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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL NOS
TRÓPICOS
DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS OFTÁLMICOS EM
IGUANA-VERDE (Iguana iguana).
NAYONE LIMA LANTYER CORDEIRO DE ARAUJO
Bacharel em Medicina Veterinária
SALVADOR – BA
Agosto/2016
i
NAYONE LIMA LANTYER CORDEIRO DE ARAUJO
DETERMINAÇÃO DE PARÂMETROS OFTÁLMICOS EM
IGUANA-VERDE (IGUANA IGUANA).
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação
em Ciência Animal nos Trópicos, da Universidade Federal
da Bahia, como requisito parcial para obtenção do título de
Mestre em Ciência Animal nos Trópicos.
Orientador: Prof.ª Dr. Arianne Pontes Oriá.
SALVADOR – BA
AGOSTO/2016
ii
“Hold your own, know your name and go your own way.
And everything will be fine.”
Details in the fabric – Jason Mraz feat. James Morrison.
A Deus, em agradecimento pela vida concedida, pelo
ensinamento diário e amor incondicional. Dedico este trabalho a meus
pais, por apoiarem minhas decisões, meu irmão Nailson, por me mostrar
que este é só o começo e meus familiares, por acreditarem naquela que
eu ainda posso ser. Aos meus amigos, em especial ao “grupo oftalmo”,
por dividirem comigo as alegrias e provações da vida. Aos animais
selvagens e toda sua beleza e liberdade. Eu dedico todo meu trabalho a
memória da minha querida avó Antonia Nunes de Lima, que criou
gerações na minha família com um amor e esforço descomunais. Que eu
possa trazer luz ao seu espírito através de minhas orações.
iii
AGRADECIMENTOS
A Professora Arianne Pontes Oriá, minha orientadora, por dar a oportunidade de
viver uma experiência de muito aprendizado profissional e pessoal. Sou grata pela
confiança que me foi dada para desenvolver este e outros projetos e por todo
conhecimento transmitido durante esta minha jornada acadêmica.
Ao grupo de pesquisa em oftalmologia ao qual faço parte, em especial a Ana
Cláudia S. Raposo, Débora P. H. Schaffer e Emanoel F. Martins Filho por toda a ajuda
durante a elaboração deste trabalho. A presença e o apoio de cada um foi o que tornou
esta conquista possível.
A equipe técnica do Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS), em
especial Fernanda de Azevedo Libório e Josiano Cordeiro Torezani, por tornarem
possível a realização deste trabalho e por todo o apoio durante o processo.
A Professora Melissa Hanzen Pinna e a equipe do Laboratório de Bacterioses, a
Professora Caterina Muramoto e a Íris Daniela S. de Meneses pelo apoio na elaboração
deste trabalho.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela
concessão da bolsa de estudos.
iv
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 1 – Imagem fotográfica da avaliação da produção lacrimal pelo teste lacrimal
vermelho de fenol em iguana-verde (Iguana iguana)..................................25
Figura 2 – Imagem fotográfica do crescimento bacteriano em Agar Sangue de carneiro a
6% (A) e de microscopia para análise das características morfotintoriais
(B).................................................................................................................26
Figura 3 – Imagem fotográfica das provas bioquímicas para identificação de bactérias
Gram-positivas (A) e das provas bioquímicas para identificação de bactérias
Gram-negativas (B) .....................................................................................26
Figura 4 – Imagem fotográfica da mensuração do comprimento horizontal da fissura
palpebral em iguana-verde (Iguana iguana) ................................................28
Figura 5 – Imagem fotográfica da avaliação da produção lacrimal pelo teste lacrimal da
tira endodôntica de papel absorvente em iguana-verde (Iguana iguana) ....29
Figura 6 – Imagem fotográfica da avaliação da produção lacrimal pelo teste lacrimal de
Schirmer em iguana-verde (Iguana iguana) ................................................30
Figura 7 – Imagem fotográfica da mensuração da pressão intraocular, com TonoLab®,
em iguana-verde (Iguana iguana) ...............................................................31
Figura 8 – Imagem fotográfica da posição do transdutor na avaliação ultrassonográfica
do bulbo do olho em iguana-verde (Iguana iguana) ...................................32
Figura 9 – Imagem fotográfica da realização da citologia conjuntival em iguana-verde
(Iguana iguana) ...........................................................................................33
v
Figura 10 – Aspecto ultrassonográfico do bulbo do olho, em plano dorsal, de iguana-
verde (Iguana iguana): Distância A – Comprimento axial do olho
(CAO)...........................................................................................................42
Figura 11 – Aspecto ultrassonográfico do bulbo do olho, em plano dorsal, de iguana-
verde (Iguana iguana): Distância A – Profundidade da câmara anterior
[PCA (vermelho)]; Distância B – Comprimento da lente [CL(verde)];
Distância C – Profundidade da câmara posterior [PCV (azul)]....................42
Figura 12 – Aspecto ultrassonográfico do Conus papilaris de iguana-verde (Iguana
iguana) com transdutor em posição oblíqua (7,5 horas): Distância A
[Comprimento do Cp (vermelho)]; Distância B [Espessura do Cp
(verde)].........................................................................................................43
Figura 13 – Aspecto ultrassonográfico do Conus papilaris de iguana-verde (Iguana
iguana) com transdutor em posição oblíqua (4,5 horas) .............................43
Figura 14 – Imagem ultrassonográfica da vascularização observada pelo modo Doppler
no Conus papilaris e no fundo do olho, na altura do Cp, em iguana-verde
(Iguana iguana)............................................................................................44
Figura 15 – Imagem fotográfica que demonstra aglomerado de células epiteliais
escamosas não ceratinizadas em citologia conjuntival de iguanas-verdes
(Iguana iguana). Panótico rápido (1000 X).................................................44
Figura 16 – Imagem fotográfica que demonstra aglomerado de células epiteliais
basalóides em citologia conjuntival de iguanas-verdes (Iguana iguana).
Panótico rápido (1000 X)..............................................................................45
vi
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1 – Identificação dos animais, sexo, comprimento, peso e avaliações realizadas
em iguanas-verdes (Iguana iguana) ............................................................23
Tabela 2 – Resultados do comprimento, peso, dos testes de produção lacrimal (TLVF,
TEPA e TLS) e CHFP de iguanas-verdes (Iguana iguana) resgatados pelo
Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS – Salvador, Bahia).
(n=20) ..........................................................................................................35
Tabela 3 – Resultados dos testes de PIO e CHFP de iguanas-verdes (Iguana iguana)
resgatados pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS –
Salvador, Bahia). (n=11) ..............................................................................35
Tabela 4 – Isolados bacterianos de microbiota conjuntival de iguanas-verdes (Iguana
iguana) resgatados pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS
– Salvador, Bahia) (n= 20) ...........................................................................37
Tabela 5 – Susceptibilidade antimicrobiana in vitro dos agentes isolados da microbiota
conjuntival de iguanas-verdes (Iguana iguana) resgatados pelo Centro de
Triagem de Animais Silvestres (CETAS – Salvador, Bahia) (n= 20) .........38
Tabela 6 – Resultados da comparação entre olho esquerdo e direito para as mensurações
dos segmentos do bulbo do olho de iguana-verde (Iguana iguana)
resgatados pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS –
Salvador, Bahia) por meio de ultrassom (n=11) ..........................................40
Tabela 7 - Resultados da comparação entre as diferentes posições dos transdutores nas
mensurações dos segmentos do bulbo do olho de iguanas-verdes (Iguana
iguana) resgatados pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS
– Salvador, Bahia) por meio de ultrassom (n=11) .......................................41
vii
ANEXOS
Tabela 8 – Resultados da comparação entre olho direito e esquerdo para os testes de
produção lacrimal (TLVF, TEPA e TLS) e CHFP de iguanas-verdes (Iguana
iguana) resgatados pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS
– Salvador, Bahia). (n=27) ...........................................................................67
Tabela 9 – Resultados da comparação entre olho direito e esquerdo para a mensuração
da PIO e CHFP de iguanas-verdes (Iguana iguana) resgatados pelo Centro
de Triagem de Animais Silvestres (CETAS – Salvador, Bahia). (n=11) ....67
Tabela 10 – Resultados da comparação entre machos e fêmeas para comprimento, peso,
CHFP e testes de produção lacrimal (TLVF, TEPA e TLS) de iguanas-
verdes (Iguana iguana) resgatados pelo Centro de Triagem de Animais
Silvestres (CETAS – Salvador, Bahia). (machos = 6; fêmeas = 12)............68
Manuscrito submetido ao periódico Journal of Exotic Pet Medicine sob o título:
“Evaluation of selected ophthalmic diagnostic tests in green iguanas (iguana
iguana)”...........................................................................................................................69
viii
LISTA DE SIGLAS
HOSPMEV – Hospital de Medicina Veterinária Renato de Medeiros Neto.
UFBA – Universidade Federal da Bahia.
LABAC – Laboratório de Bacterioses.
CETAS – Centro de Triagem de Animais Silvestres.
TLVF – Teste lacrimal vermelho de fenol.
TEPA – Tira endodôntica de papel absorvente.
TLS – Teste lacrimal de Schirmer.
CHFP – Comprimento horizontal da fissura palpebral.
PIO – Pressão intraocular.
PCA – Profundidade da câmara anterior.
CL – Comprimento da lente.
PCV – Profundidade da câmara vítrea.
CAO – Comprimento axial do olho.
Cp – Conus papilaris
S-IQR – Intervalo Semi-Interquartil
ix
SUMÁRIO
Página
Resumo ............................................................................................................. 10
Abstract ............................................................................................................ 11
Introdução ......................................................................................................... 12
Objetivos .......................................................................................................... 13
Revisão de literatura ......................................................................................... 14
Material e métodos ........................................................................................... 22
Resultados ........................................................................................................ 34
Discussão .......................................................................................................... 46
Conclusões ....................................................................................................... 53
Referências bibliográficas ................................................................................ 54
Anexos .............................................................................................................. 67
10
Determinação de parâmetros oftálmicos em iguana-verde (Iguana iguana).
RESUMO
A iguana-verde (Iguana iguana) tornou-se popular como animal de estimação exótico
devido às suas características corporais distintas e a conveniência de sua manutenção, o
que aumentou a ocorrência de problemas relacionados ao manejo, com frequência
associados à diferentes alterações oftálmicas. Assim, objetivou-se com o presente
trabalho estabelecer parâmetros oftálmicos para diferentes testes diagnósticos em
iguanas-verdes (Iguana iguana). Foram utilizados 27 animais, de ambos os sexos, com
idade estimada entre 1 e 8 anos, conduzidos ao Centro de Triagem de Animais
Silvestres (CETAS – Salvador), submetidos a contenção física para execução dos
seguintes testes: avaliação da produção lacrimal através do teste lacrimal do vermelho
de fenol (TLVF), da tira endodôntica de papel absorvente (TEPA) e do teste lacrimal de
Schirmer (TLS); determinação da microbiota conjuntival e teste de susceptibilidade
antimicrobiana; mensuração da pressão intraocular (PIO) por tonometria de rebote;
avaliação ultrassonográfica do bulbo do olho, através de diferentes planos de avaliação;
e citologia conjuntival. A mediana ± intervalo semi-interquartil (S-IQR) para TLVF,
TEPA, TLS, CHFP e PIO foram 3,89 ± 1,67 mm/15s, 8,50 ± 2,40 mm/min, 1,00 ± 0,50
mm/min, 12,45 ± 1,67 mm e 18,00 ± 1,75 mmHg, respectivamente. Houve crescimento
em 18 das 20 amostras coletadas, com predominância de bactérias Gram-positivas
(75,76%) e o Staphylococcus spp. foi o micro-organismo mais isolado (39,40%). O teste
de susceptibilidade antimicrobiana mostrou maior resistência do Staphylococcus spp. a
polimixina B. A mediana ± S-IQR para profundidade da câmara anterior foi de 1,20 ±
0,16 mm e 1,40 ± 0,20 mm; profundidade da câmara posterior foi de 6,85 ± 0,58 mm e
6,85 ± 0,53 mm; espessura da lente foi de 4,45 ± 0,26 mm e 4,30 ± 0,31 mm; e
comprimento axial do olho foi de 12,60 ± 0,77 mm e 12,55 ± 0,73 mm, para os planos
sagital e dorsal. O comprimento do Conus papilaris (Cp) foi de 6,05 ± 0,35 mm e 5,90
± 0,50 mm; e a espessura do Cp foi de 1,15 ± 0,25 mm e 1,20 ± 0,21 mm, sem
diferenças nas posições 4,5 e 7,5 horas. Na citologia conjuntival foi possível observar
amostras hipercelulares, com densos aglomerados de células basalóides e escamosas
não ceratinizadas. Os resultados obtidos no presente trabalho servirão de auxílio ao
diagnóstico e terapêutica de alterações oculares em Iguana iguana.
