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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA - UFSC CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FARMÁCIA
MARLI ADELINA DE SOUZA
AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA TRANSFUSIONAL POR MEIO DO ESTUDO SOROEPIDEMIOLÓGICO DAS HEPATITES VIRAIS B, C, DE HIV-I/II E DE CITOMEGALOVÍRUS EM DOADORES DE SANGUE DO
HEMOCENTRO REGIONAL DE LAGES
Florianópolis 2004
MARLI ADELINA DE SOUZA
AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA TRANSFUSIONAL POR MEIO DO ESTUDO SOROEPIDEMIOLÓGICO DAS HEPATITES VIRAIS B, C, DE HIV-I/II E DE CITOMEGALOVÍRUS EM DOADORES DE SANGUE DO
HEMOCENTRO REGIONAL DE LAGES
Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Farmácia na área de concentração em Análises Clínicas da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Orientador: Prof. Celso Spada, Dr.
Florianópolis 2004
ii
Ficha Catalográfica SOUZA, Marli Adelina. Avaliação da segurança transfusional por meio do estudo soroepidemiológico das Hepatites Virais B, C, de HIV-I/II e de citomegalovírus em doadores de sangue do Hemocentro Regional de Lages. Florianópolis, 2004. 116 p. Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Pós-graduação em Farmácia - Área de Concentração em Análises Clínicas da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Orientador: Prof. Celso Spada, Dr. Florianópolis: UFSC, 2004 1. Doadores de sangue, Hepatite B, Hepatite C, HIV, CMV, soroprevalência, risco residual.
iii
"Não se pode ensinar tudo a alguém, pode-se apenas ajudá-lo a encontrar por si mesmo."
Galileu Galilei
iv
Dedico à minha filha Mariana, presente de Deus, motivo de
maior incentivo, pelo amor, alegrias e aceitação da
minha ausência nos momentos em que
me dediquei à esta dissertação;
à minha mãe Ivanize, pelo amor,
compreensão e pelos ensinamentos
de honestidade, dignidade;
às minhas irmãs, que sempre estiveram
ao meu lado, confiando e apoiando,
pela amizade, estímulo.
v
AGRADECIMENTO
Agradeço a colaboração de todos aqueles que participaram e apoiaram a
elaboração deste trabalho. De uma forma muito especial agradeço
Ao meu orientador e amigo, Prof. Celso Spada pelo constante incentivo, sempre
indicando a direção a ser tomada nos momentos de maior dificuldade, pela atenção
cuidadosa aos detalhes importantes. Agradeço pela confiança.
À empresa REM através da Sra Solange, que incondicionalmente, cedeu os Kits
diagnósticos da marca BIOKIT, para a pesquisa do citomegalovírus.
À direção do HEMOSC Coordenador pela confiança em mim depositada na
realização deste trabalho.
À direção do Hemocentro Regional de Lages, pela amizade, apoio e
companheirismo, nos momentos certos.
Ao Prof. Emil Kupek, pelo profissionalismo e ajuda inestimável.
À Profa. Tânia Fröde, pelas pontuais sugestões na realização deste trabalho.
Aos meus colegas do Hemocentro, pelo apoio e cooperação sempre
demonstrados, em especial a Éster, pela sua disposição em substituir-me nos momentos
que estava no mestrado. À Eloi, Marisa e Thais pela ajuda preciosa.
Às minhas grandes amigas Patrícia e Sandra que me fizeram acreditar que era
possível, quando tudo se apresentava inviável. Pelo apoio incondicional e pela amizade
sincera, otimismo e parceria incansável em todos os momentos.
À Mônica do HEMOSC Florianópolis, e Madalena do Hemocentro de Lages, pela
colaboração e presteza durante a fase de coleta e elaboração do banco de dados.
À Profa. Tereza pela de revisão de português da dissertação. Ao Caio pela ajuda
nas análises estatísticas e paciência em explicá-las.
Aos doadores de sangue, motivo deste trabalho, minha gratidão e
reconhecimento.
vi
SUMÁRIO
I. INTRODUÇÃO ..............................................................................................................1
II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................6
2.1 BANCO DE SANGUE..................................................................................................6
2.1.1 Histórico.......................................................................................................................6
2.1.2 Triagem sorológica ......................................................................................................9
2.2 HEPATITES VIRAIS ..................................................................................................11
2.2.1 Histórico.....................................................................................................................11
2.2.2 Hepatite B..................................................................................................................12
2.2.3 Hepatite C..................................................................................................................14
2.3 Citomegalovírus.........................................................................................................16
2.4 Infecção pelo HIV ......................................................................................................17
2.5 Diagnóstico laboratorial das Hepatites B e C, do Citomegalovírus e da
Infecção pelo HIV ......................................................................................................19
2.6 Avaliação do risco residual ........................................................................................23
III. OBJETIVOS ...............................................................................................................25
3.1 OBJETIVO GERAL.....................................................................................................25
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................................26
IV. MATERIAIS E MÉTODOS ..........................................................................................27
4.1 DELINEAMENTO ........................................................................................................27
4.2 POPULAÇÃO EM ESTUDO........................................................................................27
4.3 CRITÉRIO DE SELEÇÃO DA POPULAÇÃO EM ESTUDO........................................28
4.4 INSTRUMENTO DA PESQUISA ................................................................................29
4.5 VARIÁVEIS EM ESTUDO ..........................................................................................29
vii
4.6 DIMENSIONAMENTO DA AMOSTRA .......................................................................30
4.6.1 Caracterização da Amostra ........................................................................................30
4.7 TESTES REALIZADOS NO LABORATÓRIO DE SOROLOGIA DO
HEMOCENTRO ........................................................................................................31
4.7.1 Testes de Triagem Sorológica....................................................................................31
4.7.2 Testes de Repetição e Confirmatórios, realizados no Laboratório
de Sorologia do HEMOSC Coordenador, em Florianópolis ......................................32
4.8 PRINCÍPIOS DOS TESTES REALIZADOS PELO MÉTODO ELISA.........................33
4.9 CARACTERIZAÇÃO DO MODELO DO CÁLCULO DO RISCO
RESIDUAL.................................................................................................................36
4.10 ASPECTOS ÉTICOS.................................................................................................37
4.11 PROCESSAMENTO DOS DADOS ...........................................................................37
4.12 ANÁLISE ESTATÍSTICA ...........................................................................................38
V. RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................39
TÓPICO I ....................................................................................................................40
5.1 PERFIL DO DOADOR DE SANGUE..........................................................................40
5.1.1 Análise Descritiva da População ................................................................................40
TÓPICO II ...................................................................................................................49
5.2 Soroprevalência para Marcadores das Hepatites B e C do HIV-I/II ...........................49
5.2.1 Soroprevalência para Marcadores de Hepatites B e C ..............................................49
5.2.2 Soroprevalência para Marcadores de HIV-I/II método 1 e método 2 .........................56
TÓPICO III ..................................................................................................................60
5.3 Identificação da Soroprevalência de CMV através da Pesquisa
dos Marcadores de Anticorpos IgG e IgM nos Doadores de Sangue ......................60
TÓPICO IV..................................................................................................................70
5.4 Correlação entre os Marcadores Sorológicos para CMV Hepatite B e
C e para HIV-I/II........................................................................................................70
TÓPICO V...................................................................................................................72
5.5 Determinação do Risco Residual para Marcadores de Hepatite B, C e
de HIV-I/II....................................................................................................................72
VI. CONCLUSÃO ............................................................................................................84
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................86
ANEXOS.................................................................................................................................97
viii
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Infecções transmitidas por transfusões ....................................................18
Quadro 2. Proteínas recombinantes e peptídeos sintéticos empregados nos
ensaios imunoenzimáticos para a pesquisa de anti-HCV.........................20
Quadro 3. Diagnóstico da infecção por CMV a partir de diferentes
testes laboratoriais ..................................................................................21
Quadro 4. Período de janela imunológica (em dias) de acordo com a
metodologia utilizada nos testes de triagem sorológica para detecção
de infecção/doença em doadores de sangue.........................................23
Quadro 5. População de estudo................................................................................28
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Distribuição de freqüência segundo a variável sexo dos doadores de
sangue do HRL......................................................................................................40
Tabela 2. Distribuição de freqüência segundo a variável faixa etária dos
Doadores de sangue do HRL .................................................................................41
Tabela 3. Distribuição de freqüência segundo as variáveis faixa etária e sexo
dos doadores de sangue do HRL ...........................................................................41
Tabela 4. Distribuição de freqüência da raça, grau de escolaridade e estado civil
dos doadores de sangue do HRL ...........................................................................42
Tabela 5. Distribuição de freqüência segundo a variável número de doações
dos doadores de sangue do HRL ..........................................................................43
Tabela 6. Resultados da soroprevalência para os marcadores da Hepatite B
nos doadores de sangue do HRL .........................................................................49
Tabela 7. Resultados da soroprevalência para os marcadores da Hepatite C
nos doadores de sangue do HRL .........................................................................50
Tabela 8. Resultados da soroprevalência para os marcadores de HIV-I/II
nos doadores de sangue do HRL .........................................................................56
Tabela 9. Resultados da prevalência para os marcadores anti-CMV nos doadores
de sangue do HRL.................................................................................................60
Tabela 10. Distribuição de freqüência das variáveis descritivas (sexo, escolaridade,
faixa etária e número de doações) e o resultado para o marcador
IgG anti-CMV nos doadores de sangue do HRL ....................................................61
Tabela 11. Distribuição de freqüência das variáveis descritivas (sexo, escolaridade,
faixa etária e número de doações) e o resultado para o marcador
IgM anti-CMV nos doadores de sangue do HRL ...................................................62
Tabela 12. Valor do coeficiente de correlação de Spearman entre os marcadores
sorológicos para HIV-I/II nos doadores de sangue do HRL ................................70
x
Tabela 13. Testes de incidência, estimativa de soroconversão, fator de ajuste e risco
residual de HBsAg em doadores de sangue no período de 2000-2003..............73
Tabela 14. Testes de incidência, estimativa de soroconversão e risco residual
de anti-HCV em doadores de sangue de repetição de 2000-2003 .....................74
Tabela 15. Testes de incidência, estimativa de soroconversão e risco residual
de anti-HIV-I/II em doadores de sangue de repetição de 2000-2003..................75
Tabela 16. Risco residual estimado para os marcadores de Hepatite B, C e de
HIV nos doadores de sangue do Hemocentro Regional de Lages, no
período de 2000 a 2003........................................................................................75
xi
LISTA DE ABREVIATURAS
AABB Associação Americana de Bancos de Sangue AIDS Síndrome da imunodeficiência adquirida
Anti-HBc Antígeno Core do vírus da Hepatite B
Anti-HBe Anticorpo contra o antígeno "e" do vírus da Hepatite B
Anti-HBs Anticorpo contra o HBsAg
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
CDC Centro de Controle de doenças e Prevenção
CMV Citomegalovírus
CNH Conselho Nacional de Hemoterapia
DNA Ácido desoxirribonucléico
DO Densidade óptica
ELISA Ensaio imunoenzimático
FAHECE Fundação de Apoio ao HEMOSC/CEPON
HBeAg Antígeno E do vírus da Hepatite B HBsAg Antígeno de superfície do vírus da Hepatite B
HBV Vírus da Hepatite B
HCV Vírus da Hepatite C
HEMOMINAS Hemocentro de Minas Gerais
HEMOPE Hemocentro de Pernambuco
HEMOSC Centro de Hematologia e Hemoterapia do Estado de
Santa Catarina
HIV Vírus da Imunodeficiência Humana
HNANB Hepatite não A e não B
xii
HPT Hepatite pós-transfusional
HRP Peróxido de rábano
HRPO Enzima peroxidase
HTLV Vírus linfotrópico de células T humanas
HVA Vírus da Hepatite A
IgG Imunoglobulina da classe G
IgM Imunoglobulina da classe M LOG Logaritmo
mL microlitro
NAT Teste de amplificação de ácidos nucléicos
OMS Organização Mundial de Saúde
OPD O-fenilenodiamino
PCR Reação em cadeia de polimerase
RIBA Ensaio Imunoblot recombinante
RNA Ácido ribonucléico
TGP Alanina-aminotransferase
TMB Tetrametilbenzidina
xiii
xiv
RESUMO
A evolução científica e tecnológica para diagnóstico de agentes etiológicos
nas doenças transmissíveis pelo sangue e o desenvolvimento de metodologias
mais sensíveis e específicas para esses agentes, faz com que diminuam os índices
de prevalência dessas doenças. O objetivo deste trabalho foi realizar um estudo
soroepidemiológico verificando as prevalências dos marcadores para Hepatites
virais B e C, para HIV e para CMV em doadores de sangue, verificando a
correlação entre os marcadores estudados, e determinar o risco residual dos
marcadores para Hepatites B, C e do HIV. Foram analisadas amostras de sangue
de 24969 doadores que compareceram ao Hemocentro Regional de Lages no
período de 2000 a 2003. Para conhecer o perfil e determinar as soroprevalências
dos marcadores, foram analisadas 2968 doadores da amostra inicial. Para análise
estatística utilizou-se o programa Stats Direct Statistical software versão 2.3.5, o
teste qui-quadrado e o teste de Correlação de Spearman. O cálculo do risco
residual seguiu o modelo incidência/janela descrito por Schreiber em 1996. O
intervalo de confiança adotado foi de 95%, com p ≤ 0,05. O estudo demonstrou
um novo perfil de doadores, revelando doadores mais jovens, fidelizados e com
grau de escolaridade mais elevado. A soroprevalência para os marcadores HBsAg
foi verificada 0,17% (IC B95%B0,02-0,36); para anti-HCV, 0,20% (ICB95%B0,04-0,36) e para
o anti-HIV, 0,10% (ICB95%B0,00 - 0,21), sendo a mais baixa do Estado. A
soroprevalência de anticorpos IgG para CMV detectada nos doadores foi de 96,4%
(ICB95%B 95,23 - 97,50), significando exposição prévia ao citomegalovírus e para IgM-
ELISA captura, de 2,3 (IC B95% B1,39 - 3,20). O risco residual estimado para os
marcadores HBsAg, anti-HCV e anti-HIV-I/II apresentou valores inferiores em
seus índices, comparados com anos anteriores, demonstrando aumento da
segurança transfusional.
Palavras-chave: Doador de sangue, Hepatites B e C, HIV, CMV, soroprevalência,
risco residual.
xv
ABSTRACT
The scientific and technological evolution for the diagnosis of etiological agents, in
the diseases that can be transmitted through the blood and, the development of
more sensitive and specific methodologies for these agents, contribute for the
decrease of prevalent rates of these diseases. The objective of the present work
was to carry a serumepidemiological study out to verify the prevalence of the
markers for viral Hepatitis B and C, for HIV and for CMV in blood donors, and the
correlation between the markers which were studied, as well as, to determine the
residual risk of the markers for hepatitis B, C and for HIV. Samples of blood from
24969 donors, registered in the Regional Hemocenter in Lages, were analyzed
from 2000 to 2003. In an attempt to know the profile and to determine the
serumprevalence of the markers, 2968 donors of the initial sample were analyzed.
For the statistical analysis the researcher used the Stats Direct Statistical software,
version 2.3.5, the qui-square test and the Spearman correlation test. The
verification of the residual risk followed the incidence/window described by
Schreiber in 1996. The safe interval was of 95%, with ≤ 0,05. The present study
points to a new profile of donors, revealing younger donors, trustworthy and more
educated people. The serumprevalence for the HBsAg markers was verified 0,17%
(ICB95%B0,02-0,36); for the anti-HCV, 020% (ICB95%B0,04-0,36) and for the anti-HIV,
0,10% (ICB95%B0,00 - 0,21), the lowest rate in Santa Catarina State. The
serumprevalence of anti-bodies IgG for CMV detected in the donors was of 96,4%
(ICB95% B95,23 - 97,50), which means that there was a previous exposition to the
cytomegalovirus, and for the IgM ELISA capture of 2,3 (IC B95%B 1,39 - 3,20). The
estimated residual risk for the HBsAg, the anti-HCV and the anti-HIV-I/II markers
presents lower values in their rates compared to the previous years, demonstrating
increase on the safety for the transfusions.
Key-words: blood donors, hepatitis B and C, HIV, CMV, serumprevalence, residual
risk.
1
I. INTRODUÇÃO
A descoberta da síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS) e suas
conseqüências produziram um grande impacto na sociedade atual, tendo contribuído
decisivamente para mudanças de hábitos e costumes, incluindo o comportamento
sexual.
Na hemoterapia procedeu-se à revisão dos critérios e indicações para o
uso do sangue e hemoderivados (CARMO, 1996), e legislações pertinentes a esta
nova realidade foram elaboradas, normatizando as práticas hemoterápicas no Brasil,
estabelecendo conjuntos de procedimentos e ações que visam garantir a qualidade
do sangue durante todo o seu processo, desde a captação do doador até o ato
transfusional, etapas conhecidas como o Ciclo do Sangue (ANEXO 1), pelas quais
todo candidato à doação de sangue deve passar, em qualquer serviço hemoterápico
do país. Em 2002, foi implantado o regulamento técnico para a obtenção,
realização dos testes, processamento e controle de qualidade do sangue e
hemocomponentes. Outras portarias e resoluções ministeriais foram acrescentando
metodologias, visando diminuir o risco das doenças hemotransmissíveis (VALENTE,
2002; ANVISA, 2004).
A qualidade do sangue e dos hemocomponentes a serem utilizados depende
de vários fatores que proporcionam maior segurança transfusional, dentre os quais
destacam-se a seleção de doadores, a triagem clínica (ANEXO 2), os exames
2
imunohematológicos, a triagem sorológica e o uso racional dos hemocomponentes
(SAEZ-ALQUEZAR, 1995).
Cada unidade de sangue doada é submetida a um conjunto de testes cujo
objetivo é a detecção de doenças transmissíveis por transfusão. Não é possível
oferecer segurança total com nenhum deles, havendo sempre unidades de sangue
que poderão acarretar prejuízos ao receptor, do ponto de vista de transmissão de
infecções, mesmo quando testadas adequadamente. A principal razão disto é a
chamada “janela imunológica”, período no qual uma pessoa recentemente
contaminada não apresenta anticorpos detectados pelos métodos de triagem
sorológica, porém é infectante. Os testes laboratoriais utilizados não são
suficientemente sensíveis, para detectar tal situação (NESS, 1990).
Todos estes cuidados e preocupações estão fundamentados nas infecções
pós-transfusionais que ocorrem nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, as
quais, com maior freqüência, são: as hepatites, a infecção por citomegalovírus
(CMV), o vírus da imunodeficiência humana-I (HIV-I) e o vírus linfotrópico de células
T humanas dos tipos I/II (HTLV-I/II), segundo CROWE; MILLS In STITES, et al.,
(2000).
A hepatite pós-transfusional (HPT) representa um grande problema na área
da medicina transfusional. É causada pelo vírus da Hepatite B em 5% dos casos e
pelo vírus da hepatite C em 95%. Dos receptores que desenvolvem hepatite pós-
transfusional, 50% desenvolvem hepatite crônica, e destes, 10% cirrose. Todos os
hemocomponentes podem transmitir essa hepatite (WENDEL in FOCACCIA, 2003).
A Hepatite C, considerada atualmente a causa mais importante de hepatite
associada à transfusão, responsável por 90 a 95% do total de casos, representa um
grave problema aos bancos de sangue. Em contraste com o HBV (vírus da Hepatite
B), o HCV (vírus da Hepatite C), apresenta uma alta taxa - que excede os 50% - de
progressão para a doença crônica ou cirrose subseqüente (CRAWFORD in
ROBBINS, 2000).
3
Embora as Hepatites B e C sejam transmissíveis e altamente infecciosas, a
grande preocupação está na transmissão do HIV pelo sangue. Nos últimos anos, o
Brasil tem apresentando alterações na dinâmica da transmissão do HIV, com
grande aumento do número de casos entre mulheres, tendência que tem sido
acompanhada pela incidência crescente de casos entre crianças que adquirem o
vírus através da mãe infectada (transmissão vertical) (GONÇALVES in VERONESI,
2002; WENDEL in FOCACCIA, 2003).
O HIV-I pode ser transmitido por hemácias, plaquetas, crioprecipitado,
plasma fresco congelado e, possivelmente, por outros componentes sangüíneos.
Em 2000 estimou-se o risco de infecção por unidade transfundida em 1/650.000
(VERRASTRO; LORENZI; WENDEL NETO, 2002).
O citomegalovírus é um vírus pouco conhecido nos meios transfusionais,
mas que traz sérios problemas para receptores de sangue, especialmente para os
neonatos e pacientes imunocomprometidos. É transmitido a receptores CMV-
negativos por leucócitos que contaminam os componentes eritrocitários e
plaquetários. A morbidade causada pelo CMV promove mortalidade significativa em
pacientes gravemente imunocomprometidos (ROBACK, et al., 2003).
Estudos soro-epidemiológicos demonstraram que a infecção pelo CMV
ocorre em praticamente todas as regiões do mundo (DE JONG apud SCHRÖEDER,
2003). Existem evidências de que a soro-prevalência de anticorpos está relacionada
ao nível sócio-econômico das populações estudadas. Em geral, as taxas de
soroprevalência variam de 40% a 60% nos países do Hemisfério Norte, de 80% a
100% na África e América Latina (CROWE in STITES, et al., 2000). Em São Paulo,
as taxas de soroprevalência variaram de 65% a 85%, de acordo com o nível sócio-
econômico das populações estudadas (PANNUTI in VERONESI, 2002).
Com a implantação das Metas Mobilizadoras da Política Nacional de
Sangue e Hemoderivados, do Ministério da Saúde, a qualidade e segurança no uso
de sangue em transfusões, foi melhor avaliada, obtendo-se maior sensibilidade dos
testes com a utilização de kits de 3ª geração para a execução da triagem
4
sorológica na seleção de doadores. Porém, permanece ainda o risco residual de
transmissão de hepatites, HIV e outros vírus testados, na possibilidade de obter-se
resultados falso-negativos, em decorrência da janela imunológica (VALENTE, 2002).
Para o HIV, nos testes que utilizam antígeno e anticorpo peptídeo sintético,
a janela está entre 22 a 25 dias. Em um estudo com 5688 doadores de sangue do
Hemocentro da Faculdade de Medicina de Marília, 34 amostras tiveram
soroconversão e dessas, 8 para Hepatite B e 1 para Hepatite C (CANUTTI, 1998). A
maior sensibilidade e especificidade dos kits para diagnóstico, está diminuindo a
janela e conseqüentemente, o risco residual, aumentando o nível de segurança
transfusional; Existem estudos nesse sentido com os doadores do Estado de Santa
Catarina, porém não são específicos da Região Serrana.
Quanto ao citomegalovírus, o uso de filtros leucodepletores, medicamentos
anti-virais e exclusão de doadores de sangue positivos ao CMV são as atuais
alternativas utilizadas para diminuir a transmissão desse vírus em transfusões,
principalmente para pacientes recém-nascidos, transplantados e ou
imunodeprimidos. Para uma análise mais concreta sobre a citomegalovirose, torna-
se necessário conhecer a freqüência de exposição à infecção prévia ao CMV nos
doadores de sangue e a freqüência dos negativos, uma vez que não existem esses
dados referentes à população do Estado de Santa Catarina.
Outros questionamentos devem ser avaliados, entre os quais, a segurança
nos doadores de repetição, questionada atualmente. Em um estudo da prevalência
e dos fatores de risco de doadores anti-HCV positivos, realizado no Rio de Janeiro,
verificou-se que doadores de repetição apresentavam maior índice de sorologia
positiva para anti-HCV (PATINO-SARCINELLI et al., 1994).
Em Santa Catarina, em especial na Região do Planalto Serrano, pouco se
sabe sobre o atual perfil do doador de sangue. Assim, torna-se importante levar em
consideração a influência de variáveis demográficas como sexo, idade, grau de
instrução, estado civil e número de doações, para traçar o perfil do doador de
sangue nesta região.
5
A distribuição de marcadores para Hepatites B e C, para HIV e para
Citomegalovírus entre doadores de sangue nunca foi objeto de estudo detalhado
nos hemocentros do Estado de Santa Catarina e pouco estudado em outros
hemocentros do País. Assim, permanecem desconhecidas informações relevantes
sobre a ocorrência dessas doenças, relacionando-as com os exames realizados
na triagem sorológica, com o objetivo de avaliar a segurança transfusional, razão
pela qual decidiu-se realizar este estudo.
6
II. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 BANCO DE SANGUE
2.1.1 Histórico do banco de sangue
"Porque a vida da carne está no sangue" (Levítico)
O sangue sempre teve papel de destaque, ao longo da história da
humanidade. Porém, apenas no século passado seu potencial terapêutico foi
identificado como de relevância, representando, hoje, uma alternativa importante nas
terapias médicas (OBERMAN apud KOECHE, 2000).
