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DEZEMBRO/2012 ANO 17 Nº 71
Viação Progresso
A ABRATI homenageia três A ABRATI homenageia três líderes do setor de transportelíderes do setor de transporte
O Prêmio O Prêmio ANTP/ ABRATI de ANTP/ ABRATI de Boas Práticas no Boas Práticas no Transporte Terrestre Transporte Terrestre de Passageiros de Passageiros destaca as seis destaca as seis empresas vencedoras empresas vencedoras da edição 2012da edição 2012
gresessossoVVVViaç ProgrViação P
Seis décadas de dedicação à qualidade
umárioS
Apesar de realizar-se em
momento de crise da economia
mundial (e especialmente da
economia europeia), a 64ª
IAA, maior feira de veículos
comerciais do mundo, repetiu o
sucesso das edições anteriores.
Sua principal marca foi a
inovação, fortemente apoiada na
eletrônica embarcada.
Paulo Bellini, fundador da
Marcopolo, une-se a quase uma
centena de amigos e colaboradores
para contar a história do grande
empreendimento de sua vida.
Exposições de
ônibus antigos,
como a Viver,
Ver e Rever,
transportam os
visitantes para
um passado cheio
de recordações
marcadas pela
saudade.
A Viação Progresso, de
Três Rios-RJ, comemora
60 anos de atividades
renovando parte de sua
frota e aperfeiçoando o
processo de gestão.
1212
4646
6666
30
Cartas ..................................................6
Carta do Presidente .............................7
Bagageiro .............................................8
Opinião .............................................. 70
LEIA MAIS:
Na tradicional festa de confraternização de fim de ano
da ABRATI, dia 4 de dezembro, foram homenageados
três líderes do transporte (pág. 34) e premiadas
seis empresas por suas Boas Práticas (pág. 36).
Pela manhã, houve reunião da diretoria e dos
associados (pág. 32).
A exposição FetransRio
mostrou o alto grau de
evolução da indústria
brasileira de ônibus e
deixou clara a aposta das
montadoras e encarroçadoras
no potencial de curto prazo
dos veículos urbanos com
alta capacidade
de transporte, os chamados
BRT e BRS.
4040
20 Planalto A empresa decide dotar
todos os ônibus da sua frota do sinal de internet sem fio.
22 ICMS A injustiça tributária que é
praticada em relação ao passageiro de ônibus.
26 Irizar A linha de rodoviários da
encarroçadora passa a contar com o novo ônibus i6.
28 Scania Um gaúcho de 35 anos leva
o título de Melhor Motorista de Caminhão do Brasil.
52 Medicina do sono Um site da Águia Branca
na internet dá todas as informações sobre o assunto.
62 Rodovias Pesquisa da CNT mostra
que a qualidade das nossas estradas evolui muito pouco.
54
5858
A Neobus, de Caxias do Sul, ingressa no
mercado de rodoviários e apresenta o New Road
N10, com alguns novos conceitos em carroçarias.
6 REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012
A Revista ABRATI é uma publicação da
Associação Brasileira das Empresas de
Transporte Terrestre de Passageiros
Editor Responsável
Ciro Marcos Rosa
Produção, edição e editoração eletrônica
Plá Comunicação – Brasília
Editor Executivo
Nélio Lima – MTb 7903
Impressão
Gráfica e Editora Athalaia – Brasília
Imagens da capa
Divulgação/Júlio Fernandes
Esta revista pode ser acessada via
internet: http://www.abrati.org.br
Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre
de Passageiros
Presidente Renan Chieppe
Vice-PresidenteLuiz Wagner Chieppe
Diretor Administrativo-FinanceiroPaulo Alencar Porto Lima
DiretoresCarlos Alberto de O. Medeiros, Cláudio Nelson C. Rodrigues de Abreu, Francisco Tude de Melo Neto, Jacob Barata Filho, Leônidas Elias Júnior, Letícia Sampaio Kitagawa, Mário Luft, Paulo Humberto Naves Gonçalves, Pedro Antonio Teixeira, Sandoval Caramori,Telmo Joaquim Nunes e Washington Peixoto Coura.
SuperintendenteJosé Luiz Santolin
Assessoria TécnicaAtaíde de Almeida
Assessoria de Comunicação SocialCiro Marcos Rosa
SAUS Quadra 1 - Bloco J - Edifício CNT Torre A – 8º andar - Entrada 10/20 CEP: 70.070–944Brasília - Distrito Federal
Telefone: (061) 3322-2004Fax: (061) 3322-2058/3322-2022E-mail: abrati@abrati.org.br Internet: http://www.abrati.org.br
SONHOS SOBRE RODAS 1Sou irmã de Antônio Rúbio de Bar-
ros Gômara, tenho 87 anos e moro
em São Paulo. Rúbio morava no Rio.
Agradeço ao jornalista Nélio Lima e a
atenção dessa Revista com a publi-
cação do livro Sonhos sobre rodas,
de quem sempre esteve voltado e se
dedicou ao transporte rodoviário. Para-
béns pelo trabalho desenvolvido pela
ABRATI, que elucida sobre o transporte
rodoviário.
Nilza Gômara Lopes
SÃO PAULO - SP
SONHOS SOBRE RODAS 2 Parabenizo-lhes pela publicação
da obra Sonhos sobre rodas - A saga
dos pioneiros do transporte rodoviário
no Brasil”.
Senador Jayme Campos – DEM-MT
SONHOS SOBRE RODAS 3Cumpre-nos acusar o recebimento
da publicação Sonhos sobre rodas.
Aproveitamos a oportunidade para
parabenizá-los pela iniciativa de pro-
pagar o referido exemplar.
Senador Cristovam Buarque - PDT-DF
BUSÓLOGO 1O motivo que me levou a escrever
para vocês é que eu, juntamente com
meus amigos David Vieira e Rogério
Cruz, também merecemos um espaço
nessa revista. Minha história tem seu
início em 1994, na Expobus. Sempre
desenhávamos ônibus e colecionáva-
mos fotos, mas um belo dia decidimos
expor toda a nossa admiração. Era
difícil obter ajuda das empresas, mas,
graças a uma entrevista no programa
do Jô Soares, o mundo abriu as portas
para nós. Realizamos nossa primeira
exposição no terminal rodoviario de
Santo André–SP, com o patrocínio da
Mercedes-Benz, até realizarmos uma
artasC
exposição na garagem da Expresso
Redenção Transporte e Turismo, com
o apoio da empresa e de seu gerente,
Antonio Caio Castro, um sucesso que
hoje se tornou na Viver, Ver e Reviver.
caccabuss@bol.com.br
BUSÓLOGO 2Primeiramente gostaria de parabe-
nizar toda a equipe da Revista ABRATI
pela maravilhosa reportagem em
relação aos colecionadores, também
chamados de busólogos. Em segundo
lugar gostaria de atualizar meu endere-
ço para recebimento da revista.
João Henrique Zoehler Lemos
jhzl.force@gmail.com
BUSÓLOGO 3Na revista nº 70 vocês mostraram
mais um lado interessante do transpor-
te de passageiros por ônibus, o lado
dos que são admiradores incondicio-
nais desses veículos, identificados
com esse termo algo estranho, bu-
sólogo. Gostei de saber que eles são
mais numerosos do que imaginava. E,
pelo que concluí, tem muita gente boa
envolvida com esse hobby.
Américo Aguiar dos Anjos
AMERICANA – SP
SÃO LUIZMuito interessante a reportagem
da sua revista sobre uma das em-
presas de ônibus interestaduais que
melhor atendem à população aqui de
Campo Grande. Já tive a oportunidade
de viajar pela São Luiz e gostei, mas
não tinha ideia do verdadeiro tamanho
dessa companhia, e nem dos métodos
modernos que ela emprega na sua
administração e nos seus serviços.
Parabéns à São Luiz por procurar
sempre melhorar.
Atílio Marques de Souza
CAMPO GRANDE – MS
arta do PresidenteC
Reconhecimento público e justas homenagens
É de se ressaltar que boa parcela
das empresas tem certificação ISO e outras ferramentas
de busca da qualidade por meio
da utilização das melhores práticas conhecidas dentro
e fora do país.
Júlio
Fer
nand
es
Renan Chieppe, Presidente da ABRATI.
Em sua segunda edição, que se concluiu agora em dezembro, o Prêmio ANTP/ABRATI
de Boas Práticas no Transporte Rodoviário de Passageiros presta um reconhecimento
público às empresas que se destacaram em 2012 por suas boas práticas na operação
do serviço público de transporte rodoviário de passageiros. Elas foram avaliadas segundo
as normas fixadas em regulamento próprio do Prêmio, normas que nortearam o grupo de
juízes independentes encarregados da análise dos trabalhos finais.
As pesquisas de percepção da satisfação dos usuários dos serviços de transporte
rodoviário de passageiros no Brasil seguidamente revelam o reconhecimento de sua
excelência, desde a qualidade dos equipamentos ofertados e sua segurança à elevada
qualidade de gestão pelas empresas permissionárias, aliada à atuação dos profissionais
diretamente envolvidos no processo operacional.
A comprovação do nível de excelência dos serviços, ao longo do tempo, é o resultado
dos esforços empresariais na busca contínua do desenvolvimento de novas tecnologias
e no aprimoramento da mão de obra aplicada.
Tanto empresas como profissionais que atuam no segmento representado pela ABRATI
têm sido reconhecidos por instituições das mais diversas especialidades com a outorga
de comendas e de prêmios por desempenho na gestão e pela elevada qualidade apurada
em complexos processos de avaliação de inúmeros aspectos inerentes à atividade.
É de se ressaltar que boa parcela das empresas têm certificação ISO e outras ferra-
mentas de busca da qualidade por meio da utilização das melhores práticas conhecidas
dentro e fora do país.
Tudo isso levou a ABRATI a instituir, junto com a ANTP – entidade com reconhecida
capacidade para selecionar e julgar métodos de administração utilizados pelas empresas
de transporte – essa premiação que visa tornar público o trabalho das operadoras e de
seus profissionais.
Ao encerrar-se 2012, a ABRATI deseja, também, em decorrência de decisão unânime
da Diretoria, homenagear três personalidades que têm se destacado no cenário do trans-
porte brasileiro já há muitos anos e que, particularmente, têm atuado junto aos setores
governamentais com o intuito de colaborar para que o sistema de transporte rodoviário
de passageiros possa continuar prestando serviços de elevada qualidade em todos os
pontos do país, como vem fazendo há mais de oito décadas.
São eles o Senador Clésio Andrade, presidente da Confederação Nacional do Transporte;
o Senador Acir Gurgacz, empresário do setor, e José Antônio Fernandes Martins, presidente
da FABUS e do Simefre. Esses três líderes setoriais, em um trabalho conjunto com a ABRA-
TI, vêm contribuindo em muito para a solução de problemas que possam afetar o setor.
REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012 7
8 REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012
B A G A G E I R O
A Iveco entregou mais 212
unidades do micro-ônibus
CityClass para o governo de
Minas Gerais. Os veículos
têm capacidade para trans-
portar 29 alunos cada. Foram
adquiridos por intermédio
do programa Caminho da
Escola, do Governo Federal.
O Grupo Garcia comprou
mais 60 ônibus novos,
que serão incorporados às
frotas da Viação Garcia e
da Viação Ouro Branco a
partir de março de 2013.
Vão operar no serviço
metropolitano e rodoviário.
No caso do rodoviário, as
duas operadoras receberão
A Marcopolo conquistou o
Prêmio Apex-Brasil – Exportar
é Inovar 2012, na categoria
“Internacionalização
como Estratégia para
Desenvolvimento da
Competitividade”. O prêmio
é da Agência Brasileira de
Promoção de Exportações
e Investimentos (Apex-
Brasil). A encarroçadora
foi distinguida por diversas
iniciativas que promoveu
em seus processos
de exportação, pelos
investimentos em suas
unidades no Brasil e no
exterior e pelo constante
crescimento de suas
operações. Com mais de
18.000 colaboradores, a
Marcopolo mantém unidades
fabris no Brasil, África do
Sul, Argentina, Austrália,
China, Colômbia, Egito, Índia
e México.
Doze empresas do
setor de transporte
rodoviário interestadual
de passageiros foram
premiadas no evento
Maiores e Melhores do
Transporte, realizado
em São Paulo pela OTM
Editora, e que neste
ano chegou à sua 25ª
edição. As empresas
são as seguintes: Auto
Viação Catarinense,
Auto Viação 1001,
Empresa Gontijo de
Transportes, Companhia
São Geraldo de Viação,
Empresa de Transportes
Andorinha, Empresa de
Ônibus Pássaro Marron,
Expresso Gardenia,
Viação Águia Branca,
Viação Cidade do Aço,
Viação Cometa, Viação
Salutaris e Turismo e
Viação Santa Cruz.
ANIVERSÁRIO APEX BRASILMAIORES & MELHORES
FROTA
CAMINHO DA ESCOLA
ESTAÇÃO RODOFERROVIÁRIA DE CURITIBA COMEMORA 40 ANOS DE FUNCIONAMENTO
PRÊMIO PARA A MARCOPOLO INTERNACIONAL
DOZE EMPRESAS RODOVIÁRIAS SÃO PREMIADAS
GRUPO GARCIA COMPRA MAIS 60 ÔNIBUS E HOMENAGEIA LONDRINA E MARINGÁ
IVECO FORNECE 212 MICRO-ÔNIBUS PARA MINAS
A estação rodoferroviária
de Curitiba comemorou
em novembro 40 anos de
operação. No momento,
o terminal passa por uma
reforma, tendo em vista
que a capital paranaense
será uma das cidades-
sede da Copa do Mundo
de 2014. A estação abriga
35 empresas de ônibus
interestaduais e por ela
circulam diariamente cerca
de 10.000 pessoas.
A nova reforma vai tornar a rodoferroviária ainda mais funcional.
Flávio Benatti, presidente da
NTC, entrega o prêmio a Carlos
Otávio de Souza Antunes, do
Grupo JCA.
ônibus Low Driver com
chassi Scania K 380 e
carroçaria Marcopolo
G7 1600 LD. Ao mesmo
tempo, a Garcia plotou
dois de seus ônibus para
homenagear as cidades
de Londrina (78 anos de
fundação) e Maringá, a
chamada “Cidade Verde”.
