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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC
CURSO DE PSICOLOGIA
BRUNA CONSTANTINO BATISTA
PROJETO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM PSICOLOGIA NA EDUCAÇÃO
ESTÁGIO A
CRICIÚMA 2014
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BRUNA CONSTANTINO BATISTA
PROJETO DE ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM PSICOLOGIA NA EDUCAÇÃO
ESTÁGIO A
Projeto de Estágio em Psicologia na Educação solicitado pela professora orientadora Elenice de Freitas Sais do Curso de Psicologia da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC.
CRICIÚMA
2014
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AGRADECIMENTOS
Sinto-me imensamente grata aos que de alguma forma estiveram próximos a
mim neste período de realização do estágio, e que me apoiaram de forma
incondicional, compreendendo minha ausência.
Sou grata ao Colégio UNESC, pelo acolhimento, grata a Coordenadora
pedagógica Andrea Rabelo, que acompanhou e acreditou no trabalho proposto.
E em especial, meu agradecimento a minha orientadora Elenice Sais, que
mais que uma orientadora, é sempre uma amiga e mestre incansável, que conduziu
com carinho e dedicação meus passos neste projeto.
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“Se, na verdade, não estou no mundo para simplesmente a ele me adaptar,
mas para transformá-lo; se não é possível mudá-lo sem um certo sonho ou
projeto de mundo, devo usar toda possibilidade que tenho para não apenas
falar de minha utopia, mas participar de práticas com ela coerentes.”
Paulo Freire
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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC
DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
COORDENAÇÃO DE ESTÁGIOS
ÁREA: PSICOLOGIA NA EDUCAÇÃO
LOCAL DO ESTÁGIO: COLEGIO UNESC
PERÍODO DO ESTÁGIO: MARÇO Á JULHO DE 2014 (MATUTINO)
_________________________________________________________________ BRUNA CONSTANTINO BATISTA
ESTAGIÁRIO DE PSICOLOGIA
_________________________________________________________________
ELENICE DE FREITAS SAIS – CRP 12ª R / 04217
ORIENTADOR (A) DE ESTÁGIO
________________________________________________________________
DENISE NUERNBERG – CRP 12ª R / 00508
ASSESSORA DO ESTÁGIO A
CRICIÚMA
2014
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SUMÁRIO
1. JUSTIFICATIVA ...................................................................................................... 8
2. CARACTERIZAÇÃO DO ESTAGIO ....................................................................... 9
2.1 OBJETIVOS .......................................................................................................... 9
2.1.1 Geral .................................................................................................................. 9
2.1.2 Específicos ....................................................................................................... 9
2.2 METODOLOGIA .................................................................................................... 9
2.2.1 Tipo de estudo .................................................................................................. 9
2.2.2 Clientela .......................................................................................................... 10
2.2.3 Procedimentos metodológicos ..................................................................... 10
2.2.4 Instrumentos utilizados ................................................................................. 10
3. CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO .................................................. 11
3.1 HISTÓRICO ........................................................................................................ 11
3.2 MISSÃO .............................................................................................................. 11
3.3 FINS E OBJETIVOS ............................................................................................ 12
3.4 ORGANOGRAMA ............................................................................................... 13
3.5 RECURSOS HUMANOS E MATERIAIS ............................................................. 13
3.5.1 Recursos humanos ........................................................................................ 13
3.5.2 Recursos materiais ........................................................................................ 15
4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 16
4.1. HISTÓRICO DA PSICOLOGIA ESCOLAR NO BRASIL .................................... 16
4.2 O PAPEL DO PSICÓLOGO ESCOLAR .............................................................. 17
4.3. DESENVOLVIMENTO HUMANO: ADOLESCÊNCIA. ........................................ 19
4.4. COMPREENSÃO TEÓRICA ACERCA DA IDENTIDADE. ................................. 20
4.4.1. Compreendendo Identidade no âmbito escolar.......................................... 22
4.5 LIDANDO COM VALORES HUMANOS NO ESPAÇO ESCOLAR ...................... 24
4.6 TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO .............................................................. 25
4.7 JOGOS COOPERATIVOS NA CONSTRUÇÃO DE VALORES. ......................... 27
5. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES REALIZADAS NO ESTÁGIO ESCOLAR ........ 29
5.1 DIAGNÓSTICO INSTITUCIONAL ....................................................................... 29
5.2 ATIVIDADES EXTRACURRICULARES REALIZADOS PELA TURMA .............. 30
5.3 DESCRIÇÕES DOS ENCONTROS REALIZADOS ............................................ 31
6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DAS ATIVIDADES REALIZADAS ............................... 40
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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 45
7.1 AVALIAÇÃO DO ESTÁGIO ................................................................................. 45
7.2 SUGESTÕES E CRÍTICAS ................................................................................. 46
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 47
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1. JUSTIFICATIVA
O presente trabalho é um requisito obrigatório para a graduação no Curso
de Psicologia da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, é resultado de
um estudo teórico e metodológico sobre a construção de identidades na escola
através dos modelos identificatórios e das relações interpessoais, compreendendo
os papéis exercidos no espaço escolar, baseando-se no desenvolvimento humano.
Observar a partir do conhecimento teórico, como as relações dentro da escola
afetam e influenciam a construção da identidade de cada um, quais são as
identificações trazidas de outros grupos sociais e quais são adquiridas na escola, os
modelos identificatórios e suas influências, a representação de papeis no âmbito
escolar, e a participação dos alunos na construção da identidade escolar.
O trabalho ainda tem por finalidade propiciar ao acadêmico a experiência
prática do constructo teórico e metodológico adquirido no decorrer da graduação,
possibilitando uma formação consistente.
As atividades serão realizadas junto ao Colégio UNESC no período
matutino, os trabalhos se iniciam em março de 2014, finalizando-se em julho de
2014.
O trabalho será realizado concomitantemente com o setor Pedagógico da
escola, estendendo-se também ao corpo diretivo, coordenações, professores, e
alunos, os instrumentos e técnicas psicológicos estarão postos em serviço da
educação e do bem-estar da escola.
Este projeto iniciará um processo de conhecimento em torno das práticas
do Psicólogo Escolar, visando trazer melhorias na qualidade de ensino e
principalmente na qualidade das relações estabelecidas dentro da escola,
mostrando-lhes a importância de cada indivíduo na participação da construção da
identidade de vários estudantes adolescentes.
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2. CARACTERIZAÇÃO DO ESTAGIO
2.1 OBJETIVOS
2.1.1 Geral
Promover o interesse pelo espaço escolar, contribuindo para o
desenvolvimento de sujeitos éticos, capazes de estabelecer relações saudáveis,
conscientes de sua participação para uma escola e mundo melhores.
2.1.2 Específicos
Proporcionar a reflexão sobre a importância do outro na construção da
própria identidade;
Identificar modelos identificatórios criados dentro do espaço escolar
pelos alunos do 9º ano do ensino fundamental;
Compreender a influência dos colegas, professores e corpo diretivo da
escola na formação da identidade dos adolescentes do 9º ano do ensino
fundamental;
Contribuir no processo de aproveitamento do espaço escolar para
construção do conhecimento;
Facilitar as interações entre alunos, professores e orientação
pedagógica;
Propiciar aos alunos atividades para o aumento da motivação e do
autoconhecimento;
2.2 METODOLOGIA
2.2.1 Tipo de estudo
Neste estudo serão abordados assuntos como Identidade por Hall (2005)
e Fonseca Filho (1980), Desenvolvimento Humano por Papalia, Olds e Feldman
(2008), mencionando também a Teoria dos Papéis de Moreno (2003).
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2.2.2 Clientela
Alunos do 9º ano do ensino fundamental, juntamente com os professores,
coordenação e corpo diretivo do Colégio UNESC.
2.2.3 Procedimentos metodológicos
No primeiro momento serão realizadas as observações, período de
escuta de pequenos grupos, coleta de dados com coordenação pedagógica para
elaboração do projeto. Após será iniciada a prática a partir de encontros com a
turma, a construção das atividades dependerá dos temas propostos pelos próprios
alunos, visando sempre a valorização do autoconhecimento, o estreitamentos nas
relações, e a importância de cada um na construção da identidade e no
conhecimento em sala de aula. Usando sempre de recursos atrativos para a faixa
etária, como: filmes, documentários, elaboração de jogos educativos, técnicas de
relaxamento, apresentação de teatro e seminários, e rodas de conversa, respeitando
o plano de ensino proposto pelo professor bem como o projeto politico pedagógico
(PPP) da escola.
2.2.4 Instrumentos utilizados
No decorrer do estágio pretende-se desenvolver atividades nas quais se
utilizará os mais diversificados instrumentos como: aparelho de DVD, aparelho de
som, computadores e data show. Também serão utilizados materiais escolares
como: lápis de cor, canetas coloridas, papel, livros, entre outros materiais que se
fizerem necessários.
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3. CARACTERIZAÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO
3.1 HISTÓRICO
Antiga aspiração da Fucri/Unesc, o colégio UNESC iniciou suas
atividades como colégio de aplicação (CAP) em 1992 a partir da implantação do
ensino médio. Com a instalação do ensino fundamental completo no ano seguinte, o
colégio se consolidou enquanto entidade escolar e passou a construir sua história
educacional, sempre pautada em preceitos de cidadania e visando a formação de
cada aluno dentro de suas singularidades e entendendo-os como seres sociais em
constante evolução.
Em cerimônia realizada na FUCRI, no dia 12 de dezembro de 1991, o
Presidente do Conselho Estadual de Educação, Jorge de Souza Coelho, assinou o
parecer que criou o Colégio. Na ocasião, tomaram posse os responsáveis pela
Coordenação Geral: Professor Valmor Costa Dutra; Coordenador do 2º Grau:
Professor Adamir Nuernberg e Secretária Geral: Professora Maria de Lourdes
Zaccaron.
