É importante ser um destino turístico inteligente? A ... · entienden y consideran la importancia...

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503 Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 11(3), pp. 503-536, set./dez. 2017. DOI: http://dx.doi.org/10.7784/rbtur.v11i3.1318 É importante ser um destino turístico inteligente? A compreensão dos gestores públicos dos destinos do Estado do Paraná 1 Is it important to be a smart tourism destination? The comprehension of the public managers of the destinations of the State of Paraná ¿Es importante ser un destino turístico inteligente? La comprensión de los gestores públicos de los destinos del Estado de Paraná Ewerton Lemos Gomes 2 José Manoel Gândara 3 Josep A. Ivars-Baidal 4 Resumo: O presente artigo teve por objetivo analisar como os municípios turísticos do estado do Paraná com- preendem e consideram a importância do conceito de destinos turísticos inteligentes (DTI) para sua gestão. O estudo justifica-se pela relevância do tema para o desenvolvimento de políticas para a gestão de destinos turís- ticos, considerando a importância das novas tecnologias para o desenvolvimento do turismo, destaca-se tam- bém a originalidade do estudo devido a dois aspectos: a abordagem dada ao tema destinos turísticos inteligen- tes em detrimento a realidade do estado do Paraná e a metodologia utilizada na coleta de dados, proveniente de um país (Espanha) que é referência nos estudos de destinos turísticos inteligentes. Com o aporte do marco teórico foi possível a compreensão dos conceitos que permeiam os destinos turísticos inteligentes, tais como destinos turísticos, gestão de destinos, tecnologias da informação e comunicação (TIC). Essa compreensão em- basou as análises realizadas no artigo. A metodologia adotada neste artigo baseia-se em métodos qualitativos e quantitativos, uma vez que os resultados quantitativos e qualitativos foram analisados e validados através do 1 Este trabalho faz parte do Projeto de Investigação "Novos enfoques para o planejamento e gestão de negócios: conceituação, análise de experiências e problemas. Definição de modelos operacionais para destinos turísticos inteligentes "(Projeto CSO2014-59193-R) do Programa Estatal de I + D + I do Ministério de Economia e Competitividade (Espanha) 2 Universidade Federal do Paraná (UFPR). Curitiba, PR, Brasil. Elaboração do referencial teórico, coleta de dados, análise dos dados, redação do trabalho, preparação do artigo final. 3 Universidade Federal do Paraná (UFPR). Curitiba, PR, Brasil. Orientação na concepção do artigo, análise dos dados, revisão crítica do artigo, aprovação final. 4 Universidade de Alicante (UA). Alicante, CV, Espanha. Orientação na concepção do artigo, análise dos dados, revisão crítica, correções e apontamentos referentes à metodologia, aprovação final. Artigo recebido em: 17/05/2017. Artigo aprovado em: 31/08/2017. Artigo

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Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 11(3), pp. 503-536, set./dez. 2017.

DOI: http://dx.doi.org/10.7784/rbtur.v11i3.1318

É importante ser um destino turístico inteligente? A compreensão dos gestores públicos dos destinos do Estado

do Paraná1

Is it important to be a smart tourism destination? The comprehension of the public managers of the destinations of the

State of Paraná

¿Es importante ser un destino turístico inteligente? La comprensión de los gestores públicos de los destinos del Estado de Paraná

Ewerton Lemos Gomes2

José Manoel Gândara3 Josep A. Ivars-Baidal4

Resumo: O presente artigo teve por objetivo analisar como os municípios turísticos do estado do Paraná com-preendem e consideram a importância do conceito de destinos turísticos inteligentes (DTI) para sua gestão. O estudo justifica-se pela relevância do tema para o desenvolvimento de políticas para a gestão de destinos turís-ticos, considerando a importância das novas tecnologias para o desenvolvimento do turismo, destaca-se tam-bém a originalidade do estudo devido a dois aspectos: a abordagem dada ao tema destinos turísticos inteligen-tes em detrimento a realidade do estado do Paraná e a metodologia utilizada na coleta de dados, proveniente de um país (Espanha) que é referência nos estudos de destinos turísticos inteligentes. Com o aporte do marco teórico foi possível a compreensão dos conceitos que permeiam os destinos turísticos inteligentes, tais como destinos turísticos, gestão de destinos, tecnologias da informação e comunicação (TIC). Essa compreensão em-basou as análises realizadas no artigo. A metodologia adotada neste artigo baseia-se em métodos qualitativos e quantitativos, uma vez que os resultados quantitativos e qualitativos foram analisados e validados através do

1 Este trabalho faz parte do Projeto de Investigação "Novos enfoques para o planejamento e gestão de negócios:

conceituação, análise de experiências e problemas. Definição de modelos operacionais para destinos turísticos inteligentes "(Projeto CSO2014-59193-R) do Programa Estatal de I + D + I do Ministério de Economia e Competitividade (Espanha)

2 Universidade Federal do Paraná (UFPR). Curitiba, PR, Brasil. Elaboração do referencial teórico, coleta de dados, análise dos dados, redação do trabalho, preparação do artigo final.

3 Universidade Federal do Paraná (UFPR). Curitiba, PR, Brasil. Orientação na concepção do artigo, análise dos dados, revisão crítica do artigo, aprovação final.

4 Universidade de Alicante (UA). Alicante, CV, Espanha. Orientação na concepção do artigo, análise dos dados, revisão crítica, correções e apontamentos referentes à metodologia, aprovação final.

Artigo recebido em: 17/05/2017. Artigo aprovado em: 31/08/2017.

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emparelhamento com os conceitos discutidos no marco teórico. Para que os dados fossem coletados, um ques-tionário construído pelo Instituto Universitário Investigaciones Turísticas da Universidade de Alicante-Espanha foi adaptado para a realidade dos municípios paranaenses, visando obter um espectro de respostas condizentes com a realidade vivenciada, a população total do estudo compreendeu 224 municípios, desse total, foram obti-das 76 respostas. Como principais resultados, é válido destacar que os municípios compreendem o conceito e entendem sua importância para a gestão, no entanto, nenhum dos destinos apresenta estruturas governamen-tais (marcos regulatórios), infraestrutura básica ou informações suficientes para a evolução imediata para um destino turístico inteligente. Palavras-chave: Turismo. Destinos turísticos inteligentes. Gestão de destinos. Tecnologia da informação e co-municação. Paraná-Brasil. Abstract: The aim of this article was to analyze how the tourist municipalities of the state of Paraná understand and consider the importance of the concept of smart tourism destinations (STD) for their management. The study is justified by the relevance of the theme for the development of policies for the management of tourist destina-tions, considering the importance of new technologies for the development of tourism, we also highlight the originality of the study due to two aspects: the approach given to the smart tourism destinations theme in det-riment to the reality of the state of Paraná and the methodology used in the data collection, coming from a country (Spain) that is a reference in the studies of smart tourism destinations. With the contribution of the theoretical framework it was possible to understand the concepts that permeate the smart tourism destinations, such as tourism destinations, destination management, information and communication technologies (ICT). This understanding based the analyzes carried out in the article. The methodology adopted in this article is based on qualitative and quantitative methods, since the quantitative and qualitative results were analyzed and validated through the pairing with the concepts discussed in the theoretical framework. To collect the data, a questionnaire constructed by the Instituto Universitário de Investigaciones Turísticas da Universidade de Alicante-Espanha was adapted to the reality of the municipalities of Paraná, aiming to achieve a spectrum of responses consistent with the reality perceived, the total population of the study comprised 224 municipalities, of which 76 answers were obtained. As main results, it is worth mentioning that municipalities understand the concept and its importance for management, however, none of the destinations has governmental structures (regulatory frameworks), basic infrastructure or sufficient information for the immediate evolution to a smart tourism destination. Keywords: Tourism. Smart tourism destinations. Destination management. Information and communication Technologies. Paraná-Brazil. Resumen: El presente artículo tuvo por objetivo analizar cómo los municipios turísticos del estado de Paraná entienden y consideran la importancia del concepto de destinos turísticos inteligentes (DTI) para su gestión. El estudio se justifica por la relevancia del tema para el desarrollo de políticas para la gestión de destinos turísticos, considerando la importancia de las nuevas tecnologías para el desarrollo del turismo, se destaca también la originalidad del estudio debido a dos aspectos: el enfoque dado al tema destinos turísticos inteligentes en detri-mento de la realidad del estado de Paraná y la metodología utilizada en la colecta de datos, proveniente de un país (España) que es referencia en los estudios de destinos turísticos inteligentes. Con el aporte del marco teórico fue posible entender los conceptos relacionados con los destinos turísticos inteligentes, tales como destinos tu-rísticos, gestión de destinos y las tecnologías de la información y comunicación (TIC). Este marco teórico ha fun-damentado los análisis realizadas en el artículo. La metodología adoptada en este artículo se basa en aspectos cualitativos y cuantitativos, ya que los resultados cuantitativos y cualitativos fueron analizados y validados a través del emparejamiento con los conceptos discutidos en el marco teórico. Para la obtención de datos, se adaptó un cuestionario construido por el Instituto Universitario Investigaciones Turísticas de la Universidad de Alicante-España a la realidad de los municipios de Paraná, buscando obtener un espectro de respuestas concor-dantes con la realidad percibida, la población total del estudio comprendió 224 municipios, de ese total, se ob-tuvieron 76 respuestas. Como principales resultados, es válido destacar que los municipios comprenden el con-cepto y entienden su importancia para la gestión, sin embargo, ninguno de los destinos presenta estructuras gubernamentales (marcos regulatorios), infraestructura básica o informaciones suficientes para la evolución in-mediata hacia un destino turístico inteligente.

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Palabras-clave: Turismo. Destinos turísticos inteligentes. Gestión de destinos. Tecnología de la información y la comunicación. Paraná-Brasil.

1 INTRODUÇÃO

Mediante a perspectiva de desenvol-

vimento de destinos turísticos inteligentes no

Brasil acompanhando o cenário mundial,

como por exemplo, na Espanha (Ávila-Muñoz

& García-Sachez, 2013), entende-se que além

da compreensão do que é um destino turís-

tico inteligente, é necessário também com-

preender os conceitos que o permeiam, tais

como: a gestão de destinos, TICs e a compre-

ensão aprofundada e atualizada do que é um

destino turístico.

Considerando que as tecnologias da

informação e comunicação e os destinos tu-

rísticos inteligentes são um tema em voga

(Buhalis & Amaranggana, 2013; Nam &

Pardo, 2011; Buhalis & Foerste, 2015; Ivars-

Baidal, Solsona-Monzonís & Giner-Sánchez,

2016). Entende-se que a aproximação da pes-

quisa brasileira com o tema é um campo a ser

explorado, almejando a internacionalização

das pesquisas através de trabalhos desenvol-

vidos em conjunto com grupos internacionais

criando assim, um referencial teórico nacio-

nal sobre a temática ligado a gestão de desti-

nos.

