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PLURIATIVIDADE EM TRÊS UNIDADES DE PRODUÇÃO FAMILIAR DO PROJETO REDES DE REFERÊNCIAS NO SUDOESTE DO PARANÁ Cid Renan Jacques Menezes 1 ; Norma Kiyota 1 1-Instituto Agronômico do Paraná - IAPAR [email protected] ; [email protected] Grupo de Pesquisa: Abordagem sistêmica aplicada ao desenvolvimento rural sustentável Resumo O objetivo do trabalho foi dimensionar a participação econômica e discutir a prestação de serviços externos à unidade de produção a partir de suas estratégias produtivas e socioeconômicas em três unidades de produção familiar rural, no Sudoeste do Paraná. Para tanto, as unidades de produção foram acompanhadas mensalmente através do Projeto Redes de Referências para a Agricultura Familiar e ao final do período, foram analisados os dados econômicos e produtivos de cada atividade agrícola das unidades de produção em dois anos agrícolas (2013/2014 e 2014/2015). Os sistemas produtivos, organização e estratégias das três famílias são diferentes, entretanto, foi possível observar especificidades da pluriatividade que auxiliaram na manutenção e reprodução social das famílias.. Palavras-chave: Pluriatividade, Agricultura familiar; Organização do trabalho; Sistemas de Produção . Abstract The objective was to scale the economic participation and discuss the provision of services outside the production unit from its productive and socio-economic strategies in three Pelotas - RS, 06 a 08 de julho de 2016 SBSP - Sociedade Brasileira de Sistemas de Produção

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PLURIATIVIDADE EM TRÊS UNIDADES DE PRODUÇÃO FAMILIAR DO PROJETO REDES DE REFERÊNCIAS NO SUDOESTE DO PARANÁ

Cid Renan Jacques Menezes1; Norma Kiyota1

1-Instituto Agronômico do Paraná - [email protected]; [email protected]

Grupo de Pesquisa: Abordagem sistêmica aplicada ao desenvolvimento rural sustentável ResumoO objetivo do trabalho foi dimensionar a participação econômica e discutir a prestação de serviços externos à unidade de produção a partir de suas estratégias produtivas e socioeconômicas em três unidades de produção familiar rural, no Sudoeste do Paraná. Para tanto, as unidades de produção foram acompanhadas mensalmente através do Projeto Redes de Referências para a Agricultura Familiar e ao final do período, foram analisados os dados econômicos e produtivos de cada atividade agrícola das unidades de produção em dois anos agrícolas (2013/2014 e 2014/2015). Os sistemas produtivos, organização e estratégias das três famílias são diferentes, entretanto, foi possível observar especificidades da pluriatividade que auxiliaram na manutenção e reprodução social das famílias..

Palavras-chave: Pluriatividade, Agricultura familiar; Organização do trabalho; Sistemas de Produção .

AbstractThe objective was to scale the economic participation and discuss the provision of services outside the production unit from its productive and socio-economic strategies in three rural family production units, in Southwestern of Paraná. Therefore, the production units were monitored monthly by the Reference Network for Family Agriculture Project and the economic and productive data were analyzed for each agricultural activity of production units in two growing seasons (2013/2014 and 2014/2015). The production systems, organization and strategies of the three families are different, however, we observed specifics of pluriactivity that assist in the maintenance and social reproduction of families.

Keywords: Pluriactivity; Family Farm; Organization of Work; Production Systems.

1. Introdução

A agricultura familiar é uma forma de organização produtiva em que os critérios

adotados para orientar as decisões relativas à exploração agrícola não se subordinam

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unicamente pelo ângulo da produção e/ou rentabilidade econômica, mas levam em

consideração as necessidades e objetivos da família (SILVA, 2013).

No entanto, a diversidade da agricultura familiar e do meio rural pode ser explicada,

por um lado, pela sua crescente mercantilização, por conta da inserção dos agricultores na

dinâmica da economia capitalista, enquanto produtores de mercadorias, trabalhadores e

demandantes de insumos e tecnologias externas e, por outro, pelas estratégias de reprodução

que os mesmos estabeleceram em reação de adaptação ao próprio processo de mercantilização

(ESCHER, 2011).

As transformações do mundo rural ensejadas pela crescente integração dos

agricultores aos mercados revelam elementos determinantes à emergência da pluriatividade

(NIEDERLE & SCHNEIDER, 2007). Conterato (2006) relata as principais potencialidades da

pluriatividade sendo: elevar a renda familiar no meio rural; estabilizar a renda em face da

sazonalidade dos ingressos na agricultura; estratégia de diversificação de renda; contribuição

na geração de emprego no meio rural; reduzir as migrações do rural para o urbano; contribuir

para estimular mudanças nas relações de poder e gênero e modificar o sentido da terra e do

rural.

Assim a pluriatividade representa uma forma de organização que altera a dinâmica

socioespacial, ou seja: diferencia-se das tradicionais formas de integração de pequenas

unidades familiares ao mercado como produtoras agrícolas, tendo na venda da força de

trabalho e integração a sua divisão social uma alternativa à saída do campo, para sua

sobrevivência (MUSSATO & SANTOS, 2014).

As famílias pluriativas participantes desse estudo, para realizar atividades remuneradas

para terceiros, utilizam mão de obra, equipamentos e ou espaço de sua própria unidade

produtiva para tal fim, sendo assim, a prestação de serviços é sempre realizada no meio rural.

Essa estratégia permite a continuidade da atividade agrícola combinada com o

desenvolvimento de outras atividades produtivas, tanto dentro, quanto fora da unidade de

produção.

Schneider & Conterato (2006) descrevem a pluriatividade em duas formas: De base

agrária e intersetorial. A primeira é a venda de serviços com máquina ou equipamentos

agrícolas, bem como em atividades sazonais manuais de plantio, colheita ou manejo. A

segunda é aquela situação em que pessoas de uma mesma família rural combinam a ocupação

nas atividades agrícolas com outras não-agrícolas vinculados à outros setores e ramos

econômicos.

