10 questões comentadas de Direito Penal – OAB 2º fase _ Pérolas Jurídicas

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OAB 2º fase

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QUESTÕES COMENTADAS DE DIREITO PENAL – OAB 2º FASE(HTTP://WWW.PEROLASJURIDICAS.COM/2013/09/10-QUESTOES-COMENTADAS-DE-DIREITO-PENAL.HTML)

Vanessa T. (http://www.perolasjuridicas.com/) 03/09/2013 2ª Fase (http://www.perolasjuridicas.com/categoria/exame-da-oab/2a-fase), Direito Penal (http://www.perolasjuridicas.com/categoria/materias/direito-penal), Exame da OAB(http://www.perolasjuridicas.com/categoria/exame-da-oab), Material de Estudo (http://www.perolasjuridicas.com/categoria/material-de-estudo)

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Questões comentadas de Direito Penal OAB 2º fase.

A prova para 2ª fase do Exame da OAB acontecerá no dia

06/10/2013.

Já sabemos que a preparação para a segunda fase exige técnica na

identificação e formulação da peça, além de domínio jurídico para

desenvolvimento das questões dissertativas. Uma das melhores

maneiras de estudar para o Exame da OAB é resolvendo questões

de exames anteriores.

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Segue algumas questões já exigidas pela FGV em provas do exame de ordem de segunda fase em penal.

Questões comentadas de Direito Penal – OAB 2º fase

Questão 01

VII Exame Unificado – Ricardo foi denunciado pela prática do delito descrito no art. 1º da lei n. 8.137/90, em

concurso material com o crime de falsidade ideológica (art. 299 do CP). Isso porque, conforme narrado na inicial

acusatória e confessado pelo réu no interrogatório, obteve, em determinado estado da federação, licenciamento

de seu veículo de modo fraudulento, já que indicou endereço falso. Assim agiu porque queria pagar menos

tributo, haja vista que a alíquota do IPVA seria menor. Ao cabo da instrução criminal, Ricardo foi condenado nos

exatos termos da denúncia, sendo certo que todo o conjunto probatório dos autos era significativo e apontava

para a responsabilização do réu. No entanto, atento às particularidades do caso concreto, o magistrado fixou as

penas de ambos os delitos no patamar mínimo previsto nos tipos penais, resultando a soma em 03 anos de

pena privativa de liberdade.

Como advogado (a) de Ricardo, você deseja recorrer da sentença. Considerando apenas os dados descritos na

questão, indique o(s) argumento(s) que melhor atenda(m) aos interesses de seu cliente. (Valor: 1,25)

Gabarito comentado:

A questão objetiva avaliar o conhecimento acerca dos princípios rela7vos ao conflito aparente de normas. Há de

se levar em consideração que problemá7cas não narradas no enunciado não podem ser objeto de exigência.

Assim, nos termos da questão, levando em conta apenas os dados fornecidos, o examinando somente fará jus

à pontuação integral se desenvolver argumentação lastreada no princípio da consunção (ou princípio da

absorção).

Deverá, igualmente, demonstrar conhecimento de que o crime descrito no art. 299 do CP (falsidade ideológica)

teria cons7tuído meio para o come7mento do delito-fim (crime contra a ordem tributária – art. 1o da Lei n.

8.137/90), de tal modo que a vinculação entre a falsidade ideológica e o crime contra a ordem tributária permitiria

reconhecer, em referido contexto, a preponderância desse último. Consequentemente, Ricardo somente deveria

responder pelo delito previsto no art. 1o da Lei n. 8.137/90.

Acerca desse ponto e com o intuito de privilegiar o desenvolvimento do raciocínio, não será cobrado o inciso

preciso do mencionado ar7go da Lei n. 8.137/90. Todavia, pelo mesmo mo7vo, eventual resposta que traga

apenas a consequência (7pificação da conduta de Ricardo), de maneira isolada e dissociada da correta

argumentação e desenvolvimento, não poderá ser pontuada.

Por fim, teses contraditórias no desenvolvimento da aplicação do princípio da consunção maculam a

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integralidade da questão. Todavia, com o fim de privilegiar a demonstração de conhecimento correto, não serão

descontados pontos pela alegação de teses subsidiárias, ainda que inaplicáveis ao caso, desde que não

configurem respostas contraditórias.

