Post on 07-Jul-2018
8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1
1/30
C PiTULO
comunicar o no corarao da o ernidade
UM DEBATE
TEORICO
FUNDAMENTAL
Poucos serores tao vitais para a sociedade
contemporanea
como
a comunicayao tecnol6gica sao tambem tao recenres, uma vez
qu
e, do inicio ao fim , a
hi
st6r
ia
do telefone, do ci nema, do radio,
da tel
ev
isao, da inf
or
ma
ti
ca tern apenas urn sec
ul
o de existencia.
Mas as ruptu
ras
inr rod uz
id
as por essas tecnicas foram tao violentas
levadas em urn ritmo tao rapido, que
se
tern a impressao de que es
tao ai desde
se
mpre
ainda que a chegad
a
para o gra
nd
e publico, do
trans istor data de 1955, 1
9
0 para a televisao e d
os
an
os
70 para o
computador. Cerram
ent
e, h
av
ia antes disso a impren
sa
e
as
edito r
as
m
as
sua inscriyao na sociedade e mais a
nt
iga
e
p
ri
ncipalmenre nao
atingia a todos.
A
es
peci ci dade das tecnologias de co
muni
cayao
do sec
ul
o
XX com a transmissao do som e da imagem e a de alcanya r todos OS
publicos,
ro
d
os
os mei
os
sociais e culturai
s.
Por principia,
as
midi
as
do
sec
ul
o XX
es
tao in
sc
rit
as
na 16gica da maio
ria.
E
se
ha um s
imb
olo
da sociedade de hoje
es
te e realme
nt
e o trip
e:
sociedade de c
on
s
um
o,
democr
ac
ia ae ffiassa e midia-;de m
as
sa. £esse tripe que coloca no
c
or
ayao da sociedade conrempod.nea a qu
es
tao tao essenc
ial
, e tao
pou
co
anali
sa
d
a
da maio
ri
a e das massas.
Os meios de comunicayao de massa sao, na o rdem da cultura
e da comunicayao, o cor
res
po
nd
ente
aques
tao da maiori
a qu
e surgiu
c
om
a democr
ac
ia de m
assa eo
sufragio uni
ve
rs
al
. Dito de
outr
a ma
neira , o gra
nd
e publico d
as
m di
as
de massa
eo
equiv
al
e
nt
e
na
ord
em
da cul tur
a
ao sufragio uni
ve
rs
al
na ordem da politic
a.
Sao conceitos
norma
ti
vos centrais ant
es
de
se
rem element
os
empiricos.
A revolu
ya
o da comunicayao e entao ao mesmo te
mpo
urn
fenomeno recente uma ruptura radical, como tambem uma realidade
adaptada
a
sociedade de m
assa
do
se
culo XX, da qual e em parte o
29
8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1
2/30
s
imb
olo. Nunca mais nada serd como antes
do
surgimento dos meios de
comunicardo de massa . M as , ao mes
mo
te
mp
o, tem-se a
impr
essao de
qu
e a rev olu
8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1
3/30
felicidade individual e coletiva a capacidade
de
estar plugado e
multiconectado
Com o seguinte
complemento:
qualquer critica,
qualquer ceticismo exprime e manifesta um
recusa
ao progresso e ao
futuro um vez que
atualmente
a ideia de progresso esra
estritamente
identificada com as novas tecnologias de comunica
8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1
4/30
sociedade ao ritmo das novas tecnologias. As midias
que
comentam
essas
evolus;6es
tem sua parte de responsabilidade na co rrida para a
revolus;ao da comunicas;ao, pois nao tem di
stinc
ia critica e retomam
para si o discurso dos industriais . A imprensa, normalmente cetica,
fi
ca devendo nesse caso. Para nenhum outro dominio da sociedade
a imprensa aceitaria, a este ponto ,
se
transformar em simples
int
er
medii ria dos
int
eres ses e dos discursos de industriais da informas;ao
e da comunicas;ao. E e exatamente o
qu
e faz hi mais de
uma
decada,
publica
ndo
um
num
ero incalculivel de suplementos escritos
ou
audiovisuais sobre
as
novas tecnologias, cit
ando
cons
tantememe
os
Esrados Unidos como urn modelo a seguir, denunciando o atraso das
mentalidad
es
na Frans;a . Esses suplementos constituem na realidade,
nem mais, nem menos, informes publicitirios. Ninguem, nos ultimos
dez anos, ousou problematizar esse adesismo inacreditivel com medo
de rornar-se suspeito de hosrilidad
es
contra essa revolu
s;ao. Dito
de
Outra forma,
0
umping
ideofogi o
e tal que mesmo
S
jornalistas assi
miJaram essa am
eas;a:
questionar, ser critico e se r hostil ao progresso.