O Colégio de Aplicação da UNESC iniciou seu primeiro ano letivo no dia
05 de março de 1992, com aula inaugural proferida pelo Professor Aderson Flores,
Secretário de Educação de Florianópolis da época.
No ano de 2011 iniciou o processo de mudança de denominação: de
Colégio de Aplicação da UNESC para Colégio UNESC. A troca se fez necessária,
pois o Colégio de Aplicação, ao longo dos seus 19 anos, veio desenvolvendo em
sua proposta teórico-metodológica um trabalho voltado para o ensino, pesquisa e
extensão e não mais com o objetivo que foi proposto na sua criação (em 1992) que
era servir de experimentação pedagógica para os cursos da FUCRI. Além disso, o
Colégio se localiza no campus da UNESC e é mantido por esta. Pelo Parecer CEDB
Nº 015, aprovado em 12/03/2012, o Colégio de Aplicação da UNESC, então, passou
a se chamar Colégio UNESC.
3.2 MISSÃO
Educar por meio de praticas pedagógicas inovadoras comprometidas com
a apropriação critica do conhecimento e com a formação do cidadão.
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3.3 FINS E OBJETIVOS
O Colégio UNESC, amparado na legislação vigente, tem por finalidades:
Possibilitar a seus membros a apropriação, socialização, construção e
reconstrução do conhecimento historicamente produzido pela
humanidade.
Contribuir para a reflexão da realidade, visando o desenvolvimento
construtivo, a inclusão e a emancipação de todos os seus membros.
Possibilitar ao educando a formação indispensável para o exercício da
cidadania, fornecendo-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos
posteriores.
Ministrar o Ensino Fundamental e o Ensino Médio e outros cursos que
venham a ser criados e legalmente autorizados, de acordo com os
seguintes objetivos:
- Priorizar a pesquisa (experimentação e aplicação) de propostas
educativas.
- Desenvolver a consciência do respeito à pluralidade de ideias.
- Oportunizar a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar
a cultura, o pensamento, a arte e o saber.
- Contribuir para a formação cultural, ética, política, científica,
artística e democrática do cidadão, comprometido com o bem comum e
com a melhoria da qualidade de vida.
- Possibilitar situações em que o aluno seja capaz de lidar, racional e
criticamente, com os recursos ambientais, científicos e tecnológicos,
permitindo-lhe descobrir suas possibilidades e superar limitações próprias
e do meio.
- Acolher e integrar os alunos com diferenças sócio-culturais,
inclusive aquelas consideradas no campo das necessidades educativas
especiais.
- Desenvolver projetos de pesquisa-formação visando à melhoria da
qualidade do ensino.
- Discutir periodicamente o Projeto Político-Pedagógico do CAP.
- Proporcionar discussões a respeito do sistema avaliativo do CAP.
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3.4 ORGANOGRAMA
3.5 RECURSOS HUMANOS E MATERIAIS
3.5.1 Recursos humanos
Coordenação
Nome Função/Disciplina
Andréa Rabelo Marcelino Coordenadora Pedagógica EF II e EM
Normélia Ondina Lalau de Farias Coordenadora Geral
Zulma Terezinha Ferrazza da Silva
Coordenadora Pedagógica EF I
Secretaria
NOME FUNÇÃO / DISC.
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Amanda Gomes Dias Assistente Administrativo
Daiani Colombo Ferreira Assistente Administrativo
Genir Helena Mondardo Secretária
Assistente Pedagógico
NOME FUNÇÃO / DISC.
Paula Just Vassoler Assistente de apoio escolar
Professores e Estagiários
NOME FUNÇÃO / DISC.
Aline Rampinelli Pereira Língua Inglesa 1º ao 7º ano/EF e Língua
Portuguesa 6º e 7º /EF
Aline Selinger Machinski Arte 1º ao 5º ano/EF
Andressa Aparecida Raupp Estagiária do 3º ano/EF
Adriano Paulo da Silva Matemática/EM
Jaqueline Margotti Pereira Raycik 2º ano / EF
Mônica Milano Alves 5º ano/EF
Bruno Dandolini Colombo Educação Física – 6º ao 9º ano/EF
Cheiene Damázio Geografia – 6º ao 9º / EF
Cristiano Cardoso Melo Língua Inglesa – 8º e 9º ano/EF e EM
Simone Uggioni Elibio 4º ano/EF
Jéssica Paz Jacinto Estagiária 2º ano/EF
Elaine dos Passos Ito Marim 3º ano/EF
Enilda Mª Sebastiana dos Santos Ciências
Everson Euclides Motta Química / EM
Fernanda Fernandes Pereira Estagiária/ Secretaria
Luan Grassi Alessio Arte / 6º ao 9º ano e EM
Helenita da Silva Moreti Losso Ed. Física – 1º ao 5º ano /EF e Ensino
Médio
Cheiene Damázio Geografia e Atualidades / EM
Jéferson Luis de Azeredo Filosofia, Sociologia/EM
João Francisco Marques Monteiro Língua Portuguesa e Produção Textual /
EM
Louise Miron Roloff Matemática – 6º ao 9º ano/EF
Luciane de Oliveira da Silva (Licença gestação)
Ciências – 6º ao 9º ano/EF
Mainara Figueiredo Cascaes Biologia/EM
Marcel Freitas Informática EF e EM
Márcio Carlos Just Física / EM
Marianela Marana Vieyto Língua Espanhola – 6º ao 9º ano/EF e
EM
Giovani da Silva Coelho Língua Portuguesa – 8º e 9º ano/EF
Literatura – EM
Alex Santana História – 6º ao 9º ano / EF e EM
Ana Karen Rosado Teixeira 1º ano /EF
Wânia Inácio da Silva Ramos (Licença gestação)
História – 6º ao 9º ano / EF e EM
Apoio
NOME FUNÇÃO / DISC.
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Edson de Bittencourt Apoio
Por se tratar de uma escola dentro do ambiente da universidade, o
colégio UNESC dispõe de vigilantes e faxineiros terceirizados pela instituição
universitária.
3.5.2 Recursos materiais
O Colégio UNESC está inserido no contexto da Universidade, os
estudantes do Colégio Unesc utilizam a ampla estrutura da Instituição. Isso
contempla o aprendizado nas áreas cultural, esportiva e científica, com livre acesso
à biblioteca, a todos os laboratórios (Informática, Matemática, Prática de Ensino,
Química, entre outros) e ao complexo esportivo de que a Unesc dispõe. Dentre elas
estão: piscina térmica, salas de dança, restaurantes e cantinas, ginásio de esportes,
pista de atletismo, campos de futebol e quadras poliesportivas. Além de salas
climatizadas com data show, sala da diretoria, sala para orientação pedagógica, sala
dos professores com cozinha e sala da secretaria.
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4. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
4.1. HISTÓRICO DA PSICOLOGIA ESCOLAR NO BRASIL
Os primeiros trabalhos em Psicologia Escolar são trazidos por Stanley
Hall no século XIX, nos Estados Unidos, com o surgimento de clínicas e revistas
com publicações de pesquisas na área. A Europa trouxe sua contribuição através da
França, destacando-se por realizar intervenção psicológica junto aos alunos com
necessidades escolares especiais, e por trabalhos com instrumentos psicométricos
de avaliação da inteligência humana que estavam sendo desenvolvidos por Alfred
Binet em 1905. (BARBOSA, R.M.; MARINHO-ARAÚJO, C.M., 2010)
Conforme também visto em Lima (2005), neste primeiro momento a
psicometria de Binet possibilitou que todas as crianças, com ou sem necessidades
especiais, chamadas de normais e anormais, fossem selecionadas, adaptadas,
orientadas e classificadas, para que então recebessem diferentes formas de ensino,
com diferentes conteúdos. Esta prática apesar de segregar, foi um grande passo
para que a Psicologia pudesse pensar em estudar as possibilidades de atendimento
das crianças com necessidades especiais dentro das escolas.
No século XX, onde reinou a psicanálise, as crianças anormais passam a
ser nomeadas de crianças problema, começou-se a compreender as influências das
relações familiares no desenvolvimento escolar, e o modelo clínico ganha força com
o psicodiagnóstico e tratamento de crianças com problemas de aprendizagem.
Os trabalhos de Binet em 1905 deram respaldo para a consolidação do
Laboratório de Psicologia Pedagógica de Manoel Bonfim em 1906 no Rio de Janeiro
com finalidade psicométrica, as intervenções com alunos que apresentavam
dificuldade de aprendizagem deixaram forte os vínculos entre educação e psicologia.
Antes mesmo da criação de cursos de Psicologia no Brasil, houve inúmeras
discussões sobre a Psicologia no âmbito escolar, logo, entende-se que as escolas
foram o berço da Psicologia. (Manual de Psicologia Escolar- Educacional).
Mas foi somente a partir da década de 70 que fortificou-se as reflexões
em torno da fuga do modelo clínico para adaptar-se ao modelo pedagógico, com
enfoque na saúde psicológica e na prevenção, agora o aluno é visto de forma mais
humanizada, e os estereótipos de crianças problemas caem por terra para dar lugar
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a preocupação com o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social. Por fim, criou-se a
ABRAPE (Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional) em 1990, que
serviu de estímulo para o reconhecimento da prática legal do psicólogo nas escolas,
incentivando a formação, capacitação e melhoria da prática nas escolas.
4.2 O PAPEL DO PSICÓLOGO ESCOLAR
Entendemos a partir do que já foi citado anteriormente, que a Psicologia
Escolar no Brasil é uma área muito recente, com uma demanda vasta que oferece
inúmeras formas de atuar no âmbito escolar/educacional.
