaginar que

eram jardins como as quintas antigas

do século XVII e XVIII, com fontes,

aves, plantas exóticas e domésticas.

Uma espécie de pequeno paraíso.”

No Paço da Ribeira, o palácio re-

al que envolvia o actual Terreiro do

Paço, havia um jardim junto do tor-

reão que estava do lado do Cais do

Sodré. “Há uma iluminura do século

XVI que mostra esta vista de Lisboa e

mostra um jardim bastante grande”,

diz Annemarie Jordan, que explica

ter encontrado documentação onde

estava referido a existência de um

jardim baixo e de um jardim alto com

laranjeiras, limoeiros, plantas do

tabaco e “talvez tivesse animais pe-

quenos” como os gatos-almiscarados

africanos, parentes das ginetas que

produzem uma secreção muito apre-

ciada para o boticário da altura.

A rainha Catarina de Áustria teria

ainda nos aposentos femininos do

palácio muitos animais. “A rainha es-

tava louca pelos papagaios [que fala-

vam], as araras grandes, e arranjou

gaiolas com decorações”, descreve

a historiadora. “Era divertido ter pa-

pagaios numa corte com estruturas

muito rígidas, com etiqueta e ceri-

monial, ou ter um macaco que podia

fazer truques e ser maroto.”

Apesar da população lisboeta ter

visto animais a serem vendidos na

rua, estes jardins paradisíacos com

espécies exóticas, provavelmente

só seriam visitados por “diploma-

tas, pessoas de alto estatuto”, diz-

nos a investigadora. Não há sequer

documentação sobre o número de

animais que terão chegado a Lisboa

nesse século dourado. Essa contabi-

lização terá sido perdida durante a

catástrofe de 1755. Mas é neste con-

texto que surge o elefante-indiano

hoje chamado Salomão, que é tam-

bém o protagonista do livro de José

Saramago A Viagem do Elefante.

“Ele fez uma longa viagem. Veio

do Ceilão como presente para D.

Catarina, com quatro ou cinco

anos. Chegou a Lisboa em 1542”,

conta a investigadora, que foi re-

colhendo informação sobre esta

história ao longo dos anos. D. Ca-

tarina oferece depois o elefante

ao neto D. Carlos, que vivia em

Espanha, em 1549. Salomão faz o

trajecto a pé até perto de Burgos.

Mas o paquiderme revelou-se um

verdadeiro fardo naquele clima

frio. O arquiduque Maximiliano

II de Habsburgo, sobrinho de Ca-

tarina de Áustria e futuro rei da

Boémia, vivia naquela altura em

Espanha com Maria de Áustria e

afeiçoou-se ao elefante e acabou

por tornar-se no seu novo dono.

Em 1552, quando o arquiduque e

a sua corte voltaram para Viena,

Salomão faz também a viagem.

“O coitado do elefante vai a pé de

Toledo a Barcelona. Em Barcelona,

mete-se num navio e é quase rapta-

do por piratas franceses. Vai para

Génova, e atravessa a pé os Alpes

no Inverno. Depois é metido num

barco para fazer a sua entrada real

em Viena. Calculei que o elefante,

contando com a viagem da Índia,

fez 15.000 quilómetros”, conta a

historiadora.

Um ano depois, a 18 de Dezem-

bro de 1553, o elefante morreu. A

sua viagem poderia terminar ali,

mas o rei Maximiliano II manda

empalhar Salomão. Décadas mais

tarde, oferece-o ao duque Alberto

V da Baviera. O animal, empalhado,

fi cará em Munique até à II Guer-

ra Mundial. Aí, conta Annemarie

Jordan, é guardado num armazém

a salvo das bombas, a pele ganha

mofo e num paradoxo histórico in-

crível, a pele é utilizada para fazer

solas de sapato no pós-guerra. “It’s

fun history”, considera a investiga-

dora, saltando do português para

o inglês. É história divertida, que

parece ultrapassar a fi cção. Mas é

também um refl exo, o fruto de uma

época de novidade, exotismo e es-

panto que passa desde o primeiro

momento por Portugal.

MIGUEL MANSOAnnemarie Jordan visitou Portugal pela primeira vez em 1982 para estudar a corte portuguesa

Page 34: 14 Março - Público

34 | CULTURA | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013

A cura pelo prote

No ano em que Lola Arias nasceu,

1976, um golpe militar rebentou nas

mãos da Argentina — era business as

usual na grande noite latino-ame-

ricana, mas não na vida da mãe de

Lola, que ali fi cou para sempre par-

tida ao meio. Lola só viu o depois:

depois do golpe, depois do parto,

depois do sangue nos lençóis, no

chão do hospital e na roupa das en-

fermeiras. O que quer que tivesse

havido antes — qualquer coisa do

género de uma mãe normal, no lu-

gar daquela mãe que num dia tinha

de tomar comprimidos para conse-

guir sair da cama e no dia seguinte

andava eufórica pela cidade a di-

zer o que ninguém tinha coragem

de dizer, “como a rádio de um país

sem censura” — já não estava vivo,

conta-nos logo na primeira cena de

Melancolía y Manifestaciones, o es-

pectáculo com que hoje, amanhã e

depois (21h30) estará na Culturgest,

em Lisboa. Mudamos de posição na

cadeira porque isto que podia pare-

cer um álbum de família é afi nal um

diário clínico: “Um dia depois de

eu nascer a minha mãe fi cou muito

triste. Os médicos disseram-lhe que

essa tristeza se chamava depressão

e que tinha de tomar umas pastilhas

para se curar.”

De microfone na mão, Lola fala

em cima das imagens que se vão

sucedendo no ecrã ao fundo do

palco. Fala connosco, mas tam-

bém fala com a mãe, que a deixou

gravar e reproduzir as entrevistas

em que explica assim a sua doença

maníaco-depressiva: “A toda a hora

achas que vais morrer, mas não sa-

bes o que é que te vai atacar, nem

de onde virá.” Aponta para Elvira,

a actriz que faz de mãe no vídeo,

e depois no palco (em playback,

porque a voz, gravada, é da pró-

pria mãe de Lola): “Ela e os seus

alunos vão ajudar-me a reconstituir

esta história.”

É a sua própria história, diz-nos

Lola — actriz, encenadora, drama-

turga, escritora, e ainda há mais —

na tarde em que nos atende o tele-

fone em Buenos Aires. “Há muitos

anos que trabalho sobre biografi as

alheias, trazendo para as minhas

peças pessoas que em palco recons-

troem a história das suas famílias.

Interessa-me esse trabalho de re-

construção do passado, é um po-

der que o teatro tem. Mas depois

de tanto tempo a tratar da vida dos

outros, achei que tinha de tratar da

minha vida”, explica, recordando

as experiências do díptico Mi Vida

Después e El Año en que Nací, em

que dois grupos de jovens, respec-

tivamente argentinos e chilenos,

tentavam perceber se os seus pais

fi cavam bem ou mal nas sinistras

fotografi as dos golpes militares de

1973 e 1976.

Crise, modo de usarJá era uma imagem recorrente nal-

guns dos seus textos, uma mãe dei-

tada numa cama (“A cama é o lugar

favorito da minha mãe. Tenho mui-

tas imagens mentais dela na cama”);

em Melancolía y Manifestaciones, es-

sa imagem tornou-se o centro de um

trabalho dramatúrgico tão individu-

al como colectivo. “Tive de repente a

sensação de que essa experiência de

ter uma mãe doente, que me vinha

trabalhando por dentro há muitos

anos, podia transformar-se numa

obra. Apetecia-me ir atrás do que

é viver debaixo desta sombra que

afecta tudo: o modo como trabalhas,

como amas, como cuidas dos fi lhos.

Sendo um fenómeno muito pessoal,

a depressão está no ar do tempo —

a crise na Europa não pára de pro-

duzir deprimidos”, argumenta. A

mãe esteve com ela nalgumas fases

do processo — mas nunca em cena,

como Lola originalmente pretendia:

“Tinha essa fantasia de que a peça

pudesse ter um efeito directo. Não

tem, infelizmente: não cura, nem

salva, nenhuma de nós as duas. Es-

tarmos juntas na gravação das en-

trevistas foi muito especial. Mas,

depois, o teatro torna-se teatro: é

como assistir a uma fi cção. A minha

mãe viu a peça, gostou, interessou-

se, mas é sempre estranho ser outra

pessoa a contar a tua vida.”

Melancolía y Manifestaciones nun-

ca foi, de resto, para ela. Lola Arias

Lola Arias reconstruiu a história da sua família em palco

Melancolía y Manifestaciones, da argentina Lola Arias, parte de um diário clínico para fazer o elogio da política de rua. Na Culturgest, em Lisboa, de hoje a sábado

TeatroInês Nadais

DR

A mãe esteve com ela nalgumas fases do processo mas não em cena

não imaginou esta peça “como uma

forma de homenagear” a mãe, ima-

ginou-a como uma forma de tornar

visível “um segredo comum a muita

gente”. E, também, de testar a hipó-

tese que explica a segunda parte do

título, aquela em que a melancolia

se torna política. Enquanto fazia

pesquisa para esta peça, Lola encon-

trou entre os papéis da mãe um tex-

to em que ela descrevia que estava

na cama a chorar e lá fora o ruído

de uma manifestação a impedia de

continuar. Não resistiu a essa ideia

de que a cura para a doença poderia

estar nas manifestações diárias da

Plaza de Mayo: “É uma fantasia um

pouco delirante: talvez a força de

fazer parte da massa te possa tirar

Page 35: 14 Março - Público

PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | CULTURA | 35

esto

do isolamento. O que fazes quando

há uma crise, pessoal ou política:

fechas-te na tua dor ou sais para a

rua em combate?”

Os velhos que se manifestam na

segunda parte da peça estão decidi-

damente na rua. Outra fantasia “um

pouco delirante” de Lola Arias: “Pa-

rece que o protesto está sempre liga-

do a uma ideia de juventude — pro-

testa-se por uma ideia de futuro…

Em Buenos Aires há manifestações

todos os dias — de camionistas, de

artistas, de professores, às vezes de

reformados. É uma imagem muito

forte, a de alguém com mais de 70

anos que ainda tem energia para se

pôr a caminhar com um cartaz.”

Como é muito forte a imagem de

DR

alguém com mais de 70 anos que

ainda tem energia para se atirar

para cima de um palco — um lugar

“ao mesmo tempo de fragilidade e

de potência”, onde a encenadora

de Melancolía y Manifestaciones dá

a ver os seus velhos actores como

são, “não exactamente bonitos nem

habilidosos”.

Fantasiemos com ela e imagine-

mos estes velhos, e também a mãe

de Lola Arias, numa dessas próxi-

mas manifestações de desemprega-

dos, reformados e precários que an-

dam na rua. Quando começa, perto

da Plaza de Mayo, talvez não — mas

quando acaba Melancolía y Manifes-

taciones é o nosso próprio álbum de

família, no ano do golpe de 2013.

Breves

Literatura

Óbito

Língua

Homenagem a Natália Correia na Casa Fernando Pessoa

Morreu Peter Banks, guitarrista britânico fundador dos Yes

Agualusa diz que acordo ortográfico beneficia Portugal

Uma maratona de leitura de poemas de Natália Correia realiza-se hoje na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa, entre as 12h e as 18h. Hélia Correia, Fernando Dacosta, Jaime Rocha, Fernando Pinto do Amaral, Patrícia Reis, Leonor Xavier e Maria Manuel Viana estão entre os que vão ler, na biblioteca da Casa Fernando Pessoa, poemas de Natália Correia, que morreu há 20 anos, no dia 16 de Março de 1993.

Peter Banks, fundador do grupo rock progressivo Yes, morreu na quinta-feira em Londres, aos 65 anos, com um ataque cardíaco. O músico foi encontrado sem vida em casa, depois de ter faltado a uma sessão de gravação. Apesar de ter participado apenas na gravação dos dois primeiros álbuns, Yes (1969) e Time and a Word (1970), era considerado uma das peças fundamentais da complexa sonoridade da banda.

José Eduardo Agualusa defendeu ontem que Portugal tem mais a beneficiar com o acordo ortográfico do que o Brasil: as editoras portuguesas é que estão interessadas em entrar no mercado brasileiro. “Portanto, o acordo ortográfico, desse ponto de vista, é sobretudo benéfico para as editoras portuguesas, não para as brasileiras, e se alguém fosse beneficiar seria Portugal”, disse o escritor.

Michelle Obama a anunciar Argo co-

mo Melhor Filme na última cerimónia

dos Óscares terá sido, para as autori-

dades iranianas, a gota de água. An-

teontem, fi cámos a saber que o Irão

tenciona processar Hollywood, que

acusa de distorcer de forma discri-

minatória a imagem do país e seus

habitantes. E, num desenvolvimen-

to com o seu quê de hollywoodesco,

o processo foi entregue a Isabelle

Countant-Peyre, advogada francesa

casada desde 2001 com Ilich Ramirez

Sánchez, que o mundo conhece co-

mo Carlos, “o Chacal”, desde 1975 a

cumprir pena perpétua em França.

“Irei defender o Irão contra fi lmes

que têm sido feitos por Hollywood pa-

ra distorcer a imagem do país, como

Argo”, afi rmou a advogada, citada pe-

la agência noticiosa iraniana Isna.

Iabelle Countant-Peyre falava du-

rante uma conferência realizada

em Teerão, na segunda-feira, sob o

título O Embuste de Hollywood. “Ar-

go foi feito por três produtores de

Hollywood e a República Islâmica

do Irão vai processar todos os que

estejam activos no exercício anti-

Irão, incluindo realizadores e pro-

dutores”, afi rmou o secretário-geral

da conferência, Mohammad Lesani,

citado pelo agência iraniana Mehr. A

CNN citava anteontem as objecções

das autoridades de Teerão ao fi lme

de Ben Affl eck que romanceia a mis-

são de uma equipa da CIA durante a

crise dos reféns de 1979, em Teerão:

Irão processa Hollywood: Argo foi a gota de água

“O fi lme ‘iranófobo’ americano ten-

ta descrever os iranianos como des-

controlados, irracionais, dementes e

diabólicos, enquanto, por outro lado,

os agentes da CIA são representados

como heroicamente patriotas”.

Hollywood já estava há muito na

mira do Governo de Mahmoud Ah-

madinejad. Em 2009, o regime exor-

tou um grupo de realizadores e ac-

tores americanos de visita a Teerão

a pedir desculpa por fi lmes alegada-

mente insultuosos como 300, que

narra a batalha, em 480 AC, entre

espartanos e persas e que, pela for-

ma como estes são retratados, é visto

como um insulto à memória histórica

da nação. Para além dele, também

O Wrestler, com Mickey Rourke, é

considerado uma afronta, neste ca-

so pela presença de um lutador cha-

mado “O Aiatola”. Recuando mais no

tempo, encontramos ainda Rapto em

Teerão.“O fi lme retrata um casal que

vive feliz nos Estados Unidos, mas,

assim que viaja para o Irão, o marido

transforma-se: de um homem bem

formado e culto num animal rústico

que força a mulher a fi car no país”,

lia-se terça-feira no site da Press TV,

canal noticioso de língua inglesa, de-

tido pelo Estado.

Para Isabelle Coutant-Pierre, citada

pela agência noticiosa Fars, “interpor

um processo judicial é importante,

porque pode fomentar o interesse e

a discussão entre os povos do mun-

do, até que possam distinguir entre o

que é verdade e o que são mentiras.

O diálogo criado por Hollywood não

pode ter apenas um sentido”.

O Irão já está a preparar uma res-

posta. The General Staff contará a his-

tória de 20 reféns americanos entre-

gues aos EUA pelos revolucionários

iranianos, em 1979. Será fi nanciado

pelo Estado iraniano e realizado por

Ataollah Salmanian. Entrará na fase

de produção em 2014.

CinemaMário Lopes

O filme de Ben Affleck é acusado pelo regime iraniano de distorcer a realidade. Responde com um processo. E outro filme

MCT

Ben Affleck, em pé, numa das cenas de Argo

Page 36: 14 Março - Público

36 | CULTURA | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013

O ambiente é fantasmagórico: ruas

desertas, nevoeiro cerrado e uma

luz irreal sobre as ruas de granito.

É assim a Guimarães que Bruno de

Almeida fi lma em A Palestra, a curta-

metragem para a Capital Europeia

da Cultura (CEC) que foi apresen-

tada recentemente. O realizador

encontrou um ambiente gótico na

traça medieval do centro histórico

da cidade e isso levou-o a evocar o

universo de Edgar Alan Poe.

“Foi a cidade que me infl uenciou

para esse lado gótico”, confessa o

realizador. A ideia original era fazer

um fi lme em torno da praça do Tou-

ral renovada para a Guimarães 2012,

mas na primeira visita, Almeida en-

controu “a cidade ideal de percur-

sos nocturnos”. O ambiente som-

brio recordou-o das obras de Edgar

Alan Poe, um escritor de quem diz

“gostar muito”.

Esse “ambiente muito particular”

da obra de Poe é ainda agudizado

pela relação de estranheza do per-

sonagem principal de A Palestra:

William Carson, um académico nas-

cido no Bronx, em Nova Iorque, que

Há uma Guimarães gótica dentro do novo filme de Bruno de Almeida

percorre o mundo em conferências

sobre a obra do escritor do século

XIX. O especialista confessa a dada

altura que tem “duas obsessões”,

Poe e a sua mãe. É nesse eixo entre

o universo gótico de Poe e a doença

da mãe que está nos Estados Unidos,

que se joga o “delírio” de William

Carson que é o motor narrativo do

fi lme.

O personagem central embarca

depois numa jornada pelas ruas de

Guimarães. Carson está “semilou-

co”, descreve Bruno de Almeida: “A

dada altura não se percebe se acor-

da ou se fi ca dentro do sonho.” Esse

jogo entre o que é ou não real é tam-

bém uma referência motivada por

Guimarães, confessa o realizador,

que também assina o argumento.

A cidade é “irreal” pela sua preser-

vação e limpeza, como “um castelo

de Lego”, ilustra Almeida, ainda que

a sua arquitectura seja medieval e

remeta para um ambiente bem me-

nos asseado.

O resultado fi nal agradou de tal

forma a Bruno de Almeida que a

curta-metragem de meia hora vai

agora dar origem a um fi lme de uma

hora e meia. O realizador vai rodar

mais duas partes de A Palestra, com

William Carson e o universo de Poe

como elemento comum. Até ao fi nal

do ano, o académico norte-america-

no regressa a Portugal para se cru-

zar com o romantismo de Sintra e

com um “ritual de fi lme de terror”

que acentuará ainda mais o seu re-

ceio da loucura.

A terceira parte do fi lme terá lu-

gar em Nova Iorque, no momento

em que Carson regressa a casa e se

confronta com as respostas às dú-

vidas que Guimarães e Sintra lhe

provocam. Os três fi lmes poderão

ser vistos de forma independente

e serão apresentados como curtas-

metragens no circuito de festivais,

mas funcionarão em conjunto como

uma única longa, que Bruno de Al-

meida garante vir a ter distribuição

comercial em sala.

O académico William Carson, pro-

tagonista do fi lme, é interpretado

por John Frey, habitual colaborador

de Bruno de Almeida. A ele juntam-

se Marcello Urgeghe e Ana Padrão,

que também já tinham participado

em fi lmes anteriores do realizador

(The Lovebirds, de 2007, e Operação

Outono, no ano passado). Mas tam-

bém há actores não profi ssionais no

elenco do fi lme feito para Guimarães

2012, como também vem sendo ha-

bitual nas obras de Almeida. Desta

feita encontramos Dario Oliveira,

director do festival Curtas de Vila do

Conde, e Eduardo Brito, fotógrafo e

coordenador da série de exposições

Reimaginar Guimarães.

O novo fi lme de Bruno de Almeida

encerra o ciclo Histórias de Guima-

rães, uma das séries da produção

de cinema da CEC composta por

dez curtas-metragens de realizado-

res portugueses. Mas não termina

ainda a apresentação da produção

cinematográfi ca do evento — falta

conhecer, desde logo, as curtas em

3D de Jean-Luc Godard, Peter Gre-

enaway e Edgar Pêra.

Guimarães 2012Samuel Silva

O cineasta gostou tanto do resultado de A Palestra, encomenda da Capital Europeia da Cultura, que vai torná-la uma longa-metragem

DR

O actor John Frey numa das cenas de A Palestra

ipsilon.publico.ptDísponível em formato digitalpublico.pt/digital/

Sexta

Deolindadeixa o bairro e faz-se ao mundo

João Rui Guerra

da Mata e João Pedro

Rodrigues

“H.G. Wells era um homem cheio de

contradições e falhas de carácter”

David Lodge viveu dois anos com o autor de A Guerra dos Mundos até começar a escrever Um Homem de Partes, um H.G. Wells íntimo (e fi ccional), confrontado com as suas controvérsias e com a sua sexualidade

Macau mutante

Page 37: 14 Março - Público

37PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 CLASSIFICADOSEdif. Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte,1350-352 [email protected]

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EDITAL N.º 8/2013

ALTERAÇÃO PARCIAL AO REGULAMENTO DO PDM ATUALIZAÇÃO DE PARÂMETROS ESPECÍFICOS

PARA ADAPTAÇÃO À REALIDADE SÓCIOECONÓMICA DO CONCELHO

GUILHERME MANUEL LOPES PINTO, Presidente da Câma-ra Municipal de Matosinhos, torna público, que a Câmara Mu-nicipal na sua reunião ordinária pública de 26 de fevereiro de 2013, deliberou mandar elaborar a alteração do regulamento do PDM ao abrigo do n.º 1 e na alínea a) do n.º 2 do artigo 93.º do Decreto-Lei 380/99 de 22 de setembro, com as alterações posteriormente publicadas, e nos termos do n.º 1 do artigo 74.º do mesmo diploma, com os fundamentos e proposta apresentada pelos serviços, sem prejuízo de outros aspetos que venham a revelar-se necessário reponderar.Nos termos do n.º 2 do artigo 77.º do Decreto-Lei 46/2009 de 20 de fevereiro, decorrerá um período de 15 dias úteis, a con-tar da data desta publicação no Diário da Republica, um pro-cesso de audição ao público durante o qual os interessados poderão formular sugestões e apresentar informações sobre quaisquer questões que possam ser consideradas no âmbito do procedimento da Alteração Parcial ao Regulamento do Pla-no Diretor Municipal.

Matosinhos e Paços do Concelho, 05 de março de 2013,

O Presidente da Câmara,

(Dr. Guilherme Pinto)

CONVOCATÓRIANos termos dos Estatutos da Associação, convoco a Assembleia-Geral da SOL - Associação de Apoio às Crianças VIH/SIDA para reunir em sessão ordinária no próximo dia 03 de Abril de 2013, pelas 19.00 horas, na sede da Associação, sita na Rua Pedro Calmon, 29, em Lisboa, com a seguinte ordem de trabalhos:

1.º Apreciação e votação do relatório e contas da gerência do ano de 2012;2.º Apreciação e votação do relatório de atividades do ano de 2012;3.º Apreciação e votação do parecer do Conselho Fiscal.

A Assembleia reunirá à hora marcada se estiverem presentes mais de metade dos Associados com direito a voto, ou meia hora depois com qualquer número de presentes.

Lisboa, 11 de março de 2013

Dr. Matos dos SantosPresidente da Assembleia-Geral

CONVOCATÓRIANos termos dos Estatutos da Associação, convoco a Assembleia-Geral da SOL - Associação de Apoio às Crianças VIH/SIDA para reunir em sessão ordinária no próximo dia 03 de Abril de 2013, pelas 18.00 horas, na sede da Associação, sita na Rua Pedro Calmon, 29, em Lisboa, com a seguinte ordem de trabalhos:

1.º Exclusão de Sócios;2.º Participação da SOL - Associação de Apoio às Crianças VIH/SIDA, no acto de Constituição da Federação das Instituições de Solidariedade Social de Saúde (FISS SAÚDE).

A Assembleia reunirá à hora marcada se estiverem presentes mais de metade dos Associados com direito a voto, ou meia hora depois com qualquer número de presentes.

Lisboa, 11 de março de 2013

Dr. Matos dos SantosPresidente da Assembleia-Geral

ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA CONVOCATÓRIA

Em cumprimento das disposições Estatutárias, convoco todos os Associados no pleno uso dos seus direitos, ao abrigo do seu Art.º 32.º, do Capítulo 2, a reunir em Assembleia-Geral, no próximo dia 26 de março (Terça-feira), pelas 20.30 horas, na sua Sede (Auditório), situada na Praceta Calouste Gulbenkian, n.º 6, com a seguinte:

ORDEM DE TRABALHOS 1. Discussão e Votação do Relatório e Contas da Direção e

Parecer do Conselho Fiscal, exercício de 2012; 2. Discussão e Votação do Orçamento e Plano de Ativida-

des para o ano de 2013; 3. Apresentação e votação de uma proposta do Conselho

Geral para agraciar três Sócios que completaram 75 anos de fi liação;

4. Distribuição de Emblemas de “Dedicação” aos Sócios que completaram 25, 50 e 75 anos de Associado;

5. Eleição dos Corpos Sociais Gestores para o triénio de 2013/2016;

6. Outros assuntos de interesse para Associação.

Não havendo número sufi ciente de sócios, desde já se avisa que a Assembleia-Geral funcionará com qualquer número meia hora depois, art.º 34.º, n.º 2 dos Estatutos.