Questão 02

IV Exame Unificado - Maria, jovem extremamente possessiva, comparece ao local em que Jorge, seu

namorado, exerce o cargo de auxiliar administrativo e abre uma carta lacrada que havia sobre a mesa do rapaz.

Ao ler o conteúdo, descobre que Jorge se apropriara de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), que recebera da

empresa em que trabalhava para efetuar um pagamento, mas utilizara tal quantia para comprar uma jóia para

uma moça chamada Júlia.

Absolutamente transtornada, Maria entrega a correspondência aos patrões de Jorge. Com base no relatado

acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal

pertinente ao caso.

a) Jorge praticou crime? Em caso positivo, qual(is)? (Valor: 0,35)

b) Se o Ministério Público oferecesse denúncia com base exclusivamente na correspondência aberta por Maria, o

que você, na qualidade de advogado de Jorge, alegaria? (Valor: 0,9)

Gabarito comentado:

a) Sim. Apropriação indébita qualificada (ou majorada) em razão do oHcio, prevista no art. 168, parágrafo 1o, III

do CP.

b) Falta de justa causa para a instauração de ação penal, já que a denúncia se encontra lastreada exclusivamente

em uma prova ilícita, porquanto decorrente de violação a uma norma de direito material (artigo 151 do CP).

Questão 03

V Exame Unificado - Joaquina, ao chegar à casa de sua filha, Esmeralda, deparou-se com seu genro, Adaílton,

mantendo relações sexuais com sua neta, a menor F.M., de 12 anos de idade, fato ocorrido no dia 2 de janeiro

de 2011.

Transtornada com a situação, Joaquina foi à delegacia de polícia, onde registrou ocorrência do fato criminoso.

Ao término do Inquérito Policial instaurado para apurar os fatos narrados, descobriu-se que Adaílton vinha

mantendo relações sexuais com a referida menor desde novembro de 2010. Apurou-se, ainda, que Esmeralda,

mãe de F.M., sabia de toda a situação e, apesar de ficar enojada, não comunicava o fato à polícia com receio de

perder o marido que muito amava. Na condição de advogado(a) consultado(a) por Joaquina, avó da menor,

responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal

pertinente ao caso.

a) Adaílton praticou crime? Em caso afirmativo, qual? (Valor: 0,3)

b) Esmeralda praticou crime? Em caso afirmativo, qual? (Valor: 0,5)

c) Considerando que o Inquérito Policial já foi finalizado, deve a avó da menor oferecer queixa-crime?(Valor: 0,45)

Gabarito comentado:

a) Sim. Estupro de vulnerável, conduta descrita no art. 217-A do CP.

b) Sim. Esmeralda também praticou estupro de vulnerável (ar7go 217-A do CP c/c ar7go 13, §2o, “a”, do CP),

uma vez que tinha a obrigação legal de impedir o resultado, sendo garantidora da menor.

c) Não, pois se trata de ação penal pública incondicionada, nos termos do art. 225, parágrafo único, do CP.

Questão 04

III Exame Unificado - Caio, residente no município de São Paulo, é convidado por seu pai, morador da cidade de

Belo Horizonte, para visitá-lo. Ao dirigir-se até Minas Gerais em seu carro, Caio dá carona a Maria, jovem

belíssima que conhecera na estrada e que, ao saber do destino de Caio, o convence a subtrair pertences da

casa do genitor do rapaz, chegando a sugerir que ele aguardasse o repouso noturno de seu pai para efetuar a

subtração. Ao chegar ao local, Caio janta com o pai e o espera adormecer, quando então subtrai da residência

uma televisão de plasma, um aparelho de som e dois mil reais. Após encontrar-se com Maria no veículo, ambos

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se evadem do local e são presos quando chegavam ao município de São Paulo.

Com base no relatado acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a

fundamentação legal pertinente ao caso.

a) Caio pode ser punido pela conduta praticada e provada? (Valor: 0,4)

b) Maria pode ser punida pela referida conduta? (Valor: 0,4)

c) Em caso de oferecimento de denúncia, qual será o juízo competente para processamento da ação penal?

(Valor: 0,2)

Gabarito Comentado

a) Não, uma vez que incide sobre o caso a escusa absolutória prevista no artigo 181, II, do CP.

b) Sim, uma vez que a circunstância relativa a Caio é de caráter pessoal, não se comunicando a ela (artigo 30 do

CP). Assim, poderá ser punida pela prática do crime de furto qualificado pelo repouso noturno.

c) Belo Horizonte, local em que delito se consumou, conforme artigos 69, I, do CPP e 6o do CP.