Palavras-chave: Citologia, produção lacrimal, répteis, resistência antimicrobiana,
tonometria de rebote, ultrassom.
11
Evaluation of selected ophthalmic diagnostic tests in green iguanas (Iguana iguana)
ABSTRACT
Green iguanas (Iguana iguana) have become popular pets in several countries because
of their distinct body characteristics and convenience in the maintenance, increasing the
occurrence of problems related to management, frequently associated to different ocular
diseases. The purpose of this study was to establish reference parameters for different
ophthalmic diagnostic tests in green iguanas (Iguana iguana). Twenty-seven healthy
animals, both sexes, age estimated between one and eight years, conducted to the Triage
Center of Wild Animals (CETAS), manually restrained were assessed. Tear production
was evaluated by phenol red thread tear test (PRTT), endodontic absorbent paper point
tear test (EAPPTT) and schirmer tear test (STT), as well as culture of the conjunctival
bacterial flora and antimicrobial susceptibility test, palpebral fissure length (PFL),
rebound tonometry, ocular ultrasonography using different evaluation plans, and
conjunctival cytology. Median ± semi-interquartile range (S-IQR) PRTT, EAPPTT,
STT, PFL and intraocular pressure (IOP) was 3.89 ± 1.67 mm/15s, 8.50 ± 2.40 mm/min,
1.00 ± 0.50 mm/min, 12.45 ± 1.67 mm e 18.00 ± 1.75 mmHg, respectively. Bacterial
growth was observed in 18 of 20 samples, with predominance of Gram-positive bacteria
(75.76%) and Staphylococcus spp. as the most isolated microorganism (39.40%), with
resistance pattern to polymyxin B demonstrated by the antimicrobial susceptibility test.
Median ± S-IQR anterior chamber depth was 1.20 ± 0.16 mm and 1.40 ± 0.20 mm;
posterior chamber depth was 6.85 ± 0.58 mm and 6.85 ± 0.53 mm; lens length was 4.45
± 0.26 mm and 4.30 ± 0.31 mm; and axial globe length was 12.60 ± 0.77 mm and 12.55
± 0.73 mm, for the sagittal and dorsal planes. Conus papilaris (Cp) length was 6.05 ±
0.35 mm and 5.90 ± 0.50 mm; and Cp width was 1.15 ± 0.25 mm and 1.20 ± 0.21 mm,
without differences between 4.5 and 7.5 hours. Hypercellular samples, with dense
clusters of basaloid and squamous epithelial cells were observed in the conjunctival
cytology. The results in the present study may be helpful for diagnosis and therapeutic
of ocular disorders in green iguanas.
Key words: Antimicrobial resistance, cytology, rebound tonometry, reptiles, tear
production, ultrasound.
12
INTRODUÇÃO
A iguana-verde (Iguana iguana), pertencente a ordem Squamata, família
Iguanidae, encontra-se listada no Appendice II da CITES (Convention on International
Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora) (CITES, 2014). Sua
distribuição ocorre desde o México até o sudeste do Brasil e o Paraguai, em habitats
como florestas úmidas da Amazônia, regiões litorâneas, Pantanal, savanas, caatinga e
Mata Atlântica nordestina (AVILA-PIRES, 1995).
Iguanas são répteis herbívoros, que possuem o hábito arborícola, diurno e
solitário (MOLINA; LIGHTFOOT, 2001). Em diferentes países estes animais foram
popularizados como pets por serem de baixo custo para manutenção (BARTEN, 2003),
no entanto, as condições impostas pelo cativeiro aumentam a ocorrência de alterações
relacionadas ao manejo e condições de estresse (MOLINA; LIGHTFOOT, 2001).
A oftalmologia de répteis têm se desenvolvido bastante, o que se reflete na
padronização de diferentes técnicas diagnósticas e condutas terapêuticas em diferentes
espécies, com diversos trabalhos que abordam a anatomia e a fisiologia do sistema
visual (COLITZ et al., 2002; DELGADO et al., 2014; RAJAEI et al., 2014; ORIÁ et al.,
2015a; ORIÁ et al., 2015b; RIVAL et al., 2015; RUIZ et al., 2015; SOMMA et al.,
2015). Entre as diferentes espécies de iguanas, o conhecimento acerca de seus
parâmetros oftálmicos ainda é escasso e necessário, ao se considerar a grande
quantidade de animais criados como pet e resgatados, e o grau de ameaça existente.
Na literatura, estudos de produção lacrimal e pressão intraocular em Andros
Island Iguanas (Cyclura cychlura cychlura) (WOJICK et al., 2013), sobre a morfologia
e microbiota conjuntival de iguanas verdes mantidas sob cuidados humanos já foram
descritos (TADDEI et al., 2010; RIVAL et al., 2015). No entanto, informações
adicionais sobre as principais ferramentas diagnósticas e de auxílio na terapia das
enfermidades oculares são escassas.
13
OBJETIVO
Determinar os parâmetros oftálmicos por meio de diferentes testes diagnósticos
na espécie Iguana iguana.
Objetivos específicos
a) Comparar três diferentes métodos de avaliação da produção lacrimal: o teste
lacrimal de Schirmer (TLS), o teste lacrimal do vermelho de fenol (TLVF) e
a tira endodôntica de papel absorvente (TEPA).
b) Estabelecer o parâmetro de normalidade para a avaliação de pressão
intraocular (PIO) por meio da tonometria de aplanação (TonoPen® XL) e de
rebote (TonoLab®).
c) Identificar a microbiota bacteriana presente na conjuntiva ocular, bem como
sua susceptibilidade a drogas antimicrobianas.
d) Estabelecer valores biométricos do olho em diferentes planos de avaliação
por meio da ultrassonografia.
e) Descrever os achados citológicos da conjuntiva.
14
REVISÃO DE LITERATURA
Iguana-verde (Iguana iguana)
Os répteis são uma classe com ampla diversidade de características entre os
indivíduos, com grande importância ecológica e socioeconômica por se dividirem na
cadeia trófica e servirem de fonte de alimento e de outros produtos para algumas
populações humanas (MARTINS; MOLINA, 2008). O Brasil abriga cerca de 8% das
8.734 espécies descritas de répteis (UETZ; HOSEK, 2015), com 701 espécies
reconhecidas entre lagartos, serpentes, anfisbênias, quelônios e jacarés, os quais muitos
apresentam elevado grau de ameaça de extinção devido, principalmente, à caça e
destruição de habitats pela ação antrópica (MARTINS; MOLINA, 2008; SBH, 2014).
Dentro desta grande variedade de espécies, a subordem Lacertilia compreende os
lagartos, animais ectotérmicos que variam de poucos centímetros a até cerca de 3 metros
de comprimento (MOLINA; LIGHTFOOT, 2001). A iguana-verde (Iguana iguana),
também conhecida como camaleão, iguana-comum ou sinimbu, é considerada uma das
maiores espécies desta subordem, por apresentar até 2 metros de comprimento, da
cabeça à ponta da cauda, e atingir, quando adultas, um peso de até 5,5 kg, nos machos, e
entre 1,6 e 2,6 kg nas fêmeas (ESQUIVEL, 1999; CONRAD, 2008; CSURHES, 2011).
Estes animais possuem estruturas corporais bem características, como a crista
semelhante a espinhos ao longo do dorso e cauda; escama grande e arredondada abaixo
dos tímpanos, com função relacionada à audição; e uma proeminente barbela (prega-
gular) sob o pescoço, considerada maior nos machos (ANDRADE, 2009; CSURHES,
2011). Sua coloração pode variar, do verde intenso nos indivíduos jovens, com manchas
ou listras verdes escuras e verdes amarronzados em seu corpo, a tons mais uniformes à
medida que se tornam adultos, que variam do verde oliva ao cinza-verde, com partes
mais escuras e faixas pretas grossas em quase toda a cauda (FIGUEIREDO-DE-
ANDRADE et al., 2011).
A disponibilidade e o baixo custo e conveniência da manutenção destes animais
os tornaram populares como animais de estimação em diversos países na Europa e
América do Norte. Nos Estados Unidos estes lagartos são considerados um dos mais
populares animais de estimação exóticos (BARTEN, 2003; CSURHES, 2011). Assim,
são crescentes os relatos de alterações sistêmicas relacionadas ao manejo sanitário e
15
alimentar, com frequência associadas a alterações oftálmicas, comumente reportadas em
répteis (MILLICHAMP et al., 1983; MAYER et al., 2010; STEIN et al., 2014).
Avaliação de parâmetros oftálmicos
A oftalmologia veterinária tornou-se uma especialidade de grande relevância
para o manejo sanitário de animais silvestres e exóticos, em parte devido à expansão do
mercado lícito de fauna selvagem e ao aumento dos cuidados médicos destinados a estas
espécies, nos zoológicos e centros de triagem (MONTIANI-FERREIRA, 2007).
O conhecimento dos parâmetros para avaliação da produção lacrimal, da pressão
intraocular e da forma como a microbiota conjuntival interage com os mecanismos de
defesa do olho de espécies selvagens é de grande importância tanto para o
desenvolvimento científico quanto para o auxílio no diagnóstico de enfermidades
oculares (MONTIANI-FERREIRA et al., 2008; LANGE et al., 2012).
Existe uma escassez de informações acerca destes parâmetros específicos para a
espécie Iguana iguana, e a sua determinação torna-se um instrumento importante para
nortear o manejo preventivo e terapêutico destes animais, quer seja de vida livre ou
mantidos sob cuidados humanos.
a) Produção lacrimal
O segmento anterior do bulbo do olho é recoberto pelo filme lacrimal para
manter a integridade óptica da córnea e a função normal da visão, que ocorre através da
remoção de materiais estranhos da superfície ocular e do fornecimento de oxigênio pela
sua camada serosa (SAMUELSON, 2013). A lágrima é distribuída por toda a superfície
da córnea através do ato de piscar (TROST et al., 2007), e quando não está presente em
quantidade adequada ou seu espraiamento não é correto, alterações como
ceratoconjuntivite seca ou ceratites ulcerativas podem se desenvolver (SAMUELSON,
2013).
A avaliação da produção lacrimal é um componente importante do exame
oftálmico e é realizada rotineiramente através do teste lacrimal de Schirmer (TLS) e o
16
teste lacrimal do vermelho de fenol (TLVF), os quais são exemplos empregados na
medicina veterinária (MONTIANI-FERREIRA et al., 2006; RAJAEI et al., 2013).