Torres Vedras, 4 de março de 2013

O Presidente da Assembleia-GeralFrancisco Manuel Fernandes

Anúncio - Consulta PúblicaAvaliação de Impacte Ambiental

Projecto: Campo de Golfe da Herdade da AbrunheiraProponente: Herdade da Abrunheira - Projectos Desenvolvimento

Turístico Imobiliário, Lda.Licenciador: Câmara Municipal de PortalegreO projecto acima mencionado está sujeito a um procedimento de Avaliação de Impacte Ambiental, conforme estabelecido na alínea f) do n.° 12 do Anexo II do Decreto-Lei n.º 69/2000, de 3 de Maio, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 197/2005, de 8 de Novembro.Este projecto localiza-se na freguesia de Urra, pertencente ao concelho de Portalegre.Nos termos e para efeitos do preceituado nos n.ºs 1 e 2 do art.° 14.º e nos art.ºs 22.º, 23.º, 24.º, 25.° e 26.° do Decreto-Lei n.º 69/2000, de 3 de Maio, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.° 197/2005, de 8 de Novembro, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo, enquanto Autoridade de Avaliação de Impacte Ambiental, informa que o Estudo de Impacte Ambiental, incluindo o Resumo Não Técnico, se encontra disponível para Consulta Pública, durante 20 dias úteis, de 14 de Março a 11 de Abril de 2013, nos seguintes locais:

Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do AlentejoAv. Eng.º Arantes e Oliveira, n.º 193 - 7004-514 ÉvoraAgência Portuguesa do AmbienteRua da Murgueira, 9/9-A - Zambujal - 2611-865 AmadoraCâmara Municipal de PortalegreRua Guilherme Gomes Fernandes, 28, 7300-186 Portalegre

O Resumo Não Técnico pode ainda ser consultado na Junta de Freguesia da Urra, Concelho de Portalegre e no Serviço Sub-Regional de Portalegre da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo, encontrando-se também disponível na Internet (www.ccdr-a.gov.pt).No âmbito do processo de Consulta Pública, serão consideradas e apreciadas todas as opiniões e sugestões apresentadas por escrito, desde que relacionadas especifi camente com o projecto em avaliação. Essas exposições deverão ser dirigidas ao Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo até à data do termo da Consulta Pública.O licenciamento do projecto só poderá ser concedido após Declaração de Impacte Ambiental Favorável ou Condicionalmente Favorável, emitida pelo Senhor Secretário de Estado do Ambiente e do Ordenamento do Território, ou decorrido o prazo para a sua emissão.A Declaração de Impacte Ambiental deverá ser emitida até 15/07/2013.Évora, 7 de Março de 2013

O Presidente - António Costa Dieb

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA,DO MAR, DO AMBIENTEE DO ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO

FREGUESIA DE LOUSADOConcelho de Vila Nova de Famalicão

Para efeitos do disposto no n.º 1 do artigo 43.º da Portaria n.º 145-A/2011, de 6 de abril, torna-se público que foi publicado em Diá-rio da República, 2.ª Série, de 11 de março de 2013, o aviso 3572/2013, respeitante ao procedimento concursal comum para preen-chimento de 3 postos de trabalho: (1 posto de trabalho: carreira/categoria de assistente técnico, área administrativa; 2 postos de tra-balho: carreira/categoria de assistente ope-racional - cantoneiro de limpeza /auxiliar dos serviços gerais), na modalidade de contrato de trabalho em funções públicas por tempo indeterminado.As condições de admissibilidade ao concurso, conteúdo funcional e remunerações podem ser consultadas no referido aviso, na bolsa de emprego público: www.bep.gov.pt e no site da Junta de Freguesia: www.freg-lousado.pt.

Lousado, 2013.03.13

O Presidente da Junta,Manuel Martins da Costa

ANÚNCIO

Processo: 287/12.6TBSSBExecução ComumExequente: BARCLAYS BANK PLCExecutado: ROSENDO MANUEL SILVA DAVIDPublicita-se que nos autos acima identifi cados, e no decorrer dos trâmites processuais da venda por negociação particular, foi oferecido para compra da frac-ção abaixo identifi cada o valor de 92.900,00 €, pelo que convida-se todos os potenciais interessados a apresentarem as suas melho-res propostas acima deste valor até ao dia 25.03.2013.As propostas deverão ser reme-tidas por escrito para a Rua do Conde de Redondo, 61, 1.º C, 1150-102 Lisboa, fax 213570184 ou endereço de e-mail: [email protected] de bem: ImóvelDescrição: Fracção autónoma designada pela letra B que corresponde ao r/c e 1.º andar, composto de sótão esquerdo, destinado a habitação, do pré-dio urbano sito na Rua Nossa Senhora do Cabo, lote 590, Boa Água 1, freguesia da Quinta do Conde, concelho de Sesimbra, inscrito na matriz sob o art.º urbano 12491 com o valor pa-trimonial de 118.764,39 euros e descrito na Conservatória do Re-gisto Predial de Sesimbra sob n.º 7368, da mencionada freguesia, penhorada em 06/07/2012.

O Agente de ExecuçãoManuel Vaz de São Payo

Rua Bernardim Ribeiro, n.º 20 - 2.º 1150-071 Lisboa.Tlfs. 21 314 03 63. Fax: 21 357 01 [email protected]úblico, 14/03/2013 - 1.ª Pub.

Manuel Vaz de São PayoAgente de Execução

Cédula 3611

TRIBUNAL JUDICIAL DE SESIMBRASecção Única

EDITAL N.º 100/2013MARIA DA LUZ GAMEIRO BEJA FERREIRA ROSINHA, PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICI-PAL DE VILA FRANCA DE XIRAFAZ SABER que, por despacho de 2013/02/08, do Vice-Presidente Sr. Alberto Mesquita, proferido ao abrigo do despacho n.º 2/2011, de 10 de janeiro, que remete para o despacho n.º 32/2009, de 4 de novembro, de delegação de competências da signatária: 1. Fica notifi cado o administrador da empresa Granvia Imobiliária, SA, com sede na Estrada Nacional n.º 115/5, lote n.º 7, Bloco B, Armazém 5, em Vialonga, do ofício n.º 5434, de 2012/11/02:“Assunto: PEDIDO DE MUDANÇA DE FINALIDADE (DE ARMAZÉM PARA INDÚSTRIA) -

BLOCO B - ARMAZÉM 5- ZONA INDUSTRIAL DA GRANJA, LOTE 7 - VIALONGARefi ro o requerimento acima mencionado para, na sequência da receção que teve lugar em 2012/10/16, entre o Sr. Bruno Sobrado (representante dessa fi rma) e a técnica desta Câmara e, em cumprimento do despacho exarado em 2012/10/17, pela signatária, informar de acordo com o seguinte:Trata-se de um pedido de informação sobre a viabilidade de mudança de fi nalidade de armazém para indústria do Armazém 5, Bloco B, sito no Lote 7 da Zona Industrial da Granja - Estrada Nacional, n.º 115-5, na Freguesia de Vialonga.Para a construção em causa foi emitido o alvará de autorização de utilização n.º 331/04, de 13/10, que prevê um “edifício c/2 pavilhões constituído pelo Bloco A e B, com 8 frações, discriminado de acordo com o auto de vistoria n.º 877/2004, de 08/10”.O referido Auto faz a seguinte descrição: “Pavilhão B: Armazém B-5, de dois pisos, é composto por Piso 0 destinado a armazenamento com instalações sanitárias e Piso 1 (mezzanine) reservado a escritórios com instalações sanitárias, perfazendo uma ocupação total com área bruta de 653,45m2”.De acordo com a Planta de Ordenamento do Plano Diretor Municipal em vigor, publicado em Diário da República, 2.ª Série - N.º 224 - 18 de novembro de 2009, objeto da Decla-ração de Retifi cação da 1.ª Revisão ao Plano Diretor Municipal, publicado na 2.ª Série do Diário da República, - N.º 155 - 11 de agosto de 2010, encontra-se inserido em Solos Urbanizados - Espaços de Multiusos, cuja admissibilidade está prevista nos artigos 53.º e 54.º do Regulamento do PDM - Plano Diretor Municipal.Considerando que subsistem dúvidas quanto à natureza das obras levadas a efeito, deverá V.Ex.ª aguardar pela realização de vistoria para que o processo possa prosseguir.Em fase subsequente deverá entregar para correta instrução da pretensão os seguintes elementos:• A procuração que confere representação ao Sr. Jorge Manuel Fernandes Domingues, não

se destina aos nossos serviços, pelo que deverá ser substituída;• Termo de responsabilidade do autor do Projeto de Arquitetura, retifi cado, devendo men-

cionar o Decreto-Lei n.º 26/10 de 30 de março;• Avaliação Acústica, de acordo com a alínea j) do n.º 1 do art.º 15.º da Portaria n.º

232/2008 de 11 de março.Com os melhores cumprimentos.Por delegação do Diretor do Departamento, A Chefe de Divisão de Gestão Urbanística, em regime de substituição, Teresa Laranjeira, Arqt.ª”.2. Procede-se à notifi cação por edital nos termos da alínea d), do n.º 1, do artigo 70.º do CPA - Código do Procedimento Administrativo, depois de se ter frustrado a tentativa para efetuar a notifi cação postal ao interessado.3. A este assunto corresponde o processo camarário n.º 35/11 ONEREDALV.Para constar se publica o presente edital e outros de igual teor vão ser afi xados nos locais do costume, na morada a que o mesmo alude e publicado em dois jornais mais lidos na localidade da residência ou sede dos notifi candos.E eu, Fernando Paulo Serra Barreiros, Chefe da Divisão de Assuntos Jurídicos, em substitui-ção da Diretora do Departamento de Administração Geral, o subscrevi.

Paços do Município de Vila Franca de Xira, 19 de fevereiro de 2013

A Presidente da Câmara Municipal,Maria da Luz Rosinha

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Page 38: 14 Março - Público

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EDITALFAZ-SE SABER que nos autos acima identifi cados, encontra-se designado o dia 18 de Abril de 2013, pelas 9.30 horas, no 2.º Juízo do Tribunal Judicial de Albufeira, para a abertura de propostas, que sejam entretanto entregues até esse momento, na secretaria do Tribunal, pelos interessados na compra do seguinte bem:

BEMFracção autónoma designada pelas letras AO, composta por um apartamento habitacional tipo T0, destinada a habitação, sita no 1.º andar - apartamento n.º 106, Edifício Cerro Mar - Colina, sito no Cerro do Malpique, freguesia e con-celho de Albufeira, inscrita na matriz urbana sob o artigo 6.173, e descrito na Conservatória do Registo Predial de Albufeira sob o n.º 11.289/19990714-AO.O bem pertence ao executado: JOAQUIM INÁCIO CABRITA DAS NEVES, resi-dente na Rua das Caravelas, 38 - 7.º A em Armação de Pêra.MODALIDADE DA VENDA: propostas em carta fechada.Será aceite a proposta de melhor preço acima do valor de € 28.000,00 (vinte e oito mil euros) correspondente a 70% do valor indicado para a venda de 40.000,00 euros. Os proponentes devem juntar como caução, um cheque visado à ordem do agente de execução no valor de 5% do valor anunciado para a venda.É fi el depositário do imóvel e que o deve mostrar a pedido, a signatária, nos contactos mencionados em rodapé, mediante marcação prévia.Albufeira, 29 de Janeiro de 2013

A Agente de Execução - Ana Paula CabritaPraceta Bartolomeu Dias - Lote 7 - Esq.º, 2.º A - 8200-077 AlbufeiraTel. 289 513 896 - Fax 289 572 888 - [email protected]úblico, 14/03/2013 - 2.ª Pub.

TRIBUNAL JUDICIAL DE ALBUFEIRA3.º Juízo

ANA PAULA VITÓRIA CABRITAAgente de Execução

Cédula 1502

Acção executiva sob a formade processo comum

Processo: 529/09.5TBABF

ANÚNCIOVenda mediante Propostas em carta fechada

Nos autos acima identifi cados, encontra-se designado o dia 04 de Abril de 2013, pelas 09.00 horas, neste Tribunal para a abertura de propostas, que até esse momento sejam entregues no referido 2.º Juí-zo, do Tribunal Judicial de Benaven-te, pelos interessados na compra dos seguintes bens imóveis:Verba 1 constante do auto de pe-nhora elaborado em 16/07/2008: Prédio urbano composto por edifi cio de cave, rés-do-chão e primeiro an-dar, destinado a habitação, sito em urbanização Quinta de São José, lote n.º 27, freguesia e concelho de Benavente, descrito na Conservató-ria do Registo Predial de Benavente, sob a fi cha 2975/19980625, da fre-guesia de Benavente, e inscrito na respectiva matriz predial urbana sob o art.º 5623.O bem será adjudicado a quem me-

lhor preço oferecer, acima de 70% do valor-base de 175.000,00 euros (cento e setenta e cinco mil euros), ou seja, 122.500,00 euros (cento e vinte e dois mil e quinhentos euros).São fi éis depositários os executados José Manuel Cabrita Azevedo e Ana Maria Pinto da Silva, que a pedido o devem mostrar.O(s) proponente(s) deve(m) juntar à sua proposta, como caução, che-que visado, à ordem do Agente de Execução, no montante correspon-dente a 5% do valor anunciado para a venda.

O Agente de ExecuçãoJosé Maria Soares

Rua Alberto Serpa, 19-A2855-126 St.ª Marta do PinhalTel.: 212532702 Fax.: 212552353E-mail: [email protected]úblico, 14/03/2013 - 1.ª Pub.

JOSÉ MARIA SOARESAgente de Execução

Cédula 2616

TRIBUNAL JUDICIAL DE BENAVENTE2.º Juízo

Processo: 1928/07.2TBBNVExequente: Caixa Geral de Depósitos, S.A.Executados: José Manuel Cabrita Azevedo

e Ana Maria Pinto da Silva

TRIBUNAL DE FAMÍLIA E MENORES E DE

COMARCA DO SEIXAL2.º Juízo Cível

Processo n.º 1303/13.0TBSXL

ANÚNCIOInterdição / InabilitaçãoRequerente: Ministério PúblicoRequerido: Paulo Alexandre Silva FigueiredoFaz-se saber que foi distribuí-da neste tribunal, a ação de In-terdição/Inabilitação em que é requerido Paulo Alexandre Sil-va Figueiredo, com residência em domicílio: Rua B, Lote 273, Quinta da Aniza, Caixa 2016 - Corroios, 2855-000 Corroios, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíquica.N/Referência: 10144412Seixal, 07-03-2013

O Juiz de DireitoDr.ª José Maria de Almeida

GonçalvesA Ofi cial de Justiça

Irma FontePúblico, 14/03/2013

TRIBUNAL DOTRABALHO DE LISBOA

1.º Juízo - 1.ª SecçãoProcesso: 1686/12.9TTLSB

ANÚNCIOAção de Processo ComumAutor: Quintino MendesRéu: José António Lopes Rodri-guesNos autos acima identifi cados, correm éditos de 30 dias, conta-dos da data da segunda e última publicação do anúncio, citando o Réu José António Lopes Rodri-gues, domicílio: Estrada Nacional, N.º 8-6, N.º 97, Pedra Redonda, 2475-037 Benedita, com última residência conhecida na morada indicada para no prazo de 10 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, a ação, que lhe move Quintino Mendes, com domicílio na travessa da Madale-na, n.º 16 - 1.º Dt.º, 1100-327 Lis-boa, e que em substância o pedido consiste no pagamento ao Autor da quantia global de € 3.561,25 e os respectivos juros de mora à taxa legal, no montante de € 70,25 em 19-04-2012, tudo como melhor consta do duplicado da petição ini-cial que se encontra nesta Secreta-ria, à disposição do citando.Deve, com a contestação, juntar os documentos, apresentar o rol de testemunhas e requerer quaisquer outras provas.Fica advertido de que é obrigató-ria a constituição de mandatário judicial.N/ Referência: 5018160Lisboa, 12-03-2013.

O Juiz de DireitoDr. António Marques Ribeiro

O Ofi cial de JustiçaNuno Miguel Castro

Público, 14/03/2013 - 1.ª Pub.

TRIBUNAL DO TRABALHO DE CALDAS DA RAINHA

Secção ÚnicaProcesso n.º 415/12.1TTCLD

ANÚNCIOAção de Processo ComumAutor: Steve Roger Assuntiana WisletRé: Maria José Faria Félix Ti-móteoNos autos acima identifi cados, correm éditos de 30 dias, con-tados da data da segunda e última publicação do anúncio, citando a Ré: Maria José Faria Félix Timóteo, NIF - 165796901, com domicílio profi ssional na Rua Eng.º Pedro, n.º 35, Boa-vista, 2540-574 ROLIÇA BBR, com última residência conheci-da na morada indicada, para no prazo de 10 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, a ação, tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.Deve, com a contestação, jun-tar os documentos, apresentar o rol de testemunhas e requerer quaisquer outras provas.Fica advertido de que é obriga-tória a constituição de manda-tário judicial.N/Referência: 540037Caldas da Rainha, 05-03-2013

A Juíza de DireitoDr.ª Maria Clara Lourenço

dos SantosA Ofi cial de Justiça

Ana Bela Leite S. O. CordeiroPúblico, 14/03/2013 - 1.ª Pub.

TRIBUNAL DOTRABALHO DE LISBOA

1.º Juízo - 2.ª SecçãoProcesso n.º 131/13.7TTLSB

ANÚNCIOAção de Processo ComumAutor: Paulo Nuno de Ramos FernandesRéu: Upl - Padarias de Lisboa, Lda.Nos autos acima identifi cados, correm éditos de 30 dias, contados da data da segunda e última publicação do anún-cio, citando o Réu: Upl - Padarias de Lisboa, Lda, domicílio: Rua Sebastião Saraiva Lima, n.º 5 A, 1170-343 Lisboa, com última residência conhecida na mo-rada indicada, para no prazo de 10 dias, decorrido que seja o dos éditos, contes-tar, querendo, a ação, com a cominação de que a falta de contestação importa a confi ssão dos factos articulados pelo autor sendo logo proferida sentença a julgar a causa conforme for de direito e que em substância o pedido consis-te, ser declarada lícita a rescisão do contrato e consequentemente ser a ré condenada a pagar indemnização que se contabiliza na quantia de € 9.475,00; no pagamento da quantia de € 4.396,88 conforme ao art.º 15.º da PI; Juros de mora à taxa legal, conforme art.º 16.º da PI no montante de € 57,82 tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.Deve, com a contestação, juntar os documentos, apresentar o rol de tes-temunhas e requerer quaisquer outras provas.Fica advertido de que é obrigatória a constituição de mandatário judicial.N/Referência: 5017293Lisboa, 12-03-2013

O Juiz de DireitoDr. António Vieira da Silva Parreira

Cabral Infante de La CerdaA Ofi cial de Justiça

Ana Ornelas

Público, 14/03/2013 - 1.ª Pub.

TRIBUNAL JUDICIALDE BENAVENTE

1.º JuízoProcesso: 252/13.6TBBNV

Interdição / Inabilitação

ANÚNCIORequerente: Ministério PúblicoRequerida: Lorena-Minerva Moldovan e outros.Faz saber que foi distribuída neste tribunal, a ação de In-terdição / Inabilitação em que é requerida Lorena-Minerva Moldovan, com residência em domicílio: Rua Alagoua, n.º 6, 1.º, 2680-070 Almeirim, para efeito de ser decretada a sua interdição por anomalia psíqui-ca e incapacidade de reger a sua pessoa e os seus bens.Passei o presente e outro de igual teor para serem afi xados.N/Referência: 3069609Benavente, 06/03/2013

A Juíza de DireitoDr.ª Ana Luísa Cavaco Dias

de CastroO Ofi cial de JustiçaNorberto Nicolau

Público, 14/03/2013

ZULMIRA PIRES DE LIMA DE CASTILHO

(MARTA DE LIMA)

MISSA DE 7.º DIA

Seus fi lhos, PAULO GUILHERME PIRES DE LIMA DE CASTILHO e sua mulher, DUARTE MANUEL PIRES DE LIMA DE CASTILHO e sua mulher, e sua neta SARA PEREIRA COUTINHO DE CASTILHO, participam que será celebrada Missa de 7.º Dia, amanhã, dia 15, às 19.00 horas na Capela de Nossa Senhora das Necessidades (Largo das Necessidades).

P.N. A.M.

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TRIBUNAL DOTRABALHO DE SETÚBAL

Secção ÚnicaProcesso: 469/11.8TTSTB

ANÚNCIOAcidente de Trabalho (F. Conten-ciosa/Petição)Sinistrado: Renam Pereira AlvesEntidade responsável: Compa-nhia de Seguros Tranquilidade, S.A. e outro(s)...Nos autos acima identifi cados, correm éditos de 30 dias, conta-dos da data da segunda e última publicação do anúncio, citando o(a) ré(u) Entidade Patronal: Francilio António Campos Escu-malha, NIF - 159403243, domicí-lio: Prct. Fernando Pessoa, N.º 8, R/c Esq.º, 2900-364 SETÚBAL, com última residência conhecida na morada indicada para, no pra-zo de 15 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, queren-do, a acção, com a cominação de que a falta de contestação importa a confi ssão dos factos articulados pelo(s) autor(es) e que em substância o pedido con-siste, tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.Deve, com a contestação, juntar os documentos e requerer quais-quer outras provas.Fica advertido de que Não é obri-gatória a constituição de manda-tário judicial.N/ Referência: 875918Setúbal, 06-03-2013.

A Juíza de DireitoDr.ª Patrícia Alves

A Ofi cial de JustiçaAna Paula Castelo

Público, 14/03/2013 - 1.ª Pub.

TRIBUNAL DE FAMÍLIA E MENORES E DE

COMARCA DE LOURES1.ª Vara de Competência Mista

Processo: 25770/11.7T2SNT

ANÚNCIOAção Ordinária - Paternidade/Ma-ternidadeAutor: Ministério PúblicoRéu: Jorge Miguel Agostinho PereiraNos autos acima identifi cados, correm éditos de 30 dias, contados da data da segunda e última publicação do anúncio, citando o Réu: Jorge Miguel Agostinho Pereira, fi lho de Joaquim Jorge Marques Pereira e de Maria de Lurdes Agostinho Pereira, nascido em 23-05-1991, BI - 13953978, com última residência conhecida na Av.ª José Afonso, 10 - 2 B - Quinta Fonte, Apelação, 2680-274 Loures, para no prazo de 30 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, a ação, com a cominação de que a falta de contestação não importa a confi ssão dos factos articulados pelo autor e que em substância o pedido consiste na declaração de que Diego dos Santos Fernandes é fi lho do Réu Jorge Miguel Agostinho Pereira e que se ordene os correspondentes aver-bamentos no registo de nascimento da menção relativa à sua paternidade e respectiva avoenga paterna, tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.O prazo é continuo suspendendo-se, no entanto, nas férias judiciais.Fica advertido de que é obrigatória a constituição de mandatário judicial.N/ Referência: 16289236Loures, 06-03-2013.

O Juiz de DireitoDr. António Pedro Ferreira da Hora

A Escrivã AdjuntaSónia Mascarenhas

Público, 14/03/2013 - 1.ª Pub.

COMARCA DA GRANDE LISBOA - NOROESTE

Amadora - Juízo de Família e Menores - 2.ª Secção

Processo: 972/12.2T2AMD

ANÚNCIODivórcio Sem Consentimento do Outro CônjugeAutora: Maria de Fátima Baptis-ta Clemente Pinto MonteiroRéu: Daniel Jacinto MonteiroNos autos acima identifi cados. correm éditos de 30 dias, con-tados da data da segunda e última publicação do anúncio, citando o(a) ré(u) Daniel Jacinto Monteiro, com última residência conhecida em domicílio: Rua Elias Garcia, 317, 5.º Dt.º, Ama-dora, 2700-323 Amadora, para no prazo de 30 dias, decorrido que seja o dos éditos, contestar, querendo, a presente acção, com a indicação de que a falta de contestação não importa a confi ssão dos factos articula-dos pelo(s) autor(es) e que em substância o pedido consiste, tudo como melhor consta do duplicado da petição inicial que se encontra nesta Secretaria, à disposição do citando.Fica advertido de que Não é obrigatória a constituição de mandatário judicial.N/ Referência: 21030170Amadora, 07-03-2013.

O Juiz de DireitoDr. Helder Francisco Saramago

O Ofi cial de JustiçaAntónio Leitão

Público, 14/03/2013 - 1.ª Pub.

ENG.º ALBERTOSARAIVA E SOUSA

1912 2013

Seus Filhos e demais Família participam que o funeral realiza-se hoje, dia 14, a partir das 11.00 horas, da Igreja de Santo António do Estoril para Jazigo de Família no Cemitério de Trancoso. Às 10.00 horas será celebrada Missa de Corpo Presente na Igreja de Santo António do Estoril.

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Missa de 7.º Dia e Agradecimento

MANUEL KRUS ABECASSIS

Sua mulher, fi lha, genro, netos e cunhadas, participam que Deus o chamou.Será rezada Missa de 7.º Dia, sexta-feira, dia 15 de Março, pelas 18h30 na Basílica dos Mártires.

