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PROPAGAÇÃO DE CULTURAS OLERÁCEAS
A propagação de plantas é uma ocupação fundamental da humanidade. A
civilização se iniciou quando o homem antigo aprendeu a semear e cultivar certos
tipos de plantas que satisfaziam suas necessidades nutritivas e as dos seus animais.
Na medida que avançou a civilização, ele foi acrescentando à diversidade de plantas
outros cultivos, não só alimentícios, mas também aqueles que lhe proporcionavam
flores, medicinais, lazer e ornamentação.
O melhoramento das plantas na época atual foi precedido por um grande
progresso na seleção das mesmas. Nossas plantas cultivadas se originaram
principalmente por três métodos gerais. Primeiro, algumas foram selecionadas
diretamente de espécies silvestres, mas, sob o cuidado do Homem, evoluíram a ‘tipos’
que diferiam completamente dos seus ancestrais silvestres; como exemplo deste
grupo podem citar-se o tomate, a cevada e o arroz. Segundo, outras se originaram
por hibridação entre espécies, acompanhadas de mudanças no número de
cromossomos, estas plantas se conhecem somente em formas cultivadas e não se
encontram tipos silvestres. Neste grupo se encontram o milho, o trigo, o fumo, a
pereira e a ameixeira. Terceiro, aparece outro grupo de plantas cujas formas raras
diferem das demais da sua espécie e as quais, embora inadaptadas a um ambiente
natural são úteis ao Homem; entre elas estão o repolho, os brócolis, a couve-de-
Bruxelas.
Entretanto, este progresso no melhoramento de plantas teria carecido de
importância ao menos que, simultaneamente, se dispusera de métodos para manter
em cultivo as formas melhoradas, o qual originou um processo de invenção e
descobrimento de técnicas para propagação de plantas. A maior parte das plantas
cultivadas se perderiam ou reverteriam a formas menos desejáveis, ao menos que se
propagassem em condições controladas capazes de preservar as suas
características. Através do tempo, na medida que se tem disposto de novos tipos de
plantas, se desenvolveram técnicas para mantê-las e reciprocamente, conforme se
avançou nos métodos de propagação, tem aumentado a quantidade de plantas
disponíveis para cultivo.
Para se perpetuarem as espécies se multiplicam
- A multiplicação dos vegetais superiores pode ocorrer através dos dois ciclos
básicos: SEXUADO e ASSEXUADO
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Reprodução de plantas
É a multiplicação natural das plantas através do ciclo sexuado. Neste caso
ocorre a segregação genética e os descendentes são representados por indivíduos.
A propagação sexuada, realizada através de sementes, envolve a união do
gameta masculino, (contido no grão de pólen) com o gameta feminino (contido no
óvulo), para formar a semente (Figura 1). Exceção deve ser feita no caso da
apomixia, na qual ocorre o desenvolvimento de embriões oriundos da nucela,
idênticos à planta-mãe.
A propagação sexuada envolve a divisão celular através de meiose, quando da
formação dos gametas masculinos e femininos. Disso decorrem diversos fenômenos
associados com este tipo de divisão, tais como a segregação genética, a permuta
genética e o aumento da variabilidade genotípica e fenotípica.
A semente é o meio mais comum de propagação das plantas autopolinizadas,
sendo, ainda, largamente usada para muitas de polinização cruzada. É, muitas vezes,
o único método de propagação possível ou viável. Além de ser um método
conveniente para a conservação das plantas, por um determinado período, as
sementes podem ser um meio de propagação menos dispendioso que a propagação
vegetativa.
Figura 6: Diagrama que representa o ciclo sexual das Angiospermas, mostrando a
meiose e a fertilização
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A propagação por sementes é um método para se produzir plantas "livres de
moléstias". Tem sido observado que vírus, nematóides e outros parasitas deletérios,
são comumente expurgados pela linha reprodutiva próxima à meiose ou pela meiose,
e que, no entanto, são transmitidos e continuam a acumular em indivíduos de um
clone propagado vegetativamente. As sementes podem ser usadas como um filtro
para as viroses, pois estas não se transmitem pela semente botânica, com algumas
exceções.