O TLS consiste na inserção de tiras de papel absorvente estéreis padronizadas no
fundo de saco conjuntival e mantidas por um minuto (TROST et al., 2007). Os
parâmetros fisiológicos para este teste foram determinados para diversas espécies
selvagens, como capivaras (Hydrochaeris hydrochaeris) (MONTIANI-FERREIRA et
al., 2008), chinchilas (Chinchilla spp.) (LIMA et al., 2010), saguis (Callithrix
penicillata) (LANGE et al., 2012), primatas neotropicais (ORIÁ et al., 2013), pinguins
(Eudyptes spp.) (BLISS et al., 2015) e jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris)
(ORIÁ et al., 2015a).
Em alguns animais selvagens, o comprimento da fissura palpebral aproxima-se
da largura padrão de cinco milímetros da tira do TLS, o que dificulta a realização do
teste e resulta em valores pouco confiáveis para interpretação clínica (LANGE et al.,
2012; WILLIAMS, 2012). Alternativamente, para estes casos o TLVF pode ser
consignado (RAJAEI et al., 2015) e diferenciado do TLS pela utilização de um fio de
algodão amarelo, com 75 mm de comprimento, impregnado com o corante vermelho
fenol, sensível ao pH normal da lágrima, que é inserido no saco conjuntival e mantido
por 15 segundos (HIDA et al., 2005; HOLT et al., 2006). O contato do fio de algodão
com a lágrima pode alterar a coloração de amarelo para vermelho, o que torna possível a
determinação da mensuração da produção lacrimal em milímetros (WILLIAMS, 2012).
Trata-se de um teste descrito como exequível, por ser relativamente fácil e ter um tempo
de avaliação curto (15 segundos), o que facilita e reduz a contenção em animais
selvagens (TROST et al., 2007).
Estudos com a finalidade de determinar valores de referência para o TLVF
foram realizados em porquinhos-da-índia (Cavia porcellus) (TROST et al., 2007),
saguis (LANGE et al., 2012), hamsters (Mesocricetus auratus) (RAJAEI et al., 2013) e
cágados-de-carapaça-estriada (Emys orbicularis) (RAJAEI et al., 2014).
Outra forma de mensuração da produção lacrimal é o uso da tira endodôntica de
papel absorvente (TEPA). Este teste pode ser utilizado em espécies nas quais outros
testes convencionais, como o TLS, não podem ser adotados devido ao pequeno tamanho
dos olhos (LANGE et al., 2014). Além disto, outra vantagem é a sua facilidade de
manuseio, devido à rigidez da tira, e o menor desconforto, que tornam o teste bastante
versátil e eficaz (ORIÁ et al., 2015c).
17
Para realização do TEPA utilizam-se tiras firmes de papel absorventes,
amplamente empregadas em procedimentos odontológicos (LANGE et al., 2012). Esta
técnica já foi utilizada em estudos com saguis (LANGE et al, 2012), jacarés-de-papo-
amarelo (ORIÁ et al., 2015a), jabutis (Chelonoidis carbonaria) (ORIÁ et al., 2015b) e
outras espécies selvagens e cobaias (LANGE et al., 2014) e mesmo que a tira não seja
graduada, a sua flexibilidade quando umedecida permite a leitura, por exemplo, em uma
régua (LANGE et al., 2012).
Existe grande variação na produção lacrimal entre as espécies e testes, o que
torna inadequado extrapolar os valores de referência de um indivíduo para outro
(SELMI et al., 2002). Assim, o conhecimento deste parâmetro para cada espécie em
particular, permite aos médicos veterinários realizar e interpretar os exames oftálmicos
com mais segurança (GRUNDON et al., 2011).
b) Pressão intraocular (PIO)
A mensuração da PIO pode ser realizada de diferentes maneiras, como a
tonometria digital, que utiliza a sensibilidade tátil dos dedos para uma aferição estimada
da pressão, ou através de aparelhos de tonometria que estimam os valores de PIO após
contato direto com a córnea (OFRI, 2002; MARTINS et al., 2006). Estes tonômetros,
com o passar dos anos, tornaram-se mais portáteis, ergonômicos e práticos, o que
viabilizou seu uso em animais domésticos e selvagens (MORRIS et al., 2006).
Os métodos de tonometria de aplanação e rebote possuem uma forte correlação
para eficácia de mensuração entre si (KNOLLINGER et al., 2005). A tonometria de
aplanação é comumente utilizada por fornecer uma medição direta da pressão requerida
para aplanar uma região da córnea, em mmHg (OFRI, 2002; MARTINS et al., 2006). O
Tono-Pen XL® é um tonômetro portátil e sua probe, de 1mm de diâmetro¸ tem um peso
calibrado que é ativado quando toca a córnea (LEIVA et al., 2006). Após três
mensurações o valor da PIO e desvio padrão são dispostos em visor de cristal líquido
(BETINJANE, 2009). As instruções do fabricante indicam a instilação de colírio
anestésico antes do exame para evitar desconforto durante a avaliação (ANDRADE,
2011).
A tonometria de rebote foi recentemente empregada na medicina veterinária e é
um método que dispensa o uso prévio de colírio anestésico (ANDRADE, 2011;
18
WOJICK et al., 2013). O princípio de mensuração da PIO é balizado na desaceleração
de uma probe, impulsionada por energia eletromagnética, após seu contato com a córnea
(MARTINS et al., 2006; ANDRADE, 2011; WOJICK et al., 2013). Além disso, o
tamanho reduzido da probe e o toque sutil sobre a córnea fazem deste, um instrumento
adequado para realização de repetidas mensurações (WANG et al., 2005). O TonoVet®
e o Tonolab® são equipamentos de rebote disponíveis, calibrados para uso em cães,
gatos e cavalos e em ratos e camundongos, respectivamente (DANIAS et al., 2003;
WANG et al., 2005).
Estudos para determinação da pressão intraocular normal já foram realizados em
diversas espécies de animais selvagens como algumas espécies de aves (BARSOTTI et
al., 2013; MOOD et al., 2016), ouriços (Struthio camelus) (GHAFFARI et al., 2012),
coalas (Phascolarctos cinereus) (GRUNDON et al., 2011), tartarugas marinhas (Caretta
caretta) e mediterrâneas (Testudo hermanni) (CHITTICK, HARMS, 2001; SELLERI et
al., 2012), Andros Island iguanas (WOJICK et al., 2013), jacarés do pantanal (Caiman
yacare) (RUIZ et al., 2014), tigres d’água americano (Trachemys scripta elegans)
(DELGADO et al., 2014), jacarés-de-papo-amarelo (ORIÁ et al., 2015a) e jabutis
(SELMI et al., 2002; ORIÁ et al., 2015b). A partir destes estudos pôde-se notar que
existe grande variação nos valores da PIO entre as espécies e que existem vários fatores
como idade, particularidades anatômicas e metabólicas, material utilizado e forma de
contenção para mensuração, que interferem nos valores da PIO (OFRI, 2002).
A necessidade de contenção farmacológica para algumas espécies deve ser
considerada como fator potencial de alteração dos valores da PIO (OFRI, 2002). Em
animais selvagens, um estudo foi conduzido em coalas a fim de se comparar a
mensuração deste parâmetro em animais conscientes e anestesiados e não foram
encontradas diferenças significativas entre os dois parâmetros (GRUNDON et al.,
2011). Algumas espécies permitem a determinação da PIO sem o uso de sedação, como
foi demonstrado no trabalho desenvolvido em pinguins por Mercado et al. (2010), com
uso de tonômetro de rebote, porém, existem outras em que qualquer avaliação oftálmica
só pode ser realizada após sedação, mesmo com a possibilidade de alteração dos valores
da PIO (CULLEN, 2003).
19
c) Microbiota conjuntival e antibiograma
A microbiota bacteriana que coloniza o saco conjuntival constitui um dos
mecanismos de defesa do olho e possui grande variação entre as espécies,
principalmente entre animais selvagens (UESUGUI et al., 2002; MONTIANI-
FERREIRA et al., 2006), como as capivaras (MONTIANI-FERREIRA et al., 2008), as
chinchilas (LIMA et al., 2010), os tigres d’água americanos (SOMMA et al., 2015) e os
jabutis (ORIÁ et al., 2015b).
Fatores ambientais como a área geográfica, o habitat individual e as condições
climáticas definidas pela sazonalidade podem influenciar na diversidade microbiana
local (CULLEN, 2003; MEEKINS et al., 2016). Assim, os micro-organismos residentes
na conjuntiva são capazes de se ligar aos receptores do hospedeiro a partir de adesinas
na superfície celular do micro-organismo; estimular o aporte do sistema imunológico;
secretar substâncias químicas que antagonizam competidores (GERSHWIN, 2003) e
formar uma barreira que impede a invasão de agentes potencialmente patogênicos,
desde que outros mecanismos de defesa do organismo, tanto locais quanto sistêmicos,
estejam intactos (TRINDADE et al., 2000; ENDRISS et al., 2009).
Escassos são os estudos que associam a cultura com os testes de susceptibilidade
a drogas antimicrobianas em animais selvagens, apesar de sua realização em conjunto
possuir uma grande importância clínica no tratamento de infecções oculares, que são
secundárias a diferentes alterações, como presença de corpos estranhos ou trauma
(DUPONT et al., 1994; FOTI et al., 2013; LAMAGNA et al., 2015; MEEKINS et al.,
2016).
A microbiota normal do saco conjuntival inclui bactérias consideradas
patogênicas (MOORE; NASISSE, 1998). Alguns trabalhos descrevem a predominância
de bactérias Gram-positivas, com poucas bactérias Gram-negativas isoladas em diversas
espécies de animais selvagens. Sabe-se que de todas as mucosas, esta é a mais exposta e
alberga uma microbiota diversa entre as espécies, com presença de muitos agentes
oportunistas (MONTIANI-FERREIRA et al., 2006; SAMUELSON, 2013).
Em jabutis, micro-organismos como Bacillus sp., Staphylococcus spp.,
Escherichia coli, e Proteus sp. já foram descritos como constituintes da microbiota
ocular (ORIÁ et al., 2015b). Embora pouco documentada, conjuntivite bacteriana em
répteis é provavelmente comum, porquanto existem relatos do isolamento de
Pseudomonas sp., Aeromonas liquefaciens e Klebsiella pneumoniae (MILLICHAMP et
20
al., 1983; KERN, 1998). Em búfalos, após o cultivo de 114 swabs conjuntivais foram
identificados 181 colônias de bactérias aeróbicas Gram-positivas e 80 Gram-negativas,
dentre as quais citam-se os Enterococcus faecium, Staphylococcus lentus,
Staphylococcus capitis, Streptococcus uberis, Streptococcus xylosus, Globicatella
sanguinis e Escherichia coli (LAMAGNA et al., 2015). Em adição, o mesmo estudo
evidenciou padrões de resistência antimicrobiana das bactérias isoladas e os autores
relataram que a amoxicilina associada a ácido clavulânico e a cefalotina foram os
antibióticos menos sensíveis para bactérias Gram-positivas e Gram-negativas.
d) Biometria ocular por ultrassom
A ultrassonografia permite a mensuração das estruturas intraoculares e este
conhecimento pode servir como base para exames ultrassonográficos complementares à
avaliação oftálmica (BAPODRA et al., 2010; ORIÁ et al., 2015a; ORIÁ et al., 2015b).
O diagnóstico de anomalias, como atrofia ocular, microftalmia, pseudoexoftalmia,
ectasia escleral e o glaucoma congênito também podem ser identificados com o uso da
ultrassonografia ocular (POTTER et al, 2008).