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Sede: Av. de Ceuta Norte, Lote 15, Piso 3 Quinta do Loureiro, 1300-125 Lisboa - Tel.: 21 361 04 60/8Fax: 21 361 04 69 - E-mail: [email protected]

Delegação do Norte: Centro de Dia “Memória de Mim” - Rua do Farol Nascente, N.º 47A - R/C,4455-301 Lavra - Tel.: 229 260 912 / 226 066 863 - E-mail: [email protected]

Delegação Centro: Rua Marechal António Spínola, Loja 26 (Galerias do Intermarché) - Pombal,3100-389 Pombal - Tel.: 236 219 469 - E-mail: [email protected]

Delegação da Região Autónoma da Madeira: Avenida do Colégio Militar, Complexo Habitacional da Nazaré, Cave do Bloco 21 - Sala E, 9000-135 FUNCHAL - Tel. e Fax: 291 772 021

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publicado no DR – Série II, n.º 49, 11/03/2013

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COMARCA DA GRANDE LISBOA - NOROESTE

Amadora - Juízo de Média Instância Cível

Processo n.º 241/13.0T2AMD

ANÚNCIOInterdiçãoRequerente: Carlos Manuel Lopes PedroRequerido: Francisco Patrício PedroFaz-se saber que foi distribu-ída neste tribunal, a ação de Interdição em que é requerido Francisco Patrício Pedro, com residência em domicílio: Praça da Igreja n.º 5, cv Esq., 2700-001 AMADORA, para efeito de ser decretada a sua interdição por incapacidade de governar a sua pessoa e bens.N/Referência: 21026296Amadora, 07-03-2013

O Juiz de DireitoDr. Fernando Vitalino Marques

de BastosO Ofi cial de Justiça

Nelson Alexandre JoaquimPúblico, 14/03/2013

CÂMARA MUNICIPAL DE MOURADEPARTAMENTO ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO

ANÚNCIOInformam-se todos os interessados que, pelo prazo de 10 dias úteis, a contar de 12 de março de 2013, se encontram abertos procedimentos concursais comuns, na modalidade de relação jurídica de emprego público por tempo indeterminado, de en-tre trabalhadores com relação jurídica de emprego público por tempo indeterminado previamente estabelecida:Ref. A - 1 posto de trabalho de Encarregado Operacional (Divi-são de Obras Municipais e Conservação);Ref. B - 1 posto de trabalho de Coordenador Técnico (Secção de Contratação Pública e Aprovisionamento).Remunerações: A posição remuneratória dos trabalhadores re-crutados obedecerá ao disposto no n.º 3 do artigo 38.º da Lei n.º 66-B/2012, de 31/1.Para mais informações ou esclarecimentos, os interessados de-vem dirigir-se ao Gabinete de Atendimento ao Munícipe que funciona no edifício sede da Câmara Municipal de Moura, sita na Praça Sacadura Cabral, ou consultar o aviso publicado na página eletrónica da Câmara Municipal em www.cm.moura.ptPodem ainda consultar o aviso publicado no Diário da República n.º 49, II Série do dia 11 de março de 2013 e a Oferta Pública de Emprego, com o Código de Oferta:Ref. A - OE201303/0112Ref. B - OE201303/0113

Município de Moura, 12 de março de 2013

O Diretor do Departamento Administrativo e FinanceiroRafael Rodrigues

EDITALMARIA DAS DORES MARQUES BANHEIRO MEIRA, PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DO CONCELHO DE SETÚBAL:FAZ PÚBLICO QUE o Município de Setúbal levará a efeito, no dia 08 de abril de 2013, pelas 10:00 horas, na sala de sessões do edifício dos Paços do Concelho, sita na Praça de Bocage, em Setúbal, perante a Comissão designada para o efeito, a hasta pública para concessão do direito de ocupação de terrenos do domínio público municipal para a instalação e exploração de um posto de abastecimento com loja de conveniência, composto por quatro pontos de abastecimento de combustível, pelo período de 20 anos, improrrogáveis, cuja proposta foi aprovada em reunião da Câmara Municipal de Setúbal de 06 de março de 2013.O Posto de abastecimento localiza-se no Parque Industrial da Mitrena, freguesia do Sado, concelho de Setúbal.O processo da hasta pública, constituído pelo Edital, pelo Programa e Caderno de Encargos, que serão publicados no site da Internet www.mun-setubal.pt, encontra-se disponível para consulta no Departamento de Administração Geral e Finanças (DAF), na Divisão de Gestão Financeira (DIGEF), na Secção de Contratação Pública e Património (SECPP), sito no edifício dos Paços do Concelho, Praça de Bocage, em Setúbal, nos dias úteis das 09:30 às 12:00 horas e das 14:30 às 15:30 horas, desde a data da publicação do Edital de abertura até às 17:00 horas, do dia 05/04/2013.As propostas deverão ser remetidas pelo correio em envelope opaco e fechado, sob registo e com aviso de receção ou entregues por mão própria pelos candidatos ou seus representantes, contra recibo, devendo as mesmas, em qualquer dos casos, dar entrada no Departamento de Administração Geral e Finanças (DAF), na Divisão de Gestão Financeira (DIGEF), na Secção de Contratação Pública e Património (SECPP), sito no edifício dos Paços do Concelho, em Setúbal, até às 17:00 horas, do dia 05/04/2013.Os esclarecimentos sobre as peças patenteadas deverão ser requeridos, por escrito, à Comissão da Hasta Pública, instalada no Departamento de Administração Geral e Finanças (DAF), sito no edifício dos Paços do Concelho, Praça de Bocage, em Setúbal.A Comissão encarregue de promover a presente hasta pública seja composta pelos seguintes elementos:PRESIDENTE: Maria do Carmo Tiago – Diretora do DURBVOGAIS: Pedro Manuel Ribeiro Coimbra – Diretor do DAF Nuno Viterbo – Chefe de Divisão da DIMIU;SUPLENTES: Dora Angelino – Jurista afeta ao Gabinete de

Apoio ao Vereador André Martins; Maria João Henriques – Coordenadora Técnica

da SECPP;E para constar, se mandou lavrar o presente Edital e outros de igual teor que vão ser afi xados nos lugares públicos do costume e publicitados num jornal nacional e num jornal local.

A PRESIDENTE DA CÂMARAMaria das Dores Meira

EDITAL N.º 21/2013CARLOS RABAÇAL, VEREADOR DA CÂMARA MUNICIPAL DO CONCELHO DE SETÚBAL:FAZ PUBLICO QUE, no uso de competência delegada pela Presidente da Câmara, desconhecendo-se o paradeiro do Sr. Armelindo Varela e nos termos do art.º 70.º do CPA, procede-se à notifi cação edital, nos seguintes termos:O Município de Setúbal, vem comunicar a V.ª Ex.ª a resolu-ção do contrato de arrendamento da habitação social sita na Alameda das Palmeiras, 18, r/c dt.º, em Setúbal, por não uso do locado e abandono da habitação, contrariando o disposto na cláusula V, n.º 4 do contrato de arrendamento, in fi ne, nos termos do n.º 2 alínea a) e d) do art.º 1083.º do Código Civil.Mais se informa que nos termos do art.º 101.º do Código do Procedimento Administrativo concede-se um prazo de 10 dias (úteis) para se pronunciar, querendo, ao abrigo da au-diência prévia. Findo o prazo e caso não haja uma resposta da parte de V.ª Ex.ª, considera-se que nada tem a opor.Para constar se lavrou o presente edital e outros de idêntico teor que vão ser afi xados nos lugares públicos do costume e na última morada do mesmo, sita na Alameda das Palmei-ras, 18, r/c dt.º, em Setúbal.

O VEREADORCarlos Alberto Mendonça Rabaçal

TRIBUNAL ADMINISTRATIVO E FISCAL DE ALMADAANÚNCIO

Faz-se saber que neste Tribunal corre a acção administrativa es-pecial n.º 1121/12.2BEALM, em que são autores os Municípios de Palmela, Sesimbra e Setúbal e réus o Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território, a Agência Portuguesa do Ambiente, I.P., o Ministério da Economia e do Emprego e, como contra-interessada, a SECIL - Companhia Geral de Cal e Cimento, S.A., em que se pede a anulação dos seguintes actos relacionados com a co-incineração de produtos industriais perigosos na fábrica de cimento da Secil, S.A., sita no Outão, concelho de Setúbal:“a) 2.º Aditamento de 19.06.2009 à Licença Ambiental n.º 37/2006 de 20.10.2006, denominado 1.º aditamento à licença n.º 37A. 1/2006 de 30.05.2008, da autoria da Sub-Directora do ora Instituto Público Agência Portuguesa do Ambiente I.P., Fernanda Santiago;b) 2.º Averbamento de 1.07.2009 à licença de exploração n.º 10/2006/INR de 27.10.2006 (...) da autoria da Sub-Directora do ora Instituto Público Agência Portuguesa do Ambiente I.P., Luísa Pinheiro;c) 3.º Averbamento de 3.02.2010 à Licença de Exploração n.º 10/2006/INR de 27.10.2006 da autoria da Sub-Directora do ora Insti-tuto Público Agência Portuguesa do Ambiente I.P., Luísa Pinheiro;d) Licença de Instalação n.º 2/201 1/DOGR de 26.10.2011 da auto-ria da Sub-Directora do ora Instituto Público Agência Portuguesa do Ambiente l.P., Luísa Pinheiro;e) Licença de Exploração n.º 4/201 1/DOOR de 26.10.2011 da auto-ria da Sub-Directora do ora Instituto Público Agência Portuguesa do Ambiente I.P., Luísa Pinheiro;f) 1.º Averbamento de 27.03.2012 à Licença de Exploração n.º 4/201 1/DOGR da autoria da Sub- Directora do ora Instituto Público Agên-cia Portuguesa do Ambiente I.P., Inês Diogo”.Através do presente anúncio e em cumprimento do disposto no art.º 15.º da Lei n.º 83/95, de 31 de Agosto, que regula o regime do di-reito de acção popular, fi cam CITADOS todos os titulares dos direitos à saúde pública, ao ambiente e à qualidade de vida que se sintam lesados, para, querendo e no prazo de dez dias a contar da publicação do presente anúncio, intervirem, a título principal, na referida acção e para declararem se aceitam ou não ser representa-dos pelos autores ou se, pelo contrário, se excluem dessa represen-tação, valendo a sua passividade como aceitação dessa representa-ção, conforme previsto no mencionado art.º 15.º.Devem deduzir, de forma articulada, toda a matéria relativa à defesa e juntar os documentos destinados a demonstrar os factos cuja pro-va se propõem fazer.É obrigatória a constituição de Advogado - art.º 11.º, n.º 1 do CPTA.O prazo acima indicado é contínuo e, terminando em dia em que os Tribunais estejam encerrados, o seu termo transfere-se para o primeiro dia útil seguinte.

Almada, 18 de Fevereiro de 2013

O Juiz de Direito - Jorge PelicanoA Escrivã Adjunta - Teresa Cristina Campos

Público, 14/03/2013

AVISO CONVOCATÓRIONos termos do n.º 1 do art.º 31.º e do n.º 1 do art.º 32.º dos Estatutos do Grupo Desportivo Estoril Praia, convoco a Assembleia Geral Ordinária, conforme o n.º 1 do art.º 51.º, para o dia 22 de Março de 2013, no Auditório da Associação dos Antigos Alunos Salesianos do Estoril, sito na Av. D. Bosco, pelas 21h00, com a seguinte ordem de trabalhos:Ponto Um: Apreciação e votação da proposta de orçamento de receitas e despesas, acompanhada do parecer do Conselho Fiscal e Disciplinar, para o período de 1 de Julho de 2012 a 30 de Junho de 2013.Ponto Dois: Discussão e votação do relatório de gestão e as contas do exercício de 2012, e respetivo relatório e parecer do Conselho Fiscal e Disciplinar.Ponto Três: Outros AssuntosNão estando presente a maioria absoluta dos sócios com direito a voto à hora marcada, a Assembleia Geral funcionará, ao abrigo do n.º 2 do art.º 51.º dos Estatutos, às 21h30, com qualquer número de sócios.

Estoril, 13 de Março de 2013

O Presidente da Mesa da Assembleia GeralDr. Filipe Soares Franco

Page 40: 14 Março - Público

40 | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013

SAIR

CINEMALisboaCinemaCity Campo PequenoCentro Lazer Campo Pequeno. T. 217981420Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 1 - 13h45, 18h35 (2D), 15h55, 21h35, 24h (3D); Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 1 - 21h45, 00h25 (3D); Vigarista à Vista M12. Sala 2 - 13h35, 15h50, 17h50, 19h50, 21h50, 23h50; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. Sala 3 - 13h30, 15h30, 17h30, 19h30 (V.Port.); Sininho O Segredo das Fadas M4. VIP 4 - 13h50 (V.P.); Aguenta-te aos 40 M12. VIP 4 - 00h10; Oz: O Grande e Poderoso M12. VIP 4 - 13h20, 15h35, 18h50, 21h30; Argo M12. Sala 5 - 13h10; Django Libertado M16. Sala 5 - 15h30, 18h45, 22h; Quarta Divisão M16. Sala 6 - 18h55; Lincoln M12. Sala 6 - 15h45, 21h20; Força Anti-Crime M16. Sala 6 - 00h20; Mamã M16. Sala 6 - 13h25; Hitchcock M12. Sala 7 - 20h, ; Mamã M16. Sala 7 - 16h, 18h, 22h05, 00h05; Guia para um Final Feliz M12. Sala 8 - 17h30; Criaturas Maravilhosas M12. Sala 8 - 19h50; Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. Sala 8 - 22h10; Zambézia M6. Sala 8 - 15h40 (V.P.); Comédia Explícita - Movie 43 M16. Sala 8 - 00h15; Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 8 - 13h10 CinemaCity Classic AlvaladeAvª de Roma, nº 100, Lisboa . T. 218413045MONSTRA 2013 - Festival de Animação de Lisboa - Vários horários; Robot e Frank Sala 1 - 13h35, 15h35, 17h25, 19h15, 21h35; Seis Sessões M16. Sala 2 - 13h30; Seis Sessões M16. Sala 2 - 13h30; Quarta Divisão M16. Sala 3 - 13h10; Argo M12. Sala 4 - 18h40; A Vida de Pi M12. Sala 4 - 15h45; Guia para um Final Feliz M12. Sala 4 - 13h25; Django Libertado M16. Sala 4 - 21h10 Cinemateca PortuguesaR. Barata Salgueiro, 39 . T. 213596200O Homem que Matou Liberty Valance M12. Sala Félix Ribeiro - 21h30; Grizzly Man M12. Sala Félix Ribeiro - 15h30; Um Barco e Nove Destinos Sala Luís de Pina - 22h; O Espantalho Sala Luís de Pina - 19h30 Medeia Fonte NovaEst. Benfica, 503. T. 217145088Ferrugem e Osso M12. Sala 1 - 14h10, 16h30, 19h, 21h30; Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 2 - 16h45, 21h45; E Se Vivêssemos Todos Juntos? Sala 2 - 14h20, 19h15; Argo M12. Sala 3 - 14h30, 17h; Mamã M16. Sala 3 - 19h30, 22h Medeia KingAvenida Frei Miguel Contreiras, 52A. T. 218480808A Última Vez Que Vi Macau + Alvorada Vermelha M12. Sala 1 - 14h40, 16h40, 19h15, 21h45; Ferrugem e Osso M12. Sala 2 - 14h15, 16h30, 19h, 21h30; Barbara M12. Sala 3 - 14h30, 16h50, 22h; Laurence Para Sempre M12. Sala 3 - 18h50 Medeia MonumentalAv. Praia da Vitória, 72. T. 213142223Ferrugem e Osso M12. Sala 4 - Cine Teatro - 14h30, 17h, 19h30, 22h, 00h30; Efeitos Secundários M12. Sala 1 - 13h20, 15h25, 17h30, 19h40, 21h45, 00h15; Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 2 - 16h30, 21h30, 24h; E Se Vivêssemos Todos Juntos? Sala 2 - 13h10, 15h15, 17h20, 19h20, 21h30; E Se Vivêssemos Todos Juntos? Sala 2 - 14h, 19h; A Última Vez Que Vi Macau + Alvorada Vermelha M12. Sala 3 - 13h10, 15h15, 17h20, 19h20, 21h30; Branca de Neve M12. Sala 3 - 24h NimasAv. 5 Outubro, 42B. T. 213574362A Nossa Forma de Vida Sala 1 - 21h30

UCI Cinemas - El Corte InglésAv. Ant. Aug. Aguiar, 31. T. 707232221Amor M12. Sala 1 - 14h05; Notas de Amor M12. Sala 1 - 19h15; Força Anti-Crime M16. Sala 1 - 16h45, 21h45, 00h15; Guia para um Final Feliz M12. Sala 2 - 14h05, 19h30; O Mentor M16. Sala 2 - 16h40, 22h; 00:30 Hora Negra M16. Sala 3 - 17h30; Django Libertado M16. Sala 3 - 14h15, 21h, 00h10; Mamã M16. Sala 4 - 00h25; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. Sala 4 - 14h, 16h, 18h, 20h (V.P.); Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 5 - 14h10, 19h10, 00h10 (2D), 16h40, 21h40 (3D); Efeitos Secundários M12. Sala 6 - 14h05, 16h40, 19h10, 21h35, 00h10; Psycho M12. Sala 7 - 19h20; Criaturas Maravilhosas M12. Sala 7 - 14h, 16h40; Branca de Neve M12. Sala 7 - 21h45, 00h10; Quarta Divisão M16. Sala 8 - 19h; Cidade Dividida M16. Sala 8 - 14h15, 16h35, 21h35, 00h05; Vigarista à Vista M12. Sala 9 - 14h10, 16h35, 19h05, 21h40, 24h; Ferrugem e Osso M12. Sala 10 - 14h05, 16h45, 19h15, 21h55, 00h25; A Vida de Pi M12. Sala 11 - 15h; Lincoln M12. Sala 11 - 18h10, 21h20, 00h20; Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 12 - 14h, 19h15, 00h30 (2D), 16h35, 21h50 (3D); Argo M12. Sala 13 - 14h10, 16h40, 19h10, 21h45, 00h20; A Caça M16. Sala 14 - 14h10, 16h35, 19h05, 22h, 00h30 Universidade de LisboaAv. Professor Gama Pinto, Alameda da Universidade. T. 217932579Os Cavalos Também se Abatem Reitoria - 18h ZON Lusomundo AlvaláxiaEstádio José Alvalade, Cpo Grande. T. 16996As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 15h30, 17h40, 19h50 (V.P.); Tudo por um bebé M12. 22h; Oz: O Grande e Poderoso M12. 16h, 18h50, 21h40; Django Libertado M16. 16h50, 20h45; O Impossível M12. 16h15, 18h55, 21h35; Vigarista à Vista M12. 15h50, 18h25, 21h20; Jack, o Caçador de Gigantes M12. 16h20, 18h55, 21h30; A Vida de Pi M12. 21h; Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. 16h40, 19h, 21h45; Mamã M16. 16h30, 18h50, 21h10; Força Anti-Crime M16. 16h10, 18h45, 21h25; Zarafa M6. 15h40, 18h (V.Port.); O Homem das Sombras M16. 16h45, 19h10, 21h50 ZON Lusomundo AmoreirasAvenida Engenheiro Duarte Pacheco. T. 16996Lincoln M12. 14h, 17h30, 20h50, 24h; Oz: O Grande e Poderoso M12. 13h, 15h40, 18h50, 21h30, 00h20 (3D); Efeitos Secundários M12. 13h20, 16h, 18h30, 21h10, 23h40; Robot e Frank 12h50, 15h, 17h, 19h10, 21h20, 23h30; Notas de Amor M12. 13h10, 15h50, 18h20 ; Ferrugem e Osso M12. 13h30, 16h10, 19h, 21h40, 00h30; Força Anti-Crime M16. 21h, 23h50; A Arte de Amar M6. 13h50, 16h30, 22h, 00h10; Branca de Neve M12. 18h40 ZON Lusomundo ColomboAv. Lusíada. T. 16996A Bicharada Contra-Ataca M6. 13h10, 15h25 (V.P.); Aguenta-te aos 40 M12. 12h40, 15h30, 18h25, 21h25, 00h20; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 13h15, 15h55, 18h10 (V.P.); Tudo por um bebé M12. 21h05, 23h45; Vigarista à Vista M12. 13h05, 15h50, 18h20, 21h20, 24h; Jack, o Caçador de Gigantes M12. 12h50, 15h40, 18h35 (2D), 21h30, 00h25 (3D); Argo M12. 17h50, 21h, 23h50; Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. 13h25, 16h10, 18h50, 21h40, 00h10; Oz: O Grande e Poderoso M12. 12h55, 15h45 (2D), 18h40, 21h35, 00h30 (3D); Mamã M16. 13h20, 16h05, 18h30, 21h10, 23h40; Snitch - Infiltrado 13h, 16h, 18h45, 21h45, 00h35; Zarafa M6. 13h30, 15h35 (V.P.) ZON Lusomundo Vasco da GamaParque das Nações. T. 16996

A Última Vez Que Vi Macau + Alvorada VermelhaDe João Pedro Rodrigues, João Rui Guerra da Mata. Com João Pedro Rodrigues, João Rui Guerra da Mata, Lydie Barbara. POR/FRA. 2012. 85m. Documentário. M12. Um homem viaja de Lisboa

a Macau, uma das mais

multiculturais e labirínticas

cidades do mundo, a pedido de

uma amiga de longa data, que lhe

diz estar a viver coisas estranhas

e assustadoras. Ele, que vivera

em Macau há muitos anos e ali

passara os melhores tempos da

sua vida, encara a viagem como

um regresso às suas origens e às

suas memórias mais felizes.

Medeia King e Monumental

As Fantásticas Aventuras de TadDe Enrique Gato. Com Meritxell Ané (voz), Óscar Barberán (voz), Carles Canut (voz). ESP. 2012. 90m. Animação. M6. Quando era pequenino, o

sonho de Tad Jones era ser

arqueólogo. Mas, apesar de

nunca ter abandonado as suas

ambições, tornou-se um simples

trabalhador da construção civil.

Até ao dia em que, por um acaso

do destino, é confundido com

um arqueólogo e enviado para

uma perigosa expedição ao Peru.

E é assim que, com alguns novos

amigos, Tad vai viver a grande

aventura da sua vida ao tentar

salvar Paititi, a lendária cidade

perdida dos Incas.

Ferrugem e OssoDe Jacques Audiard. Com Marion Cotillard, Matthias Schonaerts, Armand Verdure. FRA. 2012. 120m. Drama, Romance. M12. Alain é um homem solitário que

se depara com a necessidade de

cuidar sozinho do seu fi lho de

cinco anos. Sem emprego, decide

mudar-se para casa da irmã,

no Sul de França. Aí, consegue

trabalho como segurança

numa discoteca onde conhece

Stéphanie, uma bela treinadora

de orcas cuja vida parece saída de

um conto de fadas. Algum tempo

depois ela liga-lhe: um acidente

deixou-a paraplégica. Ele vai

ajudá-la e, entre ambos, acaba

por nascer um amor profundo e

redentor.

Jack, o Caçador de GigantesDe Bryan Singer. Com Nicholas Hoult, Stanley Tucci, Ewan McGregor. EUA. 2013. 89m. Drama, Aventura. M12. Jack é um jovem agricultor que

abre acidentalmente um portal

entre o mundo dos humanos

e o dos gigantes. E, quando as

terríveis e enormes criaturas

se apercebem da oportunidade

de se vingarem da raça humana

e recuperarem a terra que

perderam, nada parece fazê-las

parar. Assim, forçado a lutar

contra seres que julgava existirem

apenas na imaginação, Jack acaba

por se tornar no mais improvável

dos heróis.

O Homem das SombrasDe Pascal Laugier. Com Jessica Biel, Jodelle Ferland, William B. Davis. CAN/EUA/FRA. 2012. 106m. Drama, Thriller. M16. Julia é uma jovem viúva que vive

com David, o seu fi lho pequeno,

na pequena cidade de Cold Rock.

A população, extremamente

pobre, vive atormentada por

uma série de raptos de crianças

atribuídos a uma fi gura a que

chamam de Homem das Sombras.

Certo dia, o pequeno David torna-

se numa das vítimas de rapto

e o mundo de Julia colapsa. E

depressa se apercebe que toda a

cidade se virou contra si.

Robot e FrankDe Jake Schreier. Com Frank Langella, Susan Sarandon, Peter Sarsgaard (Voz), Liv Tyler. EUA. 2012. m. Comédia, Ficção. Frank é um ladrão de jóias

de memória fraca que,

aos 70 anos, apenas quer

aproveitar a reforma. Certo

dia, considerando a sua

idade avançada e perda

de capacidades, o fi lho

decide levar-lhe um

robô que, para além

de ajudar nas tarefas

do dia-a-dia, está

programado para

promover o bem-

estar geral do seu

proprietário. Indignado

com aquela máquina que

parece querer manipular

toda a sua vida, Frank tenta,

a custo, ver-se livre dela. Até se

aperceber que ali pode estar a

resposta que necessitava para

reviver os velhos tempos...

Snitch - InfiltradoDe Ric Roman Waugh. Com Dwayne Johnson, Susan Sarandon, Jon Bernthal. EUA. 2013. 112m. Thriller, Acção. Dwayne Johnson é John

Matthews, um pai cujo fi lho

adolescente é injustamente

acusado de tráfi co de drogas e

que se depara com uma pena

mínima de dez anos de prisão.

Determinado a resgatar o fi lho a

todo custo, John faz um acordo

com o advogado de acusação

para se infi ltrar no mais perigoso

cartel de drogas da cidade e

descobrir quem incriminou o

rapaz. Porém, está consciente

que, ao tentar evitar aquela

prisão, está a arriscar não só a

sua própria vida, mas também a

de toda a sua família.

Vigarista à VistaDe Seth Gordon. Com Jason Bateman, Melissa McCarthy, John Cho. EUA. 2013. 111m. Comédia. M12. Sandy Patterson recebe um

telefonema de uma mulher que o

avisa que alguém tentou roubar

a sua identidade. O que ele não

imagina é que, enquanto está

a fornecer os seus dados, a sua

identidade está a ser roubada.

A partir desse momento, Diana

começa uma vida extravagante

em Miami, gastando todo o

dinheiro de Sandy. Até ao dia em

que, notifi cado pela polícia por

extorsão de identidade e pelas

dívidas astronómicas, decide

procurar a causadora do seu

infortúnio.

Em [email protected]

o de jóias

a que,

nas quer

rma. Certo

o a sua

perda

o fi lho

um

ém

efas

a

-

u

ignado

uina que

anipular

Frank tenta,

re dela. Até se

i pode estar a

essitava para

tempos...