Foto
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REVISTA ABRATI, JUNHO 2006REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012 9
Tendo em vista facilitar
a aproximação entre
a encarroçadora e os
familiares de seus
colaboradores, a Caio
Induscar criou o Programa
de Visita de Familiares às
instalações da fábrica. O
objetivo é fazer com que
A MAN Latin America
foi a vencedora da licitação
para fornecimento de
mais de 3.000 caminhões
às Forças Armadas
no biênio 2012-13.
Segundo Roberto Cortes,
presidente da MAN Latin
America, os negócios
com governos represenjtam
10% das vendas
domésticas da empresa.
Patrícia Regina Nunes é a
primeira mulher motorista
de ônibus a integrar
o quadro funcional da
Planalto Transportes.
A assinatura do contrato
de trabalho, no dia 7
de dezembro, em Porto
Alegre, ocorreu em evento
que teve a presença de
autoridades e lideranças
de movimentos em defesa
da mulher. Patrícia tem
35 anos e um filho de
oito anos. Anteriormente,
trabalhou por três anos
no transporte coletivo de
Esteio. Sua primeira linha
na Planalto liga Porto Alegre
à localidade de Butiá.
Nos dias 6 a 8 de
novembro, em São Paulo,
a Comil participou da Feira
e Congresso Internacionais
de Composites, Poliuretano
e Plásticos de Engenharia.
A encarroçadora apresentou
alguns benefícios do uso
dos compósitos, que são
produtos compostos de
dois ou mais materiais
sob diferentes formas,
entre elas, as chapas
sanduíche. Os compósitos
podem substituir a madeira
A Iveco conquistou mais um Prêmio Au-
toData, desta vez na categoria Veículo
Caminhão, com seu caminhão Tector
Attack. Cláudio Rawicz, diretor de Comu-
nicação da Iveco, disse que o prêmio foi
“mais um reconhecimento ao talento dos
profissionais da montadora de caminhões
que mais cresce no Brasil”.
PROGRAMALICITAÇÃO
PLANALTO
AVANÇOS
QUALIDADE
CAIO INDUSCAR REALIZA VISITA DE FAMILIARES ÀS SUAS INSTALAÇÕES
3.000 CAMINHÕES DA MAN PARA AS FORÇAS ARMADAS
MULHER ASSUMEO VOLANTE EM LINHA REGULAR
COMIL APRESENTA BENEFÍCIOS DOS COMPÓSITOS NA FABRICAÇÃO DE ÔNIBUS
TECTOR ATTACK ESCOLHIDO CAMINHÃO DO ANO PELA AUTODATA
Patrícia já tem boa experiênca.
O serviço de transporte
beneficiará mais de
13.000 estudantes da rede
estadual de ensino de
vários municípios mineiros.
Tector Attack reconhecido pelo Prêmio AutoData.
ou o aço em estruturas
de ônibus, uma novidade
de crescente aceitação
no mercado, inclusive no
aspecto de custo-benefício.
os familiares conheçam
o local de trabalho dos
colaboradores, tornando-o,
ainda mais, motivo de
orgulho para eles. No
dia 22 de novembro
foi realizada a visita
de 40 pessoas, entre
colaboradores e familiares.
Com uma combinação perfeita entre tecnologia e design inovador, a Marcopolo produz soluções que trazem, em sua concepção, o que há de mais moderno e avançado nos segmentos de ônibus rodoviários e urbanos para aproximar pessoas com conforto e segurança.
O futuro do transportepassa por aqui.
facebook.com/OnibusMarcopolo twitter.com/OnibusMarcopolo youtube.com/OnibusMarcopolo
xposiçãoE
Apesar da crise, uma IAA ainda maiorEm visita à maior feira de veículos comerciais do mundo, realizada em Hannover, Alemanha, Cláudio
Nelson Abreu, diretor da ABRATI, observou que, apesar do esforço para demonstrar otimismo, os
líderes da indústria montadora mundial não puderam deixar de falar sobre a crise econômica. Sem
meias palavras, confessaram sua preocupação, em especial com a situação da “Europa do Sul”, onde
estão Espanha, Itália e Portugal, além da Grécia.
12 REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012
Durante a feira, que este ano teve como
slogan “Driving the Future”, Cláudio Nelson
registrou o empenho dos executivos da indústria
de veículos comerciais em sempre valorizar o
desempenho superior dos motores Euro VI,
que foram o grande destaque da mostra e cuja
utilização passa a ser obrigatória a partir de
2014. Ele concluiu que esse esforço especial
pode ser explicado pelo fato de a utilização
desses motores implicar em um preço maior de
aquisição dos veículos. Sempre que puderam,
os executivos também enfatizaram a importân-
cia de se analisar os novos veículos a partir do
conceito do TCO – Total Cost of Ownership (ver
box na página 17).
Quanto à feira em si, a 64ª IAA ocupou uma
área de 260.000 metros quadrados – ou mais
10,6% que a área da edição anterior, realizada
em 2010. A VDA, associação das montadoras
alemãs, informou que neste ano participaram
1.904 expositores de 46 países, tendo a exposi-
ção sido visitada por mais de 260.000 pessoas:
um acréscimo de público da ordem de 9% em
comparação com 2010.
Assim, a mostra tornou-se um sucesso
tanto para os visitantes quanto para os exposi-
tores, pois praticamente todos os concorrentes
estavam presentes. Sua principal marca foi a
inovação, voltada principalmente a otimizar a
utilização de veículos e a aumentar sua segu-
rança a partir dos recursos proporcionados pela
eletrônica embarcada disponível atualmente.
Cláudio Nelson anotou dois fatos envolvendo
a VDL, empresa holandesa de porte médio que
vem trabalhando bravamente para se manter
e expandir-se, apesar da crise. O primeiro, o
profissionalismo, que ficou evidenciado no fato
de Rémi Henkemans, diretor da companhia,
haver parabenizado publicamente a Mercedes-
-Benz pela escolha do new Citaro Euro VI como
Bus of the Year 2013. O segundo, por ter a
VDL comprado da Mitsubishi suas instalações
na Holanda, onde pretende fabricar o Mini para
a BMW.
Nas páginas seguintes, as fotos de ônibus
e observações de Cláudio Nelson Abreu sobre
alguns dos produtos mostrados na 64ª IAA.
Lançamento: o ônibus Setra
S 517 HD, um rodoviário 6x2
superluxuoso, com13,935m
de comprimento e 3,77m de
altura. O motor é o Mercedes-
Benz OM-471 Euro VI, com
350 kW (475,5 cv) de potência
e 2.300 Nm de torque.
Cláudio Nelson C.
Rodrigues de Abreu
Diretor da Viação Santa
Cruz e da ABRATI.
REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012 13
IRISBUS MAGELYS PROA Irisbus, controlada da Fiat SpA/Iveco, mos-
trou o Magelys Pro, seu rodoviário top de linha,
com 12,20m de comprimento e 3,62m de altura,
equipado com motor Iveco Cursor 10 Euro V de 450
hp (456,3 cv) e 2.100 Nm de torque. É fabricado
na França. O Magelys Pro, fabricado na França.
O Travego Edition I
A Marcopolo compareceu com o Viale BRT dual fuel CNG/Diesel, feito no Brasil.
MARCOPOLO VIALE BRTUrbano fabricado no Brasil, com design
que chamava a atenção por sua beleza. Estava
montado sobre o chassi brasileiro MAN Volks-
bus 17.280 OT, com propulsão dual fuel, CNG/
Diesel, motor MAN Euro V EEV de 270 hp (273,8
cv) e 1.050 Nm de torque.
O new Citaro Euro VI foi escolhido como “Bus pf the Year 2013”.
MERCEDES-BENZ new CITARO EURO VI
Urbano fabricado na Alemanha, na IAA 2012 ganhou o
título de “Bus of the Year 2013”. Tem 12,135m de com-
primento e 3,12m de altura, motor Mercedes-Benz Euro VI
OM-936, 220 kW (298,9 cv) e 1.200 Nm de torque.
MERCEDES-BENZ TRAVEGO Edition I
Rodoviário top de linha, fabricado na Alemanha, tem
12,96m de comprimento e 3,71m de altura, motor Mercedes-
-Benz OM-471 Euro VI, 350 kW (475,5 cv) e 2.300 Nm de
torque.
xposiçãoE
14 REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012
Ônibus Scania Citywide LE.
Setra S 431 DT, rodoviário produzido na Alemanha.
Outro Scania, o Urbano/metropolitano OmniExpress 3.20.
SCANIA CITIWIDE LEUrbano, tem 12,0m de comprimento e 3,2m de altura,
equipado com motor Scania Euro VI EEV de 320 hp (324,5 cv)
e 1.600 Nm de torque.
SCANIA OMNIEXPRESSUrbano/metropolitano, tem 12,39m de comprimento
e 3,3m de altura, equipado com motor Scania Euro VI de
280 hp (283,9 cv) e 1.400 Nm de torque.
SETRA S 431 DT
Rodoviário double-decker fabricado na
Alemanha, é um 6x2 com 13,89m de com-
primento, 4,0m de altura, equipado com
motor Mercedes-Benz OM-502 LA Euro V de
370 kW (502,7 cv) e 2.400 Nm.
Visão do estande da MAN. Jetliner, Cityliner e Skyliner, três modelos da Neoplan.
MAN NEOPLAN
REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012 15
VAN HOOL TDX 27 ASTROMEGA
Rodoviário double-decker fabricado na Bél-
gica, top de linha, tem 14,1m de comprimento
e 4,0m de altura, motor DAF Euro V, 375 kW
(509,5 cv) e 2.500 Nm de torque.
VDL FUTURA FHD2129/365
Rodoviário fabricado na
Holanda, na Bus World Kortrijk
2011 conquistou o título de
Coach of the Year 2012. Tem
12,875m de comprimento,
3,7m de altura, motor DAF
Euro V, 340 kW (462 cv) e
2.300 Nm de torque.
xposiçãoE
O top de linha TDX 27 Astromega.
VDL CITEA SLF 120/250
Urbano fabricado na Holanda, na IAA 2010 ga-
nhou o título de Bus of the Year 2011. Tem 12,0m
de comprimento, 3,02m de altura, motor Cummins
Euro V, EEV, 152 kW (206,5 cv) e 760 Nm de torque.
O VDL Citea SLF 120/250, urbano holandês.
KING LONG
Visão geral dos produtos da fabricante chinesa King Long.
O design do Futura FHD2 129/365 continua fazendo sucesso.
16 REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012
VISEON LDD14Fabricado na Alemanha, tem 14,0m de compri-
mento e 4,0m de altura, equipado com motor MAN
Euro V, 294 kW (399,5 cv) e 1.900 Nm de torque.
Um detalhe interessante é que a Viseon, hoje, é
controlada pela chinesa Youngman.
VOLVO 9500Rodoviário top de linha, o modelo exposto tinha 12,3m
de comprimento e 3,6m de altura, motor Volvo Euro V de
380 hp (385,3 cv) e 1.740 Nm.
VOLVO 8900Um urbano/metropolitano, com 12,2m de comprimento
e 3,3m de altura, equipado com motor Volvo Euro V de 290
hp (294,1 cv) e 1.200 Nm de torque.
Ônibus LDD14, da Viseon, empresa controlada por chineses.
O ônibus rodoviário 9500, da Volvo. A Volvo também mostrou o Urbano/Metropolitano 8900.
T. C. O., ou Total Cost of Ownership
vem a ser o custo operacional total,
avaliando-se os custos diretos e indi-
retos, do combustível à manutenção,
passando pelos pneus; da mão de
obra à depreciação, passando pela
administração. A rigor, não se trata
de novidade para nós, que estamos
acostumados a operar as linhas de
ônibus sob regime tarifário, calculado
com base em uma planilha de custos.
Um detalhe: esta situação pode
estar prestes a mudar, a prevalecer
a tendência de a tarifa vir a ser fixada
por leilão, como se preconiza no caso
da licitação das linhas interestaduais
de ônibus rodoviários com extensão
superior a 75 km.
Ainda que se estabeleça um piso,
abaixo do qual o valor da tarifa ofer-
tada para um lote de linhas seria
inexequível, estreita-se ou elimina-se
de vez a margem de manobra das
empresas para investir em frota nova,
por exemplo. Uma situação típica do
perde-perde: perde o passageiro, que
terá de se contentar com ônibus mais
velhos, e perde toda a cadeia produ-
tiva, a começar pelos fabricantes de
chassis e carroçarias, que deixarão de
vender veículos novos.
A hipótese não é remota, infelizmen-
te: ônibus novos, com novas tecnolo-
gias, inclusive para atender as normas
de emissão de poluentes, custam mais
caro. E não basta dizer que haverá li-
nhas de financiamento atrativo porque,
seja como for, a operação das linhas
precisa gerar recursos para pagá-lo.
Custo Operacional Total ganha ênfase na era Euro VI
REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012 17
ecnologiaT
Planalto põe internet a bordo de toda a frotaNos próximos meses, a totalidade da frota da companhia estará equipada com o
sistema Wi-Fi de acesso à internet. Hoje, mais da metade dos ônibus já conta com esse conforto,
que é oferecido gratuitamente aos passageiros.
Oexcelente retorno obtido com
a iniciativa de disponibilizar o
acesso à internet durante as viagens e
nas salas VIP dos principais terminais
rodoviários onde ela opera levaram
a Planalto Transportes a continuar
investindo na ampliação do sistema,
informa Pedro Antônio Teixeira, diretor-
-presidente do Grupo JMT, que controla
a operadora.
O executivo explica que o conjunto
dos investimentos é orientado para o
programa anual de renovação da frota
e para a área de recursos humanos,
com ênfase no treinamento de pes-
soal. Estas são as duas principais
preocupações: aperfeiçoar serviços
e agregar os ônibus mais modernos,
equipados com as mais avançadas
tecnologias. Por conta disso, nos úl-
timos cinco anos foram empregados
recursos da ordem de R$ 100 milhões.
O mesmo ritmo de investimentos
deverá ser mantido nos próximos anos.