O ultrassom em modo-B (brilho) é uma ferramenta importante na avaliação
clínica por fornecer informações sobre a anatomia do bulbo do olho e anexos, o que
possibilita correlacionar estes achados com determinadas alterações oftálmicas e
estabelecer algumas particularidades entre espécies (SOMMA et al., 2015; ORIÁ et al.,
2015b). Transdutores de 4-50 MHz já foram descritos para realização de
ultrassonografia do bulbo do olho e produziram imagens claras dos principais pontos de
referência, como a córnea, cápsula anterior e posterior da lente e o fundo do olho
(HOLLINGSWORTH et al., 2007; BAPODRA et al., 2010; ORIÁ et al., 2015b;
SOMMA et al., 2015).
Resultados de avaliações ultrassonográficas em modo-B já foram descritos para
diversas espécies silvestres e exóticas, como o elefante asiático (Elephas maximus), o
rinoceronte indiano (Rhinoceros unicornis), as aves de rapina, os pinguins, o flamingo
americano (Phoenicopterus ruber ruber), os jacarés-de-papo amarelo, os jabutis, os
jacarés-do-pantanal e o tigre-d’água-americano (BAPODRA et al., 2010; BAPODRA
21
et al., 2014; BECKWITH-COHEN et al., 2015; BLISS et al., 2015; MEEKINS et al.,
2015; ORIÁ et al., 2015a; ORIÁ et al., 2015b; RUIZ et al., 2015; SOMMA et al., 2015).
e) Citologia conjuntival
A conjuntiva é uma membrana mucosa móvel e bastante vascularizada que
reveste internamente as pálpebras superior e inferior, a membrana nictitante e parte do
bulbo do olho (SAMUELSON, 2013). A citologia conjuntival é um método diagnóstico
que pode ser empregado sem dificuldade na rotina veterinária, realizado de forma
simples, rápida e pouco dispendiosa e que fornece informações importantes para o
estabelecimento do diagnóstico, a fim de nortear o veterinário para a melhor conduta
terapêutica (BRANDÃO et al., 2002; BORGES et al., 2012).
A partir deste teste é possível revelar células epiteliais características, quantidade
e tipo de células inflamatórias, quantidade de mucina, presença de bactérias (coloração
de Gram), fungos e até mesmo corpúsculos de inclusão, além de auxiliar na
diferenciação de conjuntivites, abscessos, úlceras em progressão e neoplasias. No
entanto, a depender da quantidade de material coletado, pode não ser conclusiva
(FEATHERSTONE; HEINRISH, 2013; SAMUELSON, 2013).
A colheita do material para citologia pode ser realizada com diversos materiais,
como os swabs, escovas, espátulas, lâminas de bisturi e papel filtro (FEATHERSTONE;
HEINRISH, 2013). As amostras podem ser obtidas pelo método de abrasão, impressão,
aspiração ou esfoliação (BARROS et al., 2001; BRANDÃO et al., 2002; BOLZAN et
al., 2005; GODOY-ESTEVES, 2005).
Resultados de avaliações de citologia conjuntival foram descritos em poucas
espécies de répteis, como jacarés-de-papo amarelo e jabutis (ORIÁ et al., 2015a; ORIÁ
et al., 2015b), assim, estudos diversos ainda são necessários para estabelecer um padrão
normal nestas espécies animais (BRANDÃO et al., 2002; FEATHERSTONE;
HEINRISH, 2013).
22
MATERIAL E MÉTODOS
Animais
Foram avaliados no total 27 animais da espécie Iguana iguana, de ambos os
sexos, idade estimada de 1 a 8 anos, resgatados pelo Centro de Triagem de Animais
Silvestres (CETAS/IBAMA – Salvador, Bahia, Brasil). Para realização do estudo, um
exame físico foi preconizado, como parte da avaliação de rotina feita pela equipe
veterinária do local, para descartar indivíduos com possíveis alterações sistêmicas e
alterações no olho e região periocular. Ao fim do exame, os animais saudáveis e
considerados aptos para soltura foram selecionados.
Os dados foram coletados no CETAS/IBAMA, em cinco estágios, organizados
em dias seguidos, no turno matutino, sempre pelos mesmos manipuladores, com
exceção do último estágio que foi realizado no Hospital de Medicina Veterinária, da
Universidade Federal da Bahia (HOSPMEV – UFBA). Em todos os estágios os
exemplares foram contidos fisicamente, com auxílio de luvas de couro. O sexo,
comprimento e peso foram registrados em todos os animais, contudo nem todas as
avaliações realizadas foram feitas nos mesmos indivíduos (Tabela 1). A diferenciação
do sexo foi realizada através da observação de características fenotípicas, como a
barbela e os poros femorais proeminentes nos machos. Porém, nos animais juvenis,
estas diferenças não puderam ser vistas e os mesmos foram classificados como
indefinidos quanto ao sexo. O comprimento foi mensurado do plano rostral à ponta da
cauda e o peso aferido com auxílio de balança eletrônica. A temperatura ambiental
variou de 21,1°C a 28,4°C e a umidade variou de 46% a 70% (Minipa, Mt-241,
Joinville/SC, Brasil).
23
Tabela 1 – Identificação dos animais, sexo, comprimento, peso e avaliações realizadas
em iguanas-verdes (Iguana iguana). Número de
identificação Sexo
Comprimento
(m)
Peso
(Kg) TLVF Microbiota CHFP TEPA TLS PIO Ultrassom
Citologia
conjuntival
01 M 0,74 0,390 X X X X X X X
02 M 1,03 0,470 X X X X X X X
03 M 0,96 0,800 X X X X X X X
04 M 1,22 1,650 X X X X X X X
05 F 1,04 2,400 X X X X X X X
06 M 1,43 1,970 X X X X X X X
07 F 1,00 1,325 X X X X X X X
08 F 1,07 1,700 X X X X X X X
09 F 1,18 1,020 X X X X X X X
10 F 0,68 0,375 X X X X X X X
11 F 1,10 1,680 X X X X X X
12 F 1,04 2,375 X X X X X
13 F 0,52 1,100 X X X X X
14 F 0,47 0,810 X X X X X
15 F 0,83 0,750 X X X X X
16 F 0,80 0,805 X X X X X
17 I 0,53 0,125 X X X X X X
18 M 0,98 1,670 X X X X X X
19 I 0,69 0,398 X X X X X X
20 F 0,50 0,800 X X X X X
21 F 0,95 1,700 X X
22 F 1,20 1,140 X X
23 F 0,81 0,900 X X
24 F 0,96 1,400 X X
25 F 1,13 1,200 X X
26 F 0,79 0,800 X X
27 F 1,24 1,500 X X
Nota: “M” – machos; “F” – fêmeas; “I” – indefinidos; “m” – metro; “kg” – quilograma; TLVF –
teste lacrimal vermelho de fenol; CHFP – comprimento horizontal da fissura palpebral; TEPA –
tira endodôntica de papel absorvente; TLS – Teste lacrimal de Schirmer; PIO – Pressão
intraocular. “X” indica quais teste foram realizados em cada animal.
24
Considerações éticas
Os protocolos utilizados na pesquisa estavam de acordo com o Sistema de
Autorização e Informação em Biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente do
Brasil (processo n º 27489-1). Além disso, o estudo passou por aprovação pelo Comitê
de Ética em Experimentação Animal da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia,
Universidade Federal da Bahia (protocolo n. 01/2016). Outrossim, todos os
procedimentos seguiram os cuidados preconizados pela ARVO (Association for
Research in Vision and Ophthalmology National Institutes of Health Publications Nº
85-23: Revised, 1985), relativamente à utilização de animais em pesquisas oftálmicas.
Primeiro estágio
Teste lacrimal do vermelho de fenol (TLVF)
Fios de vermelho fenol estéreis foram inseridos no interior do saco conjuntival
ventral de ambos os olhos de 20 animais durante 15 segundos (Figura 1). Imediatamente
após remoção do fio, foi realizada a mensuração da porção umedecida e corada com
auxílio de paquímetro digital (Mitutoyo, São Paulo, Santo Amaro 04726-002, Brasil).
25
Figura 1 – Imagem fotográfica da avaliação da produção lacrimal pelo teste lacrimal
vermelho de fenol em iguana-verde (Iguana iguana)
Fonte: Serviço de Oftalmologia Veterinária - UFBA (2016). Notar mudança na
coloração da tira na porção umedecida pela lágrima.
Microbiota conjuntival e testes de susceptibilidade antimicrobiana
Amostras do saco conjuntival ventral de ambos os olhos de 10 animais foram
coletadas através de swabs estéreis de algodão, após tração das pálpebras, com
movimentos de rotação, que evitaram o contato com as pálpebras e a pele. Os swabs
foram imediatamente acondicionados em meio de cultura para transporte (ágar
Triptose), identificados e mantidos sob refrigeração até o processamento no laboratório
de Bacterioses (LABAC) do HOSPMEV – UFBA. Todas as amostras foram semeadas
em até 24 horas após a colheita, através da técnica de esgotamento na placa de petri, em
Ágar Sangue de Carneiro a 6%, Agar MacConkey ou Agar Eosina Azul de Metileno
(EMB) e Caldo Triptose, as quais são utilizadas para o isolamento bacteriano. As placas
foram incubadas a 37°C, em estufa de aerobiose, por 24-48 horas e foram avaliadas a
cada 24h para verificação do crescimento microbiano. As colônias foram identificadas
através da presença ou não de hemólise em Agar Sangue, características morfotintoriais
26
(Figura 2) e bioquímicas (Figura 3) de acordo com as técnicas rotineiras de laboratório
empregadas para bactérias Gram-positivas (KONEMAN et al., 2001). Os testes
empregados foram: catalase, base para oxidação e fermentação (OF), fermentação de
manitol e coagulase. Para as bactérias Gram-negativas a identificação foi feita através
do TSI (Tríplice Sugar and Iron), oxidase, indol, vermelho de metila, teste de
motilidade, Citrato de Simmons, ureia, malonato, e fermentação dos carboidratos
glicose, sacarose, lactose, manitol, adonitol, arabinose e dulcitol (KONEMAN et al.,
2001).
Figura 2 – Imagem fotográfica do crescimento bacteriano em Agar Sangue de carneiro a
6% (A) e de microscopia para análise das características morfotintoriais (B).
Fonte: Atlas do Laboratório de Bacterioses (LABAC) – UFBA.
Figura 3 – Imagem fotográfica das provas bioquímicas para identificação de bactérias
Gram-positivas (A) e das provas bioquímicas para identificação de bactérias Gram-
negativas (B).
Fonte: Atlas do Laboratório de Bacterioses (LABAC) – UFBA.
(A) (B)
(A) (B)
27
Foi realizado, também, o teste in vitro de susceptibilidade a antimicrobianos,
através do método de Kirby-Bauer. Para cada cepa identificada, foi inoculado de 3 a 4
colônias em tubos contendo 5 mL de solução salina estéril (NaCl 0,85%). A
concentração bacteriana foi correspondente a turbidez da escala 0,5 de MacFarland
(1x108 UFC/ml). Em seguida os caldos foram semeados com “swab” estéril sobre a
superfície da placa de petri contendo Agar Mueller Hinton (DifcoB), meio de cultivo
padrão para a realização de teste de susceptibilidade recomendado pela Organização
Mundial de Saúde (OMS).
Os antimicrobianos foram selecionados a partir da disponibilidade na prática
oftálmica: ciprofloxacina (5μg), cloranfenicol (30μg), gentamicina (10μg),
moxifloxacina (5μg), neomicina (30μg), norfloxacina (10μg), ofloxacina (5μg),
polimixina B (300μg), tetraciclina (30μg) e tobramicina (10μg). Os discos comerciais
impregnados com o fármaco foram depositados sobre a superfície da placa com o
auxílio de pinça esterilizada e a placa foi incubada a 37° C por 24 horas. As leituras
foram realizadas com o auxílio de uma régua milimetrada, o qual mediu o diâmetro da
zona de inibição, que inclui o diâmetro do disco. O resultado foi comparado à uma
tabela com o padrão interpretativo da zona de inibição em milímetros (mm), que os
classifica como sensível (S), intermediário (I) ou resistente (R), conforme recomendado
pela “Clinical and Laboratory Standards Institute guidelines for veterinary isolates
(CLSI 2008)”. Cabe ressaltar que, no presente estudo, susceptibilidade intermediária foi
considerada como resistente.