Vantagens e desvantagens da propagação sexuada.
VANTAGENS DESVANTAGENS
1. maior longevidade
2. desenvolvimento vigoroso
3. obtenção de novas variedades
4. clones novos
5. perpetuação da espécie por
bancos de germoplasma
6. menor custo
1.dissociação dos caracteres
2. produto não padronizado
3. esterilidade
4. heterogeneidade entre plantas (porte, arquitetura,
fenologia)
Propagação de plantas
É a multiplicação das plantas, que ocorre naturalmente ou por métodos controlados
pelo homem, através de estruturas formadas no ciclo assexuado (propágulos) a
propagação estabelece o clone.
Conceitos:
➢ Multiplicação vegetativa de um indivíduo, capaz de produzir uma planta
geneticamente idêntica àquela que lhe deu origem.
➢ Multiplicação dirigida de partes das plantas, baseada na capacidade que certas
estruturas vegetais possuem, para formar um novo indivíduo completo, quando
destacadas da planta-mãe e colocadas em condições propícias.
Na multiplicação através do ciclo sexuado ocorre recombinação genética, formando
indivíduos (EMBRIÕES GAMÉTICOS DAS SEMENTES) – REPRODUÇÃO. Na
multiplicação através do ciclo assexuado não ocorre recombinação genética e as
plantas formadas são denominadas clones – PROPAGAÇÃO
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Clone
É um conjunto de seres independentes, geneticamente idênticos, originados de
um simples indivíduo através da propagação.
Totipotência celular – capacidade que a célula vegetal tem de regenerar uma planta
completa. Teoricamente todas as células vegetais possuem esta capacidade.
Razões para utilização da propagação de plantas
- Manutenção das características genéticas da planta propagada
- Indispensável na propagação de espécies que não produzem sementes
- Em algumas espécies é mais fácil, mais rápida e mais econômica
- Combinação de mais de um genótipo numa simples plantas
A propagação assexuada ou vegetativa é possível porque a divisão celular ocorre
durante o crescimento e a regeneração. A característica principal da mitose é que, na
maioria dos casos, os cromossomos individuais se dividem longitudinalmente em
partes idênticas e cada uma das células filhas, com algumas exceções, apresenta as
características da planta-mãe. A mitose é o processo básico do crescimento
vegetativo normal, da regeneração e da cicatrização de injúrias, que tornam possíveis
as práticas de propagação vegetativa.
A propagação assexuada é imprescindível em casos em que há interesse em
manter a identidade do genótipo, ou seja, obter-se um número infinito de plantas com
a mesma constituição genética a partir de um único indivíduo.
A propagação assexuada baseia-se em dois fundamentos: a totipotencialidade
das células somáticas: capacidade de cada célula conter toda a informação genética
para gerar um novo indivíduo) e a capacidade de regeneração dos tecidos vegetais.
Desta forma, tomando-se uma estaca caulinar (segmento de ramo), é possível, sob
condições adequadas, obter raízes adventícias, folhas, caules e novos ramos,
originando assim uma nova planta. No caso da enxertia, uma pequena porção de
tecido de uma planta contendo uma gema é introduzida sobre uma outra planta. Esta
gema irá brotar, originando uma nova parte aérea para a planta utilizada como porta-
enxerto. Dentre os métodos de propagação vegetativa de plantas, pode-se citar os
seguintes: estaquia, enxertia, mergulhia, cultura de tecidos ou micropropagação e uso
de estruturas especializadas.