Segundo o blog da ABRAPEE (Associação Brasileira de Psicologia
Escolar e Educacional) algumas das possibilidades de atuação do Psicólogo seriam:
participação nos processos de ensino e aprendizagem, desenvolvimento humano,
escolarização em todos os seus níveis, inclusão de pessoas com deficiências,
construção de políticas públicas em educação, gestão psicoeducacional em
instituições, avaliação psicológica, história da psicologia escolar, formação
continuada de professores, dentre outros.
Outros autores como Almeida (2003) trazem algumas das funções do
psicólogo escolar dentro do âmbito escolar de uma forma mais elaborada:
Buscar a reflexão e conscientização do diversos segmentos da escola
sobre a realidade, capacitando-os a agir sobre ela;
Refletir com professores e pais sobre o desenvolvimento das crianças,
a partir de uma ótica diferente: do fracasso para o sucesso, da doença
para a saúde;
Adotar abordagens teóricas que sustentem as ações a serem
desenvolvidas;
Enfocar as relações interpessoais como base de intervenção da
Psicologia Escolar;
Refletir sobre os papéis daqueles que atuam na instituição para
promover a conscientização de suas ações pedagógicas;
Promover o desenvolvimento do aluno, no processo ensino-
aprendizagem;
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Promover a formação continuada de professores;
Promover mediações dentro do contexto escolar a partir das demandas
apresentadas;
Conquistar um espaço junto ao staff instituição para contribuir nas
diversas situações de decisão da instituição.
O Conselho Federal de Psicologia (CFP) órgão que rege esta classe de
profissionais, decreta a partir da Resolução Nº 02/01 que altera e regulamenta a
resolução de Nº 014/00 também do CFP, aonde são instituídas os títulos de
especialistas, bem como suas funções. Neste documento temos um norte sobre a
prática do psicólogo escolar, nele salienta-se a importância da realização de
pesquisas, diagnósticos e intervenções tanto com grupos quanto individualmente. O
psicólogo escolar deve também, envolver todo o sistema educacional em prol do
processo ensino-aprendizagem, compreendendo as características e necessidades
do corpo docente e discente, estar atento as normas e valores da escola, do material
didático adotado e outros tantos elementos de composição do sistema educacional.
Deve também estar atento à elaboração e implantação de projetos pedagógicos e de
políticas públicas. Construindo a partir de análises, intervenções para melhoria do
clima educacional, promover programas, além de orientar alunos portadores de
necessidades especiais. Sempre priorizando o trabalho com equipe interdisciplinar,
a fim de integrar, ampliar e compartilhar seus saberes.
A fim de nortear, portanto, esta prática do psicólogo, o CFP traz oito itens
de ação:
Aplicar conhecimentos psicológicos na escola, concernentes ao
processo ensino-aprendizagem, em análises e intervenções
psicopedagógicas; referentes ao desenvolvimento humano, às relações
interpessoais e à integração família-comunidade-escola, para promover o
desenvolvimento integral do ser;
Analisar as relações entre os diversos segmentos do sistema de ensino
e sua repercussão no processo de ensino para auxiliar na elaboração de
procedimentos educacionais capazes de atender às necessidades
individuais;
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Prestar serviços diretos e indiretos aos agentes educacionais, como
profissional autônomo, orientando programas de apoio administrativo e
educacional;
Desenvolver estudos e analisar as relações homem-ambiente físico,
material, social e cultural quanto ao processo ensino-aprendizagem e
produtividade educacional;
Desenvolver programas visando a qualidade de vida e cuidados
indispensáveis às atividades acadêmicas;
Implementar programas para desenvolver habilidades básicas para
aquisição de conhecimento e o desenvolvimento humano;
Validar e utilizar instrumentos e testes psicológicos adequados e
fidedignos para fornecer subsídios para o replanejamento e formulação do
plano escolar, ajustes e orientações à equipe escolar e avaliação da
eficiência dos programas educacionais;
Pesquisar dados sobre a realidade da escola em seus múltiplos
aspectos, visando desenvolver o conhecimento científico.
O papel do psicólogo nas escolas vai além do meio educacional e dos
aspectos cognitivos como podem fazer os professores, mas compreende
também os alunos e educadores em toda a sua essência, mostrando a
importância da sua atuação.
4.3. DESENVOLVIMENTO HUMANO: ADOLESCÊNCIA.
Inicio apresentando a definição do ECA (Estatuto da Criança e do
Adolescente) para delimitação de idade da criança e adolescente, conforme exposto
no Artº 2 das Disposições Preliminares do Livro 1, fica estabelecido portanto, que
entre doze e dezoito anos de idade a lei considera o indivíduo adolescente.
Marcada pelas mudanças físicas, cognitivas e psicossociais, a
adolescência segundo Papalia, Olds e Feldman (2006), dura entre os 11 aos 20
anos idade, mas seu início e término não estão claramente definidos, em geral,
considera-se seu início juntamente com a puberdade, onde as alterações físicas dão
os primeiros sinais de amadurecimento corporal, como: crescimento e
amadurecimento dos caracteres sexuais primários e secundários que correspondem
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aos órgãos necessários para a reprodução humana, e sinais fisiológicos de
maturação sexual.
Há também os sinais de maturação cognitiva, os adolescentes passam a
raciocinar de maneira lógica, compreender pensamentos abstratos, construir
hipóteses e estratégias, Papalia, Olds e Feldman (2006) também lembra que Piaget
acrescentava ao desenvolvimento neurológico o aumento do número de
oportunidades ambientais para o favorecimento desse amadurecimento cognitivo.
Por isso, o desenvolvimento humano é um tema tão importante para
professores e pais, para que possam compreender todas as mudanças físicas,
cognitivas e comportamentais existentes em cada fase da vida, propiciando os
estímulos adequados para aprendizagem, e respeitando as diferenças e
problemáticas trazidas pelos alunos.
O autor Jacob Levy Moreno (2003), criador do Psicodrama, traz em sua
teoria um modelo do desenvolvimento humano, com foco nas relações humanas,
acreditando que a matriz da identidade de uma criança se dá através do ambiente
social em que ela está inserida ao nascer e onde irá desenvolver suas
potencialidades psicológicas, sociais e relacionais. Por fim, é facilmente percebida a
conexão entre desenvolvimento humano e a importância das relações humanas num
processo de construção da identidade.
4.4. COMPREENSÃO TEÓRICA ACERCA DA IDENTIDADE.
Esta construção teórica parte da reflexão da pluralidade de identidades
que interagem e trocam informações e valores cotidianamente, e também como
essas diversidades interagem e influenciam-se umas as outras.
Inicialmente precisamos compreender que Identidade não é algo estável,
e não se define biologicamente, e sim a partir de uma construção sócio-histórica.
A proposta na busca pela compreensão da identidade nos remete aos novos
modelos construídos pela sociedade pós moderna, detentora da característica de
deslocamento ou descentralização do sujeito (HALL, 2005), que por sua vez
imergiram num fluxo demasiado de informações facilitados pela globalização e
informatização. Se antes as sociedades tradicionais conservavam seus rituais,
tradições, lembranças e vínculos com o passado para poderem lidar com o presente
e futuro, agora com todos os povos conectados virtualmente a todo tempo, todos
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podem entrar em contato com diversas culturas e tradições, agregando valores e
costumes ao seu constructo de identidade, na continuidade desta ideia, Hall (2005)
traz três modelos de concepção de identidade: 1) sujeito do Iluminismo, totalmente
voltado a si, preocupado com o domínio da razão e da realidade, que mantêm-se
idêntico desde seu nascimento; 2) sujeito sociológico, que percebe a necessidade
da interação com o outro para o desenvolvimento da sua identidade; 3) sujeito pós
moderno que assume identidades diferentes e muitas vezes até divergentes mas
com as quais se identificam.
Para melhor compreender essa transitoriedade do sujeito pós-moderno:
O sujeito assume identidades diferentes em diferentes momentos,
identidades que não são unificadas ao redor de um “eu” coerente. Dentro de
nós há identidades contraditórias, empurrando em diferentes direções, de
tal modo que nossas identificações estão sendo continuamente deslocadas.
(HALL, 2005, p.13)
Nossa sociedade vive num ritmo rápido, constante e permanente de
mudança, essas interações facilmente concedidas pela praticidade nas
comunicações fazem de nós receptores de diversas formas de troca de informação,
gerando não somente mudança de hábitos, mas também a forma como nos
enxergamos dentro do mundo que construímos e que simultaneamente nos constrói.
Autores psicodramatistas como Moreno e Buber, também trouxeram
grandes contribuições para a compreensão da construção de Identidade, a
capacidade de colocar-se no lugar do outro, de reconhecer-se como ser único no
mundo e um olhar singular no entendimento da importância das relações são
algumas delas, assim, Fonseca Filho (1980) apresenta um esquema do
desenvolvimento humano dividido por etapas baseado nesses dois autores.
As etapas consistem num amadurecimento no processo de
desenvolvimento humano que estruturará a identidade, partindo do reconhecimento
de si e do próprio corpo no mundo, iniciado através de um processo de distinção
entre o eu e o outro.
Nesta evolução ressalta-se que em determinado momento
compreendemos que toda ação gerará uma reação nos indivíduos que nos cercam e
aprendemos a lidar com as reações do outro, ação importantíssima na construção
de relacionamentos sadios para o futuro, ainda nesse processo gradativo de
autoconhecimento a criança faz inversão de papéis através do lúdico o que
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possibilitará a ela um aprendizado sobre colocar-se no lugar do outro, mantendo
relações humanas baseadas na reciprocidade. (FONSECA FILHO, 1980)
Ressalta-se a valorização da relação com o outro e a boa compreensão
de nós mesmos no processo de construção de identidade dos adolescentes, o
quanto o contato diário com os colegas, professores, e todo corpo diretivo da escola
agrega a eles novas características no reconhecimento de sua própria identidade.