Comprimento horizontal da fissura palpebral (CHFP)
O comprimento da fissura palpebral foi mensurado, em ambos os olhos, de 27
animais com auxílio de paquímetro digital (Figura 4) (Mitutoyo, São Paulo, Santo
Amaro 04726-002, Brasil).
28
Figura 4 – Imagem fotográfica da mensuração do comprimento horizontal da fissura
palpebral em iguana-verde (Iguana iguana)
Fonte: Serviço de Oftalmologia Veterinária - UFBA (2016).
Segundo estágio
Teste lacrimal da tira endodôntica de papel absorvente (TEPA)
Pontas de papel endodôntico absorventes (Roeko color - Color size 30,
Langenau 89129, Germany) foram inseridas no interior do saco conjuntival ventral, de
ambos os olhos, de 20 animais, por 60 segundos (Figura 5). Imediatamente após
remoção da tira foi realizada a mensuração da porção umedecida com auxílio de
paquímetro digital (Mitutoyo, São Paulo, Santo Amaro 04726-002, Brasil).
29
Figura 5 – Imagem fotográfica da avaliação da produção lacrimal pelo teste lacrimal da
tira endodôntica de papel absorvente em iguana-verde (Iguana iguana).
Fonte: Serviço de Oftalmologia Veterinária - UFBA (2016).
Terceiro estágio
Teste lacrimal de Schirmer (TLS)
Tiras graduadas de teste lacrimal de Schirmer estéreis (Tear Flo tear test strips®,
Oasis Medical, Los Angeles, California 91741-6205, USA) foram utilizadas para
mensuração da porção aquosa do filme lacrimal, de ambos os olhos, de 20 animais
(Figura 6). A porção distal da tira foi dobrada e inserida no interior do saco conjuntival
ventral, sem necessidade de instilação de colírio anestésico. Após 60 segundos, a porção
umedecida foi mensurada em milímetros.
30
Figura 6 – Imagem fotográfica da avaliação da produção lacrimal pelo teste lacrimal de
Schirmer em iguana-verde (Iguana iguana)
Fonte: Serviço de Oftalmologia Veterinária - UFBA (2016).
Quarto estágio
Pressão intraocular (PIO)
Inicialmente, uma tentativa de mensuração da PIO com uso do tonômetro de
aplanação, Tonopen® XL (TonoPen XL, Reichert Technologies, New York, USA) foi
realizada após instilação de uma gota de colírio anestésico a base de Proximetacaína
0,5% (Anestalcon, Alcon, São Paulo, Brasil). Devido às limitações observadas, a PIO
foi mensurada em ambos os olhos de 11 animais através do tonômetro de rebote
(TonoLab®, Icare Oy, Helsinki, Finland), de acordo com as instruções do fabricante,
sem utilização de colírio anestésico, na calibração “R” (ratos), com distância de 1 – 4
mm entre a probe e a superfície da córnea (Figura 7). Após seis mensurações, a leitura
foi registrada, e considerada quando o desvio padrão foi baixo (mostrado como uma
barra no canto inferior da tela).
31
Figura 7 – Imagem fotográfica da mensuração da pressão intraocular, com TonoLab®,
em iguana-verde (Iguana iguana).
Fonte: Serviço de Oftalmologia Veterinária - UFBA (2016).
Quinto estágio
Avaliação ultrassonográfica do bulbo do olho
Para avaliação ultrassonográfica, após contenção física, uma gota de
proximetacaína 0,5% colírio (Anestalcon®, Alcon laboratórios do Brasil Ltda, São
Paulo, Brasil) foi instilada em ambos os olhos de 11 animais. Ultrassom em modo
Doppler colorido (aparelho modelo Nemio, marca Toshiba®; com transdutor linear
multifrequencial de 6 – 12MHz) foi realizado em diferentes planos de avaliação, nos
olhos direito e esquerdo. O transdutor foi colocado diretamente sobre a córnea ou sobre
a pálpebra apenas aplicando-se gel acústico entre ambas as superfícies (Figura 8). A
profundidade da câmara anterior (PCA), a espessura da lente (CL), a profundidade da
câmara vítrea (PCV) e o comprimento axial do olho (CAO) foram mensurados no eixo
anteroposterior central do bulbo do olho, em planos sagital e dorsal. O Conus papilaris
32
(Cp) teve seu comprimento e espessura mensurados, em plano oblíquo, com o
transdutor nas posições 4,5 e 7,5 horas (analogia a um ponteiro de relógio).
Figura 8 – Imagem fotográfica da posição do transdutor na avaliação ultrassonográfica
do bulbo do olho em iguana-verde (Iguana iguana).
Fonte: Setor de Imagem - HOSPMEV - UFBA (2016).
Citologia conjuntival
Amostras conjuntivais de ambos os olhos, de 19 animais, foram coletadas após
instilação de proximetacaína 0,5% colírio. A colheita foi realizada com escovas
interdentais estéreis (escova interdental cônica Bitufo, São Paulo, SP, Brasil)
introduzidas no fundo de saco conjuntival ventral e rotacionadas de forma suave para
evitar traumas na conjuntiva (Figura 9). As lâminas foram confeccionadas a partir da
obtenção do material, através de movimentos rotatórios das escovas sobre a lâmina, a
fim de distribuir a amostra coletada. Após secar, as amostras foram coradas usando o
método Panóptico rápido.
33
Figura 9 – Imagem fotográfica da realização da citologia conjuntival em iguana-verde
(Iguana iguana).
Fonte: Serviço de Oftalmologia Veterinária - UFBA (2016).
Análise estatística
O teste Shapiro-Wilk foi utilizado para verificar a normalidade das variáveis:
comprimento, peso, TLVF, CHFP, TEPA, TLS, PIO e parâmetros ultrassonográficos do
bulbo do olho. Para as análises, utilizou-se o pacote estatístico Prism Graphpad version
4.12. O nível de significância considerado para essas variáveis foi de 5%. A comparação
entre as variáveis em função do gênero e entre o olho esquerdo e direto foi realizada
através do teste não paramétrico de Mann-Whitney e o teste Wilcoxon, respectivamente.
A correlação entre as variáveis: comprimento, peso, TLVF, CHFP, TEPA e TLS foram
avaliadas pelo teste de correlação de Pearson. Nas análises ultrassonográficas, o teste de
Mann-Whitney foi utilizado para correlação entre as variáveis PCA, PCV, CL, CAO e
comprimento e espessura do Cp mensurados nas posições 4,5 e 7,5 horas. O teste de
Spearman foi utilizado na correlação entre as variáveis mensuradas em diferentes planos
de avaliação, o comprimento dos animais e o peso.
34
RESULTADOS
TLVF, CHFP, TEPA, TLS e PIO
Todos os testes de mensuração da produção lacrimal foram de fácil
exequibilidade e, no caso da espécie Iguana iguana necessitaram de dois manipuladores
para contenção e realização do exame. Contudo, houve deslocamento do fio do TLVF
para o canto medial e dificuldade na inserção da tira do TLS, por CHFP de tamanho
próximo a largura da tira e diminuta mobilidade da pálpebra inferior. O TEPA, diferente
dos outros testes, foi de fácil inserção e não foi deslocado pelas incursões palpebrais.
Os dados para comprimento dos animais (p = 0,4213), peso (p =0,1752), CHFP
(p < 0,8593), TEPA (p < 0,6664) e PIO (p < 0,4028) apresentaram uma distribuição
normal, demonstrado pelo teste de normalidade Shapiro-Wilk, enquanto os dados para
TLVF (p < 0,0466) e TLS (p < 0,0011) não obtiveram distribuição normal. Os
resultados estatísticos para produção lacrimal e pressão intraocular estão descritos nas
tabelas 2 e 3. Não foram encontradas diferenças significativas entre olho direito e
esquerdo para as variáveis em estudo, de acordo com o teste de Wilcoxon para amostras
pareadas (p > 0,1231). Na comparação entre sexos, foi encontrada diferença estatística
para o CHFP entre machos e fêmeas (p = 0,0302), porém diferença significativa não foi
encontrada para o comprimento dos animais (p = 0,3244), peso (p = 0,6335), TLVF (p =
0,1447), TEPA (p = 0,8852) e TLS (p = 0,3216).
35
Tabela 2 – Resultados do comprimento, peso, dos testes de produção lacrimal (TLVF,
TEPA e TLS) e CHFP de iguanas-verdes (Iguana iguana) resgatados pelo
Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS – Salvador, Bahia).
(n=20)
Variável Mediana S-IQR Intervalo de confiança 95%
Comprimento (m) 0,97 0,19 0,69 – 1,04
Peso (kg) 0,92 0,57 0,75 – 1,67
CHFP (mm) 12,53 2,01 10,79 – 13,18
TLVF (mm/15s) 3,89 1,67 2,98 – 4,41
TEPA (mm/min) 8,50 2,40 7,02 – 10,54
TLS (mm/min) 1,00 0,50 1,00 – 2,00
Nota: S-IQR – intervalo semi-interquartil; “m” – metro; “kg” – quilograma; “mm” –
milímetro; CHFP – Comprimento horizontal da fissura palpebral; TLVF – teste lacrimal
do vermelho de fenol; TEPA – tira endodôntica de papel absorvente; TLS – teste
lacrimal de Schirmer.
Tabela 3 – Resultados dos testes de PIO e CHFP de iguanas-verdes (Iguana iguana)
resgatados pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS –
Salvador, Bahia). (n=11)
Variável Mediana S-IQR Intervalo de confiança 95%
PIO (mmHg) 18,00 1,75 17,00 – 20,00
CHFP (mm) 12,45 1,67 11,77 – 12,93
Nota: I S-IQ – intervalo semi-interquartil; “kg” – quilograma; “mmHg” – milímetro de
mercúrio; “mm” – milímetro; PIO – Pressão intraocular; CHFP – Comprimento
horizontal da fissura palpebral.
36
Não houve diferença significativa ao se correlacionar a variável CHFP com as
variáveis TLVF (r = 0,067; p = 0,682), TEPA (r = 0,143; p = 0,380), TLS (r = 0,084; p
= 0,607), comprimento (r = 0,150; p = 0,553) e peso (r = 0,410; p = 0,091). No entanto,
moderada correlação positiva foi encontrada entre as variáveis TEPA e TLVF (r =
0,462; p = 0,003), TEPA e TLS (r = 0,633; p = 0,000), TLVF e TLS (r = 0,499; p =
0,001) e comprimento e peso (r = 0,638; p = 0,004).
Microbiota conjuntival e antibiograma
Houve crescimento em 90% (18/20) das amostras coletadas. Destes achados,
foram obtidos 33 cepas bacterianas e identificadas 10 espécies de microorganismos. Dos
isolados, 75,76% (25/33) foram de bactérias Gram-positivas e 24,24% (8/33) de
bactérias Gram-negativas. Fungos leveduriformes foram identificados como achado no
método de coloração de Gram em amostras de quatro animais (4/20). Os resultados
encontram-se descritos na Tabela 4.
37
Tabela 4 – Isolados bacterianos de microbiota conjuntival de iguanas-verdes (Iguana
iguana) resgatados pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS
– Salvador, Bahia) (n= 20).
