Post on 11-Jan-2019
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE JUSSARA
CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS: PORTUGUÊS/INGLÊS
E RESPECTIVAS LITERATURAS
PAULIENE GONÇALVES TAVARES DE FREITAS
O USO DA HISTÓRIA EM QUADRINHOS COMO PERSPECTIVA DE
ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA
JUSSARA – GO
2010
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Pauliene Gonçalves Tavares de Freitas
O USO DA HISTÓRIA EM QUADRINHOS COMO PERSPECTIVA DE
ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA
Monografia apresentada ao curso de Letras para fins de
avaliação final no 4º ano do Curso de Licenciatura Plena
em Português/Inglês e Respectivas Literaturas da
Universidade Estadual de Goiás, Unidade Universitária de Jussara, sob a orientação da professora especialista
Juliana Vieira Rebouças Mendonça.
JUSSARA – GO
2010
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Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pois sem Ele nada seria possível e não
estaríamos aqui reunidos desfrutando juntos destes momentos que nos são tão importantes.
Dedico também aos meus pais Valdemar e Ilma e a todos os meus irmãos pelo
incentivo e cooperação e em especial minha avó Cleuza que hoje não se encontra aqui, mas
compartilhou comigo os momentos mais difíceis e também de alegrias nesta etapa em que
com a graça de Deus está sendo vencida pelo esforço, dedicação e compreensão em todos os
momentos desta e de outras caminhadas.
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AGRADECIMENTO
Agradeço primeiramente a Deus por ter me dado esta oportunidade de estar findando
este trabalho monográfico. Às minhas colegas de equipe e a todo corpo docente pelos
momentos de aprendizagem constante e pela amizade solidificada ao longo deste trabalho que
certamente se eternizará.
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Não conheço nenhuma fórmula infalível para
obter o sucesso, mas conheço uma forma
infalível de fracassar: tentar agradar a todos.
John F. Kennedy
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Resumo:
FREITAS, PaulieneGonçalves Tavares de. O uso da História em Quadrinhos como
perspectiva de ensino de Língua Portuguesa. 2010. 46p. Graduação em Letras. UEG
(Universidade Estadual de Goiás), UNU(Unidade Universitária de Jussara).
Este estudo tem por finalidade apresentar uma proposta de ensino/aprendizagem de Língua
Portuguesa através das histórias em quadrinhos, baseado nas ideias fundamentadas pelos
Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental (1998).
Como se sabe, o estudante da atualidade vem cada vez mais resistindo à prática da leitura,
principalmente, quando é exigido dele leituras mais extensas. Percebe-se que a vida social
desse aluno está permeada de textos curtos que têm se tornado suficiente para a compreensão
das atividades praticadas por ele no dia-a-dia. Na perspectiva de adequar a essa realidade, este
estudo toma a história em quadrinhos como um texto menos carregado de escrita, mas rico em
informações oferecidas pelos recursos simbólicos empregados nesse gênero. Por meio dos
recursos simbólicos, há tendência de o leitor abstrair mais informações que são estimuladas
pelas ações expressas em cada etapa da história. Assim, o presente trabalho abordará o gênero
textual referente à leitura, à analise linguística e a produção de textos, tendo em vista as
características da história em quadrinhos (tema, construção composicional e estilo),
veiculadas as condições de produção, ao processo de construção possíveis de sentido, a fim de
contribuir de maneira teórica e prática com estudos realizados ao processo de
ensino/aprendizagem de língua materna com o propósito de estimular e desenvolver a
participação crítica dos alunos frente à linguagem e à sociedade, sendo que as histórias em
quadrinhos envolvem os leitores proporcionando uma leitura prazerosa e espontânea.
Palavras–chave: Gênero textual, História em quadrinho, Ensino/aprendizagem, Formação do
leitor.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Balão Tradicional 28
Figura 2. Balão Pensamento 28
Figura 3. Onomatopéias 28
Figura 4. Balão Grito 29
Figura 5. Legenda 29
Figura 6. Linguagem Verbal 30
Figura 7. Linguagem Visual 31
Figura 8. Chico Bento nº 140 41
Figura 9. As Férias da Mafalda 41
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO 1 O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUES DO ENSINO FUNDAMENTAL
(PCNs) E GÊNEROS TEXTUAIS 10
1.1 O Ensino de Língua Materna 10
1.2 Gênero Textual e Ensino 16
1.3 Gêneros Textuais na Sala de Aula 17
CAPÍTULO 2 GÊNERO TEXTUAL: HISTÓRIAS EM QUADRINHOS 21
2.1 A Evolução dos Quadrinhos 21
2.2 A História da História em Quadrinhos 25
2.3 A Linguagem Cinematográfica dos Quadrinhos 27
2.4 O Uso das Histórias em Quadrinhos em Sala de Aula 31
CAPÍTULO 3 AS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS COMO RECURSO DIDÁTICO 37
3.1 A Aplicação das Histórias em Quadrinhos como Recurso Didático 37
3.2 Análise da Coleção “Português Linguagens” 39
CONSIDERAÇÕES FINAIS 44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 46
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INTRODUÇÃO
Este estudo tem como objetivo discutir questões centrais relativas aos processos
ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa sob a ótica teórica dos gêneros textuais como
prática social. Tomar-se-á como objeto de estudos o gênero história em quadrinhos (HQ). Este
trabalho foi estruturado em três capítulos.
No primeiro capítulo abordaremos os gêneros textuais são padrões comunicativos, os
quais socialmente utilizados funcionam como uma espécie de modelo comunicativo global,
representando o conhecimento social localizado numa situação concreta. Ou seja, eles são
componentes culturais e históricos, configurações repetitivas e expressivas de interagir em
conjunto, que ordenam e estabilizam nossas relações na sociedade. Cada pessoa, através da
comunicação, por meio dos gêneros textuais, aprende mais sobre suas possibilidades pessoais,
desenvolve habilidades comunicativas e compreende melhor o mundo com o qual está se
comunicando. Assim, cada pessoa torna-se apta a participar ativamente dentro dos espaços
discursivos que se inserem, comunicando e compreendendo melhor as situações
comunicativas. Os gêneros textuais estão sempre correlacionados às representações que
existem sobre as situações sociais diversas nos quais atuamos. Sendo assim, o conhecimento
sobre o funcionamento da linguagem em diferentes situações de comunicação é o que
possibilita aos aprendizes o entendimento do texto como um construto social, que adquire
legitimação na relação entre texto e contexto de produção e distribuição.
Como diretrizes básicas, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) propõem a
utilização dos gêneros textuais como processo de ensino e aprendizagem de Língua
Portuguesa, partindo do pressuposto básico de que texto é um construto social fruto da
interação, apresentando diferentes formas de acordo com seus desígnios sociais. Nesse
aspecto, a justificativa para o desenvolvimento da prática de ensino no contexto escolar sob a
ótica dos gêneros textuais que perpassa todo documento, é proporcionar o desenvolvimento de
diferentes habilidades comunicativas a partir da relação entre texto e contexto e suas
implicações sociais para que os alunos reconheçam a funcionalidade dos conteúdos e das
atividades trabalhadas em sala de aula para sua vida social.
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Com base nos pressupostos de ensino e aprendizagem estabelecidos pelos PCN, a
prática de ensino de Língua Portuguesa por meio dos gêneros textuais mostra-se uma
importante ferramenta para a construção de conhecimentos relativos às manifestações reais da
linguagem em nossas atividades sociais. A apropriação dos gêneros é um processo
fundamental para a socialização e inclusões funcionais do indivíduo para que se tornem
capazes de refletir e agir produtivamente e positivamente na sociedade.
O segundo capítulo ressalta a prática de ensino nas escolas através do trabalho com o
gênero textual história em quadrinhos (HQ), as quais fornecem aos alunos conhecimentos
lingüísticos e textuais necessários para atuar reflexivamente em diferentes atividades
comunicativas, uma vez que os alunos estariam praticando e refletindo em sala de aula com
base em textos originais, veiculados na sociedade. Nesta perspectiva, será abordado o ensino
da língua materna através de gêneros textuais com base nos pressupostos de ensino e
aprendizagem resultantes da prática de ensino de língua e mostrando como e de que forma as
histórias em quadrinhos evoluíram de forma tão significativa tornando-se hoje meio de
comunicação em massa.
No terceiro capítulo será feita uma analise bibliográfica partindo do pressuposto que é
o texto, segundo o PCN, o objeto de ensino da língua portuguesa, analisando a importância
das HQs na prática pedagógica sendo hoje um dos gêneros textuais mais explorados nos livros
didáticos.
Sendo assim, este trabalho apontará as dificuldades pré-estabelecidas nas diversas
formas de aprendizagem, já que os jovens não gostam de ler e a histórias em quadrinhos é o
objeto de análise, pois é um gênero bastante conhecido, rico em sua composição e
considerado hoje como arte visual.
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CAPÍTULO 1 O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA DO ENSINO
FUNDAMENTAL (PCN) E GÊNEROS TEXTUAIS
1.1 O Ensino de Língua Materna
A finalidade deste capítulo não é levar o aluno a construir algo, é mostrar como ocorre
o ensino de língua materna nas escolas e como ele deve ser, sendo um processo de interação
como meio de realizar ações, de agir e atuar sobre um conjunto de atividades que o
circundam. Com base nisso vale salientar que:
É obvio que se a escola tem como missão primária levar o aluno a bem desempenhar na escrita, capacitando-o a desenvolver textos em que os
aspectos formal e comunicativo estejam bem conjugados, isto não deve
servir de motivo para ignorar os processos da comunicação oral
(MARCUSCHI, 2008, p.53).
Segundo o autor, cabe ao professor levar aos alunos o conhecimento da língua materna
e criar condições para que o indivíduo, através da mesma, possa ter condições de produção
para entender e produzir bons textos, sendo o ensino de português o grande responsável pela
competência da comunicação. Percebe-se que o ensino da língua na escola passa por grandes
transformações, então podemos afirmar que:
O ensino de língua no Brasil, neste início do século XXI, se encontra numa
nítida fase de transição. A maioria dos professores que estão se formando
agora já têm consciência de que não é mais possível simplesmente dar as costas a todas as contribuições da ciência linguística moderna e continuar a
ensinar de acordo com os preceitos e preconceitos da Gramática Tradicional.