Questão 05

VII Exame Unificado - Maurício, jovem de classe alta, rebelde e sem escrúpulos, começa a namorar Joana,

menina de boa família, de classe menos favorecida e moradora de área de risco em uma das maiores

comunidades do Brasil. No dia do aniversário de 18 anos de Joana, Maurício resolve convidá-la para jantar num

dos restaurantes mais caros da cidade e, posteriormente, leva-a para conhecer a suíte presidencial de um hotel

considerado um dos mais luxuosos do mundo, onde passa a noite com ela. Na manhã seguinte, Maurício e

Joana resolvem permanecer por mais dois dias. Ao final da estada, Mauricio contabiliza os gastos daqueles dias

de prodigalidade, apurando o total de R$ 18.000,00 (dezoito mil reais). Todos os pagamentos foram realizados

em espécie, haja vista que, na noite anterior, Maurício havia trocado com sua mãe um cheque de R$20.000,00

(vinte mil reais) por dinheiro em espécie, cheque que Maurício sabia, de antemão, não possuir fundos.

Considerando apenas os fatos descritos, responda, de forma justificada, os questionamentos a seguir.

A) Maurício e Joana cometeram algum crime? Justifique sua resposta e, caso seja positiva, tipifique as condutas

atribuídas a cada um dos personagens, desenvolvendo a tese de defesa. (valor: 0,70)

B) Caso Maurício tivesse invadido a casa de sua mãe com uma pistola de brinquedo e a ameaçado, a fim de

conseguir a quantia de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), sua situação jurídica seria diferente? Justifique. (valor: 0,55)

Gabarito comentado:

Para garantir pontuação, o examinando deveria, no item ‘A’, deixar expresso que Joana não cometeu qualquer

crime porque não houve sequer conduta de sua parte. Cabe ressaltar que somente será aceita, como

fundamento para essa hipótese, a ausência de conduta, levando em consideração o conhecimento teórico

exigido no Exame de Ordem.

Assim, descabe analisar a existência de elemento subjetivo (dolo ou culpa), ilicitude ou culpabilidade, pois tais

somente seriam apreciados quando houvesse conduta. Consequentemente, a resposta que trouxer apenas tal

análise (sem mencionar a conduta) não será pontuada no item respectivo.

Ainda no tocante ao item ‘A’, o examinando deverá indicar que Maurício, diferentemente de Joana, cometeu

crime, qual seja, estelionato (OU que teria praticado a conduta descrita no art. 171 caput do CP), mas que

poderia alegar em sua defesa a escusa absolutória prevista no art. 181, II do CP.

Sobre esse ponto, não será passível de pontuação a mera indicação do dispositivo legal, dissociada da

argumentação exigida.

De igual modo, não será pontuada nenhuma outra modalidade de estelionato senão aquela descrita no caput do

art. 171 do CP. Ressalte-se que dados não descritos no enunciado não podem ser presumidos pelos

examinandos.

Também não será passível de pontuação a indicação genérica do art. 181 do CP, sem a especificação do inciso

adequado ou de argumentação pertinente ao inciso.

Ademais, aplicação da escusa absolutória não conduz à atipicidade da conduta. A conduta continua Típica, ilícita

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e culpável, havendo apenas opção legislativa pela não imposição de sanção de natureza penal, embora a

sentença possa produzir efeitos civis.

Em relação ao item ‘B’, a atribuição de pontos estaria condicionada à expressa argumentação no sentido de que

a condição jurídica de Maurício seria alterada na medida em que a isenção de pena prevista no Código Penal não

se aplica aos crimes de roubo (OU à prática da conduta descrita no art. 157 caput do CP), nos termos do

art.183, I do CP. Portanto, Maurício seria processado e apenado pelo crime cometido.

Cumpre salientar que a mera indicação de artigo legal, dissociada da correta argumentação (em qualquer um dos

itens), não pode ser pontuada. De igual modo, a mera indicação, no item ‘B’, de que não haveria isenção de

pena (ou de que não se aplicaria o art. 181, II do CP por força do disposto no ar7go 183, I, do CP), sem a

correta tipificação da conduta, não é passível de pontuação.

Além disso, levando em conta que o delito de roubo não se confunde com a extorsão, não será admitida

fungibilidade entre as condutas de forma a se considerar qualquer das duas como a prática empreendida por

Maurício.