Um dos problemas sérios apresentados pela propagação vegetativa é o chamado
"envelhecimento dos clones", fenômeno causado pelo acúmulo de diversos tipos de
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vírus responsáveis pela perda de vigor e da produtividade dos clones. Algumas das
soluções que podem ser apontadas neste caso são o cultivo de meristemas, a
termoterapia, podas drásticas na planta-matriz, a fim de estimular a produção
contínua de brotações juvenis para propagações subsequentes (ex: couve-manteiga),
entre outros, bem como o uso associado deste métodos.
A propagação vegetativa, em grande escala, dos indivíduos superiores, p-
roporciona vantagens no manejo das culturas, em função da uniformidade dos tratos
culturais requeridos e da qualidade da matéria-prima produzida.
Com a propagação vegetativa, a boa combinação de caracteres genéticos,
apresentada por certos indivíduos, pode ser perpetuada, obtendo-se plantios mais
uniformes, mais produtivos, mais precoces e com melhor qualidade dos produtos
obtidos.
Assim como na propagação sexuada, a escolha das matrizes é fundamental para
o sucesso da propagação e para a qualidade da muda. As plantas matrizes devem
ser obtidas em órgãos oficiais de pesquisa (EMBRAPA, Órgãos Estaduais,
Universidades, dentre outros) ou em empresas idôneas, ou ainda, caso haja
tecnologia adequada, no próprio viveiro. Materiais importados devem ser submetidos
à quarentena, atividade de responsabilidade do Ministério da Agricultura e órgãos de
pesquisa a ele vinculados. Após obtido, o material deve ser testado (caso isso não
tenha sido feito previamente), para verificar se não está contaminado por pragas ou
doenças, principalmente viroses.
Principais vantagens desvantagens da propagação assexuada.
VANTAGENS DESVANTAGENS
1. perpetuação de caracteres agronômicos
2. redução da fase juvenil
3. obtenção de plantas uniformes
4. combinação de clones na enxertia
1. transmissão de doenças
2. risco de mutação das gemas
3. risco de danos generalizados na área
de produção
Estruturas vegetativas - propagação por:
• Estolhos,
• Estacas (bertalha, ou espinafre indiano - basella rubra l, hortelã, batata-doce)
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• Tubérculos,
• Bulbos,
• Rizomas.
Estolhos - caule rastejante com as características típicas de um caule ereto, que
promove a reprodução vegetativa da planta, podendo criar raizes e caules eretos nos
nós, ou seja, quando o caule é rastejante, enraíza-se e forma outro indivíduo. Ex:
morango.
Estacas – caule, folha, raiz.
Ex: batata-doce: ramas velhas coletadas em culturas ou ramas novas obtidas em
viveiros. Ou utiliza-se a própria batata brotada.
As ramas são pedaços da haste com 30-40 cm de comprimento e 8-10 entrenós.
Devem ser cortadas na véspera do plantio, para murcharem, evitando-se que se
partam ao serem enterradas.
No plantio, enterram-se 3-4 entrenós, à profundidade de 10-12 cm, no topo das
leiras já construídas. Enterram-se poucos entrenós para obter batatas mais graúdas.
Contrariamente, muitos entrenós enterrados resultam em numerosas batatas, porém
com tamanho reduzido.
Estaquia - Processo de propagação vegetativa no qual ocorre a indução ao
enraizamento adventício em segmentos destacados da planta matriz, que,
submetidos a condições favoráveis, originam uma muda. Enraizamento pode requerer
ou não a aplicação de reguladores de crescimento - auxinas (IBA) ou anelamentos ou
incisões.
Enxertia - Método de multiplicação vegetativa que consiste na junção de partes de
plantas de tal maneira que irão unir-se e desenvolver-se originando uma nova planta.
Deve-se considerar que nem todas as espécies apresentam características
morfofisiológicas que possibilitam a enxertia. Assim sendo, entre as espécies de
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hortaliças, somente as das Famílias Solanaceae (tomate, pimentão e berinjela) e
Cucurbitaceae (melancia, melão, pepino e abóbora) são comumente enxertadas.
