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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE ODONTOLOGIA
MARIANA NIEHUES DAMO
SINARA HELENA GUZZI
CARACTERÍSTICAS E ANOMALIAS DA CAVIDADE ORAL DE
BEBÊS RECÉM-NASCIDOS DO HOSPITAL SANTA CATARINA DE
BLUMENAU - SC
Itajaí (SC) 2010
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MARIANA NIEHUES DAMO
SINARA HELENA GUZZI
CARACTERÍSTICAS E ANOMALIAS DA CAVIDADE ORAL DE
BEBÊS RECÉM-NASCIDOS DO HOSPITAL SANTA CATARINA DE
BLUMENAU - SC
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial para obtenção do título de cirurgião-dentista na Universidade do Vale do Itajaí. Orientadora: Profa. Beatriz Helena Eger Schmitt
Itajaí (SC) 2010
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AGRADECIMENTOS
Agradecemos a Deus, por nunca nos ter deixado nos momentos difíceis, por ter iluminado nossos
caminhos e nos ter permitido chegar até aqui. Pedimos que continue a nos abençoar no novo
caminho que começamos a trilhar.
Aos pais, pelos valores passados a nós, pela base sólida, que sempre nos deu forças para encarar a
vida de frente e principalmente por essa oportunidade única.
Aos avós, irmãos e tios que acompanharam nossa trajetória de perto, que com muito carinho e
apoio, nos incentivaram para que nós chegássemos até esta etapa de nossas vidas.
À professora e orientadora Beatriz Helena Eger Schmitt, pela oportunidade oferecida, por seu
apoio, amizade e amadurecimento dos nossos conhecimentos que foram essenciais para execução e
conclusão desta monografia.
À professora Elisabete Rabaldo Bottan, pelo convívio, apoio e incentivo que tornou possível a
conclusão desta monografia.
À banca examinadora, por terem aceitado nosso convite e pela contribuição na avaliação deste
trabalho.
Aos mestres, a nossa gratidão pela dedicação, amizade e por compartilharem conosco seus
conhecimentos e experiências nos auxiliando na busca da realização de nossos ideais profissionais e
pessoais.
Ao Hospital Santa Catarina de Blumenau, por permitir a realização desta pesquisa.
Aos pacientes que participaram da pesquisa, sem os quais não seria possível a realização da
mesma.
Às amigas e colegas Ana Luiza Heusi da Rocha, Fernanda Varella Slovinski, Joraci Teixeira da Silva
e Marcela Muller Silva pelo apoio, encorajamento, companheirismo e acima de tudo amizade.
Ao João Paulo Lopes pelo auxilio e incentivo para conclusão desta pesquisa.
E a todos aqueles que, direta e indiretamente, contribuíram para que esta monografia fosse
concluída.
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FOLHA DE APROVAÇÃO
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SUMÁRIO
1 ARTIGO. ................................................................................................................. 05 2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................. 17 3 ANEXOS ....... ......................................................................................................... 39
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1 ARTIGO
(A ser submetido à Revista Pesquisa Brasileira em Odontopediatria e Clínica
Integrada)
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CARACTERÍSTICAS DA CAVIDADE ORAL DE BEBÊS RECÉM-NASCIDOS DO
HOSPITAL SANTA CATARINA DE BLUMENAU – SC
CHARACTERISTICS OF NEW BORN’S BABIES ORAL CAVITY FROM THE
SANTA CATARINA HOSPITAL IN BLUMENAU - SC
Beatriz Helena Eger Schmitt
Mestre em Odontopediatria. Professora das disciplinas de Odontopediatria I e II, Clínica
Integrada (Materno-infantil) e Pacientes Especiais do Curso de Odontologia da Universidade
do Vale do Itajaí. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa do CNPQ Atenção à Saúde Individual
e Coletiva.
Mariana Niehues Damo
Acadêmica do curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí.
Sinara Helena Guzzi
Acadêmica do curso de Odontologia da Universidade do Vale do Itajaí.
Endereço para correspondência:
Beatriz Helena Eger Schmitt
Rua Prefeito Frederico Busch Junior, 255 – sala 305. Blumenau – SC - CEP: 89020400
Fone: (47) 84120093. E-mail: beschmit@terra.com.br
Resumo
Objetivo: Descrever as características morfológicas da cavidade oral de bebês recém-
nascidos a termo, por meio de prontuários odontológicos do sistema Tasy® do Hospital
Santa Catarina de Blumenau – SC. O projeto obteve o parecer favorável do comitê de ética
em pesquisa da UNIVALI – SC com o cadastro de número 283/09B. Método: Foram
7
avaliados os dados obtidos de 270 prontuários odontológicos, do Hospital Santa Catarina de
Blumenau – SC, de bebês recém-nascidos a termo, referentes ao período de agosto de
2006 a maio de 2010. Esta investigação se caracterizou como um estudo descritivo do tipo
transversal, mediante o levantamento de dados secundários. Os dados foram registrados e
agrupados com auxílio do programa Excel do Windows XP, sendo calculada a frequência
relativa. Após, foram apresentados de forma descritiva e em tabelas. Resultados: Observou-
se que sobressaliência (66,71%), pérolas de Epstein (47,78%), sucção adequada (100%),
freios e bridas normais (98,5%) foram os resultados mais prevalentes. Conclusão: Diante
dos resultados obtidos nesse estudo, pôde-se concluir que as características da cavidade
oral apresentaram-se normais, coincidindo com os dados encontrados na bibliografia.
Descritores Anormalidades da boca, Anatomia, Anormalidades congênitas.
Abstract
Objective: To verify the morphological characteristics of new born babies carried on term
through the Tasy® dental records system at the Hospital Santa Catarina in Blumenau – SC.
UNIVALI’s committee of ethics in research passed a favorable sentence on the project under
the cadastre number 283/09B. Method: data from August 2006 till May 2010 obtained from
270 dental records were evaluated. This investigation was characterized as a transversal
type descriptive study, by means of the survey of secondary data, from the dental records of
the Hospital Santa Catarina in Blumenau – SC of new born babies carried on term,
formulated and filled based on the clinical studies realized by one sole investigator, duly
calibrated, through visual inspection. Data was registered and grouped with the aid of the
Windows XP Excel program, the relative frequency being calculated. Afterwards, the data
was presented in charts and descriptive format. Results: it could be observed that overjet
(66.71%), Epstein pearls (47.78%), adequate suction (100%), normal oral mucosa (10%),
normal frenum (98.5%) were the most prevalent results. Conclusion: in view of the results
obtained in this study, we can conclude that pathological alterations were not very evident,
coinciding with the data found in bibliography.
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Descriptors Mouth abnormalities, anatomy, congenital abnormalities.
Introdução
A Odontologia para bebês visa contribuir na formação de uma geração com menos
problemas dentários, com mais qualidade de saúde bucal e mais consciente da importância
da prevenção. 15
A tendência atual no campo da saúde é dar ênfase a um atendimento precoce, que
se inicia antes do primeiro ano de vida. Hoje em dia, não é tão difícil ver que crianças de
poucos dias ou meses de vida estejam sendo levadas ao consultório odontológico para
receberem os primeiros conselhos educativos ou devido à existência de alguma alteração
ou anomalia. 10
Seguindo esta tendência, é importante que profissionais da saúde, responsáveis pelo
bem-estar geral da criança, tenham o conhecimento necessário sobre as características
morfológicas de uma cavidade bucal considerada dentro dos padrões da normalidade ao
nascimento. 10 Por isso é necessário saber reconhecer e diagnosticar de maneira segura e
correta as anormalidades em estágios precoces e as prováveis anomalias que se
apresentam nestes pacientes, a fim de orientar, alertar e tranquilizar pais e responsáveis e,
quando necessário, indicar o tratamento adequado.