Minha hip6tese e simpl
es
: toda mudans;a tecnica, ou es trutu
ras;ao de um novo mercado, nao e uma ruptura na economia geral da
comuni
cas;ao
pois uma economia da comunicas;ao em escala individual
ou
soc
ial
e algo bem distinto de uma tecnologia. Se
um
a tecnologia de
com uni
cas;ao
dese
mp
enha um papel essenc
ial
, e porque
si
mboliza, ou
catalisa, uma ruprura radical de ordem cultural ocorrendo simultane
amente na sociedad
e. Nao
foi a imprensa que por si, transformou a
Europa, mas sim, a ligas;ao entre essa e o profundo movimento que
subverteu
0
poder da lgreja Cat
li
ca. Ea reforma que deu sentido
a
revolu
s;ao
da imprensa e nao a imprensa que permitiu a Reforma.
Da
m
es
ma forma o ridio e depois a televisao, que tiveram tal impacto
por estarem ligad
as
ao profundo movimento em favor da democrac
ia
de massas .
Dito de outra forma , de
um
a tecnologia de comunica
s;ao
o essencial e menos a performance da ferramenta
do que
a ligas;ao
ex
isten te e
ntr
e essa tecnica, o modelo cultural de relacioname
nto
dos
individuos e o projeto para o qual essa tecnologia
es
ti destinada. A
32
8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1
5/30
tecnica nao eo suficiente para
mudar
a comunicac;:ao
na
sociedade,
e
por essa razao que numerosas revoluc;:6es das tecnologias de co
muni
cac;:ao nao tiveram o impacto esperado
2
, simplesmente
porque
nao estavam em sintonia c
om
nenhum
movimento
mais geral relativo
aevoluc;:ao do modelo cultural de comunicac;:ao.
E entao certamente a recusa em pensar verdadeiramente a
comunicac;:ao que explica a ascendencia excessiva do discurso tecnico
e econ6mico. Eassim que
se reforc;:a
a ideologia tecnol6gica atual, a
qual considera que uma revoluc;:ao nas tecnicas e a
cond
ic;:ao para
uma
revoluc;:ao n
as relac;:6es
humanas e sociais. Se houvesse urn pouco mais
de interesse atribufdo aos trabalhos existentes
so
bre a televisao, as mf
dias, as novas tecnologias eo papel de cada
uma
delas na sociedade
3
,
nao haveria
ta
l adesismo tecnol6gico e econ mico nos ultimos vinte
anos. Essas duas ideologias que atualmente saturam a problematica
da comunicac;:ao sao o sintoma mais visfvel da recusa em aceitar que
es
sa
se
ja ourra coisa que nao tecnologi
as
e urn mercado.
Em s
uma
, se
as
tecnologias sao o elemento mais _visfvel
_
d
?
comunicac;:ao,
o essencial e com certeza o modelo-GH ltural
qu@
@
.as
veiculam e
0
proje_ o relativo ~ papel e
a
organizac;:ao
do
siste
ma
d
e.
comunicac;:ao de uma sociedade. Mas es ta corrida contra o tempo das
tecnicas apresenta o trunfo consideravel de evitar uma reAexao do
conjunto
e de oferecer uma co
mpr
eensao aparentemente imediata.
R
es
ultado? Observa-se uma sucessao de modismos, cada urn
ma
is
efemero que
0
outro. Vejamos OS dos ultimos quinze anos:
primeiro
foi
a se
du
c;:ao pelo
s
t rprivado A tele
vi
sao privada deveria
mudar co
mpl
eta mente tudo e tornar definitivamente obsoleta a
tel
ev
isao publica. Ficarfamos surpresos caso retomassemos urn certo
num
ero de declarac;:6es
fe
itas ha
quin
ze anos que clamavam pela
li-
berdade da televisao privada. Atualmente, descobrem-se as exigencias
dr
asticas das leis
do
mercado, pois, be
rn
e
nt
endido, o merca
do
nao
resol
ve
u,
como
p
or
urn passe de magica, codas as dificuldades atri
buidas anteriormente a elevisao publica. D epois
foi
a chegada das
midias tematicas. Tudo o que as midias generalistas nao conseguiram
transmitir o seria pela radio e a televisao tematicas. D eve ainda
es
tar
33
8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1
6/30
na memoria o que a
televisdo a c bo
deveria mudar nos anos 70 e 80.
s
rel
a
8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1
7/30
uma
individualiza
8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1
8/30
e o d
es
tinatario
sempr
e
pr
o
nt
o a crer em
tudo qu
e lhe di
ze
m,
se
m
a
uton
omi a nem disd.nc
ia
cririca. N ega-se ta
nto
a disrancia cririca
do
emi
ss
or quanto a dimensao normativa do emissor, isto e, a po
ss
ibi
lidade de
uma
cerra
int
erc
ompr
een
sa
o.