Assim, veremos sequencialmente, teorias importantes que nos darão respaldo para
a compreensão deste fenômeno nas escolas.
4.4.1. Compreendendo Identidade no âmbito escolar.
A instituição escolar nos permite uma observação ampla das trocas de
informações, saberes, experiências, relações interpessoais e seus impactos sobre a
construção da identidade.
Na escola o nosso sujeito pós-moderno tão envolto no excesso de
informações trazidas pela globalização assume na escola papéis que mostram
características do seu processo de construção de identidade, bem como as
influências trazidas pelos modelos de identificação que obteve no decorrer de sua
história, e que na escola ganhará novas características, mesclando-se desta forma
ao processo dos demais indivíduos.
Se compreendermos então que a construção da identidade se dá através
da relação e identificação com o outro, podemos entender a importância do papel
que cada indivíduo exerce nos grupos do qual faz parte. O conceito de papel será
trazido por Moreno (2003), que o define como a atuação desempenhada a partir da
necessidade de um momento específico vivido, do contexto da situação, ou dos
objetos e pessoas envolvidas. Estes papéis que desempenhamos cotidianamente,
são como personagens ou funções que assumimos, o pai, o professor e o aluno são
exemplificações claras destes. Mudamos os papéis que precisamos exercer
conforme as necessidades sociais exigidas, assim, pode-se compreender o papel
como função palpável e real que o eu adota e cumpre diariamente.
Dos fatores importantes para a compreensão desta construção social que
é a identidade, além dos papéis criados e mantidos na escola pelos adolescentes, e
a forma como eles agem diante de cada situação, há ainda, os modelos
identificatórios, que também nos serviram como base para que possamos entender
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quem os inspira e as representações simbólicas já intrínsecas ao subjetivo de cada
um.
Os modelos identificatórios trazidos por Damergian (2001), nos apontam
para o principio norteador da interação social, a mãe, veículo ideológico que
compartilha toda sua história de vida com o bebê e se torna para ele um
representante social, ali o bebê dará seus primeiros passos na construção social da
sua subjetividade, internalizando valores trazidos por ela, dando suporte para a
criança estruturar sua subjetividade e construir a partir disso sua identidade, a autora
ainda faz um paralelo entre as necessidades supridas pela mãe, e como essa mãe
se torna um objeto de desejo para a criança que estruturará sua dialética das
relações sociais, também movida pelos seus desejos e necessidades, distinguindo
as fantasias internas com as vivências externas.
No meio social podemos visualizar a mãe-sociedade nos chefes sociais,
líderes de grupos, professores, líderes de classe, entre tantos outros representantes
sociais, uma sociedade ligada fortemente ao materialismo que afasta de alguns a
possibilidade de desenvolver-se completamente, seja por propiciar estímulos que
vão além do que indivíduo é capaz de receber, ou por não proporcionar um meio
favorável ao seu desenvolvimento. A autora indaga ainda sobre os modelos
identificatórias que nossa sociedade veicula através das mídias, mídias essas que
tornaram-se referências para diversos adolescentes neste momento de construção
subjetiva da identidade.(DAMERGIAN, 2001)
As instituições sociais, em seus mais diferentes segmentos a partir da
família e, fundamentalmente, por meio dos modelos identificatórios que
oferecem por intermédio de líderes, chefes, pais, mães sociais, influenciam
os conteúdos vivenciais dos indivíduos que a eles pertencem. O processo é
de mãe dupla: projetamos o psíquico no social e internalizamos o social
(que é um psicossocial porque produzido pelas projeções de todos) na
mente. (DAMERGIAN, 2001, p. 96)
As escolas, os professores, os amigos construídos neste espaço, também
podem vir a serem modelos de identificação para os demais, mas este processo
como vimos depende de um número amplo de variáveis, cada forma particular de
interação tem o poder de constituir a identidade do outro, de ajudá-lo nesse
processo de diferenciar-se do outro.
24
De fato, ao longo da trajetória de vida de um sujeito, os modelos de identificação podem multiplicar-se, mas em geral gravitam em torno de um “ponto fixo”. Modelos identificatórios, a referência, podem ser também o pai, ou alguma outra pessoa próxima, ou até mesmo pode ser um coletivo, a “mãe-sociedade” ou uma referência estética ou doutrinal. (GONÇALVES et al., 2013)
Por isso, os principais teóricos mencionados, ressaltam a valorização de
boas relações humanas e uma auto reflexão sobre o eu, e a importância do eu no
contato com o outro, é no sentido de aprendermos a valorizar o outro, e de nos
conhecermos melhor para uma construção sadia da identidade.
4.5 LIDANDO COM VALORES HUMANOS NO ESPAÇO ESCOLAR
Dentro do espaço escolar um dos temas de trabalho condutor de boas
reflexões são temas relacionados aos valores. Como já visto anteriormente, o
homem só é o que é, porque se constrói ao longo da vida, e faz isso a partir das
relações com outros indivíduos.
Aparecida e Silva (1986), discutem em sua obra a compreensão dos valores
que nos rodeiam, a prática e entendimento dos mesmos, trazendo as ideias do
filósofo Nietzsche que preocupava-se com valores cristalizados e repetidos de forma
mecânica pela grande massa, sem reflexão apropriada, e Max Scheler, filósofo
alemão também citado pelos autores que afirma que nossos valores nos são dados
de forma imediata a partir da nossa percepção afetiva.
Martinelli (1999), conceitua valores humanos como suporte para dignidade da
conduta humana, unificando e libertando as pessoas do individualismo, dissolvendo
preconceitos e diferenças. A partir do programa de Educação em Valores Humanos
(PEVH), a autora traz o trabalho com valores humanos dentro das escolas,
trabalhando dentre eles: a verdade, a ação correta, o amor, a paz, a não-violência, o
discernimento, a sinceridade, honestidade, dignidade, respeito, cooperação, amor,
amizade, generosidade, tranqüilidade, tolerância e outras.
Ainda por Martinelli (1999), viver esses valores dentro das escolas deve ser uma
prática constante e natural, para que seja estabelecidas relações entre pais, alunos,
professores e colaboradores da escola de forma harmoniosa e autoconsciente,
reformulando os comportamentos sociais sem que haja imposições ou repressões,
focando as energias vitais e as emoções de maneira adequada, e estimulando a
auto-observação e análise crítica constantemente.
25
Para os adolescentes a autora traz a importância de mostramos nossa
identidade comum a eles, nossa humanidade e quanto também somos aprendizes, e
possuímos falhas e erros, mas é nesta etapa do desenvolvimento que deve-se
investir nas expressões e no raciocínio conceitual, pois eles valorizam a
compreensão da possibilidade de errar e aprender com os erros.
A educação de nível intelectual também deve ser melhor elaborada para sair
do modelo de memorização de conteúdo para uma real estimulação da inteligência,
com imagens verbais criativas, compreensão abrangente e abertura para o novo,
iniciativa e princípios dignos são algumas das particularidades que auxiliarão neste
processo. A observação e reflexão também são ferramentas que bem utilizadas
ajudam o indivíduo a adquirir poder de análise, autoconfiança e auto-estima.
(MARTINELLI, 1999)
A autora admitiu as dificuldades sociais e a desigualdade, mas as vê como resultado
de uma sociedade que esqueceu-se da prática dos valores humanos, e insiste que a
educação é uma facilitadora para o renascimento destes valores, para conseguirmos
criar um sociedade mais justa através de transformações fundamentais individuais e
sociais.
4.6 TÉCNICAS DE DINÂMICA DE GRUPO
A visão para estudos de pequenos grupos com o intuito de compreender o
macrogrupo surgiu com Kurt Lewin e seu interesse pela psicologia social, assim
como a expressão dinâmica de grupo introduzido por ele e utilizado até hoje.
A dinâmica de grupo empenha seus estudos e pesquisas na autenticidade das
relações interpessoais sejam elas organizadas ou espontâneas, e nos exercícios de
autoridade dos grupos. (MINICUCCI, 2002)
Miles (1962) apud Minicucci (2002) reforçam as etapas psicológicas no processo de
treinamento de um grupo, neste modelo o crescimento individual representa um
processo vivo e pessoal que irá variar de uma pessoa para a outra, mas esse
processo individual vai aprimorando as capacidades do indivíduo resolver
problemas, propor soluções e criar alternativas dentro do grupo, mostrando
mudanças de comportamento na relação com o grupo.
O sistema de trabalho com o grupo inicia-se segundo Minicucci (2002), por
uma insatisfação coletiva que gera um problema para o coletivo, de modo que para
26
o autor, o grupo somente estará preparado para iniciar o treinamento quando
perceber que estão descontentes com suas próprias atitudes e com o
comportamento de seus colegas. Então, vem a necessidade dos indivíduos em
conhecer e experimentar novos comportamentos e buscar assim, resoluções
criativas para o problema, isso é realizado por meio de técnicas como demonstração
experimental, inversão de papéis, psicodrama, role-playing, entre outras que
permitam um clima de compreensão e de aceitação, para ultrapassar antigos
comportamentos.
Na obtenção de indícios dos resultados, que é outra etapa do desenvolvimento do
grupo, o condutor deve buscar compreender seu impacto e relevância dentro do
todo, buscando um feedback do próprio grupo, isso pode ser facilmente realizado
nos términos dos encontros a partir da análise das atividades realizadas, e dos
momentos propiciados ao grupo. (MINICUCCI, 2002).