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As estratégias de cada família são fundamentais nas decisões em relação à

incorporação de determinada técnica ou atividade. Porém, tais estratégias são profundamente

influenciadas por oportunidades e ações provenientes de elementos externos à unidade

familiar, seja na esfera da economia, cultura ou política (CANDIOTTTO, 2007).

Buscando demonstrar a pluriatividade, o presente estudo tem como objetivo

dimensionar a participação econômica e discutir a prestação de serviços a partir de suas

estratégias produtivas e socioeconômicas em três unidades de produção familiar, no Sudoeste

do Paraná, sendo uma no município do Verê e duas em Coronel Vivida.

O Sudoeste do Paraná é um território formado predominantemente pela agricultura

familiar, baseada em pequenas parcelas de terra e as alterações na sua forma de produção são

precedidas e procedidas por mudanças políticas, culturais, econômicas e ambientais

(SANTOS, 2011). Entre as principais culturas exploradas na região Sudoeste do Paraná estão:

milho, soja, feijão, trigo, baseadas nos insumos modernos, mecanização e complexos

industriais. Na pecuária predomina a bovinocultura de leite, avicultura, suinocultura e outras,

sendo o sistema de integração ao complexo agroindustrial bastante utilizado (ZARTH, 2011).

Todas as três famílias são acompanhadas pelo Instituto Agronômico do Paraná -

IAPAR no Projeto Redes de Referências para Agricultura Familiar desde o ano de 2009,

sendo que os dados econômicos são referentes aos anos agrícolas 2013/2014 e 2014/2015 e

cada ano agrícola é compreendido pelo período de outubro a setembro.

Nas Redes de Referências, o enfoque sistêmico é adotado no lugar do enfoque

reducionista, a propriedade agrícola é o local de investigação (diagnósticos e validações), as

ações são baseadas na integração de diferentes disciplinas, a atuação da pesquisa sempre se dá

em parceria com outros agentes de desenvolvimento e a participação dos agricultores é um

aspecto fundamental. O enfoque sistêmico coloca o agricultor e sua família combinando os

fatores que possuem (terra, máquinas, equipamentos, mão de obra) para compor o melhor

arranjo entre as culturas e criações exploradas na unidade de produção, levando em conta os

objetivos que pretendem atingir. Este conjunto de fatores e atividades compõe um sistema

complexo, com constante integração entre seus componentes internos e com o ambiente

externo. Estudos parciais de atividades específicas não permitem o entendimento do todo,

assim, o enfoque sistêmico, empregado nas “Redes”, permite esta análise (MIRANDA et al. ,

2001).

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Para o levantamento de dados, a propriedade foi dividida em talhões, a partir das

atividades produtivas e características ambientais e de manejo, sendo que para cada atividade

ou talhão existe uma planilha em Excel com os dados de data do uso do produto ou serviço,

nome do produto ou serviço, se é entrada ou saída, quantidade e unidade de medida dos

produtos ou serviços e valor unitário e total destes. Estes dados foram alimentados

diariamente pelos agricultores e acompanhados mensalmente pela equipe do Projeto Redes de

Referência durante o período do estudo.

Os cálculos de custos variáveis (insumos, operações, mão de obra temporária e juros

de custeio), receita bruta e margem bruta desse sistema de produção foram divididas

conforme suas atividades agrícolas. Os valores econômicos citados no pressente estudo do

ano agrícola 2013/2014 foram corrigidos para o ano agrícola 2014/2015 pelo índice geral de

preço do mercado (IGP-M).

Dentre as atividades agrícolas encontradas nesses agricultores destaca-se a produção

de leite, presente em todas as propriedades. Para os cálculos de margem bruta do leite, usou -

se todos os custos variáveis e receitas com pastagens, silagem e insumos ligados diretamente à

produção de leite. Outra atividade que está presente em ao menos um dos dois anos estudados

em todas as unidades de produção é a produção de grãos, como soja e milho, referidos neste

trabalho como lavoura. A fruticultura e a olericultura estão presentes também em dois

estabelecimentos de forma isolada. Para as lavouras, fruticultura e olericultura, foram

consideradas também os custos (insumos, contratação de mão de obra e máquinas) e receitas

variáveis, com intuito de obter a margem bruta destas atividades.

Foi colocada também como atividade na unidade de produção, a prestação de serviços

para duas famílias que tem como estratégia esta atividade. A terceira família foi inserida com

intuito de discussão da sua organização sem a pluriatividade como estratégia.

Por fim realizou-se uma entrevista semi estruturada com as famílias no mês de março

de 2015, sendo esta gravada e transcrita para se tornarem fonte para os relatos presentes neste

estudo.

2. Caracterização das famílias e suas estratégias

Este estudo focou três unidades familiares de produção do Sudoeste do estado do

Paraná, sendo que a pluriatividade se faz presente como estratégia em duas destas unidades. A

seguir, estão descritas as formas de organização das famílias, buscando focar nas estratégias

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produtivas e familiares realizadas pelos agricultores discutindo como a pluriatividade se

insere nestas.

2.1 Família 1

A família 1 é composta pela viúva M. C. B. (56 anos) e seu filho L.B (21 anos) que

atua como “chefe” da unidade familiar de produção, isso vem acontecendo por volta de seis

anos, desde que seu pai ficou doente, quando a mãe se ocupava com o marido e o jovem

priorizava as atividade produtivas. Entretanto, a mãe sempre assumiu determinadas atividades

na produção leiteira junto com o filho.

O estabelecimento gerenciado pelo jovem se caracteriza por apresentar uma pequena

área disponível, mão de obra familiar com excelente capacidade de trabalho, relativamente

bem informada sobre as tecnologias existentes para a região e com acesso ao crédito rural.