Enxertia - Pepino: resistência a Fusarium, maior qualidade dos frutos.
• Pimentão: murcha de Phytophthora capsici; nematóides.
• Berinjela: murcha bacteriana, murcha de fusarium, nematóides.
Na escolha do porta-enxerto devem ser observados outros aspectos, além do fator de
resistência. Para exemplificar, podem-se citar o porongo e a abóbora, empregados
como porta-enxertos na cultura da melancia.
• Tomateiro: controle de doenças, resistência ao estresse hídrico; estresse salino.
Ex: cultivares de porta-enxertos para tomateiro: Anchor T e Kaguemuscha, e as de
enxerto: Olympo, Débora, Jane F1.
OBS: o pimentão somente pode ser enxertado sobre plantas da mesma espécie. A
abóbora como porta-enxerto é compatível com o pepino, melão e a melancia.
Tubérculos – caules tuberosos, formado pelo acúmulo de substâncias de reserva.
Apresentam gemas vegetativas, que originarão novas plantas. Ex.: a batata.
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Bulbos – As bainhas foliares formam um pseudocaule, cuja parte inferior é um
bulbo. O bulbo é originado pela superposição de bainhas foliares carnosas. Ex:
cebola, alho
Rizomas - Caule radiciforme (forma semelhante à de uma raiz) e armazenador,
que é geralmente subterrâneo, mas pode ser aéreo. Ex: Inhame.
Parte II- Produção de mudas para transplante
➢ Sistemas de produção
• Sementes;
• Estruturas vegetativas [propagação por estolhos, estacas (Bertalha, ou
espinafre indiano - Basella rubra L, hortelã) tubérculos, bulbos, rizomas,
raízes, micropropagação]
➢ Quanto à distribuição
•Em linhas
•em covas
➢ Modo de distribuição das sementes
•Manual
•Mecanizada através de semeadoras
-Tração manual
-tração mecânica
PROPAGAÇÃO POR SEMENTES
ETAPAS:
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A) ESCOLHA DAS SEMENTES
A semente de alta qualidade deve apresentar elevado índice percentual de germinação
(consta na embalagem), deve conter carga genética favorável, originando plantas
responsivas à agrotecnologia e produtos com características exigidas pelo consumidor.
Na escolha das sementes para a produção de hortaliças os seguintes pontos devem
ser observados:
· Utilizar somente sementes com índices adequados de germinação, vigor e pureza;
· Certificar-se sobre a procedência do material a ser adquirido, exigindo o certificado
de sanidade vegetal, germinação e pureza.
· Utilizar apenas sementes certificadas e previamente analisadas quanto à sanidade
vegetal;
· Escolher a variedade mais adaptada ao local (clima) e à época de plantio (primavera
ou verão);
· Prestar atenção no prazo de validade anotado na embalagem
· Certificar-se de que existe tolerância e/ou resistência às principais pragas e
doenças, se o material se adapta às exigências do mercado e possui boa
conservação pós-colheita e resistência ao transporte
O olericultor deve adquirir sementes em embalagens com capacidade capaz de
atender ao tamanho da cultura programada. Há embalagens com várias capacidades
nos mostruários das firmas fornecedoras.
Em alguns casos, as sementes que apresentam a casca (tegumento) muito dura,
devem ficar de molho em água por 24 horas para facilitar a entrada de água e dar
início à germinação. Como exemplo, temos o espinafre, a abóbora, o quiabo, entre
outros. Por último, utilize somente as sementes que estiverem no fundo do recipiente,
pois as que ficarem boiando quase sempre serão chochas e não irão germinar.
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Embalagens
A embalagem adequada deve assegurar a manutenção do baixo teor inicial de
umidade, não permitindo trocas com o ambiente externo.
As embalagens atuais são de vários tipos (latas, baldes plásticos, envelopes e
saquinhos).