Nas duas últimas etapas apresentadas por Minicucci (2002), a penúltima
denominada generalização, aplicação e integração, ressaltam-se o conhecimento de
grupo adquirido, que possibilita saber o que funciona e o que não dá certo com
determinado grupo, buscando assim, novas opções de experiências que reforcem as
atitudes aprendidas no treinamento. E por fim, a etapa chamada novas
insatisfações, novos problemas, que nos lembra o movimento cíclico do grupo num
contexto de convivência, onde sempre aparecem novos conflitos, mas agora o grupo
está ciente que aprender com o todo é muito mais eficaz na resolução de conflitos, e
que desenvolver uma personalidade sócio-grupal os capacitará para uma interação
eficiente nas relações interpessoais.
Trabalhar com grupos, também é compreender as diferenças entre eles, e
isso se enstende aos grupos de adolescentes, para Minicucci (2002), com
adolescentes precisamos entender que é uma fase de conflitos e o grupo será uma
base para a total autonomia desse jovem. Dentre algumas características do
grupode adolescentes, o autor traz conceitos como outsider que seria o jovem que
não se adapta a nehum tipo de grupo, pois sua inidvidualidade resiste ao
agrupamento; cita também os tipos de líderes como o condutor de jogos que mostra
suas qualidades pelo jogo, mantendo as regras sendo respeitadas por todos, o tipo
chefe de subgrupo de oposição que lidera levando todos a sua volta a explorar um
mundo desconhecido por eles até então, costumam procurar lugares afstados e
abandonados depois dos horários de aula, e o tipo líder adolescente que apresenta
27
características de liderança desde a infância, possui qualidades de líder que
resistem mesmo com mudanças de ambiente e classe.
Minicucci (2002), por fim, nos acrescenta conceitos sobre adolescentes
adaptados e inadaptados, que seriam definidos respectivamente como os líderes
que conduzem grupos mais socializadores, os ditos normais que apesar de
possuírem um grau de rebeldia natural para a idade não comportam-se da mesma
forma como os inadaptados caratcterizados como um grupo patológico, o mais
comumente chamado de grupo deliquente, composto muitas vezes por adolescentes
que buscam uma segurança mágica e a aceitação.
4.7 JOGOS COOPERATIVOS NA CONSTRUÇÃO DE VALORES.
Os Jogos Cooperativos surgiram numa emergência mostrada pelo
individualismo, segundo Brotto (2001), a competição exacerbada tornou-se
característica da sociedade moderna e tem invadido todas as áreas de nossas vidas.
No esporte, os resultados numéricos e as vitórias são muito importantes, definindo
assim vencedores e perdedores condicionados a uma forma de jogar e relacionar-se
com outros competitivamente.
Mas se por um lado o esporte nos ensinou a competir, através dele,
podemos também exercer práticas cooperativas, que estimulem simultaneamente o
respeito, a participação, o espírito de equipe, a comunicação, a empatia e uma boa
relação interpessoal dentro do ambiente escolar.
Ainda segundo Brotto (2001), “A responsabilidade pela sustentação e
aprimoramento do Esporte como um contexto para a evolução humana, vem sendo
assumida com, cada vez mais, competência pelas Ciências do Esporte”. E por isso,
categorizado em: a) Jogos Cooperativos Sem Perdedores, onde todos jogam juntos
para superar um obstáculo em comum; b) Jogos de Resultado Coletivo, onde dois
ou mais grupos interagem e buscam realizar uma mesma meta; c) Jogos de
Inversão, são jogos que consistem em os indivíduos trocarem de grupo no decorrer
do jogo; d) Jogos Semi-Cooperativos, divididos em equipes, esta modalidade é
indicada para iniciar a aplicação dos Jogos Cooperativos. (BROTTO, 2001)
A aplicação dos Jogos Cooperativos retomam os valores por muitas
vezes esquecidos no ambiente escolar entre os adolescentes tão imersos no
excesso de informação que recebem dentro e fora de sala de aula. Dentre esses
28
valores, Amaral (2007), menciona a construção de relações sociais positivas
baseadas no apreço uns pelos outros, apoiados também na capacidade de colocar-
se no lugar do outro, a empatia capaz de compreender as diferenças e respeitá-las;
o autor reforça o poder da cooperação e comunicação no processo de resolver
conflitos e ampliar nossas percepções e perspectivas diante de si e do outro.
29
5. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES REALIZADAS NO ESTÁGIO ESCOLAR
Este capítulo tem como objetivo descrever as atividades realizadas
durante o estágio escolar, no período de março a julho de 2014, no Colégio UNESC.
No primeiro momento, o objetivo era observar o movimento do colégio, e a partir de
suas carências propor um projeto de intervenção, estando sempre disponível para
realização das atividades também propostas pela instituição, de acordo com a
demanda da escola.
Com a observação, fez-se possível perceber que a demanda maior do colégio
estava relacionada com a indisciplina de uma turma de alunos, a partir de então foi
elaborado um projeto cujo olhar voltou-se para a construção da identidade desses
jovens dentro da escola, a compreensão de suas necessidades, e a importância da
revisão de valores nesse processo dentro do espaço escolar.
Assim, os encontros com a turma escolhida para a aplicação do projeto deu-
se através de técnicas de dinâmica de grupo, jogos cooperativos, e rodas de
conversa.
Além dos encontros realizados somente com a turma, houve também,
momentos de atividades extracurriculares, onde a estagiária fez-se presente para
observação da turma em atividades de descontração e interação com outras turmas.
5.1 DIAGNÓSTICO INSTITUCIONAL
Partindo das observações realizadas pela estagiária, das conversas informais
com professores, alunos e coordenadoras no intuito de compreender as
necessidades escolares no que diz respeito à Psicologia Escolar, a turma escolhida
para a realização deste estágio foi o 9º ano do Ensino Fundamental.
Esta escolha foi feita após o período de observação realizado nas turmas do
6º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio, visando contemplar as
queixas apresentadas pela escola, a escolha da turma se deu também devido ao
comportamento sempre muito agitado nos períodos de aula, promovendo um
desgaste maior dos professores e forçando uma postura mais rígida da coordenação
pedagógica. Bem como, a dificuldade na relação entre os próprios alunos, vista no
período de observação, o desgaste gerado a eles próprios durante as aulas, a
30
inaptidão da turma em lidar com as diferenças, e a maneira desrespeitosa e
impaciente com que se tratam.
5.2 ATIVIDADES EXTRACURRICULARES REALIZADOS PELA TURMA
Festival Aquático
Data: 09/05/2014
Série Aplicada: 8 º e 9 º ano do Ensino Fundamental
Objetivo: Interagir com os colegas do oitavo e nono ano de forma cooperativa,
colaborativa e respeitosa, por meio dos Jogos Aquáticos, como vôlei, pólo aquático,
jogo das bases, e caçando mapas.
Comentários: A turma mostrou-se participativa e cooperativa, a utilização de
práticas corporais, como o esporte, se mostrou um grande atrativo para o
aprendizado de Educação Física, e a importância da cooperação.
Visita Tractebel Energia com a Geografia
Data: 05/05/2014
Série Aplicada: 9º ano do Ensino Fundamental
Objetivo: Conhecer o funcionamento das principais fontes de energia do Brasil,
especialmente as usinas Eólicas, Solar, Hidráulica e Termelétrica. Visita ao Parque
Ambiental Jorge Lacerda, para conhecer in loco os equipamentos que compõem
uma usina termelétrica e por fim, visita ao Horto Florestal da empresa.
Comentário: A estagiária não acompanhou a visita da turma, mas recebeu um
feedback positivo de todos. Por ser uma turma que tem como uma de suas
características principais a agitação, essas saídas de campo são eficazes para
prender a atenção dos alunos para os conteúdos da disciplina, os auxiliando no
processo ensino aprendizagem.
1 ª Olimpíada Cultural do Colégio UNESC
Data: 02/05/21014
Série Aplicada: 6 º ano do Ensino Fundamental ao 3 º ano do Ensino Médio
Objetivo: A Olimpíada teve como objetivo o resgate cultural das diversas áreas do
conhecimento, através de jogos como: Soletrando, Teatro Relâmpago, Qual é a
Música? e Caça Pista, além de provas relâmpagos e surpresas.
31
Comentário: O movimento da turma foi de união, eles queriam realizar as atividades
e chegar até o final da competição, organizaram-se com auxílio dos professores e
executaram as atividades propostas. A integração com todas as turmas da escola
proporcionou também, bastante dinamismo nas relações, e respeito pelo
macrogrupo.
5.3 DESCRIÇÕES DOS ENCONTROS REALIZADOS
1° Encontro
Data: 25/04/2014
Tema: Apresentação e aproximação.
Série Aplicada: 9º ano do Ensino Fundamental
Tempo de Duração: 60 minutos
Material Utilizado: Papel A4 e canetas.
Objetivos: Conhecer o perfil dos alunos do 9º ano do Ensino Fundamental do CAP,
e coletar dados acerca da forma como os alunos se veem, se sentem e interagem
com o espaço escolar.
Metodologia de Ação: Foi realizada uma roda de conversa com três alunos por vez,
eles falavam individualmente. Sentamos no pátio da escola e de maneira bem
informal questionava-os sobre a rotina escolar, a relação com colegas e professores,
e diversos assuntos que eles gostariam de estar expondo.
Comentários: A turma foi extremamente receptiva e participativa, todos quiseram
expor suas ideias, é uma turma bem mista em relação a gênero, e também uma
turma grande (32 alunos) em relação a outras turmas do colégio. Pude observar os
pontos em comum e os divergentes do grande grupo através das falas individuais.
2º Encontro
Data: 16/05/2014
Tema: Apresentação do grupo
Série Aplicada: 9º ano do Ensino Fundamental
Tempo de Duração: 60 minutos
Material Utilizado: Não fez uso de material
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Objetivos: O objetivo principal desta tarefa seria, além de conhecer melhor os
integrantes e criar vínculo com o grupo, também avaliar o grau de integração entre
membros.