A descoberta de anticoagulantes e soluções preservantes em 1917, permitiu
o início do processo de armazenamento e de estocagem de sangue (ANVISA,2003).
Porém, somente em 1943, Louit e Mollison desenvolveram frascos específicos com
uso de anticoagulantes, onde unidades coletadas eram facilmente transportadas até
os hospitais de campanha, próximos aos locais de combate durante a 2ª Guerra
Mundial (VERRASTRO; LORENZI; WENDEL NETO, 2002).
Reportando-nos à história da criação do banco de sangue, o primeiro serviço
de doação de sangue foi criado em Londres em 1921, na Inglaterra. Em 1926 surgia
em Moscou, o primeiro Centro de Hematologia e Transfusão de Sangue. Em 1937,
nos Estados Unidos foi criado o primeiro banco de sangue (GIANGRANDE, 2000).
7
E na década de trinta, centros de transfusões haviam sido instalados por todo o
mundo ( ANVISA,2003).
No Brasil, em 1941, no Rio de Janeiro, foi implantado o primeiro serviço de
hematologia, chamado de banco de sangue, que funcionava como um banco, onde
o capital de giro era o sangue (FAGGIONI, 1998; MACHADO apud HEMOMINAS,
2001).
Até a década de 60, pouco se fez no campo da hemoterapia em nível
Nacional. Em 1969, a Organização Mundial da Saúde (OMS), preocupada com a
situação da hemoterapia em todo o mundo, enviou um representante (francês), para
fazer um levantamento do sistema hemoterápico no Brasil. Diante desse estudo,
ficou clara a necessidade de que o Estado assumisse a responsabilidade do sistema
de hemoterapia, garantindo a universalização do atendimento. Com esta visão mais
abrangente da hemoterapia e mais clareza da obrigação do Estado, tornou-se
necessária uma decisão política do governo para a criação de um Programa
Nacional de Sangue e Derivados, com diretrizes básicas para sua expansão por
todo o País (BELLATO, 2001).
Na década de 70, o Governo instituiu, no Ministério da Saúde, a Comissão
Nacional de Hemoterapia (CNH), estabelecendo a Política Nacional do Sangue, a
qual propunha, entre outras medidas, organizar a distribuição do sangue, a doação
voluntária, a proteção ao doador e ao receptor (HEMOSC, 2001).
Em 1980, a Portaria Ministerial 07/80, criou o Programa Nacional de Sangue
e Hemoderivados - Pró-Sangue, sendo criados, então, os Centros de Hematologia e
Hemoterapia (Hemocentros), tendo como modelo o HEMOPE (Hemocentro de
Pernambuco), que foi o primeiro a ser implantado no País (MACHADO, 2001).
Em âmbito Estadual, o primeiro banco de sangue em Santa Catarina, foi
implantado no início da década de 60, em Florianópolis, na Maternidade Carmela
Dutra. Em 1964, foi criado o Centro Hemoterápico Catarinense, com sede própria,
tendo como finalidade realizar atendimento em todo o Estado, com postos instalados
nas principais cidades do interior, sendo, na época, o único banco de sangue do
8
Brasil com essa abrangência. Em 1971, o Centro Hemoterápico Catarinense foi
transferido para o prédio onde funciona até hoje (HEMOSC, 2001).
Seguindo as diretrizes do Plano Nacional de Sangue e Hemoderivados -
PLANASHE, atualmente Gerência Geral de Sangue e Hemoderivados -GGSH -
ANVISA, em 20 de julho de 1987 foi criado o HEMOSC - Centro de Hematologia e
Hemoterapia, através do Decreto-Lei Estadual nº 272, com o objetivo principal de
prestar atendimento hemoterápico de qualidade à população da região, bem como
dar assistência aos portadores de doenças hematológicas. Em 1989, sua área física
e quadro funcional foram ampliados, embasados no Decreto-Lei número 3015,
criando o Sistema Estadual de Hematologia e Hemoterapia, com o objetivo de
promover a interiorização das ações relativas ao uso do sangue para fins
terapêuticos, incentivo à doação voluntária do sangue, medidas de proteção à saúde
do doador e receptor, medidas para disciplinar a coleta e controle de qualidade,
condições de estocagem e distribuição dos hemocomponentes, bem como
promover o desenvolvimento de conhecimento científico e tecnológico na área
(HEMOSC, 2001).
Na década de 90, foi instituído um novo modelo de gestão administrativa a
Fundação de Apoio ao HEMOSC/CEPON (FAHECE), com o objetivo de apoiar
administrativamente as unidades nas áreas da hematologia, hemoterapia e
oncologia, mobilizando todos os recursos financeiros, materiais, tecnológicos e
humanos para a melhoria da qualidade da assistência destes serviços prestados à
população do Estado (BELLATO, 2001).
Ainda na década de 90, o HEMOSC de Florianópolis passou a ser o
Hemocentro Coordenador tendo como unidades auxiliares os Hemocentros
Regionais, localizados em cinco municípios-pólo: Lages, Joaçaba, Chapecó,
Criciúma e Joinville, formando a Hemorrede Pública do Estado de Santa Catarina.
O Hemocentro Regional de Lages foi o primeiro Hemocentro Regional a ser
inaugurado em 21 de dezembro de 1994. Tem como objetivo atender os 18
municípios que abrangem a Associação dos Municípios da Região Serrana
(Amures), e ocupando uma área de aproximadamente, 16 mil Km2, correspondente
9
a 17,04% do território catarinense com uma população de 223.112 mil habitantes
(AMURES, 2003).
2.1.2 Triagem sorológica em banco de sangue
A rápida evolução científica e tecnológica sobre agentes etiológicos de
doenças transmissíveis pelo sangue e o desenvolvimento de metodologias mais
sensíveis e específicas para detectar o estado de infecção por esses agentes fez
com que a sorologia em bancos de sangue se tornasse um tema complexo e de
vital importância para a qualidade do produto final (SAÉZ-ALQUEZAR, 1995).
A triagem sorológica tem um significado especial, pois, a partir de um
determinado momento, é o único procedimento que vai validar, ou não, a utilização
do hemocomponente.
No Brasil, o Ministério da Saúde por meio da Resolução 153/04 do Ministério
da Saúde (MS), torna obrigatório que, na triagem sorológica, todos os doadores de
sangue sejam submetidos a investigação das seguintes doenças:
- Doença de Chagas (1 teste)
- Sífilis (1 teste)
- Hepatite B (AgHBs - 1 teste)
- Hepatite C (Anti-HCV - 1 teste)
- AIDS (Anti-HIV-I/II - 2 testes)
- HTLV I / II (Anti-HTLV II/ II - 1 teste)
- Anti-HBc (1 teste)
Para outras doenças, como o Citomegalovírus, a Resolução 153/04 dispõe
sobre a realização de sorologia para CMV em todas as unidades de sangue ou
componentes destinados aos pacientes submetidos a transplantes de órgãos,
recém-nascidos de mães CMV negativas ou com resultado de sorologia inexistente
ou desconhecido. No caso em que se transfunda sangue desleucocitado neste
grupo de pacientes, não há necessidade da realização da sorologia para CMV.
10
Todos os serviços de triagem sorológica devem participar de pelo menos um
programa de controle de qualidade externo (proficiência), devendo também realizar
controle de qualidade interno diário, dispondo de um sistema de garantia da
qualidade na realização dos testes (ANVISA, 2004).
A maioria dos testes utilizados na triagem sorológica são métodos por
ensaio imunoenzimático (ELISA), padronizados, os quais, fornecem o resultado por
meio de leitura da D.O em aparelhos automatizados (TELELAB – TESTES DE
TRIAGEM, 1997).
Os resultados dos testes de triagem sorológica seguem algoritmos
específicos de acordo com a legislação vigente (RDC 153/04), na área de
hemoterapia (sangue e hemoderivados). Quando o resultado de um teste ELISA
for positivo, o teste deverá ser repetido. Se a repetição do teste ELISA for negativa,
a unidade pode ser utilizada para transfusão.
Caso o teste de triagem repetido seja positivo, a unidade é
bloqueada e coleta-se uma 2ª amostra de sangue para repetir o teste Elisa e realizar
o confirmatório com o método WB ou PCR. Se o teste comprobatório for positivo, a
bolsa de sangue é descartada e o doador suspenso definitivamente para
doação. Se o teste confirmatório for negativo ou inconclusivo, o nome do
doador é colocado em um arquivo de suspensão temporária (POLESKY in
HARMENING, 1992). O algoritmo para a realização dos testes e liberação de bolsas
de sangue para os marcadores da triagem sorológica está representado no ANEXO
3, (ANVISA, 2004).
Várias portarias ministeriais foram acrescentando a obrigatoriedade de outras
metodologias, para diminuir o risco de doenças hemotransmissíveis. Entre elas, a
Portaria 112 do Ministério de Saúde, de 2004, a qual determina a realização dos
testes de amplificação de ácidos nucléicos (NAT), para o vírus HIV e vírus da
Hepatite C (HCV) na triagem sorológica dos doadores de sangue (VALENTE, 2002;
ANVISA, 2004).
11
2.2 HEPATITES VIRAIS
2.2.1 Histórico
Nas décadas de 40 e 50 do século passado, durante a II Guerra Mundial,
fez-se necessário o estudo de diversas epidemias de hepatite, estabelecendo-se, a
existência de duas formas distintas da doença: a infecciosa (Hepatite A) e a sérica
(CARMO, 1996).
O primeiro caso relacionado à transmissão por transfusão sangüínea foi
descrito em 1943 por BEESON e col. A partir desta publicação, houve vários
relatos associando o aparecimento de hepatites após o uso de sangue e produtos
hemoterápicos (JAMA apud KUTNER, 1998).
Em 1965, BLUMBERG e col, identificaram, em hemofílicos, um anticorpo
que reagia na presença do soro de um aborígine australiano, recebendo o nome de
antígeno Austrália (BLUMBERG, 1967). Conhecida a estrutura do vírus da Hepatite
B, foi demonstrada a presença do antígeno Austrália na superfície viral, sendo
chamado de antígeno de superfície ou HBsAg. Por essa importante descoberta,
BLUMBERG recebeu o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia em 1976 (WENDEL
in FOCACCIA, 2003).
Em 1970, os estudos de DANE e col, demonstraram a partícula viral
completa do HBV no soro de indivíduos com Hepatite B. A partir desta
demonstração, foi possível caracterizar os marcadores sorológicos do HBV: o
antígeno de superfície do vírus da Hepatite B (HBsAg); antígeno "e" de núcleo do
vírus da Hepatite B (HBeAg); o antígeno de Core do vírus da Hepatite B (HBcAg); e
os anticorpos anti-proteína de superfície do vírus da Hepatite B (anti-HBs) e
anticorpo anti-proteína e do vírus da Hepatite B (anti-HBe), (PETZ, 1996).
Em 1973, com a identificação do vírus da Hepatite A (HAV), tornou-se
possível separar sorologicamente as Hepatites A e B. Os bancos de sangue
passaram, então, a adotar a pesquisa do HBsAg na triagem dos doadores,
12
reduzindo acentuadamente a incidência da Hepatite B pós transfusional
(FEINSTONE et al., apud BRANDÃO, 1999).
Na ausência de um teste específico para a Hepatite não A e não B
(HNANB), os bancos de sangue, no início da década de 80, acrescentaram dois
marcadores: a alanina-aminotransferase (ALT ou TGP) e o anticorpo contra o
antígeno Core do vírus da Hepatite B (anti-HBc). Com a adoção desses marcadores,
houve redução de 30 a 50% na incidência das hepatites pós transfusionais
(CHAMONE; NOVARETTI; DORLHIAC-LLACER, 2001).
No final da década de 80 (oitenta), CHOO e col (1989), identificaram o Vírus
da Hepatite C (HCV), sendo o mesmo caracterizado por clonagem genômica e
reconhecido como o principal agente das hepatites não A não B (HNANB); outros
marcadores sorológicos específicos foram desenvolvidos e introduzidos na triagem
sorológica dos doadores de sangue, diminuindo ainda mais a incidência das
hepatites pós-transfusionais, porém sem eliminá-las totalmente (SOLDAN, et al.,
2002).
2.2.2 Hepatite B
O HBV pertence ao gênero Orthohepadnavirus e à família Hepadnavírus.
Apresenta nucleocapsídeo icosaédrico, genoma composto por DNA com fita parcial
dupla. O HBV apresenta um diâmetro de 42nm, contendo um envelope externo (ou
superfície) lipídico de 7nm, no qual se situam as proteínas HBsAg, glicoproteínas e
lipídios celulares. Seu invólucro e o nucleocapsídeo (Core) completo compõem a
partícula de Dane (REVEG, SCHIFF, 2000). O nucleocapsídeo abriga o DNA, a
respectiva enzima DNA polimerase, o HBcAg e o HBeAg. Depois que se integra ao
DNA da célula hospedeira, o HBV passa a se replicar, produzindo antígenos
(HBsAg, HBcAg e HBeAg), geralmente em proporções bem maiores que as
partículas virais completas. A produção do HBsAg é aproximadamente 2 mil vezes
maior que a das partículas virais completas (SILVA, GRANATTO, 1986; VALENTE,
2002).
13
O HBV é transmitido por transfusão sangüínea e de hemoderivados,
transplante de órgãos, hemodiálise, aleitamento materno, agulhas e materiais
intravenosos contaminados e por via sexual, destacando-se os fluidos orgânicos,
como o sêmen (COTRAN, KUMAR, COLLINS, 2000; VALENTE, 2002). O risco de
adquirir Hepatite B por transfusão sangüínea depende da prevalência do HBV entre
os doadores (KUPEK, 2001).
O período de infecção do HBV, após exposição, é longo e assintomático,
durando de 4 a 26 semanas (média de 6 a 8 semanas), seguido pela doença aguda,
que dura de semanas a meses (POLESKY in HARMENING, 1992).
De acordo com (POLESKY in HARMENING, (1992) e STITES et al., (2000)
as principais características imunológicas do HBV, que podem ser observadas na
figura 1, são:
- O antígeno HBsAg aparece antes do início dos sintomas, atinge um pico
máximo durante a doença e declina a níveis indetectáveis, em um
período que varia, geralmente, de 3 a 6 meses.
- O antígeno HBeAg aparece no soro logo após o HBsAg, sendo indício
de replicação viral.
- O anticorpo do tipo IgM do Core do vírus da Hepatite B aparece no soro
antes do início dos sintomas, ao mesmo tempo em que há o aumento
das transaminases séricas. Durante meses, os anticorpos IgM são
substituídos por IgG anti-HBc.
- A presença do anticorpo anti-HBe indica que a infecção aguda chegou
ao auge e a doença começa a declinar.
- O anticorpo do tipo IgG do anti-HBs eleva-se na fase final da doença
aguda e geralmente é indetectável por algumas semanas a vários meses
após o desaparecimento do HBsAg. O anti-HBs pode persistir pelo resto
da vida conferindo ao indivíduo proteção imunológica.
14
Figura 1 – Marcadores sorológicos da Hepatite B Fonte: Disponível em: www.anvisa.gov.br/divulga/public/sangue/hemovigilancia
A Hepatite causada pelo HBV exibe altas prevalências entre os doadores de
sangue (8% a 20%) no sul da Ásia, África tropical e China ( WENDEL in FOCACCIA,
2003). Nos EUA, a prevalência entre doadores de sangue é menor que 0,1%. No
Nordeste e no Centro Oeste brasileiros, as taxas são: 1,5% a 3%; na Região
Amazônica, cerca de 5 a 15%. Na região Sudeste do Brasil, as prevalências são
de (1-3%) entre doadores de sangue, sendo 1,5% em Campinas, 1,7% em
Londrina, 1% a 2% em São Paulo e 2% no Rio de Janeiro (ANVISA, 2002). Dados
da triagem dos doadores da Rede de Serviços Hemoterápicos Nacional da ANVISA
(2003), apontaram, em 2002, um percentual de positividade de 0,52%.
2.2.3 Hepatite C
A Hepatite C é a principal causa das hepatites de transmissão parenteral. A
hepatite pós-transfusional não-A e não-B foi reconhecida como entidade clínica nos
anos 70, logo após a implantação da triagem sorológica para HBV nos bancos de
sangue (VERRASTRO; LORENZI; WENDEL NETO, 2002).
O agente etiológico é um vírus pertencente ao gênero Flavivirus, da família
Flaviviridae. É um vírus com envelope lipídico, com 60nm de diâmetro, cujo genoma
é constituído por uma única fita de RNA, com 9.400 nucleotídeos, codificando
aproximadamente 3.100 aminoácidos, com seis principais genótipos (REVEG,
15
SCHIFF, 2000). As proteínas estruturais, que formam a partícula viral compreendem
809 aminoácidos, sendo compostas pela proteína do Core (região altamente
conservadora) e por duas proteínas de envelope, E1 e E2. As proteínas não
estruturais iniciam-se no aminoácido 810 (oitocentos e dez) da poliproteína e
compreendem várias proteases (NS2, NS3, NS4A/B e NS5A), uma helicase e uma
RNA-polimerase RNA dependente, necessária para a replicação genômica (NS5B).
Além disso, também é encontrado uma estrutura não codificante de mais de 50
aminoácidos na região 3' do RNA (FORNS, 1998).
O período de incubação da Hepatite pelo HCV varia de 2 a 26 semanas, com
uma média entre 6 a 12 semanas. O RNA do HCV é detectável no sangue uma a
três semanas após a infecção, coincidindo com as elevações das transaminases
séricas (CRAWFORD in ROBBINS, 2000).
Entre os doadores de sangue, a prevalência de anticorpos anti-HCV é de
aproximadamente 0,25% nos EUA, 0,3% no Canadá e Norte da Europa, e entre
1,2% e 1,5% no Japão e Sul da Europa (ALTER, et al., in FOCACCIA, 2003). Nos
países da Europa Ocidental, os índices variam de 0,3% a 0,8%. Em determinadas
áreas da Ásia e África, 2% e 13,6%, respectivamente, revelam que os índices são
elevados (ANVISA, 2003). Na hemorrede pública brasileira, a prevalência de
anticorpos anti-HCV foi de 1,28% em 1993 diminuindo para 0,51% em 2002
(ANVISA, 2002).
A Hepatite C, mesmo apresentando diminuição no índice de prevalência, é
uma das doenças que mais preocupa, na população de doadores, considerando os
achados clínicos evidentes de que o HCV é um importante agente etiológico das
doenças do fígado (WENDEL in FOCACCIA, 2003), sendo que nas Regiões Sul e
Sudeste essa associação ocorre em aproximadamente 53,8% dos casos de
hepatopatias crônicas (BRANDÃO, 1999).
16
2.3 Citomegalovírus
O CMV é um vírus pertencente ao gênero Herpesvírus, família do
Herpesviridae. Seu genoma é composto por DNA de fita dupla, com capsídeo
icosaédrico, revestido por um envelope composto por glicoproteínas, com 200 nm de
diâmetro. O espaço entre o envelope e o capsídeo é chamado de tegumento e
contém as proteínas virais (HOLBERG, 2000; AMORIN, 2003; SCHRÖEDER, 2003).
O CMV é transmitido a partir das secreções naturais, como o leite materno,
material orofaríngeo (aerossóis), sêmen e secreção de cérvix uterina, podendo ser
transmitido por contato hetero ou homossexual. Ainda pode ser transmitido
iatrogenicamente, através de transfusões de sangue ou transplante de órgãos e
tecidos (CROWE, MILLS in STITES et al., 2000; GRANATO, 2001).
A transmissão do CMV por transfusão ocorre por três meios: a primária,
onde o CMV infecta leucócitos, sendo disseminado para todo o organismo através
destas células, dando-se infecção celular a partir de vírus livre ou por disseminação
viral célula a célula; por reativação, quando o CMV pode ser reativado, multiplicar-
se e ser eliminado durante longos períodos de tempo sem causar sintomas; ou por
reinfecção com novas cepas (geralmente em imunossuprimidos ou transplantados).
Os efeitos transfusionais serão diferentes, variando de acordo com o estado
imunológico do receptor (HOLBERG, 2000; VERRASTRO; LORENZI; WENDEL
NETO, 2002).
A infecção causada pelo CMV é persistente, latente e recorrente, devido à
permanência do CMV que se mantém latente em monócitos, em células
progenitoras dos granulócitos-monócitos e em outros tipos celulares (DREW, 2003).
A prevalência da infecção varia de acordo com o nível socioeconômico:
aparecendo em torno de 40% dos indivíduos, nas classes socioeconômicas mais
elevadas, enquanto se aproxima de 100%, nas classes de baixo nível
socioeconômico (CROWE, MILLS in STITES et al., 2000).
17
Atualmente, o CMV é considerado um dos principais patógenos que afetam
o ser humano. O espectro de suas manifestações clínicas é extremamente amplo,
podendo causar infecções congênitas e perinatais, infecções adquiridas na infância
e idade adulta, além de ser considerado uma das principais causas de morbidade e
mortalidade em pacientes imunocomprometidos (GRANATO in VERONESI &
FOCACCIA, 2002).
Aproximadamente 50% de todos os receptores de transplantes alogênicos
desenvolvem infecção por CMV, sendo que alguns desenvolvem também
pneumonite intersticial (WINSTON et al., 1980). Relatos comprovam que pacientes
que fizeram transplante de medula óssea têm alta mortalidade quando desenvolvem
citomegalovirose (TSUCHIYA, 2001).
2.4 Infecção pelo HIV
O HIV é um retrovírus que infecta células do sistema imunológico do
humano. Existem 2 tipos de HIV, o HIV I e o HIV II. O HIV I é o mais disseminado
pelo mundo, sendo considerado um dos patógenos que apresenta maior
variabilidade genética. Atualmente, é possível identificar mais de 10 subtipos do HIV
I, compondo o grupo chamado principal (grupo M). Outro grupo, constituído por
isolados divergentes, foi chamado de grupo O (“outlier”) (ABBAS; LICHTMAN &
JORDAN, 2002).
O vírus da imunodeficiência humana pertence à família Retroviridae,
subfamília Lentivirinae, gênero Lentivírus. É um vírus esférico e contém um cerne
cônico contendo um genoma RNA, circundado por um envelope lipídico com 100nm
de diâmetro (STITES, et al., 2000). O cerne viral contém a principal proteína do
capsídeo p24, proteína do nucleocapsídeo p7/p9, 2 cópias de RNA genômico e as 3
enzimas virais/protease, transcriptase reversa e integrase). O cerne viral é
circundado por uma proteína p17, que está sob o envelope do vírion. O envelope
viral apresenta 2 glicoproteínas virais, a gp 120 e a gp41, cruciais para a
ocorrência de infecção pelo HIV nas células. O genoma pró-viral do HIV-I contém os
genes gag, pol e env, que codificam proteínas virais. Além desses três genes
18
retrovirais o HIV contém outros genes, incluindo o tat, rev, vif, nef, vpr e vpu/vpx, que
regulam a síntese e estrutura das partículas virais infecciosas (GOH, W.C. et al, in
ROBBINS, 2000).
A transmissão do vírus ocorre por contato sexual, podendo ser homo ou
heterossexual; por transmissão parenteral do HIV, que ocorre em três grupos de
indivíduos: usuários de drogas injetáveis, hemofílicos que receberam fator VIII ou IX
e receptores de uma transfusão com sangue contaminado; e por transmissão
vertical (da mãe para filho), durante a gravidez e/ou parto (NADLER in VERONESI
& FOCACCIA, 2002).
O período de incubação após a infecção é de 4 a 12 semanas após as quais
o antígeno já pode ser detectado. Após este período ocorre a fase aguda da
infecção, pelo qual o vírus é encontrado em secreções corporais, o que pode
continuar por muito tempo. Logo após a infecção aparecem os anticorpos da classe
IgM e cerca de uma semana mais tarde, os da classe IgG (FUNDAÇÃO PRÓ-
SANGUE, 1997).
As infecções hemotransmissíveis têm um risco residual, calculado segundo
STITES et al., (2000), conforme o quadro abaixo:
Quadro 1. Infecções transmitidas por transfusões
Infecção Risco/Unidade transfundida
Infecção por CMV* 1:20-1:100
Hepatite C 1:3.300
Hepatite B 1:200.000
HTLV-I/II** 1:70.000
Infecção por HIV-1*** 1:650.000
* CMV = citomegalovírus; ** HTLV-I/II = vírus linfotrópico de células T humanas tipos I/II; *** HIV-1 = vírus da imunodeficiência humana-1. Fonte: STITES et al., (2000).
19
2.5 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DAS HEPATITES B e C, DO
CITOMEGALOVÍRUS E DO HIV
2.5.1 Hepatites 2.5.1.1 Hepatite B
O diagnóstico sorológico do agente infeccioso causador da Hepatite B é
realizado por meio da detecção de três marcadores sorológicos que são: antígeno
de superfície do HBV (HBsAg); o anticorpo contra o antígeno do capsídeo viral (anti-
HBc) e do anticorpo contra o HBsAg (anti-HBs). Outros dois marcadores sorológicos
da infecção pelo HBV, que, geralmente, não fazem parte da rotina sorológica em
bancos de sangue, são o antígeno "e" (HBeAg) e o anticorpo anti o antígeno "e"
(anti-HBe). Estes marcadores têm apenas valor prognóstico nos casos de Hepatite
B crônica (MANUAL ANVISA, 2003).