Por outro lado [...] ainda não sabem de que modo concretizar essa
consciência em prática de sala de aula. (BAGNO, 2002, p.11)
O ensino de Língua Portuguesa no Brasil está passando por uma fase de transição, pois
ainda está muito relacionado à gramática normativa e em aspectos prescritivos levando em
conta vários aspectos como: ortografia, flexões, concordância etc... Assim, de que forma os
professores encaram o ensino? São um conjunto de atividades, de inclusão de conceitos,
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dimensionado ao objeto linguístico: palavra, frase, o texto e o discurso. Com essas mudanças
emboscadas, o aluno deixa de aprender apenas descrever a língua, mas passa a operar a língua
como um todo, apropriando-se dos recursos oferecidos, sejam eles orais ou escritos e utilizá-
los de forma consciente. Salientamos que:
É muito comum falarmos sobre “a língua”, como se ela fosse um sujeito
animado, podemos classificar esta língua como...”, “ é preciso defender á língua”, “ a língua nasce, vive e morre” e assim por diante. uma entidade
viva: “a língua é difícil”, “a língua oferece a possibilidade de...”, (BAGNO,
2002, p.22)
Como diretrizes básicas, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) propõem que a
leitura e a produção de textos, tantos orais como escritas, sejam práticas discursivas
combinadas com a reflexão sobre estruturas da língua e priorizadas no trabalho com a língua
materna.
Nesse aspecto, a justificativa do trabalho com a Língua Portuguesa é que esta deve
proporcionar aos indivíduos envolvidos nos processos de ensino e aprendizagem,
conhecimentos necessários para interagir produtivamente em conjunto nas diferentes
atividades discursivas. Vale então analisarmos que:
Quando um sujeito interage verbalmente com o outro, o discurso se organiza
a partir das finalidades e intenções do locutor, dos conhecimentos que acredita que o interlocutor possua sobre o assunto do que supõe serem suas
opiniões e convicções, simpatias e antipatias, da relação de afinidade e do
grau de familiaridade que têm, da posição e hierarquia que ocupam. (PCN, 1998, p21).
Com base na citação acima, os sujeitos se apropriam dos conteúdos transformando-os
em conhecimentos próprios por meio da ação sobre eles e pela interação com o outro.
Interagir significa fazer uso da linguagem como fator discursivo, dizer alguma coisa a alguém
de uma determinada forma, num determinado contexto. O ensino e aprendizagem de Língua
Portuguesa, como prática pedagógica, é resultante da articulação de três variáveis: o aluno, os
conhecimentos com os quais se opera nas práticas de linguagem e a mediação do professor.
(PCN, 1998, p.22).
A língua é uma ferramenta indispensável para os seres humanos. Através dela nos
comunicamos, falamos e transmitimos, mesmo ela sendo um instrumento não muito fácil de
manuseio e restringindo-se às vezes às regras. A língua é o resultado de toda prática social.
Marcuschi (2000) permite a formulação de uma concepção de língua tal que:
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a) A língua apresenta uma organização interna sistemática que pode ser
estudada cientificamente, mas ela não se reduz a um conjunto de regras de
boa formação que podem ser determinadas de uma vez por todas como se fosse possível fazer cálculos de previsão infalivel. As línguas naturais são
dificilmente formalizáveis.b)A língua tem aspectos estáveis e instáveis, ou
seja, ela é um sistema variável, indeterminado e não fixo. Portanto, a língua
apresenta sistematiciadade e variação a um só tempo. c)A língua se determina por valores imanentes e transcendentes de modo que não pode ser
estudada de forma autônoma, mas deve-se recorrer ao entorno e á situação
nos mais variados contextos de uso.d)A língua constroi-se com símbolos convencionais, parcialmente motivados, não aleatórios mas arbitrários.A
língua é um fenômeno natural nem pode ser reduzida à realidade
neurofisiológica.e)A língua não pode ser tida como um simples instrumento
de representação do mundo como se dele fosse um espelho, pois ela é constituitiva da realidade. È muito mais um guia do que um espelho da
realidade. f)A língua é uma atividade de natureza sóciocognitiva, histórica e
situacionalmente desenvolvida para promover a interação humana.g)A língua se dá e se manifesta em textos orais ou escritos ordenados e
estabilizados em gênero textuais para uso em situações concretas.h)A língua
não é transparente, mas opaca, o que permite a variabilidade de interpretação nos textos e faz da compreensão um fenômeno especial na relação entre os
seres humanos.i)Linguagem, cultura, sociedade e experiência interagem de
maneira intensa e variada não se podendo postular uma visão universal para
as línguas particulares (MARCUSCHI, 2000 apud BAGNO,2002, p.24-25).
A língua neste documento apresenta-se como produto: heterogêneo, sendo a língua
como atividade sócio-historica, uma atividade cognitiva e atividade sócio-interativa.
Salientamos que a língua não é um sistema abstrato e homogêneo, mas é:
(MARCUSCHI, 2008, p.65)
A língua é, por excelência, um conjunto de normas que regem a sociedade e portanto,
seu estudo é indispensável e também que se levem em contas variáveis extralinguísticas,
socioeconômicas e históricas. A língua implica dois conjuntos de critérios: propriedades
linguísticas relacionadas à Língua Padrão, por exemplo, sua codificação e as propriedades de
natureza psicossocial, refere-se à ideologia vigente, às atitudes dos falantes em relação a
língua e ao prestígio que atribuem às diversas variedades.
O trabalho com a língua, seja em classe, seja extraclasse, deve ser uma prática
constante, pois é através das manifestações que ler compreende o que lê, que aprenda a ler o
Heterogênea Indeterminada
Social variável
Histórica interativa
Cognitiva situada
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que não está explicito, estabelecendo relações entre o texto que lê e outros atribuídos em
diversas formas. De certa forma podemos afirmar que:
Na prática de reflexão sobre a língua e a linguagem que pode se dar a
construção de instrumentos que permitirão ao sujeito o desenvolvimento da competência discursiva para falar, escutar, ler e escrever nas diversas
situações de interação ( PCN, 1998,p.34).
Assim considerando, a prática de linguagem se caracteriza no âmbito escolar, sendo a
linguagem objeto de reflexão que possibilita ao indivíduo construir conhecimentos
necessários para atuar na sociedade por meio da sua competência discursiva.
Os PCN (1998) propõem que o objeto de estudo e ensino de Língua Portuguesa seja a
partir de atividades que envolvam o uso da língua como: produção e compreensão de textos
orais e escritos em diferentes gêneros discursivo-textuais e atividades de reflexão sobre a
língua e a linguagem. Em decorrência disso, os conteúdos de Língua Portuguesa articulam-se
em torno dos eixos básicos: o uso da língua oral e escrita e a reflexão sobre a língua e
linguagem.
Enfatizando tal conceito, as articulações dos conteúdos têm por finalidade o ensino da
língua a partir da produção e recepção de discursos e, através do mesmo, possibilitar ao
indivíduo diversas situações, permitindo ao professor fazer o uso de acordo com as
necessidades e dificuldades, priorizando os aspectos que serão abordados. Com isso as
necessidades dos alunos definem os objetivos que serão colocados na prática e que
possibilitarão a aprendizagem. Nota-se que: “O grau de exigência da tarefa refere-se aos
conhecimentos de natureza conceitual e procedimental que o sujeito precisa ativar para
resolver o problema proposto pela atividade”. (PCN, 1998, p.38)
Segundo os PCN (1998), o sujeito em diferentes conhecimentos envolvidos pela
prática de aprendizagem sendo autônomo, articula o grau de complexidade do objeto e da
tarefa proposta, permite expressar, diversificar, vivenciar ideologias subjacentes no exercício
da cidadania, atuando em diversas temáticas. Notamos que:
À escola e ao professor cabe a tarefa de articular tais fatores não apenas no
sentido de planejar situações didáticas de aprendizagem, mas organizar a
seqüenciação dos conteúdos que for, de um lado, possível os seus alunos e, de outro, necessária, em função do projeto educativo escolar. (PCN, 1998,
p.39).
Analisando as práticas de ensino quanto às práticas de aprendizagem de Língua
Portuguesa, percebemos que esta está baseada no processo sócio-interacionista da ação
pedagógica envolvendo o professor, o aluno e a sociedade, possibilitando aquisição de
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habilidades para interpretar diferentes textos que circulam socialmente, tornado, assim este
aluno um cidadão capaz de produzir textos eficazes nas mais variadas situações, tornando-o
ser participativo da sua própria autoria, fazendo uso da língua competentemente.
Nessa perspectiva, a concepção de texto é considerada um construto social organizado
dentro de um gênero determinado pela atividade social, observa que: “Todo texto se organiza
dentro de determinado gênero em função das intenções comunicativas, como parte das
condições de produção dos discursos, as quais geram usos sociais que os determinam”. (PCN,
1998, p.21)
Com base no fragmento acima, percebe-se que cabe então ao professor planejar e criar
condições para que o aluno possa desenvolver sua competência discursiva por meio da
diversidade de gêneros que possibilitem ao aluno, em sua prática, ampliarem sua competência
discursiva sendo que o aluno é sujeito da sua ação pedagógica, que, por meio da linguagem,
expressa idéias, pensamentos, ou seja, o aluno é o objeto do aprender e de suas práticas
sociais. Portanto, aprendizagem só acontece quando o sujeito participa das práticas sociais
mediadas pela linguagem que são os conhecimentos lingüísticos.
A Língua Portuguesa é analisada como precursora de conhecimento em
transformação, no que se refere ao trabalho com a língua materna, e que o professores sejam
seletivos que se ausenta dos excessos de regras gramaticais e a tradicional função do texto, ser
apenas um pretexto para trabalhar aspectos lingüísticos ou exemplares de usos adequados da
língua, por está razão obeserva-se que:
Aprender a pensar sobre a própria linguagem, realizar uma atividade de natureza reflexiva, uma atividade de analise lingüística, supõe o
planejamento de situações didáticas que possibilitem a reflexão não apenas
sobre os diferentes recursos expressivos utilizados pelo autor do texto, mas
também sobre a forma pela qual a seleção de tais recursos reflete as condições de produção do discurso e as impostas pelo gênero e pelo suporte.
(PCN, 1998, 27-28).
Observa-se que, mesmo se tratando da escrita, o procedimento está ligado mais a
experiência pessoal da vivência de cada um, do que ao conhecimento sistemático da língua.
Cabe ao professor conhecer os limites de sua ação e repensar sobre sua prática profissional e
passar a agir objetivamente e coerentemente em face dos desequilíbrios e desafios
apresentados, sendo que “O educador é o que sabe, se os educandos são o que nada sabem,
cabe àquele dar, entregar, levar, transmitir o seu saber aos segundos”. (MARTINS, 1994,
p.24).