O Homem das Sombras

Page 41: 14 Março - Público

PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | 41

AS ESTRELAS DO PÚBLICO

JorgeMourinha

Luís M. Oliveira

Vasco Câmara

a Mau mmmmm Medíocre mmmmm Razoável mmmmm Bom mmmmm Muito Bom mmmmm Excelente

A Última Vez que Vi Macau mmmmm mmmmm mmmmm

Alvorada Vermelha mmmmm mmmmm mmmmm

Branca de Neve mmmmm mmmmm –A Caça mmmmm mmmmm mmmmm

Efeitos Secundários mmmmm mmmmm mmmmm

Ferrugem e Osso mmmmm mmmmm mmmmm

Laurence para Sempre mmmmm mmmmm mmmmm

Oz, o Grande e Poderoso mmmmm mmmmm –O Último Desafio – mmmmm mmmmm

Robô & Frank mmmmm – –

Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. 16h10, 18h50, 21h40, 24h; Aguenta-te aos 40 M12. 21h30, 00h20; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 13h, 15h15, 17h20, 19h25 (V.P.); Oz: O Grande e Poderoso M12. 12h40, 15h30, 18h20, 21h20, 00h10; Vigarista à Vista M12. 13h10, 15h50, 18h30, 21h50, 00h30; Jack, o Caçador de Gigantes M12. 12h50, 15h20, 18h10, 21h10, 23h50 (3D); Zarafa M6. 13h20 (V.P.); Efeitos Secundários M12. 13h30, 16h, 18h40, 21h, 23h40

Almada ZON Lusomundo Almada FórumEstr. Caminho Municipal, 1011 - Vale de Mourelos. T. 16996Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. 13h10, 15h40, 18h05, 21h05, 23h30; Vigarista à Vista M12. 13h10, 15h50, 18h35, 21h15, 23h55; Jack, o Caçador de Gigantes M12. 13h15, 16h, 18h45, 21h30, 00h15; Oz: O Grande e Poderoso M12. 12h35, 15h30, 18h25, 21h20, 00h20; Efeitos Secundários M12. 12h50, 15h30, 18h15, 21h20, 23h50; Cidade Dividida M16. 21h15, 23h50; Zarafa M6. 13h30, 16h05, 18h10 (V.Port.); Tudo por um bebé M12. 12h45, 15h10, 17h45, 21h50, 00h10; O Homem das Sombras M16. 13h15, 15h45, 18h30, 21h10, 23h40; Criaturas Maravilhosas M12. 21h10, 24h; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 13h25, 15h55, 18h30 (V.Port.); A Bicharada Contra-Ataca M6. 13h20, 15h45, 18h40 (V.Port.); O Impossível M12. 21h25, 00h15; Mamã M16. 13h05, 15h35, 18h05, 21h40, 00h10; Argo M12. 19h; Força Anti-Crime M16. 13h, 15h30, 18h30, 21h20, 00h05; Snitch - Infiltrado 12h55, 15h35, 18h25, 21h30, 00h10; Ferrugem e Osso M12. 12h40, 15h25, 18h15, 21h10, 24h

Amadora CinemaCity Alegro AlfragideC.C. Alegro Alfragide. T. 214221030Hitchcock M12. Cinemax - 13h50; Oz: O Grande e Poderoso M12. Cinemax - 15h50, 18h30, 21h30, 00h10; Vigarista à Vista M12. VIP Light - 19h30, 21h0, 23h50; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. VIP 1 - 13h30, 15h30, 17h30 (V.Port.); Hansel e Gretel: Caçadores de Bruxas Sala 3 - 23h55; Quarta Divisão M16. Sala 3 - 19h; Lincoln M12. Sala 3 - 15h45; Criaturas Maravilhosas M12. Sala 3 - 13h20, 21h25; Sininho O Segredo das Fadas M4. Sala 4 - 13h40 (V.P.); Aguenta-te aos 40 M12. Sala 4 - 15h25, 21h40; Cidade Dividida M16. Sala 4 - 19h20, 00h20; Mamã M16. Sala 5 - 13h55, 15h55, 17h55, 19h55, 22h05, 00h15; Guia para um Final Feliz M12. Sala 6 - 17h30; Django Libertado M16. Sala 6 - 22h; Zambézia M6. Sala 6 - 13h45, 15h40 (V.P.); As Fantásticas Aventuras de Tad M6. Sala 6 - 19h50 (V.P.); Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 7 - 13h35, 18h35 (2D), 15h45, 21h35, 24h (3D); Argo M12. Sala 8 - 19h35; Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. Sala 8 - 21h55, 00h05; Vigarista à Vista M12. Sala 8 - 13h35, 15h35, 17h35; Força Anti-Crime M16. Sala 9 - 00h25; Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 9 - 13h30 (2D), 16h10, 18h50, 21h45 (3D); Hotel Transilvânia M6. Sala 10 - 15h50 (V.P.); A Vida de Pi M12. Sala 10 - 18h40 (3D); O Impossível M12. Sala 10 - 21h20; O Último Desafio M16. Sala 10 - 13h40, 23h45 UCI Dolce Vita TejoC.C. da Amadora, Estrada Nacional 249/1, Venteira. T. 707232221Django Libertado M16. Sala 1 - 17h45; Zambézia M6. Sala 1 - 13h50 (V.P./2D),

15h50 (V.P./3D); Cidade Dividida M16. Sala 1 - 21h25; Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 2 - 13h50, 19h10 (2D), 16h30, 21h50 (3D); As Fantásticas Aventuras de Tad M6. Sala 3 - 13h50, 15h50, 17h50, 19h50 (V.P.); O Último Desafio M16. Sala 3 - 21h50; Mamã M16. Sala 4 - 13h50, 16h10, 18h55, 21h35; Ferrugem e Osso M12. Sala 5 - 14h15, 16h40, 19h15, 21h40; A Vida de Pi M12. Sala 6 - 14h, 16h35 (3D); O Impossível M12. Sala 6 - 19h05, 21h45; Quarta Divisão M16. Sala 7 - 19h; Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. Sala 7 - 14h10, 16h20, 21h35; Criaturas Maravilhosas M12. Sala 8 - 13h50, 16h25; Aguenta-te aos 40 M12. Sala 8 - 19h, 21h45; Vigarista à Vista M12. Sala 9 - 14h05, 16h30, 19h10, 21h30; Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 10 - 13h55, 19h05 (2D), 16h20, 21h30 (3D); Efeitos Secundários M12. Sala 11 - 14h15, 16h40, 19h15, 21h50

Barreiro Castello Lopes - Fórum BarreiroCampo das Cordoarias. T. 760789789Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 2 - 15h30 (2D), 18h20, 21h10 (3D); Parker M12. Sala 3 - 15h20, 18h10, 21h40; Guia para um Final Feliz M12. Sala 4 - 15h40, 18h30, 21h20

Cascais ZON Lusomundo CascaiShoppingCascaiShopping-EN 9, Alcabideche. T. 16996Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. 13h15, 15h50, 18h20, 21h20, 23h40; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 13h30, 15h40, 17h50, 19h55 (V.Port.); Tudo por um bebé M12. 22h, 00h25; Força Anti-Crime M16. 13h, 15h30, 18h, 21h10, 23h30; Mamã M16. 12h40, 15h05, 17h40, 21h50, 24h; Vigarista à Vista M12. 13h05, 15h40, 18h20, 21h40, 00h20; Jack, o Caçador de Gigantes M12. 12h50, 16h, 18h40 (2D), 21h30, 00h10 (3D)

Caldas da Rainha Vivacine - Caldas da RainhaC.C. Vivaci. T. 262840197Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 1 - 15h30, 18h10, 21h30; Aguenta-te aos 40 M12. Sala 2 - 15h35, 18h35, 21h20; Vigarista à Vista M12. Sala 3 - 15h45, 18h25, 21h25; Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 4 - 15h40, 18h30, 21h20; Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. Sala 5 - 15h40, 18h15, 21h40

Carcavelos Atlântida-CineR. Dr. Manuel Arriaga, C. Com. Carcavelos (Junto à Estação de CP). T. 214565653Ferrugem e Osso M12. Sala 1 - 15h30, 21h30; Efeitos Secundários M12. Sala 2 - 15h45, 21h45

Sintra CinemaCity Beloura ShoppingEst. Nac. nº 9 - Quinta Beloura. T. 219247643Vigarista à Vista M12. Cinemax - 15h35, 17h35, 19h35, 21h35; Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 1 - 18h35 (2D), 15h40, 21h45 (3D); Argo M12. Sala 2 - 21h40; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. Sala 2 - 15h30, 17h30, 19h30 (V.P.); Quarta Divisão M16. Sala 3 - 17h10; Guia para um Final Feliz M12. Sala 3 - 19h30; Django Libertado M16. Sala 3 - 21h50; Zambézia M6. Sala 3 - 15h20 (V.P.); Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 4 - 15h45, 16h05, 18h45, 21h25; Criaturas Maravilhosas M12. Sala

5 - 18h30; Aguenta-te aos 40 M12. Sala 5 - 21h30; A Vida de Pi M12. Sala 6 - 15h55, 18h40 (3D); Lincoln M12. Sala 6 - 21h20; Força Anti-Crime M16. Sala 7 - 19h50; Mamã M16. Sala 7 - 15h50, 17h50, 22h Castello Lopes - Fórum SintraLoja 2.21 - Alto do Forte. T. 760789789Lincoln M12. Sala 1 - 14h40, 18h, 21h40; Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 2 - 15h30, 21h30 (3D), 18h10 (2D); Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 3 - 15h50 (2D), 18h40, 21h50 (3D); Vigarista à Vista M12. Sala 4 - 15h50, 18h20, 21h20; A Bicharada Contra-Ataca M6. Sala 5 - 15h10, 18h50 (V. Port.); Aguenta-te aos 40 M12. Sala 5 - 21h; Mamã M16. Sala 6 - 16h10, 19h, 22h; Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. Sala 7 - 16h, 18h30, 21h10

Leiria CinemaCity LeiriaRua Dr. Virgílio Vieira Cunha. T. 244845071Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 1 - 15h55, 21h35 (3D), 18h30 (2D); Argo M12. Sala 2 - 19h10; Aguenta-te aos 40 M12. Sala 2 - 21h30; Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 2 - 16h (3D), 15h45, 18h25, 21h45 (2D); Vigarista à Vista M12. Sala 3 - 15h30, 17h40, 19h40, 21h40; Criaturas Maravilhosas M12. Sala 5 - 19h35; Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. Sala 5 - 15h40, 17h35, 21h55; Mamã M16. Sala 5 - 15h35, 19h50, 21h50; O Último Desafio M16. Sala 5 - 17h45; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. Sala 7 - 15h30, 17h30, 19h30, 21h30 (V.P.)

Montijo ZON Lusomundo Fórum MontijoC. C. Fórum Montijo. T. 16996Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. 13h10, 15h55, 18h10, 21h20, 23h40; Aguenta-te aos 40 M12. 21h, 23h50; Mamã M16. 13h, 15h50, 18h05, 21h40, 24h; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 13h20, 16h10, 18h20 (V.P.); Vigarista à Vista M12. 13h15, 15h45, 18h15, 21h30, 00h05; Jack, o Caçador de Gigantes M12. 13h30, 16h, 18h30 (2D), 21h15, 23h45 (3D); Oz: O Grande e Poderoso M12. 12h55, 15h40, 21h10, 23h55 (2D), 18h25 (3D)

Odivelas ZON Lusomundo Odivelas ParqueC. C. Odivelasparque. T. 16996

Mamã M16. 21h; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 16h, 18h15 (V.P.); Vigarista à Vista M12. 15h30, 18h10, 21h20; Jack, o Caçador de Gigantes M12. 15h50, 18h20, 21h30; Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. 15h20, 18h, 21h10; Oz: O Grande e Poderoso M12. 15h40, 18h30, 21h15

Oeiras ZON Lusomundo Oeiras ParqueC. C. Oeirashopping. T. 16996Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. 18h, 21h45, 00h05; Zarafa M6. 13h15, 15h25 (V.Port.); Aguenta-te aos 40 M12. 13h30, 17h15, 21h20, 00h15; Vigarista à Vista M12. 13h20, 15h50, 18h30, 21h30, 00h10; Efeitos Secundários M12. 13h10, 15h45, 18h20, 21h, 23h50; Força Anti-Crime M16. 21h50, 00h20; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 13h, 15h15, 17h30, 19h40 (V.Port.); Jack, o Caçador de Gigantes M12. 12h50, 15h30, 18h10 (2D), 21h10, 23h55 (2D); Oz: O Grande e Poderoso M12. 12h50, 15h40, 18:40, 21h40, 00h30 (3D)

Miraflores ZON Lusomundo Dolce Vita MirafloresCentro Comercial Dolce Vita - Avenida Túlipas. T. 707 CINEMALincoln M12. 21h20; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 15h10, 17h20, 19h20 (V.P.); Vigarista à Vista M12. 15h30, 18h30, 21h40; Zarafa M6. 15h, 17h, 19h (V.P.); Oz: O Grande e Poderoso M12. 15h20, 18h20, 21h30

Torres Novas Castello Lopes - TorreShoppingBairro Nicho - Ponte Nova. T. 707220220Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 1 - 12h50, 18h20 (2D), 15h20, 21h30 (3D); Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. Sala 2 - 13h10, 15h40, 18h10, 21h40; Vigarista à Vista M12. Sala 3 - 13h, 15h30, 18h30, 21h20

Torres Vedras ZON Lusomundo Torres VedrasC.C. Arena Shopping. T. 16996Aguenta-te aos 40 M12. 15h40, 18h30, 21h20; Mamã M16. 21h50; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 16h30, 19h (V.P.); Vigarista à Vista M12. 16h15, 18h50,

21h45; Oz: O Grande e Poderoso M12. 15h30, 18h15, 21h; Jack, o Caçador de Gigantes M12. 16h, 18h40 (2D), 21h30 (3D)

Santarém Castello Lopes - SantarémLargo Cândido dos Reis. T. 760789789Django Libertado M16. Sala 1 - 15h50, 21h; O Impossível M12. Sala 2 - 15h20, 18h20, 21h10; Vigarista à Vista M12. Sala 3 - 15h40, 18h30, 21h30; Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 4 - 15h30 (2D), 18h40, 21h20 (3D); A Descida - Parte 2 M16. Sala 5 - 16h10, 18h50, 21h50; Cidade Dividida M16. Sala 6 - 16h, 19h, 21h40

Setúbal Auditório CharlotAv. Dr. Ant. Manuel Gamito, 11. T. 265522446Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 1 - 21h30 Castello Lopes - SetúbalC. Comercial Jumbo, Loja 50. T. 707220220Vigarista à Vista M12. Sala 1 - 13h20, 15h50, 18h30, 21h30; Sangue Quente M12. Sala 2 - 13h30, 15h40, 18h10, 21h10; Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 3 - 13h, 15h30 (2D), 18h20, 21h20 (3D); O Impossível M12. Sala 4 - 13h10, 15h20, 18h, 21h

Faro SBC-International CinemasC. C. Fórum Algarve. T. 289887212Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 1 - 13h, 15h45, 18h30, 21h20; Guia para um Final Feliz M12. Sala 2 - 19h05; Força Anti-Crime M16. Sala 2 - 14h05, 16h35, 21h40; Vigarista à Vista M12. Sala 3 - 13h45, 16h10, 18h35, 21h; Oz: O Grande e Poderoso M12. Sala 4 - 15h40, 18h25, 21h10; Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 5 - 14h (2D), 16h30, 19h, 21h30 (3D); Mamã M16. Sala 6 - 14h05, 16h40, 19h15, 21h50; Snitch - Infiltrado Sala 7 - 16h55, 19h20, 21h45; Argo M12. Sala 8 - 19h25; Die Hard - Nunca é Bom Dia para Morrer M12. Sala 8 - 14h55, 17h10, 22h; A Vida de Pi M12. Sala 9 - 13h35, 16h20; Lincoln M12. Sala 9 - 19h05; O Último Desafio M16. Sala 9 - 22h10

Olhão Algarcine - Cinemas de OlhãoC.C. Ria Shopping. T. 289703332Força Anti-Crime M16. Sala 1 - 15h30, 18h30, 21h30; Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 2 - 15h20, 18h20, 21h30; A Maldição do Vale M18. Sala 3 - 15h15, 18h15, 21h15

Portimão Algarcine - Cinemas de PortimãoAv. Miguel Bombarda. T. 282411888Jack, o Caçador de Gigantes M12. Sala 1 - 15h30, 18h, 21h30; Comédia Explícita - Movie 43 M16. Sala 2 - 20h, 21h45

Tavira Cine-Teatro António PinheiroR. D. Marcelino Franco, 10 . T. 281324880Aguirre, o Aventureiro Sala 1 - 21h30 Zon Lusomundo TaviraC.C. Gran-Plaza. T. 16996Aguenta-te aos 40 M12. 12h40, 15h30, 18h20, 21h10; Mamã M16. 21h40; As Fantásticas Aventuras de Tad M6. 13h05, 15h15, 17h25, 19h30 (V.Port.); Vigarista à Vista M12. 13h15, 15h45, 18h15, 21h20; Jack, o Caçador de Gigantes M12. 13h20, 16h, 18h30 (2D), 21h10 (3D); Oz: O Grande e Poderoso M12. 12h50, 15h35, 18h20, 21h05

Integrada nas comemorações do Ano de Portugal no Brasil, a exposição Vieira da Silva, Agora, recém-chegada do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, reúne obras de Maria Helena Vieira da Silva provenientes de colecções privadas e institucionais, peças normalmente ausentes do circuito expositivo museológico. Inaugura hoje às 18h30 na Fundação Arpad Szenes, em Lisboa, e pode ser vista de quarta a domingo, das 10h às 18h. O bilhete custa 4€ (grátis ao domingo entre as 10h e as 14h).

Vieira da Silva, Agora

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42 | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013

SAIR

TEATROLisboaChapitôR. Costa do Castelo, 1/7. T. 218855550 Macbeth Companhia Chapitô. Enc. John Mowat. De 24/1 a 17/3. 5ª a Dom às 22h M/12. CulturgestRua Arco do Cego - CGD. T. 217905155 Melancolia e Manifestações Enc. Lola Arias. De 14/3 a 16/3. 5ª a Sáb às 21h30. M/12. Estrela HallRua da Estrela, 10. T. 213961946 The Hostage Enc. Jonathan Weightman. De 7/3 a 23/3. 5ª a Sáb às 21h. Dom às 17h. Gota TeatroOficinaCalçada do Correio Velho, 14-16. Título... Qual Título? Enc. João Barros. De 7/2 a 6/4. 5ª a Sáb às 21h15. M/12. Teatro AbertoPraça de Espanha. T. 213880089 Há Muitas Razões Para Uma Pessoa Querer Ser Bonita Enc. João Lourenço. De 21/12 a 31/3. 4ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h. M/16. Teatro da ComunaPraça de Espanha. T. 217221770 A Culpa Enc. Peter Pina. De 14/3 a 31/3. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h. M/16. Teatro da PolitécnicaRua da Escola Politécnica, 56. T. 961960281 Por Tudo e Por Nada Enc. Jorge Silva Melo. De 13/3 a 27/4. 3ª e 4ª às 19h. 5ª e 6ª às 21h. Sáb às 16h e 21h. M/12. Teatro Maria VitóriaAv. Liberdade (Parque Mayer). T. 213461740 Humor com Humor se Paga Enc. Mário Rainho. A partir de 1/11. 5ª e 6ª às 21h30. Sáb às 16h30 e 21h30. Dom às 16h30. M/12. Teatro Municipal de S. LuizR. António Maria Cardoso, 38. T. 213257650 A Visita da Velha Senhora Enc. Nuno Cardoso. De 7/3 a 27/3. 4ª a Sáb às 21h. Dom às 17h30. Teatro RápidoRua Serpa Pinto, 14. T. 213479138 Europa, Ich Liebe Dich De 1/3 a 1/4. 2ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom às 18h20 , 18h50, 19h20, 19h50 e 20h25. Exorcismo: Uma História de Amor Enc. Eric L da Silva. De 1/3 a 1/4. 2ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom às 18h05, 18h35, 19h05, 19h35

faca do não De Rui Chafes. De 14/3 a 25/5. 3ª a Sáb das 10h às 20h. Inaugura às 21h30. MNAC - Museu do ChiadoRua Serpa Pinto, 4. T. 213432148 Are you still awake? De João Pedro Vale, Hugo Canoilas, João Tabarra, Alexandre Estrela, Julião Sarmento, Ana Hatherly, Mauro Cerqueira, entre outros. De 13/12 a 28/4. 3ª a Dom das 10h às 18h. Arte Portuguesa 1850-1975 De João Cristino da Silva, Columbano Bordalo Pinheiro, João Marques de Oliveira, António Carneiro, Amadeo de Souza-Cardoso, Eduardo Viana, Mário Eloy, entre outros. De 20/2 a 31/12. 3ª a Dom das 10h às 18h. Projecto Bidonville De Maria Lusitano. De 21/2 a 7/4. 3ª a Dom das 10h às 18h (última admissão às 17h45). Museu Colecção BerardoPraça do Império, CCB. T. 213612878 Angela Detanico, Rafael Lain. Amplitude De 20/2 a 28/4. Todos os dias das 10h às 19h (últ. admissão às 18h30). Da Solidão do Lugar a um Horizonte de Fugas De Douglas Gordon, Ângela Ferreira, Miguel Palma, Eugenio Dittborn, Caetano Dias, João Tabarra, Augusto Alves da Silva, Justine Triet, Jimmie Durham. De 19/12 a 28/4. Todos os dias das 10h às 19h (últ. admissão às 18h30). Exposição Permanente do Museu Colecção Berardo (1960-2010) De Vito Acconci, Carl Andre, Alan Charlton, Louise Bourgeois, José Pedro Croft, Antony Gormley, Jeff Koons, Allan McCollum, Gerhard Richter, Cindy Sherman, William Wegman, entre outros. A partir de 9/11. Todos os dias das 10h às 19h (últ. admissão às 18h30). No Fly Zone. Unlimited Mileage De Paulo Kapela, Yonamine, Kiluanji Kia Henda, Edson Chagas, Binelde Hyrcam, Nástio Mosquito. De 30/1 a 31/3. Todos os dias das 10h às 19h (últ. admissão às 18h30). Museu Nacional de Arte AntigaRua das Janelas Verdes, 1249. T. 213912800

A Arquitectura Imaginária. Pintura, Escultura, Artes Decorativas De 1/12 a 30/3. 3ª das 14h às 18h. 4ª a Dom das 10h às 18h. Deambulações. Desenhadores Franceses em Portugal nos séculos XVIII e XIX De 28/2 a 5/5. 3ª das 14h às 18h. 4ª a Dom das 10h às 18h. Ilusionismos - Os Tectos Pintados do Palácio Alvor De 8/3 a 26/5. 3ª das 14h às 17h30. 4ª a Dom das 10h às 17h30. Obra Convidada: Lucas Cranach, o Velho. Judite com a cabeça de Holofernes De 24/1 a 28/4. 3ª das 14h às 18h. 4ª a Dom das 10h às 18h. Pintura e Artes Decorativas do Século XII ao XIX A partir de 16/12. 3ª das 14h às 18h. 4ª a Dom das 10h às 18h.

MÚSICALisboaEspaço Brasil (Lx Factory)Rua Rodrigues de Faria, 103. T. 213143399 Alessandra Maestrini Dia 14/3 às 22h30. Fundação e Museu Calouste GulbenkianAvenida de Berna, 45A. T. 217823000 Coro e Orquestra Gulbenkian De 14/3 a 15/3. 5ª às 21h. 6ª às 19h. Hot Clube de PortugalPraça da Alegria, 48. T. 213619740 Tahina Rahary Malagasy Roots De 14/3 a 15/3. 5ª e 6ª às 22h30. Igreja de Nossa Senhora de FátimaAv. Marquês de Tomar. António Esteireiro Dia 14/3 às 21h30.LoungeR. Moeda, 1. T. 213953204 Umberto Dia 14/3 às 23h.Lux FrágilAv. Infante D. Henrique. T. 218820890 The Hacker + Maelstrom + Gunrose + Zé Pedro Moura Dia 14/3 às 23h. Palácio FozPç. dos Restauradores. T. 213221200 Solistas da Metropolitana Dia 14/3 às 13h.

SinesCentro de Artes de SinesR. Cândido dos Reis. T. 269860080 Jahcoustix Dia 14/3 às 22h.

SAIRe 20h05. Folhas, e não Credos Enc. Miguel Ponte, Marcantonio Del Carlo. De 1/3 a 1/4. 2ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom às 18h, 18h30, 19h, 19h30 e 20h. Submersas De Catarina Aidos. De 1/3 a 1/4. 2ª, 5ª, 6ª, Sáb e Dom às 18h15, 18h45, 19h15, 19h45 e 20h15. M/12. 15m. Teatro TabordaRua da Costa do Castelo, 75. T. 218854190 Finge Enc. Carlos J. Pessoa. De 14/3 a 27/3. 3ª a Dom às 21h30.Teatro Tivoli BBVAAvenida da Liberdade, 182. T. 213572025 TOC TOC Enc. António Pires. A partir de 13/3. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 17h. M/16. Teatro VillaretAv. Fontes Pereira Melo, 30A. T. 213538586 Casa de Campo Enc. Frederico Corado. De 31/1 a 30/3. 5ª a Sáb às 19h30. Isto É Que Me Dói! Enc. Francisco Nicholson. De 2/1 a 31/3. 4ª, 5ª e 6ª às 21h30. Sáb às 16h e 21h30. Dom às 16h. M/12.

AlmadaTeatro Municipal Joaquim BeniteAvenida Professor Egas Moniz. T. 212739360 Gil Vicente na Horta Enc. João Mota. De 14/3 a 17/3. 5ª às 10h30 e 15h. 6ª às 15h e 21h30. Sáb às 21h30. Dom às 16h. M/12. Duração: 100m.

CascaisTeatro Municipal Mirita CasimiroAvenida Fausto Figueiredo. T. 214670320 Conversas Depois de um Enterro Enc. Renato Godinho. Até 17/3. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h.

OeirasAuditório Municipal Eunice MuñozRua Mestre de Aviz. T. 214408411 Esperando Diana Enc. Celso Cleto. De 1/3 a 14/4. 5ª a Sáb às 21h30. Dom às 16h. M/16.