Metodologia de Ação: O trabalho iniciou-se com uma breve fala sobre o contrato
estabelecido entre eles e a estagiária, reforçando aspectos como responsabilidade e
sigilo. No primeiro momento após a fala de abertura, foi utilizada uma dinâmica de
apresentação, onde em duplas os alunos teriam cerca de 10 minutos para
conversarem entre si e escolherem uma característica positiva e outra negativa para
definir o seu colega. Desta forma, ao final do tempo de conversação, eles teriam de
ir até a frente apresentar seu colega para a turma.
Comentários: Assim que sugerida a atividade a turma começou a ficar inquieta, e a
se contrapor a atividade. Aos poucos foram sentando-se em duplas, falavam muito
alto, estavam muito agitados. As duplas conversaram por no máximo dois minutos e
solicitaram que já pudessem se apresentar, mas ao iniciarem as apresentações
continuaram a conversar, e algumas duplas negavam-se a apresentar o colega.
Desta forma, a estagiária decidiu por interromper a atividade, fazendo uma breve
fala da necessidade de haver um real comprometimento da turma, e assim finalizou-
se a atividade.
3º Encontro
Data: 23/05/2014
Tema: Compreensão de valores e sonhos.
Série Aplicada: 9º ano do Ensino Fundamental
Tempo de Duração: 45 minutos
Material Utilizado: Data Show, papel A4 e canetas.
Objetivos: Promover um momento de reflexão sobre valores a partir do
comportamento dos alunos no último encontro, bem como investigar quais são os
sonhos e expectativas dos mesmos.
Metodologia de Ação: O trabalho iniciou-se com uma conversa com a
coordenadora pedagógica para investigar a rotina e algumas características
pessoais de cada aluno. Com a turma a atividade começou com uma fala da
estagiária sobre respeito e valorização do outro, em seguida foi apresentado o vídeo
intitulado: “O melhor vídeo motivacional de 2013 – Espetacular!” do palestrante
Deivison Pedroza, disponível no site de vídeos Youtube. Então foi aberta uma roda
33
de conversa sobre valores e sonhos com o intuito de conhecer um pouco mais da
identidade de cada um, por fim, foi proposto que eles respondessem as seguintes
questões junto com a estagiária: 1)Quais são seus sonhos/planos a curto e longo
prazo? 2)Qual importância de outras pessoas na construção desses
sonhos/objetivos 3)Quem são os seus modelos e exemplos na vida? Quais as
pessoas com quem você se identifica? 4)Quais valores você acredita serem
importantes na relação com outros e na busca pela realização de seus
sonhos/objetivos? 5)Quais são suas ações diárias para a realização dos seus
sonhos/objetivos?
Comentários: Assim que iniciada a proposta de uma conversa e reflexão sobre os
pontos negativos do último encontro a turma mostrou mais quieta e atenciosa, é
notável que alguns pouquíssimos alunos que insistem em manter conversas
paralelas atrapalham muito o raciocínio dos demais. Porém, logo todos estavam
envolvidos na conversa mostrando seus pontos de vista. No momento do vídeo
fizeram silêncio absoluto, mantiveram-se concentrados e quando aberto para a
discussão de valores, alguns se expuseram, a maioria ficou somente na escuta. O
diálogo com a coordenadora mostrou também o grande conhecimento da vida
pessoal e da história da grande maioria dos alunos, trazendo informações
esclarecedoras.
4º Encontro
Data: 02/06/2014
Tema: Praticando valores.
Série Aplicada: 9º ano do Ensino Fundamental
Tempo de Duração: 40 minutos
Material Utilizado: Data show
Objetivos: Promover a vivência dos valores trazidos pelos próprios alunos em
atividade anterior, enfatizando a cooperação, o respeito e a relação com o outro.
Metodologia de Ação: Iniciou-se retomando a atividade realizada no último
encontro com uma apresentação de power point que trazia um condensado das
respostas dadas pelos alunos, foi lido os valores que eles mesmos trouxeram. Após
isso, foi proposto pela estagiária a realização de uma dinâmica com a proposta de
vivenciar tais valores. A dinâmica consistia em dividir a turma em quatro grupos,
onde eles iriam organizar-se para escolher determinado valor e interpretá-lo em
34
forma de mímica, os demais grupos deveriam acertar para pontuar. Ao final da
dinâmica foi feito um momento de conversa sobre a realização da dinâmica.
Comentários: A turma mostrou-se muito agitada desde o início do encontro, mas
estavam envolvidos com a proposta, no momento da dinâmica eles relutaram em
dividir-se em grupos, reclamaram, e sugeriram futebol. A realização da dinâmica não
aconteceu de forma organizada visto que a inquietação dos alunos era muito
grande, todos falavam ao mesmo tempo, a dinâmica teve continuidade devido a três
dos quatro grupos que estavam participando ativamente. Quando aberto para a
conversa, a turma logo começou a discutir, a se ofender, e procurar culpados pela
falta de respeito que se estabeleceu entre eles, a turma mostrou intolerância e falta
de respeito pelo colega.
5º Encontro
Data: 09/06/2014
Tema: Empatia.
Série Aplicada: 9º ano do Ensino Fundamental
Tempo de Duração: 45 minutos
Material Utilizado: Data show, lápis, folha A4
Objetivos: Compreender valores como a empatia e promover aproximação e
interação do grupo durante atividade.
Metodologia de Ação: Foi pedido que a turma assistisse o vídeo “empatia” da Ame
Editorinha disponível no canal de vídeos Youtube, e que fossem colocando-se no
lugar de cada personagem do vídeo, após apresentação do vídeo, foi aberto um
espaço para dialogar com base em questões como: como foi colocar-se no lugar do
outro? E quantas histórias haviam naquela turma que eles próprios desconheciam?
Foi aplicado depois uma técnica de dinâmica de grupo que sugeria que a turma
ficasse dividida em grupos menores e elaborasse questões e/ou atividades práticas
para outro grupo, após seriam questionados sobre o motivo da escolha do grupo ao
qual eles direcionariam as questões, e o objetivo daquelas questões elaboradas.
Comentários: No primeiro momento do encontro o vídeo causou certo impacto mas
o grupo relutou em manifestar-se quanto aos seus sentimentos, poucos
contribuíram, houveram piadas e falta de comprometimento por parte de cinco
alunos que já têm o hábito de não participar ativamente das atividades sugeridas. No
segundo momento, houve dificuldade de formação dos grupos, pois alguns alunos
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foram visivelmente excluídos, mas ao conversar com os grupos já formados
consegui encaixá-los com outros colegas, a dinâmica aconteceu de forma
tumultuada e barulhenta, mas todos elaboraram as questões e participaram, não foi
possível finalizar a atividade no mesmo dia, tendo sobrado um grupo para o próximo
encontro.
6º Encontro
Data: 16/06/2014
Tema: Empatia (conclusão do último encontro)
Série Aplicada: 9º ano do Ensino Fundamental
Tempo de Duração: 20 minutos
Material Utilizado: Data show, lápis, folha A4
Objetivos: Compreender valores como a empatia e promover aproximação e
interação do grupo durante atividade
Metodologia de Ação: Continuidade da última técnica de dinâmica de grupo
aplicada. Foi feita uma fala de recapitulação da dinâmica. O último grupo foi
orientado, portanto, a aplicar suas questões e/ou atividades práticas para outro
grupo, logo foram questionados sobre o motivo da escolha do grupo ao qual eles
direcionariam as questões, e o objetivo daquelas questões elaboradas.
Comentários: O grupo conseguiu aplicar a atividade, porém houve agitação e
conversa por parte dos demais, e devido ao pouco tempo que a professora pôde me
ceder de aula, foi apenas concluído a técnica e finalizado o encontro.
7º Encontro
Data: 27/06/2014
Tema: Jogos cooperativos na reflexão sobre cooperação, comunicação, e resolução
de conflitos em grupo.
Série Aplicada: 9º ano do Ensino Fundamental
Tempo de Duração: 35 minutos
Material Utilizado: Bola pequena, venda para os olhos.
Objetivos: Aplicar jogos cooperativos com o intuito de estimular a cooperação,
reforçar o trabalho em equipe, estimular as resoluções de conflito em grupo, e
aprimorar as relações interpessoais.
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Metodologia de Ação: O encontro iniciou-se com uma fala sobre a importância dos
jogos cooperativos no processo de interação do grupo, após foi aplicado o jogo
salve-se com um abraço (SOLER, 2003), adaptado para o ambiente utilizado, o jogo
consiste em um jogo de pega-pega onde uma dupla tem a missão de pegar os
demais colegas que para se salvarem devem abraçar uns aos outros, o objetivo é
estimular a cooperação, a relação interpessoal e permitir mais aproximação entre
eles. Após, foi aplicada uma atividade que consistia em separar o grande grupo em
dois grupos menores, um dos colegas fica vendado com o objetivo de achar um
objeto escondido (uma pequena bola de tênis), a participação do grupo 1 era de
ajudar o colega a encontrar o objeto, a missão do grupo 2 era de atrapalhar o colega
na busca pelo objeto, sem que pudessem encostar no colega que estava vendado,
somente por orientação falada, o objetivo era trazer para a reflexão sobre o diálogo
e a dificuldade de comunição que a turma apresenta. Os jogos foram realizados
mais de uma vez cada um. Finalizou-se o encontro com a reflexão sobre
comunicação e cooperação.
Comentários: O encontro foi realizado com somente metade da turma, os que
ficaram no encontro com a estagiária são os considerados ‘alunos problema’, e por
isso não estão participando do ensaio de dança proposto pelo professor de
educação física com o restante dos colegas.