Ressalta-se também que, por manter

uma relação próxima com o desenvolvi-

mento e a gestão de destinos turísticos (Jovi-

cic, 2016) – não só os inteligentes – as tecno-

logias da informação e comunicação e seu

ferramental (redes sociais, big data, mobile,

realidade aumentada, etc.) (Baggio & Del Chi-

appa, 2015), propiciam um campo fértil para

a difusão e gestão de informações, comuni-

cação, promoção e marketing na gestão de

destinos turísticos, dentre outras iniciativas

que auxiliarão na construção da competitivi-

dade (Ivars, Solsona-Monzonís & Giner-Sán-

chez, 2016).

Entender o conceito e a aplicação das

tecnologias da informação e comunicação no

turismo se faz importante devido à relevân-

cia que o tema apresenta para um destino tu-

rístico inteligente. Considerando os aspectos

destacados anteriormente, os problemas de

pesquisa que norteiam este artigo apoiam-se

nos seguintes questionamentos: qual é o pa-

pel das tecnologias da informação e comuni-

cação na gestão de destinos turísticos do Es-

tado do Paraná? Os destinos paranaenses es-

tão sendo administrados dentro dos precei-

tos de Destinos Turísticos Inteligentes? Os

municípios paranaenses entendem de fato o

conceito de destinos turísticos inteligentes?

Ao se considerar a gestão pública de

um destino em que a informação é um dos

principais ativos (Buhalis & Amaranggana,

2013), entender o papel das tecnologias de

informação e comunicação permitirá traçar

um panorama sobre como o tema vem sendo

abordado.

Através desses direcionamentos, es-

pera-se alcançar o objetivo geral deste ar-

tigo, que é o de analisar como o conceito de

destinos turísticos inteligentes é compreen-

dido pela gestão dos destinos turísticos no

Estado do Paraná-Brasil. Reforça-se o caráter

analítico desta pesquisa, uma vez que, não há

pretensão de indicar se os destinos no estado

são considerados inteligentes ou não. As con-

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clusões apresentadas neste artigo são prove-

nientes de uma análise de como os municí-

pios entendem o conceito e se vislumbram as

possíveis vantagens ou desvantagens em sua

aplicação à gestão turística.

Como principal referencial teórico so-

bre o tema, foram utilizadas a visão de Ivars-

Baidal, Solsona-Monzonís e Giner-Sánchez

(2016), complementando essa visão com as

asserções de Buhalis e Amaranggana (2013),

procurando ao fim do estudo e através da

análise dos resultados, obter dados que per-

mitam o entendimento de como o conceito

de destinos turísticos inteligentes é compre-

endido e se pode ser aplicado à realidade do

turismo na gestão de destinos.

Sendo assim, a pesquisa apresentará

métodos qualitativos e quantitativos tanto

na coleta, quanto na análise e validação dos

dados, (Richardson, 2012), a fim de comple-

mentar as análises sobre o entendimento de

como os municípios paranaenses compreen-

dem e se consideram importante o conceito

de destinos turísticos inteligentes para a ges-

tão do turismo.

Ao fim do estudo pretende-se contex-

tualizar em que nível se encontra o entendi-

mento sobre o conceito de destinos turísticos

inteligentes por parte dos municípios pesqui-

sados. Infere-se também uma análise da

compreensão de como o conceito de desti-

nos turísticos inteligentes pode ser futura-

mente operacionalizado na gestão dos desti-

nos turísticos no Estado do Paraná conside-

rando o panorama atual relativo à sua gestão

elucidado pelas respostas.

A pesquisa apresentada neste artigo é

uma visão geral se o conceito é compreen-

dido e se poderá ser operacionalizado pelos

municípios. Não há pretensão por parte dos

autores deste artigo criticar a aplicação (ou

falta dela) do conceito de destinos turísticos

inteligentes na gestão, a contribuição desse

estudo centra-se na elucidação de como o

conceito é entendido pelos técnicos e órgãos

oficiais de turismo no que tange a gestão dos

destinos. A pesquisa pretende fornecer sub-

sídios teóricos para uma futura operacionali-

zação do conceito.

2 DESTINOS TURÍSTICOS

Primeiramente, é necessário enten-

der o que é um destino turístico. Para que só

assim, se compreendam os conceitos e dis-

cussões teóricas que cercam um destino tu-

rístico inteligente e sua gestão. Inúmeras são

as definições e visões teóricas atribuídas à

essa localidade (Flores & Mendes, 2014),

configurada como um espaço destinado a

prática do turismo. É relevante levar em con-

sideração as fases de desenvolvimento de

um destino quando falamos sobre os concei-

tos que o permeiam. Segundo Butler (1980) e

Valls (2006), contemplam-se as seguintes fa-

ses na “criação” de um destino: início, desen-

volvimento, expansão, maturidade, declínio

e/ou obsolescência.

No entanto, o destino turístico não

pode ser compreendido apenas como um lu-

gar que agrega serviços e atrativos. Sarani-

emi e Kylänen (2010) propõem que, um des-

tino turístico é uma amálgama de conceitos

em que sociologia e visão de negócios devem

ser levadas em conta para o definir. Nessa

perspectiva de uma definição mais completa

do que é um destino turístico considera-se

também a “imagem virtual” do destino, que

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é construída a partir do processo de compra,

durante a viagem e no pós-viagem (Sarani-

emi & Kylänen, 2010).

A visão de Saraniemi e Kylänen

(2010), sobre um destino turístico é pautada

em atributos que foram negligenciados em

outras definições prévias do conceito. Para

Jovicic (2016), é válida a adoção de uma visão

multifacetada do que é um destino turístico,

uma vez que, na visão do autor não se pode

adotar somente uma lente teórica para olhar

um conceito tão plural.

As mudanças no conceito ao longo

dos anos fizeram com que o quadro teórico

em torno do destino turístico fosse modifi-

cado. Acompanhando essas mudanças, alte-

rou-se também a visão de como o turismo é

praticado, passando de apenas um lugar des-

tinado a contemplação para um lugar onde

existe uma interação complexa entre seus

atores (Jovicic, 2016).

No que concerne à visão multiface-

tada e abrangente que um destino apre-

senta, Flores e Mendes (2014) também apre-

sentam em seu trabalho uma visão holística

e abrangente que do conceito, ressaltando

que o destino é algo mutável, tanto por suas

características, quanto por quem o percebe

(Flores & Mendes, 2014; Saraniemi & Kylän-

en, 2010).

Ressalta-se ainda que o destino turís-

tico pode ser entendido dentro de diversas

visões e perspectivas, tais como a da geogra-

fia evolutiva, apresentada por Sanz-Ibáñez e

Anton-Clavé (2014), em que os autores des-

tacam que a visão econômica proveniente do

conceito de espaços produti-vos não deve ser

desconsiderada diante das interações que

acontecem em um destino. Diante do que é

relatado pelos autores percebe-se que as vi-

sões teóricas acerca de um destino são dis-

tintas e múltiplas, porém carregam em seu

cerne a pluralidade de interações presentes

no conceito.

Teóricos como Pearce (2015) vão

mais além em suas asserções, e sugerem a in-

tegração entre conceitos para compor o que

seria um destino turístico. Integrando as di-

mensões geográficas (espaço e lugar), modo

de produção (estrutura, comportamento e

atores) e dimensão dinâmica (estrutura e di-

rigentes) em um sistema organizado que

compõe o todo que é um destino turístico

(Pearce, 2015).

Richards (2014), define o turismo

como um “consumidor de espaços”, com a

ideia de “ization” – transformar um espaço

de acordo com dada atividade praticada – fa-

zendo com que o lugar se caracterize de

acordo com as atividades que nele acorrem,

sendo assim, para o autor, a atividade turís-

tica em si, cria um destino ou espaço turístico

(Richards, 2014).

No entanto, é preciso considerar que

um destino turístico não está pautado so-

mente nessas interações entre economia, es-

paço, pessoas, etc. Para Framke (2014, p.

105, tradução nossa), o destino possui duas

dimensões, sendo, [...] a soma de interesses, atividades, instala-ções, infraestrutura e atrações cria-se a iden-tidade de um lugar – o destino. Existe uma di-mensão estática – o lugar – e uma dimensão dinâmica – a mistura e aglomeração de agen- tes e produtos/serviços, variando com a mu-

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dança histórica da demanda dos turistas5 .

Deste modo, nota-se que o destino

turístico vai muito além do que pode ser sim-

plesmente percebido ou conceituado. Se-

gundo Barrado-Timón (2004) essas asserções

não devem ser confundidas, a fim de melhor

caracterizar o que cada conceito representa,

diferenciando locais de produção, sistemas,

território (produto/consumo) e o produto tu-

rístico em si.

Nas diversas discussões teóricas apre-

sentadas nota-se a presença de uma visão

multivariada do que é um destino. Através da

compreensão das definições abordadas,

pode-se dizer que o destino turístico é uma

localidade onde relações de produção/con-

sumo ocorrem, considerando que os atores

interagem com as facilidades (infraestrutura

e atrativos) em um dado espaço físico e vir-

tual, criando um lugar composto por três fa-

ses: antes da viagem (virtual), durante (con-

sumo) e pós-viagem materializando um des-

tino turístico que varia de acordo com quem

o produz e o consome em um dado espaço

de tempo (Flores & Mendes, 2014; Saraniemi

& Kylänen, 2010; Jovicic, 2016; Sanz-Ibáñez &

Anton-Clavé, 2014; Pearce, 2015; Richards,

2014; Framke, 2014; Barrado-Timón, 2004).

2.1 Destinos turísticos inteligentes

O modo em que as relações aconte-

cem em um destino e as atitudes dos viajan-

tes, mudaram em relação às viagens. Em um

mundo hiperconectado em que a internet

5 […] is that the sum of interests, activities, facilities, infrastructure and attractions create the identity of a place – the destination. It has a static dimension – the

tem um papel fundamental nas conexões e

serviços, os destinos turísticos também se

modificaram (Ivars-Baidal, Solsona-Monzonís

& Giner-Sánchez, 2016).

Seguindo a lógica das smart cities, pode-se dizer que os destinos turísticos inte-ligentes são localidades turísticas que dispõe de serviços, facilidades e formas de intervir de maneira inteligente na atividade turística e com isso melhorá-la (Ivars-Baidal, Solsona-Monzonís & Giner-Sánchez, 2016; Buhalis & Amaranggana, 2014; Segittur, 2015a).

A fim de entender os componentes de

um destino turístico inteligente, pode-se le-

var em conta o entendimento de Gretzel, Si-

gala, Xiang e Koo (2015) em que os autores

ressaltam a importância dos dados no pro-

cesso de funcionamento de um destino turís-

tico inteligente, pensando em um turismo in-

teligente, na construção de experiências, nos

ecossistemas digitais e por fim em um des-

tino inteligente.