EXPOSIÇÕESLisboaArquivo FotográficoRua da Palma, 246. T. 218844060

Imagem entre Imagens De Alberto Carlos Lima, António Júlio Duarte, Daniel Antunes Pinheiro, Daniel Blaufuks, entre outros. De 14/3 a 11/5. 2ª a Sáb das 10h às 19h. Inaugura às 19h. Séma Chéein De Bruno Dias Vieira. De 7/3 a 26/4. 2ª a 6ª das 09h30 às 17h.Cristina Guerra - Contemporary ArtR. Santo António à Estrela, 33. T. 213959559 La Grande Avventura Dello Spazio De Rui Toscano. De 14/3 a 13/4. 3ª a 6ª das 12h às 20h. Sáb das 15h às 20h.CulturgestR. Arco do Cego. T. 217905155 Esculturas Sonoras 1994-2013 De Rui Toscano. De 8/2 a 19/5. 2ª, 4ª, 5ª e 6ª das 11h às 19h. Sáb, Dom e feriados das 14h às 20h . Retrato de Michel Auder De Michel Auder. De 8/2 a 19/5. 2ª, 4ª, 5ª e 6ª das 11h às 19h. Sáb, Dom e feriados das 14h às 20h. Espaço Cultural da AXAAv. do Mediterrâneo. T. 213506207 Cinema Transcendental De Cecília Corujo. De 14/3 a 3/5. 2ª a 6ª das 12h às 17h.Espaço Round The Corner - Porta 9F/9GR. Nova da Trindade. T. 213420000 Black Frames De Daniel González Coves. De 1/3 a 29/3. 2ª a 6ª das 13h às 19h. Pintura. Fundação Arpad Szenes - Vieira da SilvaPraça das Amoreiras, 56. T. 213880044 Os Desastres da Guerra De Graça Morais. De 31/1 a 14/4. 4ª a Dom das 10h às 18h. Vieira da Silva, Agora De 14/3 a 16/6. 4ª a Dom das 10h às 18h (grátis ao Dom das 10h às 14h). Pintura. Inaugura às 18h30. Fundação e Museu Calouste GulbenkianAvenida de Berna, 45A. T. 217823000 360º Ciência Descoberta De 2/3 a 2/6. 3ª a Dom das 10h às 18h. Ciência, Documental.Galeria Filomena SoaresRua da Manutenção, 80. T. 218624122 The Sorrows of Electricity De António Olaio. De 14/3 a 25/5. 3ª a Sáb das 10h às 20h. Inaugura às 21h30. Tranquila ferida do sim,

Melancolia e Manifestações, de Lola Aria

FARMÁCIAS

LisboaServiço PermanenteImperial (Praça de Londres) - Av. Guerra Junqueiro, 30 - B - Tel. 218486860 Leonel Pinheiro (Entre C.G.D. e Casa) - Rua D. Filipa de Vilhena, 9 - C - Tel. 217970324 Lisbonense (Santo Amaro - Calvário) - Rua Leão de Oliveira, 2 - B - Tel. 213637020 Onilda (João XXI) - Av. João Xxi, 13 - A - Tel. 218486848 S. Bartolomeu (Galinheiras) - Vila Paulo Jorge, 1 - Tel. 217560166 dos Navegantes (Santa Maria dos Olivais) - Av. D. João II, Lote 1.03.2.1 C - Tel. 218945574

Outras LocalidadesServiço PermanenteAbrantes - Duarte Ferreira (Rossio ao Sul do Tejo) Alandroal - Santiago Maior, Alandroalense Albufeira - Alves de Sousa Alcácer do Sal - Misericórdia Alcanena - Ramalho Alcobaça - Epifânio, Alves (Benedita), Nova (Benedita) Alcochete - Nunes, Póvoas (Samouco) Alenquer - Nobre Brito, Higiene (Carregado) Aljustrel - Dias Almada - Silva Junior, Central - Palhais (Charneca de Caparica),

Almeida Araújo (Laranjeiro), Nova (Monte da Caparica) Almeirim - Central Almodôvar - Aurea Alpiarça - Gameiro Alter do Chão - Alter, Portugal (Chança) Alvaiázere - Ferreira da Gama, Castro Machado (Alvorge), Pacheco Pereira (Cabaços), Anubis (Maçãs D. Maria) Alvito - Nobre Sobrinho Amadora - Brito, Lemos, São Damião Ansião - Teixeira Botelho, Medeiros (Avelar), Rego (Chão de Couce), Pires (Santiago da Guarda) Arraiolos - Vieira Arronches - Batista, Esperança (Esperança/Arronches) Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis - Nova de Aviz Azambuja - Central, Miranda Barrancos - Barranquense Barreiro - Do Forum Batalha - Moreira Padrão, Silva Fernandes (Golpilheira) Beja - Santos Belmonte - Costa, Central (Caria) Benavente - Batista, Central (Samora Correia) Bombarral - Hipodermia Borba - Central Cadaval - Central, Figueiros (Figueiros Cadaval (Jan,Mar,Maio)), Luso (Fev,Abr,Jun) (Vilar Cadaval (Fev,Abr,Jun)) Caldas da Rainha - Rainha Campo Maior - Central Cartaxo - Pereira Suc. Cascais - Marginal, das Areias

(Estoril), Aisir (Parede) Castanheira de Pera - Dinis Carvalho (Castanheira) Castelo Branco - Ferrer Castelo de Vide - Roque Castro Verde - Alentejana Chamusca - Moura (Vale de Cavalos) Constância - Baptista Covilhã - Parente Crato - Saramago Pais Cuba - Da Misericórdia Elvas - Rosado e Silva Entroncamento - Carlos Pereira Lucas Estremoz - Godinho Évora - Infante de Sagres Faro - Helena Ferreira do Alentejo - Fialho Ferreira do Zêzere - Soeiro Figueiró dos Vinhos - Campos (Aguda), Correia Suc. Fronteira - Costa Coelho Fundão - Sena Padez (Fatela) Gavião - Gavionense, Pimentel Golegã - Oliveira Freire Grândola - Moderna Idanha-a-Nova - Andrade (Idanha A Nova), Serrasqueiro Cabral (Ladoeiro), Freitas (Zebreira) Lagoa - Lagoa Lagos - Neves Leiria - Higiene Loulé - Miguel Calçada, Nobre Passos (Almancil), Chagas Loures - Paula Costa, Rocha Santos, Nova do Infantado, Varela (S. Cosme) Lourinhã - Marteleirense, Pacheco (Ribamar) Mação - Saldanha Mafra - Barros (Igreja Nova), Oceano (Santo Izidoro / Mafra) Marinha

Grande - Guardiano Marvão - Roque Pinto Mértola - Nova de Mértola Moita - Aliança (Baixa da Banheira) Monchique - Higya Monforte - Jardim Montemor-o-Novo - Novalentejo Montijo - São Pedro Mora - Canelas Pais (Cabeção), Falcão, Central (Pavia) Moura - Rodrigues Mourão - Central Nazaré - Silvério, Maria Orlanda (Sitio da Nazaré) Nisa - Seabra Odemira - Confiança Odivelas - Do Casal Novo, Moserrate (Espinho) Oeiras - Combatentes, Lealdade, Godinho Oleiros - Martins Gonçalves (Estreito - Oleiros), Garcia Guerra, Xavier Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão - da Ria Ourém - Fonseca (Atouguia), Moderna Ourique - Nova (Garvão), Ouriquense Palmela - Ideal (Águas de Moura) Pedrógão Grande - Baeta Rebelo Penamacor - Cunha Gil Peniche - Central Pombal - Paiva Ponte de Sor - Matos Fernandes Portalegre - Chambel Suc. Portel - Misericordia Portimão - G. F. Dias Porto de Mós - Lopes Proença-a-Nova - Roda, Daniel de Matos (Sobreira Formosa) Redondo - Casa do Povo de Redondo Reguengos de Monsaraz - Martins Rio

Maior - Ferraria Paulino Salvaterra de Magos - Carvalho Santarém - São Nicolau Santiago do Cacém - Barradas Sardoal - Passarinho Seixal - Lusitana (Arrentela) Serpa - Central Sertã - Patricio, Farinha (Cernache do Bonjardim), Confiança (Pedrogão Pequeno) Sesimbra - da Cotovia, Rodrigues Pata, Lopes Setúbal - Marques, Monte Belo Silves - Cruz de Portugal, Dias Neves Sines - Monteiro Telhada (Porto Covo), Central Sintra - De Fitares, Quinta das Flores, Rico (Agualva), Claro Russo (Merces), da Praia das Maçãs (Praia das Maçãs), André (Queluz) Sobral Monte Agraço - Moderna Sousel - Mendes Dordio (Cano), Andrade Tavira - Félix Franco Tomar - Central Torres Novas - Lima Torres Vedras - Santa Cruz Vendas Novas - Nova Viana do Alentejo - Viana Vidigueira - Costa Vila de Rei - Silva Domingos Vila Franca de Xira - Azevedo, Botto e Sousa, Simões Dias (Bom Sucesso), César Vila Nova da Barquinha - Tente (Atalaia) Vila Real de Santo António - Pombalina Vila Velha de Rodão - Pinto Vila Viçosa - Duarte

Page 43: 14 Março - Público

PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | 43

FICAROs mais vistos da TVTerça-feira, 12

FONTE: CAEM

SICTVISICSICTVI

16,215,014,213,512,8

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31,329,827,029,124,4

RTP1

2:

SICTVI

Cabo

12,6%%

2,222,9

23,8

27,9

Dancin' DaysDestinos CruzadosJornal da NoiteFina EstampaJornal das 8

CINEMABem-vindo ao Sul [Benvenuti al Sud]RTP2, 22h04Alberto Colombo (Claudio Bisio),

director de uma estação de

correios de Brianza, Itália, está

disposto a tudo para satisfazer

Sílvia (Angela Finocchiaro), a sua

sempre insatisfeita mulher. Para

o provar, pede transferência para

Milão, alegando uma suposta

defi ciência física. Quando a fraude

é descoberta, Alberto é punido

com uma transferência, por um

período de dois longos anos, para

uma cidadezinha a sul de Nápoles,

a mais de 800 quilómetros de

casa. Remake do fi lme francês

Bem-vindo ao Norte, de Dany

Boon, numa versão italiana de

Luca Miniero.

O Grande Milagre [Big Miracle]TVC1HD, 21h30Adam Carlson ( John Krasinski)

é um jornalista de uma pequena

cidade do Alasca que anseia partir

em busca da grande história que

lançará a sua carreira. Contra

todas as probabilidades, a história

surge ali mesmo, quando uma

família de baleias-cinzentas

acaba presa devido a um súbito

congelamento no Círculo Árctico.

Quando a sua comovente

reportagem sobre as baleias faz

o mundo tomar conhecimento

sobre o assunto, Rachel Kramer

(Drew Barrymore), voluntária da

Greenpeace e sua ex-namorada,

acaba por seguir caminho até lá.

E é assim que, juntos, vão mover

montanhas com vista ao resgate

dos animais. De Ken Kwapis.

Seis Dias, Sete Noites [Six Days, Seven Nights]Fox Movies, 22h00Harrison Ford é um piloto de

carga, temperamental, que faz

viagens nas ilhas do Pacífi co para

esquecer um desgosto amoroso.

Anne Heche é uma nova-iorquina

que não consegue virar costas à

editora da revista de moda onde

trabalha, nem quando o noivo

a pede em casamento. Quando

é obrigada a voar para o Taiti

para uma sessão fotográfi ca,

recorre aos serviços do irascível

piloto. Tudo corre mal e as duas

últimas pessoas que quereriam

fi car juntas numa ilha tropical

desabitada acabam por se

despenhar. De Ivan Reitman.

MAGAZINESDangerous GroundsTravel, 19h00O magnata do café e aventureiro

Todd Carmichael é o Indiana

Jones da geração Java, procurando

variedades raras de café nos

locais mais fascinantes e inóspitos

do mundo. O seu negócio

depende em grande medida

do fornecimento de café com

características tão extraordinárias

que é cobiçado pelos chefs

mais famosos do planeta. Neste

episódio, Carmichael vai ao Haiti

em busca de um raro grão, a

typica, da qual apenas existem

rumores que remontam ao

passado colonial.

O Amigo de John Ford - Luís de PinaRTP2, 16h01Documentário biográfi co sobre

Luís Estêvão de Andrade de

Pina, mais conhecido por Luís de

Pina, cinéfi lo, crítico de cinema e

poeta, impulsionador do cinema

português e amante da obra do

cineasta John Ford.

SÉRIES

Anatomia de GreyFox Life, 21h25Estreiam novos episódios da 9.ª

temporada de Anatomia de Grey.

Depois de um violento acidente

de aviação, que resultou na

morte de Mark Sloan e de Lexie

Grey e noutras graves sequelas, a

companhia de seguros encontra

um detalhe que põe em causa

o pagamento da indemnização

que terá de ser assegurada pelo

hospital. Mas isso implica o

encerramento de Seatle Grace.

GirlsTV Series, 23h00Estreia a 2.ª temporada. Depois

de arrecadar dois Globos de

Ouro, a comédia Girls chega no

rescaldo da discussão acesa entre

Hannah (Lena Dunham) e Marnie

(Allison Williams) e do aparatoso

acidente de Adam (Adam

Driver). Mas tudo está diferente:

Hannah está decidida a ser uma

escritora reconhecida e tem um

novo interesse amoroso, Sandy

(Donald Glover). Já Marnie, Jessa

e Shoshanna registam algumas

mudanças nos campos do amor,

trabalho e amizade.

RTP16.04 Nós 6.30 Bom Dia Portugal 10.00 Praça da Alegria 13.00 Jornal da Tarde 14.15 Éramos Seis 15.14 Portugal no Coração 18.00 Portugal em Directo 19.08 O Preço Certo 20.00 Telejornal - Inclui 360º 21.00 Linha da Frente - Sob o Mesmo Tecto 21.36 AntiCrise 21.58 Sinais de Vida 22.51 Maria de Lourdes Modesto 23.50 5 Para a Meia-Noite - Directo. Pedro Fernandes convida Joaquim Nicolau + Cristina Massena 1.02 Ossos - 7.ª série 1.50 Perseguição - 1.ª série 2.34 O Direito de Nascer

RTP27.00 Zig Zag 13.07 National Geographic: Continente Perdido do Pacífico 14.00 Sociedade Civil - Famílias em crise 15.32 Eurodeputados 16.01 RTP Premium - O Amigo de John Ford - Luís de Pina 17.02 Zig Zag 18.00 A Fé dos Homens 18.34 Conta-me História 19.16 Iniciativa 19.48 Zig Zag 21.06 National Geographic: Teste o seu Cérebro 21.59 24 Horas - Sumário 22.04 Cinco Noites, Cinco Filmes - Bem-Vindo ao Sul + Os Milionários 0.00 24 Horas 1.05 Portugal Selvagem 1.33 Olhar o Mundo 2.01 Euronews

SIC7.00 Edição da Manhã 8.40 A Vida nas Cartas - O Dilema 10.15 Querida Júlia 13.00 Primeiro Jornal 14.40 Vingança 15.45 Boa Tarde 18.15 Fina Estampa 18.45 Cheias de Charme 19.15 Jornal da Noite 20.00 Futebol: Bordéus x Benfica - 2.ª mão dos oitavos-de-final da Liga Europa 22.25 Dancin´ Days 22.55 Avenida Brasil 23.50 Páginas da Vida 0.35 Mentes Criminosas - 7.ª série 1.35 Futebol: Liga Europa - Resumos 2.00 Cartaz Cultural 2.50 O Encantador de Cães 3.15 Podia Acabar o Mundo

TVI 6.30 Diário da Manhã 10.10 Você na TV! 13.00 Jornal da Uma 14.43 Ninguém Como Tu 15.17 Tempo de Viver 16.00 A Tarde é Sua - Directo 18.11 Doce Fugitiva 19.10 Doida Por Ti 20.00 Jornal das 8 21.57 Destinos Cruzados 23.10 Louco Amor 0.00 Equador 1.45 Autores 2.41 Apanha-me Se Puderes 3.25 Amanhecer 5.00 É a Vida Alvim!

TVC1 11.55 A Esperança Está Onde Menos Se Espera 13.55 Batman: Ano Um (V.O.) 15.00 Super-Quê? 16.35 Na

Tempestade 18.10 McKenna Rumo ao Estrelato 19.40 A Viagem 21.30 O Grande Milagre 23.15 Gone - 12 Horas Para Viver 0.50 Batman: Ano Um (V.O.) 1.35 Na Tempestade

FOX MOVIES11.08 Giras e Terríveis 12.43 Serenity 14.44 Top Gun - Ases Indomáveis 16.31 Spawn - O Justiceiro das Trevas 18.07 Kundun 20.17 A Onda dos Sonhos 22.00 6 Dias 7 Noites 23.40 O Rochedo 1.52 Maverick

HOLLYWOOD11.40 Mr. Deeds 13.15 Action Zone 13.45 O Lado Selvagem 16.10 Quem está Morto sempre Aparece 17.55 Conspiração.com 19.50 Chefe de Estado 21.30 Um Golpe em Itália 23.25 Gritos 1.20 Desafio Total

AXN14.46 Mentes Criminosas 15.36 Investigação Criminal 16.26 Investigação Criminal 17.16 A Firma 18.06 A Firma 18.56 Mentes Criminosas 19.46 C.S.I. Miami 20.36 Investigação Criminal 21.30 O Mentalista 22.26 The Mob Doctor 23.20 Mentes Criminosas 0.15 Perseguição 1.10 Alerta Cobra

AXN BLACK14.14 Filme: Guerreiros do Céu e da Terra 16.12 Sobrenatural 16.58 Boardwalk Empire 18.00 Inadaptados 18.52 Chuck 19.39 Boardwalk Empire 20.31 The Killing: Crónica de um Assassinato 21.35 Chuck 22.23 Filme: O Esconderijo 0.11 Chuck 0.59 Inadaptados

AXN WHITE14.06 Pequenas Mentirosas 14.51 Las Vegas 15.36 Filme: O Falcão Ataca de Novo 17.14 Póquer de Rainhas 17.39 A Vida Secreta de uma Teenager Americana 18.28 Pequenas Mentirosas 19.17 Póquer de Rainhas 20.11 Las Vegas 21.00 Gossip Girl 21.50 Filme: Sensibilidade e Bom Senso 0.05 Gossip Girl 0.51 Era Uma Vez

FOX 14.54 Casos Arquivados 15.44 Ossos 17.19 Lei & Ordem: Unidade Especial 18.52 Family Guy 19.43 American Dad 20.08 Os Simpson 20.56 Foi Assim Que Aconteceu 21.26 Casos

Arquivados 22.22 Investigação Criminal: Los Angeles 23.17 Hawai Força Especial 1.05 Californication

FOX LIFE 14.56 Parenthood 15.40 Anatomia de Grey 16.26 Ben & Kate 16.48 No Meio do Nada 17.10 Uma Família Muito Moderna 17.32 Parenthood 18.17 90210 19.01 Agente Dupla 19.50 Scandal 20.38 Anatomia de Grey 22.15 The Voice 23.10 No Meio do Nada 23.35 Uma Família Muito Moderna 0.00 Anatomia de Grey

DISNEY15.20 Casper – O Fantasminha 15.45 Rekkit Rabbit 16.10 Timon e Pumba 17.00 Phineas e Ferb 17.50 Monster High 17.53 Shake It Up 18.15 A.N.T. Farm - Escola de Talentos 18.40 Professor Young 19.05 Wasabi Warriors 19.30 Boa Sorte, Charlie! 19.55 Shake It Up 20.20 Jessie 20.45 Phineas e Ferb 21.00 Hannah Montana 21.25 Os Feiticeiros de Waverly Place

DISCOVERY18.20 A Pesca do Gladiador: Sobrecarregado e Debaixo de Tempestade 19.10 O Segredo das Coisas 20.05 Sobrevivência: Best of 21.00 Negócio Fechado 22.00 Caçadores de Leilões 22.55 Sucateiros 23.45 Armas do Futuro: Armas Inteligentes 0.35 Top Gear USA

HISTÓRIA 17.00 Monstros Lendários: Crocodilos Assassinos 17.50 Alienígenas: Armas Fatais 18.40 Os Maus da História: Atila 19.30 Alienígenas: A Criação do Homem 20.15 Eurásia: Jerusalém 1227, A Paz Excomungada 21.05 Eurásia: O conquistador mongol 22.00 Caçadores do Pântano: Lua cheia 22.45 Caçadores do Pântano: Isto é Pessoal 23.35 Restauradores: Pela Route 66

ODISSEIA17.00 Mundos de Água: Sob o Mar 17.30 Mundos de Água: Costa à Vista 18.00 A História da Vida: A Evolução das Penas 19.00 Rotas Míticas IV: Trans-Lapónia 20.00 Vítimas do Facebook 21.00 Dentro do Corpo Humano: Como sobreviver 22.00 Combates Corpo a Corpo: Mercenários 22.30 Combates Corpo a Corpo: Protecção Pessoal 23.00 Gastronomia Global: O Gelado 0.00 Homo Technologicus

[email protected]

AXN, 22h25 The Mob Doctor

ATD

Page 44: 14 Março - Público

44 | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013

JOGOSCRUZADAS 8373

BRIDGE SUDOKU

TEMPO PARA HOJE

A M A N H Ã

Açores

Madeira

Lua

NascentePoente

Marés

Preia-mar

Leixões Cascais Faro

Baixa-mar

Fonte: www.AccuWeather.com

PontaDelgada

Funchal

Sol

Viana do Castelo

Braga1º-2 13º

Porto2º 13º

Vila Real-1º 12º

2º 13º

Bragança3 10º

Guarda-2º 8º

Penhas Douradas-5º 4º

Viseu-1º 10º

Aveiro4º 14º

Coimbra1º 13º

Leiria2º 14º

Santarém4º 15º

Portalegre1º 11º

Lisboa6º 15º

Setúbal4º 16º Évora

1º 13º

Beja1º 13º

Castelo Branco0º 14º

Sines5º 14º

Sagres6º 15º

Faro5º 16º

Corvo

Graciosa

FaialPico

S. Jorge

S. Miguel

Porto Santo

Sta Maria

13º 16º

13º 17º

Flores

Terceira12º 17º

13º 18º

16º 17º

13º 17º

15º

14º

6h50

Crescente

18h43

17h2719 Mar.

1-1,5m

4m

16º

3m

16º1-1,5m

16º2,5-3m

04h16 3,516h33 3,3

10h20 0,522h37 0,6

03h52 3,516h09 3,4

09h54 0,722h10 0,7

03h59 3,416h14 3,3

09h48 0,522h03 0,6

1,5-2m

1,5-2m

5-6m

13º

14º

15º

Horizontais: 1. Planta gramínea. Sufoca. 2. Fábrica de óleos. Opinião política (fig.). 3. Princípio activo contido na bile. Promessa. 4. Fileira. Cosmético em for-ma de um pequeno cilindro usado pa-ra pintar ou proteger os lábios. 5. Altar. Actor de farsa satírica. 6. Elas. Rompe com violência. 7. Ladrar. Encolerizar. 8. Frontaria de um templo antigo. Seis mais um. 9. Peixe de água doce. Transpira. 10. Grande desordem. Produto da oxi-dação do álcool do vinho. 11. Espécie de sapo da região do Amazonas (Bras.). Maquinar (fig.).

Verticais: 1. Truão. Metal branco em-pregado na fabricação de talheres e de objectos de adorno. 2. Naquele lu-gar. Guarnecer de asas. Atmosfera. 3. Adoçar com mel. Tirou sons de. 4. Dançarinas profissionais. 5. Caixa em que se recolhem os votos nas elei-ções. Lavrar. 6. Caminhava para lá. Abreviatura de manuscrito. Dar upas (o cavalo) (Bras.). 7. Autores (abrev.). Peixe acantopterígio, de corpo raiado. Mau cheiro (Bras.). 8. Em tempo algum. Preposição que indica lugar. 9. Agudo. Sobra. 10. Jurisdição. Fazer tatuagem em. 11. Fio metálico. Que não é imagi-nário.

Depois do problema resolvido encon-tre o título de um filme com Gérard Depardieu (2 palavras).

Solução do problema anterior:Horizontais: 1. Rubo. Elevo. 2. Eremita. IRS. 3. Iriar. Imane. 4. SA. Lasso. Al. 5. Regra. Rara. 6. Si. Mera. 7. Untar. Gero. 8. Sua. Ovém. Pl. 9. Nitrir. Aio. 10. Ocar. Piorar. 11. Cariz. Astro.Verticais: 1. REIS. Pus. Oc. 2. Urrar. NUNCA. 3. Bei. Estaiar. 4. Omalgia. Tri. 5. Irar. Ror. 6. ET. Sam. VIP. 7. Lais. Egéria. 8. MORREM. OS. 9. Via. Aar. Art. 10. Ornar. Opiar. 11. Selar. Loro.Provérbio: Os reis nunca morrem.

Oeste Norte Este Sul 1STpasso 3ST Todos passam

Leilão: Qualquer forma de Bridge.

Carteio: Saída: K♠. Qual o seu plano de jogo?

Solução: Se pensa que os problemas de jornal nunca ocorrem na vida real, atente no jogo de hoje, oriundo de uma meia-final de equipas recente.Nas quatro mesas, dessa meia-final, o contrato e a saída foram precisamente os mesmos. Na primeira mesa, o decla-rante decidiu entrar com o Ás de espa-das somente na terceira volta, ao mes-mo tempo que Este baldou um ouro. De seguida bateu o Ás de paus da mão. Assim que Este mostrou ter a Dama de paus singleton, este declarante teve de se render por um cabide.Na segunda mesa, o declarante fez me-lhor. Depois de recuar o Ás de espadas duas vezes, foi ao morto num ouro e jogou um pau. Quando a Dama apare-ceu em Este, o declarante deixou fazer, garantindo o seu contrato, com vaza a mais.Na terceira mesa, também o Ás de es-

Dador: SulVul: NS

Problema 4734 Dificuldade: fácil

Problema 4735 Dificuldade: difícil

Solução do problema 4732

Solução do problema 4733

NORTE♠ 943♥ A52♦ AQJ♣ 8732

SUL♠ A105♥ K6♦ K53♣ AK1065

OESTE♠ KQJ82♥ J43♦ 76♣ J94

ESTE♠ 76♥ Q10987♦ 109842♣ Q

João Fanha/Luís A.Teixeira ([email protected]) © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com

padas ficou para trás nas duas primeiras voltas de espadas. Mas, na terceira volta de espadas, Este produziu a balda mortí-fera da Dama de paus! Um cabide. Por último, na quarta mesa, o declaran-te decidiu entrar com o Ás de espadas na segunda volta de espadas. Seguiu com o Ás de paus. Assim que a Dama caiu da mão de Este, o declarante deci-diu testar primeiro os restantes naipes, antes de tomar uma decisão quanto ao naipe de paus. Três voltas de ouros pri-meiro, no qual Oeste baldou uma copa. Seguiu agora com o Ás e o Rei de copas. Quando o Valete de copas tombou da mão de Oeste, decidiu jogar…uma es-pada! Oeste ficou em mão na espada, ti-rou ainda mais duas vazas no naipe mas, no fim, foi obrigado a jogar paus debai-xo dos seus J9 para K10 do declarante. Muito bem jogado.