A unidade de produção tem 17,05 ha, sendo que 3,4 ha da área é coberta com floresta

natural e 0,8 ha de área com benfeitorias (estradas, casa, sala de ordenha, barracão entre

outros). No ano agrícola 2013/2014 a área produtiva da propriedade contou com 3,7 ha de

soja; 5,2 ha de pastagens perenes; 9,1 ha de pastagens de inverno e 4,5 ha entre pastagens de

verão e milho para produção de silagem. Para o ano agrícola seguinte (2014/2015) houve,

respectivamente, acréscimo de 0,2 e 1 ha de soja e pastagens de verão incluindo milho

silagem, no entanto, as áreas produtivas de pastagens perenes e pastagens de inverno

reduziram em 0,2 e 1,7 ha respectivamente.

Observa-se que o sistema de produção é voltado basicamente para a bovinocultura de

leite, com sistema de alimentação a pasto e silagem. A produção de soja neste sistema, além

de resultar em renda e ter parte de sua produção utilizada para a alimentação animal, esta

voltada para rotação de culturas. O plantel de bovinos na unidade de produção é de raça

Holandesa e/ou mestiça Jersey.

Essa família tem a proposta de continuar com as atividades presentes no

estabelecimento. Quando perguntado qual o futuro para a unidade de produção, o jovem L. B.

(21 anos) responde: “Temos que continuar com leite e roça, que é o que está dando mais

dinheiro. Ainda mais é o leite né!”.

Dona M. C. B. (56 ANOS) é responsável por todo serviço doméstico além de auxiliar

o filho no manejo, alimentação, sanidade dos animais e ordenha. Já o manejo de pastagens e

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produção de grãos e silagem fica ao encargo somente do jovem, que ainda assim,

complementa seu tempo prestando serviços com máquinas agrícolas e implementos para

outras propriedades vizinhas.

Os principais serviços prestados ocorrem em período de safra agrícola, principalmente

no plantio, manejo sanitário de lavouras e colheita, caracterizando assim uma família que tem

como estratégia pluriatividade de base agrária.

Assim a renda da família esta dividida em três grandes áreas: leite, lavoura e prestação

de serviços, além da renda de dois aposentos recebidos por M. C. B. (56 anos), não descritas

neste estudo (tabela 1 e 2).

Tabela 1. Custos variáveis, receita e margem bruta da unidade de produção da família 1 acompanhada pelo Projeto Redes de Referências durante o ano agrícola 2013/2014.

Atividade Custo variável Receita bruta Margem bruta (%)*-----------------------------R$------------------------------Leite 55053,49 90031,37 34977,88 64,05Lavoura 7196,42 14328,89 7132,47 13,06Prestação de Serviços 1952,57 14449,89 12497,32 22,89TOTAL 64202,48 118810,15 54607,67 100* Percentagem da participação da margem bruta de cada atividade na margem bruta total.Fonte: Elaborada pelos autores a partir de dados do Projeto Redes de Referências, 2016.

Tabela 2. Custos variáveis, receita e margem bruta da unidade de produção da família 1 acompanhada pelo Projeto Redes de Referências durante o ano agrícola 2014/2015.

Atividade Custo variável Receita bruta Margem bruta (%)*-----------------------------R$------------------------------Leite 73180,26 102631,62 29451,36 58,08Lavoura 7871,64 18143,7 10272,06 20,26Prestação de Serviços 2245,47 13226,7 10981,23 21,66TOTAL 83297,37 134002,02 50704,65 100*Percentagem da participação da margem bruta de cada atividade na margem bruta total.Fonte: Elaborada pelos autores a partir de dados do Projeto Redes de Referências, 2016.

Observa-se que o leite concentrou a maior margem bruta dentre as atividades

desenvolvidas com R$34977,88 e R$29451,36 para os anos agrícolas 2013/2014 e 2014/2015,

respectivamente, correspondendo a quase 60% da margem bruta total.

A lavoura, nesse caso a soja, que, como já relatado apresentou um acréscimo de

somente 0,2 ha do primeiro para o segundo ano estudado, apresentou um custo variável

parecido em ambos os anos, no entanto a receita bruta do ano 2014/2015 foi maior na ordem

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de R$3814,81, isso se caracteriza devido à produtividade ser de 1593,00 Kg ha -1 maior no ano

agrícola 2014/2015.

Objeto principal desse estudo a prestação de serviços, apresentou margem bruta total

maior no final do ano agrícola 2013/2014, uma vez que a receita bruta e os custos variáveis

são maiores no ano 2015/2016. Podemos explicar essa não conformidade dos custos e receitas

devido ao agricultor manter o mesmo valor cobrado pelos seus serviços prestados de um ano

para o outro.

A atividade realizada fora da unidade de produção pelo jovem garantiu nos anos

2013/2014 e 2014/2015, respectivamente, 22,89 e 21,66 % da margem bruta total da unidade

produtiva.

Os serviços prestados fora da propriedade são geralmente realizados com máquinas e

equipamentos da própria unidade produtiva, como: pulverizador 600 l, escarificador, grade,

espalhador de fertilizante do tipo Lancer, carreta basculante e trator New Holland 75 cv,

adquirido novo em 2013.

Esses equipamentos seriam desproporcionais economicamente ao tamanho da área

produtiva, mas como os implementos também são utilizados nos serviços realizados fora do

estabelecimento, isso torna os viável. Além de permitir que as atividades dentro da unidade

produtiva sejam realizadas em menor tempo, com menor penosidade e melhores resultados.