O teste mais utilizado na detecção dos marcadores sorológicos para a
Hepatite B é o ensaio imunoenzimático (ELISA). De acordo com CHAMONE;
NOVARETTI & DOIRLHIAC (2001), para confirmação dos resultados HBsAg
positivos, podem ser utilizados métodos de biologia molecular tipo PCR e Branched-
DNA, que, no entanto, tem aplicação limitada pelo custo elevado (ANDRADE,
JÚNIOR in VERONESI & FOCACCIA, 2002).
2.5.1.2 Hepatite C
O HCV circula no sangue em baixa concentração. A detecção de anticorpos
anti antígenos específicos do HCV é o teste mais empregado para identificar a
infecção. Para isso, são utilizados testes que apresentam alta sensibilidade, e testes
com maior especificidade, denominados confirmatórios (BRANDÃO, 2001).
O diagnóstico laboratorial da infecção pelo HCV baseia-se principalmente na
detecção de anticorpos reagentes anti proteínas recombinantes ou peptídeos
sintéticos do HCV (GONÇALES, COSTA, VASSALLO, 2000). Os testes mais
20
comuns são realizados pela técnica ELISA, existindo testes de 1ª a 3ª geração
(quadro 2), sendo estes últimos os mais utilizados em bancos de sangue
(VERRASTRO; LORENZI; WENDEL NETO, 2002).
Os testes anti-HCV ELISA de 3ª geração incluem antígeno de proteína não
estrutural NS5, e os de 3º geração, versão 4.0, apresentam além da NS5, a NS3 e
NS4, apresentando melhor sensibilidade e especificidade no exame. Os testes anti-
HCV RIBA são métodos diagnósticos confirmatórios para detectar a infecção pelo
HCV e que utilizam a técnica “imunoblot recombinante” (CHAMONE; NOVARETTI;
DORLHIAC-LLACER, 2001).
A detecção do RNA viral através da técnica de Reação em Cadeia de
Polimerase (PCR) é considerada técnica confirmatória para a Hepatite C, porém
poderá ter resultado negativo em caso de baixa viremia (CENTER FOR
DISEASES, CONTROL AND PREVENTION, 2003).
Quadro 2. Proteínas recombinantes e peptídeos sintéticos empregados nos ensaios imunoenzimáticos para a pesquisa de anticorpos contra o HCV
Antígeno* (região do genoma)
ELISA II ELISA III ELISA III Versão 4.0
RIBA II RIBA III
5-1-1 (NS4) X
c100-3 (NS3-4) X X X X
c33-C (NS3) X X X X
c200 (fusão c-100-3/ c33) X X X
c22-3 (core) X X X X X
NS5 X X X
* O quadro não inclui todos os antígenos registrados na literatura. Fonte: BRANDÃO (1999) (modificado).
21
2.5.2 Citomegalovírus
O diagnóstico sorológico do CMV pode ser realizado por meio de testes
sorológicos utilizando a metodologia do ELISA, detectando os anticorpos
produzidos a partir de uma infecção por CMV do tipo imunoglobulina M (IgM) e a
imunoglobulina G (IgG), ou, por meio de testes moleculares, PCR-DNA qualitativo e
quantitativo e isolamento viral por antigenemia (HOLBERG,2000).
O diagnóstico de infecção por CMV, a partir do resultado de diferentes
testes diagnósticos, representado no quadro 3.
Quadro 3. Diagnóstico da infecção por CMV a partir de diferentes testes laboratoriais Testes Infecção
primária Latência Reativação/r
einfecção Sorologia IgG +a + +
Sorologia IgM +a - + / -
Isolamento do vírus + + / - + / -
PCR-DNA qualitativo (célula) + + +
PCR-DNA quantitativo (célula) + + +
PCR-DNA livre de célula (soro/fluídos do corpo) + - +
Imunohistoquímica + - +
Hibridização in situ (DNA) + - +
a = positivo durante o período de convalescença + = positivo - = negativo +/- = positivo ou negativo Fonte: Center UoRm apud SCHRÖEDER, 2003 (modificado)
2.5.3 HIV
A detecção do HIV utilizando-se testes laboratoriais pode ser realizada por
meio da pesquisa de anticorpos, antígenos ou isolamento viral. Os testes mais
utilizados são os que pesquisam anticorpos (sorológicos). O aparecimento de
22
anticorpos detectáveis pelos testes sorológicos mais utilizados ocorre cerca de 3
a 10 semanas após a infecção (CROWE in STITES, 2000).
A Portaria do Ministério da Saúde nº 488/98 (BRASIL, 1998) estabeleceu
procedimentos seqüenciados:
- Etapa I – triagem sorológica (ANEXO 4);
- Etapa II – confirmação sorológica pelo teste de imunofluorescência
indireta para HIV (IFI/HIV-I);
- Etapa III – confirmação sorológica pelo teste de Westem Blot (WB/HIV-I).
A coleta de uma segunda amostra e repetição da etapa I, é obrigatória para
confirmação da positividade da primeira amostra. Caso o resultado dos testes da
segunda amostra seja negativo, ou indeterminado, deverá ser cumprida a etapa III,
descrita anteriormente (FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE, 2003).
Segundo a Portaria 488 do Ministério da Saúde (1998), torna-se obrigatório
também, utilização de dois testes com princípios metodológicos e/ou antígenos
distintos (lisado viral, antígenos recombinantes ou peptídeos sintéticos) na triagem
sorológica para detecção de marcadores do HIV.
Recentemente, os bancos de sangue inseriram em suas rotinas sorológicas,
um teste combinado que detecta ao mesmo tempo antígeno e anticorpo do HIV,
diminuindo a janela imunológica do HIV para 22 dias (BINSBERGEN, 1998).
Em 2004, a Portaria do Ministério da saúde nº 112 determinou a
implantação, na Hemorrede Nacional, a realização dos testes de amplificação de
ácidos nucléicos (NAT), para HIV e HCV, em todas as amostras de sangue de
doadores, visando diminuir o risco residual e aumentar a segurança transfusional
(BRASIL, 2004).
23
2.6 Avaliação do Risco Residual
O risco residual de uma infecção depende de quatro fatores principais:
sensibilidade do método; incidência, em que deve ser observada a necessidade de
doações múltiplas e seriadas e ter um grande número de doações; duração da
janela imunológica, cujos valores estão descritos no quadro 4 (KORELITZ, 1997).
Um grupo Europeu, integrante da "European Plasma Fractionation
Association (AEFP), constituído pela França, Alemanha, Escócia, Bélgica, Suíça,
entre outros, avaliando o período entre 1990 a 1996, verificaram índices de
variação do risco de transmissão de HIV entre 0,3 e 4,4/100.000 doadores em 90 e
entre 0,0 e 1,3/100.000 doadores em 96, indicando tendência à estabilização do
índice de positividade. Para o HCV os índices apresentados foram de 13,4 a
111/100.000 em 1991 e 0,2 a 32 /100.000 doações em 1996. Para HBsAg, os
índices decresceram ao longo do tempo (MULLER-BREITKREUTZ; EVERS;
PERRY, 1998).
Quadro 4. Período de janela imunológica (em dias) de acordo com a metodologia utilizada nos testes de triagem sorológica para detecção de infecção/doença em doadores de sangue
Infecção/Doença Teste Janela (Dias)
ELISA - HBsAg 59
ELISA – anti-HBc 80 a 90
HBV
NAT - DNA 34
ELISA – Ac (2ª geração) Ac (3ª geração)
82 52
ELISA - Ag 14 a 17
HCV
NAT – RNA* 11 a 14
ELISA – Ac (IgG) 28 a 30
ELISA – Ac (IgM) 22
HIV
ELISA – Ag NAT – RNA*
16 a 17 9 a 11
* Limiar de detecção de 50 cópias/ml. Fonte: ANVISA (2003)
24
O risco residual para HIV existe também, devido a outros fatores que não os
associados ao período de janela imunológica, tais como, erros analíticos, além da
experiência imunológica individual de portadores crônicos da doença que não
desenvolvem anticorpos (PILLONEL & SAURA, 1998).
25
III. OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Realizar um estudo soroepidemiológico verificando a soroprevalência dos
marcadores das Hepatites virais B e C, de anti-HIV e de anti-CMV em doadores
voluntários de sangue, avaliando assim a segurança transfusional no Hemocentro
Regional de Lages.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1- Conhecer o perfil do doador de sangue, da Região Serrana de santa
Catarina, considerando a influência de variáveis demográficas: sexo, idade, raça,
grau de instrução, estado civil, tipo de doador (número de doações).
2- Determinar a soroprevalência para Hepatite B e C e HIV por meio de
testes sorológicos utilizados na triagem dos doadores de sangue.
3- Determinar a soroprevalência do CMV por meio de testes sorológicos
para anticorpos IgG e IgM nos doadores de sangue.
4- Verificar a correlação entre os resultados dos testes sorológicos para
Hepatite B e C, CMV e HIV nos doadores de sangue.
26
5- Determinar o índice de risco residual da transmissão das Hepatites B e C,
e de HIV I/II por transfusão sangüínea, na Região Serrana.
27
IV. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 DELINEAMENTO
Este foi um estudo observacional descritivo retrospectivo, que analisou
frações de sangue dos doadores, as quais foram utilizadas na triagem sorológica
dos doadores, para avaliar a soroprevalência dos marcadores de Hepatite B e C e
de HIV, avaliando também a soroprevalência dos marcadores para CMV que não
fazem parte da triagem sorológica em bancos de sangue.
4.2 POPULAÇÃO EM ESTUDO
A população de referência foi composta de indivíduos com idade entre 18 e
65 anos, que compareceram à Hemorrede para a doação de sangue no período de
janeiro de 2000 a janeiro de 2004 .
1- Para determinar a soroprevalência dos marcadores sorológicos da
Hepatite B, C, do HIV-I/II, verificar a correlação entre os marcadores sorológicos
estudados e conhecer o perfil dos doadores de sangue, da Região Serrana, foram
estudados 2968 (quadro 5).
2- Para determinar a soroprevalência dos marcadores sorológicos para o
CMV, estudou-se 1045 indivíduos no período de 01 janeiro de 2000 a 31 de
dezembro de 2003.
28
3- Para determinar o risco residual das Hepatites B e C e do HIV, foram
analisados os resultados sorológicos de 24969 doadores aptos, no período de 01
janeiro de 2000 a 31 de dezembro de 2003.
Quadro 5. População de estudo
Objetivos
Nº de
amostras
Período
Conhecer o perfil dos doadores desangue, da Região Serrana
2 968
01.08.03 a 31.01.04 Determinar a soroprevalência dos
marcadores sorológicos da Hepatite B,C, do HIV-I/II
Determinar a soroprevalência paraCMV
1 045
01.08.03 a 31.01.04
Determinar o risco residual dasHepatites B e C e do HIV
24 969 (4857)
01.01.00 a 31.01. 03
4.3 CRITÉRIO DE SELEÇÃO DA POPULAÇÃO EM ESTUDO
De acordo com as normas do Ministério da Saúde (RDC 153/04), os
candidatos à doação de sangue são submetidos, inicialmente, a uma triagem clínica
(verificação dos sinais vitais, exames hematimétricos, antropométricos e a
entrevista) realizada por profissionais da saúde, qualificados. As entrevistas foram
realizadas por enfermeiras treinadas para tal função, em sala apropriada, mantendo
a privacidade do diálogo (ANEXO 2). Neste estudo, foram selecionados todos os
indivíduos que compareceram ao Hemocentro com o objetivo de doar sangue e que
foram considerados aptos pelo serviço de triagem clínica, no período pré-
estabelecido.
29
4.4 INSTRUMENTOS DA PESQUISA
A entrevista, que faz parte da triagem clínica, a triagem sorológica e o
sistema informatizado Hemosis, com os módulos laboratoriais e o ciclo do sangue,
de onde foram retiradas as informações necessárias, assim como os resultados de
exames, para a montagem do banco de dados, constituíram os instrumentos da
pesquisa.
4.5 VARIÁVEIS EM ESTUDO
As informações sobre as variáveis foram retiradas do cadastro e da
entrevista feita na triagem clínica as quais estão listadas e definidas a seguir:
- Idade: estimada em anos, através da diferença entre a data da entrevista
e data do nascimento.
- Sexo: categorizado como masculino ou feminino.
- Raça: definida, através da observação do entrevistador, como branca,
parda ou negra.
- Escolaridade: classificada como ensino fundamental, ensino médio,
superior e pós-graduados.
- Estado civil: categorizado como solteiro, casado, divorciado ou viúvo.
- Naturalidade: cidade em que nasceu.
- Tipo de doador: referente ao número de doações, se foi a primeira ou é
doador de repetição, e, caso seja, quantas doações fez até o período da
coleta de dados.
30
4.6 DIMENSIONAMENTO DA AMOSTRA
Para um real dimensionamento da amostra, analisou-se o número de
doadores aptos, atendidos no Hemocentro, mês a mês, no período compreendido
entre 1º de agosto de 2003 a 31 de janeiro de 2004, obtendo-se um total de 3649
doadores. Foram retiradas do estudo, as amostras de doadores que doaram mais
de uma vez no período estudado, para que não houvesse interferência no cálculo
das soroprevalências, correlação dos marcadores estudados e caracterização do
perfil do doador de sangue, totalizando 2968 amostras de sangue.
Para o estudo do risco residual das Hepatites e do HIV, foram analisadas
as amostras de sangue de 24.969 doadores aptos.
4.6.1 Caracterização da Amostra
O material biológico utilizado foi o sangue, coletado por venopunção, ao
término da coleta da bolsa de sangue, retirado 10 mL em tubo de ensaio seco, e
enviado para o laboratório de sorologia onde foi processado. O sangue foi
centrifugado e o soro separado em 2 aliquotas: uma acondicionada em tubos
plásticos (eppendorff) com tampa e armazenada a -20 C até a realização dos testes
sorológicos para pesquisa de anticorpos anti-CMV IgG e anti-CMV IgM. A outra
alíquota foi acondicionada em tubo de ensaio para a rotina sorológica dos exames
preconizados pela legislação, entre eles o anti-HIV por dois métodos com princípios
distintos, o anti-HCV, HBsAg, e anti-HBc .
No caso de positividade na triagem sorológica, o doador foi convocado,
pelo setor de ambulatório, a coletar uma 2ª amostra de sangue, em 2 tubos, 1 de 10
mL, tubo seco, e o outro de 5mL com anticoagulante. O método ELISA foi repetido
no setor de sorologia do Hemocentro para todos os exames com resultado
indeterminado ou positivo na 1ª amostra, sendo que nos casos de anti-HBc positivo,
foi realizado o anti-HBs destas amostras. Para os testes de anti-HCV e anti-HIV-I/II
enviou-se parte do soro e o tubo com anticoagulante para o HEMOSC Coordenador,
31
em Florianópolis, para a realização dos exames confirmatórios. As amostras foram,
anteriormente, devidamente identificadas, congeladas e embaladas.
4.7 TESTES REALIZADOS NO LABORATÓRIO DE SOROLOGIA DO
HEMOCENTRO
Os métodos empregados foram os testes ELISA para triagem sorológica
realizados no Hemocentro Regional de Lages e WB e/ou PCR para os
confirmatórios para anti-HIV I/II e anti-HCV, realizados no HEMOSC Coordenador
em Florianópolis. Seus princípios e técnicas variam de acordo com os reagentes
antigênicos empregados.
4.7.1 Testes de triagem sorológica
A seguir estão descritos todos os testes que foram utilizados na triagem
sorológica, com suas respectivas marcas e procedências. Os procedimentos para
cada marcador estudado estão descritos no ANEXO 5 (técnicas Laboratoriais). Os
lotes dos kits e os aparelhos utilizados na execução dos testes estão descritos no
ANEXO 6.
Para Hepatites virais:
- Determinação do HBsAg: Hepanostika® - HBsAg Uni-form II - Biomérieux
Procedência: Boxtel, NL, Holanda.
- Determinação do anti-HBc: Hepatitis B Virus Core Antigen (recombinant)
ORTHO® HBc ELISA Test System Ortho- Clinical Diagnostics
Procedência: Raritan, New Jersey, USA.
- Determinação do anti-HBsAg: Hepanostika® - Anti-HBs New - Biomérieux
Procedência: Boxtel, NL, Holanda.
- Determinação do anti-HCV: Murex® anti-HCV -version 4.0- Murex - Biotech
32
Procedência: Kyalami , África do Sul.
Para o HIV: - Determinação do anti-HIV-I/II, Antígeno Recombinante: Human
Immunodeficiency Virus Types 1 and 2 (HIV-1 and HIV-2) ORTHO® HIV-
1/HIV-2 Ab-Capture ELISA Test System Ortho-Clinical Diagnostics
Procedência: Raritan, New Jersey, USA.
- Determinação do anti-HIV-I/II, antígeno HIV-1 e anticorpo anti-HIV-1 e anti-
HIV-2. Vironostika® HIV Uni-formII Ag/Ab. Biomérieux Procedência: Boxtel, NL, Holanda.
Para o CMV: - Determinação do anti-CMV IgG: Bioelisa CMV IgG -BIOKIT
Procedência: Barcelona, Espanha.
- Determinação do anti-CMV IgM: Bioelisa CMV IgM (Immunocapture) -
BIOKIT. Procedência: Barcelona, Espanha.
Os doadores com amostras repetidamente positivas na primeira amostra,
foram convocados pelo serviço de atendimento ao doador (SAD) a compareceram
ao Hemocentro para coleta de uma 2ª amostra de sangue, na qual serão repetidos
os exames de triagem e encaminhados os confirmatórios
4.7.2 Testes de repetição e confirmatórios, realizados no laboratório de sorologia do HEMOSC Coordenador, em Florianópolis
Os testes de triagem sorológica realizados no HEMOSC Coordenador em
Florianópolis foram da mesma marca e fabricante que os utilizados no Hemocentro
Regional de Lages.
33
Testes confirmatórios para Hepatite C: - Determinação do HCV por Immunoblot: Antígeno Codificado do Vírus da
Hepatite C (Antígenos recombinantes c33c e NS5; Peptídeos sintéticos 5- 1-1, c100 e c22) CHIRON* RIBA* HCV 3.0 SAI. Chiron Corporation
Procedência: Emeryville, EUA.
- Determinação do HCV por RT-PCR: AMPLICOR® Hepatitis C vírus (HCV) Test, v. 2. Roche Molecular Systems.
Procedência: Branchburg, USA
Testes confirmatórios para HIV: - Western Blot: HIV-I/I: RT-PCR: detecção do RNA do HIV. Cambrigde
Biotech. Calypte Biomedical. Procedência: Rockville, Maryland, EUA.
4.8 PRINCÍPIOS DOS TESTES REALIZADOS PELO MÉTODO ELISA
A seguir estão descritos os princípios dos testes ELISA que foram utilizados
no estudo, com suas respectivas marcas.
- Determinação do HBsAg: Hepanostika® - HBsAg Uni-form II (Organon Teknika): para a determinação qualitativa do antígeno de superfície da Hepatite
B sub-tipos ad e ay, em soro ou plasma, as cavidades da microplaca são
sensibilizadas com anti-HBs monoclonal de camundongo. Cada cavidade da
microplaca contém uma esfera com conjugado de anticorpos de carneiro anti-
HBs marcados com peróxido de rábano (HRP), TMB (tetrametilbenzidina) e o
peróxido de hidrogênio são utilizados como substrato. A presença de HBsAg se
traduz por uma coloração no final do teste, proporcional à quantidade de
antígeno fixada. A reação é paralisada com ácido sulfúrico (H2SO4), e a leitura
das densidades ópticas (D.O.s) é realizada em aparelho automatizado.
34
- Determinação do anticorpo anti-HBc: Hepatitis B Virus Core Antigen (recombinant) ORTHO® HBc ELISA Test System (Ortho): é um ensaio
qualitativo para a detecção de anticorpos totais para o antígeno de Core da
Hepatite B (anti-HBc). As microcavidades sensibilizadas com o derivado
recombinante do antígeno de Core da Hepatite B (HBcAg). A amostra é colocada
na cavidade sensibilizada, onde ocorrerá ou não a ligação dos complexos
antígeno-anticorpo; a seguir um anticorpo conjugado (mistura de anticorpos
monoclonais de camundongo, específicos para IgG e IgM humanas) é adicionado
em cada cavidade da placa; um sistema de detecção enzimático composto por o-
fenilenodiamino (OPD) e peróxido de hidrogênio é adicionado às cavidades. A
presença do conjugado oxidará a OPD, dando um produto colorido, cuja
intensidade de cor é medida com um leitor de microplacas.
- Determinação do anti-HBsAg: Hepanostika® - Anti-HBs New - (Organon Teknika): as cavidades da placa de poliestireno são sensibilizadas com o
antígeno de superfície de Hepatite B, constituindo o antígeno em fase sólida. A
amostra para teste é incubada em uma cavidade. O anti-Hbs, caso esteja
presente na amostra, liga-se ao antígeno de fase sólida. Subseqüentemente é
adicionado HBsAg marcado com a enzima (HRP). Com uma reação positiva,
este antígeno marcado fica ligado aos complexos anti-HBs/HBsAg em fase
sólida previamente formados. A adição de substrato (TMB) forma coloração. A
reação é interrompida com ácido sulfúrico para leitura.
- Determinação do anti-HCV: Murex® anti-HCV (version 4.0) Murex - ABBOTT: a amostra diluída foi incubada em microcavidades revestidas com antígenos
altamente purificados que continham seqüências das regiões de Core, NS3, NS4
e NS5 do HCV. Na fase seguinte, foi adicionada IgG anti-humana monoclonal
conjugada com peroxidase. O conjugado ligou-se ao anticorpo imobilizado na
primeira etapa. Na última fase, a enzima ligada foi detectada pela adição de
TMB. A intensidade da reação foi medida pela leitura da coloração desenvolvida
em leitora de microplaca.
35
- Determinação do anti-HIV-I/II, Antígeno Recombinante: Human Immunodeficiency Virus Types 1 and 2 (HIV-1 and HIV-2) ORTHO® HIV-1/HIV-2 Ab-Capture ELISA Test System (Ortho): fase sólida + poços revestidos
com uma combinação de 4 antígenos recombinantes HIV-1 e HIV-2: 2 de
envoltório HIV-1, 1 de Core e 1 de envoltório de HIV-2.
- Determinação do anti-HIV-I/II, antígeno HIV-1 e anticorpo HIV-1 e HIV-2: Vironostika® HIV Uni-formII Ag/Ab: antígenos-HIV e anticorpos HIV-1 e HIV-2
acoplados à peroxidade de rábano (HRP) serve como conjugado com
tetrametilbenzidina (TMB) e peróxido como substrato. Cavidades microelisa
revestidas com HIV-1 gp160, peptídeo HIV-1 ANT70, peptídeo HIV-2 env
(aminoácidos 592-603) e HIV-1 p24.
- Determinação do anti-CMV IgG: Bioelisa CMV IgG (Biokit): é um teste
ELISA para detecção de anticorpos IgG anti-CMV no soro humano. São
adicionadas amostras diluídas às cavidades de uma microplaca recobertos com
o antígeno de CMV e Em seguida, lava-se a microplaca para eliminar a amostra
residual e adicionam-se anticorpos anti-IgG humana marcados com uma enzima
(conjugado). Após a incubação e processo de lavagem, acrescenta-se o
substrato e o ácido, conforme descrito anteriormente, nos demais testes.
- Determinação do anti-CMV IgM: Bioelisa CMV IgM (Immunocapture) -Biokit: as amostras diluídas são adicionadas em uma placa com poços revestidos com
anticorpos de coelho anti-IgM humana. Os anticorpos tipo IgM presentes na
amostra combinam-se com os anticorpos anti-IgM da fase sólida. Em seguida, a
placa é lavada para extrair o material não fixado e adiciona-se o antígeno de
CMV conjugado com peroxidase (HRPO). O antígeno de CMV é preparado por
extração e purificação do CMV cultivado in vitro em células HEP-2. Para reduzir a
reatividade inespecífica, coloca-se no conjugado um controle de antígeno que
consiste em componentes celulares de HEP-2 não marcados com peroxidase.
36
4.9 CARACTERIZAÇÃO DO MODELO PARA CÁLCULO DO RISCO RESIDUAL
As estimativas do risco residual foram calculadas através dos resultados dos
exames de sangue e dados obtidos nos protocolos dos doadores no Hemocentro
Regional de Lages, segundo descrito por SCHREIBER, 1996.