Os envelopes e saquinhos têm paredes constituídas por camadas de alumínio,
polietileno e outros materiais, sendo também eficientes na conservação das
sementes.
Tipos de sementes
➢ Sementes nuas
➢ Sementes com película protetora
➢ Sementes peletizadas
➢ Sementes incrustadas
Peliculização: trata-se de um revestimento feito às sementes com um film-coating
(polímero), que possui como principal característica a sua semipermeabilidade em
água. Possui ainda excelente capacidade de aderência às sementes, melhorando a
eficiência dos produtos utilizados em associação nos tratamentos.
O "film-coating" não tem em sua composição somente polímeros, mas também
outros compostos e pigmentos que, em formulações específicas para tratamento de
sementes, têm por objetivo a melhoria do processo e da qualidade final das sementes
tratadas.
Dentre as melhorias que podemos alcançar através do emprego de um "film-
coating", podemos citar as seguintes:
- Melhor distribuição dos defensivos sobre a superfície das sementes
- A adição de "film-coating" melhora a distribuição dos defensivos sobre a superfície
das sementes, sendo utilizado para espécies com sementes de tegumento muito liso,
como por exemplo, o milho.
- Melhor adesão dos ingredientes ativos sobre as sementes
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Incrustação: é um revestimento que aumenta de 1 a 5 vezes o peso das sementes,
constituído de materiais que não prejudicam a germinação, podendo ser acrescidas
de vários nutrientes, além do polímero, fungicida e inseticida.
Peletização: o processo é idêntico à incrustação, com a diferença que o aumento de
peso é de 15 a 200 vezes em relação ao peso das sementes. Esse processo não é
utilizado atualmente em sementes de forrageiras, é mais comum em hortaliças,
tabaco e florestais.
RECOBRIMENTO DAS SEMENTES
Vantagens:
• Reconhecimento da semente pela cor
• Favorece a semeadura
• Possibilita a incorporação de produtos
• Pode ser associada com outras técnicas
Desvantagens:
• Custo mais elevado
• Perda de vigor das sementes
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B) ESCOLHA DO LOCAL DE PRODUÇÃO DAS MUDAS
➢ CANTEIROS:
Numerosas culturas oleráceas são tradicionalmente propagadas pela semeadura
em canteiros especialmente preparados – as sementeiras. Essas são espécies que
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resistem bem ou são até beneficiadas pelo transplante para o local definitivo, efetuado
posteriormente.
Uma sementeira pode ser um canteiro rústico, temporário, ou mais sofisticado,
com proteção de alvenaria.
As sementeiras devem ser preparadas com revolvimento da terra, destorroamento
e correção da fertilidade com base na análise química do solo.
As características e as dimensões dos canteiros variam de acordo com o espaço
físico disponível;
A largura deve possibilitar o trabalho no canteiro de um só lado, de maneira que o
braço alcance a extremidade oposta (0,80 a 1,20m), altura de 20 a 25 cm e
comprimento de acordo com a necessidade de mudas. Devendo não ultrapassar 10
m, para facilitar os trabalhos.
Recomenda-se deixar ruas com 40 a 50 cm de largura para circulação entre os
canteiros;
Caso se utilize carrinho de mão, deixar a largura necessária para a sua passagem
As sementes devem ser distribuídas uniformemente em sulcos transversais ao
canteiro, distanciados 0,10 m um do outro e com 1,5 a 2,0 cm de abertura e 1,0 a 1,5
cm de profundidade.
Após a distribuição, as sementes devem ser cobertas com terra do sulco.
A colocação de uma cobertura com saco de aniagem (juta) sobre o canteiro evita
que o impacto das gotas da água de irrigação ou de chuva desenterre ou afunde as
sementes, prejudicando a germinação ou a emergência.
A área da sementeira deve ser calculada com base na área que será plantada e
no espaçamento a ser utilizado.