A antiga
d e c o n f i n ~
em
~
o acomunica
r
ao e ainda mais
paradoxa na medida em
qu
e
a comunicariio
e
u valor de eman
ci
-
pariio no dmago da cu tura ocidenta .
D
es
de o sec
ul
o XVI
,
el a e o
co mpleme
nt
o e a co ndi
r :ao
de todas as emancipar :oes do individuo.
A reivindi
car :ao
da liberdade de comunicar e evidenremente fruto da
lon ga batalha iniciada na Renascen
r :a
pelas liberdad
es
de c
on
scien
cia, de pensamento, de
ex
pressao, depois a partir dos seculos XVII
e XVIII pela liberdade edito rial e de imprensa. No seculo XJX, a
reenconrramos na lura pelas liberd ades de associ
ar :a
o, de manifes r
ar :ao
e de parricipar :ao politica. No sec
ul
o XX, ela es t i diretamente ligada
ao s
ur
gimento da democracia de massa, com o s
uf
ragio universal e
a
inf
o rm
ar :ao
para todos. Em suma,
OS
tr
es
seculos
pr
ecede
nt
es,
qu
e
viram a lu
ra
pela liberdade individual, depois pela igualdade, sao
ind issociaveis da probl emarica da co
muni
car :ao. Nao hi sociedade
aberta nem democra tica sem liberdade de informar :ao e de co
mu
n i c ~ o e as batalhas pela democracia, pela liberdade de imprensa;
depois do
ra
dio e da rel ev isao, sempre tiveram sua ar :ao inscrita nes ta
perspectiva de emancipar :ao do homem .
0
paradoxa da comunicariio
e entao 0 se
guint
e: trata-se de urn
dos valores essenciais da cultura politica ocid ental da mesma maneira
que os conceitos de
iberdade, igua dade e ftaternidad
e. Mas el a
nun
ca
co nquistou a m
es
ma legirimidad
e.
Ass im ,
as
tecnologias e as midias
de massa encontram-se re
du
zidas a urn processo de tra nsferencia de
inAuencia e de manipul ar :ao. N o Iu gar de
ve
r n
as
defasagens inco m
preensi
ve
is e
ntre
a 16gica do emisso r, da mensagem e do recepto r a
prova da liberdade do homem, acredi to u-se detectar o efeito de uma
"
rn
a comuni
car :ao
". Tem-se entao, natura
lm
ent
e
medo d
as
m idias
de massa
e esqu
ecendo as defasagens inevitaveis entre as tr
es
1
g
icas,
acred itou-se que as
mi
dias de massa, por su
as
pe
rf
ormances tecnicas,
raciona
li
zassem ainda mais a comuni
car :ao
e
es
tabelecessem uma
36
8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1
9/30
transmissao ainda mais eficaz entre emissor, mensagem e receptor. No
mesmo movimenro, acreditou-se que essa transmissao mais eficaz acen
tuaria os mecan ismos de influencia e como se passava da sociedade
liberal individualista a sociedade ig
ualitiri
a de massa, es
ti
gmatizou
se com mais
razao o efeito de padronizac;:ao e de manipulac;:ao das
midi
as
de massa. Ve-se isso
muit
o
nitidam
ente com o exe
mplo da
comunicariio politica Essa e idenrificada
com
o marketing politico, a
publicidade e a manipulac;:ao, a
ind
a
que
a exisrencia da comun
icac;:ao
politica seja diretamente ligada a democracia de massa e as mfdias
de
massa.
Como
real
mente
imaginar o
funcionamenro da
de
mo-
cracia de massa sem comuni
cac;:ao publi
ca em grande escala?
Como
organizar urn de
bat
e polftico em nfvel
de
rodo urn pal
s,
resultado
co nquista
do
duramente depois
de
dois seculos de batalhas politicas,
sem urn
espac;:o publi
co estimulado pela
comu
nica
c;:ao
politica? A
comunicac;:ao politica
eo
terceiro pe
da
democracia, com o sufd.gio
universal e
as
mfdias
de
massa, a
ind
a
que
seja objeto de constanres
suspeitas, alimentadas, e verdade, pelos publicid.rios e assesso res,
qua
nd
o,
por
vaidade,
atr
ibuem a suas fo rmul
as
uma tal vitoria
do
sufragio universal. Essas
br
avat
as
inevid.veis nao deveriam obscurecer
o papel essencial
desempenhado
pela comunicac;:ao politica co
mo
co ndi c;:ao da democracia de massa. Mas apesar desse papel essencial,
a comunicac;:ao politi ca desfr
ut
a de
uma
fraqufssima leg
itimidad
e,
ainda mais fraca
qu
e a das mfdia
s,
simplesmenre porque pesa sobre
ela, talvez ainda mais que as outras, o es tereotipo da manipulac;:ao.