A turma apresentou imaturidade na execução das atividades, falavam muito sobre
outros assuntos, faziam piadas e brincadeiras entre eles, a turma se dispersou com
facilidade, eles se empurram e xingam-se constantemente. No salve-se com um
abraço, alguns alunos relataram que preferiam ficar fora da brincadeira a terem de
abraçar um colega, mas nesta atividade todos participaram. Na segunda atividade,
os colegas que ficaram vendados disseram sentir-se desorientados pela quantidade
de informação que recebiam, semelhante a sala de aula quando todos falam ao
mesmo tempo. Alguns colegas não quiseram participar. No momento de diálogo ao
final do encontro, os colegas pareciam somente preocupados com o fato de a
estagiária não ocupar as aulas de educação física.
8º Encontro
Data: 30/06/2014
Tema: Resolução de conflitos pelo grupo, reflexão sobre respeito às diferenças.
Série Aplicada: 9º ano do Ensino Fundamental
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Tempo de Duração: 45 minutos
Material Utilizado: Folha A4, caneta e data show.
Metodologia de Ação: O encontro iniciou-se com uma retomada sobre resolução
de conflitos pelo grupo, após passou-se o vídeo Pixar Festa nas Nuvens - Reflexão
sobre diferença do Canal de vídeos Capacitar Brasil disponível no site de vídeos
Youtube, Na sequência foi proposto uma auto avaliação grupal, a atividade consiste
em cada aluno responder em um folha “Qual a minha maior dificuldade neste
grupo?” e “Do que este grupo mais precisa?”, depois a estagiária recolhe os escritos
e redistribui aleatoriamente, cada um lê em voz alta as dificuldades do outro e
sugere a resolução. Houve também o momento de diálogo com a turma para o
fechamento da atividade. Comentários: O encontro iniciou com o vídeo, o que fez a turma permanecer
concentrada e em silêncio, o vídeo levou a turma a refletir sobre a importância de
respeitar as diferenças mesmo quando elas parecem intoleráveis. A primeira parte
da técnica de auto avaliação grupal ocorreu de forma tranquila, todos responderam
as duas questões, com ressalva de alguns alunos que já tem por hábito não
executar as atividades com seriedade e comprometimento. No segundo momento
desta atividade, os colegas que vinham a frente ler o conflito do outro e apresentar a
resolução não eram ouvidos, pois a conversa e as brincadeiras se tornaram
intensas. No meio da atividade a estagiária precisou interromper e levá-los a
reflexão dos comportamentos dentro de sala de aula e suas consequências para
todo o grupo, os alunos que costumam promover as conversas paralelas e o
desrespeito com a fala dos colegas parecem tomar consciência do prejuízo que
geram à turma, mas não parecem dispostos a modificar seus comportamentos em
prol do grupo. Para finalizar, foi apresentado o curta metragem intitulado Bullying –
Diário de 7 dias realizado no Educandário Santo Antônio de Bebedouro/SP dos
alunos de teatro do Programa de Apoio Socioeducativo, disponível no site de vídeos
Youtube, a escolha do vídeo se deu a partir dos conflitos que foram levantados, o
bullying se mostrou presente neste encontro e já havia sido mencionado em
algumas outras atividades. Desta forma, o encontro foi finalizado com um diálogo
sobre respeito às diferenças, e a consequência dos comportamentos agressivos
e/ou desrespeitosos dentro do espaço escolar.
9º Encontro
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Data: 04/07/2014
Tema: Encerramento
Série Aplicada: 9º ano do Ensino Fundamental
Tempo de Duração: 45 minutos
Material Utilizado: Aparelho de som, data show.
Metodologia de Ação: O encontro iniciou-se com o vídeo Geração dos rótulos: Do
Y ao GG encontrado no canal de vídeo do palestrante Deivison Pedroza,
disponibilizado pelo Youtube. Após iniciou-se uma reflexão sobre os rótulos que
impomos a nós mesmos e aos outros, bem como a forma como reage a nova
geração, quais rótulos queremos? Num segundo momento foi solicitado que a turma
se dispusesse em círculo para que como numa brincadeira de batata quente, eles
fossem respondendo a estagiária como foi participar dos encontros e o que pensam
do trabalho proposto, a fim de buscar um feedback da turma. Por fim, foi realizado
um momento de relaxamento tendo por objetivo desenvolver os sentidos interiores,
estimulando a experiência das sensações, reforçando o momento de coletividade
proposto pelo jogo cooperativo, relaxando possíveis tensões, acalmando a agitação
e trazendo para o encerramento dos encontros uma nova experiência para os
adolescentes.
Comentários: Nos três momentos do encontro, foi percebida muita agitação, mas
também interesse pelo vídeo apresentado e pelas discussões levantadas, os alunos
participaram e expuseram suas idéias, falaram dos rótulos que achavam justo e os
que não gostavam. Assim que o interesse pela discussão foi diminuindo, solicitei que
fosse montado um círculo para que não perdessem o foco na atividade, a proposta
inicial era que um aluno falasse sobre como ele viu os encontros que tivemos e
depois jogasse uma pequena latinha levada pela estagiária para outro colega para
que ele expusesse sua opinião, mas por sugestão da própria turma, brincamos de
batata quente, foi colocada uma música e cada vez que ela parava quem estivesse
com o objeto na mão deveria expor então sua opinião. Todos falaram, e as falas se
repetiam, de forma quase unânime, os alunos disseram ter aproveitado muito os
encontros para pensar em coisas que antes não pensavam, que entenderam e
gostaram de explorar os valores humanos e seus benefícios nas relações, mas que
compreendem que nem toda turma estava disposta a cooperar e entregar-se as
atividades de forma que muitos deles sentiram-se prejudicados durante os
encontros. No momento do relaxamento, alguns meninos não conseguiram fazer
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silêncio, inviabilizando o momento coletivo, sendo assim, fiz uma parada e expliquei
a eles a necessidade de respeitar a experiência do outro, e reforcei os benefícios
trazidos pelo relaxamento, reiniciamos e conseguimos concluir. Por fim, a
coordenadora geral esteve em sala para fazer sua fala sobre o estágio realizado
com eles, e finalizamos.
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6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DAS ATIVIDADES REALIZADAS
As atividades no colégio UNESC foram desenvolvidas com a turma do 9º ano
do ensino fundamental, sendo realizados nove encontros com o grupo.
A escolha da turma se deu no período de observação e em diálogo com
coordenação e professores, foi então percebida uma necessidade de estimular a
boa relação entre os alunos do 9º ano, bem como reforçar alguns valores que
norteiam nossa construção de identidade no espaço escolar.
Foi percebida na turma uma dificuldade na relação interpessoal, nos dois
primeiros encontros durante as conversas realizadas com todo o grupo foram
constantes os xingamentos entre si, os apelidos colocados uns aos outros e o
desrespeito com as diferenças dos colegas, e muitos até sugeriram ter-se duas
turmas de 9º ano.
Como visto em Martinelli (1999), os valores humanos são suporte para
dignidade da conduta humana, libertando as pessoas do individualismo, dissolvendo
preconceitos e diferenças, e foi a partir dessa percepção que os objetivos do projeto
voltaram-se imediatamente para a revisão dos valores humanos necessários para a
construção de boas relações na referida turma.
No intuito de promover esta reflexão, foram realizadas algumas técnicas de
dinâmica de grupo durante os encontros, também porque o sistema de trabalho com
o grupo, como visto em Minicucci (2002), inicia-se a partir de uma insatisfação
coletiva que gera um problema para o coletivo, de modo que para o autor, o grupo
somente estará preparado para iniciar o trabalho quando percebe que estão
descontentes com suas próprias atitudes e com o comportamento de seus colegas,
e isto foi facilmente observado no 9º ano.
Desta forma apesar da insatisfação ter vindo de uma grande maioria, não foi
unânime, o que trouxe resistências, comportamentos imaturos como brincadeiras e
piadas nos momentos de diálogo e reflexão, argumentos infantis para justificar que a
turma não enfrentava nenhum tipo de conflito, comportamentos de rejeição aos
demais colegas de classe, e as atividades que eram propostas, isso por parte de
alguns alunos que já possuíam um histórico de causar tumulto na turma e dificultar a
aprendizagem dos demais, segundo o corpo docente.
É preciso, portanto, que comecemos aliar o amor ao conhecimento para que possamos exercitar criticamente nossa consciência, buscando libertar-nos,
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internamente, de nossa identificação com agressores, dominadores, modelos de líderes que desprezam seus seguidores em vez de amá-los e protegê-los, semeando miséria, exploração, persecutoriedade, impunidade indiferença pela dor do outro. Precisamos entrar em contato com o mundo de nossos sentimentos, conhecê-los, desenvolver o que temos de construtivo, estimular a pulsão de vida, freando nosso narcisismo em prol do amor ao outro, que leva à solidariedade, à cooperação, ao bem comum. (DAMERGIAN, 2001, p. 116)
As técnicas de dinâmica de grupo também trouxeram conteúdos para
trabalhar relacionados a necessidade de valorização do colega e da instituição,
partindo dos objetivos específicos do projeto que visava entre outros quesitos a
importância do outro na construção da própria identidade, algumas dinâmicas foram
ajustadas de acordo com as condições do grupo e dos objetivos almejados.
Assim, no 3º encontro, foram levantadas questões com o objetivo de
visualizar quem cada um enxergava como modelo/referência, que como vimos com
o autor Fonseca Filho (1980) este processo de reconhecimento a partir do outro faz
parte do amadurecimento no desenvolvimento humano, estruturando assim a
identidade de cada um, também como Hall (2005) que traz no conceito do sujeito
sociológico essa necessidade de interação com o outro para o desenvolvimento da
sua identidade, neste trabalho realizado com o 9º ano, foi possível verificar que a
grande maioria têm os pais como modelos identificatórios, Damergian (2001) já dizia
que os primeiros norteadores das relações sociais são os pais, principalmente a
mãe, e portanto, comumente tornam-se referência para os filhos.