Esses dados são uma das bases para

que um destino turístico inteligente se de-

senvolva. A partir da interação dos turistas

com o espaço são gerados os mais diversos

tipos de dados (econômicos, sociais, demo-

gráficos, etc.), a partir dessa geração de da-

dos cria-se um “ambiente” onde estes dados

podem ser encontrados. Para Femenia-Serra,

Celdrán-Bernabeu e Ivars-Baidal (2016), a

principal característica relacionada a estes

ambientes é a adaptação. Os autores defen-

dem que um destino turístico inteligente

deve ter a capacidade de se moldar a sua de-

manda (e.g. baby boomers, geração Y, mille-

nials, etc.). Os autores ressaltam, no entanto,

place – and a dynamic dimension – the mix and ag-glomeration of agents and products/services, varying with the tourists’ historically changing demand

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que oferecer serviços que se adaptem à de-

manda é apenas uma parte do que os desti-

nos podem fazer. Através das novas tecnolo-

gias o ambiente pode se adaptar, a fim de

fornecer subsídios para que os gestores en-

tendam sua demanda real e busquem novos

mercados, produzindo uma adaptação per-

manente destes ambientes (Femenia-Serra,

Celdrán-Bernabeu & Ivars-Baidal, 2016).

Sendo um tipo de destino em que os

processos de interação destino/turista são

facilitados por meios digitais como redes so-

ciais e internet (ecossistemas), os destinos

turísticos inteligentes podem “prever” as ne-

cessidades de um turista, melhorando sua

experiência no local, através de ofertas, ma-

pas, roteiros personalizados, etc. através dos

dados gerados pelo próprio turista (Gretzel,

Werthner, Koo & Lamsfus, 2015).

No entanto, é necessário fazer uma

ressalva quanto ao conceito aqui abordado,

cidades inteligentes e destinos turísticos in-

teligentes são diferentes. O destino inteli-

gente é impulsionado pelo setor turístico

(público e privado), o foco das atividades são

os turistas e não o cidadão. Os limites geográ-

ficos podem ou não coincidir com o de uma

cidade, a interação com o destino começa an-

tes da viagem e o destino inteligente está li-

gado à alta competitividade (Ávila-Muñoz &

García-Sánchez, 2013).

Faz-se importante realizar tal diferenciação,

uma vez que, um destino pode compreender

tanto uma cidade toda, como também ape-

nas parte dela, dispondo das facilidades ou

soluções inteligentes já apontadas (Agència

Valenciana Del Turismo – Invattur, 2015).

Para Boes, Buhalis e Inversini (2016),

um dos componentes fundamentais na “evo-

lução” de um destino turístico para um des-

tino turístico inteligente são as tecnologias

da informação e comunicação. Ivars-Baidal,

Solsona-Monzonís e Giner-Sánchez (2016),

também destacam o papel dessas tecnolo-

gias como o ferramental necessário para a

gestão de um destino inteligente.

Devido à alta complexidade nas rela-

ções e no volume de dados gerados pela hi-

perconexão dos turistas em um destino, se

faz necessário achar soluções para que esses

dados possam ser coletados e, acima de

tudo, serem úteis aos gestores (López de

Ávila & García-Sánchez, 2013; Buhalis & Ama-

ranggana, 2014, Blanco, 2015). Por isso, é im-

portante que os destinos não se restrinjam a

apenas captar os dados, mas que entendam

também a importância de trabalhar estes da-

dos para seu benefício.

Algumas áreas de atuação do turismo

(sociais, tecnológicos e de infraestrutura) são

importantes para se mensurar o quanto estes

dados podem beneficiar o destino. Ivars-Bai-

dal, Solsona-Monzonís e Giner-Sánchez

(2016), fazem uso destas áreas em seu es-

tudo na Espanha sobre os destinos turísticos

inteligentes. Os autores definiram seis áreas

prioritárias e um total de 24 subáreas (cate-

gorias). A compreensão dos níveis de gestão

nestas áreas também serviu como base para

as análises que foram feitas na metodologia

deste trabalho. Essas áreas e suas subáreas

podem ser observadas na figura 1.

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Figura 1 - O destino inteligente desde uma perspectiva sistêmica

Fonte: Ivars-Baidal, Solsona-Monzonís & Giner-Sánchez (2016, p. 334), traduzido pelos autores

A partir da observação destas áreas,

nota-se que um destino turístico inteligente

se configura sobre três bases, sendo elas o ní-

vel estratégico-relacional, em que se concen-

tram as iniciativas de planejamento, estraté-

gias e planificação; o nível instrumental, em

que são desenvolvidas as atividades relativas

a infraestrutura necessária para o desenvol-

vimento de um destino turístico inteligente;

e por fim o nível aplicado, em que as ferra-

mentas e indicadores como qualidade, inteli-

gência de negócios e informação turística se

encontram, facilitando a operacionalização

dos que foi pensando no nível estratégico

(Ivars-Baidal, Solsona-Monzonís & Giner-Sán-

chez, 2016).

Pensando nessa concepção de evolu-

ção, informação e dados, uma das definições

mais completas em relação aos destinos tu-

rísticos inteligentes é a contida na norma

AEN/CTN 178 da Asociación Española de Nor-

malización y Certificación (AENOR/SEGI

TTUR) que define os Destinos turísticos inte-

ligentes como,

Um espaço inovador turístico, acessível a to-dos, consolidado em uma infraestrutura de vanguarda tecnológica que garanta o desen-volvimento sustentável do território, facili-tando a interação e integração do visitante com o ambiente, e aumentando a qualidade de sua experiência no local de destino e da qualidade de vida dos residentes. (Segittur, 2015a, p.31).

Assim, nota-se que um destino turís-

tico inteligente pode ser entendido como um

destino turístico que através das tecnologias

da informação e comunicação (Buhalis &

Amaranggana, 2014), processos de monito-

ramento remoto e órgãos oficiais engajados,

evoluiu dentro de uma perspectiva tecnoló-

gica (Ávila-Muñoz & García-Sánchez, 2013).

Femenia-Serra e Perea-Medina

(2016), constataram em seu estudo, nas cida-

des de Alicante, Marbella e Málaga, que um

destino turístico inteligente é potencializado

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Gomes, E. L. ; Gândara, J. M. ; Ivars-Baidal, J. A. É importante ser um destino turístico inteligente? A compreensão dos gestores públicos dos

destinos do Estado do Paraná

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 11(3), pp. 503-536, set./dez. 2017.

pelo seu desenvolvimento e planejamento

em quesitos de infraestrutura e políticas de

turismo. Os autores, concordam com a asser-

ção feita por Buhalis e Amaranggana, 2014,

ao relatar que o aumento das tecnologias da

informação e comunicação, tanto por parte

da demanda, quanto por parte dos destinos

é uma forma de converter o destino em um

destino turístico inteligente. Ao analisar as

três cidades espanholas, os autores consta-

ram que variáveis como acessibilidade, cone-

xão e parecerias público-privadas estão pre-

sentes no planejamento e na operacionaliza-

ção do turismo na cidade de Málaga (Feme-

nia-Serra & Perea-Medina, 2016). Por apre-

sentar estes elementos em seu planejamento

o destino (Málaga) tem mais chances de se

tornar um destino turístico inteligente que os

demais destinos analisados.

O destino encontra-se em consonân-

cia com o mundo, levando em conta temas

como a “[...] inovação, tecnologia, sustenta-

bilidade e acessibilidade [...]” Segittur,

(2015b), procurando atender aos anseios

tecnológicos dos turistas, facilitando sua in-

teração com o ambiente e tornando as expe-

riências cada vez mais dinâmicas e adaptá-

veis ao cenário tecnológico em que o mundo

se encontra.

2.2 Gestão de destinos turísticos

A gestão de destinos turísticos, seja

ela feita de forma tradicional ou através de

tecnologias da informação e comunicação é

6 [...] destination management represents a key strat-egy for both mature and emerging destinations, in or-der to satisfy an ever-demanding consumer, ensure sustainable development and positive impacts […]

necessária para que um destino possa se de-

senvolver. No entanto, para que essa gestão

ocorra, alguns preceitos básicos precisam ser

considerados.

Segundo Pearce (2016) é necessário

para que um destino se desenvolva que se

adote um modelo que ordene seu desenvol-

vimento. Para Velasco-González (2014), an-

tes de tudo, é necessário que se estabeleça

uma governança ou política turística que co-

ordene o destino.

Levando em conta estas duas afirma-

ções, percebe-se que a gestão de um destino

turístico vai muito além do que somente a

aplicação de leis ou diretrizes para a coorde-

nação de uma localidade. A gestão de desti-

nos turísticos está ligada fundamentalmente

ao planejamento. Segundo Manente (2008,

p. 4), “[...] a gestão de destinos representa

uma estratégia chave tanto para destinos

maduros como emergentes, a fim de satisfa-

zer um consumidor cada vez mais exigente, e

garantir um desenvolvimento sustentável e

impactos positivos [...]6”

Através destas afirmações, é possível

dizer que a gestão de um destino é a base

para que o turismo se desenvolva de forma

sustentável em uma localidade. Velasco-

Gonzáles (2014) elenca em seu estudo sobre

a governança turística algumas diretrizes que

devem ser trabalhadas para que o instru-

mento de gestão – a política de turismo –

possa se desenvolver. Tais diretrizes são ca-

minhos a serem seguidos que podem levar

um destino ao êxito na governança como res-

512

Gomes, E. L. ; Gândara, J. M. ; Ivars-Baidal, J. A. É importante ser um destino turístico inteligente? A compreensão dos gestores públicos dos

destinos do Estado do Paraná

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 11(3), pp.503-536, set./dez. 2017.

saltado por Ejarque (2005) em seu livro. Tais

diretrizes estão apoiadas na relação com os

turistas, na relação com as empresas turísti-

cas e na relação com o destino turístico. Cada

diretriz elencada pela autora possui sua im-

portância dentro do processo permanente

que é a gestão de um destino considerando

as condições adequadas para seu desenvolvi-

mento (Pulido-Fernández & Pulido-Fer-

nández, 2014).

Levando em conta os processos de

gestão propostos por Pearce (2014), existem

quatro modelos que podem ser adotados

para a gestão de um destino, sendo eles: 1)

modelos ou sistemas gerais; 2) os modelos de

processos; 3) modelos de funções 4) modelos

organizacionais.

Ao se considerar que a gestão é um

ato encabeçado pelo poder público – na mai-

oria das vezes – Pearce (2015, p. 3) ressalta

que, “tal perspectiva dá destaque a outras

funções. Em particular, a ênfase desloca-se

para o ordenamento do território, a elabora-

ção de políticas, a provisão de infraestruturas

e serviços públicos e a gestão de bens públi-

cos [...]”. Esse aspecto pode ser observado

principalmente na administração pública

brasileira.

Deste modo, nota-se que a gestão de

um destino turístico está ligada a leis e pro-

cessos estabelecidos com base na atuação de

um poder central que é subordinado a um Es-

tado, tal como secretarias estaduais, munici-

pais ou mesmo instâncias de governança.