A Planalto também procura estar
sempre em sintonia com as deman-
das dos passageiros e antecipar-se
às tendências do mercado. É por
isso que, hoje, um terço da sua frota
oferece dois serviços simultâneos em
cada ônibus – o convencional e o exe-
cutivo –, o chamado Double Service.
Nessa configuração, as 12 primeiras
poltronas estão dispostas com maior
espaço entre cada uma e são dispo-
nibilizados travesseiros, cobertores e
tomada elétrica. O sinal de internet,
o ar-condicionado e os monitores de
vídeo são itens de conforto comuns
aos dois tipos de serviço.
O empenho em elevar constante-
mente a qualidade encontra resposta
favorável junto aos usuários, conforme
mostram as pesquisas periódicas de
satisfação. A mais recente, realizada
neste ano pela empresa Allcon-Cience,
apontou o percentual de 91,6% de
satisfação com os serviços. Os pontos
mais importantes destacados pelos
passageiros que viajam pela Planalto
Transportes são conforto, segurança e
higiene no interior do veículo.
Pedro Teixeira assinala que os
resultados apurados nas pesquisas
ajudam a companhia a tomar decisões
e a corrigir eventuais deficiências nos
serviços.
A iniciativa da empresa de disponibilizar o
sinal de internet a bordo de seus ônibus tem
recebido o aplauso unânime dos passageiros.
Div
ulga
ção
20 REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012
Do ponto de vista tributário, a atual legislação
do ICMS privilegia os passageiros de avião e
discrimina os passageiros de ônibus.
mpostoI
ICMS nas passagens: injustiça tributáriaO passageiro de ônibus vive uma situação tributária esdrúxula: é penalizado com a cobrança de ICMS,
que em alguns estados chega a 24% do preço da passagem, enquanto o passageiro de avião está
isento desse tributo. Ou seja: paga mais quem tem menor poder aquisitivo.
U ma injustificável diferença de
tratamento tributário que coloca
de um lado os passageiros de avião
e do outro os passageiros de ônibus
começou a ser praticada em 1997,
quando o Procurador Geral da Repú-
blica ajuizou ação na qual pediu ao
Supremo Tribunal Federal que decla-
rasse inconstitucional a cobrança de
ICMS nas viagens aéreas. Note-se o
detalhe: só nas viagens de avião.
O pedido foi apoiado em longos
pareceres que demonstraram perfei-
tamente a tese de que a incidência
do ICMS sobre a venda de passagens
interestaduais é inconstitucional.
Logo, o tributo não pode ser cobrado
– nas passagens aéreas, sustentava
na época o Ministério Público.
“Por que foi isentado apenas um
segmento da sociedade – os passagei-
ros de avião – e excluída a maioria – os
passageiros de ônibus interestaduais,
que na condição de passageiros são
titulares dos mesmos direitos?” – inda-
ga o advogado e especialista na área
de transporte Jocimar Moreira.
O presidente da ABRATI, Renan
Chieppe, em artigo publicado no jor-
nal O Globo, também demonstra sua
perplexidade:
“Afinal, o que está em questão: a
venda do serviço público de transpor-
Sílv
io A
uríc
hio/
Olh
o de
Vid
ro
22 REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012
sagens de transporte aéreo sem, ao
mesmo tempo, isentar-se passagens
de transporte rodoviário. Ou, em suma,
de tornar incoerente a tributação
incidente sobre serviços de natureza
idêntica (de transporte de passagei-
ros) e que podem concorrer entre si,
em função pura e simplesmente de
serem realizadas por meio de veículos
distintos (avião em um caso e ônibus
no outro)”, afirma o advogado Marcos
Augusto Perez, doutor em Direito do Es-
tado pela Universidade de São Paulo e
sócio do escritório Manesco, Ramires,
Perez, Azevedo Marques. Para ele, ao
julgar a ADI 1.600-8/DF, o Supremo
“premiou interesses de determinados
agentes de um setor da economia em
detrimento de outros agentes do mes-
mo setor. Criou mais um ‘puxadinho’
em nossa gigantesca favela tributária.”
INJUSTIÇA
Diante da situação, a ABRATI, em
nome de suas associadas, requereu
e a CNT (Confederação Nacional do
Transporte) impetrou em 2002 ação na
qual pediu ao STF a correção da injus-
tiça, com a extensão, aos passageiros
de ônibus, da mesma isenção que o
Tribunal assegurara aos passageiros
de avião, dada a inquestionável iden-
tidade de direitos dos cidadãos que
viajam de avião ou de ônibus.
O presidente da ABRATI, Renan
Chieppe, lembra que, na ocasião, pa-
recia certo o imediato acolhimento do
pedido. Até hoje, porém, o processo
se arrasta sem que tenha havido uma
decisão final. De forma inexplicável,
o Ministério Público – a mesma ins-
tituição que patrocinara o pedido de
isenção em favor dos passageiros de
avião – propôs a rejeição do pedido da
CNT. E fez isso esgrimindo argumen-
tos contrários às próprias razões que
antes defendera.
DISCRIMINAÇÃO
Em fevereiro de 2006, quatro anos
depois de o pedido ter sido protoco-
% ICMS
17
17
24
12
Custo da passagem • ônibus convencional com sanitário
1 - Na tarifa com ICMS soma-se a taxa de embarque (e mais o pedágio, se houver).2 - O ICMS cobrado é sempre o da origem do serviço. No exemplo “São Paulo–Florianópolis”, o ICMS cobrado é o da “origem”, ou seja, de São Paulo, que é de 17%.
LINHA
São Paulo - Florianópolis
Brasília - Goiânia
Porto Alegre - São Paulo
Brasília - São Paulo
SEM ICMS (R$)
93,65
26,00
150,92
127,51
COM ICMS (R$)
109,57
29,12
187,14
142,81
Renan Chieppe: perplexidade.
te interestadual ou o tipo de veículo
usado para prestar o serviço? Parece
evidente que é a venda do serviço.
No entanto, de 1997 a 2001 a ação
tramitou sem ninguém questionar seu
caráter discriminatório, que só por isso
já contraria o art. 5º da Carta Magna”.
Chamado a opinar, o advogado
Darci Norte Rebelo, do Grupo Jurídico
da NTU e da ABRATI, atribui uma di-
mensão maior ao assunto:
“Vejo a questão do ICMS como
uma parte do grave problema da deso-
neração tributária do transporte cole-
tivo de passageiros no Brasil. O ICMS
é apenas uma parte desse problema.
A questão mais geral está, repito, na
desoneração como política de transpor-
te no sentido da modicidade tarifária,
ou seja, como política de transporte
voltada para o usuário.”
Em 2001, com alguns votos con-
trários, mas com maioria a favor, o
Supremo acolheu o pedido do Minis-
tério Público e declarou a inconsti-
tucionalidade da cobrança do ICMS
para o transporte aéreo. Mas só para
o transporte aéreo!
“Não é necessário examinar o méri-
to da decisão de nossa Corte Suprema
para notar o absurdo de isentar-se pas-
Júlio
Fer
nand
es
REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012 23
mpostoI
A advogada Fernanda Depari Estelles.
Jocimar Moreira: mais iguais e menos iguais.
Darci Norte Rebelo: a questão é mais ampla.
lizado no STF pela CNT, o Ministro
Nelson Jobim, relator do acórdão que
concedera a isenção do ICMS para o
transporte aéreo, finalmente votou a
favor de estendê-la para os passagei-
ros de ônibus. Em seguida, o Ministro
Sepúlveda Pertence, hoje aposentado,
acompanhou o voto de Jobim e tam-
bém votou a favor. Na mesma sessão,
porém, o Ministro Gilmar Mendes pediu
vista do processo.
Dois anos se passaram até que,
em 1º de outubro de 2008, Gilmar
Mendes acompanhou os votos de
Nelson Jobim e Pertence, aprovando
a isenção para os passageiros de
ônibus. Parecia que a justiça ia ser
feita. Surpreendentemente, porém,
na mesma sessão, o Ministro Marco
Aurélio votou contra, consagrando a
discriminação entre passageiros de
avião e de ônibus.
O advogado Darci Norte Rebelo
também enxerga forte distorção no tra-
tamento dado ao assunto pelo poder
público. Estranha que o Estado dele-
gue a execução do serviço público à
iniciativa privada e, ao mesmo tempo,
faça recair sobre ele uma onerosa car-
ga fiscal. E pergunta: “Qual é o sentido
de o Estado tributar-se a si mesmo?”
O fato é que, naquele mesmo
dia 1º de outubro de 2008, quando
Marco Aurélio negou a isonomia entre
passageiros aéreos e terrestres, o
Ministro Joaquim Barbosa pediu vista
do processo. Quatro anos se passaram
sem que Sua Excelência tivesse tido
tempo para decidir-se sobre o tema.
O Ministro Nelson Jobim apo-
sentou-se. A Ministra Carmen Lúcia
assumiu a relatoria do processo e,
assim como os passageiros de ônibus,
ainda aguarda que o Ministro Joaquim
Barbosa vote para que ela possa dar
andamento ao processo. Que já se
arrasta por uma década.
“Está nas mãos do Supremo Tribu-
nal Federal decidir sobre esse tema,
como já o fez com relação ao trans-
porte aéreo. Os transportes terrestres,
porém, parece que não são prioridade
na pauta judicial, pois ação idêntica à
do transporte aéreo encontra-se para-
lisada há bastante tempo”, lamenta
Darci Norte Rebelo.
Para o advogado Marcos Augusto
Perez, “o mais correto seria deixar de
tributar as duas operações (aérea e
rodoviária), por tratar-se ambas de ser-
viço público de transporte, serviços es-
senciais ao bem estar da população.”
Segundo os advogados Fernanda
Depari Estelles e Ricardo Estelles, da
Estelles Advogados Associados, de
São Paulo, ainda que a Ação Direta
de Inconstitucionalidade nº 1.600
não tenha tido como foco principal a
prestação de serviço de transporte
terrestre intermunicipal, interestadual
e internacional de passageiros, o
entendimento a que chegou a maio-
ria dos Ministros do STF em relação
ao assunto “afeta diretamente essa
atividade e dá margem para que, num
futuro próximo, a incidência do ICMS
sobre esta prestação também venha a
ser declarada como inconstitucional”.
Para Fernanda Depari Estelles e
Ricardo Estelles, “o voto do Ministro
Nelson Jobim, que foi acolhido pela
ampla maioria do STF, tem aplicação
direta também para a prestação de
serviços de transporte terrestre inter-
municipal, interestadual e internacio-
nal de passageiros, como ele próprio
afirmou na ocasião:
“Observo que essa conclusão se
aplica não só ao transporte aéreo
de passageiros, como também ao
transporte terrestre de passageiros.
O problema é o mesmo.”
Por sua vez, o advogado Jocimar
Moreira vê na manutenção desse
impasse um tratamento desigual ao
passageiro do ônibus:
“A Constituição diz que todos são
iguais perante a Lei. Pelo visto, nesse
caso, alguns são mais iguais que os
outros. Passageiro de avião é mais
igual e por isso não paga ICMS. Já o
de ônibus é menos igual, logo paga.”
Foto
s: D
ivul
gaçã
o
24 REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012
ançamentoL
Luxo e tecnologia no novo Irizar i6Com a produção do novo ônibus em sua fábrica, em Botucatu, a encarroçadora amplia sua linha de
rodoviários de luxo e traz para o mercado brasileiro um veículo de características diferenciadas com
potencial até para gerar demandas mais específicas pelos frotistas.
De acordo com João Paulo da
Cunha Ranalli, gerente-geral de
vendas da encarroçadora, o Irizar i6
se coloca entre o modelo pioneiro Iri-
zar Century e o top de linha Irizar PB.
Ranalli prevê que o novo ônibus virá
inserir-se no mesmo mercado do Pa-
radiso G7, da Marcopolo, disputando
operadores do segmento de transporte
de passageiros nas linhas regulares
e no segmento de fretamento que
requeiram um ônibus mais confortável.
Aproximadamente 2 milhões de
euros foram investidos no desenvolvi-
mento do projeto, ao longo dos últimos
dois anos.
Uma das inovações introduzidas
no novo carro é o painel do motorista,
onde uma tela touchscreen possibilita
o controle de diversos sistemas do
veículo.
Do lado de fora, os retrovisores
têm duas lâminas de espelho. Os con-
juntos ópticos (na frente e na traseira)
dispõem de iluminação em led e de
dispositivo de luz diurna.
Dentro, no teto e no corredor
também há iluminação em led. O
espaço interno comporta diversas
configurações. São oferecidos itens de
conforto como Wi-Fi, conexão para iPod
e similares, monitores no encosto das
poltronas, sistemas de navegação de
vigilância, som individual, purificador
de ar e moderno sistema de acesso
para portadores de deficiência física.
Um dos novos i6 fornecidos pela Irizar à Empresa Reunidas Paulista. O ônibus está disponível nas configurações de 12 m, 13,20 m e 14 m.D
ivul
gaçã
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26 REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012
ompetiçãoC
Vinicius de Moraes é o melhor motorista
Gaúcho de 35 anos vence outros 23
finalistas e leva o título de Melhor
Motorista de Caminhão do Brasil,
na versão 2012 da competição
promovida pela Scania para
valorizar os caminhoneiros
e estimular a condução
segura e responsável.
A quarta edição da competição – que a Scania realiza
no Brasil desde 2004 – teve 47.000 motoristas
inscritos. Elevado número de transportadoras incentivou
seus profissionais a participar. Avaliando as habilidades
dos condutores, a montadora procura despertar neles a
consciência de que ao dirigir é possível aliar eficiência
e redução das emissões de poluentes. “O recorde de
inscritos e a participação intensa das grandes trans-
portadoras mostra que atingimos um novo patamar em
2012”, afirmou Roberto Leoncini, diretor-geral da Scania.
“Procuramos formar mais 47.000 embaixadores da
segurança nas estradas.”
“Desde 2010 eu sonhava com o momento em
que estaria na final da competição e sairia vencedor”,
disse Vinicius de Moraes, que dirige caminhão há 14
anos e trabalha como agregado na Expresso Hércules,
de Getúlio Vargas (RS) no transporte de autopeças e
alimentos industrializados. “Estou muito feliz em ser o
primeiro numa competição que reuniu os melhores do
Brasil” – ressaltou o campeão. – São 14 anos dirigindo
caminhão e essa vivência me ajudou a ultrapassar situa-
ções complicadas que vivi durante as provas.”