É importante explicar aos pais as alterações e anormalidades que podem ser
encontradas, orientar se há necessidade de intervenções cirúrgicas, como no caso de freios
e bridas com inserção inadequada, presença de dentes natais com mobilidade ou que
tenham indicação de extração; uso de exercícios adequados quando da ocorrência de
sobremordida, mordida aberta e sobressaliência. Devemos sempre salientar que as
alterações podem ocasionar limitações como dificuldades de alimentação, aparecimento de
lesões, por isso a grande importância do diagnóstico precoce. Estimular os pais no sentido
de manter o aleitamento natural, concentrando a atenção em três funções importantes,
sucção, respiração e deglutição.
9
Este trabalho apresenta relevância por se tratar de um tema com escassez de
publicações recentes.
Com este trabalho objetivou-se verificar as características da cavidade oral de bebês
recém-nascidos a termo por meio de prontuários odontológicos do Hospital Santa Catarina
de Blumenau – SC, bem como fornecer uma bibliografia mais atualizada sobre o assunto.
Metodologia
Esta investigação se caracterizou como um estudo descritivo do tipo transversal,
mediante o levantamento de dados secundários, através da consulta aos prontuários
odontológicos, do sistema Tasy® do Hospital Santa Catarina de Blumenau – SC, de bebês
recém-nascidos a termo.
Foram analisados 270 prontuários, referente ao período de agosto de 2006 a maio
de 2010. Estes formulários foram preenchidos a partir de exames clínicos realizados por um
único examinador, devidamente calibrado, através de inspeção visual. Junto aos prontuários
foram coletados dados referentes à morfologia da cavidade oral dos bebês.
Foram consideradas para fins desta pesquisa as seguintes características: relação
de rodetes gengivais, aspecto da mucosa oral, freios e bridas, presença de pérolas de
Epstein, nódulos de Bohn, epúlide congênita e dentes natais.
Os dados foram registrados e agrupados com auxílio do programa Excel do Windows
XP, sendo calculada a frequência relativa. Após, foram apresentados de forma descritiva em
tabelas.
Resultados
A partir dos dados analisados nos prontuários, verificou-se que todos os bebês
apresentavam apoio para sucção e cordão de Robin Magitot. Quanto à relação de rodetes
gengivais, na tabela 1 estão descritas as freqüências destas relações.
10
Tabela 1: Distribuição da frequência relativa para relação de rodetes gengivais. Relação de Rodetes Gengivais Número %
Encostados anteriormente 54 20,00
Sobremordida 9 3,31
Sobremordida acentuada 3 1,1
Sobressaliência 97 35,92
Sobressaliência acentuada 2 0,74
Mordida topo a topo 3 1,1
Mordida aberta anterior 21 7,78
Sobressaliência + Sobremordida 59 21,85
Sobressaliência + Mordida Aberta 22 8,2
TOTAL 270 100
Do total de 270 prontuários, identificou-se a presença de alterações em 195, ou seja,
72,2% dos prontuários referiram alterações, conforme tabela 2.
Tabela 2: Distribuição da frequência relativa para alterações.
Alterações Número %
Pérolas de Epstein 78 40,0
Nódulos de Bohn 35 18,0
Pérolas + Nódulos 51 26,2
Epúlide congênita 2 1,0
Dente natal 1 0,5
Freio tetolabial persistente 12 6,2
Freio lingual curto 10 5,1
Mucocele 1 0,5
Rânula 1 0,5
Palato bastante ogival 3 1,5
Língua volumosa 1 0,5
TOTAL 195 100
11
Discussão
As alterações orais congênitas são ocorrências comuns em bebês de 0 à 6 meses de
idade22 . Na mucosa oral de bebês, a presença de algum tipo de alteração, na sua maioria, é
benigna e não requer nenhum tipo de tratamento específico4, 22.
Há freios e bridas inseridos nos rebordos gengivais dos recém-nascidos que ajudam
a formar o vácuo, facilitando a sucção do leite. O que mais se destaca, por seu volume, é o
freio do lábio superior, que nesta fase, é amplo, de inserção baixa, firmemente aderido ao
rebordo e vai até a papila incisiva6. Nossos resultados mostraram que, 88,7% dos bebês
analisados apresentaram os freios e bridas normais, o freio lingual curto foi encontrado em
5,1% e o freio tetolabial persistente em 6,2% bebês. O freio tetolabial persistente tem como
tratamento indicado a remoção cirúrgica, quando há dificuldade de sucção. O freio lingual
curto, também conhecido por anquiloglossia, é uma anomalia frequente e ocorre pela
inserção do freio muito próxima da ponta da língua13. Neste período, à medida que o
aleitamento é exercido, a língua vai se desenvolvendo e o freio vai se reinserindo mais para
trás, não havendo necessidade de intervenção. Somente por volta dos 3 a 4 anos se houver
persistência do freio lingual curto é que deve-se atuar6. Dentre as alterações que mais
acometem a cavidade bucal da criança, as alterações de língua merecem destaque pela alta
incidência observada13.
Todos os recém-nascidos apresentavam o cordão de Robin e Magitot, o que é
normal em todos os bebês, de acordo com alguns autores13, 26. Este cordão funciona como
auxiliar na sucção do bebê propiciando o vedamento dos maxilares. O seu desaparecimento
parcial ou total é um fator indicativo da época da irrupção dentária13, 27.
A epúlide congênita apareceu em 1% dos bebês neste estudo, sendo uma lesão
totalmente benigna de origem congênita15, 18. É um tumor gengival de ocorrência rara, cuja
evolução cessa ao nascer, mais frequente no sexo feminino e mais comum em região
anterior de maxila3, 15. O diagnóstico só pode ser concluído com exame histopatológico e o
tratamento seria a remoção cirúrgica da lesão3, 16.
12
As pérolas de Epstein e os nódulos de Bohn embora sendo de ocorrência comum em
recém-nascidos17, são considerados como anomalias por vários autores9, 10,13,27. As pérolas
de Epstein são remanescentes embrionários de tecido epitelial ao longo da rafe palatina e
os nódulos de Bohn seriam remanescentes de glândulas mucosas localizados por vestibular
ou lingual do rebordo do osso alveolar6,13. Não é necessária intervenção nos mesmos, pois
não causam dor e desaparecem espontaneamente em poucas semanas6, 13,16, 17. Neste
estudo, as pérolas de Epstein isoladas apareceram em 40% dos bebês e os nódulos de
Bohn isolados em 18%, sendo que 26,2% dos bebês apresentavam ambos, concordando
com outros estudos17, 22.
O mucocele e a rânula foram alterações pouco encontradas neste estudo (0,5%
cada). A rânula é ocasionada pela obstrução de glândulas salivares maiores, como por
exemplo a glândula sublingual, e se forma do assoalho bucal. Já o mucocele é uma
alteração que ocorre pela obstrução dos ductos de glândulas salivares menores, sendo sua
localização mais comum no lábio inferior13.
A prevalência de dentes natais é baixa, sendo a maioria dentes da série normal.
Estes dentes podem apresentar mobilidade, sendo então passível de aspiração, além de
também poderem machucar a criança, provocando desconforto. Tendo em vista estes
fatores o profissional deve ter condições de optar pela sua exodontia ou não6. Os dentes
natais foram observados em apenas 0,5% dos bebês; sendo considerada uma anomalia de
erupção11,28.
Ao nascimento, a mandíbula encontra-se em posição mais posterior em relação à
maxila2,7,10,12,20,23-25. Neste estudo, a sobressaliência estava presente em 66,71% dos casos.
A relação de sobremordida de rodetes gengivais são condições normais nos recém-
nascidos10,25. Os resultados mostraram presença de sobremordida em 25,16% dos bebês
analisados e sobremordida exagerada em 1,1%, diferindo do estudo de Castro et al (2002)
que encontraram sobremordida exagerada em 26,6% dos casos.
13
A mordida aberta é considerada normal ao nascimento25. Nesta investigação, 15,98%
dos bebês apresentaram esta condição, sendo considerado um índice extremamente baixo,
quando comparado a outros estudos8,20.