Entre as medidas para que uma ges-

tão se desenvolva como um meio capaz de

elevar o destino a um patamar competitivo,

McLennan, Moyle, Ruhanen e Ritchie (2013)

ressaltam que é necessário que existam polí-

ticas eficazes de turismo e medidas para o

convencimento do visitante.

Esse convencimento do visitante tam-

bém é um elemento preponderante para o

sucesso de uma gestão na qual o marketing

(Bigné-Alcañiz, Font-Aulet & Andreu-Simó,

2000) – sob a lógica do mercado e da atração

– estabelece-se como um componente im-

portante para a gestão, a fim de conformar

um conjunto de elementos que serão capa-

zes de atrair os turistas, no entanto, é neces-

sário que esses elementos estejam de acordo

com o plano estratégico da gestão do destino

(Buhalis, 2000).

Através da junção das políticas, dire-

trizes, modelos e o marketing temos um pro-

cesso de gestão pautado no desenvolvi-

mento de um destino, seja através de um ór-

gão governamental ou não, em que o turismo

é a base das políticas institucionais para que

o destino se conforme e se desenvolva, pas-

sando por processos estratégicos a fim de

conformar um modelo de gestão que seja di-

nâmico e que considere todos os atores en-

volvidos com a atividade (Sainaghi, 2006).

Diante desse dinamismo na gestão de

um destino turístico, formas alternativas de

gestão – que não sejam as tradicionais cen-

tralizadas – começam a se desenvolver, le-

vando em conta a relação entre os atores do

processo em um ambiente de cooperação,

pautando-se em relacionamentos estratégi-

cos, tais como arranjos produtivos locais en-

tre empresas e clusters ligados a atividade

(Costa & Souto-Maior, 2006; Ivars-Baidal, Ro-

dríguez-Sánchez, Vera-Rebollo & Acebal,

2014).

513

Gomes, E. L. ; Gândara, J. M. ; Ivars-Baidal, J. A. É importante ser um destino turístico inteligente? A compreensão dos gestores públicos dos

destinos do Estado do Paraná

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 11(3), pp. 503-536, set./dez. 2017.

Ao se observar as asserções anterio-

res sobre a gestão de um destino, é possível

associar a grande evolução dos cenários tec-

nológicos como impulsos para a melhoria na

gestão. Luque-Gil, Zayas-Fernández e Caro-

Herrero (2015) chamam essa associação en-

tre evolução dos processos tecnológicos, in-

formações, tecnologia e as redes de “inteli-

gência territorial”. Essa inteligência é uma al-

ternativa para a gestão de um destino atra-

vés de ferramentas tecnológicas (sensores,

redes sociais, câmeras, Big Data, etc.) em que

se cria um elo para a transformação da ges-

tão de um destino “tradicional” na gestão de

um destino inteligente.

3 TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMU-

NICAÇÃO E TURISMO

Para entender o processo de evolução

de um destino turístico para um destino tu-

rístico inteligente, se faz necessário apresen-

tar um entendimento sobre o que são as tec-

nologias da informação e comunicação. Se-

gundo Buhalis e Amaranggana (2013) tais

tecnologias são um dos fatores preponderan-

tes para a e evolução de um destino.

Segundo Rossetti e Morales (2007) e

Kohn e Moraes (2007) as tecnologias da in-

formação são empregadas de inúmeros mo-

dos, visando melhorar processos, auxiliar na

gestão e fomentar a produção de produtos

baseados no emprego da informação, ge-

rando o conhecimento e sua difusão perante

ao que pode ser chamado de “sociedade da

informação e sociedade digital” (Kohn & Mo-

raes, 2007, pp. 3-4).

Para Thomaz, Biz e Gândara (2013) as

tecnologias da informação e comunicação

desempenham um papel muito mais amplo

dentro de um destino turístico. Tendo em

vista a evolução do marketing nos destinos,

essas tecnologias também intermediam pro-

cessos relacionados a promoção. As redes so-

ciais e demais ferramentas utilizadas pelos

turistas em uma viagem geram uma enorme

quantidade de dados que podem ser utiliza-

dos para melhorar a gestão de um destino

(Thomaz, Biz & Gândara, 2013).

Tal afirmação demonstra que as tec-

nologias da informação e comunicação não

se restringem somente a um ferramental em

processos tecnológicos. As tecnologias da in-

formação e comunicação estão associadas à

capacidade de geração de conhecimento e o

seu devido emprego.

Esse emprego acontece nas mais di-

versas áreas dentro de um destino. O ferra-

mental fornecido pelas tecnologias da infor-

mação e comunicação é imenso se compa-

rado com os meios tradicionais de comunica-

ção e informação. A produção de conteúdo

sobre um local cresceu exponencialmente a

partir do surgimento de redes sociais, permi-

tindo o compartilhamento de experiências ao

longo da viagem (Thomaz, Biz & Gândara,

2013).

Os turistas se encontram cada vez

mais conectados, a difusão de informações

sobre um local se restringe apenas a tecnolo-

gia que o turista possui no momento. Utili-

zando as tecnologias da informação e comu-

nicação para sua própria divulgação e gestão,

destinos estão se consolidando e passando a

ser conhecidos, fato esse, que acompanha a

evolução da tecnologia relacionada a troca

de informações (Buhalis & Law, 2008; Tho-

maz, Biz & Gândara, 2013).

514

Gomes, E. L. ; Gândara, J. M. ; Ivars-Baidal, J. A. É importante ser um destino turístico inteligente? A compreensão dos gestores públicos dos

destinos do Estado do Paraná

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 11(3), pp.503-536, set./dez. 2017.

Tendo em vista a capacidade da difu-

são de conhecimentos no meio tecnológico,

as tecnologias da informação e comunicação

se configuram como um ferramental que

vem sendo aplicado ao turismo e a sua ges-

tão ao longo dos anos (Buhalis & Law, 2008).

Existem variados conceitos que defi-

nem o que são as tecnologias da informação

e comunicação, e cada definição revela ca-

racterísticas plásticas da aplicação deste con-

ceito. A fim de resumir apresenta-se o se-

guinte quadro (quadro1) teórico:

Quadro 1 – Conceitos de tecnologia da informação e comunicação

AUTOR CONCEITO DE T.I.C

Thomas (1988) A tecnologia consiste na busca da sociedade do conhecimento em soluções para área

da indústria, mecânica e outros.

Peppard (1993) Como mecanismos que proporcionam as facilidades de processos e fluxo de informa-

ção na Organização e entre as Organizações, englobando informações de negócios

criados, usados e estocados, bem como tecnologias usadas no processo físico na pro-

dução de um produto ou serviço.

Runge e Earl

(1998)

Propõe que a rede de telecomunicação forneça caminhos (rotas) de informação sobre

os quais novos produtos e serviços possam ser oferecidos redefinindo conceitos de

serviços para os consumidores, criando novas áreas de inovação e alterando a distri-

buição da economia.

Poon (1993) Termo coletivo dado para o mais recente desenvolvimento no modo eletrônico e me-

cânico (computadores e tecnologia de comunicação) usado para aquisição, processa-

mento, análise, armazenamento, recuperação, disseminação e aplicação de informa-

ção.

Fonte: Biz (2009, p. 43 apud Buhalis, 2003)

Perante aos conceitos apresentados,

é possível observar que as tecnologias da in-

formação e comunicação não são uma “nova

realidade”. O conceito vem se desenvol-

vendo ao longo dos anos, esse desenvolvi-

mento permitiu a incorporação destas tecno-

logias ao turismo, perpassando pelas smart

cities e chegando aos destinos turísticos inte-

ligentes (smart destinations) (Ivars-Baidal,

Solsona-Monzonís & Giner-Sánchez, 2016)

Biz (2009, p. 60), elenca 3 fases em

que as tecnologias da informação e comuni-

cação estão presentes no turismo “[...] dos

CRS aos GDS; novos canais de distribuição e

comercio eletrônico, e a ampliação dos por-

tais públicos de turismo”. Porém, é possível

notar que, a evolução e a aplicação do con-

ceito já vêm ocorrendo em diversas áreas do

turismo como descrito por Buhalis e Law

(2008).

Tal aplicação passou a ter um papel

diferencial quando se encontrou com os pro-

cessos de gestão turística, então, um novo

modo de utilização se estabeleceu. Fazendo

o uso das mídias sociais, big data, realidade

aumentada, sensorização e outros processos,

as TIC elevaram o turismo ao patamar da so-

ciedade digital, transformando-o e amplifi-

cando as relações que ocorrem entre os ato-

res na atividade (Buhalis & Law, 2008; Baggio

& Del Chiappa, 2015).

Sendo assim, pode-se dizer as tecno-

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Gomes, E. L. ; Gândara, J. M. ; Ivars-Baidal, J. A. É importante ser um destino turístico inteligente? A compreensão dos gestores públicos dos

destinos do Estado do Paraná

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 11(3), pp. 503-536, set./dez. 2017.

logias da informação e comunicação conse-

guiram seu espaço, evoluíram e hoje fazem

parte da realidade do turismo. Numa socie-

dade que se encontra hiperconectada as tec-

nologias da informação e comunicação facili-

tam processos, compras e mais recente-

mente a gestão dos destinos, fornecendo in-

sumos para que o turismo acompanhe o ce-

nário mundial tecnológico.

4 METODOLOGIA

A metodologia utilizada para a coleta,

análise e validação de dados proposta nesta

pesquisa apresenta um caráter misto, sendo

tanto quantitativa quanto qualitativa (Cres-

well, 2010). Uma vez que, considerou-se as

respostas dos municípios do Estado do Pa-

raná sobre o conceito de destino turístico in-

teligente e sua aplicabilidade, em que o vo-

lume e a representatividade de municípios

respondentes é importante para o estabele-

cimento do recorte dentro das 14 regiões tu-

rísticas (Vales do Iguaçu, Litoral do Paraná,

Rotas do Pinhão, Norte Pioneiro, Terra dos

Pinheirais, Ecoaventuras Histórias e Sabores,

Campos Gerais, Cataratas do Iguaçu e Cami-

nhos ao Lago de Itaipu, Vale do Ivaí, Corredo-

res das Águas, Entre Morros e Rios, Riquezas

do Oeste, Lagos e Colinas, Norte do Paraná),

a análise dos dados frente as respostas, elu-

cidará a aplicabilidade, a compreensão e a

importância do conceito para estes destinos,

qualificando suas respostas.

O recorte dos municípios responden-

tes foi feito com base nos critérios estabele-

cidos no Relatório de Hierarquização Turís-

tica do Estado do Paraná (2012) pautado na

Política de Turismo do Estado - Lei nº

15.973/2008. Sendo que, atualmente, 224

municípios integram as 14 regiões turísticas

supracitadas. A escolha dos municípios que

responderam à pesquisa também se deu com

base nos critérios do Relatório de Hierarqui-

zação (2012), uma vez que, julgou-se válido

trabalhar somente com os municípios que se

encontravam em consonância com as políti-

cas de turismo e hierarquização do Estado.