➢ RECIPIENTES:
Entende-se por recipiente todo e qualquer material destinado a acondicionar o
substrato durante a produção de mudas. O uso de recipientes tem acompanhado a
evolução tecnológica dos sistemas de propagação, pois são ferramentas
indispensáveis na produção intensiva de mudas. Na medida em que se avança na
pesquisa de substrato para a propagação, os recipientes assumem cada vez mais
importância. Embora, em diversos casos a produção de mudas diretamente no
viveiro, dispensando o uso de recipientes, possa ser mais econômica, cada vez mais
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a produção de mudas embaladas vem sendo adotada. Mesmo nesses casos, os
recipientes podem tomar parte em alguma das etapas da propagação.
A adoção de recipientes na produção de mudas apresenta, como principais
vantagens:
a) Quando associado ao uso de telados ou estufas, permite o cultivo sob
quaisquer condições climáticas, o que permite cumprir-se rigorosamente um
cronograma de produção;
b) Redução da competição entre as mudas;
c) Redução da área necessária de viveiro;
d) Proteção do sistema radicular contra danos mecânicos e desidratação;
e) Proteção da muda contra doenças e pragas de solo, além de facilitar, quando
necessário, a prática da esterilização do substrato;
f) Aumento da facilidade no transporte das mudas;
h) Redução do estresse no momento do transplante.
Três aspectos são essenciais quando da produção de mudas em recipientes:
a) Manutenção da umidade, especialmente em recipientes com pequena
capacidade de acondicionamento de substrato;
b) Adubação, pois o substrato pode facilmente ser esgotado quanto à
disponibilidade de nutrientes;
c) Limitação ao desenvolvimento radicular, aspecto que deve ser constantemente
observado, de modo que o recipiente não venha a ser uma barreira para as raízes, a
ponto de prejudicar o crescimento da muda.
É conveniente que um bom recipiente apresente as seguintes características:
* Ter boa resistência para suportar a pressão devida ao peso do substrato e da
planta.
* Permitir que a planta tenha um rápido desenvolvimento inicial.
* Acondicionar o volume adequado de substrato.
* Possuir bom sistema de drenagem.
* Possibilitar boa retenção da umidade.
* Permitir boa retenção do substrato.
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* Ter durabilidade a ponto de resistir durante todo o processo de produção da
muda.
* Ser de fácil manejo quando da transferência (leveza e resistência).
* Ter baixo custo de aquisição.
* Ser reutilizável ou construído com material facilmente reciclável.
Tipos de recipientes
➢ Copinhos de jornal:
A produção de mudas em copinhos confeccionados com papel jornal – uma invenção
brasileira da década de 1970 – é mais vantajosa para certas espécies em relação ao
uso de sementeiras e viveiros.
É o caso das solanáceas-fruto (tomate, pimentão, pimenta, berinjela e jiló), todas
originando mudas com o caule distinto; também as cucurbitáceas (pepino, abóbora,
moranga, melancia e melão) podem ser beneficiadas.
É um modo fácil, barato e ecológico de se semear. A grande vantagem é que o
invólucro feito de jornal vai direto para a terra na hora do transplante, evitando-se o
risco de danificar as raízes caso fosse necessário desenformar o torrão.
Se confeccionar os copinhos com espessura mais fina e tiver os devidos cuidados ao
manipular os mesmos durante o crescimento da muda (para que não se desfaçam),
no momento do transplante o copo pode ir diretamente para a cova no local definitivo,
bastando remover o excesso de jornal dobrado no fundo. Na terra, a decomposição
do jornal não será empecilho para o desenvolvimento das raízes.
A desvantagem do uso do copinho de jornal é que estes perdem água muito
rapidamente, exigindo irrigações abundantes e freqüentes durante o dia.
➢ Saquinhos de polietileno:
Vantagens: Com as mudas crescidas, podem ser transportadas a qualquer lugar.
Mesmo a quilômetros de distância.