Conclusão
Diante dos resultados obtidos nesse estudo, pôde-se concluir que as características
da cavidade oral apresentaram-se normais, coincidindo com os dados encontrados na
bibliografia.
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17
2 REVISÃO DE LITERATURA
18
Clinch (1934) teve como objetivo avaliar as variações de relação mútua dos
rodetes maxilar e mandibular em bebês recém-nascidos. Foram moldados 400
bebês-recém nascidos, através de moldagens com material de impressão, para que
fosse possível a analise detalhada dos modelos articulados, com o intuito de verificar
a relação de rodetes gengivais dos mesmos. Observou-se que os rodetes gengivais
se tocam na região posterior, deixando um espaço na região anterior. Se for
exercida uma pressão, haverá um ponto de rotação na região posterior, que
determinará deslocamento da articulação, resultando em um contato na região
anterior. Quanto à análise dos rodetes gengivais, pôde-se estabelecer 3 tipos de
relacionamento entre eles, sendo: arco inferior mais para lingual em relação ao
superior, com ou sem espaço vertical na região anterior; arco inferior mais posterior
em relação ao superior, com ou sem espaço vertical na região anterior; arco inferior
exageradamente posicionado para lingual e distal comparado ao arco superior. De
acordo com essa classificação, 280 crianças (70%) apresentaram arco inferior mais
para lingual, destas, 204 tinham espaço vertical anterior; 108 crianças (27%)
apresentavam arco inferior mais posterior, destas, 46 tinham espaço vertical
anterior; 12 crianças (3%) apresentaram arco inferior exageradamente para lingual e
distal com relação ao superior. A autora concluiu neste estudo, que a mandíbula do
recém nascido, em sua maioria, localizava-se mais lingualmente que a maxila, e 250
bebês apresentaram espaço vertical anterior.
Sillman (1938) apresentou evidências sobre a relação dos rodetes maxilar e
mandibular no recém-nascido, e mostrar se as suas variadas relações têm algum
efeito em suas dimensões. Observações foram feitas em 709 bebês com 1 a 11 dias
de idade e 134 moldagens da maxila e mandíbula foram realizadas em 113 bebês,
obtendo-se com modelos de gesso, uma moldeira individual. Algumas moldeiras de
prova foram feitas de um metal leve, foram realizadas moldagens da maxila e
mandíbula com godiva. Os modelos foram vazados no gesso e moldeiras mais
adaptadas foram confeccionadas. No começo de uma série de 20 moldagens, foram
observadas as relações de rodetes gengivais. Foi tirada mordida em cera com uma
peça de metal coberta por duas folhas de cera. O bebê foi colocado na posição
supina e a primeira mordida tirada somente quando este estava em estado de
completo repouso. A mandíbula foi, então, pressionada gentilmente obtendo-se a
impressão dos rodetes na cera. O autor pode observar que o sulco labial está num
aspecto mais para fora do arco, enquanto o sulco dental e gengival, mais para
19
dentro, também, que há um pico proeminente no rodete mandibular geralmente
entre os segmentos dos futuros caninos. A papila incisiva divide os sulcos dentais e
gengivais em metades laterais, e na maioria dos bebês analisados, o freio labial não
estava contínuo com a papila incisiva. O autor concluiu que, para determinar uma
relação precisa de rodetes gengivais, modelos teriam que ser feitos e articulados,
por meio de uma mordida em cera; o rodete gengival mandibular estava mais distal
do que o da maxila; que ocorreu um movimento limitado ântero-posterior da
mandíbula, mas não houve movimentos de lateralidade; quando os maxilares
estavam em repouso, os rodetes gengivais não se encontravam.
Richardson e Castaldi (1967) tiveram como objetivo observar o crescimento e
desenvolvimento da dentição humana desde o início da vida, monitorando
diferenças na dimensão entre os arcos dentários e relações oclusais. Foram
realizadas moldagens dos maxilares de 18 meninos e 20 meninas, obtidos
novamente a cada 6 meses de intervalo. Primeiramente, foi realizada uma
moldagem com alginato de presa rápida. A criança era colocada de bruços e foi
inserida uma moldeira de acrílico perfurada, com cera nas bordas, carregada com o
alginato. Os moldes foram vazados com gesso, que foi recortado e polido. A relação
dos maxilares foi registrada com uma mordida em cera com um metal do meio. Esta
mordida foi realizada antes da moldagem e com a criança deitada. Usaram-se
pontos de referência que foram marcados com lápis nos modelos para posterior
medição. Os autores observaram haver um pequeno crescimento na região anterior
dos arcos mandibular e maxilar do nascimento aos 21 meses, a média da
sobressaliência diminuiu na região de incisivos, e aumentou na região de molares,
entre 0 a 24 meses de idade. Isso indica que o crescimento para frente da
mandíbula é maior do que o da maxila. Uma abertura anterior estava presente em
24 dos 35 casos. Os autores concluíram que, a porção anterior dos arcos dentários
aumentou ligeiramente do nascimento aos 12 meses, mas exibiu pequenas
mudanças após isto. Este aumento foi maior na maxila do que na mandíbula. Ao
nascimento, o arco mandibular estava mais posteriorizado do que o maxilar. Essa
relação diminuiu progressivamente até os 21 meses. Uma mordida aberta anterior
estava presente em 71,5% dos casos, a falta desta abertura pode ser um fator de
desenvolvimento de uma oclusão anormal.
Ando e Psillakis (1973) realizaram um estudo morfológico dos rebordos
gengivais e da ATM, bem como algumas considerações de aspectos radiográficos
20
dos continentes ósseos que encerram, dentro de si, as unidades dentárias, ao
nascimento. Foi examinada uma criança natimorta, de cor branca e do sexo
feminino. Foi realizado um exame clínico bem como moldagens com moldeiras de
acrílico previamente confeccionadas, sendo o alginato o material de impressão. Os
autores observaram que a maxila apresentou-se com pouca profundidade, porém,
rica em acidentes anatômicos. Em vista frontal a superfície vestibular apresentou
proeminências, indicativas das coroas dos dentes decíduos. A região do palato
apresentou-se bem marcada, com rugosidades palatinas. A papila incisiva estava
nítida, bem como as papilas caninas e os sulcos laterais. Na mandíbula o acidente
anatômico mais evidente foi a presença do sulco lateral, por distal da papila canina.
Por vestibular foram notadas também saliências. A região anterior apresentou-se
flácida e com morfologia biselada no sentido vestíbulolingual. A mandíbula
apresentou-se mais distalizada que a maxila. Os autores concluíram que ao
nascimento, a mandíbula está mais posicionada distalmente em relação à maxila.
Simpson e Cheung (1973) descreveram a relação de rodetes gengivais em
bebês recém-nascidos. Um número de 188 bebês foram examinados e fotografados
com os rodetes em oclusão. Foram obtidas moldagens e fotografias dos rodetes
maxilar e mandibular de outros 150 bebês. Modelos de gesso foram obtidos destas
moldagens e articulados por uma mordida em cera. As moldagens e fotografias
foram repetidas aos 4 e 8 meses. Foi usada uma classificação para determinar a
oclusão dos bebês, observando overbite, porção anterior do rodete maxilar sobre o
mandibular em direção vertical, enquanto a porção posterior está em contato;
overjet, projeção da porção anterior do rodete maxilar em relação ao mandibular em
direção horizontal, quando a porção posterior está em contato; overbite-overjet,
combinação de ambas as condições; end-to-end, porções anteriores dos rodetes
encontram-se sem overbite ou overjet, enquanto a porção posterior está em contato;
open bite, espaço vertical entre a porção anterior dos rodetes gengivais, enquanto a
porção posterior está em contato. Os autores observaram, em um estudo preliminar
de 100 bebês, variando de 7 horas a 12 dias de vida, uma mordida aberta anterior
em apenas 11%, índice este, extremamente baixo se a mordida aberta é
considerada natural ao nascimento, como sugerido em outras publicações. Os
autores concluíram que, a mandíbula foi encontrada em posição mais posterior em
relação à maxila em 97% dos casos analisados; era notável a discrepância
esquelética entre os arcos dentários; os resultados indicaram que relação de
21
overbite-overjet ou overbite anterior de rodetes gengivais foram condições normais
nos recém-nascidos.