Segundo o coordenador Rodrigo Machado, com a
competição a Scania busca contribuir para conscientizar
o setor de transportes sobre a importância do treina-
mento para atingir resultados, seja a segurança nas
estradas, seja a rentabilidade nos negócios. Estima-se
que um motorista treinado pode gerar economia de
combustível de até 10%, o que também tem reflexo na
sustentabilidade.
O segundo colocado deste ano foi o paranaense Fa-
biano da Silva; o carioca Jorge de Araújo ficou em terceiro
lugar. O vencedor recebeu um pacote de prêmios no valor
de R$ 30.000,00 em aparelhos eletrônicos, móveis e
eletrodomésticos, além de R$ 6.000,00 em dinheiro e
uma viagem com acompanhante para a Suécia, onde irá
conhecer a matriz da Scania.
Foto
s: D
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gaçã
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28 REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012
O presidente emérito da encarroçadora Marcopolo, Mauro Bellini,
junta-se a mais de meia centena de colaboradores, amigos e
empresários para contar em livro como uma pequena empresa
fundada em 1949 transformou-se, em pouco mais de seis
décadas, em uma das maiores fabricantes de ônibus do mundo.
Lançado na primeira quinzena de
dezembro em Caxias do Sul e em
São Paulo, o livro Marcopolo, sua via-
gem começa aqui contém memórias
e relatos reveladores de uma cultura
empresarial peculiar, que Paulo Bellini
considera a mola propulsora do su-
cesso empresarial da encarroçadora.
Segundo ele, foi mantendo o foco na
perpetuação e disseminação dessa
cultura, no reconhecimento das pes-
soas e no que esse reconhecimento
representou e representa, que a com-
panhia pôde se reinventar sempre,
se internacionalizar com segurança e
crescer continuamente.
Ainda segundo Bellini, o livro foi
escrito como uma forma de home-
nagear a todos os que construíram
e conti nuam ajudando a construir a
Marcopolo. Para contar a história da
empresa, de sua gente, de seus desa-
fios e dos momentos mais importantes
que ela viveu até hoje, foram paciente-
mente alinhavados, nos últimos dois
anos, testemunhos, opiniões, relatos,
declarações, memórias e até simples
frases recolhidas junto a todo um uni-
verso de pessoas que, com maior ou
menor intensidade, por pouco ou por
muito tempo, em algum momento se
relacionaram com a Marcopolo.
Ao longo do texto, coletado, or-
ganizado e burilado pela jornalista
gaúcha Suzana Naiditch, a palavra do
fundador aparece com frequência, mas
sem nunca alongar-se em demasia, na
forma de curtas observações que ele
humildemente chama de “pitacos”.
Foi requisitada ainda a colaboração da
psicóloga Marilda Vendrame, especiali-
zada em gestão de recursos humanos
e gestão avançada de negócios.
HISTÓRIAS CONTAM A HISTÓRIA
“Há muitas formas de contar uma
história – explica Paulo Bellini na apre-
sentação da obra. – Quando decidi
reviver aquelas que ajudam a explicar
o que faz a Marcopolo, percebi que
não estaria honrando essa herança se
mostrasse apenas o meu ponto de vis-
ta. Seria até contraditório eleger-me o
dono da história que, sabidamente, só
aconteceu porque parceiros essenciais
se engajaram no projeto, trabalhando
com dedicação e espontaneidade.
Portanto, esta não é uma biografia.”
A ideia inicial era produzir um
material para o público interno da
Marcopolo, que mostrasse como se fez
a companhia e ajudasse a reforçar o
modelo de gestão estruturado a partir
dos anos 1980, após uma viagem de
Paulo Bellini e de vários executivos da
encarroçadora ao Japão. Mas depois
foram sendo agregados outros temas.
A psicóloga e consultora Marilda
Vendrame assumiu a coordenação do
projeto, que ganhou novas dimensões.
Sondada, a editora Campus/Elsevier
encampou a ideia por entender que
havia conteúdo relevante, interessante
e enriquecedor para outros públicos.
E assim, em suas quase 300 pá-
ginas, Marcopolo, sua viagem começa
aqui reforça a visão e os valores do
fundador da companhia acerca da
importância do trabalho em equipe,
do comprometimento, da motivação
e dos valores éticos. O próprio Paulo
Bellini deixou isso muito claro: depois
de reler o conteúdo do livro já pronto
para impressão e se perguntar ainda
uma vez qual foi o momento mais
importante, decisivo, para sedimentar
a cultura da Marcopolo, escreveu um
rápido adendo:
“Não tenho dúvidas de que o ápice
dessa história se deu no momento em
que quebramos os mais arraigados
paradigmas. Os funcionários passaram
a se sentir à vontade, a relacionar-se
de forma descontraída e a agir com
mais autonomia. A partir daí, criou-se
o ambiente estimulante, fator funda-
mental que vem garantindo o nosso
excepcional crescimento e expansão.”
Até mesmo a capa do livro Marcopolo, sua viagem começa aqui, que mostra o
fundador da empresa sentado num piso
luzidio junto a uma das linhas de produção
da fábrica Ana Rech, tem uma história
interessante para explicá-la. Em 1994,
Bellini foi entrevistado em Caxias do Sul
pelo jornalista Joel Milmann, da conhecida
revista Forbes, norte-americana. A certa
altura, o visitante perguntou
ao empresário brasileiro: “É verdade
que sua fábrica é tão limpa quanto um
hospital?” E de batepronto Paulo Bellini
respondeu: “Depende do hospital.”
Rep
rodu
ção
REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012 31
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BRATIA
Última reunião avalia perspectivas para 2013Na sede da Associação, em Brasília, a diretoria e expressivo número de associados
realizam a última reunião de 2012, reexaminam os grandes temas que afetaram o setor ao
longo do ano e começam a preparar a agenda de discussões para 2013.
Com um balanço dos principais assun-
tos que afetaram o setor de transporte
rodoviário de passageiros ao longo de 2012
e uma detalhada avaliação política e jurídi-
ca dos desafios que se apresentam para as
empresas operadoras em 2013, diretoria e
associados realizaram no dia 4 de dezem-
bro, pela manhã, na sede da ABRATI, a úl-
tima reunião ordinária do ano. O presidente
Renan Chieppe relatou aos participantes
as gestões e contatos feitos pela diretoria
junto aos poderes Executivo e Legislativo
para encaminhamento das principais ques-
tões e pendências do setor e mencionou
alguns dos próximos passos que deverão
ser dados com o objetivo de buscar even-
tuais soluções.
Na segunda parte da reunião, diretores
e associados acolheram os empresá-
rios Paulo Bellini, presidente emérito da
encarroçadora Marcopolo, e seu diretor
estatutário, Valter Gomes Pinto. Eles vie-
ram em visita de cortesia e para divulgar o
livro Marcopolo, sua viagem começa aqui
, escrito por Bellini em cooperação com
uma centena de colaboradores e amigos
da companhia, e que na semana seguinte
seria lançado nacionalmente em São Pau-
lo. O livro (veja detalhes na página....) narra
a trajetória da Marcopolo da fundação, em
1949, aos dias de hoje.
Na reunião, a diretoria e os associados repassaram os principais temas que estiveram
em pauta ao longo do ano e analisaram as perspectivas para 2013.
Em seguida, a convite do presidente Renan Chieppe, o presidente emérito da Marcopolo,
Paulo Bellini, e o diretor estatutário Valter Gomes Pinto participaram do encontro.
Foto
s: Jú
lio F
erna
ndes
32 REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012
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No auditório da ABRATI, o presidente Renan Chieppe, ladeado por Valter Gomes Pinto e Paulo
Bellini, exibe o seu exemplar autografado do livro.
Paulo Humberto Gonçalves, Dimas José da Silva, Jocemário Dartora, Joel
Fernandes, Marcelo Antunes, Paulo Bellini, Heinz Kumm Júnior, André
Oliveira e Selvino Caramori Filho.
Amigos e parceiros de muitos anos reencontram-se na sede da
ABRATI: da esquerda para a direita, Paulo Bellini, os empresários
José Augusto Pinheiro e Dimas José da Silva, e Valter Gomes Pinto.
Darci Norte Rebello, Paulo Bellini, Selvino Caramori Filho, Valter
Gomes Pinto e Darci Norte Rebello Filho.
André Oliveira, Heinz Kumm Júnior, Renan Chieppe, José
Rubens de la Rosa, Marcelo Antunes, Paulo Corso e
Jocemário Dartora.
Paulo Bellini apresentou o livro Marcopolo, sua viagem começa aqui, lançado em
dezembro pela encarroçadora.
REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012 33
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gradecimentoA
ABRATI homenageia três parceiros do setor
A festa anual de confraternização do setor de
transporte rodoviário de passageiros de 2012 teve,
entre tantos pontos altos, um muito especial,
quando as empresas associadas e a diretoria da
ABRATI prestaram significativa homenagem a dois
senadores da República e a um alto executivo do
segmento da produção de carroçarias de ônibus. O
presidente Renan Chieppe chamou-os de amigos da
diretoria e aliados incondicionais das operadoras.
Em nome das empresas associa-
das, a diretoria da ABRATI prestou,
na noite do dia 4 de dezembro, por
ocasião do coquetel e jantar de confra-
ternização, uma tocante homenagem
aos senadores Clésio Andrade e Acir
Gurgacz, assim como ao presidente
da Fabus, José Antônio Fernandes
Martins. Os três estão entre os mais
atuantes defensores do transporte
rodoviário de passageiros, destacando-
-se pela contribuição permanente que
prestam à diretoria da ABRATI, às
empresas operadoras e ao sistema
de modo geral. A cada um deles foi
entregue uma placa de prata alusiva
ao seu trabalho e dedicação de tan-
tos anos, expressando desta forma o
reconhecimento do setor.
O senador por Minas Gerais Clésio
Andrade é presidente da Confederação
Nacional do Transporte, Administrador
O senador Clésio Andrade recebe de Renan Chieppe (à direita) a placa com a homenagem. À
esquerda, o senador Acir Gurgacz e o presidente da Fabus, José Antônio Fernandes Martins.
de Empresas e ativo líder classista que
há vários anos tem se destacado na
defesa intransigente dos interesses
dos setores de transporte de cargas
e de passageiros.
O paranaense Acir Gurgacz é sena-
dor e empresário com forte presença
no segmento transportador. Represen-
ta o Estado de Rondônia no Senado
Federal, onde se notabilizou por uma
Foto
s: Jú
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erna
ndes
34 REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012
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atuação francamengte propositiva
em relação às demandas do setor de
transporte rodoviário de passageiros.
Tendo assumido a cadeira senatorial
em 2007, está agora em seu segundo
mandato, que vai até 2015.
O terceiro homenageado, o pre-
sidente da Associação Nacional dos
Fabricantes de Ônibus (FABUS) e do
Sindicato Interestadual da Indústria de
Materiais e Equiipamentos Ferroviários
e Rodoviários (Simefre), José Antônio
Martins, é Engenheiro Mecânico.
Ingressou na Marcopolo em 1965
e atualmente é o vice-presidente de
relações institucionais da empresa.
João Gurgacz, Assis Gurgacz Neto, senador Acir Gurgacz e Assis
Marcos Gurgacz.
Da esquerda para a direita, o presidente Renan Chieppe, o senador
Acir Gurgacz, José Antônio Martins e o senador Clésio Andrade.
José Antônio Martins, presidente da Fabus, agradece em nome dos
demais homenageados e no seu próprio.
Valter Gomes Pinto e Paulo Bellini, da Marcopolo, compareceram ao Espaço Patrícia e
acompanharam a homenagem prestada aos três parceiros do setor.
José Antônio Martins, ao lado do senador Clésio Andrade (centro)
mostra a Renan Chieppe a placa em sua homenagem.
REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012 35
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econhecimentoR
Premiadas as Boas Práticas de mais seis empresas
Da esquerda para a direita: Roger Mansur e Ângela Trindade (Pluma Conforto e Turismo), Virgílio Pasolini e Davidson Martins Ronceti (Viação
Águia Branca), Pedro Teixeira (Planalto Transportes), Paulo Porto Lima (Expresso Guanabara), Amaury Andrade (Grupo JCA), Tatiana Antunes
(Instituto JCA), Carlos Magalhães e Rodrigo Mont’Alverne (Expresso Guanabara).
36 REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012
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Na noite de 4 de dezembro, por ocasião do encontro de confraternização promovido pela ABRATI
no Espaço Patrícia, em Brasília, o Prêmio ANTP/ABRATI de Boas Práticas no Transporte Rodoviário de
Passageiros, versão 2012, concluiu sua segunda edição premiando seis empresas e uma organização
ligada ao setor. A foto acima mostra os representantes das empresas vencedoras exibindo as placas
correspondentes à sua premiação.
Foto
s: Jú
lio F
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ndes
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Foram premiadas as seguintes em-
presas: Viação Guanabara; Viação
Águia Branca; JCA Holding Transportes,
Logísticas e Mobilidade; Pluma Conforto e
Turismo; Viação Planalto; e Viação Garcia.
Recebeu também a premiação o Instituto
Jélson da Costa Antunes, ligado ao grupo
JCA Holding.
O Prêmio Boas Práticas no Transporte
Terrestre de Passageiros visa reconhecer
e premiar boas práticas desenvolvidas
por empresas operadoras de transporte
rodoviário de passageiros.
São incontáveis as ações desenvolvi-
das pelas empresas regulares associadas
à ABRATI, já que o segmento tem estado
econhecimentoR
Denise Cadete (ANTP), Valeska Pinto (ANTP) e integrantes
do júri que escolheu os melhores “cases”, José Luiz Paiva
Mota, Alexandre Resende e Noboru Ofugi.
Pedro Teixeira, presidente da
Planalto Transportes.
Davidson Martins Ronceti, da
Viação Águia Branca.
Virgílio Pasolini, da Viação Águia
Branca.
Marcelo Antunes, Tatiana Antunes e Amaury Andrade, do Grupo JCA.