Oeste Norte Este Sul 2♥*?*- Fraco, seis cartas e 5 a 10 pontos

O que marca com a seguinte mão?♠KJ98 ♥K932 ♦A ♣Q972

Resposta: Com um singleton a ouros, é precipitado dobrar com esta mão, pois o que faria sobre uma voz de 3 (ou 4 ou 5) ouros do parceiro? Se o parceiro não puder reabrir este leilão então, pode-mos, com alguma tranquilidade, afirmar que não há uma partida do nosso lado. Se o parceiro reabrir, seja em dobre ou em naipe, avançaremos para partida. A boa voz: passe.

MeteorologiaVer mais emwww.publico.pt

Page 45: 14 Março - Público

PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | 45

PESSOAS

David Bowie, segunda parte, ainda por AngieA entrevista de Angie Bowie ao Sun é tão rica que, depois das revelações sobre os gostos sexuais de David Bowie, decidimos manter o tema. Além de falar do filho que têm em comum (Duncan Haywood Zowie Jones), que Angie não vê desde os seus 14 anos — “decidiu que não me queria ver mais. Já é adulto e se quiser pode encontrar-me” —, diz ter ajudado David a libertar-se do lado paranóico que criou com a dependência das drogas. “Uma vez estava em Londres e ele telefonou-me de Los Angeles a dizer que tinha sido raptado por um bruxo e duas bruxas e que tinha inseminado as bruxas para que tivessem a semente de Satanás. No dia seguinte viajei para LA. Ele escapou, mas não antes do bruxo, que na verdade era um dealer, lhe ter dado mais cocaína para continuar pedrado.” Diz também que a única coisa que recebeu no divórcio foram 750 mil dólares pagos ao longo de dez anos — “não pude sequer comprar uma casa”. Muito pouco para quem, garante, ajudou Bowie a tornar-se uma estrela. Angie não deixa de fora o novo álbum de David, The Next Day, editado após uma ausência de dez anos. “Ouvi a primeira canção (Where Are We Now?) e era horrível. A segunda ainda era pior que isso. É isto o maior regresso do século? É chato. Todos os álbuns editados depois dos primeiros oito são lixo para mim”. Diz ainda estar convicta de que a personagem interpretada pela actriz Tilda Swinton no vídeo de (The Stars) Are Out Tonight baseia-se nela e que o enredo sobre o mundo bizarro da fama se inspira no relacionamento entre ambos. “Vi 30 segundos e não consegui ver mais. O tema é demasiado retrospectivo.” Toda a entrevista cheira a ressentimento...

HOJE FAZEM ANOS

Dina Aguiar, jornalista, 60; Fernando Pereira, entertainer, 54; Quincy Jones, músico, 80; Billy Crystal, actor, 65; Michael Caine, actor, 80; Frank Borman, antigo astronauta, 85; Alberto Grimaldi, príncipe do Mónaco, 55; Nicolas Anelka, futebolista, 34; Ferran Adria, chef do elBuli, 50

DR

A extravagância dourada de Lady Gaga

Taylor Swift não ficou bem na fotografia

Os artistas são muito imaginativos

quanto a exigências, mas Lady

Gaga elevou a fasquia. Então não

é que a cantora, acabadinha de

ser operada à anca, desloca-se

numa cadeira de rodas de ouro de

24 quilates e que mais parece um

trono? A cadeira foi desenhada

por Ken Borochov, que apenas

teve uma semana para a conceber.

Tem uma capota de couro preto,

amovível, material que é também

utilizado no assento. “Era suposto

fazer algo extraordinário que

servisse para uma rainha, o que

Gaga é”, justifi cou Borochov.

Ninguém sabe explicar, mas a

descoberta junto a uma escola de

Nashville de centenas de cartas

dirigidas a Taylor Swift e ainda por

abrir não dignifi ca a cantora, que

tem uma legião enorme de fãs (só

no Twitter são quase 25 milhões).

Uma sua assessora diz que Taylor

recebe milhares de cartas por dia,

as quais são recicladas depois de

abertas e lidas por elementos da sua

equipa de apoio. “Provavelmente,

um pequeno lote de correio que

era suposto ser entregue a Taylor

foi acidentalmente enviado para o

centro de reciclagem”. Seja como

for, aconteceu.

Life&StyleVer mais emlifestyle.publico.pt/pessoas

Page 46: 14 Março - Público

46 | DESPORTO | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013

Jackson Martínez foi impotente frente a uma aguerrida defesa do Málaga e ficou em branco na Andaluzia

MARCELO DEL POZO/REUTERS

O estreante Málaga foi mais maduro do que o FC Porto

Era suposto o FC Porto ser a equipa

mais experiente, mas foi o Málaga

que aproveitou os erros do adver-

sário — alguns deles infantis, como

a expulsão de Steven Defour — para

seguir em frente para os quartos-de-

fi nal da Liga dos Campeões, fase da

qual o clube português está ausente

desde 2008-09. A formação espa-

nhola ganhou 2-0 em casa, recupe-

rando a desvantagem de um golo da

primeira mão, e continua a fazer his-

tória na sua estreia na competição,

desta vez à custa de um FC Porto

que desperdiçou uma boa entrada

na partida.

O Málaga anulou a desvantagem

no fi nal da primeira metade e depois

fi cou com a eliminatória bem mais

facilitada com o segundo amarelo a

Defour (49’), que deixou o FC Porto

a jogar quase toda a segunda parte

em inferioridade numérica.

Até ao encontro do La Rosaleda,

o FC Porto tinha séries assinaláveis

contra equipas espanhola: seis eli-

minatórias seguidas de sucesso e

oito jogos sem perder. Mas foi o no-

tável saldo do Málaga que ganhou

ainda mais destaque no fi nal: em

26 jogos europeus, os boquerones

só perderam dois (curiosamente,

ambos no Porto e por 1-0, com FC

Porto e Boavista).

Ontem, também houve um Fran-

cisco muito falado no mundo do fu-

tebol. Conhecido por Isco, o médio

ofensivo, que em Dezembro foi con-

siderado o Golden Boy 2012, prémio

que o jornal italiano Tuttosport atribui

ao melhor futebolista sub-21 da Euro-

pa, ajudou a desequilibrar a balança

a favor do Málaga. O jogador de 20

anos inaugurou o marcador com um

bom remate de fora da área e mar-

cou o canto que Roque Santa Cruz

transformou no segundo golo (77’).

Antes, porém, foi o FC Porto que

mandou mais. Os “dragões” entra-

ram a pressionar muito e consegui-

ram, na primeira meia hora, níveis

de posse de bola idênticos aos do

Dragão. Mas, com o seu Golden Boy

James no banco, sem efeitos práticos.

Nesta altura percebeu-se que o

árbitro Nicola Rizzoli não tinha difi -

culdade em tirar o cartão amarelo do

bolso — e o FC Porto foi o que menos

soube jogar com isso.

As diagonais de Joaquín e os pas-

ses errados e precipitações dos por-

tistas na frente ajudaram o Málaga

a entrar no jogo. Antes de marca-

rem, os espanhóis viram ainda um

golo do ex-benfi quista Saviola ser

mal anulado (Baptista não fez falta

sobre Helton).

O erro do guardião brasileiro na-

quele lance foi um prenúncio do

que Defour cometeria, ao fazer uma

falta imprudente sobre Joaquín, re-

cebendo o segundo amarelo. Com

menos um e esgotado fi sicamente,

o FC Porto quis, mas não pôde — Ja-

ckson, após um livre de James, teve

talvez a melhor oportunidade, mas

a bola saiu ao lado.

Crónica de jogoManuel Assunção

“Dragões” foram afastados da Liga dos Campeões com derrota em Espanha. Os portistas entraram bem, mas deitaram tudo a perder no fi m da primeira parte e com a expulsão de Defour no início da segunda

Málaga 2Isco 43’, Roque Santa Cruz 77’

FC Porto 0

Positivo/Negativo

Estádio La Rosaleda, em Málaga Assistência Cerca de 35 mil espectadores

Málaga Willy Caballero, Jesus Gámez a33’, Demichelis a28’, Weligton, Antunes, Toulalan a64’, Iturra, Joaquín (Camacho, 88’), Isco, Júlio Baptista (Roque Santa Cruz, 74’), Saviola (Lucas Piazón, 78’). Treinador Manuel Pellegrini

FC Porto Helton, Danilo, Otamendi a17’, Mangala a83’, Alex Sandro a30’ (Atsu, 70’), Fernando, João Moutinho (James Rodríguez, 46’), Defour a24’ a49’ a49’, Lucho González, Varela (Maicon, 58’), Jackson. Treinador Vítor Pereira

Árbitro Nicola Rizzoli (Itália)

Joaquín e IscoO primeiro foi o melhor — e o mais problemático para o FC Porto — no momento em que o Málaga começou a virar o jogo. Com apenas 20 anos, o segundo, ao contrário do que sucedeu no Dragão, confirmou o potencial que lhe é apontado: um golo e uma assistência.

Centrais do Málaga Para o FC Porto era essencial marcar, mas Demichelis e Weligton raramente falharam.

FernandoRoubou muitas bolas e também perdeu algumas, mas não lhe faltaram esforço e vontade para passar aos “quartos”.

FC PortoPagou caro os muitos erros depois de ter ganho o controlo inicial do jogo: destacaram-se os passes errados, o desastre defensivo dos últimos dez minutos da 1.ª parte e a imprudência de Defour.

REACÇÕES

Estivemos muito condicionados pela arbitragem, em termosde amostragem de cartões amarelos. Desde muito cedo ficámos com meia equipa ‘amarelada’,o que não nos permitiuser agressivos nas transições ofensivas, como gostamosde ser

Vítor PereiraFC Porto

Page 47: 14 Março - Público

PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | 47

O Arsenal derrotou o Bayern, em

Munique, por 2-0, mas está fora dos

quartos-de-fi nal da Liga dos Campe-

ões. Apesar de sofrerem um golo de

Giroud logo aos 3’, os alemães tive-

ram quase sempre o jogo controlado,

mas os gunners fi caram perto da sur-

presa após Koscielny, aos 85’, fazer

o segundo dos ingleses. No entan-

to, a vantagem de 3-1, alcançada na

primeira mão, foi sufi ciente para o

Bayern conseguir o apuramento.

Após o resultado no Emirates Sta-

dium, poucos arriscariam um cênti-

mo no Arsenal, mas Arsène Wenger

defi niu a missão dos londrinos como

“difícil, mas não impossível”. Com

dois jogadores lesionados (Wilshe-

re e Podolski) e um “mentalmente

fatigado” (o guarda-redes Szcesny),

o treinador apostou na experiência

de Rosicky e entregou as tarefas ofen-

sivas a Walcott, Cazorla e Giroud. E

para quem necessitava de (quase)

um milagre para seguir em frente,

o início de jogo foi perfeito: aos 3’,

Walcott cruzou e Giroud, na peque-

na área, empurrou para o fundo da

baliza. O Arsenal ainda necessitava

de dois golos, mas a luz ao fundo do

túnel fi cava mais forte.

Jupp Heynckes, treinador do

Bayern, tinha garantido que os seus

jogadores não iam dar atenção “à eu-

foria que se vive em redor da equipa”.

E os bávaros reagiram à desvantagem

como o treinador pediu. “Calmos e

Arsenal ficou perto do milagre mas Bayern segue em frente

com os pés assentes no chão”, sinte-

tizou. Com o título alemão na mão,

o Bayern apenas um vez, em 22 eli-

minatórias, tinha deixado fugir uma

qualifi cação após vencer o primeiro

jogo e demorou pouco a mostrar que

o golo sofrido tinha sido apenas um

percalço.

Mesmo sem carregar no acelera-

dor, os alemães assumiram o contro-

lo e o jogo passou a ser de sentido

único: a baliza de Lukasz Fabianski.

Com 57% de posse de bola no pri-

meiro tempo, os bávaros tiveram

boas oportunidades para empatar

por Kroos (5’), Gustavo (10’), Robben

(28’) e Müller (30’), mas o intervalo

chegou com o Arsenal na frente. A

estatística, contudo, era clara em

relação à tendência do jogo: oito re-

mates para os alemães, um para os

ingleses.

No segundo tempo pouco mudou.

Aparentemente sem argumentos pa-

ra contrariar o poderio do Bayern, o

Arsenal ripostava através de contra-

ataques, mas o jogo era alemão. Aos

64’, um remate de Luiz Gustavo pas-

sou ligeiramente ao lado do poste,

aos 68’ Fabianski impediu o golo a

Robben. O jogo arrastava-se e parecia

óbvio que o Bayern seguiria em fren-

te. Até que, aos 85’, Kolscielny fez o

2-0 e a Allianz Arena tremeu.

Com apenas um golo a segurar o

apuramento, os alemães souberam

manter a bola longe da sua área e,

apesar do tudo ou nada inglês, o Ar-

senal regressa a Londres apenas com

uma vitória prestigiante.

David Andrade

ODD ANDERSEN/AFP

Valeu ao Bayern o resultado obtido em Londres

Breves

Liga dos Campeões

Futebol feminino

Apanhados a escavar túnel para ver treino do Galatasaray

EUA vencem Mundialito e Portugal evita último lugar

Um grupo de adeptos turcos do Galatasaray foi apanhado a tentar abrir um buraco para entrar no perímetro da Veltins Arena, estádio do Schalke, na noite anterior ao jogo entre o clube turco e o emblema germânico da Liga dos Campeões, de anteontem. Tudo para assistir ao treino da equipa de Istambul. Seguranças privados do estádio descobriram os adeptos a tentar criar uma passagem subterrânea, sob a cerca, usando apenas as mãos – como o chão estava congelado, não foram muito longe. “Os nossos amigos turcos foram apanhados a escavar uma passagem para o estádio no chão congelado, depois do final da sessão de treino”, disse o director desportivo do Schalke, Horst Heldt, citado pelo jornal britânico Daily Telegraph.

A selecção feminina dos Estados Unidos, campeã olímpica e primeira classificada no ranking da FIFA, conquistou ontem pela nona vez o Mundialito de futebol feminino, disputado no Algarve, ao derrotar na final a campeã em título, a Alemanha, com dois golos de Alex Morgan, a terceira melhor jogadora do mundo em 2012. No terceiro lugar ficou a Noruega, após o 2-2 que se registou no final do tempo regulamentar e do prolongamento. Nos penáltis, as norueguesas baterem a Suécia por 3-2. Portugal garantiu o 11.º lugar ao vencer o País de Gales, no desempate na marca de grandes penalidades, por 3-1, após empate (1-1) no período regular.

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Page 48: 14 Março - Público

48 | DESPORTO | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013

Benfi ca nunca perdeu esta época sem Luisão e Garay

JOSEP LAGO/AFP

Garay está lesionado e não vai jogar em Bordéus, uma ausência com que Jorge Jesus não contava

A ausência de Luisão no reencon-

tro do Benfi ca com o Bordéus, na

segunda mão dos oitavos-de-fi nal

da Liga Europa, era uma certeza.

Já a indisponibilidade de Garay (so-

freu um traumatismo no ombro es-

querdo) apanhou toda a gente des-

prevenida — incluindo o treinador

Jorge Jesus. O técnico admitiu que

foi surpreendido, mas garantiu que

confi a em todos os jogadores. Esta

contrariedade vai obrigar Jesus a

improvisar uma dupla de centrais.

Jardel, a primeira opção na ausência

de um dos dois habituais titulares,

tem lugar garantido frente aos gi-

rondinos. Falta saber quem será o

seu parceiro no centro da defesa:

as opções são Roderick Miranda ou

Miguel Vítor.

Em parte, esta nem é uma situa-

ção nova para o treinador do Ben-

fi ca. No início da temporada, e du-

rante dois meses, Jorge Jesus esteve

impedido de utilizar Luisão, castiga-

do por ter dado um encontrão ao

árbitro, durante um jogo particular

com o Fortuna Düsseldorf. Durante

esse período, o técnico recorreu a

Jardel para fazer dupla com Garay.

Mas também já aconteceu não

jogar Luisão nem Garay. Em três

partidas na presente temporada, o

centro da defesa “encarnada” esteve

entregue a outros jogadores. Jardel e

Sidnei fi zeram dupla no jogo da Taça

de Portugal frente ao Freamunde (4-

0) e contra o Olhanense (2-1), para

a Taça da Liga. Na mesma competi-

ção, Jorge Jesus utilizou Jardel e Ro-

derick Miranda, frente à Académica

(3-2). O saldo é positivo: três vitórias,

com três golos sofridos.

“A equipa está na minha cabeça,

excepto quem jogará no lugar dele

[Garay]. A minha dúvida está entre

Roderick e Miguel Vítor. Ainda vou

analisar os prós e os contras, em

função das características de cada

um, para decidir”, disse ontem Jorge

Jesus. Roderick parte em vantagem,

porque tem sido opção desde que

regressou do empréstimo ao Depor-

tivo da Corunha. Fez dois jogos na

Taça da Liga e também cumpriu os

90’ contra o Bordéus, tendo sido

testado num lugar do meio-campo.

Por seu lado, no que diz respeito à

equipa principal do Benfi ca, Miguel

Vítor foi apenas suplente utilizado

na nona jornada da I Liga. Tanto Ro-

derick Miranda como Miguel Vítor

fi zeram alguns jogos pela equipa B

dos “encarnados”.

Seja qual for a opção de Jorge Je-

sus, o técnico pede ambição: “Va-

mos encarar esta partida como se

fosse o primeiro jogo da eliminató-

ria. É uma pequena vantagem ter-

mos ganho 1-0. Mas o Benfi ca joga

sempre com uma ideia de vitória e

não é por termos a vantagem de um

golo que vamos mudar a nossa ideia

de jogo”, vincou, acrescentando:

“Não vai ser um Benfi ca a defender

a maior parte do tempo, a não ser

que o Bordéus nos obrigue a isso.”

Francis Gillot, treinador do Bor-

déus, está cauteloso. “É preciso ter

cuidado com esta equipa [do Benfi -

ca], que se sente muito confortável

a jogar fora. Ganharam em Leverku-

sen (0-1) e empataram na visita ao

Barça (0-0)”, avisou. O Bordéus não

sofreu golos nos últimos quatro jo-

gos em casa, para a Liga Europa.

Ausência dos dois habituais titulares no centro da defesa obriga o treinador Jorge Jesus a utilizar soluções de recurso esta noite, na visita a Bordéus, onde os “encarnados” jogam o futuro na Liga Europa

FutebolTiago Pimentel

Bordéus 4-5-1

Benfica 4-1-3-2

Estádio Chaban-Delmas,Bordéus

Árbitro: Ovidiu A. Hategan Roménia

20h05SIC

TrémoulinasSanéHenrique

Mariano

Carrasso

Artur

C. Martins

MaticA. Almeida

JardelRoderickMelgarejo

Rodrigo Cardozo

Diabaté

Poko

SaivetObraniakPlasil

Maurice-Belay

Gaitán Ola John

OITAVOS-DE-FINALRubin Kazan-Levante (0-0) 17h, SP-TV3Zenit-Basileia (0-2) 17h, SP-TV2Inter-Tottenham (0-3) 18h, SP-TV1Chelsea-Steaua (0-1) 20h05, SP-TV1Fenerbahçe-Plzen (1-0) 20h05, SP-TV4Bordéus-Benfica (0-1) 20h05, SICNewcastle-Anzhi (0-0) 20h05, SP-TV3Lazio-Estugarda (2-0) 20h05, SP-TV2

Resultados da primeira mão

Page 49: 14 Março - Público

PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | DESPORTO | 49

Depois de uma paragem de quatro

semanas, Ricardo Santos regressa

à competição por ocasião do Avan-

tha Masters, em Nova Deli, onde é o

jogador mais cotado na Corrida ao

Dubai (ordem de mérito do Europe-

an Tour) — 16.º classifi cado — entre

os 156 participantes. A posição que

ocupa nesta tabela refl ecte o forte

início de época do português, com

quatro top 10 nos seis torneios que

jogou em Janeiro e Fevereiro e um

pecúlio de 284 mil euros de prémios

acumulados.

“Foi o momento mais alto da mi-

nha carreira, em termos de consis-

tência”, diz o algarvio, de 30 anos,

aludindo ao seu arranque de tem-

porada, em que jogou um total 24

voltas (19 das quais abaixo do par)

em seis semanas consecutivas, no

Médio Oriente e África do Sul, o que

lhe permitiu atingir, antes da para-

gem, o 14.º lugar na Corrida ao Du-

bai. Como destaque, o terceiro lugar

no Africa Open e o quarto em Abu

Dhabi, numa prova que contou com

Tiger Woods e Rory McIlroy.

“Os meus objectivos eram ambi-

ciosos, mas não tanto”, reconhece.

“Queria um top 10, consegui qua-

tro; queria chegar aos 150 primeiros

do ranking mundial em três meses,

consegui-o em mês e meio (actual-

mente, é 137.º). E, depois, é muito

bom ter garantido tão cedo o cartão

do circuito para 2014, porque me

permite focar noutros objectivos.”

No fi nal da época, os 118 primeiros

da Corrida ao Dubai mantêm-se co-

mo membros efectivos do principal

circuito europeu de profi ssionais.

Santos tem boas memórias do

Avantha Masters, já que na edição

passada foi lá que obteve um dos

seus dois top 10 de 2012 (foi déci-

mo) — o outro foi a vitória no Open

da Madeira, fundamental para que

tivesse sido eleito o melhor “caloiro”

do circuito. “Fiz a volta de reconhe-

cimento com o Álvaro Quiros, que

regressa depois da lesão no pulso.

O campo está em muito boas condi-

ções, exigente dos tees. Se os shots

de saída estiverem afi nados, oferece

algumas oportunidades de birdie”,

considerou.

Santos volta à competição na Índia e como favorito

GolfeRodrigo Cordoeiro

O português procura dar continuidade, em Nova Deli, ao excelente início de temporada que já lhe rendeu 284 mil euros

O norte-americano Sam Querrey foi o último tenista a bater Djokovic

Novak Djokovic continua determi-

nado a repetir a excelente época de

2011 em que ganhou os 41 primeiros

encontros. Ontem, o número um do

ranking somou a 15.ª vitória da épo-

ca, ao eliminar do BNP Paribas Open

o búlgaro Grigor Dimitrov, por 7-6

(7/4), 6-1. Nos quartos-de-fi nal, Djoko-

vic vai defrontar Sam Querrey, o úl-

timo jogador a derrotá-lo, em Outu-

bro último, na segunda ronda do ATP

Masters 1000 de Paris.

“Sim, ele ganhou o último encon-

tro, em court coberto, mas são cir-

cunstâncias e condições diferentes.

Iremos jogar diante do seu público

e ele tem um grande serviço e um

grande jogo e pode fazer bons pon-

tos quando precisa. E também gosta

de jogar nos grandes palcos”, frisou

o sérvio.

O embate com o norte-americano,

que ocupa o 23.º posto na tabela

ATP, será o primeiro encontro noc-

turno de Djokovic neste torneio, o

que pode abrandar as condições de

jogo. “Vou ter certamente que come-

çar melhor do que hoje e entrar um

pouco mais no court. Para os meus

parâmetros, ainda não trouxe o meu

jogo para o nível que queria”, adian-

tou Djokovic.

Querrey somou a 12.ª vitória em 17

encontros este ano, batendo o austra-

liano Marinko Matosevic, num con-

fronto em que ganhou apenas mais

três pontos que o adversário: 7-6

Novak Djokovic e Sam Querrey têm Paris na memória

(7/5), 6-7 (7/9) e 7-5. Amanhã, Quer-

rey quer igualmente ganhar alguns

pontos importantes. “Vou apenas

esperar jogar bem, agressivo, em

especial nos break-points, nas van-

tagens nulas, esperar que algumas

bolas saiam como eu quero”, disse

o norte-americano. Está consciente

das difi culdades que vai encontrar:

“Ele faz tudo bem. Talvez tenha que

sair da minha zona de conforto e fa-

zer coisas que não gosto de fazer e

talvez seja recompensado.”

No torneio feminino, Maria Sha-

rapova começou mal frente à espa-

nhola de 20 anos, Lara Arruabarre-

na-Vecino (87.ª), mas fechou com os

parciais de 7-5, 6-0, após um segundo

set concluído em 22 minutos. “Talvez

tenha procurado as linhas um pouco

mais do que era preciso, em especial

nos primeiros jogos quando não se

conhece muito bem a adversária”,

disse a russa que, nos quartos-de-

fi nal, vai reeditar a fi nal do último

Roland Garros, com a italiana Sara

Errani, vencedora da francesa Ma-

rion Bartoli, por 6-3, 6-2.

Victoria Azarenka, que procura

tornar-se na primeira mulher a re-

validar o título em Indian Wells des-

de Martina Navratilova (1991), admi-

tiu estar lesionada num tornozelo,

mas isso não a impediu de eliminar

Urszula Radwanska, por 6-3, 6-1.

Menos sorte teve a irmã de Urszu-

la, Agnieszka. A número quatro do

ranking foi afastada pela russa Maria

Kirilenko (115.ª): 6-1, 4-6 e 7-5.

Outros resultados: Masculinos A.

Murray-L. Yen-Hsun, 6-3, 6-2; J. Del

Potro-B. Phau, 6-2, 7-5; T. Haas-N.

Almagro, 6-3, 6-7 (2/7) e 7-6 (7/2); J.

Tsonga-M. Fish, 7-6 (7/4), 7-6 (7/0);

M. Raonic-M. Cilic, 3-6, 6-4 e 6-3. Fe-mininos S. Stosur-M. Barthel, 4-6,

6-2 e 6-3; P. Kvitova-K. Zakopalova,

6-2, 6-3.