Camargo e Bausells (1997) discorreram o atendimento longitudinal e
continuado na clínica odontopediátrica, mostrando características do recém-nascido,
afirmando que o campo de ação do odontopediatra é vasto, dinâmico e muito
abrangente. A mandíbula do recém-nascido é bastante retruída com relação à
maxila, variando de 3 a 10 mm. Isso se deve ao modo como o feto se acomoda no
útero. No entanto, é normal nessa fase. Com o tempo e com os movimentos da
boca, a mandíbula vai se projetando para a frente, cresce mais rapidamente e se
alinha com a maxila. O recém-nascido tem palato mais achatado e menos profundo,
o arco superior mais arredondado e o arco inferior com forma de U, formatos que
favorecem a sucção. Os freios, pregas e bridas inseridos no rebordos gengivais
ajudam a formar o vácuo, facilitando a sucção do leite. Existem pregas na face
interna dos lábios e das bochechas que vão até o rebordo. A que mais se destaca,
por seu volume, é o freio do lábio superior, que nesta fase, é amplo, de inserção
baixa, firmemente aderido ao rebordo e vai até a papila incisiva. Os autores puderam
concluir que, conhecendo a normalidade em cada fase do desenvolvimento, os
fatores que devem ser estimulados e os que devem ser evitados, é possível prevenir
cáries e maloclusão ou, pelo menos, interceptar os desvios precocemente.
Corrêa, Villena e Francisco (1998) tiveram como objetivo expor as
características normais e as prováveis anomalias que com maior frequência
apresentam-se nos recém- nascidos, dando ênfase ao atendimento precoce, que se
inicia antes do primeiro ano de vida. Foram examinadas clinicamente 70 crianças
recém-nascidas (0–6 dias), sendo 40 do gênero masculino e 30 do feminino, no
Departamento de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital Ipiranga em São Paulo. Com
a finalidade de diminuir possíveis erros no trabalho, foram selecionados três
operadores com funções preestabelecidas: Operador 1: encarregado de avaliação
clínica e do posicionamento da mandíbula em relação à maxila para medir a relação
anteroposterior e frontal dos maxilares. Esta foi evidenciada levando a mandíbula
cuidadosamente em contato com a maxila e tomando como padrão a coincidência
na região anterior dos freios (linha média imaginária), e no contato na região
posterior dos rodetes e tomando em consideração também os sulcos laterais e
papilas caninas. O exame clínico foi realizado com luz natural. Operador 2:
encarregado da medição do relacionamento intermaxilar e das anotações dos
22
achados clínicos. Operador 3: responsável pelo preenchimento do questionário
apresentado às mães e pelas fotografias. A relação anteroposterior dos maxilares foi
classificada em mesial ou anteriorizada, topo a topo e distal, da maxila em relação à
mandíbula e a sobressalência determinada em milímetros. Na avaliação frontal,
observaram-se características dos rebordos na região anterior (em milímetros),
sobremordida, espaço vertical anterior quando os segmentos posteriores estavam
em contato. Sobre anomalias de erupção, os critérios foram: dente natal quando o
bordo incisal estava irrompido ao nascimento e dente neonatal quando o dente fez
erupção nos primeiros 30 dias de vida. Foram encontrados também cistos na
mucosa oral dos recém-nascidos: pápula ou mácula esbranquiçada de 1 a 3
milímetros, com bordos definidos circundando a mucosa. A subdivisão foi realizada
segundo a sua localização, em alveolar e palatal. Os resultados mostraram que em
47,1% recém-nascidos os rebordos ântero-superiores apresentavam-se lisos e
arredondados, em 52,9% estavam irregulares; na relação intermaxilar, 95,7%
apresentaram uma relação distal da mandíbula ou uma anteriorização da maxila;
4,3% apresentaram relação topo a topo e nenhum caso em que a mandíbula
estivesse anteriorizada. A sobressalência variou de 2 a 6 mm; 91,42% apresentaram
sobremordida variando de 1 à 5mm; 4,28% apresentaram afastamento anterior dos
rodetes e 4,28% uma relação frontal topo a topo; 24,9% apresentaram alguma
anomalia de erupção ou desenvolvimento; 28,5% apresentaram cistos alveolares
com maior frequência na maxila; 12,9% apresentaram cisto no palato e 2,9% cisto
tanto no palato como no alvéolo; 1,4% apresentou dois dentes neonatais (incisivos
centrais inferiores). Os autores concluíram que o transpasse horizontal e vertical
entre os rodetes foi a característica mais frequente nos recém-nascidos; 42,8%
apresentaram alguma anomalia; o cisto alveolar foi a mais comum, em 28,5% das
crianças e a localização preferencial foi na maxila.
Ranly (1998) teve como objetivo fazer uma revisão de literatura sobre o
desenvolvimento orofacial durante os primeiros três anos de vida da criança. A
relação dos maxilares com a base do crânio era estabelecida por volta da vigésima
semana, como a retrognatia da mandíbula relativa à maxila. A retrognatia
mandibular foi significante como característica do recém-nascido. De fato, nenhum
estudo in vivo reportou alguma vez uma mandíbula prognática ao nascimento. O
palato e os rodetes gengivais, ao nascimento, possuíam forma única, sulcos
característicos, que são perdidos durante o nascimento e irrupção dentária. O rodete
23
mandibular tinha forma de U e não coincidia com a maxila. O freio labial foi
encontrado contínuo a papila incisiva em 25% dos recém-nascidos. O rodete maxilar
era dividido em 10 segmentos e correspondiam aos 10 germes dos dentes decíduos
em desenvolvimento. A segmentação do rodete mandibular não era tão pronunciada
como na maxila. A gengiva era firme e dura. O crescimento anterior da maxila
diminuiu durante os primeiros 6 a 9 meses de vida. Essa redução de velocidade
combinada com o contínuo crescimento da mandíbula superou a retrognatia severa
do maxilar inferior. O autor concluiu que o conhecimento do cirurgião-dentista sobre
o desenvolvimento orofacial nos primeiros anos de vida é cada vez mais importante
e necessário, devido ao aumento do interesse dos pais sobre a saúde oral das
crianças, além dos achados evidentes sobre o desenvolvimento das más oclusões
em idades precoces, na tentativa de prevenção e/ou tratamento precoce das
mesmas.
Jesus et al. (1999) apresentaram e discutiram aspectos relacionados ao
diagnóstico, tratamento e prognóstico da epúlide congênita do recém-nato, relatando
um caso clínico no qual essa lesão foi observada em recém-nato do sexo feminino.
Paciente T.R.R., sexo feminino, aos nove dias de vida, compareceu ao pronto
socorro do Núcleo de Odontologia para bebês, para avaliação de uma lesão
presente na gengiva, observada desde o nascimento. Ao exame clínico, foi
observada proliferação gengival dupla situada na região ântero-lateral esquerda da
mandíbula, medindo 5mm. Ao exame radiográfico, constatou-se não haver relação
da lesão com germes dentais decíduos. Após análise dos achados, decidiu-se por
remoção cirúrgica da lesão. Logo após o ato cirúrgico, a criança foi amamentada,
pois, além de auxiliar na hemostasia, este ato ajuda a tranqüilizar criança e pais. O
fragmento foi submetido à análise histopatológica sendo que o diagnóstico definitivo
da lesão foi de epúlide congênita. Depois de cinco dias, a criança retornou e foi
observado que a cicatrização estava ocorrendo de maneira satisfatória. De maneira
genérica, os achados clínicos e radiográficos são suficientes para se fazer um
diagnóstico presuntivo de epúlide congênita do recém-nato. Embora essa lesão seja
mais comumente observada na maxila, neste caso observou-se ocorrência na região
anterior de mandíbula. A epúlide congênita do recém-nato é uma lesão totalmente
benigna que ocorre em momentos bastante precoces da vida, por isso pode
assustar aos pais, que devem ser informados sobre os aspectos relativos ao
tratamento e prognóstico. Os autores concluíram que é importante que o cirurgião-
24
dentista esteja preparado para estabelecer o diagnóstico correto e realizar o
tratamento adequado da epúlide congênita.