Paulo Porto, Carlos Magalhães e Rodrigo Mont’Alverne, todos da
Expresso Guanabara.
sempre na vanguarda da prestação de
serviço de qualidade aos seus usuários.
“As empresas interestaduais utilizam
numerosas ferramentas que envolvem
os conceitos de qualidade, e de respon-
sabilidade social e ambiental. Com este
prêmio, a ABRATI objetiva dar visibilidade
a essas ações e às empresas que as
desenvolvem”, destaca Renan Chieppe,
presidente da ABRATI.
Este ano continuou aumentando o nú-
mero de empresas que enviaram trabalhos
para ser analisados nas três categorias
que estavam em questão: Adesão dos
Colaboradores, Atendimento ao Cliente e
Responsabilidade Sócioambiental.
Foto
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38 REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012
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Todas as empresas que inscreveram trabalhos receberam certificados de participação na segunda edição do Prêmio Boas Práticas.
Ângela Trindade e Roger Mansur, da Pluma Conforto e Turismo,
e senador Acir Gurgacz.
Christina Vilella exibe a Menção Honrosa conferida à Viação
Garcia, ladeada por Valeska Pinto (ANTP), Denise Cadete (ANTP),
José Luiz Paiva Mota (membro do júri), Alexandre Resende
(ANTP) e Noboru Ofugi (membro do júri).
CATEGORIA ADESÃO DOS COLABORADORES
1º LUGARPrograma Prata da Casa – Fortalecimento do grupo com foco no desenvolvimento das pessoas – JCA Holding Transportes, Logísticas e Mobilidade Ltda.
2º LUGARPrograma Mentes de Brilham – Viação Águia Branca S.A.
3º LUGARQualificação, Saúde, Lazer e Integação no Ambiente Corporativo – Buscando a satisfação dos colaboradores – Expresso Guanabara S.A.
CATEGORIA ATENDIMENTO AO CLIENTE
1º LUGARConectando Pessoas e Destinos: Boas práticas da Planalto Transportes no atendimento ao cliente – Planalto Transportes Ltda.
2º LUGARSatisfação do cliente em todos os sentidos – Expresso Guanabara S.A.
3º LUGARQualidade com segurança e satisfação do cliente – Pluma Conforto e Turismo S.A.
CATEGORIA RESPONSABILIDADE SÓCIOAMBIENTAL
1º LUGARVivência profissional: A qualificação do jovem em parceria com o setor de transporte – Instituto Jelson da Costa Antunes – IJCA
2º LUGARPreservar é reduzir, reutilizar e reciclar – Viação Águia Branca S.A.
3º LUGARProjetos Sociais Guanabara: Caminhos musicais, Esporte cidadão, Ecobus – Expresso Guanabara S.A.
MENÇÃO HONROSA
Viação Garcia Ltda.
REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012 39
Patrocínio
Copatrocínio
ventoE
Setor rodoviário de passageiros comparece em peso à festa anual de confraternização
Na noite de terça-feira, 4 de dezembro, a ABRATI reuniu em animado evento de confraternização
no Espaço Patrícia, em Brasília, mais de 400 convidados entre associados, empresários, membros
da diretoria, autoridades do Executivo, Legislativo e Judiciário, executivos da indústria de chassis e
carroçarias de ônibus. O evento marcou o encerramento formal das atividades da Associação em 2012.
Senador Acyr Gurgacz,
Renan Chieppe e Senador
Clésio Andrade.
Da esquerda para a direita:
Marcos Morandin, Valdecir Castro,
Marcos Aurélio Mourão,
Eden Affonso, Marcelo Aragão,
Sidnei Braga e Maurício Ferreira,
todos da Ipiranga,
copatrocinadora do evento.
Aguinaldo Mariano e Walter Anversa Barbosa, ambos
da Mercedes-Benz do Brasil, patrocinadora do evento.
Foto
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erna
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40 REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012
Patrocínio
Copatrocínio
José Rubens de la Rosa, Mauro Bellini, Luciano Bado e Paulo Bellini.
Paulo Gilberto Corso, Roger Mansur e Valter Gomes Pinto.
Deputado Mauro Lopes, Otávio Cunha e o ex-governador de Minas
Gerais, Deputado Newton Cardoso.
Miguel Masella e Sra., Cesar Dias e Sra.
Dimas José
da Silva e
Paulo Porto Lima.
Ronaldo Fontolan, Edson Tomiello e Roberto Ferreira, da FABUS, co-
patrocinadora da festa.
REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012 41
Patrocínio
Copatrocínio
ventoE
Newton Gibson, Marcelo Perrupato e Bernardino Rios Pim.
João Luiz Mazon, Gerson Oger e Cláudio Nelson Abreu. Washington Coura, Rejane Sena Lubreriaga e José Geraldo Ferreira.
Selvino Caramori Filho, Valter Gomes Pinto, Sandoval Caramori, Paulo Bellini e
Gilberto Crivellaro.
Paulo Porto Lima, Jorge Luiz Macedo Bastos e
Carlos Augusto Faria Féres.
Wanderlei Perez, Reinaldo Conti e João Paulo da Cunha Ranalli.
Foto
s: Jú
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ndes
42 REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012
Patrocínio
Copatrocínio
Marcos Bicalho e José Luiz Paiva Mota. Altair Moreira e Cláudio Flor. José Luiz Santolin e Jocimar Moreira.
Suzana Naiditch, Marilda Vendrame, José Carlos Secco e
Méri Steiner. Marcos Morandin, Pedro Teixeira e Eden Affonso.
Joel Fernandes, Letícia e Fábio Kitagawa.
José Luiz Santolin, Ataíde de Almeida, Paulo Martinez,
Renan Chieppe e Pedro Farias.
REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012 43
mpresaE
Os 60 anos bem vividos da Viação Progresso
Um dos novos ônibus, com mecânica Scania e carroçaria
Campione, da Comil, incorporados à frota da Progresso na
passagem dos seus 60 anos de fundação.
46 REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012
O sonho dos tempos pioneiros tornou-se realidade e a Viação
Progresso, de Três Rios-RJ, comemorou 60 anos em novembro.
Essencialmente familiar, a empresa está em sua terceira geração.
A Progresso é uma empresa de
gestão familiar, liderada pelos
diretores Marco Aurélio Soares e André
Soares. Na visão de Marco Aurélio, ao
longo dos seus 60 anos de existência
a Viação já passou por três fases. De
1952 a 1987, os fundadores estavam
à frente da organização. Entre 1988
e 2005, os filhos dos fundadores já
atuavam, porém sob a supervisão e
direcionamento dos pais. Até que, em
2006, a empresa passou por uma am-
pla reestruturação e iniciou sua tercei-
ra fase. “Nessa etapa, os fundadores
passaram a fazer parte do Conselho
de Família e os filhos assumiram o
controle da empresa”, acrescenta o
diretor André Soares. Segundo ambos
os diretores, atualmente a empresa
vive um processo de transição.
“Não sabemos quanto tempo essa
terceira fase vai durar, mas sabemos
que a próxima terá de contar com no-
vos executivos para gerir a empresa;
executivos que provavelmente não
serão membros da família” – explica
Marco Aurélio.
É dentro desse cenário que a atual
geração de gestores da Progresso
atua. Marco Aurélio destaca que a
gestão de qualquer negócio, hoje, é
feita tendo como base Processos e
Pessoas. Ele alerta para um dos pro-
cessos mais importantes, que é o de
recrutamento e seleção:
“É fundamental que as pessoas
estejam sendo direcionadas para os
cargos alinhados com o seu perfil fun-
cional. Para atender a isto, utilizamos
ferramentas que nos permitem conhe-
cer melhor o perfil de cada candidato
e alocá-lo de acordo com as suas
competências.”
O diretor acredita que em uma
empresa com 60 anos, que busca
sempre manter seus valores, o desafio
da gestão é cada vez maior. No mínimo
Div
ulga
ção
REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012 47
porque a Progresso tem funcionários
com 40, 30, 20 anos de casa e precisa
treiná-los, suprindo deficiências e ofe-
recendo novas oportunidades para que
possam acompanhar as mudanças e
as novidades do mercado,
Essa preocupação faz parte do dia
a dia da empresa. Seguindo o planeja-
mento anual elaborado pelo Núcleo de
Gestão de Pessoas, todos os setores
passam regularmente por cursos e trei-
namentos ao longo do ano. Os cursos
atendem a demandas identificadas
pelos gestores; demandas estraté-
gicas; cursos de desenvolvimento e
aperfeiçoamento de habilidades, além
dos treinamentos de capacitação para
cada função exercida na empresa,
destinados a todos os admitidos antes
de iniciarem suas atividades.
André Soares explica que a empre-
sa trabalha na ideia de estabelecer um
plano de desenvolvimento individual
para cada colaborador.
“Estamos testando um método que
identifica as competências de cada
cargo e nos direciona sobre qual o
conhecimento, as habilidades e as ati-
tudes necessárias para cada função.
Desta forma, buscamos a excelência
em gestão.”
CERTIFICAÇÃO
Os cuidados se encaixam no con-
ceito de Processos e Pessoas e, em
última análise, têm a ver com o que
os executivos da empresa chamam
de conceito de Qualidade na Viação
Progresso. Um conceito que é definido
como sendo a soma dos valores cons-
truídos ao longo das seis décadas de
atuação e que representam os valores
percebidos pelo cliente, especialmente
no que se refere a Pessoas e Seguran-
ça. No cotidiano da Viação, são vários
os aspectos nos quais a Qualidade
está sempre em primeiro lugar. Representantes da Ipiranga e diretores da Progresso na festa dos 60 anos.
Os diretores André Soares e Marco Aurélio Soares recebem de Antônio Bruzzi uma placa com
a homenagem da Scania.
Foram homenageados o Dr. Wilson Tavares (advogado), a Dra. Christina Vilella (procuradora)
e José Carlos Fonseca (Contador), aqui acompanhados pelos fundadores e diretores.
mpresaE
Foto
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o
48 REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012
A Progresso se orgulha de ser
uma empresa certificada com a ISO
9001:2008. Portanto, uma empresa
atestada como de melhor organização,
produtividade e credibilidade. Esses
são elementos facilmente identificá-
veis pelos clientes, e que possibilitam
à transportadora aumentar sua partici-
pação no mercado nacional.
A certificação é considerada pela
empresa um reconhecimento de mui-
tos esforços realizados, desde a sua
fundação até os dias atuais, por uma
equipe permanentemente comprome-
tida em atender às necessidades de
seus clientes.
Manter essa importante certifica-
ção não é tarefa fácil. Para isso, a
empresa passa por auditorias perió-
dicas, internas e externas, nas quais
são sinalizadas as eventuais não
conformidades com a norma, de modo
que a equipe possa ser direcionada
para trabalhar aqueles aspectos que
necessitam de melhorias. Tal processo
é fundamental para que a Qualidade de
fato seja praticada na empresa. Trans-
porte seguro, pontualidade, limpeza e
A festa dos 60 anos da empresa reuniu as três gerações da família Soares.
regularidade estão entre os requisitos
do cliente que devem ser cumpridos
para a conquista da certificação.
Na opinião de Eliana Magioli, re-
presentante da Diretoria e assistente
da qualidade, cumprir a política da
Qualidade é acreditar que a equipe
pode ser melhor a cada dia:
“Por meio da capacitação contínua
das pessoas, da utilização da tecnolo-
gia e da disseminação da qualidade,
nos tornamos partes integrantes dessa
política”, resume.
De nada adiantaria tanto esforço
da empresa se o cliente não perce-
besse essa qualidade. Para saber se
o que vem sendo desenvolvido está
correspondendo às expectativas dos
clientes, a Progresso faz anualmente
uma pesquisa de satisfação. A última,
realizada em 2011, ouviu 392 clientes
e obteve um índice geral de aprovação
de 83%. Nos quesitos Transporte e
Segurança, e Apresentação dos Fun-
cionários, os índices foram de 93,6% e
96,9% de aprovação, respectivamente.
Além da pesquisa de satisfação,
a Progresso mantém uma Central de
Relacionamento com o Cliente, que,
em casos de dúvidas, reclamações e
sugestões, pode ser contatada pelo
número 0800 886 1000.
Segundo o gerente comercial da
companhia, Anderson Gomes de Pá-
dua, os índices de reclamações são
baixos e a resposta ao cliente é dada
em até quatro dias, em média. A meta
é reduzir esse tempo para três dias.
MAIS TECNOLOGIA
Entre os muitos aspectos relacio-
nados à segurança cuidados pela em-
presa, inclui-se um moderno sistema
embarcado de gravação de imagens.
Ele capta as imagens durante as via-
gens dos ônibus e permite monitorar
toda a frota.
O objetivo do monitoramento é con-
trolar o funcionamento dos ônibus no
que diz respeito à velocidade, uso do
motor, desempenho nas curvas, entre
outros. Na Central de Monitoramento,
localizada na matriz da empresa, as
operações nos ônibus são acompanha-
das por uma equipe de monitores. A
partir dos dados coletados, os motoris-
REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012 49
Uma das primeiras jardineiras daProgresso.
tas são pontuados e classificados em
um ranking, para efeito de premiação
aos mais bem colocados.
A Viação Progresso também utiliza
um software de gestão integrada es-
pecial para empresas dos setores de
transporte. Sua principal vantagem é
ser um sistema integrado e completo,
que possibilita aplicações para todas
as áreas. Além dos processos admi-
mpresaE
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gaçã
o nistrativos e financeiros, o software
contempla todos os processos ope-
racionais.
O programa traz mais confiança
às ações, possibilita a padronização
de procedimentos e maior produtivi-
dade, reduzindo o retrabalho. Também
disponibiliza todas as informações
necessárias da empresa para seus
gestores, fazendo com que a mesma
informação que chega a um gerente na
matriz chegue também aos gerentes
das filiais.
A utilização da tecnologia para apri-
morar os processos e atingir os objeti-
vos de qualidade e redução de custos
inclui, além do ERP e do sistema de
monitoramento da operação, sistema
de bilhetagem eletrônica e venda de
passagens por cartão de crédito ou
débito. O sistema de reserva e venda
de passagens – SRVP –, gerencia a
venda em pontos fixos a s compras
online no site da empresa.