E. ali as, a insuficiente valorizac;:ao dos co nceitos de
co
muni-
cac;:ao e a desco nfian
c;:a
recorrente em relac;:ao as mfdias generalistas
que exp li cam a situ
ac;:
ao arual: a--sed_us_ao lJ e las novas tecnologias.
Essas estao imbufdas de rodas as
virrude
s negadas as mfdias de
massa. Talvez porque o cararer individual e ludico par
ec;:a
iniciar
uma nova etapa, ainda
qu
e a utilizac;:ao individual press uponha
uma
enorme infraestrutura Essa e imperceptive pa ra o usuario ,
qu
e ve
somente o terminal. Entretanro, para permitir uma tal interconexao,
ela
e necessa riamente muiro g
rand
e. M as fica re
tido
apenas o uso
individual, ve-se so
ment
e 0 te
cl
ado.
37
8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1
10/30
Agora se pode resumir os
quatro tempos
desra anriga descon
fian
8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1
11/30
se com uma co munica
c,:ao
em grande escala mais performatica
qu
e
a comunicac,:ao humana. Ao mesmo
tempo
desconnamos dela por
ser justamente em gra
nd
e escala. Descobre-se flnalmente
qu
e ela nos
influencia pesso
almente
menos
do qu
e se diz, mas
ai
nda se
mantem
a
certeza de
qu
e e
la
influencia o vizinho.
4. A inversdo da problemdtica com s novas tecnologias. Tudo
parece possfvel novamente . A pe
rformance
das ferramentas faz co m
qu
e se esquec,:am as dinculdades
da com
uni
cac,:ao
interpessoal , e a
individuali
zac,:ao
ace ntua ainda mais este se
ntimento:
flnalmente e
o indivfduo so, livre,
qu
e inicia a co
muni
cac,:ao.
Em
meno
s de
de
z
anos se oscila da desconflan
c :a
para a connanc :a: as novas tecnologias,
por se u desco
mpromi
sso e performance, terao ex ito onde
OS
homens
jam
ais co nsegu
iram
. Esquece-se a ferramenta para
sonhar
com
uma
comunicac,:ao humana
e social diret
a.
Alias, nao dizem
que
a
int
era
tividade da
et
e
superior
a
int
eratividade humana?
A desconflan
c :a
p
erman
e
nc
e em rela
c,:ao
as
midias
de
ma
ssa e
tao desproporcional
quanto
a connanc :a abso
luta
em relac,:ao as novas
tecno l
og
i
as. m b a ~
rraduzem os problemas
nunc
a
bem
resolvidos da
comunicac;:ao interpessoal e da desconflan
c;:a
em
relac;:ao
a
qualqu
er
comunicac;:ao em gra
nde
escala.
Na real idade, a questao e sempre a m
es
ma. A comunicac;:ao
sempre ambfgua no plano da
ex
perienc
ia
precisa ser mediatizada pelo
conhecimento. Construir teorias, compr
ee
nder os lac;:os exjstentes entre
teo ria da comunicac;:ao e teo ria da sociedade, entre tecnicas e necessidades
hum
ana
s,
permitem um distanciamento em
relac;:ao
ao excesso de pro
messas. Em suma, fazer uma triagem entre a comunicac;:ao normativa e
a comunicac;:ao funcional, entre as promessas e a realidade, entre o irreal
da comunicayao e suas diflculdades concretas.
A distinc;:ao
entre
os dois tipos de comunicac;:ao, a ideal e a
simpl
es
necessidade, e
fundam
ental e nao so
br
ep6e, alias, a oposic;:ao
comunicac;:ao
direta e comunicac;:ao medi
at
izada pela tecnica.
Tanto
se pode ter co municac,:ao normativa em um processo de comunica
c;:ao
mediatizada pelas tecnologias
qu
anto co municac;:ao funcional nas
trocas diretas .
A oposifdo ndo eentre a boa comunicafdO
humana
e
39
8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1
12/30
a md comunicarao
tecnica
.
Seria falso e muiro simples. A
oposi
8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1
13/30
8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1
14/30
8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1
15/30
niveis da prodl (
ao - difusao e recepc;:ao de imagens- distinguir nas
imagens aquelas que remetem a ealidade daquelas que sao provenien
ces da simula
c;:ao
.