➢ Semeadura em bandejas:
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Esse processo economiza tempo e espaço, facilitando muito o trabalho de produção
de mudas.
As bandejas são confeccionadas em isopor ou polietileno com células dispostas lado
à lado, com formato piramidal invertido para facilitar a remoção da muda junto com
seu substrato.
Cada célula deve ter no fundo o seu furo de drenagem, e para evitar que as raízes
saiam por esses furos.
As bandejas mais utilizadas são:
Bandejas com 288 células: para o cultivo de alface
Bandejas com 200 células: para o cultivo de alface, almeirão, chicória, agrião, salsa...
cebolinha.
Bandejas com 128 células: para o cultivo de tomate, pimentão, repolho, brócolis,
couve-flor, couve chinesa, berinjela... jiló
A produção de mudas em bandejas deve ser feita em ambiente protegido, como
telados.
As bandejas devem ser preenchidas com substrato comercial ou preparadas na
propriedade, colocando uma semente por célula. Caso haja comprometimento da
germinação, o ideal é aumentar o semeio para três sementes/célula, procedendo-se a
um desbaste posteriormente, se necessário, através do corte com tesoura, rente ao
colo das mudas menos vigorosas quando estas apresentam pelo menos duas folhas
definitivas.
O arranquio das mudas germinadas em excesso não é recomendado pelo risco de
comprometer o sistema radicular da muda remanescente na célula.
As bandejas não devem ficar em contato com o solo, devendo permanecer suspensas
sobre uma tela ou ripado.
As bandejas devem ser colocadas em suporte tipo bancada, formada por tela de
arame ou somente por fios de arame a 0,60-0,70 m do solo, a fim de que haja luz na
parte inferior da bandeja.
Este cuidado impede o desenvolvimento das raízes por baixo da bandeja, o que
facilita a retirada das mudas por ocasião do transplante, evita injúrias às raízes novas
e não cria condições para infecção das mesmas por fungos e bactérias do solo.
As irrigações (duas vezes por dia, no máximo) deverão ocorrer nas horas de
temperaturas mais amenas, ou seja, no início da manhã e final da tarde, utilizando-se
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água fresca e em quantidade suficiente para que se verifique apenas o início da
drenagem (gotejamento) na parte inferior da bandeja.
O cuidado nas irrigações é fundamental para se obter mudas de boa qualidade.
Em caso de necessidade, deve ser feita uma adubação foliar após o desbaste,
pulverizando-se as mudas com uma solução de adubo foliar com uma formulação de
macro + micronutrientes. Deve-se evitar o excesso de nitrogênio para não favorecer a
proliferação de doenças fúngicas nos tecidos foliares.
Cuidados para a semeadura em bandejas
As bandejas devem ser lavadas com jatos de água, seguido por uma imersão em
solução de hipoclorito de sódio (1 a 2%) por 20 minutos, e após isso devem ser
novamente lavadas e secas ao sol.
A semeadura poderá ser feita manual ou mecanicamente.
A profundidade ideal para a semente é 0,5 cm. Se for mais rasa, a semente pode ficar
exposta e desidratar. Se for mais profunda, ela gastará muito de suas reservas
energéticas para romper a camada de terra
➢ Espuma Fenólica:
É uma técnica nova que a cada dia está sendo mais usada. Utilizam-se placas de
espuma confeccionadas a partir de resina fenólica (a nossa conhecida fórmica), que
podem ser encontradas em casas de comércio de produtos agrícolas e de
jardinagem.
Essa placa vem dividida em pequenos blocos cujas dimensões variam de acordo com
a espécie de planta a se cultivar e cada pequeno bloco funciona como substrato em
que é introduzida a semente que uma vez germinada, pode ser transplantada ao local
definitivo juntamente com o bloco, evitando assim danos às raízes. A densidade da
espuma não oferece empecilhos ao desenvolvimento do sistema radicular das
plantinhas.