Laskaris (2000) definiu os cistos gengivais do recém-nascido como cistos
pequenos cheios de queratina, sendo remanescentes da lâmina dentária e
geralmente encontrados na mucosa alveolar da maxila. Suas características clínicas
seriam nódulos esbranquiçados podendo ser múltiplos ou isolados, assintomáticos,
nos processos alveolares dos neonatos com 1-3mm de diâmetro. Estes regridem
espontaneamente em poucas semanas. O autor definiu também os dentes natais
como sendo aqueles presentes ao nascimento, e os neonatais com aqueles que
irrompem no primeiro mês de vida. Ambos geralmente são dentes decíduos
regulares com raízes imperfeitas, podendo às vezes serem extranumerários. Sua
etiologia pode ser multifatorial podendo envolver fatores locais, sistêmicos e
principalmente genéticos. Os dentes natais podem dificultar a amamentação, sendo
que são os incisivos centrais inferiores. O autor coloca que o tratamento para dentes
natais seria a exodontia devido aos problemas de alimentação. Quanto à epúlide
congênita, o autor a definiu como sendo uma neoplasia singular ocorrida somente no
rebordo alveolar de neonatos, sendo sua etiologia desconhecida. Sua característica
clínica seria como um tumor assintomático, geralmente solitário, pedunculado, de
coloração normal podendo ser avermelhado também e com superfície lisa. O
diagnóstico só pode ser concluído com o exame histopatológico e o tratamento seria
a remoção cirúrgica.
Ferreira et al. (2000) realizaram uma revisão de literatura objetivando
conhecer profundamente a dinâmica do crescimento facial, descrevendo suas fases
e principais características. A forma da face do ser humano é o resultado de
influências genéticas e ambientais e após o nascimento, a mandíbula passa a
desempenhar um papel importante na morfologia da face, ficando o crescimento da
maxila dependente da harmonia do crescimento mandibular. O corpo da mandíbula
do recém-nascido cresce e alonga-se mesialmente, assim como distalmente, através
de um padrão de remodelamento, em conjunção com a dentição decídua. A posição
mais retrusiva da mandíbula da criança é normal, e ocorre em razão das fossas
cranianas anteriores situarem-se logo acima do complexo nasomaxilar. A deficiência
no crescimento ântero-posterior da mandíbula está relacionada à má oclusão de
classe II de Angle, e o crescimento em maior proporção da mandíbula em relação à
maxila, à má oclusão de classe III. Quando a respiração se inicia, ao nascimento, há
25
uma via aérea adequada para a passagem de ar para os pulmões, esta que é
mantida através da atividade muscular da língua, paredes da faringe e da postura
anterior da mandíbula. No bebê, o reforço na manutenção da respiração nasal pode
ser estimulado por meio do aleitamento natural, pois este estimula o crescimento
ântero-posterior da mandíbula e reforça o circuito fisiológico da respiração nasal. Os
autores concluíram que é necessário que o odontopediatra tenha conhecimento
sobre o crescimento facial e em especial dos ossos maxilares, podendo assim, atuar
na prevenção, diagnóstico e tratamento de más oclusões cada vez mais
precocemente.
Baldani, Lopes e Scheidt (2001) investigaram a prevalência de alterações
bucais em crianças atendidas nas clínicas públicas de bebês de Ponta Grossa - PR,
bem como uma revisão da necessidade de tratamento de tais condições. Foi
realizado um estudo transversal onde se examinaram 200 bebês (108 do gênero
masculino e 92 do feminino), destes, 130 apresentavam idade entre 0 e 12 meses e
70 delas, entre 13 e 24 meses. O exame clínico dos bebês foi realizado em macri
(maca-criança), com luz natural, espátula abaixa–língua ou gaze embebida em
água, o qual foi conduzido por um único examinador (odontopediatra). Os pacientes
que apresentaram alterações em cavidade bucal passaram por um segundo exame,
em dispensário odontológico, com luz de refletor, conduzido por dois examinadores
(um odontopediatra e um estomatologista) e, quando necessário, foi instituído o
tratamento. Dos bebês avaliados, 21% apresentaram alteração de mucosa, a faixa
etária na qual as alterações foram mais freqüentes foi dos 0 aos 3 meses (26,98%).
Considerando apenas as crianças afetadas, as alterações mais prevalentes foram os
cistos de inclusão (35,71%), seguidos de língua geográfica (23,81%) e candidíase
(11,9%). Os cistos de inclusão foram mais freqüentes no gênero feminino (10,87%) e
a língua geográfica foi mais prevalente no masculino (6,48%). Não foram
encontrados tumores. O estudo revelou, ainda, que não foi necessário tratamento
em 76,19% dos casos. Concluindo, os resultados indicam que a maioria das
alterações bucais nessa faixa etária são benignas e não requerem nenhum tipo de
tratamento específico. Mesmo assim, faz-se importante que os profissionais que
atuam com crianças conheçam tais alterações, no sentido de tranqüilizar os pais e
de estarem atentos para a necessidade de alguma intervenção.
Sanchez et al. (2001) investigaram os valores do grau de sobressaliência de
roletes gengivais de bebês recém-nascidos e sua associação com o tipo de parto e a
26
dificuldade de bebês em sugar o seio materno. Foram examinados 103 bebês
recém-nascidos a termo em dois hospitais da rede pública da cidade do Rio de
Janeiro, com critérios de inclusão do tipo a termo (de 38 semanas a 41 6/7
semanas), peso (apropriado para a idade gestacional), Apgar 10 (score para cada
sinal específico do bebê), sem distinção de raça, gênero. A medida da
sobressaliência foi realizada com régua milimetrada, quando a mandíbula era
manipulada até a posição de máximo fechamento. As medidas foram realizadas por
três vezes e anotadas após concordância das duas participantes. As mães foram
entrevistadas sobre o tipo de parto e dificuldade de amamentação natural. Os
resultados mostraram que a maxila estava à frente da mandíbula em 96% dos bebês
e o grau de sobressaliência variou entre 0 a 7 mm, e que a média foi de 3,49mm
(±1,58). Do total dos 34,4% bebês nascidos de cesariana tinham sobressaliência
entre 0 e 2,0mm. Dos bebês com sobressaliência > 4,0mm, 79,3% não tinham
dificuldade de sugar o seio. Os autores concluíram que houve uma tendência de
bebês nascidos de cesariana a apresentar sobressaliência menor do que bebês
nascidos de parto normal, embora esta associação não tenha sido estatisticamente
significativa. A maxila estava à frente da mandíbula na maioria dos bebês recém-
nascidos. Também, não foi possível relacionar o grau de sobressaliência aumentada
com dificuldade de sugar o seio materno na amostra avaliada.
Suga (2001) relatou que o rebordo gengival dos rodetes de bebês pode
apresentar um espaço na região anterior (espaço mesial anterior). A presença deste
espaço na região anterior dos rodetes gengivais não ocorre em todas as crianças e
também não está associada com a presença de futura mordida aberta anterior na
dentição decídua. Em vista lateral, os rodetes inferiores apresentam-se posicionados
dorsalmente. Em vista oclusal, existe um cordão fibroso de Robin e Magitot bem
desenvolvido, localizados sobre as regiões dos incisivos e caninos e nos bordos
livres dos rodetes que normalmente desaparece com a irrupção dos dentes. Nas
regiões anterior e vestibular dos rodetes, verificam-se abaulamentos que coincidem
com a presença dos germes dos incisivos e caninos.