Os responsáveis pelas respostas obtidas fo-

ram os gestores municipais do órgão oficial

de turismo, aumentando assim o nível de

confiabilidade da metodologia.

A pesquisa tem um caráter explorató-

rio-descritivo, uma vez que, apresenta um re-

ferencial teórico que busca entender os con-

ceitos de destino turístico, destino turístico

inteligente, gestão de destinos e tecnologias

da informação e comunicação, sendo consi-

derado o primeiro passo para a aproximação

com os temas de qualquer pesquisa (Gil,

2012), para assim, conseguir descrever a apli-

cabilidade destes conceitos no dia-a-dia dos

destinos turísticos paranaenses.

Para que as respostas pudessem ser

coletadas, o questionário utilizado na pes-

quisa de Ivars-Baidal, Solsona-Monzonís e Gi-

ner-Sánchez (2016) sobre gestão de destinos

turísticos inteligentes na Espanha, foi tradu-

zido e adaptado pelos autores à realidade

dos municípios paranaenses com o intuito de

se obter um espectro de respostas condizen-

tes com o turismo vivenciado e que é prati-

cado nestes municípios.

As adaptações feitas nos questioná-

rios aplicado tiveram como base questões so-

ciais e de infraestrutura, tais como: segu-

rança, saneamento, tratamento e gestão de

resíduos e disponibilidade de WiFi, uma vez

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Gomes, E. L. ; Gândara, J. M. ; Ivars-Baidal, J. A. É importante ser um destino turístico inteligente? A compreensão dos gestores públicos dos

destinos do Estado do Paraná

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que esses pontos não foram incluídos por

Ivars-Baidal, Solsona-Monzonís e Giner-Sán-

chez (2016) em sua pesquisa, tendo em vista

o nível de desenvolvimento dos destinos es-

panhóis em comparação com a realidade

brasileira.

As áreas de abrangência e categorias

presentes no questionário encontram-se de-

lineadas na figura 1 na fundamentação teó-

rica deste artigo. A fim de elucidar as adapta-

ções, modificou-se a perspectiva da figura,

incluindo as categorias adaptadas pelos auto-

res, logo, a organização da figura modificada

apresenta-se do seguinte modo (figura 2).

Figura 2 - O destino inteligente desde uma perspectiva sistêmica e novas categorias

Fonte: Ivars-Baidal, Solsona-Monzonís & Giner-Sánchez (2016, p. 334) e Paraná Turismo (2016, p. 99), tradu-

zido e adaptado pelos autores

A coleta de dados foi realizada on-line

através da ferramenta Google Forms, por

meio de um questionário composto por 3

sessões subdivididas em 34 questões, que

permitiram a identificação dos seguintes

pontos: avaliação da importância do con-

ceito, situação atual do destino em relação

ao conceito e uso de tecnologias na gestão do

município. O questionário foi enviado através

de um mailing para os 224 municípios que in-

tegram a regionalização turística do estado.

O questionário também apresentava

uma pergunta aberta, em que foi solicitado

que os destinos elencassem de cinco a dez

ações para evolução de um destino para um

destino turístico inteligente. Tal questão per-

mitiu compreender não só o entendimento

do conceito por parte dos municípios, como

também a observação das ações que estão

sendo propostas na gestão frente aos desa-

fios do turismo inteligente, essa questão foi

analisada a partir dos eixos presentes no

plano Paraná Turístico 2026 – Pacto para um

Destino Inteligente, o que possibilitou aos

autores verificar as propostas de acordo com

os eixos estratégicos definidos no plano.

O questionário adaptado utilizou uma

escala Likert de cinco níveis para a mensura-

517

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ção das respostas, procurou-se manter o ins-

trumento o mais próximo possível da meto-

dologia original.

Os dados da pesquisa foram tabula-

dos por meio dos resultados obtidos através

do Google Forms, utilizando como instru-

mento de análise o Microsoft Excel e suas fer-

ramentas, possibilitando a elaboração dos

gráficos e a interpretação dos dados coleta-

dos. Para a análise dos dados, também se fez

o uso das técnicas de emparelhamento pro-

postas por Laville e Dione (1999), possibili-

tando uma análise e discussão dos resultados

apresentados na próxima seção deste artigo.

5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A partir das respostas fornecidas pe-

los municípios turísticos do Estado do Pa-

raná, foram elaborados os gráficos que estão

a seguir. Os gráficos permitiram verificar a si-

tuação atual dos municípios em relação a

essa nova tendência que se impõe aos mer-

cados turísticos, além da utilização das tec-

nologias da informação e comunicação e co-

mo os destinos compreendem o conceito de

destino turístico inteligente.

Ao total foram recebidas 76 respostas

de um total de 224 municípios turísticos loca-

lizados em 14 regiões turísticas (quadro 2),

segundo a política estadual de regionalização

e o Ministério do Turismo (Paraná Turismo,

2012).

Considerou-se o número de respostas

satisfatório para a elaboração das análises

presentes na pesquisa, uma vez que este es-

tudo se caracteriza como uma pesquisa ex-

ploratória, levando em conta também que

essa é uma das primeiras pesquisas a replicar

um modelo internacional para avaliar a reali-

dade dos municípios brasileiros quanto ao

seu entendimento sobre o conceito de des-

tino turístico inteligente. Considerando os as-

pectos quantitativos da análise e o total de

respondentes (76) em detrimento com o uni-

verso de pesquisa (224), tem-se um erro

amostral de mais ou menos 9%. Cabe desta-

car que, considerando a questão da repre-

sentatividade hierárquica, todos os municí-

pios turisticamente mais relevantes (Araucá-

ria, Cascavel, Curitiba, Guarapuava, Londrina,

Maringá, Matinhos, Paranaguá e Ponta Gros-

sa) responderam à pesquisa, assim como os

demais municípios encontrados dentro das

cinco categorias de hierarquização turística

do Ministério do Turismo.

No quadro 2, é possível observar as

regiões, o nome de cada município que res-

pondeu ao questionário, suas classificações e

o número de respondentes com relação ao

montante total que representa a região. Jul-

gou-se válido apresentar tais dados a fim de

qualificar as respostas e como uma forma de

conhecer melhor cada um dos respondentes.

Quanto as variáveis presentes no qua-

dro 2, a classificação que vai de A à E, faz

parte da iniciativa do Ministério do Turismo

para a regionalização dos municípios turísti-

cos do Brasil (Ministério do Turismo, 2015),

sob a lei 11.771/2008, que rege a Política Na-

cional de Turismo. Essa iniciativa visou fo-

mentar o desenvolvimento das políticas pú-

blicas de turismo em todo o Brasil, como uma

forma de direcionar recursos e esforços pro-

mocionais para os municípios que fossem

melhor classificados (Ministério do Turismo,

2015).

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Quadro 2 - Municípios respondentes

REGIÃO MUNICÍPIOS CLASSIFI-

CAÇÃO

TOTAL

Vales do Iguaçu Cruzeiro do Iguaçu, Pranchita, Ampére, Renascença,

Francisco Beltrão, Realeza, Coronel Vivida 1C; 4 D; 2E 7 de 25

Litoral do Paraná Antonina, Guaratuba, Matinhos, Paranaguá, Morre-

tes, Pontal do Paraná 3B; 2C; 1D 6 de 7

Rotas do Pinhão Curitiba, Colombo, Rio Negro, Tijucas do Sul, Campo

Magro, Araucária, Pinhais, Lapa, São José dos Pinhais 1A; 1B; 2C; 5D 9 de 16

Norte Pioneiro Ibaiti, Jacarezinho, Londrina, Bandeirantes, Siqueira

Campos 5D 5 de 10

Terra dos Pinheirais Prudentópolis, Fernandes Pinheiros, Bituruna, Mallet,

Guarapuava 1B; 4D 5 de 10

Ecoaventuras Histó-

rias e Sabores Campo Mourão, Campina da Lagoa, Boa Esperança 1C; 2D 3 de 18

Campos Gerais Jaguariaíva, Palmeira, Castro, Carambeí, Ponta Grossa 1B; 5D 5 de 10

Cataratas do Iguaçu

e Caminhos ao Lago

de Itaipu

Matelândia, Santa Terezinha de Itaipu, São Miguel do

Iguaçu, Entre Rios do Oeste, Foz do Iguaçu, Marechal

Cândido Rondon, Mercedes, Medianeira, Serranópolis

do Iguaçu

1A; 4C; 1D; 3E 9 de 16

Vale do Ivaí Godoy Moreira, Lunardelli 2E 2 de 16

Corredores das

Águas

Itaguajé, Maringá, Marilena, Ivatuba, Querência do

Norte, Umuarama, Nova Londrina, Cianorte, Santo

Inácio, Munhoz de Melo

1B; 2C; 4D; 3E 10 de 34

Entre Morros e Rios Mato Rico, Santa Maria do Oeste, Roncador 3D 3 de 13

Riquezas do Oeste Toledo, São Pedro do Iguaçu, Cascavel, Maripá, Capi-

tão Leônidas Marques 1B; 1C; 2D; 1E 5 de 16

Lagos e Colinas Reserva do Iguaçu, Porto Barreiro 1D; 1E 2 de 16

Norte do Paraná Ribeirão Claro, Sapopema, Sertanópolis, Rolândia, As-

saí 1B; 4D 5 de 17

Total = 14 Regiões 76 municípios

2A; 9B; 13C;

41D; 13E

76 de

224

Fonte: Elaboração própria

A partir destes dados, relativos a clas-

sificação, também foi possível inferir quais os

municípios podem e tem condições de plei-

tear recursos para uma possível evolução

para o patamar de destinos turísticos inteli-

gentes. A classificação faz parte tanto do pro-

grama do Ministério do Turismo, quanto da

Política de Regionalização do Turismo do Es-

tado do Paraná, os autores utilizaram esta

classificação como um parâmetro de diferen-

ciação dos municípios e como uma forma de

auxílio na análise e descrição dos responden-

tes.

As regiões apresentadas no quadro 2,

fazem parte da política estadual de regionali-

zação do estado do Paraná, segundo a Paraná

Turismo (2016), estas regiões são considera-

das pólos indutores de turismo para o Estado

519

Gomes, E. L. ; Gândara, J. M. ; Ivars-Baidal, J. A. É importante ser um destino turístico inteligente? A compreensão dos gestores públicos dos

destinos do Estado do Paraná

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 11(3), pp. 503-536, set./dez. 2017.

por contarem com caracteresticas territoriais

únicas e segmentos de turismo específicos,

estas regiões, são consideradas estratégicas

para o desenvolvimento do turismo no es-

tado, possibilitando a atração de turistas e a

divulgação do turismo no estado a nível Brasil

e internacional (Paraná Turismo, 2016).