MEIO AMBIENTE
A Viação Progresso mantém um
ritmo acelerado de adequação para
atender as normas ambientais, inclu-
síve com a implantação de estações
de tratamento e reuso da água oriunda
das lavagens dos carros. Além disso,
todos os carros da frota têm sua
emissão de fumaça preta medidos e
mantidos nos níveis aprovados pelo
INEA. As ações vão desde a redução
de emissão de gases poluentes por
meio da verificação de opacidade,
ao uso de padrões ambientalmente
aceitáveis, como reciclagem e a des-
tinação correta de resíduos. As ações
antes desenvolvidas de forma pontual
estão agoraz organizadas no Projeto
Progresso Mais Verde.
Os colaboradores foram alvo de homenagens e festejaram as seis décadas da empresa no segmento de transporte de passageiros.
50 REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012
1954A Viação Progresso obtém a concessão do DER-RJ para operar a linha Vassouras-Barra do Piraí.
1959Os irmãos Soares passam a se dedicar integralmente à empresa de ônibus. A base operacional é instalada em Barra do Piraí, após a aquisição de algumas linhas urbanas e intermunicipais na cidade.
1960Os irmãos mais novos da família Soares, Paulo e José Carlos, passam a integrar a sociedade.
1961A Companhia adiquire seu primeiro ônibus Mercedes-Benz, um monobloco, para operar a linha Vassouras-Barra do Piraí.
1964A empresa tem significativa expansão, passando a operar as linhas Barra Mansa-Juiz de Fora, Barra Mansa-Três Rios e Barra do Piraí-Três Rios.
1966São inauguradas novas instalações em Barra do Piraí. Inicia-se a operação das linhas Três Rios-Nova Iguaçu e Três Rios-Valença.
1969A empresa dá um salto em sua organização administrativa, com a contratação de uma consultoria especializada.
1973Morre Francisco Soares da Costa Filho, patriarca da família Soares e idealizador da Viação Progresso.
1975São adquiridos 32 ônibus e várias linhas interestaduais e intermunicipais da Viação Salutaris. A base operacional é transferida para Três Rios.
1987Inicia-se a segunda fase de gestão da Viação Progresso. Os pais afastam-se da direção e os filhos são nomeados diretores.
2002Em 10 de novembro, a empresa completa 50 anos de história. Nove dias depois morre Hélio Soares, um dos acionistas e fundadores.
2005É iniciada a terceira fase da gestão da companhia, com a criação dos Conselhos de Família, de Administração e da Diretoria Executiva.
2008A empresa é auditada pela Bureau Veritas. A seguir, conquista a Certificação ISO 9001:2008. No mesmo ano, inicia o sistema de bilhetagem eletrônica.
2009Após quatro anos de experiência com a utilização de um sistema integrado de gestão empresarial (ERP), a empresa passa a utilizar o sistema Globus, em parceria com a BGM-Globotec.
2011Agora com a ABNT, a companhia conquista a recertificação pela norma ISO 9000.
2012 A Viação comemora 60 anos.
Os marcos mais importantes de uma longa trajetória
Em 1940, a família Soares – o
pai, Francisco Soares da Costa Filho,
a mãe, Dona Joanna e os oito filhos –
se estabelece em Vassouras, Estado
do Rio. Vinha da zona rural, onde se
dedicava à lavoura e à pecuária.
No ano seguinte, Francisco Soares
compra o prédio de uma padaria desa-
tivada e reabre o comércio.
Em 1952, o chefe da família adqui-
re a Viação Progresso, uma pequena
empresa de ônibus, e cria uma socie-
dade integrada por seus filhos Fran-
cisco, Arlindo, Hélio e Aladyr, iniciando
o empreendimento que nos 60 anos
seguintes se tornaria cada vez maior
e mais sólido. Abaixo, alguns marcos
importantes dessa trajetória:
Dando sequência ao seu programa
anual de renovação de frota, a Viação
Progresso adquiriu neste ano mais 16
carroçarias da Comil, que é uma das
principais fornecedoras e parceiras da
empresa. Os carros são dos modelos
Campione 3.45 (rodoviário), Svelto
(urbano) e Piá (micro-ônibus). São
utilizados no atendimento de linhas
interestaduais, intermunicipais e urba-
nas que a empresa administra no Rio
de Janeiro e em Minas Gerais.
Com mais essa compra, a frota da
empresa chegou a 110 carros, que
transportam mensalmente cerca 650
mil passageiros.
“Nós temos muito orgulho de
participar dos 60 anos da Viação Pro-
gresso. Trata-se de uma empresa que
cresceu e conseguiu se consolidar com
muita dedicação e trabalho, sempre
tendo como base a honestidade, o
respeito, a persistência e a qualidade
no atendimento ao cliente. Parabéns a
toda a empresa!”, disse Dario Ferreira,
diretor comercial da Comil.
16 ônibus Comil na renovação
Com a chegada de mais 16 novos ônibus
da Comil, a frota da Progresso passou a ter
uma frota de 110 carros.
REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012 51
aúdeS
A segurança nas estradas e a Medicina do SonoAs empresas Viação Águia Branca e Viação Salutaris estão dando mais um importante passo no seu
esforço permanente para propagar a cultura da segurança nas rodovias brasileiras.
A Viação Águia Branca e a Viação
Salutaris acabam de criar o site
www.programamedicinadosono.com.
br , um canal onde se pode aprender
sobre os possíveis distúrbios do sono
e buscar dicas de como manter uma
boa noite de sono. No mesmo site são
dadas informações detalhadas sobre
o Programa Medicina do Sono, criado
há 12 anos pela Viação Águia Branca
para cuidar da qualidade de vida dos
seus motoristas.
No site, uma cartilha mostra os
cuidados que podem ser adotados
para se ter uma noite tranquila de
sono. Também se assiste a um vídeo
sobre o programa e a mais alguns ou-
tros com entrevistas do medico Sérgio
Barros, pneumologista, certificado
em Medicina do Sono, que implantou
o programa e o acompanha desde o
início. Ele explica que até hoje nunca
mais foi registrado na empresa qual-
quer acidente causado por sono ao
volante. No site são apresentadas
descrições sobre distúrbios do sono
e explicações sobre como é desenvol-
vido o Programa Medicina do Sono na
rotina da Águia Branca.
Sérgio Barros afirma que dirigir com
sono é tão perigoso quanto dirigir após
a ingestão de bebida alcoólica. Ele
explica que, mais que cuidar do sono,
o programa da Águia Branca cuida da
saúde do motorista, proporcionando-
-lhe uma vida saudável, de modo que
sempre durma bem.
O site é mantido pelas Viações
Águia Branca e Salutaris. Ao disse-
minar informações sobre o programa
e sobre higiene do sono, as duas
empresas pretendem que ele sirva de
exemplo para outras operadoras de
transporte rodoviário.
De acordo com as estatísticas da
Associação Brasileira do Sono – ABS
–, 20% dos acidentes de trânsito que
ocorrem no país são causados por
motoristas sonolentos.
“Cuidar da saúde é estar bem para
realizar as atividades que temos no
dia a dia, inclusive a função de moto-
rista que transporta vidas humanas”,
ressalta Cristina Pinheiro, gerente de
Segurança de Trânsito da Águia Branca
e da Salutaris.
As duas empresas integram a
Unidade Passageiros do Grupo Águia
Branca, com sede no Espírito Santo.
Estão no mercado há mais de 60 anos
e operam uma frota de 750 ônibus.
Transportam 11 milhões de passagei-
ros por ano em suas 315 linhas, que
interligam 700 localidades. São certi-
ficadas pela ISO 9000 desde 2008 e
em 2011 conquistaram a certificação
ISO 14001.
Além de toda a estrutura e rigorosa
seleção de seus motoristas, a Viação
Águia Branca e a Salutaris mantêm
programas de excelência para cuidar
do bem-estar dos seus 3.484 funcio-
nários e motivá-los no trabalho.
A página das duas empresas na internet: tudo sobre segurança e Medicina do Sono.
Rep
rodu
ção
52 REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012
ançamentoL
Neobus – novos conceitos em novo rodoviárioO ônibus New Road N10, lançado com festa no dia 29 de novembro em São Paulo, marcando
a estreia da Neobus no mercado de rodoviários, transformou-se rapidamente na novidade mais
comentada do ano em se tratando de carroçarias brasileiras. O veículo justificou a afirmação do
presidente da encarroçadora, Edson Tomiello, de que “mesmo à distância e no escuro, percebe-se
que é um genuíno Neobus”.
Visual limpo e frente inclinada são duas das características que
transmitem a ideia de fluidez e modernidade do novo rodoviário.
54 REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012
O New Road N10 apresenta deter-
minadas características que o
diferenciam das demais carroçarias
rodoviárias brasileiras. Tem uma fren-
te com linhas mais ousadas, design
limpo e, para se usar uma imagem
em evidência, escultura fluida. Sem
prejuízo da impressão de solidez, as
colunas frontais mais inclinadas con-
ferem maior aerodinâmica ao veículo,
tal como já ocorre com o modelo Mega
BRT. Segundo o fabricante, o veículo
tem o menor coeficiente aerodinâmico
(cx) entre os rodoviários brasileiros, o
que significa uma implicação positiva
sobre o consumo de combustível.
O conjunto óptico dianteiro, de-
senvolvido com tecnologia Led, tem
uma visão frontal verticalizada, farol
elíptico e DRL (Daytime Running Lamp)
integrado ao conjunto. A logomarca
Neobus, colocada no centro da grade,
abre espaço para a logomarca do fa-
bricante do chassi, embora a decisão
final sempre dependa de cada frotista.
“O nosso ônibus se diferencia
completamente dos concorrentes pela
sua originalidade e elegância”, acre-
dita o gerente de design da Neobus,
Leonidas Fleith. A lateral do N10 é marcada por
uma faixa que se prolonga até a colu-
na traseira. No caso da traseira, sem
dúvida os designers da encarroçadora
conseguiram projetar algo inédito. Nela
se destacam as duas linhas vincadas
e a inclinação superior que harmoniza
aerodinâmica e estética. Registre-se
ainda o spoiler localizado na parte
superior que complementa o conjun-
to. As lanternas traseiras têm design
próprio e foram concebidas a partir do
conceito modular.
O desenho do teto possibilita
embutir o equipamento de ar-condi-
cionado e conta com um sistema de
calhas duplas que dirigem a água para
as extremidades do veículo, evitando
que escorra pelas laterais ou se acu-
mule no teto.
CABINE
Produzido na fábrica da Neobus em
Caxias do Sul, o New Road N10 está
equipado de série com computador de
bordo. Os principais controles podem
ser executados tanto no visor touch
screen quanto nas teclas analógicas,
garantindo que o veículo não pare por
pane. No painel estão 56 teclas para
a operação e uma tela de LCD de 7 po-
legadas touch screen onde o condutor
Volkswagem, Scania, Iveco, Volvo,
Mercedes-Benz: a Neobus encarroçou
chassis das principais marcas para mostrar
a flexibilidade da nova carroçaria N10.
Foto
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gaçã
o
REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012 55
pode visualizar e executar as funções
do veículo. A central também controla
todo o sistema de áudio, vídeo e en-
tretenimento para o motorista o salão
de passageiros. O equipamento conta
com DVD, rádio, CD, MP3, TV digital,
GPS, bluetooth com viva voz e entradas
auxiliares para câmeras. O sistema de
gerenciamento de frota é totalmente
compatível com a carroçaria.
ançamentoL
SALÃO DE PASSAGEIROS
No interior, o novo ônibus apre-
senta desenho limpo, sem suportes
aparentes. A iluminação é indireta e
o pega-mão está integrado ao porta-
-pacotes. Os focos de iluminação in-
dividual são em Led e direcionais,
com funcionamento por toque e uma
novidade: em cada foco, o aviso de
“WC ocupado”.
Outra inovação é um sistema de
cromoterapia com 256 cores dispo-
níveis, à escolha do passageiro. No
modo automático, o sistema varia
suavemente as cores.
As poltronas atendem às normas
nacionais e internacionais de seguran-
ça. Contam com cinto de segurança de
duas pontas retráteis e revestimento
traseiro impermeável. O apoio de cabe-
ça é em espuma Viscolatex (opcional).
O sistema de mídia para o passa-
geiro comporta monitores individuais
incorporados à poltrona, ou retráteis
no porta pacotes (tipo avião) ou ainda,
o tradicional monitor junto ao teto. Um
monitor de 22 polegadas está integra-
do à parede de separação. Esta, tem
formato encurvado para a frente, o que
assegura a perfeita visualização do
monitor dianteiro mesmo nas primeiras
poltronas.
O fabricante oferece dois sistemas
de bares para o novo carro: um vertical
com geladeira, suqueira e cafeteira, e
outro na traseira com geladeira dupla,
suqueira, cafeteira e pia.
Acabamento de luxo no salão de passageiros, com poltronas ergonômicas e confortáveis.
A nova carroçaria no modelo 360 montada sobre chassi Volvo.
Foto
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ivul
gaçã
o
56 REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012
Houve uma preocupação especial
dos projetistas em utilizar novos
materiais no acabamento interno
para obter um alto padrão térmico e
acústico, fazendo com que o veículo
possa operar em climas mais severos
com temperaturas que variem entre
30 graus centígrados negativos e 50
graus centígrados positivos.
O sanitário foi desenvolvido para
oferecer acessibilidade, espaço e
conforto, com refrigeração, iluminação
em Led e torneiras com temporizador
mecânico. O sistema de exaustão
é mecânico e gera sempre pressão
negativa no interior, para que o ar não
passe para o salão de passageiros.
Conforto e ergonomia também para o motorista. Computador de bordo: tela de 7 polegadas com touch screen.
SEGURANÇA
Outra preocupação muito presen-
te no projeto do novo rodoviário foi
a segurança. Nesse sentido, foram
atendidas todas as exigências da nor-
ma R66 versão 1, que exige validação
do projeto mediante cálculo estrutural
por elementos finitos, além de todos
os testes práticos de tombamento,
impactos frontal e lateral, inclinação
máxima lateral e teste de célula de
sobrevivência. O resultado final obtido
pela Neobus foi um produto robusto,
que o fabricante apresenta como o
mais leve da categoria, apto portanto
a bem atender a lei da balança. “O
New Road N10 transporta mais por
menos, consumindo menos combus-
tível”, garante o diretor de engenharia
da encarroçadora, Adelir Boschetti.