Bactérias Gram-positivas Número de isolados Total (%)
Staphylococcus spp. 13/33 39,40
Staphylococcus epidermidis 6/33 18,18
Staphylococcus aureus 2/33 6,06
Bacillus spp. 2/33 6,06
Diphtheroids 1/33 3,03
Micrococcus sp. 1/33 3,03
Total 25/33 75,76
Bactérias Gram-negativas Número de isolados Total (%)
Enterobacter sp. 4/33 12,12
Shigella spp. 2/33 6,06
Salmonella spp. 1/33 3,03
Escherichia coli 1/33 3,03
Total 8/33 24,24
Total of isolates 33 100
Realizou-se teste de susceptibilidade a drogas antimicrobianas a partir das cepas
isoladas neste estudo e os resultados encontrados estão descritos na tabela 5.
38
Tabela 5 – Susceptibilidade antimicrobiana in vitro dos agentes isolados da microbiota conjuntival de iguanas-verdes (Iguana iguana) resgatados
pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS – Salvador, Bahia) (n= 20).
CIP CLO GEN MXF NEO NOR OFX POL TET TOB
Staphylococcus spp. N isolados 12/13 12/13 12/13 13/13 11/13 12/13 11/13 5/13 11/13 11/13
Total (%) 92,30 92,30 92,30 100,00 84,61 92,30 84,61 38,46 84,61 84,61
Staphylococcus epidermidis N isolados 6/6 6/6 6/6 6/6 6/6 6/6 6/6 1/6 5/6 6/6
Total (%) 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 16,66 83,33 100,00
Staphylococcus aureus N isolados 2/2 2/2 2/2 2/2 1/2 2/2 2/2 1/2 2/2 2/2
Total (%) 100,00 100,00 100,00 100,00 50,00 100,00 100,00 50,00 100,00 100,00
Micrococcus sp. N isolados 1/1 1/1 1/1 - 1/1 0/1 0/1 0/1 1/1 1/1
Total (%) 100,00 100,00 100,00 - 100,00 0,00 0,00 0,00 100,00 100,00
Enterobacter sp. N isolados 4/4 4/4 4/4 4/4 4/4 4/4 4/4 2/4 3/4 4/4
Total (%) 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,0 50,00 75,00 100,00
Shigella spp. N isolados 2/2 1/2 2/2 - 2/2 1/2 2/2 1/2 1/2 1/2
Total (%) 100,00 50,00 100,00 - 100,00 50,00 100,00 50,00 50,00 50,00
Salmonella spp. N isolados 1/1 1/1 0/1 - 0/1 1/1 1/1 0/1 0/1 1/1
Total (%) 100,00 100,00 0,00 - 0,00 100,00 100,00 0,00 0,00 100,00
Escherichia coli N isolados 0/1 0/1 1/1 - 0/1 0/1 0/1 1/1 0/1 1/1
Total (%) 0,00 0,00 100,00 - 0,00 0,00 0,00 100,00 0,00 100,00
Nota: *CIP: Ciprofloxacina; CLO: Cloranfenicol; GEN: Gentamicina; MXF: Moxifloxacina; NEO: Neomicina; NOR: Norfloxacina; OFX:
Ofloxacina; POL: Polimixina B; TET: Tetraciclina; TOB: Tobramicina
39
Avaliação ultrassonográfica do bulbo do olho
A contenção física e instilação do colírio anestésico foram suficientes para
permitir a realização do exame ultrassonográfico. A maior dificuldade técnica foi a
movimentação do olho que alguns animais apresentavam durante o exame, o que
ocasionou em maior tempo para localização da posição central adequada para realização
das mensurações.
A partir do eixo anteroposterior foi possível visualizar as seguintes estruturas: a
córnea (delgada, convexa e hiperecogênica), câmara anterior preenchida por líquido
anecogênico, cápsula da lente (delgada, de formato biconvexo, com superfície quase
retilínea e hiperecogênica) e o segmento posterior preenchido por conteúdo
anecogênico, com presença do Conus papilaris (Figura 10 e 11), que apresentou o
aspecto delgado, triangular, homogêneo e ecogênico, com base no fundo do olho e ápice
na cápsula posterior da lente (Figura 12 e 13).
A avaliação com doppler demonstrou em três animais um pequeno sinal de
vascularização no conus papilaris. Já em oito animais, sinal de vascularização pôde ser
observado no espaço retrobulbar, na direção da inserção do Conus papilaris (Figura 14).
O teste de normalidade Shapiro-Wilk demonstrou que as variáveis não possuíam
distribuição normal e não foi verificada diferença estatística entre os olhos direito e
esquerdo a partir do teste Wilcoxon para amostras pareadas. Os resultados estatísticos
para PCA, PCV, CL e CAO nos planos sagital e dorsal, e o comprimento e espessura do
Cp as 4,5 e 7,5 horas estão descritos na tabela 6. Não houve correlação entre as posições
de avaliação para nenhuma variável estudada, segundo o teste Mann Whitney (Tabela
7). Além disto, não foi observada correlação entre as variáveis mensuradas e o
comprimento dos animais, a partir do teste de Spearman. Porém, houve correlação entre
o peso dos animais e o comprimento (ρ = 0,6986; p = 0,0202) e a espessura do Cp (ρ =
0,6895; p = 0,0223).
40
Tabela 6 – Resultados da comparação entre olho esquerdo e direito para as mensurações
dos segmentos do bulbo do olho de iguana-verde (Iguana iguana)
resgatados pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS –
Salvador, Bahia) por meio de ultrassom (n=11).
Mediana S-IQR Intervalo de confiança 95% p-value
PCA – 4,5 hora (mm) OD 1,20 0,15 1,10 – 1,60
0,3203
OE 1,20 0,15 1,00 – 1,50
PCA – 7,5 hora (mm) OD 1,40 0,15 1,10 – 1,60
0,6113 OE 1,40 0,15 1,00 – 1,70
PCV – 4,5 hora (mm) OD 6,80 0,60 6,20 – 7,50
0,3906
OE 6,90 0,60 6,20 – 7,70
PCV – 7,5 hora (mm) OD 6,90 0,50 6,20 – 7,70
0,6172 OE 6,80 0,60 6,20 – 7,50
CL – 4,5 hora (mm) OD 4,40 0,30 4,00 – 4,90
0,8359 OE 4,50 0,20 4,10 – 4,70
CL – 7,5 hora r (mm) OD 4,30 0,50 3,70 – 4,80
0,1875 OE 4,30 0,25 4,10 – 4,70
CAO – 4,5 hora (mm) OD 12,60 0,95 11,40 – 13,80
0,4023 OE 12,30 0,70 11,60 – 13,80
CAO – 7,5 hora (mm) OD 12,40 0,70 11,50 – 13,50
0,6719 OE 12,60 0,80 11,20 – 13,50
Cp – comprimento – 4,5 hora
(mm)
OD 6,10 0,55 5,60 – 6,80 0,9766
OE 6,00 0,25 5,40 – 6,60
Cp – espessura – 4,5 hora (mm) OD 1,10 0,20 0,80 – 1,50
0,0625 OE 1,40 0,20 1,00 – 1,60
Cp – comprimento – 7,5 hora
(mm)
OD 5,90 0,55 5,30 – 6,70 0,5098
OE 5,90 0,55 5,20 – 6,30
Cp – espessura – 7,5 hora (mm) OD 1,20 0,25 1,00 – 1,60
0,3594 OE 1,20 0,25 1,10 – 1,70
Nota: S-IQR – intervalo semi-interquartil; “mm” – milímetro; OD – Olho direito; OE –
Olho esquerdo; PCA – Profundidade da câmara anterior; PCV – Profundidade da
câmara vítrea; CL – Comprimento da lente; CAO – Comprimento axial do olho; Cp –
Conus papilaris.
41
Tabela 7 - Resultados da comparação entre as diferentes posições dos transdutores nas
mensurações dos segmentos do bulbo do olho de iguanas-verdes (Iguana
iguana) resgatados pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS
– Salvador, Bahia) por meio de ultrassom. (n=11).
Mediana I S-IQ Intervalo de
confiança 95% p-value
PCA – sagital (mm) 1,20 0,16 1,10 – 1,40 0,2114
PCA – dorsal (mm) 1,40 0,20 1,10 – 1,50
PCV – sagital (mm) 6,85 0,58 6,30 – 7,40 0,8562
PCV – dorsal (mm) 6,85 0,53 6,30 – 7,30
CL – sagital (mm) 4,45 0,26 4,20 – 4,70 0,1908
CL – dorsal (mm) 4,30 0,31 4,00 – 4,60
CAO – sagital (mm) 12,60 0,77 11,90 – 13,30 0,5486
CAO – dorsal (mm) 12,55 0,73 11,90 – 13,30
Cp – comprimento – 4,5 hora (mm) 6,05 0,35 5,70 – 6,30 0,5330
Cp – comprimento – 7,5 hora (mm) 5,90 0,50 5,30 – 6,30
Cp – espessura – 4,5 hora (mm) 1,15 0,25 1,00 – 1,50 0,4638
Cp – espessura – 7,5 hora (mm) 1,20 0,21 1,10 – 1,50
Nota: I S-IQ – intervalo semi-interquartil; “mm” – milímetro; PCA – Profundidade da
câmara anterior; PCV – Profundidade da câmara vítrea; CL – Comprimento da lente;
CAO – Comprimento axial do olho; Cp – Conus papilaris.
42
Figura 10 – Aspecto ultrassonográfico do bulbo do olho, em plano dorsal, de iguana-
verde (Iguana iguana): Distância A – Comprimento axial do olho (CAO).
Fonte: Setor de Diagnóstico por Imagem – HOSPMEV/UFBA (2015).
Figura 11 – Aspecto ultrassonográfico do bulbo do olho, em plano dorsal, de iguana-
verde (Iguana iguana): Distância A – Profundidade da câmara anterior
[PCA (vermelho)]; Distância B – Comprimento da lente [CL(verde)];
Distância C – Profundidade da câmara posterior [PCV (azul)].
Fonte: Setor de Diagnóstico por Imagem – HOSPMEV/UFBA (2015).
43
Figura 12 – Aspecto ultrassonográfico do Conus papilaris de iguana-verde (Iguana
iguana) com transdutor em posição oblíqua (7,5 horas): Distância A [Comprimento do
Cp (vermelho)]; Distância B [Espessura do Cp (verde)].
Fonte: Setor de Diagnóstico por Imagem – HOSPMEV/UFBA (2015).
Figura 13 – Aspecto ultrassonográfico do Conus papilaris de iguana-verde (Iguana
iguana) com transdutor em posição oblíqua (4,5 horas).
Fonte: Setor de Diagnóstico por Imagem – HOSPMEV/UFBA (2015).
44
Figura 14 – Imagem ultrassonográfica da vascularização observada pelo modo Doppler
no Conus papilaris e no fundo do olho, na altura do Cp, em iguana-verde
(Iguana iguana).
Fonte: Setor de Diagnóstico por Imagem – HOSPMEV/UFBA (2015).
Citologia conjuntival
Nas amostras coletadas podem-se observar amostras hipercelulares, compostas
por densos aglomerados de células basalóides e escamosas não ceratinizadas, por vezes
degeneradas (Figuras 15 e 16). Não foram observadas células sanguíneas.
Figura 15 – Imagem fotográfica que demonstra aglomerado de células epiteliais
escamosas não ceratinizadas em citologia conjuntival de iguanas-verdes
(Iguana iguana). Panótico rápido (1000 X).
Fonte: Laboratório de Análises Clínicas – HOSPMEV/UFBA (2015).
45
Figura 16 – Imagem fotográfica que demonstra aglomerado de células epiteliais
basalóides em citologia conjuntival de iguanas-verdes (Iguana iguana).
Panótico rápido (1000 X).
Fonte: Laboratório de Análises Clínicas – HOSPMEV/UFBA (2015).