O risco residual é um produto da incidência e período de janela imunológica
(SCHREIBER, 1996). Em um ambiente de banco de sangue, a incidência é
disponível somente para doadores de repetição para os quais uma estimativa da
data de soroconversão possa ser feita como o ponto médio entre a doação
soronegativa e a soropositiva. A soroconversão é definida como doação de sangue
soropositiva de um doador cuja doação prévia é a transfusão, isto é, todos os testes
passíveis de triagem foram negativos naquela ocasião (PILLONEL, 2002).
O método utilizado para cálculo do risco residual seguiu o modelo de
SCHREIBER (1996), sendo baseado nas incidências de cada uma das infecções
(HBV, HCV e HIV) nos doadores que fizeram pelo menos duas doações, por anos,
entre 1 de Janeiro de 2000 e 31 de Dezembro de 2003, e nas estimativas dos
respectivos períodos de janela imunológica.
O número de casos incidentes foi obtido pela contagem do número de
doadores que fizeram uma doação soronegativa seguida de uma doação
confirmadamente soropositiva para um dos marcadores (HBsAg, anti-HCV e anti-
HIV).
O anticorpo anti-HBc seria um marcador mais sensível que o HBsAg para
detectar todos os casos incidentes de HBV, mas a sua falta de especificidade e a
ausência de um teste de confirmação, tornou-o inadequado para este objetivo.
Assim, foi feito um ajuste (P= S 0.70+0.05), explicado no tópico sobre risco residual,
para ter a presença transitória do HBsAg (CANUTTI, 1998; KUPEK, 2001).
O denominador para a incidência, expresso em pessoas-ano, foi calculado
pelo somatório dos intervalos, em dias (divididos por 365), entre a primeira e última
doação de cada doador (SOLDAN, 2002).
37
Os períodos de janela foram obtidas na literatura. O risco residual foi
estimado pela multiplicação das incidências (número de pessoas-ano) pelos
períodos de janela (expressos em frações do ano) segundo modelo de SCHREIBER,
(1996).
4.10 ASPECTOS ÉTICOS
Este estudo foi definido como apresentando risco mínimo, uma vez que
foram utilizadas amostras coletadas para a triagem sorológica, feita por
venopunção, ao término da coleta da bolsa de sangue. Criou-se um termo de
consentimento (ANEXO 7) atendendo às Diretrizes e Normas Regulamentadoras de
Pesquisas Envolvendo Seres Humanos, estabelecidas pela Resolução nº196/96 do
Conselho Nacional de Saúde. Obteve-se aprovação científica e ética para o projeto
por parte dos Comitês de Ética em Pesquisa do HEMOSC Coordenador e da
Universidade Federal de Santa Catarina, conforme Parecer Consubstanciado nº
116/03 (ANEXO 8).
Na triagem clínica, durante a entrevista, a enfermeira informou o candidato
à doação sobre os objetivos e métodos da pesquisa a ser desenvolvida,
apresentando o termo de consentimento, esclarecendo que a pesquisa era
desvinculada da doação, sendo voluntária a participação. Caso o doador aceitasse,
assinava o termo de consentimento.
4.11 PROCESSAMENTO DOS DADOS
Os dados da triagem clínica e sorológica, foram obtidos através dos
resultados dos exames registrados no sistema informatizado Hemosis, que é um
sistema de gerenciamento de dados desenvolvido pelo setor de informática do
HEMOSC Coordenador, onde todas as informações, desde o cadastro do doador
até o resultado dos exames são armazenados e interligados com os outros
Hemocentros que compõem a Hemorrede.
38
Para o CMV foram utilizadas as informações da triagem clínica e os
resultados das sorologias foram codificadas, revisadas e digitadas em um banco de
dados construído com o programa Epi-Info 6.4.
4.12 ANÁLISE ESTATÍSTICA
O programa utilizado para a análise dos resultados foi Stats Direct Statistical
software versão 2.3.5.
O intervalo de confiança adotado foi de 95%, sendo significativos os valores
de p ≤ 0,05.
Os testes utilizados para o cálculo das variáveis foi a estatística descritiva,
observada através da distribuição de freqüências. Utilizou-se também os testes qui-
quadrado para a análise das variáveis demográficas e para os marcadores
sorológicos. Para fazer as correlações entre os marcadores sorológicos foi utilizado
o teste de Correlação de Spearman.
Para o cálculo do risco residual foi usado o modelo incidência/janela
imunológica utilizado nos Estados Unidos por SCHREIBER (1996) e reproduzido no
Brasil por CANUTTI (1998).
39
V. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados e discussão apresentados a seguir estão divididos em cinco
tópicos, de acordo com os objetivos específicos propostos neste estudo.
O primeiro tópico apresenta o perfil - características descritivas - dos
doadores de sangue da Região Serrana de Santa Catarina, estando os resultados e
discussão distribuídos por sexo, faixa etária, raça, estado civil, escolaridade e tipo de
doador, conforme o número de doações anteriores.
O segundo tópico refere-se à soroprevalência dos marcadores para Hepatite
B e C, e para HIV I/II, nos doadores de sangue, apresentando a prevalência de cada
marcador e suas inter-relações com as variáveis demográficas estudadas.
O terceiro tópico refere-se à soroprevalência do CMV através de anticorpos
IgG e IGM nos doadores de sangue, apresentando a prevalência de cada marcador
e suas inter-relações com as variáveis demográficas estudadas.
O quarto tópico apresenta a correlação entre os marcadores sorológicos
para CMV, Hepatite B e C e para HIV.
O quinto e último tópico dispõe sobre o cálculo do risco residual da
transmissão das Hepatites B e C e do HIV.
40
TÓPICO I
5.1 PERFIL DO DOADOR DE SANGUE
5.1.1 Análise Descritiva da População
A população de estudo para caracterização do perfil dos doadores de
sangue do Hemocentro Regional de Lages (HRL) foi de 2968 doadores. Vale
ressaltar que, das 3649 doações registradas no período pré-estabelecido, 649
registros eram de doadores que já haviam doado no período do estudo, sendo
retirados para não haver sobreposição na caracterização do perfil dos doadores de
sangue da Região Serrana. Outras duas amostras foram retiradas do estudo, tendo
em vista a não autorização dos candidatos à doação na inclusão de sua amostra de
sangue na pesquisa e trinta amostras tornaram-se prejudicadas por falta de algum
registro no sistema Hemosis.
As tabelas de 1 a 5 representam as características demográficas
consideradas no estudo. Dos 2968 doadores que compõem a população em estudo,
66,8% pertencem ao sexo masculino e 33,2% ao sexo feminino, estando
representados na tabela 1.
Tabela 1. Distribuição de freqüência segundo a variável sexo dos doadores de sangue do HRL
Sexo Quantidade Porcentagem Feminino 986 33,2%
Masculino 1982 66,8%
TOTAL 2968 100,0%
41
A tabela 2 representa a faixa etária dos doadores entrevistados,
considerados aptos à doação. A faixa etária predominante foi a situada entre 18 a 25
anos com 36,3%, seguida da faixa de 26 a 35 anos com 31,1%. A idade
compreendida entre 26 a 45 anos, obteve um percentual de 21,9%. No conjunto,
observaram-se percentuais consideravelmente menores na faixa etária de 46 a 55
anos (9,3%) e na de 56 a 65 anos com 1,1%.
Tabela 2. Distribuição de freqüência segundo a variável faixa etária dos doadores de sangue do HRL
Faixa etária Quantidade Porcentagem Entre 18 e 25 anos 1079 36,3%
Entre 26 e 35 anos 923 31,1%
Entre 36 e 45 anos 649 21,9%
Entre 46 e 55 anos 275 9,3%
Entre 56 e 65 anos 32 1,1%
Outros* 10 0,3%
TOTAL 2968 100,0%
* Inclui indivíduos em casos de situação especial, com idade inferior a 18 anos e superior a 65 anos e com autorização médica para doarem sangue.
Fonte: Dados da pesquisa
A tabela 3 revela o predomínio de doadores do sexo masculino em todas as
faixas etárias, apresentando valores acima de 60%.
Tabela 3. Distribuição de freqüência segundo as variáveis faixa etária e sexo dos
doadores de sangue do HRL Faixa Etária Sexo Total
Masculino Feminino Entre 18 e 25 anos 687 63,7% 392 36,3% 1079 100,0%
Entre 26 e 35 anos 641 69,4% 282 30,6% 923 100,0%
Entre 36 e 45 anos 430 66,3% 219 33,7% 649 100,0%
Entre 46 e 55 anos 193 70,2% 82 29,8% 275 100,0%
Entre 56 e 65 anos 24 75,0% 8 25,0% 32 100,0%
Outros* 7 70,0% 3 30,0% 10 100,0%
TOTAL 1982 66,8% 986 33,2% 2968 100,0%
42
Observa-se na tabela 4 a ocorrência dos doadores entrevistados segundo
a raça, o grau de escolaridade e estado civil. Houve predomínio da raça branca com
84,7% de indivíduos. Quanto ao grau de escolaridade, 40,6% possuíam nível
fundamental e 38,5% possuem o ensino médio. Em relação à variável estado civil,
os casados representaram 48,3%, seguidos dos solteiros com 47,2%, não havendo
diferença significativa entre as duas classes.
Tabela 4. Distribuição de freqüência da raça, grau de escolaridade e estado civil dos doadores de sangue do HRL
Características Quantidade Porcentagem Raça
Branca 2513 84,7%
Negra 25 0,8%
Parda 430 14,5%
TOTAL 2968 100,0% Escolaridade
Analfabeto 8 0,3%
Ensino Fundamental 1205 40,6%
Ensino Médio 1142 38,5%
Ensino Superior 568 19,1%
Pós-graduação 25 0,8%
Não informada 20 0,7%
TOTAL 2968 100,0% Estado Civil
Solteiro 1400 47,2%
Casado 1434 48,3%
Divorciado 104 3,5%
Viúvo 18 0,6%
Não informada 12 0,4%
TOTAL 2968 100,0%
Quanto ao tipo de doador, representado pelo número de doações, a tabela 5
mostra os resultados obtidos no estudo. A maioria, 72,5%, foi considerada doador
de repetição, sendo os restantes 27,5% representados pelos que doaram pela
43
primeira vez. Entre 2 a 6 doações obteve-se a maior porcentagem com 54,6%, de 7
a 10 doações, 12%; mais de 11 doações, somente 5,9%.
Tabela 5. Distribuição de freqüência, segundo a variável número de doações dos doadores de sangue do HRL
Número de Doações Quantidade Porcentagem 1ª doação 817 27,5%
2 a 6 doações 1620 54,6%
7 a 10 doações 357 12,0%
Mais de 11 doações 174 5,9%
TOTAL 2968 100,0%
Dos 6844 candidatos que compareceram ao Hemocentro para o ato de doar
sangue, no período estabelecido do estudo, 53,3% foram considerados inaptos na
triagem clínica, permanecendo 3649 aptos, sendo coletada a bolsa de sangue e
amostras laboratoriais, seguindo as etapas subseqüentes do ciclo do sangue. A
inaptidão na triagem clínica não é objeto de estudo, porém vale a pena ressaltar o
seu alto índice, sendo as causas mais freqüentes, segundo o relatório do
HEMOPROD, anemia, alimentação gordurosa, hipotensão arterial, manifestações
gripais (HEMOSC, 2003).
Quanto ao sexo, 66,8% dos doadores estudados eram do sexo masculino e
33,2% do sexo feminino. A predominância do sexo masculino também foi constatada
em outros estudos como o de KUPEK (2001), que relatou percentual de 83% em
Florianópolis, no período de 1991-1996; PALTANIN, REICHE (2002), em Londrina
(PR) que verificou 75,6% no período de 1997-1999. VALENTE, (2002), em Ribeirão
Preto (SP), relatou 83,6%, e a ANVISA, em seu relatório de 2002, demonstra
79,64% no Norte do País; 74,70%, no Nordeste; 82,4% no Centro-Oeste; no
Sudeste 68,3% e no Sul, 67,80%. Em 2002, MACEDO fez um estudo no Rio de
Janeiro em mulheres sobre o ato de doar sangue e o seu significado. Os dados
obtidos permitiram concluir que existe um sentimento de solidariedade, porém
revelou dificuldades na doação, pela dupla jornada de trabalho e a dificuldade de
acesso aos serviços de coleta. Este estudo divergiu dos dados obtidos por
VALENTE (2002) em relação ao número reduzido de doadores do sexo feminino.
44
Segundo a autora, esta redução poderia ser explicada por alguns fatores, tais como
a gestação, menstruação, anemias ou medo de agulhas. A autora enfatizou ainda
que estudos específicos são necessários para elucidar essa questão. Em 2003,
CANÇADO, constatou no estudo realizado em São Paulo, o aumento da
participação feminina: de 15,78% em 1998 para 23,83% em 2002.
O percentual de doadores do sexo masculino encontrado neste estudo é o
mais baixo dos citados acima (66,8%). Provavelmente, este percentual esteja
relacionado com o incentivo às doações femininas, com campanhas de incentivo
especificamente direcionadas às mulheres, que o Hemocentro tem inserido na
captação de doadores, fazendo parcerias com clubes de serviços e incentivando a
doação feminina nas mais diferentes esferas, desde as donas de casa às
universitárias, seguindo as determinações das Metas Mobilizadoras do Ministério da
Saúde que prevê um incremento de 3% ao ano, nas doações femininas. Houve um
crescimento na porcentagem de doações oriundas do sexo feminino ao se comparar
com um estudo realizado por BELLATO, em 1998, que verificou a prevalência do
sexo masculino, de 72,57% em relação a 27,43% do feminino, estando 5,77%
abaixo do valor encontrado neste trabalho, no mesmo Hemocentro.
Com relação à variável idade, a faixa etária predominante na população de
doadores em estudo apresentou-se entre 18 e 25 anos com 36,3%, seguido de um
percentual de 31,1% para os doadores com idade entre 26 e 35 anos. CANÇADO
(2003), no período de 1998-2002, em São Paulo, (SP) encontrou 75% de doadores
entre 18 e 39 anos; VALENTE, (2002), em Ribeirão Preto, encontra 35,5% na faixa
etária de 26 a 35 anos; QUEIROZ, (2002), em Recife, relatou 37,48% na faixa etária
compreendida entre 29 a 39 anos. No Relatório da ANVISA (2002), identificou-se
52,58% dos doadores de sangue na faixa de 18 a 29 anos. No Pará, no mesmo
relatório foi descrita a idade média nacional de doadores de sangue, estando em
54% aqueles acima de 29 anos. Considerando o estudo de BELLATO (2001), que
identificou um percentual de 16,03% de doadores na faixa etária entre 18 e 25 anos
e 37,55% de 26 a 35 anos, no período entre 1996-1998, pode-se avaliar a
diminuição da faixa etária dos doadores de sangue da Região Serrana. Este fato
deve-se possivelmente ao Projeto Escola, que foi criado na Hemorrede em 1996,
sendo implantado no Hemocentro de Lages em 1998, com um cronograma mensal
45
de eventos. Dentre eles citam-se palestras, apresentações teatrais, em escolas
públicas e particulares do ensino fundamental e médio, abrindo o Hemocentro à
visitação destas escolas, mostrando o ciclo do sangue e motivando os estudantes a
tornarem-se doadores no futuro. Além disso, coletas externas também são
realizadas nas Universidades locais, onde uma unidade móvel do Hemocentro é
montada dentro da Universidade para a doação de sangue, incentivando a
campanha do "Trote Solidário".
Os 10 doadores deste estudo, classificados em faixas etárias abaixo de 18
anos e acima de 65 anos, eram indivíduos em situação especial, que doaram com a
devida autorização médica, conforme legislação vigente.
O grau de instrução mais freqüente entre os doadores é o ensino
fundamental (1º grau, geralmente incompleto) com 40,4%. Semelhante percentual foi
encontrado por QUEIROZ (2002), em Recife, com 42,09%. KUTNER (1998) em
São Paulo (SP) revelou 55,61% para o "colegial incompleto" e BELLATO (2001),
encontrou 59,5% no Hemocentro de Lages, caracterizado como primeiro grau
incompleto e completo, demonstrando que o nível de instrução melhorou
significativamente entre os doadores do Hemocentro. Porém o número de
doadores é inversamente proporcional ao grau de escolaridade, ao avaliar o
percentual do nível superior (19,1%) e pós-graduação (0,8%), esperava-se que,
quanto mais instruído, mais informado, sabedor da importância da doação, maior
seria o número de doadores.
Em relação à raça, o predomínio nesse estudo, foi de doadores brancos
com 84,7%. PATINO-SARCINELLI et al., (1994), no Rio de Janeiro (RJ), obtiveram
49,2% de doadores brancos, e 50,8% de não brancos. Esta variável não tem sido
muito considerada nos trabalhos publicados, pois está sujeita a interpretações as
mais diversas e é difícil de ser estabelecida, com segurança, principalmente quando
utilizam-se apenas as características físicas (cor) do indivíduo (BOYD apud
KUTNER, 1998).
Do total de doadores estudados, os casados obtiveram um percentual de
48,3%, muito próximo aos dos doadores solteiros, com 47,2%. VALENTE (2002), em
46
Ribeirão Preto (SP), verificou também que o percentual de doadores casados foi de
55% e 36,7 de solteiros. Comparando os resultados obtidos neste estudo com os
obtidos por BELLATO (2001), no mesmo Hemocentro, onde 53,17% eram doadores
casados e 37,97% solteiros, observou-se alteração significativa nesta variável.
Quanto ao tipo de doador, os resultados obtidos neste estudo revelam que
27,5% das doações foram realizadas pela primeira vez, sendo 72,6% doações de
repetição. Ressalta-se que para o estudo em questão, não foram separados os
doadores esporádicos, que, de acordo com os relatórios mensais produzidos
somam 17,68%, restando 54,92% dos doadores considerados de repetição. Este
índice tem como diretriz o programa de Metas Mobilizadoras do Ministério da
Saúde que prevê "Sangue com garantia de Qualidade em todo o seu processo até
2003", e considera o doador de repetição aquele indivíduo que faz doação a cada,
ou no intervalo igual ou inferior a 13 meses. Uma das metas é incrementar em 6%
ao ano o índice de doadores de repetição nos bancos de sangue do país. Em 1998,
analisando 2475 doadores da mesma região do presente estudo, BELLATO verificou
que 41,9% eram doadores de primeira doação, variável que se alterou no decorrer
dos cinco anos, com a implantação da Política Nacional do Sangue e com os
incentivos por meio de campanhas para a doação fidelizada, os quais fizeram com
que este indicador também se alterasse no Hemocentro.
Os hemocentros de referência, como o HEMOMINAS, em Belo Horizonte
(MG) trabalham para aumentar o número de doadores saudáveis e voluntários para
reduzir a participação dos candidatos eventuais e para contar com doadores
fidelizados. Para isto, buscam conhecer as características específicas do grupo de
doadores para compará-las com aquelas presentes na população em geral,
estudando estratégias para captar doadores e torná-los fidelizados. VERTCHENKO
(2004), no período de 1994 a 1998 fez um estudo, em que os resultados apontaram
um novo perfil de doador de repetição:
Os doadores regulares de sangue em geral não são pessoas de mais idade, aposentados, desocupados ou donas de casa. Justamente o contrário. Geralmente são jovens (aproximadamente 84% com menos de 40 anos), do sexo masculino (74,4%), solteiros, alfabetizados e inseridos no mercado de trabalho (VERTCHENKO, 2004, p.12).
47
A Fundação Pró-Sangue, do Hospital das Clínicas da Universidade de São
Paulo, responsável por 53% do sangue transfundido na região metropolitana de São
Paulo, 24%, do Estado e 14% do Brasil, também investe no incentivo ao doador de
repetição através de várias campanhas e matérias em jornais, como a transcrita a
seguir, por MAYRINK (2003, p.21):
(....) a Fundação Pró-Sangue, do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, está fazendo uma campanha para aumentar o número de doadores de repetição - ou doadores fiéis, que se apresentam espontaneamente e com freqüência - porque isso garante a boa qualidade e o melhor aproveitamento do sangue.
Segundo um estudo realizado pela Fundação Pró-Sangue (São Paulo), que
analisou o índice de descarte sorológico no período 1991 a 2001, houve uma
diminuição de 20% para 9% no descarte de bolsas de sangue em decorrência de
doenças infecciosas entre os doadores e que esta diminuição estaria associada às
doações de repetição (OTANI; SALLES & BARRETO et al., 2003).
Os dados publicados pela ANVISA (2003), sobre a produção da rede
hemoterápica (2000 a 2002), apresenta variações nos índices de doadores de
repetição, entre os estados: Santa Catarina, com 46,94%; Rio Grande do Sul,
67,4%; Paraná, com 47,8%; São Paulo, com 42,18% e Amazonas com 73,17%. Esta
variabilidade é, provavelmente, influenciada por características sócio-culturais e pela
existência de campanhas de doação mais ou menos ativas.
Outros estudos, como o de BRANDÃO (1999), confirmam que os candidatos
à primeira doação de sangue oferecem maior risco de apresentar alguma doença
infecciosa, transmissível pelo sangue, do que os doadores de repetição. Tal
associação justifica-se porque, à medida que são detectados doadores portadores
de doenças hemotransmissíveis, estes são excluídos como candidatos à doação e,
portanto, reduz-se a possibilidade de que doadores habituais sejam positivos para
alguma doença. Em Coimbra (Portugal), um estudo realizado por MUON (2003),
apresentando alta taxa de inaptidão na triagem clínica e sorológica (45,2%), em
doadores de primeira doação, demonstrou a importância da monitorização contínua
da população de doadores para incentivar o doador de repetição a retornar àquela
instituição para doação.
48
Foi observada também uma tendência à diminuição de doadores, com o
aumento do número de doações, variando de 54,4% com 2 a 6 doações, 12% com 7
a 10 doações e 5,9% com mais de 11 doações. Dado importante para ser trabalhado
no sentido de incentivar o doador a retornar ao Hemocentro para doação de sangue
com maior freqüência, respeitando o intervalo preconizado pela legislação (BRASIL,
2004).
As principais alterações encontradas neste estudo, revelam um aumento
significativo da participação feminina na doação de sangue, mesmo tendo o
predomínio do sexo masculino, o percentual de mulheres aumentou, comparando
com estudos anteriores (BELLATO, 1998). Revelam também um incremento na
doação por jovens, demonstrando que estão mais solidários e altruístas e a
fidelização dos doadores de primeira vez, tornando-os doadores de repetição,
conscientes para a doação espontânea de sangue. Tais resultados ampliam o
conhecimento sobre a importância de ações educativas demonstrando que é
possível promover mudanças no comportamento das pessoas que doam sangue, e
através destas mudanças, alterar a realidade hemoterápica do país, por meio da
educação da população com campanhas que preparem as crianças e jovens para
uma futura doação de sangue consciente e responsável. O presente estudo afirma
também a importância da escolha da população de doadores, pois dessa escolha
também depende a segurança transfusional, sendo estratégico formar grupos de
doadores que ofereçam menores riscos de transmissão de doenças por transfusão.
E a fidelização do doador de primeira vez, tornando-o de repetição, contribui para o
aumento do estoque de hemocomponentes e para a diminuição do índice de
rejeição clínica e sorológica, diminuindo o custo operacional e aumentando a
segurança.
49
TÓPICO II
5.2 SOROPREVALÊNCIA PARA OS MARCADORES SOROLÓGICOS DAS HEPATITES B, C E DO HIV-I/II
5.2.1 Soroprevalência para os Marcadores sorológicos das Hepatites B e C
Na tabela 6 estão representadas as soroprevalências dos marcadores para
a Hepatite B (HBsAg, anti-HBc e anti-HBs). Verifica-se a soroprevalência de 0,17%
(IC95% 0,02 - 0,36) para o marcador HBsAg, nos doadores de sangue, no período
estudado, apresentando 2 (duas) amostras inconclusivas que não fizeram parte do
cálculo.
Tabela 6. Resultados da soroprevalência para os marcadores da Hepatite B em
doadores de sangue do HRL
Marcador Hepatite B
Prevalência HBsAg anti-HBc anti-HBs
n % n % n %
Positivo 5 0,17 44 1,48 26 65,0
Negativo 2961 99,83 2923 98,52 14 35,0
TOTAL 2966 100 2967 100 40 100
Quanto ao marcador anti-HBc, a soroprevalência foi de 1,48% (IC95% 1,05-
1,92) nas amostras testadas, apresentando uma amostra inconclusiva, que não fez
parte do cálculo da soroprevalência.
50
Em relação ao anti-HBs, é importante salientar que os exames para este
marcador são realizados somente nos resultados que tenham anti-HBc positivo e
HBsAg negativo. O total de amostras foi de 40, observando que uma amostra
apresentou resultado inconclusivo, e para outras três, os doadores não retornaram
para coletar a 2ª amostra. Do total de 40 doadores, 26 (65%) já estavam
imunizados para a Hepatite B.