MATTHEW STOCKMAN/AFP

TénisPedro Keul

Agnieszka Radwanska foi impedida por Maria Kirilenko de chegar aos quartos-de-final do BNP Paribas Open

Breves

Atletismo

Futebol

Basquetebol

Meia-Maratona de Lisboa “esgotada” 11 dias antes do arranque

Millwall surpreende e está nas “meias” da Taça de Inglaterra

Almada pronta para receber campo de treinos da NBA

A Meia-Maratona de Lisboa, que se realiza a 24 de Março, já encerrou as inscrições para a prova, tendo-se atingido os 37 mil registos. “A novidade não está no número de inscritos, mas na antecedência com que esse número foi atingido [11 dias]”, disse ontem Carlos Móia, da organização. Entre os atletas de elite inscritos está o etíope Ibrahim Jeilan, de 23 anos, surpreendente vencedor dos 10.000 metros no Mundial de 2011.

O Millwall, do terceiro escalão do futebol inglês, afastou ontem o Blackburn nos “quartos” da Taça de Inglaterra, ao vencer por 1-0. Em Blackburn, a equipa da II Divisão permitiu que o Millwall passasse às meias-finais da prova mais antiga do mundo, com um golo do nigeriano Shittu, aos 46 minutos. Nuno Gomes jogou a segunda parte pelo Blackburn Rovers. Nas meias-finais, a 13 de Abril, o Millwall vai defrontar o Wigan.

Almada vai receber, em Agosto, o Basketball Without Borders — Europe, o campo de treinos promovido pela Liga Norte-americana de Basquetebol profissional (NBA) e que reunirá os 40 melhores jogadores sub-19 da Europa com figuras da NBA. Desde 2001, data do primeiro BWB, passaram por esses campos nomes como Patrick Ewing, Alonzo Morning ou Pau Gasol.

A Volta ao Alentejo retoma o fi gu-

rino com cinco dias de competição

e cinco etapas, num total de 802,4

quilómetros discutidos entre Castelo

de Vide e Santiago do Cacém de 20 a

24 de Março.

A corrida volta a passar por Mar-

vão, onde termina a primeira eta-

pa, local onde em 2005 o espanhol

Xavier Tondo venceu a prova e deu

início a um brilhante percurso, com

vitória na Volta a Portugal, tendo

morrido o ano passado, vítima de um

acidente em sua casa, quando o por-

tão da garagem lhe caiu em cima.

A “Alentejana” — como é conhe-

cida — é a única prova internacional

portuguesa que em 2013 tem mais

um dia de competição, passando pa-

ra cinco dias, em contraciclo com a

Volta ao Algarve, que passou de cin-

co para quatro dias.

Esta prova tem também a curiosida-

de de ser a única corrida internacio-

nal do mundo em que, em 30 edições,

não houve um vencedor que tivesse

ganho por mais do que uma edição.

Sérgio Ribeiro (Louletano/Dunas Dou-

radas), é o único ciclista português

que pode quebrar esse registo, após

ter ganho a corrida em 2006.

A primeira etapa, dia 20, liga Cas-

telo de Vide a Marvão (167km). A

segunda, dia 21, liga Sousel a Portel

(172,1km). A terceira disputa-se entre

Vidigueira e Mértola (174,6km), no dia

22. No dia 23, corre-se a quarta tirada

entre Ourique e Odemira (153,3km).

A última etapa liga Santo André e

Santiago do Cacém (135,4km). Há

prémios de montanha na primeira,

segunda e última etapa.

Na Volta ao Alentejo, participam

19 equipas, entre as quais estão dez

formações portuguesas, num total

de 152 corredores.

“Alentejana” ganha mais um dia de competição

CiclismoMiguel Andrade

Ao contrário da Volta ao Algarve, a prova alentejana vai ter mais uma etapa e recupera a chegada a Marvão

5A Volta ao Alentejo é a única corrida portuguesa de 2013 a ver aumentado o número de dias de competição, passando de quatro para cinco

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PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | 51

ESPAÇOPÚBLICO

EDITORIAL

O significado de um gesto

AIgreja Católica rumou ao Sul. É o

primeiro signifi cado da escolha

pelos cardeais de Jorge Bergoglio,

o arcebispo de Buenos Aires que

ontem saudou os fi éis na praça de

S. Pedro, pedindo-lhes a bênção antes de,

cumprindo a tradição, os abençoar. Não

se tratou de uma surpresa. Bergoglio fora

o mais votado a seguir a Josef Ratzinger,

em 2005. E havia um clamor para que

o conclave rompesse com uma tradição

de mais de um milénio e não escolhesse

um papa europeu. Nesse caso, a América

Latina era a escolha mais óbvia. Com a

eleição de Francisco, a Igreja responde a

um dos temas obrigatórios da agenda do

novo papa: a globalização. O catolicismo

está a crescer em todos os continentes

excepto no europeu e, com Bergoglio,

Jorge Bergoglio iniciou o seu papado com um gesto. É o sinal de um homem que veio para agir

opera-se uma descentralização que

acompanha a mudança que está a

acontecer no mundo secular. Não é apenas

ao crescimento da fé fora do continente

europeu que a Igreja tem de responder,

mas à transformação dos problemas do

mundo em questões globais. À cabeça

destes estão as questões sociais, que

encontrarão um papa atento em Bergoglio,

que sempre teve palavras duras contra

a pobreza e a corrupção na Argentina.

Também o tema do diálogo inter-religioso,

a que Bento XVI deu grande atenção,

deverá continuar a ser uma prioridade.

O Papa que se curvou perante os fi éis e

escolheu ser Francisco deu um sinal de

humildade para estes trabalhos. Ouvir e

receber foram o gesto fundador do papado

de Jorge Bergoglio, um jesuíta que quis

chamar a si o legado e o despojamento

de Francisco de Assis. Mas há mais

esperanças que estão depositadas no

novo Papa. Nomeadamente quanto à

sua capacidade de mudar a Igreja e de a

abrir por dentro, em questões que vão da

reforma da Cúria ao celibato dos padres

ou a ordenação das mulheres ou ao

omnipresente escândalo da pedofi lia.

Mas Bergoglio tem a reputação de

um conservador em matéria teológica,

embora não esteja conotado com os

sectores mais ortodoxos da Igreja. É

descrito também como um pragmático

que não tem medo de enfrentar interesses

poderosos. Mas é um outsider, que nem

sequer gosta de Roma, o que poderá

difi cultar a tarefa de reformar uma Igreja

em crise profunda e cuja hierarquia está

minada por escândalos de corrupção.

São sobretudo as acusações de

envolvimento com a ditadura argentina

e a oposição ao casamento gay que

valerão mais críticas a Bergoglio neste

início de papado. Francisco negou as

ligações com os generais e há testemunhos

que defendem que ele ajudou muitos

dissidentes. E é um conservador em termos

doutrinários, o que obriga a temperar

as expectativas sobre a sua capacidade

reformadora em questões morais.

Apesar da idade avançada, terá espaço e

tempo para transformar. O Papa que chega

do Sul tem um mandato para reposicionar

a Igreja. Apresentou-se pedindo que o

abençoassem; é o sinal de um homem de

diálogo, mas que veio para agir.

Os artigos publicados nesta secção respeitam a norma ortográfica escolhida pelos autores

CARTAS À DIRECTORA

A visita de Viviane

Luís Torgal pode ter alguma razão

na sua crítica à UE em 04/03. Mas

a democracia não cai do céu, deve

ser conquistada a cada dia e cabe a

nós, cidadãos, externar insatisfação

ou indignação, e sobretudo

sugestões. Ao contrário de muitos

ministérios em Portugal e Espanha,

que não respondem ao cidadão,

os governos norte-europeus,

respondem; a UE também.

Viviane Reding veio a Portugal e

Coimbra para ouvir. É impossível

ouvir 200 pessoas em três horas;

desabafos ajudam o indignado,

mas não a melhorar sistemas. É

evidente que um evento destes

deve ocorrer num ambiente digno

e, penso, a universidade foi bem

escolhida. Se esta Europa já não é

a Europa dos cidadãos, é em parte

por nossa culpa. Menos da metade

votou nas eleições europeias.

Se o futebol deixou de ser um

As cartas destinadas a esta secção

devem indicar o nome e a morada

do autor, bem como um número

telefónico de contacto. O PÚBLICO

reserva-se o direito de seleccionar

e eventualmente reduzir os textos

não solicitados e não prestará

informação postal sobre eles.

Email: [email protected]

Contactos do provedor do Leitor

Email: [email protected]

Telefone: 210 111 000

desporto de todos para ser um

espetáculo televisivo é também

por culpa dos adeptos, dos clubes

que têm ganância por € mais do

que pelo bem-estar do seu sócio; e

ainda dos governos que permitiram

a profi ssionalização descontrolada.

Torgal tem razão num item: as

perguntas deveriam ser por escrito,

mesmo recebidas no evento, e os

autores deveriam apenas lê-las. Isto

possibilitaria à jornalista agrupá-las

e garantir que os principais temas

seriam abordados.

Penso que o Debate (D

maiúsculo) que Torgal requer

pode ser iniciado com esta troca

de sugestões. Desafi o o PÚBLICO

a “dar voz aos sem-voz”, como

eu disse numa das intervenções

no Prós e Contras. Ofereça duas

páginas à Carta do Leitor, mais

espaço para outros que professores

universitários, e estará a contribuir

para a real Democracia.

Jack Soifer, www.jacksoifer.org

A soberania da dívida“O grande objectivo do Governo

é desendividar o país”, disse,

em 6/3/2013, na Assembleia da

República, o senhor primeiro-

ministro. Porém, como já está a

ser habitual, o Governo não faz

aquilo que diz. As políticas que tem

seguido, em vez de diminuírem

a dívida do “país”, cada vez a

aumentam mais.

A dívida, em grande parte, é

dívida criada pelos bancos que

os governos e o poder fi nanceiro

transformaram em dívida

das pessoas, neste caso dos

portugueses. Sob a mistifi cação

de ser dívida do “país”, dívida

“soberana”. E, contudo,

paradoxalmente (ou talvez não…),

(mais) este falhanço de “grandes

objectivos” do Governo força-me

a reconhecer que a (dita) dívida,

não sendo dos portugueses e

nem sequer do “país”, é mesmo

… “soberana”. Já não obedece ao

Governo. Enfi m, este Governo,

com as políticas que teima em

prosseguir, sobrecarregou-nos cada

vez mais com uma (dita) “dívida

soberana”. Para além disso (...),

por incompetência, “perigosa

auto-sufi ciência” e subserviência à

prepotência do poder fi nanceiro,

está-nos a subjugar cada vez mais à

soberania da (dita) dívida.

João Fraga de Oliveira, St. Cruz da Trapa

O PÚBLICO ERROUAo contrário do que indicava

a infografi a associada ao texto

“Plano do Governo para os portos

nacionais avança sob um mar de

críticas”, publicado a 10 de Março,

as mercadorias movimentadas pelo

porto de Sines aumentaram 10,6%

em 2012, de acordo com dados do

INE, tendo passado de 24,8 para

27,4 milhões de toneladas.

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52 | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013

De acordo em acordo até ao desacordo final?

O Acordo Ortográfi co foi um

processo infeliz, tratado nas

costas da população dos

países lusófonos, como se

a língua fosse propriedade

de um grupo de linguistas

e os Governos tivessem

legitimidade para mudar por

decreto uma língua que não é

propriedade sua, mas do país

e dos cidadãos.

O percurso errático do Acordo

Ortográfi co arrasta-se há 23 anos (ou

melhor, há 38, porque começou a ser

pensado em 1975) e ainda não está

legalmente em vigor, porque as populações

dos vários países lhe resistem e porque,

quando se tentou impô-lo pela força de um

decreto, o resultado foi o caos.

O que faltará acontecer para que os

sucessivos Governos reconheçam que

pretendem a quadratura do círculo e que

estas tentativas pura e simplesmente não

funcionam?

Recentemente a Presidente Dilma adiou

para 2016 a entrada em vigor do Acordo

Ortográfi co no Brasil, e, a acreditar nos

jornais, tomou essa decisão unilateralmente,

sem consultar os seus parceiros.

Pretende-se vender-nos a ideia patética

de que o português de grafi a uniformizada

(vulgo, o “acordês”) é a língua do poder e

dos negócios. Seguindo o “acordês” todos

seríamos, a reboque do Brasil, grandes

potências emergentes, a caminho de um

mundo magnífi co de poder e riqueza,

partilhado por 240 milhões de falantes.

Será que não percebemos a irracionalidade

desta ideia?

A verdade é que o Brasil — ele sim — é

uma grande potência emergente, o que

nos alegra porque também nós o amamos.

Mas Portugal, e outros pequenos países

lusófonos, jamais serão grandes potências

ou terão o peso do Brasil. Esse peso não é

partilhável, a nível nenhum.

Manter em cada país a sua variante da

língua é uma marca de identidade e um

património, que está acima do poder de

qualquer Governo. Porque os Governos

passam e mudam, mas as línguas não

podem passar nem mudar como se fossem

Governos.

É natural que o Brasil pretenda maior

protagonismo liderando estas alterações

linguísticas. Mas os restantes países

lusófonos não têm nada a lucrar com isso,

só têm a perder. E o Brasil, como grande

potência emergente que já é, não precisa

de nós, a não ser a nível simbólico. Porque,

com Acordo Ortográfi co ou sem Acordo

Ortográfi co, o Brasil vai sempre cuidar dos

seus negócios e dos seus interesses, e só

deles, o que é normal e legítimo: os países

cuidam de si próprios, e tomáramos nós ter

em Portugal quem defendesse os nossos

interesses como Dilma defende os do Brasil.

Os laços e afectos só existem a nível das

pessoas. A nível dos países, há apenas

interesses. Não sentimos isso na pele, aqui

na Europa? Estas mudanças linguísticas são

apenas uma jogada política. Em todos os

outros aspectos, são incongruentes:

Só dois exemplos: se o Acordo

Ortográfi co é fundamental para que nos

entendamos, então por que razão no Brasil

os livros portugueses, escritos segundo

o “acordês”, são

traduzidos para o

português do Brasil

como se estivessem

escritos numa

língua estrangeira?

Por que razão “mesa

de cabeceira” passa

a “criado mudo”,

“fi cou pasmado”

a “fi cou pasmo”,

”foi apanhado pela

polícia” a “foi pego

pela polícia” etc.

etc.?

Por que razão

a nós nunca nos

passou pela cabeça

traduzir para o

português europeu

Guimarães Rosa,

João Ubaldo Ribeiro,

Ruben Fonseca

ou qualquer outro

autor?

Por que razão

as livrarias

portuguesas têm

bancas de livros

brasileiros e a literatura do Brasil nos é tão

familiar, quando o inverso não se verifi ca?

Por que razão há cada vez MENOS

estudos de literatura portuguesa nas

universidades brasileiras, e cada vez

MAIS estudos de literatura brasileira nas

universidades portuguesas?

A resposta é simples: porque Portugal

se abriu há muitas décadas ao Brasil, cujos

autores circulam livremente entre nós,

porque os sentimos como se também

fossem “nossos”, enquanto o Brasil

sempre levantou barreiras alfandegárias

intransponíveis aos livros portugueses, que

lá chegam a preços proibitivos, e na maior

parte dos casos nunca chegam.

A solução não está em “acordizar”,

mas em ter um intercâmbio maior e mais

simétrico, em conhecer-nos melhor,

valorizando as nossas diferenças.

Quanto ao “acordês” ser a língua dos

negócios, “acção” e “facto”, por exemplo,

são mais compreensíveis para qualquer

estrangeiro do que “ação” e “fato” (porque

mais próximas de “action” e “fact” em

inglês, língua de recurso que é, e continuará

a ser, a língua franca dos negócios

internacionais).

No ponto em que estamos, temos dois

caminhos:

O do senso comum, que é reconhecer

que a língua portuguesa admite variantes,

nos diferentes países onde é usada, o que

só a enriquece. Não pode haver qualquer

hierarquia entre os países lusófonos,

nem entre as suas variantes linguísticas:

Nenhum país é dono da língua, e nenhum

é inquilino. Vamos deixar a língua evoluir

naturalmente, a partir de dentro e não

por decretos, porque ela é um organismo

vivo, e cada país a usa a seu modo, como

bem entende e quer, porque ela é sua e lhe

Manter em cada país a sua variante da língua é uma marca de identidade e um património, que está acima do poder de qualquer Governo

Por impossibilidade do autor, a crónica de Francisco Assis não se publica hoje

pertence por direito próprio. Nenhum país

tem o direito de policiar ou fi scalizar o uso

da língua em qualquer outro país lusófono.

O português não é uniformizável, qualquer

acordo é um contra-senso. Mesmo que

fosse possível “acordar” e “simplifi car”,

o resultado seria imensamente

empobrecedor.

Ou entendemos isto e desistimos de

acordos, ou vamos persistir por muitas

décadas neste processo delirante de acordos

impossíveis — um acordo ortográfi co

falhado atrás de outro, seguido de um já

anunciado acordo de vocabulário que irá

ser igualmente falhado, e depois um acordo

de sintaxe falhado, etc. etc. — … até bater na

parede de um imenso Desacordo fi nal, que

deixará profundo desgaste e feridas a todos

os níveis, entre países que sempre souberam

entender-se e conviver, respeitando e

valorizando as suas diferenças.

Deixo ainda uma breve nota de carácter

prático: certamente que é útil a existência

de Vocabulários e Dicionários que abranjam

as variantes usadas nos diversos países. Mas

apenas como instrumentos de informação

e de consulta, onde se encontrem respostas

a perguntas como: em que variantes da

língua se escreve húmido ou úmido, ou

o que signifi cam palavras como xiluva,

caxinde, imbandas, quizumba, tambarina,

cachupa, kebur, ipê etc. Mas considero que

os Vocabulários e os Dicionários só fazem

sentido sem qualquer valor normativo, cada

país tendo direito exclusivo à sua variante

da língua, sem imposições ou interferências

de outro país.

Escritora

NUNO FERREIRA SANTOS

Debate Acordo OrtográficoTeolinda Gersão

Page 53: 14 Março - Público

PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | 53

O legado de Chávez

O chavismo, projeto político

que se sustentou inicialmente

no carisma e na capacidade

de mobilização social de

Hugo Chávez, não pôs fi m a

uma clássica ditadura latino-

americana, mas a um regime

liberal esgotado. É por isso,

diz a britânica D.L. Raby (uma

das pioneiras do estudo da

resistência contra Salazar) em Democracy

and Revolution. Latin America and Socialism

Today (2006), que o caso venezuelano é tão

interessante. Confrontado com uma crise

fi nanceira, um governo democrata-cristão

opta pela costumeira receita de austeridade,

já então prescrita pelo FMI, que estilhaçou

o consenso sociopolítico conseguido em 20

anos de crescimento económico baseado

na subida do preço do petróleo. Em 1983, a

descida deste, que trouxera uma prosperidade

que se esfumara em acumulação oligárquica

e em corrupção generalizada, forçara o

Governo do 5.º produtor de petróleo do

mundo a pedir um empréstimo ao FMI, a que

correspondeu a nossa tão bem conhecida

austeridade neoliberal. Seguiu-se o inevitável

empobrecimento da população para níveis

desconhecidos desde os anos 1930. Uma classe

média, constituída sobretudo por imigrantes

europeus (muitos deles portugueses) de

primeira e segunda geração, que emergira com

o boom petrolífero, via agora o seu nível de

vida deteriorar-se e a sua segurança degradar-

se face ao desespero dos milhões de pobres,

mais empobrecidos ainda, que povoam os

cerros à volta de Caracas. Quando, em 1989, o

social-democrata Carlos Andrés Pérez traiu as

esperanças dos venezuelanos e não cumpriu

promessas eleitorais de reverter os cortes na

despesa social do Estado, desencadearam-

se manifestações que derivaram em motins;

a repressão policial e militar provocou,

segundo fontes independentes, milhares

de mortos. Estava criado o ambiente para

um pronunciamento militar na tradição

latino-americana de uma frente civil-militar,

neste caso progressista, presente em

contextos históricos nos quais os sistemas de

representação política, como o bipartidarismo

venezuelano da época, não sabem (ou não

querem) dar resposta aos mais pobres e,

deixando de ser capazes de manipular a

opinião pública, entram em rutura. Chávez,

jovem ofi cial de 37 anos, organiza em 1992

um primeiro golpe que, fracassando, o leva

à prisão, de onde assiste à demissão por

corrupção do Presidente que tentara derrubar.

Em 1998, apresenta-se às presidenciais e ganha

o seu primeiro triunfo eleitoral.

O legado de Chávez em matéria social

é incomparável ao de qualquer outro

caso latino-americano – e ao de Lula e dos

Governos do PT no Brasil em particular.

Desde 1998, a proporção de venezuelanos

pobres desceu de 43% para 26%, e a das

vítimas de pobreza extrema desceu de

17% para 7%; há quase cinco vezes mais

venezuelanos com direito a uma pensão de

reforma (El País, 9.3.2013), triplicou o gasto

social público por habitante, o horário de

trabalho semanal desceu para 40 horas,

a licença de maternidade subiu para 26

semanas, restabeleceram-se as indemnizações

por despedimento, suprimidas em 1997

pelos Governos da austeridade. Setenta por

cento da economia continua privada, mas

o Estado colocou a riqueza petrolífera ao

serviço das políticas sociais, expropriou e

distribuiu terras e nacionalizou vários bancos

e empresas de distribuição alimentar, o que

permitiu, por exemplo, vender alimentos

nos bairros pobres a preços 42% inferiores

aos do mercado e acabar com as crises de

abastecimento que ocorriam em períodos

eleitorais para provocar o descrédito do

Governo de Chávez (Le Monde Diplomatique,

ago. 2007, nov. 2011 e set. 2012). Em 2010,

a UNESCO confi rmava que na Venezuela se

tinha conseguido alfabetizar em dez anos

95% da população que não tinha instrução

alguma, declarando-a um “território livre de

analfabetismo”. Caso praticamente único nas

Américas, a Constituição de 1999 proclamou

ser a Venezuela um “Estado multiétnico,

pluricultural e multilingue”, resgatando a

dignidade das populações ameríndias e afro,

como o próprio Chávez, a quem as elites

políticas e económicas de origem europeia

haviam tratado, como sempre ocorre por toda

a América, com um desprezo sem fi m.

O mesmo desprezo que contamina muito

do discurso sobranceiro com que os media

europeus e americanos trataram Chávez

(e Evo Morales da Bolívia, e Rafael Correa

do Equador, e o

Lula-operário dos

primeiros anos). Dele

se disse e escreveu

quase tudo; contra o

seu Governo, sempre

ratifi cado nas urnas,

lançaram os patrões

uma campanha

de lock-out que

procurou paralisar a

economia no fi m de

2001 e que está na

origem do golpe de

Estado (abertamente

apoiado por Bush

e Aznar e pelos

media privados

venezuelanos), em

2002, cujo fracasso,

depois de dois dias

de contestação

popular, trouxe uma legitimidade nova a

Chávez e renovou à esquerda o seu projeto.

As semelhanças com as vicissitudes do

processo revolucionário português de 1974-

75, sobretudo o paralelo com o papel do MFA

nele, parecem-me evidentes. Reconhecer o

legado do chavismo nada tem de prescrição

do seu modelo para Portugal. Não confundo

contextos tão diferentes. Mas há lições a

aprender com a demonstração que as troikices

a que nos sujeitam na Europa não só estão

longe de ser universais: foram revertidas numa

nova América Latina inspirada por Chávez.

Historiador. Escreve quinzenalmente à quinta-feira

Reconhecer o legado do chavismo nada tem de prescrição do seu modelo para Portugalg

Manuel Loff Pelo contrário

Para ser feliz

Assim como ainda impera,

quando se fala de um fi lme, o

who’s in it?, sendo os actores

mais conhecidos do que os

realizadores e os realizadores,

estúpida e tragicamente cada

vez mais desconhecidos,

sempre mais conhecidos

do que os pobres dos

argumentistas, o defeito maior

do século XXI, quanto à música e às letras

das canções do século XX, é nada saber dos

seus grandes compositores e letristas.

A ignorância é considerada uma sorte por

quem sabe: quem me dera, por exemplo,

desconhecer o génio de Harold Arlen, pelo

prazer de poder conhecer as canções dele,

com as letras dos letristas geniais com quem

escreveu, comparando as várias ou muitas

interpretações delas para descobrir quem

mais bem mostrou o que ele queria que se

ouvisse. Um dos trabalhos mais trabalhosos

da minha vida, animado por João Bénard

da Costa, amigo de tanta gente com essa

sorte, foi compilar, com a ajuda da minha

amada mãe, os compositores e letristas dos

fi lmes musicais que a Fundação Gulbenkian

reuniu e projectou.

Nesta depressão em que vivemos, sugiro

um exercício feliz. Descubra todas as

canções que puder de Irving Berlin, Cole

Porter, Frank Loesser e Stephen Sondheim.

São os únicos que escrevem tanto as

músicas como as letras.

Para ser feliz, procure Rodgers, Ellington,

Berlin, Porter, Kern, Gershwin, Carmichael,

Weill e Bacharach.

E ouça, pelo menos, três versões, vocais e

instrumentais, de cada canção. Antes de se

começar a entrar por ela, através do jazz.

Miguel Esteves CardosoAinda ontem

BARTOON LUÍS AFONSO

Page 54: 14 Março - Público

54 | PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013

A capitulação dos intelectuais?

Francisco Assis (PÚBLICO de

7 de Março) aborda o tema

da crise do actual sistema

democrático. Postula a existência

de uma actual desconfi ança,

em vários países ”o princípio da

desconfi ança”. Para exemplifi car

as difi culdades que têm os

políticos, na actualidade, em

impor reformas profundas, pelo

facto dos cidadãos “desconfi arem” dá-nos

o exemplo do general De Gaulle, que em

1958, através do seu empenho pessoal,

convenceu os franceses a aceitarem

medidas altamente impopulares.

FA esqueceu-se de lembrar, mesmo

brevemente, por que é que os franceses

confi avam no general. Perante uma França

militarmente ocupada, e desmoralizada

a ponto de antigos “heróis ” da primeira

guerra mundial, como o marechal Pétain,

terem optado pelo colaboracionismo,

assumiu, com o célebre discurso de

Londres, a liderança da resistência aos

ocupantes alemães. Os franceses, em 1958,

sabiam bem quem era o general.

Outro grande líder prometeu aos ingleses

“sangue, suor e lágrimas”! Os ingleses

também sabiam de que matéria era feita

Churchill. Previra a virulência do nazismo e

lutara, quase sozinho, no Parlamento, pelo

rearmamento da Inglaterra.