Outros detalhes que certamente
serão apreciados pelos frotistas dizem
respeito à facilidade de manutenção,
proporcionada por novidades como aro
de rodas basculante, grade dianteira
com maior abertura, tampas laterais
e traseiras de amplo acesso, porta-
-estepe na parte dianteira etc. Acres-
cente-se a isso a saída de ar traseira
que, por meio de aletas, direciona o
ar quente para fora do veículo, redu-
zindo a possibilidade de aquecimento
no salão de passageiros e evitando o
superaquecimento do motor.
Bagageiros amplos na altura adequada e tampas pantográficas. O N10 realmente inova o desiogn da parte traseira.
REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012 57
nibusÔ
Uma feira para além das nossas fronteirasDe 3 a 5 de outubro foi realizado no Centro de Convenções Riocentro, na cidade do Rio de Janeiro,
o mais importante evento do transporte de passageiros dos últimos anos no Brasil: a 9ª FetransRio–
ExpoÔnibus. Somente a exposição ocupou uma área de mais de 20.000 metros quadrados.
58 REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012
Com encarroçamento Marcopolo Viale BRT, a Mercedes-Benz expôs o chassi O 500 M DA, que ela chama de “superarticulado BRT”.
Div
ulga
ção
Participaram da FetransRio 2012
cerca de 150 expositores e foram
mostrados perto de 80 modelos de
ônibus – os mais modernos produzidos
atualmente pela indústria automobilís-
tica instalada no país. Paralelamente
à feira, desenvolveram-se os trabalhos
da 15ª edição do Congresso sobre
Transporte de Passageiros. Eventos
paralelos foram realizados por impor-
tantes instituições ligadas ao setor
como UITP, ANTP, ANTTUR, NTU e Câ-
mara Interamericana de Transportes.
A organização foi da Federação das
Empresas de Transporte de Passagei-
ros do Estado do Rio – Fetranspor e da
MF Promoções & Eventos.
As principais montadoras e encar-
roçadoras mostraram todas as suas
mais recentes novidades. Elas acredi-
tam que 2013 será um ano bom para
os fabricantes de veículos de transpor-
te de passageiros, especialmente os
voltados ao segmento urbano, como
aposta o diretor de Vendas da MAN
Latin América, José Ricardo Alouche.
“Acreditamos que 2013 pode vir a ser
o melhor ano do mercado de ônibus,
assim como certamente será o maior
ano de vendas para a MAN Latin Amé-
rica”, afirma.
As encarroçadoras também se des-
tacaram. Axier Etxezarreta, diretor-geral
da Irizar Brasil, falou sobre o modelo
i6 – principal atração da marca na
FetransRio –, o processo de desenvol-
vimento desse ônibus no Brasil e sua
expectativa de vendas. “Era o modelo
que faltava para conquistarmos mais
participação no mercado”, afirmou.
PARA TODAS AS APLICAÇÕES
Impulsionadas pela quantidade
de novos corredores exclusivos para
ônibus em várias cidades, assim como
pela implantação dos sistemas de
BRT (Bus Rapid Transit) em algumas
delas, as empresas focaram seus
lançamentos em produtos capazes de
atender às necessidades do transporte
de pessoas nas médias e grandes
concentrações urbanas. Os segmentos
de turismo e fretamento também foram
contemplados, já que, em função da
próxima realização de grandes eventos
de âmbito mundial, o Brasil deverá
atrair maior quantidade de visitantes.
A feira apresentou toda a gama
de produtos e serviços para os mais
diferentes tipos de operação. Além
de uma completa linha de chassis e
carroçarias para veículos urbanos e
rodoviários, as empresas ofereceram
pacotes de serviços de manutenção e
gerenciamento de frota voltados a di-
minuir custos, aumentar a segurança e
melhorar a produtividade da operação.
A feira foi o palco apropriado para
a apresentação de novas tecnologias,
como, por exemplo, os ônibus híbridos
da MAN e da Mercedes-Benz. E, alem
disso, de novidades como a entrada
definitiva da Iveco no mercado e o lan-
çamento do chassi MA 17 da Agrale.
Também aumentou consideravelmente
a quantidade de novos modelos. Confi-
ra a seguir os principais lançamentos
e modelos que atraíram a atenção dos
visitantes da FetransRio 2012.
Ônibus híbrido exposto pela MAN: preocupação em preservar o meio ambiente.
Apostando no crescimento do mer-
cado “verde”, a MAN trouxe da Europa
e expôs na FetransRio o seu ônibus
híbrido Lion´s City. O veículo usa
energia elétrica para a partida e, com
isso, elimina a produção de fumaça,
além de reduzir consideravelmente o
nível de ruído. A combinação do uso de
diesel com a tecnologia de eletricidade
pode proporcvionar uma redução de
até 30% no consumo de combustível
e nas emissões de CO2.
Além do ônibus híbrido, a MAN
apresentou na FetransRio 2012 a sua
família completa de veículos, com des-
taque para o modelo 17.260 OD com
tecnologia EGR.
A Mercedes-Benz, em parceria com
a Eletra, apresentou o Híbrido BR, mon-
tado sobre o chassi O 500 U. Tem 12
metros de comprimento e capacidade
para transportar até 77 passageiros.
O veículo combina motor de 4 cilindros
movido a diesel (ou diesel de cana)
com um motor elétrico movido por um
conjunto de baterias.
As soluções das montadoras para um futuro “verde”
REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012 59
Div
ulga
ção
Irizar – i6A empresa com sede em Botucatu
aposta no i6 como alternativa para as
empresas de turismo e fretamento. O
veículo valoriza a identidade Irizar. En-
tre seus principais atributos destacam-
-se a redução das fontes de ruído e
das vibrações mediante a isolação da
zona do motor, e a flexibilidade, que
possibilita ao frotista as configurações
mais adequadas a cada necessidade.
O modelo é visto pela Irizar como
aquele que faltava para que ela pos-
sa conquistar maior participação no
mercado brasileiro. Axier Etxezarreta,
diretor-geral na empresa no Brasil, qua-
lificou de “muito boa” a acolhida dada
ao i6, do qual já foram vendidas mais
de 300 unidades. Leia mais sobre o
Irizar i6 na página 26.
A Marcopolo deu ênfase ao Viale
BRT e ao Audace, lançado há pouco.
O Audace chega para ocupar uma po-
sição intermediária entre os modelos
Ideale 770 e o Viaggio G7, da Mar-
copolo. Seu alvo são os clientes que
Marcopolo – Audace/Viale Sunny
O Audace, um Marcopolo mais simples, porém de aparência sofisticada.
nibusÔ
O presidente da Neobus, Edson Tomiello, antecipou na
FetransRio o anúncio do ingresso da empresa no mercado
dos veículos rodoviários. Enquanto isso, comemorou as ven-
das dos seus Mega BRT e Mega BRS (ambos expostos na
feira), que já estão circulando em várias cidades brasileiras,
assim como em algumas capitais importantes da América
do Sul, caso de Santiago, no Chile, e Guaiaquil, no Equador.
Neobus – Mega BRT
Mega BRT articulado com chassi Mercedes-Benz O 500 MA.
Mascarello – GranMetro
Foto
s: D
ivul
gaçã
o
buscam um veículo com baixo custo
operacional, principalmente para o
setor de fretamento. Outra novidade
da Marcopolo foi o Viale DD Sunny,
desenvolvido sem teto no piso superior
e próprio para rotas turísticas.
A Mascarello apresentou ao mercado sua carroçaria
GranMetro, para corredores BRT. É um ônibus urbano com
desenho diferenciado, exclusivo para chassis de motor
traseiro, articulados e biarticulados para todo tipo de aplica-
ção, inclusive em linhas alimentadoras, como no caso dos
sistemas BRS. A frente avançada, mais aerodinâmica, tem
contornos arredondados e maior área envidraçada. O carro
está apto a receber os chassis de classificação Euro V de
todas as montadoras.
O articulado BRT da Mascarello, batizado de GranMetro,
e recém-lançado.
60 REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012
Sua grande atração foi a família
Millenium BRT nas versões articulado,
biarticulado e para operação de linhas
alimentadoras. As versões articulado
e alimentador estão disponíveis para
A principal novidade da Comil foi o
Doppio BRT, redesenhado em 2011,
que apresenta melhor aerodinâmica
com o ar-condicionado incorporado à
carroçaria. O diretor geral, Silvio Cale-
garo, confirmou a divisão da produção
da empresa tão logo a unidade de
Lorena seja inaugurada. Os modelos
urbanos e os micro-ônibus serão pro-
duzidos no interior paulista.
Caio – Millenium BRT
encarroçamento em chassis das qua-
tro principais montadoras. Já a versão
biarticulado está disponível para uti-
lização no chassi Volvo. Também foi
mostrado o Apache Vip.
A Caio Induscar expôs três versõesx do Millenium BRT.
Na FetransRio houve duas impor-
tantes surpresas no segmento dos
veículos com 17 toneladas: a entrada
da Iveco, com seu chassi S170, e a
chegada do chassi MA 17.0, da Agrale.
A empresa italiana anunciou que den-
tro de cinco anos deverá dispor de uma
linha completa de ônibus no Brasil. Na
mostra, além do S 170 ela mostrou
o já conhecido City-Class, agora com
novo design.
Já a Agrale acredita muito no
potenckial do novo chassi MA 17, es-
pecialmente por ter sido desenvolvido
a partir das opiniões colhidas junto a
clientes e encarroçadores. E, segundo
o diretor técnico Pedro Soares, “por
ter sido feito na medida exata para os
operadores”.
Concorrentes no mercado de pesa-
dos, as montadoras suecas Scania e
Volvo apresentaram suas linhas com-
pletas. Além disso, deram grande aos
pacotes tecnológicos de gerenciamen-
to operacional e de frota, que podem
gerar maior rentabilidade ao operador.
A Scania mostrou o seu chassi
exclusivo de 15 metros para utilização
em trólebus e a linha de veículos com
motor dianteiro (segundo a empresa
com preço mais competitivo). A mon-
tadora acredita que seu pacote de
serviços pode contribuir para melhorar
os serviços e racionalizar as operações
de seus clientes.
Com o sistema de telemática e
os gerenciadores de tráfego e manu-
tenção, a Volvo pretende subsidiar o
empresário com informações capazes
de otimizar custos e prevenir ou reduzir
vícios de operação.
Disputa pesadano mercado de ônibus urbanos
REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012 61
Comil – Doppio BRT
O Doppio BRT
ganhou nova curvatura frontal,
agora mais acentuada.
odoviasR
Recuperação em marcha lentaA décima-sexta pesquisa CNT de Rodovias, cujos resultados foram divulgados
recentemente, não trouxe boas notícias para os transportadores rodoviários do país, sejam
eles de passageiros, sejam de carga. Em um espaço de 12 meses praticamente não houve
avanços na qualidade e no estado de conservação das estradas brasileiras. Ao contrário:
em vários aspectos,houve piora na situação das estradas.
Div
ulga
ção/
CN
T
62 REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012
No período entre 25 de junho e
31 de julho últimos, 17 equipes
de pesquisadores especializados a
serviço da Confederação Nacional
do Transporte percorreram 95.707
quilômetros de rodovias brasileiras,
avaliando aspectos do pavimento,
da sinalização e da geometria de
todas elas. Foram cuidadosamente
avaliadas a totalidade das vias fe-
derais (65.273 quilômetros) e todas
as principais rodovias estaduais
pavimentadas (30.434 quilômetros),
inclusive as concessionadas. Ao fim
do trabalho, os pesquisadores verifi-
caram que 62,7% das rodovias apre-
sentavam algum tipo de deficiência.
Na avaliação do conjunto desses
três aspectos, 33,4% das rodovias
brasileiras foram consideradas em
estado regular, 20,3% em estado
ruim e 9% em péssimo estado. Ape-
nas 9,9% estão em estádio ótimo, e
27,4% apresentam-se em bom esta-
do. Comparando-se os resultados de
2012 com os de 2011, percebe-se
uma piora na qualidade das estradas
nacionais. No ano passado, 57,4%
foram classificadas como regulares,
ruins ou péssimas. Neste ano, o
percentual subiu para 62,7%.
Pode-se afirmar, portanto, de
acordo com o levantamento, que
quase dois terços das rodovias pa-
vimentadas do Brasil estavam em
situação péssima, ruim ou regular
naquele período em que foram ava-
liadas pelas equipes da CNT.
A avaliação específica do as-
pecto “pavimento” mostrou que
43.981quilômetros de rodovias
apresentavam problemas. Ou seja,
45,9% do total pesquisado. No caso
das condições de sinalização, foram
detectados problemas em 63.410
quilômetros, correspondendo a
66,2% do total.
Determinados trechos
da Rodovia BR-242 foram
encontrados em
estado calamitoso.
REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012 63
Ainda comparando os resultados de 2012
com os de 2011, a pesquisa mostra que hou-
ve aumento de quase 10% nos problemas de
sinalização. Eles correspondiam a 56,9% das
rodovias no ano passado e se elevaram para
66,2% este ano. No caso desta nova pesqui-
sa CNT, foi observado que as faixas centrais
desgastadas ou inexistentes aumentaram em
28,1% desde a pesquisa anterior. O aumento
das faixas laterais desgastadas ou inexisten-
tes chegou a 27,7% e as placas encobertas
pelo mato também tiveram aumento de 2,4%.
“Essa é uma questão que precisa ser solucio-
nada com urgência”, declarou o presidente
da CNT, Clésio Andrade. – “A boa sinalização
é fundamental para garantir a segurança dos
motoristas e passageiros que trafegam pelas
rodovias do Brasil.”
Também foi observado um número bastan-
te alto de pontos críticos nas estradas: 221
no total, divididos entre quedas de barreiras,
pontes caídas, buracos grandes e erosões na
pista. O número permaneceu estável, já que no
ano passado haviam sido anotados 219 pontos
críticos. Porém, em relação às erosões na pista,
verificou-se aumento de 36% na comparação
com os resultados de 2011.