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Quando se considera em primeiro lugar os erros ortográficos ao avaliar o texto, sem
antes dar atenção ao seu conjunto, provocam uma deterioração na relação do aluno com o ato
de escrever revelando a ele uma concepção limitada da escrita. Com essas excessivas
correções ortográficas, acabam-se levando o aluno a empobrecer seus escritos. Não dá para
ensinar métodos de gramática, escrita ou ortografia sem nunca ter praticado. Como ensinar a
ler e escrever sem nunca ter lido ou redigido um texto na vida? O ensino & aprendizagem não
está focalizado só na escola, mas sim em diversos ambientes. O ser humano é um ser pensante
por natureza, mas sua capacidade precisa de raciocínio precisa de treinamento. Assim, para
tornarmos leitores críticos e participativos, precisamos ter um ato pela leitura, sendo assim
automaticamente a ortografia vai sendo modificada através da leitura, quanto mais se lê, mais
se aprende.
O motivo para a concretização desta análise foi tomar conhecimento do ensino-
aprendizagem no contexto inserido na sala de aula. De que forma a lingüística contribui para a
formação de leitores? Linguagem, qualquer linguagem, é um meio de comunicação e deve ser
julgada como tal. Considera-se: “A sintaxe é uma questão de uso, não de princípios. A língua
toda: semântica, léxico, morfologia, fonologia e fonética – tudo é questão de uso. A língua é
auto-determinada pelos seus usuários”. (LUFT, 1998, p.17)
Segundo a linha de pensamento do autor, o importante é saber usar a língua para
comunicar de forma surpreendente, divertir e comover os falantes, expandindo-se livremente
de acordo com sua competência lingüística, assim estará aperfeiçoando cada vez mais a sua
linguagem sendo um instrumento de comunicação.
O ato de ler é muito importante. Ler está relacionado à escrita, aprendemos a ler a
partir do nosso contexto pessoal. Todas as estratégicas de ensino da leitura são validas, é
preciso que os professores saibam e transmitam aos alunos real conceito, função e
importância do saber ler para construir leitores críticos e participativos. A produção textual
não é apenas uma questão de gramática, de morfologia, ou de sintaxe. Não são uma questão
de executar certo ou errado determinado padrões lingüísticos. Escrever é necessariamente
enfrentar a necessidade de comunicação como algo de situação real, destinatário real com
propósitos reais. Paulo Freire (1997) diz: “A leitura seria a ponte para o processo educacional
eficiente, proporcionando a formação intelectual do individuo”.
Com base nos estudos feitos, é importante mencionar a dimensão teórica que os
Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa estabelecem para entendermos que
relação há entre ensino e aprendizagem e as concepções de gêneros textuais. O ensino de
Língua Portuguesa é apresentado acerca das diversidades dos gêneros textuais e mostram a
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importância em diferenciar os trabalhos em sala de aula de Língua Portuguesa e desenvolver o
senso crítico dos alunos frente à linguagem e a sociedade.
Percebe-se que os gêneros textuais, na sala de aula são uma ferramenta norteadora do
processo ensino e aprendizagem da Língua Portuguesa, possibilitando aos professores
levarem para a sala de aula não só os conteúdos gramaticais para o ensino de língua e
linguagem, mas levar meios de revelar valores subjacentes às práticas sociais.
Analisando tal aspecto, cabe à escola decidir juntamente com o professor possíveis
formas de aprendizagem para o aluno, sendo o professor norteador das praticas curriculares
pré-estabelecidas pela escola, permitindo ao aluno explorar conteúdos estabelecidos pelo
professor, de forma que o aluno aproprie-se do texto fazendo uso da sua própria linguagem.
1.2 Gênero Textual e Ensino
Para um melhor entendimento sobre gênero textual é necessário mostrar os tipos
textuais e gêneros textuais, observa-o quadro a seguir:
Tipos Textuais
1. constructos teóricos definidos por
propriedades lingüísticas intrínsecas;
2. constituem seqüências lingüísticas ou
seqüências de enunciados no interior dos
gêneros e não são textos empíricos;
3.designações teóricas dos tipos: narração,
argumentação, injunção e exposição.
Gêneros Textuais
1. realizações lingüísticas concretas definidas
por propriedades sócio- comunicativas;
2. sua nomeação abrange um conjunto aberto e
praticamente limitado de designações concretas
determinadas pelo canal, estilo, conteúdo,
composição e função;
3. exemplos de gêneros: telefonema, sermão,
romance, aula expositiva, lista de compras,
piada.
(MARCUSHI, 2007, p.23).
Portanto, os gêneros textuais não se caracterizam nem se definem por aspectos
formais, sejam eles estruturais ou lingüísticos e sim por aspectos sócio-comunicativos e
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funcionais, destacando sua particularidade e sua funcionalidade como fator primordial na
construção de um falante através dos gêneros textuais.
É comum ouvir dos alunos que é “absoleto” e “arcaico” o modo como a linguagem
(conteúdo) é empregada nos textos didáticos e isto vem sendo mais um dos problemas
enfrentados pelos professores no ensino e aprendizagem nas escolas. Analisando alguns livros
de Língua Portuguesa, percebemos que os textos possuem uma linguagem excessivamente
formal e tradicional e isto torna-se um problema. Como formar cidadãos críticos, criativos,
autônomos e participantes no exercício da cidadania através dos gêneros?
A sociedade a qual fazemos parte vem sofrendo mudanças na área do conhecimento e
da educação numa velocidade tal que se torna até difícil acompanhar tais mudanças. As
inúmeras linguagens estão presentes na nossa realidade, dentre elas a virtual. Estas não só
chamam atenção dos jovens e crianças, mas também os convencem de que são as melhores,
que trazem soluções aos seus problemas consumistas, diários e imediatos da busca pelo novo
e também como única e necessária.
Aceitando ou não, estamos envolvidos, como participantes dessa sociedade de
transformação e informação que vai do visual ao sonoro das linguagens televisuais, dos
vídeos-clipes, da publicidade, das historias em quadrinhos, dos jogos eletrônicos. Essas novas
tecnologias de linguagem criam novos desafios e exigências às varias áreas de conhecimento,
dentre as quais exige uma visão mais crítica e ampliada dos educadores, os quais não recebem
ao menos uma pequena parcela pela tal educação e formação.
Desta forma, podemos dizer que os gêneros textuais são reflexões sobre a linguagem,
tornando-a uma atividade discursiva. Os PCN afirmam que: “Cabe à escola ensinar o aluno a
utilizar a linguagem oral no planejamento e a realização das apresentações públicas:
realização de entrevistas, debates, seminários e apresentações teatrais.” (PCN, 1998, p.25)
Com base na citação acima, podemos perceber que o ensino de Língua Portuguesa não
está fragmentado só em regras gramaticais, mas em atividades que façam importância na vida
social do aluno, permitindo que o mesmo faça uso da sua própria linguagem.
1.3 Gêneros Textuais na Sala de Aula
Marcuschi (2007) considera o gênero como atividade socio-discursiva. Os gêneros
textuais, para ele, são vinculados à vida cultural, e social fruto do trabalho coletivo e
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contribuem para ordenar e estabilizar as atividades comunicativas do dia-a-dia deste aluno
(p.19).
Nessa perspectiva, o estudo do gênero possibilita compreender melhor o que acontece
com a linguagem quando a utilizamos em determinada interação. Sendo os gêneros textuais
ferramentas indispensáveis de socialização, usados para compreender, expressar e interagir
nas diferentes formas de comunicação social do que participamos. Marcushi afirma que: “A
língua é tida como forma de ação social e histórica que, ao dizer, também constitui a
realidade, sem, contudo cair num subjetivismo ou idealismo ingênuo”. (MARCUSCHI, 2007,
p.22).
Com base no contexto acima, os gêneros textuais afirmam-se como ações sócio-
discursivas para refletir sobre diversas situações que encontramos no mundo em que
participamos e agir no mundo, constituindo-se de algum modo.
Observa-se que a linguagem dos alunos e suas composições, deveriam ser julgadas
como atos de comunicação e não como campo de purismo gramatical ou exercícios de
ortografia. Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Segundo Celso Pedro
Luft:
Penso também que professores de Português seriam muito mais úteis a seus
alunos pesquisando juntos com eles segredos de expressividade das palavras e frases, agrupamentos pela forma (Morfologia) ou pela significação
contextos determinados procurando “sentir” a repercussão no som e no
conteúdo, etc. Tudo muito mais proveitoso do que ensinar regras gramaticais, em geral em desuso ou de nível exclusivamente literário formal.
(LUFT, 1998.p.26).
Analisando a citação acima, ao produzir ou ler um texto o aluno necessita ter
conhecimentos prévios sobre a língua estudada, a fim de que compreenda ou crie um texto de
melhor qualidade, pois ao dominar este tipo de conhecimento, as pessoas são capazes de
construir seus textos orais ou escritos a partir das escolhas gramaticalmente adequadas,
possibilitando ao professor transmitir conhecimentos lingüísticos sem repressão, valorizando
os valores subjacentes às práticas pedagógicas.
Com vista nisso, podemos apreender a ler a partir do nosso contexto pessoal e ir além
dele. Ampliar a noção da leitura pressupõe transformação na visão de mundo em geral e na
cultura particular. (MARTINS, 1994, p.29).
O conhecimento de mundo contribui para a compreensão e interpretação do aluno ao
ler um texto, pois o significado constrói-se pelo esforço de interpretação do leitor ou escritor,
a partir não do que está escrito, mas também da soma de todas as suas vivências anteriores.
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Paulo Freire diz que “a leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta
implica a continuidade da leitura daquele”. (PAULO FREIRE apud MARTINS, 1994, p.10).
O conhecimento textual é definido através do conhecimento da organização de
diferentes tipos de textos sejam eles escritos ou orais (narrativas, descrições, entrevistas). No
conhecimento de organização textual em sala de aula, o aluno é capaz de utilizar textos cuja
finalidade seja compreender um conceito, apresentar uma informação nova, descrever um
problema e comparar diferentes pontos de vista, este envolvimento tanto ajuda na tarefa de
produção quanto na compreensão do discurso.