Com a análise do quadro 2, também é

possível notar que a grande maioria dos mu-

nicípios apresenta a classificação “D” com 41

representantes. Esse nível de hierarquização

não representa uma classificação de desta-

que nas políticas de regionalização do tu-

rismo, no entanto, por aparecerem como o

maior número de representantes, considera-

se interessante que o estado e os municípios

procurem uma forma de verificar a potencia-

lidade destes representantes, uma vez que,

ao articularem-se, é possível que estes muni-

cípios se desenvolvam em busca de um obje-

tivo de melhora em comum.

Considerando o nível de representa-

ção turística, foi elaborada uma tabela (ta-

bela 1) com as porcentagens de cada nível de

hierarquização, a fim de justificar qualitativa-

mente as respostas relevantes a compreen-

são do conceito de destino turístico inteli-

gente. Essa tabela permitiu que os autores

verificassem como, e de que forma a classifi-

cação dos municípios pode influenciar na

evolução do destino para um destino turís-

tico inteligente.

Tabela 1 - Nível de hierarquização

CATEGORIA E QUANTI-

DADE DE MUNICÍPIOS

PORCENTAGEM TO-

TAL (224 MU-

NICÍPIOS)

CATEGORIA E QUANTI-

DADE DE MUNICÍPIOS

PORCENTAGEM EM

RELAÇÃO AS RESPOS-

TAS OBTIDAS (76)

A (2) 0,893 % A (2) 100 %

B (9) 4,02 % B (9) 100 %

C (31) 13,8 % C (13) 41,9 %

D (138) 61,6 % D (41) 29,7 %

E (44) 19,6 % E (13) 29,5 %

Fonte: Elaboração própria

Analisando em que categoria (tabela

1) – na hierarquização – se encontram os mu-

nicípios respondentes notou-se através de

inferências qualitativas e através do empare-

lhamento com a discussão teórica feita neste

artigo, que quanto mais alta a posição hierár-

quica do município (em que “A” é a maior e

“E” a menor classificação hierárquica), maior

o entendimento e a compreensão da impor-

tância do conceito de destino turístico inteli-

gente. A representação das porcentagens em

detrimento com o número de municípios por

região pode ser considerada satisfatória,

uma vez que, de acordo com o total de muni-

cípios foram conseguidas todas as respostas

dos representantes com maior grau na hie-

rarquização. Esse empenho por parte dos

municípios, principalmente por parte dos de

maior classificação, reflete o interesse em se

modernizar e acompanhar as tendências do

mercado turístico, ou seja, estes municípios

compreendem a importância de almejar um

patamar maior em relação ao seu estado

atual, fortalecendo assim o turismo no es-

tado como um todo.

Essa afirmação pode ser considerada

520

Gomes, E. L. ; Gândara, J. M. ; Ivars-Baidal, J. A. É importante ser um destino turístico inteligente? A compreensão dos gestores públicos dos

destinos do Estado do Paraná

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 11(3), pp.503-536, set./dez. 2017.

um reflexo de como as políticas de turismo

vem sendo desenvolvidas em cada um dos

municípios. Se tomarmos como base a ope-

racionalização de processos e a infraestru-

tura referentes a um destino turístico inteli-

gente modelo, veremos que o potencial de

evolução é mais alto nos municípios As dos

que nos Es.

As análises de dados realizadas por in-

termédio da tabela 1 não têm a intenção de

criticar o desenvolvimento do turismo nos

municípios, pelo contrário, espera-se que os

resultados desta pesquisa auxiliem no desen-

volvimento dos municípios como um todo.

Através destas afirmações, pode-se estabele-

cer um paralelo entre a dinâmica de hierar-

quização e a evolução de um destino tradici-

onal para um destino inteligente.

Avaliando o relatório de hierarquiza

ção do Estado do Paraná e a tabela 1 e, to-

mando como base os onze municípios me-

lhor colocados, notou-se que a infraestrutura

destes municípios tem potencial – ainda que

latente – para a capacitação do espaço às di-

nâmicas e processos presentes em um des-

tino turístico inteligente, tais como a aplica-

ção das tecnologias da informação e comuni-

cação, a sensorização dos espaços, monitora-

mento através de câmeras e coleta de dados

sobre a cidade (Biz, 2009; Ivars-Baidal, Sol-

sona-Monzonís & Giner-Sánchez, 2016).

Essa aproximação entre a hierarquiza-

ção e o conceito de DTI pode ser vista como

um novo ponto no ciclo de vida de um des-

tino proposto por Butler (1980). Em que, um

destino evolui até o seu potencial máximo,

declinando ou se reinventando, neste caso,

através da tecnologia, dinâmicas sustentá-

veis e soluções criativas o destino torna-se

um destino turístico inteligente.

Na primeira seção do questionário,

“avaliação do conceito”, é possível observar,

partir da análise do gráfico 1, que há uma

percepção muito positiva por parte dos mu-

nicípios sobre o conceito de destinos turísti-

cos inteligentes. Aproximadamente 90% dos

municípios demonstraram uma boa recepção

ao conceito como referência para a gestão. É

importante ressaltar que, para que os muni-

cípios pudessem responder as questões, ha-

via uma introdução no questionário que

apresentava o conceito de destino turístico

inteligente segundo a AENOR/SEGITTUR,

logo, os municípios pautaram-se nessa asser-

ção para embasar suas respostas.

As demais variáveis relativas aos be-

nefícios que o conceito traria e ao processo

de adaptação apresentaram respostas bem

divididas com relação aos benefícios para os

destinos.

521

Gomes, E. L. ; Gândara, J. M. ; Ivars-Baidal, J. A. É importante ser um destino turístico inteligente? A compreensão dos gestores públicos dos

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Gráfico 1 – Avaliação do conceito

Fonte: Elaboração própria

Apesar do receio quanto à aplicabili-

dade, o percentual de aceitação a adaptação

ao conceito como uma chave para adequar-

se as tendências (78%) apresenta também

grande aceitação por parte dos municípios, o

que revela a preocupação por parte dos ges-

tores em acompanhar a evolução do turismo

com base nas novas tecnologias.

Ainda no gráfico 1, é possível observar

que, a configuração de um destino inteligen-

te para a competitividade no mercado e a efi-

cácia para a redução de custos foram variá-

veis que apresentaram respectivamente 89%

e 82% de relevância para os municípios, de-

monstrando que adequar-se ao conceito é

um aspecto fundamental para competir no

mercado, além de fornecer subsídios para a

redução de custos por parte da gestão pú-

blica. A internalização destas variáveis per-

mite que os municípios direcionem da me-

lhor forma seus esforços e recursos para ade-

quar-se ao cenário competitivo do mercado

turístico.

Na segunda seção do questionário,

“situação atual” (gráfico 2), solicitou-se aos

municípios que demonstrassem o estado

atual de seu município com relação a algu-

mas variáveis passíveis de observação tendo

em vista o nível de desenvolvimento de cer-

tas áreas como parceria público privada, ges-

tão de resíduos, mobilidade urbana etc.

Considera-se que, de modo geral, a si-

tuação atual dos municípios com relação a

estratégias para tornar-se um destino inteli-

gente ainda é baixa, pois há uma expressiva

discordância (46%) sobre a existência de tal

estratégia.

No entanto, na segunda variável do

gráfico 2 é possível observar que os destinos,

apesar de não terem uma estratégia bem de-

finida, apresentam um desenvolvimento con-

tínuo (40%). Pois, apesar de não haver uma

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

A configuração de um destino inteligente é a chavepara ser mais eficaz e reduzir os custos

A configuração de um destino inteligente éfundamental para competir no mercado de…

A configuração de um destino inteligente é a chavepara se adaptar as tendências da demanda

O conceito destino turístico inteligente é adaptávelapenas para destinos com um grande volume de…

O conceito destino turístico inteligente éimportante, mas não apresenta benefícios claros…

O conceito destino turístico inteligente é uma boareferência para a gestão de destinos turísticos.

Avaliação do Conceito

Discorda Indiferente Concorda

522

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estratégia planificada, ações isoladas com re-

lação ao turismo, políticas ou mesmo infraes-

trutura básica contribuem para que o destino

se adapte à realidade dos DTI.

Gráfico 2 - Situação Atual

Fonte: Elaboração própria

Dentro do panorama da situação

atual dos municípios nota-se que em muitos

dos quesitos ainda há um alto nível de discor-

dância. No entanto é necessário levar em

conta que, o conceito de destino turístico in-

teligente e as ações que o permeiam ainda

são uma novidade ao se considerar a reali-

dade brasileira em detrimento com países da

Europa devido ao termo ter se originado sob

a luz da realidade europeia (Buhalis & Ama-

ranggana, 2014; Ivars-Baidal, Solsona-Mon-

zonís & Giner-Sánchez, 2016).

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Meu destino pode ser considerado um destinopreocupado com sua paisagem e conservação dos…

Meu destino pode ser considerado um destinosustentável em termos de paisagem e conservação…

Meu destino pode ser considerado um destinosustentável em termos de mobilidade urbana

Meu destino pode ser considerado um destinosustentável em termos de gestão, reutilização e águas…

Meu destino pode ser considerado um destinosustentável em termos de eficiência energética

A conectividade com a Internet nas principais áreasturísticas de meu município é adequada

Os vários departamentos municipais colaboram cominiciativas próprias para conformar o destino em um…

Existe um alto grau de parceria público-privada quefacilita a evolução para um destino inteligente

Meu destino está evoluindo satisfatoriamente para umdestino inteligente, mas não tem uma estratégia…

Meu destino tem uma estratégia bem definida para setornar um destino inteligente

Discorda Indiferente Concorda

523

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Apesar da alta porcentagem relativa à

discordância, um dos indicadores destoa

frente à análise do gráfico, é o aspecto rela-

cionado à sustentabilidade e conservação de

recursos naturais, apresenta uma taxa de

64% de concordância. Tal fato se dá devido a

grande preocupação por parte dos municí-

pios paranaenses com a questão da sustenta-

bilidade, essa premissa – em conjunto com a

governança - compõe um dos eixos estru-

turantes destacados no plano Paraná Turís-

tico 2026.

Integrando a segunda seção do ques-

tionário (gráfico 3), foi questionado como os

destinos paranaenses estão fazendo o uso

das tecnologias da informação e comunica-

ção (TICs) para a gestão do turismo. Essa sub-

seção permitiu visualizar que existe uma

grande discordância/não utilização do poten-

cial das tecnologias da informação e comuni-

cação para gestão do turismo no destino. Ne-

nhum dos indicadores apresentou expressiva

concordância – posicionamento positivo –

em relação ao uso destas tecnologias.

A resposta com maior expressividade,

foi a da utilização das tecnologias da informa-

ção e comunicação para o marketing do des-

tino (26%), devido a facilidade de promoção

turística através de redes sociais e outros

meios digitais (Buhalis & Amaranggana,

2013). Outro dado passível de destaque é o

fator da acessibilidade nos municípios. O ín-

dice de discordância quanto à acessibilidade

para pessoas com deficiência é de 62%.