Barbosa et al. (2013) concluíram que as múltiplas atividades socioeconômicas

agrícolas e não agrícolas desenvolvidas no ambiente rural possibilitam, além de uma melhoria

das condições socioeconômicas da família rural, a oportunidade dos agricultores obterem

recursos financeiros que poderão ser utilizados para o reinvestimento nas atividades já

existente e/ou para subsidiar o desenvolvimento de novas iniciativas produtivas no

estabelecimento rural.

A dependência de serviços vindos de fora da propriedade era um problema para a

família, devido ao cultivo de vegetais e a criação se animais ser dinâmica, muitas vezes os

serviços contratados não eram realizados no momento tecnicamente adequado. Aos poucos, o

L. B. (21 anos) buscou diminuir estes problemas: “Comecei a mexer com máquinas por que

fazia falta para nós, dependia muito dos outros e às vezes ficava mal feito. Aí, compramos as

máquinas”.

Os serviços prestados pelo jovem em outras unidades produtivas não preocupa a

família: L. B. (21 anos) “O serviço prestado fora não atrapalha o andamento da propriedade,

pois se não posso ir, eu não vou”. Assim, observa-se que a família se organiza

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prioritariamente com as atividades da unidade familiar tornando a prestação de serviços

externos como uma atividade de oportunidade adquirida a partir de suas estratégias. Nesse

quesito há uma otimização da mão de obra, máquinas e equipamentos disponíveis.

A oportunidade de sair do cotidiano do trabalho também impulsiona a prestação de

serviços fora da unidade de produção. L. B. (21 anos) afirma: “Gosto de prestar serviços fora

por que saio da rotina”. A prestação de serviços ainda proporciona uma vivência externa, com

trocas de conhecimentos e experiências entre agricultores, resultando em novas ideias trazidas

para melhoria do encaminhamento produtivo da unidade de produção, além de ampliar o

capital social do jovem.

Para Schneider (2009) a pluriatividade trata-se de uma estratégia de reprodução social

das famílias rurais, que recorrem às atividades externas por diferentes razões (adaptação,

reação, estilo de vida), não sendo a pobreza o único fator determinante. Candiotto (2007)

afirma que a ampliação das atividades não agrícolas no meio rural, bem como das ocupações

da população rural em atividades não agrícolas, vêm modificando as relações sociais e de

trabalho. Mesmo o autor comentando para o caso de atividades não agrícolas, as atividades

agrícolas realizadas fora do estabelecimento também resulta nas mesmas transformações

caracterizadas pelo desenvolvimento da troca de experiências através das relações sociais e de

trabalho.

A realidade da migração dos jovens para o meio urbano, a cada dia se torna mais

preocupante, no caso da família 1 a prestação de serviços e a forma de organização monetária

da família proporcionaram ao jovem L. B (21 anos) uma perspectiva de realização

profissional e pessoal no campo.

Tal fato se comprova através dos relatos da agricultora: M. C. B (56 anos): “Dividimos

os lucros de tudo, só não dividimos o que ele ganha nos serviços prestados fora. Eu tenho que

abrir oportunidade para ele também, né!”. Assim o jovem com incentivo da família obtém sua

própria renda, podendo planejar, investir, ter seu lazer e conquistar seus objetivos estando no

campo.

2.2 Família 2

A família 2 no final do ano agrícola 2014/2015 era composta pelo chefe da família J.

S. Q (49 anos) e sua esposa C. T. Q. (44 anos), além de uma aposentada (89 anos), no ano

agrícola 2013/2014 na unidade produtiva estava ainda à filha do casal F. T. Q. (25 ANOS). O

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casal ainda tem com outra filha (23 anos) que não residiu na unidade produtiva em nenhum

dos anos estudados, assim não contabilizando suas receitas.

Essa unidade produtiva foi caracterizada por ser referência em produção de leite com

bons índices zootécnicos e sistema agrossilvipastoril de qualidade, tendo disponível

assistência técnica constante de órgãos públicos, e recebendo visitas em dias de campo de

vários agricultores da região e de outros municípios do Paraná com objetivo de difusão de

tecnologias.

A unidade de produção tem área de 12,9 ha, sendo que 2,4 ha é coberto com mata

natural, 0,1 ha é de reflorestamento e 1 ha é de benfeitorias (casa, estufas, sala de ordenha,

estradas, entre outros). A divisão das culturas da unidade de produção nos anos 2013/2014 e

2014/2015 são iguais, com 3 ha de soja mais 1,2 ha de milho silagem no verão, 5 ha de aveia

e azevém no inverno e 5,2 ha de pastagem perene (capim pioneiro, amendoim forrageiro e

tifton). A unidade produtiva nos dois anos contou com uma estufa com área de 150 m²

destinadas no ano de 2013/2014 para produção de morangos e 2014/2015 morangos e

folhosas (alface e rúcula).

Ao analisarmos as áreas disponíveis e sua ocupação observa-se que o sistema

produtivo é voltado para a produção do leite, o que de fato aconteceu durante o ano agrícola

2013/2014, no entanto o período 2014/2015 essa atividade foi executada em tempo parcial na

unidade de produção.

Justamente, no ano agrícola 2014/2015, a família passou por momentos difíceis, com

procedimento cirúrgico da C. T. Q (44 anos) e de saúde da aposentada (89 anos). Isso

combinado com o casamento e a saída da F. T. Q (25 anos) repercutiu diretamente na

disponibilidade da mão de obra da unidade de produção, ficando único e exclusivamente o

chefe de família como mão de obra produtiva além de responsável pelos cuidados da família.

O relato do J. S. Q (49 anos) demonstra o quão difícil estava sua situação em março de 2015:

“Cuidar de uma idosa e cuidar de vaca é bem complicado, nos temos se batido ai para poder

da conta”.

A mão de obra é vista pela família 2 como um fator limitante para o planejamento

futuro de sua unidade produtiva: “Estamos pensando em manter o que tem, por que para aumentar precisa aumentar mão de obra e quando se fala em comprar ou buscar mão de obra, não se acha qualificada” ( J. S. Q.,49 anos).