46
DISCUSSÃO
A tira do TLS foi a mais difícil de ser inserida e apresentou valores inferiores
quando comparados aos outros testes. Lange et al. (2012) sugerem que a profundidade
do fórnix conjuntival em relação ao tamanho da tira padronizada pode influenciar nos
resultados. O TLVF, apesar de exequível (TROST et al., 2007; WOJICK et al., 2013;
RAJAEI et al., 2015), foi facilmente deslocado para o canto medial provavelmente
devido a maleabilidade do fio utilizado e do movimento de incursão palpebral. Este
deslocamento não influenciou nos resultados, porém deve-se ter cuidado para não
ocorrer remoção do fio antes do tempo hábil para mensuração. Autores sugerem que o
deslocamento poderia ser minimizado pelo fechamento sutil da pálpebra inferior com o
auxílio de uma haste com ponta de algodão (WOJICK et al., 2013), no entanto esse
procedimento não foi realizado para evitar influências nos resultados do teste.
O TLS já foi utilizado no estabelecimento de parâmetros de referência para
pinguins (SWINGER et al., 2009; BLISS et al., 2015), avestruzes (Struthio camelus)
(GHAFFARI et al., 2012), aves de rapina (KOMNENOU et al., 2013; BECKWITH-
COHEN et al., 2015), rinocerontes (BAPODRA; WOLFE, 2014), patos e gansos
(MOOD et al., 2016). Porém, poucos são os relatos do seu uso em répteis (ORIÁ et al.,
2015a), principalmente devido a limitação relacionada ao CHFP igual ou inferior a
largura da tira (SOMMA et al., 2015; ORIÁ et al., 2015b). Diferente do presente estudo,
no qual o CHFP permitiu o uso da tira convencional de Schirmer, de 5 mm, outros
trabalhos se valeram do TLS modificado para mensuração da produção lacrimal em
espécies com média do CHFP igual ou inferior à largura da tira (LANGE et al., 2012;
SOMMA et al., 2015; MEEKINS et al., 2015). No entanto, devido à falta de
padronização do teste, alguns autores questionam a sua confiabilidade (LANGE et al.,
2012; MEEKINS et al., 2015).
Os valores do TLS encontrados para iguana-verde foram inferiores quando
comparados a jacaré-de-papo-amarelo (3,3 ± 3,6 mm/min) e jabutis (12,0 ± 3,5
mm/min), o que demonstra a necessidade de estabelecer parâmetros para cada espécie e
teste (ORIÁ et al., 2015a; ORIÁ et al., 2015b). Valores tão reduzidos para o TLS, como
o determinado no presente estudo, dificultam o seu uso, por impedir a detecção de
reduções significativas na produção lacrimal (MONTIANI-FERREIRA et al., 2006).
47
O TEPA foi de fácil realização nas iguanas-verdes, pela facilidade de inserção e
rigidez da tira de papel absorvente, como descrito em outras espécies (LANGE et al.,
2012; ORIÁ et al., 2015a; ORIÁ et al., 2015b), além do fato de poder ser realizado em
ambos os olhos simultaneamente, o que reduz o tempo de contenção dos animais.
Alguns autores descrevem que o teste pode ser realizado por um único manipulador
(ORIÁ et al., 2015a; ORIÁ et al., 2015b), contudo, para as iguanas-verdes, deve-se ter
cuidado principalmente com as garras e a cauda, além do comportamento agressivo de
alguns animais, como observado também em tigres d’água (SOMMA et al., 2015).
O TEPA já foi utilizado em jacarés-de-papo-amarelo (Caiman latirostris) devido
à reduzida produção lacrimal apresentada no TLS (3,3 ± 3,6 mm/min) e foi descrito
como método alternativo confiável, por apresentar valores mais elevados (17,1 ± 2,5
mm/min) (ORIÁ et al., 2015a). Este resultado foi semelhante ao encontrado neste
estudo, no qual o TLS obteve resultados significativamente menores que o TEPA,
possivelmente devido à sua maior área de contato e diferenças nas propriedades de
absorção. Resultados similares para o TEPA foram descritos por Lange et al. (2014)
(8,79 ±0,38 mm/min), em tigres-d’água (Trachemys scripta elegans), animais que
apresentam CHFP (8,59 ± 0,08 mm/min) mais próximo à iguana-verde. No entanto,
Rajaei et al. (2014) reportaram resultados muito inferiores para este teste (4,35 ± 1,13
mm/min) em cágados-de-carapaça-estriada, animais com comprimento horizontal da
fissura palpebral próximo às iguanas-verdes (8,32 ± 0,57 mm/min). Os autores não
apontam uma causa para esta diferença e sugerem a variação de habitats como provável
fator. Diferente das iguanas-verdes que são lagartos terrestres, os quelônios possuem
particularidades que podem influenciar nos resultados dos testes de produção lacrimal,
como a adaptação tanto ao ambiente terrestre quanto aquático, uma maior glândula de
Harder, principalmente em espécies marinhas, uma glândula lacrimal que funciona
como um sítio extrarrenal de excreção de sal, e ausência do sistema nasolacrimal
(KERN; COLITZ, 2013). A comparação entre os testes de produção lacrimal sugere que
o TEPA é o teste mais adequado para avaliação na espécie estudada.
O TLVF é considerado o teste de escolha para animais com olhos pequenos ou
com produção lacrimal basal e reflexa diminuída (TROST et al., 2007; WOJICK et al.,
2013). No presente estudo, foram observados valores de produção lacrimal pelo TLVF
inferiores aos reportados para outras espécies de répteis. Em Andros Island iguanas
(Cyclura cychlura cychlura), também da família Iguanidae, foram encontrados valores
médios diferentes para o olho esquerdo e direito (OE = 10,63 ± 6,89 mm/15 s; OD =
48
12,44 ± 7,52 mm/15 s), assim como a média para o cágado-de-carapaça-estriada (4.87 ±
1.54 mm/15 s) (WOJICK et al., 2013; RAJAEI et al., 2014). Estes resultados podem
estar relacionados a variações entre espécies e são justificados pelas condições
ambientais as quais os animais foram submetidos. Ambos os autores consideraram o
TLVF um procedimento fácil e bem tolerado pelos animais, porém, no presente estudo,
mesmo sem observar incômodo durante a mensuração, houve deslocamento do fio para
o canto medial pelo movimento das pálpebras.
Estudos acerca da mensuração da pressão intraocular através de diferentes
métodos já foram desenvolvidos em répteis (CHITTICK; HARMS, 2001; SELLERI et
al., 2012; WOJICK et al., 2013; DELGADO et al., 2014; ORIÁ et al., 2015a; ORIÁ et
al., 2015b; RUIZ et al., 2015; SOMMA et al., 2015). A tonometria por aplanação, a qual
mede a força necessária para aplanar pequena área da córnea, é um método questionável
para animais de pequeno comprimento de fissura palpebral, devido ao tamanho da probe
(1mm) (WOJICK et al., 2013). Em iguanas-verdes seu uso não foi possível para
aferição da pressão intraocular, o que sugere valores inferiores à calibração mínima de 4
mmHg do TonoPen® para esta espécie, como relatado por Selleri et al. (2012) em
tartarugas mediterrâneas. Assim, a tonometria de rebote foi a escolha adequada para esta
espécie, devido a sua praticidade, e obteve valores superiores aos encontrados para
tartarugas mediterrâneas (15,74 ± 0,20 mm Hg) (SELLERI et al., 2012), Andros Island
iguanas (4,89 ± 1,73 mmHg) (WOJICK et al., 2013) e tigres d’água americanos (5,4 ±
1,7 mmHg) (Trachemys scripta elegans) (SOMMA et al., 2015), com uso do TonoVet®
na calibração indefinida (P).
Delgado et al. (2014), em estudo comparativo entre dois dispositivos de
mensuração da pressão intraocular através da tonometria de rebote (TonoVet® e
TonoLab®), demonstraram a influência de diferentes formas de contenção física e
química nos valores da PIO e evidenciaram a boa acurácia do TonoLab® ao
correlacioná-lo aos valores manométricos. Durante mensuração da PIO no presente
estudo os animais foram contidos somente no tronco e membros, sem pressão na região
da cabeça e pescoço. Ainda assim, os valores obtidos para iguanas-verdes foram
superiores aos encontrados para tigres d’água americanos com uso do mesmo
dispositivo, na mesma calibração para ratos (R) (10,2 ± 0,66 mmHg) (DELGADO et al.,
2014).
A identificação de colônias de micro-organismos em 90% das amostras
coletadas diferiu de estudos anteriores realizados com iguanas-verdes mantidas sob
49
cuidados humanos, tigres d’água americanos, jacarés-de-papo-amarelo e jabutis, no qual
houve 100% de isolamento de diferentes cepas bacterianas (TADDEI et al., 2010; ORIÁ
et al., 2015a; ORIÁ et al., 2015b; SOMMA et al., 2015). A ausência de crescimento
bacteriano em algumas amostras pode ser atribuída ao método de colheita, transporte e
armazenamento inadequados ou ainda às técnicas utilizadas para o isolamento
bacteriano (ANDRADE et al., 2002; PRADO et al., 2005).
A predominância de bactérias Gram-positivas no saco conjuntival de iguanas-
verdes (75,76%), com destaque para o Staphylococcus spp. (39,40%) e o
Staphylococcus epidermidis (18,18%), foi observada em outros estudos com iguanas-
verdes (TADDEI et al., 2010), jacarés-de-papo-amarelo (ORIÁ et al., 2015a), jabutis
(ORIÁ et al., 2015b) e tigres d’água americanos (SOMMA et al., 2015), no qual micro-
organismos como Staphylococcus aureus e Bacillus spp. são os de maior ocorrência.
Assim como em outros estudos da microbiota conjuntival de diferentes espécies, o
Staphylococcus spp., considerado como bactéria residente da mucosa e pele dos animais
(ANDRADE et al., 2002), contribui de forma significativa para o predomínio das
bactérias Gram-positivas nas avaliações (TADDEI et al., 2010).
A variedade de bactérias Gram-negativas observadas no presente estudo foi
inferior a reportada por Taddei et al. (2010) que obtiveram o isolamento de nove
bactérias diferentes, em 13 das 15 iguanas-verdes estudadas, com Escherichia coli e
Acinetobacter baumannii/calcoaceticus dentre os de maior ocorrência. Mesma
variedade foi observada no isolamento da conjuntiva de jacarés-de-papo-amarelo, com
12 e jabutis, com 10 micro-organismos diferentes, representados principalmente por
Enterobacter harfnia, Alcalıgenes sp., Citrobacter sp. e Escherichia coli (ORIÁ et al.,
2015a; ORIÁ et al., 2015b). Esta diferença ocorre, uma vez que fatores, como a
distribuição geográfica das espécies, condições ambientais e climáticas podem
influenciar na composição da microbiota.
Muitas destas bactérias pertencem a família enterobacteriaceae e possuem risco
potencial de zoonose, porém estas podem constituir a microbiota conjuntival, porquanto
não foram observadas alterações clínicas nos animais estudados (GALERA et al., 2002;
TADDEI et al., 2010). No entanto, a susceptibilidade desta barreira pode ser
influenciada por fatores como o estresse e o ambiente, e sua determinação é importante
quando relacionada com a etiologia das infecções em iguanas-verdes (TRINDADE et
al., 2000; TADDEI et al., 2010).