A Pesquisa CNT de Rodovias abrange todas
as principais ligações rodoviárias – ou seja,
os trechos regionais representados por uma
ou mais rodovias de grande importância para
o transporte de cargas e de passageiros, pois
interligam territórios de uma ou mais unidades
da Federação e apresentam significativos vo-
lumes de tráfego de veículos de passageiros
e de cargas. A pesquisa elaborou um ranking
dessas ligações rodoviárias (109 no total) e
concluiu que as dez ligações rodoviárias melhor
colocadas estão no Estado de São Paulo e são
concessionadas (no todo ou em parte). Elas
perfazem 2.072 quilômetros de rodovias esta-
duais e 28 quilômetros de rodovias federais.
Entre as dez piores ligações, a maioria está
no Norte, Nordeste e Centro-Oeste, com desta-
que negativo para o trecho que vai de Rio Verde
a Iporá, municípios de Goiás e de Natividade
(TO) a Barreiras (BA).
Rondônia: ponto crítico na BR-429.
Bahia: outro ponto bastante crítico localizado na BR-135.
No Pará, uma situação quase inacreditável na BR-158.
odoviasR
Foto
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ivul
gaçã
o/C
NT
64 REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012
ntigosA
Veículos que resgatam histórias de vidas
Em São Paulo, todo ano uma exposição de ônibus e caminhões antigos chamada Viver,
Ver e Rever atrai uma multidão de interessados pela história dos transportes e, principalmente,
faz muita gente viajar pelo tempo.
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gaçã
o
66 REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012
No início, em 2004, uns poucos
veículos antigos foram expostos
na garagem da empresa Redenção,
em São Paulo. Com o aumento do nú-
mero de expositores e dos visitantes,
o espaço ficou pequeno. Por isso, em
2007 a exposição Viver, Ver e Rever –
A evolução passou a ser realizada no
Memorial da América Latina, no bairro
da Barra Funda, sempre na capital pau-
lista. No ano passado ela foi incluída
no Calendário Oficial de Turismo da
cidade de São Paulo. É promovida pelo
Primeiro Clube do Ônibus Antigo Brasi-
leiro e patrocinado pela Mercedes-Benz
do Brasil.
“A cada ano são muitos amigos
que fazemos, e são impressionantes
as muitas histórias que descobrimos”,
relata Antônio Kaio, um apaixonado
pela história dos transportes que
preside o Primeiro Clube. “A partir da
história dos transportes podemos ver
o valor do nosso povo. O transporte
lida com gente, está no dia a dia das
pessoas. Para nós, é uma emoção
diferente a cada exposição.”
Por exemplo, na Viver, Ver e Rever
deste ano, em outubro, um dos veícu-
los mostrados pela primeira vez foi o
Ciferal Flecha de Prata Mercedes-Benz
LPO 1113. O ônibus pertence ao em-
presário Antônio Cortes, de 44 anos.
Ao restaurá-lo, ele quis prestar uma
homenagem a João Batista Cortes, seu
pai, ao mesmo tempo retratando como
eram os transportes em uma região
de Minas Gerais. João Batista fundou
em 1962 a Expresso Tereza Cristina,
empresa de ônibus rodoviário que liga-
va Belo Horizonte ao Vale do Mucuri,
naquele Estado. Enfrentou todas as
dificuldades inerentes às estradas de
terra e ajudou no desenvolvimento da
região. O asfalto só veio em 1982.
O filho, Alexandre Cortes, viveu
uma parte dramática dessa história.
“Nasci em 1968 em um dos
ônibus do meu pai. Grávida de mim,
minha mãe entrou em trabalho de
parto na garagem, onde morávamos.
Sem carro, meu pai usou um ônibus
para transportá-la até o hospital, mas
não deu tempo de chegar lá, minha
primeira viagem já tinha sido feita” –
relembra Alexandre.
A empresa foi vendida para ou-
tro grupo em 1997, mas a saudade
ficou. Mais recentemente, Alexandre
começou a procurar um ônibus igual
aos que eram usados na empresa de
seu pai. Encontrou, comprou, mandou
desmontar e restaurou. Foi mostrado
agora pela Viver, Ver e Rever.
Outro veículo inédito apresentado
na edição de 2012 da mostra – um
Flecha Azul Scania K 124 iB, ano
1998, a penúltima unidade produzida
pela CMA – serviu para mostrar que os
transportes podem realmente suscitar
paixões, mesmo daquelas pessoas
que não atuam diretamente no ramo.
O veículo é de propriedade de Antônio
Sérgio Hurtado, empresário do ramo da
indústria plástica, fascinado por trans-
portes. Tal fascínio levou-o a reunir um
dos maiores acervos particulares de
veículos pesados antigos. São vinte e
seis caminhões e quatro ônibus.
A importância do trabalho de pre-
servação que Hurtado – chamado de
Neo pelos amigos – realiza pode ser
medida pela reação do público ao
ver o imponente CMA Flecha Azul no
Memorial da América Latina. Com au-
O empresário Antônio Sérgio Hurtado restaurou um dos ícones das estradas brasileiras, o
CMA Flecha, penúltima unidade do modelo fabricada pela Viação Cometa.
A cantora Sula Miranda, conhecida como
“rainha dos caminhoneiros”, tornou-se
madrinha da exposição.
REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012 67
ntigosA
torização da Viação Cometa, ele fez questão
de manter as cores tradicionais do veículo.
“A história dos transportes passa pelo CMA
Flecha. Esse modelo da Cometa marcou a
paisagem de várias estradas brasileiras.
Até quem não entendia nada de ônibus
sabia qual era identificar o veículo, que foi
realmente marcante” – explica, emocionado,
o colecionador.
Outro veículo antigo que atraiu muitas
atenções na edição de 2012 foi uma enor-
me carroçaria Cermava ano 1966, estilo
Papa-Fila. Entre 1950 a 1960, houve um
desenvolvimento muito rápido dos principais
centros urbanos no Brasil. A demanda de
passageiros em algumas linhas de ônibus
urbanos crescia a ponto de os veículos con-
vencionais, na sua maior parte pequenos se
comparados aos convencionas de hoje, não
dessem conta de tanta gente. O Papa-Fila foi
ao mesmo tempo reflexo e uma resposta a
esse fenômeno. O primeiro ônibus articulado
só surgiria em 1978 – um Scania 111, Caio
modelo Gabriela. O Papa-Fila foi o seu tosco
antecessor: uma enorme carroçaria de ôni-
bus tracionada por um cavalo de caminhão.
O exemplar exibido na VVR foi adquirido
da Marinha, em Belo Horizonte.
Antônio Kaio Castro, presidente do Primeiro Clube
do Ônibus Antigo Brasileiro. Na foto à esquerda, o
empresário Antônio Cortes, que restaurou o Ciferal
Flecha de Prata 1974 em homenagem a seu pai, um dos
pioneiros dos transportes de parte de Minas Gerais.
O Thamco ODA, Scania K 112, o popular Fofão, ideia do então prefeito Jânio Quadros.
O Papa Fila foi o precursor do articulado: carroçaria de ônibus puxada por caminhão.
Foto
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ivul
gaçã
o
68 REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012
“Esse ônibus me lembra a época que a cidade era mais tranquila”. “Este aqui é igual ao que eu usava quando consegui meu primeiro emprego.”
“Eu me lembro desse ônibus, é da época em que o Jânio Quadros era prefeito.”“Puxa, como os ônibus eram pequenos!”
Com a ajuda dos veículos antigos
expostos deu para reconstituir mo-
mentos ou passagens importantes
da nossa história, ou da história de
cada um. Talvez por isso, na VVR, eles
eram encarados com reverência pelos
visitantes. Por exemplo:
A jardineira, de 1929, remontava
aos primeiros tempos do transporte
automotivo, quando era preciso so-
bretudo muita coragem para realizar o
sonho de ir e vir.
A Prefeitura de São Paulo trouxe
um ônibus elétrico ACF Brill, ano 1948,
importado de Denver, Estados Unidos.
O modelo prestou serviços na capital
paulista até os anos 1990.
Um dos trólebus pioneiros que
operaram em São Paulo foi mostrado
ao público. Trouxe a lembrança de que
esse tipo de veículo constitui uma das
marcas da cidade de São Paulo.
Um jeito especial de recordar o passado
Um Chevrolet 1963 mostrou ao
público que os transportes no Brasil,
embora já estivessem se modernizan-
do naquela década, ainda demorariam
muito para chegar ao estágio atual.
Grandes marcos da evolução do
ônibus no Brasil foram os monoblo-
cos que a Mercedes Benz começou
a produzir em 1958. Os monoblocos
estiveram presentes na VVR, como
um modelo particular de 1968 e um
restaurado da empresa Passaredo.
Trazidos do Sul do país vieram um
Volvo B 58/Nielson 2.50, da Viação
Graciosa, e um Nimbus TR 3, da Viação
Colombo, mostrando como o transpor-
te evoluiu naquela região. Inicialmente
chamada de Furcare, a Nimbus foi
criada nos anos 1960 pelos irmãos
Nicola, que antes haviam fundado
a antecessora da Marcopolo. Esta,
comprou a Nimbus nos anos 1970.
A Nielson, que depois veio a se
chamar Busscar, marcou épocas com
os modelos Diplomata. O Diplomata
310, como o da empresa São João
Batista, era muito usado para médias
distâncias e fretamento. Para turismo
ou viagens maiores, havia versões
mais requintadas, como o Diplomata
350 exibido pela Rodrigues.
Outro ônibus marcante foi o Tribus,
produzido pela Itapemirim. A empresa
levou duas unidades ao Memorial da
América Latina.
Também estava lá um simpático
modelo de dois andares – o Fofão –
cópia dos famosos ônibus vermelhos
de Londres. Não deu certo por causa
do seu porte: tinha 4,25 m de altura.
A primeira unidade, entregue em 1º
de outubro de 1987, transportava 26
passageiros sentados na parte de
baixo e 46 sentados no andar superior.
Os monoblocos da Mercedes-Benz surgiram em 1958. Com eles, os
ônibus passaram a ser vistos de fato como veículos para passageiros.
O Nimbus TR 3 da Viação Colombo mostrou como como o transporte
evoluiu no Sul do país. A Nimbus foi criada pelos irmãos Nicola.
REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012 69
piniãoO
Ônibus, transporte para sempre
Ace
rvo
pess
oal
Adamo Bazani
Repórter da Rádio CBN, jornalista
especializado em transportes.
Flexibilidade e baixo custo para im-
plantação dos serviços são alguns
dos pontos que provam: o ônibus é
um meio de transporte que sempre irá
servir à população e que se torna ainda
mais importante com a expansão de
outros modais.
Quando se fala em novos modais
de transportes e na expansão dos
serviços ferroviários urbanos e interes-
taduais, muitos, por desconhecimento
ou puro oportunismo de marketing
político, dizem que em breve boa parte
dos serviços de ônibus em diversas
cidades será extinta ou se tornará
obsoleta.
Há ainda os que classificam o
ônibus como um meio de transporte
ultrapassado, mesmo em corredores
exclusivos.
Discursos assim servem apenas
para confundir a população e criar em
algumas figuras públicas a falsa ima-
gem de “inovadores”, “paladinos do
progresso e da modernização”.
Os especialistas e profissionais
que defendem a utilização de ônibus,
Quantas vezes um investimento
público ou privado transforma uma
vila em cidade, provocando o cresci-
mento da população que necessita do
transporte? Vê-se então que o ônibus,
com sua flexibilidade e pioneirismo, já
estava lá atendendo à demanda.
As cidades são dinâmicas e muitas
vezes mudam seus perfis econômicos
e de ocupação. Nos anos de 1970,
quando o Metrô de São Paulo foi im-
plantado, muitos diziam que seria o fim
de boa parte dos serviços de ônibus na
maior cidade da América Latina. Que
nada! O que houve foi apenas uma
readequação dos serviços de ônibus. A
história mostra que quanto mais se in-
veste no modal metroferroviário, mais
o ônibus ganha importância. Afinal, as
pessoas precisam chegar de maneira
eficiente a um transporte de grande
demanda também eficiente. Um meio
de transporte complementa o outro.
Aliás, quando se fala em flexibili-
dade, basta lembrarmos o papel de
pioneirismo representado pelos ônibus
interestaduais, que hoje integram to-
das as cidades brasileiras. É o único
meio de transporte capaz de fazer
isso. E essa integração foi feita pelos
próprios empresários, rodando em
estradas muitas vezes inexistentes.
Quando se fala em flexibilidade, basta
lembrarmos o papel de pioneirismo
representado pelos ônibus interestaduais,
que hoje integram todas as cidades brasileiras.
a instalação de corredores exclusivos
do tipo BRT e o estímulo a esse meio
de transporte não são, em hipótese
alguma, contrários à ampliação das
malhas ferroviárias. Ao contrário, têm
a consciência plena de que, hoje em
dia, muitas demandas só serão satis-
fatoriamente atendidas por sistemas
de grande porte como o metrô. Assim
como existem outras que só podem
ser atendidas pelos ônibus.
As razões são várias. Primeiro
porque o ônibus chega aonde o trilho
jamais conseguiria, por mais avança-
dos que sejam, hoje, os processos
de engenharia. O país tem dimensões
de continente e cidades de todos os
tipos, relevos, topografias e condições
climáticas. Até mesmo nas chamadas
metrópoles, as realidades mudam em
questões de poucos quilômetros per-
corridos. Para todas essas situações,
há um ônibus apropriado.
Outro fato importante é a realidade
financeira das cidades. Nem todas têm
condições de implantar em tempo rápi-
do um modal metroferroviário. Os sis-
temas de corredores de ônibus segre-
gados, como os modernos BRTs – Bus
Rapid Transit –, ou mesmo corredores
expressos simples, têm-se revelado
formas eficientes e economicamente
responsáveis de melhorar e agilizar os
transportes para os cidadãos. Além
disso, o ônibus é extremante flexível,
como mostra a história dos transportes
coletivos. É o único meio que consegue
atender de maneira rápida ao cresci-
mento populacional e econômico de
várias regiões.
70 REVISTA ABRATI, DEZEMBRO 2012