Bessa, Santos e Carmo (2002) tiveram como objetivo realizar um estudo
piloto sobre a prevalência de alterações da mucosa bucal em crianças de 0 -12
anos, atendidas no ambulatório de Pediatria do Hospital das Clínicas da
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Foram examinadas 170 crianças de
0 a 12 anos, que foram divididas em duas faixas etárias: 61% de 0 a 4 anos e 39%
27
de 5 a 12 anos, sendo 78 (45,9%) do gênero feminino e 92 (54,1%) masculino. Do
total, 50% eram feodermas, 33% leucodermas, 17 % melanodermas. Os pacientes
foram classificados socioeconomicamente e os dados relevantes da história médica
foram obtidos através dos prontuários médicos. O exame clínico da mucosa bucal foi
realizado por duas examinadoras com o auxílio de luz artificial, observando-se as
normas universais de biossegurança e seguiu uma sequência padronizada e
preestabelecida na seguinte ordem: lábio superior e sulco vestibular superior,
gengiva e rebordo superior, palato duro e mole, orofaringe, dorso de língua, bordas
laterais da língua direita e esquerda, ventre de língua, assoalho bucal, gengiva e
rebordo inferior, sulco vestibular inferior e mucosa jugal direita e esquerda, lábio
inferior e comissuras labiais. Os resultados foram: 48 (28,2%) apresentaram
alteração da mucosa (22 meninas e 26 meninos); 25,2% das crianças de 0 à 4 anos
apresentavam algum tipo de lesão. Foram identificados 10 casos de língua
geográfica, 5 de lesão traumática, 2 de candidíase atrófica aguda, 2 de candidíase
pseudomembranosa, 1 de anquiloglossia, 1 de cisto gengival do recém-nascido, 1
de exostose osteopetrose, 1 de impetingo, 1 de lesão vascular, 1 de queilite
esfoliativa, 1 de afta recidivante e 1 de úlcera por queimadura. A frequência de
alterações segundo a localização entre a faixa etária de 0 a 4 anos foi: 26 na língua,
1 no assoalho bucal, 2 na comissura labial, 1 na gengiva, 1 na mucosa alveolar, 2 na
mucosa jugal, 4 no palato, 5 na semimucosa labial. Os autores concluíram que a
prevalência de crianças acometidas foi de 28%, sem diferenças quanto ao gênero. A
ocorrência de lesões foi maior na faixa etária de 0 a 4 anos, embora essa diferença
não seja estatisticamente significativa. A língua geográfica foi a mais prevalente
nessas crianças, sendo a língua o local mais afetado por alterações e o assoalho,
gengivas e mucosa alveolar os menos afetados. Não houve diferença na prevalência
das alterações de mucosa com relação à classe socioeconômica e quanto ao uso de
medicamentos.
Castro et al. (2002) verificaram as características dos arcos dentários de
crianças na faixa etária de 6 a 39 meses, matriculadas em quatro creches do
município do Rio de Janeiro, Brasil. A amostra foi constituída de 188 crianças,
saudáveis, de ambos os gêneros. Foram avaliadas a forma dos arcos dentários,
sobressaliência e sobremordida, relacionando-as com gênero e fase de
desenvolvimento da dentição decídua. Os exames clínicos foram realizados por um
único examinador, devidamente calibrado, auxiliado por um anotador, sob luz natural
28
e através de inspeção visual, seguindo as normas de biossegurança. O examinador
posicionava-se de frente para a criança que estava sentada em uma cadeira tipo
bebê-conforto (6-14 meses) ou em uma pequena cadeira com a cabeça apoiada (15-
39 meses). A amostra foi dividida em 4 grupos de acordo com a sequência de
erupção dos dentes decíduos: Grupo 0 (ausência de dentes), Grupo 1 (incisivos
centrais ou laterais irrompidos), Grupo 2 (primeiros molares irrompidos, com ou sem
caninos), Grupo 3 (dentição decídua completa). A forma dos arcos dentários
superiores foi classificada em arredondada ou triangular e, dos inferiores, em forma
de “U” ou quadrada. A medida com régua milimetrada de plástico, adaptada ao
tamanho da cavidade bucal dos bebês, em oclusão cêntrica. Para as crianças do
Grupo 0, esta avaliação foi realizada através da observação do trespasse vertical
existente entre os rodetes gengivais superior e inferior. Com relação ao arco
superior, 68,6% das crianças possuíam arco arredondado e 31,4% forma triangular.
Quanto ao arco inferior, 92% o apresentaram em forma de “U” e 8% em forma de
quadrado. A sobressaliência moderada ocorreu em 38,3%, enquanto que a leve
ocorreu em 30,3% das crianças. A sobremordida exagerada (26,6%) e a negativa
(25,5%) foram as mais prevalentes. Não houve diferença significativa entre as
frequências das diferentes formas dos arcos dentários, sobressaliência e
sobremordida em relação ao gênero. Houve uma associação estatisticamente
significante entre a forma dos arcos superiores, o grau de sobressaliência e o grau
de sobremordida em relação à fase de desenvolvimento da dentição. No presente
estudo, foi possível observar um aumento significativo das más oclusões com a
erupção dos primeiros molares decíduos e elevação da dimensão posterior. Dessa
forma, torna-se extremamente importante que a primeira visita odontológica ocorra
no primeiro ano de vida, possibilitando ao odontopediatra a prevenção ou
diagnóstico precoce de más oclusões na dentição decídua em desenvolvimento.
Yared e Yared (2002) tiveram como objetivo mostrar a importância da decisão
de tratamento com relação aos dentes natais e neonatais, assim como a prevenção
à ocorrência de traumas, relatando três casos clínicos. L.P., recém-nascido, do
gênero masculino apresentou ao nascimento um dente irrompido no local do
elemento 71, sua extração foi indicada sem qualquer critério de diagnóstico. Foram
realizados movimentos luxatórios, porém não houve remoção do mesmo. Então, foi
realizada a avaliação radiográfica, que mostrou tratar-se de um elemento dentário
decíduo natal, da série normal. O procedimento indicado foi, então, manutenção do
29
dente. Porém, devido à luxação ocorrida, houve queda deste elemento aos 22
meses. F.P.M.A., recém-nascido, do gênero masculino, apresentou ao nascimento
dois dentes na região anterior do arco inferior, um deles, removido ainda na sala de
parto. O remanescente apresentava-se na região do elemento 71, e pela avaliação
radiográfica, tratava-se de um dente natal da série decídua normal. A opção de
tratamento foi a manutenção do mesmo. S.M.C., recém-nascido, do gênero
masculino apresentou ao nascimento dois dentes na região de incisivos centrais
inferiores. Em avaliação radiográfica, foi confirmado tratar-se de dentes natais da
série decídua normal. Não foram detectados fatores que contra-indicassem a
manutenção dos dentes, foi aconselhada sua manutenção. Apesar de erupção
precoce, os dentes 71 e 81 apresentavam rizogênese normal. Entretanto, aos três
meses de idade, a criança sofreu um trauma nestes elementos, o que resultou em
fratura radicular no terço médio do 81, e ligeira intrusão do 71. Os dentes com
erupção congênita são classificados em natais e neonatais, correspondendo aos que
se encontram irrompidos ao nascimento e aqueles que irrompem nos primeiros 30
dias de vida, respectivamente. Podem ser decíduos da série normal ou
extranumerários. A decisão correta do tratamento deve se basear-se em
conhecimentos sobre a importância da integridade dos dentes, para o
desenvolvimento normal da oclusão decídua. Os autores concluíram que, o
desconhecimento dos profissionais da área da saúde sobre como proceder diante da
presença de dentes ao nascimento conduz a decisões de tratamento incorretas, e
ainda, que os dentes natais e neonatais encontram-se suscetíveis às injúrias
traumáticas.
Guimarães, Costa e Oliveira (2003) tiveram por objetivo resgatar as origens,
explicar os objetivos e compreender as razões de ser da Odontologia para Bebês. O
primeiro programa odontológico voltado para bebês surgiu por volta de 1976, no
Japão, onde informações sobre cuidados odontológicos eram repassadas às mães.