5
Nisto reside seguramente o perigo mais serio das
mutac;:oes atuais, pois, para alem do debate filos6fico essencial sobre
o
que
e realidade e experiencia, uma tal mescla de generos pode ter
consequencias culturais e principalmente, politicas graves.
Ora, curiosamente, essa distinc;:ao essencial, tipo de £statuto
intangivel minimo* devendo ser objeto de uma regulamentac;:ao
"internacional", se impondo a todos OS agentes da imagem, nao e
levada adiante. Como se, na longa tradic;:ao de suas
relac;:oes
cop1
a imagem, os homens agora considerassem vantajoso deixar que
se entrelacem imagimirio e realidade, ficc;:ao e real, simulac;:ao e
materialidade .. Evidentemente tal £statuto seria
extremamente
complexo: quem poderia decidir o que e
uma
"boa'' imagem? A partir
de quais criterios? Deveria-se aplici-la a todas
as
imagens, mesmo
as
produzidas no
campo
artistico
ou
cientifico? Se urn acordo parece
dificil, o debate nesse meio-tempo teria o merito de ser
lanc;:ado
as
questoes seriam colocadas e poder-se-ia ao menos tentar aplicar os
prindpios gerais do direito ao problema das novas imagens.
Percebe-se o paradoxa de tal situac;:ao. Ecuriosamente sobre
o terreno mais
movedic;:o das novas tecnologias - a distinc;:ao entre
o real e o virtual - que o silencio te6rico mais se
faz
sentir, quando,
mesmo entre os que se interessam pelas novas tecnologias, parece que
ninguem sequer sonha em questionar suas performances e urilizac;:ao.
Nao se tern razao
quando
se desconfia
da
imagem, exceto sobre urn
ponto, o virtual, nao identificado como tal, enquanto paralelamente
nao
se
desconfia das novas midias que, justamente, sao urn dos locais
privilegiados do virtual.
rscuRsos
INFLAMADos E SILENcro TE Rrco
Uma das maiores dificuldades vern do fato de que a
comu
nicac;:ao atualmente e objeto de um grande numero de discursos. Se
todos esses tem uma legitimidade, eles permanecem, no
conjunto
parciais. Nao por tratarem apenas de uma parte do problema, mas
4
8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1
16/30
porque tern a tendencia de
se
tornarem, por si mesmos, teorias , ou
ao menos de
se
apresentarem como autossuficientes.
Em ordem cronol6gica, pode-se citar o discurso dos politicos
seguido daquele
dos
juristas.
Tanto os de esquerda
quanto
os de direita
defendiam a prindpio
uma
orienta
8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1
17/30
tendeu a retomar a 16gica propria do mercado, sem ter claro que a
pressao
do
mercado nao impedia que se mantivessem os objetivos
do servi
8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1
18/30
d6lares, eles fazem e desfazem imperios, concentram e fazem fus6es,
fascinando os observadores como fascinavam capitaes dos imperios
siderurgicos do seculo XIX.
6
omo
OS grandes grupos mundiais de
comunica
8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1
19/30
do que das elites. Para muitos deles, reclamar
uma
politica de con
unto
para o audiovisual tern incontestavelmente urn perfume de arcaismo
0 mais surpreendente e
que tudo
isso aconteceu
muito
rapi
do
, em menos de
uma
gera
8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1
20/30
fraternidade- explica em boa parte a desconfian
8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1
21/30
Ao mesmo tempo que a desejamos, dela desconfiamos, visto que a
performance tecnica parece resolver as dificuldades da co
muni
cayao
direra,
simulraneamente
amplificando seus riscos.
Diro
de
outra
forma a resistencia aanalise fo i
0
contraponto ao sucesso ripido e
popular das tecnicas. Uma maneira inadequada de exprimir a des
confianya em
relayaO
acomunicayaO.
2. Segue-se a dificuldade de analise Todo processo de
comu
nicayao,
uma
vez que integra
as
relay6es entre emissor, mensagem
e receptor, e comp lexo. Nao existe nenhuma conti
nuid
ade , nem
complementaridade entre essas
t r c ~ s
l6gicas, e a recepyao e a mais
complicada para se compreender. A ausencia de tradiyio intelectual,
a dificuldade em integrar os trabalhos anteriores em materia de lire
ratura, lingu1stica, ret6rica, a fragilidade dos rrabalhos pragmaticos
e S recentes problemas colocados pelo radio, depois pela televisao e
atualmente pelas novas recnologias, explicam o
fa
to de a comunicay
io
mediatica ser urn dom nio ainda mais vasto e entao mais complicado
de se entender
do
que a comunicayio humana ou a co
muni
cayio
por
textos. lsso porque cada nova tecnica vern
acompanhada
de urn
discurso relativo a urn "novo" v ncuro entre comunicayao e s-ocledade;
·
u
e nao simplifica em nada a analise.