Por fim, não poderá ser considerada correta a resposta que imponha a causa de aumento de pena prevista no

parágrafo segundo, inciso I, do artigo 157 do CP. Isso porque a controvérsia acerca da incidência da referida

causa de aumento quanto ao uso de arma de brinquedo foi suficientemente solucionada no âmbito do Superior

Tribunal de Justiça, que, em 2001, cancelou o verbete sumular nº 174, no julgamento do RESP 213.054-SP.

Questão 06

VII Exame Unificado - Larissa, senhora aposentada de 60 anos, estava na rodoviária de sua cidade quando foi

abordada por um jovem simpático e bem vestido. O jovem pediu-lhe que levasse para a cidade de destino, uma

caixa de medicamentos para um primo, que padecia de grave enfermidade. Inocente, e seguindo seus preceitos

religiosos, a Sra. Larissa atende ao rapaz: pega a caixa, entra no ônibus e segue viagem. Chegando ao local da

entrega, a senhora é abordada por policiais que, ao abrirem a caixa de remédios, verificam a existência de 250

gramas de cocaína em seu interior. Atualmente, Larissa está sendo processada pelo crime de tráfico de

entorpecente, previsto no art. 33 da lei n. 11.343, de 23 de agosto de 2006.

Considerando a situação acima descrita e empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação

legal pertinente, responda: qual a tese defensiva aplicável à Larissa? (valor: 1,25)

Gabarito comentado:

A questão pretende buscar do examinando conhecimento acerca do instituto do erro de tipo essencial, inclusive

para diferenciá-lo das demais modalidades de erro. Assim, para garantir pontuação, a resposta deverá trazer as

seguintes informações: a tese defensiva aplicável é a de que Larissa agiu em erro de tipo essencial incriminador,

instituto descrito no art. 20 caput do CP, pois desconhecia circunstância elementar descrita em tipo penal

incriminador. Ausente o elemento Típico, qual seja, o fato de estar transportando drogas, faz com que, nos

termos do dispositivo legal, se exclua o dolo, mas permita-se a punição por crime culposo e, como o dispositivo

legal do art. 33 da Lei n. 11.343/06 não admite a modalidade culposa, o fato se tornaria atípico.

Ressalte-se que levando em conta que o Exame de Ordem busca o conhecimento técnico e acadêmico dos

examinandos, não serão pontuadas respostas que tragam teses contraditórias. Assim, a resposta indicativa de

qualquer outra espécie de erro (seja acidental, de tipo permissivo ou de proibição) implica na impossibilidade de

pontuação, estando, a questão, maculada em sua integralidade. Entende-se por tese contraditória aquelas que

elencam diversas modalidades de erro, ainda que uma delas seja a correta.

Também com o fim de privilegiar o raciocínio e a demonstração de conhecimento, a mera indicação da

consequência correta (atipicidade do fato), dissociada da argumentação pertinente e identificação do instituto

aplicável ao caso, não será passível de pontuação. Do mesmo modo, não será pontuada a mera indicação do

dispositivo legal, qual seja, o art. 20 caput do CP.

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Questão 07

VI Exame Unificado - Carlos Alberto, jovem recém-formado em Economia, foi contratado em janeiro de 2009

pela ABC Investimentos S.A., pessoa jurídica de direito privado que tem como atividade principal a captação de

recursos financeiros de terceiros para aplicar no mercado de valores mobiliários, com a função de assistente

direto do presidente da companhia, Augusto César. No primeiro mês de trabalho, Carlos Alberto foi informado

de que sua função principal seria elaborar relatórios e portfólios da companhia a serem endereçados aos

acionistas com o fim de informá-los acerca da situação financeira da ABC. Para tanto, Carlos Alberto baseava-

se, exclusivamente, nos dados financeiros a ele fornecidos pelo presidente Augusto César. Em agosto de 2010,

foi apurado, em auditoria contábil realizada nas finanças da ABC, que as informações mensalmente enviadas por

Carlos Alberto aos acionistas da companhia eram falsas, haja vista que os relatórios alteravam a realidade sobre

as finanças da companhia, sonegando informações capazes de revelar que a ABC estava em situação financeira

periclitante.