Considerando o estudo de Perfil do

Turista da Pessoa com Deficiência (2013), re-

alizado pelo Ministério do Turismo em con-

junto com a Secretaria de Direitos Humanos,

o dado apresenta-se como um obstáculo a

ser superado pelos municípios, frente a reali-

dade de um destino turístico inteligente, uma

opção para mitigar esse déficit é o que suge-

rem Santos, Souza Neto, Pereira, Gândara e

Silva (2016, p. 22), ao propor [...] a implemen-

tação de planos locais de acessibilidade ur-

bana, com o objetivo de minimizar as situa-

ções de barreiras encontradas [...]”.

Segundo Celdrán-Bernabeu, Mazón-

López, Giner-Sánchez e Ivars-Baidal (2016), a

utilização de dados disponíveis no Big data,

são formas com que, os municípios, mesmo

sem uma expressiva utilização de tecnologia

podem encontrar oportunidades para seu

desenvolvimento. O acesso a informações e

também a possibilidade de troca de conheci-

mentos, facilitados por essa ferramenta são

opções benéficas para a melhor estruturação

da gestão dos municípios. Permitindo am-

pliar o panorama de atuação dos órgãos mu-

nicipais no desenvolvimento de um possível

DTI.

524

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Gráfico 3 - Uso das tecnologias da informação e comunicação

Fonte: Elaboração própria

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

No geral, o meu destino é um espaço acessível parapessoas com deficiência

Meu destino é inovador na criação de novosespaços, produtos e captação de novos mercados…

Meu destino é um espaço inovador em relação àincorporação de novas tecnologias

Meu destino está aproveitando as oportunidadesoferecidas pelas TIC para melhorar a experiência…

Meu destino está aproveitando as oportunidadesoferecidas pelas TIC para o marketing

Meu destino está utilizando as TIC como forma deconhecer a empreendimentos de restauração

Meu destino está utilizando as TIC como forma deconhecer a oferta de estabelecimentos de…

Meu destino está utilizando as TIC como forma demedição para os níveis de segurança pública

Meu destino está aproveitando as oportunidadesoferecidas pelas TIC para a gestão dos edifícios e…

Meu destino está aproveitando as oportunidadesoferecidas pelas TIC para gerir os recursos turísticos

Meu destino está aproveitando as oportunidadesoferecidas pelas TIC para facilitar uma melhor…

Meu destino está aproveitando as oportunidadesoferecidas pelas tecnologias da informação e…

Meu destino está aproveitando as oportunidadesoferecidas pelas tecnologias da informação e…

Discorda Indiferente Concorda

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Gráfico 4 - Uso de tecnologias e novos processo de gestão e marketing

Fonte: Elaboração própria

Na terceira e última seção do questio-

nário “uso de tecnologias e novos processos”

(gráfico 4), foi solicitado aos municípios que

indicassem o impacto de determinadas tec-

nologias na gestão do município e se utilizam

alguma dessas tecnologias no destino.

No gráfico 4, é possível observar que

grande parte dos municípios não utiliza tais

tecnologias ou adota novos processos para a

gestão. A taxa de não utilização/impacto é

alta na grande maioria dos indicadores. No

entanto, um dos indicadores – ações de mar-

keting em redes sociais – se destaca dos de-

mais (29% de utilização), como já ressaltado,

existe uma facilidade na utilização de tais re-

des para a promoção devido à gratuidade e

facilidade de acesso (Thomaz, Biz, Bettoni &

Pavan, 2015). Sendo assim, a variável se des-

taca, considerando o contexto majoritaria-

mente negativo (baixo impacto) apresentado

nesta seção.

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Colocação de sensores em espaços turísticos

Ações de marketing em redes sociais

Sistemas de GPS

Sistema de Marketing Relacional (CRM)

Sistema de Business Intelligence no destino

Centrais de reservas on-line

Aplicativos móveis (app)

Assistente virtual no site

Realidade aumentada

Pesquisas online com empresas no destino

Pesquisas online com turistas

Códigos QR

Totens Touchscreen

Wifi com acesso livre em espaços públicos

Wifi com acesso livre nos postos de informação…

Vídeo guias

Áudio guias

Baixo Médio Alto

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Gráfico 5 - Barreiras para tornar-se um destino turístico inteligente.

Fonte: Elaboração própria

Nesta subseção (gráfico 5), os desti-

nos informaram as barreiras enfrentadas

para avançar em direção ao tornar-se um

destino turístico inteligente. Como um diag-

nóstico da situação atual, dentre os indicado-

res mais representativos é possível destacar

a falta de uma estratégia bem definida (68%)

como uma das barreiras de alto impacto para

a evolução do destino. A segunda barreira

que é enfrentada pelos municípios é o orça-

mento limitado (74%), tal barreira pode estar

alicerçada nas leis orçamentárias do municí-

pio, ou mesmo considerando o repasse de

verbas destinado ao turismo.

As barreiras elencadas na pesquisa são

inúmeras, porém é possível observa-las

como um diagnóstico dessa situação, procu-

rando medidas que mitiguem tais barreiras,

fornecendo subsídios para futuras parcerias

e planos de ação em relação à gestão do mu-

nicípio.

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

A demanda não utiliza a Internet e as TIC

Problemas decorrentes das leis em vigor

Dificuldade de acesso a internet

A estrutura predominante de PME no setor do…

Falta de colaboração do destino com…

Falta de compreensão do conceito de destino…

Nível de qualificação insuficiente

Escassez de pessoal

Pouca colaboração entre os departamentos…

Pouca colaboração públicoprivada

Orçamento limitado

Falta de uma estratégia bem definida

Baixo Médio Alto

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Gráfico 6 - Oportunidades para tornar-se um destino turístico inteligente

Fonte: Elaboração própria

A última subseção (gráfico 6) da ter-

ceira parte do questionário é relativa às opor-

tunidades e/ou vantagens que os municípios

podem tirar proveito para tornar-se um des-

tino turístico inteligente. Nessa subseção, os

resultados foram em sua maioria altos – con-

siderando o aspecto positivo – das questões.

Os municípios veem em muitos dos

indicadores ações possíveis para melhorar

sua gestão e assim conseguir alcançar o pata-

mar de destinos turísticos inteligentes. Den-

tre as variáveis destacadas no gráfico 6, “o

crescente uso de smartphones durante as vi-

agens/férias” e “uso crescente das redes so-

ciais nas viagens/férias” ambas com 90% de

aprovação como oportunidades para um des-

tino. Pautando-se em estratégias que envol-

vam essa oportunidade identificada, os des-

tinos podem começar a melhorar estratégias

em prol de uma melhor gestão e almejando a

visibilidade como destino turístico inteligen-

te.

A análise da questão aberta (quadro

3) com as propostas de ações dos municípios

para evolução de um destino para um des-

tino turístico inteligente. Permitiu observar

que ainda há uma grande preocupação por

parte dos municípios com temas básicos (or-

çamento, infraestrutura, capacitação etc.)

para a gestão, no entanto, foi possível identi-

ficar também, algumas preocupações impor-

tantes na construção de um processo de mu-

danças para um turismo inteligente. Abaixo

no quadro 3, podemos ver algumas das ações

propostas que vão além dos aspectos bási-

cos.

Essas proposições vão de encontro ao

que Femenia-Serra e Perea-Medina (2016),

encontraram em seus estudos na Espanha,

sobre a possibilidade de evolução de um des-

tino para um destino turístico inteligente.

Apesar das realidades serem dispares e a

princípio, encontrarem-se distantes. A aná-

lise do potencial dos municípios através da

questão aberta, mostra que as preocupações

na gestão e no planejamento se assemelham

com as das cidades espanholas, a fim de de-

senvolver-se como um destino turístico inte-

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Uso crescente de redes sociais nas viagens/férias

O crescente uso de smartphones durante asviagens/férias

A facilidade de acesso a internet por parte doturista

O elevado uso da internet por parte das empresasturísticas

Possibilidade de uma rede de municípios comoplataforma de colaboração

Tecnologias da informação e comunicação nãorequerem muito investimento

Baixo Médio Alto

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ligente. As respostas mais frequentes foram

sintetizadas e agrupadas de acordo com os

eixos do Plano Paraná Turístico 2026. Sendo

assim, o quadro 3 foi elaborado, permitindo

visualizar as respostas dos municípios.

Quadro 3 - Eixos estratégicos e propostas

Governança e sustentabilidade

Planejamento

Parcerias

Financiamento

Investimento

Conscientização

Governança

Modernização da gestão

Qualidade e competividade

Inovação e competitividade da oferta

Qualificação dos Atrativos

Capacitação

Disponibilidade de WIFI

Empreendedorismo

Uso das TICS

Marketing e inovação Novas tecnologias

Comunicação

Inteligência e utilização de tec-

nologias da informação e comu-

nicação

Pesquisas

Observatórios de turismo

Conhecimento

Marcos regulatórios e a quali-

dade de vida da população local

Legislação

Qualidade de vida

Acessibilidade

Fonte: Elaboração própria

Pode-se concluir a partir do quadro 3

e dos gráficos apresentados que, tanto as

respostas dadas pelos municípios sobre os

conceitos, quanto sobre a situação atual e o

uso de novas tecnologias confluem para um

entendimento do que é um destino turístico

inteligente. Foi possível observar através das

sugestões propostas (quadro 3), que os mu-

nicípios estão inclinados a contribuir para a

melhoria de sua gestão mesmo que não pen

sando claramente em se tornar um destino

turístico inteligente.

Através da análise das respostas for-

necidas pelos municípios na pergunta aberta

(quadro 3) do questionário inferiu-se que há

uma base comum nas propostas: as políticas

orçamentarias (planejamento e financia-

mento).

Grande parte dos respondentes apre-

sentavam uma insatisfação ou sugestão

quanto ao orçamento destino ao turismo.

Nas propostas feitas pelos municípios,

grande parte destacava a necessidade de

mais dinheiro para um desenvolvimento efe-

tivo do turismo na localidade. Considerando

que, um destino turístico inteligente precisa

de uma infraestrutura de qualidade para

atender as necessidades dos turistas e mora-

529

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dores, destacar a questão do orçamento é

um ponto relevante.

Porém, somente a base orçamentaria

não é o bastante para a evolução de um des-

tino para um destino turístico inteligente.

Não se pode restringir o conceito de destino

turístico inteligente apenas a infraestrutura,

os municípios também destacaram propos-

tas que envolvem redes de cooperação, cons-

cientização da população, empreendedo-

rismo e capacitação. Essas iniciativas são um

primeiro passo, para que muitos dos municí-

pios iniciem a implantação do conceito de

destino turístico inteligente.