50
O teste de susceptibilidade a drogas antimicrobianas, quando associado ao teste
de cultura da secreção do saco conjuntival, possui grande importância para um
tratamento adequado de infecções oculares (LAMAGNA et al., 2015). Porém existem
poucos trabalhos que descrevem os dois testes de forma associada, tanto para animais
domésticos como selvagens (DUPONT et al., 1994; LAMAGNA et al., 2015), mesmo
que sua necessidade já tenha sido apontada em estudos anteriores
Os resultados do teste de susceptibilidade a drogas antimicrobianas para
iguanas-verdes demonstraram que a maioria das cepas bacterianas estudadas tiveram
alto nível de sensibilidade, principalmente às fluoroquinolonas, moxifloxacina e
ciprofloxacina, e os aminoglicosídeos tobramicina e gentamicina. No entanto, de forma
geral, o perfil de resistência bacteriana mostrou-se maior à polimixina B, principalmente
para o Staphylococcus spp. As colônias de micro-organismos Gram-negativos
demonstraram perfil de resistência a tetraciclina e polimixina B, e a Escherichia coli foi
resistente a quase todos os antibióticos, com sensibilidade somente a gentamicina, a
polimixina B e a tobramicina. Na literatura, não existem relatos da utilização do teste de
susceptibilidade a drogas antimicrobianas em animais selvagens, o que torna este dado
relevante para terapêutica oftálmica destas espécies.
A determinação das dimensões das estruturas intraoculares através do ultrassom
em modo-B é ferramenta de grande importância clínica, por permitir o estudo de
características anatômicas em animais vivos e servir como base para identificação de
uma série de alterações oftálmicas (HOLLINGSWORTH et al., 2007). Em animais
selvagens, diversos estudos foram conduzidos a fim de se determinar valores de
referência para as mensurações obtidas e descrever as particularidades de cada espécie a
partir deste método diagnóstico (MONTIANI-FERREIRA, et al., 2008; BAPODRA et
al., 2010; LIMA et al., 2010; BAPODRA; WOLFE, 2014; BECKWITH-COHEN et al.,
2015; BLISS et al., 2015; MEEKINS et al., 2015). No presente estudo foi possível
identificar as principais estruturas anatômicas do olho de iguanas-verdes e determinar as
mensurações em diferentes planos do Conus papilaris (Cp), que é particularidade
notável no bulbo do olho dos lagartos (BRACH, 1976).
Os valores encontrados para PCA, PCV, CL e CAO em iguanas-verdes, foram
superiores aos relatados em jabutis (ORIÁ et al., 2015b) e tigres-d’água (SOMMA et
al., 2015), mas inferiores aos reportados em jacarés-de-papo-amarelo (ORIÁ et al.,
2015a) e jacarés-do-pantanal (RUIZ et al., 2015). No presente estudo, o transdutor de
até 12 MHz foi suficiente para mensuração dos principais pontos de referência, assim
51
como o uso de transdutores de 10 – 18 MHz, considerados de alta frequência e boa
resolução, permitiram a visibilização das mesmas estruturas em outras espécies (ORIÁ
et al., 2015b; SOMMA et al., 2015). Além disto, em animais de olhos maiores, como os
jacarés, elefantes e rinocerontes foi possível descrever a íris, o corpo ciliar e medir a
espessura da córnea, com transdutores de 4 – 10 MHz (BAPODRA et al., 2010;
BAPODRA; WOLFE, 2014; RUIZ et al., 2015). Trabalhos que utilizaram transdutores
de frequência ainda maiores (20 – 50 MHz), com menor poder de penetração e maior
resolução de imagem, foram eficientes para mensuração de pequenas estruturas, como a
espessura da córnea, espetáculo e espaço subespetacular em cobras, sem artefatos de
reverberação (HOLLINGSWORTH et al., 2007; RIBEIRO et al., 2010).
A avaliação da vascularização na região em que se localizou o Cp foi possível
através do Doppler colorido em três animais. Destes, a presença dos vasos sanguíneos
foi mais bem identificada em uma fêmea gestante, que apresentou maior nível de
estresse durante o exame, o que provavelmente favoreceu a sua visibilização através do
ultrassom. Estudos que utilizam o Doppler colorido na avaliação do Cp são escassos na
literatura. Em relato de caso de exoftalmia em Iguana iguana, o Doppler foi utilizado
para examinar o efeito de massa retrobulbar no fluxo sanguíneo da região (MAYER et
al., 2010). Em aves, o uso do Doppler para estudos do pécten, estrutura homóloga ao Cp
dos lagartos, foi realizado com flamingos, e permitiu a identificação de vascularização
somente no espaço retrobulbar (MEEKINS et al., 2015). Já em patos foi possível a
demonstração de parâmetros de fluxo sanguíneo do ramo principal da artéria do pécten
(FERREIRA et al., 2015).
As comparações entre o plano sagital, em posição longitudinal, e em plano
dorsal, além do plano oblíquo, às 4,5 horas e 7,5 horas, foram demonstradas no presente
estudo e, pôde-se observar que não há variação dos parâmetros de ecobiometria com a
mudança no plano de avaliação. Para tanto, cuidado deve ser tomado no momento da
captura de imagem por causa do possível movimento dos olhos e pálpebras que dificulta
o posicionamento correto das estruturas de referência na obtenção da imagem desejada
(RUIZ et al., 2015; SOMMA et al., 2015).
A citologia conjuntival é uma técnica eficaz e prática empregada no diagnóstico
de afecções oculares em diversas espécies (LIMA et al., 2005; BORGES et al., 2012).
Dentre os métodos disponíveis para obtenção de amostras, a utilização de escovas
interdentais mostrou dispor de maior celularidade com mínimo desconforto (BORGES
52
et al., 2012; ORIÁ et al., 2015b) e, por este motivo, foi o método escolhido neste
estudo.
Macroscopicamente, não houve trauma de conjuntiva causado pelo método de
coleta e não foi observada presença de células inflamatórias ou eritrócitos em iguanas-
verdes. Oriá et al. (2015b) relataram que a presença de células inflamatórias na
conjuntiva de jabutis é normal para a espécie, devido a ausência de sinais de alterações
oftálmicas nos animais estudados. Em consoante com o presente estudo, alguns autores
descreveram ausência ou raras ocorrências destes tipos celulares nos materiais
recuperados através de diferentes técnicas (BORGES et al., 2012; ORIÁ et al., 2013;
ORIÁ et al., 2015a). Lamagna et al. (2015) também relacionaram a presença de
linfócitos e plasmócitos à achados citológicos normais, mas afirmaram que a presença
de neutrófilos foram consistentes com processos inflamatórios sem sinais clínicos.
A presença de células epiteliais é achado comum nas avaliações citológicas de
diferentes espécies (BORGES et al., 2012; ORIÁ et al., 2013; LAMAGNA et al., 2015;
ORIÁ et al., 2015a; ORIÁ et al., 2015b). Houve predomínio de células epiteliais
basalóides e escamosas não queratinizadas entre as amostras de iguanas-verdes, o que
demonstra a profundidade da coleta feita através das escovas interdentais que possibilita
a visibilização de diferentes camadas celulares na mesma lâmina (ORIÁ et al., 2014).
53
CONCLUSÕES
O presente estudo demonstrou que o TEPA é a melhor escolha para avaliação da
produção lacrimal nesta espécie, dentre os três diferentes métodos estudados, devido a
fácil execução e resultados significativamente maiores. Além disto, a tonometria de
aplanação não foi um método viável para a avaliação da PIO e o valor de referência para
iguanas-verdes foi determinada com uso da tonometria de rebote.
Bactérias Gram-positivas foram predominantes nos isolados da microbiota
conjuntival de Iguana iguana, com destaque para Staphylococcus spp. Antimicrobianos
como ciprofloxacina e gentamicina são opções para orientar o tratamento de infecções
oculares nesta espécie.
A descrição das características ultrassonográficas das principais estruturas
anatômicas do bulbo do olho de iguana-verde em conjunto com a determinação dos
valores de referência para os achados ecobiométricos foram realizadas, sem diferenças
entre os planos avaliados.
A presença de células epiteliais basalóides e escamosas não ceratinizadas na
conjuntiva de iguanas-verdes foram encontradas através da citologia conjuntival pelo
método de abrasão por escova, que permitiu obtenção de amostras com qualidade sem
trauma na conjuntiva.
A partir da determinação dos valores de referência para as diferentes técnicas
diagnósticas apresentadas é possível auxiliar no diagnóstico e tratamento de alterações
oculares em iguanas, o que fornece uma base para conservação da espécie em seu
ambiente natural ou mantida sob cuidados humanos, e para o manejo de animais criados
como pet.
54
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67
ANEXOS
Tabela 8 – Resultados da comparação entre olho direito e esquerdo para os testes de
produção lacrimal (TLVF, TEPA e TLS) e CHFP de iguanas-verdes (Iguana
iguana) resgatados pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres (CETAS
– Salvador, Bahia). (n=27).
Variável Mediana S-IQR Intervalo de confiança 95% p-value
TLVF (mm/15s) OD 3,72 1,66 2,34 – 4,22 0,9273
OE 4,01 1,78 1,98 – 5,32
TEPA (mm/min) OD 9,71 2,17 7,02 – 11,31
0,1231 OE 7,77 2,66 5,99 – 10,54
TLS (mm/min) OD 1,00 1,25 1,00 – 2,00
0,3867 OE 1,00 0,88 1,00 – 2,00
CHFP (mm) OD 12,41 2,02 10,10 – 13,39
0,3315 OE 12,65 1,99 10,10 – 13,14
Nota: I S-IQ – intervalo semi-interquartil; “mm” – milímetro; “min” – minuto; “s” –
segundo”; OD – Olho direito; OE – Olho esquerdo; TLVF – teste lacrimal do vermelho
de fenol; TEPA – tira endodôntica de papel absorvente; TLS – teste lacrimal de
Schirmer; CHFP – Comprimento horizontal da fissura palpebral.
Tabela 9 – Resultados da comparação entre olho direito e esquerdo para a mensuração
da PIO e CHFP de iguanas-verdes (Iguana iguana) resgatados pelo Centro
de Triagem de Animais Silvestres (CETAS – Salvador, Bahia). (n=11).
Variável
Mediana S-IQR Intervalo de confiança 95% p-value
PIO (mmHg)
OD 18,00 2,00 15,00 – 22,00
0,9297
OE 20,00 2,00 14,00 – 23,00
CHFP (mm) OD 12,44 1,15 10,10 – 14,10
0,1289
OE 12,45 1,42 10,10 – 14,16
Nota: I S-IQ – intervalo semi-interquartil; “mmHg” – milímetro de mercúrio; “mm” –
milímetro; PIO – Pressão intraocular; CHFP – Comprimento horizontal da fissura
palpebral.
68
Tabela10 – Resultados da comparação entre machos e fêmeas para comprimento, peso,
CHFP e testes de produção lacrimal (TLVF, TEPA e TLS) de iguanas-
verdes (Iguana iguana) resgatados pelo Centro de Triagem de Animais
Silvestres (CETAS – Salvador, Bahia). (machos = 6; fêmeas = 12).
Variável Mediana S-IQR p-value
Comprimento (m) M 1,01 0,18
0,3244 F 0,92 0,25
Peso (kg) M 1,225 0,65
0,6335 F 1,06 0,45
CHFP (mm) M 9,09 2,48
0,0302 F 13,11 0,91
TLVF (mm/15s) M 4,76 1,94
0,1447 F 3,10 2,07
TEPA (mm/min) M 9,52 2,36
0,8852 F 8,83 2,86
TLS (mm/min) M 2,25 1,9375
0,3216 F 1,50 1,1875
Nota: S-IQR – intervalo semi-interquartil; “m” – metro; “kg” – quilograma; “mmHg” –
milímetro de mercúrio; “mm” – milímetro; M – macho; F – fêmea; CHFP –
Comprimento horizontal da fissura palpebral; TLVF – teste lacrimal do vermelho de
fenol; TEPA – tira endodôntica de papel absorvente; TLS – teste lacrimal de Schirmer.