Considerando-se a situação acima descrita, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos

apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso.

a) É possível identificar qualquer responsabilidade penal de Augusto César? Se sim, qual(is) seria(m) a(s)

conduta(s) típica(s) a ele atribuída(s)? (Valor 0,45)

b) Caso Carlos Alberto fosse denunciado por qualquer crime praticado no exercício das suas funções enquanto

assistente da presidência da ABC, que argumentos a defesa poderia apresentar para o caso? (Valor: 0,8)

Gabarito comentado:

a) Sim, pois Augusto César agiu com dolo preordenado, sendo autor mediato do crime previsto no artigo 6o da

Lei 7.492/86.

b) Poderia argumentar que Carlos Alberto não agiu com dolo, uma vez que recebera informações erradas. Agiu,

portanto, em hipótese de erro de 7po essencial invencível/escusável, com base no art. 20, caput, OU art. 20,

§2o, do CP.

Questão 08

VII Exame Unificado - Há muito tempo Maria encontra-se deprimida, nutrindo desejos de acabar com a própria

vida. João, sabedor dessa condição, e querendo a morte de Maria, resolve instigá-la a se matar. Pondo seu

plano em prática, João visita Maria todos os dias e, quando ela toca no assunto de não tem mais razão para

viver, que deseja se matar, pois a vida não faz mais sentido, João a estimula e a encoraja a pular pela janela.

Um belo dia, logo após ser instigada por João, Maria salta pela janela de seu apartamento e, por pura sorte,

sofre apenas alguns arranhões, não sofrendo qualquer ferimento grave. Considerando apenas os fatos

apresentados, responda, de forma justificada, aos seguintes questionamentos:

A) João cometeu algum crime? (valor: 0,65)

B) Caso Maria viesse a sofrer lesões corporais de natureza grave em decorrência da queda, a condição jurídica

de João seria alterada? (valor: 0,60)

Gabarito comentado:

O examinando deve responder, no item ‘A’, que João não cometeu qualquer crime, pois o

delito descrito no art. 122 do CP, o qual prevê a conduta de instigação, auxílio ou induzimento ao suicídio, não

admite a forma tentada (art. 14, II do CP), sendo certo que tal delito somente se consuma com a ocorrência de

lesões corporais graves ou morte. Nesse sen7do, como Maria teve apenas alguns arranhões, não houve crime.

Todavia, com o fim de privilegiar a demonstração de conhecimento doutrinário, será aceita como resposta

correta ao item ‘A’, a indicação de que haveria crime, mas que o fato não seria punível por faltar condição objetiva

de punibilidade. Nesse caso específico, o examinando deverá demonstrar conhecimento sobre o conceito

analítico de crime (fato Típico, antijurídico e culpável), indicando que a punibilidade não o integra.

Ainda quanto ao item ‘A’, é indispensável a indicação do dispositivo em análise. Portanto, afirmações vagas e

genéricas não são passíveis de pontuação.

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Já no item ‘B’, o examinando deveria responder que ante a ocorrência de lesões corporais de natureza grave em

Maria, a condição jurídica de João seria alterada, passando ele a responder pelo delito previsto no art. 122 do CP

na modalidade consumada.

Ressalte-se que levando em consideração a natureza do Exame de Ordem, não será atribuída pontuação para

respostas com teses contraditórias, ou mesmo sugestiva de delito na modalidade tentada. Ademais, considera-

se errada a resposta indicativa de configuração de concurso de crimes ou a fundamentação isolada.

Pelo mesmo motivo exposto no item ‘A’ (impossibilidade de consideração de afirmações vagas ou genéricas),

também não é passível de pontuação a resposta, no item ‘B’, que não indique, de maneira expressa, o artigo

legal a que se refere a questão. Desse modo, a mera referência à pena de reclusão de 1 a 3 anos, ou seja, a

mera indicação do preceito secundário do tipo, dissociada da tipificação da conduta, também não é pontuada.

Por fim, também não será pontuada a simples transcrição do artigo, dissociada da demonstração de

conhecimento doutrinário.

Questão 09

VIII Exame Unificado - Abel e Felipe observavam diariamente um restaurante com a finalidade de cometer um

crime.

Sabendo que poderiam obter alguma vantagem sobre os clientes que o frequentavam, Abel e Felipe, sem

qualquer combinação prévia, conseguiram, cada um, uniformes semelhantes aos utilizados pelos manobristas de

tal restaurante.

No início da tarde, aproveitando a oportunidade em que não havia nenhum funcionário no local, a dupla, vestindo

os uniformes de manobristas, permaneceu à espera de suas vítimas, mas, agindo de modo separado.