Essas propostas sugeridas encontram

receptividade dentro do plano Paraná Turís-

tico 2026 – Pacto para um Destino Inteli-

gente, uma vez que, os eixos estratégicos (fi-

gura 3) definidos pela Paraná Turismo em seu

plano, compreendem tais iniciativas. Tendo

em vista a visão de futuro prevista no plano

como pode ser visto na figura 3, o pacto parte

dos aspectos de inteligência e utilização de

tecnologias da informação e comunicação e

marcos regulatórios e a qualidade de vida da

população local, que servirão de base para a

construção dos aspectos relacionados à go-

vernança e sustentabilidade, qualidade e

competitividade e marketing e inovação na

busca para a construção do Estado do Paraná

como um destino turístico inteligente.

Figura 3 - Visão de Futuro e Eixos estratégicos

Fonte: Paraná Turismo (2016)

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Observando todas as respostas e com

uma análise mais abrangente, percebe-se

que há sempre uma margem para melhorias

dentro da gestão. Os fatores limitantes são

semelhantes em todas as repostas, em que,

planejamento e falta de orçamento são os

vistos como os principais entraves para o

avanço de grande parcela dos municípios. No

entanto, através das análises é possível notar

que existe a vontade de modernizar-se, con-

tanto que haja uma estratégia focada na evo-

lução contínua, pensando nas particularida-

des de cada município.

Esse pensamento em particular é uma

das formas que o conceito de destino turís-

tico inteligente pode e deve ser operacionali-

zado, uma vez que, para exista um desenvol-

vimento satisfatório é preciso considerar até

onde se pode avançar com o conceito dentro

de uma localidade, respeitando suas particu-

laridades (Ivars-Baidal, Celdrán-Bernabeu,

Mazón-Lopes & Perles-Ivars, 2017).

Através das respostas, percebeu-se

que existe um engajamento em prol do tu-

rismo por parte dos 76 municípios, a grande

preocupação, no entanto é a de se alcançar

um patamar estável dentro das normas defi-

nidas na política de hierarquização do es-

tado.

Ivars-Baidal, Celdrán-Bernabeu, Ma-

zón-Lopes e Perles-Ivars (2017), ressaltam a

importância da evolução do turismo dentro

do paradigma tecnológico. De acordo com os

autores, as TIC são grandes aliadas na gestão

de um destino, tornando essa localidade um

ambiente propício para a difusão do conceito

de destino turístico inteligente. Em que, a

gestão passa a ser um processo facilitado pe-

las novas tecnologias, que por sua vez, preci-

sam ser assimiladas pelo ambiente, como

forma de instaurar uma infraestrutura viável

para a gestão inteligente.

Através do cruzamento dos dados e

com o aporte do marco teórico, notou-se que

as opiniões dos destinos turísticos do Paraná

ainda se pautam por uma ótica relacionada à

gestão. A consciência geral apresentada está

de fato relacionada as políticas desenvolvi-

mentistas, com pensamentos de impacto a

curto prazo.

Uma das características dos destinos

turísticos inteligentes é justamente a coleta

de dados – processo que pode levar tempo –

para maximizar os impactos positivos de

longo prazo na gestão de uma destinação.

Frente aos dados e ao que foi abordado nas

discussões que embasaram esse artigo, e nas

asserções de Luque-Gil, Zayas-Fernández e

Caro Herrero (2015), sugere-se a criação de

um observatório turístico geral, por regiões,

destinos ou produtos, para estimular o de-

senvolvimento do conceito e facilitar a ges-

tão pública através dos destinos turísticos in-

teligentes. Esse modelo já é aplicado em de-

terminadas localidades na Espanha, país re-

ferência em destinos turísticos inteligentes. A

criação de um observatório ou iniciativas

como workshops e oficinas, facilitaria não só

a difusão, como a compreensão e aplicação

prática do conceito.

Através da união de esforços é possí-

vel desenvolver uma inteligência territorial,

que, baseadas nos aspectos geográficos, sis-

têmicos, informáticos e de comunicação são

capazes de conformar uma estratégia que

contribua para o desenvolvimento destes

municípios (Luque-Gil, Zayas-Fernández &

Caro Herrero, 2015). A criação de um obser-

531

Gomes, E. L. ; Gândara, J. M. ; Ivars-Baidal, J. A. É importante ser um destino turístico inteligente? A compreensão dos gestores públicos dos

destinos do Estado do Paraná

Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 11(3), pp. 503-536, set./dez. 2017.

vatório facilitaria a obtenção de informações

/ dados, bem como utilizando inteligência, a

conversão deles em conhecimento, e com

isto, propiciando uma integração entre os

municípios e regiões, facilitando a troca de

experiências acerca do desenvolvimento

como um destino turístico inteligente, permi-

tindo a iniciativa pública e as empresas priva-

das tomarem decisões com base em conheci-

mento que gere maior possibilidade de

acerto.

A partir destas analises é possível afir-

mar que ainda há uma disparidade entre o

momento atual e a evolução para os destinos

turísticos inteligentes, no entanto, esse “en-

trave” atual pode ser considerado uma opor-

tunidade a longo prazo, onde as políticas pú-

blicas podem ser ampliadas, direcionadas e

flexibilizadas a fim de aumentar investimen-

tos para a evolução dos destinos. Com a par-

ticipação conjunta dos destinos nesse obser-

vatório ou iniciativas conjuntas com esta fi-

nalidade, essa realidade pode estar mais pró-

xima e com a articulação de iniciativas públi-

cas e privadas a criação de um ou mais desti-

nos piloto pode ser estabelecida no Paraná,

visando replicar os modelos já existentes e

adaptando-os a realidade brasileira.

6 CONCLUSÃO

A pesquisa sobre destinos turísticos

inteligentes é um campo muito vasto,

quando se compreende que um destino vai

muito além do que pode ser visto ou com-

prado. Múltiplas são as asserções e percep-

ções que permeiam os dois conceitos. No en-

tanto, a mínima compreensão do que repre-

senta cada um deles é suficiente para que

haja uma transformação no pensamento dos

gestores de empresas e destinos ao trabalhar

com o que é visto e comprado.

O presente artigo debruçou-se sobre

as discussões acerca do que é um destino tu-

rístico inteligente a fim de compreender

como o conceito é – ou vem sendo – traba-

lhado pelos municípios turísticos no estado

do Paraná.

Considerando a atual gestão destes

municípios, o presente trabalho revelou um

panorama sobre o que é conhecido e sobre o

que pode ser melhorado em relação ao con-

ceito de destinos turísticos inteligentes. A

pesquisa não teve a pretensão de criticar o

entendimento teórico ou mesmo as iniciati-

vas práticas presentes nos destinos pesquisa-

dos.

Por esta razão, o presente artigo trata

de ser uma contribuição acerca da teorização

sobre o tema (destinos turísticos inteligen-

tes) em relação à realidade brasileira. Apesar

de ser apenas um recorte em meio a um uni-

verso tão vasto, a pesquisa espera contribuir

para que o conceito possa ser melhor com-

preendido, e até mesmo operacionalizado,

elucidando potenciais e limitações que foram

passíveis de observação na análise realizada.

A pesquisa também revela uma opor-

tunidade de trabalho conjunto entre governo

e iniciativa privada. Como dito por Santos,

Souza Neto, Pereira, Gândara e Silva (2016),

estudos como esses permitem a criação de

diversos indicadores para a melhoria em um

destino, utilizando o princípio da “inteligên-

cia” a fim de oportunizar mudanças e proje-

tos no turismo nos municípios paranaenses.

Com o aporte do marco teórico – prin-

cipalmente focado na realidade europeia (es-

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panhola) – foi observado que, as realidades

tanto na operacionalização quanto no enten-

dimento do conceito de DTI ainda estão dis-

tantes. Porém, essa comparação permite a

compreensão de que o conceito é elástico,

logo, sua aplicação deve ser moldável a reali-

dade, evitando assim a proposição de objeti-

vos e metas utópicos perante a uma reali-

dade.

As análises feitas neste artigo tam-

bém revelaram que tornar-se um DTI a curto

prazo não é o foco dos municípios. A evolu-

ção desde o entendimento do conceito até as

propostas é algo que deve ser respeitado. Pe-

rante a uma realidade onde muitos dos mu-

nicípios ainda pleiteiam serviços básicos para

o turismo, a difusão do conceito de DTI pa-

rece ser algo inalcançável. Mas é frente a

essa realidade que os projetos estaduais ou

municipais devem se apoiar, pois ser e tor-

nar-se inteligente não sinônimo de ter domí-

nio sobre tecnologia de ponta, ou mesmo um

Big Data repleto de informações – que muitas

vezes não se transformam em conhecimento

-, ser inteligente está pautado em encontrar

soluções inovadoras para problemas antigos,

melhorar um processo, desburocratizar mo-

delos, mas acima de tudo moldando-se e res-

peitando a realidade que está presente. Caso

contrário, muito esforço e divisas serão em-

pregados e os resultados não serão notados.

Por fim, entende-se que o panorama

traçado aproximou a teoria sobre o que é um

DTI da realidade, permitindo verificar como o

conceito pode ser aplicado e futuramente di-

fundido para outras localidades. Mesmo que

o enfoque atual das gestões não seja tornar-

se um DTI, a difusão do pensamento já é o

primeiro passo para que as iniciativas gerem

frutos ao despertar os gestores para essa

nova realidade que se impõe.

Deste modo, pode-se dizer que, os

municípios paranaenses compreendem o

que é o conceito e veem vantagens em sua

aplicação. No entanto é necessário que esta

ideia se perpetue, seja através de oficinas lo-

cais, ou projetos globais envolvendo inicia-

tiva pública e privada ou mesmo órgãos de

economia mista para que os DTI não fiquem

somente nos conceitos e passem a ser reali-

dade.

Como sugestão, aconselha-se a repli-

cação do estudo em um futuro próximo a fim

de validar o mesmo e estabelecer uma com-

paração dentro de um recorte espaço-tem-

poral, aumentando o número de municípios

ou mesmo em estados diferentes, permi-

tindo assim traçar um panorama dinâmico e

multifacetado sobre o DTI em nível mais am-

plo. Como limitação de pesquisa neste es-

tudo, ressalta-se o erro amostral elevado

(9%), não sendo possível generalizar os resul-

tados para todo o universo de pesquisa, no

entanto, salienta-se a relevância do número

de respostas, conforme destacado anterior-

mente devido à importância e a representa-

tividade dos respondentes para a compreen-

são de como o conceito de destinos turísticos

inteligentes vem sendo percebido.

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Rev. Bras. Pesq. Tur. São Paulo, 11(3), pp.503-536, set./dez. 2017.

Professor e pesquisador no Departamento de Tu-rismo, no mestrado em Turismo e no doutorado em Geografia da UFPR. Coordenador do Observatório de Turismo do Paraná. E-mail: [email protected]

Josep A. Ivars-Baidal Doutor em Geografia e Mestre em Turismo pela UA, Espanha. Professor e pesquisador do Doutorado Inte-runiversitário em Planejamento e gestão do desenvol-vimento turístico da Universidade de Alicante. Diretor-Secretário do Instituto Universitario de Investigacio-nes Turísticas e ex-diretor do INVAT-TUR, Espanha. E-mail: [email protected]