A competência discursiva é o sujeito ser capaz de utilizar a língua de modo variado,
para produzir diferentes efeitos de sentido e adequar o texto a diferentes situações de
interlocução oral ou escrita. (PCN, 1998, p.23)
A prática nas escolas, por meio do trabalho com gêneros textuais, fornece aos alunos
conhecimentos lingüísticos e textuais necessários para atuar reflexivamente em diferentes
atividades comunicativas, uma vez que os alunos estariam praticando e refletindo em sala de
aula com base em textos originais que veiculam na sociedade.
A leitura, a construção e a desconstrução dos textos de variados gêneros em sala de
aula, contribui para o efetivo pensar e repensar crítico nas varias atividades sociais que
estamos inseridas, possibilitando o sujeito envolvido no processo de aprendizagem a
ampliação de seus conhecimentos sobre diferentes formas de realização da linguagem. Diante
desta perspectiva, segundo os PCN:
Os textos organizam-se sempre dentro de certas restrições de natureza temática, composicional e estilística, que o caracterizam como pertencentes a
este ou aquele gênero. Nesta perspectiva, necessário contemplar, nas
atividades de ensino, a diversidade de textos e gêneros, e não apenas em
função de sua relevância social, mas também pelo fato de que os textos pertencentes a diferentes gêneros são organizados de diferentes formas.
(PCN, 1998, p.22).
Os professores podem repensar sobre sua prática pedagógica, transformando o
trabalho de acordo com as necessidades e dificuldades dos alunos, sendo os professores
responsáveis pela sua ação. Deste modo, a prática pedagógica baseia-se no processo ensino e
aprendizagem como materialização da prática social, possibilitando ao indivíduo o
conhecimento de diferentes tipos de linguagem orais ou escritos.
Assim, podemos perceber que, quanto maior vivenciar esta prática comunicativa e
sócio-interacionista na sala de aula, o aluno será capaz de refletir, analisar e ser criativo em
realização nos contextos reais de comunicação, respeitando os valores e ideologias presentes
21
no contexto social e histórico subjacente à prática social, que possam contribuir de forma
eficaz para sua formação.
22
CAPÍTULO 2 GÊNERO TEXTUAL: HÍSTORIAS EM QUADRINHOS
As histórias em quadrinhos surgiram em meados do século XIX, juntamente com a
explosão da revolução industrial e das novas tecnologias na área da impressão tipográfica.
Desde o início, este novo gênero era voltado para o público infanto-juvenil, teve grande
circulação e aceitação, inclusive, entre os adultos.
Neste capítulo será abordado o gênero histórias em quadrinhos, sobre sua inserção na
mídia escrita, sua evolução e sua utilização na sala de aula como um recurso.
2.1 A Evolução dos Quadrinhos
As histórias em quadrinhos surgiram no início do século XIX, com o cinema,
expressão tecnológica típica da revolução industrial sendo uma forma de entretenimento e
lazer. Com esse propósito, as histórias em quadrinhos (HQ) poderiam atender aos desejos, as
necessidades e objetivos de leitura de um público leitor também heterogêneo.
As primeiras manifestações das HQs surgiram com as histórias de Busch e de Topffer
com o Menino Amarelo (Yellow Kid) desenhado por Richard Outcault publicado no jornal
New York World, introduzindo um novo elemento a estas histórias: o balão das falas dos
personagens. Nascia então o primeiro herói dos quadrinhos.
Torna-se considerável que as HQ trouxeram uma importante inovação para a época: o
texto uma representação da linguagem como efetiva conotação, de fácil compreensão pelos
leitores sendo ágil e dinâmica.
No texto, os balões são representados pela forma e expressão. Ele contém textos ou
imagens, sinais de pontuação ou símbolos. Os balões são utilizados para representar uma fala
ou expressar, transmitir emoções e pensamentos (surpresa, raiva, medo, cansaço) dos
personagens. Os balões são representados hoje como lócus da linguagem verbal nas HQ.
Inicialmente, as histórias em quadrinho tratavam apenas de textos humorísticos. Tal
fato explica o porquê das histórias em quadrinhos terem em inglês o nome “comics”
(cômicos).
Nos anos 30, as HQ, influenciadas pelos atuais acontecimentos, foram do cômico à
aventura. É importante ressaltar que nesta década três gêneros essenciais eram produzidos.
23
Estes gêneros são: a ficção científica, o policial e as aventuras na selva. Foram neste momento
que surgiu Tarzan.
Marcando a chamada “Era de Ouro”, no final da década de 30, surgiu Supermam, os
primeiros super-heróis a ter uma identidade secreta. A partir disso, criaram-se outros. Em
1938, influenciadas pela ideologia do momento (Segunda Guerra Mundial) as HQ começaram
a despertar interesses políticos e então tais histórias (comics) chamaram a atenção,
principalmente das autoridades, pois estes perceberam o seu poder como meio de
comunicação de massa.
Foi no período de 1940 até 1945 que surgiram aproximadamente quatrocentos super-
heróis, entre eles o Capitão América. Nem todos eles sobreviveram, mas alguns merecem
destaque até os dias atuais como: Batman, criado em 1939 inspirados na máquina voadora de
Da Vinci e no Zorro e o Capitão Marvel. Tais personagens e histórias passaram a fazer parte
da realidade do momento, se tornaram armas ideológicas de uma sociedade que estava em
guerra, serviram de estímulo para os soldados e conforto para o povo, pois estes, levados
pelas HQ, acreditavam que havia soluções para acabar com os conflitos existentes na época.
O próprio Capitão América surgiu com a função de derrotar, combater Adolf Hitler. Porém,
nos anos 50 os quadrinhos passaram a ser alvo de uma imensa crítica e foram acusados de
corrupção e delinqüência juvenil. O psiquiatra alemão Frederic Wertham escreveu um livro
que esmiuçou suas idéias. Neste livro tratava os quadrinhos como histórias que levavam os
leitores a um mundo subversivo e incitavam a juventude à violência. Surgiu então o Código
de Ética com a finalidade de regular o que podia aparecer nas páginas limitando a maneira de
enfocar os assuntos o que acabou destruindo várias revistas em quadrinhos.
Na década de 60, inicia-se a Era de Prata dos quadrinhos com o surgimento de novos
super-heróis e o retorno de Superman, Mulher Maravilha, Batman, Aquaman e outros. A
partir da década de 90, as histórias em quadrinho começaram a sofrer influência dos Mangás
(quadrinhos japoneses) na caracterização dos personagens.
No Brasil, considera-se como data de surgimento dos quadrinhos o dia 30 de Janeiro
de 1879 – data da publicação do personagem Nhô Guim, de Ângelo Agostini, na revista Vida
Fluminense, nesta data comemora-se o dia do quadrinho Brasileiro.
Cinema e quadrinhos são artes próximas uma vez que utilizavam recursos descritivos e
narrativos semelhantes. Nota-se que as histórias em quadrinhos passaram por um processo de
transformação em que os personagens saíram dos quadrinhos e foram para as telas de cinema
como Batman, Super-homem, Capitão América, Homem Aranha. Outros já nasceram no
cinema como: Tarzan, os Cowboys, Tom Mix e Roy Rogers, passando de uma linguagem para
24
outra, dos quadrinhos para filme e desenhos animados conquistando um público cada vez
maior.
No inicio do século XX, as histórias em quadrinhos foram conquistando seu espaço na
mídia e consolidou-se nos jornais com circulação global em diversos países sob as mais
variadas formas e estilos. Podemos afirmar que: “As histórias em quadrinhos com o tempo
foram ganhando autonomia, dado o sucesso de público alcançado, e passaram a figurar em
publicações especializadas, os gibis”. (MENDONÇA, 2007, p.200).
Sem dúvidas o gênero HQs representa hoje, no mundo inteiro, um meio de
comunicação de grande penetração popular e circula com variedades até mesmo em milhares
de exemplares adquiridos e consumidos destinado ao público leal.
Percebe-se que as histórias em quadrinhos não acontecem por acaso, vão assumindo
um papel significativo nas práticas subjacentes no contexto social de cada indivíduo tornando
o leitor apto a desenvolver seu senso crítico a diferentes tipos de linguagem.
A produção, divulgação e comercialização da HQs vêm sendo organizada por escala
industrial, além de ser um dos primeiros veículos a incorporar a padronização global,
assegurando a sobrevivência em um mercado competidor.
Segundo Vergueiro (2008, p.10), mesmo o aparecimento da imprensa não impediu que
a imagem gráfica continuasse a desempenhar papel preponderante ao aparecimento da
indústria tipográfica.
Com base no pressuposto acima, a imagem revela funções pré-estabelecidas, como a
representação da fala, desempenhado um papel importante na prática social do indivíduo,
porém as HQ são apresentadas por suas formas, expressões e pensamento.
A evolução dos quadrinhos surge a partir da indústria tipográfica como meio de
comunicação, que veiculam na sociedade, criando condições para a efetivação do uso das
histórias em quadrinhos, assim as diversidades das histórias circulam em várias regiões do
mundo, abrindo espaço para a globalização de valores culturais e sociais. São enredos
narrados quadro a quadro por meio de imagens e textos que utilizam o discurso direto,
característico da língua falada. Mendonça afirma que:
Os PCN (Brasil, 1998) incorporam o consenso sobre a necessidade de
exposição à diversidade de gêneros de circulação social como um dos
princípios básicos do ensino da língua materna. O documenta salienta baseando em teorias comunicativas diária é um dos critérios essenciais para
a escolha de materiais de leitura. A despeito das orientações do PCN e da
estima dos leitores pelas HQs, estão ainda preferidas pela escola.
(MENDONÇA, 2008, p.203).
25
Segundo a linha de pensamento do autor, é possível explorar a diversidade deste
gênero e seus funcionamentos em relação ao apoio que ele presta ao ensino de língua materna.
Cada pessoa, através do gênero HQ, está sempre correlacionando as representações que
existem sobre as situações sociais diversas em que atuamos, sendo assim, o conhecimento
sobre o funcionamento da linguagem em diferentes situações de comunicação é o que
possibilita aos aprendizes o entendimento do texto como construção social, que adquire
legitimação na relação entre texto e contexto de produção e distribuição.
Segundo Mendonça, a definição apresentada por Cirne “Quadrinhos são narrativas
gráficas visuais, impulsionada por sucessivos cortes, cortes estes que agenciam imagens
rabiscadas, desenhadas e/ou pintadas”. (MENDONÇA apud CIRNE, 2007, p.195)
Com base no fragmento acima, as linhas delimitam as HQs, os balões e outros
recursos gráficos contribuem para a interação verbal, que indicam a temporalidade das ações,
além de ser um material bastante rico na sua composição cinematográfica, caracterizando a
ação de cada personagem.