Depois da grande depressão de 1929,

os americanos aprenderam a admirar o

protagonista do “New Deal”. Aceitaram sem

grandes difi culdades a decisão de Roosevelt

de entrar na segunda guerra mundial.

São tudo exemplos excessivamente

conhecidos. Os cidadãos aceitam fazer

grandes sacrifícios se lhe são pedidos por

líderes corajosos, prestigiados e criativos.

Onde estão, hoje, os nossos?

Em Vítor Gaspar, que se engana em todas

as previsões?

Em António José Seguro, que foi várias

vezes ministro, deputado nacional e

deputado europeu e que anda pelo menos

há 25 anos na vida política e até ser líder do

PS, pelas boas graças do aparelho, ninguém

deu conta da sua existência?

F. Assis, homem culto e inteligente,

esqueceu o mais importante: a crise da

democracia representativa, há décadas

“representada” por gente sem grandeza, ou

criatividade, campeando por todo o lado

o amiguismo, o compadrio, transformou

a grandeza altruísta do serviço público

de fazer política, na medíocre defesa de

interesses, negócios, paredes-meias com a

corrupção. Por que havíamos de “confi ar”?

Os regimes políticos vão-se

paulatinamente esgotando. É o modelo

da actual democracia representativa que

está em causa, assim como a forma de

seleccionar os dirigentes políticos.

A democracia representativa produziu

no passado políticos respeitados na sua

heterogeneidade de opiniões.

Lembram-se de Álvaro Cunhal, Sá

Carneiro, Mário Soares, general Eanes,

Pinto Balsemão, Salgado Zenha, Lourdes

Pintasilgo, Adriano Moreira, Miller Guerra,

Henrique de Barros, Jorge Sampaio,

Ribeiro Teles, Medina Carreira, Álvaro

Barreto, Adelino Amaro da Costa, Almeida

Santos, Mota Pinto, Mota Amaral, Tito de

Morais, Barbosa de Melo, António Vitorino,

Manuela Ferreira Leite, Manuel Alegre, João

Cravinho, Lucas Pires, Medeiros Ferreira,

Helena Roseta, Maria José Nogueira Pinto,

Fernando Condesso, António Barreto, Jaime

Gama, Roberto Carneiro, Mariano Gago,

Leonor Beleza, Pacheco Pereira, Bagão

Félix?… Já estou perto dos quarenta! “E

esqueci”, certamente, uma dúzia!

O que aconteceu é que desde meados da

década de noventa os partidos deixaram de

produzir quadros

com relevância

política, no governo

e no aparelho dos

partidos.

No PS a vitória

do aparelho deu-

se com a vitória

de António

Guterres sobre

Jorge Sampaio.

Perante a pobreza

dos quadros que o

apoiaram descobriu

os “Estados

Gerais”. AJS com

o seu folclórico

“laboratório” repete

o embuste.

Quando Francisco

Assis afi rma: “Exige-

se hoje ao PS que seja algo mais que uma

mera alternativa de poder. Pede-se-lhe que

consubstancie com rigor e com coragem

um projecto sério de governação do nosso

país”, tudo não passam de palavras…

Exige-se, sim, uma revolução na

democracia, com mais democracia

participativa: democratizar a democracia.

Única forma de recuperar alguma confi ança

no regime. Se ainda formos a tempo!

Vivemos numa época em que a

criatividade dos intelectuais é de novo

indispensável.

Mas onde estão António Correia de

Campos, Luís Amado, António Costa,

Francisco Assis, Manuel Maria Carrilho,

António Vitorino, José Vieira da Silva?

O que temem? Perder um congresso?

O que está em causa é demasiado sério

para não se compadecer com pequenas

fragilidades narcísicas ou mesquinhas

jogadas pessoais.

Prof. catedrático jubilado

Os partidos deixaram de produzir quadros com relevância política

Debate Sistema democráticoEurico Figueiredo

Os filhos da “praga cinzenta”

“Quiseram que o país os conhecesse; hão-de

ser satisfeitos”

Alexandre Herculano, 1810-1877

Sem generalizar a toda uma

juventude (seria injustiça de

bradar aos céus!), não posso

deixar de me associar a um

veemente protesto público

que a minha condição de

octogenário, reformado aos 70

anos de idade e 42 de serviço,

consente, e justifi ca. Mais do

que isso, impõe.

Refi ro-me ao repúdio generalizado em

diversos blogues da expressão utilizada

recentemente por um deputado do PSD,

Carlos Peixoto, em ardor de juventude

(36 risonhas primaveras) e arroubo

tribunício, para a carga pesada que diz

representar para a geração de jovens de

hoje as reformas e aposentadorias actuais e

futuras, havida como “praga cinzenta”.

Ou seja, em antítese com o conselheiro

de Estado Bagão Félix quando escreve: “O

Estado social discute-se porque é a parte do

Estado que tem mais a ver com as pessoas

velhas, reformadas, desempregadas, estão

doentes, estão sós, têm incapacidades,

pessoas que não têm voz, não têm lobbies,

não abrem telejornais, não têm escritórios

de advogados, não têm banqueiros”(Jornal

de Negócios, 30/11/2012).

Acresce que as deduções para efeitos de

IRS, plasmadas na Proposta de Orçamento

de Estado/2013, expressam a situação

de um país em evidente descalabro

económico e social onde boa parte da

factura está a recair sobre os reformados,

achacados pela velhice e pela doença, a

ela associada. Assumindo o ónus da prova,

detenho-me nas deduções com despesas

de saúde em vigor até 2011, último ano

em que os portugueses podiam deduzir

sem limite 30% das despesas com a saúde

no respectivo IRS. Porém, com o actual

Orçamento de Estado, os doentes, em

alguns escalões de uma moribunda classe

média, apenas poderão deduzir 10% destas

despesas, até um valor de 838,44 euros. Ou

seja, em Portugal, a condição de velho e

doente crónico, com “pesares que os ralam

na aridez e na secura da sua desconsolada

velhice” (Almeida Garrett), em vez de ser

havida como uma desgraça, passa a ser

taxada como um luxo.

Não posso deixar de cotejar esta situação

nacional com um texto que corria, tempos

atrás, na Net reportando-se à vizinha

Espanha em que o respectivo 1.º ministro,

em declarações à TVE, sobre a apresentação

do OE-2012, declarou: “A primeira

prioridade é tratar os pensionistas da

melhor maneira possível. A minha primeira

instrução ao ministro das Finanças é de que

as pessoas que não se devem prejudicar são

os pensionistas. No Orçamento de Estado

deste ano só há dois sectores que sobem:

os juros da dívida e as pensões. Não tenho

nenhum interesse e se há algo em que não

tocarei são as pensões, o pensionista é a

pessoa mais indefesa, que tem a situação

mais difícil, porque não pode ir procurar

outro posto de trabalho aos 75 ou 80 anos,

tendo uma situação muito mais difícil…”

Em Portugal, os velhos reformados

da chamada classe média viram as

suas reformas serem substancialmente

reduzidas este ano. A exemplo de uma

personagem de Arnaldo Gama, é natural

que se interroguem:

“Para isto é que eu

vivi!? Malditos anos!

Maldita velhice!”.

Ou seja, idosos que

sofrem de carências

económicas e/ou de

achaques próprios

da sua idade, sendo,

não poucas vezes,

obrigados a desistir

da compra de

medicamentos com

risco da própria

sobrevivência.

Não se desse o

caso de não ter

tido conhecimento

de qualquer

contraditório por

parte da bancada

do partido político

do deputado

Carlos Peixoto, não

mereceria esta sua

boutade que com

ela gastasse uma

simples linha do latim por mim aprendido

nos bancos do liceu. Mas trata-se de uma

questão de concórdia social. Segundo o

professor de Ética e Filosofi a Política da

Universidade de São Paulo, Renato Janine

Ribeiro, “o interesse nacional não exige

a mesma paz que o interesse individual”.

Portanto, em nome deste salutar princípio,

não é de excluir a opinião sobre esta

temática daqueles que, mandatados pelo

povo que os elegeu, são responsáveis pelo

destino de Portugal e da sua gente?

Professor aposentado

Os velhos reformados da chamada classe média viram as suas reformas serem substan-cialmente reduzidas este ano

PEDRO CUNHA/ARQUIVO

Debate Os reformados e a criseRui Baptista

Page 55: 14 Março - Público

PÚBLICO, QUI 14 MAR 2013 | 55

Para que servem as Forças Armadas e sua sustentabilidade

O Conceito Estratégico de Defesa

Nacional (CEDN) — estruturante

da Política de Defesa Nacional

(PDN) — devia clarifi car o

que se pretende das Forças

Armadas (FA), como instituição

mais reformadora desde há

trinta anos.

Contudo, o anúncio de

estudos para corte de efectivos

— com demagogia da “refundação” (?)

do Estado —, pode condicionar o ciclo de

planeamento estratégico iniciado com a

revisão do CEDN.

O CEDN, instrumento de orientação

político-estratégico, tem de ser consequente

sem contradições dos pressupostos da

revisão. E, só depois da intervenção dos

órgãos defi nidos na lei, será possível

concluir — ponderando entre as exigências

e as possibilidades — os objectivos, os meios

necessários e os recursos para os assegurar e

manter, que melhor sirvam os portugueses.

A divulgação desses estudos suscitam

especulações — antes da aprovação do

CEDN e do Conceito Estratégico Militar

(CEM) — e não refl ectem os riscos e as

melhores opções que decorrem das missões

específi cas, capacidades militares do sistema

de forças (SF) e dispositivo com os efectivos

necessários.

As FA estão conscientes das difi culdades

que o país enfrenta e, por isso, têm

participado no esforço nacional com redução

da despesa desde 2010 (10,3%). Mas os “cortes

cegos” já efectuados e os previsíveis — além

do imposto pela troika — podem afectar a

gestão operacional, condições de segurança

do pessoal e prontidão das FA.

É inaceitável admitir imposições externas

que comprometam a Segurança Nacional.

Contrariando o que se pretende fazer crer, a

defesa tem um peso de apenas 1,1% no PIB,

(1,7% é a média da UE e 3% da NATO). Inferior

aos dados e indicadores do Eurostat.

O CEMGFA referiu que, para lá de certo

limite, as FA não funcionam. O orçamento de

funcionamento já reduziu 23%, sem alteração

das missões! E é falacioso dizer que se vai

“fazer mais com menos custos”, com a falta

de equipamentos, progressiva degradação

de meios e condições de vida dos militares.

Afectando a condição militar, essência da

organização, existe o risco de as FA fi carem

descaracterizadas e desarticuladas sem

capacidade para cumprir as missões.

O MDN critica, com raciocínios discutíveis,

o rácio entre pessoal e operações/

manutenção — confundindo o contribuinte

sobre os efectivos —, cuja distorção resulta

do desinvestimento nas FA, adiamentos da

Lei de Programação Militar (LPM) e despesas

da participação em forças multinacionais,

que são excluídas das operações! Os efectivos

das FA reduziram 58,2%, em vinte anos. E,

desde 2009, estão em curso medidas para a

optimização do produto operacional.

As alterações dos últimos anos das FA

permitiram priorizar capacidades para

as missões nacionais e integração em

forças multinacionais — com limitações de

equipamento emprestado por outros países

—, cumprindo com competência. O seu

prestígio contribui

para a credibilidade

externa de Portugal,

mas não é explicitado

aos cidadãos para

combater o discurso

de “inutilidade” das

FA.

Todavia,

recorrentemente

é colocada a

questão: que FA

se pretendem? E

nem sempre os

cidadãos entendem

a necessidade da sua

existência, sendo

especulada a sua

sustentabilidade.

Os governos,

ao assumirem

funções — no quadro

de difi culdades

fi nanceiras —, como

não sabem bem para

que querem as FA,

fazem “cortes cegos”

com o argumento

da optimização de

recursos. Isto acontece porque ainda não

houve a assunção plena da importância e dos

custos da função de soberania.

A Constituição e a lei não deixam dúvidas

quanto à indispensabilidade das FA e suas

missões. Ao nível político, a responsabilidade

primária pelo tipo de resposta que pretende

das FA devia ser do primeiro-ministro — não

do ministro da Defesa —, pois é o responsável

pela concepção da política geral do Estado da

qual faz parte a PDN.

A sustentabilidade das FA não deve ser

discutida numa perspectiva meramente

contabilística, porque é redutora da

Segurança Nacional. Os portugueses não

querem que a crise fi nanceira, económica e

social se transforme também numa crise de

segurança. O que se deve discutir é o modelo

de FA com avaliação de custos do SF, tendo

em conta o nível de ambição, assumido sem

sofi sma, em função dos recursos disponíveis

e dos interesses de Portugal. Um SF com as

capacidades necessárias — a manter e edifi car

pela LPM — para o cumprimento das missões.

O modelo das FA decorre das opções

assumidas no CEDN e do CEM dele

resultante, devendo ser mais valorizado

o seu carácter conjunto e capacidades

(modeláveis e projectáveis). Urge reavaliar

o modelo de serviço militar — a despesa da

profi ssionalização nunca foi assumida —, que

assegure o nível de efectivos com menores

custos e reforce a componente cívica e

coesão nacional.

A situação geoestratégica, resultante

da posição geográfi ca, dimensão (espaços

marítimos com 20 vezes o território

terrestre) e confi guração arquipelágica,

bem como a falta de multiplicadores,

como sofi sticação dos equipamentos e

tecnologia, terão necessariamente refl exos no

dimensionamento das FA.

O país necessita de FA polivalentes — duplo

emprego — para actuar na defesa militar e

no apoio à diplomacia (operações de paz

e humanitárias), e também no plano não

militar, centrado nas missões de interesse

público e cooperação civil-militar. Forças bem

treinadas de grande mobilidade, fl exibilidade

e interoperabilidade, com melhor integração

das informações militares.

As FA devem ainda assegurar o apoio à

segurança interna na prevenção ao combate

às novas ameaças — terrorismo e crime

organizado transnacional —, através do

enquadramento legislativo que assegure a

subsidiariedade e a complementaridade da

sua intervenção.

Um aspecto importante na confi guração

do SF é a exigência do quadro estratégico

internacional. Portugal faz parte de uma

região com instabilidade latente em que a

UE terá de assumir maior esforço na defesa,

face à alteração estratégica da NATO e EUA.

A imprevisibilidade e tipo das ameaças, as

missões e os requisitos de defesa exigem

elevados níveis de prontidão das FA.

A sua actuação depende, especialmente,

da capacidade de defesa territorial, vigilância

e fi scalização dos espaços de soberania e

jurisdição nacional, intervenção autónoma

no exterior (protecção e retirada de cidadãos

nacionais e segurança cooperativa),

potenciando a capacidade de operações

especiais conjunta. A condenação do Estado

em tribunal por ausência de fi scalização na

Zona Económica (ZE) deve ser ponderada.

Estes factores podem levar os decisores

políticos a concluir que têm de orientar mais

e melhores meios para as FA, com um SF

mais efi caz e exigente.

Concluindo, seria desejável que o

novo CEDN tivesse um papel decisivo no

redimensionamento e apetrechamento das

FA. Mas integrado, com as outras políticas

sectoriais, numa Estratégia Nacional que

enquadre as reformas estruturantes do

Estado, incluindo as das FA. Como importante

instrumento da identidade, coesão e

soberania nacionais é responsabilidade

política conferir estabilidade e dignidade às

FA em que o país se reveja com orgulho.

Capitão-de-fragata SEF (Res)

NUNO FERREIRA SANTOS

Efectivos, orçamento e missões das FA

Conforme se pode constatar, as FA têm feito

um esforço signifi cativo. Eventualmente

é a instituição que mais se tem reforma-

do nos últimos 30 anos.

Efectivos: desde 1993 reduziram de

80.000 para 33.395 (existências em 2013),

mais de metade. Em 1993 cerca de 20.000 do

quadro permanente passou a 18.308 em 2013,

redução de mais de 8%; 23.600 contratados/

voluntários passou a 17.710 em 2013, redução

de 25%. Em 2012, a redução foi de 12% (além

dos 10% impostos pela troika) e com os 8000

(serão mais 22%). Curiosamente, em 2010 o

MDN defi nia que o objectivo dos efectivos pa-

ra as FA era de 40.000 militares.

Orçamento: em 2010, o MDN anunciou

uma poupança de 90M€ com a redução de

efectivos. O esforço das FA na redução de

despesa do Estado desde 2010 corresponde

a 10,3%. Em 2012 houve uma redução no

orçamento da defesa de 8% e o orçamento

de funcionamento das FA já reduziu 29%.

Em 2014-2015, no âmbito do corte de mais

218M€ (mais 10%) está previsto 40M€ já em

2013. O CEMGFA referiu que, para lá de certo

limite, as FA não funcionam.

O Exército apoia com pessoal e meios a Pro-

tecção Civil e câmaras municipais ou outras

entidades (recentemente a EDP) com equipa-

mento de engenharia; a Marinha, em média,

executa, por ano, cerca de 18 mil vistorias a

embarcações, 30 acções de combate à polui-

ção e em conjunto com a Força Aérea mais de

1500 salvamentos de vidas humanas.

O CEDN de 2003 refl ecte a importância da

participação de Portugal no quadro das inter-

venções multinacionais, considerando-as uma

opção consolidada que prestigia o país. Nas

últimas décadas cerca de 37 mil militares (taxa

de esforço superior à da Espanha e Alemanha

— por isso é que não se deve comparar o que

não é comparável!) participaram isoladamen-

te ou em unidades constituídas em missões no

exterior do território nacional, distribuídas

por 18 Teatros de Operações na Europa, Áfri-

ca, Médio Oriente, Ásia e no Pacífi co.

Debate Defesa NacionalJosé Manuel Neto Simões

Os governos, ao assumirem funções, como não sabem bem para que querem as FA fazem ‘cortes cegos’ com o argumento da optimização de recursos

Page 56: 14 Março - Público

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ESCRITO NA PEDRA

“Deus disse: Eu era um tesouro que ninguém conhecia, e quis tornar-me conhecido. Então criei o homem” Hugo von Hofmannsthal (1874-1929), escritor austríaco

I S S N : 0 8 7 2 - 1 5 4 8

QUI 14 MAR 2013

Contribuinte n.º 502265094 | Depósito legal n.º 45458/91 | Registo ERC n.º 114410 | Conselho de Administração - Presidente: Ângelo Paupério Vogais: António Lobo Xavier, Cláudia Azevedo, Cristina Soares, Miguel Almeida, Pedro Nunes Pedro E-mail [email protected] Lisboa Edifício Diogo Cão, Doca de Alcântara Norte, 1350-352 Lisboa; Telef.:210111000 (PPCA); Fax: Dir. Empresa 210111015; Dir. Editorial 210111006; Agenda 210111007; Redacção 210111008; Publicidade 210111013/210111014 Porto Praça do Coronel Pacheco, nº 2, 4050-453 Porto; Telef: 226151000 (PPCA) / 226103214; Fax: Redacção 226151099 / 226102213; Publicidade, Distribuição 226151011 Madeira Telef.: 934250100; Fax: 707100049 Proprietário PÚBLICO, Comunicação Social, SA. Sede: Lugar do Espido, Via Norte, Maia. Capital Social €50.000,00. Detentor de mais de 10% do capital: Sonae Telecom, BV Impressão Unipress, Travessa de Anselmo Braancamp, 220, 4410-350 Arcozelo, Valadares; Telef.: 227537030; Lisgráfica - Impressão e Artes Gráficas, SA, Estrada Consiglieri Pedroso, 90, Queluz de Baixo, 2730-053 Barcarena. Telf.: 214345400 Distribuição Logista Portugal – Distribuição de Publicações, SA; Lisboa: Telef.: 219267800, Fax: 219267866; Porto: Telef.: 227169600/1; Fax: 227162123; Algarve: Telef.: 289363380; Fax: 289363388; Coimbra: Telef.: 239980350; Fax: 239983605. Assinaturas 808200095 Tiragem média total de Fevereiro 40.323 exemplares Membro da APCT – Associação Portuguesa do Controlo de Tiragem

Miguel Relvas foi à AR dar conta do plano de reestruturação da RTP p12

A redução foi de 23%. Projecto está a ser testado em quatro países p14/15

Na Venezuela ganham forma organizações comunitárias que inspiram chavistas p26/27

RTP quer subir taxa audiovisual e cortar 21 mihões no pessoal

Prevenção reduziu taxa de tentativas de suícidio na Amadora

“Não pode haver um Estado onde todos somos chefes?”

Totoloto

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3.200.000€1.º Prémio

SOBE E DESCE

Infarmed

A promiscuidade entre médicos e a indústria farmacêutica é um

problema que se arrasta há décadas. Faz, por isso, todo sentido que haja da parte dos médicos declarações de interesses. Mas quem obriga os clínicos a fazê-las devia ter o bom senso de encontrar a medida certa. Exigir aos médicos que declarem as canetas e os lápis que recebem dos delegados de informação médica só contribui para o desprestígio e desvalorização da lei. E dos próprios profissionais da saúde. (Pág. 17)

Mahmoud Ahmadinejad

O Irão de Ahmadinejad resolveu processar Hollywood por causa

do filme Argo, de Ben Affleck, a pretexto de que ele apresenta uma imagem distorcida do país.

Não é a primeira vez, aliás, que o regime iraniano confunde realidade e ficção: já tinha embirrado com 300, por causa

da represemtação fílmica dos persas, e com Wrestler, por ter um lutador de nome Aiatola. Não poderão explicar a Teerão que filmes são filmes? (Pág. 35)

Rei Abdullah

Desprezando todos os pedidos de clemência de instituições e grupos

de direitos humanos, o regime saudita do Rei Abdullah mandou executar, por fuzilamento, os sete jovens que se encontravam detidos há anos acusados de roubos a joalharias. E foram fuzilados em público, para que a sua morte servisse “de exemplo” (a intenção inicial era decapitá-los e crucificar um deles, depois, para... servir de “exemplo”). O regime de Riad continua, em matéria de direitos humanos, a ser inominável. (Pág. 28)

Vítor Pereira

Depois de perder terreno para o Benfica no campeonato, o FC

Porto foi ontem eliminado da Liga dos Campeões, onde a sua experiência de pouco serviu frente ao estreante Málaga. Foi fraca a exibição de uma equipa que pouco perigo criou. Com este resultado, o FC Porto entrou em zona de grande pressão para o resto da época. Será que Vítor Pereira conseguirá segurar o barco? (Pág. 46)

ASSUNTOS TEMPORÁRIOS

Uma História por contar

A história aparece em parte

contada no mais recente

livro de João César das

Neves As Dez Questões

da Recuperação (Dom

Quixote). Estou a pensar em

dois quadros esclarecedores sobre

a evolução do crédito bancário

em Portugal a partir de 2008,

para os quais oportunamente me

chamaram a atenção. Dizem muito

sobre o que nos aconteceu.

Quando procuramos culpados

para a crise, costumamos

apontar (depois, é claro, da crise

do euro) a cupidez dos bancos

que fi nanciaram maus negócios

públicos, fi ntaram os reguladores

(como o BPN) e se fi zeram pagar de

uma forma absurda e improdutiva.

A banca está no banco dos réus,

aqui e em todo o lado. Salvem

as pessoas, não os bancos, é o

que se ouve. Não quero passar

atestados de inocência a alguns

dos bancos portugueses que

abusaram do crédito bancário em

operações duvidosas e tiveram o

risco garantido pelo Estado. Temos

tantos exemplos disso. Mas o que

aconteceu ao crédito bancário,

analisado no livro de César das

Neves, não permite apenas atirar

responsabilidades para cima dos

Pedro Lomba

bancos. Permite-nos perceber que

foi o próprio Estado, a partir de

certa altura, a levar o pandemónio

para a actividade bancária.

César das Neves apresenta-nos

dois factos sólidos desta “história

impressionante”. A primeira é

que até 2008-2009 os bancos

portugueses actuaram como

instituições fi nanceiras normais e

prudentes na concessão de crédito.

Dirigiram o crédito bancário

sobretudo para as empresas

e particulares em montantes

razoáveis. A partir de 2008 a crise

internacional produziu, como

seria de esperar, a redução do

acesso ao crédito. No entanto,

se compararmos o crédito aos

particulares com o crédito total

que na mesma altura começa

a ser concedido pelos bancos

descobrimos uma signifi cativa

variação. Na segunda metade

de 2009 o valor do crédito total

dispara. Ficamos portanto com

este cenário anormal: o crédito às

empresas e pessoas em descida,

mas o crédito total bancário a

subir furiosamente num contexto

económico adverso. Dois anos

antes do resgate.

Não é difícil, seguindo César das

Neves, imaginar o que se passou.

Os nossos bancos transferiram o

crédito às empresas para crédito

ao Estado. O Estado vira-se em

desespero para os bancos. As

tendências de crescimento do

crédito ao Estado atingem os

60% em 2009 e mais de 100%

em Março de 2010. É assim que

o Estado se aguenta, à deriva,

apenas porque não dispunha de

alternativa.

Este ponto é sufi cientemente

importante para percebermos

que não foi em 2011 que os

mercados internacionais

fecharam as torneiras para

Portugal. Isso já tinha acontecido,

demonstra César das Neves, dois

anos antes. Apesar da perpétua

negação da realidade. O Estado

desestabilizou em absoluto o

crédito bancário e afastou-o das

empresas e da economia. Só

quando os empréstimos da troika

nos chegam em meados de 2011, e

por pressão dos mesmos bancos,

é que a situação é normalizada.

Fica explicado porque é que

o poder político entendeu que

era vital para os seus interesses

dominar a actividade do crédito

de instituições privadas. Mas

não fi ca explicado porque é

que os bancos aquiesceram.

Daí que César das Neves

coloque a pergunta do milhão

de dólares: que misteriosas

razões, e de qualquer maneira

irracionais, levaram as

instituições fi nanceiras a aceitar

tão mansamente este papel,

vampirizadas pelos pedidos

de crédito do sector público?

Chantagem política? Vantagens

do negócio? Foram e temos sido

nós, contribuintes, a pagar esta

aventura. Uma aventura que

merecia ser contada por inteiro.

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