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Os dois últimos comentários do agricultor não colocam a família e a produção de leite

como um fardo a ser carregado, mas sim, busca colocar a dificuldade que ele está sentindo em

conciliar as atividades agrícolas com a demanda de cuidados que a família precisava naquele

momento. O que interfere na disponibilidade de mão de obra da unidade produtiva

Nesse contexto de dificuldades familiares com saúde e de mão de obra. O agricultor se

mostra mais desmotivado pelo aumento dos custos e desvalorização do mercado pelo seu

produto final: “A única coisa que estou desanimado, é com a tal coisa: quanto que você me paga e quanto você quer? Então o que desanima um pouco não é a minha propriedade e sim o comércio. Tudo sobe e o produto que sobrevivemos dele baixou” (J. S. Q., 49 anos).

Ao ser solicitado sobre uma mudança de estratégia produtiva e organizacional da

unidade produtiva, o agricultor J. S. Q (49 anos) já vinha dando indícios de querer parar com

atividade leite:“Nós produtores sabemos que mudar de atividade tem pontos positivos e pontos negativos, mas estamos acostumados com isso [...] por enquanto vamos plantando alface já que esta dando tudo certo, e se o leite for ficando ruim, nós vamos mudando para alface”.

Os comentários do agricultor demonstram que a remuneração e os gastos com a

atividade leite o colocaram em condições difíceis durante o ano agrícola 2014/2015, o que,

provavelmente, em conjunto com os problemas de mão de obra e de saúde da família

acarretaram na venda de suas vacas.

O projeto de hortaliças surgiu na unidade de produção como uma atividade de

incentivo para a filha, no entanto, a organização desta proposta, incluindo a remuneração para

a jovem F. S. Q., não foi efetivada, como o processo observado na família 1. Podemos

observar isso nos comentários do casal: “O morango foi um projeto por que a F. S. Q. estava estudando e ajudava ela. Agora o plantio da alface foi para aproveitar já que a estufa estava pronta e o pouco que dá, já ajuda, ainda mais com a fase da baixa do leite [..] Enquanto a Flavia recebia renda aqui na propriedade ela estava animada, quando parei, ela desanimou [...] Elas querem renda imediata, uma renda todo mês” ( J. S. Q.,49 anos).

“Um pouco foi falta de cabeça nossa, se tivéssemos dado: ó aqui é teu, cuide, se vire e faz, elas teriam ficado” (C. T. Q., 44 anos).

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Para Carneiro, (2000) primeiramente os filhos, e principalmente as filhas, não se

sentem mais estimulados a permanecerem trabalhando com e para a família na medida em que

a renda obtida pela unidade de produção camponesa é indivisa, ou seja, não se remunera

individualmente a mão de obra familiar.

Apesar de hoje os valores da margem bruta das hortaliças não serem tão expressivos

ao ponto de manter a família, o agricultor está se encaminhando para uma mudança de

atividade baseada em todos os argumentos aqui já citados.

Nesse contexto da organização da família e da unidade produtiva, o chefe de família se

dedica também a prestar serviços de solda, mecânicos e de borracharia, dentro da unidade de

produção familiar, caracterizado assim a pluriatividade intersetorial.

Essa família obteve renda, nos dois anos agrícolas estudados, das atividades leite,

lavoura, olericultura e prestação de serviços, além de transferências sociais como aposento,

que não foram incluídos nesse estudo (tabelas 3 e 4).

Tabela 3. Custos variáveis, receita e margem bruta da unidade de produção da família 2 acompanhada pelo Projeto Redes de Referências durante o ano agrícola 2013/2014.

Atividade Custo variável Receita bruta Margem bruta (%)*-----------------------------R$------------------------------Leite 28906,21 57637,37 28731,16 70,05Lavoura 5451,95 9883,13 4431,18 10,80Olericultura 591,02 3471,73 2880,70 7,02Prestação de Serviços 0,00 4975,02 4975,02 12,13TOTAL 34949,19 75967,25 41018,06 100

*Percentagem da participação da margem bruta de cada atividade na margem bruta total.Fonte: Elaborada pelos autores, a partir de dados do Projeto Redes de Referências, 2016.

Tabela 4. Custos variáveis, receita e margem bruta da unidade de produção da família 2 acompanhada pelo Projeto Redes de Referências durante o ano agrícola 2014/2015.

Atividade Custo variável Receita bruta Margem bruta (%)*-----------------------------R$------------------------------Leite 14320,16 93189,5 78869,34 83,50Lavoura 6042,92 10206 4163,08 4,40Olericultura 1387,53 5304,5 3916,97 4,16Prestação de Serviços 0,00 7500,00 7500,00 7,94TOTAL 21750,61 116200 94449,39 100

*Percentagem da participação da margem bruta de cada atividade na margem bruta total.Fonte: Elaborada pelos autores, a partir de dados do Projeto Redes de Referências, 2016.

Os dados da atividade leite do ano 2013/2014 apresentam uma margem bruta de R$

28731,16, correspondendo a 70,05% da margem bruta total e nesse ano a atividade foi

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realizada durante o ano todo. O leite no ano 2014/2015 não é base para compararmos com o

ano anterior, uma vez que foi contabilizado na receita bruta, a venda de 14 vacas e nove

novilhas no valor de R$ 75700,00 os outros R$ 17489,00 para completar a receita bruta total

da atividade, são referentes a venda de 24985 l de leite à uma média de R$ 0,70/litro de leite

para laticínios da região.

A lavoura de soja, nos dois anos agrícolas estudados, com 3 ha obteve margem bruta

um pouco maior que a olericultura que foi cultivado em 0,015 ha, sendo que no ano agrícola

2014/2015, a soja superou a margem bruta da olericultura, somente no montante de R$

246,11. Muito provavelmente essa experiência com olericultura motiva o aumento dessa

atividade na unidade produtiva.