O sucesso das Histórias em Quadrinhos acontece de forma significativa, apresentada
por este gênero, tendo sua particularidade, porém humorística, comics, aventuras e fantasias e
até mesmo utilizados para texto publicitários, políticos e sociais, visando atingir um grande
público demonstrando a possibilidade de utilizar as histórias em quadrinhos com objetivos de
aproveitamento nas práticas pedagógicas. Podemos afirmar que: “Atualmente, é muito
comum a publicação de livros, em praticamente todas as áreas, que fazem farta utilização das
histórias em quadrinhos para transmissão do conteúdo”. (VERGUEIRO, 2008, p.20)
Os professores utilizava as histórias em quadrinhos como recurso didático para o
processo de ensino e aprendizagem dos alunos transmitindo real conceito através dos
quadrinização, partindo do pressuposto básico de que texto é fruto da interação social do
indivíduo em diferentes desígnios sociais.
No Brasil, as histórias em quadrinhos já são reconhecidas pela LDB (lei de Diretrizes
e bases) e pelos PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais).
Tal organização exige que a escola tenha claro o que pode esperar do aluno
em cada momento e quais aspectos do conteúdo devem ser privilegiados em
cada etapa. Ensinar supõe, assim, discretizar conteúdos, organizando-os em atividades seqüenciadas para trabalhar intensivamente sobre o aspecto
selecionado, procurando assegurar sua aprendizagem. Em Língua Portuguesa
levando em conta que o texto, unidade de trabalho, coloca o aluno sempre
frente a tarefas globais e complexas, para garantir a apropriação efetivos múltiplos aspectos envolvidos, é necessário reintroduzi-lós nas práticas de
escuta, leitura e produção. (PCN, 1998, p.66)
26
Esta proposta enquadra-se que, um bom desenvolvimento da prática de ensino no
contexto escolar sob a ótica dos gêneros textuais, perpassa todo documento e proporciona ao
aluno diferentes habilidades comunicativas a partir da relação entre texto e contexto e suas
implicações sociais para que os alunos reconheçam a funcionalidade dos conteúdos e das
atividades trabalhadas em sala de aula para sua vida social, sobre as dimensões discursivas e
lingüísticas que serão objeto de reflexão.
2.2 A História da História em Quadrinhos
As histórias em quadrinhos, com o aparecimento do Yellow Kid, o garoto amarelo em
1894, criação do desenhista norte-americano Richard Outcault, o personagem era um
menino pobre que vivia em favelas de Nova Iorque e usava um camisolão amarelo. Nesta
perspectiva as histórias em quadrinho, como hoje conhecemos, com os balões e
onomatopéias, surgiu anos depois com o personagem Hans e Fritz ou os sobrinhos do Capitão
de Rodolfo Dirks. A partir desse momento, os desenhistas criaram outros personagens, sendo
hoje conhecidos mundialmente aparecendo os protagonistas heróis, aventurescos como
(Tarzan) – de Edgar R. Burroughs – a ficção científica, (Flasch Gordon) – de Alex
Raymound.
Na Europa, criou-se o detetive, Asterix, TinTin – de René Goscinny e Albert Uderzo,
histórias que se passaram na Gália durante a conquista romana. Outros desenhistas se
destacaram como Mafalda, de Quino, Tom e Jerry, Batma, Popeye.
No Brasil, durante anos a produção das histórias em quadrinhos restringíu-se à
publicação de quadrinhos estrangeiros, principalmente americanos. A primeira revista a ser
publicada em 1905 dedicada a criança foi “O Tico-Tico”, revista com poucas páginas em
quadrinhos, fábulas e fatos ocorridos no Brasil. O Tico-Tico, conhecido nacionalmente como
as histórias de Bolão e Azeitona de Luís de Sá, a partir dessas publicações foram surgindo
outros como: a Gazeta Infantil, o Gibi e outras biografias em Quadrinhos.
Em 1960, surgem excelentes artistas e personagens como: Ziraldo criou o Pererê e o
menino Maluquinho. Mauricio de Souza com excelentes publicações como: Turma da
Monica, Cebolinha, Chico Bento e Magali. Os piratas do Tietê, Glauco, As Cobras de Miguel
Paiva.
27
Nos Estados Unidos, no século XIX, estabeleceu todos os elementos para o
desenvolvimento das historias em quadrinhos como meio de comunicação em massa.
Segundo Vergueiro (2004, p.10). Observa-se que, a evolução dos quadrinhos não acontece
por acaso, ela se dá de forma gradativa de acordo com a necessidade da população, tornando -
se um meio de comunicação. Analisamos que:
Despontando inicialmente nas páginas dominicais dos jornais norte-
americanos e voltados para a população de migrantes, os quadrinhos eram predominantes cômicos, com desenhos satíricos e personagens caracturais.
Alguns anos depois passaram a ter publicação diária nos jornais – celebres
tiras, e a diversificar suas temáticas, abrindo espaço para animais
antropoformizados e protagonistas feministas, embora ainda conservando os traços estilizados e o enfoque predominante cômico. (VERGUEIRO, 2008,
p.10).
Nesta perspectiva, as histórias em quadrinhos são alianças da Literatura caracterizada
como artes visuais, marcadas pela transmissão e visualização quanto à sua forma, materiais
ricos e predominados em diferentes aspectos ainda hoje considerado grande veículo em
massa.
Cagnim (1975, p.21-22) apresenta algumas perspectivas quanto à classificação das
histórias em quadrinhos:
Literárias – as HQs como fenômeno paralelo aos estudos tradicionais e/ou
por eles marginalizados, ou ainda como continuação do folhetim e do cordel.
Históricas – a linguagem gráfica sempre acompanhou o homem, desde quando deixou impressa, pela primeira vez, as suas mãos nas paredes das
grutas até os baixos-relevos das colunas de Trajano, as Tapeçarias, os vitrais
das catedrais góticas, os afrescos da Capela sistina, os retábulos, as
iluminarias dos livros e jornais do século XIX, a fotografia, o cinema, a televisão. Sociológias – o consumo em larga escala como material de lazer
ou mesmo de cultura de massas; o problema da reprodução e democratização
da arte; a influência sobre a sociedade e a orientação ideológica que exerce ou pode exercer. Psicológicas – a leitura dos quadrinhos como higiene
mental; como distração; o menor dispêndio de energia; a facilidade e,
portanto, o menor custo de aprendizagem. Didáticas – a adequação das
histórias ao mundo lúdico da criança; o enriquecimento da realidade e o trato com objetos concretos proporcionando pelas imagens; a substituição do
material didático muito caro. Estético-psicológias – a obra mais curta
destinada a produzir mais eficazmente a emoção intensa e passageira. Publicitárias – a necessidade de persuadir, de criar imagem do produto por
meio de instrumentos eficazes. As crianças, os melhores receptores das
mensagens visuais e que, no fundo, dão a decisão de compra, são dirigidas muitas campanhas publicitárias em quadrinhos. (VALENÇA, 2006, p. 43-
44)
28
Segundo o autor, o quadrinho torna-se necessário à narrativa de fatos ocorridos no
passado e ações que promovem em período específico. Com base nisso muitas vezes as
histórias em quadrinhos são caracterizadas em fatos atuais: políticos, sociais e cultural,
representada por diversos personagens, que ganham valorização devida o seu contexto,
originando dos seus aspectos formais, portanto hoje os quadrinhos forma de comunicação
global existente em diversos países sob as mais variadas denominações.
2.3 A Linguagem Cinematográfica dos Quadrinhos
Como diretrizes básicas curriculares, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN)
propõe a linguagem como ação individual com uma finalidade específica.
A linguagem é um processo de interlocução que se realiza nas práticas
sociais existentes nos diferentes grupos de uma sociedade, nos distintos momentos de sua história, em síntese, pela linguagem se expressam idéias,
pensamentos e intenções, se estabelecem relações interpessoais
anteriormente inexistentes e influência o outro alterando suas representações
da realidade e da sociedade e o rumo de suas ações. (PCN, 1998, p.20)
Com base na citação acima, a Linguagem é articulada de tal forma que o indivíduo
através da linguagem, exerce um papel significativo na sociedade, tornando-se participante de
sua ação em diversas áreas, frente à linguagem e a sociedade permitindo ao cidadão fazer uso
de sua ação em sua prática social.
As histórias em quadrinhos são narrativas compostas por dois códigos em constante
interação: a visual e o verbal. A mensagem é exclusivamente transmitida através do texto,
como a linguagem pictórica e sua transmissão, porém utilizam a linguagem não verbal que é
fundamental na transmissão de sua mensagem e não podendo deixar de citar os elementos
específicos de um quadrinho como requadro, o balão e as legendas que auxiliam os recursos
lingüísticos que são: discurso direto, onomatopéias, expressões populares; as não verbais são:
gestos e expressões faciais e paralingüísticas são: prolongamento e intensificação dos sons na
compreensão das narrativas.
29
Os balões são características das HQ. Ele contém imagem ou texto, sinais de
pontuação ou símbolos, falas e pensamentos, alegria, cansaço, raiva. Há vários tipos de balão:
o balão da fala que apresenta traços contínuos, o do pensamento em forma de pequenas bolhas
e outros. No texto em geral, usa se letra de forma, maiúscula, desenhada a mão, seu tamanho
ou forma pode ser variável. O desenhista utiliza recursos para enfatizar as situações ou
expressões que fogem do normal: como irritação, choro, etc.
Figura 1: Balão Tradicional
Fonte: Disponível em: <http://www.turmadamonica.com.br> Acesso em 15 outubro 2010.
Nas histórias em quadrinhos, o tempo e o lugar costumam ser caracterizados pela
própria imagem como podemos perceber acima. O desenhista usou recursos para expressar
situações como o balão da fala no 1° quadrinho e no 2° teve uma seqüenciação introduzida
pela fala e expressões como o choro.
Figura 2: Balão Pensamento
Fonte: Disponível em: <http://www.turmadamonica.com.br> Acesso em 15 outubro. 2010.
Figura 3: Onomatopéias
Fonte: Disponível em: <http://www.turmadamonica.com.br> Acesso em 15 outubro. 2010
30
Figura 4: Balão Grito
Fonte: Disponível em: <http://www.turmadamonica.com.br> Acesso em 15 outubro 2010.