No Brasil, em meados da década de 80, iniciou-se na Universidade Estadual de
Londrina, o atendimento a crianças de menor idade, culminando com a criação da
Bebê Clínica, a qual vem realizando, desde então, procedimentos educativos
voltados aos pais, além de métodos preventivos e curativos aplicados ao bebê
quando necessário. A Odontologia para bebês visa contribuir na formação de uma
geração com menos problemas dentários, com mais qualidade de saúde bucal e
mais consciente da importância da prevenção. A necessidade do desenvolvimento
30
de um programa voltado para a primeira infância surgiu ao se observarem e
detectarem frequentemente problemas envolvendo cada vez mais crianças de pouca
idade, considerando ainda bebês. O programa odontológico voltado para o bebê visa
despertar a consciência dos pais sobre os fatores prejudiciais aos seus filhos desde
o nascimento, de maneira que todos os cuidados necessários para favorecer as
boas condições de saúde bucal possam ser aprendidos, compreendidos e
principalmente colocados em prática. Os autores concluíram que, através de um
maior esclarecimento sobre a filosofia do atendimento de bebês, a Odontologia
possa atuar de forma menos mutiladora, contribuindo assim para manter e melhorar
a saúde das pessoas.
Penido e Fonseca (2003) realizaram uma revisão de literatura sobre cistos
gengivais e palatinos que frequentemente acometem a cavidade bucal dos recém-
nascidos, discutindo suas características clínicas, histológicas, nomenclatura,
localização e diagnóstico diferencial. O primeiro autor a descrever cistos foi Henrich
Bohn, em 1866, os mesmos receberam o seu nome, “Nódulos de Bohn”, e foram
descritos como pequenas elevações esbranquiçadas, dispersas no palato duro, que
se encontravam em maior número na junção palato duro/mole, parecendo serem
derivados de restos epiteliais de glândulas salivares palatinas em desenvolvimento.
Estes nódulos de Bohn, também, podem ser vistos ao longo das superfícies
vestibular e lingual dos rebordos maxilar e mandibular, estes considerados
reminiscências de tecido mucoso glandular. Os cistos localizados na rafe mediana
do palato duro, que pareciam se derivar de remanescentes epiteliais retidos ao longo
da linha de fusão de recém-nascidos, foram descrito por Epstein, em 1880, e
denominados de “Pérolas de Epstein”. Outro tipo de cisto de recém-nascidos é
aquele encontrado nas cristas alveolares, derivado de restos da lâmina dentária,
sendo então considerados cistos de origem odontogênica. Poucos estudos foram
realizados a respeito de cistos gengivais e palatinos do recém-nascido, e nos que
existem, há grande variedade quanto à nomenclatura e caracterização dos mesmos.
Apesar da alta prevalência, acredita-se que estas lesões são pouco conhecidas pelo
cirurgião-dentista, que assim dispõe de reduzida experiência para diagnosticá-las.
Os autores puderam concluir que a prevalência de cistos gengivais e palatinos nos
recém-nascidos é alta, entretanto pouco conhecida pelos cirurgiões-dentista. Estes
cistos podem aparecer isolados ou em grupos e não é necessário intervir, pois
31
desaparecem espontaneamente. É preciso esclarecer sua origem, levando-se em
conta sua localização, para assim denominá-los convenientemente.
Rocha, Nascimento e Pereira (2004) tiveram como objetivo realizar uma
revisão de literatura em relação à saúde oral do recém-nato, abordando a
importância das relações familiares, da troca de informações entre profissionais e
responsáveis, da amamentação do bebê e do acompanhamento que este deve ter
ainda durante a gestação. O processo preventivo das doenças bucais inicia-se ainda
no período gestacional, através de boa alimentação materna, ainda lembrando que,
algumas alterações sistêmicas neste período, podem afetar o desenvolvimento dos
dentes do bebê. Os cuidados com a saúde da mãe implicam na saúde futura da
criança. As primeiras necessidades fisiológicas do bebê estão ligadas à boca,
tornando-se a sucção a principal atividade pela qual o recém-nato se alimenta e se
relaciona com o mundo. Entre 0 a 6 meses, a amamentação natural deve ser a
forma exclusiva de alimentação, percebendo-se que, a criança que mama no peito
tem menores possibilidades de adquirir hábitos de sucção não-nutritivos. Após a
alimentação do bebê, ou no mínimo, à noite, deve ser realizada uma higiene da
boca, gengivas e língua, hábito muito importante, mesmo quando ainda não há
dentes. Nos casos de bebês que apresentam dentes natais ou neonatais, o
cirurgião-dentista deve estar apto para orientar os responsáveis em relação à
prevenção, higienização e consequências da presença dos mesmos. É de extrema
importância que haja uma boa relação pais-paciente-profissional, resultando num
bom entrosamento dessas partes. Os autores concluíram que o bebê deve ser
introduzido, o mais cedo possível, em um programa de educação e prevenção, e o
profissional deve entender a situação de seus pacientes, orientando adequadamente
pais e responsáveis sobre a saúde oral do recém-nascido, estabelecendo bons
hábitos de saúde bucal.
Azevedo et al. (2005) apresentaram o relato de um caso clínico de epúlide
congênita e discutiram aspectos clínicos e histopatológicos, diagnósticos diferencias
e tratamento da lesão, além da importância do conhecimento dessa patologia pelo
cirurgião-dentista. V.C., gênero feminino, apresentou grande massa tumoral que
projetava-se da cavidade oral ao nascimento. Foi levada pelos pais ao pronto
socorro, com três dias de vida, devido à limitação funcional que esta lesão causava,
dificultando a alimentação da criança. Ao exame clínico constatou-se uma lesão
tumoral pedunculada, rósea, lobulada, próxima a linha média na maxila, sem
32
infiltração para estruturas adjacentes e sem demais alterações. Foi proposta uma
biópsia, que culminou em remoção total da lesão, sob anestesia geral. Ao exame
anatomopatológico, foi confirmada a suspeita de diagnóstico de epúlide congênita.
Não foi necessário nenhum tratamento adicional e a paciente demonstrou
desenvolvimento bucal normal. A epúlide congênita é, portanto, um tumor gengival
de ocorrência rara, congênito, benigno, cuja evolução cessa ao nascer, com maior
freqüência em bebês do gênero feminino, e origem mais comum em região anterior
de maxila. Possuem tamanhos variados e o diagnóstico diferencial feito,
principalmente, com hemangioma, linfangioma, fibroma e rabdomiossarcoma, com
diagnóstico definitivo realizado através de exame histopatológico. O tratamento de
escolha é a recessão cirúrgica imediata da lesão. Os autores concluíram que,
devem-se reafirmar sempre a importância do conhecimento clínico e teórico do
cirurgião-dentista com relação às lesões neonatais, seus aspectos clínicos,
diagnósticos diferenciais e tratamento, para que assuma seu papel como profissional
responsável pelo manejo de tais casos, permitindo sua resolução simples através de
uma atuação eficiente.