3. A terceira razao diz respeito avontade de ber sobre essas
mut
ay6es. Ela e menos vis vel do que hi trinta anos, como se o su
cesso d
as
novas m dias trouxesse com ele
as
resposras aos problemas
colocados. Os mercados responderam",
pod
eria se d ize
r.
Resta
realme
nt
e algo em que pensar? Urn exemplo dessa fragil vontade de
saber: a dificuldade em pensar o estaruto da
identidade
Ontem, a
identidade estava no lado da ordem e da tradiyio, a comunicayio no
lado da aberrura e
da
emancipayio. Hoje, em
uma
sociedade aberra,
o problema da identidade se coloca u i d d pois quanto m i .
ha comuni
cayiO, mais e preciso reforyar a identidade individual e
C
le tiva. No entanto, esse terreno te6rico, consided.vel e apaixonante,
nao e em nada engajado, pois se continua a considerar a identidade,
como hi urn seculo, urn freio ao progresso. E e e
s r i o
entao- re- .
"'--
valorizar a problematica da identidade e relembrar incessantemente
49
8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1
22/30
que
falar em identidade individual ou coletiva e remeter sempre a
ideia de
uma
identidade dinamica conceito indispensavel
quando
se
quer
en
tender
alguma coisa sobre a modernidade.
4. A quarta razao e a ideia ligada a o n i p r e s e n ~ da tecnologia
em todos os atos da vida cotidiana. A partir
do momenta
em que a
tecnologia esta presente no escrit6rio em casa na prestac;:ao de servic;:o
e
no
lazer a banalizac;:ao daf resultante e tranquilizadora. Mais vale
aprender a tirar proveito da tecnologia visto
qu
e e cada vez mais se
dutora barata performatica . Por que nao aproveitar esses servic;:os que
nos fascinam? Nesse caso nao sao somente
os
mercados
ou
o discurso
dos industriais que invalidam a necessidade de
conhecimento
sao
os atos mesmo da vida cotidiana na sua:\Janalidade mais E_ :ofunda.
A utilizac;:ao parece ser a melhor resposta -para as necessidades de
conhecimento.
5. A quinta razao dessa resistencia a analise vern dos meios
intelectuais.
Esses se
sentiram
erroneamente ameac;:ados
em
sua
cultura
de elite ate em seu papel com o surgimento das mfdias
generalistas que quase automaticamente
mudaram
as
front
eiras
entre cultura de elite cultura media cultura de massa e
cultura
p rti ul
y l,
sem
quesrionar alias seus papeis. Eles nem mesmo
viram como o alargamento
da
comunicac;:ao lhes beneficiaria
uma
vez
que
em urn segundo
momenta
esse
alargamento
se
traduziu
por
uma
demanda
de
conhecimento
a seu respeito.
Em
todo
o caso
OS
meios
intelectuais
se
inquietaram
logo que surgiu
0
radio nos
anos
30 pois acreditaram
desde
ja que seria uma ameac;:a ao livro
e ao
jornal.
0 silencio e
depois
a critica se instalaram.
Quanto
a
imprensa escrita que tambem falava das virtudes da democracia
essa desconfiou enormemente da comunicac;:ao de massa vendo-a
essencialmente como uma
concorrente.
Talvez seja a reticencia
em
relac;:ao
a questao da maioria
que
explique em contrapartida
a frequente adesao as novas tecnologias.
6. A sexta razao e a dificuLdade teorica em se vincular proble
maticas muito antigas relativas aos modelos psicol6gicos filos6ficos
literarios e a comunicac;:ao
humana
classica assim como a explosao da
50
8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1
23/30
comunicac;:ao tecnol6gica em que
as mudanc;:as
foram prodigiosamen-
te rapidas em meio seculo. A imensidao do campo te6rico, o
es
pac; o
crescente ocupado pela tecnologia , alterando fundamentos ancestrais
da comuni
cac;:ao
provocaram urn fenomeno de transigencia , vis to
que
tudo
isso se faz acompanhar do medo de ser ultrapassado , nao
estar mais na onda''.
Quanto
mais a comunicac;:ao tern dificuldade
em se
impor
como desafio cientifico e te6rico , mais a ideologia da
mod
ernidade se imp6e com
forc;:a.
E e assim que as mesmas elites
culturais
que
eram fortemente
ho
stis as midias de massa se con-
verteram ruidosamente
as
vi
rtud
es
das no
vas
tecnologias, da
ndo
0
sentimento de que nao ex istia problematica de conjunto nesse setor e
que as inovac;:6es tecnicas permitiam fazer a economia de uma analise
sempre dificil de empree
nd
er.