Nota-se que os quadrinhos têm uma grande importância para a composição das falas
dos personagens, sem as características específicas de cada balão não seria possível
entendermos a mensagem transmitida em cada fala. As onomatopéias reforçam a sonoridade
as imagens, é comum ver nas tirinhas a utilização de duas ou mais para expressar o ruído de
algum fenômeno ou expressar o som de várias coisas como: (Tchibum! Tum! Pou!). As
interjeições aparecem nas histórias em quadrinhos e tem um papel significativo de expressar
emoções, chamamento, apelo, como: (Olá! Psiu! Ai!). As onomatopéias, como as interjeições,
são acompanhadas de ponto de exclamação. As legendas são pequenos textos que descreve
um fato ou informa algo, geralmente estão relacionados no início da história ou uma ligação
do quadrinho com o outro.
Figura 5: Legenda
Fonte: Disponível em: <http://www.turmadamonica.com.br> Acesso em 15 outubro 2010.
Nota-se que, neste quadrinho, teve uma pequena introdução para dar início à história.
A legenda pode caracterizar um personagem, indicar o tempo, o lugar, o modo. Às vezes, as
expressões são utilizadas para reforçar a cena mostrando através de seu contraste o dia e sob a
pálida luz da madrugada que indica tempo.
A linguagem verbal, um fator primordial em uma história utiliza-se de dois códigos
em interação. Pode-se perceber que na quadrinização teve uma narrativa em que parte da
mensagem é passada ao leitor por meio da linguagem verbal. No decorrer da história vai
aparecendo principalmente para expressar uma fala ou pensamentos do personagem a fim de
31
interligar a linguagem verbal à figuração da narrativa apresentadas. Assim, os textos verbais
apresentam formas de comunicação dos personagens interna ou externa, a representação
verbal dos sons é feito por meio das onomatopéias.
Figura 6: Linguagem Verbal
Fonte: Disponível em: <http://www.turmadamonica.com.br> Acesso em 15 outubro 2010.
Na Linguagem Visual, também é chamada de (icônica), a imagem apresenta uma
seqüência de quadros explorado em contos de fada, relato/ reportagem um fato real e
aventuras. A leitura ocorrerá na orden dos quadrinhos, em relação á disposição dos
personagens e suas respectivas falas. Chico Bento mesmo sem utilização das falas segue o
mesmo sentido do texto escrito, tendo-se uma seqüênciação.
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Figura 7: Linguagem visual
Por meio da utilização das histórias em quadrinhos o professor em sala de aula pode
diferenciar para os alunos as possíveis formas de estilos e composição tirando vantagem das
diversas variedades no processo de ensino, como um material bastante rico em sua
composição.
2.4 O Uso das Histórias em Quadrinhos em Sala de Aula
A noção dos gêneros textuais vem sendo explorada desde Platão e Aristóteles e várias
classificações têm aparecido ao longo dos tempos, dentre eles: a distinção entre a prosa e a
poesia, a distinção entre lírico, épico e dramático, a oposição entre tragédia e comédia. O
33
estudo dos gêneros foi dessa forma uma constante temática que interessou aos antigos e
continua atraindo preocupações dos estudiosos da linguagem nos dias atuais.
Bakhtin (1992) propõe distinguir gêneros de discursos primários (ou livres),
constituídos por aqueles da vida cotidiana, e que mantêm relação imediata com as situações
nas quais são produzidas e gêneros de discursos segundos (ou estandardizados) que aparecem
nas circunstâncias de uma troca cultural (principalmente escrita) – artística, científica, sócio-
política – mais complexa e relativamente mais evoluídas.
Ele ressalta que a enunciação concreta (escritos e orais) está relacionada a diferentes
campos da atividade humana e da comunicação: anais, textos de leis, documentos de
escritórios. O gênero secundário são os gêneros literários, científico, publicitários, cartas
oficiais e comuns, ríplicos do dialogo cotidiano.
Os gêneros textuais são padrões comunicativos globais que socialmente utilizados,
funcionam como uma espécie de modelos comunicativos globais que representam o
conhecimento social localizado numa situação concreta, ou seja, eles são componentes
culturais e históricos, configurações repetitivas e expressivas de interagir em conjunto que
ordenam e estabilizam nossas relações na sociedade.
Bakhtin (1992) considera o enunciado, isto é, o texto, como o produto da interação
social em que a palavra é definida como produto de trocas sociais; pressupõe que quando um
indivíduo fala/ escreve ou ouve/lê um texto, ele antecipa ou tem uma visão do texto como um
todo inacabado, juntamente pelo seu conhecimento prévio referente ao gênero HQs e aprende
mais sobre suas possibilidades comunicativas e compreende melhor o mundo no qual está se
comunicando.
Qual o sentido de ensinar diferentes tipos textuais ou gêneros discursivos? O
professor/aluno pode se mover frente à linguagem compartilhando com os diversos gêneros
sendo (orais ou escritos) possibilitando o indivíduo a manifestar seu senso crítico em
diferentes formas e particularidades frente à sociedade em que veiculam.
Desse modo, o gênero deve ser trabalhado como forma discursiva, sendo o texto como
produto de interação social. Assim, cada pessoa torna apta a participar ativamente dentro dos
espaços discursivos que se inserem.
As histórias em quadrinhos são processos de funcionamento fundamentais para o
ensino e aprendizagem do aluno. Percebe que está arte já estava impregnada desde à
antiguidade, porém não muito explorada. Podemos afirmar que:
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Sabe-se que esta antiga forma de arte e de expressão já existia desde as
pinturas ou desenhos pelo homem pré-histórico, que representavam
imagens de animais caçados ou abatidos por este e, que ao longo de
nossa história foram sendo veiculadas de diversas formas e
disseminando informações das mais diferentes maneiras resultando
em imagens bíblicas, de impressos literários, publicitários e escolares,
até chegar à forma de tiras em jornais e revistas de historias em
quadrinho, que acabaram se tornando grandes veículos de
comunicação popular em todo mundo. (GUSTAVO CUNHA,
MAURICIO ALVES, EVÂNIO BEZERRA, 2008, p.27).
Com base na fragmentação acima a imagem era representada por artes desde os
primordes, porém a escrita era representada pela imagem como forma de comunicação, a
história em quadrinhos veículo fundamental para construto social, em que ao longo de sua
história foi se transformando em comunicação global em massa, hoje conhecida nos jornais,
televisão e cinema.
As HQ passariam por moldagem, ficando reconhecidas como instrumento didático,
apoiando ao ensino dos alunos como meio de comunicação e também por ser didático: Vale
salientar que:
O uso dos pontos, linhas e cores e a composição em geral, facilitam a interpretação texto-imagem do aluno. Este processo pode induzir ao aluno a
escrita, auxiliando-o no processo alfabetização, mesmo sendo que não saiba
ler ou escrever direito. (GUSTAVO CUNHA, 2008, p. 29)
Nesta perspectiva, através dos múltiplos recursos utilizados no enquadramento, a
imagem representada pela escrita possibilita ao aluno decodificar e associar a linguagem
específica dos quadrinhos. As histórias em quadrinhos podem ser trabalhadas em várias
disciplinas, como história, português, biologia, geografia e como meio de ensino e
aprendizagem em determinada área de conhecimento como ressalta Vergueiro 2008.
Em análise dos estudos feitos, a principal função das histórias em quadrinhos é a de
comunicar idéias, ou histórias através das palavras e imagens, a história uma narrativa
seqüencial chamada de “quadrinhos” daí o porquê este meio de comunicação e artístico ser
chamado de história em quadrinhos.
Segundo Marcushi, 2007, p.27 o ensino através das frases humorísticas atuais que são
fáceis por serem extremamente curtas pode vir a ser o início de uma nova relação com a
língua escrita para aqueles que não gostam de ler. Com esse propósito, as histórias em
quadrinhos (HQ) – poderiam atender aos desejos, às necessidades e aos objetivos de leitura de
um público heterogêneo.
35
Portanto, os ensinos alicerçados nas frases humorísticas não se definam em um
público alvo se caracteriza em um público leitor heterogêneo. As histórias em quadrinhos são
ferramentas que apoiam o ensino, sendo que os jovens e crianças não lêem, e as HQ é um
gênero textual bastante rico, popular caracterizado pela sua composição e estilo, por meio de
imagens, alcançando o leitor infanto-juvenil e até mesmo os adultos.
Como se sabe, o estudante vem cada vez mais resistindo à prática da leitura,
principalmente quando é exigido dele leituras mais extensas. Percebe-se que a vida social
desse aluno está permeada de textos curtos que tem se tornado suficientes para a compreensão
das atividades praticadas por ele no dia – a – dia. Na perspectiva de adequar-se a esta
realidade este estudo torna a história em quadrinhos como um texto menos carregado de
escrita, mas rico em informações oferecidas pelos recursos simbólicos impregnados nesse
gênero. Segundo Marcuschi:
As HQs realizam-se no meio escrito, mas buscam reproduzir a fala (geralmente a conversa informal) nos balões, com a presença de interjeições,
reduções de vocabulares, sua concepção é de base escrita, pois os chamados
de “guiões” – narrativas verbais que orientam o trabalho do desenhista –
precedem a quadrinizaçâo assemelhando aos roteiros de cinema. (MARCUSCHI, 2000 apud MEDONÇA, 2008, p.196).
Analisando a citação a cima, às historias em quadrinhos são representações da fala e
da escrita através dos balões, de acordo com o contexto inserido na quadrinização expressa
em diferentes formas de linguagem impregnadas nesse gênero, onde a imagem é caracterizada
através de expressões.
Em muitos países as histórias em quadrinhos são utilizadas para formação do gosto
pela leitura das crianças. A partir das experiências através da mensagem transmitida tanto pela
sua história quanto pelos desenhos, a leitura proporciona todo tipo de leitura, com a vantagem
de criar condições para a formação do leitor, porém o leitor só chega ao amadurecimento se a
pessoa gostar de ler.
As HQS contribuem de forma relevante para todas as fases: auxiliam na memorização,
estimulam naturalmente para reprodução e produção própria do leitor proporcionando o gosto
pela leitura. O uso das histórias em quadrinho é ferramenta indispensável para o ensino e
aprendizagem, que passa a ser um meio de formar leitores não passivos, meros receptores,
mas ativos, colaboradores importantes na leitura e na construção de novos textos. Com base
nisso afirma que:
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Em síntese, a leitura racional acrescenta à sensorial e à emocional o fato de
estabelecer uma ponte entre o leitor e o conhecimento, a reflexão a
reordenação do mundo objetivo, possibilitando-lhe, no ato de ler, atribuir significado ao texto e questionar tanto a própria individualidade como
universo das relações sociais. (MARTINS, HELENA, 1994, p.66)
O documento salienta que através da leitura o aluno torna-se participes da cidadania
frente à linguagem, construindo seu próprio conceito através das experiências relacionadas ao
seu cotidiano.