É um sistema de semeadura prático, barato, rápido, limpo e higiênico, que a cada dia
ganha mais adeptos entre os cultivadores de pimentas. Ao usá-lo, seguir os seguintes
passos:
1- Toma-se a placa com as dimensões escolhidas. Ex.: placa com blocos de 2 x 2 x 2
cm.
2- Separa-se um pedaço da placa com a quantidade de blocos necessária ao número
de sementes à germinar.
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3- Coloca-se sobre uma peneira, grelha ou qualquer superfície vazada e rega-se
abundantemente. Espere escorrer o excesso de água.
4- Com a ponta de um lápis, chave Phillips ou qualquer objeto pontiagudo nas
mesmas dimensões, confeccionam-se furos com 0,5 cm de profundidade no centro de
cada bloco.
SUBSTRATOS
Material natural ou sintético, mineral ou orgânico, usado para suporte da planta.
Material inerte ou quimicamente ativo.
Características dos substratos
➢ Isento de resíduos industriais;
➢ Isentos de microrganismos patogênicos
➢ Leve;
➢ Boa drenagem;
➢ Alta capacidade de retenção de água;
➢ Porosidade (> 80%);
➢ Água facilmente disponível (20-30%);
Tipos de Substratos
➢ Naturais: turfa, areia, cascalho
➢ Naturais transformados: perlita, vermiculita
➢ Residuais: casca de pinus, casca de arroz, fibra de coco
➢ Sintéticos: espumas sintéticas.
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A associação de materiais, especialmente em mistura com o solo, permite melhor
as condições para desenvolvimento das mudas. Assim, a grande maioria dos
trabalhos com substratos na fase de desenvolvimento de mudas inclui misturas de
solo(s), vermiculita e materiais orgânicos na etapa de desenvolvimento das mesmas.
É aconselhado misturar-se ao solo materiais como areia e materiais orgânicos, como
forma de melhorar a textura e propiciar melhores condições para o desenvolvimento
das mudas. Em misturas, o solo e a turfa participam como retentores de umidade e
nutrientes e a areia, serragem ou casca de arroz, como condicionadores físicos. A
mistura com materiais orgânicos beneficia as condições físicas do substrato e fornece
nutrientes, favorecendo o desenvolvimento das raízes e da planta como um todo.
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➢ Na sementeira
Considerando o solo como substrato em uma sementeira, é importante observar
os seguintes aspectos: a) a sementeira deve estar localizada fora da área de
produção e não deve ser usada por mais de dois anos consecutivos, como forma de
diminuir o potencial de inóculo de patógenos; b) deve haver uma pequena
declividade, pela exposição à luz e boa disponibilidade de água para irrigação; c) é
conveniente que se utilizem solos com textura média; d) com a finalidade de se evitar
problemas com patógenos ou invasoras, pode ser efetuada a esterilização do
substrato. Esta pode ser feita com uso de brometo de metila, fosfina, fungicidas ou
ainda com uso de calor (105ºC por 30 minutos); e) deve ser prevista uma rotação de
culturas antes da implantação de sementeira, especialmente se na mesma área foram
cultivadas espécies perenes; f) o suprimento de água deve ser adequado, devido à
necessidade para a germinação e à sensibilidade das plântulas de déficit hídrico; g) o
pH do solo deve ser ajustado com corretivos para o nível adequado para a espécie a
ser propagada; h) quando do suprimento de nutrientes, devem ser tomados cuidados
com o excesso de adubação, especialmente nitrogenada. O excesso de sais inibe a
germinação, além do que o desequilíbrio nutricional pode favorecer a ocorrência de
doenças. O manejo da adubação depende essencialmente do tempo de permanência
da muda na sementeira.
Mesmo que um substrato possa não reunir todas estas qualidades, deve-se
selecionar aquele que reúne o maior número de vantagens, pois isto está
estreitamente relacionado com a eficiência do sistema de propagação e da viabilidade
de uso de recipientes.