7. A setima razao diz respeito a comun icac;:ao como objeto do
sab
er A comunicac;:ao nunca e urn objeto neutro para n6s, pois a
comunica
c;:ao
esta sempre em debito conosco.
Cons
tituriva de nossa
relac;:ao com o
mundo
ela cr
ia tanto
projetos
quanto
decep
c;:6es
e
reveses,
tanto sonhos quanta desilus6es. Nesse caso mais do que nos
ourros, n6s somos credores. 0
hom
em nunca esta neutro em rel
ac;:ao
a comunicac;:ao e raramente fica a vontad
e
0
qu
e explica,
se
m duvid
a
urn
pou
co da corrida contra o te
mpo
das novas tecnologias . N ao se
quer saber muito so bre a co
municac;:ao
porque essa
no
s alcan
c; a
sempre, com
no
ssos sucessos e
no
ssos fracassos, e
nqu
a
nto
a tecno-
logia, por suas performanc
es
e sua racionalidade, da a impressao de
urn
dominio
possivel do te
mpo
e do
es
p
ac; o
.
8. A oitava razao e fr c dem nd
de
conhecimento por parte
da sociedade. O s mercados
es
tao de tal forma em expansao que as
quest6es colocadas alimentam mais o mercado do que os
es
tudos: uti-
lizamos os se rvic;:os; dominamos os mercados; avaliamos a demanda;
prestamos mais aten
c; ao
na imagem do
que
na ana
lis
e, visto
que
por
enquanto nao ha nem conflitos nem c
ri
ses serias obrigando a urn
distanciamento.
E
urn pouco a politica do avestruz, pe
rf
eitamente
compativel com a existencia de urn setor em expansao, considerado
como simbolo da modernidade.
5
8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1
24/30
9. A
nona
razao e a mplitude do movimento
com
o qual as
elites assim como os politicos e os jornalistas
contrariamente
ao
que
aconteceu
com
as
midias
de
massa se mobilizam pelas novas
tecnologias. 0 modismo e a fascina
8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1
25/30
legitimidade cultural e intelectual.
Nao
apenas pela falta de urn grande
interesse pelas teorias da comunica
8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1
26/30
levisao publica era iminente.
Que
surpresa constatar que hoje, em
quase toda parte , nao apenas a televisao publica estag
nou
a
qued
a
de audiencia, mas principalme
nt
e
qu
e o seu publico co
ntinu
a
fi
e
.
Em
quase todos os pafses da Europa a audiencia do setor publico
representava, em 1998, entre
40
e 50 . Alias ,
foi
o publico que,
dia ap6s dia, deu seu voto para
as
mfdias
do
setor publico, pois tanto
a esquerda como a direita, tanto as el ites
quanta
a classe politica,
nin
guem hi dez anos visl umbrava urn futuro para as mfdias
do
setor publico. Co
mo se, no territ6rio sem bussola
dess
a imensa
revolw; ao da
co
munica
8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1
27/30
tersubjetividade,
de suas fragilidades, de seus reveses, mas tambem dos
seus ideais qu e se encontram os principais desafios da comunicac;:ao.
0RIENTA
8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1
28/30
ECO , Umberro. La Structure absente. Mercure de France, 1992.
EHRENBERG , A La Fatigued ·hre soi.
Odil
e Jacob, 1998.
ELIADE, M. Images et symboles. Ga llimard, Co
li.
T
el
", 1979.
E
LI
AS, N.
Engagement et distanciation.
Pocket , 1996.
ELIAS, N. La societe des individus.
Fa
ya rd, 1991.
ESCARPIT,
R.
L'Information et a communication. Theorie generate. Hacherre Edu
cation, 199 1
ESCARP T, R. Theoriegenerale de 'information et de Ia communication. Aubier, 1983.
ESCARP T, Rober r. L'Ecrit et fa Conununication. PUF, 1993.
FURET,
F.
Lepasse d 'une illusion: essai sur 'idee communiste au XX siecle, LGF, 1996.
GAILLARD,
F.
POULAJN, /. , SC
HU
ST ERMAN, R.
so
us Ia dir. de). LaModemite
en questions.
Le
Ce rf 1998.
G
IDD
ENS,
A.
,
The Transformations of ntimacy.
Stanford University Press, 1992.
GOODY, Jack. Entre l'oralite et Lecriture. PUF, 1994.
HABERMAS, Ji.irge n. Le Discours philosophique de Ia modernite.
12
conferences.
Ga
ll
imard , 1988.
HABERMAS,
Ji.ir
gen. Morale et communication. Flammarion , coli. « Champs ». 1999.