Em relação à distribuição de freqüência das variáveis descritivas (sexo,
escolaridade, faixa etária e número de doações) e o resultado positivo para o
marcador HBsAg da pesquisa realizada, a predominância foi de doadores do sexo
masculino, com ensino fundamental, entre 18 e 35 anos e todos doaram pela
primeira vez. As características dos doadores soronegativos foram semelhantes aos
da população soropositiva, diferindo apenas quanto ao número de doações sendo os
soronegativos doadores de repetição.
A soroprevalência do marcador da Hepatite C, o anti-HCV, está
representada na tabela 7, apresentando uma soroprevalência de 0,20% (IC95% 0,04
- 0,36). As amostras inconclusivas para o ELISA anti-HCV foram em número de 4
(quatro) e não estão incluídas no cálculo.
Tabela 7. Resultados da soroprevalência para os marcadores da Hepatite C nos doadores de sangue do HRL
Marcador Hepatite C
anti-HCV Prevalência
n %
Positivo 6 0,20
Negativo 2958 99,80
TOTAL
2964 100%
Quanto à distribuição de freqüência das variáveis em relação ao resultado
para o marcador anti-HCV da pesquisa realizada, não se observou diferença em
51
relação ao sexo dos doadores com o marcador anti-HCV positivo (três masculinos e
três femininos). O ensino fundamental foi predominante, a idade variou de 18 a 45
anos e todos doaram pela primeira vez.
As características predominantes da população soronegativa de doadores
para anti-HCV foram: sexo masculino, escolaridade equivalente ao ensino
fundamental, faixa etária entre 18 a 25 anos e predominância de doadores de
repetição.
No Estado de Santa Catarina existem poucos estudos referentes à
prevalência de marcadores da Hepatite B e C, em especial para doadores de
sangue. Pode-se citar o de VASCONCELOS et al., (1994), que determinou em
5000 amostras no ano 1991, a soroprevalência de HBsAg, anti-HBc e anti-HCV,
respectivamente, de 0,78%, 13,98% e 1,14% na triagem sorológica. TREINTINGER;
SPADA (2000), estudaram 2583 doadores de sangue em Florianópolis (SC), nos
anos de 1994 e 1995, para os marcadores HBsAg, anti-HBc e anti-HCV. As
prevalências encontradas foram, respectivamente, 1%, 9,3% e 0,7%. E ROSINI et
al., (2003), relataram a diminuição da soroprevalência de Hepatite B em doadores de
sangue de Santa Catarina entre 1999 a 2001, com valores de HBsAg 0,98% para
0,64%; para anti-HBc, de 8,83% para 5,35% e para anti-HCV, de 0,38 para 0,34%,
respectivamente. Estes índices indicam que as soroprevalências para marcadores
de Hepatite B e C, nos doadores de sangue, no Estado de Santa Catarina estão
diminuindo.
No presente estudo, verificou-se a soroprevalência dos marcadores HBsAg,
anti-HBc e anti-HCV em doadores de sangue no ano de 2003, na Região da
AMURES, resultando em 0,17% para o HBsAg, valor este bem inferior aos índices
dos outros Hemocentros de Santa Catarina, como o de Chapecó, no Oeste
Catarinense, que, no ano de 2002, atingiu 1,1%; em Florianópolis, no litoral, 0,6%;
em Joinville 0,53%, obtendo a média de 0,62% da Hemorrede (HEMOSC, 2003).
Em relação ao marcador anti-HBc, o percentual obtido neste estudo foi de 1,48%
enquanto nos outros Hemocentros do Estado, os índices foram superiores, tais
como em Chapecó, de 6,71%; Florianópolis, de 3,2%; Joinville, de 5,03%, estando a
média da Hemorrede em 3,99%. Avaliando o anti-HCV verificou-se a
52
soroprevalência de 0,20%, com variação, em 2002, de 0,9% em Criciúma; 0,6% em
Florianópolis e 0,1% em Chapecó (HEMOSC, 2003).
Comparações semelhantes podem ser feitas, em outros Estados, onde se
pode observar a diminuição das soroprevalências para as Hepatites B e C em
doadores de sangue, como demonstrado no estudo de SÄEZ-ALQUÉZAR et al.,
(1994), em São Paulo (SP), que obtiveram 1% de positividade para HBsAg e 1,52%
para anti-HCV em 62.615 doadores de sangue (SÄEZ-ALQUÉZAR, 1998). Também
em São Paulo (SP), SALLES et al., (2003), em 2001, triaram 9942 amostras de
doadores obtendo a prevalência de 0,14%, para HBsAg, 1,10% para o anti-HBc e
0,21% para o anti-HCV . Em 2002, na cidade de Ribeirão Preto (SP), foram
estudados 25.891 primodoadores (doadores de primeira doação). Na triagem
sorológica, a positividade foi de 0,63% para HBsAg; 8,7%, para o anti-HBc e 1,15
para o anti-HCV (VALENTE, 2002), que, após confirmação, ficou semelhante à
citada em ROSINI, et al., (2003) com 0,22% para o anti-HCV. Estes índices indicam
que a soroprevalência na Região Sudeste está diminuindo significativamente, assim
como no Sul do País. Esta diminuição dos índices de soroprevalência para Hepatite
B e C deve-se, provavelmente, ao maior controle pelo Ministério da Saúde e
ANVISA que através das Metas Mobilizadoras garantiram o sangue até 2003, com
campanhas de divulgação, melhor captação de doadores, maior conscientização da
importância da doação de sangue, melhoria da triagem clínica, apesar de ainda
existirem pessoas que doam sangue com o intuito de receber os exames para AIDS
e hepatites mais rapidamente, omitindo a verdade e tornando-se doadores aptos na
triagem clínica, sem consciência da importância do ato de doar sangue.
Os marcadores estudados no Hemocentro Regional de Lages, para a
Hepatite B, em especial o HBsAg, apresentaram dois resultados inconclusivos, dos
quais, no decorrer da pesquisa, um doador retornou ao Hemocentro para coletar a
segunda amostra, confirmando o resultado. O outro doador com resultado
inconclusivo, foi considerado um caso suspeito de positividade para HBsAg, pois o
mesmo não retornou ao Hemocentro para coletar a segunda amostra.
A primeira amostra inconclusiva, confirmando o marcador HBsAg positivo,
apresentou um valor da DO próximo ao cutoff, provável fase de soro conversão em
53
que o título no soro estava baixo, mas ainda detectável para o marcador em estudo.
O doador retornou 3 meses após a coleta da primeira amostra, quando apresentou
uma DO trinta vezes maior que o valor do cutoff inicial.
O HBsAg apresenta algumas limitações em sua utilização na triagem
sorológica como marcador específico da Hepatite B, que pode não ser detectada
nos exames sorológicos em decorrência da infecção primária autolimitada. Casos
nos quais se encontra o HBsAg no soro, antes de sete semanas, são geralmente
assintomáticos, mas transmissíveis pelo sangue (janela imunológica). Há também a
fase de janela tardia, ou do Core, considerada como o período compreendido entre
o início da soroconversão do HBsAg para anti-HBs, encontrando-se o HBsAg
complexado ao anti-HBs e portanto não detectável pelo método de triagem
comumente utilizado. Contudo, o anti-HBc é positivo neste caso (ALMEIDA NETO et
al., 2001). Pode ocorrer também a ausência do HBsAg detectável nos testes pelo
método ELISA, durante a doação, porém encontrando-se na fase crônica, com
níveis detectáveis para HBV-DNA, resultados observados frente a vacinações
específicas para HBV. Neste caso específico o anti-HBc também é encontrado
(WENDEL in FOCACCIA, 2003). E existe a possibilidade da ocorrência de mutantes
do vírus. Na maioria destes casos o anti-HBc é positivo, porém existem vírus
mutantes sem a produção do anti-HBc (PAPATHEODORIDIS in FOCACCIA, 2003),
sendo a minoria dos casos.
Há muitas controvérsias em relação à permanência do anti-HBc na triagem
sorológica, pois é o marcador mais freqüentemente encontrado na maioria dos
bancos de sangue do País, e isto gera problemas, principalmente em algumas
Regiões como o Norte do País e Oeste Catarinense onde a incidência de Hepatite
B é alta e o descarte de bolsas por inaptidão sorológica é ainda maior (ANVISA,
2002). Há de se avaliar muito bem a retirada deste teste da triagem sorológica, pois
para as Regiões não endêmicas, onde a população apresenta uma baixa incidência
de Hepatite B, é um marcador bem expressivo, como se observa neste estudo, em
que todas as amostras positivas e inconclusivas para HBsAg no momento da
pesquisa, eram positivas para o anti-HBc. Vários estudos têm relatado esta
afirmativa, como o de ARRAIS, et al., (2003), testando 1000 doadores de Recife,
(PE), realizando a triagem com o marcador HBsAg pelo método ELISA, e nos
54
exames positivos para anti-HBc (n=120), realizaram o HBV/DNA por PCR. No
referido estudo todos os HBsAg confirmados como positivos apresentaram anti-HBc
positivo. Um estudo do Hemocentro e da Universidade do Amazonas, avaliando os
portadores de HBV/DNA entre doadores negativos para HBsAg e positivos para anti-
HBc, observaram que dos 81 doadores investigados, somente 1 (1,2%) foi positivo
para o HBV/DNA (YURTSEVER, et al.,1998).
O considerável decréscimo do percentual de HBsAg positivo nos doadores,
observado neste estudo, podem estar parcialmente relacionados, nos últimos anos,
às campanhas de vacinação contra a Hepatite B que devem ter evitado um número
substancial de novas infecções em doadores de sangue.
No que diz respeito à validade do teste anti-HBc como marcador de
Hepatite B, sabe-se que a presença do anti-HBs não demonstra recuperação da
infecção pelo HBV, porém, em várias situações onde o HBsAg só seria detectável
por meio da biologia molecular, atualmente inviável pelo alto custo, o anti-HBc pode
apresentar-se positivo, devendo permanecer como marcador na triagem sorológica.
Outros testes deverão ser inseridos no mercado de forma viável e segura para
diminuir os riscos de transmissão da Hepatite B através dos hemocomponentes.
Em relação ao marcador anti-HCV, a prevalência obtida nos doadores
estudados foi de 0,20%, percentual semelhante ao obtido por VALENTE, (2002), em
doadores de sangue de Ribeirão Preto, com prevalência de 0,22%, e ao do estudo
de SALLES, et al., (2003), em São Paulo (SP), com 0,21%. O Estado de Santa
Catarina apresentou um índice de 0,49% em 2002, e o Brasil um índice de 0,51%,
segundo o Boletim de Produção da Rede Hemoterápica da ANVISA. Ao comparar os
dados de prevalência do anti-HCV obtidos no Hemocentro e na Hemorrede, em anos
anteriores, com os obtidos neste estudo, pode-se observar uma diminuição da
prevalência da Hepatite B e também da Hepatite C.
O marcador anti-HCV estudado na triagem sorológica, apresentou quatro
amostras inconclusivas, todas as quatro de doadores que doaram pela primeira vez,
tendo sido possível avaliar, no decorrer do estudo, o retorno de dois deles e a
evolução dos seus respectivos marcadores para Hepatite C.
55
Um doador retornou para coletar a segunda amostra um mês após a
primeira doação e o resultado permaneceu inconclusivo. Enviada ao HEMOSC
Coordenador em Florianópolis, para reavaliação, apresentou ELISA inconclusivo,
RIBA e PCR negativos. Não retornando até o momento do fechamento do estudo,
permaneceu considerado um caso suspeito.
O outro doador retornou para coletar a segunda amostra, 20 dias após a
doação, apresentando ELISA positivo, foi enviada ao HEMOSC Coordenador em
Florianópolis, que manteve o resultado do ELISA, com PCR negativo. Após três
meses o doador retornou para controle, o mesmo resultado foi encontrado
deduzindo-se provável falso positivo.
Estudos descrevem vários fatores relacionados ao resultado ELISA falso
positivo no sangue doado, mencionando-se entre eles: má conservação do soro por
estocagem prolongada, hipergamaglobulinemia (McFARLANE, apud PEDROSO),
fator reumatóide, anticorpos heterófilos (THELLMANN et al., apud PEDROSO,
1993), erros laboratoriais pré-analíticos e analíticos. E falso negativo, através de
repetidos descongelamentos, ou inativação pelo calor (SCHRUMPF et al., WONG et
al., apud PEDROSO, 1993). Estes fatos podem ocorrer em qualquer etapa do
processo, embora de difícil quantificação prática, estima-se que estes erros possam
ser responsáveis por cerca de 2,9 casos a cada 10 milhões de unidades
transfundidas (BUSCH apud FOCACCIA, 2003).
O teste utilizado na triagem do anti-HCV, foi o do método ELISA de
terceira geração, versão 4.0 (Murex). Este teste é considerado altamente sensível,
embora não tão específico, diminuindo a janela imunológica, aumentando a
segurança, e também o número de resultados falso-positivos (CENTERS FOR
DISEASE CONTROL AND PREVENTION, 2003).
A diminuição das prevalências das Hepatites B e C, constatada neste
estudo, demonstra que, apesar da grande incidência destas doenças no Sul do País,
os bancos de sangue têm conseguido assegurar cada vez mais a diminuição dos
riscos transfusionais, através de uma triagem clínica bem feita e do aumento da
eficiência da triagem sorológica com testes mais sensíveis. Porém, a maior
56
preocupação atual está relacionada à diminuição do risco residual de transmissão de
doenças virais, pela diminuição da janela imunológica. Ainda não existem testes
100% seguros, e mesmo com toda a conscientização, ainda existem pessoas que
doam sangue para obter os exames mais rapidamente, ou tornam-se doadores de
repetição por estar buscando algum resultado. Estes candidatos à doação,
sabedores que na triagem clínica poderão ser descobertos, mentem e passam por
doadores aptos, sendo estes grupos a principal ameaça que os bancos de sangue
tentam combater. A revisão da triagem clínica deste doador, e a intensificação de
campanhas educativas são necessárias para que, efetivamente, a doação de
repetição seja o resultado de um compromisso social do doador, um gesto solidário
e não uma forma de acompanhamento sorológico motivado por interesses pessoais.
A esperança está nas crianças e jovens, para que cresçam desenvolvendo um
espírito solidário e altruísta, incorporando a doação de sangue como um dever de
cidadão.
5.2.2 Soroprevalência para Marcadores de HIV-I/II Método 1 - antígeno recombinante e Método 2 - antígeno e anticorpo peptídeo sintético.
Na tabela 8, verifica-se os marcadores para HIV-I/II, onde estão
representados os dois métodos utilizados na triagem sorológica. O método 1, que
utiliza antígeno recombinante, demonstrou uma soroprevalência de 0,03%, (IC95%
0,00 - 0,10) e o método 2, que utiliza antígeno e anticorpo peptídeo sintético, obteve
0,10% (IC95%0,00 - 0,21). Para o método 2, verificou-se 2 amostras inconclusivas
não incluídas no cálculo da soroprevalência.
Tabela 8. Resultados da soroprevalência para os marcadores do HIV-I/II nos
doadores de sangue do HRL
Marcadores HIV-I/II anti-HIV-I/II -1 anti-HIV-I/II - 2
Prevalência
n % n % Positivo 1 0.03% 3 0.10%
Negativo 2967 99.97% 2963 99.90%
Total 2968 100% 2966 100%
57
Entre as variáveis e os marcadores para HIV, no método 1, as
características do caso positivo foram: sexo feminino, ensino médio, idade na faixa
entre 26 a 35 anos, e primeira doação de sangue. Quanto à população negativa, o
predomínio foi do sexo masculino, ensino fundamental, idade entre 18 e 35 anos e
eram doadores de repetição.
Em relação ao método 2, verificou-se que os doadores positivos eram do
sexo masculino, ensino médio, idade entre 18 e 25 anos, havendo 1 doador de
repetição. Para os soronegativos, o sexo predominante foi o masculino, escolaridade
com ensino fundamental, entre 18 a 35 anos e doadores de repetição.
Para os marcadores sorológicos de anticorpos anti-HIV-I/II, as
soroprevalências obtidas neste estudo foram de 0,03% para o método 1, que utiliza
antígeno recombinante para o anti- HIV-I/II e de 0,10% para o método 2, que utiliza
antígenos e anticorpos peptídeos sintéticos. Para SALLES et al., (2003), a
soroprevalência de HIV, utilizando o método ELISA na triagem sorológica na cidade
de São Paulo (SP) foi de 0,04% entre os doadores. Na Hemorrede Pública
Brasileira, a prevalência de anticorpos anti-HIV-I/II, em 2002, foi de 0,49%. Na
Hemorrede Estadual foi de 0,39%. Em Florianópolis, foi de 0,43% e 0,71%;
Joaçaba, de 0,03% e 0,12% e Joinville de 0,39% e 0,53% para os métodos 1 e 2
respectivamente. Mesmo ocorrendo resultados falso-positivos, estes índices
diminuíram em relação aos anos anteriores (HEMOSC, 2003).
Em todos os casos soropositivos ou inconclusivos para um ou para os dois
métodos, foram convocados os doadores para a coleta da segunda amostra,
repetição do ELISA e realização do teste complementar Western Blot (WB) no
HEMOSC Coordenador em Florianópolis. Das três amostras positivas para o HIV-
I/II, somente uma era positiva para os dois métodos de triagem, sendo confirmada
pelo WB a positividade da reação. As outras duas, que estavam positivas para o
método dois, foram negativas para o WB. O marcador para HIV-I/II apresentou duas
amostras inconclusivas, sendo positivas apenas para o método 2.
Em relação aos marcadores para anti-HIV-I/II, o método ELISA 2 apresentou
dois resultados inconclusivos, e, no decorrer da pesquisa, um doador retornou ao
58
Hemocentro para coletar a segunda amostra, quinze dias após a coleta da primeira.
Novamente o ELISA continuou inconclusivo com DO próxima ao cutoff e foi
encaminhado para o HEMOSC Coordenador onde se confirmou o resultado ELISA,
com WB negativo. O doador retornou, para controle, três meses após a segunda
coleta, e o resultado permaneceu o mesmo, ou seja, ELISA inconclusivo e WB
soronegativo. Faz-se necessário ressaltar que este doador estava em sua quinta
doação (doador de repetição), e provavelmente pode ser considerado um falso-
positivo, pois o período de janela é estimado em 22 dias (quadro 4). Considerando-
se que, durante a soroconversão, os primeiros anticorpos que se formam são do
tipo IgM, faz-se necessário realizar um controle durante três meses, com a utilização
do método ELISA que detecta IgM e IgG, sendo, portanto, mais sensível que o WB
que detecta apenas anticorpos do tipo IgG. Em decorrência deste fato, é possível
que a infecção verdadeira possa ser representada por ELISA positivo e WB
negativo ou indeterminado (ANVISA, 2003), devendo-se aguardar outra coleta para
observar a evolução dos marcadores.
Quanto ao outro doador com resultado inconclusivo, foi coletada uma 2ª
amostra, vinte dias após a primeira, na qual o ELISA era positivo (2 vezes o valor do
cutoff) tanto em Lages quanto no HEMOSC Coordenador, com valor de DO e
resultados semelhantes, porém com WB soronegativo. O doador não retornou para
a coleta do exame controle e era doador de primeira doação.
FERREIRA et al., (2003), comparando a capacidade de resolução dos dois
métodos utilizando o WB como complementar, observaram elevação na casuística
de falso-positivos. Em um estudo realizado em SÃO PAULO (SP), por OTANI et al.,
(2003) foram avaliadas 698191 amostras de sangue de doadores, no período de
1999 a 2001, observando-se um descarte sorológico por resultado HIV positivo em
um dos dois métodos de triagem de 0,4% em 2718 amostras. Os doadores foram
reconvocados e, de 1576 amostras que haviam sido consideradas HIV positivo por
um método, apenas uma amostra foi positiva para o WB.
No Hemocentro e Hemorrede, a sensibilidade dos testes em populações de
baixa prevalência (KUPEK, 2001.a) como a dos doadores de sangue, exige que os
testes sejam cada vez mais sensíveis, e com menor probabilidade de resultados
59
falso-negativos, para assegurar a qualidade do hemocomponente. Precisa-se
porém, estudar mais o resultado "inconclusivo" para um doador de sangue, que tem
seus exames "bloqueados" e não poderá doar enquanto tiver algum marcador que
ainda seja positivo. São vários os relatos, em estudos, de situações semelhantes às
descritas (PEREIRA, et al., 2002). Além do desgaste emocional do doador, o
descarte das bolsas nos casos de falso-positivos, gera um custo operacional para as
Instituições. Necessita-se que o método 2 para anti-HIV-I/II apresente a mesma
sensibilidade, porém maior especificidade.
60
TÓPICO III
5.3 IDENTIFICAÇÃO DA SOROPREVALÊNCIA DE CMV POR MEIO DA PESQUISA DOS MARCADORES DE ANTICORPOS DO TIPO IgG E IgM
NOS DOADORES DE SANGUE
No estudo da prevalência e freqüência das variáveis descritivas dos
marcadores para CMV, foram analisadas 1045 amostras de sangue dos doadores,
em decorrência destes testes não fazerem parte da triagem sorológica nos bancos
de sangue e apresentarem alto custo para estendê-los à população proposta para o
estudo. Verificou-se que este número de doadores apresentava valor significativo
para o objetivo proposto.
A prevalência dos marcadores para CMV com anticorpos específicos de
classe IgG e IgM, nos doadores considerados aptos, está representada na tabela 9,
demonstrando 96,4% (IC95%95,23 - 97,50) de prevalência de IgG (infecção
pregressa) e 2,3% para IgM (IC95%1,39 - 3,20).
Tabela 9. Resultados de soroprevalência para os marcadores anti-CMV IgG e IgM
nos doadores de sangue do HRL
Marcadores anti-CMV IgG anti-CMV IgM anti-CMV
Prevalência
n % n % Positivo 1007 96,36% 24 2,30%
Negativo 38 3,64% 1021 97,70%
TOTAL 1045 100% 1045 100%
61
A tabela 10 representa a distribuição dos resultados positivos e negativos
para IgG anti-CMV em relação às variáveis de controle estudadas. Em relação à
positividade do anti-CMV IgG verificou-se que dos 710 doadores do sexo
masculino, 96,3% eram positivos para IgG anti-CMV, e dos 335 do sexo feminino, a
positividade foi encontrada em 96,4%. O ensino fundamental foi o predominante
entre esses doadores. A faixa etária predominante foi de 18 a 25 anos. Os
doadores de repetição, com 2 a 6 doações apresentaram o maior número de
positividade.
Tabela 10. Distribuição de freqüência das variáveis descritivas (sexo, escolaridade, faixa etária e número de doações) e o resultado para o marcador IgG anti-CMV nos doadores de sangue do HRL
IgG anti-CMV Variáveis Demográficas
Positivo Negativo Total
Sexo Masculino 684 (96,3%) 26 (3,7%) 710 (100,0%)
Feminino 323 (96,4%) 12 (3,6%) 335 (100,0%)
TOTAL 1007 (96,4%) 38 (3,6%) 1045 (100,0%)Escolaridade Analfabeto 1 (100,0%) 0 (0,0%) 1 (100,0%)
E. Fundamental 445 (97,6%) 11 (2,4%) 456 (100,0%)
E. Médio 354 (96,2%) 14 (3,8%) 368 (100,0%)
E. Superior 196 (94,2%) 12 (5,8%) 208 (100,0%)
Pós-Graduação 11 (91,7%) 1 (8,3%) 12 (100,0%)
TOTAL 1007 (96,4%) 38 (3,6%) 1045 (100,0%)Faixa Etária 18 a 25 anos 372 (94,7%) 21 (5,3%) 393 (100,0%)
26 a 35 anos 311 (98,1%) 6 (1,9%) 317 (100,0%)
36 a 45 anos 217 (97,7%) 5 (2,3%) 222 (100,0%)
46 a 55 anos 94 (94,9%) 5 (5,1%) 100 (100,0%)
56 a 65 anos 10 (100,0%) 0 (0,0%) 10 (100,0%)
Outros 3 (100,0%) 0 (0,0%) 3 (100,0%)
TOTAL 1007 (96,3%) 38 (3,7%) 1045 (100,0%)Número de 1ª doação 289 (97,6%) 7 (2,4%) 296 (100,0%)
Doações 2 a 6 551 (95,5%) 26 (4,5%) 577 (100,0%)
7 a 10 107 (96,4%) 4 (3,6%) 111 (100,0%)
11 ou mais 60 (98,4%) 1 (1,6%) 61 (100,0%)
TOTAL 1007 (96,3%) 38 (3,7%) 1045 (100,0%)
62
Aplicando o teste qui-quadrado para cada variável descrita na tabela 10, os
resultados demonstraram p > 0,05 para todas as variáveis estudadas, ou seja,
constatou-se que o marcador anti-CMV IgG independe do sexo (x2 = 0,22), grau de
escolaridade (x2 = 4,15), faixa etária (x2 = 9,37) e número de doações(x2 = 3,35).