Nas tabelas 3 e 4, é possível observar que a prestação de serviços é declarada sem

custos variáveis pelo agricultor, neste sentindo, as atividades prestadas para terceiros

remuneram principalmente sua mão de obra. O agricultor declara que trabalha nesse serviço

em torno de 160 horas ao ano de forma não contínua, no entanto essas horas não são

controladas com um rigor muito preciso.

A participação da prestação de serviços na margem bruta total é maior que 12% no ano

agrícola 2013/2014 e 7,9% em 2014/2015, mesmo com a superestimação dos valores do leite

para o ano agrícola 2014/2015. Para ambos os anos estudados, a margem bruta da prestação

de serviços foi maior do que as atividades de lavoura e olericultura.

A remuneração dos serviços foi maior no ano agrícola 2014/2015 do que no ano

anterior. O que provavelmente exigiu maior uso de mão de obra e, de fato, o agricultor

dispunha desse tempo extra após a venda das vacas produtoras de leite.

Fica claro nessa família que, apesar de dificuldades com mão de obra, a prestação de

serviços realizada pelo agricultor, nos anos estudados com a venda do leite em tempo integral

ou em tempo parcial, a prestação de serviços contribuiu para uma melhor rentabilidade

econômica da unidade produtiva.

Os clientes da prestação de serviços são vizinhos agricultores que, principalmente em

tempo de safra, necessitam de serviços de urgência, uma vez que a comunidade fica a uma

distância de 17 km da cidade.

Os conhecimentos profissionais em solda, mecânica e borracharia do agricultor J. S. Q

(49 anos) utilizados na prestação de serviços foram adquiridos em um momento em que a

família teve problemas na produção agrícola e de saúde com a filha, e esta teve que fazer um

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tratamento de longa duração em Curitiba, assim, a família foi trabalhar e residir na capital do

estado do Paraná.

“Nos fomos muito endividando para Curitiba teve um ano ruim com estiagem e não tinha seguro. Tudo era na base da troca, então quebramos [...] Tínhamos que sair fora trabalhar para sobreviver! Não tinha incentivo nenhum do governo[...] Quando veio o incentivo do governo, o Paraná 12 Meses, eu estava em Curitiba. retornamos já com a intenção de trabalhar com leite [...]Ficamos quatro anos e meio em Curitiba, a experiência de estar lá, ajudou a nós dar valor ao campo” (J. S. Q., 49 anos) .

Apesar de o agricultor ter aprendido uma nova profissão e hoje, ele, de certa forma,

ainda atuar nessas áreas, fica claro que ele prefere viver no campo.

Para essa família é interessante uma continuidade dos estudos através do Projeto

Redes de Referência, com intuito de analisar a predisposição da viabilidade econômica e

humana da prestação de serviços, em uma nova forma de organização da unidade produtiva

voltada para olericultura, que provavelmente demandará maior mão de obra à medida que esta

atividade crescer dentro da unidade produtiva.

2.3 Família 3

A família 3 é compota pelo casal F. L. (43anos) e M. M. L. (27 anos) e o filho W. M

L. (6 anos). Na unidade de produção ainda reside outro casal aposentado (70 e 66 anos), pais

do agricultor, que tem relação nos trabalhos da unidade de produção somente na cultura da

uva.

A área total da propriedade é de 14,43 ha desses, 1,14 ha é de floresta natural e 3,05 ha

de benfeitorias (estradas, duas casas, sala de ordenha, barracão, entre outras) e 1,2 ha com

fruticultura (pêssego, uva e maçã). No ano agrícola 2013/2014 a unidade produtiva não

produziu grãos, assim as áreas foram preenchidas com 3,63 ha de pastagens perenes, 5,41 ha

de pastagens anuais de verão e repetindo a mesma área de pastagens de inverno. Já no ano

agrícola 2014/2015 as áreas foram preenchidas com 2,41 ha de grãos, 3,63 ha de pastagens

perenes, 3 ha de pastagens anuais de verão e 7,5 ha de pastagens perenes de inverno.

Essa família tem como principais atividades a fruticultura e o leite, ou seja, as áreas

em que não são preenchidas com fruticultura estão dispostas na sua maioria em função da

alimentação animal.

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Na divisão de atividades entre o casal de agricultores, ele se mostra mais consistente

nas atividades ligadas à fruticultura em quanto ela no leite, porém existe contribuição de

ambos os lados em algum momento das atividades:“Na época do pêssego eu abandono o leite, a M. M. L. que lida com isso” [...] “A responsabilidade da M. M. L. é tirar e negociar o leite, e eu mais a parte de tratar, levar para o pasto, fazer o piquete” [...] “Nas frutas ela ajuda só na colheita, raleio e alguma outra coisa. Os tratamentos, poda e venda é eu, e só eu mesmo” (F.L., 43 anos).

A renda do leite e grãos da unidade produtiva fica todo com o casal, já a fruticultura

existe uma divisão nas culturas do pêssego e da uva, ainda que quem decida o caminho da

atividade é o chefe de família: “O pêssego dou para meu pai, 20% porcentagem e a uva é 50%

da renda. Eu converso com meu pai sobre o que fazer e como fazer, mas a palavra final é

minha” (F. L., 43 anos).

Para os anos agrícolas 2013/2014 e 2014/2015, os custos variáveis, receita e margem

bruta das atividades leite, lavoura e fruticultura estão apresentados nas tabelas 5 e 6. Essa

família não apresenta como estratégia a pluriatividade.

Tabela 4. Custos variáveis, receita e margem bruta da unidade de produção da família 3 acompanhada pelo Projeto Redes de Referências durante o ano agrícola 2013/2014.