[...]O crescimento do ser humano deve chegar no âmbito das trocas simbólicas e a dimensão afetiva com todas as suas implicações se faz necessariamente presente nesse intercâmbio. Uma interação verdadeiramente humana deve se caracterizar pela representação do outro dentro de nós sem nos confundirmos com ele; em dar-lhe um lugar no sistema simbólico, aceitá-lo como um diferente como ser desejante, mas igual enquanto direito ao desejo, reconhecendo-o como sujeito de sua própria história. (DAMERGIAN, 2001; p. 89)
No decorrer dos encontros, a utilização de mídia virtual, como o canal de
vídeos Youtube, mostrou-se uma grande ferramenta nos momentos de reflexão, foi
percebido que a turma interessava-se muito mais nas discussões que iniciavam-se
com vídeos, para Hall (2005), nossa sociedade está cada vez mais ligada aos
recursos virtuais, mergulhadas no fluxo de informações que surgem de forma cada
vez mais rápida e fácil, o colégio UNESC disponibiliza recursos como data show e
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internet para todas as salas de aula, tornando o convívio dos alunos com esse tipo
de ferramenta algo absolutamente rotineiro.
Também foram aplicados jogos cooperativos no intuito de promover
movimentação e conscientização corporal, e também integração entre o grupo, isto
porque algumas vezes os alunos relataram ter dificuldades na interação entre eles
por ser uma turma muito grande, e Amaral (2007) nos traz que os jogos cooperativos
são valiosos na construção de relações sociais positivas baseadas no apreço uns
pelos outros, apoiados também na capacidade de colocar-se no lugar do outro.
Valores estes, que já vinham sendo reforçados nas atividades propostas, os
encontros para a utilização de jogos cooperativos não se deram na quantidade
esperada, mas no encontro em que efetivou-se os jogos foi possível identificar os
benefícios e as dificuldades da turma neste tipo de atividade. Foram observadas as
contrariedades entre as queixas e os comportamentos, um dos motivos para se levar
os jogos cooperativos ao 9º ano se deu pelo fato deles terem uma enorme
dificuldade de interação, o grande grupo se apresenta na maioria das vezes
fragmentado em pequenos grupos que não interagem entre si, o jogo cooperativo
veio numa tentativa de aproximá-los, porém, quando proposto que fossem montadas
as equipes para jogar, eles uniam-se com os mesmos colegas, e não se mostravam
flexíveis quanto a proposta de grupos mesclados.
O que acontece na maioria das vezes é que as pessoas preferem ficar ao lado de quem já conhecem, e com quem têm mais intimidade. Então, o nosso papel é fazer com que elas dêem a oportunidade a si mesmas de conhecer novas pessoas e formar novas e interessantes parcerias. Não significa que haja algo de ruim estar com quem se gosta, é só uma chance de novas participações com a inclusão de novos amigos. (SOLER, 2003; p.29)
Ainda para Soler (2003), existem variadas maneiras de formar os grupos ou
de misturá-los, como cor da roupa, mês do nascimento, cor dos cabelos, enfim,
inúmeras e criativas formas de mesclar os grupos, mas o 9º ano mostrou-se
resistente e então focamos nas resoluções de conflitos, outro tema também
trabalhado nos jogos cooperativos.
Foi então, no momento em que se discutiram as resoluções de conflitos, que
a turma mostrou os benefícios que os jogos podem trazer, na execução destas
atividades, o grupo se organizou e manteve-se junto, trouxeram idéias e sugestões
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para concluir a atividade, deixaram de lado a competição e partiram para a
cooperação.
A interação cooperativa com os outros é necessária para o desenvolvimento da auto-estima, da confiança e da identidade pessoal, que são elementos importantes para o bem-estar psicológico. Se o jogo tem presentes os valores de solidariedade e cooperação, começamos a descobrir a capacidade que cada um de nós tem para sugerir idéias. (BROWN, 1995 apud SOLER, 2003; p.24)
Ainda, é preciso salientar outra dificuldade mostrada pelo grupo em alguns
momentos, principalmente no início dos jogos cooperativos, onde eles expuseram a
necessidade de haver ganhadores e perdedores para que existisse algum sentido
em competir e jogar, então apesar de já terem sido discutido os objetivos dos jogos,
nós parávamos para relembrarmos que como cita Soler (2003), o nosso maior
prêmio era a descontração e alegria de brincarmos juntos, e aprender através desta
brincadeira, e que todos nós ganhávamos desta forma.
Retomando os objetivos deste projeto, penso que cada encontro reforçou o
interesse pelo espaço escolar como um berço de boas relações, observou-se na
evolução do grupo um direcionamento, mesmo que ainda muito sutil, a um
relacionamento mais saudável entre eles, dando-lhes a chance de expor seus
sentimentos e opiniões dentro do grupo; promovendo, apesar das dificuldades
encontradas, momentos de reflexão sobre o valor da existência de cada um na vida
do outro dentro da escola neste processo de construção da identidade.
Desde as técnicas de dinâmica de grupo, voltadas ao exercício e discussão
de valores como respeito e cooperação na base das relações que eles estavam
construindo, até a busca de recursos de mídia como os vídeos apresentados que os
faziam mais presentes e participativos, o intuito e o foco deste projeto estiveram
sempre na contribuição do aumento da motivação e do autoconhecimento de cada
um daqueles adolescentes para que a partir de suas relações e comportamentos
pudessem construir sua própria identidade, com base nos valores humanos e na
valorização do espaço escolar.
Educar em valores humanos tem como meta despertar a consciência dos valores humanos como herança e conquista da personalidade. A educação é o fio condutor que desperta visões renovadoras do mundo e leva a descobertas científicas, humanas e espirituais. O que nos define como seres humanos são os valores e sua prática. (MARTINELLI, 1999; p. 27)
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Contanto, a fim de contemplar os objetivos não alcançados, fica a sugestão
para uma intervenção na relação aluno-professor com o intuito de expandir as
reflexões sobre valores humanos também a equipe pedagógica, reforçando assim o
vínculo e a boa relação entre todos, e fazendo dos docentes e dirigentes da escola
modelos de identificação ainda mais capazes de gerar transformações positivas
dentro da escola.
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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante o período em que se deu a realização das práticas do estágio
escolar, as expectativas e incertezas que emergiam nos primeiros momentos
desapareciam a cada semana, o aprendizado foi trazendo segurança e
aperfeiçoamento no decorrer do processo, que se deu também graças ao apoio e
suporte oferecidos pelo Colégio UNESC, que mostrou-se acolhedor e que valorizou
desde o início o trabalho proposto, mostrando um enorme respeito pela Psicologia.
Foi muito gratificante e enriquecedor para minha formação fazer parte,
embora por um curto espaço de tempo da instituição de ensino que abriu espaço
para o desenvolvimento do projeto de estágio. A convivência com os alunos,
professores, direção e demais setores trouxe a verdadeira dimensão da riqueza que
existe dentro do espaço escolar, bem como as dificuldades que são encontradas no
dia-a-dia
Além das práticas extremamente valiosas no processo de estágio, os
momentos de análise sobre a movimentação de grupo, e elaboração dos encontros
seguintes foram enriquecedoras no sentido de que aprendi a aproveitar muito bem
cada um dos encontros para observar quais seriam as intervenções mais
apropriadas para aquela turma tendo como norte as necessidades que surgiam, as
escolhas das dinâmicas, dos vídeos, dos temas trazidos para discussão eram
minuciosamente elaboradas, na tentativa de promover a melhoria da relação entre o
grupo.
As experiências obtidas através da realização do estágio certamente foram
muitíssimo valiosas para a formação acadêmica e profissional, e certamente serão
lembradas com muita satisfação.
7.1 AVALIAÇÃO DO ESTÁGIO
No espaço escolar aprende-se de diversas formas, como atuar em conjunto
com uma equipe de profissionais dedicada ao ensino e conhecimento, que aceitou a
psicologia dentro de seu espaço físico escolar e acolheu a estagiária como um
membro integrante da escola, colaborando de todas as formas possíveis para o
andamento e aplicação deste projeto, tornando viável o conhecimento prático a partir
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do teórico, ampliando assim, a visão de escola trazida pela estagiária, que pôde
compreender seu funcionamento como um todo.
Poder estar em sala de aula exercendo um trabalho com o grupo,
compreendendo seus movimentos e evolução também foram determinantes na
construção da aprendizagem almejada pela estagiária desde o início do estágio,
mostrando mais uma vez na prática, as dificuldades encontradas em sala de aula,
bem como as gratificações do trabalho realizado.
Além dos conhecimentos científico, teórico e prático, o crescimento pessoal
se fez constante na evolução deste projeto, que do contato com os adolescentes e
com todos os indivíduos envolvidos no cotidiano da escola, pôde compreender a
importância da empatia, do respeito, e da construção de boas relações.
7.2 SUGESTÕES E CRÍTICAS
Não há críticas a serem feitas quanto ao estágio supervisionado, pois sua
prática ocorreu de forma tranquila, cumprindo seu objetivo maior que é proporcionar
experiência e conhecimento prático.
Como sugestão, a continuidade do vínculo entre o Estágio Escolar do Curso
de Psicologia da UNESC e o Colégio UNESC, um grande apoiador e colaborador da
prática do Psicólogo Escolar. Também como sugestão, a possibilidade dos próximos
estagiários darem continuidade ao trabalho anterior quando o assunto for de seu
interesse, permitindo-lhes a adaptação e aprimoramento dos projetos elaborados
para a instituição com a finalidade de buscar maiores resultados junto com a escola.
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