Na tabela 11 observa-se a distribuição dos resultados positivos e negativos
para IgM anti-CMV em relação às variáveis de controle estudadas. Em relação à
positividade do IgM anti-CMV verificou-se que dos 24 doadores positivos, 17 eram
do sexo masculino. O ensino médio obteve 16 positivos para CMV, a faixa etária
entre 26 a 35 anos e o doador de repetição com 2 a 6 doações.
Tabela 11. Distribuição de freqüência das variáveis descritivas e o resultado para o
marcador IgM anti-CMV nos doadores de sangue do HRL IgM anti-CMV
Variáveis Demográficas Positivo Negativo
Total
Sexo Masculino 17 (2,4%) 684 (97,6%) 701 (100,0%)
Feminino 7 (2,1%) 337 (97,9%) 344 (100,0%)
TOTAL 24 (2,3%) 1021 (97,7%) 1045 (100,0%)Escolaridade Analfabeto 0 (0,0%) 1 (100,0%) 1 (100,0%)
Ens. Fund. 4 (0,9%) 447 (99,1%) 451 (100,0%)
Ens. Médio 16 (4,3%) 354 (95,7%) 370 (100,0%)
Ens. Superior 3 (1,5%) 208 (98,5%) 211 (100,0%)
Pós-Graduação 1 (8,3%) 11 (91,7%) 12 (100,0%)
TOTAL 24 (2,3%) 1021 (97,7%) 1045 (100,0%)Faixa 18 a 25 anos 8 (2,0%) 395 (98,0%) 403 (100,0%)
Etária 26 a 35 anos 11 (3,6%) 297 (96,4%) 308 (100,0%)
36 a 45 anos 4 (1,8%) 218 (98,2%) 222 (100,0%)
46 a 55 anos 0 (0,0%) 99 (100,0%) 99 (100,0%)
56 a 65 anos 1 (10,0%) 9 (90,0%) 10 (100,0%)
Outros 0 (0,0%) 3 (100,0%) 3 (100,0%)
TOTAL 24 (2,3%) 1021 (97,7%) 1045 (100,0%)Número de 1ª doação 4 (1,3%) 297 (98,7) 301 (100,0%)
Doações 2 a 6 14 (2,4%) 563 (97,6%) 577 (100,0%)
7 a 10 4 (3,8%) 102 (96,2%) 106 (100,0%)
11 ou mais 2 (3,3%) 59 (96,7%) 61 (100,0%)
TOTAL 24 (2,3%) 1021 (97,7%) 1045 (100,0%)
63
Aplicando o teste qui-quadrado para cada variável descrita na tabela 11, os
resultados demonstraram p > 0,05 para todas as variáveis estudadas, ou seja, que
também o marcador anti-CMV IgM independe do sexo (x2 =0,08), grau de
escolaridade (x2 = 11,02), faixa etária (x2 = 7,92) e número de doações (x2 = 2,33).
Neste estudo determinou-se a soroprevalência de anticorpos IgG para anti-
CMV em 96,4% dos doadores na triagem sorológica, significando que já tiveram
exposição prévia a este vírus. Em relação ao anticorpo IgM a soroprevalência
encontrada foi de 2,3%. Dos 24 doadores soropositivos para IgM, 23 foram positivos
para IgG caracterizando a fase sub aguda, enquanto que um doador foi positivo
para IgM e negativo para IgG, indicando infecção atual.
O resultado obtido - 96,4% de soroprevalência – é o mais alto encontrado
em relação a outros estudos realizados, como o de CARMES (1993) em Curitiba,
(PR), que em 565 doadores de sangue, obteve soropositividade de 92,3% para IgG;
REIS (1996), no Rio de Janeiro (RJ), encontrou soropositividade para IgG em 91,6%
dos 500 doadores pesquisados; BIASOLI (1998), em São Paulo, pesquisou a
soropositividade para CMV em plaquetas de doadores de medula óssea através de
anticorpos IgG e IgM e encontrou o valor de 67,9% dos 203 doadores IgG positivos
para CMV; FRANCO (1999), em Recife (PE), estudando 1265 doadores de sangue
constatou 71,9% de positividade para IgG anti-CMV.
Embora acima dos valores relatados na literatura dos estudos sorológicos
realizados no Brasil, a porcentagem encontrada é semelhante à descrita na literatura
mundial que situa a prevalência para CMV em torno de 95-100%, em países em
desenvolvimento (PANNUTI apud SCHRÖEDER, 2003). Nos Estados Unidos, o
CMV está presente em todas as regiões e classes socioeconômicas com
prevalência estimada entre 50 a 85%, geralmente em adultos acima de 40 anos de
idade (National Center for Infectious Diseases, 2002).
Em média 3,6% da população de doadores deste estudo, estavam
susceptível à primoinfecção por apresentarem anticorpos do tipo IgG negativo para
o CMV. A Região Serrana está entre as regiões mais pobres de Santa Catarina,
64
onde as condições de saneamento básico, condições de moradia, desemprego,
podem justificar a elevada prevalência do CMV. O senso de 2002 demonstrou
melhoria nos indicadores, estando em média 93,4% da população alfabetizada, e o
restante do municípios da AMURES, com média acima de 85% de alfabetizados,
demonstrando que as desigualdades regionais existentes na infra-estrutura de
saneamento fazem da universalização e da melhoria dos serviços de abastecimento
de água, esgoto sanitário, limpeza urbana, coleta de lixo e drenagem urbana, um
objetivo a ser alcançado pelo Município e conquistado pela sociedade (INSTITUTO
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2004).
A presença de anticorpos IgM, marcador de infecção aguda para CMV, foi
encontrada em 2,3% dos doadores do estudo. BIASOLI (1998), no Rio de Janeiro,
(RJ) encontrou em 2,95% dos doadores de plaquetas; FRANCO (1999), em Recife
(PE), constatou 1,5% de anticorpos IgM nos 1265 doadores estudados.
A maioria dos estudos de prevalência pesquisaram apenas o anticorpo IgG,
como o de CARMES, (1993) e o de REIS (1996) entre outros. Avaliando-se a
população de doadores positivos IgG para anti-CMV com a de negativos, verificou-
se que ambas são semelhantes em todas as variáveis estudadas. Analisando as
variáveis utilizadas neste estudo, nos doadores positivos para IgG encontrou-se a
predominância do sexo masculino, na faixa etária entre 18 a 25 anos, a maioria com
o ensino fundamental e tendo doado de 2 a 6 vezes. Em relação à faixa etária, os
resultados obtidos neste estudo estão em discordância com os resultados
encontrados em estudos anteriores, os quais relataram que os maiores índices de
prevalências, geralmente encontrados em doadores com idades mais elevadas,
geralmente superior a 30 anos (CARMES, 1993).
Quanto aos anticorpos IgM para CMV, também não houve diferenças
significativas nas variações entre a população positiva e a negativa. No entanto, ao
comparar os doadores positivos para IgG com os positivos para IgM, houve
diferenças em relação à variável escolaridade. O grau de escolaridade prevalente
dos IgM positivos, foi de ensino médio, com 16 doadores dos 24 positivos,
contrariando os estudos já realizados que destacam como tendo baixo grau de
escolaridade os doadores positivos (PARMIGIANI, 1999). Quanto à faixa etária
65
predominante dos IgM positivos foi de 26 a 35 anos, entrando em concordância
com o estudo de CARMES (1993), pelo qual a idade prevalente foi geralmente
superior a 30 anos.
Em decorrência do pequeno número de doadores positivos para IgM anti-
CMV (24), não se pode afirmar características específicas em relação ao perfil
destes doadores soropositivos para este anticorpo, apenas expor os resultados
obtidos e o cruzamento com as variáveis estudadas propondo hipóteses.
O anticorpo IgM vírus específico geralmente se eleva durante as primeiras
duas a três semanas de infecção e persiste durante várias semanas a meses, sendo
eventualmente substituído por anticorpo IgG (ABBAS, 2002). Várias limitações de
interpretação devem ser consideradas em relação ao IgM. As respostas do anticorpo
IgM específico não são restritas às infecções primárias, pois a reativação ou
reinfecção podem resultar em ascensão dos títulos de IgM (PANNUTI et al, 1987).
Outras desvantagens incluem títulos de IgM falsamente baixos ou negativos
causados por competição de alto título de anticorpo IgG por locais de ligação com o
antígeno e reações falso-positivas resultantes do fator reumatóide entre outros
(STAGNO apud PARMIGIANI, 1999).
A diferença entre os índices de prevalência encontrados na literatura e os
observados neste estudo podem ser decorrentes de diferenças metodológicas na
medida das prevalências e/ou as diferenças na distribuição das variáveis
demográficas estudadas (TEGTMEIER apud CARMES, 1993). Estas características,
no entanto, não são específicas para pacientes com suspeita de infecção por CMV
e, sim, características gerais de um grupo de doadores de sangue.
Este estudo teve por objetivo conhecer as prevalências dos anticorpos para
anti-CMV IgG e IgM, na triagem sorológica dos doadores de sangue, uma vez que a
legislação recomenda e determina este teste em casos específicos (BRASIL, 2004).
Faz-se necessário, porém, analisar a coerência ou não de utilizar esta triagem como
rotina, e avaliar os outros métodos que estão sendo utilizados para impedir a
transmissão do CMV, vírus este que pode ser letal para imunocomprometidos,
bebês de baixo peso e em transplantados de órgãos (BOWDEN, 1995).
66
Os testes sorológicos são úteis para determinar a prevalência da infecção
pelo CMV e o antecedente de infecção pregressa através de IgG positivo. Em
relação à infecção ativa e recorrente, a presença de IgM específica relaciona-se
pouco com a replicação viral, pois segundo o estudo de PARMIGIANI (1999), dos 49
casos de PCR positivos para CMV, apenas em dois testes a IgM foi positiva.
Porém, um grupo de pesquisadores da Universidade de Emory, em Atlanta
(USA), estudou 1000 doadores, sendo 416 soropositivos e 514 soronegativos para
CMV, testados com duas técnicas utilizando anticorpos (ABBOTT CMV EIA e
Fujirebio/Olympus CMV particle agglutination) tendo 70 amostras com resultados
diferentes. Das 1000 amostras, apenas 2 (ambas positivas) apresentaram o teste
CMV DNA detectável (positiva ± 3 a 4 cópias), concluindo que o uso de testes CMV
DNA não aumentou a detecção do agente infeccioso nos hemocomponentes, além
dos detectados pelos métodos de triagem sorológica atuais (ROBACK, 2003).
Ao se avaliar o uso de hemocomponentes soronegativos, com a
determinação da soroprevalência do CMV nos doadores da Região Serrana, com
uma soronegatividade de 3,4% é possível estimar que a demanda e a
disponibilidade deverão tender a números em torno de 4 doadores com CMV
soronegativos para cada grupo de 100 candidatos à doação de sangue. Quanto
maior o número de doadores CMV negativos estimado como necessário, maior o
custo da triagem, portanto pode-se concluir que o custo da triagem é diretamente
proporcional à demanda de produtos CMV soronegativos.
A formação de grupos de doadores negativos para CMV pode ser
pensada, desde que outras populações, conhecedoras de suas respectivas
prevalências de CMV para IgG e IgM, com índices mais baixos, possam planejar e
implantar campanhas que, em um primeiro momento identifiquem os doadores CMV
negativos envolvidos em um programa de doações regulares como o de BHUMBRA
(BHUMBRA apud CARMES, 1993), que acompanharam, durante dois anos, uma
população de 1155 doadores de sangue tipo "O" CMV negativos tendo uma taxa de
soroconversão de 0,7% ao ano e 306 doadores permaneceram no "grupo" até o final
do estudo (BHUMBRA apud CARMES, 1993). As avaliações dependem das
67
características específicas de cada banco de sangue, particularmente, demanda de
hemocomponentes CMV negativos e capacidade de atendimento e produção.
Não se pode estar alheio à importância deste vírus no contexto da medicina
transfusional. Desta forma, fez-se necessário, especialmente em relação aos
pacientes imunodeprimidos que necessitam de maior segurança transfusional, uma
avaliação da importância do uso de filtros leucodepletores.
O CMV se localiza primariamente nos leucócitos. O número e os tipos de
leucócitos contaminados permanecem como as principais preocupações na
qualidade do hemocomponente leucodepletado (GOLDMAN, 1995). A utilização de
filtros leucodepletores com os quais se consegue reduzir o teor de leucócitos em
aproximadamente 99,9% (>3 log10) dos leucócitos inicialmente presentes no sangue
doado, resulta na obtenção de hemocomponentes com menos de 3 x 106 leucócitos
alogênicos residuais (BORDIN,1997).
A legislação norte americana (American Association of Blood Banks - AABB)
orienta que a transfusão de hemocomponentes com contagem de leucócitos inferior
a 5 x 106 diminui o risco de aloimunização HLA e a transmissão do CMV (GRILO, et
al., 2002). O Hemocentro Regional de Lages, juntamente com a Hemorrede
Estadual acrescentou aos parâmetros de controle de qualidade, a determinação das
células residuais em 1% dos hemocomponentes produzidos, permitindo o valor
<6x106/mL em hemácias e em plasma <105/mL, diminuindo o risco da transmissão
do CMV.
Um estudo de BOWDEN et al., (1995), comparando a eficiência da triagem
sorológica com doadores negativos e a redução de leucócitos utilizando filtros,
constatou que houve redução em 1,3 e 2,4%, respectivamente, no desenvolvimento
de CMV, sendo que 5 dos 6 pacientes que contraíram o CMV, enquanto recebiam
componentes filtrados progrediram a uma pneumonia letal. DUMONT et al., (2001),
conseguiram obter doações de voluntários saudáveis com altas cargas de CMV e
examinaram com teste para DNA CMV antes e após a filtração dos leucócitos. Dos
32 casos avaliados, 3 unidades de plaquetas filtradas e 4 unidades de concentrado
68
de hemácias apresentaram DNA CMV detectável, concluindo que a possibilidade da
presença do CMV residual, após a redução de leucócitos, não pode ser excluída.
Em estudo da freqüência e duração da viremia do CMV no plasma, durante
a soroconversão de doadores e receptores de sangue, DREW et al., (2003),
demonstraram através do método PCR, teste DNA CMV, que o CMV foi detectado
em 9 dos 90 doadores, em soroconversão, e 3 dos 11 receptores, que não foram
detectados na soroprevalência dos doadores e nem na leucodepleção, devido à
baixa viremia no plasma durante a soroconversão.
Os estudos sugerem que há limites para as capacidades de triagem
sorológica e filtros leucodepletores. As técnicas utilizadas para diminuir a
transmissão do CMV em doadores de sangue ainda não são totalmente seguras,
uma vez que não contemplam: a) o período de janela imunológica do CMV; b) os
altos níveis de vírus associados aos leucócitos; c) o vírus livre no plasma; d) e a
baixa viremia no plasma, como citado anteriormente (DREW et al., 2003).
A técnica ideal para o diagnóstico e a monitorização de infecção por CMV
requer alta sensibilidade para a detecção precoce em indivíduos com elevado risco
para esta doença, além de ser quantitativo, de modo que se possa avaliar a carga
viral antes e durante o tratamento, no caso de transplante de órgãos e monitorização
da utilização de fármacos com atividade antiviral. Segundo SCHRÖEDER (2003), é
fundamental que a técnica selecionada possua alto grau de reprodutibilidade,
permitindo que os estudos realizados nos mais diversos centros sejam comparados.
Cumpre, ainda, salientar que para os bancos de sangue, não existe uma
técnica 100% sensível e específica, porém existem meios de amenizar esta
transmissão, triando os casos que necessitem maiores cuidados e avaliando as
vantagens do uso de filtros leucodepletores que impedem ou reduzem a quase zero,
a transmissão do CMV e outras infecções. O uso do filtro deve ser equacionado
com a necessidade de um número muito maior de doadores na triagem sorológica
para CMV, o que poderia ultrapassar a capacidade de captação do Hemocentro,
resultando em custos de tal monta que dificilmente justificariam a economia gerada
pela não realização da triagem sorológica para o CMV.
69
Considerando que o preço médio do filtro leucocitário está em torno de US$
25 (HEMOSC, 2004), o uso rotineiro de filtros leucodepletores poderá acarretar um
acréscimo aos custos da Hemoterapia Pública Nacional. Dessa maneira, a indicação
de hemocomponentes desleucocitados aparenta ser bastante apropriada para
determinados pacientes. Os serviços devem determinar a melhor definição de quais
grupos de pacientes serão realmente beneficiados com a utilização dos
hemocomponentes desleucocitados na prática hemoterápica, diminuindo os riscos
de transmissão do CMV, visando a segurança transfusional.
70
TÓPICO IV
5.4 CORRELAÇÃO ENTRE OS MARCADORES SOROLÓGICOS PARA CMV,
HEPATITE B E C E PARA HIV-I/II
O teste utilizado para fazer as correlações entre os marcadores sorológicos
estudados foi o teste de Correlação de Spearman. Testando todos os marcadores
estudados, observou-se que não houve correlações entre os marcadores IgG e IgM
para anti-CMV, HBsAg, anti-HBc, anti-HCV e anti HIV-I/II apresentando valores para
a correlação iguais a zero (ausência de correlação, para um nível de significância
menor que 0,05. Os resultados de cada marcador independe dos demais
marcadores (resultados não demonstrados no estudo).
A correlação entre os marcadores de HIV-I/II método 1 e HIV-I/II método 2
está representada na tabela 12.
Tabela 12. Valor do coeficiente de correlação de Spearman, entre os marcadores para HIV -I/II nos doadores de sangue do HRL
Coeficiente Correlação Spearman
Anti-HIV-I/II Método 1
Anti-HIV-I/II Método 2
Anti-HIV-I/II 1 1.000 0.447 (*)
Anti-HIV-I/II 2 0.447 (*) 1.000
(*) HB0B: ρ=0; diferença significativa a 5% (p-value < 0,0001) N= 2968
Existe correlação entre o marcador para HIV-I/II 1 e o marcador para HIV-I/II 2
(ρ=0,447). O coeficiente de correlação encontrado é diferente de zero. Os resultados
encontrados para HIV-I/II 1 dependem do resultado encontrado para HIV-I/II 2.
71
Estudos na área da saúde pública demonstram a correlação existente entre
os marcadores soropositivos para HIV com HCV e/ou HBsAg, onde em alguns casos
ocorre superinfecção (ZARSKI, 1998). As co-infecções entre hepatites virais em
pacientes infectados com HIV, são descritas em vários estudos, como o de
TREINTINGER, et al., em Florianópolis (SC) onde foi determinado a prevalência de
hepatites em doadores de sangue e pacientes HIV positivos, avaliando a correlação
desses marcadores. Com o número de amostras para doadores de sangue
semelhantes ao desse estudo (n= 2678), e para pacientes infectados com o HIV,
analisaram 91 amostras, demonstrando a co-infecção para HBV e HCV em 0,1%
dos doadores de sangue, e 40% nos pacientes positivos para HIV, observando
exposição dos pacientes HIV positivos, para outros vírus.
A exposição aos vírus HIV, HCV e HBsAg é menos freqüente em doadores
de sangue, observando-se que as taxas de soroprevalências dos marcadores são
baixas nos bancos de sangue. No presente estudo, não foram observadas
correlações entre os marcadores HIV, HCV e HBsAg, e também não foram
observadas correlações desses marcadores com os marcadores para CMV, até
então não estudados em outros trabalhos.
72
TÓPICO V
5.5 DETERMINAÇÃO DO RISCO RESIDUAL PARA OS MARCADORES DE HEPATITE B, C E DE HIV-I/II
Para calcular o risco residual dos marcadores de Hepatite B, C e de HIV,
foram avaliados os doadores de repetição (4857) dos 24969 indivíduos que
doaram sangue no período de 2000 a 2003, verificando a soroconversão em
quatro casos para HBsAg, quatro para HCV e um caso para HIV.
O caso foi considerado confirmado quando um dos marcadores HBsAg,
anti-HCV ou anti-HIV apresentaram resultado positivo em duas amostras
independentes de sangue. Se um doador de sangue positivo para um dos
marcadores em estudo não retornou para a coleta da 2ª amostra, foi considerado
um caso suspeito.
Como a incidência de HBV baseada exclusivamente no marcador HBsAg é
propensa a um declínio, as estimativas foram corrigidas para a probabilidade de
antigenemia transitória pela divisão de sua duração média de 63 dias com a
mediana de interdoação entre os doadores em soroconversão para HBsAg, sendo
considerada a estimativa de probabilidade de detecção de doador de soroconversão
para HBsAg (s). A seguir calculou-se a probabilidade de detecção de um novo
caso de infecção de HBV pela multiplicação da prevalência de doadores com
antigenemia transitória (70%), com resposta primaria de anticorpo (20%) e
portadores crônicos (5%) com as probabilidades de detecção respectiva. A
probabilidade de detecção de uma nova infecção por HBsAg, simbolizado por P, foi
calculada como P= S. 0.70+0.05, sendo o valor, o fator de ajuste obtido,
multiplicado pela incidência de HBsAg.
73
A tabela 13 apresenta os dados utilizados e o cálculo do fator de ajuste,
considerando a antigenemia transitória do marcador HBsAg, mediante aplicação de
fórmula descrita anteriormente, o cálculo da incidência corrigida e do risco residual.
Demonstra leve diminuição nos índices de risco de transmissão do vírus da
Hepatite B em doadores de sangue na ordem de 1: 1075 no ano de 2000 para 1:
1351 no ano de 2003.
Tabela 13. Testes de incidência, estimativa de soroconversão, fator de ajuste e risco residual de HBsAg em doadores de sangue do Hemocentro Regional de Lages no período de 2000 a 2003.
Período
2000 2001 2002 2003
Testes n Dias n Dias n Dias n Dias
Testados p/ HbsAg
1121 282617 1124 259182 1108 258730 1128 282270
HBsAg + confirmados
1 100 1 576 1 308 1 94
HBsAg - confirmados
3 1341 2 393 2 1688 0
HBsAg + suspeitos
1 210 0 0 0
Estimativa nº soroconversões
1.25 770.33 1 708.66 1 703.80 1 773.21
Incidência por 1000
1.62 1.41 1.42 1.29
Mediana ( dias) 189
201 195 185
Fator de ajuste 3.57
3.72 3.62 3.53
Incidência Corrigida
5.78 5.24 5.14 4.56
Risco residual 0.93
0.85 0.83 0.74
A partir dos dados da tabela 13, o risco estimado entre 2000 e 2003 para
HBsAg foi de 1:1136.
A tabela 14 demonstra os dados e o cálculo da incidência corrigida e risco
residual para o marcador anti-HCV. Verificou-se um risco estimado de 1:2703 em
2000, sendo que no ano de 2002 o risco oscilou para 1:2000. Calculando a
74
estimativa do risco no período entre 2000 e 2003, obteve-se um valor de 1:4244,
nestes quatro anos. Nos anos de 2001 e 2003 não foi possível calcular o risco, por
falta de soroconversões confirmadas.
Tabela 14. Testes de incidência, estimativa de soroconversão e risco residual de anti-HCV em doadores de sangue de repetição de 2000 a 2003.
Período
2000 2001 2002
2003
Testes
n Dias n Dias n Dias n Dias
Testados p/ ANTI-HCV
1121 282617 1124 259182 1108 258730 1128 282270
HCV + confirmados
2 494 0 2 1.333 0
HCV - confirmados
1 902 1 731 2 488 1 96
HCV + suspeitos
0
0 0 1 542 1 771
Estimativa nº de soroconversões
2 771.14 708.08 2.5 706.70 772.37
Incidência por 1000
2.59 3.54
Risco Residual
0.37
0.50
A tabela 15 apresenta o risco residual para o marcador anti-HIV-I/II do ano
de 2000, estimado em 1:12853. Nos anos seguintes do estudo (2001 a 2003) não foi
possível calcular o risco por não apresentar amostras em soroconversão para esse
marcador.
Calculando a estimativa do risco no período compreendido entre 2000 e
2003, obteve-se o valor 1:50000.
75
Tabela 15. Testes de incidência, estimativa de soroconversão e risco residual de anti-HIV em doadores de sangue de repetição de 2000 a 2003.
Período
2000 2001 2002 2003
Testes
n Dias n Dias n Dias n Dias
Testados p/ ANTI-HIV
1121 282617 1124 259182 1108 258730 1128 282270
HIV + confirmados
1 180 0 0 0
HIV - confirmados
0 0 1 195 0
HIV + suspeitos
0 0 1 554 0
Estimativa nº soroconversões
1 774.05 0 0 0
Incidência por 1000
1.29 0 0 0
Risco residual
0.08 0 0 0
A tabela 16 apresenta o risco residual estimado dos marcadores em estudo
e suas respectivas incidências e períodos de janela imunológica no período
compreendido entre 2000 e 2003.