Diniz et al. (2008) tiveram como objetivo apresentar uma revisão de literatura
sobre dentes natais e neonatais, abordando características clínicas, fatores
etiológicos, medidas terapêuticas e a importância do conhecimento desta anomalia,
por pediatras e odontopediatras. Os dentes natais e neonatais consistem em uma
anomalia de erupção, sendo caracterizados por seu irrompimento na cavidade oral
durante o período intra-uterino ou no primeiro mês de vida respectivamente,
podendo fazer parte da dentição decídua normal ou supranumerária. Esses dentes,
em geral, apresentam bordos cortantes e podem estar relacionados ao
aparecimento de ulcerações na base da língua do bebê e/ou no seio materno,
comprometendo a amamentação. A fraca implantação óssea desses dentes
favorece sua grande mobilidade, tornando-se, assim, um fator de risco à sua
aspiração ou deglutição pela criança. A abordagem terapêutica depende da dentição
à qual pertence o dente e dos possíveis problemas que este pode causar à saúde da
criança ou da mãe. Alguns fatores podem estar relacionados ao aparecimento de
dentes natais e neonatais na cavidade oral, tais como a posição superficial do germe
dentário, infecção, efeitos da sífilis congênita, erupção acelerada por pico febril ou
estímulo hormonal, hereditariedade e deficiências nutricionais. Algumas
manifestações bucais, como cistos da lâmina dentária e os nódulos de Bohn,
33
comuns na cavidade oral de recém-nascidos, podem confundir o profissional quanto
ao correto diagnóstico de dentes natais e neonatais. O diagnóstico diferencial destas
alterações é realizado por meio de exame radiográfico. É importante que exista uma
interação entre odontopediatras e pediatras para melhor orientar sobre as medidas
de saúde aos responsáveis pela criança. Esse elo, entretanto, é pouco observado
em nossa sociedade. Os autores concluíram que o conhecimento por
odontopediatras e pediatras sobre as características clínicas e os possíveis
distúrbios aos quais os dentes natais e neonatais estão relacionados possibilita a
interação necessária para o diagnóstico precoce e a abordagem integral da criança.
Pinto et al. (2008) tiveram como objetivo descrever um caso de epúlide
congênita com lesões múltiplas, onde foi realizada a exérese total do tumor maior e
o monitoramento dos tumores menores. Um sujeito neonato do gênero feminino
apresentava uma formação nodular grande (2,4x1,8x1,1cm), vermelha-rosada, no
lado esquerdo do rebordo alveolar superior, a qual estava dificultando o fechamento
bucal e causando dificuldades de alimentação. Outros pólipos menores estavam
presentes no lado esquerdo do rebordo mandibular. A biópsia excisional sob
anestesia geral permitiu a remoção completa do tumor superior, com aspecto
irregular e bilobulado. A hipótese diagnóstica de epúlide congênita do recém-nascido
foi confirmada com base nos detalhes anatômicos e no perfil imuno-histoquímico da
lesão. Os tumores mandibulares menores não foram excisionados; a remissão
espontânea completa ocorreu dentro de seis meses. Após a cirurgia, a paciente
mostrou melhora clínica significativa com completa reabilitação funcional e estética.
Não houve recorrência nas visitas subseqüentes. Os autores concluíram que o
tratamento permitiu o restabelecimento das funções vitais e do desenvolvimento
normal do neonato. A abordagem cirúrgica melhorou a qualidade de vida da criança
e devolveu confiança e estabilidade emocional aos pais.
Albuquerque et al. (2009) tiveram como objetivo verificar a prevalência de
más oclusões em crianças de 12 à 36 meses de idade, de creches públicas no
município de João Pessoa - PB. A amostra constou de 292 crianças, sendo 161
meninos (55,1%) e 131 meninas (44,9%), selecionados aleatoriamente. Quanto à
faixa etária, 21,2% tinham entre 12 e 24 meses, e 78,8% possuíam entre 25 e 36
meses de idade. As crianças foram examinadas nas dependências das instituições
selecionadas, sob luz natural, e os dados foram registrados em um formulário pré-
estruturado, sendo os exames feitos por um examinador calibrado (Kappa = 0,85),
34
avaliando a presença de sobremordida, sobressaliência, mordida aberta anterior e
mordida cruzada posterior. Os dados foram analisados por meio do programa
estatístico SPSS. A prevalência de má oclusão na amostra foi de 40,7%, com a
mordida aberta anterior presente em 35,6% das crianças, sem associação
significativa entre o gênero e a ocorrência desta. A mordida cruzada posterior em
5,1%, e sobressaliência moderada e sobremordida moderada em 35,5% e 24,7%,
respectivamente. Diante dos resultados, pode-se perceber a necessidade de
implantação de programas de prevenção e controle de más oclusões direcionadas a
crianças de faixas etárias menores, incluindo a orientação aos pais, com o objetivo
de diminuir a prevalência de más oclusões já na primeira infância, para que essas
alterações sejam interceptadas precocemente e não evoluam para as dentaduras
subseqüentes.
Guedes – Pinto, Bonecker e Rodrigues (2009) relataram as características da
cavidade bucal do recém-nascido, que são próprias desta faixa etária. Os rebordos
ósseos do recém-nascido são denominados rodetes gengivais e são recobertos em
toda sua extensão pelo tecido gengival. A maxila apresenta rodetes gengival com
forma arredondada, com pouca profundidade no palato e é rica em acidentes
anatômicos. Já a mandíbula apresenta rodete gengival em forma de U tanto na
maxila quanto na mandíbula é possível ainda visualizar um cordão fibroso e flácido à
palpação denominado “cordão de Robin e Magitot”. No sentido ântero-posterior, a
mandíbula encontra-se retruída em relação à maxila em 96,7% dos casos. No
sentido vertical, pode existir ou não espaço entre o rodete superior e inferior. A
língua do bebê é comumente encontrada interposta entre os rodetes gengivais em
posição de repouso. O freio labial superior apresenta inserção próxima à crista do
rebordo alveolar, com inserção palatina, e frequentemente, apresenta alteração
morfológica como: freio duplo, bífido ou de inserção baixa. O freio tetolabial
persistente , tem como tratamento indicado a remoção cirúrgica, quando há
dificuldade de sucção. O freio lingual curto, também conhecido por anquiloglossia, é
uma anomalia, freqüente e ocorre pela inserção do freio muito próxima da ponta da
língua. Há a presença do sucking pad (“calo de amamentação”) no lábio superior,
considerado um apoio para a amamentação. É necessário que o odontopediatra
tenha conhecimento sobre as características da cavidade bucal do recém-nascido,
podendo assim, avaliar melhor e intervir precocemente quando necessário.
35
Santos et al. (2009) verificaram a prevalência de alterações orais congênitas e
de desenvolvimento em bebês de 0 à 6 meses de idade atendidos no banco de leite
do Hospital Universitário, unidade Materno Infantil, no município de São Luís, MA.
Foram analisados 621 bebês (310 meninos e 311 meninas), no período de janeiro
de 2001 a junho de 2004. O exame clínico foi realizado através da inspeção visual,
com luz natural e espátula de madeira. Foram registradas as alterações orais
presentes e sua localização anatômica, bem como gênero e faixa etária. Dos 621
bebês examinados 45 (7,24%) apresentaram alguma alteração oral, 23 do gênero
masculino (7,42%) e 22 do feminino (7,07%), com localização principalmente na
maxila (35 casos). As alterações mais prevalentes foram os cistos de inclusão
(6,28%), que compreendem os nódulos de Bohn, as pérolas de Epstein e os cistos
da lâmina dentária; dentes natais e neonatais apareceram em 0,65%. Bebês sem
alterações foram 92,75%. A faixa etária entre 0 a 3 meses de idade apresentou
maior número de alterações. Os autores concluíram que alterações congênitas ou
de desenvolvimento não são ocorrências incomuns em bebês até seis meses de
idade, embora a prevalência relatada na literatura seja bastante variável.
36
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3 ANEXOS
40
ANEXO (Prontuário odontológico do sistema Tasy® do Hospital Santa Catarina de Blumenau
– SC)
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EXAME ODONTOPEDIÁTRICO DO RECÉM-NASCIDO - Rodetes gengivais: ( ) relação normal ( ) sobremordida – overbite ( ) mordida aberta ( ) sobressaliência – overjet ( ) cordão de Robin Magitot - Presença de: ( ) pérolas de Epstein ( ) nódulos de Bohn ( ) epúlide congênita ( ) dentes natais - Sucção apresentada: ( ) adequada
( ) inadequada ( ) não sugou - Mucosa oral: ( ) normal ( ) rânula / mucocele - Freio e bridas: ( ) normais ( )
42
ANEXO (Folha de aprovação do comitê de ética)
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