Tércio, o primeiro cliente, ao chegar ao restaurante, iludido por Abel, entrega de forma voluntária a chave de seu

carro. Abel, ao invés de conduzir o veículo para o estacionamento, evade-se do local. Narcísio, o segundo

cliente, chega ao restaurante e não entrega a chave de seu carro, mas Felipe a subtrai sem que ele o

percebesse. Felipe também se evade do local.

Empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso, responda às

questões a seguir.

A) Qual a responsabilidade jurídico-penal de Abel ao praticar tal conduta? (responda motivando sua imputação)

(Valor: 0,65)

B) Qual a responsabilidade jurídico-penal de Felipe ao praticar tal conduta? (responda motivando sua imputação)

(Valor: 0,60)

Gabarito comentado:

Relativamente ao item “A” da questão, o examinando, para garantir a atribuição integral dos pontos respectivos,

deverá desenvolver raciocínio no sentido de que Abel cometeu apenas o crime de estelionato, previsto no art.

171 do Código Penal brasileiro.

Outrossim, deverá indicar que o crime caracteriza-se pela fraude que é usada como meio de obter o

consentimento da vítima que, iludida, entrega voluntariamente a chave de seu carro para Abel.

No que tange ao item “B”, deverá ser desenvolvido raciocínio no sentido de que Felipe cometeu apenas o delito

de furto simples, capitulado no artigo 155 caput do Código Penal.

Saliente-se que, no caso em tela, não serão admitidas respostas que indicarem a incidência de qualificadoras,

uma vez que, apesar de o agente ter se ves7do de manobrista, tal fato em nada interferiu na subtração do bem.

Tampouco se pode falar em crime cometido mediante destreza, haja vista o fato de que, no enunciado da

questão, não há qualquer referência ao fato de Felipe possuir habilidades especiais que pudessem fazer com que

efetivasse a subtração sem que a vítima percebesse.

Assim sendo, o delito por ele praticado foi, apenas, o de furto na forma simples, descrito no caput do ar7go 155

do Código Penal.

Ainda no item “B”, de maneira alternativa e com o fim de privilegiar demonstração de conhecimento jurídico, será

pontuado o examinando esclarecer somente estar presente o núcleo do tipo e, por conta disso, a conduta de

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Felipe apenas se enquadraria no caput do artigo citado.

Por fim, em nenhum dos itens poderá ser atribuída pontuação pela mera explicação da atuação dos agentes se

essa estiver dissociada da correta tipificação do crime.

Questão 10

VI Exame Unificado - Ao chegar a um bar, Caio encontra Tício, um antigo desafeto que, certa vez, o havia

ameaçado de morte. Após ingerir meio litro de uísque para tentar criar coragem de abordar Tício, Caio partiu em

sua direção com a intenção de cumprimentá-lo. Ao aproximar-se de Tício, Caio observou que seu desafeto

bruscamente pôs a mão por debaixo da camisa, momento em que achou que Tício estava prestes a sacar uma

arma de fogo para vitimá-lo. Em razão disso, Caio imediatamente muniu-se de uma faca que estava sobre o

balcão do bar e desferiu um golpe no abdome de Tício, o qual veio a falecer. Após análise do local por peritos do

Instituto de Criminalística da Polícia Civil, descobriu-se que Tício estava tentando apenas pegar o maço de

cigarros que estava no cós de sua calça.

Considerando a situação acima, responda aos itens a seguir, empregando os argumentos jurídicos apropriados

e a fundamentação legal pertinente ao caso.

a) Levando-se em conta apenas os dados do enunciado, Caio praticou crime? Em caso positivo, qual? Em caso

negativo, por que razão? (Valor: 0,65)

b) Supondo que, nesse caso, Caio tivesse desferido 35 golpes na barriga de Tício, como deveria ser analisada a

sua conduta sob a ótica do Direito Penal? (Valor: 0,6)

Gabarito comentado:

a) Não, pois atuou sob o manto de descriminante putativa, instituto previsto no art. 20,

parágrafo 1o do CP, uma vez que supôs, com base em fundado receio, estar em situação de legítima defesa.

Como se limitou a dar uma facada, a sua reação foi moderada, não havendo que se falar em punição por

excesso.

b) Ainda que tenha procurado se defender de agressão que imaginou estar em vias de ocorrer, Caio agiu em

excesso doloso, devendo, portanto, responder por homicídio doloso, na forma do ar7go 23, parágrafo único, do

CP.

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