Tabela 16. Risco residual estimado para os marcadores de Hepatite B, C e de HIV nos doadores de sangue do Hemocentro Regional de Lages, no período de 2000 a 2003
Marcadores Incidência Período de janela (dias)
Risco residual p/ 1000
Risco residualPor doação
HBsAg
5.44 59 0.88 1:1136
Anti-HCV
1.65 52 0.23 1:4244
Anti-HIV-I/II
0.020 22 0.020 1:50000
A prevenção da transmissão de infecções virais, através de componentes do
sangue, geralmente ocorre excluindo-se os doadores infectados. Antes de qualquer
76
outro procedimento ou teste, esta continua a ser a etapa essencial à segurança dos
hemocomponentes produzidos em bancos de sangue (MULLER-BREITKREUTZ;
EVERS; PERRY, 1998 e CHIAVETTA, 2003). A captação e seleção de doadores
de sangue destina-se a evitar que estes indivíduos com fatores de risco para as
infecções transmitidas por transfusões, doem sangue. As doações são submetidas a
testes de triagem sistemáticos que possibilitam a sua exclusão bem como a dos
doadores infectados (MULLER-BREITKREUTZ.; EVERS; PERRY, 1998). Apesar
destas medidas, o risco de transmissão de infecções virais através dos
componentes do sangue, permanece. Este risco, atualmente baixo, está sobretudo
associado ao "período de janela imunológica", logo a seguir à infecção do doador e
antes que os marcadores possam ser detectados (PILLONEL, 1998).
Neste estudo, o risco residual para o marcador HBsAg nos doadores de
sangue do Hemocentro Regional de Lages variou de 1:1075 em 2000 a 1: 1351 em
2003; para o anti-HCV, de 1:2703 em 2000, para 1: 2000 em 2002; e para o anti-
HIV-I/II em 1: 50000 em 2000, não apresentando casos de soroconversão nos
últimos três anos, demonstrando diminuição do risco no período estudado. Os
valores obtidos, estão muito acima dos índices dos países desenvolvidos, como na
França, em relação ao HBV e HCV, no período de 2000 a 2002, o risco residual
com NAT foi estimado em 1/1.000.000 para o HCV e 1: 400.000 para o HBV. Em
relação ao HIV, o risco da França foi estimado em 1:400.000 (PILLONEL, 2004). A
vacinação parece ser responsável por parte do decréscimo do risco para HBV, e se
todos os doadores forem vacinados, o risco torna-se extremamente baixo
(PILLONEL, 1998).
Nos Estados Unidos, SCHREIBER (1996), alerta para o risco do anti-HCV
não detectar infecções crônicas, e sugere a introdução de novas técnicas na triagem
para diminuir substancialmente o risco residual. No ano de 1996, antes da
introdução de testes para detecção da antigenemia p24 para HIV, nas doações de
sangue, esse risco foi estimado entre 1 em 450.000 e 1 em 660.000 doações por
ano (LACKRITZ apud FERNANDES, 2000).
No Canadá, CHIAVETTA et al., (2003), estudaram o risco para o HIV e para
Hepatite B e C no período de 1990-2000, verificando um risco extremamente baixo
77
atribuído aos doadores de repetição, com uma estimativa por unidade de 1 em
10.000.000 para HIV; 1 em 3.000.000 para HCV e 1/72.000 para HBV. O risco
residual para HIV e HCV diminuiu neste período, enquanto o do HBV oscilou durante
toda a década.
No Brasil, o risco residual de transmissão do HIV por transfusão mostrou-se
sempre mais alto do que o dos países acima mencionados. Em 1993, esse risco foi
estimado entre 1 em 2.533 e 1 em 15.000 transfusões realizadas em São Paulo (SP)
(HAMERSCHLAK; PASTERNAK & NETO, 1993). Em estudo realizado com mais de
5.000 doadores de repetição que haviam doado sangue entre os anos de 1994 e
1997 no Hemocentro de Marília (Estado de São Paulo), apresentou resultado pouco
diferente; o risco residual de transmissão do HIV foi de 1 em 10.330 (CANUTTI,
1998). Utilizando a mesma metodologia, outro estudo com doadores de sangue do
Hemocentro de Ribeirão Preto, entre 1996 e 1998, mostrou um risco residual de 1
em 77.000 (COVAS, 1998). No mesmo período, a Fundação Pró-Sangue –
Hemocentro de São Paulo, estimou o risco residual de infecção por HIV em
doadores de repetição em 1/64.000 doações (SABINO, et al., 1999).
Em Santa Catarina, um estudo de 139.188 doadores de sangue, no período
1991-99, estimou o risco residual para Hepatite B e C pelo método de
incidência/janela, baseado em 11286 doadores de repetição. O risco residual de
HBsAg em transfusões de sangue decresceu quase que 3 vezes na década de 90
porém ainda permaneceu muito alto em 1:2077. Embora o risco residual para
hepatite C tenha sido reduzido mais de 30 vezes nos últimos anos da década de 90,
comparado com o período inicial, o risco ainda é muito alto comparado ao dos
paises desenvolvidos (KUPEK, 2001.b).
Para o HIV, um estudo também realizado por KUPEK (2001), relata o risco
estimado na década de 90. Nesse estudo pode se observar que o risco de HIV em
doadores de sangue decresceu em doadores de sangue de 1:5000 em 1991-1994
para 1:48777 em 1997-1999, valor semelhante ao encontrado neste estudo.
No ano de 1997, um decréscimo considerável ocorreu, na incidência para
Hepatite B, HIV e particularmente HCV em doadores de repetição, principalmente
78
para o HCV, com a introdução do método ELISA, de 3ª geração, que reduziu o
período de janela imunológica de 82 para 52 dias. Durante este ano muitos
doadores voluntários, mulheres, jovens, foram recrutados para doação de sangue.
(KUPEK, 2001. b).
Contudo, no final da década de 90 e início de 2000 o risco aumentou, no
Hemocentro de Florianópolis (SC), segundo o estudo de KUPEK (2004). Alguns
profissionais hipotetizaram que um grupo de doadores de repetição poderiam usar a
triagem sorológica para verificar seu teste HIV, por ser mais rápido o resultado e
sem custo.
Em 2004, MASSINGAN, em sua tese de doutorado na Austrália (in print),
avaliou os dados da triagem clínica e sorológica, no período compreendido de 1998
a 2002, na Hemorrede de Santa Catarina. Utilizando o método incidência/ janela,
com alguns ajustes, verificou o risco para HBsAg de 1:37453 em SC; para HCV, o
risco de 1:44444 em SC; para HIV, de 1:51282 em Santa Catarina, demonstrando
que o risco também diminuiu nos últimos anos. Porém, comparando com os estudos
de outros países, entre os quais França (PILLONEL et al., 2002) e Canadá
(CHIAVATTA, et al., 2003), os índices de risco ainda permanecem muito altos.
Este modelo - incidência/janela - sofre restrições para o HBV, sendo ideal
para o HIV e HCV, pois a soroconversão não é detectada apenas pelo marcador
HBsAg, mas também pelo anti-HBc, pois, como este apresenta uma baixa
especificidade (SCHIMIDT in FOCCACIA, 2003), o seu cálculo não é muito preciso.
Além disso, como o HBsAg é um marcador que verifica uma antigenemia transitória,
fatores de correção foram incorporados, tais como os descritos por KORELITZ e cols
(1997).
A maioria dos estudos citados utilizaram a metodologia incidência/janela
imunológica, porém há limitações na abordagem metodológica adotada e na
interpretação dos dados analisados. Primeiro, uma grande variação no intervalo
médio das doações, embora esperado para um pequeno número de doadores em
soroconversão, contribui para grandes intervalos de confiança para estimativas de
incidência e risco residual (KUPEK, 2001.a). Uma subestimativa pode ocorrer
79
porque o cálculo não leva em consideração todas as doações, mas apenas as dos
doadores de repetição. Os períodos de janela podem ser subestimados, pois são de
casos documentados de infecções transmitidas por transfusão e são,
provavelmente, diferentes para indivíduos infectados por contato sexual ou por
material infectado, que são os principais fatores de risco para os doadores de
sangue contaminados.
Para diminuir o risco, algumas medidas foram sugeridas tais como: além da
vacinação contra a Hepatite B nos doadores e dos esforços para promoção de
saúde com o objetivo de reduzir a transmissão de doenças hemotransmissíveis,
devem ser tomadas medidas especiais, tais como conscientização através de
campanhas educativas (KUPEK, 2001.a ; CHIAVETTA, 2003); monitorização da
rotina de risco residual usando o modelo janela/incidência que não é caro e é de fácil
cálculo (PILLONEL, 1998; KUPEK, 2001 e 2004); introdução temporária de métodos
de triagem, com curto período de janela infecciosa, tais como PCR em áreas de alta
prevalência (PILLONEL, 1998; KUPEK, 2001; MASSINGAN, 2004); Segundo
HAMERSCHLAK (2003), deve-se investir na doação regular, doação consciente,
podendo, assim, diminuir o risco residual de transmissão de HIV.
O risco não pode ser estimado em caso de não detecção de variantes virais,
infecções imunosilenciosas e erros laboratoriais (CHIAVETTA et al., 2003),
Os marcadores surgem pela mesma ordem de importância em doadores de
repetição e de primeira vez. No entanto, a comparação entre as taxas, segundo o
tipo de doadores, mostra uma diferença considerável de um marcador para outro.
Em 1996, a taxa de doações positivas para o HBsAg, em doadores de repetição foi
180 vezes mais baixa que em doadores de primeira vez, enquanto que as taxas de
anti-HCV e anti-HIV foram 40 e 12 vezes mais baixas, respectivamente (PILLONEL,
1998).
Outro risco em potencial, que pode ser minimizado em bancos de sangue,
são os benefícios oferecidos aos doadores para incrementar o setor de captação e
motivá-los a doar. Deve-se desestimular incentivos do tipo pagamento indireto, como
presentes e brindes, pois são ótimos fatores motivacionais em escolas e
80
universidades, apreciados pelos jovens, porém não indicados para a formação da
consciência altruísta do ato de doar sangue (MOTTA, 2003).
Alternativas para diminuição da taxa de infecção podem ser determinadas
usando-se testes extremamente sensíveis com antígenos virais ou ácidos nucléicos.
Contudo os testes podem detectar somente um subgrupo de infecção onde a
imperfeita sensibilidade do ensaio não detecta aquele vírus. Outras técnicas devem
ser utilizadas para monitorar diretamente o risco residual quantificando-o e avaliando
a evolução proposta da redução do risco (SCHREIBER, et al., 1996).
Avaliando os bancos de sangue que introduziram técnicas de biologia
molecular (NAT) na triagem sorológica como medida para diminuir o risco, e os
serviços de hemoterapia que estudaram por meses e anos esta técnica na triagem,
podemos verificar algumas confirmações da importância do NAT e outras
contraposições conforme alguns estudos descritos a seguir.
Em Londres, SOLDAN (2002), encontrou seis casos de Hepatite B pós
transfusional (TT-HBV) reportados entre 1998 e 2001. Todos foram resultados de
infecções de doadores na fase aguda do HBV. Contrastando com o primeiro trabalho
feito entre 91 e 97 quando somente 3 de 14 casos similares eram causados por
infecção aguda em doadores, com maior incidência em infecção crônica em
doadores.
No Canadá, o NAT para HIV foi introduzido em 2001 e os resultados indicam
que este método pode reduzir o risco residual de HIV e HCV em 30% e 70%
respectivamente. Baseados no prognóstico para HBV NAT, com a janela de 49 dias
o risco pode ser reduzido de 13.88 por milhão de doadores para 11.53 por milhão
(CHIAVETTA, 2000).
Em 2004 foi publicado um estudo, nos Estados Unidos, analisando
37.164.054 amostras negativas para a pesquisa de anticorpos, usando o teste HCV-
RNA e HIV-RNA em minipools (de 16 a 24 amostras). Durante 3 anos de triagem de
ácido nucléicos foram detectadas 12 amostras confirmadas com HIV-RNA ou 1 em
3,1 milhões, apresentando somente dois casos para HIV-1 p24. Para HCV, 1 em
81
230000 doações, com 67 HCV-RNA positivos, foi demonstrado que a
soroconversão ocorreu em média no 35º dia após à doação e 3 casos foram
considerados imunologicamente silenciosos para essa infecção (STRAMER, et al.,
2004).
Em São Paulo, num centro de referência em Hemoterapia, realizou-se um
estudo por 2 anos no uso do NAT para HCV. No período estudado não foram
detectados casos em que os exames de triagem tenham tido resultados falso
negativos (POLITE, et al., 2003).
Ainda em São Paulo, 1800 doações de sangue consecutivas foram testadas
para PCR-HCV-RNA, com pools de 50 amostras (36 pools). O método PCR
apresentou uma sensibilidade de 66% e especificidade de 99,9%; O ELISA
apresentou uma especificidade de 99,4%, com 3 pools contendo pelo menos 1
ELISA positivo. O RIBA confirmou uma amostra apresentando resultado negativo
para o PCR. Verificou-se neste estudo, que o sistema de pool é viável e específico,
mas incabível para rotina de banco de sangue devido à necessidade da retestagem
de pools positivos enquanto unidades de sangue permanecem bloqueadas. O
método não alcançou a sensibilidade desejada levando à conclusão de que a
testagem individual de doações é o objetivo final a ser alcançado (LEVI, et al., 1999).
Em 2003 foi publicado, em São Paulo, o primeiro caso de detecção de HIV,
pelo método NAT no período da janela para o marcador para HIV em São Paulo.
Este caso apresentou resultado positivo para o NAT e negativo para a pesquisa de
p24 ag e ac. Em seu acompanhamento sorológico, 10 dias após, o p24 ag
apresentou resultado positivo, mas não positivou para o anticorpo p24 (TANUKI, et
al., 2003).
O Estado de SC lidera o ranking nacional em percentual de usuários de
drogas injetáveis (IDU) e pacientes com AIDS, aumentando a incidência de HBV,
HCV e HIV nesta população. Campanhas educacionais devem ser implantadas com
explicações aos candidatos à doação, sobre a existência da janela imunológica.
Porém na Região Serrana, os hábitos e costumes da população são diferentes do
litoral, a população é mais conservadora. O clima frio propicia que as pessoas
82
tenham hábitos mais diurnos, não existindo tantas atrações e turistas como em
cidades litorâneas. A vida noturna, com poucas opções, faz com que as pessoas
reúnam-se com maior freqüência em casa de amigos. Constata-se por vários anos
consecutivos, através dos boletins sorológicos que o índice de positividade dos
marcadores sorológicos das doenças hemotransmissíveis são os mais baixos do
Estado (HEMOSC, 2003), e conseqüentemente o risco residual também está
diminuindo, confirmado com os valores verificados neste estudo.
O uso de PCR para triagem em áreas de alto risco pode diminuir o período
da janela em 11 dias, diminuindo 50% do risco residual se comparado com os
testes atualmente utilizados (KUPEK, 2001). O Ministério da Saúde publicou a
Portaria 79, em 2003, implantando o NAT. Em 2004 esta Portaria foi revogada e
publicaram a Portaria nº 112, formando grupos de estudos para estudar a
viabilização da implantação do NAT. Faz-se necessário um estudo criterioso, em
que seja possível avaliar o custo-benefício da implantação de uma técnica, que sem
dúvidas, diminuiria a janela imunológica e, conseqüentemente, o risco residual das
doenças transmitidas pelo sangue. Porém é necessário um planejamento logístico
dos locais, das condições em que serão estabelecidos os centros de testagem, dos
equipamentos e kits que serão implantados, dos treinamentos adequados aos
profissionais, do transporte das amostras e da comunicação entre os bancos de
sangue e os centros de testagem, para que se possa ter um sangue com maior
qualidade, liberado em tempo hábil de salvar vidas.
A segurança transfusional depende de vários fatores que vão desde o
conteúdo educacional das campanhas de conscientização do doador de sangue,
passando pelo conhecimento e respeito das regras estabelecidas na legislação
vigente e dos programas de qualidade na área de transfusão, até a qualificação
técnica dos integrantes do Hemocentro quanto à realização dos testes laboratoriais.
Inúmeras medidas são necessárias para se reduzir o risco de transfusão de
HBV e HCV em áreas de alta prevalência. O primeiro passo deveria ser uma
monitoração de rotina de risco residual usando o modelo janela/incidência que não
é caro e é fácil de se calcular. O próximo passo deve ir desde uma introdução
temporária de métodos de triagem, com um curto período de janela imunológica,
83
tais como, PCR em áreas de alta prevalência, ate medidas de longo prazo para se
reduzir o risco. Uma justificativa de custo-benefício destes métodos deveria ser
verificada antes de sua implementação.
A melhoria dos procedimentos de seleção de doadores pode ser obtida a
médio longo prazo tais como: vacinação contra Hepatite B, projetos além do limite
de grupos de alto risco, programas de redução de danos p/ usuários de drogas
injetáveis, bem como a educação em saúde sobre doenças sanguïneo-infecciosas
em geral, e o risco da transfusão em particular.
Em conclusão, os significativos decréscimos nas taxas de doações positivas
para o HBV, HCV e HIV, tal como os riscos residuais de transmissão destes vírus,
mostram o progresso, nos últimos anos, das medidas de prevenção para a captação
e seleção de doadores antes da doação e a melhoria dos testes de triagem.
84
VI. CONCLUSÃO
1 - O formato de um novo perfil de doadores para a Região Serrana foi
demonstrado revelando doadores mais jovens (18 a 25 anos), fidelizados (72,5% de
doadores de repetição) e com grau de escolaridade mais elevado (40,6 nível
fundamental e 38,5% nível médio).
2 - Os marcadores para Hepatite B, C e de HIV na triagem sorológica dos
doadores apresentaram diminuição em suas respectivas soroprevalências. Para o
HBsAg foi verificada 0,17% (IC95%0,02-0,36); para anti-HCV, 0,20% (IC95%0,04-0,36)
e para o anti-HIV, 0,10% (IC95%0,00 - 0,21).
3 - A soroprevalência de anticorpos IgG anti-CMV detectada na triagem
sorológica dos doadores foi 96,4% (IC95% 95,23 - 97,50) significando exposição
prévia ao citomegalovírus. Para os anticorpos tipo IgM para CMV a soroprevalência
verificada foi de 2,3% (IC95%1,39 - 3,20). Estima-se em torno de 4 doadores
negativos para o CMV, em cada grupo de 100 candidatos à doação de sangue.
4 - Não foi verificado correlação entre os marcadores estudados para CMV,
Hepatite B, Hepatite C e HIV, verificando correlação apenas entre os marcadores
para os métodos utilizados na triagem sorológica para HIV.
5 - O risco residual estimado para Hepatites B e C e para HIV nos doadores
de sangue do Hemocentro no período estudado, apresentou diminuição em seus
índices, confirmando a hipótese que a nova legislação referente à Hemoterapia
85
Nacional, com a introdução de testes mais sensíveis, está diminuindo a janela
imunológica, o risco residual e conseqüentemente aumentando a segurança
transfusional.
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VERTCHENKO, S.B. Sangue - Revista Minas Faz Ciência no. 8 - Fapemig Hemominas forma maior banco de dados do Brasil . Disponível em: <www.revista.fapemig.br/8/sangue.html.> Acesso em 08 jun 2004. ZARSKI, JP, et al. Characteristics of patients with dual infection by hepatitis B and C viruses. Journal of Hepatology 28: 22-31, 1998. WENDEL, S. Prevalência em Bancos de Sangue - Epidemiologia da Hepatite pös-Transfusional . In: FOCACCIA, Roberto. (Org). Tratado de hepatites virais. São Paulo: Atheneu, 2003. WINSTON, D.J. et al. Cytomegalovirus infections associated with leukocyte transfusions. Ann Intern Med 93:671, 1980. YURTSEVER, S. et al. Portadores de HBV/DNA entre doadores de sangue não reativos ao antígeno de superfície. In: Boletim da Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia. Anais do XXIII Congresso Brasileiro de Hematologia e Hemoterapia - HEMO 98. Porto Alegre. Vol. XX - out.98. p.49 P A 119. 1998.
97
ANEXOS
98
ANEXO 1 Ciclo do Sangue
99
ANEXO 2
Triagem Clínica
100
101
ANEXO 3
Algoritmo para a testagem e liberação de bolsas de sangue
http:// ( e-legis.bvs.br/leisref/public/showAct.php?id=11662)
102
ANEXO 4
Algoritmo da Triagem sorológica para anti-HIV 1/2
103
ANEXO 5 EXAMES SOROLÓGICOS
Bioelisa CMV IgM Esquema do procedimento Operações prévias Todos os reativos devem estar a temperatura ambiente antes de iniciar-se o ensaio. Diluir 1/10 a solução de lavagem concentrada com água destilada ou deionizada. Para uma placa completa, misturar 50 ml de solução de lavagem concentrada com 450 ml de água. No caso de não utilizar-se uma placa completa, preparar a parte proporcional de solução. Os reativos líquidos devem ser homogeneizados suavemente antes do seu uso. Diluir o tampão de diluição 1/10 com água destilada ou deionizada. Se a solução concentrada apresenta cristais, dissolvê-lo as antes em banho-maria a 37ºC. Se recomenda utilizar a solução recém diluída. Preparar diluições 1/101 das amostras a serem analisadas, com o tampão de diluição recém preparado, adicionando 10 µl de soro em 1 ml de tampão. Misturar bem. NÃO DILUIR OS CONTROLES, JÁ ESTÃO PRONTOS PARA USAR. Realização da prova 1- Transferir 100 µl de cada amostra diluída e 100 µl de cada controle aos pocinhos
correspondentes. Usar 2 pocinhos para o controle negativo, 2 para o positivo e 4 para o controle cut-off. Deixar vazio um pocinho para o branco.
2- Cobrir a placa com uma folha adesiva e incubar durante 1 hora a 37°C. 3- Durante os últimos 15 minutos desta incubação preparar o volume necessário de
conjugado para uso. Para cada tira de 8 pocinhos misturar 1 ml de tampão de diluição, 10 µl de conjugado e 10 µl de controle de antígeno. Homogeneizar bem.
4- Retirara folha adesiva. Aspirar o conteúdo dos pocinhos e enchê-los completamente (aproximadamente 300 µl) com solução de lavagem diluída. Repetir o processo de aspiração e lavagem quatro vezes. Após a última lavagem, golpear a placa invertida sobre um papel absorvente para eliminar qualquer excesso de líquido nos pocinhos.
5- Pipetar 100 µl de conjugado em cada pocinho, exceto no do branco. Evitar a formação de bolhas.
6- Cobrir a placa com folha adesiva e incubar durante 1 hora a 37°C. 7- Durante os últimos 5-10 minutos desta incubação, preparar o substrato/cromógeno.
Se for utilizar toda a placa colocar 280 µl de cromógeno (TMB) diretamente no frasco de tampão substrato (14 ml), e homogeneizar bem. Se não for utilizar toda a placa, preparar a quantidade necessária indicada na tabela 1. A solução para uso deve ser incolor; descartar caso se torne azul.
TABELA 2 Tiras requeridas 1 2 4 6 8 10 12
Tampão substrato ml 1 2 4 6 8 10 12
Solução de cromógeno µl 20 40 80 120 160 200 240
NOTA: A temperatura de fusão do DMSO é de 18°C, por isso, deixar que o frasco que contém o cromógeno (TMB em DMSO) alcance a temperatura de 20-25°C para que se descongele completamente e homogeneizar bem antes de usar. É normal que o cromógeno apresente cor amarelada. Evitar expor o TMB a fontes de luz intensa.
104
8- Lavar novamente os pocinhos como descrito no item 4. 9- Colocar 100 µl de solução substrato-TMB em todos os pocinhos, inclusive o branco. 10- Incubar a placa sem cobrir durante 30 minutos a temperatura ambiente (20-25°C). 11- Parar a reação adicionando-se 100 µl de solução de bloqueio em cada pocinho. Efetuar a adição na mesma seqüência e com os mesmos intervalos observados na adição do substrato-TMB. 12- Ajustar o zero do leitor com o pocinho do branco e ler a absorbância de cada um dos pocinhos a 450 nm, no prazo máximo de 30 minutos. Se for feita leitura bicromática, utilizar filtro de 620 nm como referência. Controle de qualidade Para ser considerado válido, o ensaio deve cumprir os seguintes pontos:
1- Controle cut-off: calcular a média dos valores de absorbância obtidos para o controle cut-off. Cada um dos 4 valores individuais de absorbância não deve variar mais que 25% da média calculada. Se alguns dos valores não estiver dentro dos limites, deve-se descartá-lo e recalcular-se a média. Se forem mais de dois os valores fora dos limites a prova deverá ser repetida.
2- Controle positivo: absorbância igual ou maior que 0,6. 3- relação controle negativo / controle cut-off: <0,5. 4- relação controle positivo / controle cut-off: >2,0. 5- Branco do substrato: absorbância igual ou menor que 0,10.