De acordo com Ferraz e Fusari (1993), as histórias em quadrinhos, além de ser uma
linguagem artística e de comunicação social, despertam no público infantil e jovem grande
interesse devido às suas diversas possibilidades interativas e imaginativas, que podem nos
auxiliar a compreender a diversividade de interpretações de imagens. (GUSTAVO CUNHA,
2008, p.31).
As histórias em quadrinhos assumem características próprias, pois a linguagem além
de ser um meio de comunicação ainda possibilita aos jovens ingressar no mundo real,
fantástico e fictício através das revistas em quadrinhos que veiculam em jornais, cinema e
gibi. Ad histórias muitas vezes representam em quadrinizarão problemas existentes na
sociedade como caráter social, político e cultural. Vale salientar que:
Ainda hoje, as crianças começam muito cedo a transmitir suas impressões do
mundo por meio de desenhos, representado seus pais, seus irmãos e seus
amigos com rabiscos que nem sempre lembram as pessoas ou objetos retratados, mas que, cumprem o objetivo de comunicar uma mensagem.
(VERGUEIRO apud GUSTAVO CUNHA 2008, p.32)
Com base na citação acima, a criança precisa de tempo para decifrar a escrita, pois
cada uma tem um ritmo próprio que precisa ser respeitado. È comum a criança associar a
imagem com a escrita. È ilusão pensar que a escrita é um espelho da fala, uma única forma de
escrita que retrata a fala, de maneira a correlacionar univocamente letra e som. O fato de a
escola não saber fazer de seus alunos bons leitores traz conseqüências graves para o futuro
destes, que terão dificuldades enormes, quando a leitura se faz necessária a todo instante e
serão fortes candidatos à evasão escolar. Evidentemente não basta ter formação técnica
lingüística para automaticamente fazer um procedimento didático, mas é certo que o
professores através dos diversos gêneros, possibilitam o aluno a ter iniciativa, evoluindo o seu
processo de interação social, da natureza lingüística envolvida no momento, atendendo as
necessidades motoras e emocionais que em trabalho com a linguagem que resultam em
resultados obtidos no processo de conhecimento.
37
De fato, é importante mencionar que a história em quadrinhos em sala de aula é de
complexidade universal, porém iniciou de forma passiva. Muitas das HQ eram utilizadas
como pretexto para auxiliar um conteúdo, como acontece nos livros didáticos de Língua
Portuguesa. Com os quadrinhos, o professor pode criar, aprofundar sobre a temática
apresentada. Nota-se que:
Por fim, na utilização de quadrinhos no ensino, é importante que o professor
tenha suficiente familiaridade com o meio, conhecendo os principais
elementos da sua linguagem e os recursos que ela dispõe para representação do imaginário; domine razoavelmente o processo de evolução histórica dos
quadrinhos seus principais repsentantes e característicos como meio de
comunicação de massa; esteja a par das especificidade do processo de
produção e distribuição de quadrinhos; enfim conheça os diversos produtos em que eles estão disponíveis. (VERGUEIRO, 2008, p.29).
De acordo com a citação, cabe ao professor fornecer aos alunos os conhecimentos
lingüísticos e textuais necessários para atuar reflexivamente nas atividades comunicativas,
uma vez que os alunos estariam praticando e refletindo em sala de aula por meio de textos
originais que veiculam na sociedade e através destes textos, com as HQs, o aluno possa
despertar seu senso crítico e intelectual, possibilitando ao indivíduo desenvolver seu senso
critico frente à linguagem e à sociedade.
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CAPÍTULO 3 AS HISTÓRIAS EM QUADRINHO COMO RECURSO DIDÁTICO
Os quadrinhos pertencem á categoria da mídia imprensa, portanto, são similares aos
livros; o manuseio e o contato constante com o tipo de suporte criam um hábito e uma
intimidade que podem ser gradualmente transferidas para os livros.
Nesta perspectiva o professor conhece na prática em sala de aula as HQs e estas
seduzem os leitores, proporcionando uma leitura prazerosa e espontãnea. Os quadrinhos são
usados como forma de apoio ao ensino, assim respeitando o ritmo dos alunos, sua
sensibilidade e percepção, hoje tão fragmentada pela mídia e os videogames, as
quadrinizações de alguns contos. Nesta perspectiva, se os alunos demostrarem curiosidade o
professor poderá com o máximo tato e sensibilidade apresentar materiais novos, introduzindo
gêneros, personagens e autores novos no universo dos alunos.
3.1 A Aplicação das Histórias em Quadrinho como Recurso Didático
Neste capítulo serão analisados os materiais didáticos que são utilizados no processo
de ensino-aprendizagem de língua materna. Assim, o presente estudo será uma análise das
coleções de livros didáticos utilizados nas aulas de Língua Portuguesa do 6ª ao 9ª ano, é,
portanto uma pesquisa bibliográfica.
A coleção Português Linguagens de William Roberto Cereja e Thereza Cochar
Magalhães é uma das mais utilizadas pelos professores da área, como material de apoio para a
preparação das aulas ou como livro adotado na disciplina. Atualmente vêm sendo questionada
a metodologia que os profissionais usam ao ensinar a língua, pressupõe, que a linguagem no
decorrer da trajetória, constitui-se sujeito da cultura e ideologias.
Esta proposta enquadra-se em questões que abordam a metodologia que é
fundamentalizada nos PCN e que define as diretrizes e bases curriculares de ensino. Os PCN
norteiam o ensino de língua como a necessidade de construir cidadãos através da mesma,
39
sendo está norteadora de socialização do conhecimento, da cultura e da valorização dos
alunos, partindo do pressuposto que é a visão de mundo deles.
Assim, considerando o livro como carácter autoritário permite o professor questionar
sua elaboração. Nem sempre os livros didáticos estão em consonância com os Parâmetros
Curriculares que visam a prática social da linguagem. Muitas vezes o livro não se enquadra na
realidade em que está sendo utilizado por ter sido produzido fora da realidade à qual este será
utilizada.
De acordo com Geraldi (1991) a fabricação de material didático que facilitou a tarefa
do professor, diminui sua responsabilidade na escolha do que ensinar, preparou até as
respostas no manual, também permitiu elevar a carga horária semanal, em níveis diferentes,
diminuir a remuneração do professor e contratar professores independente de sua formação ou
capacidade. (BEZERRA, 2007, p.42)
O livro didático é um recurso para trabalhar com a língua, consequentemente o livro
didático em sala de aula tem suma importância como: prática de leitura, oralidade, produção
de textos e análise linguística a realidade dos alunos. Ressalta que:
O estudo de gêneros pode ter conseguência positiva nas aulas de Português, pois leva em conta seus usos e funções numa situação comunicativa. Com
isso, as aulas podem deixar de ter um carácter dogmático e/ou fossilizado,
poís a língua a ser estudada se constitui de forma diferentes e específicas em cada situação e o aluno poderá construir seu conhecimento na interação com
o objeto de estudo, mediado por parceiros experientes. (BEZERRA, 2007
p.41)
Sob o ponto de vista didático, os gêneros HQ, por usarem uma linguagem simples,
estimula o hábito pela leitura e desta forma o Gibi incentiva no processo de amadurecimento
intelectual do indivíduo. A vantagem de utilizar as HQ em sala de aula como um recurso
didático de baixo custo e de fácil acesso, permitindo a familiarização dos estudantes por meio
de comunicação. Muitas pessoas pensam que as Historias em Quadrinhos são infantis, porém
há histórias voltadas para o público adulto. Muitas histórias estão relacionadas a fatores
sociais, políticos e econômicos. Compreender as HQs e seus gêneros é essencial para a boa
utilização desse recurso na sala de aula.
Segundo Vergueiro (2008) os gibis devem ser apresentados aos alunos de toda faixa
etária durante o período escolar. Para o público infantil as histórias podem ser: Turma da
Monica que servem para estimular o hábito pela leitura. Trabalhando com recursos das HQ,
tais como balões, onomatopéias e expressões faciais do personagem o aluno consegue
identificar a reação da mesma, tornando-se mais perceptivo na leitura.
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Segundo a linha de pensamento do escritor, as HQs proporcionam ao indivíduo
habilidades de leitura, ampliando seu vocabulário. A leitura é uma atividade que exige do
leitor o foco no texto, em sua linearidade, uma vez que o tudo está dito no dito, a mesma
proporciona conhecimemento, vivências, com relações com o outro, valores subjacentes às
práticas sociais, conhecimento textuais. Ler não é somente decodificar palavras, mas saber
identificar valores e buscar a intencionalidade do sujeito para a possibilidade de significação.
Analisa-se:
Havendo, na sociedade atual, uma grande variedade de textos exigidos pelas múltiplas e complexas relações sociais, é necessária que o livro amplie sua
variedade textual. Por isso, encontramos recomendações de que o ensino de
Língua Portuguesa gire em torno do texto, de modo a desenvolver competência linguística, textuais e comunicação dos alunos, possibilitando-
lhe uma convivência mais exclusiva no mundo letrado de hoje, não no
sentido de, simplesmente, aceita-lo, de imprimir-lhe mudanças. Assim, a ênfase na leitura, análise e produção de textos narrativos, descritivos,
argumentativos, expositivos e convencionais, considerando seus aspectos
enunciativos, discursivos, temáticos, estruturais e linguísticos que variam
conforme as situações comunicativas caracterizam-se como uma das renovações mais apregoadas no ensino da língua. (BEZERRA, 2007, p.43)
Ressalto que os gêneros são instituições naturais que estão ao nosso redor, basta que o
indivíduo, através dele, desenvolva e construa evidências para interpretar e lidar com os
diversos gêneros empregnados na sociedade, sendo um processo socionteracionista.
3.2 Análise da Coleção “Português Linguagens”.
A coleção Português Linguagens, da Editora Saraiva, é uma das coleções indicadas
pelo MEC e está de acordo com as propostas dos PCN, de Willian Cereja e Thereza Cochar
Magalhães.
O título do livro “Português Linguagens” nos remete aos elementos que serão
abordados ao longo da análise. A análise baseia-se no sociointeracionismo, trabalhando com a
gramática que tem o texto, como objeto de estudo. Através do mesmo o aluno terá capacidade
de refletir e fazer o uso da linguagem, permitindo ao mesmo refletir sobre o ensino de língua,
portanto tão complexa.