Atividade Custo variável Receita bruta Margem bruta (%)*-----------------------------R$------------------------------Leite 19997,72 31175,00 11177,28 30,06Lavoura 0,00 0,00 0,00 0,00Fruticultura 6310,65 32314,24 26003,59 69,94Prestação de Serviços 0,00 0,00 0,00 0,00

TOTAL 26308,37 63489,24 37180,86 100*Percentagem da participação da margem bruta de cada atividade na margem bruta total.Fonte: Elaborada pelos autores, a partir de dados do Projeto Redes de Referências, 2016.

Tabela 5. Custos variáveis, receita e margem bruta da unidade de produção da família 3 acompanhada pelo Projeto Redes de Referências durante o ano agrícola 2014/2015.

Atividade Custo variável Receita bruta Margem bruta (%)*-----------------------------R$------------------------------Leite 17563,22 36105,75 18542,53 36,33Lavoura 3514,28 9628,6 6114,32 11,98Fruticultura 5133,94 31520 26386,06 51,69Prestação de Serviços 0,00 0,00 0,00 0,00TOTAL 26211,44 77254,35 51042,91 100

*Percentagem da participação da margem bruta de cada atividade na margem bruta total.Fonte: Elaborada pelos autores, a partir de dados do Projeto Redes de Referências, 2016.

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A fruticultura, nos dois anos agrícolas, teve os custos e as margens brutas muito

parecidas, atingindo um valor um pouco acima de R$ 26000,00 de margem e bruta,

correspondendo a 69,94 e 51,69% do total da unidade produtiva para os anos 2013/2014 e

2014/2015, respectivamente.

A fruticultura teve dois anos parecidos, no entanto, o leite apresenta variação de um

ano para outro. O período de 2013/2014, a partir de problemas sanitários do seu rebanho, o

agricultor teve maiores custos com medicamentos e houve o óbito de sete animais na unidade.

O primeiro fator interferiu nos custos variáveis do leite e o segundo, na receita bruta deste e,

por consequência, os dois fatores resultaram na diminuição da margem bruta desta atividade.

Apesar dessa unidade produtiva familiar, ter estratégias diferentes das unidades das

famílias 1 e 2, principalmente por não apresentar pluriatividade, esta é importante neste

estudo para viabilizar a comparação tendo como base uma unidade produtiva sem

pluriatividade. Assim podemos discutir o que levam as famílias a terem estratégias pluriativas

e o que isto pode representar em momentos de crise.

3 Panorama das famílias do Projeto Redes de Referências frente a estratégia pluriativa

Temos três famílias que foram apresentadas nesse estudo, todas acompanhadas pelo

Projeto Redes de Referência para Agricultura Familiar, no qual é preconizando o enfoque

sistêmico, buscando analisar todos os aspectos centralizando a família frente a sua unidade

produtiva.

Nesse sentindo, pode-se dizer que a forma como a família se organiza, é importante

para definirmos os motivos que levam as famílias a terem estratégias pluriativas ou não. Para

SILVA (2013), a agricultura familiar pode ser definida como a forma de organização

produtiva em que os critérios adotados para orientar as decisões relativas à exploração

agrícola não se subordinam unicamente pelo ângulo da produção e/ou rentabilidade

econômica, mas levam em consideração as necessidades e objetivos da família.

No entanto, é importante deixar claro que a atividade agrícola ainda desponta como a

principal atividade em termos de renda e ocupação dessas famílias, além de ser o fator

principal de identidade desse público. Isto é, ao se avaliar as características pluriativas da

agricultura familiar brasileira, não se pode desconsiderar a importância que as atividades

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agrícolas exercem na reprodução social e cultural desse segmento socioprodutivo. (SILVA,

2015)

A família 1 tem em torno de 20 % de margem bruta oriunda da prestação de serviços,

a maior entre as famílias estudadas e, ao pensar na mão de obra, o chefe desta família não vê

empecilhos para realizar as atividades fora da unidade produtiva. Considerando algumas

atividades produtivas não presentes na sua unidade, L. B. (21 anos) coloca a mão de obra

como limitante: “Outras atividades como fruta e horta dão dinheiro, mas também muita mão

de obra”.

Justamente essas duas atividades, hortaliças de forma emergente e a fruticultura de

forma concreta, estão inseridas no sistema produtivo das famílias 2 e 3, respectivamente.

A família 2, influenciada pela falta de mão de obra, a partir de problemas com saúde

familiar e a saída da filha do estabelecimento e o interesse na produção de hortaliças, fez com

que a unidade antes sólida na produção de leite, desistisse de tal atividade. Assim, isto

demonstra a importância da disponibilidade de mão de obra no sucesso das atividades a serem

realizadas na unidade produtiva. No entanto, a carência de mão de obra da família, não

interferiu no andamento dos serviços prestados.

Provavelmente, o modelo em que o agricultor se organiza nos serviços prestados, não

necessitando de realizar serviços de forma continua e com horários estipulados, permitiu a

continuidade dos serviços para terceiros sem ter impactos nas margens dessa atividade no

presente estudo.

Porém, se o agricultor quiser transformar a produção de hortaliças em sua atividade

principal, temos que concordar com á análise já feita pelo jovem da família 1, L. B. (21 anos),

em que muito provavelmente a unidade produtiva vai demandar maior mão de obra a medida

que essa atividade aumente, podendo ou não interferir na prestação de serviços. Descrevendo

a pluriatividade no município de Itapiranga – SC, Rambo (2004) aponta que o avanço da

pluriatividade exercida por parte dos agricultores familiares pode resultar em falta de mão de

obra na lavoura, havendo assim, a necessidade de contratação de mão de obra temporária ou

definitiva, o que vai, certamente, encarecer os custos de produção.

Mesmo as família 2 e 3 tendo atividades produtivas diferentes, , pode-se inferir que a

família 2 está em fase emergente na olericultura e a família 3 está com um sistema de

fruticultura instalado e com uma importância econômica considerável na unidade produtiva.