HAWKING, Stephen. Une breve histoire du temps. Flammarion, 1989.
HERM
ES,
no 15116, Argumentation et rheto rique ».
CN
RS Ed itions, 1995.
HIRSCHMAM , A. Les Passions et les fnterets. Minuit, 1985.
HORKH EIM ER, M. , ADORNO , T W. La Dialectique de Ia raison, fragments
philosophiques.
Ga
lli
mard, 1985.
JOCAS, Yves de. lheorie generate de 'information. Assises formelles du savoir et de Ia
connaissance. Montreal , Logiques. 1996.
KEKENBOSCH,
C
La Memoire et
le
Langage.
Nat
han, 1994.
KLINKENBERG, Jea n-Marie. Precis de semiotique generate. Bru xe
ll
es, De Boeck
Un ive rsit
e,
1996.
L'Annee sociologique, Argumenration dans les scien
ces
sociales , val. 44, PUF, 1994.
LAFOREST, G., LARA, P. d
e.
(sous
Ia
d ir. de) , Charles Taylor et 'interpretation de
l'identite moderne. Le Ce
rf
, 1
998
.
Le Portique,
Revue de philosophie et de scien
ces
humaines, La Modernite
»,
no I ,
1 semes tre 1998.
LEFORT,
C
L'fnvention democratique. Fayard, 198 1.
LEMAIRE, Paul
-Ma
rce
l. Communication et Culture.
Quebec, Presses de l'universite
Laval , 1
989
.
LEVl-STRAUSS, C Anthropologie structurale. va
l.
I . Pion , 1973 .
LEVI -STRAUSS, C La Pensee sauvage. Pocket, 1985.
LEVI-STRAUSS, C Le Regard eloignt. Pio n, 1983.
LYOTARD, F. La Condition postmoderne.
Minuit
, 1979 .
MARC
USE. H .
L"Homme unidimensionnel; e
tud
e s
ur
l'ideologie de
a
societe indus
trielle avancee.
Minuit
, 1968 .
MART
IN, Michele. (sous Ia dir. de). Communication informatisee
et
societe. Sa inte
Fay, Tde-U niversite, 1995.
MATTELART. Armand. La Communication-monde. Histoire des idees et des strategies.
La
Decouverte, 1991.
MATTELART, Armand. L fnvention de fa communication. La Decouverte, 1997.
MAUSS, M . Ecrits politiques, textes reunis et presenres par Marcel Fournier. Fayard ,
1997.
56
8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1
29/30
MESURE. S., RENAUD , A. La Guerre des Dieux. Essai sur
a
querelle des valeurs.
Grasser, 1996.
M
EUN
IER, Jean-P ier re, PERAYA, D ani e
l.
Introduction aux theories de
a commu
ni
cation. Bruxe lles, De Boeck, 1993.
MIEGE
Be
rnard . La Pensee communicationnet/
e.
Presses un ive rsitai res de Greno
bl e,
199
5.
M IEGE Be rnard . La Societe conquise par a communication . Presses universitaires
de G renob le, 1987.
MOLES, A. 7heorie structurale de a communication de a societe. Masson, 1986.
M OLIN fER,
P
Images et representations sociales. Presses universiraires
de
G renoble,
1996 .
M
UCCHI
ELLI, A. Les Sciences de 'information et de
a
communication. H achette,
1995.
M
UCC
HI
ELLI,
Al
ex,
CO
RB
ALAN , Jean-An to in
e,
FERRAN
D
EZ
Valeri
e. Theorie
d
es
p
rocessus
de a communication. Arma nd Co lin, 1
998.
O Sul
liva
n, T im eta .
, K
ey
Concepts
in Communica
tion
and
Cultural Studies.
New
Yo rk, Rourledge, 1
994.
PAILLIA.RD, I (sous Ia dir. de).
L'Espace
public
et Emprise de a communication.
Gren
ob
le, Ellug, 1995.
RENAUT A. L'Ere de l'individu. Contribution une histoire de
a
subject
iv i
t
t?
Ga
ll
imard , 1989.
RENAUT,
A. L'Jndividu.
Racier, 1995.
Raison presente,
«Avons-nous ra ison d etre universal isre ?» 2° trimesrre 1
997
no 1
22
.
Sciences humaines,
8/19/2019 Wolton (2012) - Capítulo 1
30/30
NoTAS
I.
O
bras
so
br
e esse tema sao bas ta
nt
e
num
ero sas . Uma sel ec;:iio de urn cerro
num
ero
de drulos disponiveis em
fr
ances
see
nco
ntr
a na bibliogra
fi
a do
ca
pitulo 2. A
est