Esta coleção tem como ojetivo trabalhar a Produção Textual, o ensino da língua sendo
a gramática interação e reflexão sob a ótica da diversividade textual, a avaliação é feita por
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diagnóstico ou sondagem e pela produção de texto. A partir das atividades propostas o aluno
através da leitura, reflete sobre a competência nas habilidades da escrita e fala, tornando as
atividades significativas. Vale salientar que:
Uma criança que adquire a língua deste modo sabe evidentemente muito mais do que aquilo que “aprendeu”. O seu conhecimento da língua, tal como
determinado pela sua gramática interiorizada, vai muito além dos dados
linguísticos primários que lhe foram apresentados e não é de modo nenhum uma generalização indutiva a partir desses dados. (CHOMOSKY, 1975: 115-
6 apud LUFT, 1998, p.54)
Segundo a linha de pensamento do autor, a criança linguisticamente constitui-se de
uma estrutura inata, ativada pelo meio social em que vive, moldada pela sua capacidade
lingüística. Portanto a criança vai internalizando o ensino gramatical gradualmente.
Com base nos Paramêtros Curriculares, torna-se a linguagem como atividade
discursiva, o texto como unidade de ensino e a noção da gramática como relativa ao
conhecimento que o falante tem de sua linguagem. As atividades curriculares em Língua
Portuguesa, principalmente as atividades discursivas: uma prática constante de escuta de
textos orais e leitura de textos escritos, e que devem permitir, por meio da análise e reflexão
sobre os múltiplos aspectos envolvidos, a expansão e construção de instrumentos que
permeiam ao aluno, progressivamente ampliar sua competência discursiva. (PCN, 1998, p.27)
Cada unidade inicia com um texto de apresentação sendo: tirinhas, poesia, texto
literário, lendas, o anúncio públicitário e cada um deles contêm atividades que se referem à
língua. No livro da 6ª série de Willian Roberto Cereja, página 42, o autor introduz o conteúdo
com tirinhas que é um quadrinho, pois todas as tirinhas são retitadas de uma história em
quadrinhos. Nesta coleção é explorada a variação lingüística que estuda a linguagem formal e
informal através dos personagens Chico Bento e Rosinha, personagens das histórias em
quadrinhos de Mauricio de Souza. O autor do livro enfatiza a questão da variedade linguística
permetindo ao aluno perceber que a língua não é homogênea e que varia em diversos
aspectos. A variação por meio do Chico Bento é resultante da localização geografica
decorrente da cultura em que se vive.
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Figura 8: Chico Bento n°140
Para Bagno (2002, p.124) ninguém comete erros ao falar sua própria língua materna,
assim como ninguém comete erros ao andar ou ao respirar. Só erra naquilo que é aprendido,
naquilo que constitui um saber secundário, obtido por meio de treinamento, prática e
memorização.
Nota-se que Chico Bento, um persongem caipíresco, fala de acordo com a sua cultura,
não quer dizer que ele fala errado. O autor ressalta a língua como ser heterogêneo não
homogêneo. As variedades são condições sociais, culturais e regionais nas quais é utilizada.
Portanto, as histórias em quadrinhos podem ser utlizadas para trabalhar o preconceito
lingüístico. Vários fatores existem devido ao grau de analfabetismo, região onde vive e a
idade. O importante é comunicar, porém o indivíduo só fala diferente da norma culta, por isso
que surge o preconceito, o falar “errado”.
Ao analisar os livros da coleção, percebemos que os conteúdos são introduzidos por
histórias em quadrinhos. Através de observação maior, detectamos que foram utilizados 67
quadrinhos no livro do 6ª ano para introduzir e enfatizar o conteúdo. 7ª ano contém 57
quadrinhos, 8ª ano – 48 quadrinhos, 9ª ano 57 quadrinhos. Nota-se que o autor utiliza os
quadrinhos por serem uma linguagem mais fácil e compreeníivel e por serem um texto curto e
humorístico.
No livro do 7ª ano, página 138, introduziu o conteúdo com uma história em
quadrinhos para trabalhar Pronomes e Coesão textual.
Figura 9: (Quino. As férias da Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1999 p.33)
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Analisando esta figura, nota-se que as histórias em quadrinhos ou tira são utilizadas
como forma de apoio ao ensino, todas são hmorísticas, permetindo ao aluno interpretar o
texto. O autor do livro enfatiza a apresentação das obras do desenhista, mostrando a arte
visual, que permite ao aluno ampliar seu repertório visual, pois este contribui para que a arte
faça parte do contexto de vida de cada indivíduo.
A fusão de símbolos, imagens e balões fazem o enunciado [...]. Os balões,
outro dispositivo de contenção usado para encerrar a representação da fala e
do som, também são úteis no delineamento do tempo. Os outros fenomênos naturais [...] representados por signos reconhecíveis, tornam-se parte do
vocabulário usado para expressar o tempo. Eles são indispensaveis ao
contador de histórias, principalmente quando ele está procurando envolver o
leitor. (EISNER 1989, p.28 apud GUSTAVO CUNHA, p.30)
Os quadrinhos, com sua particularidade, permitem aos alunos desenvolver seu
conhecimento através dos recursos utilizados pelo mesmo. Observa que o autor utilizou a tira
para trabalhar conteúdos gramaticais. Celso Pedro Luft (1998) fala que “ninguém pode ser
contra” a verdadeira gramática, ela é imanente às línguas. Uma língua é um duplo sistema de
sinais (vocábulos, expressões, etc.) e sistema de regras da combinação desses sinais. Ao
segundo desses sistemas é que chamamos de gramática. Não há língua sem gramática. Amar
uma língua é amar sua gramática.
Assim considerando, a gramática está internalizada no ensino de língua. Não há
ensino sem gramática, considera o estudo da gramática indispensavél para o aluno, sem
gramática o aluno não consegue distinguir a noções falsas da língua que aprendemos de forma
gradativa.
É importante ressaltar que o autor utiliza vários gêneros em toda a coleção. No livro
do 8ª ano é explorada a questão dos gêneros, sendo mmostrada ad possibilidades de
interpretar recursos utilizados pelo autor como: O Cartum, de Quino página 12, permitindo ao
leitor interpretar sobre diversas formas, o cartun diferente da história em quadrinho, porém
um material rico em produções tendo uma seguênciação de imagens. Através do recurso
utilizado permite ao leitor uma visão ampla de mundo.
Percebe-se que as histórias em quadrinhos passaram a ser utilizadas em sala de aula e
ganharam espaço no livro didático, mesmo sendo um recurso para introduzir o conteúdo. Os
quadrinhos, sem dúvida são um material riquissimo de apoio didático. O professor através
deste recurso pode trabalhar as HQ pode ser adaptando as atividades com a realidade em sala
de aula, podendo reiventá-las e inovar.
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A expressão visual através da imagem o aluno visualiza os elementos visuais que são
utilizados no processo interativo. O que aumenta a curiosidades dos alunos em saber em que
conclusão chegar e ao grau de interpretação que permite aos alunos perceber o grau do
contexto em que se inserem e o do sentido.
As HQs são importantes para o indivíduo, pois enrriquecem seu vocabulário,
permitindo ensino e aprendizagem dos alunos atravé da linguagem, sendo as HQs um forte
apoio didático, que permite ao professor descobrir formas de ensinar e criar maneiras
diferentes para que possam desvendar e desbruçar sobre diferentes HQs. As HQs são vazio
manuseio levando humor para as crianças e adultos estimulando o gosto pela leitura, através
dos múltiplos recursos utilizados.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A linguagem é sem duvida, a expressão mais característica do comportamento social,
por isso, é impossível separá-la de suas funções sociointeracionais como instrumento de
comunicação, de ação e de interação social. Nessa perspectiva, o ensino da língua está focado
na metodologia e nas estratégias do ensino de Língua Portuguesa que se integram na leitura,
produção de texto e reflexão sobre a língua.
A língua é o meio pelo qual o homem transmite conhecimento e interage socialmente
por ser um fruto de construção histórico e social a ela está em constante transformação de
acordo com as necessidades humanas. A língua é adquirida por meio do contato familiar e
social a que o indivíduo pertence, uma prática meramente inerente ao ser humano em
qualquer época ou lugar em que vive.
No decorrer da constituição da língua falada em língua escrita, como forma de
representação da linguagem oral, houve uma longa tradição em invertir os mecanismos em
que a linguagem escrita passou a representar a linguagem oral, fato que é atribuido em grande
parte à Gramática que impôs normas à língua, que num primeiro momento tenha por objetivo
facilitar a leitura pois a língua não é estável.
O ensino da língua materna é a reflexão do mesmo deve partir do pressuposto e
práticas significativas no contexto social. Assegurar que não prevaleça a discriminação
limguística e permitir ao aluno o amadurecimento sobre como, onde e quando usar uma
variedade linguística e assim valorizar os alunos como seres sociais definitivamente marcados
pela heterogeneidade linguística.
Os gêneros textuais são bastante utilizados de forma retórica e a teoria literária, o
lírico, o épico, o dramático. Os gêneros modernos que temos hoje são o romance, a novela
etc... Mikhail Baktin iniciou no século XX os estudos da linguagem e da literatura
impregnado a palavra “gênero”. De certa forma os textos orais ou escritos apresentam
características estaveis. Portanto o gênero é considerável em três níveis: o tema, a sua
composição e o estilo. O ensino dos gêneros tem sido trabalhado em divesros tipos: a
narração, a dissertação que vem sendo trabalhado nos Vestibulares, Enem e Oficinas.
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Percebe-se que o ensino dos diversos gêneros socialmente rodeia entre nós, permitindo
ampliar sua competência linguística e discursiva dos alunos, tornando cidadãos através do uso
da linguagem.
Esperamos ter demonstrado a importância das HQs, não se limitando apenas ao
contexto escolar, mas principalmente fora dele, e contribuido para que os professores de
Português percebam a necessidade de se trabalhar com essa atividade.
Esperamos ainda que os professores de Português façam com que os alunos percebam
a importância das HQs, mostrando para os mesmos que muitas vezes há problemas gerados na
fala e na escrita justamente pelo fato da variação linguística e outros fatores.
E, finalmente, esperamos que este trabalho possa ser importante também porque como
diz Vergueiro (2008) existem vários motivos que levam as histórias em quadrinhos a terem
um bom desenpenho nas escolas, possibilitando resultados muitos melhores do que aqueles
que se obteria sem eles.
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