As duas atividades demandam bastante mão de obra, no entanto, na olericultura em pequena

escala, como vem sendo praticado pela família 2, esta demanda é menor quando comparada

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com o sistema de fruticultura praticado pela família 3. Por sua vez a família 1, com atividades

leite e lavoura apresentam uma demanda menor de serviços não mecanizados.

No contexto da necessidade de mão de obra, atividades produtivas e prestação de

serviços, este estudo apresentou uma tendência de que quanto mais atividades produtivas com

utilização de serviços realizados manualmente dentro da unidade de produção, menor é a

disponibilidade de tempo das famílias estudadas para as ocupações objetivando serviços

externos à unidade de produção.

Outro fator importante a ser considerado é que os serviços realizados para outras

famílias permitem um contato com a realidade externa do seu dia a dia, o que impulsiona os

chefes das famílias 1 e 2. Este contato externo também é realizado pelo chefe da família 3, na

comercialização das frutas, no entanto, esta é uma atividade que aparentemente este não

gostaria de continuar realizando, como este demonstra ao falar do futuro do seu filho na

unidade produtiva: “Se o W. L. (6 anos) resolver ficar, passaríamos tudo para ele [...] Eu poderia até ajudar ele, mas muita coisa queria passar para ele, por exemplo: se ele continuasse com a fruta, comercialização eu não quero nem saber disso mais! Posso ajudar só na produção” (F. L., 43 anos).

As atividades prestadas para fora da unidade de produção, realizadas pelas famílias 1 e

2, são oriundas das estratégias que as famílias tiveram com passar do tempo, pois, os serviços

que estas famílias prestam estão diretamente relacionadas ao um histórico da família e da

unidade produtiva.

A família 1, por exemplo, vem da aquisição de máquinas, que diminuem a penosidade

de seus serviços e, principalmente, a dependência de serviços externos. E, a família 2, no

passado, por questões de saúde e dificuldades econômicas deixou o campo e foi para o

urbano, o que proporcionou ao chefe de família o aprendizado de uma nova profissão. Em

ambos os casos, a trajetória da família, quando combinada com a necessidade do ambiente

(comunidade, município) em que vivem, fazem os agricultores terem estratégias pluriativas.

A pluriatividade na agricultura familiar resulta de uma estratégia de reação das

famílias em uma determinada conjuntura social, seja a uma situação de vulnerabilidade ou em

um cenário de oportunidades de novas inserções econômicas que irão compor o conjunto de

ações voltadas a sua reprodução social (SILVA, 2015). Para Schneider (2009), a

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pluriatividade permite gerar formas de trabalho e renda que se assentam, tanto nas

capacidades dos indivíduos, como nas condições existentes nos contextos locais.

Quanto à garantia de sucessores na unidade produtiva, a pluriatividade combinada com

a forma de organização monetária da unidade produtiva, contribui na permanência no campo

do jovem L. B. (21 anos) da família 1.

Schneider & Conterato (2006) comentam que a pluriatividade pode ser uma alternativa

para algum dos principais problemas que afetam as populações rurais, tais como a questão do

emprego, da renda, a sazonalidade, o êxodo dos mais jovens, a gestão interna da unidade

familiar, entre outros. Nesta linha de pensamento Hahn (2009), afirma que o momento em que

as famílias encontram modelos alternativos para aumentar a renda do grupo familiar, tendem

a melhorar sua condição econômica e aumentam sua expectativa de reprodução social,

continuando assim a morar no campo.

Discutindo a importância das estratégias da família frente à unidade produtiva,

Ternoski & Perondi (2014) contribuem apontando que as estratégias de diversificação, como a

pluriatividade devem ser inseridas na agenda política como uma estratégia para o

desenvolvimento rural, pois a diversificação dos meios de vida pode reduzir as

vulnerabilidades, promovendo o acesso do agricultor familiar a um nível de renda mais

elevado.

4 Considerações finais

As famílias de agricultores estudadas têm diferentes estratégias produtivas e

socioeconômicas, neste sentindo, observa-se que a realização de serviços para terceiros está

intimamente integrada a estas estratégias, isto é, estas assumem a pluritatividade como

estratégia de reprodução social de suas unidades de produção. Assim, a partir do estudo destas

famílias, foi possível realizar algumas observações que serão descritas a seguir.

A pluriatividade pode auxiliar na permanência do jovem no meio rural ao

proporcionar uma alternativa de ampliar a como renda ao jovem e de satisfação profissional.

Os problemas de saúde de algum membro da família interferem diretamente na

disponibilidade de mão de obra na unidade de produção, acarretando mudanças nas estratégias

da família. Neste sentido, serviços não contínuos e que podem ser realizadas em pequenos

intervalos das outras atividades da unidade de produção podem garantir a manutenção da

margem bruta da unidade de produção, mesmo que esta tenha que desistir ou diminuir a

intensidade de alguma atividade produtiva.

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Como a pluriatividade é uma estratégia que privilegia o uso da mão de obra, família

com poucos membros e com atividades produtivas com maior intensidade no uso da mão de

obra, como a fruticultura. Além disto, a fruticultura de clima temperado realizada pela família

3 possui uma alta demanda de mão de obra para a família no segundo semestre do ano indo

até meados de fevereiro, justamente o período em que a família 1 e 2 apresentam maior

demanda de atividades de prestação de serviços devido à safra de verão.

Por fim a continuidade do acompanhamento das famílias pelo Projeto Redes de

Referências para a Agricultura Familiar é de suma importância para acompanhar as trajetórias

destas famílias quanto sua organização socioeconômica e produtiva, permitindo, assim, uma

análise mais concisa da interferência desses fatores no desenvolvimento da pluriatividade em

cada contexto.

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