Resultados qualitativos o valor cut-off da técnica é a média dos valores de absorbância obtidos para o soro controle cut-off. Dividir o valor de absorbância de cada amostra pelo valor cut-off. - As amostras que apresentem uma relação absorbância / cut-off > 1,1 serão consideradas positivas de anticorpos IgM anti-CMV. - As amostras que apresentem uma relação absorbância / cut-off <0,9 serão consideradas negativas de anticorpos IgM anti-CMV. - As amostras que apresentem uma relação absorbância / cut-off entre 0,9 e 1,1 serão consideradas indeterminadas. Resultados quantitativos Para a determinação quantitativa da concentração de IgM anti-CMV: 1- Calcular a média das absorbâncias dos calibradores. Fazer o mesmo para as
amostras se estas forem testadas em duplicata. 2- Calcular a concentração das IgM em Unidades Arbitrárias (UA/ml) dividindo a
absorbância da amostra pela absorbância do soro cut-off e multiplicando por 10. UA/ml = Absorbância da amostra x 10 Absorbância do soro cut-off Resultados UA/ml Interpretação >11 Positivo para anticorpos IgM anti-CMV <9 Negativo para anticorpos IgM anti-CMV 9 a 11 Indeterminado Os resultados quantitativos permitem seguir a soroconversão da IgM.
105
Bioelisa CMV IgG
Esquema do procedimento Operações prévias Todos os reativos devem estar a temperatura ambiente antes de iniciar-se o ensaio. Os reativos líquidos devem ser homogeneizados suavemente antes do seu uso. Diluir 1/10 a solução de lavagem concentrada com água destilada ou deionizada. Para uma placa completa, misturar 50 ml de solução de lavagem concentrada com 450 ml de água. No caso de não utilizar-se uma placa completa, preparar a parte proporcional de solução. Preparar diluições 1/101 dos controles e amostras a serem analisadas, com o tampão de diluição, adicionando, por exemplo, 10 µl de soro em 1 ml de tampão. Misturar bem. Para diluir o conjugado para uso, adicionar 300µl de conjugado concentrado ao frasco que contém 15 ml de diluente do conjugado. Se não for utilizar toda a placa, preparar a quantidade necessária segundo o número de tiras a utilizar conforme se indica na Tabela 1. TABELA 1 Tiras utilizadas 1 2 4 6 8 10 12
Diluente do conjugado ml 1 2 4 6 8 10 12
Conjugado concentrado µl 20 40 80 120 160 200 240
Homogeneizar. O conjugado diluído é estável por 15 dias a 2-8°C Realização da prova 1- Transferir 100µl de cada amostra, controle e calibradores diluídos aos pocinhos
correspondentes. Testar os calibradores em duplicata. Deixar vazio um pocinho para o branco.
2- Cobrir a placa com uma folha adesiva e incubar durante 1 hora a 37°C. 3- Retirar a folha adesiva. Aspirar o conteúdo dos pocinhos e enchê-lo completamente
(aproximadamente 300µl) com solução de lavagem diluída. Repetir o processo de aspiração e lavagem quatro vezes. Após a última lavagem, golpear a placa invertida sobre um papel absorvente para eliminar qualquer excesso de líquido nos pocinhos.
4- Adicionar 100µl de conjugado diluído em cada pocinho, exceto o do branco. Evitar a formação de bolhas ao efetuar a adição do conjugado.
5- Cobrir a placa com uma folha adesiva e incubar durante 30 minutos a 37°C. 6- Durante os últimos 5-10 minutos desta incubação, preparar o substrato/cromógeno. Se
for utilizar toda a placa colocar 280µl de cromógeno (TMB) diretamente no frasco de tampão substrato (14 ml), e homogeneizar bem. Se não for utilizar toda a placa, preparar a quantidade necessária indicada na tabela 2. a solução para uso deve ser incolor; descartar caso se torne azul.
TABELA 2 Tiras utilizadas 1 2 4 6 8 10 12 Tampão substrato ml 1 2 4 6 8 10 12
Cromógeno (TMB) µl 20 40 80 120 160 200 240
106
NOTA: A temperatura de fusão do DMSO é de 18°C, por isso, deixar que o frasco que contém o cromógeno (TMB em DMSO) alcance a temperatura de 20-25°C para que se descongele completamente e homogeneizar bem antes de usar. É normal que o cromógeno apresente cor amarelada. Evitar expor o TMB a fontes de luz intensa.
7- Lavar novamente os pocinhos como descrito no passo 3. 8- Pipetar 100µl de solução substrato-TMB em todos os pocinhos, inclusive o branco.
9- Incubar a placa sem cobrir durante30 minutos à temperatura ambiente (20-25°C). 10- Parar a reação adicionando 100µl de solução de bloqueio em cada pocinho. Efetuar a
adição na mesma seqüência e com os mesmos intervalos observados na adição do substrato-TMB.
11- Agitar ligeiramente a placa para misturar o conteúdo dos pocinhos. A justar o zero do leitor com o pocinho do branco e ler a absorbância de cada um dos pocinhos a 450nm no prazo máximo de 30 minutos. Se for feita leitura bicromática, utilizar filtro de 620nm como referência.
Controle de qualidade Para que uma prova possa ser considerada válida, deve-se cumprir os seguintes pontos:
a. Controle negativo: absorbância menor que 0,15. b. Calibrador positivo baixo: absorbância igual ou maior que 0,15. c. Calibrador positivo alto: absorbância igual ou maior que 0,6. d. Relação calibrador positivo alto / calibrador positivo baixo: igual ou maior que
2,0. 6- Relação controle negativo / calibrador positivo baixo: igual ou menor que 0,5.
7- Branco de substrato: absorbância igual ou menor que 0,1. Resultados Qualitativa - Calcular a absorbância média do calibrador positivo baixo. O valor obtido é cut-off. - As amostras que apresentarem o valor de absorbância igual ou superior ao valor cut-off, são consideradas positivas para IgG anti-CMV. Quantitativa Para a determinação quantitativa da concentração IgG anti-CMV: 1- Calcular a absorbância média do calibrador positivo baixo. A concentração de IgG anti- CMV do calibrador positivo baixo é de 0,25UI/ml. 2- Calcular a absorbância média do calibrador positivo alto. A concentração de IgG
antiCMV do calibrador positivo alto é de 2,5 UI/ml. 3- Representar os valores médios das absorbâncias do calibrador positivo baixo, frente às
suas concentrações em UI/ml na folha de papel semi-logarítmico incluída no kit. 4- Traçar a reta que une ambos os pontos. 5- A reta de calibração permite obter a concentração de cada amostra em UI/ml, a partir de
suas respectivas absorbâncias. NOTA: Se uma amostra apresentar valor superior ao do calibrador positivo alto, deve-se repetir o teste diluindo-se o soro com o tampão de diluição. O resultado obtido deve ser multiplicado pelo fator de diluição (p. ex. se uma amostra for diluída 1/500, o resultado deve ser multiplicado por 5, uma vez que a diluição normal do teste é 1/101). Interpretação dos resultados Bioelisa CMV IgG pode ser utilizado como indicador do estado imunitário do paciente e como ajuda no diagnóstico de infecção aguda por CMV.
Não imune: absorbância inferior ao valor cut-off. Imune: absorbância igual ou superior ao valor cut-off.
Um aumento da concentração de IgG anti-CMV igual ou superior a 4 vezes ao analisar amostras pareadas tomadas o intervalo de 3-4 semanas, pode ser indicativo de uma
107
infecção recente. No entanto é aconselhável associar esse teste à detecção de IgM específica para anti-CMV. Recomenda-se o uso de Bioelisa CMV IgM (imunocaptura) (COD. 3000-1212)
TESTE DE ENZIMAIMUNOENSAIO PARA HBSAG - ORGANON Descrição do procedimento 1- Montar a placa do respectivo teste com o número de controles que o kit preconiza, acessando Sorologia e em seguida a Atividade Montagem de Placas , registrar data, turno, teste e placa. Ler todas as amostras e salvar. Imprimir o relatório de Montagem de Placas, acessando Relatórios e em seguida Montagem de Placas; 2- Os reagentes e amostras devem estar à temperatura ambiente (18-25ºC) antes do início
do teste; 3- Retirar o número de tiras necessárias a realização do teste. Observar se as esferas do
conjugado encontram-se no fundo das cavidades; 4- Pipetar 100µl de amostra e de controles. Incluir 3 controles negativos e 1 controle
positivo; 5- Cobrir com fita adesiva e incubar a 37ºC por 60 minutos; 6- Ao final da incubação, preparar o substrato TMB (Tetrametilbenzidina); 7- Lavar 4 vezes com tampão fosfato diluído (soak timer 60¨) 8- Pipetar 100µl de substrato TMB em cada cavidade 9- Incubar durante 30 minutos à temperatura ambiente (18 a 25ºC) 10- Parar a reação com 100 µl de ácido sulfúrico, 1m em cada cavidade 11- Ler a 450nm (comprimento simples) ou 450 e 620nm como referência (comprimento
duplo); Resultado do procedimento:
Amostras não reagentes: DO menor ou igual ao cut-off Amostras reagentes: DO acima ou igual ao cut-off Critério de Validade do CN e CP O CN deve ser < 0,200. Eliminar se CN > 0,200
Validação do Teste
1- Mais da metade dos CN forem válidos 2- CP - CNx > 0,400
Cálculo do Cut off CNx + 0,050
TESTE DE ENZIMAIMUNOENSAIO PARA ANTI-HBC - ORTHO Descrição do procedimento 1- Os reagentes e amostras devem estar a temperatura ambiente (20 - 24ºC) antes do
início do teste, assim com a temperatura do laboratório.
108
2- Retirar o número de tiras necessárias para a realização dos testes. 3- Pipetar 10 ul de amostra e de controles. 4- Deixar o primeiro poço para o branco, pipetar 3 controles negativos e 2 positivos. Em seguida pipetar as amostras. 5- Pipetar 200 ul de diluente de amostras em todas as cavidades, exceto a primeira. 6- Cobrir com fita adesiva e incubar a 37ºC por 60 minutos. 7- Retirar da incubadora e lavar na lavadora Ortho 5 vezes com tampão fosfato. 8- Pipetar 200 ul do anticorpo conjugado em todas as cavidades, exceto na primeira. 9- Cobrir com fita adesiva e incubar a 37ºC por 60 minutos. 10- Ao final da incubação, preparar a solução de OPD. 11- Retirar da incubadora e lavar na lavadora Ortho 5 vezes com tampão fosfato. 12- Pipetar 200ul de substrato em todas as cavidades. 13- Incubar durante 30 minutos a temperatura ambiente e no escuro. 14- Interromper a reação com 50ul de ácido sulfúrico 1Mol/l. 15- Ler a 492 nm.
Resultados do procedimento: Um teste é positivo se amostra \< valor do cut-off. Um teste é negativo se amostra >/ valor do cut-off.
Cálculos S= ABS da amostra. Eliminar os CN C/ ABS \< 0,750 Eliminar os CN C/ ABS \< 0,300 Calcular Nx e Px. Eliminar os CN individuais com ABS n< 0,7 Nx ou N > 1,3 Nx. Recalcular Nx e repetir a etapa anterior, caso seja necessário. A rotina é válida se menos que a metade do No de controles tenha sido eliminado e Nx-
Px >/ 0,500 CUTTOFF= 0,25(Nx+3Px).
Teste para detecção de Anti-HBS NEW – HEPANOSTIKA – ORGANON® Descrição do procedimento: 1- Os reagentes e amostras devem estar à temperatura ambiente (18-25ºC) antes do início
do teste; 2- Colocar no suporte de tiras o número necessário de tiras microelisa; 3- Organizar as cavidades dos controles do ensaio de forma que a cavidade 1 A, organize
todos os controles em colunas (verticalmente) como demonstrado abaixo: Cavidade 1A acrescentar 100 ul dos controles:2CN; 2CPF; 2CPA em cada placa, independente do número de tiras usadas. Misturar bem os controles antes do uso.
Acrescentar 100 ul de amostra em cada cavidade da microplaca após os controles; 4- Cobrir as tiras com fita adesiva. Incubar a 37 ± 2ºC durante 60 ± 5 minutos; 5- Lavar cada cavidade quatro vezes com solução tampão de lavagem diluída; 6- Durante a etapa 8: Para cada 6 tiras abrir um frasco contendo conjugado liofilizado. Descartar a tampa de borracha e adicionar 5,6 ml de diluente de conjugado a cada frasco, deixar dissolver completamente (aproximadamente 3 minutos) e homogeneizar. 11- Pipetar 100 ul da solução de conjugado em cada cavidade. 12- Cobrir as tiras com fita adesiva. Incubar a 37 ± 2ºC durante 60 ± 5 minutos; 13- Lavar cada cavidade quatro vezes com solução tampão de lavagem diluída;
109
14- Deixar o frasco contendo solução TMB (tetrametilbenzidina) atingir 20 - 25ºC antes do uso. A solução TMB deve estar completamente dissolvida . Para cada 6 tiras, preparam-se 5,6 ml de solução de substrato como segue: Adicionar 0,5 ml de peróxido/tampão substrato em 5 ml de água destilada e misturara. Adicionar 100 ul de solução TMB e misturar.A solução de substrato deve estar praticamente incolor quando utilizada.
15- Adicionar 100 ul de substrato preparado em cada cavidade. Não cobrir com fita 16- Incubar à temperatura ambiente ( 18 - 25ºC), no escuro, durante 30 ± 2 minutos; 17- Interromper a reação c/ 100 ul de ácido sulfúrico 1 ou 2 mol/l em cada cavidade. 18- Ler as densidades óticas em leitora apropriada com o programa instalado em 450
nanômetros (nm). A leitura deverá ser feita dentro dos 15 minutos após a adição do ácido sulfúrico.
Resultados do procedimento: Uma amostra é positiva se absorbância da amostra em teste for ≥ valor de cutoff Uma amostra é negativa se absorbância da amostra em teste for < valor de cutoff. Verificação da validade da execução do teste: A execução do teste só será válida se menos da metade do número de cada controle tenha sido eliminada; N < 0,400; PB > 1,4 N e PA – PB ≥ 0,500. Cálculo do valor de cut-off: O valor de cut-off é 0,5 (N + PB)
TESTE IMUNOENZIMÁTICO PARA A DETECÇÃO DE ANTICORPOS FRENTE AO VÍRUS DA HEPATITE C – ANTI-HCV – MUREX 4.0
Descrição do procedimento 1- Verificar a temperatura ambiente: os reagentes e amostras devem estar à temperatura
ambiente ( 18 a 25ºC) antes do início do teste, assim como a temperatura do laboratório;
2- Retirar o número de tiras necessárias para a realização dos testes; 3- Dispensar 90ul de diluente de amostra em cada cavidade; 4- Dispensar 20 ul de amostra e 20 ul de controles (2 CN, 1 CP); 5- Dispensar 90 ul de diluente de amostra em cada cavidade; 6- Incubar durante 60 minutos à 37°C; 7- Lavar 5 vezes; 8- Dispensar 100 microlitros de substrato em cada cavidade; 9- Incubar durante 30 minutos à 37°C; 10- Solução stop: 50 microlitros; 11- Efetuar leitura em 450/620nm (nanômetros); Resultados do procedimento: Amostras não reagentes: DO menor que o cut-off Amostras reagentes: DO acima que o cut-off
Cálculos Validação e cut-off: Cut-off: Média dos controles negativos + 0.600 Validação: Controle negativo tem de ser menor que 0,250
Controles positivos tem de ser maior que a média dos controles negativos + 0,800
110
TÉCNICA DE ENZIMAIMUNOENSAIO PARA HIV-1/HIV-2 - ORGANON Descrição do procedimento 1- Os reagentes e amostras devem estar à temperatura ambiente (18-25ºC) antes do início
do teste; 2- Retirar o número de tiras necessárias a realização do teste. Observar se as esferas do
conjugado encontram-se no fundo das cavidades; 3- Pipetar 100µl de amostra e de controles. Incluir 3 controles negativos e 1 controle
positivo; 4- Cobrir com fita adesiva e incubar a 37ºC por 60 minutos; 5- Ao final da incubação, preparar o substrato TMB (Tetrametilbenzidina); 6- Lavar 4 vezes com tampão fosfato diluído (soak timer 60¨) 7- Pipetar 100µl de substrato TMB em cada cavidade 8- Incubar durante 30 minutos à temperatura ambiente (18 a 25ºC) 9- Parar a reação com 100 µl de ácido sulfúrico, 1m em cada cavidade 10- Ler a 450nm (comprimento simples) ou 450 e 620nm como referência (comprimento
duplo); Resultado do procedimento:
Amostras não reagentes: DO menor ou igual ao cut-off Amostras reagentes: DO acima ou igual ao cut-off Cálculos Critério de Validade do CN e CP O CN deve ser < 0,200. Eliminar se CN > 0,200 Validação do Teste: Mais da metade dos CN forem válidos CP - CNx > 0,400 Cálculo do Cutt- Off CNx + 0,050 TESTE PARA DETECÇÃO DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA DOS TIPOS 1 E 2
(HIV-1/HIV-2) – ORTHO® Descrição do procedimento: 1- Deve-se então montar a placa do respectivo teste com o número de controles que o kit
preconiza, acessando Sorologia e em seguida a Atividade Montagem de Placas , registrar data, turno, teste e placa. Ler todas as amostras e salvar. Imprimir o relatório de Montagem de Placas, acessando Relatórios e em seguida Montagem de Placas;
2- Verificar a temperatura ambiente: os reagentes e amostras devem estar à temperatura ambiente ( 18 a 25ºC) antes do início do teste, assim como a temperatura do laboratório;
3. Colocar no suporte de tiras o número necessário de tiras microelisa; 4. Organizar as cavidades dos controles do ensaio de forma que a cavidade 1 A, organize
todos os controles em fila (horizontalmente) ou colunas (verticalmente) como demonstrado abaixo:
111
5. Cavidade 1A Branco de substrato, 3 CN, 2CP em cada placa, independente do nº de tiras usadas.Misturar bem os controles antes do uso.
6. Usando uma pipeta multi-canal, acrescentar 50 ul de diluente da amostra em cada cavidade da placa exceto 1A;
7. Acrescentar 150 ul de amostra ou controle com uma micropipeta e ponteiras descartáveis. Misturar as amostras com o diluente de amostras aspirando e colocando repetidamente a amostra;
8. Cobrir as tiras com fita adesiva. Incubar a 37 ± 2ºC durante 60 ± 5 minutos; 9. Lavar cada cavidade quatro vezes com solução tampão de lavagem diluída; 12. Adicione 200ul de solução substrato a todas as cavidades, exceto 1 P
P A ;
13. Cobrir as tiras com fita adesiva. Incubar a 37 ± 2ºC durante 60 ± 5 minutos; 14. Durante os 10 minutos finais da incubação, preparar uma solução substrato (item16); 15. Lavar cada cavidade quatro vezes com solução tampão de lavagem diluída; 16. Preparar apenas uma quantidade suficiente de substrato para uso imediato, conforme
tabela abaixo:
NÚMERO DE CAVIDADES
NÚMERO DE PLACAS
NÙMERO DE TABLETES DE OPD
TAMPÃO DE SUBSTRATO (ml)
24 0,25 1 6 48 0,50 2 12 72 0,75 3 18 96 1 4 24
192 2 7 42 288 3 10 60
17. Adicionar 200 ul de substrato preparado em cada cavidade. Não cobrir com fita adesiva; 18. Incubar à temperatura ambiente ( 18 - 25 ºC) durante 30 ± 5 minutos; 19. Interromper a reação acrescentando 100 ul de ácido sulfúrico em cada cavidade. As
placas devem ser lidas dentro de 15 minutos; 20. Ler as densidades óticas (DO) em leitora apropriada com o programa instalado em
450nm ± 5nm e 620 – 700nm; A leitura deverá ser feita dentro dos 60 minutos após a adição do H2SO4 4N.
Resultados do procedimento: Uma amostra é não reativa se a absorbância da amostra for inferior ao valor do cutoff. Uma amostra é reativa se a absorbância da amostra for igual ou superior ao valor de
cutoff. É importante por uma margem de 10% para cima e para baixo do cutoff (zona cinza).
Cálculos
Os cálculos devem ser feitos separadamente para cada placa de tiras. Qualificação dos valores de controle negativo (NC): A absorbância do controle negativo deve ser < ou = a 0,085 e > ou = a 0,005. Se 2 ou mais valores estiverem acima de 0,085, a bateria de teste é considerada inválida
e deve ser repetida.
Valor do cutoff = NCX + 0,250
112
ANEXO 6 QUADRO 1 - Marcadores, testes, marca, fabricante, procedência, metodologia, geração, nº de lotes e equipamentos utilizados na triagem sorológica realizada no Hemocentro Regional de Lages, no período de 01 de agosto de 2003 a 31 de janeiro de 2004. Marcador kits/ Marca /Fabricante -
Procedência Metodologia/ geração
Lotes Equipamentos utilizados
HBsAg Hepanostika® - HBsAg Uni-form II Biomérieux Boxtel, NL, Holanda
ELISA III
B93LC, B94GG, B94LB, B94KF, B94LF, B94MH
Aparelho automatizado TeK Time
Anti-HBc Hepatitis B Virus Core Antigen (recombinant) ORTHO® Ortho- Clinical Diagnostics Raritan, New Jersey, USA
ELISAII
CHK 427; CHK 429; CHK431, CHK433
Lavadora auto wash II, leitora ELX 800
Anti-HBs Hepanostika® - Anti-HBs NewBiomérieux Boxtel, NL, Holanda
ELISAII
02090402 03020403
Aparelho automatizado TeK Time
Anti-HCV Murex® anti-HCV (version 4.0) Murex - Biotech S.A (Pty) Ltd Kyalami , África do Sul
ELISA III versão 4.0
M816010, M820220, M819310, M822810, M823310, M820910, M823410
Aparelho automatizado Mini Swift
Anti-HIV 1/2
Human Immunodeficiency Virus Types 1 and 2 (HIV-1 and HIV-2) ORTHO® HIV-1/HIV-2 Ab-Capture ELISA Test System Ortho-Clinical Diagnostics Raritan, New Jersey, USA
ELISAII
HVK172, HVK173, HVK177, HVK178, HVK 180
Lavadora auto wash II, leitora ELX 800
Anti-HIV 1/2
Antígeno HIV-1 e anticorpo HIV-1 e HIV-2: Vironostika® HIV Uni-formII Ag/Ab. Biomérieux Boxtel, NL, Holanda
ELISA III
A53KA, A53MD, A53NG, A54DA, A54BH, A54DH, A54EF
Aparelho automatizado TeK Time
Anti-CMV IgG
Bioelisa CMV IgG (Biokit) Biokit Espanha
ELISAII
L0602 B2704
Lavadora auto wash II, leitora ELX 800
Anti-CMV IgM
Bioelisa CMV IgM (Biokit) Biokit Procedência da Espanha
ELISAII
A4306 E 4004
Lavadora auto wash II, leitora ELX 800
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ANEXO 7
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Prezado Sr (a)
Está sendo desenvolvida uma pesquisa no HEMOCENTRO REGIONAL DE LAGES,
cujo tema é "Estudo soroepidemiológico das hepatites virais tipo B, C, HIV I/II e
citomegalovírus em doadores de sangue do Hemocentro Regional de Lages", na qual objetiva
levantar dados sobre os doadores de sangue da região serrana no que concerne a prevalência
de transmissão de hepatite B, C, HIV e citomegalovírus pela transfusão sangüínea, traçar o
perfil sorológico dos doadores de sangue .
Não se espera nenhum tipo de desconforto ao senhor (a) durante a coleta desta
amostra, posto que este procedimento é normalmente efetuado durante a sua doação de
sangue.
O senhor (a) terá acesso a qualquer tempo às informações obtidas nesta pesquisa, caso
seja de seu desejo. Poderá desistir de participar desta pesquisa, em qualquer etapa, sem
qualquer penalidade, precisando informar apenas ao pesquisador a intenção neste sentido
podendo ligar para (49- 2223922 ramal 220).
A pesquisa não visa fins lucrativos para o senhor (a) e para os pesquisadores, sendo
confidencial, o seu nome não será divulgado em quaisquer de suas fases. Concorda também
com a publicação dos resultados obtidos na pesquisa.
O processo de seleção ao doador, pelo qual o (a) senhor (a) está passando no momento
neste serviço hemoterápico é totalmente independente da pesquisa ora efetuada, estando livre
para optar se e de seu desejo participar ou não dessa pesquisa.
Eu, _______(nome completo)______________________ fui esclarecido sobre a pesquisa
"Estudo soroepidemiológico das hepatites virais tipo B, C, HIV I/II e citomegalovírus em
doadores de sangue do Hemocentro Regional de Lages", e concordo que meus dados sejam
utilizados na realização da mesma.
Lages, ___/___/___
Assinatura: _________________________________ RG: __________________________
Fone de contato:________________________________
ANEXO 8
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